João Luz Manchete PolíticaHong Kong | Deputados dizem que Macau pode ser referência Uma delegação do grupo G19 de deputados de Hong Kong reuniu este fim-de-semana com Ho Iat Seng, naquela que foi a primeira visita do grupo de legisladores. Os deputados da região vizinha realçaram os excelentes resultados de Macau “em segurança nacional e integração no desenvolvimento nacional” e apontaram a RAEM como referência a seguir Uma comitiva de deputados de Hong Kong do grupo G19 visitou a RAEM onde reuniu com Ho Iat Seng no sábado. Segundo avançou o Gabinete de Comunicação Social (GCS), o coordenador do grupo de deputados do Conselho Legislativo (LegCo), Tony Tse Wai-chuen, enalteceu a estabilidade social e a prosperidade económica de Macau e afirmou que Macau foi a escolha óbvia para a primeira visita do G19. Tony Tse Wai-chuen congratulou o Chefe do Executivo da RAEM pelo “excelente resultado em termos de segurança nacional e integração no desenvolvimento nacional, podendo Hong Kong ter a experiência de Macau como referência em vários aspectos”. O grupo G19 é uma plataforma de cooperação formada pelos 18 deputados da 7.ª Assembleia Legislativa de Hong Kong, cujos membros incluem nove deputados de círculo eleitoral funcional e nove deputados de círculo eleitoral da Comissão de Eleição. Na página oficial de internet do G19, o grupo descreve-se como um conjunto de deputados independentes, profissionais e responsáveis que partilham a filosofia amar a pátria e Hong Kong. Apanhar o comboio O coordenador de deputados da região vizinha mostrou-se esperançado de que a visita a Macau “possa aprofundar o conhecimento recíproco e a cooperação entre as duas regiões, promover em conjunto o desenvolvimento de alta qualidade das duas regiões e a Grande Baía, integrando-se no desenvolvimento nacional”. Durante o encontro foram também trocadas opiniões sobre assuntos como a construção da Zona de Cooperação Aprofundada, o desenvolvimento dos sectores, a política de “habitação dividida em cinco classes”, a simplificação dos transportes transfronteiriços, bem como matérias relacionadas com recursos humanos. Já Ho Iat Seng fez a habitual apresentação da situação política e das prioridades do Governo da RAEM, mencionando a estratégia de diversificação 1+4, focado nas indústrias big health, finanças modernas, tecnologias de ponta e convenções, exposições e comércio, cultura e desporto, e a construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. O Chefe do Executivo da REAM afirmou ainda que Hong Kong e Macau, enquanto “cidades irmãs, podem intensificar a comunicação e cooperação em muitos aspectos, incluindo a promoção de viagens de ligação entre Hong Kong e Macau face ao mercado da Grande Baía”, além de “organizar em conjunto eventos desportivos ou de entretenimento, bem como exposições e convenções”. Ho Iat Seng estendeu os pontos de possível cooperação às áreas da tecnologia inovadora, ensino superior e formação dos jovens.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteFrancisco José Viegas, editor do romance “O Jogo das Escondidas”, de Fernando Sobral: “Chegar a Macau é como ver um filme” Pouco tempo antes de falecer, vítima de doença prolongada, Fernando Sobral, cronista e autor, organizou todos os fascículos da história publicada no HM, que deram origem ao romance “O Jogo das Escondidas”. O livro foi lançado esta terça-feira na Feira do Livro de Lisboa, num evento que recordou o autor de tantas outras obras que traçam o exotismo de Macau. Conversámos com Francisco José Viegas, editor da obra lançada pela Quetzal Fernando Sobral faleceu antes do lançamento deste livro. Como foi transformar todos os fascículos publicados no jornal num romance coeso? Foi muito simples. A Cristina [esposa de Fernando Sobral] entregou-nos o original preparado pelo próprio Fernando. O que publicámos foi a última revisão feita por ele. Para nós foi um trabalho emotivo, porque sabíamos que ele tinha feito a preparação mesmo no final [da sua vida] e que era o último texto que tinha deixado. A edição dos outros livros do Fernando, publicados ainda em vida do autor, foi também um processo muito simples, como é o caso do “L. Ville” e “Ela Cantava Fados” [editados pela Quetzal]. Ele entregava sempre as coisas muito estruturadas e havia sempre pouco a fazer além do que ele já deixava feito. Esse era muito o estilo do Fernando. Lembro-me quando trabalhávamos em jornais e revistas, e eu trabalhei com ele em televisão, e aí o ritmo era um bocadinho alucinante. Se às dez da manhã tínhamos de ter algo pronto, às 9h50 o Fernando tinha tudo pronto. Era super profissional. “O Jogo das Escondidas” é mais uma história sobre Macau antigo, sobre a fantasia que o território acarreta em si e que segue um pouco a linha das obras anteriores do mesmo autor. Segue o padrão daquilo que o Fernando encontrou em Macau. Lembro-me da primeira vez que fui a Macau imaginei um filme. Não sei que filme era, mas era sem dúvida o cenário para um filme. O Fernando fez mais, não só fez o filme na cabeça dele, com todos aqueles personagens, como fez um retrato de época. Ele sabia quando tinha sido a época de ouro de Macau. Mas há aqui um pormenor especial, que é o facto de ele ter escolhido Macau. Na nossa literatura ultramarina, Macau tem muito pouca presença, há poucos autores macaenses, e o Fernando escolheu o território como cenário como tema da sua obra. Macau foi uma descoberta pessoal e isso teve um impacto brutal na maneira como ele passou a ver o mundo e a ver-se a si próprio. Isso foi decisivo. Estes livros podem não dar a ideia de que ele está muito investido neles, mas para quem o conhecia, sabe que ele investia muito [nas obras que escrevia]. Esta história passa-se nos anos 20, o período posterior à implementação da República, tanto em Portugal como na China. O livro arranca ainda com a questão histórica da possível venda de Macau… Curiosamente não é um tema muito abordado, mas isso foi falado e conversado, e até Eça de Queirós tinha defendido a venda das então colónias. Mas tem muito a ver com a indiferença portuguesa em relação a Macau, uma certa apatia. A Quetzal vai publicar agora o livro do Conde Arnoso, “Jornadas pelo Mundo”, que é sobre a viagem que ele faz de Lisboa a Pequim, integrado na comitiva da embaixada de Tomás Rosa, que assina, em Pequim, o tratado que reconhece a ocupação portuguesa de Macau [Tratado de Amizade e Comércio entre Portugal e a China, assinado em 1887]. O Conde Arnoso, um diplomata, mas, sobretudo, um homem de poder, olha para Macau e percebe que está ali um dos últimos lugares portugueses. É engraçado ver que, muitos anos depois, o Fernando [Sobral], sem ter lido a obra do Conde Arnoso, acaba por descobrir também esse lado. Um dia disse-lhe algo, que tem a ver com a minha peregrinação por Macau: “Parece que estás, num domingo à tarde, na Taipa velha”, a passear nas ruas, a ver os velhos a jogar. Acho que o Fernando, se ele permanecesse no seu lugar, que era vivo, de certeza que iria escrever mais livros sobre Macau. Com “O Jogo das Escondidas”, qual a percepção que o leitor pode ter de Macau? Os cenários, o aroma, o modo de vida dos perdidos. Os perdidos são aqueles que iam para Macau, e ainda hoje vão, e que ficam lá para sempre, mas que estão perdidos. A diferença é que não fumam ópio e não frequentam as casas de meninas como as da altura, mas Macau é, de facto, um lugar de perdição, com os velhos que vão ficar ali, como testemunhas do tempo. O Fernando tinha uma leitura de Macau que não era apenas romanesca. Eu tentei escrever sobre Macau… E vai sair esse livro? Vai. A primeira vez que tentei escrever sobre Macau acabei por escrever sobre Pequim, “A Luz do Pequim” [lançado em 2019]. Mas eu tenho uma visão actual [sobre o território], e o Fernando tinha uma visão mais completa, porque leu bastante sobre a história e economia do território e sabia situar Macau no contexto da Ásia e da China, e isso foi muito importante, dando-lhe um valor acrescentado. Lemos o livro e parece que estamos a folhear páginas de história. Isso é muito importante para o leitor que sabe muito pouco de Macau e que nem sabe o que são as Portas do Cerco ou quem era o Ferreira do Amaral. Este livro tem também um lado peculiar por ser o resultado da publicação de uma história em fascículos, nos jornais, algo comum na literatura e imprensa em finais do século XIX, inícios do século XX. Publiquei dois romances em folhetim. O facto de o Fernando ter optado por esse modelo é muito significativo, porque é uma espécie de lado artesanal do romance. É o romance por entregas, como se chamava, e isso fez do livro um artefacto muito interessante. Na feitura de um romance em fascículos, o processo de escrita é diferente? É muito mais “à Fernando”, que tem um prazo. Ele trabalhava mediante prazos. O romance com um deadline é nitidamente uma ideia “Fernando Sobral”, faz parte da sua natureza. O facto de ter de cumprir prazos permitia estruturar não o pensamento, mas a história, desenhá-la. Isso tem muitas vantagens. No seu caso também sentiu esse lado bom do deadline? Senti isso como algo bom. Tinha de entregar os fascículos até quarta-feira à tarde, mas não era só isso, mas sim a ideia de que um capítulo tinha de suceder a outro capítulo. Não podíamos estar com brincadeiras, fazer 40 páginas. Há uma geometria, é um romance artesanal, e isso é muito comovente. É uma coisa que já não se faz. Sobretudo numa altura em que o digital está tão presente na literatura, com os áudiolivros ou leituras no Kindle. Este livro não poderia ser escrito pelo Chat GPT, porque tem uma intervenção muito pessoal, os personagens fazem coisas muito inesperadas, dizem coisas inesperadas. Tem, sobretudo, uma coisa que é fundamental num romance, que são os passados inesperados. Isso foi algo que o Fernando aprendeu na sua vida por causa das suas origens, no centro operário do Barreiro, o não nascer num meio elitista, intelectual. Isso fê-lo ter de lutar pelas coisas que lhe interessavam, as coisas que são. Quando poderá sair o seu livro sobre Macau? Está no bom caminho, não se vai desviar outra vez? Não, porque já tenho quase marcada a viagem a Macau para o terminar. Onde é o crime, onde aparece uma parte do corpo, que é no café Caravela. É, portanto, um policial. Mas o café Caravela já fechou. O crime foi cometido antes disso (risos). Não sabia que tinha fechado, mas outro dia pus-me a pensar nisso, olhando para o argumento, pensando se não teria fechado com a pandemia. Mas aquele restaurante, do português, em Hac-Sá [O Fernando], está aberto? Esse sim. Mas quando for a Macau, por onde vai andar para concluir a sua história? Sempre no centro de Macau. O Hotel Lisboa e a Taipa velha. São os cenários que mais me inspiram. Chegar a Macau é sempre ver um filme. Não me fascina muito a Macau nova, o Cotai, os casinos. Fascina-me a Macau dos anos 50, 60. Até Zhuhai me fascina (risos). Um dia fui lá só para ir a uma livraria.