Sérgio Fonseca Desporto MancheteGPM | Filipe Souza vai a Xangai preparar a defesa do título em Macau A próxima prova do Campeonato da China de Carros de Turismo/TCR China vai disputar-se no Circuito Internacional de Xangai e contará com a presença de Filipe Souza. O piloto macaense tornou-se no ano passado o piloto do território a vencer na Corrida da Guia em quarenta anos de história, troféu que vai defender novamente este ano no mês de Novembro Após o triunfo mais alto da sua carreira de mais de vinte anos nos carros de Turismo, Filipe Souza pensou em colocar para trás esta disciplina e competir nas corridas de Grande Turismo em 2023. Aliás, em Janeiro passado, quando falou a última vez com o HM, o piloto macaense estava a preparar-se para deixar a categoria TCR para se dedicar a uma nova aventura na categoria GT4. Contudo, uma chama motivou uma mudança de planos. “No início pensei fazer os GT4, porque nessa altura achava que podia fazer corridas em ambos os fins-de-semana. Porém, a nossa associação ligou-me e disse que um piloto só pode fazer uma corrida no Grande Prémio e convenceu-me a participar na corrida do TCR World Tour em Macau, pois consideram que é mais exigente fazer essa corrida e, por ser uma corrida por convite, querem ter um piloto de Macau”, explicou Filipe Souza ao HM. Com o fim da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR no final de 2022, devido a uma mudança de estratégia do promotor Discovery Sports Events, o WSC Group, a empresa de Marcello Lotti, que lançou o conceito TCR em 2015, apostou no TCR World Tour. Como o nome indica, trata-se de uma competição para viaturas TCR e tem um calendário que passa pela Europa, América do Sul, Austrália e Ásia, onde os participantes deste “mundial” correm juntamente com os homólogos dos campeonatos TCR locais. No Circuito da Guia não será diferente, com a dezena e meia de concorrentes do TCR World Tour a enfrentarem os melhores da especialidade da região inseridos na célebre Corrida da Guia. “Ponderei muito bem sobre esta oportunidade que não é para todos e não é assim tão fácil de aparecer”, salienta Filipe Souza que se estreou no Circuito da Guia no ano 2000. “Também esta é uma das corridas do fim de semana principal, o que é muito importante para mim, para os meus patrocinadores e para a minha carreira, até mesmo para talvez finalizar a minha carreira de corridas com uma boa imagem e uma boa memória”. Ganhar ritmo Sem disputar qualquer corrida desde Novembro de 2022, Filipe Souza não esconde que pretende ganhar ritmo nesta prova no circuito de Fórmula 1 de Xangai junto das melhores equipas e pilotos da República Popular da China. Os resultados não vão ser uma prioridade neste evento, até porque o representante da RAEM não está em discussão por nenhum título e vai ter pela frente uma forte concorrência, incluindo as equipas oficiais da Link & Co, Hyundai e Dongfeng Honda. “Esta corrida será a minha primeira corrida deste ano, por isso não estou a pensar sobre subir ao pódio ou não, mas vou fazer os possíveis para ter uma boa prova. Só fiz um teste em Zhuhai no início do ano, por isso não tenho grandes ambições. Por outro lado, estou apreensivo, porque esta corrida vai ter muitos bom pilotos por lá. Mas isso eu gosto muito, pois sempre gostei de um bom desafio”, reflecte o piloto de Macau que vai novamente conduzir o seu Audi RS 3 LMS TCR. “Esta corrida também será boa para eu ganhar um bom ritmo e também para preparar a corrida de Macau”, acrescenta. Filipe Souza não descarta fazer mais corridas após esta participação em Xangai, pois os quilómetros competitivos vão contar quando chegar a “hora da verdade”, na grande prova do final de ano. “Vou continuar com o Audi do ano passado, com o qual ganhei em Macau, mas estou a ponderar a ajuda de uma equipa da Europa, porque correr em Macau e no pelotão do TCR World Tour não é uma tarefa nada fácil. Temos que ter uma boa equipa e com experiência”, acrescenta o único piloto lusófono, por agora, confirmado nesta corrida.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCPSP | Omitida passagem de sinal vermelho por viatura policial A confissão do Corpo de Polícia de Segurança Pública só chegou depois de ter começado a circular nas redes sociais um vídeo que revelava a viatura da polícia a passar um sinal vermelho e a bater numa moto Foto: All About Macau Na segunda-feira, uma carrinha do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ignorou um semáforo vermelho e atingiu de seguida uma moto. No entanto, quando o CPSP fez a divulgação do acidente, através da rede de mensagens para a comunicação social, omitiu que a viatura responsável pelo sinistro lhe pertencia. O caso adensa a polémica dos últimos dias com o CPSP a ser acusado de omitir em alguns casos informação sobre acidentes, mesmo aqueles de grande