Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Residentes continuam a esperar muitas horas à chegada Mesmo realizando o teste logo à saída do avião, quem chega a Macau vindo do estrangeiro continua a ter de esperar mais de dez horas até ser levado para o hotel de quarentena. Testemunhos ouvidos pelo HM dizem que as novas medidas em nada aceleraram o processo. Permanecem as más condições para quem espera, assim como a falta de comunicação Quem chega ao aeroporto de Macau vindo do estrangeiro continua a ter de esperar muitas horas até ver concluído o processo de testagem e a ida para o hotel para cumprir a quarentena obrigatória. Na quarta-feira, no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, Lam Chong, responsável do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, anunciou a entrada em vigor de novas medidas para reduzir o tempo de espera dos que chegam, tal como a criação de um posto móvel num autocarro para fazer os testes à saída do avião. Foi também dito que as pessoas iriam para os hotéis à medida que os resultados fossem ficando concluídos, ao contrário do que acontecia antes, com os passageiros a terem de esperar por todos os resultados. No entanto, testemunhos ouvidos pelo HM de pessoas que chegaram a Macau na quarta-feira, revelam que as mudanças foram, na prática, muito poucas. Rui Barbosa viajou com a filha e teve de esperar mais de dez horas após a aterragem até entrar no quarto onde vão cumprir isolamento. “Fui dos mais rápidos, pois o meu autocarro foi dos primeiros a sair do Pac On, mas cheguei ao hotel pouco mais de dez horas depois de termos aterrado. Tenho um colega que chegou na semana passada e passadas sete horas estava no hotel, por isso não sei em que medida é que o tempo de espera foi reduzido ou se não terá ficado exactamente tudo na mesma.” O residente descreve ainda as parcas condições em que são feitos os testes. “Fomos encaminhados para um autocarro que estava à saída do avião consoante o lugar em que estávamos sentados no voo. Fizemos o teste no autocarro, do género dos autocarros públicos, com péssimas condições. Era semelhante a um autocarro público, o veículo parecia ter 30 anos, e não nos podíamos sequer sentar.” Também Isabel Silva esperou mais de dez horas até ver concluído todo o processo. “No avião anunciaram que iam fazer as coisas de forma diferente, e à saída estavam dois autocarros para fazer a testagem. Começaram a chamar 16 pessoas de cada vez. O teste foi feito dentro do autocarro, e todos pensaram que seria mais rápido, mas esperámos bastante tempo. Fizemos o percurso praticamente igual ao que tem sido feito, a única diferença foi fazer o teste logo à saída do avião”, contou. A residente fala de um cenário de espera no Pac On onde “a comunicação é difícil”. “É difícil perceber o que se passa, os funcionários tentam despachar. Têm de seguir as regras e é assim”, acrescentou. Tudo ao molho Rui Barbosa diz que é “desumana” a situação em que colocam as pessoas no terminal do Pac On. “Parece que é para nos darem as boas-vindas pelo facto de termos decidido viajar”, ironiza. “Ficámos sentados com a distância entre bancos, mas depois as pessoas andam por ali durante seis e sete horas e contactam umas com as outras.” O residente realça também as dificuldades de comunicação e muita desorganização ao longo da penosa espera após uma viagem longa. “Depois de oito horas de espera, apareceu um senhor com um papel escrito à mão, que presumimos ter o número de pessoas que estavam negativas. As pessoas foram depois encaminhadas para outro sítio. Ficámos por ali e fomos chamados, uma hora depois, para o autocarro. Só aí presumimos que estávamos negativos, pois íamos para o hotel. Os funcionários fazem o trabalho com a maior das vontades, mas não há ninguém a gerir a situação”, confessou. Esta é a segunda vez que Isabel Silva faz quarentena com os dois filhos e diz não ter notado melhorias no processo. “No ano passado, chegámos ao hotel às 2h30. Desta vez o processo seria mais rápido, mas cheguei às 4h. É exigido o preenchimento de muita papelada, que poderia ser feito online, com confirmação no local.” Para quem tem crianças, o local de espera está longe de ser ideal. “As instalações onde esperamos pelos resultados nem sequer têm uma casa de banho limpa, ou com condições para mudar as fraldas dos bebés. As pessoas têm contacto entre si e as crianças acabam por brincar umas com as outras, pois não há espaço e o tempo de espera é longo”, rematou. Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, foi referido que os procedimentos precisam de ser melhorados. “Na verdade o processo implica vários serviços públicos, como os Serviços de Saúde e Corpo de Polícia de Segurança Pública. Fizemos várias reuniões conjuntas para melhorar os procedimentos. Foi o primeiro dia, era uma novidade e ainda estamos a tentar acertar os procedimentos com todos os colaboradores. Haverá uma optimização para reduzir ainda mais o tempo de espera”, disse Leong Iek Hou, médica coordenadora do centro.
