Hoje Macau SociedadeCinema | MUST abre mestrado em Gestão Cinematográfica [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) criou um Mestrado em Gestão Cinematográfica. De acordo com um despacho do Governo, o plano de estudos foi aprovado pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e publicado ontem em Boletim Oficial. Profissionais ligados à indústria cinematográfica ouvidos pelo HM aplaudem a iniciativa, realçando apenas que faz falta uma componente mais prática e disciplinas de história do cinema. Para o realizador António Caetano de Faria “faz todo o sentido haver este curso, porque há em Macau uma indústria em desenvolvimento e muita gente a trabalhar sem prática”. O cineasta diz que a formação é sempre positiva, “porque todos crescem com ela”, inclusivamente a própria cidade que “se quer afirmar na indústria do entretenimento e que tem imenso potencial com muitos ambientes para histórias”, refere. Em relação ao plano curricular, o profissional faz alguns realces. “Parece-me que falta uma disciplina de história do cinema”, diz, salientando contudo que o balanço é positivo. “Apesar de se terem feito vários workshops, ainda que pontuais, este é um início para apostar mais fundo nesta área de formação onde eu próprio sou um aprendiz. É uma área onde a formação é perpétua e dinâmica porque estamos aliados à tecnologia, dependemos de máquinas para trabalhar e a tecnologia está sempre em evolução. Por isso a formação e a informação nunca são de mais”, conclui. O que faz falta Já para Pedro Cardeira é sempre bom apostar na formação e mais um curso é bem-vindo. “Olhando para as disciplinas que fazem parte do mestrado, parece-me que devia haver uma componente mais prática. Parece-me muito teórico”, frisa no entanto o realizador, que diz que apesar de haver vários cursos de cinema, estão sempre alocados ou a cursos de Comunicação Social ou a outra área qualquer. “Faz falta uma licenciatura ou um bacharelato especificamente em Cinema que juntasse as componentes som, imagem e edição, por exemplo.” Olhando para o plano curricular deste curso da MUST, Pedro Cardeira acrescentaria algumas disciplinas. “Seria importante haver uma cadeira de Teoria do Cinema, que falasse do lado estético e da cultura cinematográfica e falta isso em Macau. Mas claro que a criação deste curso é positiva”, conclui. Na lista de disciplinas do curso estão uma dúzia de cadeiras em dois anos, onde se incluem, por exemplo, Gestão do Financiamento do Cinema e Novos Média, Promoção e Marketing do Cinema, Cinema e Direito, Globalização do Cinema e Investigação de Documentários. O Mestrado tem a duração de dois anos e é leccionado nas línguas chinesa e inglesa.
Joana Freitas SociedadeGoverno vai manter programa de vacinação [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) vão manter como está o programa de vacinação do Governo. Numa resposta ao HM, depois de questionado sobre se iriam seguir sugestões deixadas numa conferência sobre Saúde, o organismo explica que estão a ser feitos estudos para eventuais mudanças, mas não para agora. O presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau, Jorge Sales Marques, afirmou numa conferência em Julho que iria apresentar aos SS uma proposta de alteração do plano de vacinação local. Entre as sugestões, segundo o jornal Ponto Final, estava a inclusão da administração da vacina contra o HPV a rapazes e mais cedo do que os 12 anos e a inclusão da vacinação contra o rotavírus, entre outros. Os SS não partilham da mesma opinião do profissional. “Apesar da vacinação contra o HPV ter algumas vantagens nos rapazes, ainda não foi implementada de forma geral por governos de países ou zonas em todo o mundo onde a vacinação contra o HPV já é realizada”, começa por frisar o organismo, salientando, contudo, que “continuará a realizar estudos sobre a inclusão dos rapazes como destinatários desta vacina gratuita, tendo em conta critérios como encargos da doença, a relação custo/benefício e a eficácia da vacina em Macau”. Sobre a idade de administração, os SS dizem que, apesar de poder ser efectuada aos nove anos, em todo o mundo é normalmente aconselhada a administração entre os 11 e os 12 anos. “Além disso, a vacinação nestas idades é anterior ao primeiro acto sexual da maioria dos adolescentes de Macau, assim sendo, os Serviços de Saúde mantêm a administração da vacina entre os 11 e os 12 anos de idade (aliás, 6.º ano do ensino primário)”, explicam. Aos poucos Sobre a proposta de introdução de uma vacina contra o rotavírus, doença que causa diarreia nos bebés, os SS dizem também que vão estudar a viabilidade “da introdução gradual e progressiva de novas vacinas”, algo que, contudo, não é para já. Outra das sugestões de Sales Marques reincidia sobre a administração da vacina anti-pneumocócica menos vezes, de quatro para três. Investigação é, neste caso, a palavra de ordem na resposta dos SS. “Informações actuais mostram que o período de administração das quatro doses da vacina conjugada contra o Pneumococo tem um efeito positivo nas crianças. Os SS continuarão a investigar a viabilidade de alteração para três doses se houver provas científicas que evidenciem efeitos idênticos.” O médico tinha ainda sugerido a administração da vacina da meningite B em crianças que viajam para zonas de risco, algo que os SS dizem estar já a fazer. O organismo tem vacinas da encefalite japonesa (chamada também encefalite tipo B) que são administradas a pessoas que, por diversas razões, tenham necessidade de permanecer nas zonas epidémicas por um longo período de tempo, como asseguram na resposta ao HM. Vacinas custam mais de 60 milhões Depois de mais de 470 milhões de patacas pagos para o fornecimento de medicamentos a farmácias convencionadas, os Serviços de Saúde pagaram ontem 62 milhões de patacas a três empresas para o fornecimento de vacinas. A Agência Lei Va Hong Limitada, a Four Star Companhia Limitada e a The Glory Medicina Limitada foram as empresas contempladas. Estas três empresas são as fornecedoras principais de medicamentos, de acordo com o Boletim Oficial e conforme publicado num artigo do HM na semana passada. Um dos administradores da Agência Lei Va Hong Limitada ocupa o mesmo cargo na The Glory Medicina.
Hoje Macau SociedadeAmélia António volta a candidatar-se à Casa de Portugal [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] advogada Amélia António volta a candidatar-se à Casa de Portugal. As eleições estão marcadas para amanhã, com uma única lista candidata, apresentada pela direcção cessante. É o que avança a Rádio Macau, que diz que a actual presidente entende que não pode virar costas às dívidas que resultaram do investimento feito no restaurante Lvsitanvs, apesar de admitir que, ao fim de 11 anos no cargo, a vontade era passar a pasta. “Havia a minha vontade de que assim fosse [deixar a presidência]. Mas um conjunto de circunstâncias não me libertou ainda este ano, nomeadamente, a situação financeira que resultou do fechar do Lusitanus, que temos vindo a tentar resolver, mas a resolver lentamente. Com esta situação pendente, não consegui ainda desligar-me de assumir a responsabilidade”, afirma Amélia António. O projecto resultou num prejuízo superior a um milhão de patacas para a Casa de Portugal. A dívida, explica Amélia António, será paga gradualmente, através dos cursos da Escola de Artes e Ofícios e da colaboração com os Serviços de Educação e com o Turismo. A Casa de Portugal vai continuar a assinalar as grandes datas, como o 25 de Abril ou o 10 de Junho. O programa de festas começa já em Outubro, com o Festival da Lusofonia: “Na semana cultural, vamos trazer uma coisa muito interessante, que são os cavaquinhos – a construção e apresentação dos cavaquinhos. Estamos em contacto com uma escola de Portugal especializada nesta área”, adianta Amélia António, citada pela rádio.
Angela Ka Manchete SociedadePreservação | Nero Liu, presidente da Associação dos Embaixadores do Património, e Derrick Tam presidente da Assembleia A Associação dos Embaixadores do Património de Macau quer ver a herança cultural devidamente reconhecida e preservada. Nero Liu e Derrick Tam são os seus representantes e têm em mãos a motivação dos mais novos para cuidar da história da terra e ajudar na formação de consciências que, ao invés de demolir, conservem o património local Como caracterizamos a Associação dos Embaixadores do Património de Macau (AEPM)? Tam – A AEPM foi fundada em 2004 e resultou de uma iniciativa do Governo que remonta a 2001. Nessa altura estava a ser preparada a entrada de alguns elementos do património de Macau na UNESCO e foram criados “grupos de embaixadores de relíquias culturais” nos quais alguns dos nossos membros actuais participaram. Essa foi a iniciativa que motivou a nossa origem mais tarde. Quais são as vossas principais tarefas? Tam – O nosso principio básico é a conservação da herança patrimonial e nesse sentido a nossa atenção vai principalmente para a promoção da educação e da formação na área do património, de modo a divulgar mais o que temos e a alertar as consciências para isso mesmo. A vossa Associação é conhecida pela área da formação. O que fazem especificamente? Tam – O programa que se chama “Embaixadores de relíquias culturais” já começou há 15 anos e tem como objectivo provocar mudanças nas mentalidades. Muitas vezes, os mais jovens consideram que quando se fala de património e conservação se está a falar de trabalho realizado por pessoas mais velhas ou académicos seniores. Queremos reverter esse tipo de pensamento e mostrar às pessoas que a conservação da herança cultural cabe a todos e especialmente à geração mais jovem. O ponto mais importante deste programa está mesmo no facto de fazer ver à população que a conservação patrimonial não é um trabalho antiquado e inflexível, mas pelo contrário, pode ser algo animado e com recurso a métodos inovadores e diversificados. Liu – O público alvo vai dos 16 aos 29 anos e cada ano recrutamos 30 a 35 alunos. Cada curso tem início no final de Setembro e os alunos podem escolher entre duas vertentes: “educação e promoção” ou “estudo e publicação”. São dadas aulas teóricas e práticas com visitas aos locais de interesse e depois dos devidos exames, seguem para a componente de “guia” e podem ser embaixadores estagiários em Novembro. Só após um ano de prática é que são oficialmente “embaixadores de património”. Quais as principais actividades? Liu – A formação é dividida em três categorias – Educação, promoção e serviço de guia, sendo o trabalho de maior relevo no que respeita à formação de embaixadores e que integra os dois primeiros itens e tem início no nono ano de escolaridade. Além disso, também vamos a escolas para fazer palestras. Pretendemos através do método de ensino mais simples e diversificado contactar com a população mais jovem. Quanto ao serviço de guia, temos iniciativas que convidam as pessoas para passeios guiados à noite visto ser uma possibilidade ver Macau com menos gente e poder desfrutar da cidade numa atmosfera mais tranquila. Com este serviço recebemos, por exemplo, reservas por parte de empresas e até de escolas. E como é que fazem isso? Tam – Como os temas em discussão são muitas vezes bastante variados, dão-nos a possibilidade de realizar diferentes tipos de actividades de modo a que exista uma ligação à comunidade e ao desenvolvimento da cidade tendo sempre por base o património que possui. Neste momento o programa já é considerado fundamental no que respeita à promoção do património junto dos mais jovens em Macau. Que mudanças vêem nos jovem que frequentam a formação? Liu – O que leva os jovens a participar