Filipa Araújo PolíticaAnimais | Registo de gatos não vai para a frente Apesar da Comissão não estar a favor, o Governo não implementará o registo de gatos. A proposta segue, assim, para decisão no hemiciclo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo decidiu e está decidido: o registo de gatos não existirá, porque, segundo o novo presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, “o gato tem uma reacção muito diferente do cão” e, tal como noutros locais, “como Hong Kong, Singapura e (…) Austrália”, o processo de registo não costuma “correr bem”. “A maioria dos gatos está em casa e há uma grande dificuldade das autoridades poderem [fazer] esses tais registos, para meter os chips dentro dos animais. O gato tem uma reacção muito diferente da do cão. Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho”, adiantou José Tavares, justificando a decisão do Governo. “Em questões numéricas, o abandono de um cão e de um gato é uma diferença quase nove vezes maior”, sendo que no ano passado registaram-se “cento e tal casos” de abandono de cães contra “quinze casos de gatos”abandonados. “Os números dizem-nos que, se calhar, a nossa proposta tem mais a ver com a realidade em si do que outro aspecto. Daí que propusemos à consideração o não registo dos gatos”, continuou. Em termos práticos, o registo só é obrigatório para cães e mesmo que um dono de um gato queira registar o seu animal de estimação, não pode. “Não vamos ter [registo]”, garantiu Tavares. Contrariamente à opinião da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida pela deputada Kwan Tsui Hang e responsável pela análise da proposta na especialidade, o Governo não cedeu. “O Governo insiste [em não fazer o registo], diz que fez estudos… não vamos insistir, mas vamos escrever no nosso parecer. Vamos apresentar ao plenário para decidirem”, indicou a deputada. Não negando a “contradição” que existe face à decisão do Governo, Kwan Tsui Hang indicou que, durante a reunião de ontem, esteve também em destaque os maus tratos a animais, tendo ficado definido que será sempre “preciso ver se a pessoa usou meios violentos ou tortura” no mau trato ao animal. Questionada sobre o abate dos animais abandonados ou encontrados, a deputada explicou que a lei define que o acto poderá decorrer em casos de “controlo de doenças contagiosas”, “para eliminação de perigo iminente”, a “animais que estão a ameaçar a vida humana” e, por fim, para “controlo do número animais”. Indagada sobre este último ponto, Kwan Tsui Hang explicou que isto é o que “já acontece”. A Comissão está a dar apenas os retoques finais à lei. “Estamos na fase final, portanto já há um consenso geral sobre as grandes definições e os parâmetros de protecção. Tudo isto está definido. Estamos no limar das arestas dos articulados”, rematou José Tavares. Menos ataques a humanos O IACM afirmou que, no ano passado, foram registados 224 casos de animais que atacaram humanos, número que diminuiu em 16% comparado com 2014. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a veterinária do Canil Municipal de Macau, Mak Sin Ian, referiu que a maioria dos casos é relativo a mordidas ou arranhadelas de cães. Em 2015, o Canil Municipal emitiu mais de dez mil licenças para cães, incluindo as renovações. Ao mesmo tempo, o canil atribuiu a vacina anti-rábica para prevenir a infecção tanto em animais como em humanos, explicando que a taxa de morbidez da raiva tem um risco de 80%. No entanto, a entidade considera necessário aumentar a promoção para que mais donos peçam licenças para os seus cães.
Joana Freitas Manchete PolíticaTrânsito | Macau continua sem regulação para capacetes Foi anunciado há dois anos, mas Macau continua sem um regulamento que obrigue as lojas a vender capacetes que realmente protejam a cabeça. Deverá ser este ano, diz a DSAT, mas a situação já levou um realizador local a fazer um vídeo-teste dos capacetes que por cá se vendem. Os resultados não são agradáveis [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau continua sem ter qualquer regulamento que aprove capacetes para os motociclistas. Ainda que a maioria dos condutores de Macau se desloque de motociclo pelo território, por cá só existem “orientações” sobre os modelos que devem ser comprados e a aplicação de sanções no caso de o condutor não os utilizar. Em 2014, o Governo anunciou que iria estabelecer a “obrigatoriedade de uso de capacetes certificados” pelos condutores e passageiros de motociclos. Na altura, contudo, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse que estava “a ultimar” um regulamento administrativo para estipular os modelos de capacetes com padrões internacionais de segurança, mas nunca mais foram anunciadas novidades. Questionada pelo HM sobre o estado da situação, a DSAT garante que poderá ser para breve esta obrigatoriedade e diz que tem em conta essa necessidade. “Dado que os capacetes são aparelhos de protecção para os condutores e passageiros dos motociclos e ciclomotores, o Governo tem procedido de forma activa à elaboração de um Regulamento Administrativo de aprovação de modelos de capacetes para uso de condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos, com vista a regular os padrões de uso deste aparelho”, começa por apontar o organismo. “O projecto do referido Regulamento Administrativo foi entregue ao departamento dos assuntos de justiça para revisão e alteração final, para poder entrar, tanto quanto possível, no processo de legislação ainda este ano.” Está a salvo? Antes de entrar em vigor este Regulamento, a DSAT lançou em 2014 um documento de “orientações sobre capacetes e respectivo uso pelos condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos”, com o objectivo, diz, “de lembrar os utilizadores sobre a importância do uso de capacetes”. Nesse documento constam “informações sobre a estrutura, a eficácia de protecção e os padrões técnicos” reconhecidos em diversos territórios, para servirem como referência na compra destes. Mas as coisas nem sempre funcionam assim e foi isso mesmo que Kenny Leong, realizador local conhecido pelos vídeos sarcásticos que faz sobre algumas políticas e medidas do Governo, quis provar. Numa experiência em vídeo, o jovem provoca impactos em cerca de meia dezena de capacetes, sendo que dois deles são os mais comumente utilizados em Macau. Só os dois últimos – de valor mais elevado e não disponíveis em todas as lojas – conseguem mais ou menos resistir. Foi precisamente a falta de legislação que fez Kenny alertar as pessoas. “Sou condutor de motos e sabia que os capacetes à venda em Macau são uma porcaria. As pessoas não têm onde comprar a não ser nessas lojas e assumem que, como eles são vendidos a toda a gente que conduz, são bons e protegem as cabeças… é treta”, começa por dizer o realizador ao HM. “Queria alertar as pessoas de Macau. Na verdade, há muitos testes disponíveis para as pessoas verem em vídeos, mas nem toda a gente tem acesso. Por isso, decidi fazer eu um vídeo para que as pessoas possam ficar a saber disto. Especialmente quando o Governo não parece estar muito preocupado face à situação”, explica, acrescentando que “já passaram dois anos desde que o Executivo disse que iria fazer algo”. “Estou cansado de esperar e acho que devemos nós fazer alguma coisa”, termina o realizador e proprietário da Shoot and Chop, que lançou o vídeo nas redes sociais. No ano passado, Macau contava com quase 250 mil veículos, sendo que destes 52% eram motociclos.
Filipa Araújo PolíticaViolência Doméstica | Mais três reuniões para fim de análise da lei Faltam três reuniões para terminar a análise na especialidade da proposta de Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica, segundo Kwan Tsui Hang. A presidente da Comissão indicou ainda que todos os membros estão de acordo com a nova versão da proposta [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]odos os membros da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) concordam com as novas alterações definidas pelo Governo na proposta de Lei de Prevenção e Controlo da Violência Doméstica, agora Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica. “Este texto propõe também a alteração do nome da lei. Em vez de Lei de Prevenção e Controlo, passa para Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica. Isto quer dizer que o Governo vai colocar um grande peso na vertente da prevenção para evitar a ocorrência de casos de violência doméstica, bem como oferecer uma maior protecção às vítimas”, indicou Kwan Tsui Hang, presidente da Comissão. Depois da primeira reunião com a nova proposta, o presidente explicou que a Comissão conta terminar a análise em três reuniões futuras. “Vamos ter uma nova reunião antes do início de Março, depois retornaremos na segunda metade. Já dissemos ao Governo para ter os trabalhos todos prontos até Maio”, explicou. Tal como avançou o HM, a proposta mantém o crime público como base legislativa, tornando a violência doméstica em crime. Kwan Tsui Hang explicou que os assessores jurídicos ouvidos pela Comissão garantiram que apesar de não existir o conceito de maus tratos no Código Penal, existindo apenas um conceito generalizado, as autoridades estão preparadas para saber actuar. Uma das novas alterações é atribuição de maior autonomia e poder às associações que se dedicam a este fenómeno social, permitindo que possa denunciar e intervir para a prevenção de casos. “Esta proposta reflecte uma grande parte das aspirações da população, sobretudo das associações que manifestaram a sua exigência de ter um crime de violência doméstica como crime público, de forma a promover a harmonia familiar”, argumentou a presidente.