João Santos Filipe SociedadeImobiliário | Mais 2 mil habitações privadas em construção Durante o segundo trimestre estavam em construção em Macau 2.146 habitações privadas, num total de 57 prédios, de acordo com as estatísticas divulgadas ontem pela Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). Estes empreendimentos contam ainda com 926 estacionamentos para automóveis e 338 para motociclos. Apesar dos vários prédios em construção, apenas foi emitida uma licença de utilização para um empreendimento, que corresponde a seis fracções habitacionais. Além disso, foram concluídos, mas em fase de vistoria, 11 prédios, num total de 100 casas, 61 parques de estacionamento para automóveis e 8 para motociclos. A estatística revela também que se encontram em fase de projecto 104 empreendimentos habitacionais, num total de 7.620 casas, 4.919 lugares de estacionamentos para automóveis e 1.577 para motos. Em termos de hotéis, estavam em construção no segundo trimestre do ano 12 unidades, que correspondem a 4.737 quartos, com 2.106 lugares de estacionamento para automóveis ligeiros e 677 motociclos. Além disso, havia 16 empreendimentos em fase de projecto que vão acrescentar à cidade mais 1.723 quartos, 278 estacionamentos de automóveis e 125 de motos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTNR | Trabalhadores despedidos após reclamarem salários em atraso A empresa de limpeza Tai Koo despediu 18 trabalhadores que recusaram receber apenas um de três salários em atraso. A proposta rejeitada e a subsequente onda de despedimentos, levou os trabalhadores a pedir ajuda ao Governo Após terem apresentado queixa aos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), por estarem há mais de três meses sem salários, 18 trabalhadores não-residentes foram despedidos. A informação foi avançada ontem pelo jornal Macau Daily Times, depois de o grupo ter comparecido na Sede do Executivo para entregar uma carta a pedir ajuda. Um grupo com cerca de 30 trabalhadores da empresa Serviços de Limpeza Tai Koo dirigiu-se à DSAL, há algumas semanas, para apresentar queixa por não receber salários há mais de três meses, apesar de todos continuarem a trabalhar. Do grupo de trabalhadores que reclamou a falta de pagamento de vencimentos, 18 foram despedidos pela empresa. O despedimento chegou depois de uma proposta da entidade patronal, supervisionada pela DSAL, para que o litígio ficasse resolvido apenas com o pagamento de um dos três salários devidos. Alguns trabalhadores recusaram e foram despedidos. “Os contratos de 18 de nós foram rescindidos, depois de termos apresentado queixa na DSAL. Despediram-nos sem qualquer tipo de notificação formal. Apenas nos enviaram uma mensagem”, afirmou Yolly Behuco, uma das trabalhadoras afectadas, ao Macau Daily Times. “Nem sabíamos que já tinham cancelado os nossos blue cards, só fomos avisados quando estávamos a trabalhar”, acrescentou. Sem contrato de trabalho, as 18 pessoas foram autorizadas a permanecer no território, com uma autorização especial, que não lhes permite trabalhar nem obter rendimentos. A entidade patronal também não se ofereceu para assumir os custos de repatriamento. Condições difíceis Com salários em atraso, e sem poderem exercer qualquer actividade remunerada, ao mesmo tempo que não há voos regulares para os países de origem, Yolly Behuco e os outros 17 despedidos foram à Sede do Executivo pedir ajuda. Na carta queixam-se de abusos e situações ilegais praticadas pela empresa, que alegadamente não terá pago pelo trabalho exercido, e que terá praticado um nível salarial de 2.703 patacas por mês, abaixo do salário mínimo actual, de 6.656 patacas mensais. “Só estamos a lutar por aquilo que merecemos. Como é que esperam que consigamos sobreviver depois de três meses sem receber salários?”, questionou. “Acabámos de atravessar um período de confinamento parcial quase sem nada e sem sermos capazes de pagar rendas nos últimos três meses”, justificou. Sobre os ordenados em atraso, a empresa terá justificado aos trabalhadores que o único gestor que pode assinar os cheques se encontra no Interior. Com o despedimento sem justa causa, os trabalhadores têm direito a receber uma indemnização, no entanto, nas condições actuais, e quando ainda têm salários por receber, poucos acreditam que vão ser tratados de acordo com as leis em vigor em Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGalaxy com prejuízo de 850 milhões de dólares de HK no primeiro semestre A Galaxy anunciou ontem perdas superiores a 850 milhões de dólares de Hong Kong na primeira metade de 2022, registo que contrasta com os 947 milhões apurados nos primeiros seis meses de 2021. Os resultados reflectem-se nos impostos, com a RAEM a amealhar perto de metade dos impostos pagos pela concessionária no mesmo período do ano passado A concessionária Galaxy, que gere o casino com o mesmo nome, registou perdas de 850,5 milhões de dólares de Hong Kong na primeira metade do ano. Os resultados negativos, anunciados ontem, contrastam com os ganhos de 947,1 milhões de dólares de Hong Kong, do período homólogo. Entre Janeiro e Junho deste ano, a operadora de Lui Chee Woo, teve receitas de 6,52 mil milhões de dólares de Hong Kong. O impacto foi sentido, ainda antes de o Executivo ter imposto o confinamento parcial no território, que forçou o encerramento dos casinos. Por contraste, nos primeiros seis meses do ano passado, as receitas tinham sido de 10,7 mil milhões de dólares de Hong Kong, o que significa uma redução de 38,9 por cento. Os números apresentados mostram que também o Governo da RAEM ficou a perder. Segundo a operadora, nos primeiros seis meses do ano passado as contribuições fiscais atingiram valores na ordem dos 3,79 mil milhões de dólares de Hong Kong, quantia que caiu para 1,91 mil milhões de dólares de Hong Kong. Crise pandémica Os resultados foram anunciados ontem num comunicado em que é destacada a situação da empresa que, principalmente em Macau, continua a sofrer o impacto da covid-19 e das restrições de viagem. “Em muitas cidades chinesas foram impostas restrições de viagem durante uma parte significante da primeira metade de 2022. Estas restrições entre províncias tiveram impacto no número de visitantes em Macau, o que contribuiu para que as nossas receitas e os lucros fossem afectados”, justificou Lui Chee Woo, presidente da Galaxy. “Além disso, Macau passou por um surto de covid-19 que levou o Governo a pedir a suspensão de todas as actividades comerciais entre 11 e 22 de Julho, que resultou num impacto ainda maior no turismo, receitas e lucros”, foi acrescentado. Em relação ao futuro da concessionária, Lui mostrou-se confiante que a concessionária está em boa posição para garantir uma nova licença no concurso que está em curso. No mesmo sentido, o presidente afirma que a Galaxy promete colaborar para a estratégia de diversificação da economia e trazer para o território “vários elementos inovadores não-jogo”.
Hoje Macau Manchete SociedadeCâmara de Comércio aproxima empresários portugueses e chineses a partir de Macau A Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal-China (CCPC-PME) vai incrementar as relações empresariais entre os dois países a partir de uma representação que pretende criar em Macau, anunciou hoje o presidente da organização. O líder da CCPC-PME, Y Ping Chow, disse aos jornalistas, em Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, que a entidade a que preside vai solicitar apoio ao governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) para vir a funcionar no território um espaço de promoção dos produtos e serviços os empresários portugueses queiram exportar para a China. A Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra “vai ajudar nessa relação” com a República Popular da China (RPC), afirmou o dirigente, enumerando áreas de atividade que o futuro polo da CCPC-PME, em Macau, deverá divulgar aos empresários chineses. “Turismo, ensino e novas tecnologias” são algumas das apostas empresariais que a CIM ajudará a promover, salientou Y Ping Chow, no final de uma cerimónia, na qual que a Câmara de Comércio assinou um protocolo de cooperação com a Comunidade Intermunicipal liderada pelo autarca Emílio Torrão. O presidente do conselho executivo da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas disse que, além das diligências para a criação de uma representação na RAEM, território administrado durante séculos por Portugal, até 1999, a organização vai investir, já este ano, na aproximação dos empresários portugueses aos congéneres chineses em duas províncias da RPC: Zheijiang e Hebei. Esse programa de internacionalização passa, num primeiro momento, por sessões de informação e debate por via digital, a que se seguirão, em março de 2023, a deslocação de delegações portuguesas àquelas províncias, devendo os empresários locais visitar depois a Região de Coimbra e Portugal em datas ainda por agendar. A CIM, segundo Y Ping Chow, assume-se como “um parceiro válido a trabalhar” neste processo. A CCPC-PME, com sede em Condeixa-a-Nova, vai trabalhar para “tornar a China aberta ao mercado europeu”, fomentando as exportações portuguesas e chinesas. “Sendo Portugal um país muito pequenino [comparado com a China], temos de criar uma força conjunta”, que inclui um pedido de envolvimento do governo de Macau, onde vários milhares de pessoas continuam a falar e escrever Português, 23 anos depois da transferência do governo do território para a RPC. O presidente da CIM da Região de Coimbra, por seu turno, elogiou a decisão da Câmara de Comércio Portugal-China de instalar um “piloto” em Macau. “A China representa um mercado de exportação e importação muito importante”, sublinhou Emílio Torrão, defendendo a necessidade de “parceiros credíveis” que facilitem o acesso aos agentes da economia chinesa. Na cerimónia, intervieram também o presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova, Nuno Moita, o consultor externo na CCPC-PME, Sérgio Ribeiro, e o secretário executivo da CIM da Região de Coimbra, Jorge Brito.
