Ho Ion Sang exige tratamento de resíduos electrónicos e lixo de grande dimensão

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ircular a pé pelos passeios de Macau, por vezes, é o equivalente a participar numa gincana entre montes de entulho. A situação torna-se crítica, particularmente, por volta do Ano Novo Chinês, quando as tradições ditam que se troque de mobílias para receber o novo ano.

Ho Ion Sang interpelou o Governo exigindo melhorias no tratamento, recolha e gestão de resíduos de grandes dimensões, lixo electrónico e entulho resultante de obras. O deputado sublinha a falta de consciência ambiental dos residentes que abandonam mobílias, eletrodomésticos e resíduos de construção na via pública. Como pontos negros para estas situações, Ho Ion Sang destaca as esquinas e as áreas junto dos contentores de lixo, especialmente na zona norte da Península de Macau. Como consequência da ocupação ilegal do espaço público, a higiene ambiental é afectada, assim como a circulação de trânsito e peões.

Como tal, o deputado questiona qual o plano do Executivo para resolver esta situação e sugere que se invista em reciclagem, que se proceda à recolha centralizada e que se coloquem mais ecopontos em zonas críticas.

Ho Ion Sang recorda que o abandono de lixo “a bel-prazer” é uma infracção sancionada com pena de multa pelo regulamento geral dos espaços públicos e que as autoridades têm colocado alertas nos locais de recolha onde se lê “o abandono de lixo é punido com multa de 600 patacas”. No entanto, o deputado entende que estas medidas não sortiram efeito dissuasor. Essas são algumas das justificações que levam Ho Ion Sang a pedir ao Executivo que realize “acções de sensibilização para elevar a consciência cívica dos cidadãos e reforçar as acções de fiscalização nos pontos críticos.

O lixo electrónico é outra das preocupações patentes na interpelação escrita. O deputado pede ao Governo que estude a possibilidade de criar postos ou instalações específicas para a recolha deste tipo de resíduos.

Ho Ion Sang recorda que tanto o Executivo, como a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR), têm avisado a população para a necessidade de contratar camiões ou empresas de limpeza para levar as mobílias velhas para o incinerador. Um serviço gratuito, é sublinhado na interpelação. Quanto aos resíduos de materiais de construção devem ser transportados para aterros sanitários.

O deputado acrescenta que, de acordo com a CSR, os resíduos recicláveis são entregues aos operadores de recolha e levados para instalações no Interior da China para tratamento. Esta situação acontece, na opinião de Ho Ion Sang, por não haver um sistema de gestão eficiente e ecológico e devido à fraca determinação e sentido de de responsabilidade da sociedade para questões ambientais.

 

16 Mar 2018

Património | Novo Macau teme que Nam Van seja um novo NAPE

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Novo Macau entregou um novo relatório à UNESCO onde alerta para a necessidade de maior protecção entre a zona B dos Novos Aterros e as zonas C e D junto ao lago Nam Van, para que não haja construção em altura como houve no NAPE.

A UNESCO voltou a receber das mãos da Associação Novo Macau (ANM) um novo relatório em que a entidade revela preocupação sobre a falta de preservação na zona envolvente da Igreja da Penha.

Sulu Sou, deputado suspenso temporariamente do hemiciclo e vice-presidente da ANM, defendeu ontem que o Governo deve estabelecer um corredor visual protegido, com regras claras sobre a altura dos edifícios, entre a zona B dos Novos Aterros e as zonas C e D situadas próximas do lago Nam Van. Caso contrário, esta zona “irá tornar-se no próximo NAPE (Novos Aterros do Porto Exterior)”, apontaram ontem os pró-democratas.

“O público está preocupado com o facto de, se o Governo insistir nesta posição ou se simplesmente adoptar gestos superficiais, a zona entre a Igreja da Penha e a zona B dos Novos Aterros vai estar completamente obstruída. Vai também ser o contrário daquilo que o comité da UNESCO publicou em 2017”, aponta o comunicado da ANM.

Outro dos riscos apontados pela associação prende-se com os novos edifícios construídos em Zhuhai e Ilha de Hengqin, cujo excesso de iluminação pode vir a prejudicar a paisagem nesta zona da península de Macau. Para isso, foi pedida uma maior cooperação com as autoridades do continente.

“A ANM tem vindo a observar o rápido desenvolvimento em Zhuhai e também na Ilha de Hengqin, e têm surgido muitos projectos de edifícios cheios de luz. Estamos preocupados que esses projectos possa danificar a paisagem do centro histórico de Macau. Exigimos que o Instituto Cultural possa participar na criação de um mecanismo de coordenação com o Governo de Zhuhai”, adiantou Sulu Sou, que se fez acompanhar do ex-deputado e candidato às legislativas Paul Chan Wai Chi.

Sulu Sou disse mesmo que a Novo Macau tem vindo a receber queixas sobre este assunto. “A poluição visual tem um efeito negativo e vários cidadãos fizeramnos queixas sobre esse impacto. Por isso pedimos ao Governo que faça uma maior coordenação com as autoridades de Zhuhai.”

Rever o despacho

A ANM lembrou que, em 2006, o Governo revogou as restrições de altura para as construções na zona do NAPE, localizada próxima da Colina da Guia. “Como resultado, a actual zona do NAPE tem vindo a desaparecer no meio de edifícios altos. Há riscos para a paisagem tendo em conta a abundância de edifícios situados ao longo da avenida Dr. Rodrigo Rodrigues, mesmo que as associações se tenham queixado junto da comunidade internacional, e mesmo depois do Governo ter sido alertado pela UNESCO.”

Na visão dos pró-democratas, “é inegável que o corredor visual entre a Igreja da Penha e a zona B é tão importante como aquele que se situa entre a Igreja da Penha e o lago Sai Van, e que é proposto pelo Governo”.

“O Governo deveria incluir a área entre a Igreja da Penha e a Zona B dos Novos Aterros (e a ponte Governador Nobre de Carvalho) como um corredor visual sujeito a uma protecção especial. Neste momento não existem quaisquer restrições para os edifícios que serão construídos na Zona B”, acrescentam os responsáveis da Novo Macau.

Um dos projectos que irá nascer na zona é o novo edifício do Fórum Macau, cuja construção já está em curso. Há também projectos privados que aguardam aprovação das Obras Públicas.

A associação defendeu também a necessidade de rever o despacho assinado pelo Chefe do Executivo em 2008, para que sejam determinados limites de altura dos edifícios construídos próximos da Colina da Guia. A Novo Macau acredita que não há regras claras, tendo em conta os projectos na Doca dos Pescadores e na Calçada do Gaio.

 

16 Mar 2018

Saúde | Taxas de parto para empregadas domésticas triplicam

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lexis Tam rejeitou a proposta dos Serviços de Saúde para o aumento das taxas de partos no hospital público para empregadas domésticas. Ainda assim, em vez do aumento de nove vezes, as taxas para empregadas domésticas vão triplicar. Associações que representam estas trabalhadoras consideram que a decisão de Alexis Tam é melhor, mas sublinham as más condições de vida de que vem das Filipinas e Indonésia para trabalhar em Macau.

“O Dr. Alexis Tam disse que o aumento não é para nós. Que vai haver uma distinção entre os turistas e os trabalhadores não-residentes. Haverá um aumento mas não vai ser no mesmo valor”. Estas foram as palavras proferidas por Yosa Wariyanti, da Indonesian Migrant Workers Union Macau, à saída da reunião com o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

Alexis Tam reuniu-se ontem com representantes de duas associações de trabalhadores não residentes indonésios e filipinos para discutir os valores do aumento das taxas de partos no Centro Hospital Conde de São Januário.

A proposta dos Serviços de Saúde (SS) propunha um aumento nove vezes superior aos preços praticados actualmente. Hoje em dia, se uma parturiente trabalhadora não residente entrar em trabalho de parto no hospital público paga 957 patacas por um parto natural. Se precisar de uma cesariana, desembolsa 3900 patacas. Os aumentos para as trabalhadoras não residentes vai-se manter nos valores nove vezes superiores, 8755 patacas para parto e 17550 para cesarianas. Estes valores não se aplicam, contudo, a empregadas domésticas, que vão passar a pagar 2925 por um parto natural e 5850 por cesarianas.

“O secretário deu-me boas notícias. Na realidade, ainda vão aumentar três vezes o preço original, para 2925 para as empregadas domésticas. A proposta anterior ainda se aplica às restantes trabalhadoras não residentes. Acho que esta proposta é melhor que a anterior que aumentava nove vezes”, comenta Benedicta Palcon, presidente da Greens Philippines Migrant Workers Union de Macau.

Yosa Wariyanti também considera que “as mudanças são mais justas, por não serem na proporção da proposta anterior”. A representante indonésia congratula-se com o facto “de o Governo ter olhado” para a situação das empregas domésticas, para os seus salários e gastos.

 

Parto às prestações

Benedicta Palcon revela que perguntou a Alexis Tam a razão para o aumento das taxas dos partos. A resposta que obteve foi que há quase duas décadas que não havia actualização do valor. “Sabemos que a economia está a mudar e tudo está mais caro. Acho que o aumento está bem”, completa a dirigente associativa.

“Ainda é um fardo pesado, mas foi-nos dito que será criado um novo mecanismo para ajudar no caso da empregada doméstica, ou parturiente TNR, ser muito pobre e não puder pagar”, revela Benedicta Palcon.

