Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeApoio social | ANIMA precisa de um milhão para despesas correntes Albano Martins assegura que o mais recente donativo da Galaxy, no valor de 300 mil patacas, serviu apenas para garantir o pagamento de despesas de funcionamento e tratamento dos animais. A ANIMA precisa de um milhão para as despesas dos dois últimos meses deste ano [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA necessita de um milhão de patacas nos próximos dias para conseguir suportar as despesas do dia-a-dia. A garantia foi dada ao HM pelo seu presidente, Albano Martins, quando questionado sobre os fins de um donativo de 300 mil patacas atribuído pela Galaxy. “Esse dinheiro já foi gasto. No final deste ano, de Outubro a Dezembro, a ANIMA precisa desesperadamente de cerca de um milhão de patacas. Há alguém que está a emprestar dinheiro à ANIMA para conseguir sobreviver nos meses de Novembro e Dezembro.” Albano Martins garante que tratar dos gatos e cães abandonados custa, por mês, cerca de 600 mil patacas. “Não conseguimos convencer a Fundação Macau a aumentar o nosso subsídio, que se manteve igual ao do ano passado, nas 3,5 milhões de patacas. Chegámos ao final do ano cheio de despesas e com muitos animais abandonados. Temos um défice de tesouraria à volta de um milhão de patacas e teremos de arranjar esse dinheiro rapidamente, pois terá de ser pago no próximo ano.” O presidente da ANIMA lembrou que, apesar da nova lei de protecção dos animais ter entrado em vigor, o número de animais que chegam todos os dias ao abrigo que a associação tem em Coloane não diminuiu. “Todos os anos empurramos com o estômago para a frente a dívida do ano anterior. No ano seguinte conseguimos pagá-la. O volume de trabalho da ANIMA tem aumentado. Embora a lei possa ter reduzido o número de animais, nós continuamos a ter mais.” O facto da ANIMA ter despesas com os animais faz com que não tenha mais dinheiro para recrutar pessoas, tal como um veterinário. Isso leva a despesas adicionais com clínicas veterinárias. “Tivemos um aumento brutal da nossa actividade. Nós este ano vamos ter quase dez mil cães abandonados, mais de 130 associações e escolas a irem à ANIMA para estarem connosco e isso obriga a que tenhamos pessoas para as receber, e temos de ter cuidado. Neste sentido continuamos com o eterno problema de quereremos mais pessoal para aumentar a segurança do abrigo, embora nunca tenhamos tido nenhum acidente com as escolas.” Operadoras ajudaram A passagem do tufão Hato pelo território levou à destruição de parte dos abrigos onde estão os animais, mas graças ao apoio financeiro da Galaxy e Venetian foi possível à ANIMA chegar ao final do ano com o défice de contas habitual. “Estaríamos muito pior se o Galaxy e o Venetian, mas sobretudo o Venetian, não nos tivessem apoiado na recuperação dos abrigos. Embora o Venetian tenha reduzido o seu apoio financeiro, assumiu mais de um milhão de patacas da recuperação dos dois abrigos. O Galaxy assumiu cerca de 300 mil patacas. Sem isso teríamos um desequilíbrio colossal”, concluiu Albano Martins.
João Santos Filipe Manchete SociedadeANIMA tem 371 pessoas à espera de adoptar um galgo no Canídromo Associação de protecção dos animais com lista de espera para receber galgos, mas Albano Martins queixa-se que Canídromo não quer entregar os animais. No Interior da China um galgo pode ser vendido por preços até às 4 mil patacas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ANIMA tem 317 pessoas em lista de espera para adoptarem galgos do Canídromo de Macau. Contudo, a associação não consegue começar já a enviar os animais porque a empresa responsável pelo espaço, ligada à deputada Angela Leong, não quer disponibilizar os galgos para adopção. O cenário foi traçado, ontem, pelo presidente da associação de protecção dos animais, Albano Martins. “Temos neste momento uma lista com 317 pessoas de 14 países e regiões que estão preparadas para adoptar os cães.”, afirmou Albano Martins. “Temos 37 organizações a dizerem-nos que aceitam os cães, que fazem campanha connosco para encontrar uma casa para os animais e que podem doar-nos dinheiro para ajudar. Mas ainda não aceitámos o dinheiro, porque não temos cães disponíveis”, acrescentou. Albano Martins aproveitou para clarificar que neste momento a maior dificuldade passa pelo facto do Canídromo não estar interessado em que os galgos sejam entregues para adopção. De acordo com os números apresentados pela ANIMA, desde 1963 até hoje o Canídromo apenas cedeu oito galgos para adopção. Ainda segundo explicou o presidente da ANIMA, há urgência na entrega dos galgos porque o processo de adopção leva algum tempo. Por exemplo, se os cães forem adoptados por pessoas fora de Macau, é preciso realizar exames aos sangue dos animais três meses antes do transporte. A maioria dos interessados na adopção são fora de Macau, de países como Inglaterra, França, Itália, Hong Kong, entre outros. Actualmente existem no Canídromo 605 galgos, dos quais 539 estão em condições de correr e 66 inactivos, que podem ser adoptados. Os 605 animais estão distribuídos por 44 donos. “Não conseguimos começar a campanha para encontrar mais donos e não queremos já receber os fundos das outras associações porque não temos cães para entregar”, explicou Albano. Governo sem resposta Para salvar o maior número de galgos, a ANIMA fez dois pedidos ao Governo, para que pressione o Canídromo a disponibilizar os cães para adopção e que deixa a associação gerir o espaço durante um ano, enquanto encontra um lar para todos os galgos. Até ao momento, as várias cartas enviadas ao Chefe do Executivo e ao secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, ficaram sem qualquer resposta. Por essa razão a ANIMA está a preparar-se para ter de encontrar um espaço para os animais, na iminência de não ser autorizada a gerir o Canídromo: “Estamos a preparar-nos para o pior cenário e estamos à procura de uma unidade industrial para colocar os galgos, enquanto procuramos uma solução”, revelou. “A deputada Angela Leong criou uma associação de protecção dos animais, mas tememos que seja apenas uma associação fachada para levar os galgos para o Interior da China”, afirmou também Albano Martins. No Interior da China os galgos podem ser vendidos por valores que chegam às 3 mil e 4 mil patacas, onde são utilizados para corridas legais, mas que acabam por promover apostas ilegais. Por esse motivo, a ANIMA enviou uma carta ao Gabinete de Ligação. “Vender os galgos para o Interior da China é capaz de ser a solução mais fácil para o Canídromo. Mas os cães só podem ser exportados com a autorização do Governo. Se não conseguirmos que o Governo previna a exportação, esperamos que no Interior da China não autorizem a importação”, apontou Albano Martins.