Joana Freitas PolíticaCriada Comissão para Macau ser plataforma entre China e PLP Estudos e análises em grupo. É a ideia que tem Chui Sai On com a criação de uma Comissão específica para fazer Macau a plataforma entre a China e os PLP [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hui Sai On criou um novo grupo dedicado aos negócios entre Macau e os Países de Língua Portuguesa. Chama-se Comissão para o Desenvolvimento da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e tem o próprio Chefe do Executivo como presidente. O anúncio foi ontem publicado num despacho em Boletim Oficial, que indica ainda que a Comissão tem como missões “realizar estudos sobre a construção da RAEM” como uma plataforma de serviços entre estes países – algo que tem vindo a ser defendido há pelo menos três anos -, “elaborar as medidas e políticas necessárias” para tal, “coordenar a elaboração do plano para o futuro desenvolvimento de Macau, que tem por base a construção dessa plataforma” e “pronunciar-se sobre demais assuntos relacionados e emitir as directivas necessárias”. Além do Chefe do Executivo, a Comissão é composta por Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, como vice-presidente e pela Chefe do Gabinete do Chefe do Executivo e Chefe do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças. Integram também o grupo um representante do Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça, um do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, um dos Serviços de Alfândega e dois do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. O Coordenador do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa é outro dos intervenientes, a quem se junta um representante do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, um da Direcção dos Serviços de Economia, da Direcção dos Serviços de Turismo, Instituto Cultural, Autoridade Monetária de Macau, Direcção dos Serviços de Finanças e um representante do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior. Todos estes são nomeados por despacho do Chefe do Executivo, que fixa também a duração do mandato. Apesar de ter vindo a desempenhar o papel de “plataforma” entre a China e os PLP desde há anos, esta Comissão chega com a ideia de “juntar os vários serviços e entidades da Administração Pública envolvidos”, de forma a que, pode ler-se no despacho assinado por Chui Sai On, “avançar em [conjunto] em direcção aos objectivos traçados no âmbito da construção da plataforma” em questão.
Joana Freitas PolíticaEconomia | Lionel Leong diz que sociedade está “confiante” [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong desvaloriza os recentes anúncios de atrasos na abertura de empreendimentos de jogo no Cotai e descarta que estes estejam relacionados com a quebra das receitas. Apesar dos números recentes das contas tanto da Administração, como das receitas dos casinos e das compras dos turistas mostrarem quebras, o Secretário para a Economia e Finanças assegura estar confiante na economia de Macau. Num comunicado, o responsável afirma que o Governo “estará atento ao impacto que as alterações na economia do exterior terão em Macau” e está até preparado para “avaliar a situação económica local de forma cautelosa”. Lionel Leong assegura: estão a ser feitos estudos para que haja mudanças. “As pequenas e médias empresas têm um papel preponderante para manter o dinamismo da economia local. Assim, o Governo irá estar mais atento à situação de exploração dos negócios e, através de recolha de dados, irá também tentar perceber o modelo de consumo dos visitantes e dos residentes”, começa por apontar o comunicado. Lionel Leong rejeita ainda que o valor das receitas do jogo assuste o Governo. Macau, recorde-se, obteve no ano passado menos 2,6% face a 2014. “A previsão de 200 mil milhões de patacas é adequada para o valor total das receitas do jogo em 2016”, adianta Lionel Leong, que diz mesmo que os recentes anúncios de descida das receitas e adiamento de abertura de novos empreendimentos no Cotai podem não estar relacionados. “As operadoras de jogo têm o plano de investimento definido e o prolongar dos prazos pode dever-se a muitos outros factores. As operadoras de jogo, ao lançarem muitos planos promocionais para atrair e expandir os mercados, reflectem a confiança no desenvolvimento económico de Macau”, atirou, assegurando ainda que a sociedade está confiante. “Tanto os jovens como as empresas mostram-se confiantes no desenvolvimento económico de Macau, a longo prazo, e procuram constantemente formas de adquirir mais-valias, de modo a estarem preparados para agarrar a próxima oportunidade de desenvolvimento.”
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaExtradição | Wong Sio Chak nega ilegalidade na entrega de fugitivos O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, garantiu ontem que não houve entrega ilegal de fugitivos de Macau para a China, tendo frisado que o território se limitou a responder a mandatos da Interpol e a um despacho do Ministério Público [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão houve “acções ocultas” na entrega de três pessoas à China, duas delas de Hong Kong. Foi desta forma que o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, reagiu à notícia do South China Morning Post sobre extradições de fugitivos para a China que terão sido feitas de forma ilegal e de forma extrajudicial. No âmbito da conferência de imprensa sobre o balanço da criminalidade do ano de 2015, Wong Sio Chak negou qualquer ilegalidade. “Macau faz parte da Interpol e deve obedecer aos deveres internacionais. Segundo o Código do Processo Penal (CPP), os acordos internacionais prevalecem sobre a lei interna. Caso haja pedidos de entrega de infractores, devem ser regulados por acordos internacionais ou cooperação judiciária. Caso não haja estes acordos, temos de aplicar o CPP. Não se pode dizer que não existe uma lei para regular a entrega de infractores”, explicou. O jornal de Hong Kong dá conta de dois casos ocorridos em 2007 e 2008, sem esquecer a entrega de Wu Quanshen ao continente o ano passado. Já o Secretário para a Segurança garantiu tratarem-se de situações diferentes, uma vez que em 2007 e 2008 a Interpol emitiu dois mandatos, ao que se seguiu um despacho do Ministério Público (MP) de Macau a autorizar a extradição de “uma pessoa”. Já no caso de Wu Quanshen, entregue à China no ano passado, tudo se tratou de um “caso de excesso de permanência no território”, que levou o Executivo a cancelar a sua autorização de residência. Outros entendimentos Contudo, e segundo o acórdão do Tribunal de Última Instância (TUI), referente a 2007, os juízes consideraram a extradição ilegal por não terem ainda sido assinados acordos de cooperação neste sentido. Wong Sio Chak explicou que este indivíduo acabou por ser libertado. Neste caso, “o advogado de um dos detidos apresentou um habeas corpus ao TUI e, na apreciação, o tribunal entendeu que por falta de acordo de cooperação não deveria haver detenção e entrega de pessoas. Mas o MP, no despacho que proferiu, deu um entendimento diferente. Temos de respeitar a decisão judicial e nesta questão não está em causa uma aplicação ilegal da lei. As decisões do tribunal não são vinculativas e aplicámos os acordos internacionais e executámos um despacho do MP. Aqui reside a questão da interpretação da lei e, havendo um dever internacional, temos de o cumprir”, concluiu o Secretário. “Nos dois casos ocorridos em 2007 e 2008, a Interpol recebeu da autoridade de segurança da China um mandato vermelho e, ao abrigo do CPP, nada diz que Macau não pode entregar residentes de Hong Kong para a China. Quando a Interpol emitiu esse mandato, tomámos as acções necessárias e entregámos os dois detidos à China, mas recebemos o despacho (do MP) a confirmar a legalidade da nossa acção”, rematou ainda o Secretário. Wong Sio Chak confirmou ainda que desde 2008 não voltou a haver a extradição de pessoas para o continente, sendo que nunca houve qualquer residente de Macau envolvido neste processo. Sobre a assinatura dos acordos de extradição entre Macau, China e Hong Kong, Wong Sio Chak apenas espera que a sua conclusão “seja feita com a maior brevidade possível”. Crimes ligados aos casinos dominaram 2015 Macau registou no ano passado um aumento de crimes relacionados com o mundo do Jogo, conforme a Polícia Judiciária (PJ) já tinha referido no último balanço efectuado há semanas. O crime de sequestro, ou “crime de cárcere privado”, aumentou 86,4% face a 2014, sendo que o crime de usura aumentou 48,1%. A PJ instaurou um total de 1553 processos relacionados com crimes de Jogo, um aumento de 38%. Contudo, e segundo a apresentação ontem feita por Wong Sio Chak, não há motivo para alarme, até porque as autoridades confirmam “uma tendência de descida da criminalidade grave e violenta”. “A polícia ainda não recebeu, até ao presente, informações sobre qualquer anormalidade no comportamento de associações secretas devido ao ajustamento das receitas do Jogo”, sendo que esse ajustamento “ainda não trouxe quaisquer consequências para a situação da segurança em Macau”. Com uma quebra nos crimes de tráfico de droga ou passagem de moeda falsa, o Governo confirma que não há “indícios óbvios que demonstrem que o período de ajustamento das receitas do Jogo traga consequências negativas para a segurança de Macau”, sendo que as autoridades prometem “continuar a empenhar-se na execução da lei e a avaliar sistematicamente as situações de ajustamento no sector do Jogo para evitar que factores instáveis apareçam”. Ng Kuok Cheong exige mais dados O deputado Ng Kuok Cheong entregou uma carta ao Governo onde pede que sejam divulgadas mais informações sobre os casos dos três indivíduos, dois deles de Hong Kong, que foram enviados para a China pelas autoridades locais. O deputado deseja saber a legalidade e autenticidade dos casos, frisando que não respeitam o princípio de “Um país, dois sistemas”. “O Governo deve esclarecer os detalhes dos casos, para que possa manter a reputação da RAEM”, referiu Ng Kuok Cheong. Uber já levou à abertura de 17 casos Desde que começou a operar no território que a Uber já levou à abertura de 17 processos junto das autoridades, sendo que oito deles surgiram este ano. O Secretário para a Segurança garantiu, contudo, que o Governo ainda não chegou a nenhuma conclusão sobre a melhor forma de legislar este tipo de serviços. “A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça está a rever o regulamento administrativo [dos táxis] e está a chegar à etapa final. Estamos a ver o estatuto destas aplicações de telemóvel na área do trânsito, mas só depois de termos uma decisão final é que poderemos trabalhar com a Assembleia Legislativa”, apontou. Sobre o funcionamento dos táxis, o Secretário referiu que o número de ilegalidades não diminuiu. “No ano passado registámos uma grande subida, o que significa que os números mostram que ainda existem muitas irregularidades. Temos de encontrar outros meios [de combate] e tenho referido que precisamos de alterar a lei. Sei que o processo de trabalho está a chegar ao fim e precisamos de cooperar com outros serviços”, rematou. Uber já levou à abertura de 17 casos Desde que começou a operar no território que a Uber já levou à abertura de 17 processos junto das autoridades, sendo que oito deles surgiram este ano. O Secretário para a Segurança garantiu, contudo, que o Governo ainda não chegou a nenhuma conclusão sobre a melhor forma de legislar este tipo de serviços. “A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça está a rever o regulamento administrativo [dos táxis] e está a chegar à etapa final. Estamos a ver o estatuto destas aplicações de telemóvel na área do trânsito, mas só depois de termos uma decisão final é que poderemos trabalhar com a Assembleia Legislativa”, apontou. Sobre o funcionamento dos táxis, o Secretário referiu que o número de ilegalidades não diminuiu. “No ano passado registámos uma grande subida, o que significa que os números mostram que ainda existem muitas irregularidades. Temos de encontrar outros meios [de combate] e tenho referido que precisamos de alterar a lei. Sei que o processo de trabalho está a chegar ao fim e precisamos de cooperar com outros serviços”, rematou.
