Hoje Macau China / ÁsiaAlemanha | Xi avisa país para ter cuidado com “crescente proteccionismo” O Presidente chinês, Xi Jinping, garantiu ontem ao Chanceler alemão, Olaf Scholz, que a cooperação entre a China e Alemanha “não é arriscada” e que ambas as partes devem “ter cuidado com o crescente proteccionismo”. “Não há riscos na nossa cooperação. A nossa cooperação é uma garantia para a estabilidade das nossas relações e uma oportunidade para criar um futuro. Existe um enorme potencial, quer em domínios tradicionais como a maquinaria e os automóveis, quer em novos domínios como a transformação ecológica, a digitalização e a inteligência artificial”, disse Xi, numa reunião, em Pequim, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado. De acordo com o líder chinês, a cooperação sino – alemã é “benéfica para todas as partes e para o mundo”, acrescentando ainda que “a política da China em relação à Alemanha é consistente”. “Devemos continuar a manter intercâmbios estreitos com uma mente aberta, aderir ao respeito mútuo e procurar um terreno comum, sendo capazes de resolver as nossas diferenças”, disse. Xi realçou ainda que “as cadeias industriais e de abastecimento da China e da Alemanha estão profundamente enraizadas uma na outra e os mercados dos dois países são altamente interdependentes”. “As exportações chinesas de veículos eléctricos, baterias de lítio ou produtos fotovoltaicos não só enriqueceram a oferta global e aliviaram a pressão inflacionista global, como também contribuíram grandemente para a resposta global às alterações climáticas e para a transformação verde e com baixas emissões de carbono”, afirmou. “Temos de ter cuidado com o proteccionismo. Temos de analisar as questões relacionadas com a capacidade de produção de forma objectiva, numa perspectiva de mercado e numa perspectiva global. A China adere a uma política nacional de abertura e espera que a Alemanha proporcione um ambiente de negócios justo, transparente, aberto e não discriminatório para as empresas chinesas”, disse. O líder chinês afirmou ainda que os laços entre China e Alemanha têm um impacto “importante” na eurásia e em “todo o mundo”, pelo que os dois países devem “desenvolver os seus laços numa perspectiva estratégica e de longo prazo”, a fim de “injectar mais estabilidade e certeza no mundo”. Competição saudável Scholz afirmou que “a Alemanha está disposta a trabalhar com a China para reforçar ainda mais as relações bilaterais, aprofundar o diálogo e a cooperação em vários domínios”, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A Alemanha opõe-se ao proteccionismo e apoia o comércio livre. A Alemanha está disposta a reforçar a comunicação e a coordenação com a China para responder conjuntamente aos desafios globais”, afirmou. Na segunda-feira passada, Scholz disse em Xangai que ia abordar as condições para uma concorrência leal, a transformação verde e o investimento, no seu encontro com Xi, numa altura em que existe preocupação com o impacto dos veículos eléctricos fabricados na China no mercado europeu. O chanceler sublinhou em Xangai, onde visitou uma empresa alemã de plásticos que trabalha com tecnologias verdes e sustentáveis, que a economia da Alemanha, “um dos países exportadores mais bem-sucedidos do mundo”, baseia-se em ser “globalmente competitiva”, defendendo ao mesmo tempo “condições de concorrência leal” e não “proteccionismo”. A nível geopolítico, Scholz disse que ia pedir a Xi que a China deixasse de fornecer bens civis e militares de dupla utilização à Rússia, uma vez que “ninguém deve contribuir” para a “guerra de conquista” de Moscovo na Ucrânia, um conflito sobre o qual Pequim tem adoptado uma posição ambígua.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste | PR espera acordo com Alemanha para trabalhadores timorenses O Presidente da República timorense espera que Timor-Leste e a Alemanha assinem ainda este ano um acordo entre governos para que mil timorenses possam ir para aquele país trabalhar e receber formação técnico-profissional. José Ramos-Horta disse à Lusa que esse é um dos assuntos na agenda da sua curta visita a Berlim, no fim de semana, durante a qual se encontrou com as principais autoridades do país. “A ideia de a Alemanha receber trabalhadores timorenses foi minha. Avancei com a vinda a Timor-Leste de um grupo de sete deputados federais alemães, representando todos os partidos políticos, e cumprindo uma promessa que me fizeram antes das eleições na Alemanha, em que se vencessem iriam retomar a cooperação bilateral com Timor-Leste, que foi, entretanto, terminada depois de 20 anos”, explicou. “Durante a visita avancei com a proposta: quero 1.000 vistos de trabalho para timorenses trabalharem na Alemanha, com formação técnico-profissional a fazer parte do programa”, explicou. “Gostaram da ideia e nesses meses tenho trabalhado com entidade alemães para ver como concretizar essa iniciativa, que está em bom caminho. Esperamos assinar o acordo brevemente, depois da minha visita”, disse. Quando se concretizar, notou, será o primeiro acordo laboral de Timor-Leste com um país europeu, num programa “governo-governo, sem intermediários ou agências de emprego e que vai ser rigorosamente controlado pelos dois governos, para não haver abusos seja de quem for”.
Hoje Macau China / Ásia MancheteDiplomacia | Europa e Estados Unidos procuram aproximação à China O diálogo da China com o mundo ocidental intensifica-se, apesar das muitas pedras que ainda persistem no caminho para uma relação harmoniosa. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, aterrou esta semana em Berlim, numa altura em que Alemanha, França, Estados Unidos e Reino Unido apostam numa estratégia de aproximação a Pequim. Esta semana, em apenas alguns dias, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, viajou até Pequim, Li Qiang está de viagem até Berlim e Paris e o Governo britânico prepara a ida do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly, à China. “Para a China, ‘the meeting is the message’ (a reunião é a mensagem)”, escreveu Mikko Huotari, director executivo da MERICS, um ‘think tank’ alemão com foco naquele país asiático, parafraseando a famosa citação do pensador canadiano Marshall McLuhan sobre a comunicação (“the medium is the message”). Para este analista, a visita de Li a Berlim é uma prova de que Pequim quer mostrar que o diálogo com um dos seus principais aliados não está comprometido, apesar de um afastamento diplomático que se acentuou nos últimos três anos. Uma das razões para este afastamento entre Berlim e Pequim reside na pressão exercida pelo Governo norte-americano para que a Europa se desligue da dependência económica chinesa, em particular em áreas sensíveis como a energia e as telecomunicações. Desde o mandato do ex-Presidente Donald Trump, e prosseguindo na era do actual líder, Joe Biden, que os Estados Unidos insistem em que os países europeus rejeitem integrar a empresa tecnológica chinesa Huawei nos concursos para as redes 5G, alegando que esta organização reporta directamente perante o Partido Comunista Chinês, colocando sérios problemas de salvaguarda das informações que circulam nestas redes. Os Estados Unidos estão preocupados, particularmente, com a progressiva afirmação das baterias eléctricas chinesas para alimentação de veículos automóveis, que ameaçam a expansão do sector automóvel em várias regiões, incluindo a Europa e os Estados Unidos. Este tema foi abordado entre o chefe da diplomacia norte-americana no encontro com o seu homólogo chinês, Qin Gang, no passado domingo, no âmbito de uma redefinição do circuito comercial entre as duas maiores potências económicas. Blinken repetiu por várias vezes a ideia de que os Estados Unidos não têm interesse em “conter o desenvolvimento da economia chinesa”, alegando que o sucesso do plano de Pequim salvaguarda igualmente os interesses norte-americanos. A tese do Governo de Joe Biden é a de que Estados Unidos e China se assumam como rivais, mas procurem evitar que a concorrência resvale para conflitos mais graves, nomeadamente a nível militar. Xadrez político Numa entrevista divulgada esta semana pela cadeia televisiva norte-americana CBS, Blinken reconheceu que os canais de comunicação militares entre os dois países continuam comprometidos, mas assegurou que este é um “processo em curso”, mostrando-se esperançado em que num futuro próximo seja possível criar formas eficazes de resolução de conflitos. “É importante que incidentes militares – como quando dois aviões se cruzem a curta distância ou dois navios entre em rota de colisão – sejam evitados através de canais estáveis de comunicação”, defendeu o chefe da diplomacia norte-americana. Por isso, na agenda do primeiro-ministro chinês a Berlim e a Londres estão matérias relacionadas com a indústria da Defesa, numa altura em que Berlim anunciou um investimento bilionário em novo equipamento, em grande parte decorrente da crescente ameaça russa, após o início da invasão da Ucrânia, em Fevereiro de 2022. “A China está interessada em que a Alemanha se desenvencilhe da dependência militar norte-americana, para que possa de seguida ficar mais receptiva às propostas comerciais chinesas. Esta abordagem certamente que não aparecerá nos comunicados após as reuniões do primeiro-ministro chinês em Berlim, mas estará muito presente nas intenções de cada diplomata chinês”, explicou à Lusa Darlyn Chai, investigadora de Relações Internacionais da Universidade de Sussex, no Reino Unido, especialista em política asiática. Para esta especialista, os europeus estão interessados em que a China e os Estados Unidos normalizem relações, para terem mais campo de manobra para restabelecer as condições para novos investimentos chineses na Europa. Contudo, para isso, defende Chai, os líderes ocidentais, e os europeus em particular, também precisam que Pequim se demarque das posições da Rússia na Ucrânia. A Alemanha – tal com a União Europeia e os Estados Unidos – tem pressionado a China para não fornecer armas à Rússia, um compromisso que Blinken ouviu da boca do Presidente Xi Jinping e que o chanceler Olaf Scholz já disse estar interessado em ouvir da boca do primeiro-ministro chinês. O tema também deverá ser um dos pontos principais da visita que o chefe da diplomacia britânica deverá realizar à China, no final de Julho, que o Governo do Reino Unido está a preparar. A viagem ainda não está confirmada, mas fontes do Governo liderado por Rishi Sunak têm defendido a necessidade de o Reino Unido não ficar para trás na reaproximação à China, quando Estados Unidos e a União Europeia aceleram os contactos diplomáticos com Pequim. Para o Governo britânico, o ‘Brexit’ apenas acentuou a necessidade de diversificar as relações externas, apesar dos apelos dos aliados norte-americanos, para conter o investimento chinês, especialmente nas áreas tecnológicas.