João Luz Manchete SociedadeBrigitte Bardot pede a Chui Sai On que galgos sejam entregues à ANIMA [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da ANIMA, Albano Martins, publicou no Facebook uma carta da eterna musa do cinema francês Brigitte Bardot a pedir ao Chefe do Executivo que os galgos do Canídromo sejam entregues à associação de defesa dos animais, assim como as instalações. Na missiva, a estrela francesa diz que Macau é uma cidade que almeja ser um Centro Mundial de Turismo e um pólo de modernidade, objectivos comprometidos pela mancha na reputação que é o Canídromo, “um lugar de morte, de onde os galgos não saem com vida”. Brigitte Bardot pede a Chui Sai On que não deixe que Macau “seja identificada como uma cidade de sofrimento” e despede-se na missiva assinando com “todo o coração e bons cumprimentos”. A diva do clássico “E Deus Criou a Mulher” junta-se a um naipe de celebridades que endereçaram cartas a Chefe do Executivo onde se conta Ricky Gervais, Roger Taylor e Brian May dos Queen, assim como alguns atletas medalhados nos Jogos Olímpicos. Em Itália, a mais antiga associação de protecção animal, fundada ainda no século XIX, pressionou o Embaixador chinês em Roma para levar a mensagem até Pequim. Foram organizados igualmente protestos em mais de vinte cidades italianas a pedir a intervenção do Executivo no salvamento dos galgos do Canídromo, sempre colocando a ferida nos bastiões defendidos pelo Governo: o Centro Mundial do Lazer e Turismo e a cidade internacional. O encerramento do Canídromo, depois da pressão feita pela ANIMA, foi um momento que motivou alguma celebração. Porém, Albano Martins não esquece que “agora toda a gente bate palmas mas, há uns tempos, mesmo alguns ilustre da terra diziam que o Canídromo fazia parte das tradições locais”. Quanto ao destino das instalações, nomeadamente as escolas que foram anunciadas para o local, são “hipóteses que ainda estão no ar e que parecem jogadas políticas”, teoriza Albano Martins. O facto é que ainda não há projectos estabelecidos para o local, “nem consenso do Governo sobre o que deve ser ali feito”. Até lá, o presidente da ANIMA espera ter um ano de gestão do Canídromo para tratar da logística necessária para salvar os galgos.
João Santos Filipe SociedadeArquivada investigação a Albano Martins devido a partilha de vídeo online Presidente da ANIMA era investigado pela Polícia Judiciária, por ter partilhado um vídeo de um agente a agredir um cão. Agora recebeu uma carta do Ministério Público a dar conta do arquivamento. Apesar de Albano Martins não dominar o chinês, o documento veio sem qualquer tradução para o português [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] investigação a Albano Martins, por alegadamente ter violado a lei de protecção de dados pessoais, foi arquivada. A informação foi enviada através de uma carta do Ministério Público ao presidente da associação de protecção dos animais, ANIMA. Ao HM, Albano Martins admitiu que ainda não percebe totalmente os contornos do arquivamento, porque o documento foi enviado em chinês, sem tradução para português. “Recebi uma carta em chinês do Ministério Público e a única coisa que consegui perceber é que o processo foi arquivado. Segundo consegui perceber o polícia abdicou da acção”, disse Albano Martins, ontem, ao HM. “Só me enviaram uma carta em chinês. A ideia com que fiquei pelo que consegui perceber é que o processo foi fechado. Mas não percebi bem se foi arquivado por falta de sustentação legal, ou se porque o agente abdicou da queixa. Fiquei com a ideia que foi o polícia que abdicou da acção”, acrescentou. A investigação da Polícia Judiciária a Albano Martins tinha começado em Abril deste ano, após a partilha de um vídeo de um homem, em Macau, a agredir um cão. Mais tarde, soube-se que o homem em causa era agente da PJ, ao qual foi, posteriormente, instaurado um processo disciplinar. Apesar da coincidência, o presidente da ANIMA recusa assumir que a investigação se tenha tratado de uma manobra das autoridades para “cobrir” um dos seus agentes. “Não acredito [que houvesse intenção de intimidar]. Acho que a iniciativa da queixa foi do agente da Polícia Judiciária. Fui lá prestar declarações e acabei por sair como arguido. De certo modo, a interpretação que eu fiz é que não teriam gostado que eu tivesse metido a figura do agente. Mas eu na altura nem sabia que o indivíduo era agente da PJ”, apontou. Defesa do secretário Para Albano Martins, também o secretário da Segurança, Wong Sio Chak, não terá concordado com a investigação. Entende o presidente da ANIMA, que Wong exige que a conduta das forças de segurança seja exemplar. “Tanto quanto se sabe o secretário terá suspendido o agente durante algum tempo. Mostrou-se que o próprio secretário discordava do processo, e não me admirava que tivesse sido por isso que o processo tenha parado”, afirmou o também economista. “O que sei é que o secretário se manifestou várias vezes contra o processo. Ele defendeu que os agentes devem ter um comportamento exemplar”, contou. Sobre o futuro, Albano Martins promete que vai continuar a partilhar vídeos de maus-tratos a animais, quando considerar pertinente: “O vídeo não é claro em si sobre a identidade [do agente]. Eu não fui o único que partilhei as imagens, até a TDM o fez. Se voltaria a fazer o mesmo? Sim”, apontou. “Nós quando partilhamos informação temos o cuidado de não divulgar as identidades das pessoas. Nós não estamos interessados numa caça às bruxas, estamos preocupados com os comportamentos”, indicou. Apesar da decisão do MP, que Albano definiu como “sensata”, não deixou de se revelar incomodado com o facto da decisão apenas ter sido escrita em chinês, um idioma que não domina. “É lamentável que me mandem uma carta com um conteúdo destes em chinês. Não tiveram o cuidado, como fazem muitas vezes, de enviar o conteúdo em chinês mas com uma tradução em português”, apontou.
Hoje Macau SociedadeTufão Hato: Desaparecidos 40 gatos da ANIMA [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uarenta gatos desapareceram das instalações da Sociedade Protetora dos Animais de Macau (Anima) na sequência da passagem do tufão Hato, que fez oito mortos, disse à Lusa o presidente da organização. Segundo as estimativas da Anima, aproximadamente 80 gatos tinham fugido das instalações, na ilha de Coloane, na quarta-feira, na sequência da passagem do tufão, o mais forte em 50 anos, calculando-se agora que cerca de 40 continuavam desaparecidos. “O número total é 290 e temos 250” agora, disse à Lusa o presidente da Anima, Albano Martins, a partir de Portugal, por volta das 09:00. A queda de árvores de grande porte nas instalações da Anima colocou os animais “em risco”, mas não houve qualquer acidente, disse Albano Martins, dando conta de que também houve cães que escaparam, depois de uma vedação se ter partido, mas que regressaram.
