Hoje Macau SociedadeUM | Divisão de turmas e medição de temperatura no regresso às aulas [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) emitiu ontem um comunicado sobre o regresso às aulas, agendado para a próxima segunda-feira, 7 de Setembro. As aulas do primeiro semestre irão decorrer de forma presencial, mas apenas para classes que tenham até 100 alunos. No caso das aulas que tenham entre 100 a 200 alunos, será feita uma divisão entre dois grupos, em que “cada grupo terá uma participação presencial e online, de forma rotativa”. No caso das aulas com mais de 200 alunos serão totalmente online. Além disso, no caso dos alunos que não consigam entrar em Macau, a UM promete disponibilizar o ensino online. Antes de entrar em qualquer sala de aula os alunos serão sujeitos à medição de temperatura, devendo usar uma máscara e desinfectar as mãos, além de serem obrigados a apresentar um código de saúde. No caso dos alunos que regressem de Zhuhai, são obrigados a ficar em casa durante 14 dias no caso de não terem um certificado que comprove a realização de quarentena emitido pelas autoridades de Macau ou de Zhuhai. A UM aponta ainda que “vai monitorar de perto o desenvolvimento da pandemia e ajustar o ensino de acordo com os requisitos de entrada [no território] e as directrizes de prevenção adoptadas pelo Governo da RAEM”.
Pedro Arede Manchete SociedadeIAS | Famílias vulneráveis voltam a receber apoio extraordinário A partir de amanhã, cerca de 3.100 famílias que beneficiam do subsídio regular começam a receber um apoio adicional. A medida representa um encargo de 18,5 milhões de patacas e é a segunda prestação adicional este ano. Contas feitas, as famílias carenciadas já foram apoiadas em mais de 86,8 milhões desde o início da pandemia [dropcap]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) vai conceder a partir de amanhã uma prestação adicional a cerca de 3.100 famílias em situação vulnerável, que beneficiam do subsídio regular. O valor do apoio será equivalente ao montante mensal do subsídio regular e tem como objectivo minimizar o impacto da epidemia de covid-19. O subsídio adicional, que não invalida a atribuição regular a que as famílias têm direito em Setembro, representa, no mínimo, para um agregado familiar de uma pessoa, um valor de 4.350 patacas e, no máximo, para um agregado igual ou superior a oito pessoas, 20.270 patacas. Ainda segundo um comunicado divulgado ontem pelo IAS, os agregados com dois membros vão receber mais 7.990 patacas, os que têm três membros, mais 11.020 patacas e as famílias de quatro elementos, o montante extra de 13.390 patacas. Já entre os cinco e os sete membros, os valores variam entre as 15.120 e as 18.580 patacas. Para os agregados com seis pessoas, a prestação adicional é de 16.850. O pagamento dos montantes será efectuado através dos serviços de transferência bancária de oito bancos locais ou da forma original de distribuição do subsídio. A medida vai representar um encargo estimado para o Governo, de cerca de 18,5 milhões de patacas. Recorde-se que esta é a segunda prestação adicional destinada às famílias carenciadas desde o início da pandemia, depois de no dia 5 de Março o IAS ter anunciado o primeiro apoio extraordinário. Na altura, a medida representou um encargo de cerca de 19,3 milhões de patacas destinados a apoiar 3.200 agregados familiares que beneficiam do subsídio regular. Aliviar a pressão Adicionalmente, arrancou em Agosto a segunda fase de subsídios do “Programa de inclusão e harmonia na comunidade”, que tem como objectivo apoiar, através de uma prestação única, famílias monoparentais, com membros deficientes ou doentes crónicos. Segundo o IAS, no total, foram apoiadas 5.881 famílias carenciadas, das quais 1.598 são beneficiárias do subsídio regular e 4.283 apresentaram o pedido de apoio no decorrer deste ano e cujo rendimento não ultrapassa um múltiplo determinado (1,8 vezes para este ano) do valor do risco social. Os montantes do programa foram atribuídos em função do número de membros dos agregados familiares e variaram entre 2.650 patacas para os agregados com um membro e as 10.100 patacas para as famílias com oito ou mais membros. No total, a segunda fase do “Programa de inclusão e harmonia na comunidade” custou aos cofres do Governo 25,4 milhões de patacas. Já a primeira fase do programa de apoio, que totalizou um encargo de 23,6 milhões de patacas, aconteceu em Maio e apoiou, no total, 5.503 famílias elegíveis através da atribuição de montantes com os mesmos valores. Fazendo as contas às prestações adicionais de Março e Setembro e ainda ao “Programa de inclusão e harmonia na comunidade”, as famílias carenciadas já foram apoiadas pelo Governo em mais de 86,8 milhões desde o início da pandemia.
João Santos Filipe SociedadeEPM | Escola pede a pais que declarem o saldo do cartão interno [dropcap]A[/dropcap]pós o ataque informático à Escola Portuguesa de Macau (EPM) em Abril, a direcção enviou, esta segunda-feira, o primeiro comunicado sobre o assunto aos pais dos alunos. Na mensagem, é sublinhado que os dados que foram encriptados não contêm informações sobre contas bancárias, cópias de assinaturas ou documentos de identificação e é pedido aos encarregados de educação que declarem à instituição o montante que os filhos tinham no cartão electrónico interno. Foi em Abril do ano passado que a base de dados do programa informático GIAE da EPM foi vítima de um ataque informático, que impediu o acesso aos dados. Face à incapacidade de descodificar a informação, os dados sobre os alunos ficaram inacessíveis e tiveram de voltar a ser colocados numa nova plataforma. Um aspecto reconhecido na missiva enviada aos encarregados de educação. “Com o objectivo de desbloquear a referida base e aceder aos dados ali armazenados, têm sido desenvolvidos esforços por empresas especializadas, contudo, até ao momento, sem sucesso”, é reconhecido, na carta a que o HM teve acesso. “Por esta razão, foram de novo introduzidos os dados referentes à aplicação do aluno, designadamente identificação, turmas, disciplinas, docentes, horários, transferências e avaliações”, é acrescentado. Além dos vários desafios práticos, a EPM reconhece que não tem meios para saber o montante que os alunos tinham nos cartões electrónicos e que são utilizados para os pagamentos internos. Neste sentido foi pedido aos encarregados de educação que declarem o montante: “Enquanto os dados se mantiverem encriptados não nos é possível conhecer os respectivos saldos [dos cartões electrónicos]. Por este motivo, solicitamos a V. Exa. que, até ao dia 11 de Setembro, declare nos serviços administrativos da EPM o saldo do cartão do seu educando ou, caso o desconheça, o montante referente ao último carregamento”, é requerido. Com tranquilidade Apesar de o ataque ter acontecido em Abril, e sido comunicado às autoridades apenas meses depois, em Agosto, a carta datada de 31 de Agosto é a primeira comunicação directa da direcção da EPM com os encarregados de educação. Neste documento, o ataque informático é explicado com um programa “ransomware” que fez com que a base de dados fosse encriptada. Normalmente, este tipo de programas informáticos é acedido através de mensagens de correio electrónico ou portais online e faz com a informação seja encriptada e escondida com uma palavra passe. No entanto, para aceder à palavra de acesso o utilizador tem de pagar aos criadores do ransomware. Face à situação, a escola optou por pagar a especialistas para tentarem decifrar a encriptação, mas até agora sem sucesso. Porém, a direcção tenta deixar os encarregados tranquilizados em relação às informações que foram envolvidas no ataque: “Aproveitamos para informar que a base de dados do programa GIAE não contém dados de contas bancárias, nem cópia de assinaturas ou documentos de identificação”, é afirmado.
Pedro Arede SociedadeCasinos registam quebra de 94,5% em Agosto Apesar da retoma na emissão de vistos turísticos, primeiro de Zhuhai e depois de Guangdong, as receitas brutas dos casinos de Macau totalizaram em Agosto 1.330 milhões de patacas, o terceiro pior registo do ano até agora [dropcap]É[/dropcap] mais um capítulo do lento e penoso caminho rumo à recuperação. De acordo com dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Agosto de 2020, as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma queda de 94,5 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado, totalizando cerca de 1.330 milhões de patacas. Isto, dado que em Agosto de 2019, as receitas brutas mensais foram de 24.262 milhões. O registo de Agosto de 2020, apesar de semelhante em termos percentuais quando comparado com Julho, é ainda assim, ligeiramente pior ao nível da receita bruta mensal, já que a facturação do mês anterior foi de 1.344 milhões de patacas. Feitas as contas, Agosto assume-se até agora como o terceiro pior mês de 2020, depois de Abril, quando as receitas foram de 754 milhões de patacas e Junho, quando os resultados indicaram 716 milhões de Patacas. Quanto à receita bruta acumulada de 2020, segundo os dados da DICJ, registaram-se perdas de 81,6 por cento, nos primeiros oito meses do ano. Isto, dado que o montante global gerado de Janeiro a Agosto de 2020 foi de 36.394 milhões de patacas, ou seja menos 161,824 milhões de patacas do total acumulado nos primeiros oito meses de 2019 (198,218 milhões). De notar que o impacto da retoma de emissão de vistos turísticos, individuais e de grupo, a 12 de Agosto desde Zhuhai e a 26 de Agosto desde a província de Guangdong, não se reflectiu nas receitas de jogo do mês passado, tal como previram alguns especialistas do sector. Recorde-se ainda que a China está a planear autorizar a emissão de vistos turísticos para Macau a todo o país, a partir de 23 de Setembro. Na altura dos anúncios, feitos no início de Agosto, analistas citados pela agência Lusa disseram que apesar de ser “uma grande notícia” para o sector, avisaram que a recuperação ainda vai demorar. “Vai ser uma grande ajuda para Macau. É uma grande notícia, mas vai ser um longo caminho para chegar ao nível dos resultados de 2019”, antes da pandemia do novo coronavírus, sublinhou na altura Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix. Ano perdido De acordo com dados divulgados na segunda-feira por analistas da Sanford C. Bernstein Ltd e citados pela TDM-Rádio Macau, no final de 2020, as receitas brutas de jogo dos casinos de Macau devem registar perdas anuais de 71 por cento. A previsão corrobora também as perspectivas mais conservadoras relativamente ao impacto para o sector da abertura das fronteiras e da retoma da concessão de vistos turísticos, sobretudo quanto à recuperação do segmento de massas e premium, que será feito a um ritmo lento Até chegar ao ponto em que a emissão de vistos turísticos passou a ser uma realidade, Macau sofreu uma quebra sem precedentes, tanto na exploração dos casinos como na entrada de visitantes desde final de Janeiro, quando se verificou a primeira vaga de casos de covid-19 detectados no território.