Hoje Macau Manchete SociedadeCertificado de vacinação já não é obrigatório para quem chega do estrangeiro Macau anunciou hoje que já não exige o certificado de vacinação contra o novo coronavírus a quem chega do estrangeiro, mas mantém a obrigação de quarentenas e apresentação de um teste de ácido nucleico negativo. “Os indivíduos, de qualquer idade, que pretendam embarcar em meios de transporte civil do estrangeiro, da Região Administrativa Especial de Hong Kong ou da Região de Taiwan, com destino à Região Administrativa Especial de Macau, não precisam de apresentar o certificado de vacinação contra o novo tipo de coronavírus”, informaram as autoridades. “Contudo estes indivíduos que entram em Macau devem possuir um certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo e cumprir as respetivas disposições referentes à observação médica”, ressalvou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus em comunicado. As autoridades garantiram que acabar com esta exigência “não significa que a vacinação já não é importante, mas (…) porque a maioria das pessoas já satisfaz os requisitos de vacinação”. Na prática, sublinharam, “a exigência da apresentação do certificado da vacinação deixa de ser um inconveniente as pessoas que pretendam entrar em Macau”. Ao contrário do que acontece para quem entra pela fronteira com a China continental, quem chega do estrangeiro é obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias num hotel, um período que chegou a ser de 28 dias, mas que tem sido reduzido progressivamente.
João Luz SociedadeImobiliário | Menos 12,4% de casas vendidas no 2.º trimestre Durante o segundo trimestre deste ano, foram transaccionadas 1.232 fracções autónomas e lugares de estacionamento pelo valor de 6,64 mil milhões de patacas, valor total que representou quedas de 12,4 por cento e 9 por cento, respectivamente, face ao trimestre anterior. Os dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, são baseados no imposto de selo cobrado. No cômputo geral, foram vendidos no período em análise 793 apartamentos (menos 33 em relação ao primeiro trimestre do ano), por um valor global de 4,85 mil milhões de patacas, uma descida de 13 por cento. A maior quebra de vendas foi registada no segmento das fracções autónomas habitacionais de edifícios em construção, que caiu 20 por cento, para um valor de 197 milhões de patacas, negócios que renderam menos 30,8 por cento em relação ao trimestre anterior. As transacções de fracções habitacionais em prédios já construídos não sofreram tanto, a venda de 761 apartamentos (menos 3,2 por cento em termos trimestrais), pelo valor de 4,65 mil milhões de patacas (menos 12,1 por cento). Em relação ao preço do metro quadrado, apenas na Taipa se registou um ligeiro crescimento, de 0,9 por cento, para 93.387 patacas. O metro quadrado das fracções autónomas habitacionais na Península de Macau fixou-se em 93.791 patacas e em Coloane em 107.042 patacas, valores que representam quebras de 2,1 por cento e 8,6 por cento, respectivamente.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCPU | Vong Kock Kei preocupado com obras no Templo Iok San A nova Planta de Condições Urbanísticas vai permitir obras numa parte do terreno do Templo Budista Iok San. Vong Kock Kei, membro do CPU, teme que a população fique sem mais um espaço para o culto dos antepassados Vong Kock Kei, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), receia que futuras obras no Templo Budista Iok San, na Rua Almirante Costa Cabral, possam levar à extinção de um espaço para o culto dos antepassados. A preocupação foi deixada ontem durante uma sessão em que foi aprovada nova Planta de Condições Urbanísticas (PCU) para o terreno. Segundo a proposta apresentada ontem, o terreno está dividido em três áreas. Uma zona é referente ao templo, que não deve sofrer alterações, outra diz respeito ao espaço livre, também para ser mantida, e, por último, uma terceira área, onde a construção vai ser autorizada, desde que o proprietário respeite os limites da construção em altura. No entanto, Vong Kock Kei alertou para o facto de que o espaço onde vão decorrer as obras é utilizado pela população para o culto dos antepassados. “Há muitas pessoas que utilizam esse espaço para fazer o culto dos antepassados. Acho que temos de ter em consideração essa questão”, indicou. “Estamos a falar de uma instalação religiosa e temos de ponderar se não estamos a criar um problema social”, alertou. “Com esta PCU, os proprietários podem fazer as obras que quiserem. Mas como vai ser resolvida a questão das pessoas que fazem culto dos antepassados?”, questionou. As dúvidas do vogal do conselho ficaram sem resposta, por não fazerem parte das competências dos organismos presentes, mas Mak Tat Io, presidente do conselho e sub-director da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), prometeu que as preocupações seriam enviadas para os departamentos competentes. Não classificado Por sua vez, Tam Chi Wai, membro do conselho, mostrou-se surpreendido com o facto de o templo não ser património protegido. Na resposta à questão, a presidente do Instituto Cultural, Deland Leong, explicou que os critérios para a protecção não estão reunidos. “Para classificar uma construção seguimos as regras, os critérios, fazemos análises e consultas públicas. Primeiro, temos de ouvir as opiniões e ver se as condições para classificação estão reunidas”, clarificou a presidente do IC. “Neste caso, as condições não estão reunidas e o templo nem sequer está incluído no património que aguarda por ser classificado como património protegido”, acrescentou. Tam Chi Wai perguntou também se uma estátua existente no templo, na área onde vai ser possível construir, poderia ser removida. A esta pergunta, Deland Leong respondeu afirmativamente. Esticar os limites Um outro projecto que gerou alguma discussão durante a sessão foi a PCU para um edifício situado na Rua de Ferreira do Amaral e na Rua de Abreu Nunes. Segundo a Planta de Condições Urbanística, o edifício permite a construção de um infra-estrutura de altura média. No entanto, os membros Omar Yeung To Lai, Vong Kock Kei e Christine Choi questionaram se não era possível aprovar uma PCU com uma altura superior, ou seja, do tipo “médio-alto”. Perante as questões, Mak Tat Io justificou que a área do terreno era de 325 metros quadrados, e que a área para se emitir uma PCU para um edifício médio-alto é de 350 metros quadrados. Face ao argumento, Omar Yeung To Lai defendeu que devia haver uma maior flexibilidade, porque os interesses privados estavam a ser prejudicados. Contudo, Mak recusou uma maior flexibilidade, justificando que os critérios são para cumprir, e acrescentou que em 2008 a área dos terrenos para permitir uma PCU para um edifício médio-alto já tinha sido reduzida de 400 metros quadrados para os actuais 350 metros quadrados.