Hoje Macau China / ÁsiaAlemanha | PM Li Qiang recebido num teste às relações bilaterais O chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier, recebeu na segunda-feira o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que faz a sua primeira viagem ao estrangeiro, num teste às relações entre Berlim e Pequim, marcadas por crescente rivalidade. Durante o encontro, o Presidente alemão reconheceu que a cooperação entre os dois países “continua importante, mas mudou nos últimos anos”, de acordo com um comunicado do seu gabinete. “A China é parceira da Alemanha e da Europa, mas também cada vez mais uma concorrente e rival na arena política”, acrescentou o comunicado. O primeiro-ministro chinês garantiu que a China está pronta para trabalhar com a Alemanha para contribuir para a “estabilidade e prosperidade globais”, de acordo com a agência noticiosa estatal Xinhua. A China é o mais relevante parceiro comercial da Alemanha e um mercado vital para o seu poderoso sector automóvel. Contudo, nos últimos meses, Berlim endureceu o tom nas relações com Pequim. Para Berlim, por causa da estratégia expansionista de Pequim, “a estabilidade regional e a segurança internacional estão cada vez mais pressionadas” e “os direitos humanos não são respeitados”. Recentemente, o chanceler Olaf Scholz assumiu que o seu país deve reduzir a sua dependência económica face a Pequim, embora admita que “não tem interesse em impedir o desenvolvimento económico da China”.
Hoje Macau China / ÁsiaPrimeiro-ministro chinês visita França e Alemanha entre domingo e 23 de Junho O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, visitará a Alemanha e a França entre 18 e 23 de junho, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. O dirigente chinês “fará uma visita oficial à Alemanha, onde terá lugar a sétima ronda de consultas governamentais sino-alemãs, e uma visita oficial à França, onde participará na cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global”, disse Wang Wenbin, um porta-voz do ministério chinês. O primeiro-ministro na China geralmente é uma personalidade menos política do que o Presidente [chinês, Xi Jinping], estando mais responsável por questões económicas e financeiras. O objetivo da cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, organizada por iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, é ambicioso: reformar a arquitetura financeira global para melhor responder aos desafios impostos pelas alterações climáticas. Vários participantes já confirmaram presença: presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o chanceler alemão, Olaf Scholz. A viagem de Li Qiang à Alemanha promete ser mais agitada, após Berlim ter publicado um documento esta semana que descreve a China como uma força hostil à Alemanha. O maior parceiro económico da Alemanha e um mercado vital para o seu poderoso setor automóvel, a China há muito tempo que é poupada por Berlim, que, no entanto, endureceu o tom do seu discurso há pouco mais de um ano. Os ministros do Meio Ambiente defendem uma maior firmeza em relação a Pequim, apontando a sua atitude em relação a Taiwan e os abusos de que são acusadas as autoridades chinesas contra a minoria uigur na região de Xinjiang, no noroeste da China.
Hoje Macau InternacionalAlemanha |Suspeitas de envenenamento de russos no exílio A polícia alemã informou ontem que abriu uma investigação por suspeitas de envenenamento após problemas de saúde mencionados por um jornalista e activista russo no exílio. “Foi aberta uma investigação. O caso está em andamento”, disse um porta-voz da polícia de Berlim à agência de notícias AFP, confirmando informações do diário Die Welt publicadas na noite de sábado. O responsável não deu mais pormenores sobre a investigação em curso. A publicação russa Agentstvo publicou esta semana uma reportagem na qual relata os problemas de saúde reportados por dois participantes numa reunião de dissidentes russos, nos dias 29 e 30 de Abril. Um participante, que é descrito como um jornalista que tinha deixado a Rússia recentemente, apresentou sintomas não especificados durante o evento e disse que pode ter começado antes. Segundo a Agentstvo, o jornalista terá ido ao hospital Berlin Charité, onde havia sido tratado o russo Alexei Navalny, vítima de envenenamento em Agosto de 2020. A segunda participante é Natalia Arno, directora da Organização Não-Governamental Free Russia Foundation, nos Estados Unidos, onde vive há 10 anos depois de ter deixado a Rússia. Ainda de acordo com a reportagem, Arno esteve em Berlim no final de Abril, de onde viajou para Praga. Foi lá, relata a Agentstvo, que apresentou sintomas e também descobriu que o seu quarto de hotel tinha sido aberto. Arno publicou uma mensagem na rede social Facebook esta semana, onde mencionou os problemas que sentia, nomeadamente “dor aguda” e “dormência”, dizendo que os primeiros “sintomas estranhos” apareceram antes de chegar a Praga. Nos últimos anos, vários ataques com veneno foram realizados no exterior e na Rússia contra opositores russos. Moscovo nega qualquer responsabilidade dos seus serviços secretos.
Hoje Macau China / ÁsiaChina ameaça retaliar eventuais sanções europeias a empresas chinesas A China adoptará medidas de retaliação se a União Europeia (UE) impuser restrições a empresas chinesas por alegadamente ajudarem a Rússia a contornar sanções ocidentais, advertiu ontem, em Berlim, o chefe da diplomacia de Pequim. “A China e as empresas russas têm uma relação normal, uma cooperação. Este tipo de cooperação normal não deve ser afectado por eventuais sanções europeias”, alertou Qin Gang durante uma conferência de imprensa com a homóloga alemã, Annalena Baerbock. A Comissão Europeia apresentou, na sexta-feira, aos Estados-membros da UE um 11.º pacote de medidas restritivas contra a Rússia para evitar que as sanções sejam contornadas. “O objectivo é evitar que as mercadorias proibidas de serem exportadas para a Rússia entrem no complexo militar russo”, disse o porta-voz da Comissão Eric Mamer, na segunda-feira. A proposta da Comissão visa, pela primeira vez, oito empresas chinesas e de Hong Kong acusadas de reexportar mercadorias sensíveis para a Rússia, de acordo com um documento citado pela agência francesa AFP. “A China vai dar a resposta necessária para proteger firmemente os interesses legítimos das empresas chinesas”, avisou Qin em Berlim. Qin Gang alertou também para os elevados custos para a Europa de uma “nova guerra fria” e pediu a colaboração alemã para garantir a estabilidade económica mundial face ao confronto que disse estar a ser incentivado pelos Estados Unidos. “Se a nova guerra fria se tornar uma realidade, não custará apenas à China, mas também à Europa”, afirmou Qin, citado pela agência espanhola EFE. Baerbock apelou à China para que adopte uma posição clara sobre o conflito na Ucrânia, afirmando que a neutralidade equivale a estar do lado da Rússia. “Neutralidade significa estar do lado do agressor”, disse a ministra alemã. “A China pode, se assim o decidir, desempenhar um papel importante (…) para acabar com a guerra”, acrescentou. A China apresenta-se como um interlocutor neutro no conflito, apesar das relações próximas com Moscovo. No final de Abril, o Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, tiveram uma conversa telefónica, a primeira desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, no dia 24 de Fevereiro de 2022. Qin disse em Berlim que a China vai “enviar em breve um representante especial para os assuntos europeus à Ucrânia”. “Ele também visitará outros países europeus”, afirmou, assegurando que a China “continua a defender as negociações” entre Moscovo e Kiev.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Primeira visita ministerial alemã em 26 anos A ministra da Educação da Alemanha viajou ontem para Taiwan para a primeira visita em 26 anos de um ministro alemão à ilha, para assinar uma parceria tecnológica. A China opõe-se regularmente às visitas trocas oficiais entre Taiwan e os seus parceiros internacionais. A ministra alemã Bettina Stark-Watzinger disse que o acordo, celebrado com o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia de Taiwan (NSTC), visa “melhorar a cooperação com base em valores democráticos, transparência, abertura, reciprocidade e liberdade científica”. Bettina Stark-Watzinger considerou um “grande prazer e honra” tornar-se o primeiro membro de um governo alemão a visitar a ilha em mais de duas décadas. Questionada sobre a presença de chineses contrários à sua visita, a Stark-Watzinger não quis responder. A China aumentou a sua pressão diplomática e militar sobre Taiwan em retaliação com uma série de visitas de autoridades dos Estados Unidos, Europa, entre outros. De acordo com a imprensa, a gigante de tecnologia taiwanesa TSMC, a maior fabricante de chips do mundo, está actualmente em negociações para construir a sua primeira fábrica europeia na Alemanha. Em Dezembro, a empresa tinha dito que “não tinha planos concretos” para montar uma unidade de produção na Alemanha.