Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLAG | Académicos consideram relatório concreto e pragmático Os académicos Lei Chun Kwok e Matthew Liu Ting Chi entendem que o relatório das Linhas de Acção Governativa, apresentado esta semana, é mais concreto e pragmático em relação à política de diversificação económica. Porém, apontam que os efeitos só se vão sentir a longo prazo Há muito que o Governo de Macau fala da necessidade de diversificar a economia além do jogo. No entanto, só com o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano foi possível ser mais pragmático, graças à apresentação da política “1+4”. É o que consideram dois académicos da Universidade de Macau (UM), Lei Chun Kwok e Matthew Liu Ting Chi, em declarações ao programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. Considerando que os objectivos traçados no relatório correspondem à situação concreta de Macau, os dois académicos entendem, no entanto, que as metas traçadas no documento não serão concretizadas a curto prazo. Lei Chun Kwok, também vice-presidente da Associação Económica de Macau, disse que o relatório apresenta de forma mais pragmática a situação macroeconómica do território. “O Governo já propõe o objectivo da diversificação económica há muitos anos, mas desta vez vi um objetivo mais clarificado em relação ao passado, que é a estratégia ‘1+4’”, disse. A estratégia assenta na integração do turismo e do lazer numa só indústria de excelência, enquanto o número quatro diz respeito ao fomento de quatro sectores que o Governo encara como prioritários na economia, que são as áreas de big health, finanças, tecnologia de ponta, convenções e exposições, comércio, cultura e desporto. A ideia é que estas quatro indústrias ganhem cada vez maior relevo na economia em relação ao jogo. No entanto, no programa de rádio, Lei Chun Kwok alertou para a impossibilidade desta mudança na economia se fazer em poucos anos, apontando que vai demorar pelo menos dez anos até que o jogo deixe de ser o principal sector económico e estas quatro indústrias tenham maior relevância. Por sua vez, Matthew Liu Ting Chi, docente da Faculdade de Gestão de Empresas da UM, disse que a política vai necessitar de tempo para ser uma realidade e recordou o título do relatório das LAG: “Conjugação de esforços; Avanço com estabilidade”, o que significa, na sua visão, avançar com as propostas calmamente com o consenso da população. Face à estratégia “1+4”, o académico entende que é exigido ao sector do jogo o fomento das quatro novas indústrias. “Por isso é uma estratégia que afasta preocupações da população em relação à possível destruição do sector do jogo”, disse. Desemprego e afins Na sua intervenção, o académico e vice-presidente da Associação Económica de Macau lembrou que o relatório das LAG, apresentado esta semana por Ho Iat Seng “deu destaque ao aceleramento da recuperação económica” tendo em conta a crise que se vive devido à pandemia. “A taxa de desemprego tem aumentado nos últimos anos e o sector do jogo está neste momento num período de ajuste”, disse. O responsável lembrou ainda o facto de o relatório prever o restabelecimento da emissão do visto electrónico para os turistas chineses e o regresso das excursões a Macau. À semelhança do que disse o Chefe do Executivo, Lei Chun Kwok também defende a ideia que defende a impossibilidade de estabelecer uma proporção de empregos para residentes e trabalhadores não-residentes (TNR). “Devemos substituir os TNR consoante a taxa de desemprego. Se a situação continuar má, o Governo deve reforçar essa substituição de trabalhadores. É mais flexível desta forma do que elaborar uma proporção de TNR que podem ocupar certas vagas.” Na visão de Matthew Liu, o desemprego não está apenas relacionado com os TNR, mas é uma consequência de toda a conjuntura económica e da enorme dependência da economia em relação ao jogo. Por essa razão, o professor defende que as quatro novas indústrias da estratégia “1+4” podem ter maior espaço de desenvolvimento, proporcionado mais empregos.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteRota Marítima da Seda | Maria José de Freitas fala do potencial da candidatura Maria José de Freitas defende que Macau não se deve envergonhar do seu passado como entreposto comercial entre a China e o Ocidente nem dos laços com a rota comercial criada pelos portugueses que lhe deu o estatuto de cidade portuária. A arquitecta apela à divulgação, por parte do Governo, dos relatórios sobre a análise do impacto no património, que, diz, deveriam ser públicos Maria José de Freitas entende que Macau não se deve envergonhar do seu passado como cidade portuária e um importante elo de ligação na relação comercial marítima que uniu a China e Portugal a partir do século XVI. Em declarações ao HM, a propósito da proposta de candidatura da Rota Marítima da Seda a património mundial da UNESCO, a arquitecta e estudiosa do património de Macau entende que há um lado da moeda afastado do discurso oficial. “Macau não tem de ter vergonha do seu passado ou da sua origem, porque é diferente enquanto cidade que integra a Grande Baía precisamente pela sua história, que tem também um valor universal reconhecido pela UNESCO.” Os critérios de classificação da UNESCO prendem-se, precisamente, com o facto de Macau ser “uma cidade portuária” e que apontam para a “miscigenação” do território. Maria José de Freitas entende que há uma ocultação desse passado e que este “não é valorizado como deveria”. “Muitas vezes, até na informação divulgada pelo Instituto Cultural (IC), fala-se do encontro cultural que existe na cidade, mas não se mencionam esses critérios, muito vinculados ao facto de Macau ter sido uma cidade portuária. Isso não surgiu do nada, mas sim da relação com o Ocidente.” Não se integra, portanto, “na divulgação do património de Macau todos os valores e situações, como é o caso dos portugueses e do comércio marítimo até chegar a Macau, no contexto de rede comercial vinda de África, Índia, Colombo e até chegar ao Japão, ou relacionado com as próprias missões ligadas à religião católica.” “É como se só ouvíssemos um lado, mas o outro lado existe e tem vestígios. Temos, por exemplo, as Chapas Sínicas, que são reveladoras de um contexto que deve ser valorizado e integrado nesta Rota”, acrescentou. Todo o sentido Maria José de Freitas foi uma das oradoras do Fórum Cultural Internacional sobre a Rota Marítima da Seda que terminou ontem, com o painel “A Rota Marítima da Seda – O papel de Macau nas rotas passadas e futuras”. Durante dois dias, este fórum abordou a candidatura da Rota Marítima da Seda a património mundial da UNESCO, um projecto preparado por 28 países. Na visão da arquitecta, “faz todo o sentido que nesta candidatura Macau esteja incluído. Há perspectivas que se abrem para o futuro no âmbito da Grande Baía e também do projecto ‘uma faixa, uma rota’”. Isto porque “os portugueses, antes de chegarem a Macau, estiveram noutras ilhas da Ásia e estabeleceram uma rede comercial e de troca de produtos, pelo que a localização de Macau era, assim, muito favorável”. “No retorno à China o facto de Macau se tornar parte desta Grande Baía é também um retorno às origens”, adiantou Maria José de Freitas. Falamos de um período próspero, que vai do século XVI ao século XVII, quando Macau tem uma grande importância como cidade portuária, sendo um elo de ligação fundamental no comércio entre a China, Portugal e o resto do mundo. “Macau era um parceiro fiável para a China naquela época e podia assegurar um percurso fluvial até Cantão, a fim de escoar os produtos chineses. No percurso para o Japão traziam as especiarias que vinham da Índia. Havia benefícios que os chineses aproveitaram e Macau estabeleceu-se então como um entreposto comercial muito forte que durou até ao século XVII. Só perde importância a partir do momento em que surgem as grandes companhias, holandesa, francesa e espanhola. O reflexo no urbanismo e na arquitectura é evidente, ainda hoje”, disse a arquitecta. Onde estão os relatórios? Questionada sobre a criação do Centro de Monitorização do Património Mundial de Macau, Maria José de Freitas entende ser um passo importante. “Quando trabalho com a UNESCO é habitual fazer-se o relatório periódico da avaliação dos bens, porque estão sujeitos a inúmeras pressões, de toda a espécie. No caso de Macau relacionam-se com a envolvente e que pode afectar os valores universais. Há ainda que garantir as condições de estabilidade e segurança dos próprios edifícios, perceber se são antigos, se podem ter problemas estruturais. Há também outras situações que podem ocorrer devido às alterações climáticas extremas, como os tufões e a poluição.” Outro dos factores que pode afectar os monumentos, é o elevado número de turistas, actualmente em quebra devido à pandemia. “Podem aparecer de novo as multidões de turistas e já sentíamos em Macau que essa situação deveria ser monitorizada, portanto, há uma série de parâmetros que essa monitorização deve assegurar. Faz sentido que exista um organismo que faça tudo isso. O património só tem a ganhar.” A arquitecta deixa ainda um alerta para que o IC divulgue os relatórios do “Heritage Impact Assessment” [Avaliação do Impacto no Património], que servem para “aferir qual a situação dos bens patrimoniais”. “No caso de Macau não tenho visto isso feito, apesar de ser uma recomendação da UNESCO. Não há notícias públicas sobre esses relatórios. Em vários casos fazem todo o sentido, como o Farol da Guia ou a zona da Igreja da Penha. Os relatórios devem ser públicos e bilingues. O IC diz que essa análise foi realizada, mas ninguém conhece os conteúdos. O IC deverá ter esses documentos, mas a população, as associações de defesa do património e os académicos não têm. Estas coisas têm de ser transparentes e conhecidas”, rematou.
Hoje Macau Desporto MancheteCircuito da Guia | Programa promete muita acção ao longo dos quatro dias de prova A 69.ª Edição do Grande Prémio de Macau arranca esta manhã e com um programa muito composto e corridas para quase todos os gostos. No papel, a prova de Fórmula 4 volta a ser a principal, mas todas as atenções vão estar viradas para a Taça GT Macau com o duelo entre Maro Engel (Mercedes) e Edoardo Mortara (Audi) e para o regresso do Grande Prémio de Motos Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Sands China A corrida principal do programa volta a ser disputada com os desactualizados monolugares Mygale M14-Geely do Campeonato Chinês de Fórmula 4. Com o objectivo de vencer pela terceira vez consecutiva esta corrida, feito inédito na história do Grande Prémio, Charles Leong Hon Chio lidera uma lista de inscritos híbrida, com alguns jovens pilotos como Gerrard Xie, líder do campeonato, e alguns “dinossauros” do Circuito da Guia, como Henry Lee de Hong Kong ou Lam Kam San de Macau. A maior oposição ao domínio de Charles Leong poderá vir da frágil fiabilidade destes monolugares e da vontade de vencer do compatriota Andy Chang, o segundo classificado nas duas últimas edições da corrida. A RAEM terá um quarto piloto na prova, o experiente piloto de karting Cheong Chi Hou. 54º Grande Prémio de Motos de Macau Sem nenhum dos nomes sonantes das provas de estrada, ainda assim, esta será certamente uma das provas que merece mais atenção. Robert Hodson, o piloto que deu origem à carambola da corrida de 2019, o nórdico Erno Kostamo, o polícia espanhol Raul Torras ou o experiente português André Pires partem com a vantagem de conhecer o Circuito da Guia e por isso podem almejar um feito que provavelmente não conseguiriam em “condições normais”. Destaque para a estreia de Sheridan Morais, conhecido pelas suas participações nos campeonatos do mundo de Resistência, Supersport ou Moto2, agora naturalizado português e residente na cidade algarvia de Lagos, vai conduzir uma Honda CBR1000 da sempre competitiva Penz13. Julian Trummer (Yamaha R1) e Joey Thompson (BMW S1000RR) são os estreantes melhores cotados pela imprensa internacional. Contudo, as atenções da corrida vão certamente recair na holandesa Nadieh Schoots, a primeira senhora a participar no Grande Prémio de Motos de Macau. Corrida da Guia – TCR Asia Challenge – Wynn Quando se celebram 50 anos da Corrida da Guia, a corrida de carros de Turismo do continente asiático merecia outro desígnio. Os concorrentes do TCR Ásia e do Campeonato de Carros de Turismo de Macau foram colocados na Taça de Carros de Turismo de Macau, deixando os pilotos de Hong Kong, de Macau e alguns do Interior da China na Corrida da Guia. O vencedor da corrida receberá o título de primeiro vencedor do TCR Asia Challenge, mas é um título que saberá a muito pouco. Mesmo contrariados por lhes ter sido retirada uma boa parte da concorrência, Filipe Souza (Audi RS3 TCR), Cheung Chi On (Audi RS3 TCR), Billy Lo (Audi RS3 TCR), Eurico de Jesus (Honda Civic), ou qualquer outro piloto de Macau, têm a oportunidade única de subirem ao pódio da Corrida da Guia, algo que os pilotos da casa nunca conseguiram em cinquenta anos. Andy Yan (Honda Civic), Lo Sze Ho (Hyundai i30 N TCR) e Samuel Hsieh (Lynk & Co 03 TCR ex-equipa oficial do WTCR) lideram a representação da RAE vizinha e também eles querem vencer. Taça GT Macau – Galaxy Entertainment Aquela que será provavelmente a mais apelativa das corridas de automóveis do programa tem sabores de outros tempos, com três dos cincos vencedores da Taça do Mundo de GT da FIA. A Audi e a Mercedes-AMG não se pouparam a esforços para vencer esta popular corrida e com isso a prova ganha projecção internacional. A Audi conseguiu convencer o seu piloto de maior sucesso em Macau, Edoardo Mortara, e ainda irá colocar um carro, em parceria com a FAW, para o chinês Franky Cheng Congfu, ex-piloto do DTM e antigo protegido da McLaren F1. A