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Receitas sobem em Maio pelo terceiro mês consecutivo Os casinos de Macau acumularam no mês passado receitas brutas de quase 15,6 mil milhões de patacas, ultrapassando os resultados de Abril, quando as receitas brutas atingiram 14,7 milhões de patacas. Este foi o terceiro mês seguido de subida de receitas e o melhor desde Janeiro de 2020 Maio voltou a ser maduro. Segundos dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos de Macau fecharam o mês de Maio com receitas brutas de 15,565 mil milhões de patacas, mais 5,7 por cento do resultado de Abril, quando as receitas se fixaram em 14,722 mil milhões de patacas. Este foi o terceiro mês consecutivo de resultados crescentes, desde Fevereiro. Em termos anuais, no mês passado as receitas brutas dos casinos subiram 365,9 por cento face aos resultados de Maio de 2022, que totalizaram apenas 3,34 mil milhões de patacas. As receitas brutas amealhadas no mês passado representaram o melhor resultado mensal desde Janeiro de 2020, antes do início da pandemia, quando as receitas brutas se fixaram em 22,13 mil milhões de patacas. Um importante contributo para os resultados do mês passado foram os primeiros três dias de cinco dias feriados da semana dourada do Dia do Trabalhador. Floresta e as árvores Numa perspectiva acumulada, entre 1 de Janeiro e 31 de Maio, os casinos do território facturaram 64,93 mil milhões de patacas, resultado que representa um aumento de 172,9 por cento face aos primeiros cinco meses de 2022, de acordo com os dados divulgados pela DICJ. Tudo somado, nos primeiros cinco meses de 2023 as receitas brutas aumentaram 22,73 mil milhões de patacas face a todo o ano de 2022, quando totalizaram 42,2 mil milhões de patacas (menos 51,4 por cento em relação a 2021). Apesar do resultado positivo verificado no mês passado, as receitas brutas dos casinos ainda ficaram aquém de Maio de 2019 (menos 40 por cento), antes mês correspondente antes da pandemia, quando os resultados foram de 25,95 mil milhões de patacas. Em termos acumulados, nos primeiros cinco meses de 2019 os casinos de Macau facturaram quase o dobro face ao mesmo período de 2023, quando atingiram quase 125,7 mil milhões de patacas, valor que contrasta com os 64,9 mil milhões de patacas dos últimos dados divulgados pela DICJ. Importa recordar que as concessionárias acumularam desde 2020 prejuízos sem precedentes e que cerca de 80 por cento das receitas fiscais provinham dos impostos sobre o jogo.
João Luz Manchete SociedadeTabagismo | Macau ultrapassa meta de redução da OMS O Governo marcou o Dia Mundial Sem Tabaco com um simpósio onde Alvis Lo enalteceu os resultados do combate ao tabagismo. Numa década, o número de fumadores diminuiu 36,1 por cento, ultrapassando em 2022 a meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde. Porém, o Governo está preocupado com o aumento do consumo de cigarros electrónicos Em 2011, os fumadores representavam 16,6 por cento da população de Macau, percentagem que caiu até ao fim de 2022 para 10,6 por cento, passando de 79.400 para 59.700 fumadores entre os dois períodos. A redução de mais de 20 mil fumadores ao longo de uma década foi uma das mais flagrantes revelações do “Inquérito sobre o consumo do tabaco pela população de Macau 2022”, e representou uma redução da taxa de consumo de tabaco de 36,1 por cento. Estes números foram sublinhados na quarta-feira pelo director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, no colóquio sobre o controlo do tabagismo que marcou o Dia Mundial Sem Tabaco. A redução do consumo de cigarros registada em Macau superou a meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde, que apontara para uma diminuição de 30 por cento até 2025. Dirigindo-se a uma plateia composta por dirigentes de várias associações, organismos públicos e instituições ligadas ao sector da saúde e juventude, Alvis Lo vincou o compromisso do Governo no controlo do tabagismo, através de uma estratégia de multidisciplinar, com políticas de controlo e legislação, assim como acções de sensibilização sobre os malefícios do tabaco. Numa sessão aberta à participação das várias instituições participantes, Kong Pan, do Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, pediu sugestões sobre a forma para controlar o consumo de tabaco por transeuntes, ou seja, como impedir que quem anda pelas ruas de Macau o faça com um cigarro aceso. A fava do bolo Apesar dos números que dão azo a optimismo quanto à redução do fumo de tabaco convencional, Alvis Lo não passou ao lado do aumento de popularidade dos cigarros electrónicos, em particular entre os mais jovens. Um estudo conduzido pelas autoridades de saúde revelou que em 2021 a taxa de consumo de cigarros electrónicos entre jovens com idades compreendidas entre 13 e 15 anos aumentara de 2,6 por cento em 2015 para 4 por cento em 2021. O director dos SS expressou preocupação face à tendência crescente deste tipo de consumo entre menores de idade, que é significativamente superior ao consumo de cigarros convencionais. Estes dados foram tidos em consideração pelo Governo para um plano de acção que culminou com a entrada em vigor no início de Dezembro do ano passado da lei que proibiu a produção, distribuição, venda e importação de cigarros electrónicos. Em comunicado, as autoridades de saúde sublinham que todos os centros de saúde do território providenciam serviços de apoio a quem quer deixar de fumar, com consultas médicas, e que existe uma linha de apoio, 2848 1238, para quem precisar de ajuda para dar o primeiro passo.
Hoje Macau Manchete PolíticaDireitos humanos | Macau deve criar instituição independente O Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres pede que as autoridades criem um organismo independente para defesa dos direitos humanos, lembrando a questão dos direitos das mulheres A Organização das Nações Unidas (ONU), nomeadamente o Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, defendeu que o Governo deve criar “dentro de um prazo definido, uma instituição independente de [defesa dos] direitos humanos, com um forte mandato”. Nas observações finais emitidas na terça-feira, o comité disse ver “com preocupação” a ausência de uma instituição que possa também “promover e proteger os direitos humanos das mulheres”. O documento critica ainda “o elevado número de denúncias de vítimas” de violência de género contra as mulheres que foram indeferidas pela Provedoria de Justiça, que faz parte do Comissariado Contra a Corrupção, “por falta de provas”. Em resposta, num comunicado divulgado ontem, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) prometeu “aperfeiçoar constantemente o regime jurídico, no sentido de combater rigorosamente” a violência de género. Casas para todas O comité da ONU apelou ainda a Macau para “assegurar um número suficiente de lares adequadamente financiados para mulheres vítimas de violência de género, incluindo violência doméstica”, acrescentando que o número actual de lares é reduzido. A DSAJ rejeitou a crítica e disse que os lares de acolhimento para mulheres “têm satisfeito as necessidades”. Nos últimos dois anos, o número de pessoas acolhidas representa “apenas 60 a 70 por cento” da capacidade dos lares de acolhimento, sublinhou. Desde a entrada em vigor da lei de prevenção e combate à violência doméstica, em Maio de 2016, os casos de violência doméstica aumentaram de 2.278 casos em 2017 para 2.666 em 2022, disse, em Abril, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong. As observações do comité da ONU foram emitidas após uma reunião, realizada a 12 de Maio, em que foi apreciado e discutido um relatório enviado pelo Governo de Macau e uma opinião submetida pela Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM). Foi ainda pedido, da parte da ONU, um “reforço na divulgação de informações respeitantes aos casos de violência doméstica, incluindo os dados das sentenças”, bem como “as informações sobre as medidas de protecção e de apoio” às mulheres, tendo o Governo respondido que todos os anos divulga um relatório sobre a situação da execução da lei de prevenção e combate à violência doméstica, “onde se incluem o tratamento e a análise sobre a situação dos casos de violência doméstica em Macau, bem como a situação alusiva aos trabalhos a realizar pelas respectivas entidades executoras no âmbito de apoio às vítimas de violência doméstica”. A DSAJ deixou ainda a promessa de “continuar a promover as diversas medidas para garantir os direitos e interesses das mulheres”, além de se empenhar “em eliminar todas as formas de discriminação e promovendo o desenvolvimento das carreiras das mulheres”.