João Luz Manchete SociedadeAeroporto | Novas medidas para reduzir espera antes de quarentena Depois de inúmeras críticas ao longo período de espera entre a chegada ao aeroporto de Macau e a entrada nos hotéis de quarentena ou no Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane, as autoridades de saúde anunciaram ontem medidas para reduzir a demora. Em declarações ao programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Lam Chong anunciou que desde ontem passou a funcionar um posto móvel num autocarro para fazer testes de ácido nucleico logo à saída do avião. O responsável do Centro de Prevenção e Controlo da Doença não especificou se o teste seria feito antes ou depois da desinfecção da bagagem, nem comentou aspectos de segurança relacionados com o espaço exíguo onde será realizada a testagem. Lam Chong afirmou aos microfones da emissora pública que a medida permite que as amostras recolhidas cheguem mais depressa ao laboratório de análise. Além disso, as pessoas vão seguindo para os hotéis de quarentena à medida que os resultados vão sendo conhecidos, ao contrário do que acontecia até então, com os passageiros a aguardarem os resultados globais. Como por vezes é preciso fazer contra-análises, em particular em casos que levantem dúvidas se são ou não positivos, o processo de entrada nos hotéis de quarentena era atrasado consideravelmente.
João Luz Manchete SociedadeTesouro | Tai Wa Hou culpa TNR de caso positivo e realça papel da DST Tai Wa Hou apontou responsabilidades aos funcionários dos hotéis de quarentena por infecções nas instalações, dois dias depois de um segurança do Hotel Tesouro ter testado positivo. Lam Chong, do centro de coordenação, enalteceu o trabalho do Governo durante o surto e deu conta de elogios de especialistas do Interior “Os casos positivos resultaram do não cumprimento das normas de gestão pelos funcionários dos hotéis de quarentena.” Foi assim que o médico Tai Wa Hou comentou indirectamente a descoberta de um caso positivo de covid-19 relativo a um segurança do Hotel Tesouro, que obrigou à extensão das quarentenas por cinco dias para quem se preparava para sair. Aos microfones do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, o médico e membro da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, afirmou que os hotéis designados para cumprir quarentena não são instalações médicas e que é preciso cumprir com rigor as orientações emanadas pelos Serviços de Saúde. Tai Wa Hou sublinhou que as unidades hoteleiras operam sob supervisão da Direcção dos Serviços de Turismo, que tem um mecanismo de fiscalização permanente para acompanhar o rigor com que os trabalhos são executados. “Se um funcionário não cumprir as instruções de gestão e, por exemplo, retirar o equipamento protector, pode facilmente ser infectado”, afirmou o médico, realçando a necessidade de melhorar a gestão e continuar a apostar na formação, sobretudo, de funcionários de limpeza e segurança. Palmadas nas costas Durante o programa, o coordenador do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Chong, avaliou o trabalho das autoridades de saúde de forma positiva, realçando que o Governo fez tudo para minorar na população o impacto das medidas de combate ao surto que foi descoberto a meio de Junho. Com o objectivo de conseguir zero casos de infecção, Lam Chong destacou que o período de confinamento parcial não fechou a cidade totalmente, abordagem que foi inclusivamente elogiada por especialistas do Interior da China que terão aprendido com os métodos usados pelas autoridades de Macau. Recorde-se que durante 12 dias, a população só pôde sair à rua para comprar bens essenciais ou participar nos testes em massa, caso contrário poderia responder penalmente pela prática de crimes. Todas as actividades comerciais não essenciais, incluindo os casinos, foram encerradas e quem foi apanhado na rua pela polícia teve de apresentar uma justificação e usar máscara do tipo KN95. Tai Wa Hou argumentou que para o trabalho de prevenção pandémico é essencial flexibilidade para adequar as respostas às situações reais. Além disso, o médico destacou a colaboração da população e a articulação entre todos os departamentos públicos e associações como chave para o sucesso.
João Luz Manchete SociedadeHotel Tesouro | Quarentena alargada e incerteza deixam residentes desolados Depois da identificação de um caso positivo de covid-19 num trabalhador do Hotel Tesouro, quem se preparava para sair de quarentena nesse dia ficou a perceber a razão que levou à extensão do isolamento até ao próximo sábado. Incredulidade e desalento passaram a ser os sentimentos dominantes. Uma residente destacou ao HM a falta de responsabilização das autoridades Enquanto aguardavam o muito esperado aviso para descer e fazer check-out depois de cumprida a quarentena obrigatória para entrar em Macau, os “hóspedes” de dois pisos do Hotel Tesouro tiveram uma desagradável surpresa. “Atendi a chamada de um número anónimo, pensando que me iriam dizer para descer para fazer check-out. Atendi o telefone toda animada, porque estava a 40 minutos de sair daqui. Quando me disseram que ‘infelizmente teria de ficar até dia 20’ vi tudo a desabar à minha frente e não acreditei no que se estava a passar.” É desta forma que Sofia Mota resume o choque que sofreu ao saber que teria de ficar mais cinco dias em quarentena, meio dia depois do anúncio de que um trabalhador do Hotel Tesouro teria testado positivo. Na segunda-feira, poucos minutos antes das 23h, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciava que um trabalhador (de 24 anos de idade, do sexo masculino, trabalhador não-residente) teria testado positivo e que as “pessoas que se encontram em observação médica neste hotel, necessitam de prolongar o período de observação médica até 20 de Agosto”. Uma residente de apelido Chen, contou ao HM que lhe disseram na fatídica chamada que haveria muitos casos positivos no piso onde cumpria quarentena com o seu filho e que, essa seria a razão para ficar mais cinco dias de quarentena, sem colocar em risco da comunidade devido à possibilidade de estar ainda a decorrer o período de incubação do vírus. “Mais tarde, vimos nas notícias que a razão era o teste positivo do trabalhador do hotel. Mentiram-nos, quiseram-nos culpar desta situação. Esta situação de falta de responsabilização é ridícula”. Bomba emocional No meio das mensagens contraditórias, Chen perdeu um pouco a paciência e perguntou às autoridades se o hotel estava ou não em condições para garantir a segurança dos hóspedes na eventualidade de se verificarem casos positivos entre “isolados” ou mesmo trabalhadores. “Quando um trabalhador de um hotel de quarentena é infectado, o Governo devia assumir a responsabilidade, mas não o fizeram. Se pedissem desculpa, em vez de mentirem, teria sido mais fácil”, acrescentou a residente. A incerteza e as políticas preventivas são os maiores receios da residente, que confessa não temer as consequências de saúde de contrair o vírus, mas sim as implicações restritivas, como ser enviada para o hospital. “Se me disserem que vou sair, de certeza, no dia 20 estaria muito bem com esse compromisso. Mas se existem mesmo muitos casos positivos no meu piso, temo que se repita o que aconteceu no Parisian, onde foram precisos cinco dias com testes negativos para todas as pessoas saírem da quarentena”. Sofia Mota tem mantido contacto com outros “companheiros de quarentena” que se viram obrigados fazer mais cinco dias de isolamento e revela que o “sentimento geral é de desolação”. Além da obrigatoriedade de ficar no hotel quando se preparavam para sair, a falta de informação e de racionalidade são factores de destabilização emocional. “Isto dá cabo de nós emocionalmente, e a nível pessoal, todos temos uma vida, temos de trabalhar. Quando chegamos estamos preparados para a possibilidade de testar positivo, principalmente depois da espera para darmos entrada no hotel. A situação no aeroporto foi a que mais me assustou”, conta.