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Alemanha vai exigir testes aos viajantes provenientes da China A Alemanha anunciou hoje que os viajantes provenientes da China terão de apresentar um teste negativo à covid-19 para entrar no país, como é já exigido por outros países preocupados com o recrudescimento de casos no território chinês. Num comunicado, o ministro da Saúde alemão, Karl Lauterbach, indicou que os passageiros terão de apresentar “pelo menos um teste rápido de antígeno”, adiantando que serão realizadas “amostras aleatórias” para detetar possíveis variantes do vírus, seguindo, assim, a recomendação feita na quarta-feira aos Estados-membros pela União Europeia (UE). A medida, segundo o comunicado, entrará em vigor a partir da próxima segunda-feira. “É uma boa decisão. A Europa encontrou uma resposta comum à situação de pandemia na China. Para os viajantes da China, isso significa que, quando iniciarem a viagem para a Alemanha, precisarão de pelo menos um teste rápido de antígeno e que, ao entrar no país, haverá testes aleatórios para identificar variantes do vírus”, disse Lauterbach. Além disso, o ministro alemão acrescentou que as águas residuais dos voos provenientes da China serão analisadas de forma complementar. Tal como a Alemanha, também hoje as autoridades suecas anunciaram que vão exigir que os viajantes provenientes da China apresentem um teste negativo à doença covid-19. A medida, que tem início no sábado e vai estar em vigor durante três semanas, abrange todos os viajantes maiores de 12 anos, independentemente de estarem ou não vacinados, mas não os cidadãos suecos ou com autorização de residência neste país ou noutro da UE. Com a adoção desta medida, o Governo sueco segue a recomendação da Agência de Saúde Pública, que, há dois dias, manifestou o seu apoio à introdução de uma regra deste tipo, algo que países como a Itália, a Espanha e a Bélgica já fizeram, mas que nenhum país nórdico tinha anunciado até agora. Entretanto, a Áustria juntou-se aos países que exigem a quem vem da China um teste negativo de covid-19 para entrar. “A Áustria introduzirá a obrigação de teste antes da partida para os viajantes que chegam da China. Os detalhes estão a ser preparados”, disse uma fonte do Ministério da Saúde à agência de notícias austríaca APA. O grupo de Resposta Integrada à Crise Política (IPCR) decidiu, numa reunião realizada na quarta-feira e na qual participaram instituições comunitárias e outros especialistas, além dos Estados-membros da UE, recomendar a apresentação de um teste negativo à covid-19 pelos viajantes provenientes da China. As autoridades comunitárias também aconselham todos os passageiros de voos de e para a China a usar máscara facial de proteção e recomendou aos Estados-membros que testem aleatoriamente os passageiros à chegada. A China está a enfrentar uma onda de contaminações sem precedentes desde o abandono abrupto, no início do mês, da chamada política de “covid zero”. No entanto, o país anunciou o fim das quarentenas obrigatórias à chegada ao território a partir de 08 de janeiro e a retoma gradual das viagens de chineses ao estrangeiro, o que preocupa vários países. Especialistas locais estimam que, ao longo do último mês, cerca de 600 milhões de pessoas terão sido infetadas com covid-19 na China, o que equivale a 40% da população do país asiático, o mais populoso do mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a avaliar o risco de uma nova variante do coronavírus que provoca a doença da covid-19, a subvariante XBB.1.5, que está a propagar-se rapidamente em vários países e pode ser mais transmissível. A subvariante da estirpe Ómicron do SARS-CoV-2 resulta de uma recombinação de duas sublinhagens BA.2 e já foi detetada em 29 países, incluindo Estados Unidos, onde já representa cerca de 40% dos casos de covid-19. Segundo o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos, esta subvariante “pode ser mais transmissível”, embora se desconheça ainda se terá efeitos “mais graves”.
João Luz Eventos MancheteCUT organiza Kino Macau para celebrar cinema alemão até 20 de Novembro Até ao próximo dia 20 de Novembro, o Cinema Alegria e o espaço da CUT acolhem o Kino Macao 2022, o festival que celebra o cinema alemão. A edição deste ano exibe uma selecção de filmes que retratam o período de profunda convulsão entre o final da 2.ª Grande Guerra e a queda do Muro de Berlim Arrancou no sábado a sétima edição do Kino Macao, a grande festa do cinema alemão, co-organizado pela Associação Audio-Visual CUT, em parceria com o Goethe Institut de Hong Kong, que irá exibir filmes de autores germânicos até dia 20 de Novembro no Cinema Alegria e no espaço da CUT, no andar acima da Livraria Pin-to, na Rua de Coelho do Amaral. “2022 ainda é um ano cheio de desafios e incertezas, e talvez uma retrospectiva seja o melhor que podemos fazer agora. Este ano, o festival irá apresentar vários filmes de um dos mais importantes períodos históricos da Alemanha: entre o final da 2.ª Grande Guerra Mundial e a reunificação da Alemanha. Sugerimos ao público um passeio por este período histórico através de películas que retratam o quotidiano de pessoas normais e das circunstâncias de pessoas ‘especiais’, para aferir como o povo alemão trabalhou arduamente durante uma longa e sombria época”, descreve a organização do evento, que conta com a curadoria e coordenação de Rita Wong. Na próxima sexta-feira às 21h30, a sala 2 do Cinema Alegria acolhe a estreia de “Great Freedom”, obra realizada por Sebastian Meise que fez furor no Festival de Cinema de Cannes no ano passado e que foi seleccionada pela academia que atribui os óscares como um dos 15 melhores filmes internacionais. Protagonizado por um dos actores alemães mais aclamados na actualidade, Franz Rogowski, “Great Freedom” conta a história de quem ficou de fora da libertação trazida pela vitória dos Aliados na 2.ª Grande Guerra Mundial. O personagem desempenhado por Rogowski é então acusado de um crime que nada tem a ver com o conflito ou política: ser homossexual. Ainda de acordo com o velho Código Penal alemão, que datava do século XIX, a homossexualidade era um crime punido com pena de prisão. Depois de décadas de vigilância, o protagonista acaba por ser detido múltiplas vezes, acabando por desenvolver uma relação muito próxima com o companheiro de cela condenado pelo crime de homicídio a pena perpétua. “Great Freedom” é uma história de tenacidade e resistência do espírito humano, de amor que nasce de violência sistémica e do tempo que escapa veloz sem que ninguém dê por isso. Adeus a uma Era No sábado, às 21h, também no Cinema Alegria é exibido “Dear Thomas”, do realizador Andreas Kleinert, filme centrado na ascensão de um poeta rebelde que luta pela liberdade no cenário de censura imposta pelo regime comunista da Alemanha de leste. “Dear Thomas” é um filme biográfico baseado na vida e obra de Thomas Brasch, que vai além de um tributo fílmico ao poeta que foi continuamente sabotado por um Governo omnipotente, que recupera uma época histórica e repõe o valor e a coragem do autor. A película que se segue no cartaz deste ano do Kino é “Transit”, o drama de 2018 realizado por Christian Petzold, apresentado no domingo, às 16h30. Também com Franz Rogowski no principal papel, este filme recupera a atmosfera estética do cinema noir através da sufocante paranoia e perseguição kafkiana de um homem traumatizado por opressão e violência política, que tenta escapar às forças nazis durante a ocupação de França. À noite, às 20h, o cinema germânico invade as instalações da CUT com “Coming Out”, de Heiner Carow, filme que retrata a luta de um jovem professor, que vive na Alemanha de leste, com a sua homossexualidade reprimida. Na segunda-feira, às 19h30, a CUT acolhe a exibição de “The Bicycle”. No dia 18, sexta-feira, pelas 21h30 o Cinema Alegria apresenta “The Last Execution”, de Franziska Stünkel, que conta a história de um ambicioso cientista que passa da academia para os serviços de inteligência da República Democrática Alemã. Depois de prestar lealdade à Stasi, o académico acaba por integrar a máquina de opressão e perseguição de dissidentes, num crescendo de violência que irá esbarrar nos limites da moralidade do personagem. No último fim-de-semana do Kino, dias 19 e 20 de Novembro, serão exibidos “Undine” e o já clássico “Goodbye Lenin!”.