neste curso inicialmente é simples: ou é porque se interessam pela história da terra ou simplesmente porque têm tempo. Depois, durante o processo de formação, alguns dos participantes desistem. Mas no final, e para aqueles que concluem a formação, o património passa a fazer parte da sua vida. O património sai dos manuais e integra o seu quotidiano. O facto de, durante a formação, existir comunicação com a comunidade também traz uma dimensão real ao que estão a estudar e a desenvolver uma relação com o objecto de estudo. Por exemplo, para alguns as Ruínas de S. Paulo são só um adorno, mas depois da formação os alunos ficam a conhecer a história das ruínas e a conhecer a verdadeira importância delas e assim começam a sentir que aquele lugar é verdadeiramente parte da sua terra. Quais são os vossos principais “clientes”? Liu – São, principalmente, as escolas. Há também operadoras turísticas que, quando recebem hóspedes, nos solicitam o nosso serviço de guia. A frequência depende de diferentes trimestres. Este ano, recebemos um máximo de dez excursões num mês. Qual é a vossa opinião relativamente ao que tem sido feito na área do património? Liu – Com a Lei da Salvaguarda do Património Cultural que entrou em vigor em 2014 foi adoptado um novo processo de avaliação do património que, comparativamente ao que até aí existia, já se mostra muito mais completo. Antes de 2014, só com um despacho do Chefe do Executivo é que se podia classificar, efectivamente, uma construção enquanto património. Agora já não é assim. Actualmente é necessário estabelecer parâmetros que informem a população de que determinado edifício tem interesse em ser preservado, em que âmbito se insere a sua conservação e outros itens que contribuem para uma maior informação da população. Depois de consultada a população há ainda a discussão a realizar pelos membros do Conselho do Património Cultural, seguindo-se uma avaliação por parte do Governo. O despacho apenas anunciava a classificação enquanto património. Os resultados do primeiro grupo para classificação de bens imóveis de Macau ainda não saíram, mas já se fez a consulta pública e todo este processo vai servir de experiência para que o Executivo, no futuro, possa vir a melhorar os trabalhos de avaliação. Como vêem a preservação do património? Liu – Os métodos de preservação do património de Macau ainda são relativamente tradicionais. No que respeita ao património mundial considero que Macau tem feito um bom trabalho. Claro que tiveram lugar alguns incidentes, como são exemplo o incêndio no Templo de A Má ou a queda do telhado da Igreja de Santo Agostinho, mas acho que às vezes estes incidentes também são inevitáveis. Não quero com isto dizer que o Governo não tem responsabilidade, porque tem, com certeza. Mas há que chamar a atenção aos proprietários que também devem assumir as suas responsabilidades na preservação dos edifícios. Não acho justo o Governo ser acusado por tudo quando estamos a falar de propriedades que têm dono como é o caso do templo ou da igreja. Penso que seria necessário, mais que acusar, discutir devidamente as responsabilidades. O Governo tem mostrado empenho? Liu – No que respeita à protecção, penso que o Governo tem feito um bom trabalho. Há muito trabalho que não é visível à população e no imediato e, como tal as pessoas não o conseguem [perceber]. Por exemplo a protecção de bens como antiguidades ou estatuetas que as pessoas desconhecem. É um trabalho que acontece “atrás das cortinas” e por isso não é muitas vezes considerado. Pode explicar melhor? Liu – Sim, por exemplo as lojas antigas que poderiam fechar e que no seu interior possam albergar objectos de diferentes alturas e que merecem ser conservadas e que seriam representativos das épocas em que foram produzidos. Penso que o Governo sabe disso e que vai fazer esforços para interferir de modo a que estes objectos não fiquem perdidos ou sejam destruídos. Acredito que irá proceder a uma recolha e permissão para que possa estudar estes conteúdos de modo a que os possa recolher e catalogar devidamente. Acho que o armazém do Instituto Cultural vai ter que ser muito grande (risos). Este é um facto que provavelmente não será contado à população mas que já está a ser feito e vejo necessidade em afirmar também este tipo de actos. Por exemplo, na R. de Pedro Nolasco da Silva havia uma loja de tabaco e quando a loja fechou portas o seu interior foi alvo de análise. Daí foram recolhidas, por exemplo, boquilhas antigas que também são testemunho da história de Macau. Podemos dar também o exemplo da fábrica de panchões que já é um caso público. O Governo tem na sua posse os seus equipamentos, por exemplo. O que é que ainda falta? Liu – Ainda falta fazer muita coisa. Por exemplo, a protecção de bens imóveis que ainda nem estão avaliados, edifícios privados que podem ser reconstruídos ou mesmo demolidos e ainda estão sem solução. Falta também saber, para a zona velha, quais as construções que deveriam ser classificadas e conservadas e ter um plano concreto nesse sentido. Actualmente, quando um proprietário pretende proceder à demolição de um edifício tem que, em primeiro lugar, pedir autorização aos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), depois o processo vai para o IC para que sejam dadas sugestões e regressa à DSSOPT e daí vai ao Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Isto é um procedimento que se aplica a casos isolados, mas quando se trata de da preservação completa de uma zona não existe ainda um consenso entre Executivo e comunidade. E digo “sem consenso” porque caso existisse as pessoas não estariam autorizadas a demolir edifícios e neste momento os proprietários estão sempre mais receptivos à ideia de destruição. Mas, se for estabelecido que é necessário preservar “o esqueleto da rua”, estas demolições têm que parar de ser feitas e os casos não podem ser analisados um a um. Acho que o Governo deve considerar de uma perspectiva mais geral. Já foram definidas algumas zonas, mas resta ainda saber se podem vir a ser alargadas.
Joana Freitas SociedadeJockey Club | DICJ ainda analisa proposta [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo ainda não tem qualquer conclusão sobre o destino do Macau Jockey Club, que violou o Código Comercial. A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) confirmou ao HM que tem a proposta da empresa em mãos, mas ainda está “a analisá-la de momento”, pelo que não há qualquer decisão. Tal como o HM avançou em Agosto, a empresa violou a lei devido a ter contas que não batem certo com o que é obrigatório com o Código Comercial e que levariam empresas à dissolvência ou administradores à prisão. A DICJ assegurou que o Jockey Club teria até final de Agosto para “apresentar uma proposta com vista a solucionar a questão em causa”. A questão em causa, contudo, não é de agora. A Macau Jockey Club apresentou prejuízos de 88 milhões de patacas só no ano passado altura em que o seu capital social era inferior a metade do original, apresentando a empresa dívidas de milhões de patacas. De acordo com o Código Comercial, o administrador da empresa que apresentar capital social inferior à metade viola a lei, devendo propor a dissolução da empresa ou injectar o capital social novamente em 60 dias. Tal não aconteceu. Mais ainda, de acordo com o mesmo Código, se não se respeitar a regra de injecção de capital ou propor a dissolvência, o administrador é punido com pena de multa ou de prisão de três meses. A questão reside ainda no facto de que a empresa terá contas a negativo desde, no mínimo, 2005. Em 2014, por exemplo, as perdas foram de 54 milhões de patacas. Em 2013, foram de mais de 41 milhões. A Macau Jockey Club viu o seu contrato estendido até Agosto de 2017.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTransportes | Uber continua a operar. TaxiGo nega impacto negativo A Uber decidiu continuar a operar no mercado local, apesar do braço de ferro que tem feito com as autoridades. Andrew Scott, presidente da MTPA, alerta: “nada vai mudar” em termos da legalização da empresa [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o dia em que todos esperavam o fim, a Uber, a empresa que opera a aplicação móvel para chamar carros privados, decidiu permanecer em Macau. Foi através de um comunicado que a empresa anunciou a decisão, tendo este sido de imediato partilhado por inúmeros residentes nas redes sociais. “Obrigado Macau. A quantidade sem precedentes de apoios que recebemos nas últimas semanas foi surpreendente. Recebemos mais de 23 mil assinaturas online, além dos que criaram petições online e que enviaram cartas ao Governo. Além disso, agradecemos aos condutores, passageiros, residentes, turistas e deputados que apoiaram a nossa causa. Depois de muita deliberação, a Uber vai continuar a servir condutores e passageiros de Macau”, aponta o comunicado. “Ouvimos cada um de vós e não poderíamos estar mais agradecidos. Ouvimos a mãe de dois filhos que chamou a Uber depois de esperar um táxi demasiadas vezes. Ouvimos o trabalhador do casino que não teve mais de sair de casa uma hora mais cedo para chegar a horas ao seu turno. Ouvimos muitos condutores que são nossos parceiros e que viram na Uber uma oportunidade importante, crucial para o sustento da sua família”, escreveu ainda. A empresa voltou a recordar os países, incluindo a China, onde o serviço já é legal. O HM quis perceber se a Uber vai continuar a trabalhar nos mesmos moldes e quais as razões que estiveram por detrás do recuo na decisão, mas Harold Li, porta-voz da empresa, garantiu que a Uber não daria mais justificações. Estratégia de marketing? Ao HM, Andrew Scott, presidente da Associação dos Passageiros de Táxi (MTPA, na sigla inglesa), garantiu que nada vai mudar com a continuação das operações. “Nada vai mudar e o Governo vai continuar a lidar com a Uber como uma empresa ilegal no mercado. Vão continuar a aplicar multas à Uber e penso que o Governo vai tornar-se mais agressivo contra a Uber mas era bom que também o fosse contra os maus taxistas.” Andrew Scott defendeu que a permanência no mercado vai causar pressão junto do Governo. Mas, em comunicado, a PSP garante que nada mudou: a Uber “presta um serviço de transporte ilegal” e é para continuar a ser combatida. Questionado sobre se a decisão da empresa de sair e voltar não passou de uma estratégia de marketing, o presidente da MTPA afirma apenas que “caso tenha sido, foi uma cínica estratégia de marketing”. Kyle Ho, responsável pelo lançamento da aplicação TaxiGo, que trabalha com táxis já licenciados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), confirmou que a continuação da Uber em nada vai alterar os planos da empresa. “Isso não nos vai afectar, porque quando lançámos este projecto em Março a Uber já estava no mercado e isso não vai influenciar os objectivos da TaxiGo.” Do lado de quem fez protestos e petições, a luta continua. Tong Ka Io, presidente da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, onde estão também os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, garantiu ao HM que vão continuar a exigir um novo sistema de transportes. “A questão não é apenas se a Uber fica no mercado ou não. Vamos continuar a exigir uma nova legislação e um novo sistema de transportes públicos. Não pedimos apenas a permanência da Uber, pedimos também ao Governo para melhorar as políticas de transportes e a legislação, por forma a incluir as novas tecnologias e também para minimizar os problemas dos táxis”, rematou. Com mais de dois mil condutores a trabalhar para si, a Uber acumulou em nove meses de operação cerca de dez milhões de patacas em multas.