Hoje Macau SociedadeEstudo | Jogo problemático com maior foco em solteiros e budistas Os homens solteiros, de meia idade e budistas têm maior probabilidade de se tornarem jogadores patológicos. A conclusão é apontada num estudo da Universidade Politécnica de Macau (UPM), intitulado “Profiling of Gamblers and Problem Gamblers Among Casino Patrons in Macau SAR”, da autoria dos académicos To Wai Ming e Huang Guihai. Segundo o portal Macau News Agency, o estudo conclui que os homens chineses, entre 35 e 54 anos, trabalhadores independentes e solteiros, numa situação de divórcio, viuvez ou separação, que vivam sozinhos, “têm uma elevada probabilidade de serem jogadores problemáticos”. Publicado este mês no Journal of Gambling Studies, o estudo estabelece uma ligação entre o vício de jogo e o Budismo. “Enquanto que a associação entre o Budismo e o jogo patológico parece ser um pouco surpreendente, tal pode explicar-se pelo facto de os homens chineses que são influenciados pelo Confucionismo e Budismo verem o jogo, incluindo o jogo nos casinos, como uma intensa actividade social e uma forma de testar a sorte e o destino de uma pessoa”, apontam os académicos. A investigação da UPM teve como base um inquérito feito a 1,352 pessoas que jogaram nos últimos 12 meses em Macau antes da pandemia em 2020. Um terço dos inquiridos era residente e cerca de metade era natural da China, sobretudo da província de Guangdong.
João Luz SociedadeBanca | Actividade internacional caiu no 2.º trimestre A quota de aplicações financeiras nos mercados internacionais, no activo total do sistema bancário de Macau, decresceu de 86 por cento, taxa registada no final de Março de 2022 para 85,5 por cento, taxa reportada ao final de Junho de 2022, indicou ontem a Autoridade Monetária de Macau. De acordo com as estatísticas publicadas ontem, as responsabilidades internacionais no passivo total do sistema bancário desceram de 83,6 por cento, registado no final de Março de 2022 para 83,3 por cento. No que toca às transacções bancárias internacionais a pataca continua longe de ser a unidade principal, ocupando no final de Junho deste ano uma quota de 0,8 por cento e 0,7 por cento, respectivamente, no total do activo e no total do passivo financeiro internacional. A moeda com maior quota no activo internacional foi o dólar norte-americano, com 44 por cento, seguido do dólar de Hong Kong, com 32,7 por cento, e o renminbi com 18,7 por cento. Em relação ao total da responsabilidade internacional, o dólar de Hong Kong representava 37,4 por cento, a moeda norte-americana 37,6 por cento e o renminbi 21,6 por cento. No final de Junho deste ano, o total dos activos internacionais do sector bancário de Macau decresceu 3,6 por cento relativamente ao trimestre anterior, atingindo 2.206,0 mil milhões de patacas.
João Luz SociedadeDST | Excursões locais retomaram ontem com mil inscritos As excursões locais, designadas como “Passeios, gastronomia e estadia para residentes de Macau”, voltaram ontem a organizar roteiros. Segundo a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), até ontem mais de mil residentes estavam inscritos nos roteiros e mais 10 mil registados para “desfrutar da experiência de estadia em hotéis”. Para marcar o retorno do programa, as excursões de ontem incluíram visitas à Vila de Nossa Senhora em Ká-Hó, a uma das oito novas paisagens de Macau – a Vila de Pescadores de Coloane – entre outros pontos turísticos, indicou a DST. Em relação aos roteiros que incluem refeições em restaurantes foram encontradas soluções para separar os participantes em mesas pequenas da restante clientela, especificam os Serviços. Quanto aos roteiros sem refeições incluídas, os guias turísticos vão distribuir pelos participantes “um cartão de refeição no valor de 100 patacas, a fim de facilitar a tomada de refeições separadamente”. Recorde-se que a duração do programa de excursões locais deste ano estava prevista para o período entre 29 de Janeiro e 31 de Agosto, acabando por ser suspenso em meados de Junho devido ao surto que assolou Macau desde o início da pandemia. Com o regresso das inscrições, no início de Agosto, foram vendidos 3.848 pacotes para estadia em hotel (de 6 a 14 de Agosto), envolvendo 10.832 hóspedes. Em relação às inscrições em excursões locais, entre 8 e 14 de Agosto, registaram-se 1.158 inscrições.