Hoje Macau China / ÁsiaOlaf Scholz diz que Alemanha e Europa dão à China “competição económica justa” Olaf Scholz, o novo chanceler alemão que substitui Angela Merkel no cargo, fez ontem o seu primeiro discurso no parlamento e disse que a Alemanha e a Europa oferecem a Pequim uma “competição económica justa em benefício de ambas as partes” e “com as mesmas regras do jogo para todos”, bem como em desafios globais como a crise climática e a pandemia, sem que isso implique ignorar a situação dos direitos humanos na China. Sobre a ascensão da China como potência tecnológica e militar, Scholz destacou que a UE deve orientar a sua política com base nessa realidade. Por outro lado, Scholz expressou “grande preocupação” com o conflito na fronteira russo-ucraniana, garantindo que a Alemanha está pronta para um “diálogo construtivo” com Moscovo, algo que não deve ser mal interpretado como uma nova ‘Ostpolitik’ alemã”. “Uma ‘Ostpolitik’ numa Europa unida só pode ser uma ‘Ostpolitik’ europeia”, sustentou., Naquela que foi a sua primeira declaração no Bundestang, antes de se estrear nas reuniões do Conselho Europeu, que começam esta quinta-feira, Scholz garantiu que trabalhará pela União Europeia (UE), relações inter-atlânticas e progresso. O futuro e o bem-estar europeu “é uma questão nacional” e “a coesão e a soberania são as tarefas da Europa”, afirmou o chanceler antes da sessão plenária do Bundestag (Câmara Baixa). Scholz defende que, pela sua história e também como principal economia do centro do continente europeu, a Alemanha tem a responsabilidade de não ficar à margem do processo. Pelo contrário, prosseguiu, tem de “construir pontes” nos moldes dos seus antecessores. “Para se fazer ouvir e não se tornar um mero brinquedo para potências estrangeiras, a UE tem de estar unida”, sustentou. Mais acção precisa-se Scholz salientou a necessidade de a Europa aumentar a sua capacidade de acção, para o que deve ser regra a possibilidade de decidir no Conselho por maioria qualificada em todas as áreas, o que “não significa uma perda, mas sim uma maior soberania”. O novo chanceler alemão defendeu ainda uma “cultura política europeia de debate construtivo”, que vise encontrar “sempre o melhor caminho”, indo “além dos interesses nacionais, mas sem deixar de respeitar a história e a diversidade”, tendo ainda a “consciência” daquilo que une os europeus. Scholz considerou os Estados Unidos como o “parceiro mais importante” da UE, garantindo que, ao Presidente norte-americano Joe Biden, o une o convencimento de que as democracias liberais “têm de demonstrar novamente que podem oferecer melhores e as mais justas respostas” para os desafios do século XXI. “A amizade germano-norte-americana e a NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] são o alicerce inalienável da nossa segurança”, afirmou, acrescentando que o Governo alemão irá defender sempre as instituições que representam o multilateralismo. Para o chanceler, a segurança europeia e transatlântica “andam de mãos dadas”, razão pela qual garantiu que a Alemanha apoia uma nova Declaração Conjunta da UE e da NATO. Mudança é possível Scholz garantiu que a mudança e renovação prometidas pelo novo Governo serão possíveis, apesar da situação de pandemia, ao mesmo tempo que apelou à população para que reduza os contactos, se vacine e que faça exames para combater a atual quarta vaga de covid-19. Scholz negou que a sociedade esteja dividida e afirmou que a maioria dos cidadãos está a comportar-se na pandemia de forma “solidária, sensata e cautelosa”, embora reconheça que há uma minoria de negacionistas que se dedica a divulgar teorias da conspiração e a desinformar. “Não permitiremos que uma pequena minoria de extremistas em fuga tente impor a sua vontade a toda a sociedade”, advertiu, garantindo que o governo os enfrentará com todos os meios do Estado democrático e de direito. Por outro lado, Scholz garantiu que o seu Executivo será “um Governo do progresso”, tanto técnico quanto social e cultural, e que a década de 2020 será um período de mudança, renovação e transformação. “No século XXI, não precisamos de menos, mas de mais progresso, mas precisamos de um progresso melhor e mais inteligente”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping pronto para elevar para “novo nível” relações com Alemanha de Scholz O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou hoje o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, e indicou que a China está “pronta” para elevar para um “novo nível” as relações com a Alemanha. As relações sino-alemãs estiveram geralmente em bom plano nos últimos 16 anos, ao contrário das relações de Pequim com outros países europeus, que foram tensas como com a França, Reino Unido ou recentemente a Lituânia. “A China está pronta para consolidar e aprofundar a confiança política mútua e expandir o intercâmbio e a cooperação com a Alemanha em vários campos”, disse Xi, citado pela New China Agency. No poder entre 2005 e 2021, a ex-chanceler Angela Merkel trabalhou sempre por uma reaproximação com a China, por causa do papel diplomático e económico essencial do gigante asiático e da importância do mercado chinês para a indústria alemã. A rapidez de Xi Jinping em felicitar o novo chanceler alemão contrasta com o tratamento recebido pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Num cenário de tensões com Washington, o Presidente chinês demorou mais de duas semanas para reagir à vitória de Biden nas presidenciais norte-americanas de 03 de novembro de 2020. Hoje de manhã, dois meses e meio após as eleições, Scholz foi eleito chanceler federal pelo Parlamento alemão (Bundestag), tendo, depois, seguido para a residência do Presidente Franz-Walter Steinmeier, onde recebeu o “ato de nomeação”, regressando, posteriormente, ao Bundestag para prestar juramento como novo chefe do Governo alemão. Scholz, que assumiu a nona chancelaria desde o final da II Guerra Mundial, sucede no cargo à conservadora Angela Merkel, que passa o poder após 16 anos no executivo germânico e de quem foi vice-chanceler e ministro das Finanças na sua última grande coligação. O novo chanceler eleito, 63 anos, recebeu 395 votos. A coligação de três partidos – sociais-democratas, verdes e liberais – detém 416 dos 734 assentos na câmara baixa do parlamento. O executivo de Scholz assume grandes esperanças em modernizar a Alemanha e no combate às alterações climáticas, mas enfrenta o desafio imediato de lidar com a fase mais difícil do país, associada à pandemia do coronavírus.
Hoje Macau China / ÁsiaNovo embaixador alemão na China morre aos 54 anos O novo embaixador da Alemanha na China, que serviu anteriormente como conselheiro da chanceler alemã, Angela Merkel, morreu aos 54 anos, anunciou ontem o Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão. O ministério anunciou a “morte súbita” de Jan Hecker, num breve comunicado, emitido na madrugada de ontem. A mesma fonte não especificou a causa da morte e descartou qualquer relação com o cargo. A porta-voz adjunta do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Andrea Sasse, disse, quando questionada numa conferência de imprensa sobre a causa da morte, que “nada tem a ver com o papel que Hecker desempenhava” na embaixada. Hecker, que se tornou embaixador, em Agosto passado, era casado e tinha três filhos, segundo a sua biografia, publicado no portal oficial do Ministério. O embaixador chegou à China no início de Agosto e apresentou as suas credenciais no dia 24 do mesmo mês, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático. Ex-funcionário do Ministério do Interior e juiz do Tribunal Administrativo Federal da Alemanha, começou a trabalhar na chancelaria alemã, em 2015, como chefe de uma unidade que coordena a política para os refugiados. Hecker tornou-se conselheiro para a política externa de Merkel – um cargo influente, embora com um perfil público baixo – em 2017. Merkel revelou, em comunicado, estar “profundamente chocada” com a morte de Jan Hecker. “Estou de luto por um estimado conselheiro de longa data, com profunda humanidade e notável experiência”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaAlemanha e China intensificam cooperação sobre alterações climáticas A Alemanha e a China concordaram na segunda-feira aumentar a cooperação bilateral no combate às alterações climáticas com a intenção de impedir o aumento da temperatura média global acima dos 1,5 graus centígrados até 2100. Os países estão a ficar sem tempo para alcançar este objectivo, definido no Acordo de Paris em 2015, porque a temperatura média global já aumentou 1,2 graus centígrados desde o período pré-industrial, afirmam cientistas, “Precisamos de fazer todo o possível para reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa mais depressa do que planeado até agora”, afirmou a ministra do Ambiente da Alemanha, Svenja Schulze. “Juntamente com os grandes países industrializados, também precisamos da China para isto”, acrescentou. A China tornou-se o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, passando os EUA, que agora é o segundo. Prometeu parar de acrescentar dióxido de carbono, o principal gás com efeito de estufa, à atmosfera até 2060 – uma década depois dos EUA e da União Europeia. O acordo sino-alemão foi alcançado antes da cimeira governamental dos dois países na quarta-feira. Schulze disse que ela e o seu homólogo Huang Runqui discutiram a forma de Pequim conseguir antecipar o calendário de reduzir emissões e o uso do carvão, um combustível particularmente poluente. A Alemanha tenciona deixar de usar o carvão na produção de electricidade até 2038. Travão no carvão Na segunda-feira, três centros de reflexão ambiental alemães sustentaram que o país pode antecipar a sua meta em cinco anos, se deixar de usar carvão até 2030, aumentar de forma significativa a geração de energia renovável, substituir o gás natural por hidrogénio até 2040 e proibir a matriculação de veículos com motor de combustão até 2032. Em conjunto, estas medidas poderiam ajudar a Alemanha a evitar a emissão de mil milhões de toneladas, afirmaram. O plano recebeu o apoio do partido ambientalista Verdes, que está a liderar as sondagens, cinco meses antes das eleições federais. Annalena Baerbock, a candidata do partido à sucessão da chanceler Angela Merkel, afirmou que a proposta mostrou que “reformular a indústria alemã com um ambicioso objectivo é mais do que possível”.