Joana Freitas SociedadeTaxa de suicídio de 2015 é a mais baixa da década [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau teve, em 2015, a mais baixa taxa de suicídio em dez anos. Os dados são dos Serviços de Saúde (SS), com base na média da Organização Mundial da Saúde, que indica que, em todo o mundo, mais de oitocentas mil pessoas cometem suicídio. Mas, novos dados da PSP, mostram que as tentativas de suicídio passaram a centena, no ano passado. Os dados chegam no dia em que se assinalou o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, sábado. No mundo, a taxa de mortalidade devido a suicídio é de 11,4 pessoas por cada cem mil. Em Macau, durante o ano de 2015, e de acordo com os dados dos SS, foram registados 62 casos de suicídio, dos quais 53 pessoas eram residentes de Macau (35 homens e 18 mulheres). As informações indicam que a taxa global de suicídio foi, assim, de 9,6 por cada cem mil pessoas. Se forem considerados apenas as pessoas residentes, a taxa de suicídio foi de 8,2. “Em comparação com 2014 a taxa global de suicídio, nos residentes em Macau, diminuiu cerca de 15,8%, sendo não só o valor mais baixo dos últimos quatro anos, mas também o número mais baixo desde 2005, ano em que teve início o sistema de monitorização de suicídios”, indica o organismo. Outros números Mas, dados da PSP recentemente enviados ao HM, e depois deste jornal ter lançado, na sexta-feira, um artigo sobre o assunto, indicam que as tentativas de suicídio foram bem superiores. Em 2015, 126 pessoas tentaram pôr fim à vida. A maioria era mulheres e residentes de Macau (53), seguida de homens residentes (46) e não residentes (27). A PSP diz, contudo, que destas contabilizaram-se 24 mortes. Já este ano, até Julho, o número de casos ascendeu a 87. Novamente, no caso dos residentes, a maioria era mulher (33). Mas, “só” 21 conseguiram pôr fim à vida. Segundo a TDM, em dez anos, a PSP contabilizou 490 casos de suicídio e a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos 525. A disparidade nos números deve-se ao facto do tratamento ser dividido entre as diferentes autoridades. Embora Macau não pertença às regiões com alta prevalência de suicídio determinada pela Organização Mundial da Saúde, os SS alertam que “há cada vez mais pessoas cujo estado mental encontra-se em estado de sub-saúde devido às rápidas e sucessivas alterações da sociedade, nomeadamente, os problemas enfrentados e o stress de vida em excesso suportados pelos cidadãos”. Jogo, depressão e solidão são as principais causas que levam ao suicídio no território. Os Centros de Saúde do Tap Seac, Fai Chi Kei, da Areia Preta, do Jardim do Oceano e do Carmo-Lago dispõem de consultas externas de saúde mental, avisam os SS.
Joana Freitas SociedadeGalgos | ANIMA diz que cão cozinhado vivo na China não vem de Macau [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m vídeo de um galgo vivo a ser cozido em água a ferver, na China, está a gerar constrangimento e diversas críticas nos jornais irlandeses e ingleses e nas redes sociais. As imagens – “chocantes”, como são descritas – voltam a levantar questões sobre o fim dado aos galgos do Canídromo, mas Albano Martins, da ANIMA, assegura que os cães que correm na pista do território não acabam no comércio de carne. Ainda que cenas destas não sejam exclusivas a galgos, já que todos os anos são várias as raças que sofrem este tipo de acções, a notícia causou sensação na Irlanda – de onde vem a maioria dos galgos que correm no Canídromo da Yat Yuen em Macau – no passado fim-de-semana. O vídeo pertence à organização “Fight Dog Meat Australia”, que se dedica a expor crueldade para com os animais que acabam no comércio de carne no continente. A organização indica que o caso aconteceu em Shijiazhuang, em Hebei. As imagens podem provocar náuseas aos mais sensíveis: o galgo é colocado dentro de um bidão com água a ferver e luta pela vida durante largos minutos, levando até a que dois homens tenham de segurar a tampa para que ele não saia. Transeuntes no local olham, uns riem, outros estão visivelmente enojados. O animal acaba por morrer, sendo retirado do balde já sem olhos e colocado no chão. Apesar de cerca de dez milhões de cães – de acordo com activistas de protecção animal na China – serem mortos pela sua carne todos os anos, e de muitos deles serem furtados das famílias, o facto de ser um galgo que aparece no vídeo volta as atenções novamente para o Canídromo, a única pista de corridas legal na China e que se mantém sem um programa de adopção. As organizações pró-animal, especialmente a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, que tem vindo a dar a cara pela necessidade de um programa de adopção para os galgos do Canídromo, alertam para os mais de 300 galgos por ano que acabam eutanasiados. Mas, a possibilidade de que estes animais estejam a ser levados de cá para o continente para fins como este não é apoiada pelo presidente da ANIMA. Outras proveniências “Não. Os galgos de Macau saem mortos do Canídromo e os corpos são entregues a uma empresa contratada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, para os levar para a incineradora de Macau”, assegura Albano Martins ao HM. O problema está, indica o responsável, noutras duas questões: nos cães exportados pela Irlanda directamente para pistas privadas na China, “que na teoria não fazem dinheiro, mas que se suspeita que façam”, e para países como o Vietname, Índia e Paquistão. E nos cães exportados anteriormente pela Austrália que não eram esterilizados e que abriram a hipótese de haver criação na China. Irlanda e Austrália são os dois principais fornecedores de galgos. Depois da Austrália ter banido a exportação, a Irlanda está a sofrer pressões nesse sentido, mas o país continua a lucrar com estas vendas, até porque “tem um excedente brutal” destes animais, como indica Martins ao HM. A directora da PETA Reino Unido, Elisa Allen, disse ao Irish Post que, apesar desta ser uma maneira horrível de morrer, a verdade é que as pessoas deveriam pensar que também fazem isto ao marisco, como as lagostas. Já Rita James coloca-se do lado da ANIMA e recorda que casos destes não estão a acontecer só na China, havendo outros países para onde os galgos estão a ser exportados, como o Paquistão e o Vietname. Discursos nos EUA e em Milão A ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais é a principal oradora em duas conferências internacionais que têm lugar em Milão e nos EUA este e o próximo mês. Albano Martins, presidente da organização, disse ao HM que a ANIMA vai marcar presença, como já tem vindo a fazer noutros eventos. Assim, para os dias 24 e 25 deste mês haverá uma conferência em Itália e 13 e 14 de Outubro nos EUA.
Angela Ka SociedadeEducação | Inquérito revela excesso de horas no ensino [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de 60% dos professores da RAEM apresentam níveis de stress elevados. A informação foi divulgada pelo jornal Ou Mun e é baseada num inquérito que decorreu entre Maio e Junho levado a cabo pela Comissão de Juventude da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong). O estudo demonstra que 109 pessoas, entre os 181 inquiridos, estão com um grau de stress superior a sete, numa escala de dez. A pesquisa envolveu professores que trabalharam em escolas locais no passado ano lectivo e dá ainda a conhecer que 139 inquiridos consideram que, para reduzir o grau de stress dos docentes, é necessário diminuir o volume de trabalho “não docente” e, paralelamente, “aumentar o número de funcionários (112 pessoas) e aumentar o salário e os descontos para a previdência (108 pessoas)”. Horários a dobrar Os resultados apresentados no passado sábado mostram ainda que 81 dos inquiridos trabalharam, nos últimos três meses, uma média superior a 50 horas semanais, representando 45% da amostra. Outros 39 professores estão acima das 60 horas semanais, o que representa 22% do número total de inquiridos. Em ambas as situações a carga horária está muito acima do horário de trabalho de 36 horas semanais definido pelo Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particulares do Ensino Não Superior. Com estes resultados, os Kaifong apelam à existência de uma maior proporção dos funcionários administrativos nas escolas e ao aumento dos esforços para a informatização de funções de forma a “assegurar um bom equilíbrio entre a preparação das aulas, o descanso e a formação dos docentes”. Segundo o Quadro Geral, a condição prioritária para a promoção dos docentes é o tempo de carreira, pelo que os Kaifong sugerem mais carreiras pedagógicas que não impliquem o tempo de serviço a quem mostre que dá o seu contributo para a educação local e desta forma “mereça” um subsídio.
Sofia Margarida Mota SociedadeUM | Multilinguismo em conferência internacional [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Departamento de Português da Universidade de Macau (UM) vai realizar, quarta e quinta-feira, uma conferência internacional sobre multilinguismo, com os crioulos de base portuguesa da Ásia a figurarem entre os destaques do programa. “Línguas em Contacto na Ásia e no Pacífico” tem a sua segunda edição marcada para estes próximos dias e o principal objectivo é a promoção do intercâmbio de conhecimentos na área da investigação que abarca o estudo das línguas e da sua convivência nas regiões da Ásia e Pacífico. A actividade conta com a participação de cientistas no ramo que variam entre nomes conceituados e jovens que se dedicam recentemente à análise aprofundada dos fenómenos do multilínguismo. A ideia é criar um “espaço de diálogo entre académicos e membros da comunidade em geral, envolvidos na preservação de línguas minoritárias em contextos multilinguísticos”, de acordo com um comunicado divulgado pela UM. O encontro vai ter quatro oradores principais, incluindo Alan Baxter, especialista em crioulos de base portuguesa, que regressou recentemente a Macau para dirigir a Faculdade de Humanidades da Universidade de São José, depois de ter exercido o cargo de director do Departamento de Português da UM entre 2007 e 2011. O linguista australiano vai subordinar a sua palestra ao tema ‘Crioulos minoritários de base lexical portuguesa na Ásia: desafios internos e externos à sobrevivência’. O crioulo português de Malaca (‘kristang’) vai ser documentado por Stephanie Pillai, da Universidade Malaia. Zuzana Greksáková, investigadora da Universidade de Coimbra, vai falar sobre o tétum praça, que possui empréstimos linguísticos do português. Na Ásia, a língua portuguesa é idioma oficial em Timor -Leste e Macau, mas é também a mãe de crioulos na Indonésia, Malásia, Sri Lanka, Índia, Paquistão e Macau. Intercâmbio e minorias Os temas nesta segunda edição abrangem também um leque variado, onde a organização destaca a descrição de fenómenos linguísticos específicos resultantes de contacto entre línguas (especificamente para estudos de caso em Hong Kong, Taiwan, Filipinas, Malásia, Macau, China continental e Indonésia), as consequências sociais e culturais em contextos de contacto entre grupos de falantes de línguas diferentes em certas regiões do Sudeste asiático e da Ásia oriental ou questões de documentação e preservação relacionadas com as línguas minoritárias em perigo de extinção (especificamente Malásia, Singapura e Macau). A conferência, que vai decorrer em inglês, inicia com uma cerimónia de abertura já no dia 14, às 9h00, na UM.