Pedro Arede Manchete SociedadeIAS admite fechar creche caso se confirmem maus tratos em crianças O presidente do IAS, Hon Wai admitiu ontem encerrar a creche Sun Child Care Centre, na Praia Grande, se a investigação policial confirmar que os três casos reportados na instituição estão relacionados com maus tratos em crianças. Desde o início do ano, foram registadas, no total, quatro queixas de maus tratos em creches [dropcap]A[/dropcap] creche Sun Child Care Centre, na Praia Grande, pode vir a fechar portas, caso venha a ser confirmado que os três casos reportados na instituição desde o início de Julho estão relacionados com maus tratos, ficando assim provada a negligência, falta de experiência ou intenção de magoar as crianças. A garantia foi dada ontem pelo presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, à margem da cerimónia de abertura do centro de dia, Ji Cing do Povo. “A instituição ainda está em funcionamento, porque aguardamos os resultados da investigação que está a ser levada a cabo pela polícia. Caso se confirme que existe erro do pessoal da creche, vamos aplicar uma suspensão preventiva, mas precisamos de ter provas suficientes que confirmem ser esse o caso”, referiu Hon Wai. Recorde-se que desde o passado fim-de-semana que circula nas redes sociais o caso de uma criança alegadamente ferida na creche Sun Child Care Centre, sendo que os maus tratos foram revelados pela própria mãe, através de uma fotografia onde podem ser vistas várias nódoas negras nos braços da criança. Na sequência do eco provocado pela situação nas redes sociais, veio a confirmar-se que se trata do terceiro caso a ser reportado no mesmo estabelecimento de ensino, que pertence ao Grupo Sun City, sendo que as primeiras queixas foram feitas no início de Julho. Seguir o padrão Aos jornalistas Hon Wai revelou ainda que, desde o início do ano, o IAS recebeu, no total, sete queixas relacionadas com creches. Destas, quatro dizem respeito a suspeitas de maus tratos em crianças, sendo que já veio, entretanto, a ser confirmado que uma das situações está relacionada com “a queda de uma criança no chão”. As outras três queixas estão ainda a ser investigadas e dizem respeito à Sun Child Care Centre. “Ainda precisamos de avaliar se as queixas têm fundamento. Não somos a polícia e, por isso, só podemos analisar as situações sob o nosso âmbito de trabalho. Como a polícia ainda está a investigar os casos, não é apropriado fazer mais comentários”, acrescentou o presidente do IAS. Hon Wai disse ainda que, no presente ano lectivo, as atenções estão sobretudo viradas para as creches privadas, dado que as creches subsidiadas estão parcialmente abertas, desde que foi anunciado que as crianças com menos de três anos não podem frequentar estas instituições. Recorde-se que na passada segunda-feira Melody Lu, professora do departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM) disse ao HM considerar a situação “alarmante” por terem aparecido vários casos na mesma creche, sem que nada tivesse sido feito, defendendo que devia ser implementado um mecanismo centralizado para lidar com este tipo de situações.
Pedro Arede Manchete SociedadeCinemateca | Experiência passada continua a ser tabu em dia de reabertura A Cinemateca Paixão voltou ontem a abrir portas com uma programação dedicada aos clássicos. “Singin’ in the Rain” fez as honras, numa reabertura onde a falta de informação sobre a nova gestão na área do cinema continuou a ser tabu. Cineastas presentes no evento consideram que é preciso “dar o benefício da dúvida” e que o mistério faz parte de Macau [dropcap]”N[/dropcap]ão sei se já viram o Casablanca? Macau tem uma história de 500 anos de relações entre Portugal e a China, com intervenções holandesas, inglesas e vários períodos de guerra. Esta é a cidade do mistério, por isso temos de ver o que vai acontecer”. As palavras são do realizador Maxim Bessmertny, após ter sido questionado sobre as expectativas que tem para “o filme que aí vem”, tendo em conta os primeiros “minutos” misteriosos da nova gestora da Cinemateca Paixão, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Apesar das dúvidas, o realizador espera que a In Limitada exiba uma programação de qualidade, capaz de unir o público que gosta de cinema, sobretudo num contexto difícil, marcado pela pandemia. “Esperamos ver cinema e filmes que nos juntem a todos. Nestas alturas é que as gentes precisam de algo que as junte, porque o cinema sempre foi uma força. Em tempos difíceis, como aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, o cinema consegue mostrar o que temos em comum”, referiu Bessmertny. Intitulado “Uma carta de amor ao Cinema: Produção cinematográfica nos grandes ecrãs”, o primeiro evento desde que a In Limitada assumiu as rédeas da Cinemateca Paixão, inclui uma selecção de clássicos e obras-primas de diferentes países e Eras. O primeiro dia do festival começou com a versão remasterizada de “Singin’ in the Rain” e inclui também obras de Fellini (“Otto e Mezzo”) e Woody Allen (“The Purple Rose of Cairo”). Esperanças e ausências Sobre a experiência da nova equipa na área do cinema, Jenny Ip, a nova gestora de operações da Cinemateca voltou a frisar que a confidencialidade dos clientes é a principal razão para não se saber mais sobre o passado da empresa. “Gostávamos de revelar mais mas, como o público está a prestar muita atenção à nossa experiência passada e projectos, os nossos clientes pediram confidencialidade. Esperamos que o público vire o foco para a nossa nova equipa, porque agora somos nós os responsáveis pela Cinemateca Paixão. Esperamos trazer uma nova energia e uma boa programação para o público”, afirmou Jenny Ip. Sobre o que esperar da actuação da In Limitada e as críticas acerca da falta produções locais e independentes, o produtor Jorge Santos, que também marcou presença no evento de reabertura, afirma que é preciso “dar o benefício da dúvida” e que ficou curioso com o facto de a programação de Setembro ser dedicada ao cinema clássico. “Não sei se falta cinema independente ou local, isto começou hoje [ontem], portanto não faço ideia qual será a programação para o futuro. Suponho que a dada altura vão passar cinema local, não vejo razão para não passar”, apontou. Sobre o trabalho da anterior gestão, Jorge Santos não tem dúvidas que a CUT “fez um trabalho muito interessante”, com ciclos originais “de todo o mundo”. Já Bessmertny lembra que a CUT “continua a fazer bons eventos para a comunidade” e espera que a nova gestora apresente bons e novos filmes para oferecer “aos amantes do cinema de Macau”. Questionada sobre se os proprietários da In Limitada marcaram presença na reabertura da Cinemateca, Jenny Ip referiu que não vieram “porque têm outros negócios a tratar”, apesar de “terem apoiado muito a reabertura”.
Pedro Arede SociedadeCasinos | Perda de receitas deverá ser superior a 70% no fim de 2020 Segundo a consultora Bernstein, as receitas brutas de jogo dos casinos de Macau deverão registar perdas de 71 por cento no final de 2020. Apesar do regresso dos vistos turísticos, a recuperação ainda vai levar tempo, especialmente no segmento de massas [dropcap]A[/dropcap]nalistas da Sanford C. Bernstein Ltd anteveem que, no final de 2020, as receitas brutas de jogo dos casinos de Macau registem perdas anuais de 71 por cento. Os dados foram divulgados ontem pela consultora norte-americana e citados pela TDM – Rádio Macau. A previsão corrobora as perspectivas mais conservadoras relativamente ao impacto para o sector da abertura das fronteiras e da retoma da concessão de vistos turísticos individuais e de grupo, sobretudo quanto à recuperação do segmento de massas e premium, que será feito a um ritmo lento Contudo, segundo os analistas, apesar de se perspectivar uma recuperação lenta, estes dois segmentos serão precisamente os principais motores de arranque para reactivar as receitas dos casinos. Quanto ao segmento VIP, a Bernstein estima que continuará a ser afectado ao longo de 2021 por um eventual aumento do controlo de capitais e imposição de medidas anti-corrupção na China. De acordo com a mesma fonte, a consultora justifica ainda que, apesar da reabertura das fronteiras, a recuperação das receitas dos casinos será lenta no próximo ano, embora os indicadores macroeconómicos dos últimos meses sustentem um cenário possivelmente mais animador no futuro. Outro factor que irá contribuir para a lenta recuperação do sector do jogo diz respeito aos clientes que têm vontade de jogar, mas que foram impedidos de o fazer este ano, demonstrando agora interesse em voltar a Macau. Como sinais que podem vir a ter um impacto positivo em Macau, a Bernstein refere ainda a recuperação de mais de 70 por cento das movimentações aéreas na China em relação ao ano passado, a manutenção de restrições de viagem para fora do país e o aumento da venda de veículos de luxo. Recuperar terreno Recorde-se que só em Julho, as receitas do jogo em Macau caíram 94,5 por cento, em relação a igual período de 2019, segundo dados divulgados este sábado pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Os números apontam ainda que nos primeiros sete meses do ano as perdas dos casinos em relação ao ano anterior foram de 79,8 por cento, resultado que se justifica pelo impacto da pandemia do novo coronavírus, num território com fortes restrições nas fronteiras para conter a covid-19.