Filipa Araújo PolíticaAlfândega | Alex Vong toma posse e garante dedicação O novo director-geral dos Serviços de Alfândega, Alex Vong, tomou posse ontem, numa cerimónia que contou com a presença do Chefe do Executivo, Chui Sai On, todos os Secretários em funções e os deputados do território. Sem grandes novidades, Alex Vong reforçou que o “mais importante” é a integração na equipa e “coordenar com os trabalhos das Linhas de Acção Governativa da RAEM”. Um dos primeiros trabalhos será a gestão dos 85 quilómetros quadrados de águas marítimas, tal como Alex Vong referiu no sábado passado. O novo director-geral reforçou uma vez mais um plano de trabalho com “calma”. Quando questionado sobre a sua falta de experiência na área da Segurança, Vong desvalorizou o assunto. “Independentemente do meu posto, vou assumir escrupulosamente as minhas funções. Tenho muitos resultados dos meus antecessores, vou continuar a levar os trabalhos a cabo e progredir nessa missão, para melhor servir a população”, apontou. Depois da cerimónia, Chui Sai On, indica um comunicado à imprensa, reuniu com o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, e o novo director-geral “dando instruções de trabalho aos mesmos responsáveis”. O líder do Governo diz que as suas tarefas serão cada “vez mais árduas e complexas, confrontando-se cada vez com mais desafios”. Não obstante, deixou “clara a convicção de que com o apoio e coordenação do Secretário para a Segurança e os serviços subordinados, a liderança de Alex Vong proporcionará aos SA as sinergias necessárias para a prestação de serviços de alta eficácia e qualidade úteis ao desenvolvimento e prosperidade da RAEM”.
Joana Freitas PolíticaAssociação Novo Macau quer criminalização de assédio sexual verbal [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Novo Macau concorda com o que tem vindo a ser defendido por alguns deputados, de fazer com que o crime de assédio sexual verbal também possa ser punido. Num comunicado onde apresenta as sugestões face à consulta pública que decorre sobre a revisão dos crimes sexuais no Código Penal, a Associação diz também estar satisfeita que tenha sido retirado da lei a diferenciação de género das vítimas de violação. “É um progresso”, começa por apontar a Associação face a esta decisão. “A criminalização do contacto físico de teor sexual aparenta ser a resposta do Governo para a actual inexistência de medidas legais contra o assédio sexual em Macau. Mas o assédio sexual não se limita a contactos corporais, sendo que também pode ser feito de forma verbal”, nota a Associação. “[Esses casos] são mais frequentes nos locais de trabalho ou nas instituições educativas, onde as relações de poder acontecem.” A Novo Macau considera que criminalizar apenas o assédio físico não pode ser a única resposta e pede mais. “Além da revisão do Código Penal, mais mecanismos deveriam ser estabelecidos para lidar com outras formas de assédio sexual.” Também a introdução do crime público para a prostituição infantil é aplaudida pela Associação, que pede, contudo, a alteração da idade: dos 14 para 16, ao invés do sugerido, que vai até aos 18 anos. Flirts pornográficos Apesar de concordar com a criminalização de pornografia de menores, a Novo Macau explica que é necessário seguir o Código Penal Português. Isto, porque a definição atribuída pelo Governo a pornografia de menores é demasiado abrangente. “É certo que todos aqueles que exploram menores para a produção de pornografia deveriam ser sancionados (…), mas a definição de pornografia infantil proposta é demasiado abrangente e poderá vir a criminalizar actos dos adolescentes nas relações românticas actuais”, remata a Associação.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaExtradição | Pedidos esclarecimentos após entrega de pessoas à China O jornal South China Morning Post denunciou a extradição ilegal de três pessoas de Macau para a China. A Associação Novo Macau volta a pedir que o Governo torne públicas informações sobre os acordos de extradição que ainda estão em fase de discussão [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]rês pessoas terão sido extraditadas de forma ilegal de Macau para a China nos últimos anos por parte de agências de segurança. A notícia foi avançada pelo South China Morning Post na sua edição de ontem, citando documentos do Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau. Convidado a comentar esta informação, Jason Chao, vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM), considera que “definitivamente agora há algo que tem de ser esclarecido e o conteúdo dos acordos tem de ser analisado pelo público”, até porque Macau, China e Hong Kong não têm acordos de extradição. “O Governo decidiu manter as coisas no escuro e parece que há informações que o Executivo decidiu não tornar públicas”, disse ao HM. Recentemente a ANM pediu ao Governo para tornar transparente o processo de discussão dos acordos de extradição que serão assinados entre a China, Macau e Hong Kong. Os activistas especulam que podem existir abusos de poder no processo. Segundo a notícia do South China Morning Post, três pessoas, duas delas residentes permanentes de Hong Kong, terão sido extraditadas de forma ilegal para o continente, através de agências de segurança. Um dos casos ocorreu a 18 de Maio de 2007, quando uma mulher que viajava no ferry entre Hong Kong e Macau foi interceptada pelas autoridades para “colaborar numa investigação”. Os documentos citados pelo jornal dizem que a mulher foi extraditada para a China, sendo que era procurada pela Interpol pelo crime de evasão fiscal. Em 2008, outra mulher terá sido extraditada por ter praticado o crime de roubo. O ano passado foi notícia em Macau a extradição de Wu Quanshen, fugitivo da China desde 2012, sendo que as autoridades locais não deram quaisquer explicações para a entrega deste ao continente. “Este tribunal decidiu em 2007 [que] era ilegal extraditar fugitivos para as autoridades do continente. Foi feita uma insistência para proceder à extradição, sem uma lei ou um acordo, sem um processo organizado, sem permitir a defesa do réu ou sem uma ordem de um juiz. Estes actos desacreditam a justiça, enfraquecem a lei e não dão prestigio à RAEM”, lê-se no South China Morning Post. Ao diário inglês de Hong Kong, Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), referiu saber de alguns casos isolados, mas os números totais, diz, só a polícia sabe. “Independentemente de haver muitos ou poucos casos, o princípio está errado”, frisa. Um advogado, que não quis ser identificado, disse ao jornal que “a China vai continuar a deter pessoas e a enviá-las para o continente com a colaboração das autoridades locais. Provavelmente os acordos (de extradição) só vão legitimar o que tem vindo a ser feito, porque sabem que é ilegal”. O gabinete do Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, apenas referiu que “tudo foi feito de acordo com a lei e obrigações internacionais”, a mesma justificação dada à imprensa de Macau aquando do caso de Wu Quanshen.