João Luz Manchete SociedadeAnimais | Galgos do Canídromo podem ser adoptados fora de Macau A Anima lançou campanha mundial para salvamento dos galgos do Canídromo e pede para ficar um ano na infra-estrutura para poder transferir os animais. A associação só aceita enviar os galgos para países onde estes estejam protegidos legalmente [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Canídromo de Macau está quase a fechar as portas. Para antecipar o encerramento, há muito aguardado pela Anima, a associação pediu ao Governo para ocupar o espaço durante um ano a fim de poder enviar os galgos para adopção. Albano Martins explica que esta questão ganhou contornos internacionais, uma vez que se juntaram ao apelo associações de Itália e Estados Unidos, França, etc. “Temos de ser práticos, não temos mais espaço para animais. Se não temos, como podemos salvá-los?”, interroga-se o presidente da Anima, que vai mais longe e confessa que sozinhos não conseguem. Albano Martins realçou que não se pode deixar morrer os galgos, não só por uma questão moral mas também para se projectar uma boa imagem de Macau. “Não podemos receber mais animais, mas também não podemos fechar o nosso coração”, explica. Para tal, a Anima precisa encontrar quem adopte os 650 cães do Canídromo de Macau. Antes do início da campanha “Rescue the Greyhounds”, já haviam sido encontrados 250 candidatos para receber galgos. Quanto ao destino dos cães, Albano Martins adianta que associações francesas prestam-se a receber uma centena, de Itália recebeu 60 possíveis donos, assim como do Reino Unido. Aliás, o país para onde os galgos serão enviados têm de preencher uma condição essencial: ter leis de protecção animal. Ou seja, não serão remetidos cães para a China, Vietname, Paquistão ou Indonésia. Anima em números Um dos empecilhos para o salvamento dos galgos é a questão da propriedade dos animais. Angela Leong, directora-executiva da empresa que detém os direitos de exploração do Canídromo, justificou a não entrega dos galgos à Anima com o facto de muitos animais serem propriedade de privados. Albano Martins discorda desta posição, lembrando que o Canídromo é dono de 120 cães e que estes podiam ser entregues imediatamente. Por outro lado, na eventualidade dos donos não quererem os galgos, o Canídromo fica com eles. O assunto foi debatido quando da apresentação do relatório anual de 2016 da associação. Desde a fundação da Anima, em final de 2003, até ao fim do ano passado, foram resgatados 3424 animais. No final de 2016, o número de cães supervisionados pela Anima era 961, dos quais 392 se encontravam em abrigo. Os gatos totalizaram 2092, sendo que 192 se encontram em instalações da associação. Até agora, este ano foram resgatados 476 animais. No ano passado foram adoptados 216 animais, mais 32 do que em 2015. No entanto, também o número de resgatados subiu em 2016, de 397 para 476, facto que contribuiu para a sobrelotação dos abrigos da Anima. Noutra acepção, a Anima fechou o ano de 2016 com um prejuízo de 1,13 milhão de patacas, uma dívida “que torna mais complicado o ano de 2017”, mas Albano Martins está esperançado na capacidade da associação para angariar fundos. O presidente da associação sublinha neste ponto que até agora a Anima pagou todas as dívidas que contraiu.
João Luz Manchete SociedadeMaus tratos a animais | ANIMA protesta junto do Executivo O caso do polícia que foi filmado a maltratar um cão está a ser investigado e deu origem a um processo disciplinar. Além disso, a ANIMA apresenta hoje uma carta de protesto ao Executivo a pedir o cumprimento da lei e a retirada do animal ao agressor [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] vídeo que casou revolta na Internet, onde se vê um homem a bater num cão, ganhou novos contornos. A pessoa em questão é um agente da Polícia Judiciária que perdeu as estribeiras, ao que parece, depois de o seu cão ter roído um par de sapatos. O caso encontra-se em investigação e foi levantado um processo disciplinar contra o agressor. Ontem, em declarações à comunicação social, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirmou que “este caso não devia ter acontecido”, lamentando profundamente o sucedido. Acrescentou ainda, dirigindo-se ao homem em questão, que “como agente, precisa de respeitar a lei rigorosamente e ser um exemplo para os cidadãos”. Para Albano Martins, presidente da ANIMA, este é um assunto do foro da própria polícia, que em nada tem que ver com a aplicação da lei de protecção dos animais. “É o bom nome da instituição que está em causa, depois de o vídeo se ter tornado viral e ter levado à revolta das pessoas”, comenta. Não se trata, portanto, de uma acção motivada pela aplicação da lei, mas para limpar a imagem da corporação. “Estamos perante um agente graduado, que faz investigação policial, quem nos garante que não faz isto também a uma pessoa?”, interroga-se Albano Martins. Está também em questão a própria lei. Por enquanto, o caso em investigação não dá qualquer esperança de resolução ao activista de defesa dos animais. “A lei actual é muito vaga, portanto, o agressor vai conseguir escapar”, prevê. Como tal, a ANIMA entregará hoje, ao final do dia, uma carta de protesto ao Executivo, um protesto formal. Não o fizeram imediatamente para não reagir a quente, e esperar para perceber o que se iria fazer. A missiva mencionará que a situação filmada é flagrante e, “dentro do que está na lei, a pessoa deve apanhar a penalização máxima, que são 100 mil patacas”. A associação irá também exigir que se cumpra a lei e que o cão seja retirado ao agressor, para ser entregue a uma instituição de protecção dos animais. Aí, Albano Martins é peremptório, assumindo que “a ANIMA está disponível para o receber”. A lei fraca Entretanto, ficou a saber-se mais tarde que o cão foi ontem retirado ao dono pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que se fez acompanhar pela polícia, para fazer uma análise detalhada aos ferimentos resultantes da agressão. Em comunicado, o IACM adiantou que esta diligência pretende averiguar se houve violação da lei de protecção dos animais. Em declarações à Agência Lusa, a PJ diz ter sido informada pela PSP, que efectua a investigação, que o animal foi examinado por um veterinário do IACM que concluiu que o incidente não teve natureza criminal. Para Albano Martins esta é uma falsa questão. “O artigo 3º da lei proíbe o tratamento de animais por meios cruéis, ou tortura, que lhe inflija dor, ou sofrimento, não dependendo da verificação de lesões visíveis”, comenta. Para o presidente da associação o vídeo demonstra, claramente, tratamento cruel que inflige dor ao cão. Neste caso, a lei parece que não será aplicada, mas também revela uma fraqueza do próprio diploma que defende os animais. A ANIMA avançou com uma proposta de lei onde se tipificavam todas as formas de maus tratos puníveis, para que não restassem dúvidas. “Uma proposta que era um copy paste da lei de Singapura, mas esta lei actual é muito vaga e deixa de fora uma série de actividades, que podem fazer o que lhes bem apetecer”. Ou seja, o diploma, que entrou em vigor no passado dia 1 de Setembro, aplica-se apenas a donos de animais, esquecendo veterinários, lojas de animais e empresas de criação. “Está tudo de fora, nem se sabe quem é veterinário porque não são reconhecidos por ninguém; as lojas de animais não são reguladas, podendo manter os animais em jaulas minúsculas”, alerta o presidente da ANIMA. Também quem cria animais não está sujeito a qualquer tipo de regulamentação. É caso para dizer que, em termos legais, a defesa dos direitos dos animais em Macau obedece apenas à lei do mais forte.
