Mundial 2018 | Campeã Alemanha despede-se, após pior prestação de sempre

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] campeã em título Alemanha despediu-se ontem do Mundial de futebol de 2018, ao cair pela primeira vez na sua história na fase de grupos, num dia 14 que colocou nos ‘oitavos’ Suécia, México, Brasil e Suíça.

Necessitada apenas de bater a Coreia do Sul, que estava quase eliminada, a formação comandada de Joachim Löw nem um golo marcou, acabando derrotada por dois golos nos descontos, apontados por Kim-Young-gwon (90+3 minutos) e Son Heung-min (90+6).

Os asiáticos despediram-se, mas com uma das maiores proezas da sua história, perante uma Alemanha ‘perdida’, entre outras coisas nas opções de Joachim Löw, que preferiu Neuer, após época lesionado, a Ter Stegen e, misteriosamente, não convocou Sané.

A Alemanha desperdiçou, assim, a dádiva de Toni Kroos, que selara a vitória face à Suécia (2-1), na segunda jornada, já quando tudo parecia perdido, aos 90+5 minutos, devolvendo a equipa à corrida ao apuramento, depois da entrada a perder, face ao México (0-1).

O fracasso da Alemanha foi a salvação do México, que, depois de dois triunfos, jogou para não perder com a Suécia e acabou derrotado por inequívocos 3-0, selados, na segunda parte, por Ludwig Augustinsson, Andreas Granqvist (grande penalidade) e Edson Álvarez (própria baliza).

Os suecos conseguiram o resultado que precisavam para não estarem dependentes de outros, enquanto os mexicanos sofreram até final, com o 0-0 da Alemanha – um golo dos alemães significaria o seu adeus -, depois transformado em 0-2.

Embora com sofrimento, os mexicanos estão pela sétima edição consecutiva nos oitavos de final – caíram sempre nessa fase -, sendo, para já, a única equipa qualificada sem ser da Europa ou da América do Sul. Só Japão e Senegal poderão seguir o exemplo.

Ao contrário do que aconteceu no Grupo E, no F não se verificaram surpresas, com o Brasil e a Suíça a qualificarem-se, deixando para trás a Sérvia, mais a Costa Rica, que já chegou eliminada à terceira jornada, com dois desaires.

Em Moscovo, o Brasil, mesmo sem fazer um grande jogo, não teve dificuldades em superar a Sérvia – que precisava de ganhar -, vencendo com um tento de Paulinho, aos 36 minutos, e de Thiago Silva, aos 68, assistidos pelos ‘artistas’ Philippe Coutinho, com um passe em profundidade, e Neymar, num canto.

Os ‘canarinhos’ venceram a Sérvia e o agrupamento, já que, no outro jogo, a Suíça não passou de uma igualdade a dois tentos face à Costa Rica, num jogo em que a sua continuidade em prova nunca esteve em causa, face ao resultado do outro jogo.

A formação helvética esteve duas vezes a vencer, com tentos de Blerim Dzemaili, aos 31 minutos, e Josip Drmic, aos 88, mas os costa-riquenhos, que ainda não tinham marcado, responderam, por Kendall Waston, aos 56, e por Yann Sommer, aos 90+3, de cabeça, na própria baliza, após penálti de Bryan Ruiz à barra.

Face aos resultados de hoje, o Brasil vai defrontar o México nos oitavos de final, enquanto a Suécia medirá forças com a Suíça, sendo que, quinta-feira, na última jornada, Japão, Senegal e Colômbia luta pelas duas últimas vagas.

28 Jun 2018

Campeã Alemanha e Brasil jogam hoje com os olhos nos ‘oitavos’ do Mundial 2018

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Alemanha, detentora do título, e o Brasil, cinco vezes campeão, jogam hoje cartadas decisivas no Mundial de futebol de 2018, na Rússia, tendo em vista o apuramento para os oitavos de final.

Derrotados no primeiro jogo do Grupo F, frente ao México (1-0), e com uma vitória arrancada nos descontos perante à Suécia (2-1), os alemães fugiram a uma situação limite e jogam com a já eliminada Coreia do Sul, em Kazan, sabendo que só a vitória lhes interessa.

Com três pontos, tal como a Alemanha, a Suécia enfrenta o México, líder, com seis, em Ecaterimburgo, e também só com um triunfo pode avançar na competição, num grupo em que os três candidatos podem terminar empatados, valendo então a melhor diferença de golos, o maior número de golos marcados ou a melhor ‘folha’ disciplinar. Ambos os jogos estão marcados para as 17:00 (15:00 em Lisboa).