Joana Freitas Manchete SociedadeHíbridos | Transmac testa autocarros verdes em 2017 Diminuir a dependência às infra-estruturas de carregamento é possível com os veículos híbridos E-REV. É o que diz a Transmac, que confirmou ao HM estar a preparar-se para testar dois autocarros em 2017 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Transmac quer ter a circular dois autocarros híbridos já no próximo ano. Para já, a empresa quer apenas avançar com testes, mas o vice-director da operadora considera que esta poderia ser a solução para Macau, no que à introdução de autocarros mais amigos do ambiente diz respeito. O anúncio da introdução destes veículos nas vias do território foi feito à margem de um fórum automóvel entre Guangdong, Hong Kong e Macau, onde o vice-gerente-geral da empresa revelou que esta pretende adquirir “veículos eléctricos com extensão de autonomia” (E-REV, Extended-Range Electric Vehicle, em Inglês). Ao HM, o vice-director da empresa diz que os testes serão feitos inicialmente com dois veículos. Em Maio, como noticiou o HM, a Transmac comprou 25 novos autocarros para circulação em Macau, mas nenhum deles era amigo do ambiente. Apesar de ter sido uma promessa do Governo a implementação gradual de autocarros movidos a gás ou eléctricos, a empresa justificava que a falta de infra-estruturas não ajuda. “É necessário haver instalações complementares para avançar e agora não há fornecimento de gás natural nem estações de carregamento”, começou por explicar ao HM Kwan Wing Kai, o vice-director da empresa, na altura “Não podemos [implementar] a curto-prazo, porque há limitações.” A empresa admitia estar à procura de fornecedores “adequados”, mas a falta de equipamentos de carregamento era um dos maiores problemas apontados. Com estes E-REV, Kwan Wing Kai renova a esperança. “O problema maior dos veículos eléctricos é que vão parar completamente depois de gastarem toda a electricidade e isso não consegue adaptar-se às actuais exigências de Macau, porque os percursos e duração de utilização são longos. Muitas vezes chegam a centenas de quilómetros por dia”, começa por explicar ao HM. “Mas os E-REV, mesmo depois de acabar a electricidade, vão auto-carregar-se.” Com bateria e motor eléctrico, estes veículos contam também com motor movido a combustível. Contudo, é o motor eléctrico que faz as rodas andar e o motor movido a gasolina/gasóleo serve como gerador de energia para carregar a bateria quando esta acaba. O motor deste tipo de autocarros é relativamente maior, pelo que a Transmac diz estar a estudar com uma empresa de produção o interior do carro, para aumentar a capacidade de passageiros. Mas esta poderá ser, diz Kwan Wing Kai, a solução a adoptar. “O custo é bastante semelhante aos veículos eléctricos, mas a troca de uma bateria [desses] pode custar quase um autocarro inteiro. Depois de considerarmos, os veículos E-REV conseguem adaptar-se mais à situação de Macau. Para o percurso mais longo, estes vão chegar a 500 quilómetros e os normais são 300. Como o eléctrico só consegue andar cerca de cem quilómetros, é só ver.” Os testes no próximo ano ainda não têm data definitiva, porque a Transmac ainda está a negociar com o produtor. Prometidos 120 autocarros a gás O Plano de Desenvolvimento Quinquenal, ontem apresentado, prevê que em 2020 estejam a rodar nas estradas de Macau um total de 120 autocarros movidos a gás natural, sendo que os autocarros sem barreiras deverão ocupar 70% do número total de autocarros. O Governo prometeu ainda 200 estações de carregamento.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeAmbiente | Educação ecológica é realidade em Macau Apesar da desactualização da legislação ambiental da RAEM, o ensino está “verde” e as escolas reúnem cada vez mais estratégias de funcionamento e sensibilização. Alguns dos representantes do ensino deram a conhecer a importância que dão à passagem do exemplo e do conhecimento aos adultos de amanhã [dropcap style≠’circle’]“D[/dropcap]e pequenino se torce o pepino” é o dito português que remete para a importância aprendizagem na infância. As crianças são “esponjas” de conhecimento que, abertas ao mundo, aprendem e imitam o que ao seu redor acontece. No que respeita à consciência ambiental o cenário é idêntico. Desde tenra idade o exemplo é adquirido e os hábitos interiorizados. Mas porque educação e conhecimento não ocupam idades o HM quis saber também o que se passa com o ensino da temática também aos mais velhos. A começar logo na primeira classe, está a Escola Internacional de Macau (EIM) que alerta para as questões do meio com a integração de temáticas ecológicas no ensino primário. Para o estabelecimento “a educação ambiental é fundamental”. Na prática e “na área das ciências, por exemplo, as matérias são dadas tendo em conta o que está na base do que nos rodeia” com o foco posto na importância da natureza, afirma Howard Stribbell, presidente do conselho directivo da EIM. Por outro lado, são também abordados os aspectos éticos e económicos que estão subjacentes às acções e aos seus impactos, desde os níveis regionais a mundiais, na sustentabilidade ecológica. Gente “verde” As “equipas verdes” são também uma realidade. A EIM incentiva a organização dos alunos em grupos para a promoção da reciclagem, processos de combustão e redução de desperdícios. Dos planos curriculares constam ainda visitas ao exterior por parte dos alunos do ensino secundário das quais constam actividades de limpeza de praias e reutilização de materiais escolares. “É através do comprometimento com pequenos projectos que se pode contribuir para a consciencialização ambiental”, diz Howard Stribbell, presidente do conselho directivo da EIM. Curiosidade aguçada Apesar da ausência de resposta até ao final da edição por parte da Escola Portuguesa de Macau (EPM) relativamente às actividades em curso na área da educação ambiental, Natasha Fidalgo, mãe de dois alunos desta instituição, dá a conhecer que “a sensibilização para a protecção do ambiente faz parte dos conteúdos programáticos do Ministério da Educação em Portugal e a EPM segue-os por cá”. Os filhos, desde cedo, começam a ouvir falar em temas como a reciclagem. Comportamentos sociais de limpeza tanto urbana como rural, animais em vias de extinção, poluição ou aquecimento global também são áreas para as quais as crianças são alertadas. A título de exemplo, Natacha Fidalgo fala de um projecto no qual encontrou os filhos a trabalhar recentemente. O casal de quem é mãe estava numa “rara actividade comum e, juntos faziam uma pesquisa e uma apresentação acerca das causas do constante desaparecimento de pinguins e as medidas a tomar para proteger estes animais” comenta a mãe com orgulho. Enquanto professora do ensino primário em escolas chinesas de Macau Natacha Fidalgo comenta que no seu percurso todas elas têm nos seus currículos, previsto “alertar para a reciclagem, reutilização de materiais e poluição dentro do currículo”. Formação no superior Também o ensino superior parece não estar alheio à importância da protecção do ambiente e da passagem de conhecimento e exemplo neste sentido. Nunca é tarde para aprender e o Instituto Politécnico de Macau tem uma série de políticas e actividades neste sentido para integrar o ambiente no ensino que proporciona. Para além da motivação para a participação dos alunos nos Dias da Terra ou em actividades de reciclagem, a temática é ainda integrada dentro dos conteúdos dos próprios cursos. No design, por exemplo, os alunos fazem anualmente uma exposição temática ambiental. O curso tem ainda uma componente curricular dedicada ao design ecológico. Ainda no que respeita aos alunos, o IPM salienta a estreia na Expedição à Antártica de modo a promover uma consciência mais global da importância ambiental. Para os que já deixaram a instituição e para o público em geral a entidade promove, regularmente, workshops “verdes” em que os moradores são incentivados a doar para instituições de caridade o que estaria destinado ao lixo e, desta forma, poupar em recursos e desperdícios. Macau, um lugar que vive de e para o turismo, tem na aposta de profissionais na área um meio de promover o ambiente. O Instituto de Formação Turística (IFT) é disso exemplo e as questões ambientais são “uma prioridade” afirma a instituição ao HM com orgulho nas actividades que desenvolvem na área. O IFT tem em curso uma série de iniciativas aliadas à formação e em destaque estão actividades como as “compras verdes” em que são usados nas compras e vendas dos produtos utilizados pela instituição acondicionamentos feitos de materiais ecológicos ou reutilizados. Restos que fertilizam Um outro aspecto de referência é o pedido que é feito as funcionários e alunos para que sejam aproveitados os desperdícios alimentares. Neste sentido, tanto as cozinhas abertas ao público como as que servem de sala de aula estão instruídas para que os “restos alimentares sejam devidamente separados e integrados num decompositor para que sejam transformados em fertilizantes”. Para que não haja enganos, existe a segunda-feira que se chama verde. O projecto marca o dia da semana em que a cantina apresenta um menu especial que integra apenas refeições vegetarianas feitas pela casa. A iniciativa é alargada a instituições interessadas e o IPM partilha a cantina, semanalmente com os menus de vegetais para “dar a conhecer alternativas aos seus alunos”. O IFT refere ainda a “Equipa Verde que integra representantes de todos os departamentos e dos estudantes, e a realização de actividades como o dia da reciclagem ou a participação no desfile moda ecológica”. O HM entrou em contacto com a EPM, a Universidade de Macau e a Direcção de Serviços de Educação e Juventude mas não obteve resposta até ao final da Edição. Instituições de Ensino poupam a natureza É através do exemplo que muitas das medidas de protecção ambiental também são accionadas pelas instituições de ensino da RAEM. A ideia das escolas é implementar no seu funcionamento as medidas que consideram necessárias para que também elas, enquanto referência para o futuro, contribuam para um espaço mais ecológico. Mais do que transmitir conteúdos ou fomentar acções, já há estabelecimentos de ensino que integram a protecção ambiental na vida do quotidiano. “A nível operacional já temos um sistema associado ao sistema de cópias que elimina fotocópias não necessárias” afirma a direcção da Escola Internacional de Macau. Neste momento, a instituição já tem em curso o processo de substituição da iluminação fluorescente por LED, refere. A medida é também aplicada pelo Instituto de Formação Turística (IFT) no que respeita à iluminação do exterior dos espaços aos quais está associado. O Instituto tem ainda em conta a energia solar que utiliza e que alimenta parte das suas áreas públicas, bem como um sistema de recuperação de calor garantido pelos aparelhos de ar condicionado e que é posteriormente direccionado para o aquecimento de água. Também internamente, o Instituto Politécnico de Macau dá o exemplo com a promoção de processos administrativos com maior recurso a meios electrónicos e menos uso de papel. A disponibilização digital de manuais e mesmo livros da biblioteca são alguns dos esforços concretos colocados na preservação do ambiente e no passar legado para funcionários e alunos. Também os dormitórios são dotados de espaços de separação do lixo para incentivar a reciclagem e sensibilizar os alunos que ali vivem temporariamente.