Mercedes-AMG, que venceu quatro vezes a Taça GT Macau nos últimos cinco anos, foi ainda mais longe e persuadiu Maro Engel e Raffaele Marciello. A marca de Estugarda tem ainda do seu lado Darryl O’Young, o vencedor da dramática corrida do ano passado. A Porsche, que também costuma ter uma palavra a dizer sobre a hegemonia da categoria FIA GT3 na Ásia, confia no suíço Alexandre Imperatori para ombrear com as suas rivais, um piloto residente em Xangai que já subiu ao pódio nesta corrida. Entre os privados, há também pilotos capazes como Adderly Fong (Audi R8 LMS GT3), David Chen (Ferrari 488 GT3) ou Ling Kang (Lamborghini Huracán GT3). O único piloto do território é o experiente Leong Ian Veng, que contra si tem a falta de fiabilidade do “velhinho” BMW M6 GT3. Taça GT Grande Baía – Melco A Taça GT Grande Baía estava a afirmar-se saudavelmente como a prova da categoria GT4 do programa do Grande Prémio. Quis o “destino” que este ano a corrida fosse também aberta aos carros GTC (carros de GT provenientes de troféus monomarca). Quer isto dizer que de um momento para o outro, quem investiu na estável e acessível categoria GT4 arrisca-se a “ver passar navios”. Sendo assim, os Lamborghini Huracán de Brian Lai e Alex Liang e os Audi R8 LMS Cup dos locais Delfim Mendonça Choi e Hoi Wai Chong são definitivamente os carros mais rápidos no papel. Com armas desiguais, Luo Kai Luo (Mercedes-Benz AMG GT4), Chris Chia (Audi R8 GT4) ou Evan Mak (BMW M4 GT4) vão pelo menos lutar pela vitória na classe. Com quinze pilotos de Macau à partida, há nomes que já se confundem com o próprio GP, como os eternos Lei Kit Meng (Ginetta G55), Mak Ka Lok (Lotus Exige) ou Liu Lic Ka (Mercedes-Benz AMG GT4). Taça de Carros de Turismo de Macau – China Touring Car Championship – MGM Num Grande Prémio de consumo interno, o duelo das equipas de fábrica dos construtores de automóveis chineses Lynk & Co e MG deveria ter certamente outro palco que não uma corrida classificada de suporte. A Lynk & Co que venceu as duas últimas edições da Corrida da Guia traz o vencedor das mesmas, Zhang Zhi Qiang, mais David Zhu, que veio ocupar o lugar de Ma Qing Hua, e o fiel escudeiro Sunny Wong. Os novos MG5 serão entregues ao campeão chinês de TCR, Rodolfo Ávila, o único piloto de Macau nesta corrida, a Martin Cao, ex-campeão britânico de F3, a Zhang Zhen Dong, múltiplo campeão chinês de carros de Turismo, e ao super-reforço Rob Huff que dispensa apresentações. A MG tem um melhor grupo de pilotos, mas o Lynk & Co 03 TCR é um carro muito superior, como muito mais competente também é a equipa que lhes dá assistência. Numa corrida que aceita também os carros “made in China” do CTCC, existem quatro novos VW Lamando oficiais da Volkswagen SAIC que por força do regulamento podem imiscuir na luta “Lynk & Co v MG”. Macau Roadsport Challenge – SJM Esta junção que assistimos agora entre as duas categorias de carros de Turismo de Macau – 1950cc e Acima e 1600cc Turbo – já nós vimos entre 2017 e 2020, mas na Taça de Carros de Turismo. A categoria para viaturas com motorizações 1950cc e Acima, mais conhecida por Roadsport, deverão ser os mais rápidos em pista, mas a sua fragilidade, fruto de um desenvolvimento por vezes levado para além do limite, poderá oferecer-nos boas corridas. Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10) é o favorito, mas resta saber o valor da oposição que tem nomes portugueses que primam por andar depressa – Luciano Lameiras (Mitsubishi Evo9), Jerónimo Badaraco (Mitsubishi Evo9) ou o estreante na categoria Sabino Osório (Mitsubishi Evo9). Entre os 1600cc, Célio Alves Dias (Mini Cooper S), que teve um domínio retumbante no ano passado até ao acidente que terminou a corrida, vai tentar repetir a vitória, ao passo que Rui Valente (Mini Cooper S) parte confiante para um possível regresso ao pódio. Na sua segunda participação no Grande Prémio, Júnio Pereira (Ford Fiesta) certamente que quererá melhorar a sua prestação depois de ter mostrado que é capaz de ombrear com uma concorrência muito mais experiente. Programa de Hoje 06:00 Fecho do Circuito 06:30-07:00 Inspecção do Circuito 07:30-08:15 Grande Prémio de Motos de Macau – Treinos Livres 08:30-08:55 Macau Roadsport Challenge SJM – Treinos Livres 1 09:10-09:35 Taça GT Grande Baía Melco – Treinos Livres 1 09:55-10:20 Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Sands China – Treinos Livres 1 10:35-11:00 Taça de Carros de Turismo de Macau MGM – Treinos Livres 1 11:30-11:55 Corrida da Guia Macau Wynn – Treinos Livres 1 12:10-12:35 Taça GT Macau Galaxy Entertainment – Treinos Livres 1 12:50- 13:15 Macau Roadsport Challenge SJM – Treinos Livres 2 13:30-13:55 Taça GT Grande Baía Melco – Treinos Livres 2 14:15-14:40 Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Sands China – Treinos Livres 2 14:55-15:20 Taça de Carros de Turismo de Macau MGM – Treinos Livres 2 15:35-16:00 Corrida da Guia Macau Wynn – Treinos Livres 2 16:15-16:40 Taça GT Macau Galaxy Entertainment – Treinos Livres 2 18:00 Abertura do Circuito
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Mais uma infecção e teste de 24 horas para passar fronteira Ontem foi anunciado mais um caso positivo de covid-19 cuja origem da infecção será o centro comercial subterrâneo de Gongbei. O indivíduo em causa é segurança no edifício dos Serviços de Solos e Construção Urbana. Elsie Ao Ieong U afirmou que o risco de surto é baixo, mas as autoridades reduziram para 24 horas a validade do teste para atravessar a fronteira Durante a madrugada de ontem foi detectada mais uma infecção de covid-19. O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou que um residente do Interior da China testou positivo no teste de ácido nucleico. O indivíduo de 40 anos trabalha como agente de segurança no edifício da Direcção Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) no nº33 da Estrada de D. Maria II, é reside na Vila de Tanzhou em Zhongshan. As autoridades de saúde adiantaram que o homem não apresenta sintomas e que foi encaminhado para o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto Coloane. Ao contrário do que vem sendo habitual, o edifício onde estão alojados múltiplos serviços públicos não foi decretado zona vermelha, mas a DSSCU ordenou a “desinfecção de todos os pisos das instalações da DSSCU, incluindo dos acessos públicos e elevadores” e suspendeu ontem os serviços públicos. A médica Leong Iek Hou defendeu que a prática é consistente com as orientações das autoridades de saúde, uma vez que o sujeito não reside no edifício onde também se situam a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego e a Direcção dos Serviços de Obras Públicas. Além disso, os funcionários dos serviços foram instruídos a ficar em casa durante a parte da manhã de ontem e a fazerem testes rápidos antigénio diários e testes de ácido nucleico durante três dias consecutivos. Depois do anúncio das medidas, a chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis, Leong Iek Hou, acrescentou que o indivíduo infectado é chefe de equipa de segurança, e que os funcionários e pessoas que passaram pelos mesmos pisos onde esteve o segurança terão o código de saúde convertido em amarelo. Além disso, terão de fazer quatro testes de ácido nucleico em cinco dias, assim como os respectivos testes rápidos, e assim sendo podem voltar ao trabalho. Sem teste não passa A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, afirmou que como é conhecida a fonte de contágio “o risco para a comunidade é baixo”. Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, a secretária mencionou que o itinerário em Macau da pessoa em questão é relativamente simples, não obrigando ao aperto de medidas de prevenção, nomeadamente na organização de eventos de grande envergadura como o Grande Prémio de Macau e o Festival de Gastronomia. Desde ontem à tarde, até ao dia 23 de Novembro, quem atravessar a fronteira, nos dois sentidos, entre Macau e Zhuhai, tem de apresentar o certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo emitido nas últimas 24 horas. Do outro lado da fronteira, as autoridades de Zhuhai anunciaram ontem que na terça-feira foram detectados cinco novos casos positivos de covid-19. O centro de coordenação e contingência revelou que desde ontem as pessoas com “itinerários de risco” vão continuar com o código de saúde verde, mas têm de realizar dois testes de ácido nucleico. Se não foram testadas passam a amarelo. A medida foi justificada com a necessidade de “manter a consistência das medidas antiepidémicas e reduzir as inconveniências para a vida diária de residentes”.
João Santos Filipe Desporto MancheteGrande Prémio | Pun Weng Kun admite que organização enfrentou o “ano mais difícil” O coordenador da Organização do Grande Prémio de Macau admite que foi difícil criar condições para a participação de pilotos internacionais na competição. Vários potenciais participantes desistiram devido à obrigação de cumprir quarentena de sete dias “Foi o ano mais difícil”. Foi desta forma que o coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, Pun Weng Kun, caracterizou a preparação do evento que começa hoje e se prolonga até domingo. Em entrevista ao Jornal do Cidadão, Pun explicou que este ano a organização teve de lidar com vários obstáculos, até porque houve sempre a intenção de trazer pilotos internacionais para participar no evento desportivo. De acordo com o líder da organização da prova, para os potenciais participantes internacionais é incompreensível que se possa entrar em Hong Kong sem necessidade de quarentena, mas que ao mesmo tempo em Macau seja pedido um período que consideram excessivo. Este aspecto terá levado a que pilotos que numa primeira fase se tinham mostrado interessados em correr na Guia optassem por cancelar a participação. Ainda assim Pun Weng Kun mostrou compreensão face aos pilotos que abdicaram da participação. “Não é fácil para os pilotos internacionais virem para Macau, porque além de terem de entrar num avião em que lhes é exigido um teste de ácido nucleico com resultado negativo, ainda têm de atravessar a quarentena e não podem testar positivo”, admitiu. “Só depois deste período podem, finalmente, competir”, acrescentou. Apesar dos convites recusados, Pun destacou que 15 pilotos internacionais se mostraram disponíveis para competir no circuito da Guia. Medidas de prevenção Até ontem, as pessoas envolvidas no Grande Prémio precisaram de ser testadas a cada dois dias. No entanto, no caso de haver um surto local, a organização não afasta a possibilidade de o período ser encurtado, com a obrigação de ser feito um teste a cada 24 horas. Em relação às medidas de prevenção e a eventuais surtos, que poderão afectar a prova, Pun Weng Kun revelou, ao Jornal do Cidadão, que foram preparados vários planos alternativos, com diferentes condições, para garantir que a prova vai ser realizada. Apesar das dificuldades, o também presidente do Instituto de Desporto deixou um voto de confiança e considerou que, apesar das adversidades, o Grande Prémio de Macau vai continuar a ser o maior evento local.
Nunu Wu Manchete SociedadeBanco da China lança nova subsidiária em Macau A partir de segunda-feira surge uma nova subsidiária do Banco da China, a pensar nos clientes território. Ontem o banco realizou uma conferência de imprensa para apresentar as mudanças Um projecto que foca a diversificação das necessidades financeiras dos residentes e o desenvolvimento do sector financeiro do território. Foi desta forma que Chan Hio Peng, presidente da futura subsidiária em Macau do Banco da China, apresentou a instituição que vai começa a funcionar na próxima segunda-feira. Actualmente, o Banco da China está presente em Macau através de uma representação, o que significa que a sede da instituição está no Interior. Contudo, com a inauguração da subsidiária, que vai ter como nome Banco da China (Macau) S.A., é aberta uma nova instituição, controlada a 100 por cento pelo Banco da China, mas com sede em Macau. A entidade bancária realizou ontem uma conferência de imprensa para apresentar a nova instituição e explicar os objectivos da mudança. Segundo Chan Hio Peng, uma das grandes apostas vai ser o mercado de obrigações, visto pelo Governo da RAEM como um dos motores da diversificação da economia local. “Vamos focar-nos, muito concretamente, no mercado de obrigações, na gestão financeira, compensação de renminbis, fundos de oferta privada, e ainda nas finanças verdes, uma área a que a RAEM presta atenção”, explicou. A alterações não vão ditar o fim da representação de Macau do Banco da China que se encontra em funcionamento e que vai servir empresas. Ao mesmo tempo, a nova subsidiária, vai estar virada para os clientes individuais. Actualizações e promoções Por sua vez, Yu Jian, director-geral da nova subsidiária, explicou que antes de ser feita a transição é necessário actualizar o sistema informático e suspender alguns serviços que actualmente são prestados. Entre os serviços afectados estão a aplicação móvel do banco, os pagamentos por código QR e a página com os serviços online. “Para minimizar o impacto da suspensão dos nossos serviços, o Banco da China reduziu ao máximo o tempo necessário para as mudanças e fizemos todos os esforços para anunciar junto dos nossos clientes que a suspensão vai decorrer apenas na manhã de sábado e tarde de domingo”, afirmou Yu Jian. Como forma de celebrar as alterações, entre 21 a 25 de Novembro, o Banco da China vai lançar um programa de descontos para os utilizadores da aplicação. Já Leong Sio Hong, director-geral do banco, apontou que as cadernetas bancárias actuais vão ser substituídas por outras com a nova marca do Banco da China (Macau), quando chegarem ao fim da validade. Também os recibos comprovativos de transacções e contratos vão ter o novo logótipo.