No grupo E, Brasil e Sérvia, primeiro e terceiro, com quatro e três pontos, respetivamente, discutem o apuramento entre si em Moscovo, a partir das 21:00 (19:00), num jogo em que os brasileiros precisam apenas de um empate e os sérvios de uma vitória.

Paralelamente, em Nijni Novgorod, a Suíça, também com quatro pontos, tem uma tarefa teoricamente mais facilitada perante a Costa Rica, equipa já de ‘malas feitas’ – que só perdeu com o Brasil nos descontos -, frente à qual lhe convém pontuar para garantir presença nos ‘oitavos’.

27 Jun 2018

Mundial 2018 | Alemanha vence Suécia nos descontos e continua na luta pelos ‘oitavos’

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Alemanha venceu ontem a Suécia, por 2-1, com um golo nos descontos, em jogo do Grupo F do Mundial de futebol de 2018, a decorrer na Rússia, e manteve-se da rota dos oitavos de final.

Em risco eliminação, depois da derrota com o México no primeiro jogo (1-0), os campeões do mundo em título venceram com um golo de Toni Kroos, aos 90+5 minutos, depois de a Suécia ter inaugurado o marcador no Estádio Ficht, em Sochi, por intermédio de Ola Toivonen, aos 32 minutos, e de Marco Reus ter igualado na segunda parte, aos 48.

Após duas jornadas, o México lidera o Grupo F, com seis pontos, mais três do que Alemanha e Suécia, enquanto a Coreia do Sul, derrotada hoje pela seleção americana, é a última classificada, sem pontos.

Na terceira e última jornada, o México defronta a Suécia e a Alemanha enfrenta a Coreia do Sul.

24 Jun 2018

Joachim Löw entrega baliza a Manuel Neuer no Mundial

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] seleccionador alemão de futebol, Joachim Löw, deu ontem a conhecer a lista definitiva para o Mundial2018, na Rússia, que integra o guarda-redes Manuel Neuer, apesar dos oito meses em que esteve ausente por lesão.

Manuel Neuer, que será o guarda-redes titular da seleção campeã mundial segundo os planos do selecionador Joachim Löw, perdeu praticamente a época de 2017/18 devido a uma fractura no pé, que o afastou dos relvados desde Setembro de 2017.

O seleccionador Joachim Löw descartou, em relação à lista de 27 pré-convocados, o guarda-redes Bernd Leno (Bayer Leverkusen), o defesa Jonathan Tah (Bayer Leverkusen) e os avançados Niels Petersen (Friburgo) e Leroy Sané (Manchester City/Ing).

“Há dias melhores na vida de um seleccionador do que o que tem de mandar para casa quatro jogadores que, em princípio, também merecem ir ao Mundial”, referiu Joachim Löw, acrescentando que “foi uma decisão difícil” e “tomada por ‘photo-finish’”.

O capitão Manuel Neuer, que reapareceu como titular da baliza da Alemanha no particular disputado com a Áustria, que os campeões mundiais perderam por 2-1, agradeceu a todos os que o acompanharam durante o período em que esteve lesionado. “Durante todo este período esforcei-me por manter uma atitude positiva, caso contrário não estaria aqui e não teria sido convocado”, referiu Manuel Neuer, endereçando agradecimentos aos médicos, fisioterapeutas, seleção e Bayern Munique. Neuer reconheceu ainda que a decisão de Joachim Löw em apostar em si para titular em detrimento de Marc André ter Stegen não foi fácil, pois o guarda-redes do FC Barcelona fez uma grande época, bem como também terá sido difícil descartar Bernd Leno.

Na Rússia, a Alemanha defende o título de campeã do mundo conquistado no Brasil, estando integrada no grupo F, com México, Suécia e Coreia do Sul.

5 Jun 2018

Alemanha | Quarto mandato de Merkel na eleição que leva a extrema-direita ao Bundestag

A hipótese mais provável para Angela Merkel formar Governo é a coligação com Liberais e Verdes, depois dos socialistas do SPD terem obtido o pior resultado de sempre. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha é a terceira força política neste momento. No entanto, as relações com a China devem permanecer fortes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] CDU de Angela Merkel ficou em primeiro lugar nas eleições federais alemãs apesar do crescimento do populismo isolacionista da extrema-direita, com a Alternativa para a Alemanha (AfD) a ficar em terceiro lugar e a chegar pela primeira vez ao Bundestag. A líder dos cristãos democratas, no poder desde 2005, não tem uma vida fácil pela frente na tarefa de formar um Executivo, principalmente tendo em conta o desaire dos sociais-democratas do SPD de Martin Schulz, que obtiveram a pior votação de sempre, com 20,5 por cento. Neste contexto, resta à Chanceler formar Governo com os Liberais e Verdes.

