Pandemia | Conselheiro pede plano para reabertura ao estrangeiro

O membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, António de Jesus Monteiro, solicitou às autoridades que comecem a preparar-se para um novo normal e que assegurem uma transição “segura, harmoniosa e sem sobressaltos”

 

António de Jesus Monteiro, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, apelou ao Governo para formular um plano e avançar com uma data para a abertura da RAEM ao estrangeiro. A intervenção foi feita na quarta-feira, durante uma reunião do Conselho Consultivo, em que o orador alertou para os impactos económicos, sociais e psicológicos das medidas de controlo pandémico.

Segundo o relato do jornal All About Macau, António Monteiro defendeu que as autoridades têm de começar a pensar na vida após a pandemia e “traçar uma meta e data específica para que Macau regresse rapidamente ao ‘normal’ e abra as fronteiras ao estrangeiro e a toda a Grande China”. De acordo com o conselheiro, um planeamento atempado vai permitir que a região possa conviver com o vírus de forma “segura, harmoniosa e sem sobressaltos”.

Sobre o encerramento das fronteiras e as exigentes medidas de quarentena para quem vem do estrangeiro, que contrastam com a bolha de viagem com o Interior, António Monteiro afirmou que a política levanta várias dúvidas entre as comunidades de Macau.

Por outro lado, o membro do conselho traçou um cenário de grande incerteza face ao isolamento a que o Governo conduziu a RAEM. “Alguns residentes questionam se Macau vai permanecer fechada ao mundo exterior até 2030 ou para sempre”, vincou. As medidas de encerramento ao exterior levaram o conselheiro a alertar para os “sérios riscos” para a economia, saúde e qualidade de vida e efeitos psicológicos sobre os residentes.

Mais coerência

Na intervenção antes da ordem do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, António Monteiro apontou igualmente à necessidade de haver uma melhor política de promoção da vacinação. De acordo com o conselheiro, a forma como as autoridades têm lidado com o vírus tem levado a um medo excessivo e também a que várias pessoas “questionem a necessidade e eficácia” da vacinação.

No âmbito destas medidas, Monteiro levantou dúvidas sobre o que disse ser “algum radicalismo” face à detecção de dois ou três casos de covid-19, porque, no seu entender, ao forçar-se o encerramento de estabelecimento comerciais há um impacto muito negativo para a economia, que conduz a um aumento do desemprego. O conselheiro considerou também que o radicalismo face a um reduzido número de casos tem gerado sentimentos de discriminação e xenofobia entre as comunidades de Macau.

Por último, o orador admitiu ter recebido várias queixas de pessoas que acusam as autoridades de terem deixado de responder às dúvidas dos cidadãos nas conferências de imprensa semanais e pediu aos responsáveis que tratem as questões da população e jornalistas de forma mais activa, objectiva e directa.

5 Nov 2021

SJM | Receitas líquidas do 3.º trimestre superam 2,2 mil milhões

A SJM Holdings acumulou no terceiro trimestre deste ano 2.276 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) em receitas líquidas, quase o triplo do valor registado no período homólogo de 2020, quando as receitas somaram 841 milhões de HKD.

Segundo uma nota divulgada ontem pelo grupo, nos primeiros nove meses deste ano as receitas líquidas foram de 7.352 milhões de HKD, perto de 50 por cento a mais em relação ao mesmo período de 2020, quando as receitas foram de 5.113 milhões de HKD.

Quanto aos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, o grupo reportou um resultado negativo de 460 milhões de HKD no terceiro trimestre de 2021, ainda assim melhor do que os 782 milhões de HKD negativos verificados no mesmo período do ano transacto. A nova jóia da coroa do grupo, o Grand Lisboa Palace, apurou 128 milhões de HKD em receitas brutas no terceiro trimestre do ano, destes, 69 milhões de HKD vieram do jogo.

5 Nov 2021

Banca | Depósitos em Setembro caíram 0,9 por cento

Com um total de 669 mil milhões de patacas depositados no mês de Setembro, os depósitos feitos por residentes cresceram 0,2 por cento em relação ao mês anterior. No sentido inverso, os depósitos feitos por não-residentes continuam em queda, menos 3,3 por cento em Setembro, para um total de 384 mil milhões de patacas. Também os depósitos do sector público seguiram tendência descendente, com queda de 0,2 por cento para um montante de 264 mil milhões de patacas.

Feitas as contas, Setembro registou quebras de 0,9 por cento no capítulo dos depósitos no cômputo da actividade bancária, para um total de 1.317 mil milhões de patacas. A maioria destes depósitos foram realizados em dólares de Hong Kong, 52,2 por cento, seguido dos dólares norte-americanos com 21,9 por cento.

Também no capítulo dos empréstimos internos ao sector privado, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) dá conta da descida de 0,7 por cento em Setembro, em relação ao mês anterior. Analisando o crédito para uso económico, ao longo do terceiro trimestre deste ano, os empréstimos bancários relacionados com “comércio por grosso e a retalho” e “construção e obras públicas” aumentaram 4,8 por cento e 4,5 por cento, respectivamente em comparação com o trimestre anterior.

Os empréstimos concedidos ao sector da “electricidade, gás e água” e a “indústrias transformadoras” registaram decréscimos de 6 por cento e 3,8 por cento, respectivamente.

5 Nov 2021

MGM | Operadora confiante na renovação da licença

MGM acredita na renovação da licença para ficar muito anos no território. Quanto às contas do terceiro trimestre, a empresa registou lucros antes de impostos de 100,5 milhões de dólares de Hong Kong

 

A MGM China está confiante na renovação da licença de jogo, no âmbito do concurso de atribuição das licenças do sector em Macau. A posição foi tomada ontem por Bill Hornbuckle, CEO e presidente da MGM Resorts International, empresa americana principal accionista da MGM China, na apresentação dos resultados financeiros.

“Macau continua a ser uma parte importante do nosso negócio, e temos uma grande convicção no sucesso futuro da região. Vamos continuar a trabalhar com o Governo e estamos muito confiantes de que vamos ter a nossa licença renovada”, afirmou Bill Hornbuckle. “Também as discussões que estão a decorrer com o Governo, dão-nos uma maior confiança de que o processo vai ser judicioso e justo”, frisou. “Estamos ansiosos para começar a promover o longo desenvolvimento da indústria do jogo de Macau e apoiar o Governo no objectivo de diversificar economicamente a região”, acrescentou.

As actuais licenças têm validade até ao Verão do próximo ano, podendo ser renovadas anualmente. Contudo, actualmente o Executivo está a compilar os resultados da consulta pública, para depois apresentar uma proposta de lei para no novo concurso de atribuição das licenças.