Hoje Macau Manchete PolíticaUNESCO | Cooperação para elevar Rota da Seda a património cultural As autoridades nacionais e o Governo da RAEM querem aprofundar a colaboração internacional para a candidatura da Rota Marítima da Seda a património cultural da UNESCO. O compromisso foi ontem sublinhado no Fórum Cultural Internacional sobre a Rota Marítima da Seda A China vai “intensificar a cooperação com outros países” para promover a candidatura da Rota Marítima da Seda a património cultural mundial das Nações Unidas, garantiu ontem um dirigente chinês no Fórum Cultural Internacional sobre a Rota Marítima da Seda. O administrador adjunto da Administração Nacional do Património Cultural da China, Guan Qiang, disse esperar que cidades de outros países possam integrar uma aliança para preparar a nomeação da Rota Marítima da Seda para a lista do património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Actualmente, a aliança conta com 28 cidades, incluindo Macau. Na apresentação feita no fórum, Guan Qiang apontou como exemplos o estado de Malaca, na Malásia, onde existe ainda uma comunidade lusodescendente, e a cidade de Sofala, em Moçambique. A posição de Macau No mesmo fórum, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Elsie Ao Ieong U, disse que os trabalhos de protecção do património cultural e candidatura da Rota Marítima da Seda a património mundial “estão numa fase crucial”. A governante sublinhou que a candidatura será um esforço “conjunto” das cidades membro da aliança e realçou a confiança dada pelas autoridades chinesas relativamente ao “posicionamento de Macau como ‘base de intercâmbio e cooperação que promova a coexistência de diversas culturas, sendo a cultura chinesa a predominante’”. Neste aspecto, a protecção da Rota Marítima da Seda e a sua candidatura para a “inscrição na Lista do Património Cultural da UNESCO constitui uma missão cultural importante”, indicou a secretária. Também uma assessora para o património mundial do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), Susan Denyer, defendeu que os países envolvidos na Rota Marítima da Seda devem “estabelecer um mecanismo de coordenação” para preparar a nomeação. Já em 2019 o então administrador adjunto da administração estatal do património cultural da China, Gu Yucai, tinha dito esperar que “cidades de outros países possam também integrar” a nomeação da Rota Marítima da Seda. O Fórum Cultural Internacional sobre a Rota Marítima da Seda termina hoje no Centro de Convenções do Centro de Ciência de Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLAG 2023 | Governo acredita que telecirúrgias serão uma realidade em Macau Com a chegada do novo hospital nas ilhas e a rede 5G ao território, o Governo está confiante de que será possível disponibilizar aos doentes consultas à distância ou até telecirúrgias. Esta foi a ideia deixada ontem pelo Chefe do Executivo, em resposta às questões colocadas pelos deputados Ho Ion Sang e Wong Kit Cheng sobre o sistema de saúde no futuro e a aplicação da rede 5G na vida quotidiana. “Na área da medicina, e no Complexo Hospitalar das Ilhas, será possível a rede 5G em algumas consultas de doenças crónicas, que podem acontecer por vídeo conferência. Serão introduzidas novas técnicas de saúde e estaremos preparados para ter um serviço de oncologia e medicina estética, por exemplo.” A ideia é que não haja uma sobreposição em relação aos serviços médicos já disponibilizados pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário e Kiang Wu. Nestas entidades “a população consegue obter bons serviços de saúde” embora “nas doenças mais graves tenhamos de deslocar os nossos pacientes para fora de Macau”, admitiu Ho Iat Seng. Passo a passo Ainda sobre a aplicação da rede 5G, que será operada pela CTM e China Telecom, o arranque poderá fazer-se na área educativa, mas não só. “A aplicação da rede 5G no sector industrial, no Interior da China, tem sido bem-sucedida. Em Macau podemos começar nas escolas e também nas contas únicas [de acesso a serviços públicos]. Neste momento a cobertura da rede ainda não é total, o seu desenvolvimento tem várias vertentes. Espero que, por exemplo, o sector da venda a retalho possa obter melhores resultados com esta rede, que também poderá ser aplicada na gestão da indústria hoteleira”, apontou o Chefe do Executivo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLAG 2023 | Quarentena “3+3” não será suficiente para atrair visitantes, diz Ho Iat Seng O Chefe do Executivo admitiu que a fórmula de quarentena “3+3”, sugerida pelo deputado José Pereira Coutinho, não será suficiente para atrair mais turistas para Macau. Com a chegada de uma nova edição do Grande Prémio, Ho Iat Seng quer elevar a fasquia das entradas para mais de 25 mil turistas José Pereira Coutinho sugeriu a adopção de uma quarentena de “3+3”, ou seja, três dias num hotel e três de auto-gestão de saúde, em vez dos actuais “5+3”. No entanto, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, admitiu que nem assim será possível atrair mais turistas para Macau, embora essa seja uma grande vontade das autoridades. “Vamos persistir na política de zero casos covid, mas talvez não seja possível atrair mais turistas, mesmo com a política 3+3”, disse ontem o governante na Assembleia Legislativa. Na sua intervenção, o deputado pediu ao Governo para “implementar com urgência medidas concretas de alívio das regras da pandemia (3+3), destinadas à recuperação económica, principalmente na indústria do jogo, e em prol da atracção de mais turistas e investimentos estrangeiros”. Mesmo com este cenário, persistem os diálogos com as autoridades chinesas para que o território possa receber mais visitantes. Ho Iat Seng disse ser necessária maior “flexibilidade” para atrair visitantes de outros locais da província de Guangdong além dos habituais. “Nunca pensei que em Outubro Guangdong tivesse problemas [devido à ocorrência de surtos pandémicos], bem como outros locais mais próximos. Caso não haja problemas vamos requerer luz verde [do Governo Central] para admitir excursões de três províncias e uma cidade. Muito rapidamente vamos receber informações do Ministério do Turismo da China sobre a vinda dos turistas”, prometeu. O Chefe do Executivo referiu-se ainda às companhias aéreas, para dizer que “estão preparadas para a chegada de mais turistas, pois isso é um grande apoio ao mercado do sector do retalho. Com a retoma dos vistos electrónicos será melhor [para a recuperação do sector]”, acrescentou. Falando das percentagens do volume de negócios este ano, que na área das vendas por grosso e retalho foi de 85 a 90 por cento, por exemplo, o governante reconheceu que os dados se devem, em grande parte, “ao consumo interno dos residentes”. GP é oportunidade Ho Iat Seng não deixou de fazer um apelo aos sectores ligados ao turismo, para que vejam “os locais de Guangdong que não têm problemas [com a pandemia] e desenvolvam os respectivos trabalhos [de divulgação turística]”. Uma vez que uma nova edição do Grande Prémio de Macau está prestes a começar, o Chefe do Executivo deposita esperanças no aumento diário do número de turistas. “Temos de pensar em como dinamizar o turismo. Diariamente recebemos menos de 25 mil turistas e queremos recolher mais dados para convencer as excursões e as agências que organizam excursões para que haja mais visitantes no Grande Prémio, que começa no próximo fim-de-semana.”
Hoje Macau China / Ásia MancheteMNE chinês revela detalhes da cimeira China-EUA O Presidente Xi Jinping acabou de realizar uma reunião com o Presidente dos EUA Joe Biden, o que é motivo de grande preocupação para a comunidade internacional. Pode apresentar brevemente as principais circunstâncias da reunião? Wang Yi: Esta tarde, por iniciativa do lado americano, o Presidente chinês Xi Jinping e o Presidente americano Joe Biden realizaram uma reunião presencial em Bali. Os dois chefes de Estado tiveram uma comunicação franca, aprofundada, construtiva e estratégica sobre as principais questões relacionadas com as relações China-EUA e o futuro da paz e do desenvolvimento mundial. A China emitiu um comunicado de imprensa sobre a reunião. Gostaria de descrever melhor a situação. Em primeiro lugar, é de grande significado. Foi a primeira reunião presencial entre os chefes de Estado chineses e americanos em três anos, a primeira reunião presencial entre os dois líderes desde que o Presidente Biden tomou posse, e a primeira interacção entre os principais líderes da China e dos EUA desde que cada um deles completou as principais agendas internas este ano. Em segundo lugar, a comunicação é profunda. Os dois líderes conhecem-se há muito tempo e tiveram muitas reuniões por telefone e vídeo durante este período, sempre com uma comunicação longa e profunda. Esta reunião é simultaneamente uma continuação do seu compromisso até à data e um prenúncio de um novo começo. A reunião durou mais de três horas, excedendo a duração pré-acordada, e foi conduzida utilizando interpretação simultânea. O intercâmbio entre os dois chefes de Estado foi abrangente, profundo, franco, construtivo e estratégico. Em terceiro lugar, foi rico em conteúdo. Na sua reunião, os dois chefes de Estado abordaram cinco tópicos, incluindo as suas respectivas políticas internas e externas, as relações EUA-China, a questão de Taiwan, o diálogo e a cooperação em vários campos, e grandes questões internacionais e regionais, que podem ser consideradas como cobrindo os aspectos mais importantes das suas relações e as questões regionais e globais mais prementes da actualidade. Quarto, liderar o futuro. A diplomacia entre os líderes é a “bússola” e o “volante” das relações sino-americanas e desempenha um papel de liderança estratégica insubstituível no desenvolvimento das relações entre os dois países. Actualmente, as relações Sino-EUA enfrentam sérias dificuldades e encontram-se num ponto crítico. O Presidente Xi Jinping apresentou os principais resultados e significado do 20º Congresso Nacional do CPC, enfatizando que as políticas internas e externas do partido chinês e do governo são abertas e transparentes, as suas intenções estratégicas são abertas e claras, e mantém um elevado grau de continuidade e estabilidade. O Presidente Xi disse que a relação entre a China e os Estados Unidos não deve ser um jogo de soma zero no qual “tu perde e eu ganho” e “tu sobes e eu caio”, e que o mundo do século XXI deve evitar a repetição dos erros da Guerra Fria. Os dois países devem ter uma visão correcta das políticas internas e externas e das intenções estratégicas um do outro, e estabelecer um tom de diálogo em vez de confrontação, e um compromisso de benefício comum em vez de soma zero. O Presidente Biden descreveu as eleições americanas intercalares e disse que os EUA respeitam as instituições da China, não procuram mudar o sistema chinês, não procuram combater uma nova Guerra Fria, não procuram reforçar alianças contra a China, e não têm a intenção de entrar em conflito ou sitiar a China. Ambos os chefes de Estado atribuíram importância ao significado global das relações EUA-China, enfatizaram a importância de estabelecer princípios orientadores para as relações EUA-China, esperaram promover a estabilização das relações bilaterais, e concordaram em reforçar a comunicação e promover a cooperação prática. Isto proporciona uma orientação clara para o desenvolvimento das relações sino-estadunidenses no próximo período e será conducente à promoção do regresso gradual das relações dos dois países a uma via saudável e estável. Todos os países estão preocupados com a direcção das relações China-EUA. Poderá este encontro alcançar estabilidade nas relações China-EUA, ou, segundo o lado americano, “estabelecer as bases” para as relações China-EUA? Wang Yi: Esta reunião de Chefes de Estado não só foi de grande orientação prática, como também terá um impacto importante e de longo alcance nas relações China-EUA na próxima fase e mesmo a longo prazo. Em primeiro lugar, esclareceu uma direcção para evitar que as relações sino-americanas descarrilem fora de controlo e para encontrar o caminho certo para que as duas grandes potências se entendam. O Presidente Xi Jinping salientou que a situação actual das relações entre os EUA e a China não é do interesse fundamental dos dois países e povos, nem corresponde às expectativas da comunidade internacional. Ambos os lados devem tomar uma atitude responsável em relação à história, ao mundo e ao povo e garantir que a relação sino-americana avança no bom caminho, sem bocejar ou perder velocidade, e muito menos colidir. Durante a reunião, o Presidente Biden disse que uma China estável e em desenvolvimento é do interesse dos Estados Unidos e do mundo. Os EUA e a China deveriam mostrar ao mundo que podem gerir as suas diferenças e evitar deslizar para o conflito e o confronto devido a um erro de cálculo ou a uma concorrência feroz. Em segundo lugar, foi estabelecido um quadro para explorar conjuntamente o estabelecimento de princípios orientadores, ou um quadro estratégico, para as relações entre os EUA e a China. O Presidente Xi Jinping disse que a China e os Estados Unidos são dois países tão grandes que não é possível sem um grande consenso sobre os princípios. Com princípios, haverá direcção, e com direcção, poderemos abordar devidamente as diferenças e expandir a cooperação. A proposta da China de que a China e os Estados Unidos devem aderir ao respeito mútuo, à coexistência pacífica e à cooperação vantajosa para ambas as partes baseia-se nesta consideração. Os dois chefes de Estado concordaram sobre a importância de estabelecer princípios orientadores para as relações EUA-China, discutiram-nos de forma construtiva, e encarregaram as equipas de trabalho de ambas as partes de acompanhar e consultar com vista a chegar a acordo o mais rapidamente possível com base no consenso alcançado até à data. Em terceiro lugar, foi iniciado um processo para pôr em prática o importante consenso entre os dois chefes de Estado para controlar e estabilizar as relações EUA-China. A diplomacia entre líderes é a forma mais elevada de diplomacia, e a liderança estratégica da cimeira EUA-China em Bali sobre as relações bilaterais reflecte-se em todos os aspectos, incluindo uma série de importantes preparativos antes da reunião, bem como o seguimento e a implementação após a reunião. A gestão e estabilização das relações EUA-China é um processo contínuo e ininterrupto que é um trabalho em curso, e não um passado ou um fim. As equipas de ambos os lados irão manter o diálogo e a comunicação, gerir conflitos e diferenças, e promover o envolvimento e a cooperação de acordo com as prioridades