Não foram dados detalhes quanto ao mecanismo que irá auxiliar os não-residentes com maiores dificuldades financeiras, mas a medida passará pela alçada do Fundo de Segurança Social e do Instituto para a Acção Social (IAS).

A ajuda tanto pode ser através da possibilidade de pagar as taxas em prestações, como num apoio financeiro directo. As únicas certezas é que a medida será alargada a todos os trabalhadores não residentes, que entrará em vigor em simultâneo com a actualização das taxas e que será concedida após avaliação, caso a caso, pelo IAS. Ainda não há uma calendarização precisa sobre quando a medida será implementada, mas será para breve.

Estima-se que o auxílio incida sobre cerca de 8 por cento das futuras mães que residem em Macau.

 

Salários dignos

Durante a reunião com a representante dos trabalhadores filipinos, Alexis Tam terá enaltecido o “grande contributo para a comunidade e para o Governo dado pelos TNRs”, de acordo com Benedicta Palcon. O secretário terá ainda salientado os baixos salários que auferem, em particular as empregadas domésticas, daí o reajuste às actualizações das taxas para partos.

Porém, esta discussão trouxe ao de cima uma realidade difícil de ignorar: os baixos rendimentos das empregadas domésticas em Macau.

“Acho que para pagar um aumento destes uma empregada doméstica teria de ter um vencimento de cerca de 5 mil patacas. Mas em relação a isso, Alexis Tam disse-nos que devíamos levar as nossas reivindicações à DSAL”, revela Benedicta Palcon.

Já a representante da associação indonésia explica que “o Governo acredita que se houver um aumento dos salários da população, que as ajudantes também vão beneficiar com esse aumento de forma indirecta”.

Normalmente os salários das empregadas domésticas e assistentes situam-se entre as duas mil e as três mil patacas.

“Gostávamos que o seguro de saúde fizesse parte dos contratos. Normalmente, os patrões não pagam esse seguro, só para acidentes de trabalho. A possibilidade de colocar o seguro no contrato foi algo que o Governo disse que ia ponderar”, explica Yosa Wariyanti.

As medidas recentes que afectam os TNRs como, por exemplo, as propostas para aumento das tarifas dos transportes públicos, ou a exclusão das empregadas domésticas do salário mínimo, foram discussões em que os representantes deste sector da sociedade não foram ouvidos. Apesar das medidas incidirem directamente nas suas vidas. Algo que não aconteceu desta feita. Porém, em três anos de vida da associação Greens Philippines Migrant Workers Union esta foi a primeira vez que se reuniram com membros do Governo.

 

16 Mar 2018

Ponte HZM | China já entregou administração da nova fronteira a Macau

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esde a meia noite de ontem que a Zona de Administração de Macau na Ilha Fronteiriça Artificial da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau está sob alçada da RAEM. O Chefe do Executivo e alguns membros do Governo vão agora “determinar os trabalhos de aplicação da lei e de gestão”

O Conselho de Estado da China entregou ontem à RAEM a gestão da Zona de Administração de Macau na Ilha Fronteiriça Artificial da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que passa agora a estar sob jurisdição do território.

Ontem o Chefe do Executivo, Chui Sai On, fez-se acompanhar de alguns membros do Governo, como é o caso de Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, e Wong Sio Chak, secretário para a Segurança. De acordo com um comunicado oficial, o Executivo “começa [agora] a determinar os trabalhos de aplicação da lei e de gestão, reparação a manutenção das diversas áreas do posto fronteiriço de Macau”, para que haja “uma coordenação com a entrada em funcionamento da principal construção da ponte”.

Chui Sai On disse ainda que “os serviços devem direccionar o tempo disponível para instalarem e testarem os diversos equipamentos do edifício, reforçando a necessidade de garantir o máximo de precisão e aperfeiçoamento”. O Chefe do Executivo frisou ainda a “importância da cooperação entre os serviços e do ajustamento dos recursos humanos, mediante as necessidades, para se prosseguir com os trabalhos de inspecção e se elevar a eficácia, nomeadamente com a agilização dos procedimentos de passagem na fronteira de cidadãos e turistas, por forma a ficar assegurada uma melhor coordenação com o início do funcionamento da ponte”.

Com esta atribuição à RAEM, serão designadas as “competências de cada serviço e o trabalho de coordenação interdepartamental”, aponta o mesmo comunicado. Após a cerimónia da entrega do posto fronteiriço à RAEM, “ficaram imediatamente estacionados funcionários dos Serviços de Alfândega, do Corpo de Polícia de Segurança Pública, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Judiciária, bem como dos Serviços de Saúde e da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego”, para “exercerem as funções e tarefas inerentes aos serviços transfronteiriços e de segurança”.

É também referido que “as várias entidades começaram a desempenhar os seus trabalhos nas respectivas áreas, procedendo à instalação de equipamentos e aos ajustamentos necessários, tanto no edifício do posto fronteiriço, como também no canal de passagem de veículos para se preparar bem a circulação na ponte”.

Zona ainda fechada

Apesar de Macau já estar a gerir este novo posto fronteiriço, “ainda não se encontram reunidas as condições suficientes para a abertura ao público”. Caberá ao secretário Raimundo do Rosário “a coordenação da operacionalidade e das medidas de circulação na ponte”, enquanto que o secretário para a Segurança será responsável pela “execução da lei e gestão de toda a zona”.

As autoridades garantem que há ainda muito a trabalho a fazer. “Será ainda estabelecido um mecanismo interdepartamental de negociação sobre a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a Zona de Administração de Macau.”

“Apesar de o trabalho de segurança ter sido formalmente entregue a Macau, ainda é necessário que os serviços competentes do Governo da RAEM procedam à respectiva montagem, verificação e ajustamento de vários equipamentos e instalações, como também terá de haver uma coordenação da disposição de trânsito com a abertura formal da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a utilização prática da referida Zona”, explica um comunicado.

O local é constituído pelo edifício do posto fronteiriço e dois parques de estacionamento com mais de 6800 lugares de estacionamento para veículos particulares e 2000 para motociclos. Há também uma rede viária de cerca de 200 mil metros quadrados, túnel, viaduto e plataforma para a estação de metro ligeiro, bem como 53 construções unitárias de 40 mil metros quadrados de infra-estruturas municipais, entre outras.

16 Mar 2018

Éric Sautedé acredita que limitações do governo vão manter jovens ligados à política

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] académico Éric Sautedé não acredita que os mais novos virem às costas à política, mesmo que sintam que os candidatos em que votam para a Assembleia Legislativa não são tolerados pelo sistema de Macau.

As afirmações foram feitas ao HM, ainda antes de ser conhecida a segunda investigação contra Sulu Sou, deputado que está suspenso devido a uma acusação da prática do crime de desobediência qualificada. Caso seja considerado culpado e punido com uma pena de 30 dias de prisão, o deputado pode mesmo ser expulso da AL pelos outros legisladores.

“Não, acredito que aconteceria o contrário. O meu entendimento é que a geração mais nova de Macau está a ficar cada vez mais exigente, o que está relacionado com a subida do nível da riqueza e da educação, em contraste com as muitas limitações, para não dizer falhas, do Governo e dos seus ‘amigos’ na Assembleia Legislativa”, afirmou Éric Sautedé. “Existe uma descrença muito clara em relação às capacidades do Governo”, acrescentou.

Acto nojento

Contudo, e mesmo que o deputado suspenso seja expulso, Éric Sautedé não acredita que haja grandes alterações nos resultados de eventuais eleições intercalares: “Mesmo em relação a Sulu Sou, se ele for expulso da Assembleia Legislativa, o que seria um acto muito nojento e poderia resultar numa reacção muito adversa do eleitorado mais jovem, não acredito que houvesse uma grande mudança no sentido dos votos”, considerou.

“Macau é uma espécie de círculo eleitoral muito grande em que as forças Pró-Pequim já têm uma maioria muito confortável. Em 2017 os Democratas tiveram 32 por cento dos votos, incluindo as três listas próximas da Novo Macau, mais Agnes Lam e José Pereira Coutinho. Por isso, para que pudesse haver um resultado diferente, com uma vitória democrata, o campo pró-Pequim teria de estar altamente divido com dois ou três deputados”, justificou.

Ao mesmo tempo, o também analista político defendeu que as eleições locais são ainda definidas pelo conluio de interesses: “A política em Macau continua a ser muito mais definida pela relação entre patronos e clientes do que pela racionalidade…”, apontou.

15 Mar 2018

Segurança | Coutinho pede construção de armazém para substâncias perigosas

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ereira Coutinho interpelou o Executivo a pedir explicações sobre o armazenamento de gases industriais perigosos. O deputado eleito pela via directa perguntou ao Governo sobre a calendarização da construção do depósito e armazéns para substâncias perigosas.

Na passada segunda-feira, o Chefe do Executivo mandou publicar no Boletim Oficial um despacho para a regulamentar a importação, exportação e trânsito de substâncias perigosas, bem como o controlo e coordenação operacional no local de um incidente que envolva este tipo de substâncias.

Para o efeito, Pereira Coutinho recorda que o Governo concedeu dois terrenos em Coloane, localizados na Avenida Marginal Flor de Lótus e na Estrada do Dique Oeste, com o objectivo de construir, provisoriamente, um depósito e armazéns para substâncias perigosas. A ideia é ter infraestruturas que possam fazer a gestão deste tipo de matérias concentrando-as numa área específica fechada.