Com quebras

Em relação ao terceiro trimestre deste ano, a MGM China gerou um EBITDA, ou seja, lucro antes de juros, de cerca de 100,5 milhões de dólares de Hong Kong. Esta diferença representa uma quebra de cerca de 13,3 por cento, face ao segundo trimestre do ano.

Ao mesmo tempo, as receitas foram de 2,25 mil milhões de Hong Kong, no que representa uma redução de 6,8 por cento face ao trimestre anterior.

Apesar das quebras nas receitas gerais a todo o sector, Bill Hornbuckle não deixou de se mostrar confiante naquele que é o maior mercado do jogo a nível mundial. “Estamos confiantes que a região vai acabar por recuperar […] estivemos numa fase em que perdíamos dinheiro e passámos para uma nova fase, onde estamos a ganhar dinheiro outra vez, mesmo que seja só um bocadinho”, explicou. “Estamos de volta aos resultados positivos, e desde que não haja outros acontecimentos que afectem o mercado, temos a esperança que podemos começar a crescer”, sublinhou.

5 Nov 2021

MGM China com quebra de lucros de 13 por cento no 3º trimestre

A MGM China, operadora de jogo com dois casinos em Macau, anunciou hoje uma quebra de 13% dos lucros antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) no terceiro trimestre do ano.

O grupo de maioria de capital norte-americano anunciou um EBITDA ajustado de 101 milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre, comparativamente ao segundo trimestre deste ano. Também as receitas desceram 7% para 2,2 mil milhões de dólares de Hong Kong em relação ao segundo trimestre de 2021, de acordo com o comunicado da empresa.

A empresa salientou a quebra de 26% das receitas brutas dos casinos em Macau em outubro, num reflexo do aumento de casos registados no território e também na China em agosto e setembro.

“O grupo acredita que o ritmo da recuperação de Macau vai continuar a depender de um sentimento mais amplo, bem como do ritmo da vacinação em toda a região, o que, em última análise, conduzirá a uma flexibilização sustentável das restrições de viagem. Macau viu a sua taxa de vacinação aumentar para 67% em outubro, enquanto a taxa de vacinação do MGM atingiu mais de 90%”, indicou o diretor financeiro, Kenneth Fang, no mesmo comunicado.

4 Nov 2021

Mangais | Equipa da USJ estuda impacto na redução dos efeitos de tufões

Uma equipa da Universidade de São José encontra-se a estudar o papel que os mangais podem ter na diminuição do impacto de ondas fortes em caso de tufões e na erosão de zonas costeiras. As autoras do estudo defendem a importância de uma maior reflorestação com mangais em Macau

 

O Instituto da Ciência e Ambiente da Universidade de São José (USJ) está a investigar o papel dos mangais na contenção dos efeitos de fortes ondas em caso de tufões no território e numa menor erosão das zonas costeiras. Este não é o primeiro estudo sobre a matéria, mas é a primeira vez que é desenvolvido em Macau, graças ao trabalho de uma equipa composta por Karen Tagulao e Cristina Calheiros, entre outros investigadores.

Ao HM, Karen Tagulao referiu que a investigação sobre o papel positivo dos mangais em caso de tempestade está ainda na sua fase inicial. “Os mangais não ajudam apenas a limpar a água mas também acumulam dióxido de carbono. São muito importantes na mitigação [dos impactos] das alterações climáticas. No ano passado o projecto continuou a desenvolver-se e agora o nosso foco é [analisar] como é que os mangais podem reduzir o impacto das ondas em caso de tempestade, por exemplo durante os tufões.”

Isto porque, segundo Karen Tagulao, as alterações climáticas levam ao aumento não só do número de tempestades como da sua força. “No caso dos tufões queremos perceber como é que os mangais podem ajudar a reduzir o impacto de fortes ondas em cidades como Macau”, frisou.

Cristina Calheiros, professora adjunta na USJ, adiantou que esta perspectiva ligada aos tufões não é o foco principal deste estudo, mas que a investigação “ajuda a perceber a dinâmica dos mangais”. “Está inerente ao valor dos mangais a protecção da erosão costeira, que agora com as alterações climáticas se está a intensificar. Com esta intensificação, precisamos de soluções que nos ajudem a evitar que haja mais erosão. A nível económico é mais interessante ter mais mangais do que fazer paredões, porque são organismos vivos e adaptam-se às necessidades. Não reduzem os tufões, mas sim os efeitos destrutivos que eles têm sobre a costa.”

Águas mais limpas

A académica Cristina Calheiros explicou também que este estudo está a ser desenvolvido no âmbito do projecto intitulado “Nature-based solutions for a cleaner and safer Macao”, que tem vindo a ser desenvolvido desde 2020.
Além de avaliar o impacto na ocorrência de tufões, este estudo “tem como principal objectivo avaliar a capacidade dos manguezais para remediar a poluição por azoto e fósforo nas águas costeiras de Macau. Os resultados das investigações de campo trarão novos dados sobre a poluição por nutrientes em várias áreas, com e sem mangal, nas águas costeiras de Macau”. A investigação tem sempre um ponto comparativo entre zonas com mangais e sem eles.

Cristina Calheiros explica que “os resultados, até agora, são bastante promissores”, e que os dados preliminares revelam que “a concentração de nutrientes na água é menor em áreas com mangais em comparação com áreas sem manguezais”.

Desta forma, a académica faz um apelo para a preservação do mangal existente, no Cotai, mas também para a necessidade de se “plantar mais mangais ao longo da costa de Macau”.

Karen Tagulao não tem dúvidas de que existe vontade por parte do Governo de apostar nesta preservação. “Pela minha observação a área tem-se mantido estável. Nos últimos dez anos não foi feita nenhuma construção na zona. A eco-zona no Cotai tem vindo a expandir-se, comparando com 10 ou 20 anos atrás, então é um bom sinal. A melhor forma de manter um ecossistema é deixá-lo existir e não fazer nada. E até agora nada foi feito de significativo”, concluiu.

4 Nov 2021

Burla | Desfalcou colega depois de o seduzir com milhões do Governo

Um residente de 30 anos perdeu 74.500 patacas depois de ter sido convencido a criar uma associação de teor educativo que seria elegível para receber 80 milhões de patacas em subsídios do Governo. O suspeito de 20 anos, entretanto detido, falsificou dados informaticamente e burlou ainda outras três vítimas

 

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada segunda-feira, um residente de Macau de 20 anos por suspeitas da prática dos crimes de burla e falsificação informática. Em causa, está um desfalque de 74.500 patacas, referente à cedência de verbas para criar e equipar uma suposta associação de teor educativo, em troca da promessa de lucros provenientes de um alegado apoio governamental de 80 milhões de patacas.