José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, vê com preocupação os resultados das eleições alemãs. “Há um reforço nítido da extrema-direita, agora representada no Parlamento com um número razoável de deputados”. O economista aponta a possível destabilização política trazida pelos “discursos populistas, anti-imigrantes, que surgiram também noutros pontos da Europa”, trazidos para a campanha alemã pela AfD. De facto, o partido de Frauke Petry, apelidada por alguns sectores como Adolfina, chega aos 94 deputados, num total de 630 possíveis.

A própria CDU tem de fazer contas à vida depois de conseguir um dos piores resultados de sempre com 33 por cento, uma marca que apenas encontra um registo pior em 1949, o primeiro sufrágio depois da queda de Hitler e da divisão do país, quando tiveram 31 por cento. Importa recordar que nas eleições de 2013 a CDU conseguiu 41,5 por cento.

Queda socialista

Contudo, o grande derrotado destas eleições foi o SPD, o partido de centro esquerda liderado por Martin Schulz, que apesar do segundo lugar obtido ficou muito aquém do esperado com apenas 20,5 por cento, o pior resultado de sempre. O desaire levou o líder dos socialistas a confirmar que vai passar para a oposição, deixando a Merkel apenas a possibilidade de se coligar com os Liberais e os Verdes.

O tombo socialista também não foi uma surpresa tendo em conta a tendência política europeia e mesmo a eleição de Donald Trump.

“Os partidos socialistas na Europa parecem perder eleitores para forças políticas que são anti-imigrantes, um movimento difícil de fazer”, diagnostica Sten Verhoeven, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. O docente especialista em direito europeu realça o muito tempo que estas forças políticas estiveram no poder, durante as quais surgiram pressões sobre o estado social. O eleitorado vira-se para forças que apontam o dedo a outras causas para a crescente pressão sobre o trabalho e benefícios sociais, tais como o federalismo europeu e as vagas migratórias. “Os socialistas têm de se reinventar e voltarem a focar-se em assuntos sociais”, aponta o académico. Feitas as contas o SPD fica com 149 deputados.

Em terceiro lugar no pódio das eleições fica então a AfD. Com tamanha representatividade parlamentar, o partido de extrema-direita terá algum poder de arremesso para pressionar o Governo de Angela Merkel a tomar posições mais isolacionistas, tanto em políticas de imigração como na relação com a União Europeia (UE).

Sinais preocupantes

As eleições alemãs foram mais um cartão amarelo às instituições europeias. Apesar de estar em perspectiva um quarto mandato para Angela Merkel, a agenda euro-céptica do AfD ganhou tracção considerável no eleitorado, algo que não deverá passar em claro a Bruxelas. Isto também tendo em conta que o partido de Frauke Petry anunciou que irá coordenador esforços com a Frente Nacional francesa e com o partido de extrema-direita da Áustria. Tudo “situações preocupantes para a UE”, no entender de José Sales Marques, que realça as características nacionalistas e isolacionistas destes movimentos profundamente contrários ao processo de integração europeia.

Angela Merkel na primeira reacção aos resultados apurados dirigiu-se aos eleitores da AfD, dizendo que quer ouvir os seus medos, compreender as suas preocupações e procurar resolvê-las.

“Nesta conjuntura, com a realidade do Brexit, há a necessidade de reequacionar o futuro da Europa”, perspectiva o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau. Apesar de as forças populistas de extrema-direita dificilmente terem capacidade para chegar ao poder, o seu crescimento pode levar a mudanças de políticas que levam o pêndulo ideológico a afastar-se do centro. Uma circunstância que, de acordo com José Sales Marques, também pode trazer más notícias para os países do Sul da Europa.

Com este resultado, o AfD pode cimentar-se no Bundestag e na política nacional alemã. Embora possa haver alguma fragmentação interna entre as diversas facções dentro dos nacionalistas, os fundos federais que vão receber permitem que tenham uma estrutura sólida no panorama político alemão.

Relações chinesas

Apesar da descida do partido de Merkel, a agência Xinhua salienta os 12 anos consecutivos da Chanceler ao leme da Alemanha como uma apoiante da globalização e da cooperação internacional. Durante os seus mandatos, Merkel visitou a China uma dezena de vezes e a sua reeleição é tida pela agência oficial chinesa como “um sinal positivo para o desenvolvimento futuro das relações entre a China e a Alemanha”.