O deputado revela que recebeu queixas de uma associação de gases industriais que disse que o Governo não procedeu aos trabalhos adequados para garantir a segurança da população, nomeadamente a construção de armazéns e depósito.

Coutinho argumenta que é necessário atender à densidade populacional e ao contínuo aumento do volume de fracções habitacionais e minorar os riscos que uma explosão representa para uma cidade tão densamente povoada.

Outro dos esclarecimentos pedidos por Pereira Coutinho prende-se com a definição de quais as entidades competentes para lidar com os gases perigosos. De acordo com a interpelação do deputado, nem o Corpo de Bombeiros, nem a Comissão de Segurança dos Combustíveis manifestaram ter as competências de jurisdição e executivas para tratar desta matéria.

15 Mar 2018

À Deriva (Na Sopa De Letras)

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]onfesso que esta semana, e pela primeira vez nos quase seis anos que levo desta humilde contribuição para o Hoje Macau, tenho dificuldade em escrever um artigo. Isto porque não quero dar a entender que tomo uma posição em detrimento de outra, que me estou a sentar no muro que separa os dois lados da contenda, ou que estou a tentar branquear alguma coisa. Nada disso, e longe de mim querer dar sermões de espécie alguma a alguém, ou ter o desplante de tentar explicar o que seja. Cada um pensa pela sua própria cabeça, tem interpretações diversas dos factos, e não quer dizer que nenhuma delas esteja completamente certa ou errada. É tudo uma questão de perspectiva, e é apenas isso que vou tentar aqui fazer. Analisar um caso actual de uma perspectiva. Não necessariamente a minha, mas, e repito, UMA perspectiva apenas.

O que se passou, afinal? O festival literário Rota das Letras, que este ano vai na sua 7ª edição, sofreu um duro revés depois de ter sido informado que não era garantida a entrada no território a três escritores convidados. Existe uma discussão paralela sobre a fonte dessa informação, ou de como foi obtida, mas não é disso que quero aqui falar. Os motivos da hipotética recusa prendem-se com “questões de segurança interna”, mais uma vez, ou trocando isto por miúdos, os escritores são considerados “persona non grata” pelo Governo Central, e sua vinda não seria “oportuna”, conforme a versão oficial. Jogando, e bem, pelo seguro, a organização do festival decidiu retirar o convite aos três escritores.

Claro que isto teve um grande impacto na comunidade literária e em toda a gente que se interessa pela cultura, e mais do que isso, pela apregoada liberdade garantida pelo segundo sistema. Escutei e li nestes últimos dias algumas opiniões sobre o assunto, e que vão desde a (atendível) indignação, até a um “erro de cálculo” da parte da organização do festival. Outra vez, não adiro a qualquer uma das posições, e já agora, da imprensa em língua chinesa nem uma palavra sobre o assunto. Tudo normal. A juntar a isto, tivemos na última semana a passagem da lei que torna o número de mandatos do presidente chinês ilimitado, e aqui ao lado em Hong Kong o grupo pró-democrata foi derrotado nas eleições intercalares. Ou seja, juntou-se o que é preciso para que caia já aqui o Carmo e a Trindade. Ou as Ruínas de S. Paulo e as Portas do Cerco, vá lá. Voltou-se a ouvir um certo discurso que já não se ouvia desde os anos anteriores a 1999. E tal como nessa altura, quando resolvi ficar em Macau, aliás, não estou optimista nem pessimista. Estou na espectativa. Não acredito no Diabo, e quanto ao resto, só posso dizer que não sou uma pessoa de fé. Sou agnóstico, lá está.

Hoje posso com alguma sobranceria dizer que passei a maior parte da minha vida em Macau, como alguns de vocês, compatriotas que vieram para estas paragens já na idade adulta, e foram ficando até os cabelos embranquecerem. Algo que me ajudou a fazer este sacrifício de estar tão longe da pátria-mãe foi entender, desde o primeiro minuto, que esta é uma realidade diferente da minha. Da nossa, de alguns que estarão a ler estas linhas, certamente. Estamos todos conscientes de que na China o registo em termos de liberdade de expressão e de outras liberdades individuais não é o melhor, mas também sabemos que a razão disto é puramente política. É a política daqui, de cá. Podemos não gostar dela, mas é a que há. É como as leis: não concordo com todas elas, mas não me passa pela cabeça não as cumprir, e o melhor que posso fazer é ficar o mais longe possível delas.

O próprio regime tem consciência de que isto é um problema. As últimas décadas fizeram emergir na China uma classe média educada, com poder de compra, e que certamente não olha com bons olhos para a censura dos conteúdos, assim como também não entende porque é que no seu país existem excepções a esta regra. Este é um mar atribulado onde o partido único não tem feito mais do que manter o barco à tona. É o mar revolto da política, e se algo que nunca mudou em cinco mil anos desta civilização é o facto de continuarem a existir duas facções; uma que detém o poder e o quer manter, e a outra que o quer tomar. E pela força, se necessário. Outra vez, sem estar a querer convencer ninguém do que deve pensar ou que posição tomar, só faço votos para que não aconteça um naufrágio. Era pena, até para nós, que aprendemos a amar esta terra e estas gentes.

15 Mar 2018

CCPCC | Edmund Ho reeleito vice-presidente

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro Chefe do Executivo da RAEM foi ontem reeleito para o cargo de vice-presidente do Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), em Pequim.

Também os empresários de Macau Ma Iao Lai, Hoi Kin Hong, Leong Wa e Liu Chak Wan foram igualmente escolhidos, em Pequim, para também se sentarem no Comité Permanente.

O CCPPC foi criado em 1945, ainda antes da criação da República Popular da China e é um órgão com um carácter consultivo que não implica que os membros tenham de ser membros do Partido Comunista Chinês.

15 Mar 2018

Subsídios | Zheng Anting defende isenção para incumpridores

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Zheng Anting quer que o Governo isente e impeça as empresas incumpridoras de serem obrigadas a devolver os subsídios recebidos no âmbito do Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética.

Segundo o deputado de Jiangmen várias Pequenas e Médias Empresas (PMEs) locais receberam subsídios para comprarem lâmpadas de baixo consumo. No entanto, não houve instruções sobre o que fazer no caso das lâmpadas se fundirem e esta foram atiradas para o lixo. Por isso, quando a Direcção dos Serviços e Protecção Ambiental fez inspecções às empresas não encontrou as lâmpadas instaladas e exigiu a devolução dos subsídios.

Zheng Anting veio agora dizer que a situação é “injusta” e, numa interpelação escrita, defende que as empresas não devem ser obrigadas a devolver os subsídios, caso se comprometam a comprar lâmpadas novas desse género.

O deputado diz também que houve muitas empresas que estão falidas, mas que mesmo assim o Executivo lhes exige a devolução do subsídio. Neste caso, Zheng diz que estas empresas falidas deviam ser perdoadas ou ter, pelo menos, uma redução das dívidas.

Finalmente, Zheng critica o plano por ter definido vidas úteis dos equipamentos demasiado longas, que não se adequam à realidade.

15 Mar 2018

Partos | Alexis Tam ouve hoje representantes dos trabalhadores não residentes

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura vai reunir-se hoje com representantes dos trabalhadores não residentes para ouvir o que pensam sobre a proposta de aumento dos preços dos partos no hospital público

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lexis Tam vai fazer hoje o que não fizeram os Serviços de Saúde antes de apresentarem a proposta de aumento dos preços dos partos: ouvir representantes dos trabalhadores não residentes, um dos grupos penalizados pelo recém-proposto ajustamento. Duas associações – uma de migrantes filipinos e outra de indonésios – vão ser recebidas hoje, em encontros separados, para falarem da proposta que carece ainda de ser aprovada pela tutela.

Segundo revelou a secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura ao HM, Alexis Tam vai receber na sede do Governo a Indonesian Migrant Workers Union e a Greens Philippines Migrant Workers Union. Contactados pelo HM, ambos os grupos afirmaram que pretendem primeiro ouvir o que tem o Governo a dizer. Benedita Palcon, dirigente da Greens Philippines Migrant Workers Union, espera uma postura de abertura. “Espero que sim [que reconsiderem]. Estamos contra o aumento, porque é muito elevado, sobretudo atendendo aos baixos salários dos trabalhadores não residentes. Talvez possa, pelo menos, ser menor”, afirmou.

O encontro do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura com as duas associações foi prometido, na semana passada, por Alexis Tam que lamentou o facto de os Serviços de Saúde não terem consultado previamente os trabalhadores não residentes, dado que apenas foram auscultadas duas organizações tradicionais (os Kaifong e a Associação das Mulheres), que não representam as trabalhadoras migrantes.

Embora tenha sublinhado que “é preciso ponderar o interesse das trabalhadoras não residentes”, atendendo nomeadamente ao “grande contributo” para “o desenvolvimento de Macau”, Alexis Tam defendeu a necessidade de actualizar o valor das taxas de partos, dado que vigora há mais de duas décadas.