Joana Freitas Manchete PolíticaServiços de Alfândega | Alex Vong é novo director. Mexidas no IACM e ID Para Chui Sai On, Alex Vong é a pessoa ideal para liderar um dos mais importantes organismos do Governo. A escolha foi feita pelo Chefe do Executivo, que se diz confiante no trabalho do ex-presidente do IACM [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lex Vong é o novo director-geral dos Serviços de Alfândega (SA), deixando o cargo de presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para José Tavares. O anúncio foi feito numa conferência de imprensa no sábado, tendo levado a mexidas noutros organismos do Governo. A escolha de Alex Vong para o cargo que pertencia a Lai Man Wa, responsável que se suicidou no ano passado, foi feita pelo Chefe do Executivo. Uma decisão pessoal, ainda que tenha de ter tido carimbo do Governo Central. “O Conselho do Estado decidiu nomear [Alex] Vong como director-geral dos SA no dia 19 de Fevereiro, de acordo com a indigitação submetida por mim. Devido ao cargo de director-geral dos SA ser um dos titulares dos principais cargos e de ser um lugar que desempenha funções importantes, é necessário nomear a pessoa certa. Também não podemos esquecer os requisitos consagrados na Lei Básica, que estipula que a pessoa deve possuir qualidades e capacidades adequadas para esta função, nomeadamente, políticas, responsabilidade, capacidade e tomada de decisão política, coordenação, bem como experiência e gestão administrativa eficaz”, disse Chui Sai On no seu discurso. Alex Vong já foi presidente e vice-presidente do Conselho de Administração do IACM e presidente do Instituto do Desporto. Licenciado em Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa-Portugal, em 1994, obteve o Mestrado e o Doutoramento em Educação pela Universidade de Desporto de Pequim, em 1999 e 2009. Ingressou na Função Pública em 1994 e foi um dos primeiros quadros bilingues da Administração. Para Chui Sai On, esta é escolha acertada, com o líder do Executivo a dizer estar convicto que Vong vai desempenhar bem as suas funções, porque “tem servido a sociedade em diversas posições, adquirindo bons resultados no trabalho e experiências valiosas a nível de gestão e com reconhecimento da sociedade”. Também o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, demonstrou um apoio e concordância “convictos” a esta decisão, depois de Chui Sai On ter pedido o parecer da tutela antes de enviar o pedido para Pequim. Pronto para tudo Desafio parece ser a palavra de ordem para Alex Vong, principalmente devido à recente cedência de jurisdição a Macau pela China de 85 quilómetros quadrados de águas marítimas. “Os trabalhos dos SA são desafiantes. A clara definição do poder de gestão das águas marítimas sob a jurisdição da RAEM, [leva os SA] a executar novas missões de prevenção e fiscalização dentro das águas sob a gestão exclusiva da RAEM”, referiu no seu discurso, acrescentando contudo ter “toda a confiança em fazer face a esses desafios”. Alex Vong prometeu ainda “servir a população e manter a imparcialidade” e ter “uma atitude pragmática e inovadora” no desempenho das suas funções. Contudo, e ao contrário dos antecessores, Alex Vong não tem experiência nas Forças de Segurança, uma questão que é desvalorizada tanto pelo próprio, como pelo Secretário para a Segurança, mas que já levou à contestação por parte de alguns deputados. Caso de Kwan Tsui Hang, que disse mesmo ter ficado “surpreendida” com a novidade. “Os dois antigos directores da Alfândega eram desses serviços, agora é um funcionário que não é proveniente da Alfândega, nem das Forças de Segurança. Isto é algo, de facto, especial”, disse, acrescentando que os novos cargos “não correspondem” muito às experiências de trabalho. Referindo-se também às mexidas no ID e IACM (ver texto abaixo), Kwan Tsui Hang disse considerar o ajustamento dos cargos “incompreensível”. Acrescentou que o antigo presidente do Conselho de Administração do IACM, Raymond Tam, já foi absolvido do caso conexo ao chamado Caso das Campas, mas nem sequer regressou à sua posição original. A deputada espera que o Governo dê uma “explicação completa” à sociedade. Ainda assim, Alex Vong recebeu a confiança do deputado Chan Meng Kam e de Ho Ion Sang, que disse que o ajustamento dos cargos pode ajudar a evitar o funcionamento do Governo como “máquina”, sem criatividade. “A mobilidade pode trazer novos pensamentos”, frisou. Quem é Alex Vong?<7h5> De nome Vong Iao Iek, de etnia Han, o novo director dos SA nasceu em Macau no mês de Setembro de 1966, tendo raízes familiares da Cidade de Heshan. Casado, tem três filhos e não pratica nenhuma crença religiosa. Licenciado em Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa-Portugal, em 1994, obteve o Mestrado e o Doutoramento em Educação pela Universidade de Desporto de Pequim, respectivamente, em 1999 e 2009. Ingressou na Função Pública em 1994. José Tavares à frente do IACM. Pun Weng Kun fica no Desporto Com a entrada de Alex Vong na direcção dos Serviços de Alfândega, José Tavares deixa a presidência do Instituto do Desporto (ID) para liderar o Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Já o actual vice-presidente do ID, Pung Weng Kun, assume a liderança do organismo, passando também a ser o coordenador da Comissão do Grande Prémio. José Tavares entrou para a Função Pública em 1984, como escriturário-dactilógrafo do Leal Senado de Macau. Esteve nos Serviços de Estatística e Censos, no Instituto dos Desportos de Macau e no Instituto do Desporto.
Hoje Macau PolíticaCavalheiro – “Este Dia” “Este Dia” Nunca pensei estar aqui Nunca esperei por este dia Andei em frente e recuei Caí numa vala vazia E tudo foi acontecendo Enquanto eu fazia outros planos Agora o que tenho eu De pouco em já tantos anos? O tempo corre contra mim Tira-me tempo para mudar Eu tive tantas mais certezas De como isto ia acabar E tudo foi acontecendo Enquanto eu fazia outros planos Agora o que tenho eu De pouco em já tantos anos? Cavalheiro JOÃO FILIPE / RICADRO CIBRÃO / JOÃO COUTADA
Joana Freitas PolíticaIACM impede adopção de animais e diz a cidadãos que finjam ser donos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) estará a impedir pessoas de adoptarem animais que se encontram no canil, no corredor da morte. A alegação não é nova, mas acontece novamente, desta vez vinda de um grupo de pessoas interessadas em adoptar seis cães que vão, hoje, ser abatidos. Ao que o HM apurou, através da Associação para os Cães de Rua e Bem Estar Animal (MASDAW), que esteve a tentar ajudar os cidadãos, o IACM terá negado os pedidos de adopção. Ao invés disso, disse aos interessados que, se quisessem salvar os animais, teriam de “dizer que eram os donos dos cães”. O problema não reside apenas no facto do IACM estar a pedir aos residentes interessados em adoptar animais para mentir, nem no facto de, segundo uma das representantes da MASDAW, ser uma prática comum não permitir a adopção em detrimento da eutanásia. Neste caso, o problema principal está na questão de ter de se pagar 500 patacas para adoptar um animal no canil, relativas à taxa de licenciamento, mas o IACM terá ontem pedido “mais de três mil patacas em multas por cada cão”. “Porque não deixar adoptar cães que vão morrer e não lhes pertencem? Até quando é que este tipo de chantagem vai continuar a acontecer?”, questiona a MASDAW. Para Fátima Galvão, da MASDAW, “isto é um abuso cometido contra as pessoas que gostam realmente de animais”, até porque abandonar um cão no canil nem sequer dá multa. À escolha do freguês Os alegados impedimentos de adopção pelo IACM já foram noticiados pelo HM e as associações de animais continuam a queixar-se que as circunstâncias mudam consoante a pessoa que atende quem quer adoptar. “Os cães abandonados estarão automática e geralmente aptos para ser adoptados, mas o que o canil faz há muito, quando percebe que as pessoas querem salvar os animais, é dar duas hipóteses: ou dizem que o cão é deles e pagam uma data de dinheiro de multas, ou então que os cães têm de estar quatro meses à espera para serem avaliados”, explica Fátima Galvão ao HM, acrescentando que a outra hipótese é dizer que os cães não estão em condições de ser adoptados. “São medidas absolutamente discricionárias. Já aconteceu uma pessoa ter de pagar seis mil patacas para adoptar uma cadela.” O grupo de pessoas interessadas em adoptar os cães de ontem conseguiu juntar dinheiro para salvar três dos animais, mas teme fazer queixa da actuação do IACM com medo de represálias. O HM tentou obter reacção do IACM, mas devido ao avançado da hora não foi possível. Recorde-se que Macau continua a discutir aquela que será a primeira Lei de Protecção dos Animais.