João Luz Manchete SociedadeFornecedores sugerem cartão de consumo de 15 mil A Associação da União dos Fornecedores defende mais uma ronda de cartão de consumo de 15 mil patacas, assim como medidas de alívio, destinadas às PME, para pagar rendas e salários. Um académico da UM considera que uma parte do valor do cartão deve usado exclusivamente em negócios que pouco beneficiaram com outras rondas Tendo em conta o lançamento de um novo pacote de medidas de apoio à economia, no valor global de 10 mil milhões de patacas, a Associação da União dos Fornecedores de Macau apresentou uma lista de sugestões ao Governo, onde se destaca uma nova ronda de cartão de consumo no valor de 15 mil patacas. Exceptuando a medida de incentivo ao consumo, a associação apontou alguns caminhos para atenuar a pressão sobre as pequenas e médias empresas (PME). Num comunicado, citado pelo jornal Ou Mun, a instituição que representa os fornecedores do território sugeriu ao Executivo que isente de impostos os proprietários que reduzam rendas de PME e que sejam criados subsídios para ajudar a pagar despesas com rendas e salários. Quanto a estes últimos apoios, foi sugerida a criação de um subsídio que suporte o pagamento de metade da renda e despesas com salários de PME durante um período de três meses. No caso de um proprietário reduzir para metade a renda de uma loja, o Governo poderia devolver a contribuição predial urbana de 2021, bem como isentar a contribuição predial urbana e taxa de arrendamento de 2022, exemplificou a associação. Foco onde interessa O professor Lei Chun Kwok, da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, entende que as medidas de apoio económico devem ser dirigidas ao grupos demográficos e sectores empresariais menos beneficiados nas rondas anteriores. Em declarações ao jornal Ou Mun, o académico defendeu que deveria ser dada mais atenção a grupos sociais como reformados e donas de casa. Lei Chun Kwok argumenta que, independentemente de se tratar de uma nova ronda de cartão do consumo ou cheque pecuniário, as redes de supermercados e grandes superfícies não devem continuar a ser os maiores beneficiários dos apoios públicos. Como tal, indica que o Executivo deve dividir em duas partes o valor do cartão do consumo, com uma fracção a ser usada em todos os estabelecimentos comerciais e uma segunda parte com uso exclusivo nos sectores económicos, zonas e lojas mais afectadas pela pandemia. Quer pela natureza do negócio, quer pela área geográfica mais afectada com a demarcação das zonas vermelhas e amarelas durante o surto. Quanto ao panorama geral económico, Lei Chun Kwok prevê o aumento da taxa de desemprego e que o Governo deve manter alguma sobriedade nas medidas de apoio a pensar na população que perdeu o emprego. O lançamento de apoios às empresas para impedir despedimentos é uma das sugestões do académico.
João Santos Filipe Manchete SociedadePatrimónio | Pedida protecção do Pátio das Seis Casas Um artigo publicado por dois académicos da MUST aponta que o Pátio da Seis Casas é um dos raros exemplos do estilo arquitectónico Lingnan em Macau e que deve ser protegido Chen Yile e Zheng Liang, académicos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, acrónimo em inglês) defendem que o Pátio das Seis Casas deve ser utilizado para promover a História do território. Num artigo com o título Casas Tradicionais de Lingnan: Pátio da Seis Casas, publicado na revista Multidisciplinary International Journal of Research and Development, os autores argumentam que as casas do pátio apresentam exemplos raro da arquitectura Lingnan em Macau. “O Pátio das Seis Casas tem uma história com uma centena de anos, tem dos poucos edifícios que preservam o estilo Lingnan, de uma forma tradicional e completa”, sustentam Chen e Zheng. Este estilo arquitectónico vai buscar o nome à região de Lingnan, que fica no Sul das Montanhas Nanling e abarca Macau, Hong Kong, grande parte de Cantão e ainda o norte do Vietname. Destaca-se de outros estilos adoptados no Interior devido à adaptação ao clima subtropical da região, o que faz com que, por exemplo, seja frequente a utilização de materiais mais resistentes à humidade. A arquitectura de Lingnan tende igualmente a favorecer cores claras, como o verde e o branco, evita estruturas circulares, e apresenta detalhes no topo das fachadas, que vão de pinturas a esculturas em relevo. No entanto, os autores reconhecem que o facto dos edifícios terem sido erigidos numa colónia portuguesa também se faz sentir: “Têm traços tradicionais da arquitectura chinesa, mas também alguns elementos da arquitectura portuguesa, o que reflecte um valor arquitectónico único”, é indicado. “São um elemento físico que nos permite estudar as casas, o imobiliário e a forma de viver dos comerciantes chineses durante o período mais tardio da Dinastia Qing”, é acrescentado. Perigo à vista Apesar do que consideram o valor histórico e cultural, Chen Yile e Zheng Liang alertam que os edifícios podem estar ameaçados. “Uma vez que o Pátio das Seis Casas não faz parte da Zona Protegida do Centro Histórico de Macau não está legalmente protegido. É uma sorte que tenha mantido toda a integridade”, é sublinhado. Por isso, além de considerarem ser imperativo garantir que o espaço se mantém sem alterações, o que significa preservar não só os edifícios do pátio, mas outros elementos como poços e altares, os autores consideram que se deve proceder a trabalhos de limpeza e restauração. Ainda neste capítulo, Chen Yile e Zheng Liang esperam a coordenação das autoridades com os proprietários dos terrenos naquela zona, para que lhes seja explicada a importância do local e da manutenção das suas características. No mesmo sentido, é ainda sugerido que o Pátio das Seis Casas, como prova viva da história do final da Dinastia Qing em Macau, seja desenvolvido como uma atracção turística, com materiais a explicar a história e a cultura reflectidas pelos edifícios.
Andreia Sofia Silva SociedadeEconomia | Menos 518 sociedades face a 2.º trimestre de 2021 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que, no segundo trimestre deste ano foram criadas 923 sociedades, menos 518 por comparação a igual período do ano passado. Os números mostram também que a maior parte das sociedades, 346, pertence à área do comércio por grosso e retalho, enquanto que 237 pertencem ao ramo dos serviços prestados às empresas. No entanto, criaram-se, nestes segmentos económicos, menos 121 e 151 sociedades, respectivamente. Relativamente ao capital social, mais de metade das sociedades, 69,6 por cento, tem um capital social inferior a 50 mil patacas, sendo que a totalidade do montante envolvido é de 17 milhões de patacas. A nível global, o capital das sociedades criadas no segundo trimestre deste ano foi de 322 milhões de patacas, mais 39,2 por cento em termos anuais. A DSEC explica este aumento no capital social devido “à constituição de sociedades com capital social relativamente elevado no ramo dos serviços prestados às empresas e no ramo das actividades financeiras”. Sobre a origem do dinheiro investido, 78 por cento do capital social das sociedades veio do Interior da China, num total de 251 milhões de patacas, enquanto que o capital social da mesma zona do país, mas de cidades que pertencem à Grande Baía, foi de 154 milhões de patacas, dos quais 53 por cento de Zhongshan. O capital social proveniente de Macau foi de 62 milhões de patacas e o de Hong Kong fixou-se em seis milhões de patacas. Por sua vez, no mesmo período, foram dissolvidas 171 sociedades com um capital social de 27 milhões de patacas.