João Luz Manchete PolíticaReserva Financeira | Ella Lei pede avaliação e supervisão a investimentos Ella Lei quer que os investimentos e resultados da Reserva Financeira da RAEM sejam alvo de maior escrutínio e supervisão do Governo. A deputada pede também uma avaliação apertada aos desempenhos de consultores de investimentos e instituições financeiras gestoras Apesar de a Reserva Financeira da RAEM ter voltado ao terreno positivo no final do primeiro trimestre do ano, o fecho de 2022 deixou a deputada Ella Lei preocupada, motivando-a a interpelar o Governo para apertar a supervisão dos investimentos feitos com capital da reserva, assim com os desempenhos de consultores de investimento e das instituições depositárias que gerem esses investimentos. A legisladora, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), começa por contextualizar o tema referindo que “os rendimentos dos investimentos da reserva financeira registaram uma perda de 20,7 mil milhões de patacas em 2022, apresentando 3,4 por cento negativo de retorno sobre investimento”. “Dado que a economia global e a evolução dos mercados ainda enfrentam vários factores de instabilidade, os residentes estão atentos ao planeamento de investimento público e à gestão da Reserva Financeira da RAEM”, refere a deputada. Face a este cenário, Ella Lei pergunta “como vai o Governo reforçar a supervisão da gestão da reserva financeira e o desempenho dos seus investimentos? Que medidas o Governo aplicou para melhorar os resultados?” Ella Lei recordou que a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa declarou que, como é impossível os investimentos só ganharem nos mercados financeiros, que o desempenho da aplicação do portfolio deveria ser avaliado, de forma científica, estabelecendo, inclusive, uma previsão mínima de retorno. Neste sentido, a deputada perguntou qual o retorno real dos últimos cinco anos dos investimentos da reserva financeira face ao retorno mínimo previsto. Finalmente, nesta matéria, a legisladora da bancada da FAOM pediu ao Governo que reveja os métodos de avaliação, de forma científica e objectiva, dos desempenhos dos consultores de investimento e das instituições depositárias que gerem a reserva financeira. Fundos e retornos Recorde-se que a reserva financeira ganhou perto de oito mil milhões de patacas em Março, voltando a terreno positivo após uma queda em Fevereiro. A reserva financeira da RAEM cifrou-se em 569,7 mil milhões de patacas no final de Março, de acordo com a informação publicada no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau. Após uma queda de 4,5 mil milhões de patacas em Fevereiro, voltou a terreno positivo, acumulando uma subida de 10,5 mil milhões de patacas no primeiro trimestre de 2023. Além da reserva financeira, Ella Lei demonstrou ainda preocupação com os resultados do Fundo de Pensões e do Fundo de Segurança Social de Macau que também perderam 1,91 mil milhões de patacas e 7,63 mil milhões de patacas, respectivamente. “Uma vez que os recursos financeiros têm relação próxima com o desenvolvimento social e as garantias da população, a sociedade presta elevada atenção aos investimentos públicos e o seu retorno, bem como à análise das decisões do Governo e ao mecanismo de supervisão e o controlo de risco,” lê-se na interpelação de Ella Lei.
João Luz Eventos Manchete10 de Junho | Cartaz de comemorações marca regresso à normalidade As comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal voltam em todo o fulgor, com duas dezenas de actividades. Cinema, exposições, música, e a introdução de um roteiro gastronómico e de seminários dedicados à ciência e economia vão marcar a agenda do território. O concerto de André Sardet no dia 17 de Junho será um dos pontos altos Virada a página no capítulo de paralisia a que a covid-19 votou Macau, as comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas regressam com um mês recheado de actividades culturais, alargadas aos domínios económicos e do saber científico. Naquele que será o primeiro Junho, Mês de Portugal, de Alexandre Leitão enquanto Cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, as festividades recuperam a normalidade e voltam a rechear o mês com actividades até ao dia 26 de Junho, entre ciclos de cinema, seminários e conferências, exposições, música e um roteiro gastronómico. O ponto mais alto do cartaz é o concerto do músico português André Sardet, marcado para o dia 17 de Junho, a partir das 20h, no pavilhão do Grand Lisboa Palace. O reportório do espectáculo celebra 25 anos de carreira do cantor. Os eventos comemorativos já começaram, com alguns eventos organizados pela Casa de Portugal em Macau, e que se vão prolongar ao longo deste mês. Assim sendo, está patente até ao dia 18 de Junho na Casa de Vidro do Tap Seac a exposição de pintura “Fragmentos do Mar”, de Ana Pessanha. A mostra reúne um conjunto de obras inspiradas em momentos vividos no mar, em particular nas paisagens de praias de lugares como Porto Santo, Caparica, Troia, Comporta e os mares do Sul da China. Ana Pessanha irá ainda conduzir um workshop hoje e nos dias 7 e 9 de Junho sobre “Técnicas de Arte e Pintura de Amadeo de Sousa Cardoso”, também na Casa de Vidro do Tap Seac. Aos participantes será proporcionada a aprendizagem de técnicas mistas de pitura, impressão, desenho e colagem. Ainda no capítulo da pintura, destaque para a inauguração da exposição, “Sem Título”, de Joaquim Franco, amanhã às 18h30 na Casa Garden. A mostra, que estará patente até 2 de Julho, entre as 10h e as 19h, reúne uma série de pinturas, gravuras e monotipias que ilustram “as emoções do artista”, sugerindo ao visitante a interacção que germine “uma visão pessoal e independente”, é apontado no cartaz das festividades. Outra mostra que remete para a reflexão, ou autocontemplação, é a “Exposição de Fotografias: Um Património Valorizado”, que estará patente na Escola Portuguesa de Macau, entre a próxima segunda-feira e o dia 30 de Junho. A exposição, que pode ser visitada de segunda à sexta-feira, das 18h às 20h, organizada pelo Instituto Internacional de Macau e é composta por fotografias submetidas ao concurso “A Macau que eu mais amo”. Nunca antes navegados Uma das novidades do cartaz de comemorações deste ano é a ponte estabelecida entre os eventos de cariz cultural e seminários que aliam ciência, tecnologia, economia e comércio. “Fico muito contente por este ano termos a novidade dos seminários nas áreas científica e económica. São iniciativas pertinentes. Não me parece que haja nada de errado em associar a cultura e o associativismo à economia, à ciência, à inovação”, referiu ontem Alexandre Leitão na conferência de imprensa que apresentou o “menu” das festividades. O diplomata acrescentou que este tipo de eventos encaixa na perfeição nas narrativas políticas de Macau enquanto plataforma de ligação aos países lusófonos e à Grande Baía. Porém, para tal é necessário “passar das palavras aos actos” e valorizar as dimensões culturais, identitárias, patrimoniais e económicas através da “intensificação das relações económicas e do trabalho e parcerias científicas entre a região e os países de língua portuguesa”. Assim sendo, no sábado às 15, o Salão Lótus do 1.º andar do Restaurante Plaza irá ser palco do seminário “Oportunidades de Comércio, Turismo e Investimento em Portugal”, organizado pelo Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades Portuguesas. Nos dias 8 e 9 de Junho, o Fórum Macau irá acolher o Simpósio sobre a Cooperação Científica entre Portugal e Macau, organizado pela Associação em Macau para a Cooperação Científica entre China e os Países de Língua Portuguesa (ASCMAC), que junta investigadores de todas as universidades e outras instituições de ensino e de investigação de Macau. David Gonçalves destacou que a participação de representantes da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico de Macau, “mostra a ligação óbvia entre ciência, desenvolvimento científico e a economia”. O académico da Universidade de São José destacou a relevância da ciência e tecnologia como trunfos para alavancar o desenvolvimento de Macau e Portugal. Clássicos lusos Como não poderia deixar de ser, o dia 10 de Junho será marcado pelas tradicionais actividades, que começam com a cerimónia do hastear da bandeira, entre as 09h e as 09h30 na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A cerimónia oficial contará, como também é tradição, com a participação do grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau e a Banda do Corpo da Polícia de Segurança Pública. Depois da bandeira hasteada, segue-se a tradicional romagem à Gruta de Camões, no Jardim Camões. Finalmente, a recepção à comunidade portuguesa terá lugar na Escola Portuguesa de Macau, devido às obras profundas a que está a ser submetida a residência consular. Também no dia 10, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, é organizado no Albergue SCM do seminário “Calçada Artística Portuguesa: Expansão pelo Mundo”, que terá Fernando Simões como orador principal. O evento, que irá decorrer entre as 14h30 e as 16h30, organizado pelo Círculo dos Amigos da Cultura de Macau (CAC), constitui um “reconhecimento da importância dos profissionais que constroem e mantém o chão que pisamos”, aponta a organização. Além de pavimento, a calçada portuguesa é um “factor de identidade, afectividade e de diferenciação histórica, artística e cultural nacional”. Mosaico artístico O Albergue SCM será ainda palco da exposição “Redesenhar em Azulejos”, da autoria de Adalberto Tenreiro, que estará patente ao público entre os 14 de Junho e 28 de Julho. Já na Galeria Amagao, no Artyzen Grand Lapa Macau, está patente entre 17 de Junho e 6 de Agosto, a “Exposição de Arte Contemporânea Portuguesa”, que conta com obras de autores tão diversos como Abílio Febra (que virá a Macau para dirigir um workshop de escultura), Gil Maia, Isabel Laginhas, José Luís Tinoco, Maria Leal da Costa e Victor Hugo Marreiros. No dia 21 de Junho, às 18h30, é inaugurada na Casa de Vidro do Tap Seac a mostra de cerâmica moderna “Extractos”, da autoria de Elisa Vilaça e os seus alunos das Oficinas da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal de Macau. A mostra estará patente até ao dia 5 de Julho. A Casa de Portugal de Macau organiza ainda a exposição de pintura em porcelana e caligrafia chinesa “Diálogos”, que conjuga, como o título do evento sugere, duas linguagens e expressões artísticas em confluência. A mostra estará patente no Centro de Cultura e Artes Performativas do Cardeal Newman até 27 de Junho. Outro dos grandes destaques do cartaz deste ano, é o ciclo de cinema de curtas-metragens “NY Portuguese Short Film Festival e Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa, que terá lugar na Casa Garden nos dias 23 e 24 de Junho, a partir das 17h30. Ainda no capítulo da sétima arte, nos dias 6, 13, 15, 19, 22, 27 e 30 de Junho é apresentado o ciclo de documentários “100 anos” dedicado às vidas de vários escritores portugueses. Além da exibição de documentários sobre as vidas de Eugénio de Andrade, Agustina Bessa-Luís, Eduardo Lourenço, Mário Cesariny, Natália Correia e Henrique de Senna Fernandes, o IPOR irá lançar sessões de discussão sobre cada um dos autores. Finalmente, uma das actividades que se estreia este ano nas comemorações do 10 de Junho é um roteiro gastronómico, “Comer e Beber à Portuguesa”, que conta com a participação de 11 restaurantes. “Penso que foi possível criar um programa que envolve todas as gerações, do pré-escolar aos mais idosos, e o maior número possível de sectores”, concluiu o cônsul-geral de Portugal. Alexandre Leitão fez questão ainda de vincar a importância de Macau para Portugal e importância de assinalar o 10 de Junho no território. “Macau continua a estar no mapa do interesse português, de uma forma muito relevante”, evidência comprovada pela vinda a Macau no Dia de Portugal do Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros André Moz Caldas. “O facto de vir a Macau e de não haver mais nenhum membro do Governo português na região diz muito da atenção que é prestada em Lisboa a esta região”, concluiu Alexandre Leitão.