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSuicídio | Mais de 30 casos até Junho. Necessários mais dados Um total de 31 pessoas decidiu pôr termo à vida até Junho. São números que já são mais de metade do que os casos ocorridos o ano passado, sendo que a solidão e o Jogo poderão ser as causas mais comuns. Yu Tao Xiang, da Universidade de Macau, fala da necessidade de existirem mais dados oficiais. Amanhã é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ílvia Mohr prefere definir Macau como se fosse um cão dálmata. Todo o território é a parte branca e depois há as pequenas bolas pretas, as comunidades que não convivem umas com as outras. Isso causa solidão nos expatriados, um dos principais motivos que poderá levar uma pessoa a cometer suicídio. Mas a responsável pela Linha da Esperança da Cáritas para estrangeiros fala de um retrato bem diferente na comunidade chinesa, onde os problemas com o Jogo fazem com que o interesse pela vida desapareça. Este ano, de Janeiro a Junho, já se contabilizaram 31 suicídios. O número equivale a mais de metade das mortes deste tipo no ano passado. Dados da Polícia Judiciária (PJ) fornecidos ao HM indicam que os saltos de prédio são a forma mais escolhida pelas pessoas que querem pôr fim à própria vida. Em 2015, foram 61 as pessoas que se mataram. Entre estas, 20 atiraram-se de prédios e 14 enforcaram-se. Este ano, só no primeiro semestre, houve 31 mortes: 11 delas por saltos de prédio e oito por enforcamento, método que a PJ diz ser o segundo mais utilizado. Amanhã assinala-se o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio e em Macau continuam a não existir dados concretos que permitam criar políticas concretas de apoio às pessoas, defendeu ao HM o professor Yu Tao Xiang, da Universidade de Macau (UM). “A sociedade está a envelhecer muito rapidamente e, se olharmos para a experiência de Hong Kong e China, os números de suicídio poderão crescer nos próximos anos. É necessária a realização de um inquérito sobre o assunto. Não há estudos sobre as tentativas de suicídio da população ou em grupos sociais mais específicos com risco de cometerem suicídio, como os idosos, os adolescentes, estudantes universitários ou trabalhadores migrantes. Os factores de risco têm de ser identificados antes de serem adoptadas políticas, caso contrário estas não farão sentido”, disse ainda o docente e psiquiatra, com investigação na área da saúde mental. Ajuda numa linha Sílvia Mohr vive em Macau há 20 anos e coordena uma equipa de 12 voluntários que atende as chamadas daqueles que estão desesperados. Nem sempre as pessoas se identificam, mas há casos que exigem a deslocação de uma equipa da Cáritas. Sílvia Mohr já segurou a mão de alguém que não queria viver e disse: “não está sozinha”. Em Macau, em termos de expatriados, homens e mulheres ligam em igual número para relatarem, na maioria, casos de solidão e não tanto de pensamentos para pôr termo à vida. Sílvia Mohr referiu, no entanto, que há muitos homens que ligam a dizer que simplesmente não sabem o que fazer. São pessoas com licenciaturas e com trabalhos bem pagos em Macau que, ou se sentem deslocados, ou se sentem simplesmente sozinhos. Filipinos ou indonésios, as nacionalidades com trabalhadores menos qualificados, também sofrem de solidão, mas não só. “Eles têm tantos problemas para resolver, de saúde, de arranjarem um lugar onde morar, de ter dinheiro para a família, que a solidão é apenas mais um.” O Verão é considerada uma época cheia de trabalho para os voluntários da linha destinada a estrangeiros, algo que nem Sílvia Mohr sabe explicar. “Não sei se é porque os colegas vão de férias na empresa… isso é digno de pesquisa, porque é que no Verão as pessoas sofrem mais. O tema do suicídio e do vício do Jogo não é muito comum na Linha da Esperança para a comunidade estrangeira, porém na linha chinesa é, contou ainda Sílvia Mohr. “As pessoas ligam após terem jogado e perdido tudo. Na cultura chinesa a vergonha é muito grande e o medo de levar o problema para casa é maior ainda. Isto leva as pessoas a cogitarem a ideia de suicídio.” Se o suicídio ainda é tabu no seio da comunidade chinesa, a verdade é que o panorama parece ter vindo a melhorar. “Houve um progresso muito grande. Não faz parte da cultura avisar que se vai cometer o suicídio, normalmente são casos silenciosos sem aviso prévio. Com as campanhas de consciencialização que são feitas, a população começou a falar de forma mais aberta sobre o assunto”, adiantou a responsável. Actualmente Sílvia Mohr lidera uma equipa de 12 pessoas. O objectivo é que daqui a um ano a linha possa funcionar durante 24 horas. A pensar naqueles que não encontram esperança, a Cáritas decidiu lançar uma campanha no Facebook em que cada pessoa tem de acender uma vela e postar a imagem na rede social durante o dia de amanhã.
Hoje Macau SociedadeParisian inaugura terça-feira com 410 mesas de Jogo e descontos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo resort da Sands China abre na terça-feira. O Parisian é mais um dos complexos da operadora no Cotai e vai ter direito a 410 mesas, sendo que 300 delas serão transferidas de outros casinos do grupo e cem autorizadas pelo Executivo. Wilfred Wong, presidente da Sands China, afirma que a empresa “respeita a decisão do Governo”, referindo-se às quotas para mesas jogo limitadas a 3% anual pelo Executivo. O hotel tem três mil quartos, mas o responsável assegura que as reservas já estão “bastante preenchidas para os próximos meses”. O investimento no resort, com mais de dois mil pés quadrados, foi de cerca de dois mil milhões de dólares americanos. Apesar das quebras das receitas no jogo, a operadora mostra-se optimista. “Estou confiante com o sucesso do Parisian”, referiu Wong. Surpresas para todos A conferência de imprensa que decorreu ontem no Venetian serviu ainda para desvendar o que vai acontecer durante a inauguração do Parisian. Estão prometidas muitas surpresas, espectáculos e promoções dedicadas “às pessoas de Macau”, como fez questão de afirmar Dave Horton, director do Gabinete de Marketing da Las Vegas Sands. O evento arranca às 20h18 e conta com a cantora belga Lara Fabian, um jantar de gala e um passeio na “red carpet” pela actriz e cantora de Hong Kong Karen Mok. Os espectáculos serão transmitidos no exterior em ecrãs gigantes. Mas os anúncios não se ficaram por aqui. Dave Horton diz que “o grupo quer ser parte integrante de Macau e fazer parte da comunidade” e, por isso, anunciou uma série de descontos em lojas e serviços de todos os resorts da operadora, que vão dos 20% aos 50%. Subir à Torre Eiffel, comer uma refeição num dos muitos restaurantes do grupo ou tornar-se membro do ginásio são alguns exemplos destes serviços. Haverá também fogo de artifício e animação de rua. A cerimónia contou também com a presença de Paulo Chan, director de Inspecção e Coordenação de Jogos.
Angela Ka SociedadeGás| Conselho Consultivo quer mais regras para comercialização O Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central defende um regulamento mais rigoroso no armazenamento de botijas de gás para o sector retalhista [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ediante a existência cada vez mais frequente de acidentes causados pelo vazamento de gás, o Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central defendeu, numa reunião ordinária realizada na quarta-feira, a criação de um regime de autenticação profissional dos fornecedores. O coordenador-adjunto do Conselho, Choi Tat Meng, e Lam U Tou, do grupo, relembraram os 36 acidentes que envolveram o vazamento de gás no ano passado e os 33 acidentes já registados desde o início do ano, cinco dos quais resultaram num morto e nove feridos, segundo os dados dos Bombeiros. O Conselho considera que a situação necessita de mais atenção e, apesar das autoridades terem feito 210 visitas aos retalhistas, o facto de não se conseguir entrar em casas particulares faz com que seja necessário aumentar o índice de segurança. A longo prazo, dizem, deverá ser feita legislação para assegurar que os esquentadores sejam instalado por profissionais. Respostas precisam-se A propósito deste assunto, o deputado da Assembleia Legislativa Leong Veng Chai dirigiu uma interpelação ao Governo, onde manifesta preocupação em relação ao armazenamento deste género de produtos. As questões colocadas pelo número dois de Pereira Coutinho dizem respeito a casas particulares, questionando este se “as inspecções dependem de denúncias ou podem ser feitas de forma regular ou aleatória pelos funcionários públicos”. Em relação aos espaços públicos, o deputado quer saber se “a lei vigente define ou não a frequência das inspecções junto dos estabelecimentos de restauração”. A título de exemplo foi referido um acidente num espaço comercial na ZAPE, que aconteceu no dia 26 de Julho, de onde foram retiradas várias garrafas de GPL.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAmbiente | Falta fazer quase tudo em termos de legislação Falar da legislação ambiental na RAEM é sinónimo de falar de leis obsoletas implementadas, na sua maioria, nos anos 90. Especialistas defendem a necessidade não só de uma política ambiental mas de leis que promovam uma maior eficiência energética e uma melhor mobilidade [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]inda Vasco Rocha Vieira era Governador em Macau quando a Lei de Bases do Ambiente foi implementada. Estávamos em 1991 e o diploma visava definir “o enquadramento geral e os princípios fundamentais a que deve obedecer a política de ambiente no território”. Olhando artigo a artigo, a lei dizia ainda que o Governador deveria apresentar “em cada ano à Assembleia Legislativa (AL) um relatório sobre o estado do ambiente do território referente ao ano anterior”. Anos depois, a mesma lei continua em vigor, sem uma revisão, e sem que o Chefe do Executivo apresente anualmente um relatório ambiental ao hemiciclo. Olhando para a maioria dos diplomas em vigor na área do ambiente, são ainda decretos-lei dos anos 90, sendo parcas as normas aprovadas após a transição. (ver quadro) Maura Capoulas Santos, especialista em Direito da Energia, aponta sobretudo a existência de um vazio legislativo em termos de mobilidade eléctrica e eficiência energética. “A RAEM, tanto pela sua dimensão como pela densidade urbana, é um dos candidatos ideais para a mobilidade eléctrica”, disse ao HM. “Esta aposta exige uma forte coordenação e articulação entre as políticas públicas de energia, clima e mobilidade. Será necessário delinear um plano estratégico integrado que actue a vários níveis, um verdadeiro programa para a mobilidade eléctrica.” Para a consultora em Direito da Energia, é necessária uma “criação de incentivos para a aquisição e utilização dos veículos eléctricos”, “o desenvolvimento e introdução de um sistema de carregamento dos veículos eléctricos”, com uma “rede de carregamento integrada”, e ainda “a garantia de um regime de universalidade e equidade no acesso aos serviços de mobilidade eléctrica”. É, por isso, necessário que exista “um verdadeiro plano estratégico e da criação do enquadramento legal e do regime regulatório adequados”. As medidas que Maura Capoulas Santos considera serem fundamentais continuam sem existir. Nas últimas semanas o Governo decidiu colocar nas estradas dois autocarros eléctricos a título experimental, mas não há sequer um calendário para a sua implementação a larga escala ou um plano concreto para a instalação de estações de carregamento pelo território. Ao nível da eficiência energética, Maura Capoulas Santos considera que é uma “área crucial”, sobre a qual o Executivo tem feito “um esforço na implementação de algumas medidas”, como a “mudança de comportamentos ao nível doméstico”. Contudo, é preciso que o Governo “acelere este processo, dando o exemplo de redução dos consumos nos edifícios públicos, através do desenvolvimento do sector das empresas de serviços energéticos, potenciando a criação de um verdadeiro mercado de serviços de energia com elevado potencial”. Maura Capoulas Santos considera que “têm de ser criadas condições para que as empresas de serviços energéticos possam florescer”. “Tal implica a criação de um regime jurídico adequado e de um sistema de incentivos eficaz.” Território sem política Para António Trindade, CEO da CESL-Ásia, o que falta sobretudo é a existência de um rosto que lidere uma política ambiental, para além da legislação existente. “Faz falta uma liderança ambiental, como tal não vai haver uma legislação específica e se houver serão leis avulsas, porque ninguém assume essa liderança. Não faz sentido de falar de legislação avulsa enquanto não houver uma liderança instituída, credível, reconhecida e aceite no âmbito da política ambiental”, disse ao HM. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), actualmente dirigida por Raymond Tam, ex-Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), já admitiu a possibilidade da Lei de Bases do Ambiente vir a ser revista, mas não mais se ouviu falar do assunto. Há seis anos foi concluída a consulta pública sobre o “Quadro Geral do Planeamento Conceptual da Protecção Ambiental de Macau (2010-2020)”, cuja implementação continua a ser estudada. Para Maura Capoulas Santos, “a ausência de orientação em matérias de política de mobilidade sustentável e de legislação é incompreensível e tem-se revelado muito prejudicial para o ambiente e para as populações de Macau”. “Note-se que o sector dos transportes é o mais poluente e a mudança de paradigma para o carro eléctrico – à semelhança do que já sucede nalguns países – é a resposta lógica e racional. A RAEM não deve perder mais tempo e deve aproveitar o facto de ter boas condições para implementar um verdadeiro plano de mobilidade sustentável”, acrescentou. Legislação ambiental em vigor Decreto-lei de 1986 (regula a Convenção do comércio internacional das espécies da fauna e flora selvagens em extinção. A AL está analisar na especialidade, desde Abril deste ano, a proposta de Lei de execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção) Decreto-lei de 1999 (determina a reserva total em Coloane, a ser usada pelos já extintos Serviços Florestais e Agrícolas de Macau. A primeira vez que esta reserva foi definida foi em 1981) Lei de Bases do Ambiente (1991) Decreto-lei de 1995 (implementa as medidas de controlo de substâncias que empobrecem a camada de ozono) Decreto-lei de 1996 (regulamento das águas e drenagem das águas residuais de Macau) Decreto-lei de 1997 (regulação da proibição de lançar ou despejar substâncias nocivas nas áreas das jurisdições marítimas) Despacho de 2012 (normas ecológicas de emissão de gases poluentes para automóveis ligeiros novos) Regulamento administrativo de 2012 (determina os limites da emissão de gases de escape de veículos aquando da sua importação) Regulamento administrativo de 2014 (estabelece os limites de emissão de poluentes atmosféricos e normas de gestão de instalações dos estabelecimentos industriais de produção de cimento) Regulamento administrativo de 2015 (estabelece o regime de gestão de deposição do material dragado no mar” Regulamento administrativo de 2016 (normas de gasolina sem chumbo e gasóleo leve para veículos)