De acordo com informações divulgadas ontem em conferência de imprensa, tudo começou em Outubro de 2020, altura em que a vítima, um residente de Macau de 30 anos, foi abordado pelo suspeito com a proposta de criação da dita associação, reforçando que o empreendimento seria elegível para receber um subsídio do Governo, no valor de 80 milhões de patacas e que, desse montante, seria possível retirar parte das verbas para as suas contas particulares.

Adicionalmente, alegando que, para materializar a criação da associação seria preciso dinheiro para comprar equipamento, o suspeito solicitou à vítima o adiantamento de 74.500 patacas. A vítima acedeu ao pedido e, entre Outubro de 2020 e Abril de 2021, transferiu, parcelarmente, o dinheiro para o amigo.

Partindo da sua iniciativa, em Abril de 2021, o suspeito enviou fotografias de documentos, a comprovar que o pedido de subsídio da alegada associação tinha sido aprovado e, adicionalmente, um comprovativo de transferência de 200 mil patacas para a conta da vítima.

Ao verificar a conta bancária, contudo, a vítima descobriu que não tinha recebido o montante anunciado e tentou entrar em contacto com o amigo, sem sucesso, para pedir o comprovativo de criação da associação.

Deixando de ser possível estabelecer qualquer contacto e apercebendo-se que os documentos recebidos eram falsos, a vítima decidiu apresentar queixa na PJ. De acordo com a investigação, as autoridades concluíram que o suspeito é comum a outros três casos de burla que aconteceram nos últimos seis meses e que tinha saída de Macau. Porém, acabaria por ser detido na passada segunda-feira, ao tentar voltar a Macau pelo posto fronteiriço das Portas do Cerco.

Quatro em linha

Os três casos relacionados aconteceram em Dezembro de 2020, Março e Maio de 2021. Entre pedidos para criar empresas fictícias, trocas e depósitos de dinheiro, o suspeito burlou três mulheres em 20 mil renminbis, 34.289 patacas e 9.500 patacas.
Contas feitas, os quatro casos renderam 138.289 patacas ao suspeito, que admitiu a prática de todos os crimes.

O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o suspeito irá responder pelos crimes de burla e falsificação informática, pelos quais pode ser punido, respectivamente, com pena de prisão até 3 ou 5 anos ou pena de multa e com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa.

4 Nov 2021

Banca | BNU cria “Máquina de Troca de Moedas”

O Banco Nacional Ultramarino (BNU) criou um novo serviço, a “Máquina de Troca de Moedas”, que irá funcionar nas sucursais do BNU no NAPE, Iao Hon e Nova City, na Taipa. Este novo serviço tem como objectivo “proporcionar aos cidadãos a possibilidade de, gratuitamente, efectuar a rápida conversão de moedas em notas”, sem que estes tenham de se deslocar fisicamente aos balcões do banco.

3 Nov 2021

Quarentena e restrições de viagem sem base científica, diz epidemiologista português

O epidemiologista Manuel Carmo Gomes disse à Lusa que não vislumbra bases científicas para restrições de viagens e quarentenas, no mínimo de 21 dias, impostas a pessoas provenientes do estrangeiro. Além disso, considera que a insistência na política de zero casos “atrasa o inadiável”

 

“Dá-me ideia de que essas medidas são mais para desencorajar as entradas em Macau do que propriamente por terem sustentação científica”, afirmou à Lusa o professor, investigador e epidemiologista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O investigador, figura frequente nas reuniões do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde), vai mais longe e diz não conhecer mais nenhum local do mundo que tenha utilizado medidas dessa natureza. “Nem agora, nem mesmo nos piores momentos da pandemia”, frisou.

No melhor dos cenários, um residente, ao entrar em Macau, com um teste negativo à covid-19 ao embarcar, tem de fazer 21 dias de quarentena dentro de um quarto de hotel, mesmo estando inoculado com as duas doses da vacina. Durante esses 21 dias, são feitos vários testes à covid-19.

Depois ainda tem de passar por um período de sete dias de autogestão em que está impossibilitado de ir a restaurantes, serviços públicos, entre outras restrições. Para que a sua vida possa regressar ao ‘normal’, tem ainda de fazer um último teste à covid-19. “Não vejo a lógica nisso”, disse o investigador, que foi um dos peritos ouvidos pelo Governo de Portugal.

“Acho isso tudo muito exagerado, nomeadamente para pessoas que estão completamente vacinadas. Não percebo a lógica dos 21 dias”, frisou Manuel Carmo Gomes, recordando que Portugal teve sempre 14 dias para quarentenas, período que, na sua opinião, “já está no limite, porque é isso que se sabe acerca da duração máxima do período de incubação”.

“Não vejo bases científicas para restrições tão fortes. Acho que há aí uma componente de querer ter certezas absolutíssimas de que a pessoa não vai transmitir”, afirmou.

Anticorpos não são vírus

Há também a possibilidade de a quarentena no quarto de hotel ser de 28 dias, caso a análise de sangue feita pelas autoridades já em Macau mostrar que a pessoa possui anticorpos para a infecção, ou seja, que já teve covid-19.
Esta diferenciação do número de dias de quarentena devido aos anticorpos é também, na opinião do investigador, injustificada.

“Estar a usar ter ou não ter anticorpos como critério, acho que as bases científicas para isso são muito ténues. Por isso também não percebo”, justificou o epidemiologista, reforçando: “Não vejo qual é a fundamentação sólida para esse tipo de restrições”.

A acrescentar a estas regras, existe ainda mais uma restrição: as pessoas que tenham tido covid-19 e pretendam regressar ao território só o podem fazer dois meses depois da manifestação da doença ou da data do primeiro teste positivo, sendo que, antes do embarque, têm de mostrar um certificado de recuperação da doença, além de um teste com resultado negativo.

Em conferência de imprensa, as autoridades de saúde justificaram a medida afirmando que, “segundo a experiência de Macau, um paciente, depois de ter [tido a] infecção, até passar a ser negativo, leva dois meses ou mais (…), e durante esse período pode ter situações de recaída”.

“Aqui em Macau, um doente da primeira vez que deu positivo até desaparecer o vírus, ou seja, [até] ter resultado negativo (…), demorou cerca de um a dois meses. Por isso, durante esse período, há um certo risco de infectar outras pessoas”, explicaram.