Importa salientar que neste momento Pequim é o maior parceiro comercial da Alemanha. Em contrapartida, os produtos alemães são os preferidos nas importações chinesas entre os países europeus. Aliás, a agência salienta que as estreitas ligações comerciais são uma das razões da robustez económica alemã, facto que terá sido fundamental para a reeleição de Merkel.

Outra das situações elencadas pela Xinhua para celebrar a vitória da CDU é a “volatilidade crescente que se faz sentir no mundo” sendo, portanto, uma boa notícia uma “relação de maturidade entre os dois países num contexto de prosperidade e estabilidade global”.

Sem aludir directamente ao nome de Donald Trump, a agência chinesa salienta o papel da Alemanha como um actor racional no plano internacional, que funda a sua conduta na resolução de crises e conflitos pela via diplomática, em vez da intervenção militar. Além disso, a Xinhua salienta a posição alemã de compromisso com o acordo de Paris quanto às políticas de combate às alterações climáticas.

José Sales Marques destaca a natureza da relação entre a China e a Alemanha, que é “na sua essência baseada em relações comerciais extremamente vantajosas para ambas as partes”.

Também Sten Verhoeven entende que os germânicos não devem abdicar da posicionamento que têm no comércio global. Aliás, o académico entende mesmo que para a Alemanha não existe alternativa a essa posição e que romper com esta aliança comercial traria dores económicas a ambos os países.

A possibilidade das forças políticas nacionalistas fincarem o pé numa posição de isolacionismo face ao mercado global é algo que José Sales Marques não acredita ser possível. “É do interesse nacional da Alemanha que essa capacidade económica se mantenha, ou que se fortaleça”, comenta.

Como faz questão de vincar a Xinhua, o eixo comercial e diplomático sino-germânico tem desenvolvido “ligações especiais”, e “qualquer interrupção desse intercâmbio seria demasiado custosa”. Nesse sentido, a agência refere que ambas as partes precisam estar atentas ao crescente espectro de proteccionismo que atravessa o velho continente.

26 Set 2017

Pequim quer que Alemanha facilite investimento chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou na quarta-feira ao ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, para que facilite o investimento de empresas chinesas na Alemanha, depois de Berlim ter vetado uma compra por uma empresa chinesa.

Durante um encontro em Pequim, Li afirmou que os dois países deviam impulsionar a liberalização e facilitar o comércio e o investimento, para enviar “um sinal claro contra o proteccionismo”, segundo a agência oficial Xinhua.

A visita de Gabriel à capital chinesa ocorre após o Executivo alemão ter impedido a aquisição da Aixtron, empresa do sector tecnológico, por um grupo chinês, “por razões de segurança nacional”.

Berlim está agora a analisar a proposta de investidores chineses pela divisão de lâmpadas da empresa alemã Osram, o segundo maior fabricante do mundo de dispositivos de iluminação.

Pequim espera que as recentes investigações sejam “uma excepção” e que a Alemanha assegure um ambiente “justo” para as empresas chinesas, assinalou na quarta-feira o porta-voz do ministério chinês do Comércio, Shen Danyang, em conferência de imprensa.

“A China abrirá de forma mais ampla as portas ao mundo e receberá com agrado o aumento do investimento por parte das firmas dos dois países”, afirmou, por seu lado, Li Keqiang.

A Alemanha é o segundo maior destino do investimento chinês na Europa, ultrapassada apenas pelo Reino Unido. Portugal é o quarto, logo a seguir à França.

4 Nov 2016

Xi Jinping destaca relação “muito madura” com Alemanha

A chanceler alemã Angela Merkel terminou ontem aquela que foi a sua nona visita à China. O reforço da cooperação económica esteve no centro da agenda com acordos assinados entre empresas das duas nações no valor de mais de 13.000 milhões de euros

[dropcap style=´circle´]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, afirmou que as relações do país com a Alemanha estão numa fase “muito madura”, durante um encontro com a chanceler Angela Merkel, noticiou ontem a imprensa oficial chinesa.
A reunião, na segunda-feira, à porta fechada, em Pequim, fez parte da visita oficial de Merkel ao país asiático iniciada no domingo e que se concluiu ontem com uma passagem por um parque industrial com investimento alemão na cidade de Shenyang, nordeste da China.
A responsável alemã reuniu-se também com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com quem assistiu à assinatura de 24 acordos de cooperação, e participou num fórum empresarial, durante o qual empresas dos dois países subscreveram 96 contratos com um valor total de 13.200 milhões de euros.