Michel Reis Artes, Letras e Ideias hO mais popular concerto para violino [dropcap]O[/dropcap] compositor alemão Max Christian Friedrich Bruch, cujo centenário da morte se assinalou no passado dia 2 de Outubro, nasceu em 1838 em Colónia, filho de Wilhelmine Almenräder, uma cantora, e de August Carl Friedrich Bruch, um advogado e mais tarde oficial da polícia de Colónia. Bruch recebeu uma formação musical precoce com o compositor e pianista Ferdinand Hiller, a quem Robert Schumann dedicou o seu famoso Concerto para Piano e Orquestra em Lá menor. O compositor boémio e virtuoso do piano Ignaz Moscheles também reconheceu a aptidão do jovem Bruch, que aos nove anos escreveu a sua primeira composição, uma canção para o aniversário da sua mãe. A partir de então, a música passou a ser a sua paixão e os seus estudos foram entusiasticamente apoiados pelos seus pais. Escreveu muitas obras iniciais menores, incluindo motetes, configurações de salmos, peças para piano, sonatas para violino, um quarteto de cordas e até obras orquestrais, e o prelúdio de uma ópera, Scherz, List und Rache. Poucas dessas primeiras obras sobreviveram, e o paradeiro da maioria das suas composições sobreviventes é desconhecido. Bruch teve uma longa carreira como professor, regente e compositor, movendo-se entre vários postos musicais na Alemanha: Mannheim (1862-1864), Koblenz (1865-1867), Sondershausen (1867-1870), Berlim (1870-1872) e Bona, onde residiu de 1873 a 1878, trabalhando como professor particular. No auge da sua carreira, passou três temporadas como regente da Liverpool Philharmonic Society (1880-83), em Londres. Ensinou composição na Berlin Hochschule für Musik de 1890 até à sua reforma em 1910. Bruch casou-se com Clara Tuczek, uma cantora que tinha conhecido numa digressão a Berlim em 1881. A sua filha, Margaretha, nasceu em Liverpool em 1882. Alunos de destaque incluíram a pianista, compositora e escritora alemã Clara Mathilda Faisst (1872-1948). As obras complexas e bem estruturadas de Bruch na tradição musical romântica alemã colocaram-no no campo do classicismo romântico exemplificado por Johannes Brahms, ao invés da “Nova Música” de Franz Liszt e Richard Wagner. Na sua época, era conhecido principalmente como um compositor coral e, para seu desgosto, muitas vezes era ofuscado pelo seu amigo Brahms, que era mais popular e amplamente considerado. Max Bruch encarnou absolutamente o período Romântico da música clássica na sua obra. Cada uma de suas ideias musicais é como uma definição de dicionário daquilo que significava ser um compositor romântico – extraordinário, na verdade, dado que viveu até a idade notavelmente madura de oitenta e dois anos e ainda compunha música ao lado de compositores como Schoenberg e Bartók. Hoje em dia, como durante a vida de Max Bruch, o seu Concerto para Violino e Orquestra nº 1 em Sol menor, op. 26 é um dos concertos para violino românticos mais populares e o mais popular do repertório alemão. Nesta obra, Bruch usa várias técnicas do Concerto para Violino em Mi menor de Felix Mendelssohn, incluindo a ligação dos andamentos, bem como a omissão da exposição orquestral de abertura clássica e outros dispositivos estruturais formais conservadores de concertos anteriores. Apesar dessas alterações ao estilo romântico convencional, Bruch foi frequentemente considerado um compositor conservador. O Concerto foi composto entre 1864 e 1866. A primeira versão foi interpretada pelo violinista Otto von Königslöw em Coblenz, no dia 24 de Abril de 1866, sob a direcção do próprio Bruch. A versão final, para a qual Bruch obteve a ajuda do famoso violinista Joseph Joachim, a quem acabou por dedicar a obra, foi estreada por este último no dia 5 de Janeiro de 1868, em Bremen, sob a batuta de Karl Reinthaler. O Concerto é a peça mais conhecida de Bruch e a sua popularidade eclipsou outras obras do compositor, os seus outros concertos para violino e a sua Fantasia Escocesa. O primeiro andamento é incomum por ser um Vorspiel, um prelúdio do segundo andamento e está directamente ligado a ele. A peça começa lentamente, com a melodia primeiro tomada pelas flautas, tornando-se então o violino solo audível com uma curta cadência. Isso repete-se, servindo como uma introdução à parte principal do andamento, que contém um primeiro tema forte e um segundo tema muito melódico e geralmente mais lento. O andamento termina como começou, com as duas cadências curtas mais virtuosísticas do que antes, e o tutti final da orquestra flui para o segundo andamento, ligado por uma única nota grave dos primeiros violinos. O segundo andamento, Adagio, é frequentemente admirado pela sua melodia e geralmente é considerado o coração do concerto. Os temas, apresentados pelo violino, são sublinhados por uma parte da orquestra em constante movimento, mantendo o andamento vivo e ajudando-o a fluir de uma parte para a seguinte. O terceiro andamento, Finale: Allegro energico, abre com uma introdução orquestral intensa, porém tranquila, que cede à declaração do solista do tema energético brilhantes em cordas duplas. É muito parecido com uma dança que se move a um ritmo confortavelmente rápido e enérgico. O segundo tema é um belo exemplo de lirismo romântico, uma melodia mais lenta que interrompe o andamento várias vezes, antes do tema da dança retornar com os seus fogos de artifício. A peça termina com um grande accelerando, levando a um final ardente que fica mais agudo à medida que fica mais rápido e mais ruidoso e, eventualmente, termina com dois acordes curtos, mas grandiosos. Sugestão de audição: Max Bruch: Violin Concerto no. 1 in G minor, Op. 26 Kyung-Wha Chung, violin, London Philharmonic Orchestra, Klaus Tennstedt – EMI Classics, 1990
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasAssalto ao “Reichstag” [dropcap]B[/dropcap]erlim. 30 de Agosto de 2020. Uma manifestação contra as medidas sanitárias impostas pela Covid-19 reuniu facções da Afd (Alternativa para a Alemanha) de extrema-direita. “Horror – escalada de violência nas escadas do Reichstag” lê-se no site do canal ARD. Na página do FB da AfD, lê-se, porém: “Assalto ao parlamento (Sturm auf den Reichstag)”. O título no site da ARD foi, entretanto, corrigido para “Ataque ao coração da nossa democracia (Angriff auf das Herz unserer Demokratie)”. Um eufemismo tão grave não podia passar despercebido. Há uma invisibilidade mais difícil de detectar do que todas as outras. É quando tudo se faz às claras. Os prestidigitadores, os mágicos, os desportistas exímios e como é óbvio os políticos mais hábeis são os grandes mestres da simulação e da camuflagem. A finta consiste em dar a entender uma acção ou um movimento com um sentido contrário do que vai acontecer. Para simularmos é preciso sermos capazes de fazer crer ao outro que a nossa intenção está absolutamente expressa na nossa acção, no nosso movimento, na nossa palavra. O desportista finge que vai para um lado e vai para outro, que sobe e afinal desce. Dá a sensação que vai avançar e recua ou que vai recuar e avança. Adia até ao limite ou antecipa-se. O pugilista finge bater no rosto do adversário com uma mão para bater no tronco com a outra. O nosso olhar absorvido pelas mãos do mágico não tem folga para percebermos como tira o coelho da cartola. O que acontece na simulação, na finta, é trabalhado tecnicamente. Os diálogos de Platão desmascaram a sofística por ser isso mesmo que faz: prestidigitação. Mas é na vida que a dissimulação se forma. Esperamos que se deem coisas que não acontecem. Há outras que, contra a expectativa, acontecem mesmo. O próprio modo como as coisas se dão é diferente do modo como esperávamos que fossem. Há um jogo complexo entre o que achamos que está visível no horizonte e depois o que vem a acontecer. A invisibilidade mais difícil de detectar é a que se dá às claras. Podemos não querer acreditar no que estamos a ver, quando é isso mesmo que está a acontecer. O elemento fundamental da simulação é o tempo. O futuro iminente cria a pressão necessária para termos uma percepção errada do que está a acontecer. Tudo pode mudar para ficar na mesma. Tudo pode parecer que está na mesma e existe em metamorfose. A verdade engana. O povo sabe do que está a falar. Um povo é levado pela verdade, sobretudo pelo poder eficaz com que as verdades são ditas. Elevamos quem nos diz as verdades mesmo que com a aura da impopularidade. Mas quais são as verdades que sempre foram ditas pelos demagogos. A história repete-se quando o povo baixa a guarda. A frustração da desilusão faz baixar a guarda. Ergue-se o ideal de beleza, de triunfo, da juventude, e também o que é anómalo e anormal, o que não cabe dentro desses parâmetros. Nesse ideal de beleza, triunfo e juventude, da “beautiful people”, “jet set” internacional dos célebres e famosos desta vida, não cabem, por exemplo, os judeus ou os homossexuais (Otto Weininger, George L. Mosse), como se pode compreender pela história recente da Europa nem os negros em nenhum lado do ocidente. Mas não são apenas os descendentes da colonização os únicos “apetrechos dotados de alma” – na definição de escravos de Aristóteles – podem ser crianças, mulheres, todos aqueles a quem lembramos sempre que vieram à