estabelecidas pelos dois chefes de Estado, de modo a acrescentar energia positiva e uma válvula de segurança às relações EUA-China e injectar estabilidade e certeza num mundo turbulento e em mudança. É de notar que a China tem os seus próprios princípios e resultados há muito defendidos, interesses legítimos e legais que devem ser firmemente defendidos, e não sucumbirá a qualquer intimidação hegemónica. O lado americano deve traduzir a declaração positiva do Presidente Biden em políticas e acções concretas, deixar de conter e suprimir a China, deixar de interferir nos assuntos internos da China, deixar de minar a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China, avançar na mesma direcção que o lado chinês, construir conjuntamente os “quatro pilares” que são conducentes ao desenvolvimento saudável e estável das relações EUA-China, e solidificar conjuntamente os “alicerces sólidos” para a estabilidade das relações EUA-China. Trabalharemos com o lado americano para construir as “quatro vigas e os oito pilares” que são conducentes ao desenvolvimento saudável e estável das relações sino-estadunidenses, e trabalharemos em conjunto para reforçar os “alicerces sólidos” para as relações estáveis sino-estadunidenses. A questão de Taiwan é certamente um foco deste encontro. Pode falar-nos sobre a comunicação entre os dois líderes em torno da questão de Taiwan? Wang Yi: Taiwan é parte da China e a questão de Taiwan é um assunto interno da China. A razão pela qual a questão de Taiwan está a ser discutida entre a China e os Estados Unidos é porque os Estados Unidos têm interferido nos assuntos internos da China. A nossa exigência é muito clara e inequívoca: deixar de interferir nos assuntos internos da China e respeitar a soberania e a integridade territorial da China. Durante a reunião, o Presidente Xi Jinping informou o Presidente Biden sobre a história da colonização e invasão de Taiwan por forças externas ao longo dos últimos séculos, e salientou que a oposição da China à “independência de Taiwan” e à preservação da sua integridade territorial é salvaguardar a terra que pertence à China há gerações. Quem quiser separar Taiwan da China é contra a justiça nacional da China, e o povo chinês fará uma causa comum e nunca concordará com ela. O Presidente Xi salientou que a China aderirá à política básica de “reunificação pacífica e um país, dois sistemas” e lutará pela perspectiva da reunificação pacífica com a máxima sinceridade e esforço. No entanto, se as três situações graves estipuladas na Lei Anti-Secessão surgirem, a China agirá em conformidade com a lei. A China está mais interessada na paz e estabilidade no Estreito de Taiwan, e a “independência de Taiwan” é incompatível com a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan. O Presidente Xi salientou que a questão de Taiwan é o cerne dos interesses centrais da China, o fundamento da base política das relações EUA-China, e uma linha vermelha que os Estados Unidos não podem e não devem atravessar. A China exige que o lado americano seja coerente com as suas palavras e actos, adira à política de “uma só China” e às disposições dos três comunicados conjuntos EUA-China, cumpra o seu compromisso de “não apoiar a “independência de Taiwan”, deixe de deflacionar e esvaziar a política de “uma só China”, e restrinja a “independência de Taiwan”. O Presidente Biden disse que os Estados Unidos aderem à política de uma só China e não apoia a “independência de Taiwan”, “duas Chinas” ou “uma China, uma Taiwan”, e não procura utilizar a questão de Taiwan como um instrumento para conter a China. A China e os Estados Unidos são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A comunidade internacional espera geralmente que a China e os Estados Unidos trabalhem em conjunto para enfrentar vários desafios globais. Que progressos têm sido feitos na cooperação bilateral e multilateral entre a China e os Estados Unidos? Wang Yi: A história do desenvolvimento das relações sino-americanas mostra que a China e os Estados Unidos juntos beneficiarão ambos os lados, enquanto que os combates prejudicarão ambos. Contra o pano de fundo de um século de epidemias e mudanças centenárias, e os desafios sem precedentes que a sociedade humana enfrenta, não é apenas do interesse da China e dos Estados Unidos, mas também da expectativa geral da comunidade internacional que a China e os Estados Unidos, como dois grandes países, reforcem a cooperação em campos bilaterais e multilaterais e trabalhem em conjunto com outros países para superar as dificuldades da época. Durante a reunião, o Presidente Xi Jinping afirmou que a cooperação entre a China e os Estados Unidos é boa para ambos os países e para o mundo. A China e os Estados Unidos têm diferenças e divergências, as diferenças não devem ser um obstáculo ao desenvolvimento das relações sino-americanas, e as diferenças devem ser a força motriz para os intercâmbios e a cooperação entre os dois países. A cooperação requer uma boa atmosfera e uma relação estável, não pode ser uma lista de atracção unilateral, deve cuidar das preocupações de ambas as partes, e deve haver dar e receber. Independentemente da relação entre a China e os Estados Unidos, a vontade de ambos os países de cumprir as suas grandes responsabilidades de poder nos assuntos internacionais não pode ser reduzida. O Presidente Xi Jinping observou que a China e os Estados Unidos deveriam trabalhar para tornar a lista de cooperação mais longa e não mais curta. Os dois chefes de Estado concordaram que as suas equipas podem dialogar sobre política macroeconómica, comércio e questões económicas entre os dois países, e trabalhar em conjunto para promover um resultado positivo da 27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Coordenar a implementação dos dois documentos de cooperação formados nos domínios da saúde pública e agricultura, encorajar e apoiar o desenvolvimento do intercâmbio de humanidades EUA-China, expandir o intercâmbio de pessoas em vários domínios, e continuar as consultas do Grupo de Trabalho Conjunto EUA-China para abordar questões mais específicas. Os factos têm demonstrado repetidamente que a competição não pode ser simplesmente utilizada para definir toda a relação EUA-China, e que a cooperação é sempre a melhor opção tanto para a China como para os Estados Unidos. A cooperação EUA-China é benéfica para todas as partes e abre um futuro vantajoso tanto para a China como para os Estados Unidos, e um futuro vantajoso para o mundo. Sobre que outras preocupações importantes e comuns as duas partes trocaram opiniões? R: O Presidente Xi Jinping clarificou a posição da China sobre uma série de questões importantes que preocupam o lado americano, bem como a comunidade internacional, e deixou clara a atitude da China. Sobre a questão da democracia e dos direitos humanos. O Presidente Xi Jinping salientou que a liberdade, a democracia e os direitos humanos são a busca comum da humanidade e a busca consistente do Partido Comunista Chinês. Os Estados Unidos têm uma democracia ao estilo americano e a China tem uma democracia ao estilo chinês, ambas em conformidade com as suas respectivas condições nacionais. O processo completo de democracia popular da China baseia-se nas condições nacionais e na história e cultura da China, e reflecte a vontade do povo. As diferenças específicas que existem entre os dois lados podem ser exploradas, desde que haja um intercâmbio igualitário. Definir o próprio país como democrático e outro país como autoritário é em si mesmo um sinal de antidemocracia. A chamada “democracia contra o autoritarismo” é uma falsa proposta, não uma característica do mundo de hoje, e não está de acordo com a tendência dos tempos. Sobre a questão dos caminhos institucionais. O Presidente Xi Jinping disse que os Estados Unidos estão empenhados no capitalismo, a China está empenhada no socialismo, os dois lados estão a tomar um caminho diferente. Esta diferença existe desde o primeiro dia em que os dois lados lidaram um com o outro, e continuará a existir no futuro. É importante que a China e os Estados Unidos se dêem bem um com o outro, reconhecendo esta diferença e respeitando-a. A liderança do Partido Comunista Chinês e do sistema socialista da China, abraçada e apoiada por 1,4 mil milhões de pessoas, são a garantia fundamental do desenvolvimento e estabilidade da China. Tentativas de subverter a liderança do Partido Comunista da China e do sistema socialista chinês iriam pisar os limiktes, atravessar uma linha vermelha e abalar os alicerces da relação entre os dois países. Sobre questões económicas e comerciais. O Presidente Xi Jinping salientou que a essência das relações económicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos é mutuamente benéfica, combatendo guerras comerciais, guerras tecnológicas, “construindo artificialmente muros e barreiras”, forçando “a dissociação e a quebra de cadeias”, completamente contrárias aos princípios da economia de mercado, minam as regras do comércio internacional, apenas em detrimento de outros. A China levará a cabo uma firme reforma e abertura, e colocará sobre si mesma a base do desenvolvimento e do progresso. A China tem uma gloriosa tradição de auto-aperfeiçoamento, e toda a repressão e contenção apenas estimulará a vontade e o entusiasmo do povo chinês. Se os EUA forem até ao fim na questão do “desacoplamento”, acabará por levantar uma pedra e esmagar os seus próprios pés. Actualmente, a comunidade internacional está altamente preocupada com a crise na Ucrânia e na Península Coreana. Como é que os dois lados interagiram sobre esta questão? Wang Yi: Os dois chefes de Estado procederam a uma troca de impressões aprofundada sobre questões internacionais e regionais, incluindo a questão da Ucrânia e a questão nuclear na Península Coreana. Sobre a questão da Ucrânia, o Presidente Xi reiterou os “quatro deveres” da China ao tratar da questão da Ucrânia e clarificou as “quatro respostas comuns” da China à mais recente evolução da situação na Ucrânia. Sublinhou que o diálogo e as negociações devem ser conduzidos para resolver a crise pacificamente, que as armas nucleares não devem ser utilizadas e que a guerra nuclear não deve acontecer, que uma crise nuclear deve ser evitada na Ásia e na Europa, e que devem ser feitos esforços conjuntos para assegurar a estabilidade da cadeia de abastecimento da cadeia industrial global e para evitar uma crise humanitária em grande escala, e que a China sempre esteve do lado da paz e continuará a insistir na paz e na negociação. Sobre a questão nuclear da Península da Coreia, o Presidente Xi Jinping elaborou a posição estabelecida da China, sublinhando que o cerne da questão na península deve ser enfrentado de forma frontal e que se deve insistir numa solução equilibrada para as suas respectivas preocupações, especialmente as legítimas preocupações da RPDC. Acaba de introduzir o significado da reunião e o consenso alcançado. Quais são os próximos acordos de seguimento para ambas as partes? Wang Yi: Durante a reunião, os dois chefes de Estado concordaram em continuar a manter contactos regulares, enquanto encarregam as equipas diplomáticas e de segurança dos dois países de prosseguir a comunicação estratégica, dar seguimento às principais questões discutidas, e implementar o consenso alcançado. O lado americano disse que o Secretário de Estado norte-americano Blinken visitará a China o mais rapidamente possível para dar seguimento à reunião. A China congratula-se com este facto. As equipas financeiras, económicas e comerciais dos dois países também comunicarão e coordenarão sobre questões como as políticas macroeconómicas e as relações económicas e comerciais EUA-China. Tudo considerado, a reunião alcançou o objectivo esperado de comunicação aprofundada, clarificando intenções, traçando linhas vermelhas, prevenindo conflitos, indicando direcções e explorando a cooperação.
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Detectado novo caso positivo relacionado com estudante Um jovem de 22 anos foi diagnosticado ontem com covid-19. As autoridades indicaram que a infecção é conexa com o caso positivo, referente a uma estudante universitária portuguesa, revelado ontem. De resto, todos os testes de ácido nucleico recolhidos das zonas vermelhas deram negativo As autoridades de saúde anunciaram ontem que um residente de 22 anos foi diagnosticado com covid-19. O caso positivo está relacionado com a infecção da estudante, relevada na segunda-feira pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. O jovem havia sido classificado como contacto próximo da estudante de 21 anos e estava em observação médica. Para já, as autoridades de saúde indicam que não apresenta sintomas e, depois de ter acusado positivo no teste de ácido nucleico, foi transferido para o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane. Em relação às pessoas retidas nos edifícios que foram declarados como zonas vermelhas, todos os testes realizados deram resultado negativo. No prédio onde vive a família portuguesa, o Edifício “Tranquility” localizado na Avenida do Ouvidor Arriaga, nº 28-28B, foram recolhidas amostras de 104 pessoas, para um primeiro teste de ácido nucleico. Como a jovem trabalha no restaurante Vista 38 no Hotel Four Seasons, entre funcionários do restaurante e pessoas alojadas na unidade hoteleira foram testadas 571 pessoas, sem terem sido encontradas novas infecções. Quanto à morada de residência do outro caso positivo, relativo ao homem de 34 anos que mora no Bloco II do Edifício Seng Hei Court da Rua de S. Lourenço, n.º 18C, foram testadas 24 pessoas, também todas com resultado negativo. Além disso, foram recolhidas um total de 56 amostras ambientais no Four Seasons e nas duas zonas vermelhas, incluindo o Edifício Seng Hei Court e o Edifício “Tranquility”, com resultado negativo. Encerrados e importados As autoridades de saúde de Zhuhai anunciaram ontem terem detectado seis casos positivos em pessoas que já estavam em quarentena nos últimos dois dias. Adicionalmente, o comando de prevenção e controlo da covid-19 do distrito de Xiangzhou da cidade vizinha encerrou dois pisos do centro comercial subterrâneo do posto fronteiriço de Gongbei. A manter-se a situação actual, as lojas da muito concorrida superfície comercial só reabrem no próximo sábado. Além disso, foi também bloqueado o bloco 32 do edifício Huafa Shuian, em Xiangzhou, pelo menos até sábado. Por cá, as autoridades revelaram ontem que na segunda-feira foram registados seis casos importados referentes a dois homens e quatro mulheres, provenientes de países como Estados Unidos, França, Índia, Singapura e Malásia.