Os Serviços de Saúde pretendem aumentar em nove vezes as taxas moderadoras a pagar pelas grávidas portadoras de ‘blue card’. Actualmente, uma trabalhadora não residente paga 957 patacas para ter o seu filho no Centro Hospitalar Conde de São Januário mas, se Alexis Tam aprovar a proposta, terá que desembolsar 8.755 patacas por um parto normal. Já caso necessite de uma cesariana, o valor sofre um aumento das actuais 3.900 para 17.550 patacas.

Mais sorte têm as mulheres casadas com residentes, que ficam isentas do pagamento de taxas, à semelhança do que sucede com as portadoras de Bilhete de Identidade de Macau (BIR), que têm o direito a ter os seus filhos gratuitamente no hospital público.

Dados facultados pelos Serviços de Saúde, indicam que, entre 2015 e 2017, houve uma média anual de 3.371 partos no hospital público, dos quais apenas oito por cento (ou 269) respeitantes a trabalhadoras não residentes.

15 Mar 2018

Rota das Letras | Jorge Morbey elogia Gabinete de Ligação

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]orge Morbey, ex-presidente do Instituto Cultural e docente da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, disse à Rádio Macau que a culpa pelo caso dos três escritores que não estiveram presentes no festival literário Rota das Letras é do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. “Contrariamente ao que circula por aí, o Gabinete de Ligação, se realmente comunicou com o Festival e desaconselhou [os escritores] a vir, eu penso que isto é de louvar, porque quando falha o Governo, se não há outra entidade para pôr mão nas coisas, acaba por ser o Gabinete de Ligação”.

Na visão de Morbey, que lançou ontem um novo livro, “a situação que se criou é da responsabilidade do Governo, concretamente do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, porque é óbvio que o planeamento do Festival Rota das Letras é objecto de uma proposta, porque de outra maneira não fazia sentido o dinheiro que se gasta com isto e que é suportado pelo Governo”.

“A assinatura que vale ouro aí é a do senhor secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Portanto, isto não lhe passou ao lado e se isto era mau, se o convite a estas pessoas era mau, devia ser um problema levantado por ele à organização do Festival, o que não levantou. Do meu ponto de vista, talvez por não saber quem eram as pessoas, o que é lamentável”, acrescentou à Rádio Macau.

15 Mar 2018

Nações Unidas | Wong Kit Cheng defende direitos das mulheres lá fora

A deputada esteve em Nova Iorque para discutir a igualdade de género. No entanto, defende que “os trabalhadores domésticos”, na maioria mulheres de nacionalidade filipina, não devem ter salário mínimo e que as não-residentes devem pagar mais pelos partos

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng, representante da Associação Geral das Mulheres de Macau, está em Nova Iorque e participou na abertura da 62.ª Comissão da Condição da Mulher da Organização das Nações Unidas. Num comunicado emitido pelo gabinete da deputada, Wong Kit Cheng comprometeu-se a defender os direitos das mulher e escreveu: “Ninguém fica para trás, por um planeta 50-50 até 2030”. Contudo, o discurso adoptado pela legisladora lá fora entra em colisão com as ideias defendidas dentro de portas, nomeadamente em relação às trabalhadoras não-residentes.

No estrangeiro, Wong Kit Cheng promete fazer todos os seus esforços para criar uma maior igualdade entre homens e mulheres em Macau: “Espero que este intercâmbio com mulheres de diferentes países consiga aprender com a força das outras mulheres. Quero utilizar estes conhecimentos como uma referência no futuro desenvolvimento da igualdade de género em Macau”, afirmou a deputada.

Em relação à situação do território, Wong diz que “houve uma melhoria significativa nos últimos anos”, mas que não é suficiente para que as pessoas “possam estar satisfeitas”. A representante da Associação Geral das Mulheres de Macau sublinha também que “é necessário estudar de forma mais aprofundada as causas das diferenças em termos económicos e estatuto social dos dois géneros, como por exemplo os salários”.

Wong Kit Cheng declarou ainda que as trocas de experiências com pessoas do estrangeiros vão permitir “trazer para Macau questões relacionadas com as mulheres que marcam a agência internacional”. Por último, a deputada termina o documento encorajando as mulheres a “irem à luta, criar oportunidades e transformar o seus sonhos em realidade”.

Pesadelos em casa

Se por um lado, Wong frisa a necessidade de haver uma maior igualdade de salários entre os dois géneros, por outro, defende que os trabalhadores domésticos não devem ter salários mínimo. A posição foi tomada numa interpelação escrita, com a data de Novembro do ano passado, em que reconhece que a maior parte destas trabalhadoras têm nacionalidade filipina.

“A estabilidade salarial dos trabalhadores domésticos tem implicações importantes para os encargos económicos de muitas famílias. As autoridades devem tomar como referência a prática de Hong Kong e excluir os trabalhadores domésticos do âmbito de aplicação da lei do salários mínimo”, é apontado por Wong Kit Cheng.

Também numa outra interpelação, com a data de Março de 2017, Wong mostrou-se preocupada com a utilização dos serviços de Macau de Ginecologia e Obstetrícia por parte de não-residentes. Nesse documento, a deputada sublinhava que era necessário garantir que os não-residentes “não sobrecarregavam” os serviços “destinados ao residentes de Macau”.

De resto, terá sido esta corrente de opinião que levou mesmo os Serviços de Saúde a proporem medidas para penalizarem a utilização dos serviços pelas não-residentes. Assim, o Governo está a propor uma subida dos preços dos partos no hospital pública para as trabalhadoras não-residentes de 975 para 8 775 patacas.

O HM tentou contactar a deputada sobre as eventuais contradições nos discursos, mas Wong Kit Cheng esteve incontactável.

15 Mar 2018

Novo Macau | Pelo menos três membros sob investigação devido a actividades eleitorais

Pelo menos três membros da Associação Novo Macau (ANM), incluindo o próprio Sulu Sou, enfrentam novas investigações por alegados crimes relacionados com as actividades eleitorais. Um dos casos está já nas mãos do Ministério Público

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Novo Macau revelou ontem que pelo menos três membros da maior associação pró-democracia se encontram sob investigação por crimes relacionados com a campanha para as eleições à Assembleia Legislativa, classificando as acusações de “irrazoáveis”.

Sem facultar detalhes sobre os novos casos, a Novo Macau adiantou apenas que “há pelo menos três” membros a serem investigados por propaganda ilegal e desobediência, mas admitiu a possibilidade de o número aumentar. Um dos casos seguiu entretanto para o Ministério Público.

“As autoridades abusam do poder que têm para investigar os cidadãos que se envolvem no movimento democrático. Os dados apresentados pelo Secretário para a Segurança Wong Sio Chak também demonstram que, nos últimos anos, houve um aumento significativo do número de acusações por desobediência”, afirmou o vice-presidente da Novo Macau, Sulu Sou, em conferência de imprensa, descrevendo uma tendência “preocupante” que exerce “uma grande pressão” para uma organização política como a Novo Macau.

Com efeito, Sulu Sou é um dos membros que está a ser alvo de uma nova investigação criminal, revelou o próprio à Rádio Macau, numa informação posteriormente confirmada ao HM. Assim, arrisca um segundo processo além daquele por desobediência qualificada que culminou na suspensão do seu mandato há precisamente 100 dias e que aguarda julgamento. Já o caso que seguiu entretanto para o Ministério Público diz respeito a Paul Chan Wai Chi, número dois da lista de Sulu Sou, indicou o próprio à TDM.

Sobre Scott Chiang, ex-presidente da Novo Macau, recaem também dois processos. Além do caso em que é arguido com Sulu Sou por desobediência qualificada devido ao protesto de Maio de 2016 contra o subsídio concedido à Universidade de Jinan, é acusado pelos crimes de introdução em lugar vedado ao público e dano, devido à faixa afixada no antigo Hotel Estoril a criticar o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, estando o julgamento agendado para o próximo mês de Setembro.

Avisos de manifestação à PSP preocupam

A Novo Macau manifestou ainda preocupação relativamente à proposta de lei que prevê que a PSP passe a receber directamente os avisos de manifestação, substituindo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) nas funções. “Não aceitamos o argumento do [porta-voz do Conselho Executivo], Leong Heng Teng, de mais eficácia”.

“Há uma razão para que os pedidos de manifestação sejam entregues ao IACM [que depois notifica a PSP], mas não directamente à PSP. Trata-se de um assunto civil e não de segurança”, afirmou Sulu Sou, antecipando “problemas” devido à transferência do poder para a PSP, como a rejeição por “motivos irrazoáveis”. Neste sentido, como sintetizou Alexis Chan, também presente na conferência, há receio de que a principal preocupação seja a segurança em vez do direito à manifestação.

“Preocupamo-nos com isso [e] eles podem mudar de alguma maneira os procedimentos no futuro”, afirmou. Andrew Cheung complementou: “Normalmente, da experiência que temos, quem obstrói as actividades é a PSP e não o IACM, pelo que se dependermos deles para aceitarem [a sua realização], obviamente vai aumentar a obstrução”. “Quando tudo fica eficaz, a supervisão pode ficar de fora. Preocupa-nos que a PSP seja muito forte neste caso e possa ser um bocado ditadora”, argumentou.

Apesar de a Novo Macau não organizar protestos desde a manifestação de Maio de 2016 contra o subsídio concedido à Universidade de Jinan, a organização entende também que as associações deviam ter sido ouvidas.