Joana Freitas SociedadeGalgos | ANIMA diz que cão cozinhado vivo na China não vem de Macau [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m vídeo de um galgo vivo a ser cozido em água a ferver, na China, está a gerar constrangimento e diversas críticas nos jornais irlandeses e ingleses e nas redes sociais. As imagens – “chocantes”, como são descritas – voltam a levantar questões sobre o fim dado aos galgos do Canídromo, mas Albano Martins, da ANIMA, assegura que os cães que correm na pista do território não acabam no comércio de carne. Ainda que cenas destas não sejam exclusivas a galgos, já que todos os anos são várias as raças que sofrem este tipo de acções, a notícia causou sensação na Irlanda – de onde vem a maioria dos galgos que correm no Canídromo da Yat Yuen em Macau – no passado fim-de-semana. O vídeo pertence à organização “Fight Dog Meat Australia”, que se dedica a expor crueldade para com os animais que acabam no comércio de carne no continente. A organização indica que o caso aconteceu em Shijiazhuang, em Hebei. As imagens podem provocar náuseas aos mais sensíveis: o galgo é colocado dentro de um bidão com água a ferver e luta pela vida durante largos minutos, levando até a que dois homens tenham de segurar a tampa para que ele não saia. Transeuntes no local olham, uns riem, outros estão visivelmente enojados. O animal acaba por morrer, sendo retirado do balde já sem olhos e colocado no chão. Apesar de cerca de dez milhões de cães – de acordo com activistas de protecção animal na China – serem mortos pela sua carne todos os anos, e de muitos deles serem furtados das famílias, o facto de ser um galgo que aparece no vídeo volta as atenções novamente para o Canídromo, a única pista de corridas legal na China e que se mantém sem um programa de adopção. As organizações pró-animal, especialmente a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, que tem vindo a dar a cara pela necessidade de um programa de adopção para os galgos do Canídromo, alertam para os mais de 300 galgos por ano que acabam eutanasiados. Mas, a possibilidade de que estes animais estejam a ser levados de cá para o continente para fins como este não é apoiada pelo presidente da ANIMA. Outras proveniências “Não. Os galgos de Macau saem mortos do Canídromo e os corpos são entregues a uma empresa contratada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, para os levar para a incineradora de Macau”, assegura Albano Martins ao HM. O problema está, indica o responsável, noutras duas questões: nos cães exportados pela Irlanda directamente para pistas privadas na China, “que na teoria não fazem dinheiro, mas que se suspeita que façam”, e para países como o Vietname, Índia e Paquistão. E nos cães exportados anteriormente pela Austrália que não eram esterilizados e que abriram a hipótese de haver criação na China. Irlanda e Austrália são os dois principais fornecedores de galgos. Depois da Austrália ter banido a exportação, a Irlanda está a sofrer pressões nesse sentido, mas o país continua a lucrar com estas vendas, até porque “tem um excedente brutal” destes animais, como indica Martins ao HM. A directora da PETA Reino Unido, Elisa Allen, disse ao Irish Post que, apesar desta ser uma maneira horrível de morrer, a verdade é que as pessoas deveriam pensar que também fazem isto ao marisco, como as lagostas. Já Rita James coloca-se do lado da ANIMA e recorda que casos destes não estão a acontecer só na China, havendo outros países para onde os galgos estão a ser exportados, como o Paquistão e o Vietname. Discursos nos EUA e em Milão A ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais é a principal oradora em duas conferências internacionais que têm lugar em Milão e nos EUA este e o próximo mês. Albano Martins, presidente da organização, disse ao HM que a ANIMA vai marcar presença, como já tem vindo a fazer noutros eventos. Assim, para os dias 24 e 25 deste mês haverá uma conferência em Itália e 13 e 14 de Outubro nos EUA.
Joana Freitas Manchete SociedadeGalgos | Já há plano para adopção de animais caso Canídromo encerre A ANIMA assegura ter vários planos para que os mais de 600 galgos do Canídromo sejam adoptados caso o espaço encerre. Uma campanha de adopção internacional está em andamento e a Europa está de braços abertos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s mais de 600 galgos que dormem todas as noites no Canídromo já têm o futuro traçado caso o espaço encerre este Dezembro, quando terminar a prorrogação da concessão do contrato entre a Yat Yuen e o Governo. A garantia é dada por Albano Martins, presidente da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, ao HM e surge depois de acusações de que o encerramento iria trazer mais complicações do que actualmente. “Temos vários planos”, começa por indicar o responsável ao HM. “Uma das hipóteses é gerirmos o espaço [do Canídromo] por um ano ou ampliarmos as instalações [da ANIMA] e movermos os animais para lá, até conseguirmos que sejam adoptados.” Há ainda uma outra hipótese, assegura Albano Martins, que passa por “comprar um terreno em Portugal de cerca de 35 hectares, construir pré-fabricados, meter os galgos num avião e mandá-los todos para lá”. A ANIMA leva actualmente a cabo uma campanha internacional de adopção de galgos, que pode fazer com que os animais encontrem novas famílias depois de uma vida de corridas, seja qual for a hipótese escolhida inicialmente para os proteger. No caso destes irem parar a Portugal, solução que parece ser a mais viável para a ANIMA, então os animais poderão ser adoptados por famílias europeias, nomeadamente em Inglaterra e Irlanda, onde diversos activistas que lutam pelos direitos dos galgos já se mostraram abertos a adoptar galgos. “Há muita gente interessada, cerca de 200, pelo menos, podem ser adoptados”, garante Albano Martins. Se deixarem Anteriormente, era possível perceber no site da Yat Yuen quantos animais magoados tinha o Canídromo e quantos eram mortos por lesões. Agora, esses números não são facultados, como o HM apurou, desde que a pressão para o encerramento do espaço se tornou mais internacional. Contudo, contas da ANIMA indicam que haverá, neste momento, quase 700 cães no local. Alguns deles, no entanto, podem nunca vir a ser adoptados. “Temos de perceber que alguns são propriedade do Canídromo e outros são de [proprietários] privados, que podem não querer dar os galgos para adopção. Isto, se pensarmos que um cão pode ser vendido até 80 mil dólares de Hong Kong.” Seja como for, para Albano Martins os planos que a ANIMA tem em mente “pretendem que se faça o melhor possível” por estes animais, até porque “se não se fechar o Canídromo, morre pelo menos um por dia”. IACM pode avançar com fiscalizações Questionado pelos jornalistas, ontem à margem de uma reunião sobre a Lei de Protecção dos Animais, José Tavares confirmou que, depois da aprovação do diploma, o IACM vai poder fiscalizar as instalações do Canídromo. “Depois desta lei ser aprovada temos acesso a todos os lugares, aos estaleiros, aos locais que antigamente nos eram negados, portanto esta lei vai-nos dar mais força para o controlo”, garantiu. A ausência de questões, por parte da AAPAM, sobre a situação dos galgos, foi justificada por Antonieta Manhão, uma das responsáveis, por não “estar em vigor” na lei qualquer situação sobre os galgos. “Se uma coisa não está em vigor para quê discutir?”, alegou, argumentando que esta proposta de lei “já está a ser discutida há 11 anos”. “Para quê lutar para uma coisa que não existe?”, frisou ainda. Questionada sobre a possibilidade de incluir um artigo dedicado aos galgos, a representante explica que existem “dois tipos de licença”, para domésticos e não domésticos. “Os galgos são para competir, então são duas licenças diferentes (…) queremos realmente lei para todos. Mas vamos ser [realistas] o Governo não vai [adicionar] um [artigo] tão específico”, rematou. Ambrose So | Corridas merecem ser preservadas Ambrose So, director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau, detentora da Yat Yuen, olha para o Canídromo e corridas de galgos como um “dos pilares da indústria do Jogo”, ainda que as receitas de um ano da Yat Yuen sejam iguais a quatro horas nos casinos de Macau. Em declarações reproduzidas pelo Jornal Tribuna de Macau, o responsável diz que é preciso chegar a um consenso sobre a questão, até porque se “fala em diversificação e as corridas dão essa diversidade”. Além disso, diz ainda, a história das corridas de galgos deve ser “preservada”.