Questionado pela Lusa, Manuel Carmo Gomes detalhou as razões científicas que demonstram que esta medida é injustificada. “Nós sabemos que com a covid-19, e não só com a covid-19, depois de as pessoas recuperarem da infecção, durante muito tempo continuam a excretar RNA do vírus”, começou por explicar. “Mas isso não significa de maneira nenhuma que estejam infecciosas. A partir do momento em que somos infectados, o vírus multiplica-se e faz biliões de cópias. Entretanto, o nosso sistema imunitário responde e nós acabamos por controlar a infeção, recuperamos, mas ainda ficamos com muitas cópias do RNA do vírus, que vão sendo excretadas ao longo do tempo”, prosseguiu.

Contudo, frisou, “esse tipo de excreção do RNA não é infeccioso”. “Se eu agarrar nos vestígios de RNA do vírus passado um mês e meio, dois meses, e tentar fazer uma cultura do vírus em laboratório, ele não é viável, portanto ele não é infeccioso”, justificou o investigador português.

Vacinas e o zero absoluto

O epidemiologista considerou que territórios como Macau que insistiram na política de zero casos de covid-19 não provocaram a necessidade às pessoas de se vacinarem e “estão apenas a atrasar o inadiável”.

“É muito difícil sem ter uma vacinação muito alta conseguir aguentar com medidas dessas. Estão apenas a atrasar o inadiável”, afirmou.

Passado mais de um ano e meio desde o início da pandemia, a ‘receita’ do território permanece quase inalterada. Macau continua praticamente fechado ao mundo, proibindo a entrada a estrangeiros não residentes, e as novas medidas epidémicas vão no sentido contrário à esmagadora maioria de outros países e territórios.

Esta receita, na opinião de Manuel Carmo Gomes, é contraproducente, porque apesar de ser possível controlar a propagação de casos através de fortes confinamentos, esta política provoca uma sensação de segurança, que pode desincentivar a população de se vacinar.

“Países que apostaram na política de zero casos rapidamente perceberam que a população não adere à vacinação, porque não sente que existe um perigo real. É o caso da Nova Zelândia e da Austrália, que já abandonaram a política de casos zero e estão a apostar na vacinação”, detalhou.

Segundo os últimos dados divulgados na passada quinta-feira, a taxa de vacinação em Macau situava-se em menos de 51 por cento da população.

2 Nov 2021

Lei do jogo | Consulta pública teve 359 participações

A consulta pública sobre a revisão da lei do jogo contou com 359 participantes, incluindo cidadãos, representantes das operadoras e trabalhadores do sector.

Em comunicado, a Direção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) informou que, no período de consulta de 45 dias, que terminou na sexta-feira, foram realizadas oito sessões de consulta pública e uma sessão de consulta dedicada a sectores específicos, tendo usado da palavra “73 pessoas individuais e representantes de associações”.

Na consulta participaram “cidadãos, representantes das operadoras do jogo, representantes dos promotores do jogo [e] trabalhadores do sector”, além de associações e membros dos serviços sociais e dos sectores jurídico e educacional, que apresentaram “opiniões e sugestões” sobre os “nove pontos principais” do documento de consulta e temas relacionados. O relatório final será divulgado “após o tratamento e a análise sintética de todas as opiniões e sugestões recolhidas”, informou ainda a DICJ.

2 Nov 2021

Jogo | Outubro foi o pior mês do ano e regista queda inédita

Com os novos surtos de covid-19 a deitar por terra a Semana Dourada, as receitas brutas dos casinos registaram em Outubro o pior resultado do ano. As receitas fixaram-se em 4,3 mil milhões de patacas, uma queda anual de 40 por cento. Ben Lee acredita que as receitas totais de 2021 serão de 80 mil milhões de patacas

 

É o pior resultado do ano e a primeira vez desde o início da pandemia que as receitas brutas dos casinos de Macau registam quebras anuais. Contrariando a progressiva recuperação dos últimos meses, em Outubro de 2021 as receitas dos casinos caíram para 4,3 mil milhões de patacas, ou seja, menos 40 por cento (2,9 mil milhões) em relação ao Outubro de 2020, quando as receitas se fixaram em 7,2 mil milhões de patacas.

De acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em termos mensais as receitas brutas dos casinos em Macau desceram 25,7 por cento em Outubro, para o pior resultado de 2021. Isto, tendo em conta que em Setembro, as receitas fixaram-se em 5,8 mil milhões de patacas e que a facturação de Outubro ficou abaixo dos resultados de Agosto (4,4 mil milhões de patacas), o pior resultado do ano até então.

Quanto à receita bruta acumulada desde o início do ano, registaram-se ganhos de 57,3 por cento, dado que o montante total gerado entre Janeiro e Outubro de 2021 foi de 72,15 mil milhões de patacas, mais 26,28 mil milhões de patacas do total acumulado nos primeiros dez meses de 2020 (45,85 mil milhões). Na projecção inicial para 2021, o Governo tinha previsto receitas no valor de 130 mil milhões de patacas.

Recorde-se que o pior resultado do ano acontece num mês que costuma ser tradicionalmente forte, devido ao período de feriados da Semana Dourada, que traz a Macau um grande número de turistas.

Além disso, o estado de emergência decretado no território no final de Setembro na sequência dos surtos de covid-19 levou à imposição de restrições fronteiriças, à testagem em massa de toda a população e à quebra do número de turistas provenientes do Interior da China, com reflexos quase imediatos nos casinos.

Talvez um dia

Citado pela TDM – Rádio Macau, o consultor de jogo e sócio-gerente da IgamiX Ben Lee não se mostrou surpreendido com os resultados alcançados em Outubro, apesar de terem ficado ligeiramente abaixo da estimativa fixada entre 4,5 a 5 mil milhões de patacas.

Sobre as receitas de 130 mil milhões de patacas previstas pelo Governo, Ben Lee considerou as projecções “muito optimistas”, prevendo que, numa altura que faltam dois meses para o final do ano e com as receitas mensais a manter-se abaixo das 10 mil milhões de patacas, “chegaremos às 80 mil milhões de patacas” no final de 2021.

Para o especialista, a normalização do sector do jogo apenas será alcançada em 2024, com a retoma do número de visitantes, acreditando, contudo, que as receitas brutas de jogo não voltarão a alcançar os valores de 2019.

2 Nov 2021

Burla | Mãe e filha desfalcam jogador VIP em dois milhões

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na quinta-feira uma mulher de 25 anos por suspeitas de envolvimento, juntamente com a mãe, num esquema de burla perpetrado numa sala VIP localizada no NAPE.

De acordo com o jornal Ou Mun, a vítima é um jogador que foi levado a fazer um depósito de dois milhões de dólares de Hong Kong (HKD) em troca de fichas de jogo no valor de quatro milhões. Após apostar, a vítima viria a ganhar quatro milhões de HKD em dinheiro.