Hoje Macau SociedadeJustiça | Arranca julgamento no Interior relacionado com Alvin Chau As autoridades de Wenzhou anunciaram que 35 arguidos suspeitos de crimes relacionados com jogo ilegal no Interior e as actividades de Alvin Chau confessaram-se culpados. A informação foi divulgada através de um comunicado do Tribunal Popular de Segunda Instância de Wenzhou, da província de Zhejiang, na rede social WeChat. Os arguidos estão acusados de crimes de jogo ilegal e organização ilegal, num processo que tem como protagonista Alvin Chau e as actividades da Suncity. Segundo a informação disponibilizada, os crimes foram possíveis porque desde 2007 que Alvin Chau e a empresa junket exploravam salas VIP de jogo em Macau. Além disso, a rede criminosa terá igualmente, a partir de 2015, passado a permitir o jogo online em casinos das Filipinas e outras regiões, a que os jogadores podiam aceder no Interior, através dos telemóveis. Ainda segundo a acusação, os arguidos auxiliaram o milionário de Macau a obter ganhos ilegais, com a criação de um sistema de agentes para a captação de jogadores. Este “serviço” implicou a criação de uma empresa de gestão de activos, utilizada para garantir que as dívidas relacionadas com Macau e o jogo online podiam ser cobradas do outro lado da fronteira. Os agentes e os criminosos, em troca da participação na rede de jogo, recebiam avultadas comissões. As autoridades dizem ainda que até Novembro de 2021, a rede de jogo online contava com 60 mil agentes, que terão chegado a pelo menos 60 mil jogadores. Na versão da acusação, esta rede “trouxe grandes riscos para a sociedade e economia”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeObras Públicas | Julgamento de Li Canfeng e Jaime Carion arranca em Novembro A primeira sessão está agendada para 4 de Novembro, e vai ter como presidente do colectivo de juízes Lou Heng Ha, que também tem em mãos o caso que implica Alvin Chau O julgamento do caso que envolve os ex-directores dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Li Canfeng e Jaime Carion vai arrancar no dia 4 de Novembro. A informação foi divulgada na sexta-feira pela Rádio Macau. A primeira sessão daquele que é o maior escândalo de corrupção a implicar as autoridades da RAEM desde o julgamento de Ho Chio Meng, ex-Procurador, está marcada para as 10h. O colectivo de juízes vai ter como presidente Lou Heng Ha, juíza que, segundo a Rádio Macau, está igualmente encarregue de outro caso mega mediático, com Alvin Chan, junket fundador da empresa Suncity. Jaime Carion é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, cinco crimes de corrupção passiva para acto ilícito e seis crimes de branqueamento de capitais. O antigo director das Obras Públicas não está em Macau há vários anos. O seu paradeiro é desconhecido, apesar das suspeitas de que esteja algures em Portugal ou no Brasil, pelo que as hipóteses de passar tempo na prisão são praticamente nulas. No que diz respeito a Li Canfeng, sucessor de Carion nas Obras Públicas, é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, 11 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 10 crimes de branqueamento de capitais, um crime de falsificação de documentos e quatro crimes de inexactidão de elementos. O ex-director está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Coloane desde Dezembro de 2021, depois de ter sido detido no Interior do país. Outros crimes Por sua vez, Sio Tak Hong é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, dois crimes de corrupção activa, cinco crimes de branqueamento de capitais e quatro crimes de falsificação de documentos. O empresário William Kuan Vai Lam, que enquanto estava em liberdade foi responsável pela venda de terrenos mais cara de sempre em Macau, é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, três crimes de corrupção activa e três crimes de branqueamento de capitais. Sio Tak Hong e William Kuan foram detidos em Macau em Dezembro de 2021, na mesma altura que Li Canfeng. No processo, consta ainda o nome do empresário Miguel Wu, ex-sócio de Pedro Chiang, que já havia sido condenado no âmbito do processo com o ex-secretário Ao Man Long. Wu é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, dois crimes de corrupção activa e dois crimes de branqueamento de capitais.
Hoje Macau SociedadeRestauração | IAM recolhe informações de trabalhadores O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) lançou um programa para recolher informações relativas a trabalhadores da restauração que estão obrigados a realizar testes de ácido nucleico regularmente. Segundo um comunicado do IAM, a medida foi anunciada depois de reuniões com “várias associações comerciais e grupos do sector” e tem o apoio da Associação Comercial de Macau. Com a programada compilação de dados, o IAM está em posição de fiscalizar os diversos estabelecimentos e garantir que as pessoas estão testadas, para actuar no caso de as exigências não serem cumpridas. A implementação de um sistema de monitorização implica a cooperação dos proprietários dos espaços. Nesse sentido, o organismo liderado por José Tavares reuniu-se com proprietários e fez sessões de explicações para ensinar o sector a disponibilizar as informações necessárias. No comunicado divulgado na sexta-feira, o instituto congratulou-se pelo trabalho feito até agora. “O IAM tem vindo a manter uma boa comunicação com os sectores da restauração e dos produtos alimentares de Macau, já antes tendo organizado o registo de trabalhadores e inspecções para supervisão e controlo, e ouvido as opiniões dos representantes da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau, Associação das Pequenas e Médias Empresas de Restauração de Macau, Associação de Desenvolvimento da Indústria de Restauração e Bebidas de Macau, Associação dos Comerciantes da Boa Cozinha de Macau, Associação de Qualidade Verde Marca”, pode ler-se no comunicado.
João Santos Filipe Manchete SociedadeDSEDJ | Regresso às aulas com regras apertadas A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) vai permitir que as aulas do ensino não superior recomecem na segunda metade de Agosto e no início de Setembro. A informação foi avançada na sexta-feira, através de um comunicado em que foi exigida uma “rigorosa observância das medidas de prevenção da epidemia”. Entre as orientações é pedido aos alunos que regressem “à sua residência habitual (Macau, Zhuhai ou Zhongshan) 10 dias antes do início das aulas”. Os estudantes vão ficar ainda obrigados a apresentar “um certificado de teste negativo de ácido nucleico no mesmo dia do início das aulas, realizado até 72 horas antes, que será verificado pela respectiva escola”. Este critério é igualmente aplicado aos alunos do ensino superior. Ainda de acordo com as mesmas indicações da DSEDJ, os alunos e docentes que não fiquem 10 dias na residência habitual antes do início das aulas devem adiar o regresso, até cumprirem o critério. Nos últimos dias foram vários os pedidos de escolas e deputados para que a DSEDJ desse início à preparação dos trabalhos para o novo ano lectivo. No comunicado, o Governo considera que actuou no tempo oportuno. “A DSEDJ forneceu, em tempo útil, orientações às escolas do ensino não superior sobre a suspensão das aulas devido à epidemia, contidas no ‘Guia de Funcionamento das Escolas’ e, nos próximos dias, vai continuar a comunicar com o sector educativo para implementar as diversas disposições”, foi considerado. Além disso, a DSEDJ apelou igualmente à vacinação dos alunos e prometeu continuar a promover o “Dia da Vacinação dos Alunos”.