existência pela porta dos fundos. Os migrantes para a extrema-direita não chegam do norte de África. Existem já nos seus países. São até cidadãos nacionais desses países. Tiveram foi o azar de não pertencerem à étnia da maioria, terem uma pele de cor diferente, outra religião e, quando não, orientações sexuais diferentes, a idade errada. A vida não é para miúdos nem para velhos. O discurso da transparência não usará de subterfúgios. Dirá a verdade. Não poupará palavras na denúncia. Fundará um partido para defesa da “nova ordem” das coisas. Quem manda no partido pode ser um ressentido ou não. Sabe, contudo, para quem fala. Apela ao ressentimento de que todos nós somos portadores e elege um bode expiatório. É que estar vivo é sentir-se ressentido, porque se queremos ter a possibilidade de ter tudo a que temos direito, por outro lado, houve sempre alguém que não nos deixou ter sucesso. Para o homem do ressentimento a força de bloqueio não é apenas quem detém privilégios, a gente bela, as pessoas de sucesso, os que triunfaram. São os outros como eu que estão a mais. O paradoxo é que todos sem excepção estão a mais se não forem os meus. Os outros não têm direito a nada. O ressentimento pode adormecer mas é acordado. Os poderosos sempre souberam acicatar os ânimos. A Krypteia, a polícia secreta espartana, actuava como rito iniciático para os jovens. Abatiam hilotas (a casta dos escravos que trabalhavam a terra) em “raides”. Desde sempre soubemos espalhar o terror. Não pensava Calígula “odeiem-me à vontade desde que me temam (oderint dum metuant)”? Às claras, alastram pela Europa, Portugal não é excepção, manifestações de apego à tradição e ao caracter puro, enraizado das etnias. A alemã AfD (Alternative für Deutschland) voltou a dar sentido às “Mahnwachen (vigílias)”, numa manipulação clara do descontentamento da população contra as medidas sanitárias provocadas pela Covid-19. As manifestações “contra” têm um sentido completamente novo, porque procuram negar a evidência da presença de um mal. Negar as medidas contra o Coronavírus é negar a existência do vírus, como negar as manifestações contra o racismo é negar o racismo. As manifestações destes partidos são anti-manifestações. Não são afirmações da realidade. São formas de perpetuação do escondimento da realidade. Os novos demagogos não têm, como Giges, anéis que os tornam invisíveis. Não precisam deles já. Dizem tudo às claras. Quando o mal é dito às claras, já não estamos perante uma afirmação. Estamos perante uma ameaça, e há ameaças que devemos levar a sério.
Hoje Macau China / ÁsiaBerlim exige a Pequim respeito pelos direitos humanos [dropcap]A[/dropcap] Alemanha interpelou ontem a República Popular da China apelando ao respeito pelos direitos humanos nomeadamente ao povo uigur e aos cidadãos de Hong Kong, enquanto manifestantes em Berlim exigiam pressão política sobre Pequim. “Você sabe que as nossas preocupações no que diz respeito à lei sobre a segurança [em Hong Kong não estão dissipadas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Mass, numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo da República Popular da China, Wang Yi, em Berlim. “Queremos que o princípio ‘um país dois sistemas’ seja totalmente aplicado”, acrescentou o ministro da Alemanha, atualmente o país com a presidência rotativa da União Europeia. Heiko Mass referia-se à Região Administrativa Especial de Hong Kong onde Pequim implementou a lei de segurança nacional, que constitui uma limitação aos direitos, liberdades e garantias de mais de sete milhões de pessoas que residem na ex-colónia britânica. Em relação à minoria muçulmana reprimida na República Popular da China, Mass reiterou o pedido da Alemanha para que Pequim autorize uma missão de observação independente das Nações Unidas aos campos de prisioneiros uigurs. Várias organizações de defesa de Direitos Humanos acusam a República Popular da China de promover a detenção e trabalhos forçados a milhares de muçulmanos na província de Xinjiang, no noroeste do país. “Como é que tantos chineses estão tão contentes com o trabalho do governo [de Pequim], se o trabalho é assim tão mau”, respondeu o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China. Enquanto decorria a conferência de imprensa, centenas de manifestantes, incluindo dissidentes políticos de Hong Kong e membros da comunidade uigur na Alemanha, demonstravam em Berlim desagrado pelas políticas de Pequim. A visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês a Berlim é a última etapa da deslocação a cinco países europeus – Holanda, França, Noruega e Itália – no quadro do reforço das relações diplomáticas e económicas.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | França e Alemanha querem parceria mais equilibrada com China No final do seu périplo europeu, Xi Jinping reuniu-se com Emmanuel Macron, Ângela Merkel e Jean-Claude Juncker, a convite do Presidente francês. Na calha, está a assinatura de um acordo global de grande dimensão sobre investimentos entre a União Europeia e a China [dropcap]A[/dropcap] França, a Alemanha e a Comissão Europeia reivindicaram ontem uma parceria mais equilibrada entre a China e a Europa, baseada na “confiança” e “reciprocidade” e defenderam uma renovação do multilateralismo face a um afastamento dos Estados Unidos. Os Presidentes da China e de França, Xi Jinping e Emmanuel Macron, anunciaram, no final de um encontro em que participaram também a chanceler alemã e o Presidente da Comissão Europeia, a intenção de aprovar um “acordo global sobre investimentos” entre a União Europeia e o gigante asiático. “Os dois países [França e China] defendem a realização rápida de um acordo global ambicioso sobre os investimentos entre a União Europeia e a China, incluindo acesso e protecção dos investimentos num espírito de benefícios mútuos e recíprocos”, estipula o texto adoptado pelos Presidentes Emmanuel Macron e Xi Jinping. A reunião entre Macron, Xi, Merkel e Juncker, a convite do Presidente francês, visava discutir questões ligadas ao comércio e ao clima numa altura que as relações entre Pequim e Washington se têm mostrado tensas. O convite foi apresentado também como forma de aproveitar o momento em que Xi Jinping está a viajar pela Europa para apresentar e defender o projecto “nova rota da seda”. Apresentado em 2017, o projecto “nova rota da seda” é tido como aquele que vai levar a China à liderança mundial e visa, em traços gerais, construir ligações terrestres entre a China e a Ásia Central e reforçar a ligação à África replicando uma rota por onde a China vendeu, durante séculos, seda a todo o mundo. A nova rota da seda é “um projecto muito importante” e os europeus querem “desempenhar um papel nele”, defendeu Ângela Merkel no encontro, sublinhando, no entanto, que, para isso, deve haver reciprocidade. “Temos tido alguma dificuldade em encontrar essa reciprocidade,” avisou a chanceler alemã. Dúvidas que também foram referidas por Emmanuel Mácron ao Presidente chinês, a quem pediu que “respeite a unidade da União Europeia” face à adopção de medidas de investimento diferentes para os diversos países. “Nós temos as nossas divergências (…) Nenhum de nós é ingénuo”, afirmou Macron, acrescentando, no entanto, que a Europa respeita a China e “espera, naturalmente, que os [seus] principais parceiros também respeitem a unidade da União Europeia”. União de facto Por seu lado, Xi Jinping assegurou que a Europa e a China “se movem juntas”, mesmo quando são “concorrentes”, já que as suas relações não são “de desconfiança”. A China adoptou este mês uma lei do investimento estrangeiro que se destina a garantir igualdade de tratamento para empresas nacionais e estrangeiras, incluindo na adjudicação de contratos públicos, e evitar a transferência de tecnologia forçada. Mas os investidores estrangeiros estão excluídos de cerca de 50 sectores sensíveis. Tanto a União Europeia como os Estados Unidos consideraram a posição insuficiente e vaga, tendo Bruxelas “aumentado o tom” a 12 de Março, quando avançou com uma série de propostas para “alcançar relações económicas mais equilibradas e mais baseadas na reciprocidade”. O encontro surge pouco antes de uma cimeira entre a UE e a China, agendada para Abril em Bruxelas, e numa altura em que os europeus querem responder às preocupações sobre os investimentos de Pequim, especialmente no Oriente e no Sul. As discussões também acontecem num momento em que a China está em plena negociação com os Estados Unidos para tentar resolver a disputa comercial entre os dois países. Na reunião de ontem, a França e a China também assumiram uma posição conjunta sobre a necessidade de reformar a Organização Mundial do Comércio, defendendo, numa alusão aos Estados Unidos, que nenhum país “pode definir sozinho as regras do jogo”. O encontro visou ainda discutir posições sobre o clima e a biodiversidade, tendo Xi Jinping e Emmanuel Macron prometido agir em conjunto “para um aumento global contra a erosão da biodiversidade”. Os dois países também prometeram lutar “contra o crime ambiental, em especial, a caça ilegal e o tráfico de espécies de animais selvagens e flora ameaçadas de extinção”, bem como a poluição de plástico.