Na ordem do dia figura também a utilização de câmaras nos equipamentos da polícia, uma medida que começa a funcionar a partir de hoje. “Preocupa-nos se é só para [combaterem o] crime ou se para supervisionarem toda a gente”, sublinhou Andrew Cheung.

A Novo Macau comentou ainda a breve referência a Macau no relatório da Amnistia Internacional sobre o estado dos direitos humanos no mundo que enuncia apenas dois casos: a suspensão do mandato dos mais jovem deputado e a proibição de entrada no território de quatro jornalistas de Hong Kong. “Para mim não foi surpresa o relatório incluir esses dois episódios, mas antes que haja apenas dois”, observou Sulu Sou.

“O panorama dos direitos humanos em Macau está a deteriorar-se. A autocensura e o abuso do poder executivo continua a ser frequente, especialmente por parte da polícia”, avaliou. “Os residentes têm medo de falar, porque podem ser demitidos no trabalho ou sofrer pressões na escola”, enfatizou o jovem activista.

 

Rota das Letras| Mais um ataque aos direitos

A Novo Macau lamentou ontem o cancelamento da vinda de três escritores ao Festival Literário de Macau – Rota das Letras, por não estar garantida a sua entrada no território, considerando que se trata de mais um caso que belisca os direitos.

“Não temos informações detalhadas sobre o assunto”, mas “é um assunto sério que afecta os direitos humanos em Macau. A Novo Macau vai comunicar com o director do festival para saber mais pormenores”, afirmou Sulu Sou.

O Tribunal Judicial de Base (TJB) ainda não decidiu se marca nova data para o julgamento de Sulu Sou, pelo crime de desobediência qualificada, que foi adiado em Janeiro. Sulu Sou considera que o processo-crime pode avançar, tendo o advogado pedido, na semana passada, nova marcação. No entanto, o Ministério Público entende que o julgamento só deve ter início depois de haver uma decisão do Tribunal de Última Instância sobre o recurso interposto pelo deputado.

14 Mar 2018

Eleições Hong Kong | Cenário de baixa afluência às urnas em Macau afastado

No passado fim-de-semana, em Hong Kong, as eleições intercalares ficaram marcadas por uma redução de 15 por cento no número de votantes. Em Macau, Agnes Lam, José Sales Marques e Miguel de Senna Fernandes não acreditam que uma tendência semelhante se registe, mesmo que Sulu Sou seja expulso do cargo de deputado

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lém da derrota do campo pró-democrata, as eleições intercalares de Hong Kong para substituir os deputados expulsos do Conselho Legislativo ficaram marcadas por uma quebra na afluência às urnas.

Nas eleições de 2016, a afluência tinha sido de 58 por cento do total de votantes, no entanto, no passado fim-de-semana apenas 43 por cento dos 2,1 milhões de eleitores se disponibilizaram para votar, o que representa uma quebra de 15 por cento. O campo pró-democrata foi o mais afectado com a proporção dos votos a cair de 55 para 47 por cento.

Em Macau, o cenário da realização de eleições intercalares poderá ser uma possibilidade no futuro. O deputado Sulu Sou está suspenso para ser julgado pela alegada prática de um crime de desobediência qualificada, mas só se for declarado culpado e julgado com uma pena superior a 30 dias de prisão é que poderá ser expulso da Assembleia Legislativa. A decisão não é automática e terá de passar, novamente, pelos deputados do órgão legislativo.

Sulu Sou vs. Localistas de HK

Neste contexto, os especialistas ouvidos pelo HM consideram que em Macau não existe o risco de votantes desiludidos com o sistema deixarem de se deslocarem às urnas nas próximas eleições. No centro da argumentação está o facto de considerarem que o caso do pró-democrata Sulu Sou não tem comparação com os localistas da região vizinha.

“As situações de Hong Kong e Macau são muito diferentes. As pessoas mais novas que desistiram do sistema em Hong Kong pertencem aos grupos radicais. São pessoas que viram os legisladores que apoiam expulsos do Conselho Legislativo”, disse a deputada Agnes Lam, ao HM.

“É um problema dos localistas e não do campo pró-democrata de Hong Kong. Os mais novos, que são mais radicais face à China, são as pessoas que desistiram do sistema. Foi esse grupo de pessoas que andou a boicotar as eleições e a pedir a outros que não votassem. Não se trata de um problema do campo pró-democrata”, acrescentou.

Por outro lado, a deputada moderada defende que em Macau os eleitores de Sulu Sou não deixaram de ser representados. Pelo menos enquanto o deputado ainda mantiver o estatuto, mesmo que de forma suspensa.

“O deputado não foi expulso da Assembleia Legislativa. Ele está suspenso para ser julgado e depois vai regressar. Por isso não se pode dizer que os seus eleitores não estejam representados. Ele vai voltar e é uma questão de tempo”, considerou.

“Talvez em Macau haja pessoas que pensem que o sistema não funciona. Mas se formos a ver a proporção da população que tem essa opinião, estamos a falar de um número que nem é representativo”, acrescentou.

Comparações perigosas

Por sua vez, José Sales Marques, antigo presidente do Leal Senado, recusa qualquer tipo de comparação, que define como “perigosas”. O agora presidente dos Instituto de Estudos Europeus vai mais longe e diz que os pró-democratas em Hong Kong estão a pagar o preço da sua irresponsabilidade, uma conduta que o campo pró-democrata local nunca teve, defende.

“É extremamente perigoso e desnecessário fazer comparações entre Macau e Hong Kong. Na minha opinião não se devem fazer estas comparações, porque os democratas acabaram por ser penalizados pela sua atitude irresponsável em Hong Kong, uma atitude que nunca houve em Macau”, afirmou José Sales Marques, ao HM.

“Foi uma atitude completamente irresponsável que não só prejudicou a evolução do sistema político em Hong Kong, como pode ter tido efeitos em eventuais evoluções do sistema político de Macau. Em Hong Kong, os democratas perderam porque se comportaram de forma irresponsável”, acusou.

Sales Marques recusou que alguma vez Sulu Sou tivesse tido algum tipo de comportamento semelhante aos radicais de Hong Kong: “Até ao momento não vejo qualquer paralelo em Macau, inclusive na atitude do Sulu Sou. Não vejo paralelo com o território”, frisou.

Eleitorado conhece as diferenças

Para o antigo deputado e advogado Miguel de Senna Fernandes, os resultados em Hong Kong e a abstenção registada são uma punição para o campo pró-democrata, por ter demonstrado um comportamento “infantil” na altura do juramento. O advogado recusa a ideia que em Hong Kong a abstenção se tenha ficado a dever a uma descrença no sistema, mas antes à intenção de punir os pró-democratas.

Por essa razão, Miguel de Senna Fernandes não acredita que o cenário se repita em Macau e faz questão de frisar que a conduta de Sulu Sou não pode ser comparada ao que acontece em Hong Kong.

“Ele contesta de outra maneira. A Novo Macau mudou de estratégia e joga muito com a mentalidade política local, dentro do sistema. É uma estratégia em que o público se pode rever”, começou por dizer.

“Mas não acredito que sejam situações comparáveis. Ele não fez nada que justificasse ser expulso imediatamente da posição de deputado, ao contrário dos outros catraios em Hong Kong. E o que ele fez, foi antes de ter sido eleito. As pessoas também sabem ver isso”, defendeu.

Por último, Miguel de Senna Fernandes sublinha que mesmo que Sulu Sou seja expulso da Assembleia Legislativa, de acordo com os procedimentos legais, que poderá voltar a candidatar-se ao lugar. Um cenário que não se verificou em muitos dos casos em Hong Kong, devido à diferente natureza dos actos praticados.

Assuntos superiores

Em relação a explicações para a redução do número de votantes em Hong Kong, Agnes Lam recusa que se possa explicar apenas com o desencantamento com o sistema, da parte dos radicais. A deputado justifica que as pessoas estiveram mais interessadas no acompanhamento da Assembleia Popular Nacional e na questão da eliminação do limite de mandatos para o cargo de Presidente da República Popular da China.

“Desta vez em Hong Kong houve um conjunto de factores que contribuiu para que a afluência fosse mais. A sociedade esteve a prestar mais atenção à eliminação do limite de mandatos do Presidente da China. Acho que foi o grande tópico, mesmo entre os órgãos de comunicação social”, disse. “Por outro lado, acho que não houve uma cobertura suficientemente profunda das eleições, mesmo nos órgãos de comunicação social de Hong Kong. Isso também pode ter contribuído para que menos gente tenha saído de casa”, apontou.

 

Resultados das eleições em Hong Kong    

Ilha de Hong Kong     

Au Noh-hin (Pan-Democrata)         50,7% Eleito

Judy Chan (Pró-Pequim)     47,2%

Moderados e outros  2,1%

Taxa de Participação            43,8%

Novos Territórios Este       

Gary Fan (Pan-Democrata)  44,6% Eleito

Bill Tang (Pró-Pequim)        37,1%

Christine Fong (Poder Profissional)           15,7%

Taxa de Participação            44,3%

 

Kowloon Oeste       

Edward Yiu (Pan-Democrata)         48,8%

Vincent Cheng (Pró-Pequim)          49,9% Eleito

Moderados e outros  1,3%

Taxa de Participação            42,1%

 

Circulo de Arquitectura, Topografia, Planeamento e Paisagem      

Tony Tse (Sem filiação)        55,54%          Eleito

Paulus Zimmerman (Independente)         44,46%

Taxa de Participação            70,7%

14 Mar 2018

Alteração à Constituição chinesa | Gabinete de Ligação destaca Lei Básica

O director do Gabinete de Ligação do Governo Central comentou as alterações à constituição chinesa aprovadas este domingo em Pequim. Zheng Xiaosong, destacou a importância da manutenção da Lei Básica e da política ‘Um País, Dois Sistemas”

[dropcap style≠‘circle’]X[/dropcap]i Jinping pode muito bem vir a ser presidente da República Popular da China (RPC) até querer, segundo muitos analistas políticos. Tal está previsto depois das alterações feitas à constituição chinesa terem sido aprovadas no domingo numa sessão plenária da Assembleia Popular Nacional.