Flora Fong PolíticaHabitação Económica | Não há condições para mais candidatos, diz DSSOPT [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) admite que não tem condições para receber mais candidatos para fracções em prédios de habitação económica. A direcção diz estar a tratar de terrenos cujo aproveitamento não foi feito dentro do prazo estipulado e só depois dará prioridade à construção de habitação pública. O anúncio foi feito numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam, que questionou o Governo sobre a previsão para a abertura do próximo concurso para habitação pública, bem como sobre a ideia de implementar um sistema de candidatura constante. Li Canfeng, director da DSSOPT, afirmou que além dos planos de construção de quatro mil fracções em cinco dos terrenos que viram declarada a sua caducidade e das 28 mil casas públicas na Zona A dos novos aterros, o Governo diz estar a braços com outros planos: é preciso resolver primeiro os terrenos que estão com a concessão caducada e só depois dar prioridade à criação de mais prédios de habitação pública. Ainda assim, mesmo que isto não fosse necessário, o director frisou que não existem condições para abrir mais concursos. “De acordo com a Lei da Habitação Económica, apenas existem condições de começar os processos de candidatura quando concluirmos o design e planeamento dos terrenos específicos para a habitação económica e depois de publicarmos a localização, número, tipos, preços e a taxa de subvenção das fracções. Portanto, na fase actual não existem condições. Quanto à candidatura de habitação social é também dependente dos recursos que podem ser planeados”, afirmou. F.F.
Flora Fong PolíticaAssociações querem reformar funções dos Correios e DSRT Os Correios e os Serviços de Regulação das Telecomunicações vão fundir-se já este trimestre, mas associações temem que o funcionamento regresse aos tempos antigos e pedem uma reforma [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té Março a Direcção dos Serviços de Correios e a Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações (DSRT) deverão tornar-se num só serviço, mas o lado prático da medida tem vindo a gerar várias dúvidas. Depois do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários ter dito que a fusão pode afectar o desenvolvimento das telecomunicações, a Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau fala de um regresso aos tempos antigos, enquanto que o Centro da Política da Sabedoria Colectiva exige uma reforma aos serviços. “Os serviços de telecomunicações são próximos da vida da população e espero que o Governo esclareça melhor as futuras políticas nesta área e que invista mais recursos na área para o seu desenvolvimento”, disse ao Jornal do Cidadão Cheang Chung Fai, presidente da associação de consumidores. O responsável acrescentou que, com a fusão, a área das telecomunicações vai ficar atrás dos correios. Fixar a rede Cheang Chung Fai referiu ainda que o maior problema do mercado das telecomunicações é a implementação da rede fixa, sugerindo que este deve ser o primeiro assunto a resolver. “O mercado da rede fixa é uma falsa abertura e um verdadeiro monopólio, sobretudo porque a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) está a cobrar rendas altas nas linhas especiais a outros fornecedores de rede fixa. Isso impede que os negócios nesta área se desenvolvam”, apontou. Loi Man Keong, subdirector do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, referiu que sem uma reforma a fusão das direcções não faz sentido. Para este responsável os Correios funcionam como um organismo autónomo com muitas propriedades e imóveis, o que pode ter vantagens para criar mais centros de tecnologia. “Actualmente a DSRT apenas tem como função a emissão de licenças para as operadoras de telecomunicação e a elaboração de regras de operacionalização, mas nos últimos anos não tem feito bem o seu papel de supervisão. Também não conseguiu desenvolver a gestão”, apontou, pedindo a criação de um grande centro de base de dados, incluindo a aposta no digital.
Filipa Araújo PolíticaAngela Leong apela à revisão da Lei do Património [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s recentes incidentes, tal como o fogo que danificou o Templo da A-Má, foram mencionados em sessão plenária, ontem, na Assembleia Legislativa (AL), pela deputada Angela Leong. Durante a sua intervenção, a deputada eleita por sufrágio directo acusou o Governo de pouco fazer no que diz respeito à protecção e conservação do património de Macau. Depois de vários problemas, como o incêndio, em 2013, no templo de Na Tcha ou a queda de uma parede no terrenos de construção adjacente à Casa de Lou Kau, no ano passado, as situações, diz, têm-se acumulado. “Estes casos revelam que a vigente Lei de Salvaguarda do Património Cultural é insuficiente quanto à protecção do património, logo, necessita de uma revisão”, apontou. Além da revisão da lei, a deputada quer que o Governo reforce a fiscalização, sensibilização e educação neste âmbito, “aperfeiçoando especialmente as medidas contra incêndio nos templos em madeira”. Angela Leong defende ainda que o Governo “não pode ilibar-se” dos últimos incidentes e agir como se nada tivesse acontecido. No caso dos incêndios, a deputada indica que as autoridades devem tomar medidas específicas de prevenção contra incêndios, não negando que é necessário também que os equipamentos de prevenção sejam melhorados. “A Lei de Protecção do Património Cultural, por seu turno, também não define com pormenor as medidas de manutenção, conservação e fiscalização dos edifícios classificados. O Governo deve então proceder, quanto antes, a uma revisão legislativa e definir as regras a aplicar na protecção do património cultural, consoante a realidade a situação em que as construções se encontram, por forma a ser possível evitar a danificação do património mundial por falta de conservação.
Andreia Sofia Silva PolíticaAL | Ho Iat Seng fala de desempenho “aquém das expectativas” O presidente da Assembleia Legislativa fala de desafios futuros para o hemiciclo e diz que o “desempenho parlamentar ainda se encontra aquém das expectativas” [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m mais um almoço de Ano Novo Chinês com os meios de comunicação social, Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa (AL), deixou vários recados. Um deles prende-se com o facto de, para o responsável, os deputados poderem fazer mais do que o que fazem agora. “A AL depara-se com empreitadas de maior complexidade e, não obstante, os esforços do hemiciclo para dar respostas a essas solicitações da sociedade continuam a ser de difícil solução, bem como o equilíbrio das exigências e das expectativas emanadas dos diferentes quadrantes sociais. O desempenho parlamentar do hemiciclo ainda se encontra aquém das expectativas”, apontou o presidente, que acrescentou ainda que o hemiciclo dará o seu melhor, “objectivando um incremento na qualidade do trabalho da produção e fiscalização legislativas”. Em jeito de análise, Ho Iat Seng destacou os “desafios e dificuldades” do passado. “As sucessivas transformações sociais, a que se juntam problemas legados pela história e outras questões de fundo, têm contribuído para uma multiplicação de interesses e reivindicações, culminando numa maior volatilidade e divisão de opinião pública”, ressalvou. Ho Iat Seng falou ainda dos recados deixados por Zhang Dejiang, presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), aquando da visita oficial realizada pelos deputados em Outubro do ano passado. Zhang Dejiang terá revelado “quatro expectativas”, esperando que “todos os deputados tomem efectivamente o pulso à realidade e às aspirações da sociedade, congregando as energias positivas, para que possam assumir-se como o pilar da estabilidade social de Macau”. Para além disso, o presidente do Comité Permanente da APN apelou “ao reforço conceptual do primado da lei, com vista a projectar a governação segundo a lei para um novo patamar”. Tendo pedido o apoio dos deputados “à acção governativa do Chefe do Executivo”, Zhang Dejiang terá exigido ainda “uma maior sensibilização de todos para o conceito de país, bem como para o pleno e preciso entendimento sobre a fórmula ‘um país, dois sistemas’, materializando-o no trabalho da tutela da soberania, da segurança e do desenvolvimento da nação, pois é nisso que reside a manutenção a longo prazo da estabilidade e prosperidade de Macau”. Para Ho Iat Seng, “esta missão oficial dos membros da AL contribuiu para que os deputados se inteirassem a fundo sobre a realidade do trabalho que é desenvolvido à escala nacional, provincial e municipal, no que respeita à produção e fiscalização legislativas”. Problemas pós-1999 Não tendo dado uma resposta concreta sobre a sua continuação à frente dos destinos do hemiciclo, Ho Iat Seng referiu que os problemas que o território enfrenta desde 1999 têm de ser resolvidos. “Preocupo-me apenas com o meu trabalho na V Legislatura. Não trabalhei bem durante este legislatura porque temos de admitir que existem muitos problemas em Macau. Não podemos deixar que os problemas continuem a existir depois da transferência de soberania e temos de tratar de todos”, rematou. Presidente da AL quer Leis aprovadas antes de novos mandatos O presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, confirmou o desejo de ver aprovadas já este semestre as dez propostas de lei que estão actualmente em análise no hemiciclo. “No próximo ano não será fácil que as propostas mais controversas sejam votadas, porque os deputados vão preocupar-se mais com as eleições. Estas dez propostas de lei têm de ser votadas na primeira metade deste ano. Preocupo-me, porque se a AL não concluir estes dez projectos, o Governo terá de entregar os diplomas de novo”, disse aos jornalistas à margem do almoço de primavera. Tendo afirmado que é essencial a colaboração estreita com o Governo neste campo, Ho Iat Seng afirmou que muitos dirigentes desconhecem as leis da área em que trabalham, sendo a “aplicação da lei”, o maior problema para o presidente da AL. “Esse deve ser um teste para os chefes de departamento e directores de serviços, para que possam examinar os seus conhecimentos jurídicos relacionados com o seu departamento. Se os directores não souberem que leis é que estão a implementar, não podem trabalhar bem. A AL ainda tem dez propostas de lei em processo de aprovação e o trabalho de preparação dos departamentos do Governo é feito de forma lenta”, disse. Para além disso, Ho Iat Seng refere que o maior problema do Governo é sobre a tomada de decisões e ao nível do trabalho legislativo, sendo que o mais difícil é a preparação das propostas de lei. “Não sei porque estes processos demoram muito tempo, e eu próprio já liguei muitas vezes a directores e secretários”, apontou. Questionado sobre a possibilidade de tornar públicos os conteúdos discutidos nas comissões de acompanhamento e comissões permanentes, Ho Iat Seng afirmou que prefere manter o actual sistema. “É melhor não publicar os conteúdos, porque os presidentes das comissões têm a responsabilidade de explicar o que foi discutido. Se tudo for publicado é mais fácil que os deputados sejam atacados na internet. Espero que os deputados possam falar do que querem, porque cada um representa um sector”, concluiu.