João Luz Manchete SociedadeMalásia | Cúmplice de Jho Low morre semanas após falar à polícia No dia seguinte à notícia do repatriamento do alegado cúmplice de Jho Low para a Malásia, onde terá colaborado com as autoridades, é avançado que Kee Kok Thiam morreu na segunda-feira de acidente vascular cerebral. A família de Kee emitiu um comunicado a informar que o empresário foi ontem cremado “Apelamos a todos para que não alimentem quaisquer especulações sobre este infeliz acontecimento e dêem à família o espaço necessário para fazer o luto pelo seu falecimento.” Foi assim que a família de Kee Kok Thiam reagiu publicamente à morte do empresário que terá confirmado à Comissão Anti-Corrupção da Malásia ter-se encontrado em Macau com Jho Low. Recorde-se que Jho Low é um dos homens mais procurados do mundo devido a um dos mais avultados desfalques de fundos públicos no valor de 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos, através da companhia 1Malaysia Development Berhad (1MDB). No dia seguinte à notícia de que Kee Kok Thiam teria sido repatriado de Macau, por ter excesso de permanência no território, para a Malásia, onde foi ouvido pelas autoridades, foi ontem avançado por vários meios de comunicação social malaios e pela Al Jazeera o falecimento de Kee. A Al Jazeera adiantou que Kee Kok Thiam faleceu na passada segunda-feira num hospital, vítima de um “repentino e fulminante acidente vascular cerebral”, e foi cremado ontem de manhã, segundo um comunicado emitido pela família do empresário. Sem protecção Após ter falado com a Comissão Anti-Corrupção da Malásia, logo à chegada a Kuala Lumpur, Kee Kok Thiam foi libertado sem qualquer acusação, apesar de continuar sob suspeita das autoridades. Uma fonte da comissão anti-corrupção, em condição de anonimato, indicou à Al Jazeera que Kee Kok Thiam não ficou sob protecção policial depois de ser libertado, nem que terão havido negociações para acertar o tipo de informação que Kee estaria pronto para divulgar em troca de protecção. A Comissão Anti-Corrupção da Malásia alegou que Kee Kok Thiam terá sido avisado por Jho Low de que não devia regressar à Malásia enquanto testemunha do caso 1MDB. Jho Low | Governo “surpreendido e em choque” As autoridades locais dizem estar surpreendidas e em choque com as últimas declarações da Comissão Anti-Corrupção da Malásia, que crê que Jho Low, acusado de defraudar o Estado malaio, está escondido em Macau. “Caso seja verdade o que foi dito na reportagem, as autoridades da segurança não podem deixar de manifestar a sua surpresa e choque, já que em lugar de recorrer à cooperação policial internacional, ou ao auxílio judiciário internacional em matéria penal, para investigar e verificar a situação e pedir auxílio, o organismo de execução da lei divulgou, unilateralmente, notícias não confirmadas, contrariando as regras e as práticas no âmbito da cooperação policial internacional e de auxílio judiciário internacional em matéria penal”, lê-se numa nota do gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. O mesmo comunicado dá conta que a Polícia Judiciária “não pode, nos termos da lei, divulgar quaisquer informações, sendo essa uma perseverança de Macau, enquanto cidade internacional e enquanto sociedade de Estado de Direito”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Doença passa a ser encarada como normal Os números de casos covid-19 chegam às centenas por dia, mas as autoridades de saúde defendem agora que esta deve ser encarada como uma simples doença do foro respiratório, sem necessidade de medidas preventivas adicionais, bem diferente do período de confinamentos e restrições A variante não mudou, mas a covid-19 agora é encarada pelas autoridades de saúde como uma doença normal, sem necessidade de implementar mais restrições ou do regresso do código de saúde, apesar de Macau estar a registar centenas de novos casos de covid-19 por dia. Só esta segunda-feira foram registados 851 casos, mas já se atingiu a fasquia dos 957 casos diários. Números que outrora dariam origem a confinamentos e testes em massa são agora vistos pelas autoridades com normalidade. “As medidas de combate à epidemia são diferentes das adoptadas no passado. Com a evolução epidémica esperamos que os residentes possam tratar a covid-19 como uma doença respiratória comum, ou seja, os infectados podem consultar um médico caso seja necessário, deixando-o decidir se é ou não necessário pedir baixa. Além disso, as empresas e instituições podem decidir se os trabalhadores ficam ou não em casa”, adiantou Chang Tam Fei, chefe substituto da delegação do serviço de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que falou ontem à margem do programa matinal do canal chinês da Rádio Macau, o Ou Mun Tin Toi. Leong Iek Hou, médica e chefe da divisão de prevenção e controlo de doenças transmissíveis do Centro de Coordenação e de Contingência, frisou que o “período de pico das infecções vai ainda durar algum tempo”, pelo que será necessário avaliar “quando haverá uma tendência de queda” no número de casos. O uso de máscara fica, assim, ao critério de cada um. “A propagação [do vírus que causa a covid-19] é ainda alta, mas o risco de morte ou de doenças graves é baixo, sobretudo para quem já se vacinou e tomou a dose de reforço. Por isso o nosso objectivo, como em todo o mundo, na luta contra a pandemia foca-se na protecção individual de cada um, com a vacinação e o uso de máscara”, frisou a responsável. Camas para todos Devido ao elevado número de casos de covid-19 e de gripe, a afluência às urgências tem sido grande. Chang Tam Fei prometeu que será dada resposta ao aumento de doentes com a disponibilização de mais camas. “Prevemos que a epidemia continue por um longo período, nomeadamente durante o inverno deste ano, além dos casos de gripe sazonal e outras doenças respiratórias, pelo que, a fim de enfrentar o maior número de consultas e internamentos, vamos proporcionar mais camas e estamos atentos caso seja necessário transferir os doentes para outras áreas”, rematou. Relativamente à variante XBB da covid-19, Chang Tam Fei disse que estão ainda a ser analisadas novas vacinas, pelo que os Serviços de Saúde de Macau vão “acompanhar o progresso [das investigações] e o efeito dessas vacinas”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPatrimónio | Dois prédios vão nascer na zona antiga da península O Conselho do Planeamento Urbanístico aprovou ontem duas construções na avenida Almeida Ribeiro e no Pátio do Serralheiro. São projectos destinados a fins habitacionais e comerciais que cumprem a altura definida para protecção de património. A presidente do Instituto Cultural apelou à responsabilidade dos proprietários Em dois pequenos recantos da avenida Almeida Ribeiro e do Pátio do Serralheiro, dois locais situados na zona antiga da península, vão nascer novas construções para fins habitacionais e comerciais. As plantas de condições urbanísticas (PCU) foram ontem aprovadas pelo Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU). Relativamente ao Pátio do Serralheiro, trata-se de um pequeno terreno de propriedade privada onde a construção não poderá exceder os 20,5 metros de altura. A única opinião da população recebida pelo CPU “está de acordo com o projecto”, sendo que o Instituto Cultural (IC) “não tem muitas posições quanto a este lote”, disse o responsável do Governo que apresentou o projecto. Relativamente à avenida Almeida Ribeiro, a nova edificação terá fins comerciais e não deverá exceder os 20 metros, devendo preservar a linha de fachadas antigas já existentes no local. Leong Wai Man, presidente do IC, declarou que cabe aos proprietários o cuidado de preservação na hora de elaborar projectos de construção. “Pretendemos promover medidas que possibilitem aos proprietários revitalizar os edifícios nesta zona. Nas novas construções é sempre exigida uma articulação em termos de altura. Pretendemos que haja uma continuidade e uma paisagem harmoniosa em toda a zona e queremos que esta reconstrução seja feita segundo a fachada original.” Para a responsável, “os proprietários devem cumprir o seu dever e pedir plantas [PCU] antigas junto das autoridades, questionando se o seu plano é ou não possível de concretizar”. Ainda relativamente à preservação do património, foi aprovado um projecto de construção num terreno na avenida Dr. Stanley Ho, junto ao Tribunal Judicial de Base. Leong Wai Man disse esperar “uma coordenação da construção e da fachada com o património [adjacente], pois está perto da Igreja da Penha e da Ponte Nobre de Carvalho”. “Recomendamos que a construção não seja superior a 46,7 metros”, adiantou. Planos e consultas O CPU aprovou ainda cinco PCU sobre a zona A dos novos aterros, cujos projectos coincidem com o conteúdo do documento de consulta pública apresentado esta semana, relativo à Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Este – 2, na zona A dos Novos Aterros e zona leste da península. Desta forma, alguns membros do CPU questionaram como vai ser feita a coordenação entre a consulta pública e as plantas agora aprovadas. Kou Ngan Seng alertou para diferenças de valores e para a ausência de referência às infra-estruturas culturais que constam no documento de consulta, mas não na PCU. O responsável do Governo explicou que “o plano pormenor vai sofrer ajustamentos de acordo com as PCU aprovadas”, sendo que houve uma coordenação entre os vários documentos. Poderá haver ainda alterações no projecto. “Também retirámos referências do plano pormenor para a elaboração das PCU. O lote B5 vai ter um centro modal de transportes e será necessário mais espaço, com mais dois pisos, pelo que há maior exigência para a construção em pódio. As instalações culturais e municipais podem ser transferidas para os lotes de terreno adjacentes, para termos mais espaço para o centro modal de transportes”, referiu o representante do Executivo. Além disso, “no plano pormenor há canais para fazer a ligação entre os diferentes espaços [ruas subterrâneas], e, embora na PCU não haja essa referência, não quer dizer que essas ligações não venham a ser feitas”. O CPU aprovou também a planta de construção para um terreno no ZAPE, junto ao Hotel Casa Real, cujo edifício terá 52,5 metros e irá acolher os serviços de uma entidade pública. Destaque ainda para a aprovação de um projecto na avenida Wai Long, para fins habitacionais, tendo sido pedida maior ligação da futura população ali residente às zonas adjacentes, nomeadamente a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau e o centro da vila da Taipa. Leong Pou U, membro, alertou para a possibilidade de este lote de terreno se “tornar numa ilha isolada”, enquanto Christine Choi, também presidente da Associação dos Arquitectos de Macau, falou da importância dos acessos às zonas próximas a fim de “promover a circulação verde e uma relação dos residentes com o meio ambiente”. O representante do Governo adiantou que a actual PCU, em relação à de 2017, apresenta uma altura de construção inferior, sendo que o projecto inclui “mais zona de habitação para residentes com necessidades, casas de banho públicas, zonas verdes, pódios e uma central de autocarros”. Quanto aos acessos, haverá “uma passagem superior para o aeroporto, a estação do metro ligeiro e a MUST”, não existindo, para já, um plano para fazer a ligação com a zona antiga da Taipa.