João Santos Filipe Manchete PolíticaObras | Au Kam San questiona impacto do investimento público O antigo deputado argumenta que o investimento nas obras públicas tem pouco impacto, porque as empresas e os trabalhadores são do Interior, onde acabam por gastar o dinheiro que vem do território Au Kam San questionou ontem a política de aumentar o investimento público no sector da construção civil, como forma de promover a recuperação económica. A crítica ao caminho seguido pelo Governo de Ho Iat Seng prende-se com o facto de o investimento estar a ser canalizado principalmente para empresas do Interior, que o antigo deputado considera pouco contribuírem para a economia local. “O Governo da RAEM está a promover activamente a construção de mais obras públicas, que se pretende que levem a um aumento do consumo”, começou por escrever Au Kam San, num comentário publicado na rede social Facebook, “Mas será que não há um problema nesta aposta?”, questionou. Para argumentar contra o caminho seguido pelo Executivo, o democrata recorre às teorias do economista britânico John Maynard Keynes. “Na economia Ocidental, Keynes é encarado como uma referência. Segundo as suas teorias, quando as pessoas gastam mais dinheiro das suas poupanças e aumentam o consumo privado, espera-se que surja um efeito multiplicador nos outros factores da economia que vai assim contribuir para um maior crescimento”, justificou. “Contudo, existem dois pré-requisitos para que o efeito multiplicador possa actuar. É necessário que a economia seja relativamente fechada e tem de ter uma dimensão suficientemente grande para que surjam os efeitos desejados”, explicou. Todavia, Au Kam San afirma que Macau está longe de possuir as condições para que as medidas surtam efeito. “No caso de Macau, a economia não é fechada o suficiente para que o investimento seja retido no território. Também é uma economia demasiado pequena, o que em conjunto com a existência de um grande número de trabalhadores não-residentes, faz com que o efeito multiplicador não tenha impacto”, apontou. Do Interior Além de duvidar do efeito multiplicador, Au Kam San indicou também que o dinheiro alegadamente investido na economia de Macau está a ser canalizado para o Interior, o que significa que a existir um impacto benéfico para a economia, acontece no outro lado da fronteira. Para sustentar este ponto de vista, o ex-deputado avança com os exemplos da Universidade de Macau, na Ilha da Montanha, a construção da Ilha Artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e do Posto Fronteiriço de Qingmao, em que os projectos foram todos “entregues” e “construídos” por empresas do Interior. Nesta matéria, Au indicou também que a construção foi feita por trabalhadores do Interior, assim como os materiais para a sua execução, o que faz “sem dúvida nenhuma” com que “o efeito multiplicador em Macau tenha tido zero impacto”. Seguindo a mesma linha de raciocínio, mesmo que a construção seja entregue a empresas locais, os efeitos desejados não vão ser alcançados, porque a maioria dos trabalhadores são não-residentes. “A maior parte do tempo estes trabalhadores estão no Interior, onde comem, e gastam o dinheiro, principalmente nas suas terras”, justificou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaHo Iat Seng diz existir “um sector do jogo muito saudável” Mesmo com as frequentes notícias dos problemas financeiros que as operadoras de jogo enfrentam, o Governo mostra-se irredutível e mantém a postura de que estas continuam a ter capacidade de investir e obter retorno no mercado. Como? Recorrendo aos enormes ganhos dos anos anteriores. “As empresas, nos últimos três anos, têm tido adversidades e dificuldades, mas nos últimos 20 anos conseguiram grandes resultados, tendo em conta o fluxo de capitais e o investimento envolvido. Se pesquisar poderá ver que as receitas foram abundantes. Penso que não haverá esse problema [de dificuldades financeiras], existem informações na Internet de que existe uma má situação, mas temos um sector do jogo muito saudável que pode contribuir para um desenvolvimento sustentável de Macau”, rematou o Chefe do Executivo. Questionado sobre o fim dos “ciclos viciosos” respeitantes à gestão de surtos de covid, que afectam a vinda de turistas, o líder de Macau frisou que “nenhum local do mundo, neste momento, tem medidas que resolvam um surto pandémico”. “Mesmo com medidas não tão rigorosas o número de turistas não vai subir porque a pandemia está em todos os lugares do mundo”, disse. Trabalho assegurado Ho Iat Seng deixou ainda claro que o emprego nas concessionárias será assegurado. “O que mais se espera de um Governo é que garanta a estabilidade dos trabalhadores. Os termos contratuais são rigorosamente expressos e garantem essa estabilidade, e se houver despedimentos quer dizer que algo correu mal. Esse regime ou garantia será estendido à nova lei do jogo e será um objectivo no qual o Governo irá persistir”, assegurou. Apoios | Cheques todos os anos? Confrontado com o regime de comparticipação pecuniária, Ho Iat Seng assegurou que o apoio se vai manter. “Não existe um diploma legal, mas é uma medida que beneficia toda a população e que vai continuar. Se teremos todos os anos, isso ainda merece a nossa avaliação e análise.” Sobre a ausência da injecção das sete mil patacas nas contas individuais dos idosos do Regime de Previdência Central, desde o começo da pandemia, o governante não deu uma resposta sobre o regresso da medida. “Quanto aos grupos carenciados e idosos temos mecanismos especiais para assegurar a sua vida e apoio financeiro.” Casinos | Executivo legisla sobre jogo ilícito Uma das propostas de lei que surge no relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano é a lei do combate ao crime do jogo ilícito. No relatório, ontem apresentado, o Executivo promete “supervisionar e promover continuamente o jogo responsável para garantir o desenvolvimento saudável e ordenado da indústria do jogo nos termos legais”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaOrçamento | Governo recusa aumentar impostos e desvaloriza inflação O Chefe do Executivo promete não aumentar os impostos apesar do constante recurso à Reserva Financeira. Aos jornalistas, Ho Iat Seng desvalorizou a inflação por comparação com outros países europeus, e garantiu: “precisam de acreditar em mim porque confio na recuperação da economia” Desde o início da pandemia, e com a quebra dos impostos cobrados sobre as receitas de jogo, que o Executivo tem recorrido às injecções de fundos da Reserva Financeira para equilibrar o orçamento anual. Essa deverá continuar a ser a postura caso se mantenha o cenário de crise económica decorrente da pandemia, sem aumento de impostos directos pagos pela população. “Nos últimos anos mantivemos inalteradas as políticas de dedução e isenção de impostos. Se aumentarmos os impostos isso poderá trazer um grande impacto às empresas e cidadãos. Mesmo com um orçamento deficitário teremos de manter o desenvolvimento estável da sociedade”, adiantou Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, na conferência de imprensa que se seguiu após a apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano (ver pags 2-3). Afirmando que continua a acompanhar a situação do elevado desemprego, Ho Iat Seng não esqueceu que mais vagas foram ocupadas por residentes à medida que os trabalhadores não residentes (TNR) foram saindo do território. “Temos mais de 100 mil TNR e agradeço aos cidadãos de Macau que assumiram os trabalhos que eram prestados pelos TNR, dando oportunidades a mais de 40 mil residentes. Temos postos de trabalho e profissões para residentes e neste momento há mais de quatro mil postos à espera dos cidadãos. Já proporcionamos entrevistas de emprego a mais de cinco mil residentes”, adiantou. Ainda sobre os TNR, o Chefe do Executivo insistiu no facto de não poder ser cometido o erro de definir uma proporção exacta de residentes e TNR. “Se cortarmos todos os TNR isso será mau para as pequenas e médias empresas. Há restaurantes que só têm um ou dois trabalhadores e, sem eles, entram em falência. Não podemos insistir numa regra de proporção.” Em resposta aos jornalistas, Ho Iat Seng desvalorizou a actual taxa de inflação, que “não é assim tão inaceitável”, pois “vemos que em cidades europeias os produtos são muito mais caros do que em Macau”. Ainda assim, “todas as empresas estão a esforçar-se, juntamente com o Governo, em prol do controlo dos preços dos produtos”, disse. Ano da mudança? Respondendo a questões sobre as restrições relacionadas com a pandemia, o dirigente máximo da RAEM voltou a dizer que o próximo ano poderá ser o da grande viragem. “Estes três anos de combate à pandemia têm sido longos, e com o aumento gradual da taxa de vacinação temos tentado aliviar as medidas. [Tivemos a quarentena] de 14 dias, depois de sete dias e agora de cinco mais três. Passo a passo estamos a aliviar. Acredito que no próximo ano a situação irá melhorar e poderá contribuir para a recuperação económica de Macau.” Ainda assim, fica para já de fora o alívio das restrições com Hong Kong. “Nunca fechamos as portas a quem vem de Hong Kong e diariamente recebemos cerca de 1500 pessoas, que vêm para Macau viajar e que muitas vezes passam por cá para irem para o Interior da China. Se abrirmos com Hong Kong será com a medida 0+0 e diariamente na cidade há cinco a seis mil casos. Isso representa uma certa pressão para Macau. Esperamos que possamos, o mais rapidamente possível, suavizar as medidas”, disse o Chefe do Executivo. Mesmo com a manutenção da política dinâmica de zero casos, Ho Iat Seng diz que os turistas estrangeiros “são sempre bem-vindos”, tendo dado o exemplo da vinda dos pilotos estrangeiros para o Grande Prémio de Macau. “Espero que possam vir mais amigos do estrangeiro para as exposições e convenções”, adiantou. Questionado sobre a possibilidade de implementar a obrigatoriedade da vacinação, Ho Iat Seng não deu uma resposta directa, optando por fazer um novo apelo em prol da toma da vacina contra a covid-19. “Temos esperado pelo aumento da taxa de vacinação e temos feito incentivos. Sabemos que há idosos que não receberam sequer uma dose da vacina. Apelo a todos que se vacinem o mais depressa possível”, disse apenas. Ho Iat Seng não resistiu ainda a deixar umas palavras de optimismo e, ao mesmo tempo, um apelo: “Tenho toda a confiança na economia. Precisam de acreditar em mim porque confio na recuperação da economia.”
João Santos Filipe Grande Plano MancheteAL | Ho promete futuro “promissor” e fidelidade à política nacional de covid-19 À espera que as dificuldades se prolonguem para 2023, o Chefe do Executivo antecipou o relaxamento de restrições de circulação. Quanto à economia, a nova estratégia “1+4” passa por investir o capital obtido pelo jogo para financiar saúde de alta tecnologia, indústria financeira, sector das exposições e indústria cultural e desportiva O Chefe do Executivo vai continuar a seguir as políticas de covid-19 do Interior no próximo ano. A garantia foi deixada ontem na Assembleia Legislativa, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2023, em que Ho Iat Seng prometeu à população um futuro “mais promissor”. “Devido às incertezas que ainda perduram relativamente à tendência de evolução mundial da pandemia, o Governo da RAEM continuará a manter a coerência com a política nacional de prevenção e controlo da pandeia”, afirmou Ho Iat Seng. “Iremos persistir na prevenção e controlo regular, científico e preciso, no sentido de garantir a saúde e a segurança da vida dos residentes de Macau por forma a criar condições para o funcionamento normal da sociedade e para a recuperação económica”, prometeu. Ho Iat Seng afastou a possibilidade de o território seguir uma política de saúde diferente da aplicada no Interior. A afirmação significa também que a reabertura ao mundo, ou seja, a circulação sem restrições como exigência de quarentena, só vai ser retomada quando o cenário entrar em vigor no Interior. No que diz respeito à situação económica, o Chefe do Executivo antecipou mais um ano difícil, à semelhança do actual. “Prevê-se que em 2023 […] a situação da pandemia continue a provocar impactos profundos e que a recuperação económica mundial seja pouco dinâmica, pelo que as perspectivas do desenvolvimento são ainda incertas”, reconheceu. “O aperto das políticas monetárias nas principais economias avançadas terá um certo impacto negativo nos mercados financeiros e na circulação dos capitais internacional. Por isso, Macau deve manter-se altamente alerta e aumentar a consciência de prevenção de riscos”, avisou. Previsivelmente melhor Apesar de o cenário ser difícil a nível económico, com a subida da taxa de desemprego, redução da população e aumentos do número de suicídios, Ho Iat Seng deixou sinais de esperança, ao afirmar que espera que algumas restrições sejam levantadas e que haja um aumento do número de turistas. “À medida que a prevenção e o controlo da pandemia se tornam cada vez mais eficazes, as restrições à circulação de pessoas serão progressivamente relaxadas, o número dos turistas será gradualmente retomado e o ambiente externo para o desenvolvimento de Macau será, previsivelmente, cada vez melhor”, indicou. Outro dos motivos para o líder do Governo manter a confiança no futuro é o apoio do país. “Devemos manter-nos convictos de que, com o firme apoio da grande pátria e, ainda, com as sólidas garantias proporcionadas pelo princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, e em conjugação de esforços com os diversos sectores sociais e a população em geral, o futuro de Macau será certamente mais promissor”, atirou. Ao longo do discurso, Ho Iat Seng reconheceu ainda que o território atravessou ao longo do ano “uma pressão descendente sem precedentes” e que “os principais indicadores económicos caíram significativamente”. No entanto, recusou comparações com o passado, por considerar que as condições são muito melhores. “As condições que Macau tem no presente, designadamente a dimensão e o nível do desenvolvimento da economia geral, as finanças públicas, as bases industriais e as capacidades das empresas, são incomparáveis com Macau no passado”, vincou. No mesmo sentido, o Chefe do Executivo apontou que “a orientação geral da acção governativa” no próximo ano passa por “revitalizar a economia, promover a diversificação, aliviar as dificuldades da população, prevenir e controlar a pandemia e desenvolver Macau de forma estável e saudável”. Proteger empregos do jogo A nível económico, o Governo pretende utilizar o dinheiro das novas concessões do jogo para diversificar a economia, numa estratégia que apelidou “1+4”. “O ‘1’ refere-se à promoção do desenvolvimento diversificado do sector de turismo e lazer de acordo com […] uma indústria de turismo e lazer integrado excelente, dedicado e forte”, justificou Ho Iat Seng. “O ‘4’ representa a perseverança na promoção do desenvolvimento das quatro principais indústrias de desenvolvimento prioritário: a indústria de big health, a indústria financeira moderna, de tecnologia de ponta, de convenções, exposições e comércio, e de cultura e desporto”, adicionou. No capítulo da indústria do jogo, e face aos receios do aparecimento de uma onda de desemprego após a atribuição das novas concessões, o Chefe do Executivo prometeu proteger os empregos locais. “Iremos assegurar a estabilidade do emprego dos trabalhadores do sector do jogo após a nova atribuição das concessões […] e a manutenção do número de trabalhadores locais nos quadros de gestão de nível intermédio ou superior das empresas de turismo e lazer numa percentagem não inferior a 85 por cento”, prometeu. IH | Novo concurso de habitação económica em 2023 Ao longo deste ano vai abrir um novo concurso de habitação económica. A promessa foi deixada ontem por Ho Iat Seng. “Promover-se-á a construção de habitação económica na Zona A e dar-se-á início, em 2023, a um novo concurso para habitação económica”, afirmou o Chefe do Executivo. O próximo ano poderá ser igualmente fundamental para definir o futuro do terreno na Avenida Wai Long: “No primeiro semestre de 2023, será concluído o estudo sobre a proposta de implementação da construção de habitação intermédia no terreno da Avenida Wai Long”, foi explicado. AL | Lei Sindical e Subsídio de Maternidade na calha Até ao final do ano vai entrar na Assembleia Legislativa a proposta de Lei Sindical. O anúncio foi feito ontem pelo Chefe do Executivo. “A proposta da «Lei Sindical» vai ser submetida à apreciação da Assembleia Legislativa no final do corrente ano”, indicou o líder do Governo. Contudo, outros diplomas que protegem direitos sociais deverão ser alterados. “Vão ser iniciados os trabalhos de revisão a outros diplomas, nomeadamente o Regulamento Administrativo relativo às ‘Medidas do subsídio complementar à remuneração paga na licença de maternidade’, revelou Ho Iat Seng. Eleições | Revisão à lei para reforçar nacionalismo Segundo as Linhas de Acção Governativa, no próximo ano o Governo vai avançar com uma proposta de revisão da Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa, para criar fundamentos legais para excluir candidatos que não são considerados “patriotas”. O anúncio foi feito ontem por Ho Iat Seng, que defendeu a necessidade de implementar o princípio ‘Macau governada por patriotas”. “Iremos aperfeiçoar o sistema eleitoral, e iniciar os trabalhos da revisão do ‘Regime Eleitoral da Assembleia Legislativa da Região Administração Especial de Macau’”. IH | Novo concurso de habitação económica em 2023 Ao longo deste ano vai abrir um novo concurso de habitação económica. A promessa foi deixada ontem por Ho Iat Seng. “Promover-se-á a construção de habitação económica na Zona A e dar-se-á início, em 2023, a um novo concurso para habitação económica”, afirmou o Chefe do Executivo. O próximo ano poderá ser igualmente fundamental para definir o futuro do terreno na Avenida Wai Long: “No primeiro semestre de 2023, será concluído o estudo sobre a proposta de implementação da construção de habitação intermédia no terreno da Avenida Wai Long”, foi explicado. Principais Apoios Sociais Comparticipação Pecuniária – sem alterações 10.000 patacas para residentes permanentes 6.000 patacas para residentes não permanentes Vales de Saúde – sem alterações 600 patacas para residentes permanentes Subsídio de Nascimento (aumento de 100 patacas) 5.418 patacas Pagamento da Conta da Electricidade – sem alterações 200 patacas por mês Regime de Previdência Central – sem alterações 10.000 patacas para residentes qualificados Idosos Subsídio para Idosos – sem alterações 9.000 patacas Pensão para Idosos – sem alterações 3.740 patacas por mês (13 meses) Famílias Carenciadas Índice Mínimo de Subsistência – sem alterações 4.350 patacas por agregado familiar com uma pessoa Apoio para actividades de aprendizagem – sem alterações entre 300 e 750 patacas por mês Apoio aos cuidados médicos – sem alterações entre 1.000 e 1.200 patacas por mês Apoio de invalidez – sem alterações entre 700 a 1.000 patacas por mês Pessoas com Deficiências Subsídio de Invalidez – sem alterações 9.000 ou 18.000 patacas por ano Subsídio para cuidadores – sem alterações 2.175 patacas por mês Estudantes Subsídio de Aquisição de Manuais – sem alterações 3.500 patacas (ensino secundário) 3.000 patacas (ensino primário) 2.400 patacas (ensino infantil) Subsídio de Propinas para Estudantes Carenciados – sem alterações 9.000 patacas (ensino secundário complementar) 6.000 patacas (ensino secundário geral) 4.000 patacas (ensino infantil e primário) Subsídio para Aquisição de Material Escolar – sem alterações 3.3000 patacas (residentes)