De acordo com um comunicado enviado às redacções, Zheng Xiaosong, director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, enalteceu a proposta de alteração à constituição chinesa, que reflecte a intenção do Partido Comunista Chinês e o desejo de todo o povo chinês, o que mostra um alto grau de uniformização. As alterações são também uma mostra viva de que o PCC governa todos os territórios chineses de acordo com a constituição.

Zheng Xiaosong disse ainda que, durante o processo de apreciação de proposta de alteração da constituição, foi desenvolvida de forma suficiente a democracia. Nesse sentido, foram mostradas as vantagens da política democrática socialista com as características próprias da China, pois estão traduzidas as práticas do povo chinês de tomar decisões de existência de uma governação nos termos da lei.

Para o director do Gabinete de Ligação, as alterações à constituição visam melhorar o seu conteúdo, além de que concretiza melhor aquilo que foi aprovado no último congresso do PCC, bem como a linha de pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas numa nova era.

O responsável acredita que a revisão pode fomentar o desenvolvimento da constituição, para que esta possa acompanhar a evolução dos tempos, no sentido de garantir o desenvolvimento do socialismo com características chinesas.

Olha a Lei Básica

No que diz respeito às duas regiões administrativas especiais, Zheng Xiaosong deixou claro que é preciso aplicar o princípio de “Um País, Dois Sistemas”, e que é necessário governar de forma rigorosa de acordo com a constituição chinesa e a Lei Básica de Macau e de Hong Kong.

Zheng Xiaosong disse ainda que deve aproveitar-se os 25 anos do aniversário da promulgação da Lei Básica para continuar a divulgar a mini-constituição nos dois territórios, bem como promover actividades educativas e de promoção.

O responsável lembrou que deve ser incutido o respeito, aprendizagem,

obediência, protecção e a aplicação da constituição chinesa, para que a população de Macau saiba que a base constitucional da RAEM é composta pela constituição da RPC e Lei Básica.

É também importante, adiantou, que sejam defendidos os poderes de ambos os diplomas, com o intuito de garantir que a política “Um País, Dois Sistemas” prossiga de acordo com a constituição e a Lei Básica.

Um corte com Deng Xiaoping

De acordo com a agência Lusa, a sessão plenária da APN de domingo uma emenda constitucional que estabelece uma presidência indefinida para o actual chefe de Estado, Xi Jinping. As alterações foram aprovadas com um único voto um conjunto de 21 emendas constitucionais propostas, entre as quais a eliminação do limite de dois mandatos consecutivos de cinco anos para os presidentes do país.

O resultado da votação foi de 2.958 votos a favor, dois contra e três abstenções. Outra das alterações aprovadas foi a que inclui as teorias políticas de Xi Jinping sobre o desenvolvimento do “socialismo com características chinesas numa nova era” na Carta Magna chinesa. Numa intervenção após a votação, o presidente da ANP, Zhang Dejiang, destacou a importância de “defender a liderança centralizada e unificada” com Xi Jinping “no seu núcleo”.

A actual Constituição chinesa, que entrou em vigor em 1982, foi alterada pela última vez em 2004. A aprovação das emendas constitucionais supõe uma consolidação ainda maior do poder de Xi Jinping, que acaba de terminar o seu primeiro mandato de cinco anos e atinge assim um poder indefinido que os analistas comparam ao de Mao Zedong.

Além disso, o retorno a uma liderança indefinida supõe uma ruptura com o sistema criado por Deng Xiaoping, que estabeleceu um poder mais colegiado, com limites temporais para os altos cargos, a fim de evitar os excessos que causaram a acumulação do poder pessoal desmedido durante a época de Mao Zedong (1949-1976). A abolição do limite de mandatos permitirá a Xi Jinping, um dos mais fortes líderes na história da República Popular, ficar no cargo depois de 2023, quando termina o seu segundo mandato.

13 Mar 2018

Câmaras em uniformes da polícia podem não ter base legal

A partir de amanhã, 100 agentes da PSP vão receber câmaras de filmar que serão usadas nos uniformes. Apesar de Wong Sio Chak ter garantido que só serão usadas em caso de necessidade, e seguindo instruções claras, a aplicabilidade da medida pode não ter base legal. As instruções específicas e o parecer do Gabinete para a Protecção dos Dados Pessoais que lhe deu luz verde ainda não foram tornados públicos

 

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] partir de amanhã serão disponibilizadas 100 câmaras para as forças de segurança de Macau, que numa primeira fase serão atribuídos a agentes dos comissariados policiais e os do Grupo de Patrulha Especial. A medida foi anunciada pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, durante o fim-de-semana, tendo assegurado que os aparelhos apenas serão ligados em caso de necessidade e que existem instruções claras sobre a sua utilização.

Porém, a medida aparenta a carência de base legal, ou seja, o uso destas câmaras não está regulado no ordenamento jurídico de Macau.

“Não sei qual é a base legal para esta medida, se não houver pode colocar em causa o princípio da legalidade e, se for usado como prova constituirá um acto nulo”, explica Luís Cardoso, advogado. “Mal, ou bem, tem de haver uma lei que regule devidamente esta situação prevendo, por exemplo, quem tem acesso a estas imagens, a não ser que se queiram refugir nos argumentos da ordem e tranquilidade públicas, conceitos indeterminados para mim”, acrescenta o jurista.

Ao HM, a Polícia de Segurança Pública (PSP) referiu que “os agentes policiais podem fazer uso da câmara em situações que põem em causa a ordem pública, o interesse público, a segurança de pessoas, bens e valores”, quando ocorram “confrontos, ou quando as acções policiais são impedidas”.

Em relação às regras que os agentes devem observar, a PSP limitou-se a reproduzir as palavras do secretário afirmando que o uso do equipamento segue “estritamente as regras do seu uso”. Não há informação quais as regras que estão em causa, ainda assim, a PSP refere que “assim que puderem, os agentes devem sempre gravar o motivo do uso” do equipamento, “garantindo que o uso e acesso dos dados estejam em conformidade com o princípio da confidencialidade dos dados pessoais e as leis e regulamentos relevantes”.

É aqui que começam os problemas legais desta medida. No ordenamento jurídico de Macau, um dos diplomas mais próximos da realidade em questão é a lei que regula a videovigilância das câmaras de CCTV espalhadas pela cidade, o regime jurídico da videovigilância em espaços públicos. De acordo com informação dada ao HM pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), esta lei não se aplica à medida dos agentes policiais munidos com câmaras. Neste caso, Luís Cardoso acha que “se não se remete para a lei da videovigilância dos espaços públicos, então, aí há um vazio legal”.

 

Por cumprir

A questão da vigilância tem sido um dos desafios legais de maior complexidade enfrentado pelas autoridades na Era da tecnologia. Catarina Guerra Gonçalves, advogada e jurista especializada na área dos dados pessoais, entende que “só com casos concretos é que se pode ver a aplicabilidade desta medida”.

A advogada recorda que em casos desta natureza há dois valores, “de certa forma conflituantes”, a segurança/ordem pública e a reserva da intimidade da vida privada. Como tal, é necessário avaliar a adequação e proporcionalidade dos meios utilizados, “tendo em conta os direitos fundamentais que estão a ser atingidos e as finalidades que estão estabelecidas”, uma competência do GPDP. A entidade já se pronunciou favoravelmente à medida, tendo adiantado ao HM que o parecer será publicado em breve.

Segundo Catarina Guerra Gonçalves, “há partida, pode haver conflito de valores” entre segurança e privacidade. A jurista prevê que o fundamento legal para esta medida se situe no nº4 do Art.º 6 da Lei da Protecção de Dados Pessoais. Ou seja, que o tratamento destes dados seja feito no exercício de uma missão de interesse público, ou exercício de poderes da autoridade pública. O mesmo artigo, que estabelece as condições de legitimidade do tratamento de dados, diz no número 1 que estes só podem ser efectuados “se o seu titular tiver dado de forma inequívoca o seu consentimento”.

 

À queima-roupa

“Como é que isto vai resultar na prática não sei, poderá dar azo a alguns abusos”, projecta Catarina Guerra Gonçalves. A advogada ouvida pelo HM considera que, “talvez a medida seja pouco ponderada do ponto de vista legal”. Apesar do GPDP afirmar que a lei da videovigilância em espaços públicos não se aplica a esta medida, é um diploma que prevê situações aproximadas. Assim sendo, e como se trata de uma câmara de vigilância, é obrigatório que os agentes que usam o equipamento estejam devidamente identificados como tal.