João Santos Filipe Manchete SociedadePorto Interior | Detectados dois casos positivos em zona “de controlo” O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou duas infecções por covid-19 no Porto Interior. Os casos positivos dizem respeito a um residente de 64 anos e uma mulher de 70 anos, ambos classificados como casos importados O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou na sexta-feira a descoberta de um caso positivo de covid-19 na zona de controlo do Porto Interior, o que levou as autoridades a decretarem duas rondas de testes de ácido nucleico para quem vive e trabalha na área. A pessoa infectada é um residente com 64 anos de idade, e as duas rondas de testagem têm de ser concluídas até hoje. “Foi diagnosticado um caso positivo do teste de ácido nucleico da covid-19 num residente de Macau, tripulante de navios de Hong Kong e Macau, do sexo masculino, com 64 anos de idade, que tinha sido considerado contacto próximo do caso diagnosticado em 10 de Agosto, também tripulante de navios de Hong Kong e Macau”, foi revelado pelo centro de coordenação de contingência. Segundo a mesma informação, o homem estava “sob controlo” desde a manhã de 10 de Agosto, por ter trabalhado entre 7 e 9 de Agosto com outro trabalhador infectado. Contudo, “todos os testes de ácido nucleico realizados entre 4 e 10 de Agosto foram negativos”, foi indicado. Esta infecção foi classificada “preliminarmente como caso importado de infecções assintomáticas da covid-19”, por estar relacionada com o caso mais recente importado, também de um trabalho no sector da logística, que realizava viagens entre Macau e Hong Kong. Em relação a contactos próximos, o centro informou que “os coabitantes e colegas estavam sob controlo desde 10 de Agosto”. Ontem, as autoridades reportaram um caso, referente uma residente de Macau, com 70 anos idade. A paciente é a mulher do tripulante com 73 anos de idade que foi diagnosticado no passado dia 10 de Agosto. 18 casos importados Além do caso confirmado, as autoridades anunciaram igualmente que até quinta-feira tinham sido registados mais onze casos importados, dos quais nove negaram qualquer histórico de infecção anterior, levando a que fossem considerados casos importados de infecções. Estas infecções envolveram três pessoas do sexo masculino e seis do sexo feminino, com idades entre os 26 e 63 anos, provenientes do Reino Unido, Portugal, Filipinas, Japão, Estados Unidos, Singapura, Hong Kong e Taiwan. Além disso, foram registados dois casos importados, do sexo masculino, com idades entre os 2 e 4 anos, provenientes de Hong Kong, que alegaram que tinham sido infectados pela COVID-19, pelo que foram classificados como caso de recaída. Ontem foram acrescentados mais sete casos à lista de importações, referentes a dois homens e cinco mulheres, com idades compreendidas entre 13 e 73 anos. Até ao dia de ontem, tinham sido registados 791 casos confirmados de covid-19 e 1.423 casos de infecção assintomática, num total de 2.214 casos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeQueixas sobre malas devem ser dirigidas à Autoridade de Aviação Civil Vários residentes dizem ter ficado com roupas e outros produtos danificados devido à desinfecção das bagagens à chegada a Macau, no Aeroporto Internacional de Macau. Liz Lam, relações públicas da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), confirmou ontem na conferência de imprensa do centro de coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus que as queixas devem ser dirigidas à Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) ou às próprias companhias aéreas. “Não temos queixas e recebemos essa informação [dos produtos danificados] por parte dos meios de comunicação social. [Os residentes] devem apresentar queixa junto da autoridade de aviação civil. Sobre o processo de desinfecção é melhor consultar os serviços competentes ou as companhias aéreas, porque diferentes companhias têm diferentes orientações”, adiantou. O HM falou com duas residentes que ficaram com roupa completamente inutilizada devido às manchas de lixívia, peças que estavam junto aos fechos das malas. As residentes indicaram vontade de apresentar queixa colectiva sobre esta situação, tendo uma das residentes sido informada, no aeroporto, para reclamar junto da companhia aérea com a qual viajou. Sem risco comunitário Entretanto, foi ontem confirmado que o segundo caso de infecção importado de Zhuhai diz respeito à esposa do homem infectado, que levou ao bloqueio de um prédio residencial. As autoridades realçaram não haver risco de infecção na comunidade e que a mulher trabalha numa loja de produtos de beleza e cosméticos na zona das Portas do Cerco. “O caso diz respeito à mulher da pessoa que já estava infectada antes e foi detectado na parte de gestão e controlo. O casal teve os mesmos itinerários, mas não trabalham juntos. Não divulgamos o percurso da mulher porque foi detectado em Zhuhai e é semelhante ao do marido”, explicou a médica Leong Iek Hou, coordenadora do centro de coordenação e de contingência. Para já os testes realizados nas zonas alvo junto às Portas do Cerco deram negativo, pelo que “afastamos a possibilidade de infecção comunitária causada pelo casal”. Quanto ao homem, a infecção é da estirpe BA 5.2 da variante Ómicron, “diferente da estirpe que circulava em Macau”, mas em relação à esposa ainda está a ser feita a análise. As autoridades estão ainda a estudar as fontes destas infecções. Sobre o caso detectado na quarta-feira, respeitante a um trabalhador de um navio de carga entre Macau e Hong Kong, foi também referido que o risco para a comunidade é baixo. Entre quarta-feira e as 16h de ontem foram recolhidas 80 mil amostras de testes de ácido nucleico realizadas na zona do Porto Interior, todas com resultados negativos. As autoridades apelaram ainda ao uso de mais postos fronteiriços que não o de Qingmao, que tem registado grande fluxo. “Temos enviado polícias para manter a ordem, fazendo uma triagem das pessoas e mantendo a ordem social. Abrimos mais canais [de passagem] e disponibilizamos autocarros gratuitos em coordenação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. As pessoas podem ir para outras fronteiras de autocarros”, disse o responsável do Corpo de Polícia e Segurança Pública.
Andreia Sofia Silva SociedadeContentores | Peso de mercadorias mais que duplica Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que houve um grande aumento da carga transportada nos contentores por via terrestre nos últimos meses. O peso bruto da carga em contentores, na entrada e saída de Macau, em Junho, foi de 5.271 toneladas, o que representa um aumento de 122,7 por cento face a Junho de 2021. No primeiro semestre deste ano, o peso foi de 24.577 toneladas, mais 86,8 por cento face ao igual período do ano passado. Nos portos, porém, registou-se uma quebra de 4,2 por cento do peso da carga transportada em contentores em Junho, num total de 11.238 toneladas. No caso do Porto Interior, houve uma quebra de 6,2 por cento no peso da carga transportada, enquanto que no Porto de Ka-Hó registou-se uma subida de 3,3 por cento. Até Junho deste ano, o peso bruto da carga contentorizada entrada e saída pelos portos totalizou 77.186 toneladas, mais 11 por cento, em relação ao mesmo semestre de 2021. Relativamente à circulação automóvel nas fronteiras, houve uma quebra de 17,5 por cento em Junho, tendo circulado um total de 250.967 viaturas. No primeiro semestre, o movimento de automóveis nos postos fronteiriços foi de 1.896.852, menos 11 por cento face ao mesmo semestre de 2021. Dos 383 carros com matrículas novas registadas em Junho, apenas 69 eram eléctricos.