Hoje Macau China / Ásia MancheteG20 | Reunião entre Xi Jinping e Joe Biden antecede cimeira Xi Jinping e Joe Biden abriram ontem a sua primeira reunião presencial desde que o Presidente dos EUA assumiu o cargo, há quase dois anos, com um aperto de mão, num hotel de luxo, na Indonésia, onde vão participar na cimeira do G20, que reúne os líderes dos países mais desenvolvidos e das principais potências emergentes. O Presidente chinês disse, durante a reunião com o seu homólogo americano que, “como líderes de dois grandes países, precisam de definir o rumo certo para os laços bilaterais”. “Desde o contacto inicial e o estabelecimento de relações diplomáticas até hoje, a China e os Estados Unidos passaram por mais de 50 anos movimentados, com ganhos e perdas, assim como experiência e lições”, disse Xi. “Notando que a história é o melhor livro de texto, o presidente chinês disse que os dois lados deveriam tomá-lo como um espelho e deixá-lo guiar o futuro. Actualmente, o estado das relações China-EUA não é do interesse fundamental dos dois países e do seu povo”, afirmou Xi, acrescentando que “também não é o que a comunidade internacional espera dos dois países”. “Como líderes de dois grandes países os dois presidentes precisam de desempenhar o papel de liderança, estabelecer o rumo certo para as relações China-EUA e colocá-lo numa trajectória ascendente. Um estadista deve pensar e saber onde liderar o seu país. Deve também pensar e saber como se dar bem com outros países e com o mundo em geral”, explicou a Biden. Desafios sem precedentes Sublinhando que neste tempo e época, grandes mudanças estão a desenrolar-se de formas como nunca antes, Xi disse que “a humanidade está confrontada com desafios sem precedentes. O mundo chegou a uma encruzilhada. Para onde ir a partir daqui? Esta é uma questão que não está apenas na nossa mente, mas também na mente de todos os países. O mundo espera que a China e os Estados Unidos lidem adequadamente com a sua relação”. Notando que o seu encontro com Biden atraiu a atenção do mundo, Xi disse ainda que os dois lados deveriam trabalhar com todos os países para trazer mais esperança à paz mundial, maior confiança na estabilidade global, e um ímpeto mais forte ao desenvolvimento comum. Para isso, Xi disse que “está pronto a ter uma troca de pontos de vista franca e aprofundada com Biden sobre questões de importância estratégica nas relações China-EUA e sobre grandes questões globais e regionais, acrescentando que também espera trabalhar com Biden para trazer as relações China-EUA de volta ao caminho de um crescimento saudável e estável em benefício dos nossos dois países e do mundo como um todo”. Por seu lado, Joe Biden pediu ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, que “encontre formas de trabalharem juntos no sentido de impedir que a rivalidade entre as duas potências se transforme em conflito”. “As nossas duas nações compartilham a responsabilidade de administrar as suas diferenças, devemos evitar que a competição se torne em conflito. Devemos encontrar formas de trabalhar juntos em questões globais urgentes, que exigem a nossa cooperação”, disse Biden. Conversas prévias Antes da reunião, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning tinha dito que a China estava empenhada na coexistência pacífica, mas que defenderia firmemente os seus interesses de soberania, segurança e desenvolvimento. “É importante que os EUA trabalhem em conjunto com a China para gerir adequadamente as diferenças, avançar na cooperação mutuamente benéfica, evitar mal-entendidos e erros de cálculo, e trazer as relações entre a China e os EUA de volta ao caminho certo de um desenvolvimento sólido e estável”, disse Mao Ning em Pequim. Os funcionários da Casa Branca e os seus homólogos chineses passaram semanas a negociar os pormenores da reunião, que se realizou no hotel de Xi com tradutores que forneceram interpretação simultânea através de auscultadores. Os funcionários norte-americanos estavam ansiosos por ver como Xi se aproximava do Biden depois de consolidar a sua posição como líder inquestionável do Estado, dizendo que esperariam para avaliar se isso o tornava mais ou menos provável para procurar áreas de cooperação com os Estados Unidos. Biden e Xi trouxeram pequenas delegações para a discussão. Os funcionários norte-americanos esperavam que Xi trouxesse novos altos funcionários governamentais e expressaram a esperança de que isso pudesse conduzir a compromissos mais substantivos ao longo da linha. As muletas de Biden A delegação de Biden incluiu dois funcionários a nível de gabinete – uma relativa raridade para reuniões bilaterais que é um reflexo da importância que a administração está a atribuir à reunião. O Secretário de Estado Antony Blinken e a Secretária do Tesouro Janet Yellen sentaram-se aos dois lados de Biden, enquanto o grupo tomava os seus lugares em frente à delegação chinesa. Blinken tem sido uma figura de proa que moldou a actual política dos EUA em relação à China, apresentando a abordagem da administração num discurso há muito esperado em Maio, que chamou a Pequim o “mais sério desafio a longo prazo para a ordem internacional”. Yellen tem repetidamente adoptado uma linha dura sobre a necessidade de reduzir a dependência dos EUA das cadeias de abastecimento chinesas, mas expressou interesse em compromissos mais concentrados – incluindo sobre o impacto das políticas dos EUA e da China na economia global – durante os comentários aos repórteres no início do dia. Também à mesa estava o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, que se encontrou com o diplomata de topo da China Yang Jiechi numa reunião chave em Junho no Luxemburgo e também se juntou à reunião notoriamente controversa entre funcionários norte-americanos e chineses no Alasca ao lado de Blinken em Março de 2021. A delegação de Biden incluiu também uma série de funcionários focados na Ásia, incluindo o Embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, e o Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos da Ásia Oriental e Pacífico, Daniel Kritenbrink. Além disso, quatro funcionários do Conselho de Segurança Nacional centrados na Ásia e na China estiveram também presentes nas conversações, de acordo com uma lista fornecida pela Casa Branca. Os dois homens têm uma história que data do serviço de Biden como vice-presidente do seu país. O presidente dos EUA enfatizou que conhece bem Xi e quer utilizar a reunião para compreender melhor a sua posição. ASEAN | Uma noiva, dois pretendentes O Presidente dos EUA Joe Biden, durante a sua reunião no sábado com líderes dos membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), não poupou esforços para cortejar estes países, incluindo a elevação dos laços com o bloco a uma parceria estratégica abrangente e prometendo um pedido orçamental de 850 milhões de dólares em assistência aos países regionais. “Isto [a elevação dos laços] parece mais um acto simbólico. Os EUA estão a jogar o jogo da recuperação com a China”, disse Koh King Kee, presidente do Center for New Inclusive Asia, um think tank não governamental da Malásia. “Os EUA costumavam cultivar laços bilaterais com os países do sudeste asiático, a actualização dos laços com todo o bloco e a duplicação da centralidade da ASEAN revelaram que Washington deseja agora que todo o bloco possa desempenhar um papel central, para contrariar o que os EUA acreditam ser a crescente influência da China nesta região”, Chen Xiangmiao, um investigador assistente do Instituto Nacional para Estudos do Mar do Sul da China. Joe Biden tinha anunciado um pacote de desenvolvimento e segurança de 150 milhões de dólares para a ASEAN na Cimeira Especial EUA-ASEAN de 2022, realizada em Maio, tentando responder aos 1,5 mil milhões de dólares que a China prometeu aos membros da ASEAN em Novembro de 2021 para alimentar a recuperação económica e combater a pandemia da COVID-19. Já o primeiro-ministro chinês Li Keqiang participou na sexta-feira passada na 25ª Cimeira China-ASEAN, durante a qual apelou ao reforço da cooperação com os membros da ASEAN, e à manutenção conjunta da paz e estabilidade regionais, informou a Xinhua. Li disse que “a China e a ASEAN são parceiros estratégicos abrangentes com um futuro comum, e que se mantiveram unidos durante todo o processo de consolidação da paz e estabilidade regional. Tomar partido não deve ser a nossa escolha. A abertura e a cooperação são o caminho viável para enfrentar os nossos desafios comuns”. A diferença fundamental entre a cooperação da China e dos EUA com a ASEAN é que o objectivo da China é alcançar uma ASEAN verdadeiramente próspera e pacífica. Além disso, a China não interfere nos assuntos internos dos membros da ASEAN. Em contraste, as políticas para a ASEAN dos EUA, ao enfatizarem a centralidade do bloco, estão na realidade centradas em torno de si, uma vez que Washington apenas quer que o bloco sirva de peão para contrariar a China, e para cumprir o seu próprio objectivo hegemónico, disse Chen Xiangmiao. “A presença da China no Sudeste Asiático é basicamente económica, a China e as economias da ASEAN têm maiores complementaridades económicas. Para os EUA, o seu interesse na ASEAN é geopolítico e não económico”, disse Koh. O valor do comércio Chinês-ASEAN subiu 28% para 878 mil milhões de dólares em 2021. Isso é quase o dobro dos 441 mil milhões de dólares no comércio total entre os EUA e o bloco ASEAN no ano passado. Embora Biden tenha feito promessas aos membros da ASEAN, as políticas dos EUA nesta região ainda estão a ser testadas, uma vez que a melhoria dos laços comerciais EUA-ASEAN foi atrofiada pela iniciativa do antigo presidente Donald Trump de sair do agrupamento regional de comércio da Parceria Trans-Pacífico em 2017, e ele só fez uma breve aparição numa reunião da ASEAN – em 2017, ano em que tomou posse. Em toda a região, há um cepticismo crescente sobre se as eleições de 2024 poderão trazer um presidente que não quer seguir o exemplo de Biden, disse recentemente Scot Marciel, um antigo secretário adjunto principal para a Ásia Oriental e o Pacífico no Departamento de Estado norte-americano, ao Politico dos media. Chen acredita que independentemente do partido que vencer as eleições americanas em dois anos, enquanto Washington continuar a ver Pequim como o seu némesis, continuará a cortejar a ASEAN e a tentar cotovelar o bloco para a linha da frente da luta contra a China na região. “No entanto, um presidente republicano pode procurar restringir a cooperação e assistência económica dos EUA a esta região, à semelhança do que Trump fez durante o seu mandato”, disse Chen. Chen advertiu que o facto de se fixar em se opor à China na região só afastará o bloco de Washington, uma vez que esta região tem manifestado repetidamente que não quer ser apanhada no meio da rivalidade Pequim-Washington.
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Dois casos positivos não elevam risco de infecção na comunidade Pouco depois do anúncio de que quem passou pelo Centro Comercial de Gongbei entre 11 e 13 de Novembro terá de fazer três testes, foram reveladas duas infecções em Macau, uma delas respeitante a uma família portuguesa, e decretadas duas zonas vermelhas. Alvis Lo diz que o risco comunitário é baixo e que o Grande Prémio não terá restrições adicionais Ontem, ao início da tarde, foram selados dois edifícios declarados como zonas vermelhas devido à descoberta de dois casos positivos de covid-19. O primeiro prédio a ser selado foi o Bloco II do Edifício Seng Hei Court da Rua de S. Lourenço, n.º 18C, em frente à Igreja de São Lourenço, e mais tarde o Edifício “Tranquility”, na Avenida do Ouvidor Arriaga, nº 28-28B. Os casos foram detectados depois de na manhã de ontem as autoridades de saúde de Zhuhai terem declarado a descoberta de cinco casos locais, que levaram as congéneres de Macau a decretar a realização de testes de ácido nucleico ao longo de três dias consecutivos para quem tenha passado pelo Centro Comercial Subterrâneo no Posto Fronteiriço de Gongbei entre a passada sexta-feira e domingo. Aliás, o primeiro caso positivo anunciado ontem em Macau diz respeito a um trabalhador da zona de correio expresso do centro comercial subterrâneo de Gongbei. Para já, o director dos Serviços de Saúde (SSM), Alvis Lo, afastou a hipótese de implementar medidas rigorosas, como mais rondas de testes em massa à população. “A testagem de toda a população é importante quando, por exemplo, encontramos um novo caso em que não conhecemos a fonte do contágio. Nestas situações verificámos claramente a fonte dos casos, portanto não há razão para testes em massa”, indicou ontem Alvis Lo. O responsável afastou também a necessidade de apertar o rigor preventivo face a eventos de grande envergadura que se avizinham, como o Grande Prémio de Macau que se não houver agravamento da situação pandémica poderá ter público nas bancadas. Também o Festival de Gastronomia, que começa na sexta-feira, não terá restrições extra. Apesar de repetir que os dois casos positivos não alteram o baixo risco de surto comunitário em Macau, Alvis Lo realça que a situação pandémica “continua grande um pouco por todo o mundo e no Interior da China existem surtos em várias províncias e cidade”. “Sentimos alguma pressão, mas é importante continuar alerta e insistir nas medidas de prevenção. Continuaremos a cumprir o objectivo da política de zero casos e seguir as orientações nacionais”, acrescentou. Casos concretos Um dos casos revelados ontem, que levou ao bloqueio de um edifício na Avenida do Ouvidor Arriaga, envolve uma família portuguesa e uma jovem de 21 anos de idade. No passado dia 29 de Outubro, os seus pais regressaram a Macau vindos de Portugal, e testaram positivo enquanto cumpriam quarentena. Após tratamento médico, e cumprindo os critérios do levantamento da observação médica, regressaram a casa na passada quinta-feira. Porém, no teste realizado no domingo já em quarentena domiciliário, o pai da família acusou positivo com baixa carga viral e voltou a quarentena ontem de manhã. Como foi considerada contacto próximo, a filha de 21 anos foi conduzida para quarentena e viria a testar positivo ontem, com uma carga viral de CT16. Quanto mais elevado foi o valor de CT, menor a carga viral, sendo o limite para declarar um caso positivo CT35. A jovem é uma estudante universitária que está a estagiar no restaurante Vista 39, no hotel Four Seasons no Cotai. O restaurante foi encerrado e os colegas de trabalho da jovem estão sob acompanhamento das autoridades de saúde. Em relação a este caso, Alvis Lo destacou a forma disciplinada como todos os membros da família cumpriram as instruções dos SSM. “Esta família cumpriu rigorosamente as nossas instruções e nós fizemos o possível para controlar a situação na comunidade”, indicou. Recair para dentro Apesar do rigor, a situação vivida por esta família portuguesa é algo frequente. “Nos últimos três anos, registámos muitas pessoas que depois da recuperação acabaram por ter recaídas. É muito vulgar, verificámos uma taxa de 5 a 20 por cento de recaídas”, indicou Alvis Lo. Quanto ao primeiro caso relevado ontem, diz respeito a homem de 34 anos de idade, residente do Interior da China e morador em São Lourenço, que trabalha na zona de correio expresso, do Centro Comercial Subterrâneo do Posto Fronteiriço de Gongbei da Cidade de Zhuhai. O mesmo indivíduo, a sua mulher e filho com quem reside, foram de imediato colocados no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane, para tratamento em isolamento e observação médica. Tanto a esposa como o filho testaram ontem negativo à covid-19. O filho do casal é aluno da Escola Estrela do Mar. As autoridades locais esclareceram que não vão encerrar o estabelecimento, nem colocar sob vigilância alunos e funcionários por se tratarem de contactos por via secundária. Alvis Lo abriu ontem a hipótese de alterar a lógica do isolamento de 5+3, passando os últimos três dias de quarentena domiciliária com código vermelho e hipótese de só sair de casa para fazer teste, para três dias com código amarelo. Porém, esta alteração depende das indicações e medidas implementadas pela Comissão Nacional de Saúde.