Outro requisito prende-se com a necessidade de publicar em Boletim Oficial um despacho que autorize o uso das câmaras, que indique quantas são e quem as irá usar. Depois de uma pesquisa em Boletim Oficial, verificámos que estes requisitos não foram cumpridos. “A necessidade do titular saber que está a ser filmado talvez não tenha tido sido levado em conta pelo GPDP”, comenta a jurista especialista em protecção de dados.

“Se não houver publicação em despacho do Boletim Oficial do número de câmaras que passa a funcionar, por esta via esta medida está inquinada por não observar um requisito legal”, elucida Catarina Guerra Gonçalves.

É de salientar que, legalmente, se estivermos perante um caso em que está a ocorrer um crime, o consentimento do titular é dispensado porque há um interesse maior em questão.

Caso não se verifique um crime, se não existir um aviso às pessoas de que estão a ser filmadas estas não podem dar o seu consentimento. Nesse caso, segundo Catarina Guerra Gonçalves, “a legitimidade para fazer a filmagem terá de ser em parâmetros muito estritos, só em casos realmente muito excepcionais”.

 

Linha azul

Esta medida é utilizada, com algumas falhas reveladas por casos trágicos, pela polícia norte-americana. Em Inglaterra, o uso de câmaras nos uniformes dos agentes de autoridade também foi implementada, mas estes são obrigados a informar a pessoa de que vão iniciar a filmagem.

De acordo com a PSP, “sempre que puderem, os agentes devem gravar previamente para a câmara” a razão do seu uso, referindo o tipo de ocorrência em causa e entregar o equipamento no final do serviço.

Foi também revelado que “os agentes têm de seguir os procedimentos”, e que “o acesso aos dados deve ser feito em conformidade com o princípio da confidencialidade dos dados pessoais e as leis e regulamentos relevantes”.

Luís Cardoso até concorda “que todos os polícias fardados usem câmara”, mas que estas filmagens “não devem servir de prova apenas para a acusação, mas também para a defesa”, apesar de não ver qual é a base legal para a implementação desta medida.

Quando necessita recorrer a imagens de câmaras CCTV, Luís Cardoso enfrenta constantes barreiras. “Eu, como advogado, e muito dos meus colegas, quando requeremos ao tribunal para que oficie a polícia ou a DSAT para nos fornecer imagens devido a acidentes de viação, muitas vezes a resposta é negativa”, conta.

13 Mar 2018

Novo Macau ultrapassou meta dos 300 mil

Sulu Sou

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] campanha de recolha de donativos da Associação Novo Macau ultrapassou a meta inicial de 300 mil dólares de Hong Kong. O objectivo foi concretizado no Sábado. Ontem à noite, numa altura em que ainda faltavam 28 dias para o fim da campanha, a associação pró-Democracia contava com um total de 324 mil dólares em donativos. Segundo os responsáveis da associação pró-democrata, os fundos têm como objectivo o pagamento das despesas operacionais da associação, nomeadamente no que diz respeito ao pagamento dos salários a dois funcionários e para materiais de campanhas cívicas e de promoção da própria associação.

Além desta informação, os pró-democratas publicaram uma mensagem na rede social Facebook em que detalharam os gastos da campanha eleitoral. Do orçamento de 172,6 mil patacas, a maior parte foi para material de publicidade, cujo montante atingiu as 106,5 mil patacas. Seguiu-se a aquisição de roupa, com gastos de 19,6 mil patacas, serviços de comida, que custaram 11,7 mil patacas, e ainda o pagamento de direitos de autor para as música utilizadas na campanha, que tiveram um custo de 10,4 mil patacas. Entre os gastos detalhados constam ainda serviços de construção (2 mil patacas), pagamento de escritório (2,7 mil), transportes e logística (6,3 mil), recursos humanos (3,6 mil), aluguer de sede (4,8 mil) e serviços profissionais (5 mil).

A Novo Macau conseguiu eleger Sulu Sou durante as eleições, depois de ter conseguido 9 213 votos.

12 Mar 2018

Candidatura a CE | Ho Iat Seng deixa participação na corrida em aberto

O presidente da Assembleia Legislativa não sabe se vai ser candidato ao cargo de Chefe do Executivo. No passado, Ho Iat Seng negou sempre a possibilidade. Porém, no sábado, confrontado com o cenário, limitou-se a responder que não sabe se vai ser candidato

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, mudou de discurso e admite agora que não sabe se vai ser candidato à posição de Chefe do Executivo. No passado, Ho sempre negou que tivesse intenção de se candidatar à posição, mas, no sábado, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, apenas se limitou a responder que não sabe se vai ser um dos candidatos.

Por outro lado, quando questionado sobre eventuais candidatos ao cargo de representante máximo de Macau, o presidente da Assembleia Legislativa assumiu o mesmo discurso, explicando desconhecer quaisquer movimentações nesse sentido.

A possibilidade de Ho Iat Seng ser candidato à posição do Chefe do Executivo não é nova. No passado, o presidente da AL foi confrontado por mais do que uma vez com essa possibilidade, mas rejeitou sempre a hipótese. Entre os argumentos utilizados, mais recentemente, Ho explicou a tomada de posição com a sua idade (60 anos), que considerou demasiado avançada para o cargo. Porém estas declarações apontam para uma mudança no discurso de Ho Iat Seng.

O próximo Chefe do Executivo, que vai suceder a Chui Sai On, vai ser escolhido no próximo ano, altura em que também se celebram 20 anos do retorno de Macau à Pátria. Nessa altura, o presidente da Assembleia Legislativa, que nasceu a 12 de Junho de 1957, vai ter 62 anos.

As declarações de Ho Iat Seng foram feitas em Pequim, à margem da participação do dirigente na Assembleia Popular Nacional. O presidente da AL é um dos membros eleitos por Macau e chefia a comitiva legal.

Cooperação positiva

Outro dos pontos abordados por Ho Iat Seng foi a assistência judicial entre o Governo Central e a RAEM. Nesse capítulo, o presidente da Assembleia Legislativa considerou que as coisas têm corrido bem, principalmente no que diz respeito à comunicação, e que existe uma coordenação muito positiva. No entanto, reconheceu que também há espaço para haver algumas melhorias.

Ainda de acordo com o presidente da AL, a vertente que levanta maiores desafios são as leis comerciais, uma vez que envolvem diferentes sistemas. Segundo Ho Iat Seng, esta questão envolve o recurso às leis internacionais, até pelos diferentes sistemas utilizadas nas diferentes regiões.

Esta é uma questão cada vez mais importante, até no âmbito do reforço das práticas comerciais entre Macau, o Interior da China e Hong Kong dentro da criação da Grande Baía.

12 Mar 2018

Ensino | Alexis Tam discute amor à pátria com ministros chineses

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura reuniu, em Pequim, com o Ministro da Educação, Chen Baosheng e o Ministro da Cultura, Luo Shugang, para trocar impressões sobre o intercâmbio e a cooperação entre Macau e o Interior da China nos âmbitos da educação, cultura, arte, salvaguarda do património mundial e formação de quadros qualificados.

De acordo com comunicado, Alexis Tam terá assegurado que “o Governo da RAEM vai reforçar os recursos para construir mais bases para o ensino do patriotismo, história e cultura, de modo a cultivar a qualidade cultural e o sentimento de amor à Pátria entre os jovens de Macau”.

Por seu lado, Chen Baosheng afirmou que espera também que Macau fomente, de forma estável, a educação de amor pela Pátria e por Macau, estabelecendo bases para uma prosperidade estável a longo prazo. O Ministro da Educação acrescentou ainda que será aumentado o número de vagas para os estudantes recomendados para satisfazer as necessidades no prosseguimento dos estudos no Interior da China.

No que diz respeito à edição de materiais pedagógicos, as duas partes vão manter uma estreita cooperação e trabalhar em conjunto na elaboração de manuais de história para os alunos de Macau, expandindo depois para mais disciplinas.

Alexis Tam sublinhou a importância que o Governo da RAEM dá à divulgação da história e a cultura da Pátria. Nesse sentido, serão disponibilizadas mais vagas a jovens de Macau para estágios em entidades e instituições culturais nacionais, provinciais e municipais no Interior da China.

O secretário solicitou ainda à Administração Estatal de Património Cultural o envio de especialistas a Macau para ajudar no trabalho da supervisão e formação de quadros qualificados profissionais na área do património.

O subdirector da administração manifestou acordo e disse que os serviços do Ministério da Cultura vão dar o acompanhamento devido ao pedido de Alexis Tam.

12 Mar 2018

Song Pek Kei | Governo tem de legislar para combater pensões ilegais

Song Pek Kei alerta o Governo de que está na hora de legislar sobre os alojamentos ilegais no território. A deputada entende que é preciso restringir requisitos e aumentar as penalizações. O objectivo é diminuir a quantidade de serviços fora da lei que aumentam especialmente nas alturas festivas em que o território acolhe um maior número de visitantes

Macau é cada vez mais um destino solicitado pelos turistas. Se o fenómeno apresenta aspectos positivos, não deixa de ter uma face negra e que interfere directamente com a vida da população.

A queixa vem da deputada Song Pek Kei que, em interpelação escrita, apela ao Governo para tomar mediadas no que respeita à especulação de preços nestes períodos de maior afluência, nomeadamente nos hotéis. O objectivo, afirma Song Pek Kei, é evitar a procura de alojamento ilegal no território como forma de escape aos elevados preços praticados no ano novo chinês.