Contudo, assim que pretendeu levantar o depósito de dois milhões que tinha feito, foi incapaz de o fazer, perante vários argumentos apresentados pela mãe da detida, que continua a monte. Por seu turno, ficou provado que a filha foi responsável por levantar o dinheiro da vítima da sala VIP, acabando por ser detida ao tentar sair de Macau através do posto fronteiriço das Portas do Cerco.

2 Nov 2021

Crime | Detido por fotografar por baixo de saias

Um trabalhador não residente do Interior da China foi detido na sexta-feira por fotografar por baixo da saia de uma mulher num autocarro de transporte público. Tudo começou na quarta-feira, quando as autoridades receberam a queixa da mulher que afirmou ter sido fotografada nas pernas e no rosto e pedido ao homem para apagar as fotografias.

Dois dias depois, com a ajuda da videovigilância, as autoridades detiveram o homem que tinha no telemóvel mais de 30 mil fotografias do mesmo género. Interrogado pela Polícia Judiciária, o suspeito afirmou que não se lembrava onde e quando tirou as restantes fotografias. Segundo o jornal Ou Mun, o caso foi encaminhado para o Ministério Público e o indivíduo, com 47 anos de idade, é suspeito do crime de devassa da vida privada.

2 Nov 2021

Ponte HKZM | Empresa de manutenção empregou “trabalhadores-fantasma”

O Comissariado contra a Corrupção revelou um caso suspeito de falsificação de documentos na contratação de trabalhadores locais. A empresa em questão é responsável pela manutenção e reparação do Edifício do Posto Fronteiriço da Ponte do Delta e tinha nos quadros um trabalhador local que saiu de Macau em 2015 e nunca mais voltou a entrar na região

 

Falsificação de documentos, “trabalhadores-fantasma” e apropriação de fundos de apoio no combate à crise provocada pela pandemia são alguns dos ingredientes do mais recente escândalo revelado na segunda-feira pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

O organismo liderado pelo comissário Chan Tsz King anunciou ter encontrado indícios fortes de várias irregularidades na empresa responsável pela manutenção e reparação do edifício do Posto Fronteiriço da Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau. Para começar, a empresa é suspeita de fornecer dados falsos sobre trabalhadores locais à Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) e ao Fundo de Segurança Social, assim como para solicitar importação de trabalhadores não residentes à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais.

A empresa, que não é identificada pelo CCAC, declarou aos serviços a contratação de 24 trabalhadores locais, seis destes que apresentaram “registos de movimentos fronteiriços anormais e raramente permaneciam em Macau durante o período de pagamento de contribuições da segurança social”. O CCAC descreve ter descoberto o caso de “alguém que saiu de Macau em 2015 e nunca mais voltou a entrar na RAEM” nos quadros da empresa.

No decurso da investigação, alguns trabalhadores “confessaram que nunca tinham trabalhado na empresa” ou recebido salário, afirmando que o pagamento de contribuições à Segurança Social “era apenas para receber a pensão para idosos concedida pelo Governo no futuro”.

Labores fictícios

“Há fortes indícios de que os trabalhadores em causa são trabalhadores simulados”, aponta o organismo liderado por Chan Tsz King, acrescentando estar a averiguar a veracidade dos restantes empregados locais. O caso foi denunciado ao Ministério Público, pela suspeita do crime de falsificação de documentos.

Acresce ainda que no ano passado cada trabalhador, dito local, da empresa em questão recebeu 15 mil patacas “de apoio pecuniário ao combate à epidemia”. Facto que levou o CCAC a comunicar à DSF o recebimento de montantes indevidos.

Tolerância zero

“O Governo da RAEM não tolera os infractores, uma vez verificada a existência de contratação ilegal ou irregular, será aplicada multa e revogada a autorização de contratação, acompanhada da privação do direito de pedir novas autorizações, por um período até dois anos”, respondeu ontem o gabinete do secretário para a Economia e Finanças.

O Governo indica que atribui “grande importância ao caso suspeito”, descoberto pelo CCAC, de prestação de declarações falsas sobre dados de trabalhadores locais. A tutela de Lei Wai Nong anunciou que foram dadas instruções à DSAL para apreciar e aprovar, “de forma mais rigorosa”, os pedidos de importação e renovação de contratos de trabalhadores não residentes.

2 Nov 2021

Mais de 90% da energia de Macau vem de zona que enfrenta crise energética

Mais de 90 por cento da energia de Macau vem do Sul da China, num momento em que o país enfrenta uma crise energética que já interrompeu a produção industrial em várias províncias, disse à Lusa fonte da Companhia de Electricidade de Macau – CEM.

Apesar desta conjuntura, o preço da electricidade não aumentou, não houve falhas de fornecimentos visíveis, nem avisos por parte das autoridades.

Em resposta à Lusa, a CEM frisou que os preços da energia em Macau permanecem inalterados há 20 anos.
Segundo a empresa de electricidade, em 2020 foram importados da Rede Eléctrica do Sul da China, representando 90,2 por cento do consumo total de electricidade de Macau, 6,9 por cento do consumo é produzido localmente e os restantes 2,8 por cento são provenientes do centro de incineração de resíduos.

Ainda de acordo com a CEM, a rede eléctrica de Zhuhai está interligada com a rede do território, e a mistura de energia eléctrica para Macau é despachada pela Rede Eléctrica do Sul da China.

Segundo o acordo de cooperação eléctrica assinado entre os dois locais, Macau recebe para consumo cerca de 40 por cento de energia limpa da Rede Eléctrica do Sul e esta “será ajustada em conformidade de acordo com a optimização do cabaz energético na região da Rede Eléctrica do Sul”. A eléctrica fornece energia a Guangdong, Guangxi, Yunnan, Guizhou e Hainão.

Escuridão a norte

Segundo relatos nos órgãos de comunicação social chineses, várias cidades da província de Guangdong tiveram o fornecimento de electricidade restringido durante quase uma semana, na semana passada. A produção industrial esteve por isso parada durante várias horas nesses dias.

Na cidade de Houjie, a cerca de 85 quilómetros de Macau, que conta com mais de 20.000 fábricas, o departamento de Fornecimento de Electricidade avisou, segundo relatos na imprensa chinesa, que “devido ao actual fornecimento apertado de electricidade na província, a fim de assegurar o fornecimento ordenado de electricidade, de acordo com o princípio de proteger a subsistência das pessoas, os serviços públicos, para proteger os pontos-chave, foi implementado o aviso de pico de fornecimento de electricidade a empresas de elevado consumo de energia”.

As restrições energéticas foram registadas em várias empresas e indústrias nas cidades de Foshan, Shantou e Jieyang.