Filipa Araújo PolíticaResponsabilidades pedidas ao Governo face a relatórios de Auditoria Chan Meng Kam e Ho Ion Sang não pouparam nas palavras: o Governo vê os relatórios do Comissariado de Auditoria, mas nada faz. As acusações chegam constantemente e nada acontece, sendo que “nem se apuram responsabilidades” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados Chan Meng Kam e Ho Ion Sang acusaram o Governo de não resolver as questões denunciadas pelos relatórios apresentados pelo Comissariado de Auditoria, que normalmente criticam organismos e departamentos do Executivo. “Desde 16 de Julho de 2001 que o Comissariado de Auditoria já divulgou 58 relatórios e, além das Contas do Governo, foram auditados serviços directamente subordinados ao Chefe do Executivo e sob tutela dos cinco Secretários. Alguns foram auditados várias vezes, mas parece que não dão importância aos relatórios, pois nada muda”, criticou o deputado Chan Meng Kam, eleito de forma directa, durante a sessão plenária que aconteceu ontem na Assembleia Legislativa (AL). Para o deputado Ho Ion Sang, os problemas detectados pelos relatórios são “cada vez mais e notórios” e nada muda. “Não nos podemos esquecer que depois da auditoria os problemas mantêm-se, portanto, continua por resolver o fenómeno das várias auditorias e das reincidências, o que prejudica a fé pública no Governo” argumentou. Para os deputados, apesar de um órgão identificar os erros, principalmente “as falhas nas obras públicas e a aplicação ineficaz e ilegal do erário público”, a sociedade não sabe se o Governo está a resolver as situações, visto que o próprio assume que estes relatórios servem “apenas de referência”. Ho Ion Sang sugeriu que o Governo “aperfeiçoe o regime de auditoria”, criando também um sistema “de regulação/correcção dos problemas verificados na auditoria”. O deputado defendeu ainda o reforço na objectividade, a “iniciativa e a concretização das funções inspectivas”, mantendo as “orientações” e substituindo “a verificação à posteriori pela intercalar e à priori, aumentando o rigor do mecanismo de responsabilização”. Foi ainda pedido que a aplicação de um “mecanismo para o diálogo e concentração entre as partes” envolvidas. Só assim, disse, se poderá elevar a qualidade da auditoria e garantir que “o erário público é bem aplicado e em prol do bem-estar dos residentes”. “E mais, não há relatórios do acompanhamento efectuado pelos serviços auditados e nenhum governante tem de assumir responsabilidades”, acusou ainda Chan Meng Kam. Para o deputado, os relatórios perderam a credibilidade pois nada é feito. “Na minha opinião, os relatórios de auditoria têm de surtir efeito e os governantes dos serviços auditados devem assumir as suas responsabilidades quando é caso disso. Além disso, há que acompanhar o processo de melhoria dos serviços e proceder à sua oportuna divulgação pública, pois só assim é que será possível garantir o prestígio de auditoria e reforçar a eficácia da fiscalização”, apontou. Para o deputado “se esta situação se mantiver, mesmo que sejam mais os serviços auditados, os dirigentes vão sempre encontrar forma de contornar a situação. Portanto, a responsabilização assume-se como factor essencial para evitar tudo isto”, rematou.
Filipa Araújo Manchete PolíticaGoverno vai à AL esclarecer falta de cláusulas penais compensatórias A proposta de debate da deputada Ella Lei relativamente à adição de cláusulas penais compensatórias nos contratos das obras públicas foi aprovada. Apesar de alguns deputados não se mostrarem a favor, o debate será marcado e o Governo chamado a prestar declarações [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]lla Lei, deputada, propôs e conseguiu. O plenário da Assembleia Legislativa (AL) aprovou ontem, a proposta de debate apresentada pela deputada, que pede ao Governo que inclua “cláusulas penais compensatórias nos contratos de obras públicas, com vista a impulsionar o cumprimento rigoroso dos contratos, por parte dos empreiteiros, nomeadamente quanto aos prazos de conclusão das obras, evitando assim os sucessivos atrasos e excesso de despesas daí decorrentes”. Na sua argumentação, Ella Lei indicou que os atrasos nas obras públicas, “acompanhados de diversos problemas”, são “já um hábito”, e tudo isto se deve ao “incumprimento de responsabilidades, “por parte do Governo”, ao nível de fiscalização, nomeadamente, da qualidade das obras e do cumprimento dos prazos. “Actualmente, as obras públicas são adjudicadas a quem propuser o preço mais baixo, portanto, é este o critério mais aplicado, ao que se junta a falta de sanções dissuasora face aos atrasos na conclusão das obras, um regime deficiente que resulta na apresentação de propostas de preço baixo para depois se solicitarem reforços financeiros e adiamento dos prazos de conclusão das obras”, argumentou. Tocar o relógio Apesar de já ter prometido que ia estudar a viabilidade da inclusão das cláusulas o Governo, um ano depois, nada fez. E está na altura de se fazer alguma coisa, defendeu. Este foi também um dos argumentos usados pelo deputado Si Ka Lon, eleito por sufrágio directo, que classificou de “inaceitável” a demora do Governo. “A proposta de debate não é mais do que uma plataforma para esclarecimentos por parte do Governo. [As cláusulas] já estão complementadas noutros países”, defendeu. Para o deputado estas cláusulas poderão “aumentar o custo para os atrasos das obras”, mas também “encorajar o cumprimento dos contratos”, para que “os empreiteiros não estejam sempre a tentar a sua sorte”. A deputada Angela Leong mostrou-se a favor do debate frisando que está na altura de “apurar responsabilidades”. Já p deputado Cheung Lap Kwan alertou para a necessidade de não se atribuir culpas só porque sim. “O essencial é não atribuir a culpa a qualquer uma das partes, é sim defende ou tipificar este fenómeno”, afirmou. Song Pek Kei criticou a demora do Governo no estudo que diz estar a fazer, sendo que este, diz, é um tema que traz muita preocupação à população. “Através do debate podemos esclarecer as coisas (…) podemos avançar com novos argumentos e fundamentos”, disse. De nariz torcido O deputado Mak Soi Kun, ligado ao sector imobiliário, mostrou-se reticente, considerando não haver necessidade de debate, agarrando-se ao argumento que o Governo está a tratar do assunto. Do seu lado está também o deputado Lau Veng Seng, ligado à área da construção, mostrando-se contra o debate. “Concordo com a posição do Governo, porque todos os projectos têm que ser fiscalizados com rigor”, afirmou. Para o deputado não há ligação directa – as cláusulas não irão influenciar a qualidade das obras. “Há que haver um projecto de construção perfeita e uma equipa”, frisou, indicando ainda que “as responsabilidades têm de ser assumidas por várias partes”. “Se introduzirmos esta cláusula temos por destinatário o empreiteiro, damos à sociedade a imagem de que ele é que quer obter maiores lucros”, afirmou. A deputada Kwan Tsui Hang aproveitou o momento para dizer que “mesmo quem é contra” poderá ter oportunidade de se explicar durante o debate. A proposta foi aprovada, na generalidade e especialidade, com 14 votos a favor, nova contra e cinco abstenções, ficando agora por agendar a ida do Governo ao hemiciclo. Zika adicionado à lista de doenças transmissíveis Apesar de não existirem casos em Macau, a Assembleia Legislativa (AL) aprovou em critério urgente a integração da doença transmitida pelo vírus Zika na lista de doenças transmissíveis. Depois dos últimos casos no Brasil e na Colômbia, Macau avançou com a integração, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, tal como Hong Kong fez no passado dia 1 de Fevereiro. Actualmente, existem dois casos de pessoas contaminadas com o vírus na China.