Joana Freitas Manchete SociedadeTaxiGo | Empresa garante que não divulga dados e quer apenas “ajudar” Apesar das Políticas de Privacidade dizerem o contrário, quem descarregar a app TaxiGo vê que são apenas pedidas três coisas: nome (que pode ser fictício), telefone e género. É o que garante a empresa, que diz só estar a tentar ajudar a melhorar o serviço de táxis do qual toda a gente se queixa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] TaxiGo garante que não divulga dados pessoais dos utilizadores a terceiras entidades, até porque poucos dados pede assim que a aplicação é descarregada. É o que assegura Kyle Ho, Chefe do Departamento de Estratégia da empresa, ao HM, depois de confrontado com a polémica em torno das Políticas de Privacidade da nova aplicação que serve para chamar táxis. A introdução da app no mercado tem vindo a levantar rumores por dois principais motivos: um deles é o facto das Políticas de Privacidade, na versão inglesa, mostrarem que a empresa “pode divulgar a terceiros dados e informações fornecidas pelo passageiro e não se limitando estes ao seu nome completo, apelido, localização, telefone e foto de perfil”. Confrontado com o problema, o responsável clarifica: “se as pessoas realmente se registarem como passageiros da TaxiGo vão perceber que as únicas coisas que pedimos é o telefone, um nome e o género. O nome, por exemplo, pode ser uma alcunha, como ‘Mr.K’. Serve apenas para que o taxista possa adereçar a pessoa quando lhe liga. Não há número de bilhete de identidade, não há endereço de email, nem fotografia. Até porque não é possível enviar fotografias pela app. Por isso não compreendo porque é que as pessoas estão a atacar desta forma”, diz, acrescentando que o endereço é dado apenas quando táxi é chamado. Confrontado com o facto de que as pessoas se baseiam nas Políticas de Privacidade para “atacarem” a app, Kyle Ho não descura que pode vir a corrigir esta situação no site, mas explica que foi “o departamento legal” da empresa quem as fez. Ho admite ainda que há dados que pode vir a utilizar, mas que são as horas e as áreas em que são necessários mais táxis, “como estatísticas para melhorar o serviço”. A Uber utiliza Políticas de Privacidade ligeiramente semelhantes, pedindo até mais informação. Por exemplo, a operadora recolhe “nome, email, número de telefone, código postal, método de pagamento, fotografia de perfil” e admite que pode usar dados fornecidos pelo passageiro para campanhas de publicidade. Fala ainda em fornecer dados às autoridades no caso, por exemplo, “considerar que houve violação da lei”. Quem és tu? Outra das questões prende-se com ataques, maioritariamente no Facebook, de que a aplicação é permitida quando a Uber não era. Motivo que levou até, segundo Ho, a ataques pessoais de pessoas “ligadas” à empresa de transporte privado que vai deixar Macau amanhã. Mas a aplicação TaxiGo não é semelhante à Uber: enquanto a nova app faz uso de táxis já licenciados que a ela se queiram associar – não detendo qualquer carro -, a Uber entrou ilegalmente no mercado e manteve-se ilegal, detendo não só a aplicação, mas também carros com motorista. Assim, e como explica um advogado ao HM, que preferiu manter-se no anonimato, uma coisa nada tem a ver com a outra. “As pessoas estão a fazer uma grande confusão ao atacar a TaxiGo. Isto é uma aplicação que pode ser inspirada na Uber, mas que é apenas isso: uma app. Não é uma empresa detentora de carros privados. E não foi, certamente, por causa dela que a Uber foi punida pelo Governo, ao mesmo tempo que dizer que ‘ai, o Governo permite esta e não permitiu a Uber’ é errado. A Uber sempre actuou de forma ilegal. Isto é como se fosse uma aplicação para pedir comida num restaurante. Está legal e usa ‘restaurantes’ que a ela se associaram voluntariamente.” A empresa tentou ficar com as licenças especiais de táxis, tendo-se candidatado ao concurso público e sido desqualificada por falta de documentos e também se inspirou na Uber para se ficar apenas pela app. Como explica Kyle Ho ao HM, também ele era “utilizador da Uber”. A aplicação estava também incluída na proposta de ficar com as licenças especiais, mas como a empresa não conseguiu, optou por avançar apenas com a app. Kyle Ho explica a razão, ao mesmo tempo que admite que tem vindo a ser atacado por associações ligadas aos táxis. “Sou um jovem empreendedor e estou apenas a tentar mudar algo. Já recebi chamadas de taxistas a insultar-me, a dizer ‘vai-te f****, a acusar-me que estou a recolher dados para dar ao Governo sobre taxistas [que se portam mal]. Mas não. Foi algo que eu criei. É uma aplicação que pensei que iria ajudar a sociedade, porque todos nós nos queixamos do serviço de táxis. Tentei a Uber e gostei. E acho que as coisas boas podem ser utilizadas, daí ter criado uma app como esta”, frisa. Em resposta ao HM, o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais também disse não ter recebido qualquer notificação por parte da TaxiGo relativa à recolha e tratamento de dados pessoais. Diz estar a acompanhar o caso. Ao que o HM apurou também não feita qualquer queixa sobre utilizadores da app, apesar de serem vários os residentes que se recusam a fazer o download por este motivo. A app em inglês já se encontra disponível na Apple Store. O HM experimentou-a e verificou que não há, de facto, pedidos de mais informações além do nome, género e número de telefone.
Hoje Macau SociedadePalácio Imperial | Governo não vai interferir nas disputas comerciais [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]se Heng Sai, vice-directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), confirmou que o Governo não vai interferir no caso do Hotel Palácio Imperial Beijing, tratando-se de um caso que deverá ser resolvido em tribunal. O caso remete para acusação de fraude pelo hotel, denúncia que partiu de associações turísticas. “Estamos a seguir o procedimento normal e vamos tomar uma decisão de acordo com a decisão. Não há mais a acrescentar”, disse Tse Heng Sai, citada no Jornal do Cidadão. O grupo, auto-intitulado Aliança das vítimas do Hotel Palácio Imperial Beijing, denunciou na segunda-feira a suspeita de que a empresa responsável pela gestão da unidade hoteleira tenha cometido fraude. O grupo fez chegar a denúncia ao Ministério Público, já que dizem que contactaram mais de 30 trinta agências de viagem de Macau, da China e de Hong Kong com o objectivo de perceber as razões por detrás da gestão deficitária do Hotel. O grupo terá reservado ao longo das últimas semanas mais de 700 mil quartos, em operações que movimentariam mais de 250 milhões de dólares de Hong Kong. Os funcionários acusam a unidade hoteleira de cometer fraude, ao vender acima da sua capacidade de acolhimento. Tudo na mesma Há meses, o hotel foi obrigado a fechar, tendo o Governo dado seis meses à unidade para melhorar as condições de segurança. Helena de Senna Fernandes não negou a possibilidade do prazo ser alargado, mas até ao momento as obras ainda não arrancaram. “Há vários factores” que poderão originais atrasos nas obras, disse esta semana a directora da DST, citada pela Rádio Macau. Os responsáveis pelo Hotel Palácio Imperial Beijing afirmam terem sentido problemas burocráticos com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) no âmbito da entrega de documentação para o projecto.
Joana Freitas Manchete SociedadeÁguias Voadoras | Instrutor condenado a seis anos de prisão por assédio sexual [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] instrutor da Associação das Águias Voadoras que foi acusado de assédio sexual a seis menores foi condenado a seis anos de prisão. A decisão foi dada a conhecer pelo Tribunal Judicial de Base, na segunda-feira. O caso remonta a Novembro do ano passado. Um instrutor do interior da China, de nome Jia Shiyu, molestou seis crianças durante a estadia destas num campo militar da Associação. O homem confessou o crime na altura, depois de um dos jovens ter denunciado os actos de abuso junto da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e das autoridades. De acordo com declarações do jovem, o acto terá sido cometido durante a madrugada, no campo militar das Águias Voadoras de Macau, em Coloane no primeiro de três dias de actividades. De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), o instrutor terá tocado nos pénis dos rapazes e feito sexo oral a dois deles. Os seis rapazes tinham entre 12 e 14 anos de idade. As câmaras de vigilância fora do dormitório também registaram o crime. O homem, que estava em Macau com Blue Card, foi condenado por cinco crimes de abuso sexual de crianças e um crime de abuso sexual de educandos e dependentes. Apenas os pais de uma das vítimas exigiu recompensa civil, pelo que o homem foi ainda condenado ao pagamento de 50 mil patacas por danos psicológicos. Sem dinheiro? A DSEJ cortou os subsídios à Associação das Águias Voadoras, sendo que esta recebeu para as actividades em que aconteceram os crimes um milhão de patacas do organismo. O organismo anunciou em Janeiro deste ano que iria suspender a atribuição de subsídios, decisão que foi tomada depois de terem sido ouvidas opiniões dos pais dos alunos da escola que participava nas actividades. Apesar do corte da DSEJ, contudo, a Fundação Macau continuou a dar dinheiro à Associação, que já tinha, contudo, despedido o instrutor. O vice-presidente e director da Associação Águias Voadoras, In Kam Seng, afirmou durante a participação de uma actividade que demitiu o instrutor acusado de abuso sexual de várias crianças no passado que espera que a DSEJ volte a entregar o subsídio, depois de garantir também que já reorganizou o interior da Associação, incluindo a substituição de todos os instrutores e assistentes sociais. Para aumentar a vigilância também já foram instaladas câmaras que funcionam durante 24 horas. O responsável pela Associação referiu que, este ano, como não recebeu financiamento da DSEJ, encontra-se com dificuldades de liquidez. Contudo, ao que o HM apurou em Boletim Oficial, a Associação continua a receber apoio da Fundação Macau, tendo tido 650 mil patacas em Abril deste ano para financiar o plano de actividades. Questionada sobre o assunto, a Fundação Macau não se esclareceu detalhadamente, referindo apenas que, na altura dos abusos não tinha apoiado a Associação. “O projecto da Associação das Águias Voadoras em que houve o alegado caso de suspeita de abuso sexual não compartilhou do apoio financeiro concedido por esta Fundação à dita Associação. Mas a Fundação Macau, na apreciação e autorização dos pedidos de apoio financeiro apresentados pela Associação em causa, cumprindo as formalidades administrativas necessárias, tem sempre analisado, de forma prudente e rigorosa, a qualidade dos projectos apresentados e os benefícios sociais projectados, assim como a segurança dos participantes e a razoabilidade do orçamento apresentado. Além disso, a Fundação Macau fez também apelo à Associação em causa para dar maior importância à protecção dos participantes.”