João Santos Filipe Manchete SociedadeQuatro detidos após burla de 10,6 milhões com notas falsas O proprietário de uma sala VIP viu um empregado ser burlado, depois de lhe ter dado instruções para trocar 10,6 milhões de dólares de Hong Kong em fichas de jogo por dinheiro vivo [dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) anunciou ontem a detenção de quatro pessoas, duas em Macau e duas no Interior, após ter sido alertada para uma burla que envolveu 10,6 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) em fichas de jogo. O caso aconteceu na passada sexta-feira, quando um empregado de uma sala VIP, a mando do patrão, tentou trocar fichas de jogo no valor de 10,6 milhões de HKD por dinheiro vivo. Depois da operação, o proprietário da sala VIP encontrou na internet um indivíduo local que se disponibilizou a fazer a troca, com uma taxa de câmbio que a PJ descreveu como “atractiva”. O encontro ficou assim marcado para o dia 28 de Agosto, na Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, perto das Portas do Cerco. Na data combinada, por volta das 22h, o empregado da sala VIP encontrou-se com dois indivíduos do Interior, que lhe entregaram o dinheiro a troco das fichas. Contudo, quando a vítima se preparava para contar as 9.949 notas de 1.000 dólares de Hong Kong recebidas, os dois indivíduos fugiram e entraram imediatamente num táxi. Este comportamento levou a vítima a suspeitar do sucedido até que percebeu que apenas 40 das 9949 notas eram verdadeiras. As restantes eram notas falsas, do tipo que normalmente são utilizadas pelas instituições bancárias para treinar trabalhadores. Com apenas 40 mil HKD na mão, e sem as fichas no valor total de 10,6 milhões HKD, o indivíduo alertou as autoridades para o sucedido. Rede criminosa Através do sistema de videovigilância Olhos no Céu, as autoridades identificaram o táxi que transportou os dois homens do Interior para a fronteira. Ao mesmo tempo, a PJ conseguiu perceber que os homens entraram numa casa-de-banho pública nas Portas do Cerco e que entregaram o dinheiro a um indivíduo local, antes de saírem da RAEM para o Interior. Com as fichas, o residente acabou por abandonar o local numa carrinha de sete lugares que abandonou no parque industrial do Cotai. Através da matrícula, a PJ foi capaz de identificar o homem, mas apenas procedeu à detenção no dia seguinte. O suspeito foi capturado quando voltou ao lugar onde tinha a carrinha, para reconhecer as fichas de jogo, que tinham ficado a noite toda na viatura. Interrogado pelas autoridades, o residente de 34 anos, que se encontra desempregado, negou ter cometido o crime. Porém, as autoridades acreditam que é o cabecilha de uma associação criminosa, montada para esta burla. Também o taxista que conduziu as duas pessoas do Interior para as Portas do Cerco foi identificado e detido na zona do Fai Chi Kei. À PJ admitiu ter recebido instruções do “cabecilha” para conduzir os dois residentes do Interior e deixar o local. Quanto aos moradores do Interior acabaram por ser detidos pela polícia do outro lado da fronteira, no âmbito do “acordo de cooperação, mas até ontem não tinham sido entregues a Macau. Os dois residentes da RAEM foram ontem conduzidos ao Ministério Público e estão indiciados pela prática dos crimes de associação criminosa, que envolve uma pena de prisão que pode chegar aos 12 anos, e de burla de valor consideravelmente elevado, punido com uma pena até 10 anos de prisão.
Hoje Macau SociedadeMalásia | 70 alunos sentem-se “desamparados” por não poderem regressar à UM [dropcap]C[/dropcap]erca de 70 alunos da Malásia a estudar na Universidade de Macau (UM) dizem sentir-se “desamparados” por não poderem voltar ao território, noticiou o jornal Orange Post. Os estudantes pediram apoio aos Serviços de Saúde de Macau (SSM), ao Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Externos (GPRPAE) do Governo e aos serviços consulares do seu país para poderem regressar à UM, mas o seu pedido foi recusado. Os SSM explicaram, segundo o jornal, que este se trata “de um caso excepcional que não corresponde ao interesse público”, enquanto que o Gabinete de Protocolo adiantou que a UM disponibiliza o ensino à distância. No entanto, um aluno disse ao Orange Post que as regras de funcionamento do ensino à distância são pouco claras, sendo difícil a organização das aulas e trabalhos com os professores. O mesmo aluno frisou que a diferença horária dificulta todo o processo de coordenação, temendo dificuldades na atribuição de notas com este sistema. A 29 de Julho a UM anunciou a continuação do ensino online para todos os alunos estrangeiros que não conseguem viajar para Macau devido à pandemia. Segundo os dados relativos ao primeiro semestre do actual ano lectivo, há 206 alunos estrangeiros [que não são oriundos da China, Hong Kong, Macau e Taiwan], constituindo 1,89 por cento do total de alunos matriculados na universidade.
Hoje Macau SociedadePaíses lusófonos exportam menos 20,8% para Macau nos primeiros sete meses do ano [dropcap]O[/dropcap]s países lusófonos exportaram menos 20,8% para Macau entre Janeiro e Julho, em relação a igual período de 2019, anunciou hoje a Direção de Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC). Os países de língua portuguesa exportaram para o antigo território administrado por Portugal mercadorias no valor de 400 milhões de patacas, de acordo com um comunicado. Em contrapartida, o bloco lusófono importou produtos no valor de nove milhões de patacas, um aumento de 807,3%, em relação a igual período do ano passado. Nos primeiros sete meses deste ano, Macau exportou mercadorias no valor de 6,18 mil milhões de patacas, menos 17% em termos anuais. A região administrativa especial chinesa importou menos 24,7%, ou 36,89 mil milhões de patacas, comparativamente ao período homólogo de 2019. O défice da balança comercial nos sete primeiros meses do corrente ano cifrou-se em 30,71 mil milhões de patacas, menos 10,86 mil milhões de patacas em termos anuais. O valor total do comércio externo de mercadorias foi, no período em análise, de 43,07 mil milhões de patacas, ou menos 23,7%, em relação aos 56,40 mil milhões de patacas registados no mesmo período de 2019.
Pedro Arede Manchete SociedadeCriança vítima de maus tratos em creche Circula nas redes sociais o caso de uma criança alegadamente ferida na creche Sun Child Care Centre, na Taipa. Os maus tratos foram revelados pela própria mãe, através de uma fotografia onde podem ser vistos vários hematomas. O IAS contactou a creche e o caso está a ser investigado pela polícia. Dois outros casos terão sido ignorados pela mesma instituição em Julho [dropcap]U[/dropcap]ma criança que apresenta marcas de hematomas no corpo é suspeita de ter sido vítima de maus tratos na creche Sun Child Care Centre, na Taipa. O caso veio a lume depois de a mãe ter divulgado o caso nas redes sociais, partilhando uma fotografia onde é possível ver várias nódoas negras nos braços da criança. De acordo com o jornal All About Macau este é o terceiro caso a ser reportado no mesmo estabelecimento de ensino, que pertence ao Grupo Sun City, sendo que as primeiras queixas foram feitas no início de Julho. Segundo a mesma fonte, nos dois primeiros casos, depois de dado o alerta não se procurou averiguar as situações, por falta de provas. Contudo, o terceiro caso provocou um eco tal nas redes sociais que levou o Instituto de Acção Social (IAS) a tomar uma posição sobre o assunto, confirmando a ocorrência e que está em curso uma investigação. “O IAS adoptou imediatamente uma série de medidas para o respectivo acompanhamento e tratamento, incluindo: entrada activa em contacto com os encarregados de educação da respectiva criança e deslocação à respectiva creche para saber junto do responsável a causa e a situação dos ferimentos da criança”, pode ler-se no comunicado emitido ontem. Dado que o caso já entrou em fase de “procedimento judicial”, o IAS, que se encontra a “colaborar de forma estreita com a Polícia na investigação”, não adianta mais explicações sobre o caso. Contactada pelo HM, Melody Lu, professora do departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM) considera tratar-se de uma situação “alarmante” por terem aparecido vários casos na mesma creche, sem que nada tivesse sido feito. Para evitar que situações semelhantes voltem a acontecer, a investigadora defende ser urgente criar um sistema centralizado, dedicado aos maus tratos de crianças. “Devia existir um mecanismo sistemático, porque surgiram vários casos na mesma instituição e eles continuam de portas abertas, por isso é alarmante. Acho que é preciso criar um sistema integrado à semelhança da violência doméstica, onde existe uma linha directa e uma base de dados centralizada para facilitar a coordenação (…) e assegurar que, se há uma queixa, a autoridade indicada dá seguimento ao caso. Porque alguns casos podem ser reportados à polícia ou ao IAS e não há ninguém responsável por monitorizar este tipo de práticas nas creches”, partilhou. Sobre as consequências para a criança, tratando-se de uma situação recente e não recorrente, a investigadora é da opinião que não deverão existir impactos psicológicos a longo prazo. Atenção aos sinais Já Nair Cardoso, directora da Creche Internacional de São José (CISJ) diz estar “chocada” com e considera que “deveria ter existido mais comunicação entre a família e a creche”, pois a criança “não aparece assim de um dia para o outro”. Comentando as imagens que circulam nas redes sociais, a responsável considera que é difícil não estarmos perante um caso de maus tratos, até porque “há nódoas negras recentes e outras que parecem ter sido feitas há mais tempo”. “Há situações que não são maus tratos propositados, é negligência ou falta de experiência, mas pelas fotografias tudo aponta que se trata de um caso de maus tratos”, referiu. Sobre o modo de lidar com este tipo de situações, Nair Cardoso aponta que é fundamental que os pais estejam atentos a todos os sinais e que os reportem às creches “ao mínimo sinal de desconfiança”. “Mesmo que a criança seja muito pequena e não se consiga expressar é importante haver diálogo e saber o que é que aconteceu na escola, por exemplo, através de histórias que se contam à noite antes de ir para a cama ou pequenas brincadeiras que permitem perceber se a criança é maltratada ou não.” Para a directora da CISJ, o caso “é um trauma muito grande”, que vai afectar a criança no futuro, “mesmo que ao nível do subconsciente e na memória a longo prazo”.