Filipa Araújo Manchete PolíticaViolência doméstica | Proposta do Governo dita crime público. DSAJ confirma Crime público. A pergunta do ano está respondida. A nova proposta do Governo dita que a violência doméstica será crime público, como confirmado ao HM pela DSAJ. Em análise e discussão já na próxima segunda-feira, o documento traz algumas alterações há muito pedidas [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á muito que se procura a resposta para a pergunta de um milhão de patacas. Violência doméstica: crime público ou semi-público? Crime público, sabe o HM. Agendada para análise e discussão em sede de especialidade na Assembleia Legislativa (AL) já na próxima segunda-feira, o novo texto referente à proposta de Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica elaborado pelo Governo, ao qual o HM teve acesso – na versão chinesa – , cresceu e trouxe algumas alterações. A começar pelo primeiro artigo que define o objecto da lei. “A presente lei define as medidas de protecção e apoio às vítimas de violência doméstica, os tipos de crime, o regime de penalização e o quadro normativo de intervenção de entidades públicas”, pode ler-se no documento, que contraria a anterior, que ditava que a lei era de “prevenção e correcção”. Quanto ao objectivo da proposta é claro: “promover o respeito pelos direitos básicos, sobretudo dignidade pessoal, igualdade e o princípio da não descriminação”. As alterações continuam. Em caso de aprovada, a lei define, no terceiro artigo, as medidas para atingir o objectivo, sendo elas: o trabalho conjunto entre departamentos, a prevenção na educação para promover o respeito e a igualdade entre géneros, “criando pensamentos de valor de igualdade” e defendo ainda os direitos dos grupos vulneráveis. Mantém-se a medida de reparação, que permite que através de uma medida de mediação entre vítimas e violadores, deve apelar-se à harmonia familiar. As nossas vítimas São ainda definidas as vítimas de violência doméstica. De fora continuam os homossexuais, mas actos de violência entre cônjuges, casais em união de facto, familiares indirectos, ex-casais, outros tipos de familiares, tutores de menores, encarregados de menores ou pessoas pertencentes a um grupo vulnerável, como portadores de deficiência ou idosos, são considerados violência doméstica. É violência doméstica também sempre que exista um caso de maus tratos físicos, mentais ou sexuais, no âmbito das relações anteriormente descriminadas. Respeitando a Lei de Protecção de Dados Pessoais, o Instituto de Acção Social (IAS) pode recolher os dados das vítimas e dos perpretadores, ou trocar com outras entidades públicas ou privadas, de qualquer forma, correio, internet, sendo contudo exigido o sigilo profissional às autoridades. Caberá também ao IAS fazer o planeamento de prevenção de violência doméstica contínuo, incluindo medidas, causas e competências das entidades públicas neste âmbito social. Penas de prisão No âmbito das penalizações, a proposta define que “qualquer agressão poderá ser punida entre um a cinco anos de prisão”. Esta penalização aumenta se o crime for considerado perverso, ou seja, se o acto de violência for para com vítimas de grupos vulneráveis, como grávidas, doentes mentais, crianças, idosos – a prisão mínima é de dois anos e a máxima de oito. Caso o prejuízo de integridade seja grave a pena passa de dois a oito anos. No caso dos vulneráveis, de três a 12 anos. Caso a violência leve a vítima à morte, o agressor poderá incorrer numa pena de entre cinco a 15 anos. A estas penas podem ser ainda adicionadas penas acessórias de seis meses a cinco anos. Por decisão do juiz, o agressor poderá ser proibido de contactar, importunar ou seguir o ofendido, permanecer nas áreas delimitadas próximas da casa de morada do ofendido ou dos membros da famílias que com ele coabitem e que sejam afectados por acto de violência doméstica, do local de trabalho destes ou da instituição de ensino que estes frequentem. Poderá ser proibido de ter em sua posse armas, objectos ou utensílios capazes de facilitar a prática de actos de violência doméstica, proibido de exercer determinadas profissões e passa a ter a obrigação de participar em programas especiais de prevenção de violência doméstica ou submeter aos respectivo aconselhamento psicológico. O incumprimento destas penas acessórias poderá levar a dois anos de prisão. Mais segurança A proposta de lei indica ainda que “caso exista possibilidade de continuidade dos actos de violência, as autoridades policiais podem deter o autor do crime”, sem pôr em causa o Código do Processo Penal. Na ausência de artigos relativos a queixa e participação, e sem qualquer menção de crime privado ou semi-público, as leis são criadas tendo em conta o interesse do público, tornando assim esta proposta numa que define o acto como crime público. As associações que oferecem serviços de apoio às vítimas podem, neste diploma, ser ajudantes no processo criminal, excepto quando a vítima se mostrar contra. Está ainda definido que o juiz, em tribunal, pode decidir fazer perguntas a testemunhas, assistentes e vítimas, sem a presença do autor do crime, conforme a sua competência ou a pedido da vítima. Questionada pelo HM, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) – responsável pela elaboração do novo documento – confirmou que esta nova proposta define a violência como crime público. “De acordo com a proposta de lei que foi aprovada na generalidade, a violência doméstica é crime público. Segundo esta política legislativa, a versão alterada propõe manter a violência doméstica como crime público”, afirmou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaReferendo | Jason Chao acusa Governo de “empatar” investigação Jason Chao, um dos promotores do chamado ‘referendo civil’ em 2014, afirma que o Executivo poderá estar a “empatar” o processo de investigação para que as informações não sejam tornadas públicas, por forma a evitar uma situação de “humilhação”. Um novo ‘referendo’ pode voltar a acontecer em 2019 [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um ano e meio depois das cinco detenções que mancharam a realização daquilo que foi conhecido como o primeiro ‘referendo civil’ em Macau, por ocasião das eleições para o Chefe do Executivo, ainda não há qualquer novidade sobre o processo judicial. Para Jason Chao, um dos mentores do ‘referendo’ através da Sociedade Aberta de Macau, o Governo está “deliberadamente” a “empatar” a investigação. “Já passou um ano e meio, quase dois anos, e a investigação tem vindo a demorar mais tempo do que o período que consta no Código do Processo Penal. Especulo que o Governo tenha, deliberadamente, parado a investigação para evitar que as informações se tornem públicas. Atrasando o processo, eles podem evitar passar por uma humilhação”, disse Jason Chao ao HM, defendendo que existem “três cenários possíveis” para o caso. “Se o Ministério Público (MP) decidir abrir o processo, vou deixar o caso ir a tribunal sem ter de passar pelo Juízo de Instrução Criminal. Tudo será tornado público e aí haverá, pela primeira vez na história, provas de abuso de poder por parte do Governo”, considerou o actual vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM). “Se o MP desistir do processo, isso irá transmitir a mensagem de que a Polícia Judiciária, PSP e Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) estavam errados”, disse Jason Chao, referindo-se à segunda possibilidade. “Se o MP deliberadamente atrasar o caso e empatar o processo, tudo se mantém em segredo de justiça e não posso discutir as informações em público”, acrescentou ainda. Para Jason Chao, “o Governo sabe que as duas primeiras possibilidades não são boas, no que diz respeito à possibilidade de partilha de informação junto do público”. Sim ao segundo referendo Apesar da investigação sobre o primeiro ‘referendo’ ainda estar a decorrer, Jason Chao confirma que poderá ser realizada uma actividade semelhante quando Macau voltar a ter eleições para o Chefe do Executivo, em 2019. “Sim, é uma possibilidade. É quase certo que vamos continuar em Macau e, se não estivermos presos em 2019, ou se pudermos trabalhar de forma livre, vamos organizá-lo”, disse Jason Chao. O ‘referendo’ de 2014 foi organizado também pela Macau Consciência e Juventude Dinâmica de Macau. Jason Chao e Scott Chiang, actual presidente da ANM, foram presos, juntamente com três voluntários, acusados de violarem a Lei de Protecção dos Dados Pessoais. Questionado sobre a ausência da Sociedade Aberta de Macau da esfera pública, Jason Chao garantiu que esta Associação funciona apenas como apoio legal. “Diria que, depois de Setembro de 2014, as visões dos jovens tornaram-se dominantes na direcção da ANM, então pudemos regressar às nossas posições e levar de novo as nossas ideias à ANM, por isso vemos um declínio das actividades da Sociedade Aberta de Macau. Esta poderá ser usada como uma entidade de apoio, em termos legais, mas neste momento não precisamos disso”, rematou. Recentemente, Au Kam San, histórico fundador da ANM e pertencente a uma geração mais velha do campo pró-democrata, deixou a Associação por não se identificar mais com as suas ideias e valores.