João Santos Filipe Manchete SociedadeDiplomacia | Paulo Cunha Alves vai representar Portugal na Roménia O ainda cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong deve deixar o território na segunda quinzena Dezembro e o destino é Bucareste, onde vai assumir os comandos da embaixada lusa Paulo Cunha Alves vai deixar Macau e mudar-se para a Roménia. A informação sobre o futuro do actual cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong foi revelada ontem pela TDM-Rádio Macau. Na Embaixada de Portugal na Roménia, situada na capital Bucareste, Paulo Cunha Alves vai substituir Teresa Macedo. Em sentido inverso, vai chegar ao território Alexandre Leitão, o futuro cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong. Segundo a emissora, a saída de Paulo Cunha Alves de Macau, onde chegou em Outubro de 2018, deve acontecer na segunda quinzena de Dezembro, ou seja, cerca de três anos e três meses depois de aterrar no território. Ainda antes de ter sido confirmada a saída do actual cônsul, a hipótese já tinha sido adiantada, em Janeiro deste ano por Augusto Santos Silva, então ministro para os Negócios Estrangeiros de Portugal, durante uma acção de campanha para as eleições para a Assembleia da República. Na acção promovida pela secção de Macau do Partido Socialista, Santos Silva antecipou a necessidade de mudança. “Vamos fazer uma avaliação e em 2022 vai mudar o cônsul. O compromisso que tomo é nomear alguém que corresponda a todas as dimensões da actividade consular, que não é apenas de passar papéis, mas que compreende também a dimensão económica, empresarial, relação com as associações, a dimensão do apoio à escola portuguesa”, afirmou o então ministro dos Negócios Estrangeiros e agora presidente da Assembleia da República. “Todas estas dimensões são muito importantes para o cônsul português em Macau e a nomeação que farei terá de ter em conta a avaliação em todas estas dimensões”, acrescentou. Cara nova Com a saída de Paulo Cunha Alves, abre-se a porta para Alexandre Leitão. O futuro cônsul de Macau entrou para a carreira diplomática em 1999, assumindo funções consulares em Benguela e Senegal, além de ter sido Chefe dos Assuntos do Parlamento Europeu na Representação de Portugal junto da União Europeia, em Bruxelas. Além disso, Leitão foi ainda embaixador da União Europeia em Timor-Leste. Na área diplomática, Alexandre Leitão foi conselheiro do primeiro-ministro, António Costa, assessor do secretário de Estado da Administração Pública e da Modernização Administrativa. Fez ainda assessoria para o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Natural de Coimbra, o diplomata licenciou-se em Geografia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e começou por ser professor. É ainda formado em Administração Autárquica pelo Centro de Estudos e Formação Autárquica, além de possuir um mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDeputado Leong Sun Iok preocupado com subida da taxa de juros Num período de crise económica e com os rendimentos de grande parte dos cidadãos a encolherem, o deputado Leong Sun Iok quer saber se Ho Iat Seng tem medidas para ajudar as pessoas incapazes de pagar a hipoteca da casa O deputado Leong Sun Iok está preocupado com a subida da taxa de juros que contribui para “aumentar a pressão financeira” sobre as famílias e que pode levar a graves consequências no mercado imobiliário. A mensagem foi revelada ontem, através de uma interpelação escrita, em que o legislador pergunta ao Executivo se tem medidas para apoiar a população. Na perspectiva do homem ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a subida de juros, a maior nos últimos 40 anos, está a afectar o território na pior altura possível, quando as pequenas e médias empresas (PME) e os residentes já atravessam dificuldades. Neste contexto, o deputado quer saber o que vai fazer o Executivo de Ho Iat Seng: “Se olharmos para as regiões vizinhas, devido à subida acentuada dos juros pela Reserva Federal Americana, houve respostas com acções múltiplas. Será que o Governo vai estudar o impacto da subida das taxas de juro para os residentes e para a sociedade de Macau?”, perguntou. “Quais são os planos das autoridades para responder aos aumentos da taxa de juros e manter a estabilidade dos juros em Macau?”, acrescentou. Como a pataca está indexada ao dólar de Hong Kong, que por sua vez está indexado ao dólar americano, sempre que a Reserva Federal Americana decide aumentar a taxa de juro, a movimentação reflecte-se em Macau. Nos EUA, a Reserva Federal tem aumentado várias vezes as taxas de juro, de forma a combater a inflação local. Ameaça ao imobiliário Uma das preocupações demonstrada pelo deputado da FAOM prende-se com a crescente dificuldade sentida por famílias afectadas pela económica no pagamento de empréstimos para habitação. Segundo o deputado, em Setembro, depois de várias subidas da taxa de juro, ao mesmo tempo que cada vez mais residentes sofrem cortes nos rendimentos ou são despedidos, o número de incumprimentos nos empréstimos bancários quase duplicou. “Face a esta forte subida da taxa de juros e ao impacto da pandemia, se não houver outro apoio, teme-se que seja cada vez mais difícil garantir a sustentabilidade do mercado do imobiliário, com várias pessoas as falhar pagamentos, o que vai conduzir a uma série de problemas económicas e sociais”, afirmou Leong. “Será que o Governo pode seguir as práticas e medidas de outras regiões e apoiar os residentes que têm de pagar empréstimos bancários para a habitação e não têm capacidade?”, questionou. Ainda para evitar uma série de incumprimentos, que podem fazer com que mais casas acabem no mercado a preços baixos, Leong Sun Iok questionou também o Governo sobre a existência de planos para prolongar as medidas de apoio à economia, inclusive a suspensão do pagamento do montante principal dos empréstimos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaLAG | Apoios económicos são o principal interesse da população O cheque pecuniário é o tema que mais interessa à população, em véspera de apresentação das Linhas de Acção Governativa, segundo a bancada legislativa da FAOM. Além disso, os residentes seguem a questão da habitação e esperam o despedimento de mais TNR Na altura de analisar as Linhas de Acção Governativa (LAG), o principal ponto de interesse para a população é a quantidade de apoios sociais distribuídos pelo Governo. A conclusão faz parte de um estudo da Associação Choi In Tong Sam que foi apresentado ontem pelos deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). No âmbito de um inquérito que começou a ser feito em meados de Outubro, a associação recolheu 1.826 respostas válidas. Entre estas opiniões 42,7 por cento admitiram que o principal ponto interesse das políticas do Governo passa pelos apoios sociais que são distribuídos. A seguir aos apoios sociais, os inquiridos, com uma proporção de 37,2 por cento, admitiram acompanhar mais de perto as medidas para controlar os preços. As políticas de promoção do crescimento da economia são o terceiro tópico mais relevante para a população, como indicado por 33,8 por cento dos inquiridos, seguindo-se a habitação (32,3 por cento). Na área das medidas de apoio económico, cerca de 70 por cento dos inquiridos apontaram que o principal aspecto que seguem é a distribuição do cheque pecuniário. Ao mesmo tempo, 33 por cento e 26 por cento dos inquiridos indicaram prestar mais atenção ao cartão do consumo e subsídio de vida. Medir a inflação Na apresentação dos resultados, a vice-presidente da associação, a deputada Ella Lei comentou igualmente as principais preocupações dos cidadãos para o próximo ano. Segundo a deputada, numa altura em que o rendimento dos residentes registou uma quebra trimestral de 2.400 patacas, o principal receio prende-se com o surgimento de inflação acelerada, e os potenciais impactos no poder de compra. “Os residentes têm medo que os preços possam ter uma subida rápida ou que sejam aumentados intencionalmente”, afirmou Ella Lei. Por seu turno, o vice-presidente da associação e também deputado Leong Sun Iok abordou a situação da habitação pública. Os resultados apurados indicaram que a habitação económica é a que mais interesse desperta, sendo mencionada por 40,7 por cento dos inquiridos. Porém, os questionados também vão seguir de perto as medidas relacionadas com a habitação intermédia (35,7 por cento) e privada (33 por cento). Sobre estes números, o deputado abordou a situação em que os residentes são prejudicados duas vezes, devido à quebra do seu rendimento. “Esperamos que o Governo possa construir habitação económica nos prazos estabelecidos e garanta a sua qualidade”, desejou Leong Sun Iok. “Como o rendimento médio dos residentes mostra uma queda óbvia, temos cada vez mais queixas. As candidaturas para a habitação económica têm um limite mínimo e há cada vez mais pessoas que não cumpre esse rendimento devido ao corte dos rendimentos”, acrescentou. Caça ao imigrante No âmbito do inquérito um terço dos participantes mencionou esperar que o Governo tome mais medidas activas para substituir trabalhadores não-residentes. “Os residentes querem um combate mais activo contra trabalhadores ilegais e trabalhadores não-residentes que têm profissões diferentes das estabelecidas na autorização”, disse Lam Lon Wai, outro dos deputados que faz parte da Associação Choi In Tong Sam, um braço da FAOM. “A substituição dos TNR nas empresas do jogo, sector financeiro e restauração é exigida pelos residentes, por serem sectores que consideram ter demasiados não-residentes”, acrescentou Lam Lon Wai.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteLAG | Recuperação da economia será foco do novo relatório, dizem analistas Com o aproximar da atribuição das novas concessões de jogo e numa altura em que a economia continua estagnada devido à manutenção da política covid zero no território, deputados e analistas acreditam que o tema central do relatório das Linhas de Acção Governativa para 2023, apresentado hoje, será a situação económica O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, vai hoje à Assembleia Legislativa (AL) apresentar mais um relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano numa altura em que a economia do território está estagnada, mas, ao mesmo tempo, expectante sobre os novos tempos do sector do jogo. Enquanto prossegue o concurso público para a atribuição de novas concessões, o desemprego não dá sinais de abrandar e o turismo não parece florescer. O HM ouviu vários analistas que esperam respostas para a recuperação da economia há muito esperada, embora todos concluam que serão poucas as novidades apresentadas hoje. “Não podemos esperar novas coisas”, disse Miguel de Senna Fernandes, advogado e presidente da Associação dos Macaenses (ADM). “Mesmo com a pandemia vamos ter novas concessões de jogo a operar já a partir de Janeiro. Vamos ver como o Governo vai resolver este problema, porque o que está aqui em causa são os efeitos desta política na economia de Macau. Estamos na véspera da renovação das licenças de jogo, e sabendo a imposição da internacionalização do sector, temos uma grande expectativa em saber como é que o Governo vai resolver esta questão no próximo ano. Os residentes já estão muito cansados com a estagnação da economia”, acrescentou. Para o dirigente associativo, importa perceber, com estas LAG, “se teremos mais um ano com base na Reserva Financeira” da RAEM. “Iremos ver se vale a pena continuar assim ou pensar numa outra visão, tal como aconteceu em Hong Kong, com o fim das quarentenas. A região não resolveu a pandemia em termos da política covid-19, mas adoptou outras medidas. Temos de ser realistas, Macau é uma cidade de jogo porque tem de ser, apesar do discurso da diversificação económica. É fundamental saber se Macau está disposta a sacrificar tantas coisas que conquistou por causa destas medidas. O Governo Central dá-nos apoio, mas que apoio é este com lojas a fechar, e com profissionais liberais sem serviços? Até onde podemos ir?”, questionou. Para o economista José Sales Marques, o foco será económico, sem novidades. “A recuperação económica é o problema central de Macau, pois há desemprego e as empresas estão a passar por enormes dificuldades, enquanto outras já fecharam.” As LAG podem ainda centrar-se “nas questões relativas ao novo funcionamento dos casinos e o que se pode esperar das concessionárias neste novo ciclo do jogo”. “Não sei se o Governo está em condições de dizer o que se pode esperar em matéria de investimentos e medidas de estímulo à economia e criação de emprego, bem como alternativas de emprego. Como vai ser gerida essa vontade de atrair novas áreas do turismo e do jogo para Macau? Ouvimos falar na construção de uma nova pista para o aeroporto, o que é que isso poderá trazer de novo para o território? Qual é a política em termos de aviação comercial?”, questionou Sales Marques. O relatório poderá ainda focar-se “na questão da Grande Baía e da integração regional, incluindo a ilha da Montanha”. “Há um calendário apertado a cumprir e há aspectos relacionados com a construção de infra-estruturas e desenvolvimento da cidade que têm de ser analisados”, frisou o economista. Sales Marques mostra-se optimista em relação a uma abertura em breve. “Há pequenas mudanças, não apenas em Macau, mas também no interior da China, e acredito que haverá uma gestão gradual desta situação, no sentido de permitir uma maior abertura económica. A economia chinesa também tem os seus desafios.” E as sete mil patacas? Jorge Fão, dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), continua à espera que o Governo volte a injectar as sete mil patacas nas contas únicas dos idosos do Fundo de Previdência Central. “Espero que o Governo seja mais generoso para com a classe sénior. Não tenho visto medidas concretas em relação aos benefícios a atribuir aos idosos, ainda está tudo em fase de estudo. Há mais de dois anos que não nos dão o subsídio anual de sete mil patacas.” Fão gostava de ver um Governo mais “ousado”, mas admite que serão poucas ou nenhumas novidades na apresentação de hoje no hemiciclo. “A economia está péssima por causa da pandemia, e os próprios casinos, que são as ‘fábricas de dinheiro’, também