Hoje Macau Manchete PolíticaReserva financeira | Arrecadado quase 8 mil milhões em Março A Reserva Financeira de Macau ganhou perto de oito mil milhões de patacas em Março, voltando a terreno positivo após uma queda de 4,5 mil milhões de patacas em Fevereiro O passado mês de Março marcou o regresso a resultados positivos da Reserva Financeira da RAEM, que ganhou quase oito mil milhões de patacas, cifrando-se em 569,7 mil milhões de patacas no final de Março, de acordo com a informação publicada ontem no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Após uma queda de 4,5 mil milhões de patacas em Fevereiro, a reserva financeira voltou a terreno positivo, acumulando uma subida de 10,5 mil milhões de patacas no primeiro trimestre de 2023. Apesar do melhor arranque de ano desde o início da pandemia, o valor da reserva financeira permanece longe do recorde de 669,7 mil milhões de patacas, atingido em Fevereiro de 2021. O valor da reserva extraordinária no final de Março era de 404,4 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para 2022, era de 152,1 mil milhões de patacas. A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 265,1 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 125 mil milhões de patacas e até 175 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. Feridas a sarar A reserva financeira tinha terminado 2022 com 559,2 mil milhões de patacas, o valor mais baixo desde Janeiro de 2019, justificado pela AMCM com “a crise geopolítica, o bloqueio de cadeia global de fornecimentos causado pela epidemia e a subida significativa das taxas de juros”. Mesmo no cenário de crise económica criada pela pandemia, a reserva financeira de Macau tinha crescido em 2020 e 2021, apesar de o Governo ter injectado mais de 90 mil milhões de patacas no orçamento. No ano passado, o Governo da RAEM voltou a transferir 68,2 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público, que incluiu dois planos de apoio pecuniário à população.
João Luz Manchete SociedadeCrime | Cúmplice de Jho Low deportado de Macau e interrogado na Malásia Um cúmplice de Jho Low foi interrogado em Kuala Lumpur, depois de ter sido deportado de Macau por excesso de permanência. Kee Kok Thiam, instrumental numa das maiores fraudes do mundo, terá confessado às autoridades malaias ter-se encontrado em Macau com Jho Low e outros cúmplices. O Governo de Macau não comenta casos específicos, mas garante actuar de acordo com a lei O jogo do gato e do rato continua, assim como a ligação de Macau a um dos mais procurados foragidos à justiça a nível mundial. No passado dia 3 de Maio, as autoridades malaias esperavam a chegada de um avião ao aeroporto de Kuala Lumpur. A bordo vinha Kee Kok Thiam, um dos suspeitos da maior fraude de que há memória, encabeçado pelo fugitivo mais procurado do mundo, Jho Low, responsável pelo desfalque de fundos públicos malaios no valor de 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos, através da companhia 1Malaysia Development Berhad (1MDB). “Acreditamos que os indivíduos procurados no caso 1MDB, especialmente Jho Low, estão escondidos em Macau”, afirmou a Comissão Anti-Corrupção da Malásia, numa notícia avançada ontem pela Al Jazeera. “Esta informação foi confirmada por vários indivíduos que viram Jho Low em Macau”, foi acrescentado. Um dos indivíduos terá sido Kee Kok Thiam, de 51 anos, que foi libertado pelas autoridades malaias, após prestar declarações. Kee terá indicado que as autoridades de imigração da RAEM o detiveram durante um mês em 2021, mas acabaram por o libertar “condicionalmente” porque na altura Macau tinha as fronteiras fechadas devido às restrições de combate à covid-19. A Comissão Anti-Corrupção da Malásia indicou ainda à Al Jazeera que Kee Kok Thiam confirmou ter encontrado em Macau Jho Low, assim como outros fugitivos do caso 1MDB, incluindo Eric Tan Kim Loong, Casey Tang Keng Chee, Geh Choh Heng e Nik Faisal. Durante o encontro, Low terá instruído Kee a “não regressar à Malásia e a não testemunhar no caso 1MDB”. Cassete local A Al Jazeera contactou as autoridades de Macau sobre a saída de Kee Kok Thiam do território, que recusaram comentar casos específicos, porém, enfatizaram que os casos que envolvam estrangeiros são sempre tratados “de acordo com a lei e disposições processuais, assim com as práticas internacionais relevantes”. Segundo a Comissão Anti-Corrupção da Malásia, o Governo malaio não foi notificado pelas autoridades de Macau do repatriamento de Kee, mas que essa informação foi apurada com base na rede de informação que investiga o caso. É de salientar que a deportação de Kee surge depois da primeira visita oficial do primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim à China, que aconteceu no final de Março, assim como das recentes declarações do seu Governo que vincaram o empenho em procurar o repatriamento dos fugitivos do caso 1MDB.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTerceira edição do “929 Challenge” com candidaturas a partir de Junho Os jovens empreendedores da China, Macau e países de língua portuguesa que queiram desenvolver a sua startup e competir para ganhar prémios podem candidatar-se, entre Junho e Setembro, à terceira edição do “929 Challenge”, uma competição de startups sino-lusófona que este ano disponibiliza um pacote de prémios superior a 20 mil dólares americanos e que se irá realizar de forma presencial em Macau depois das edições online, devido à pandemia. O “929 Challenge”, co-fundado por Marco Duarte Rizzolio, conta com apoio na organização do Fórum Macau e visa “desenvolver a criação de ideias de negócios que liguem a China e os países de língua portuguesa”, tendo equipas de jovens empresários e empreendedores a “competir ombro a ombro com equipas da área da Grande Baía”. O concurso conta ainda com o patrocínio de diversas empresas e entidades privadas, do sector da banca, engenharia e advocacia, bem como concessionárias de jogo. À semelhança das edições anteriores, os participantes serão divididos em duas categorias, para universitários e startups, sendo que a competição pretende fomentar “o espírito empreendedor na China e nos países de língua portuguesa”, bem como a criação de ideias de negócios sustentáveis e “fortalecer as relações comerciais transfronteiriças”. Após a submissão de candidaturas, os concorrentes seleccionados podem apresentar os seus projectos junto de um painel de potenciais investidores numa sessão final agendada para Outubro, altura em que o Fórum Macau celebra 20 anos. Benefícios vários Além da competição em si, o “929 Challenge” pretende oferecer aos participantes “diferentes benefícios, nomeadamente uma maior visibilidade internacional, a construção de redes de contactos e ainda atrair e captar potenciais investidores e clientes”. Empreendedores e startups podem ainda receber sugestões e comentários da parte de “profissionais experientes”. A primeira edição do concurso, realizada em 2021 e ainda com o nome”928 Challenge”, pois não incluía ainda a Guiné Equatorial, contou com 800 participantes distribuídos por 150 equipas. A segunda edição contou já com 250 equipas. Na primeira edição, uma equipa da Universidade do Porto propôs o desenvolvimento de uma vacina ProBio para a aquacultura, projecto que venceu o primeiro prémio. Na segunda edição, uma equipa de Shenzhen venceu a categoria universitária, enquanto a empresa chinesa “OneDrop” sagrou-se vencedora na categoria de startups, após apresentar uma solução para evitar o desperdício de alimentos.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Distribuições de dividendos a accionistas pode demorar Apesar dos resultados que ultrapassaram as expectativas no primeiro trimestre do ano, as concessionárias de jogo não devem retomar tão cedo a distribuição de dividendos, segundo a previsão de um analista da JP Morgan. Com três anos de dívidas acumuladas e pouco dinheiro em caixa, é provável que os accionistas tenham de esperar até ao fim do ano Os primeiros três meses do ano foram uma lufada de ar fresco nos cofres das operadoras de jogo de Macau, com as receitas brutas dos casinos do território a amealharem mais de 34,5 mil milhões de patacas, quase duplicando as receitas brutas do primeiro trimestre de 2022. Porém, os accionistas das empresas concessionárias de jogo ainda terão de esperar mais um pouco até à tão aguardada retoma dos dividendos, pelo menos de acordo com a previsão do analista da JP Morgan, DS Kim. Mesmo com o crescimento das receitas brutas no primeiro trimestre, é provável que as concessionárias queiram melhorar aspectos como os rácios de alavancagem financeira, capacidade de facturação e movimentos de caixa antes de retomar a distribuição de dividendos, aponta o analista em entrevista ao portal GGRAsia. “Estou cautelosamente optimista que as maiores empresas possam retomar o pagamento de dividendos referentes ao ano fiscal de 2023 no próximo ano. Mas, com sorte, pode ser que distribuam já dividendos no final deste ano”, afirmou o especialista da JP Morgan. Quanto às operadoras que tenham acumulado mais dívidas líquidas, tendo em conta a actual margem de manobra financeira, será necessário primeiro equilibrar os seus balancetes antes de avançarem para o retorno de capital aos accionistas. Pé ante pé Com a retoma da indústria, alavancada com o fim da política de zero casos de covid-19 e a abertura de fronteiras, voltou o optimismo ao mercado, apesar de a maioria das concessionárias ainda estar em posições de dívidas líquidas acumuladas, factor decisivo, na óptica do analista, na altura de distribuir dividendos. “É provável que as operadoras queiram permanecer numa postura prudente de não recompensar os accionistas demasiado cedo, para se focarem primeiro no equilíbrio financeiro”, acrescentou. Antes de mais, DS Kim prevê que as concessionárias tenham em conta as comparações com os volumes de negócios de 2019, e até que ponto o mercado recuperou, antes de ponderarem a questão dos dividendos. O analista frisa que “o único motor da recuperação do EBITDA ajustado (lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) é a retoma da procura, que até agora tem sido fantástica”. Nesse aspecto, DS Kim refere que as operadoras terão de “pesar” o rácio entre dívidas e EBITDA, enquanto ferramenta para medir a saúde financeira. DS Kim refere que, tirando a Galaxy, as outras concessionárias apresentam balanços de resultados “com muito mau aspecto” nos últimos 12 meses. “Com a excepção do último trimestre, as operadoras acumularam enormes prejuízos.