Angela Ka SociedadeCondomínios | Kaifong querem ajustamentos na proposta de lei Responsabilidades acrescidas para associações de condomínios, falta de apoio jurídico ou processos administrativos complexos estão na base das queixas que motivam uma reunião com Comissão Permanente que analisa o Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns dos Condomínios. Os Kaifong querem esclarecer as polémicas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s responsabilidades e obrigações das associações dos condomínios definidas pelo Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns dos Condomínios, proposto pelo Governo, não é consensual e os Kaifong pedem uma reunião com a Assembleia Legislativa para entregar um conjunto de opiniões que receberam. Chon Chong, chefe do Centro de Recursos de Gestão Predial dos Kaifong, pede a revisão face à definição das responsabilidades impostas às associações de condomínios na proposta que está a ser discutida na 2.ª Comissão Permanente na AL. As declarações foram feitas no programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, em que o dirigente solicita ainda apoio jurídico para os membros destas associações. Em causa está uma recolha de opiniões que os Kaifong têm vindo a fazer acerca da referida proposta e que pretendem apresentar à AL. Para o efeito, tencionam agendar um encontro com a Comissão que tem em mãos a análise na especialidade de modo a esclarecer os assuntos que consideram mais polémicos. Voluntários e responsabilidades Um dos pontos a abordar é a sugestão advinda da proposta de lei para que sejam estabelecidas, de forma voluntária, as associações de gestão de condomínios pelos pequenos proprietários e as responsabilidades e obrigações que os seus membros poderão vir a ter que assumir. Chon Chong alerta ainda para a falta de apoio jurídico para as associações de condomínios na medida em que os seus membros são frequentemente confrontados com situações que envolvem disputas jurídicas. Burocracia a mais Outro aspecto de relevo para o chefe do desenvolvimento predial dos Kaifong é a redução necessária dos procedimentos administrativos no que respeita ao estabelecimento das associações. A sugestão deriva das queixas em grande número que têm referido as dificuldades em conseguir, por exemplo, listas de proprietários. No mesmo programa também teve a palavra Ao Ieong Kuong Kao, vice-director geral da Aliança de Povo de Instituição de Macau, e Mou Wai Hong, representante de um grupo independente que analisa a proposta dos condomínios. Ambos referiram que o trabalho gratuito e a falta de formação em gestão predial dos membros das associações de condomínios associado a novas responsabilidades que a presente proposta traz vão fazer com que não haja interessados em integrar as associações.
Joana Freitas SociedadeIACM garante desinfestação no Cemitério de São Miguel [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais assegura que faz eliminação de mosquitos em locais que estão sob a sua alçada, nomeadamente em cemitérios. O esclarecimento surge em virtude da notícia publicada ontem pelo HM, onde uma cidadã dá conta da existência de mosquitos no Cemitério de S. Miguel Arcanjo, devido à “densa” vegetação que existe no local. “O IACM procede regularmente a medidas de controlo de desinfestação de pragas, entre os meses de Abril a Novembro, em vários espaços públicos sob a sua gestão, nomeadamente cemitérios.” O Instituto acrescenta ainda que “procede à eliminação química de mosquitos, aplicando inibidores potentes de metamorfose em lagoas e poços de captação de água para impedir que as larvas se transformem em mosquitos”. Este ano, e devido à “grave ocorrência da epidemia da febre de dengue, o IACM diz ter antecipado as medidas de eliminação de mosquitos para o mês de Março, “durante o qual procedeu à pulverização de insecticidas nos jardins, zonas de lazer e cemitérios”. Uma queixa formal sobre “descuidos” no Cemitério de São Miguel Arcanjo, que leva a que as plantas não sejam aparadas dando um aspecto de abandono ao local, foi entregue ao IACM, no dia anterior à publicação do artigo no HM. Ao que o HM apurou, há ainda outra queixa formal em forma de carta sobre um outro cemitério, o da Nossa Senhora da Piedade, pelo mesmo motivo: as ervas já cobrem as campas. O IACM confirmou que recebeu a carta a 19 de Agosto, estando a “acompanhar o caso”.
Joana Freitas Manchete SociedadeRádio-Táxis | Vice-presidente da Associação das Agências de Turismo ganha licenças. Chow fora da corrida Chama-se Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau, pertence ao vice-presidente da Associação de Agências de Turismo e vai ser a nova responsável pelos cem rádio-táxis que vão recomeçar a circular no território. O Governo escolheu esta empresa como a vencedora do concurso público, deixando de fora David Chow. A Companhia promete carros com internet, diversidade na forma de chamar os táxis e só cobra a chamada [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá escolhida a nova empresa que vai liderar os serviços de rádio-táxi, substituindo a Vang Iek, e que vai trazer de volta os táxis amarelos. A Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau conseguiu vencer o concurso para a atribuição das chamadas licenças especiais, deixando para trás a outra única concorrente, uma empresa de David Chow. A concessão das licenças tem um prazo de oito anos, sendo que inicialmente entram ao serviço 50 carros, algo que deverá acontecer no primeiro semestre do próximo ano. O contrato não foi publicado em Boletim Oficial visto não ter sido ainda assinado, exige também que a Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau tenha os restantes 50 veículos em circulação “no prazo de um ano desde a data do início da operação”, como indica um comunicado do Executivo. Apesar de ter sido inicialmente excluída do concurso público por falta de documentos, a Companhia de Serviços de Rádio Táxi foi aceite depois de ter interposto um recurso. Na segunda-feira, e depois da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) ter indicado ao HM que os resultados saíram entre meados de Setembro e final de Novembro, Raimundo do Rosário foi encarregue de assinar o contrato com a empresa. Só ontem é que a DSAT anunciou que a empresa tinha vencido o concurso. Dos requisitos Uma vez que era uma das exigências do concurso, a empresa deve disponibilizar, pelo menos, cinco táxis adaptados para deficientes e dez táxis de grande porte. Parte dos custos de dez táxis acessíveis – assim chamados no caso dos que se adaptam a deficientes – comprados pela empresa pode ser retribuído pelo Governo, “desde que sejam aprovados pela DSAT os respectivos modelos, características e preços”, como indica o Governo. A empresa tem ainda de criar uma Central de táxis especiais que funcione 24 horas por dia para atender os clientes e, além de disponibilizar a marcação de serviços de táxi por telefone, tem de permitir esta possibilidade através de um site e de aplicações móveis. Mais ainda, indica o Governo, “deve-se explorar outras formas de marcação de táxis conforme o desenvolvimento social, a fim de possibilitar também a utilização do serviço por parte de pessoas com carências”. Em 2019, dois anos depois de iniciar operações, a empresa pode apresentar uma proposta para actualizar as taxas de serviços destes veículos, sendo que o Governo é quem tem a palavra final sobre esta actualização “tomando como referência as mudanças do Índice de Preços no Consumidor e a qualidade do serviço, a remuneração média dos empregados, o preço de venda de combustíveis para veículos e as tarifas dos táxis na altura”. A empresa tem de pagar ao Governo seis mil patacas por ano, estando, contudo, sujeita a multas no caso “dos padrões de serviço prestados não conseguir reunir os requisitos” exigidos pelo Governo. Requisitos que passam pela rácio de atendimento das chamadas e do número de carros em operação. A melhor A atribuição destas cem licenças especiais chega dois anos depois do Governo ter desfeito o contrato com a empresa Vang Iek, em Novembro de 2014, por esta não ter cumprido os critérios visados no contrato. Já a empresa queixava-se de não poder cobrar taxas especiais, algo que o Governo permitiu às novas concorrentes. E foi aqui que a Companhia de Serviços de Rádio Táxi marcou pontos. “A Lai Ou (de David Chow) sugeriu uma taxa de chamada e uma taxa de hora marcada de 15 patacas cada, bem como uma taxa de ausência de cinco patacas. A Companhia de Serviços de Rádio Táxi sugeriu que a taxa de chamada é de cinco patacas e não cobra a taxa de hora marcada, nem taxa de ausência”, indica a DSAT, que diz que, além disto, a empresa apresentou um conteúdo mais privilegiado do que as condições estipuladas no caderno de encargos, como por exemplo wi-fi nos carros, sistema de diagnóstico a bordo e um centro de serviços ao cliente. A decisão de aceitar esta empresa surgiu depois de um recurso da empresa, que tinha errado no preenchimento de um documento, permitindo que esta se juntasse à Lai Ou, empresa de David Chow – detentor da Macau Legend. O empresário, responsável por empreendimentos como a Doca dos Pescadores, constituiu a nova empresa especificamente para este investimento, que estava já delineado em 70 milhões de patacas e Chow tinha até 30 Mercedes prontos. O HM tentou obter uma reacção do empresário, mas até ao fecho desta edição não foi possível. A Companhia de Serviços de Rádio Táxi pertence a Cheong Chi Man, vice-presidente da Associação de Agências de Turismo de Macau, membro do Centro de Arbitragem do World Trade Center e presidente-executivo da Juvenil International Travel Lda. TaxiGo foi uma das candidatas Agora é uma aplicação móvel, mas a TaxiGo chegou a ser uma das candidatas às cem licenças especiais de táxis. Isso mesmo confirmou Kyle Ho, responsável da empresa, ao HM. A Companhia TaxiGo S.A. não foi admitida por “os documentos não reunirem os requisitos”, como indica um comunicado do Governo. Ontem, em explicações pedidas pelo HM, Ho frisou que, apesar de haver “diferenças” entre a empresa que se candidatou e a que agora lançou a aplicação móvel – ainda que com a mesma gestão – o objectivo era o mesmo. “A nossa visão era a mesma: criar uma boa experiência [do serviço] e transformar o serviço de táxis.”