dimensão, sem que se haja um critério estabelecido. Foi o que aconteceu na semana passada, quando um veículo privado passou dois sinais vermelhos a grande velocidade e bateu em duas viaturas, antes de se despistar à frente do Hotel Lisboa. O episódio levou a Associação dos Jornalistas de Macau a emitir um comunicado a criticar a postura das autoridades, devido à escassez da informação. Também nesta situação, a informação apenas foi detalhada, após surgir um vídeo com as imagens do sucedido. Apesar das críticas da semana passada, a comunicação do CPSP volta a estar novamente no centro de mais uma polémica. Na segunda-feira, o acidente na Travessa do Dr. Lourenço Pereira Marques com a viatura da corporação foi inicialmente relatado como a colisão entre “uma viatura privada” e uma mota. A mensagem do CPSP, citada pelo jornal All About Macau, recebida às 9h55, acrescentava ainda que a informação “estava por confirmar” e que uma pessoa tinha sido transportada para o hospital. Apanhados na rede Com as imagens a surgirem através das redes sociais, onde era possível ver que a “viatura privada” se tratava afinal de uma carrinha do CPSP, surgiu um novo comunicado. Pelas 23h13, a CPSP reconhecia a existência de um vídeo online e explicava que o condutor da viatura da polícia tinha passado o sinal vermelho, uma vez que o seu campo de visão para o semáforo “tinha sido bloqueado por um autocarro”. Segundo a informação oficial, do acidente resultou num ferido que foi transportado para o Hospital Kiang Wu, tendo os dois condutores apresentado resultados negativos no teste de álcool e de consumo de estupefacientes. Além desta informação, a mensagem das 23h13, citada pela publicação em língua chinesa, apontou que o caso foi lidado de acordo com a lei do trânsito e que o agente, que estava de serviço durante o sinistro, está a ser alvo de um processo disciplinar. Após o caso ter sido noticiado pelo jornal All About Macau, o CPSP emitiu ontem mais um comunicado em que promete “melhorar o mecanismo de comunicação” com os órgãos de comunicação social e a população. As “falhas” nos últimos dias foram ainda explicadas “com a intenção de comunicar com a maior rapidez possível”, o que segundo o CPSP faz com que alguma informação não esteja confirmada, quando é transmitida. O CPSP disse ainda haver “deficiências e espaço para melhorar” no mecanismo de comunicação.
João Luz Manchete SociedadeTNR | Residentes queixam-se de salários de empregadas domésticas Salários acima de 4.500 patacas, exigências de horário de trabalho, qualidade mediana e desistências sem aviso são alguns dos problemas relatados por residentes descontentes empregadas domésticas. A solução apontada passa pela regulação do mercado A exigência de condições mínimas de trabalho que aproximem o vínculo entre uma empregada doméstica e um empregador de uma normal relação de trabalho continuam a ser consideradas insuportáveis para muitos residentes. Prova disso foi um artigo publicado ontem no jornal Ou Mun que deu voz a alguns residentes descontentes com a relação qualidade/preço que “afecta” o sector. A senhora U contou ao jornal Ou Mun que durante a pandemia procurou contratar uma empregada doméstica para tomar conta do filho. Apesar do salário elevado, que aumentou de uma média de 4.000 patacas para 6.000 patacas durante a pandemia, a residente queixa-se da qualidade mediana. Além disso, exigências de horário de trabalho, subsídio de transporte e alojamento, assim como a fixação do tamanho máximo da família para aceitar o emprego foram elencados pela residente como argumentos para não contratar ninguém. A residente contou ainda que com o fim das restrições fronteiriças alguns particulares contornaram o sistema de contratação através de agências de trabalho e procuraram empregadas através das redes sociais. Porém, após acertadas as condições, incluindo salário e burocracia nos serviços de imigração, a residente afirma ter conhecimento de casos em que depois de algum tempo a trabalhar em Macau, as empregadas domésticas acabaram por pedir para voltar a casa. Qualidade interior Apesar das condições requisitadas, as residentes ouvidas pelo Ou Mun reconhecem que o fim da pandemia empurrou para baixo os salários das empregadas domésticas. Recorde-se que as empregadas domésticas ficaram de fora das profissões incluídas no salário mínimo e, portanto, não serão abrangidas pelo aumento que se espera entre quatro e seis patacas por hora. Além disso, acompanhando a regra da oferta e procura, durante a pandemia as remunerações subiram à medida que a mão-de-obra escasseou. Segundo a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, no final de Dezembro de 2019, 30.506 famílias de Macau tinham empregadas domésticas. Até ao fim de Novembro do ano passado, esse universo de agregados familiares caiu