Joana Freitas Manchete SociedadeCanídromo | Uma centena de emails a pedir encerramento enviada à DST Só este mês chegaram ao Turismo mais de 50 pedidos para fechar o Canídromo. O mar de missivas para acabar de vez com o espaço não pára de aumentar. Entretanto,está quase concluído o estudo que prometeu ajudar a decidir sobre o encerramento do Canídromo, mas a principal impulsionadora do movimento para encerrar o espaço, a ANIMA, ficou de fora das opiniões [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Turismo (DST) já recebeu uma centena de emails a pedir o fim do Canídromo. Os dados, fornecidos ao HM pelo organismo, dizem respeito a correio enviado desde Julho do ano passado até este mês. “De Julho passado até agora, recebemos cerca de cem emails sobre o Canídromo e as corridas de galgos”, começa por indica a DST, numa resposta face à questão de quantos emails pediam o encerramento do Canídromo da Yat Yuen. “A DST tem encaminhado, ou vai encaminhar, os pedidos à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para informação e seguimento.” Ao que o HM apurou através do grupo Stop Exporting Ireland Greyhounds to China, na rede social Facebook, têm sido vários os activistas que estão a enviar emails no sentido de pressionar o Governo de Macau para fechar o espaço de corridas, devido às contínuas alegações de maus tratos aos galgos e à eutanásia de mais de 30 destes cães por mês, como indicam associações de amigos dos animais e como se pode ver no site do próprio Canídromo. Pressão contínua Os activistas pedem na página que se continue a pressionar a DST, depois de terem conseguido impedir que 24 galgos chegassem a Macau na semana passada, vindos da Irlanda. A Austrália, recorde-se, baniu a exportação devido às más condições e a Irlanda seguiu o exemplo mas apenas para a China continental, deixando Macau de fora. De acordo com a informação prestada pela DST, que respondeu rapidamente ao pedido do HM, a maioria dos casos chegou esta quarta-feira: até às 18h10 foram 51 os emails recebidos, mais do que de 13 de Julho a 31 de Dezembro do ano passado, quando chegaram à DST 37 emails. Ontem, mais alguns terão chegado. O transporte destes galgos para o território tem tomado conta das páginas de jornais em todo o mundo, numa pressão internacional sem precedentes para a imagem de Macau. Actores conhecidos, como Ricky Gervais, já pediram que se acabe com a exportação e que se feche o Canídromo. ANIMA não foi ouvida em estudo já concluído sobre Canídromo Está quase concluído o estudo que prometeu ajudar a decidir sobre o encerramento do Canídromo, garantiu ontem Davis Fong da Universidade de Macau (UM), que diz que o “problema vai ser resolvido este ano”. Contudo, apesar de assegurar que todas associações de protecção animal foram ouvidas, a verdade é que a principal impulsionadora do movimento para encerrar o espaço, a ANIMA, ficou de fora. A Yat Yuen, companhia do Canídromo, viu o seu contrato expirado em 2015 ser renovado por mais um ano devido a um “estudo” pedido pelo Governo, que evocava a tradição de mais de 50 anos do Canídromo que dizia que este não podia fechar “de um dia para o outro”. Esse estudo está quase concluído, assegurou Davis Fong, director do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da UM. A proposta preliminar do estudo “já está basicamente concluída e o problema vai ser resolvido este ano”, disse no programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau. Fong não se descai sobre a conclusão da análise: sobre se o espaço é para manter ou encerrar, o académico nada diz, referindo apenas que “a proposta preliminar do estudo de avaliação tem agora de ser compreendida pelo Governo” e que é “preciso tempo” para tal. Mas Davis Fong nota que “o problema será resolvido este ano, uma vez que a prorrogação do contrato de concessão vai terminar” em Dezembro. O director diz ainda que fez relatórios sobre as opiniões dos moradores da zona, investigação in loco, nas lojas, nos arquivos e recolheu ainda as sugestões e os comunicados das associações de protecção animal, bem como documentos de reclamação recebidos pelos departamentos governamentais”. Exclusões A verdade, contudo, é que a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais não foi ouvida pela UM, como confirmou o presidente, Albano Martins, ao HM. A ANIMA foi a grande impulsionadora do movimento para fechar o Canídromo. Para o responsável do organismo, que tem até estatuto de entidade pública, a razão é desconhecida. “Não sei. Não percebo, não sei dizer. Eles dizem que leram cartas e sugestões de associações, talvez tenham lido as nossas”, referiu ao HM. Este jornal tentou perceber a razão junto de Davis Fong, mas não foi possível estabelecer contacto. Albano Martins vai encontrar-se em Junho com o Ministro da Agricultura irlandês para tentar travar a exportação de cães. Já Angela Leong, directora-executiva da Sociedade dos Jogos de Macau (SJM) que detém a Yat Yuen, apresentou vários propostas para o desenvolvimento de pequenas e médias empresas e de indústrias culturais e criativas no Canídromo.
Flora Fong PolíticaAnimais | APAAM em manifestação com Hong Kong e Taiwan A Associação de Protecção de Animais Abandonados de Macau (APAAM) vai realizar uma manifestação no dia 30 deste mês em conjunto com sete associações de protecção de animais de Hong Kong e 70 associações de Taiwan. O protesto serve para a Associação pedir a implementação da Lei de Protecção de Animais ainda este ano. Esta será a sétima manifestação da APAAM que será realizada em conjunto com o grupo Paradise for Homeless Dogs e a Associação Protectora para os Cães Vadios de Macau. Josephine Lau, vice-presidente da APAAM, afirmou ao Jornal Ou Mun que têm ocorrido casos de maus tratos a animais, mas “não faz efeito” denunciar os casos às autoridades policiais porque a lei ainda não está implementada, o que faz com que os agressores não possam ser cumpridos. Ao HM, Choi Weng Chi, presidente da Associação, disse esperar que a proposta da Lei de Protecção de Animais continue a considerar as agressões como um crime. “No início a proposta sugeria que a pena máxima de prisão fosse de três anos, tendo sido alterado para um ano. Mesmo que concordemos com a pena de prisão de um ano, sabemos que não podemos fazer com que voltem atrás, mas queremos que a agressão continue a ser crime.” A APAAM quer que a Polícia de Segurança Pública (PSP) seja a autoridade responsável pela execução da lei, em vez do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), como foi sugerido na proposta inicial. Este já foi um dos pedidos feitos na manifestação do ano passado, tendo Choi Weng Chi referido que a 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) garantiu que vai ainda analisar a ideia, prevendo-se que a PSP seja uma das entidades a executar a lei. É ainda pedido que o Governo implemente a regulação e esterilização obrigatória dos cães situados nos estaleiros de obras, por forma a diminuir em 70% o número de cães abandonados. Choi Weng Chi referiu que a medida é um dos pontos que estão a ser analisados pela Comissão da AL para adicionar na proposta de lei. Açaimes afinal não No que toca à questão do uso de açaimes em espaços públicos, a Associação agora contraria a obrigação do uso de açaimes para os cães com mais de 23 quilos, mesmo que Josephine Lau tenha afirmado ao HM que a medida “é razoável” porque os donos podem não conseguir controlar a força dos animais. Choi Weng Chi fez agora mais esclarecimentos. “No estrangeiro não se obriga o uso de açaime em cães conforme o seu peso. Mas se for comum os cães atacarem pessoas, ou se forem de espécies consideradas perigosas, os donos devem passear com os seus cães com açaimes”. A manifestação de amanhã começa às 15h30 na Praça Tap Seac, sendo que a marcha irá terminar junto à sede da AL. Será entregue uma petição com quatro mil assinaturas recolhidas entre os residentes de Macau. Josephine Lau prevê que vai haver mil participantes no protesto. APAAM não sabe se participa no debate da ANIMA Questionada sobre se a APAAM vai participar no debate na TDM com o Canídromo sobre os galgos, que vai ser realizado pela Sociedade Protectora dos Animais (ANIMA), Choi Weng Chi afirmou ao HM que ainda não leu o convite enviado pela ANIMA, não tendo ainda tomado uma decisão. Albano Martins, presidente da ANIMA, disse que o objectivo do debate é perceber as condições do Canídromo.