A razão, de acordo com fonte próxima da rede eléctrica de Guangdong, citada nos media chineses, é a escassez de energia, provocada pelo aumento do preço e da diminuição da oferta de carvão, que fez com que centrais térmicas deixassem de funcionar em plena capacidade.

1 Nov 2021

Ambiente | Macau é recordista de produção de lixo ‘per capita’

Na semana em que começa a COP26, a activista ambiental Annie Lao defende uma “mudança de sistema” em Macau para combater as alterações climáticas. Johnson Leong denuncia que a separação de lixo no território é inexistente e que o plástico acaba incinerado

 

A activista ambiental Annie Lao considerou que Macau continua a ser o recordista de resíduos sólidos urbanos descartados ‘per capita’ na região, apesar de, no ano passado, ter recebido menos cerca de 34 milhões de visitantes.

“Precisamos de mudar de sistema para combater as alterações climáticas como um todo na sociedade. Governo, sectores privados, indivíduos, organizações, basicamente todos precisam de participar e fazer do combate às alterações climáticas uma prioridade, tal como nós o fazemos para a prevenção da covid-19”, afirmou à agência Lusa a activista.

Macau foi um dos primeiros territórios do mundo a ser atingindo pela pandemia e, com isso, praticamente todos os indicadores ambientais melhoraram, não devido a medidas concretas, mas por causa das circunstâncias.

Houve uma “descida de 85 por cento no número de visitantes, o PIB baixou consideravelmente em 55 por cento, a quantidade de resíduos sólidos descartados e as emissões de gases com efeito de estufa desceram 20 e 40 por cento, respectivamente, tendo-se verificado ainda uma descida entre 6 e 8 por cento no volume de água facturada e no consumo de electricidade”, exemplificaram.

Já em 2020, Macau registou uma queda acentuada: produziu 1,74 metros cúbicos de resíduos por pessoa, diariamente. Ainda assim, o registo continua superior ao de Singapura, Hong Kong, Pequim e Cantão, de acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental de Macau (DSPA).

“Continuamos a ser ‘os campeões’ de geração de resíduos em comparação com as regiões próximas”, evidenciou a activista, fundadora da Macau for Waste Reduction, um dos principais rostos contra o plástico de utilização única em Macau.

“Deitar o lixo fora é grátis em Macau e as pessoas não pensam nos resíduos que geram porque não existe uma ‘política de pagamento do poluidor’”, explicou Annie Lao.

A activista criticou ainda o Governo por não ter investido o suficiente nas instalações verdes em Macau, tais como instalações de reciclagem, painéis solares, ciclovias, recolha de água da chuva para reutilização, edifícios verdes, telhados verdes, etc.

Recorde-se que mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos estão reunidos até 12 de Novembro em Glasgow, na Escócia, na 26.ªconferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

Miragem da reciclagem

Por seu turno, o presidente da Federação de Protecção Ambiental de Macau denunciou à Lusa que os resíduos domésticos em Macau não são separados e a maioria dos plásticos domésticos que podiam ser reciclados são enviados para incineradoras.

“As medidas de reciclagem introduzidas pelo Governo são totalmente ineficazes”, afirmou Johnson Leong, cuja empresa exporta lixo.

Devido ao custo e ao apoio insuficiente do Governo, acrescentou, “não há estações de reciclagem que recebam plásticos em Macau. Além das empresas de jogo que reciclam plástico, a maioria dos resíduos domésticos de plástico produzidos em Macau são enviados para incineradoras para serem queimados”, sublinhou.

Não há dados concretos relativamente à quantidade de plástico consumido em Macau por dia, mas na vida diária da cidade a utilização de plástico é uma constante: de embrulhos de fruta em supermercados, na compra de alimentos, como bolos e pães, embalados individualmente, até aos famosos ‘take away’.

“Dados sobre plásticos importados de utilização única não estão disponíveis no Governo de Macau, e é difícil para o Governo controlar a importação de sacos e caixas de plástico”, disse Johnson Leong.

Questionada sobre os dados relativos ao consumo e tratamento dado a caixas plásticas descartáveis, a DSPA não adiantou quaisquer dados e respondeu: “As caixas plásticas podem ser colocadas na ‘Recolha de resíduos recicláveis por três núcleos’ ou pontos de reciclagem para triagem e reciclagem depois de terem sido lavadas e limpas”.

Johnson Leong salientou que esta é uma ideia inviável, já que apenas um número “muito pequeno” de pessoas lava e limpa as caixas para colocar no ecoponto.

“O que o Governo fez foi superficial e não foram tomadas medidas de seguimento”, refutou Johnson Leong, reforçando, contudo, que “os resíduos domésticos não são separados e são incinerados”.

À Lusa, as autoridades ambientais apenas responderam que no centro de incineração os veículos com lixo são pesados e que o seu conteúdo é verificado, acrescentando que “o resto dos resíduos é incinerado de acordo com os procedimentos estabelecidos”.

1 Nov 2021

Desperdício alimentar | Frigorífico comunitário ajuda quem mais precisa

Localizado no Centro Pastoral Católico, na Rua de Francisco António, o frigorífico comunitário é um projecto de Gilberto Camacho que tem como objectivo reduzir o desperdício alimentar e ajudar quem mais sofrem com esta crise: os trabalhadores migrantes

 

A cada dois ou três dias é deixada comida no frigorífico cujas portas todos podem abrir. É assim há cerca de um mês, quando o projecto do primeiro frigorífico comunitário se tornou realidade graças ao acolhimento do Centro Pastoral Católico, na Rua de Francisco António.

Ao HM, Gilberto Camacho, fundador do grupo Macau ECOnscious e conselheiro das comunidades portuguesas, explicou a ideia por detrás da iniciativa que existe em vários países.

“Esta ideia não é nova e não é minha, mas pensei em fazer [algo do género] em Junho ou Julho deste ano. Em Agosto participei numa palestra na Universidade de São José, acerca do desperdício alimentar, e apresentei a ideia. Depois tive a ajuda de uns amigos [para a instalação do frigorífico]”, contou.

Situado perto da Ponte 16, o Centro Pastoral Católico já fazia doações de comida, sobretudo aos trabalhadores migrantes que mais sofreram com as consequências económicas da pandemia.
“Qualquer pessoa pode deixar alimentos ou comida já preparada, desde que esteja em boas condições. Quis juntar o útil ao agradável, porque nós, que doamos comida, também ficamos felizes, porque não a desperdiçamos. Temos os trabalhadores migrantes, que são o suporte da economia em Macau, alguns perderam o emprego ou trabalham a tempo parcial. Se temos excesso de comida que é deitada para o lixo, porque não ajudar estas pessoas?”, questionou Gilberto Camacho.