Hoje Macau China / ÁsiaRede 5G | EUA advertem Alemanha sobre cooperação com Huawei [dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ashington pressiona Berlim, anunciando que uma colaboração com a gigante tecnológica chinesa pode limitar a troca de informações entre os Estados Unidos e a Alemanha. Portugal recebeu a mesma mensagem no princípio deste mês. Os Estados Unidos advertiram a Alemanha para a participação da chinesa Huawei no desenvolvimento de redes 5G, informou ontem o The Wall Street Journal, ilustrando a crescente extensão global da rivalidade entre Washington e Pequim. Numa carta enviada ao ministro alemão da economia, Olaf Scholz, o embaixador norte-americano em Berlim, Richard A. Grenell, disse que a participação da Huawei, ou de outros fornecedores de equipamentos chineses, iria limitar a partilha de informações sensíveis, detalhou o jornal. No início deste mês, Portugal foi alvo de uma advertência idêntica, devido a um acordo assinado entre a Altice e a Huawei, para o desenvolvimento de tecnologia de Quinta Geração (5G). “Temos sido bastante claros com os nossos parceiros de segurança: temos de proteger a nossa infraestrutura crítica de telecomunicações”, afirmou então o embaixador norte-americano em Portugal, George Edward Glass. Os Estados Unidos consideram que a Huawei representa riscos em termos de segurança, estando por lei sujeita a cooperar com o Estado chinês. Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei. Na missiva ao Governo alemão, Grenell observa que sistemas de comunicação seguros são essenciais para a cooperação em Defesa e serviços secretos, e que empresas como as chinesas Huawei e a ZTE Corp. podem comprometer a confidencialidade dessas trocas. O aviso ilustra como a rivalidade entre os EUA e a China é cada vez mais global, à medida que a atractividade económica da China se estende para além do Extremo Oriente, alcançando regiões até então vistas como parte da esfera de influência norte-americana. Outras pressões Na semana passada, após a Itália ter anunciado a assinatura de um memorando de entendimento no âmbito do projecto chinês de infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”, a Casa Branca disse que a inclusão de Itália nos planos chineses não ajudará o país economicamente e pode prejudicar significativamente a sua imagem internacional. “Nós vemos [a Faixa e Rota] como uma iniciativa ‘Made by China, for China’ [Feita pela China, para a China]”, reagiu de imediato o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Garrett Marquis. A iniciativa visa integrar o sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa, através da construção de portos, aeroportos, autoestradas ou linhas ferroviárias, aproximando o território euroasiático da China, potencialmente em detrimento dos laços transatlânticos. Também Portugal assinou um documento para cooperação bilateral no âmbito da ‘Faixa e Rota’, em Dezembro passado, durante a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Lisboa. Lisboa quer incluir uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria ao porto de Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.
Hoje Macau DesportoMundial 2018 | Campeã Alemanha despede-se, após pior prestação de sempre [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] campeã em título Alemanha despediu-se ontem do Mundial de futebol de 2018, ao cair pela primeira vez na sua história na fase de grupos, num dia 14 que colocou nos ‘oitavos’ Suécia, México, Brasil e Suíça. Necessitada apenas de bater a Coreia do Sul, que estava quase eliminada, a formação comandada de Joachim Löw nem um golo marcou, acabando derrotada por dois golos nos descontos, apontados por Kim-Young-gwon (90+3 minutos) e Son Heung-min (90+6). Os asiáticos despediram-se, mas com uma das maiores proezas da sua história, perante uma Alemanha ‘perdida’, entre outras coisas nas opções de Joachim Löw, que preferiu Neuer, após época lesionado, a Ter Stegen e, misteriosamente, não convocou Sané. A Alemanha desperdiçou, assim, a dádiva de Toni Kroos, que selara a vitória face à Suécia (2-1), na segunda jornada, já quando tudo parecia perdido, aos 90+5 minutos, devolvendo a equipa à corrida ao apuramento, depois da entrada a perder, face ao México (0-1). O fracasso da Alemanha foi a salvação do México, que, depois de dois triunfos, jogou para não perder com a Suécia e acabou derrotado por inequívocos 3-0, selados, na segunda parte, por Ludwig Augustinsson, Andreas Granqvist (grande penalidade) e Edson Álvarez (própria baliza). Os suecos conseguiram o resultado que precisavam para não estarem dependentes de outros, enquanto os mexicanos sofreram até final, com o 0-0 da Alemanha – um golo dos alemães significaria o seu adeus -, depois transformado em 0-2. Embora com sofrimento, os mexicanos estão pela sétima edição consecutiva nos oitavos de final – caíram sempre nessa fase -, sendo, para já, a única equipa qualificada sem ser da Europa ou da América do Sul. Só Japão e Senegal poderão seguir o exemplo. Ao contrário do que aconteceu no Grupo E, no F não se verificaram surpresas, com o Brasil e a Suíça a qualificarem-se, deixando para trás a Sérvia, mais a Costa Rica, que já chegou eliminada à terceira jornada, com dois desaires. Em Moscovo, o Brasil, mesmo sem fazer um grande jogo, não teve dificuldades em superar a Sérvia – que precisava de ganhar -, vencendo com um tento de Paulinho, aos 36 minutos, e de Thiago Silva, aos 68, assistidos pelos ‘artistas’ Philippe Coutinho, com um passe em profundidade, e Neymar, num canto. Os ‘canarinhos’ venceram a Sérvia e o agrupamento, já que, no outro jogo, a Suíça não passou de uma igualdade a dois tentos face à Costa Rica, num jogo em que a sua continuidade em prova nunca esteve em causa, face ao resultado do outro jogo. A formação helvética esteve duas vezes a vencer, com tentos de Blerim Dzemaili, aos 31 minutos, e Josip Drmic, aos 88, mas os costa-riquenhos, que ainda não tinham marcado, responderam, por Kendall Waston, aos 56, e por Yann Sommer, aos 90+3, de cabeça, na própria baliza, após penálti de Bryan Ruiz à barra. Face aos resultados de hoje, o Brasil vai defrontar o México nos oitavos de final, enquanto a Suécia medirá forças com a Suíça, sendo que, quinta-feira, na última jornada, Japão, Senegal e Colômbia luta pelas duas últimas vagas.
Hoje Macau DesportoCampeã Alemanha e Brasil jogam hoje com os olhos nos ‘oitavos’ do Mundial 2018 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Alemanha, detentora do título, e o Brasil, cinco vezes campeão, jogam hoje cartadas decisivas no Mundial de futebol de 2018, na Rússia, tendo em vista o apuramento para os oitavos de final. Derrotados no primeiro jogo do Grupo F, frente ao México (1-0), e com uma vitória arrancada nos descontos perante à Suécia (2-1), os alemães fugiram a uma situação limite e jogam com a já eliminada Coreia do Sul, em Kazan, sabendo que só a vitória lhes interessa. Com três pontos, tal como a Alemanha, a Suécia enfrenta o México, líder, com seis, em Ecaterimburgo, e também só com um triunfo pode avançar na competição, num grupo em que os três candidatos podem terminar empatados, valendo então a melhor diferença de golos, o maior número de golos marcados ou a melhor ‘folha’ disciplinar. Ambos os jogos estão marcados para as 17:00 (15:00 em Lisboa). No grupo E, Brasil e Sérvia, primeiro e terceiro, com quatro e três pontos, respetivamente, discutem o apuramento entre si em Moscovo, a partir das 21:00 (19:00), num jogo em que os brasileiros precisam apenas de um empate e os sérvios de uma vitória. Paralelamente, em Nijni Novgorod, a Suíça, também com quatro pontos, tem uma tarefa teoricamente mais facilitada perante a Costa Rica, equipa já de ‘malas feitas’ – que só perdeu com o Brasil nos descontos -, frente à qual lhe convém pontuar para garantir presença nos ‘oitavos’.
Hoje Macau DesportoMundial 2018 | Alemanha vence Suécia nos descontos e continua na luta pelos ‘oitavos’ [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Alemanha venceu ontem a Suécia, por 2-1, com um golo nos descontos, em jogo do Grupo F do Mundial de futebol de 2018, a decorrer na Rússia, e manteve-se da rota dos oitavos de final. Em risco eliminação, depois da derrota com o México no primeiro jogo (1-0), os campeões do mundo em título venceram com um golo de Toni Kroos, aos 90+5 minutos, depois de a Suécia ter inaugurado o marcador no Estádio Ficht, em Sochi, por intermédio de Ola Toivonen, aos 32 minutos, e de Marco Reus ter igualado na segunda parte, aos 48. Após duas jornadas, o México lidera o Grupo F, com seis pontos, mais três do que Alemanha e Suécia, enquanto a Coreia do Sul, derrotada hoje pela seleção americana, é a última classificada, sem pontos. Na terceira e última jornada, o México defronta a Suécia e a Alemanha enfrenta a Coreia do Sul.