Mercado e modernidade

Durante o encontro, Xi e Merkel frisaram as possibilidades de cooperação que oferecem as estratégias de modernização industrial de ambos os países, “Indústria 4.0” e “Made in China 2025”, destacou a imprensa local.
Xi referiu ainda a preocupação de Pequim em que a União Europeia cumpra com o protocolo de adesão do seu país à Organização Mundial do Comércio (OMC), que prevê o reconhecimento do estatuto de economia de mercado à China antes de Dezembro de 2016.
Segundo os jornais locais, Merkel reconheceu a importância da implementação daquele acordo.
Ambos abordaram ainda outras áreas de cooperação, nomeadamente no ensino, facilitação na concessão de vistos e na medicina tradicional chinesa.
Além disso, comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para coordenar as cimeiras do G20, que este ano se realiza na cidade chinesa de Hangzhou e que a Alemanha acolherá em 2017. Esta visita de Merkel à China é a nona desde que foi eleita chanceler.
 

15 Jun 2016

Presidente da Alemanha em visita de Estado à China

Sem papas na língua. Num discurso para estudantes universitários, Gauck criticou fortemente os regimes comunistas, advogou a liberdade académica e mostrou-se preocupado com as recentes as recentes restrições impostas à sociedade civil chinesa. Um tom que rompe com os habituais elogios às relações económicas dos Chefes de Estado que visitam a China

O Presidente da Alemanha, Joachim Gauck, condenou ontem o regime ilegítimo comunista na antiga Alemanha de leste e enalteceu a importância dos direitos humanos durante um discurso para estudantes universitários em Xangai, a “capital” económica da China.
Evocando episódios da história alemã e da sua vida na antiga Alemanha do leste, Gauck condenou aquela “ditadura”: “A maioria das pessoas não eram nem felizes, nem livres. Todo o sistema carecia legitimidade”, afirmou.
Desde 1949, o “papel dirigente” do Partido Comunista Chinês (PCC) é um “princípio cardial” da governança da China.
Durante a actual liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Referindo-se à antiga Alemanha do leste, Gauck disse que “não existiam eleições livres, igualitárias e com voto secreto”
“O resultado era uma falta de credibilidade, que acompanhava a desconfiança entre governadores e aqueles que eram governados”, acrescentou.
“Era um Estado que, como parte da união de países comunistas dependentes da União Soviética, silenciava o seu próprio povo, prendendo-o e humilhando aqueles que recusavam seguir a vontade dos seus líderes”, disse ainda.

Liberdades fundamentais

Os comentários de Gauck contrastam com as afirmações da maioria dos chefes de Estado que visitam a China e que preferem enaltecer publicamente a importância das relações comerciais com a segunda maior economia do mundo.
Gauck, que se reuniu no início desta semana com Xi Jinping, em Pequim, afirmou que a Alemanha estava “preocupada” com as recentes notícias que dão conta de maiores restrições impostas à sociedade civil chinesa.
“Uma sociedade civil activa e vibrante traduz-se sempre numa sociedade flexível e inovadora”, afirmou.
O Presidente da Alemanha disse ainda aos estudantes que a liberdade académica beneficia toda a sociedade.
“A universidade tem de ser um local de investigação e discussão livre e franca”, realçou, perante cerca de 100 estudantes e professores. “Esta liberdade é um bem precioso”, disse.
Gauck rejeitou ainda que a noção de direitos humanos que consta da Declaração Universal das Nações Unidas seja um “produto do ocidente”, como é frequentemente defendido pelos líderes chineses.

Direitos humanos? Uma banalidade

No mês passado, a China qualificou de “irresponsáveis” os comentários do responsável pelos direitos humanos da ONU Zeid Ra’ad Al Hussein, que apelou à libertação imediata de advogados defensores dos direitos humanos e activistas detidos por Pequim.
Zeid disse estar preocupado com a detenção de 250 advogados e activistas pelas autoridades chinesas desde Junho, na sequência de uma campanha repressiva sobre os dissidentes em todo o país.
Na segunda-feira, a edição em inglês do jornal oficial do PCC Global Times afirmou em editorial que a questão dos direitos humanos não seria uma prioridade da visita do Presidente alemão, mas antes uma “questão banal”.
“O ocidente deveria avaliar os direitos humanos na China com base em factos. O progresso que a China fez nos direitos à vida e desenvolvimento dos seus 1,3 mil milhões de habitantes merecem um aplauso”, defendeu o jornal.

24 Mar 2016