estão muito aflitos. Acredito que muitas pequenas e médias empresas (PME) estão com a corda ao pescoço, com o desemprego a aumentar todos os meses. Embora o Governo tenha feito a propaganda sobre a colocação de pessoas e o recrutamento, parece que se mantém a tendência de aumento. Temos um fundo da Reserva Financeira muito grande e penso que o Governo deveria ser mais generoso.” Quando pede ousadia governativa, Jorge Fão fá-lo por entender que as políticas são, acima de tudo, de continuidade. “O que está a ser feito é a extensão do que já foi projectado há alguns anos, como é o caso do Metro Ligeiro, a construção de mais um hospital na Taipa, a ampliação do aeroporto. Esses projectos foram concebidos nas anteriores administrações, incluindo a zona A dos novos aterros. Não vejo obras da iniciativa do actual Executivo.” O dirigente da APOMAC fala ainda do caso específico dos casinos, no contexto do novo concurso público para as novas licenças. “É-lhes exigido a diversificação em prol do segmento não jogo, mas não vejo o Governo a dar uma ajuda ao fomento dessa área. A política em relação à pandemia não ajuda à vinda de turistas do estrangeiro nem da própria China. Essa política tem de ser modificada rapidamente, sob pena da economia sucumbir.” Também o deputado José Pereira Coutinho espera mais apoios sociais. “As LAG devem focar-se na recuperação da economia e na retoma, o mais rapidamente possível, da situação que tínhamos em 2019”, começou por dizer. “Devem ser criados mais postos de trabalho e devem continuar a atribuir subsídios aos estratos sociais mais desprotegidos, nomeadamente os idosos e famílias monoparentais, bem como os cuidadores informais e crianças com necessidades educativas especiais. Espero que continuem a ser atribuídos cartões de consumo até que Macau retorne à normalidade.” Em termos gerais, Coutinho faz um apelo para uma “maior capacidade governativa, maior transparência e a eliminação de processos e etapas burocráticas para facilitar a vida às pequenas e médias empresas, que se têm deparado com enormes dificuldades”. Na área do funcionalismo público, e uma vez que Coutinho é presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), é feito um pedido para que se introduzam “medidas eficazes e concretas para elevar a moral dos trabalhadores, pois trabalham mais com a pandemia e muitas vezes não recebem pelas horas extraordinárias”. “A moral está mais afectada. Há também uma maior diversidade de trabalho e isto tem de ser devidamente recompensado”, referiu o dirigente associativo e deputado. Olhar as associações A pandemia veio também agravar a situação económica das associações de matriz portuguesa. O súbito cancelamento do Festival da Lusofonia deste ano, devido à descoberta de novos casos covid-19, trouxe ainda maiores prejuízos. Para Miguel de Senna Fernandes está na altura de o Executivo de Ho Iat Seng dar especial atenção a entidades como a ADM ou Casa de Portugal, entre outras. “Espero que no próximo ano o Governo olhe com olhos de ver as associações de matriz portuguesa. Há dias houve uma reunião, mas não explicaram coisa nenhuma, falando de informações completamente desfasadas das associações de matriz portuguesa, nomeadamente no que diz respeito ao funcionamento, que nada tem a ver com o funcionamento das associações de matriz chinesa. Já está tudo ‘de tanga’, e ainda temos mais restrições? Até onde isto irá?”, inquiriu.
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Macau adopta política nacional de quarentena 5+3 Quem chega a Macau vindo de Hong Kong, Taiwan ou do exterior, passa a cumprir quarentena de cinco dias no hotel e três dias em casa. A parte domiciliária implica ter código vermelho e as únicas saídas permitidas são para fazer testes de ácido nucleico. O Governo acredita que aumentar um dia de quarentena irá atrair turistas Depois de as autoridades chinesas terem anunciado a alteração do período de quarentena de sete dias em local designado para cinco mais três em casa, o Governo da RAEM seguiu o mesmo caminho. A novidade foi anunciada na sexta-feira, em primeiro lugar e ainda sem detalhes pela secretária para as Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, antes de ser pormenorizada na habitual conferência de imprensa dedicada à pandemia. “Vamos seguir a política de 5+3 da China. Apesar do aliviamento às restrições de entrada, vamos insistir na política de prevenção de zero casos e trabalhar para cooperar com a política nacional. Estamos confiantes de que esta medida não implica o aumento de risco para a comunidade”, indicou a governante. Ao final da tarde de sexta-feira, Alvis Lo completou a novidade. “A partir de amanhã, [para] as pessoas vindas de Hong Kong, Taiwan e do exterior para Macau, o período de observação médica passa de ‘7+3’, ou seja, sete dias de observação médica [num hotel designado] mais três de quarentena domiciliária para ‘5+3’”, anunciou o director dos Serviços de Saúde (SSM), citado pela Agência Lusa. Alvis Lo ressalvou que durante os três dias de quarentena domiciliária, “as pessoas vão ficar com código de saúde vermelho”, ou seja, estão proibidas de sair de casa, excepto para realizarem testes de ácido nucleico. Importa referir, que antes desta medida à saída da quarentena, o código de saúde tinha cor amarela. Sem condições A alteração à forma como o isolamento é feito, apesar de aumentar a quarentena num dia, foi caracterizada por Alvis Lo como um alívio restritivo. “Fazer quarentena três dias em casa é mais confortável para as pessoas, por isso acho que é uma política menos rigorosa em comparação com a anterior”, afirmou o director dos SSM. O médico e chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença Lam Chong acrescentou ainda uma excepção à possibilidade de fazer três dias de quarentena em casa. “Caso a residência não reúna as condições, os indivíduos podem escolher um hotel destinado às pessoas com o código vermelho”, dando como exemplo os “dormitórios de vida colectiva”, onde frequentemente residem trabalhadores não-residentes. As autoridades admitiram que a situação ideal é a pessoa cumprir os três dias de quarentena sozinho em casa. Porém, caso não seja possível, é exigido que não coabite com mais de cinco pessoas, mantendo sempre que possível distanciamento social de um metro para as restantes pessoas. As autoridades recomendam ainda que durante os três dias, a pessoa fique isolada num quarto, de preferência bem ventilado. Os SSM indicaram ainda que quem partilha casa com uma pessoa em quarentena domiciliária “não deve tomar refeições presencialmente” em restaurante, participar em festas, nem usar transportes públicos ou de transporte de trabalhadores. Além disso, deve informar “os responsáveis do local de trabalho, por iniciativa própria” de que coabita com uma pessoa com código vermelho, usar máscara durante o trabalho e tomar refeições sozinho. Testes mil Como é natural, esta medida apenas pode ser concretizada por quem reside em Macau, e consiga “ficar isolado num quarto individual”, algo impossível para um turista. Na prática, quem chegar a Macau, desde o último sábado, para fazer férias, fica obrigado a cumprir mais um dia de quarentena em relação ao que acontecia anteriormente. Ainda assim, a representante da Direcção do Turismo, Lam Tong Hou, afirmou que “as medidas menos rigorosas podem atrair mais turistas”. Para fazer quarentena em casa, é essencial que testar negativo à covid-19 na primeira parte do isolamento nos quatro dias seguintes à entrada no hotel. Após a recolha da amostra no quinto dia, as pessoas podem voltar às suas casas e ao longo dos três dias são obrigadas a fazer mais três testes de ácido nucleico e outros três testes rápidos submetidos na plataforma do código de saúde. Para aplicar esta medida, as autoridades de saúde aumentarem os postos de teste de ácido nucleico com “via exclusiva para o código vermelho” de dois para 14 postos.
Nunu Wu Manchete PolíticaPedidos de subsídio de desemprego subiram 87 por cento O presidente do Fundo de Segurança Social, Iong Kong Io, defendeu a decisão de não injectar dinheiro nas contas individuais dos contribuintes, por considerar que o Governo tem disponibilizado vários apoios para fazer face ao impacto da pandemia Nos primeiros dez meses do ano, o número de pedidos para receber subsídio de desemprego registou um aumento de 87 por cento, face ao mesmo período do ano passado. A informação foi revelada pelo presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social (FSS), Iong Kong Io. Em declarações ao programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, ao abordar as políticas das Linhas de Acção Governativa de 2022, nas áreas social e da cultura, o presidente do Conselho de Administração do FSS reconheceu que a situação de desemprego levou a que surgissem mais pedidos, com o crescimento a ser de 87 por cento. “Cerca de 8.000 dos requerentes receberam o subsídio de desemprego. O montante total dos subsídios atribuídos foi de 84 milhões de patacas, apresentando um aumento anual de 90 por cento”, revelou Iong Kong Io. Este número contrasta com o montante total para o ano anterior, 2021, em que tinham sido distribuídos 44,19 milhões patacas em subsídios de desemprego. Face ao crescimento do número de requisições, o presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social garantiu que a instituição vai acelerar os processos de atribuição e de aprovação dos novos pedidos. Actualmente, quem estiver desempregado pode pedir um apoio de 150 patacas por dia, num montante que pode chegar a 13.500 patacas. Atingida essa quantia, que representa 90 dias de apoio, os beneficiários só podem voltar a receber subsídio no ano seguinte. Processo facilitado Por outro lado, Iong Kong Io considera que o processo de pedido de subsídio de desemprego está cada vez mais facilitado. Segundo o responsável, as pessoas que se registarem como desempregadas na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais podem logo pedir o apoio. Durante o programa, houve ouvintes a criticar o Governo por voltar, em 2023, a não injectar sete mil patacas nas contas individuais do Fundo de Previdência Central. Esta tem sido a realidade desde que o orçamento se tornou, nos últimos anos, deficitário, excluindo a utilização do montante da reserva financeira. Face às críticas, Iong Kong Io argumentou que o Executivo disponibilizou outros apoios para a população. “Se calhar alguns residentes sentem-se desapontados porque o Governo não contribui para as contas do Fundo de Previdência Central há anos. Mas, para aliviar o impacto económico e social que a pandemia causou em Macau, nos últimos três anos tem sido gasto um valor imenso da reserva financeira, a pensar no bem-estar da população, como mostram as medidas de apoio mais recentes”, argumentou. Nos últimos anos, ao mesmo tempo que impôs restrições de entrada que tornam quase impossível a entrada de turistas vindos do estrangeiro, e que o Governo Central limitou a entrada de turistas do Interior no território, o Governo de Ho Iat Seng lançou apoios para a população, como subsídios de incentivo ao consumo ou a distribuição de subsídios para complementar rendimentos individuais e colectivos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaLei da Habitação Intermédia enviada para a Assembleia Legislativa O Conselho Executivo apresentou na sexta-feira a lei que vai servir de base para construir habitação para a classe sanduíche, ou seja, para aqueles com rendimentos demasiado elevados para comprar habitação económica, mas insuficiente para adquirir uma casa no mercado privado Uma habitação mais virada para o investimento e para os jovens. Foi desta forma que Arnaldo Santos, presidente do Instituto de Habitação (IH), apresentou o regime de habitação intermédia, o novo tipo de habitação pública para vender à classe média. O diploma foi apresentado pelo Conselho Executivo na sexta-feira e vai agora entrar na Assembleia Legislativa para ser aprovado pelos deputados. De acordo com alguns aspectos da proposta, este tipo de habitação está mais orientado para a população jovem e tem um carácter mais focado no investimento, em comparação com a habitação económica, podendo ser vendida ao fim de 16 anos. Até 2023, o Governo prevê a necessidade de construir entre sete mil e dez mil casas de habitação intermédia, também conhecida como habitação sanduíche. “Quando fizemos o estudo sobre a habitação, prevemos que, no futuro, até 2023, precisamos entre sete a dez mil fracções de habitação intermédia”, indicou o presidente do Instituto de Habitação, citado pela agência Lusa. Além da habitação intermédia, o Governo é actualmente responsável pela construção de habitações sociais, que apenas podem ser arrendadas, habitação económica, para vender às classes mais desfavorecidas e habitações para idosos. Problemas antigos Além de Arnaldo Santos, participou na apresentação da proposta, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça e porta-voz do Executivo, que apontou que com mais este tipo de habitação se espera resolver um problema crónico da população local. Segundo André Cheong, a proposta vai “apoiar os residentes de Macau na resolução dos seus problemas habitacionais mediante a criação de um novo meio de aquisição de imóveis entre as habitações económicas e as privadas”. Este tipo de habitação passa a ser “exclusivamente” a habitação própria. As inscrições vão estar disponíveis para residentes com 18 anos, quando estes se candidatam com o agregado familiar. No caso de a candidatura ser individual, o candidato tem de ter cumprido mais de 23 anos, e não pode ter sido proprietário de imóveis em Macau nos últimos 10 anos. A proposta prevê ainda a criação de um fundo para os prédios de habitação económica, para fazer as reparações necessárias nas partes comuns. Sobre a prestação de informações falsas para aquisição deste tipo de habitação, o secretário referiu que “a prestação de falsas declarações é punida nos termos da lei penal e os contratos celebrados são nulos”. No caso de as habitações serem utilizadas para outro fim que não a habitação, as multas aplicadas atingem o valor de 20 por cento do valor da compra. Os compradores ficam também obrigados a habitar 183 dias as fracções adquiridas ao abrigo deste regime.