Salomé Fernandes Manchete SociedadeTUI vai para o edifício do antigo tribunal Afinal, o edifício do antigo tribunal vai voltar a ter ligações à justiça. André Cheong avançou que está a ser planeado usar o espaço para o Tribunal de Última Instância. Ainda não se sabe onde ficará a nova Biblioteca Central, mas foram deixadas garantias de que será na península [dropcap]E[/dropcap]stá previsto que o edifício do antigo tribunal na Praia Grande vá ser utilizado para o Tribunal de Última Instância (TUI) e o gabinete do TUI. “Tendo o Governo considerado que o antigo tribunal tem as suas características arquitectónicas e pretendendo preservar as suas características históricas, esperamos que essa construção possa ser utilizada pelos órgãos judiciais”, avançou o secretário para a Administração e Justiça na sexta-feira. André Cheong justificou o recuo em usar a Zona B dos novos aterros para um “campus de justiça” com o aumento da reserva de terrenos. “Uma vez que o [arrendamento] de escritório privados tem sido uma grande problemática para o Governo, queremos proporcionar instalações próprias para os serviços públicos, e por isso tínhamos a concepção da Zona B como zona de edifícios governamentais, administrativos e órgãos judiciários. Agora, com o reaver de vários terrenos ano aproveitados, a reserva de recursos de solos é relativamente mais abundante e fizemos uma análise mais integrada do melhor aproveitamento dos terrenos, daí que a Zona B vá ter uma outra finalidade”, descreveu. Apesar disso, o secretário frisou que todos os órgãos judiciários deixarão de funcionar em escritórios privados. Sobre o aproveitamento da Zona B, André Cheong salientou que a consulta do Plano Director começa esta semana e que se vai ouvir a população para ultimar a versão desse plano. Questionado sobre as Zonas C e D do Lago Nam Van, o secretário afirmou que ainda é preciso um plano melhor sobre a integração e aproveitamento dos terrenos, mas tentou tranquilizar o público sobre a preservação da paisagem. “Não têm de se preocupar com as Zonas C e D, se serão construídos edifícios arranha céus e assim obstruído o corredor visual. (…) Vamos seguir estritamente as exigências do património”, garantiu. Alternativa em Macau O antigo tribunal era para ser ocupado pela nova Biblioteca Central. André Cheong indicou que a alteração de planos se deveu em parte às limitações físicas das instalações, dando como exemplo o parque de estacionamento. E apontou que pode haver “alternativas melhores” à construção da biblioteca. Apesar de não revelar que espaços estão em cima da mesa, deixou uma garantia. “A nova Biblioteca Central não será senão na Península de Macau. Pretendemos que seja um local mais perto da população, da zona residencial, e assim a população pode usar a biblioteca com certa regularidade e frequentá-la mais”.
Pedro Arede SociedadeMemória | Pastelaria tradicional continua a fazer história apesar da pandemia A receita tem décadas e, noutros tempos, os biscoitos só podiam ser comprados aos vendilhões. Fundada em 1957, a Pastelaria Chui Heong faz parte da moldura da Rua do Gamboa, no Porto Interior. Sem filas de turistas devido à pandemia, o espaço continua a subsistir e a reinventar-se. Com 83 anos, a vida da Senhora Lai, fundadora da casa, cruza-se com a história de Macau [dropcap]A[/dropcap] textura é seca como o baque que se ouve ao entrar. Madeira contra madeira. Sobre o balcão de ferro, pirâmides de areia doce à espera de ser desmoronadas. O método é o mesmo há anos. Primeiro entram as amêndoas. Depois, a areia conquista o resto do espaço dentro dos moldes, que mais parecem barquinhos de três lugares. A espátula trata de acondicionar a mistura. O excesso é retirado ao ritmo das batidas bambas de uma baqueta preta, que serve também para garantir a consistência. O processo repete-se por mais pares de mãos. Aos três de cada vez, os protótipos de biscoitos são meticulosamente plantados numa rede que se prepara para dançar em vários fogareiros de carvão que, lentamente, e à vez, tratam de conferir aos biscoitos a sua cor e textura final. Está sempre calor neste estaleiro. Ventoinhas forram as paredes e, ao entrar, é impossível não reparar no pequeno altar desordenado e encrustado entre o espelho, tabuletas de preços, umas chaleiras e a entrada para a cozinha, que serve apenas para dar alguma privacidade a quem lá trabalha. Apesar de apertado, nos dias que correm, dá para circular com algum à vontade dentro da Pastelaria Chui Heong e isso é estranho. Bastaria recuar ao início de Janeiro para observar o rebuliço e as filas de turistas que se alongavam ao passeio da Rua do Gamboa, no Porto Interior, à espera da sua vez para usar os dois metros quadrados de área útil no interior da loja, para fazer os pedidos. Na altura, tal era a procura, que os pasteleiros não tinham mãos a medir e seria normal os biscoitos de amêndoa saírem quentes directamente da feitura para as mãos dos compradores. Chegou a covid-19 e passou a ser normal servir biscoitos já frios. As filas desapareceram com a procura, e foram fixados turnos definidos para o fabrico das diferentes especialidades. A fundadora do espaço é Lai Oi Chan, uma mulher de fibra, com 83 anos de idade, que viu Macau com vários olhos. Apesar de já não ter intervenção directa na gestão da pastelaria e estar já reformada, continua a dar ordens sempre que lá passa. Foi sentada debaixo do pequeno altar vermelho em honra do Imperador de Jade, que recordou como eram os dias em que começou a vender biscoitos, mesmo antes da loja na Rua do Gamboa ser uma realidade. Teria pouco mais de 20 anos quando a rotina diária era vender as várias especialidades produzidas pelo marido, a vendedores ambulantes de café, espalhados por Macau. A fome existia e era preciso fazer escolhas. Todos os dias, bem cedo pela manhã, Lai colocava uma vara ao ombro, com largos bidons de ferro, tipo jerrican, fixados nas extremidades, onde transportava biscoitos, de vendilhão em vendilhão. Às costas, era normal o seu primeiro filho, ainda bebé, fazer-lhe companhia durante as vendas. O peso era aliviado aos 8 e 9 centavos por biscoito, cada vez que fazia negócio. Os vendedores de café, por sua vez, davam o produto aos clientes em troca de 10 centavos. “Todos os dias caminhava a pé com o meu bebé às costas. Um dia, ia para perto da rua de São Lourenço, noutro para o bairro de San Kio ou, às vezes, para a zona da Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida. Mais tarde, já crescidos, os meus filhos passaram a cuidar dos irmãos mais novos e era menos um peso para mim. No entanto, naquela altura não era fácil ganhar o suficiente para comer uma refeição. Preferia não almoçar ou jantar para que os meus filhos pudessem ter uma boa refeição”, conta ao HM. A matriarca da casa Chui Heong recorda os anos 50 do século passado, com muita gente a mendigar nas ruas. “Antigamente, a vida era muito difícil em Macau e a cidade bastante pobre. Nas ruas, era possível ver pessoas agachadas a pedir esmola, pois não tinham nem comida, nem casa”, lembra Lai. “Hoje em dia, Macau está melhor e eu sou feliz por termos trabalho e refeições para comer”, acrescentou. Quem está, está! Os pasteleiros são os únicos que continuam de pé. Mais uma cesta de biscoitos é colocada a arrefecer depois de passados pelo carvão. O calor não dá sinais de abrandar, enquanto os restantes funcionários continuam à espera que alguém passe a porta. Outros aproveitam para almoçar. A calma é interrompida quando um casal decide entrar. Chegaram de mota. À saída, um saco em cada mão, cheios de caixas de biscoitos. Chao é um cliente habitual que conhece a Pastelaria Chui Heong desde que se lembra. “Os biscoitos são deliciosos e o aroma tradicional. Já quando era criança havia filas. Moro nas Portas do Cerco e, nos últimos anos, tenho comprado sobretudo para levar aos meus amigos do Interior da China”, disse. Confrontado com a realidade actual, onde os clientes que entram a cada hora se contam pelos dedos das mãos, admite que aquela rua está agora irreconhecível, mas que, por isso, tem aproveitado para lá voltar mais vezes. “Normalmente são os turistas que costumam ficar na fila, apesar de haver sempre clientes locais. É uma loja com bastante fama que fica numa zona comunitária, por isso muitos moradores acabam por vir comprar. Eu, como não quero ficar na fila, só entro quando passo de mota e não vejo que não tenho de esperar, como agora”, sublinha. Casamentos e receitas O discurso dá a volta e a tempos repete-se, mas termina normalmente com um sorriso no final de cada frase. Ao todo, são cinco os filhos de Lai Oi Chan, todos nascidos em Macau, após ter vindo com o marido da sua terra natal, Shiqi, na cidade de Zhongshan, província de Guangdong. Com 18 anos casou-se numa união combinada entre os seus pais e os pais do futuro marido, Lei Kai Ioc. Naquela altura, recorda Lai, “ainda se transportava a noiva numa cadeira vermelha até junto do noivo, levada em braços por quatro pessoas”. Pouco tempo depois de casarem, trataram dos vistos para vir para Macau, onde se fixaram num pequeno apartamento situado na Rua