Exemplo a seguir

Apesar de estar ainda no seu início, o projecto do frigorífico comunitário poderá chegar a outros espaços. “Estou a pensar abrir um frigorífico noutro espaço, mas neste momento, estou a melhorar esta iniciativa. Talvez tenha de fazer alguns ajustes. Também estou em conversações com hotéis e casinos, por exemplo.”

Gilberto Camacho gostaria de trazer para o frigorífico comunitário restos de comida e outros bens alimentares provenientes dos casinos, nomeadamente dos espaços de restauração e hotéis do Venetian, mas o processo ainda não está concluído.

Para já, a adesão à iniciativa solidária ainda está nos primórdios, embora, nos últimos dias, o frigorífico comunitário tenha recebido uma grande doação. “Este projecto está no início e coincidiu com um surto de covid-19 em Macau. As pessoas ficaram mais reticentes em sair de casa e estar em espaços fechados.”

O relatório da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), relativo a 2020, revela que o lixo orgânico, composto essencialmente por resíduos alimentares, representa 35 por cento de todo o lixo feito no território, representando a maior percentagem.

Para o conselheiro das comunidades portuguesas, “esta questão [do desperdício alimentar] deveria ser pensada para ontem”. “Não podemos pensar apenas em momentos de crise como este, mas também de fartura”, rematou.

1 Nov 2021

Galaxy | Desabamento de tecto em obra faz cinco feridos

Cinco trabalhadores ficaram feridos em mais um acidente no estaleiro de obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort. No momento da derrocada do tecto falso, os funcionários estavam a instalar um candeeiro de vidro. A DSAL aponta problemas de “concepção” ou de “qualidade da obra” como possíveis causas do acidente. Leong Sun Iok quer melhorias na lei

 

É mais um incidente a somar aos vários que têm acontecido no estaleiro de obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort tem sido palco. No sábado, o desabamento de um tecto falso com 150 metros quadrados, deixou cinco trabalhadores não residentes (TNR) feridos, dois deles ainda hospitalizados.

Segundo a TDM – Canal Macau o acidente, que terá ocorrido durante a instalação de um candeeiro de vidro no tecto falso, levou a que um trabalhador de 36 anos fosse resgatado dos escombros pelos bombeiros, após ficar ferido nas costas, joelhos e no rosto. Um outro trabalhador sofreu uma fractura no pulso esquerdo. Outros três trabalhadores sofreram ferimentos ligeiros e já tiveram alta hospitalar.

Em comunicado, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) revela que, após o acidente, destacou “de imediato” pessoal ao local, tendo apurado preliminarmente que, no momento da derrocada, os cinco trabalhadores estavam a “executar obras debaixo do tecto falso”, quando este, “subitamente”, desabou. Os ferimentos dos cinco homens, apurou a DSAL foram causados “por corte” ou “esmagamento”.

Quanto às causas do acidente, a DSAL aponta para a possibilidade de a derrocada ter sido motivada por “problemas de concepção ou da qualidade da obra”, assegurando que irá “acompanhar a investigação das causas”.

De acordo com o jornal Ou Mun, após averiguação, o engenheiro de obras que esteve em contacto com os agentes do Corpo de Bombeiros enviados ao estaleiro no sábado, apontou suspeitar que a queda do tecto falso possa estar relacionada com o diâmetro insuficiente dos parafusos utilizados para segurar a estrutura.

Tudo parado

Após o acidente, a DSAL manifestou “grande preocupação” pelo sucedido e apresentou condolências aos trabalhadores feridos. O organismo assegura ainda que irá acompanhar os processos de indemnização dos funcionários em questão e solicitou ao empreiteiro responsável a suspensão de “todos os trabalhos na zona do acidente”.

Em comunicado citado pela TDM – Canal Macau, a Galaxy manifestou também “muita preocupação” em relação ao ocorrido, tendo comunicado desde o primeiro minuto com o Governo e destacado representantes para dar seguimento à situação dos trabalhadores feridos. Além disso, a operadora diz ter pedido ao empreiteiro uma “investigação completa” à obra de instalação do candeeiro de vidro.

Na sequência do acidente, o deputado Leong Sun Iok disse ao jornal Ou Mun, defender a alteração do Regulamento de Higiene no Trabalho da Construção Civil de Macau, que considera estar “desactualizado”. Além disso, entende ser necessário “melhorar a consciência de empregadores e trabalhadores” em termos de segurança ocupacional, com especial destaque para os agentes de segurança e supervisão dos trabalhos de construção civil.

Recorde-se que em Março de 2020 três pessoas morreram esmagadas pela queda de uma plataforma no mesmo estaleiro de obras, que viu ainda mais um trabalhador a perder a vida em Agosto deste ano, após ter caído de uma altura de 38 metros. No segundo caso, a Polícia Judiciária (PJ) considerou existirem indícios que apontam para a tese de suicídio.

Agredido por colegas de trabalho

Também no sábado, um residente de 36 anos empregado no estaleiro de obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort, foi agredido por colegas de trabalho após uma disputa sobre a utilização do elevador afecto à construção. De acordo com o jornal Ou Mun, o homem terá sido atacado com guarda-chuvas e capacetes de protecção, e acabou com a testa a sangrar e várias contusões nas costas e no peito. Após a agressão, o homem foi encaminhado para o Centro Hospitalar Conde de São Januário para tratamento.

1 Nov 2021

Turismo | Registado aumento de visitantes entre os dias 20 e 28

Macau registou um aumento do número de visitantes nos últimos dias. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), entre os dias 20 e 28 entraram, em média, 25 mil pessoas por dia no território, sendo que o dia 26 registou o número mais elevado de visitantes diários, com mais de 28 mil pessoas.

A DST explica que, “com a estabilidade da pandemia e o efeito gradual das promoções” ao turismo de Macau realizadas na China, “o número de entradas de visitantes voltou a subir nos últimos dias”. Além dos eventos habituais que decorrem em Macau até Dezembro, tal como o Grande Prémio de Macau e o Festival de Gastronomia de Macau, a DST também deposita esperanças no evento “Semanas de Macau” para que este atraia mais turistas.

31 Out 2021

SSM | Registados 38 casos de suicídio desde Janeiro

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) contabilizaram 38 suicídios ocorridos no território desde Janeiro, sendo que no período entre Julho e Setembro 16 pessoas puseram termo à própria vida. Destes, 15, ou seja, 93.8 por cento, eram residentes, enquanto que apenas uma pessoa era não residente.