Hoje Macau DesportoJoachim Löw entrega baliza a Manuel Neuer no Mundial [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] seleccionador alemão de futebol, Joachim Löw, deu ontem a conhecer a lista definitiva para o Mundial2018, na Rússia, que integra o guarda-redes Manuel Neuer, apesar dos oito meses em que esteve ausente por lesão. Manuel Neuer, que será o guarda-redes titular da seleção campeã mundial segundo os planos do selecionador Joachim Löw, perdeu praticamente a época de 2017/18 devido a uma fractura no pé, que o afastou dos relvados desde Setembro de 2017. O seleccionador Joachim Löw descartou, em relação à lista de 27 pré-convocados, o guarda-redes Bernd Leno (Bayer Leverkusen), o defesa Jonathan Tah (Bayer Leverkusen) e os avançados Niels Petersen (Friburgo) e Leroy Sané (Manchester City/Ing). “Há dias melhores na vida de um seleccionador do que o que tem de mandar para casa quatro jogadores que, em princípio, também merecem ir ao Mundial”, referiu Joachim Löw, acrescentando que “foi uma decisão difícil” e “tomada por ‘photo-finish’”. O capitão Manuel Neuer, que reapareceu como titular da baliza da Alemanha no particular disputado com a Áustria, que os campeões mundiais perderam por 2-1, agradeceu a todos os que o acompanharam durante o período em que esteve lesionado. “Durante todo este período esforcei-me por manter uma atitude positiva, caso contrário não estaria aqui e não teria sido convocado”, referiu Manuel Neuer, endereçando agradecimentos aos médicos, fisioterapeutas, seleção e Bayern Munique. Neuer reconheceu ainda que a decisão de Joachim Löw em apostar em si para titular em detrimento de Marc André ter Stegen não foi fácil, pois o guarda-redes do FC Barcelona fez uma grande época, bem como também terá sido difícil descartar Bernd Leno. Na Rússia, a Alemanha defende o título de campeã do mundo conquistado no Brasil, estando integrada no grupo F, com México, Suécia e Coreia do Sul.
João Luz Internacional MancheteAlemanha | Quarto mandato de Merkel na eleição que leva a extrema-direita ao Bundestag A hipótese mais provável para Angela Merkel formar Governo é a coligação com Liberais e Verdes, depois dos socialistas do SPD terem obtido o pior resultado de sempre. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha é a terceira força política neste momento. No entanto, as relações com a China devem permanecer fortes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] CDU de Angela Merkel ficou em primeiro lugar nas eleições federais alemãs apesar do crescimento do populismo isolacionista da extrema-direita, com a Alternativa para a Alemanha (AfD) a ficar em terceiro lugar e a chegar pela primeira vez ao Bundestag. A líder dos cristãos democratas, no poder desde 2005, não tem uma vida fácil pela frente na tarefa de formar um Executivo, principalmente tendo em conta o desaire dos sociais-democratas do SPD de Martin Schulz, que obtiveram a pior votação de sempre, com 20,5 por cento. Neste contexto, resta à Chanceler formar Governo com os Liberais e Verdes. José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, vê com preocupação os resultados das eleições alemãs. “Há um reforço nítido da extrema-direita, agora representada no Parlamento com um número razoável de deputados”. O economista aponta a possível destabilização política trazida pelos “discursos populistas, anti-imigrantes, que surgiram também noutros pontos da Europa”, trazidos para a campanha alemã pela AfD. De facto, o partido de Frauke Petry, apelidada por alguns sectores como Adolfina, chega aos 94 deputados, num total de 630 possíveis. A própria CDU tem de fazer contas à vida depois de conseguir um dos piores resultados de sempre com 33 por cento, uma marca que apenas encontra um registo pior em 1949, o primeiro sufrágio depois da queda de Hitler e da divisão do país, quando tiveram 31 por cento. Importa recordar que nas eleições de 2013 a CDU conseguiu 41,5 por cento. Queda socialista Contudo, o grande derrotado destas eleições foi o SPD, o partido de centro esquerda liderado por Martin Schulz, que apesar do segundo lugar obtido ficou muito aquém do esperado com apenas 20,5 por cento, o pior resultado de sempre. O desaire levou o líder dos socialistas a confirmar que vai passar para a oposição, deixando a Merkel apenas a possibilidade de se coligar com os Liberais e os Verdes. O tombo socialista também não foi uma surpresa tendo em conta a tendência política europeia e mesmo a eleição de Donald Trump. “Os partidos socialistas na Europa parecem perder eleitores para forças políticas que são anti-imigrantes, um movimento difícil de fazer”, diagnostica Sten Verhoeven, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. O docente especialista em direito europeu realça o muito tempo que estas forças políticas estiveram no poder, durante as quais surgiram pressões sobre o estado social. O eleitorado vira-se para forças que apontam o dedo a outras causas para a crescente pressão sobre o trabalho e benefícios sociais, tais como o federalismo europeu e as vagas migratórias. “Os socialistas têm de se reinventar e voltarem a focar-se em assuntos sociais”, aponta o académico. Feitas as contas o SPD fica com 149 deputados. Em terceiro lugar no pódio das eleições fica então a AfD. Com tamanha representatividade parlamentar, o partido de extrema-direita terá algum poder de arremesso para pressionar o Governo de Angela Merkel a tomar posições mais isolacionistas, tanto em políticas de imigração como na relação com a União Europeia (UE). Sinais preocupantes As eleições alemãs foram mais um cartão amarelo às instituições europeias. Apesar de estar em perspectiva um quarto mandato para Angela Merkel, a agenda euro-céptica do AfD ganhou tracção considerável no eleitorado, algo que não deverá passar em claro a Bruxelas. Isto também tendo em conta que o partido de Frauke Petry anunciou que irá coordenador esforços com a Frente Nacional francesa e com o partido de extrema-direita da Áustria. Tudo “situações preocupantes para a UE”, no entender de José Sales Marques, que realça as características nacionalistas e isolacionistas destes movimentos profundamente contrários ao processo de integração europeia. Angela Merkel na primeira reacção aos resultados apurados dirigiu-se aos eleitores da AfD, dizendo que quer ouvir os seus medos, compreender as suas preocupações e procurar resolvê-las. “Nesta conjuntura, com a realidade do Brexit, há a necessidade de reequacionar o futuro da Europa”, perspectiva o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau. Apesar de as forças populistas de extrema-direita dificilmente terem capacidade para chegar ao poder, o seu crescimento pode levar a mudanças de políticas que levam o pêndulo ideológico a afastar-se do centro. Uma circunstância que, de acordo com José Sales Marques, também pode trazer más notícias para os países do Sul da Europa. Com este resultado, o AfD pode cimentar-se no Bundestag e na política nacional alemã. Embora possa haver alguma fragmentação interna entre as diversas facções dentro dos nacionalistas, os fundos federais que vão receber permitem que tenham uma estrutura sólida no panorama político alemão. Relações chinesas Apesar da descida do partido de Merkel, a agência Xinhua salienta os 12 anos consecutivos da Chanceler ao leme da Alemanha como uma apoiante da globalização e da cooperação internacional. Durante os seus mandatos, Merkel visitou a China uma dezena de vezes e a sua reeleição é tida pela agência oficial chinesa como “um sinal positivo para o desenvolvimento futuro das relações entre a China e a Alemanha”. Importa salientar que neste momento Pequim é o maior parceiro comercial da Alemanha. Em contrapartida, os produtos alemães são os preferidos nas importações chinesas entre os países europeus. Aliás, a agência salienta que as estreitas ligações comerciais são uma das razões da robustez económica alemã, facto que terá sido fundamental para a reeleição de Merkel. Outra das situações elencadas pela Xinhua para celebrar a vitória da CDU é a “volatilidade crescente que se faz sentir no mundo” sendo, portanto, uma boa notícia uma “relação de maturidade entre os dois países num contexto de prosperidade e estabilidade global”. Sem aludir directamente ao nome de Donald Trump, a agência chinesa salienta o papel da Alemanha como um actor racional no plano internacional, que funda a sua conduta na resolução de crises e conflitos pela via diplomática, em vez da intervenção militar. Além disso, a Xinhua salienta a posição alemã de compromisso com o acordo de Paris quanto às políticas de combate às alterações climáticas. José Sales Marques destaca a natureza da relação entre a China e a Alemanha, que é “na sua essência baseada em relações comerciais extremamente vantajosas para ambas as partes”. Também Sten Verhoeven entende que os germânicos não devem abdicar da posicionamento que têm no comércio global. Aliás, o académico entende mesmo que para a Alemanha não existe alternativa a essa posição e que romper com esta aliança comercial traria dores económicas a ambos os países. A possibilidade das forças políticas nacionalistas fincarem o pé numa posição de isolacionismo face ao mercado global é algo que José Sales Marques não acredita ser possível. “É do interesse nacional da Alemanha que essa capacidade económica se mantenha, ou que se fortaleça”, comenta. Como faz questão de vincar a Xinhua, o eixo comercial e diplomático sino-germânico tem desenvolvido “ligações especiais”, e “qualquer interrupção desse intercâmbio seria demasiado custosa”. Nesse sentido, a agência refere que ambas as partes precisam estar atentas ao crescente espectro de proteccionismo que atravessa o velho continente.