João Luz Manchete PolíticaHospital das Ilhas | Governo indeciso se médicos de fora vão pagar renda A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura revelou ontem que os edifícios para médicos especialistas do Hospital das Ilhas vão contar com 340 apartamentos, em vez dos 232 previstos inicialmente. Para já, o Governo ainda não decidiu se serão cobradas rendas aos clínicos e gestores do Peking Union Medical College Hospital Afinal os Edifícios Habitacionais para os Especialista do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas vão oferecer cerca de 340 apartamentos aos clínicos e gestores externos que virão para Macau compor a equipa de especialistas, ao contrário das 232 fracções inicialmente previstas. A revelação foi feita ontem pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, que especificou que nos edifícios a serem construídos em Seac Pai Van o custo médio de uma fracção é de cerca de um milhão de patacas. A governante vincou que estas fracções têm como destinatários os médicos especialistas e gestores hospitalares recrutados ao exterior pelo Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital. Face à possibilidade de o Governo vir a estabelecer contratos de arrendamento para estas fracções, Elsie Ao Ieong indicou que a questão ainda não está definida. “Ainda não decidimos se vamos cobrar renda, porque os serviços públicos precisam de oferecer residência ao pessoal recrutado no exterior. Além disso, os funcionários públicos também gozam o subsídio de residência,” explicou. Prioridade aos locais Numa primeira fase, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura prevê a necessidade de recrutar 500 profissionais para a entrada em funcionamento do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, total que já inclui cerca de meia centena de gestores hospitalares e médicos especialistas do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital. Elsie Ao Ieong U indicou que o Governo dará prioridade ao recrutamento de residentes da RAEM, mas será inevitável a necessidade de recrutar mão-de-obra, incluindo quadros qualificados, ao exterior. O projecto dos Edifícios Habitacionais para os Especialistas foi inscrito no orçamento do PIDDA para o ano financeiro de 2023, com o prazo de execução até 2026 e um valor orçamentado de 537 milhões de patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaIC / Cinema | Novas regras de apoio incluem segurança nacional Os trabalhos cinematográficos e televisivos submetidos ao Instituto Cultural para obtenção de financiamento do Fundo de Desenvolvimento da Cultura vão ter de respeitar matérias como a segurança nacional e crenças locais, passando este a ser um critério na hora de aprovar os projectos. A realizadora Tracy Choi desvaloriza potencial controlo A nova lei relativa à defesa da segurança do Estado entrou esta terça-feira em vigor e, no mesmo dia, o Instituto Cultural (IC) anunciou novas regras para a submissão de projectos cinematográficos e televisivos a financiamento do Fundo de Desenvolvimento da Cultura. Segundo a TDM Rádio Macau, os conteúdos a concurso deverão respeitar matérias como a segurança nacional e as crenças locais, adiantou Hoi Kam Un, chefe de departamento do referido fundo. A informação foi avançada no âmbito de uma conferência de imprensa do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural, onde foi anunciado que este ano haverá dois planos de financiamento ao sector audiovisual, um para filmagens feitas em Macau, com um orçamento total de 12 milhões, com um limite individual de financiamento de dois milhões, e outro para a divulgação e distribuição dessas obras, com um orçamento de 2,5 milhões de patacas, 250 mil por pessoa. O orçamento global dos dois planos de financiamento é de 14,5 milhões de patacas. Ao HM, Tracy Choi, uma das mais conhecidas realizadoras da nova geração, desvaloriza o risco de controlo excessivo dos conteúdos audiovisuais apresentados a concurso, por grande parte dos projectos incidirem mais sobre as áreas da cultura e entretenimento e não tanto a política. “O Governo disse que não vai controlar os conteúdos [submetidos], mas claro que alguns dos projectos podem não estar de acordo [com as regras]. Mais do que a questão da lei [da segurança nacional] em si, penso que não haverá um grande controlo, especialmente porque o fundo permite que empresas de fora concorram ao financiamento e teremos uma maior de conteúdos sobre a área do entretenimento.” Convites de fora Leong Wai Man, presidente do IC, referiu ainda que a ideia deste programa de financiamento é atrair realizadores e cineastas do exterior para que possam filmar em Macau, a fim de contribuir para uma maior aprendizagem e assimilação de experiências da parte dos realizadores locais no contacto com as equipas de outros países. A presidente do IC disse ainda que as indústrias televisiva e cinematográfica são um dos rumos do Governo no que diz respeito ao desenvolvimento do sector cultural. Tracy Choi considera que os dois planos de financiamento ontem apresentados são positivos para o sector. “O primeiro plano inclui o financiamento para que os realizadores do exterior venham a Macau e usem o território como cenário para as suas filmagens, com as empresas locais a apoiá-los nos projectos. Desse ponto de vista é uma boa oportunidade para os profissionais locais, e a indústria vai obter maior experiência, lidando com diferentes equipas.” A realizadora destaca também o apoio financeiro para facilitar a distribuição de filmes locais. “Em dez anos começaram a surgir no território muitas produções independentes, mas muitos dos filmes de Macau não podem ser vendidos ou distribuídos noutros países, nem mesmo na China. Por isso penso que este plano de financiamento vai trazer mais oportunidades para as distribuidoras e fazer com que o cinema de Macau seja mais visto noutros locais”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAnimais | Albano Martins prepara Centro Internacional em Portugal Albano Martins, presidente honorário da ANIMA [Sociedade Protectora dos Animais de Macau] está a trabalhar na criação de um centro de acolhimento e tratamento de animais em risco, situado no Alentejo, Portugal, e que tem o nome provisório de Centro Internacional para Animais em Risco (CIAR ou ICAR, na sigla em inglês). Ao HM, Albano Martins, que vive actualmente na cidade alentejana de Évora, disse que o projecto passa não apenas por cuidar de animais abandonados ou maltratados, mas também “pelo estabelecimento de esquemas de cooperação nacional e internacional com organizações de protecção e resgate de animais, formais ou mesmo informais”. O responsável denota que não há, para já, uma data concreta para o estabelecimento do Centro, cuja implementação depende de um intenso processo de avaliação e organização. “Caso contrário, teremos apenas um ‘armazém’ de animais, como há, infelizmente, em muitos sítios, o que não será bom nem para eles [animais] nem para a causa”, adiantou. Desta forma, o futuro CIAR será sujeito a “uma análise de viabilidade e, depois de estar preparado, pelo escrutínio de muita gente, local e internacional, para obter a sua opinião e cooperação”. “Terminado esse processo, e se as coisas correrem bem, avança-se para a angariação de fundos de apoio à construção e equipamento e obtenção de espaço e fundos para o primeiro e segundo anos de actividade, criação de postos de trabalho e angariação de voluntariado nacional e internacional”, frisou. Limitações físicas Foi em 2020 que Albano Martins decidiu mudar-se para Portugal após uma complicada intervenção cirúrgica que resultou na perda de uma vista. Esta limitação física constitui “um desafio” para que o presidente honorário da ANIMA consiga erguer o CIAR. “Perdi uma vista, pelo que as minhas capacidades estão hoje muito limitadas. Basta ver que a campanha para acabar com as corridas de galgos em Portugal, também liderada por mim e por duas outras organizações, uma portuguesa e outra americana, está parada, apesar de termos dezenas de milhares de assinaturas de apoio. Estou a tentar dar a volta, psicológica e fisicamente, mas não é garantido que o consiga”, rematou.