Ainda assim, os SSM afirmam que houve uma redução no número de suicídios na ordem dos 30.9 por cento em relação a igual período do ano passado. Os SSM apelam aos pedidos de ajuda e prevenção através da consulta externa de saúde mental nos centros de saúde, bem como através das unidades de aconselhamento psicológico comunitário subsidiadas das associações subsidiadas pelo Governo.

31 Out 2021

Previdência Central | Regime só será obrigatório entre 2026 ou 2028

O regime de previdência central só deverá ser obrigatório entre 2026 e 2028, e a culpa é da pandemia. Esta é a principal conclusão do relatório de avaliação, elaborado pela Universidade de Macau, e que foi apresentado pelo Governo na sexta-feira. O documento aponta que “se a economia estivesse a acompanhar a tendência positiva do ano 2019, o regime já disporia de condições favoráveis para se tornar num regime obrigatório”.

No entanto, com o surgimento da pandemia, “a economia de Macau foi afectada”, pelo que se propõe “fixar um período de observação de três anos” até 2023. Posteriormente deverá ser estabelecido, “conforme a recuperação da economia, duas propostas de ‘Período de preparação de 5 anos’ e ‘Período de preparação de 7 anos’, sendo implementado o regime de previdência central obrigatório no ano 2026 ou 2028”.

Relativamente às dotações, o regime obteve 28,6 mil milhões de patacas entre os anos de 2010 e 2020. Além disso, “ao longo dos três anos de implementação do regime contributivo, o número de participações, a dimensão de fundos de pensões e o retorno de investimento tem vindo a aumentar”.

Até setembro deste ano estavam registados no regime mais de 264 empregados e cerca de 24 mil trabalhadores participavam no plano conjunto de previdência. Por sua vez, mais de 75 mil residentes criaram os seus planos individuais de previdência. Para este estudo foram realizadas 20 entrevistas, sendo que “a maior parte dos entrevistados concorda com os arranjos do regime existente e tem uma atitude positiva em relação à implementação obrigatória do regime de previdência central”.

31 Out 2021

Squid Game ainda não motivou pedidos de ajuda à DSEDJ

Numa resposta enviada ao HM, a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) revelou que “até ao momento”, ainda não recebeu “qualquer pedido de ajuda” relacionado com o impacto em Macau da popular série sul-coreana, Squid Game.

Recorde-se que a 18 de Outubro, a DSEDJ emitiu um comunicado a sensibilizar os encarregados de educação para não deixar crianças e adolescentes assistirem à série Squid Game devido ao seu grau de “violência” e “elementos chocantes”, tendo disponibilizado um número de aconselhamento psicológico, na eventualidade de haver crianças a apresentar sinais de instabilidade emocional.

Segundo o organismo, recentemente, “têm ocorrido em diversas regiões do mundo casos de violência resultantes da imitação de cenas de jogos” da série Squid Game e que, por isso, emitiu a nota para prevenir “situações da mesma natureza” em Macau.

Questionada se, à semelhança da série Squid Game, existe uma listagem específica de conteúdos aos quais os pais devem estar atentos, a DSEDJ não respondeu directamente, mas sublinhou que apela aos encarregados de educação, escolas e residentes em geral para “atentarem à influência nefasta da violência e da pornografia sobre os mais jovens, cuidando de verificar se os programas e os meios de comunicação social que os seus educandos visionam são apropriados”.

Frisando que as redes sociais e os canais televisivos contêm uma grande quantidade de conteúdos violentos e pornográficos que não são benéficos para o desenvolvimento da saúde psicológica dos jovens, os serviços de educação dizem ainda estar determinados a reforçar a “realização de actividades de aconselhamento nas escolas”, ao nível da prevenção e da utilização correcta da internet.

Caso sério

Recorde-se que Squid Game é uma das mais populares séries de sempre da plataforma Netflix. Ao longo de nove episódios, um grupo de 456 cidadãos, altamente endividados, são desafiados a participar em vários jogos para crianças. O vencedor final, entre todos os jogadores, é premiado com uma quantia avultada. No entanto, o preço da derrota é a vida.

A DSEDJ reforça que, caso os educandos se encontrem num “estado de inquietação psicológica ou com problemas emocionais, devido à série em causa “devem contactar o Centro de Apoio Psicopedagógico e Ensino Especial da DSEDJ, através do número 28401010.

29 Out 2021

Lusofonia | Exportações para Macau subiram 1,5% até Setembro

As exportações de mercadorias dos países lusófonos para Macau subiram 1,5 por cento nos primeiros nove meses do ano, em comparação com o período homólogo do ano passado, segundo dados oficiais divulgados ontem.

No período em análise, o valor exportado pelos países de língua portuguesa para aquele território atingiu os 522 milhões de patacas, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau.

Já o montante importado de mercadorias daquele território pelo bloco lusófono, no mesmo período, caiu 45,7 por cento, ficando-se pelos seis milhões de patacas.

As exportações de mercadorias por Macau, entre Janeiro e Setembro, atingiram 9,87 mil milhões de patacas, mais 25,6 por cento, comparativamente a igual período de 2020, enquanto o valor importado de mercadorias foi de 113,26 mil milhões de patacas, mais 103 por cento, em termos anuais, indicou a DSEC.

O défice da balança comercial de Macau nos primeiros nove meses do ano fixou-se em 103,39 mil milhões de patacas, mais 55,45 mil milhões de, em comparação com o período homólogo do ano passado.

29 Out 2021

Hotelaria | Taxa de ocupação subiu 12,2% em Setembro

A taxa de ocupação média hoteleira em Macau subiu 12,2 por cento em Setembro, em relação ao mês anterior, informou ontem a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

No último mês, os hotéis e pensões de Macau hospedaram 531 mil indivíduos, quando em Agosto se tinham ficado pelos 435 mil, um aumento que se explica com o alívio “das medidas de inspecção exigidas para entrada e saída” no território, instauradas devido à pandemia de covid-19, “na maior parte do mês em análise”, apontou a DSEC.

Em Setembro, nos 36 mil quartos do território de 30 quilómetros quadrados, a esmagadora maioria de hóspedes eram da China continental (418.000), registando-se ainda 82.000 hóspedes locais.

A taxa de ocupação média hoteleira em Macau no mês em análise foi de 50,6 por cento, mais 33,5 por cento que no mês homólogo de 2020, “registando-se um aumento de 147,6 por cento, em termos anuais”, informaram os Serviços de Estatística.

Nos três primeiros trimestres de 2021, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos hotéis e pensões foi de 50,6 por cento, mais 27,8 pontos percentuais que no mesmo período do ano anterior.

29 Out 2021