Joana Freitas Manchete SociedadeANIMA | Carta entregue à AL e IACM apelando ao registo de gatos Não faz sentido não licenciar gatos em Macau. É o que defende a ANIMA, que entregou uma carta à AL e ao IACM apelando ao registo: não só poderá prevenir o problema da raiva, mais facilmente transmitida pelos felinos devido ao seu grande número, mas também para que quem maltrate ou abandone o seu gato seja punido. Mais ainda: a licença deve ser “gratuita”. A organização mostra-se também contra o açaime nos cães [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]e Macau licencia cães devido ao problema da raiva, devia, então, licenciar também os gatos. É o que defende a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais que, em duas cartas enviadas aos deputados da Assembleia Legislativa (AL) que discutem na especialidade a Lei de Protecção dos Animais, dá muitas outras justificações contra a ideia de não se licenciarem gatos. “Primeiro, é absolutamente falso que os gatos apenas existam dentro de casa. A maioria dos gatos recolhidos pela ANIMA e que estavam na rua são gatos que escaparam de casa e que são de cidade”, começa por indicar Albano Martins, presidente da organização. A contestação chega face à ideia defendida pelo Governo: segundo os deputados, após uma reunião, não vai ser implementado o registo de gatos. O motivo? “O gato tem uma reacção muito diferente do cão” e o processo de registo não costuma “correr bem”. “A maioria dos gatos está em casa e há uma grande dificuldade das autoridades poderem [fazer] esses tais registos, para meter os chips dentro dos animais. O gato tem uma reacção muito diferente da do cão. Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho”, adiantou José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), na altura. O responsável dizia ainda que havia mais casos de cães na rua do que gatos, algo que é contrariado por números da ANIMA. “Resgatámos nos últimos dois anos 442 gatos e 334 cães, pelo que não é correcto dizer-se que há menos gatos na rua do que cães. E quase todos esses gatos foram facilmente apanhados à mão, o que nem sempre acontece com os cães, o que prova que a maior parte deles já viveu em família e/ou foram abandonados ou perdidos”, pode ler-se na carta enviada a Kwan Tsui Hang, presidente da Comissão, e analisada pelo HM. Os deputados tinham-se mostrado contra a ideia do Governo, mas disseram apenas que iriam ceder e colocar essa oposição no parecer entregue à AL. Para a ANIMA há duas razões primordiais para o registo dos felinos: uma delas é o controlo da raiva. A outra é poder punir quem abandona o seu animal ou devolver ao dono quem o perde. Segurança geral “Se Macau está sob o perigo iminente da raiva, por esta ser endémica na China continental, então parece-me pouco inteligente, até por motivos de saúde pública, que os gatos não sejam vacinados contra a raiva e, nesse acto, não levarem microchip”, defende Albano Martins. “Do ponto de vista de saúde animal é também um risco desnecessário para esses pequenos animais, até porque há mais gatos do que cães a viver em casas, segundo acreditamos”. A ANIMA sugere que, uma vez que está em causa a saúde pública – algo sempre defendido pelo Governo como o mais importante no licenciamento dos cães – e este processo é barato, “tanto o licenciamento como a vacinação deveriam ser gratuitas” para os donos destes animais. Outro dos problemas, indica Albano Martins ao HM, é o facto de não vir a ser possível – sem os gatos estarem licenciados – perceber se o animal foi abandonado, e devolvê-lo ao dono caso este se perca. “A questão não é sequer os cães e gatos estarem equiparados. É porque as nossas estatísticas apontam que há muitos animais que são abandonados e, face à nova lei, quem abandona um gato não vai ser punido, porque ninguém vai saber [a quem pertence o animal]”, defende Albano Martins ao HM. O HM questionou ainda o presidente da ANIMA sobre as recentes defesas que têm vindo a ser tornadas públicas pela Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM), que já se manifestou contra o licenciamento de gatos porque “o chip pode afectar a saúde do animal”. Albano Martins discorda: “Eu tenho vinte e tal gatos e todos eles têm microchip. São todos saudáveis. E faz mal ao gato e não faz ao cão? Não tem sentido.” Em posts nas redes sociais, apelava-se ainda ao apoio contra o registo de gatos mostrando uma imagem de um felino com uma coleira e uma chapa metálica, como o IACM atribui aos cães, algo que não é exactamente o que “registo com microchip” significa. A ANIMA diz ainda que deveria ser ouvida pela 1.ª Comissão Permanente da AL por ser “a única associação de utilidade pública”, grau reconhecido pelo Executivo, e por ter continuamente contribuído desde longa data com sugestões sobre a lei. A carta foi aceite pela AL em Março. Açaimes para todos não Nas cartas a que o HM teve acesso, enviadas pela ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais à Assembleia Legislativa (AL) e ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), é ainda criticada a ideia do Governo em açaimar cães com mais de 23 quilos. “Somos contra o uso de açaimes. Nenhum animal deve ser açaimado”, diz a ANIMA, que indica que deve ser da responsabilidade do dono o uso deste objecto que, assegura, pode até criar problemas ao cão e que depende da educação das pessoas perceber se um cão tem mesmo de utilizar o açaime. “O tamanho nada tem a ver. Os animais não podem estar sujeitos à ignorância das pessoas. Há animais de grande porte que são extraordinariamente dóceis e quase todos eles excedem os 23 quilos como adultos. Do ponto de vista médico-veterinário açaimar cria sérios problemas de saúde para os animais”, defende Albano Martins, que assina a carta. Em casos excepcionais sim, diz, mas a lei não pode “descer ao nível dos iletrados” e a função da AL é preparar “leis que nos deixem bem colocados no mapa da civilização”. “Não façam leis que nos façam ir parar ao Guiness Book do atraso, por favor ponham de lado as questões de política e de captação de votos e dêem o exemplo como humanos.” O exemplo do Golden Retriever é o mais utilizado pela ANIMA, para mostrar como um cão com mais de 23 quilos pode ser dócil. Apenas em caso de agressões já registadas é que deveria ser passível a utilização do açaime, diz a ANIMA que, numa outra carta (ver texto página 7), contesta novamente declarações da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, que concordou com os deputados. “Não conseguimos acreditar que a vice-presidente da APAAM disse isso. Açaimar um animal, especialmente em Macau, é terrível por causa do tempo. Por favor reconsiderem a vossa posição.”