da Prainha. No mesmo edifício alugaram um pequeno espaço para começar a produzir os biscoitos que viriam, mais tarde, a ganhar fama. Estávamos em 1957 e a pastelaria Chui Heong era oficialmente fundada pelo casal. Para manter o sustento do lar, o marido trabalhava todos os dias até à meia-noite no fabrico das especialidades antes de Lai sair de manhã para fazer negócio. “Erámos poupados porque precisávamos de garantir o nosso sustento. O meu marido dedicou-se durante vários anos a melhorar a receita e os métodos de produção dos biscoitos. Ao longo do tempo foi investigando como podia melhorar o que fazia e descobriu que, se os biscoitos fossem bonitos, havia mais pessoas a comprá-los”, conta Lai. E assim foi. As receitas produziram biscoitos cuja qualidade passou de boca em boca, não tardando a fazer parte da compra assídua de moradores, vizinhos, familiares e conhecidos. O negócio vingou e, depois de uma passagem prévia pela Rua do Barão, com o apoio de familiares, surgiu a oportunidade, já nos anos 80, de comprar outro espaço na Rua do Gamboa, onde, até hoje, mora a Pastelaria Chui Heong. Sem segredos A Pastelaria Chui Heong emprega, no total, 12 funcionários. Na ausência do marido, entretanto falecido, quem assume as rédeas do espaço é Lei Chi Iong, um dos filhos. Questionado sobre qual o segredo para continuar a encher as medidas dos clientes, sejam turistas ou locais, Lei diz não haver nada a esconder e que apenas é privilegiada a utilização de matérias primas de qualidade. “Não temos qualquer segredo, apenas fazemos questão de utilizar ingredientes bons para alcançar o melhor sabor possível. Para o fabrico utilizamos ingredientes simples como ovos, açúcar, pasta de amendoim, óleo e farinha de feijão mungo”, explica o filho de Lai Oi Chan. Da oferta disponível, a bolacha de amêndoa é a mais popular, mas também há noz, com gema de ovo e carne de porco. Quanto ao impacto provocado pela covid-19, Lei Chi Iong não tem dúvidas que o negócio “está muito pior”, sobretudo pela falta de turistas oriundos do Interior da China e de Hong Kong. Por outro lado, revela que a pandemia tem levado o negócio a tirar partido das novas tecnologias para continuar a vender. “Antes da pandemia vendíamos mais de 400 caixas de biscoitos por dia, e agora vendemos apenas algumas dezenas, ou seja, passámos de uma facturação diária situada entre as 20 e as 30 mil patacas, para receitas de 1.000 ou 2.000 patacas. Graças à pandemia tivemos de recorrer a ferramentas como o Facebook e o WeChat para fazer negócio online”. Apesar das dificuldades, Lei, ao leme do negócio desde que abandonou o emprego num casino, garante que, para já, “não tem planos para despedir funcionários” ou “reduzir horários”. Com o equilíbrio de um optimismo racional, espera que a situação melhore ainda este ano, quando os turistas do interior da China começarem a aparecer no estabelecimento em maior número. Quanto ao negócio, Lei admite a evoluir os processos “já bem diferentes do modelo conservador do passado”. “Vou continuar a mudar”, remata. O produto, esse, vai continuar a ser o melhor, garante.
Hoje Macau SociedadeOcupação hoteleira em Macau cai 81 pontos percentuais em Julho [dropcap]A[/dropcap] ocupação hoteleira em Macau foi de 12,1% em Julho, menos 81 pontos percentuais em relação ao período homólogo de 2019, anunciou hoje a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Em Julho, os 114 hotéis e pensões abertos ao público no território hospedaram 152 mil pessoas, menos 87,9% em relação ao mesmo mês de 2019, segundo um comunicado da DSEC. Os hotéis de cinco estrelas sofreram o maior impacto face à ausência de turistas, devido à pandemia de covid-19, com a taxa de ocupação a ficar-se pelos 7,8% no último mês, menos 86,2 pontos percentuais em termos anuais. Devido às restrições fronteiriças, o número de hóspedes da China (55 mil) e de Hong Kong (11 mil) desceu mais de 90%, em termos anuais, acrescentou a DSEC na mesma nota. Em compensação, o número de hóspedes locais (81 mil) cresceu 49,5%, já que os hotéis continuaram a realizar promoções de pacotes de alojamento para residentes. No mês de Julho, “não se registou nenhum visitante em excursões no território”, devido “à suspensão da emissão de vistos turísticos aos residentes do interior da China”, reativada apenas esta quarta-feira, e “à proibição da entrada de visitantes de outros países”. Nos sete primeiros meses do ano, a taxa de ocupação média de quartos de hotéis e pensões foi de 25%, uma redução de 66,4 pontos percentuais relativamente ao mesmo período do ano anterior. No período em análise, os hotéis e pensões hospedaram 1.983.000 pessoas, menos 75,7% em relação aos primeiros sete meses do ano anterior, indicou a DSEC. Em 2019, mais de 14 milhões de pessoas ficaram alojadas nos hotéis e pensões de Macau. Na quarta-feira, foram retomados os vistos turísticos da província de Guandgong, de onde vem a maioria dos jogadores nos casinos, uma medida considerada essencial para a recuperação económica do território, já que as receitas do jogo representam cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) de Macau. Se a situação se mantiver estável em termos de contágios, a China já indicou que planeia autorizar em todo o país a emissão de vistos turísticos para Macau a partir de 23 de Setembro. O território contabilizou 46 casos da doença desde final de Janeiro, não tendo registado transmissão comunitária, nem contando atualmente com nenhum caso activo.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau Legend anuncia perdas de 569,47 milhões de dólares de HK no primeiro semestre [dropcap]O[/dropcap] grupo Macau Legend anunciou perdas de 569,47 milhões dólares de Hong Kong no primeiro semestre de 2020, devido à crise económica derivada da covid-19. O grupo, que opera vários casinos em Macau sob a bandeira da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, anunciou ainda uma receita de 364 milhões dólares de Hong Kong, de acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira. No mesmo período do ano passado, o grupo tinha registado receitas de 1,08 mil milhões dólares de Hong Kong. A Macau Legend é uma empresa com investimentos na agricultura, banca, casino e hotelaria, estando actualmente a desenvolver um projeto turístico em Cabo Verde. Em relação ao projecto de turismo no país, a empresa indicou que a construção do novo complexo hoteleiro e de casino está em curso “embora afectada pelas medidas preventivas da covid-19”. “O Grupo irá trabalhar com o Governo local e empreiteiros para prosseguir com a construção de uma forma mais eficaz e económica”, salientou na mesma nota. Aquando da apresentação dos resultados do primeiro trimestre, em março, o grupo anunciou que previa inaugurar no final de 2021 o hotel-casino na cidade da Praia, em Cabo Verde, depois de em 2019 ter previsto a conclusão da obra para o final de 2020. No início do mês de agosto, o Governo cabo-verdiano admitiu que a pandemia de covid-19 deverá atrasar a conclusão do hotel-casino que o grupo Macau Legend está a construir na Praia, mas disse acreditar que o investimento não está em causa. Em declarações à agência Lusa, o ministro do Turismo cabo-verdiano, Carlos Santos, garantiu que tal como o empreendimento que o grupo está a implantar entre o ilhéu de Santa Maria e o litoral da Praia, os grandes investimentos no setor turístico em Cabo Verde não foram colocados em causa pelos promotores, até ao momento, apesar das consequências da covid-19. Em 2015, o responsável do Macau Legend David Chow assinou com o Governo cabo-verdiano um acordo para a construção do empreendimento, tendo sido lançada a primeira pedra do projeto em fevereiro de 2016. Trata-se do maior empreendimento turístico de Cabo Verde, com um investimento global previsto de 250 milhões de euros – cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano – para a construção de uma estância turística no ilhéu de Santa Maria, que cobrirá uma área de 152.700 metros quadrados, inaugurando a indústria de jogo no arquipélago. A obra envolve a construção de um hotel com ‘boutique casino’, de 250 quartos, uma grande piscina e várias instalações para restaurantes, bares e estabelecimentos comerciais, além de uma marina. Contudo, uma minuta de adenda ao acordo entre a empresa e o Governo cabo-verdiano, de abril de 2019, refere que, “considerando que, face à evolução da envolvente nacional do empreendimento nos últimos dois anos, o promotor sugeriu, e o Governo entendeu aceitar, uma proposta de realização do projeto de investimento por fases”. Assim, nesta primeira fase do projeto, que devia estar concluída dentro de 22 meses, serão investidos 90 milhões de euros. O empresário David Chow recebeu uma licença de 25 anos do Governo de Cabo Verde, 15 dos quais em regime de exclusividade na ilha de Santiago. Esta concessão de jogo custou à CV Entertaiment Co., subsidiária da Macau Legend, o equivalente a cerca de 1,2 milhões de euros. A promotora recebeu também uma licença especial para explorar, em exclusividade, jogo ‘online’ em todo o país e o mercado de apostas desportivas durante dez anos.