Joana Freitas Manchete SociedadeRenminbi | Portugal e PLP “vão ajudar” à internacionalização da moeda chinesa A criação do sistema de liquidação imediata do renminbi foi o primeiro passo para a internacionalização da moeda chinesa e a utilização de Portugal e dos Países de Língua Portuguesa como via para esse objectivo é o segundo passo. A menos de um mês do renminbi entrar no FMI, a comunicação do presidente da AMCM em Lisboa incidiu sobre aquilo que é uma das formas de abertura da China ao mercado internacional [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á foi concluído no primeiro semestre o sistema de liquidação imediata de renminbi e agora o próximo passo é que os Países de Língua Portuguesa sirvam como meio para a internacionalização da moeda chinesa. É o que explica o presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) que relembrou, num seminário em Portugal, que o renminbi vai fazer parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) (ver texto secundário). O organismo dirigido por Anselmo Teng frisa no seu relatório anual de 2015 que estavam em marcha os trabalhos para a construção do sistema de liquidação imediata em tempo real em renminbi de Macau, sistema que foi concluído dentro do calendário previsto, no primeiro semestre deste ano, em Março. Numa resposta mais detalhada ao HM, a AMCM explica que o sistema serviu para facilitar também os negócios entre o território e os países de expressão lusa, de uma forma que veio ajudar Macau a firmar-se ainda mais como plataforma. “Através da ligação com o China National Automatic Payment System (CNAPS), [este sistema] concretizou as facilidades de serviços de liquidação transfronteiriços em renminbi, alargando os meios de movimentação bilateral [da moeda]. Paralelamente, reforçou a ligação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e elevou o papel de Macau como plataforma de serviços financeiros entre a China e [esses países], para consolidar as bases futuras”, indica o organismo numa resposta ao HM. No seminário onde esteve presente, em Portugal, o presidente da AMCM reiterou esta ideia. É o próprio continente quem quer usar não só os Países de Língua Portuguesa, mas também Portugal como meio para a internacionalização da sua moeda, sendo este um dos objectivos estratégicos do Governo Central. “A adesão formal, a partir do dia 1 do próximo mês, do renmimbi aos direitos de saque especiais do Fundo Monetário Internacional simbolizará um importante marco no caminho da internacionalização [da moeda]. Com o avanço contínuo desta etapa, estamos crentes de que o renminbi será cada vez mais procurado no mercado internacional e será uma moeda de ampla utilização (…)”, disse Anselmo Teng, no seminário”Serviços financeiros, estímulo e cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, com a RAEM como plataforma”, que contou com a Caixa Geral de Depósitos na organização. “Com base no volume de importações e exportações entre a China e os países de língua portuguesa, ascendendo a 98,5 biliões de dólares em 2015 (…), pode-se verificar que o espaço de desenvolvimento associado ao uso transfronteiriço do renminbi nas relações comerciais a desenvolver pela China e pelos Países de Língua Portuguesa será muito amplo”, frisou ainda. Foco das atenções Na resposta ao HM, a AMCM relembra que as Linhas de Acção Governativa sempre tiveram como objectivo “reforçar a plataforma de serviços comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, promover a cooperação com os serviços financeiros regionais, manter em geral o desenvolvimento estável da economia e aperfeiçoar continuamente as infra-estruturas financeiras de Macau”. Algo que está constantemente a ser falado, mas que ocupa, agora, um lugar mais elevado devido ao 13.º Plano Quinquenal do Governo chinês. Plano que tem, entre os seus objectivos, abrir o mercado de capitais do país e desenvolver a moeda chinesa, pelo que as várias autoridades do país estão a reforçar as relações com o exterior nesse sentido. Também o director-geral do Shanghai Municipal Financial Services Office, Zheng Yang, salientou em Lisboa a necessidade de reforçar as relações comerciais entre o mercado português e a China, considerando que “Portugal é o mais importante parceiro de negócios da China na União Europeia”, enquanto a “China é o décimo maior mercado das exportações e o sétimo maior mercado das importações de Portugal”. Zheng Yang defendeu que é altura de haver uma melhoria na “cooperação em serviços financeiros entre Xangai, Macau e Lisboa”. Xangai é um dos mais importantes centro de negócios e financeiro do continente. Também o responsável pela representação em Lisboa do Bank of China, Xiao Qi, afirmou que o banco está muito envolvido na internacionalização da moeda chinesa e oferece uma série de produtos e serviços em renmimbi nos 50 países e regiões em que está presente, incluindo em Portugal. Actualmente, o sistema de liquidação imediata em tempo real em renminbi de Macau tem 28 instituições financeiras. Presta serviços de liquidação aos clientes dos bancos, no âmbito dos câmbios da moeda chinesa e de transferências de fundos nessa moeda entre os bancos. Para a AMCM, o funcionamento do sistema traz também um aperfeiçoamento das infra-estruturas financeiras de Macau. “Não só beneficia a gestão do risco de liquidação em renminbi e eleva a eficácia da liquidação, como também promove o aprofundamento da cooperação financeira regional”, reforça a AMCM. O sistema demorou 15 meses para entrar em vigor, depois de testes e ensaios virtuais. Avaliações concretas sobre o sistema não as há, mas a AMCM assegura que este está “a funcionar estável e fluentemente”. O seminário em Lisboa contou com a presença de um membro da nova administração da Caixa Geral de Depósitos, Emídio Pinheiro, que frisou que o banco público quer ajudar nas ligações comerciais entre Portugal e a segunda maior economia do mundo. Moeda chinesa entra no FMI a partir de 1 de Outubro Foi no ano passado que o Fundo Monetário Internacional confirmou a inclusão do renminbi no seu cabaz internacional de divisas. A partir de Outubro, que é, coincidentemente, Dia Nacional, a moeda do continente vai servir para calcular o valor dos direitos de saque especial, que servem como referência para os empréstimos concedidos pelo FMI. A inclusão do renminbi vai fazer com que a moeda se junte ao grupo, que analistas económicos descrevem como restrito, de moedas com estatuto de reservas internacionais. São elas o dólar, o euro, a libra e o iene japonês. Mas, para que uma moeda possa integrar este cabaz de divisas tem de ser livremente utilizada, como relembrava o ano passado a imprensa especializada em Economia. Mais ainda, tem de ter “relevância global no sistema financeiro e nas trocas comerciais”. Algo que a China pretende, então, com a abertura do mercado ao comércio externo e que faz até parte do plano quinquenal do país (ver texto principal). Christine Lagarde, directora-geral do FMI, admitiu isso mesmo no ano passado, depois de anunciada a entrada da moeda no organismo no próximo mês. Aliás, essa abertura foi o que permitiu à China ver o renminbi no FMI. “A [decisão] de incluir o renminbi é também o reconhecimento do progresso feito pelas autoridades chinesas nos últimos anos nas reformas dos sistemas monetário e financeiro”, frisou na altura, acrescentando que, ainda que o renminbi seja controlado pelo banco chinês, “o FMI considerou que a divisa é livremente utilizada”. Antes do anúncio da inclusão da moeda no FMI, o Governo Central teceu críticas ao que considerava ser um sistema financeiro “demasiado dependente do dólar americano”. Que consequências? Ainda que a inclusão do renminbi como moeda de seja uma notícia positiva para a China, já que outros países poderão aceitar o renminbi como moeda de troca no futuro, um impacto a longo prazo ainda não é algo tido como certo. Analistas citados por agências internacionais não esperam um grande impacto no dólar, por exemplo, ainda que antevejam que a divisa possa ser, daqui a alguns anos, cada vez mais utilizada a nível global, ultrapassando mesmo as trocas internacionais a envolver a libra e o iene. Mas, tudo dependerá da forma como o continente usar esta oportunidade, como defendiam analistas citados pela imprensa da especialidade, no ano passado, sendo que apenas uma consequência já se prevê a curto-prazo: a China poderá ter mais voz nas decisões monetárias internacionais. No entanto, também Lagarde espera outra consequência: que o país seja incentivado a acelerar as reformas no sector financeiro. “A continuação e o aprofundamento daqueles esforços trarão um sistema financeiro e monetário internacionais mais robustos, o que ajudará à estabilidade do crescimento da China e da economia global”, frisou na altura. Anselmo Teng | Continente quer investir mais em empresas lusas O presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Anselmo Teng, disse ontem que a China está interessada em fazer mais investimentos e aquisições em Portugal no sector financeiro e que as que já aconteceram são o início de uma tendência que será reforçada. “Cada vez mais entidades chinesas querem participar nos capitais de bancos portugueses e seguradoras e isto é uma tendência marcada, como mencionou o representante da Fosun, agora envolvida numa acção no BCP”, afirmou Teng num seminário, em Lisboa, sobre o reforço da cooperação nos serviços financeiros entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Após questões de jornalistas sobre interesses de grupos chineses em bancos portugueses, o responsável da AMCM pediu a palavra para afirmar que a China não só apoia os movimentos que têm existido, como deseja que se reforcem. “Enquanto autoridades governamentais, temos gosto nesta tendência. Isto é só o início de aquisição de entidades chinesas em Portugal, haverá no futuro mais”, acrescentou. Este seminário contou com a presença de um representante do grupo chinês Fosun, que detém em Portugal a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde, e quer comprar 16,7% do capital do BCP, podendo reforçar posteriormente a sua participação para entre 20% a 30% no banco, dependendo das limitações de votos dos estatutos. Também presente neste evento esteve o presidente do conselho de administração do Haitong Bank (ex-Banco Espírito Santo de Investimento), Hiroki Myiazato. De acordo com informação da imprensa, o Haitong propôs, à margem do concurso para a compra do Novo Banco, ao Fundo a aquisição parcial do Novo Banco pelo próprio banco assim como por outros investidores, ficando com cerca de 30% da instituição que resultou da resolução do BES. Com Agência Lusa
Sofia Margarida Mota SociedadeMacau inteligente com ajuda de versão do “We Chat” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]plicações como o “We Chat”, dada a sua multifuncionalidade na China continental, não estão fora de questão para uma possível integração no conceito de Macau enquanto cidade inteligente. Segundo o vice-reitor da UM Rui Martins “a [UM] também está a pensar nessa linha”. “O We Chat é, provavelmente, uma das aplicações a ser utilizada porque é muito eficiente”, justifica. A aposta no conceito inteligente é o cerne de uma das subcomissões adiantadas ontem por Peter Lam, vice-presidente do Conselho de Ciência e Tecnologia e Ma Chi Ngai, presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia e que tem a seu cargo este grupo de trabalho. Macau inteligente vai integrar vários serviços, nomeadamente públicos, e Ma Chi Ngai aponta para já a coordenação entre serviços de transporte, de saúde ou do turismo. O próximo mês de Novembro é a data escolhida “para apresentação de co-propostas por parte de instituições académicas para estudar os diferentes ramos que constituem uma cidade inteligente”, afirma Ma Chi Ngai. Rui Martins reitera que “vai ser lançada uma nova chamada para propostas só para a área da cidade inteligente. “Para o efeito podem candidatar-se as várias entidades interessadas com os seus projectos nesta área.” Para já, o campus da UM poderá servir de “protótipo”. A instituição está a implementar um conjunto de medidas de forma a colocar o campus na vanguarda de sistemas integrados. “Este smart campus poderá ser um dos primeiros passos para a cidade inteligente”, afirma Rui Martins. Já existe actualmente um mapa electrónico dos serviços do turismo e que já está implementado em Macau. O projecto foi feito pela UM e é dirigido ao objectivo inteligente.