para menos de 23.200, o que representa uma quebra de um quarto. Depois de alguns equívocos, a senhora Chu optou por contratar uma empregada doméstica chinesa, após afirmar estar fartar da “falta de qualidade” das trabalhadoras estrangeiras que por vezes “fingiam estarem doentes e desapareciam sem deixar rasto”. Como tal, Chu decidiu contratar uma empregada do Interior da China, e nem a obrigação de pagar comissão a uma agência de trabalho a demoveu. Com salários entre 7.500 e 8.000 patacas, a residente enaltece a estabilidade e confiança que passou a ter na empregada. Porém, teme que o salário aumente ainda mais, facto pelo qual defende que o Governo deveria regular o sector, nomeadamente os salários, assim como assegurar a qualidade dos serviços prestados e impedindo que as trabalhadoras mudem de emprego com facilidade. A senhora Chu entende que os elevados salários das empregadas domésticas resultam no aumento do custo de vida em Macau. O jornal Ou Mun ouviu ainda uma residente, de apelido Hoi, que confessou ter recusado os pedidos “irracionais” de uma empregada doméstica estrangeira para aumentar o salário de 4.500 para 4.800 patacas e criticou o facto de estas profissionais se organizarem para reivindicarem melhores condições, algo que a residente considera merecer controlo do Governo.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSupervisão | Número de relatórios do Comissariado de Auditoria diminui Nos primeiros três anos e oito meses do mandato de Ho Iat Seng, o Comissariado de Auditoria publicou menos quatro relatórios de supervisão do que no mesmo período do início da governação de Fernando Chui Sai On. O organismo não explicou as razões para a menor produção Nos primeiros três anos e oito meses do mantado de Ho Iat Seng, o Comissariado de Auditoria (CA) produziu menos quatro relatórios de auditoria, do que em comparação com o mandato de Fernando Chui Sai On. De acordo com as contas feitas pelo HM, com base nos relatórios disponíveis pelo CA no seu portal, há uma quebra de “produção” de praticamente um quinto. A tendência para a emissão de menos relatórios não seria previsível em 2020, no primeiro ano completo de Ho Iat Seng à frente do Governo da RAEM. Nessa altura, organismo liderado por Ho Veng On publicou sete relatórios, entre os quais o relatório de Auditoria da Conta Geral, ou seja, a análise aos gastos do orçamento da RAEM, que depois é apreciada na Assembleia Legislativa. Em termos de assuntos abordados pela primeira vez pelo CA, em 2020 foram alvo de relatórios o funcionamento da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau e a gestão da empresa de capitais públicos Macau Investimento e Desenvolvimento. Os restantes quatro relatórios visaram os efeitos das auditorias feitas em anos anteriores. Além de um relatório geral sobre os efeitos das auditorias do passado, foram produzidos três relatórios específicos sobre os efeitos da supervisão anterior às zonas verdes geridas pelo actual Instituto para os Assuntos Municipais, originalmente feito em 2010. Além disso, a entidade analisou os reparos feitos na sequência dos relatórios sobre a atribuição de fundos do Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo (original em 2012), e Atribuição de Apoios Financeiras a Associações pela Fundação Macau (original em 2012). Por contraste, o primeiro ano completo do mandato de Chui Sai On teve quatro relatórios, entre os quais dois sobre gastos do orçamento da RAEM nos anos 2008 e 2009. Os restantes visaram a gestão das zonas verdes pelo IAM e as regalias sociais e gestão do regime de deslocações em serviço do pessoal da Teledifusão de Macau. Tendências opostas É a partir do segundo ano da governação de Ho Iat Seng que o CA começou a reduzir o número de relatórios publicados. Em 2021, o CA publicou dois relatórios, a tradicional análise às contas do orçamento e um segundo relatório sobre a empresa Macau Investimento e Desenvolvimento. Em comparação, no segundo ano da governação de Fernando Chui Sai On, 2011, o organismo liderado por Ho Veng On produziu cinco relatórios, então com quatro temas abordados pela primeira vez. Os assuntos visados foram as deslocações ao exterior em missão oficial dos trabalhadores da Função Pública, uma análise à 1.