A deputada recorda o aumento de visitantes registado durante o último ano novo chinês. “Mais de 960 mil turistas visitaram o território, um número 6,5 o cento superior ao do ano passado”, lê-se na missiva dirigida ao Executivo. Paralelamente, a taxa de ocupação hoteleira foi de 94,5 por cento, diz.

Os números denotam que Macau já é uma marca turística, refere a deputada, no entanto, e apesar do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelos Serviços de Turismo, ainda há aspectos que precisam de atenção cuidada. “No desenvolvimento deste beneficio económico que é o turismo local há um outro lado que tem um grande impacto na vida da comunidade”, diz.

Em causa estão os preços que disparam nos vários sectores de comércio. A oferta de alojamento não é excepção e, de acordo com Song Pek Kei, houve muitos turistas a preferirem ficar em hotéis ilegais por serem mais baratos.

Promover a ilegalidade

A grande procura reflecte-se ainda num incentivo à manutenção das instalações de hotelaria sem licenças e sem condições. Mais, representa mesmo um perigo dado serem espaços sem qualquer fiscalização ou cumprimento de normas. Por outro lado, em termos laborais, podem empregar pessoas através de contratos que vigoram à margem da lei.
Song Pek Kei exige ao Governo que legisle de modo a “apertar as restrições e aumentar as punições aos que promovem o alojamento ilegal”.

Entretanto, e visto que o número de pensões ilegais aumenta nas alturas festivas em que é previsto um maior número de turistas, a deputada pede ao Executivo que aumenta a fiscalização durante estes períodos de modo a garantir um “fluxo saudável de turismo no território”.

Para garantir um fornecimento de serviços turísticos capazes de responder ao crescente numero de visitantes a deputada pede ainda que se proceda ao aumento de infraestruturas capazes de acolher os que decidem visitar Macau.

9 Mar 2018

Novo Macau | Recolha de fundos a 58 mil patacas do objectivo

Numa altura em que faltam 30 dias para o fim da campanha de recolha de fundos, a Associação Novo Macau está a cerca de 58 mil patacas de alcançar a meta das 300 mil patacas.

Segundo os responsáveis da associação pró-democrata, os fundos têm como objectivo o pagamento das despesas operacionais da associação, nomeadamente no que diz respeito ao pagamento dos salários a dois funcionários e para materiais de campanhas cívicas e de promoção da própria associação.

A Novo Macau está representada na Assembleia Legislativa através do deputado suspenso Sulu Sou, que reuniu cerca de 9 mil votos nas últimas eleições legislativas.

9 Mar 2018

Ella Lei | Deputada quer gestão do estacionamento de pesados

Como se não bastasse a necessidade geral de estacionamento em Macau, os veículos pesados estão, neste momento, a ocupar espaços em que não se sabe a quem cabe a gestão. A denúncia é feita pela deputada com ligações à FAOM, Ella Lei em interpelação escrita entregue ao Executivo.

Em causa está situação que se verifica na zona da Torre de Macau, que tem servido de parque a vários veículos pesados. De acordo com a deputada as indústrias ligadas aos transportes estão em dificuldades por não terem onde estacionar os seus carros. Entretanto, há ainda os “veículos zombies” que permanecem indefinidamente em espaços cuja gestão é desconhecida, como os que se encontram ao largo da Torre de Macau.

Ella Lei reconhece que a secretaria dos transportes tem cedido alguns espaços para servirem temporariamente de parque para veículos pesados, no entanto, estes não são ainda suficientes e é preciso projectar medidas a longo prazo.

9 Mar 2018

Manifestações | Deputados esperam aumento no número de rejeições

José Pereira Coutinho e Sulu Sou mostra-se preocupados com a proposta do Governo para alterar a lei do Direito à Reunião e Manifestação e acreditam vai haver um aumento de recusa de pedidos

Os deputados José Pereira Coutinho e Sulu Sou acreditam que as alterações à lei do Direito de Reunião e de Manifestação vão levar a um aumento no número de recusas nos pedidos. Segundo a proposta do Executivo, os avisos de manifestação passa a ser entregues ao Comando da Polícia de Segurança Pública, em vez de serem entregues ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).

“É evidente que o número de rejeições vai subir. Sem margem de dúvidas. É evidente que, se o poder de decidir a autorização das manifestações estiver nos órgãos policiais, significa que vão haver menos autorizações”, disse José Pereira Coutinho, ao HM.
Por outro lado, o deputado eleito pela via directa, e com o apoio da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, mostra-se preocupado com as alterações porque não vê no território razões que justifiquem um aumento dos pedidos de manifestações.

“Não há razões de qualquer natureza para restringir um dos direitos fundamentais à indignação através de manifestações nas ruas”, acrescentou.

Também Sulu Sou se mostrou contra a passagem do poder de decisão do IACM para o Comandante da PSP. Na óptica do deputado suspenso, em termos práticos, a decisão fica agora sob a tutela do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.

“Uma das nossas preocupações é que resulte num aumento do número de recusas de manifestações. Não me consigo recordar de um caso em que o IACM tenham recusado uma manifestação. Mas se for a polícia a tomar as decisões, há motivos para acreditar que as coisas vão mudar”, afirmou o membro da Assembleia Legislativa.

“No passado, a polícia já apresentou alguns argumentos pouco razoáveis contra manifestações ou para mudar percursos. Agora, nada os vai impedir de usar essas justificações para impedirem uma manifestação”, sublinhou. “Não concordamos que os avisos passem para a polícia, quando são assuntos cívicos”, acrescentou.

Concentração de poderes

Por outro lado, Sulu Sou mostrou-se preocupado com a concentração de poderes, devido ao esvaziamento do IACM, com a criação dos novos órgãos municipais: “os órgãos deviam manter os seus poderes. Não concordo com a política de diminuir os poderes do IACM. Não me parece que vá resultar numa melhor governação da cidade”, considerou.

“Poderá redundar na concentração dos poderes em menos gente, mas o poder da comunidade vai acabar por ficar mais enfraquecido”, frisou.

Sulu Sou encontra-se suspenso para ser julgado pela alegada prática de um crime de desobediência qualificada, que a polícia defende que aconteceu durante uma manifestação contra o donativo de 100 milhões de yuan chineses da Fundação Macau à Universidade de Jinan.

As alterações à Lei do Direito de Reunião e de Manifestação foram apresentadas na Sexta-feira passada e o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, garantiu que só vão afectar os procedimentos internos. No entanto, Leong, que foi um dos participantes nas manifestações do 1-2-3, em 1966, omitiu possíveis alterações no artigo seis da lei, que estipula a recusa das manifestações, quando se considera que a iniciativa tem “fins contrários à lei”.

9 Mar 2018

Angela Leong exige cooperação interdepartamental para planear Lai Chi Vun

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão há comunicação entre os vários departamentos do Governo para o planeamento da zona dos estaleiros de Lai Chi Vun , em Coloane. A queixa é feita pela deputada Angela Leong. Em comunicado Leong exige um mecanismo de cooperação interdepartamental capaz de tratar do planeamento daquela zona e da sua classificação enquanto bem imóvel.

Apesar do conjunto dos estaleiros fazer parte essencial da indústria naval do território, Angela Leong espera que “o Executivo reforce a comunicação e cooperação interdepartamental e divulgue o resultado da classificação o mais cedo possível”, aponta.

O objectivo é “impulsionar os trabalhos de protecção e revitalização de patrimónios culturais locais”, refere o documento. 

Angela Leong recorda ainda que o Governo, em 2009, avançou com um estudo sobre a viabilidade da revitalização da Vila de Coloane e, em 2012, avançou com outro estudo acerca do planeamento da povoação de Lai Chi Vun da Vila de Coloane. No entanto, de acordo com Leong, passaram-se anos e os dois estudos ficaram sem concretização prática. Ainda assim, recordou que na sequência da passagem de tufões, nomeadamente do Hato no passado mês de Agosto, o conjunto de estaleiros de Lai Chi Vun foi fortemente danificado por não ter sido “oportunamente salvaguardo”. O resultado desta circunstância é uma grande “insatisfação da população”, refere.

A deputada salienta que, quanto ao planeamento daquela zona, existe falta de coordenação entre os serviços públicos, designadamente, entre o Instituto Cultural (IC) e os serviços das Obras Públicas.

Problema de sempre

Angela Leong confessa que situações idênticas já aconteceram nos serviços públicos e dá como exemplo um caso de obras não licenciadas na Taipa e um outro, mais recente, de demolição que provocou a libertação de amianto. Para a deputada o problema é o mesmo: falta de comunicação e coordenação entre departamentos e serviços.

Tendo em conta o aumento nos trabalhos que requerem a cooperação interdepartamental, Angela Leong enfatiza que é necessário que todos os procedimentos sejam transparentes para que a população possa fiscalizar os trabalhos efectuados. Entretanto, o Governo deve aumentar o nível de cooperação na função pública, considera.

Para Lai Chi Vun, Angela Leong pede ao Executivo que sejam divulgadas, o mais rapidamente possível, as directrizes do desenvolvimento da zona, e sugere que se tomem como referência as propostas já feitas, para tornar o espaço numa infraestrutura cultural e criativa.

8 Mar 2018