Hoje Macau Manchete SociedadeChina cria ‘lista negra’ de destinos de jogo no estrangeiro Pequim anunciou na quarta-feira a criação de uma ‘lista negra’ de destinos turísticos de jogo por perturbarem a “ordem comercial do mercado de turismo no estrangeiro da China”. Apesar de ainda não se conhecerem os países abrangidos, analistas do sector entendem que a medida pretende controlar apostas online e a actividade dos junkets no Sudeste Asiático [dropcap]“M[/dropcap]acau não é considerado estrangeiro”, disse à Lusa o analista da consultora de jogo IGamix Ben Lee, numa alusão ao comunicado das autoridades chinesas. A China não identificou os países incluídos nesta ‘lista negra’, contudo, Ben Lee disse acreditar que as Filipinas e o Camboja poderão estar abrangidos devido ao jogo online, que as autoridades chinesas têm tentando combater. Lee considerou que a ideia das autoridades chinesas é estancar as apostas online que “estão totalmente descontroladas”, um desejo há muito almejado por Pequim e que tem sido motivo para pressão diplomática. Recorde-se que no ano passado, as entidades cambojanas comprometeram-se em deixar de emitir autorizações para serviços de apostas online, prática que demonstraram querer diminuir progressivamente até expirarem as licenças em vigor. O Governo chinês tentou também interceder junto das autoridades das Filipinas, nomeadamente para controlar o jogo transmitido por vídeo e as apostas online, pedido que não foi bem-recebido com o governo de Duterte a sublinhar que essa seria uma decisão soberana que apenas caberia às Filipinas. Ordem perturbada De acordo com o comunicado do Ministério da Cultura e do Turismo chinês, “algumas cidades estrangeiras abriram casinos para atrair turistas chineses, perturbando a ordem comercial do mercado de turismo da China no estrangeiro e pondo em perigo a segurança pessoal e patrimonial dos cidadãos chineses”. Por essa razão, foi estabelecida uma ‘lista negra’ de destinos turísticos transfronteiriços de jogo, e serão tomadas “medidas restritivas de viagem contra cidadãos chineses que viajam para cidades estrangeiras e locais” na referida lista, justificaram as autoridades chinesas. Em declarações ao jornal de Macau Exmoo, o membro da Associação de Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau Lam Kai Kong considerou que esta medida das autoridades chinesas está de acordo com a política do país e “destina-se a desencorajar a saída excessiva de capital”. Ao mesmo jornal, o professor associado do Instituto Politécnico de Macau Loi Hoi Ngan afirmou que esta “política não é dirigida a Macau” “Se o Continente quer regular Macau, há muitas formas de o fazer, e não há necessidade de recorrer a um método tão criterioso como a ‘lista negra’, que se acredita ser dirigida a regiões estrangeiras com casinos”, observou. Uma nota da JP Morgan, citada pelo portal GGRAsia, avança na mesma direcção. “Macau não é considerado um mercado de jogo no estrangeiro pelo Governo Central. Macau faz parte da China e o jogo é perfeitamente legal na região.” Citada pela a mesma fonte, a consultora Union Gaming Securities LLC foi mais longe, em termos de repercussão da medida no mercado local. “Ao mesmo tempo que a lista negra exclui Macau, enquanto região administrativa especial da China, a potencial disrupção do mercado de junkets poderá prejudicar a recuperação do jogo VIP a curto-prazo. Muitos junkets operam em Macau e em jurisdições estrangeiras”. Opinião de Leong Leong Sun Iok acha que Macau, como única região da China onde o jogo é legal, não será incluído na lista negra, de acordo com declarações prestadas ao jornal Ou Mun. Com o mercado dos casinos a acumular anos sucessivos de ganhos milionários, o deputado entende a criação de inúmeros casinos em países vizinhas da China, porque a maioria dos clientes são chineses. Porém, sublinhar ao Ou Mun que o jogo transfronteiriço é um fenómeno gerador de crimes como de burla, de branqueamento de capitais, de sequestro, de organização criminosa e de agiotagem. O legislador entende que a medida tomada pelo Governo Central vai beneficiar o desenvolvimento saudável do sector do jogo de Macau.
Andreia Sofia Silva SociedadeConstrução civil | Chinesa CCCC compra 30 por cento da Mota-Engil A construtora portuguesa Mota-Engil anunciou ontem a venda de 30 por cento do grupo a um “novo parceiro”, que a imprensa portuguesa diz tratar-se da empresa pública chinesa CCCC. O negócio estava a ser preparado desde Dezembro e levou à valorização da companhia [dropcap]É[/dropcap] mais uma entrada de capital chinês na economia portuguesa. O grupo Mota-Engil, ligado ao sector da construção civil, anunciou ontem a venda de 30 por cento das acções a um “novo parceiro” de renome mundial, que os jornais portugueses Observador e Jornal de Negócios confirmaram tratar-se da CCCC, empresa pública chinesa. O negócio estaria a ser discutido e ultimado desde Dezembro, conforme noticiou a agência Bloomberg. O Observador escreve que o acordo valoriza a Mota-Engil a um preço muito acima do actual valor da empresa no mercado. A avaliação base aponta para 750 milhões de euros, estando previsto “um acordo de parceria e investimento com o grupo português para desenvolver um conjunto de oportunidades comerciais”. Por sua vez, a CCCC compromete-se a subscrever uma participação “relevante” num aumento de capital até 100 milhões de novas acções. Com este acordo, a Mota-Engil participações, que actualmente é o maior accionista do grupo, passa a deter apenas 40 por cento da estrutura accionista. Num comunicado citado pelo Observador, a Mota-Engil diz que a manutenção dos 40 por cento sinalizam o “total empenho e alinhamento com a sua posição histórica no grupo, apesar de representar a perda da maioria do capital”. Cotada em bolsa, a Mota-Engil viu ontem as suas acções valorizarem mais de 12 por cento. Infra-estruturas em crise A entrada da CCCC na estrutura accionista da Mota-Engil surge numa altura em que o sector das infra-estruturas em Portugal atravessa uma crise, culminando em vários negócios. Foi o caso da Ascendi, concessionária de auto-estradas, que foi alienada aos franceses da Ardian. Por sua vez, as operações portuárias, que incluem a Liscont, foram vendidas à Yilport, da Turquia. Também o grupo José de Mello vendeu a Brisa, a maior concessionária de autoestradas do país, a vários fundos internacionais.
Salomé Fernandes Manchete SociedadeCovid-19 | Crianças com menos de três anos excluídos de infantários A DSEJ decidiu que os infantários só podem ser frequentados por crianças com mais de três anos de idade, a idade mínima recomendada para usar máscara. A novidade significa que as creches subsidiadas só vão funcionar para as medidas de cortesia [dropcap]A[/dropcap]s crianças com menos de três anos não vão poder frequentar o infantário, anunciou ontem Kong Chi Meng, subdirector dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). O responsável indicou que cerca de mil crianças não poderão frequentar o infantário por não terem a idade mínima. A medida foi justificada por não ser recomendado o uso de máscara por crianças até essa idade. “As crianças vão entrar no infantário quando perfizerem os três anos de idade. Assim, os alunos vão começar as aulas em datas diferentes. Vamos pedir às escolas para serem flexíveis no que toca ao início das aulas destes alunos”, disse Kong Chi Meng. O médico Alvis Lo frisou que uma criança com menos de três anos pode não saber usar ou ter o cuidado necessário com a máscara. E reiterou que, apesar de a situação em Macau ser moderada, as medidas de flexibilidade das fronteiras não podem ser esquecidas: “poderemos ainda contar com um possível risco de contaminação ou infecção”. Por outro lado, o subdirector da DSEJ também explicou que os estudantes transfronteiriços podem fazer o teste de ácido nucleico a partir de amanhã e que o processo de reembolso vai ser simplificado. “Os encarregados de educação (…) não têm de trazer o talão comprovativo do pagamento para obter o reembolso do montante pago. Apenas têm de fazer o registo, levar a criança para o teste e depois iremos tratar do pagamento junto das instituições”, referiu. Em cima da hora O responsável da DSEJ frisou que o organismo tem feito “uma avaliação constante” à situação epidémica e que a necessidade de aguardar por orientações levou a decisões “muito em cima da hora”. Tranquilizou também preocupações com o aproveitamento dos alunos e explicou que o programa curricular vai sofrer ajustes para permitir às escolas adaptarem-se à nova situação. De acordo com o canal chinês da TDM – Rádio Macau, o director da Escola Choi Nong Chi Tai, Vong Kuoc Ieng, disse que a DSEJ devia ter anunciado a medida mais cedo. Ainda assim, considera que, no contexto da pandemia, a medida é compreensível. Por sua vez, o subdirector da Escola Secundária Pui Ching, mostrou-se surpreendido. Kuok Keng Man explicou que no novo ano lectivo a escola tem mais de 160 alunos no nível infantil, e que um quarto não atinge três anos quando começar as aulas. Dada a proximidade da abertura das aulas, o responsável considera que esta política vai causar incómodo aos familiares e aumentar o volume de trabalhos dos professores. Impacto nas creches A decisão também tem impacto no funcionamento das creches, que vão manter apenas as medidas de cortesia. Choi Sio Un, do Instituto de Acção Social (IAS), explicou que as medidas de cortesia vão continuar para os casos de crianças que não têm quem tome conta delas, e que os pais podem apresentar o pedido nas creches subsidiadas. Apresentado o pedido, são as creches a avaliar os destinatários do apoio, de acordo com a circunstância de cada agregado familiar. Previa-se que sete mil crianças fossem este ano às creches subsidiadas, das quais cerca de 1.400 podem aproveitar a medida de cortesia. No entanto, a capacidade permite apenas cerca de mil crianças por dia nas creches subsidiadas. Manter distância A maioria dos 178 estudantes inscritos no ensino superior em Portugal não pretende regressar para continuar os estudos, disse ontem Vong Iut Peng, da DSES. Em causa está a situação epidemiológica no país e medidas de prevenção, além da dificuldade em arranjar transporte para Portugal. Alguns destes estudantes beneficiam de bolsa da Fundação Macau e da DSES. Caso suspendam a matrícula têm de comunicar às instituições. A DSES contactou o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e o Conselho Coordenador dos Institutos Superior Politécnicos, que indicaram que “a maior parte das instituições de ensino superior vão iniciar as aulas do ano lectivo 2020/2021 de forma presencial”. Já os não residentes com visto para estudar em Macau, continuam sem poder voltar ao território, e vão assistir a aulas online. Quinze professores universitários, que são trabalhadores não residentes, também não conseguem voltar a Macau. Quarentena | Primeira isenção requer residência frequente na RAEM A partir de Setembro, a isenção da cobrança da despesa da primeira quarentena é para os residentes que “residem frequentemente em Macau”, ou seja, quem estiveram no território pelo menos 183 dias nos 365 dias antes de entrar na fronteira. A informação foi dada por Lau Fong Chi, da Direcção de Serviços de Turismo (DST). Os residentes que não cumpram o requisito podem requerer isenção se estiverem a estudar com reconhecimento das autoridades locais, internamento hospitalar, por missão oficial, ou se forem trabalhadores a prestar serviço fora de Macau para empregadores inscritos no Fundo de Segurança Social. A DST deixou ainda a ressalva de que apesar de o custo actual ser 5.600 patacas, o valor pode ser ajustado no futuro, de acordo com as ofertas dos hotéis. Ontem 1252 pessoas cumpriam quarentena nos hotéis designados, das quais 497 residentes. Máscaras | Nova ronda começa no domingo A 21ª ronda do plano de fornecimento de máscaras do Governo arranca no domingo. Cada pessoa pode comprar 30 máscaras por 24 patacas, nos postos de venda habituais, segundo revelou o médico Alvis Lo. Na 20ª ronda foram vendidas cerca de 16 milhões, contribuindo para um total de 116 milhões vendidas. No âmbito das medidas de prevenção contra a covid-19, o médico avançou que já foram concluídos os testes de ácido nucleico aos trabalhadores da linha da frente das seis operadoras de jogo. Até dia 26, foram testadas 53.025 pessoas.