Joana Freitas Manchete SociedadePequim | Contestada posição da APAAM sobre o Canídromo Cartas com duras críticas foram enviadas à Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau, onde uma associação de Pequim e a ANIMA se dizem “envergonhadas” com o facto de a organização local apoiar o Canídromo. Possível financiamento e uso de espaços da Yat Yuen são algumas das acusações, que a APAAM descarta [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]uas cartas registadas foram enviadas da Capital Animal Welfare Association of Beijing à Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (APAAM), onde são tecidas críticas à organização local por causa de declarações contra, diz a Capital, o que são os direitos dos animais. A ANIMA juntou-se à causa e enviou também uma carta à compatriota. Em causa estão declarações de uma das responsáveis da Associação que defendem o Canídromo quando este é acusado por todas as outras associações locais e internacionais de crueldade para com os galgos. A APAAM diz que questionou o Canídromo e que as coisas não são bem assim, como disse ao HM Josephine Lau, vice-presidente da Associação, quando questionada sobre um carnaval canino que iria acontecer precisamente no espaço do Canídromo, no início do ano. “Estamos extremamente surpreendidos com declarações da APAAM aos média, que contradizem a forma de proteger um animal”, começa por apontar Qin Xiaona, presidente da Capital Animal Welfare que assina a carta. “Essa opinião parece defender a crueldade das corridas de cães. E ainda diz que ajudou um galgo reformado a arranjar adoptante – coramos de vergonha quando lemos o que ela disse. O uso de animais vivos para entretenimento é crueldade e é um acto bárbaro que deve ser eliminado. A APAAM está a ajudar esta actividade cruel, contrariando a protecção aos animais. Nós, que defendemos os animais, temos vergonha de vocês.” Apoios que impedem Acusações de que a APAAM recebe financiamento da Yat Yuen são explanadas na carta, onde também a ANIMA enumera razões para não colaborar com a Associação. “O Canídromo é um negócio de sangue. Enviei-vos documentos para estudarem, uma vez que vocês parecem só acreditar no que diz a empresa e nunca investigaram o que se passa dentro daquela pista. Ainda que esta seja informação pública e vocês não possam dizer que não têm conhecimento dela.” A forma como os galgos são tratados no espaço da Yat Yuen tem sido polémica e motivou mais de 300 mil assinaturas e cartas ao Chefe do Executivo, onde é pedido o encerramento do espaço. Associações de animais locais e organizações internacionais juntaram-se à causa, sendo que notícias da imprensa internacional – como a rede de televisão australiana que entrou com uma câmara oculta no local – dão a entender que os galgos não têm condições suficientes. Mas o Canídromo nunca respondeu publicamente às acusações, nem quando questionado pelos média. Públicas são também actividades da APAAM no espaço da Yat Yuen. “Sabemos que o Canídromo e o Jockey Club estão a co-organizar actividades convosco e podem estar a financiar-vos. Se isso for verdade, e esperamos que não, isso é devastador”, indica a ANIMA, que diz-se mesmo disposta a ajudar a APAAM a todos os níveis, incluindo financeiro, se esta deixar de cooperar com o Canídromo. A falar entendemos Ao HM, Albano Martins anunciou que vai convidar a Associação e a Companhia de Galgos Yat Yuen para um debate sobre os galgos. Ainda que indique estar satisfeito com o facto da APAAM resgatar e não matar animais, a ANIMA diz não poder apoiar a Associação porque esta tem políticas estranhas aos direitos dos animais: o concordar com os açaimes para cães com mais de 23 quilos (ver páginas dois e três), o ser contra o registo de gatos (ver páginas dois e três), o não responder a cartas de apelo de organizações de animais até ao facto de prender animais que resgata em jaulas por vezes “pequenas demais para tantos animais” e umas em cima das outras, como se mostra em fotos públicas. “Isto é cruel e envergonha-nos”, atira a ANIMA. O Canídromo, contudo, é o principal motivo para as cartas agora enviadas à Associação. “Não queremos saber a razão do vosso apoio [ao espaço], nem acusar-vos injustamente, mas esperamos que façam realmente o que o vosso nome sugere, que é proteger os animais. Se dizem que o fazem, mas depois apoiam actos cruéis [como este], a vossa imagem pode ficar denegrida”, remata a Capital Welfare Beijing. APAAM discorda Contactada pelo HM, Josephine Lau, vice-presidente da APAAM, afirmou que “nunca leu a carta”, mas não concorda com as acusações. “Já realizamos anualmente o Carnaval no Canídromo e Jockey Club há oito anos, antes da Anima apelar ao fecho do Canídromo. Claro que não apoiamos as corridas de galgos, nem de cavalos. Até fomos manifestar-nos para a rua durante oito anos, pedindo a Lei de Protecção de Animais, como é que apoiamos as corridas? O que eu disse é que não se pode fechar o Canídromo de imediato porque há muitos galgos lá dentro, é preciso pensar como tratá-los depois do fecho, se serão adoptados ou se aceitamos a eutanásia”, defendeu a responsável. Josephine Lau defende, contudo, que o que é necessário é chegar ao fecho do Canídromo passo a passo, em coordenação com o Governo. A vice-presidente mantém o discurso anterior, na medida em que, diz, “não há provas” que mostrem que os galgos são eutanasiados se perderem três corridas. “Ao que sabemos, todos os cães dentro do Canídromo têm donos e a eutanásia precisa de autorização deles. Vimos sim que houve donos que levaram cães bem novos para serem abatidos, mas só porque eles tinham de sair de Macau e isso não podemos evitar”. Josephine Lau diz ainda que só com a nova Lei de Protecção de Animais é que é “possível apurar se o Canídromo maltrata os galgos”. A responsável diz ainda que não deve ser outra associação a apontar críticas aos trabalhos da APAAM.
Joana Freitas Manchete SociedadeCanídromo | Confirmada renovação de contrato. Vigília junta mais de cem Sem surpresas, depois de um discurso de lamentos e do anúncio de um estudo que demora um ano, o Governo decidiu prolongar o contrato do Canídromo. Resta saber até quando vão durar as corridas que fizeram mais de uma centena juntar-se na semana passada a favor do seu fim [dropcap style=circle’]U[/dropcap]m dia depois de uma vigília pelos galgos do Canídromo juntar mais de uma centena de pessoas e duas dezenas de cidades, o Governo anunciou que vai renovar o contrato de concessão da Yat Yuen, que explora estas corridas de apostas. O anúncio foi feito por Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, que não avançou um prazo para a prorrogação. De acordo com o responsável, o prolongamento do contrato é apenas “temporário” e surge devido à necessidade de se realizar um estudo sobre o futuro do espaço. Estudo que vai começar este mês, apesar de ter sido anunciado há mais de meio ano. “A tomada de decisão será fundamentada e o Governo contratou uma instituição independente para elaborar um estudo, que vai começar este mês, sendo depois submetido a uma análise interna, esperando-se que o resultado saia dentro de um ano. Assim, o Governo está a planear renovar temporariamente o contrato com o Canídromo”, disse Lionel Leong, à margem da celebração do Dia Nacional da China. As condições contratuais actuais, que têm vindo a ser criticadas por associações de defesa de animais e pela comunidade em geral, “não vão sofrer alterações” e ainda “não existe uma decisão final sobre o prazo de renovação”. Velas sem sucesso Organizações de defesa dos direitos dos animais organizaram, no dia 30 de Setembro, vigílias em 26 cidades de diversos continentes para pedir o encerramento do Canídromo, onde todos os anos morrem centenas de cães. Por cá, a vigília mobilizou mais de cem pessoas, que a partir das 20h00 se reuniram em frente à Sede do Governo e exibiram cartazes e faixas criticando as corridas de galgos. Segundo os organizadores do protesto em Macau, todos os anos mais de 300 galgos morrem ou são abatidos no Canídromo, que consideram ser “o pior” do mundo. Nenhum galgo “consegue sair vivo” do espaço, onde não existe um programa de adopção dos cães, como acontece noutros locais, como tem vindo a sublinhar Albano Martins, presidente da Anima – Sociedade Protetora dos Animais. Os organizadores do protesto denunciam também as próprias condições e características do Canídromo, que causam ferimentos graves aos cães durante as corridas. Albano Martins acrescentou que, no entanto, “o problema” não são apenas os cães e que há também a questão da própria “comunidade” que vive na zona – que tem “a maior densidade populacional do mundo” e onde não existem espaços comunitários, verdes e de lazer. Os organizadores da vigília pediam por isso ao Governo que ouvisse “a comunidade” em relação à renovação da concessão de exploração do Canídromo, que termina no final deste ano. Contudo, depois do Chefe do Executivo ter dito que discordava do encerramento do Canídromo “de um dia para o outro”, chega agora a certeza de que a Yat Yuen vai continuar com as corridas de apostas. “Estudos” que atrasam Para o Governo, o Canídromo “também precisa de tempo para lidar com os seus trabalhadores e os galgos” e, apesar de Albano Martins defender que o estudo tinha de ter sido feito antes – já que o Canídromo funciona há 50 anos -, o Governo diz que este documento vai ajudar a perceber a necessidade do espaço. “A decisão do Governo vai ponderar se a existência do Canídromo beneficia o centro mundial de turismo e lazer e a diversificação do sector de Jogo e terá ainda em conta as opiniões dos habitantes e comerciantes nas imediações do mesmo”, frisou Lionel Leong. Deputados e habitantes da zona pedem o encerramento do local. Os primeiros devido à falta de espaço de lazer e habitação no espaço e os segundos porque se queixam do cheiro e dos barulhos de uma actividade que tem vindo a perder dinheiro consecutivamente. Albano Martins criticou ainda a entidade “ligada ao jogo” a quem foi encomendado o estudo, da Universidade de Macau, por considerar que não é isenta e lamentou que o Governo continue “a ter na cabeça” que a diversificação da economia se faz dentro do jogo. Austrália, Estados Unidos da América, Espanha, França, Itália, Bélgica e Reino Unido juntaram-se a Macau pelo encerramento do Canídromo.