João Luz Manchete SociedadeCiência | Candidatos de Macau e HK passam fase de selecção Mais de uma dezena de candidatos de Macau e Hong Kong passaram à segunda fase de selecção de astronautas do programa espacial de missões tripuladas. A revelação foi avançada ontem, numa conferência de imprensa que antecipou o lançamento da nave espacial Shenzhou-16, marcado para hoje As regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong podem estar prestes a entrar na história da corrida espacial chinesa. Na véspera do lançamento da nave espacial Shenzhou-16, o vice-director da China Manned Space Agency (na sigla em inglês CMSA), Lin Xiqiang, confirmou ontem que mais de uma dezena de candidatos de Macau e Hong Kong passaram à segunda fase de selecção do quarto grupo de astronautas que vão integrar o programa de exploração espacial da República Popular da China. Nesta fase, mais de uma centena de candidatos, a nível nacional, passaram à segunda de um total de três fases de selecção, até se serem apurados entre 12 a 14 astronautas. Este grupo inclui pilotos, que são exclusivamente escolhidos entre militares da Marinha e Força Aérea do Exército de Libertação Popular, enquanto os postos de engenheiros aeronáuticos e astronautas especialistas em transporte de carga são seleccionados no sector empresarial e de investigação científica e em instituições de ensino superior. O programa para escolher a próxima reserva de astronautas foi lançado no ano passado e deverá terminar até ao fim de 2023. Passadas as três fases de selecção, os candidatos podem entrar no Centro de Treino e Pesquisa Espacial já no início e 2024. O período de treino pode durar dois anos e meio, até que os cadetes estejam prontos para entrar em missões espaciais tripuladas, sendo que o vice-director da CMSA sublinhou que estes prazos não são fixos e dependem de muitas variáveis. A caminho das estrelas A conferência de imprensa de ontem serviu principalmente para antecipar o lançamento marcado para hoje da Shenzhou-16, a nave espacial tripulada que vai transportar três astronautas para a estação espacial de Tiangong. Foi também anunciado o início da “fase de pouso tripulado na Lua” do programa de exploração lunar chinês, uma meta que, segundo os planos da CMSA deverá ser alcançada antes de 2030. Lin Xiqiang explicou ontem que foram iniciados os trabalhos de desenvolvimento em projectos que incluem “novos veículos de exploração, fatos de astronauta, uma nova geração de naves espaciais e novos foguetões”. O trabalho visa possibilitar no futuro uma “curta estadia na Lua”, uma “exploração conjunta homem-máquina” e as tarefas de “pouso na lua, movimentos na superfície, recolha de minerais, pesquisa científica e retorno à Terra”, disse Lin. Com Lusa
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJogo | Filipinas pode ser um desafio para Macau, diz analista Vitaly Umansky, analista de jogo, defende que dos mercados de jogo emergentes na Ásia, o das Filipinas será o único que poderá trazer “algum tipo de competição” a Macau, embora o território continue a ter vantagens imbatíveis devido à proximidade com a China. O analista é um dos oradores num painel sobre mercados de jogo emergentes na edição especial do G2EAsia, que decorre hoje e amanhã em Singapura Há muito que se fala dos mercados de jogo asiáticos que poderão constituir um desafio ao território que há muito é conhecido como a “Las Vegas da Ásia”, ou seja, Macau. Mas Vitaly Umansky, analista de jogo sénior, que passou recentemente pela consultora AB Bernstein, entende que mercados como o do Japão, Vietname ou Tailândia não são um perigo para os resultados de Macau. O responsável é um dos oradores numa conferência sobre mercados de jogo asiáticos emergentes na edição especial da G2EAsia, evento que decorre e amanhã em Singapura. “Nenhum destes mercados são um desafio para Macau. Dos mercados mencionados, apenas podemos considerar que as Filipinas podem trazer algum tipo de competição nesta fase, devido à indústria que já está implementada e uma concentração [do jogo] que, em grande parte, se faz em Manila. O mercado do Japão só surgirá em força em 2030 e a Tailândia está ainda na fase de legalização do jogo, existindo alguma incerteza sobre aquilo que poderá acontecer”, defendeu ao HM. Segundo uma notícia de Março do jornal The Philippine Star, as receitas de jogo nas Filipinas, ligadas ao mercado de massas, quase duplicaram no ano passado, tendo registado um aumento de cerca de 90 por cento, atingindo a fasquia dos 214.34 mil milhões de pesos face aos 113.09 mil milhões de pesos obtidos em 2021. Os dados são da empresa estatal PAGCOR [Philippine Amusement and Gaming Corporation], e revelam que os casinos representaram, no ano passado, 78 por cento das receitas obtidas. Grande parte do jogo e do entretenimento do país está concentrado na cidade de Parañaque. Nas Filipinas, o jogo online tem também uma grande expressão, incluindo outro tipo de apostas como o bingo ou apostas desportivas. Posição imbatível O posicionamento geográfico do território continua a dar-lhe vantagens imbatíveis, dada a proximidade com a China e a enorme capacidade para atrair jogadores chineses. “A grande vantagem de Macau é a sua escala e proximidade com a China, em particular com a província de Guangdong, e Hong Kong”, frisou. Vitaly Umansky recorda que “a indústria do jogo de Macau está bem posicionada para lidar com a crescente competição na Ásia”, tendo em conta “a localização, escala e conexão de transportes”, que dão ao território “uma forte vantagem competitiva, sobretudo no que diz respeito aos clientes oriundos da grande China”. Na palestra de hoje participam também Frederic E. Gushin, director-geral do grupo Spectrum Gaming, que fundou em 1993; Hakan Dagtas, chefe de operações do Newport World Resorts, o grande e pioneiro resort integrado em Manila, Filipinas. Daniel Cheng, analista e executivo sénior de jogo, é outro do orador de hoje, incluindo Walt Power, CEO do resort The Grand Ho Tram, e ligado, durante vários anos, às operações do casino Sands, em Macau. Trata-se de “veteranos [do mercado de jogo asiático] que lidam há muito com múltiplas jurisdições e oferecem décadas de experiência” neste sector. Entre as 14h45 e 15h35 (horas locais) falar-se-á da atractividade da Ásia não apenas para o jogo presencial nos casinos, mas também para as apostas desportivas e jogo online. Macau e Singapura são considerados “mercados de jogo maduros e sofisticados” pela organização do evento, mas há outras jurisdições a desenvolverem-se gradualmente, sendo que “cada país apresenta especificidades à medida que procuram legalizar o jogo” ou as actividades de jogo já existentes.
João Luz Manchete PolíticaCanídromo | Pedido ponto de situação sobre conversão O deputado da FAOM, Leong Sun Iok, está preocupado com a falta de instalações desportivas nas zonas mais povoadas do território e pediu um ponto de situação sobre a conversão do Canídromo Yat Yuen. Leong Sun Iok sugere também a construção de uma via verde ao longo da orla costeira Tirando o Centro Desportivo de Mong-Há, as zonas centro e norte da península de Macau estão mal servidas em termos de instalações para a prática do desporto. A distribuição pouco equilibrada de espaços desportivos nas zonas mais povoadas, é um dos principais pontos de partida da interpelação escrita de Leong Sun Iok, divulgada ontem. “De acordo com os Censos 2021, as zonas mais densamente povoadas de Macau eram as zonas da Areia Preta, de Iao Hon, da Doca do Lam Mau e de San Kio, contudo, nas imediações, há apenas um único complexo desportivo – Centro Desportivo Mong Há – para uso público. Desde a apresentação da proposta respeitante à transformação do Canídromo num parque desportivo, nada se viu até ao momento”, argumenta o deputado. O Canídromo Yat Yuen é visto pelo legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) como um projecto essencial para uma das áreas com mais concentração de pessoas. Como tal, aponta que ainda não existe um plano de pormenor para a construção do prometido parque cívico de desporto e que os trabalhos não avançam. Para já, “a Direcção dos Serviços de Obras Públicas está apenas a proceder à abertura do concurso para a concepção preliminar desse parque, e o projecto pormenorizado de concepção, o modo de funcionamento e o calendário da conclusão das obras ainda não foram finalizados”, aponta Leong Sun Iok. Recorde-se que no ano passado, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, indicou que seriam construídos no antigo Canídromo “um campo de futebol e de pista de atletismo oficial, um centro desportivo de vários pisos equipado com piscina coberta oficial de 50 metros com água aquecida, campo de futsal, campo de basquetebol, campo de badminton, mesas de ténis-de-mesa e sala multifuncional”. Porém, perante a falta de dinâmica no projecto, Leong Sun Iok pede ao Governo um ponto de situação, sugerindo a construção de instalações de “desportos que estão na moda”, como escalada e skate. Volta a Macau em bicicleta Outro dos projectos em que o deputado da FAOM gostaria de ver avanços é a ligação através de uma ponte da Zona de Lazer da Marginal da Taipa (Pista de Bicicletas) à Pista de Bicicletas “Flor de Lótus”. O Instituto para os Assuntos Municipais afirmou no ano passado que iria auscultar as opiniões dos serviços competentes sobre a concepção da ligação. Ora, Leong Sun Iok quer também saber em que ponto está este projecto e se existe um calendário para a sua concretização. Neste capítulo, o deputado sublinha que “falta um plano de pormenor dos terrenos que se destinam à construção do ‘Ocean World’”, propondo um estudo de viabilidade à construção de “uma via verde da orla costeira” para ligar as suas ciclovias à pista de bicicletas de Coloane. Em relação ao atletismo, o deputado da FAOM refere que a pista de atletismo do Centro Desportivo Olímpico – Estádio só está aberta ao público das 06h às 08h e pergunta se este horário pode ser alargado.