Andreia Sofia Silva SociedadeDSEC | Taxa de desemprego regista aumento e cifra-se nos 2,7 por cento [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) divulgou ontem os últimos dados relativos à taxa de desemprego, que foi de 2,7 por cento entre os meses de Maio e Julho. Trata-se de um aumento de 0,2 por cento por comparação aos meses de Abril a Junho deste ano. Já a taxa de desemprego dos residentes situou-se nos 3,8 por cento, um aumento de 0,3 por cento. No geral, a população desempregada era composta por 11.100 pessoas nestes três meses, mais mil face ao período anterior. O número de desempregados à procura do primeiro emprego representou 9,2 por cento do total da população desempregada, ou seja, mais 3,7 pontos percentuais, dado que os novos graduados entraram no mercado de trabalho. A DSEC adiantou também que, “de entre os desempregados à procura de novo emprego, o número dos que trabalharam anteriormente no ramo de actividade económica das lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos foi o que mais aumentou”. Entre Maio e Julho a população empregada foi de 395.400 pessoas, uma redução de 6.500 trabalhadores face aos meses de Abril a Junho, “devido principalmente ao número de trabalhadores não residentes que viviam em Macau ter descido”, explica a DSEC. Registou-se também uma quebra no número de residentes empregados, de 1.600 pessoas. O número de residentes empregados correspondeu a 277.700 pessoas. A DSEC conclui ainda que “o número de residentes empregados das lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos, bem como do comércio a retalho decresceu”. No entanto, “o número de residentes empregados da construção aumentou”.
Hoje Macau SociedadeLojistas de Macau duvidam que reinício de vistos turísticos tragam retoma [dropcap]C[/dropcap]omerciantes do centro histórico de Macau ouvidos pela Lusa duvidam que a vaga inicial de vistos da província vizinha de Guangdong, responsável pela maioria do mercado turístico chinês, garanta a retoma do turismo, devastado pela pandemia. Na Rua Pedro Nolasco da Silva, a poucos metros do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong e da sede da Casa de Portugal em Macau, o senhor Lam, dono de uma loja dos famosos chás, tem o seu estabelecimento praticamente sem clientes e não augura grandes mudanças. “A meu ver, o valor de negócio não vai rapidamente aumentar porque os vistos são só para a província de Guangdong e a maioria dos turistas vem para Macau só para jogar”, conta à Lusa. “A abertura de vistos é uma boa notícia, mas não sei se é fácil serem aprovados”, disse. Neste momento, admite, as suas receitas dão apenas para pagar o aluguer do pequeno espaço, o salário aos funcionários, electricidade e água. Nem o facto de ser período de férias, nem os cartões de consumo que o Governo deu aos residentes para ser gasto no comércio local, ajudou: “Pensava que o negócio ia melhorar, mas …”, desabafa, sem acabar a frase. Lam sabe que se a situação se mantiver estável em termos de contágios, a China planeia autorizar em todo o país a emissão de vistos turísticos para Macau a partir de 23 de Setembro e isso deixa-o moderadamente confiante: “Se a situação da pandemia melhorar no futuro há mais abertura de vistos para mais províncias, mas mesmo assim o negócio não vai aumentar nos próximos dois, três meses”. A tónica do discurso dos vários comerciantes ouvidos pela Lusa foi praticamente sempre a mesma: expectantes, pouco esperançados, a pedirem mais apoios ao Governo e a desejar que 23 de Setembro traga a luz verde para a emissão dos vistos em toda a China. Vistas largas Um pouco mais à frente, já no coração do centro histórico, a Rua de São Paulo, que alberga as famosas ruínas, está praticamente vazia, com apenas alguns residentes de férias ou a aproveitarem o fim da hora de almoço. Nesta zona, provavelmente a mais movimentada do território e que em 2019 recebeu quase 40 milhões de visitantes, um funcionário da loja Feng Cheng Recordação Macau diz que até agora só vendeu 10 por cento em relação ao ano anterior. O número avançado pelo funcionário está em sintonia com os últimos valores avançados pelo Governo: o número de visitantes em Macau caiu mais de 90 por cento em Junho e 83,9 por cento no primeiro semestre, nos primeiros sete meses do ano as perdas dos casinos em relação ao ano anterior foram de 79,8 por cento e a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre foi de 58,2 por cento. “O valor agora pode aumentar agora um pouco com os vistos, mas acho que é impossível voltar para o nível do mesmo período do ano passado”, aposta. Até porque, explica, mesmo com a emissão de vistos, “há uma série de limitações para passar a fronteira, como a obrigação de fazer o teste de ácido nucleico e usar máscara”. Em frente a este estabelecimento de recordações, a loja Kin Seng Mobílias encontra-se também sem clientes e a viver a mesma incerteza. “Por causa da epidemia quase não há nenhum negócio”, evidencia a proprietária, a senhora Sio, atirando logo de seguida: “espero que a situação melhore e com isso mais províncias tenham vistos para cá”.
Salomé Fernandes Manchete SociedadeHouse of Dancing Water | Ex-funcionário apresenta queixa à DSAL Um antigo trabalhador do espectáculo The House of Dancing Water apresentou queixa na DSAL contra a TDAB Sociedade Unipessoal Limitada. Os Recursos Humanos informaram Alastair Pullan de que lhe tinham marcado um voo de regresso a casa, depois de este já ter avisado que pretendia marcar o seu próprio voo e informado que já tinha feito uma reserva [dropcap]A[/dropcap]lastair Pullan trabalhou seis anos no espectáculo The House of Dancing Water. Saiu em Junho, quando teve lugar um despedimento colectivo, e apresentou queixa à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) contra a TDAB Sociedade Unipessoal Limitada, empresa controlada pela Melco que assegura a estrutura operacional do espectáculo. Em causa está o pagamento da viagem para o local da sua residência habitual. Recorde-se que em Junho, a Melco Resorts & Entertainment anunciou suspensão do espectáculo The House of Dancing Water até Janeiro de 2021. Ao mesmo tempo, foram despedidas dezenas de pessoas. A Melco confirmou a eliminação de vários postos de trabalho de trabalhadores não-residentes, mas não divulgou o número total. Quando a sua relação laboral terminou, Alastair Pullan informou que pretendia marcar o seu próprio voo, ficando o pagamento sob responsabilidade da empresa. A lei da contratação dos trabalhadores não residentes (TNR) prevê direitos especiais do trabalhador, um dos quais o repatriamento. É especificado que: “o direito ao repatriamento consiste no direito ao pagamento pelo empregador, no termo da relação laboral, do custo do transporte do trabalhador para o local da sua residência habitual”. No entanto, trocas de e-mails entre as duas partes mostram que a empresa insistiu em marcar o bilhete do voo em vez de reembolsar o ex-funcionário, indicando ser responsabilidade da empresa providenciar a viagem. Na semana passada, Alastair Pullan informou a empresa de que tinha reservado um voo e frisou as regras impostas pelo Reino Unido para viagens, tendo em conta o novo tipo de coronavírus. Descreve também que iria enviar o recibo do voo para ser reembolsado. No dia seguinte, a resposta cingiu-se aos detalhes de um voo distinto que a empresa alegadamente marcou sem o consultar. “Estou a pedir à empresa para me dar dinheiro de forma a poder pagar o meu próprio voo. O voo que pagaram custou 13.000 patacas, e o meu era de 11.200 patacas”, disse Alastair Pullan ao HM. Falta de flexibilidade Na queixa apresentada ontem – uma declaração suplementar a outra que já tinha efectuado há cerca de um mês – explica que a parte patronal lhe deu um bilhete de voo para dia 9 de Setembro, mas que por ter animais domésticos não era uma opção viável. O roteiro mais apropriado era um outro voo que marcou por si próprio. Motivo pelo qual requer à parte patronal que lhe dê antes o dinheiro do custo do regresso. O ex-funcionário do espectáculo acredita que a falta de flexibilidade da empresa se deve a “rancor” contra si, uma vez que sabe de colegas a quem a empresa está a prestar apoio, nomeadamente para assegurar a saída de Macau com animais. “Não fizeram isto comigo, não houve discussão, mesmo depois de lhes ter dito que ia fazer os meus próprios preparativos de viagem, continuaram a dizer que iam marcar um voo. Nem sequer verificaram comigo, simplesmente fizeram-no”, descreveu. Pullan acrescentou ainda que quando confrontou o chefe adjunto dos Recursos Humanos do espectáculo sobre o seu voo ser mais barato, este lhe disse não ser o dinheiro a estar em causa. “Parece estranho dizerem que não é sobre o dinheiro quando acabaram de despedir 100 pessoas e puseram a maioria das pessoas que teve a sorte de ficar a receber a 50 por cento do salário”, disse. Se o caminho agora é tentar chegar a uma solução através da DSAL, não estão excluídas outras opções. “Se não for resolvido através da DSAL estou preparado para agir judicialmente contra a empresa. Tenho um conselheiro jurídico preparado com toda a informação”, disse Alastair Pullan. O HM tentou contactar a Melco, que acusou a recepção das perguntas, mas até ao fecho desta edição não obtivemos comentários.