Tomás Chio PolíticaEstradas | Pedida revisão à lei e instruções obrigatórias de construção Quem constrói as ruas de Macau não tem de seguir orientações obrigatórias e isso não ajuda a evitar que mais de duas dezenas de estradas tenham crateras. Lee Hey Ip pede, por isso, a revisão ao Regulamento Geral da Construção Urbana, para que se acabe com o problema [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]preciso fazer uma Revisão ao Regulamento Geral da Construção Urbana, para que se evitem casos comuns de buracos nas estradas de Macau. É o que pede Lee Hey Ip, supervisor-geral da Associação para os Engenheiros Geotécnicos de Macau (Macau Association for Geotechnical Engineering), que sugere que se adicionem cláusulas específicas sobre as construções nas rodovias. Em declarações ao jornal Ou Mun, Lee Hey Ip diz que o Governo tem de preencher as lacunas judiciais nesta área da pavimentação das estradas “o mais rápido possível”, uma vez que o aluimento do chão e buracos nas estradas são comuns em Macau. Mas, o Governo, garante o responsável, poderia evitar que assim fosse. “No Regulamento Geral da Construção Urbana, o Governo pode adicionar artigos novos para especificar qual deve ser a durabilidade de resistência do pavimento e das ruas, para que se possa exigir às empresas uma determinada forma de construir as estradas”, apontou. Actualmente, segundo dados do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), 21 ruas e avenidas de Macau estão na lista de estradas com “graves problemas” no que à existência de buracos no pavimento diz respeito. Estas incluem locais de elevado fluxo rodoviário, como a Avenida da Amizade, a Avenida Wai Long, a Estrada Governador Albano de Oliveira, a Avenida do Aeroporto e Avenida de Kwong Tung. Contudo, também a Estrada de Pac On e a Avenida Marginal do Lam Mau – que são apontadas como locais perigosos precisamente devido aos buracos – não estão na lista. Apesar de admitir que a pavimentação de ruas não é um trabalho fácil, Lee Hey Ip diz que o grande problema incide na ausência de leis específicas e exigências obrigatórias aos empreiteiros, o que pode fazer com que estes construam sem seguir essas instruções. “Durante o processo de construção é preciso garantir que as ruas, avenidas e estradas não sejam danificadas em tão pouco tempo de utilização. Portanto, é importante que os construtores considerem elementos tão importantes como as matérias a utilizar, o solo onde vai ser feita a pavimentação e até o número de veículos que por lá passam”, sugere Lee Hey Ip, que acrescenta que o Governo deve ter em conta a melhor proposta com base nestes tópicos. Lee Hey Ip, também consultor para o curso de Engenharia Civil da Universidade de Macau, sublinhou que embora o Regime de Qualificações nos Domínios da Construção Urbana e do Urbanismo esteja efectivo e este exija os engenheiros locais a participação em formação, ainda faltam profissionais locais.
Filipa Araújo PolíticaAPOMAC | Francisco Manhão candidata-se com reformas como prioridade [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]actual presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), Francisco Manhão, vai recandidatar-se às próximas eleições que acontecem no final do próximo mês. Sem grandes alterações na lista, a prioridade, conta ao HM, será o aumento do valor da pensão de idosos para as 4000 patacas, mais 750 patacas do que o valor actual. “Neste momento a nossa prioridade é actualização da pensão para idosos para 4000 patacas. É a coisa mais importante. Mas também é importante conseguirmos mais um piso para poder oferecer mais serviços aos nossos associados”, apontou, relembrando uma luta antiga que a Associação tem tido para conseguir novo espaço, disponibilizando novos serviços como estomatologia e medicina tradicional Chinesa. “Estamos ainda à espera que o Governo nos ceda mais um espaço”, apontou. Outra das metas que a lista quer atingir é a inclusão dos “naturais de Macau” para a atribuição de habitação social. “Não existindo esta parte, estamos sempre em desvantagem em relação aos emigrantes”, apontou. Para já não existe nenhuma lista concorrente, para lamento do actual presidente. “Gostaria de ter. Até porque já estamos há 15 anos. Não parece mas já é algum tempo. (…) Gostaria que existisse outra lista, sim”, rematou, acrescentando que não há grandes mudanças nos planos. “As nossas metas são as mesmas de anos anteriores, naturalmente não conseguimos tudo o que queríamos. Vamos insistir com o Governo para satisfazer com os nossos pedidos em prol da terceira idade”, apontou.
Joana Freitas PolíticaAL | Inclusão do Zika e debate sobre contratos agendados para amanhã [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inclusão do vírus Zika na Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento das Doenças Transmissíveis e o debate sobre cláusulas penais compensatórias pedido por Ella Lei vão amanhã a votos. De acordo com a agenda da Assembleia Legislativa (AL), os membros do hemiciclo vão avaliar e votar as duas propostas, sendo a segunda vez que a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau leva este pedido ao plenário. Tal como o HM avançou esta semana, a Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de Doenças Transmissíveis vai ser revista para que o vírus Zika possa estar abrangido. O Governo diz que o mosquito Aedes, que transmite a doença, é muito comum no território e depois da ocorrência do primeiro caso de infecção pelo vírus na China, decidiu avançar para a legislação de combate ao vírus. A proposta de revisão da Lei, implementada em 2004, não previa os casos de infecção com o Zika, nem os modos de actuação. Com esta revisão, o Executivo propõe o isolamento dos infectados e faz do diploma um instrumento legal para que isto aconteça. Já no caso do debate pedido por Ella Lei, como avançou o HM na semana passada, a deputada quer que o Governo vá ao hemiciclo responder sobre por que não inclui nos contratos públicos cláusulas que permitam indemnizações e sanções. A proposta versa sobre um assunto que tem sido defendido por outros membros do hemiciclo e que visa responsabilizar as empresas quando houver falhas nas obras públicas, sendo que Ella Lei relembra que a inclusão destas cláusulas – que iriam fazer com que as empresas tivessem de pagar indemnizações ao Governo em caso de atrasos ou problemas – “é legalmente permitida pela legislação vigente”, sendo que estas foram mesmo propostas pelo Comissariado de Auditoria. Ella Lei relembra que a “sociedade se mostra a favor” destas cláusulas e critica o Executivo pela inércia demonstrada. “O Governo afirmou repetidamente que ia proceder ao estudo sobre a viabilidade da inclusão e que, para o efeito, alguns governantes até se dirigiram a Hong Kong para troca de experiências. Em Novembro, o Chefe do Executivo disse que estavam em curso negociações e estudos, mas até ao momento ainda não respondeu.” Em Janeiro de 2015, um pedido semelhante da deputada foi chumbado devido à promessa de estudos do Governo. “Assim não nos conseguimos livrar do beco sem saída dos atrasos, excessos de despesa e má qualidade das obras”, diz Lei sobre a proposta que vai amanhã ser avaliada pelos deputados. O plenário tem início às 15h00 e a votação será antecedida de interpelações orais.
Tomás Chio PolíticaTurismo | Kwan Tsui Hang quer saber situação de sistema [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Kwan Tsui Hang apela à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) para que estes emitam uma calendarização para a criação de um sistema de alerta para as viagens ao estrangeiro. O pedido já não é novo e foi já prometido pelo Governo, sendo que a DST até já disse ter entregue um relatório ao Secretário sobre a temática. À falta de respostas concretas, contudo, a deputada volta a interpelar o Executivo, indicando que “é importante que o Governo possa explicar à sociedade qual a orientação que este sistema irá assumir” e quais as datas em que poderá estar a funcionar. Até porque, relembra, é preciso uma lei. “Como a criação de um sistema ou mecanismo necessita de um quadro judicial, o Governo já tem ou não um calendário relativo à legislação para o sistema de alerta de viagem ao estrangeiro?”, indagou. Durante a argumentação, Kwan Tsui Hang elogiou a eficácia do estabelecimento do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo em Macau que, nos últimos anos, tem auxiliado os residentes e os turistas vítimas ou envolvidos em acidentes tanto no território como fora dele. A deputada considera que tem sido desenvolvido um bom trabalho, mas alerta também que é preciso fazer mais. “Para responder à tendência internacional, que é cada vez mais complicada, muitas regiões e países vizinhos já criaram os seus sistemas de alerta para as viagens ao estrangeiro. Exemplos disso são Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul. Os sistemas analisam os riscos de seguro e saúde dos seus residentes quando estes visitam outros países. É um sistema padrão para o sector do turismo, facilitando em caso de problemas, por exemplo, no caso de [existirem] tarifas de regresso, ou despesas de excursões e bilhetes. Assim como as compensações para os acidentes, para que se evitem controvérsias desnecessárias”, apontou a deputada. De acordo com Helena de Senna Fernandes, directora da DST, em Janeiro o relatório para a criação do sistema já foi entregue ao Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Irá agora seguir-se uma discussão entre as autoridades sobre a melhoria do sistema, garantiu. Citando a directora, Kwan Tsui Hang diz que é necessário esclarecer a sociedade mostrando trabalho concreto e definindo datas. A deputada perguntou ainda quais os países e regiões que irão estar envolvidos no sistema previsto para Macau e com que bases é que este sistema será criado.