Flora Fong Manchete SociedadeCanídromo | Secretário pediu estudo sobre impacto na comunidade Lionel Leong pediu a uma instituição universitária um estudo sobre o impacto do Canídromo na comunidade. Estudo que poderá ajudar a decidir a renovação do contrato de concessão ou o término deste. A ANIMA diz-se confiante com o fim do espaço, que poderia ser usado para muitas outras coisas, como dizem especialistas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, afirmou ter pedido um estudo sobre o impacto do Canídromo na comunidade residente no local onde se encontra a infra-estrutura. A informação foi dada aos jornalistas depois de una reunião com o Conselho Permanente de Concertação Social, na passada sexta-feira, sendo que Lionel Leong não adiantou data para a conclusão do estudo. “Já dei instruções à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos para pedir a uma instituição académica que faça um estudo, para saber se a permanência do Canídromo pode trazer impacto ou não para as zonas em redor, para as pessoas que vivem na zona. Depois deste estudo, vamos decidir. O processo está a andar, está em curso, o estudo já está em fase de encomenda”, disse aos jornalistas, citado pela Rádio Macau. Não se sabe qual a instituição académica que está a fazer o estudo, que deverá conter ainda, de acordo com a TDM, o impacto que a existência destas corridas de apostas tem na zona do Fai Chi Kei, um dos locais residenciais mais populosos. Ainda assim, as opiniões podem não ficar apenas pela instituição académica, já que, em comunicado, Lionel Leong assegurou que a renovação do contrato de concessão do Canídromo “carece de auscultação de opiniões abrangentes, nomeadamente dos residentes, comerciantes e turistas da zona”. ANIMA confiante A licença de exploração do Canídromo tem sido alvo de intensa discussão, levando até a própria Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA, com o apoio de associações locais e internacionais, a ter entregue uma petição, no final de Julho, exigindo a não renovação da licença. O contrato com o Canídromo termina no final do ano e a ANIMA acredita que o Governo vai ter “o bom senso” de encerrar o Canídromo. Albano Martins, presidente da ANIMA, disse à TDM que está à espera disso. “O Secretário sabe qual deve ser a resposta e acredito que um académico com dois dedos de testa saiba exactamente qual é a resposta, não tem sentido, com a falta de espaço que a cidade tem, ter animais a ocuparem instalações com muitas centenas de milhares de metros quadrados”, começou por dizer. “Noventa e cinco por cento é decisão do Governo em ter coragem de dizer ‘não’ a alguns interesses, alguns dos quais demasiado cinzentos para o gosto da comunidade”. Centro modal no local Dois membros do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) esperam que o Governo possa transformar o Canídromo num centro modal de transportes ou em instalações para desporto e cultura. Em declarações ao Jornal Ou Mun, Lam Iek Chit e Ben Leong sugeriram alterar as funções do espaço já que, considera Lam, o negócio das corridas de galgos já não está a corresponder às necessidades económicas, além de que as associações de animais continuam a apontar que os galgos estão em sofrimento e a crueldade contra animais já não é aceite pela maioria de pessoas, pelo que acha necessário “desistir” do conceito de corridas de apostas. O responsável acrescentou que, como na zona norte existem muitas edifícios habitacionais, vai existir uma grande necessidade de instalações públicas e transportes, pelo que o espaço poderá ser melhor aproveitado. Lam Iek Chit dá como exemplo a mudança dos actuais terminais de autocarros do Fai Chi Kei e Iao Hon para o local, aliviando as estradas ocupadas actualmente pelos terminais. Ben Leong, também presidente da Associação de Arquitectos de Macau, concorda em não se renovar o contrato do Canídromo, pedindo para o espaço centros de actividades comunitárias, espaços desportivos e parques de estacionamento. Metade por metade Um inquérito do Centro da Política da Sabedoria Colectiva que questionou cerca de mil pessoas mostra que as opiniões sobre a permanência do Canídromo são “metade a favor e outra metade contra”. Segundo o Jornal Ou Mun, o subdirector do Centro, Loi Man Keong referiu que, depois de uma análise preliminar ao inquérito, a proporção de opiniões da permanência e do fecho do Canídromo são equivalentes, uns preferindo manter por achar esta uma memória colectiva, outros a dizer que não querem o ruído e a falta de espaço na zona. O inquérito vai ser publicado oficialmente no final do mês de Setembro.
Andreia Sofia Silva SociedadeGalgos | Petição entregue com mais de 276 mil assinaturas e ANIMA a preparar mais acções A ANIMA e associações internacionais entregaram uma petição ao Chefe do Executivo, via presidente do IACM, a pedir para o Governo não renovar a concessão do Canídromo. Albano Martins pede o fim dos “lobbies” e diz estar a preparar mais acções [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ra o objectivo e foi cumprido. A Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA) conseguiu mesmo juntar mais dez mil assinaturas às 266 mil que já possuía antes da entrega da petição junto do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). O motivo? O pedido ao Chefe do Executivo para o fecho do Canídromo, pela via da não renovação da concessão. Ao HM, Albano Martins, presidente da ANIMA, confirmou que cinco representes de associações internacionais estiveram presentes na reunião com Alex Vong, presidente do IACM. “A reunião correu bem e todos foram claros em dizer que o Governo de Macau não deveria renovar a concessão do Canídromo.” Quanto a Alex Vong “falou na generalidade, não foi muito concreto e portanto não deve ter muitas indicações no sentido [do fecho do Canídromo]. Mostrou-se satisfeito por estarem todos cá e pelo trabalho que a ANIMA tem feito, mas não foi muito específico”, adiantou Albano Martins. Esta é a quarta campanha levada a cabo pela ANIMA no sentido de recolher apoios junto da população para o fecho do Canídromo, tendo, no total, com todas as campanhas, recolhido mais de 400 mil assinaturas. Albano Martins prefere esperar pela reacção do Chefe do Executivo ao documento, garantindo que as acções de mobilização não vão ficar por aqui. A ANIMA já estará a preparar “acções concretas”. Quais, o seu presidente não quis revelar. “Em Macau, os lobbies são fortes e vamos ver até que ponto o Governo está ligado a esses lobbies e consegue tomar uma decisão com bom senso, politicamente correcta e boa para a comunidade. Vamos ver até que ponto a decisão do Governo não se vai deixar levar pelos lobbies poderosos de grupos de Macau. O Governo não nos diz nada e nós não sabemos. Não me parece que, economicamente, politicamente ou comunitariamente seja uma decisão inteligente manter o Canídromo”, rematou Albano Martins. No total, a petição terminou com 276,278 assinaturas. Recorde-se que as receitas do Canídromo têm vindo a descer de ano para ano, sendo que, no ano passado, atingiram apenas os 27 milhões de patacas.