Andreia Sofia Silva SociedadeEnsino superior | Oito cabo-verdianos finalistas deixam Macau a 4 de Setembro Nuno Furtado, delegado de Cabo Verde junto do secretariado permanente do Fórum Macau, adiantou ao HM que oito estudantes finalistas do ensino superior deixam o território na próxima sexta-feira, dia 4 de Setembro, regressando a Cabo Verde. Quanto aos novos alunos, abrangidos por programas de intercâmbio, terão aulas online até poderem viajar para Macau e para a China [dropcap]U[/dropcap]m total de oito alunos cabo-verdianos finalistas de ensino superior em Macau deixam o território na próxima sexta-feira, dia 4, apoiados pelo Governo do seu país. A informação foi adiantada ao HM por Nuno Furtado, delegado de Cabo Verde junto do secretariado permanente do Fórum Macau, e que tem coordenado o processo de saída destes estudantes. A maior parte dos alunos frequentaram cursos no Instituto Politécnico de Macau (IPM), embora a Universidade de Macau (UM) também tenha acolhido alguns estudantes. No total, 27 alunos terminam as suas licenciaturas, mas muitos deles tiveram aulas online já em Cabo Verde. “Apesar de os estudantes terem concluído o curso em finais de Junho, conseguimos, através dos contactos que fizemos junto do IPM, a autorização para a sua permanência na residência de estudantes até termos uma oportunidade de regresso a Cabo Verde”, adiantou Nuno Furtado. Os voos de regresso serão feitos por Seul, na Coreia do Sul, seguindo-se um segundo voo entre Lisboa e Cabo Verde. “Há muitas limitações para sair de Macau e através de Taipé também não é fácil. O Governo de Cabo Verde financiou a compra dos bilhetes e deu um subsídio para a subsistência destes alunos”, frisou o delegado do Fórum Macau. Quanto aos restantes alunos, que frequentam os segundo e terceiro ano dos cursos, vão continuar em Macau, adiantou o responsável. Intercâmbio no limbo Com um novo ano lectivo prestes a arrancar, os novos alunos abrangidos pelos programas de intercâmbio não poderão voar para Macau nos próximos tempos. “Temos alunos inscritos no curso de tradução e de Administração Pública, mas as orientações que temos da direcção do IPM é para que a sua entrada fique suspensa por um determinado período. Não é aconselhada a sua vinda para Macau”, disse Nuno Furtado. Ainda assim, a frequência dos cursos não fica afectada, uma vez que o IPM irá disponibilizar aulas online. Nuno Furtado encara este processo como “sendo complexo”. “Há muita pressão psicológica, há estudantes que já não contam com a atribuição de uma bolsa, e por isso é que foi necessário conseguirmos junto do Governo de Cabo Verde algum apoio. Até os estudantes macaenses na Europa também enfrentam algumas dificuldades para sair de Macau. Temos de trabalhar num quadro muito bem organizado”, concluiu. Ao HM, o IPM confirmou que os alunos finalistas concluíram os cursos de Ensino da Língua Chinesa como Língua Estrangeira e de Gestão de Jogo e Diversões. Quanto ao intercâmbio, “não ficará suspenso devido à pandemia”, estando previsto o acolhimento de novos estudantes no novo ano lectivo. A UM não respondeu, até ao fecho desta edição, às questões colocadas. A embaixada de Cabo Verde em Pequim está a acompanhar o regresso de 22 estudantes que se encontram na China, também marcado para o início de Setembro. Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, adiantou que há também alunos retidos no Brasil que aguardam o regresso do período lectivo nas universidades, mas estão a ser acompanhados pela rede consular. “Vamos continuar a acompanhar a situação epidemiológica no Brasil, onde em termos da pandemia de covid-19 é muito grave”, admitiu o ministro. O Governo de Cabo Verde garantiu na segunda-feira o repatriamento de um grupo de 140 estudantes cabo-verdianos retidos no Brasil devido à pandemia.
Hoje Macau SociedadeMacau com menos 89,4% de convenções e exposições no segundo trimestre [dropcap]O[/dropcap] número de exposições e convenções realizadas em Macau no segundo trimestre caiu 89,4% em relação ao período homólogo do ano passado, devido à pandemia, anunciou hoje a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Em comunicado, a DSEC informou que se realizaram apenas “38 reuniões, conferências e exposições” no segundo trimestre do ano, “devido ao contínuo impacto gerado pela pandemia”, com o número de participantes e visitantes a cair para 22.000, menos 93,9% em termos anuais. Contas feitas ao primeiro semestre de 2020, “efectuaram-se 152 reuniões, conferências, exposições e eventos de incentivo”, menos 582 eventos que no semestre homólogo de 2019, com o número de visitantes a ficar pelos 102.000, uma queda de 85,2%, segundo a nota. Os resultados estão em linha com a redução do número de visitantes em Macau, que no ano passado registou cerca de 40 milhões de entradas. Segundo os dados mais recentes do Governo, o número de visitantes diminuiu mais de 90% em junho e 83,9% no primeiro semestre, devido à pandemia de covid-19, que levou igualmente à anulação de conferências e exposições. As restrições às viagens levaram mesmo ao cancelamento do maior evento da indústria do jogo em Macau, o Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), anunciou a organização em 13 de agosto, após sucessivos adiamentos, primeiro para julho e depois para dezembro. Nos primeiros sete meses do ano, as perdas dos casinos em relação ao ano anterior foram de 79,8%, com o Produto Interno Bruto (PIB) a cair 58,2% no primeiro semestre. O território registou 46 casos da doença desde final de janeiro, não tendo registado transmissão comunitária, nem contando atualmente com nenhum caso activo. Apesar disso, as entradas no território continuam a ser limitadas, com mais um passo para a abertura progressiva da fronteiras dado hoje, data a partir da qual a província chinesa de Guangdong retoma a emissão de vistos turísticos para Macau, suspensos desde o início da pandemia. A medida é considerada fulcral para a economia do território, já que Guangdong representa 80% das receitas do jogo provenientes de visitantes da China, responsáveis por cerca de 90% do total das receitas, como explicou à Lusa Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix, em meados de julho. Se a situação se mantiver estável em termos de contágios, a China já indicou que planeia autorizar em todo o país a emissão de vistos turísticos para Macau a partir de 23 de setembro.
Hoje Macau SociedadeEstudantes cabo-verdianos em Macau repatriados em setembro [dropcap]P[/dropcap]elo menos 30 estudantes cabo-verdianos retidos na China e em Macau devido à pandemia de covid-19 começam a ser repatriados para Cabo Verde no início de setembro, anunciou o Governo esta terça-feira. Em conferência de imprensa realizada na Praia, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Luís Filipe Tavares, explicou que em Macau estão neste momento retidos oito estudantes universitários, finalistas, com dificuldades no regresso a Cabo Verde. Somam-se mais 22 estudantes na China, que também terminaram os respetivos cursos e vivem com dificuldades, aguardando o repatriamento. Segundo o esclarecimento feito pelo governante, as representações diplomáticas cabo-verdianas estão a apoiar estes estudantes na aquisição de viagens de regresso, que devem iniciar-se a partir de 04 de setembro. Luís Filipe Tavares acrescentou que alguns estudantes cabo-verdianos ainda permanecem também no Brasil, aguardando a retoma do período lectivo nas universidades, mas que estão a ser acompanhados pela rede consular. “Vamos continuar a acompanhar a situação epidemiológica no Brasil, onde em termos da pandemia de covid-19 é muito grave”, admitiu o ministro. O Governo de Cabo Verde garantiu na segunda-feira o repatriamento de um grupo de 140 estudantes cabo-verdianos que estavam retidos no Brasil devido à pandemia de covid-19. O voo chegou ao aeroporto internacional da Praia ao final do dia de segunda-feira, tendo sido organizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde. Cabo Verde está fechado a voos comerciais internacionais desde 19 de março, para conter a pandemia de covid-19, não tendo sido ainda avançada qualquer data para a retoma dessas ligações, que já esteve prevista para julho e depois para a segunda quinzena de agosto. Até ao início deste mês tinham sido realizados 15 voos de repatriamento do arquipélago. Entretanto, desde 01 de agosto que Portugal e Cabo Verde estabeleceram um corredor aéreo para voos essenciais, por motivos de doença, negócios, estudos, profissionais, oficiais e familiares, com a condição de realização de testes de virologia à covid-19 nos dois sentidos. “Estamos a trabalhar para reabrirmos as nossas fronteiras o mais rápido possível. A promessa é abrirmos em agosto, vamos continuar a trabalhar para que assim seja nos próximos dias, de acordo com a programação que nós tínhamos feito”, afirmou anteriormente o ministro Luís Filipe Tavares. Cabo Verde registava na segunda-feira um acumulado de 3.522 casos de covid-19, com 37 mortes.