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaZona A | Consulta pública focada nos transportes e habitação Está concluída a consulta pública relativa à Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Este – 2, da zona A dos Novos Aterros e zona leste da península. Em termos gerais, mais de 50 por cento dos participantes concordou com o conteúdo proposto pelo Executivo, sendo que matérias como transportes, mobilidade e condições de habitabilidade receberam mais atenção da parte dos residentes Grande parte dos residentes que participaram na consulta pública relativa ao plano de pormenor da UOPG Este – 2 [Unidade Operativa de Planeamento e Gestão], ou seja, sobre o desenvolvimento urbanístico da zona A dos Novos Aterros e zona leste da península, concordam com os pontos propostos pelo Executivo. Os resultados divulgados ontem revelam que mais de 50 por cento dos participantes diz concordar com 18 dos 20 pontos apresentados, enquanto 40 por cento teve uma posição neutra. Apenas dez por cento mostrou discordância face a algumas ideias propostas pelas autoridades. Acima de tudo, os participantes revelaram estar mais preocupados com a forma como será proporcionada a mobilidade e como irá operar o sistema de transportes nesta zona que terá, além de habitações, escolas e muitos equipamentos sociais. Uma nota da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana revela que as opiniões “mais importantes incidem sobre o planeamento de transportes, as instalações públicas, o lazer, o passeio ecológico, os espaços subterrâneos, a gestão dos espaços comerciais e o arrendamento das habitações públicas”. Em primeiro lugar, com 368 opiniões favoráveis, surge a proposta de criar o Metro Ligeiro como linha de eixo central e uma rede viária com duas faixas viárias transversais e duas faixas viárias longitudinais. Tudo para “criar um sistema de transportes diversificado, através da interligação do sistema de mobilidade suave” nesta zona. Outra ideia, que reuniu 346 opiniões, passa por “apetrechar as instalações públicas necessárias”, tal como “os equipamentos culturais, recreativos e desportivos, educativos e de saúde”, a fim de “promover a complementaridade com os bairros existentes em termos de instalações públicas”. Com 302 opiniões, surge ainda a defesa de construção de uma “nova zona com boas condições de habitabilidade, uma zona comercial na entrada da cidade e edificações costeiras simbólicas”, sendo importante “apresentar várias estratégias de desenvolvimento” neste sentido. Análise e lei A consulta pública em questão foi realizada entre os dias 7 de Outubro e 5 de Dezembro do ano passado, tendo sido recebidas da parte dos residentes, por sua iniciativa, 385 opiniões, num total de 6170 posições apresentadas. Caberá agora ao Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) pronunciar-se sobre o projecto do plano de pormenor no prazo de 60 dias, sendo que, no prazo de 90 dias a contar da data de recepção do parecer do CPU, a DSSOP procede à análise global das opiniões e sugestões apresentadas pelo público e pelo CPU, elaborando o relatório final submetido posteriormente ao Chefe do Executivo, para que seja iniciado o processo legislativo.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteKarting | Provas internacionais voltam ao Kartódromo de Coloane As provas internacionais de karting vão regressar este ano ao Kartódromo de Coloane após três anos de ausência. O Campeonato Open Asiático de Karting (AKOC, na sigla inglesa) tem duas provas calendarizadas para a temporada de 2023 no território A organização do AKOC anunciou, nas redes sociais, a abertura das inscrições para a primeira prova, agendada para a RAEM no fim de semana de 1 e 2 de Julho. A prova estará aberta às categorias 125 Open Junior, 125 Open Master, 125 Open Sénior, 125 Open Veteranos, Cadete e Mini ROK. Em 2022, esta mesma organização tentou colocar de pé uma prova internacional de karting em Macau, mas esta acabou cancelada devido à pandemia. Após três anos sem conseguir organizar eventos devido às restrições de viagens, aquela que foi a maior competição de karting do sudeste asiático, cuja organização tem sede na República das Filipinas, quer dar os primeiros passos rumo à reconstrução do campeonato. Por isso, para limitar os custos, o calendário neste primeiro ano “pós-COVID” vai cingir-se a apenas três eventos, dois em Macau e um na República das Filipinas, este último em data a determinar. Nenhuma das provas planeadas para Macau coincide com o calendário do Campeonato de Karting da AAMC, que este ano se está a disputar novamente no formato de seis provas. Para o preparador e ex-piloto malaio Ryan Tan, “o apetite pelo karting em toda a Ásia não esmoreceu com a pandemia. Houve um abrandamento, mas não parou”. Os campeonatos nacionais das Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura ou Tailândia já recuperaram, portanto, “todos os agentes da modalidade, preparadores, equipas, importadores, querem corridas internacionais, até porque os pilotos começam a pedir mais. Se a economia ajudar estou em crer que vamos atingir os números do passado”, explicou ao HM. Segunda data é em Dezembro Antes da pandemia, o Kartódromo de Coloane era um dos palcos favoritos para acolher eventos do campeonato asiático da especialidade. Inaugurada no dia 17 de Outubro de 1996, a infra-estrutura continua a ser uma das melhores equipadas no continente asiático. Para além das competições de Macau, o kartódromo desenhado pelo arquitecto Carlos Couto recebia duas provas do AKOC, a ronda de abertura e a de encerramento, sendo que esta última costumava coincidir com o Grande Prémio Internacional de Karting. Apesar do apetite de Macau por realizar grandes eventos internacionais, o futuro do Grande Prémio Internacional de Karting de Macau é uma incógnita. Aquele que já foi o maior evento de karting da região, não consta, por agora, do calendário internacional da Comissão Internacional de Karting da FIA. Porém, a segunda prova do AKOC está agendada para Macau no fim de semana de 9 e 10 de Dezembro, data que habitualmente acomodava o evento co-organizado pela Associação Geral-Automóvel Macau-China (AAMC), Instituto do Desporto (ID) e Direcção dos Serviços de Turismo (DST). O finlandês Simo Puhakka, da TonyKart, venceu o último Grande Prémio Internacional de Karting, disputado em 2019.
João Luz Manchete SociedadeDST | Turistas atingem metade do volume antes da pandemia Na sexta-feira e no sábado entraram em Macau quase 190 mil visitantes, com o número turistas a atingir a média de 60 mil em dias úteis. Helena de Senna Fernandes estima que o volume de turistas esteja nesta altura em cerca de 50 por cento dos registos antes da pandemia O feriado do Dia do Buda, que se celebrou na passada sexta-feira, e o dia seguinte marcaram mais um teste à resiliência da retoma do turismo de Macau. Apesar de não ser feriado no Interior da China, durantes os dois dias entraram em Macau mais de 90 mil visitantes diariamente, em grande parte graças ao volume de turistas oriundos de Hong Kong, que aproveitaram o fim-de-semana prolongado para visitar Macau. Na sexta-feira, entraram em Macau cerca de 91 mil turistas, enquanto que no sábado cerca de 95 mil pessoas entraram no território, com as autoridades a realçar o elevado número de visitantes que atravessaram a fronteira na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Face aos números alcançados, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) anunciou que o volume de turistas já recuperou para cerca de 50 por cento do verificado no período antes da pandemia. Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, sublinhou que o volume de turistas que escolhem Macau tem recuperado de forma só pode trazer optimismo ao sector. Esquecendo os períodos de feriados e as tradicionais épocas altas, Helena de Senna Fernandes realçou que, actualmente, o volume de turistas que entra em Macau nos dias úteis atingiu uma média diária de cerca de 60 mil entradas. Chega de borlas Nos próximos tempos, as políticas de gestão do turismo vão mudar. Foi o que deu a entender a directora da DST. Depois de um período marcado por medidas de incentivo para atrair turistas, chegou a altura de o mercado local se tornar autossuficiente, atraindo visitantes através do “charme próprio” do território. “As ofertas de viagens para visitantes vindos de Hong Kong vão serem suspensas a 30 de Junho. Depois disso, vamos analisar se será preciso relançar este tipo de incentivos e em que moldes. Achamos que, a longo prazo, Macau deve apostar no seu poder de atracção e não depender de ofertas para seduzir os turistas”, avançou a directora da DST. Ainda assim, o Governo continuará a organizar operações de charme em cidades do Interior da China para atrair turistas. Porém, Helena de Senna Fernandes adiantou que serão organizadas itinerantes na Tailândia, Singapura e Coreia do Sul.
João Luz Manchete SociedadeEconomia | PIB de Macau cresceu quase 40% no primeiro trimestre Nos primeiros três meses do ano, o Produto Interno Bruto de Macau cresceu 38,8 por cento em termos anuais. O resultado é atribuído à abertura do território com o fim da política de zero casos de covid-19 e ao aumento da despesa pública. A DSEC aponta que a economia da RAEM atingiu 66,4 por cento dos níveis verificados no primeiro trimestre de 2019 No primeiro trimestre de 2023, “o Produto Interno Bruto (PIB) registou um acréscimo anual de 38,8 por cento, em termos reais, devido ao alívio das restrições de entrada em Macau, à plena retoma das deslocações entre Hong Kong e Macau e ao recomeço das viagens em grupo do Interior da China para Macau”, indicou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A retoma das receitas brutas apuradas pelos casinos e do turismo como principais impulsionadores do crescimento do PIB, como indica a DSEC. As exportações de serviços aumentaram 71,5 por cento em termos anuais, “salientando-se os aumentos de 100 por cento nas exportações de serviços do jogo e de 72,9 por cento nas exportações de outros serviços turísticos, enquanto decresceram 40,6 por cento as exportações de bens”. Impulsionada “principalmente pela despesa de consumo final do Governo”, a procura interna também registou uma subida de 1,6 por cento em termos anuais nos primeiros três meses de 2023. A DSEC salienta que “relativamente ao primeiro trimestre de 2019, a recuperação de Macau equivaleu a 66,4 por cento do volume económico desse período”. Empurrão público A DSEC indica que “a economia recuperou de forma estável, apesar de uma parte das despesas de consumo privado ter sido transferida para as despesas do Governo através do subsídio de vida”. Os apoios sociais distribuídos pelo Executivo, em conjunto com factores como a queda da população e a retoma das viagens dos residentes para o exterior após a pandemia, acarretou uma diminuição de 12,1 por cento da despesa de consumo final das famílias no mercado local, em termos anuais. Entretanto, a despesa de consumo final das famílias no exterior subiu 53,5 por cento. Feitas as contas, a DSEC conclui que, em termos anuais, a despesa de consumo privado desceu 7,5 por cento. O reverso da medalha verificou-se na despesa de consumo final do Governo, que cresceu 30,1 por cento em termos anuais, “em virtude do acréscimo homólogo das despesas com as medidas de apoio económico, tais como o subsídio de vida e a subvenção do pagamento das tarifas de energia eléctrica”. Os apoios distribuídos pelo Governo resultaram no aumento de 80,5 por cento nas compras líquidas de bens e serviços, mas apenas de 0,2 por cento nas remunerações dos empregados. No capítulo do investimento em construção, o contraste entre público e privado volta a ser uma evidência. O investimento em obras públicas subiu 28,2 por cento em termos anuais, “devido essencialmente ao aumento do investimento em obras de grande envergadura relacionadas com a habitação pública e a Quarta Ponte Macau-Taipa”. No polo oposto, o investimento em construção privada caiu 17,5 por cento, em virtude do decréscimo do investimento em casinos.