ª Fase do Metro Ligeiro, a gestão e funcionamento do Centro de Ciência e o recrutamento e formação de médicos internos. A estes quatro relatórios juntou-se a análise ao orçamento da RAEM do ano anterior. Em 2022, o CA voltou a produzir dois relatórios, às contas da RAEM do ano anterior e introduziu o tema dos apoios do Fundo das Indústrias Culturais. Também neste aspecto, regista-se uma discrepância, face a 2012. Nessa altura, o CA produziu quatro relatórios. Além da análise às contas, houve três investigações que focaram a construção do Metro Ligeiro, a segunda auditoria ao projecto, o gabinete preparatório da participação de Macau na Expo Xangai, e a atribuição de apoios pela Fundação Macau. Finalmente, nos primeiros oito meses deste ano, o CA produziu dois relatórios, sobre as obras de construção da caixa de retenção de águas e várias estações elevatórias no Porto Interior e sobre os apoios financeiros atribuídos pelo Fundo do Desporto. Em contraste, nos primeiros oito meses de 2013 tinham sido elaborados três relatórios, sobre estimativa de despesas para o novo Campus da Universidade de Macau, o serviço de transportes colectivos de Macau e o projecto e financiamento da ampliação do Terminal Marítimo do Pac On. À espera de resposta Face à aparente redução da actividade do Comissariado de Auditoria, pelo menos com base no número de relatórios publicados, o HM entrou em contacto com o organismo para perceber os motivos de serem publicados menos relatórios. O CA foi igualmente questionado sobre a estimativa de relatórios a serem publicados até ao final do ano. Porém, apesar do contacto feito a 30 Agosto, até ontem não tinha havido qualquer resposta. O CA é liderado desde 2009 por Ho Veng On, que foi escolhido para o cargo na altura em que foi formado o primeiro Governo de Fernando Chui Sai On. Antes disso, Ho Veng On tinha desempenhado as funções de chefe do Gabinete do Chefe do Executivo de Edmundo Ho, secretário do Conselho Executivo, sendo ao mesmo tempo o responsável de Macau do Grupo de Ligação de Cooperação entre Guangdong e Macau, coordenador da Comissão de Designação de Medalhas e Títulos Honoríficos e delegado do Governo junto da Teledifusão de Macau (TDM).
Hoje Macau Grande Plano MancheteASEAN | Cimeira centrada no Myanmar e tensões com a China Começou ontem e decorre até amanhã a 43ª cimeira anual da ASEAN – Associação de Nações do Sudeste Asiático. O clima é de alguma tensão, com os diálogos centrados na situação política do Myanmar e nas questões geopolíticas que envolvem a China. Destaque também para o processo de adesão de Timor-Leste, apontado para 2025 A Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) realiza até amanhã, em Jacarta, mais uma cimeira anual de líderes dos países membros. O encontro, que arrancou ontem, é marcado pela ausência de progressos no Myanmar, país que continua mergulhado em conflito, e pelas tensões territoriais que têm como epicentro a China. Num dos pontos mais baixos da história da organização, fundada em 1967 e composta por Indonésia, Singapura, Malásia, Tailândia, Filipinas, Vietname, Laos, Camboja, Brunei e a então Birmânia (actual Myanmar), a cimeira contará com a participação dos líderes de todos os Estados-membros excepto dois: o chefe da Junta Militar do Myanmar, Min Aung Hlaing, que não foi convidado, e o recém-nomeado primeiro-ministro tailandês, Srettha Thavisin. São igualmente esperados na capital indonésia dirigentes de fora da região para reuniões com o grupo, entre os quais o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e o homólogo australiano, Anthony Albanese. Também estão presentes a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, bem como o secretário-geral das Nações, António Guterres, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov. Embora o Presidente indonésio, Joko Widodo, tenha mostrado capacidades de mediação no ano passado, enquanto anfitrião da cimeira do G20 (grupo das maiores economias do mundo) em Bali que se saldou num inesperado consenso, o princípio da não-ingerência da ASEAN dificulta a obtenção de acordos substanciais. Com o tema “ASEAN: Epicentro do Crescimento”, a Indonésia procurou desviar a atenção dos conflitos para a prosperidade económica da região – uma das de maior crescimento do mundo – na cimeira, durante a qual se realizará também uma dezena de reuniões bilaterais. Mas tal não será fácil de alcançar: a cadeira vazia de Myanmar é uma prova cada vez maior do fracasso do grupo em promover uma solução para o conflito que o país atravessa desde o golpe de Estado de 1 de Fevereiro de 2021, com mais de 4.000 mortos às mãos das forças de segurança birmanesas desde então, segundo a Associação para a Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) do país, e centenas de milhares de rohingyas (minoria muçulmana perseguida) refugiados no vizinho Bangladesh, o país mais pobre do mundo. “A ASEAN só poderá avançar com toda a sua força se formos capazes de assegurar uma solução pacífica e duradoura em Myanmar”, defendeu na segunda-feira a ministra dos Negócios Estrangeiros indonésia, Retno Marsudi, na reunião de chefes da diplomacia antes da cimeira. Nesse sentido, afirmou que será discutido o acordo de cinco pontos alcançado em Abril de 2021 durante uma cimeira em Jacarta com a junta militar birmanesa, que prevê o fim da violência e o diálogo entre todas as partes envolvidas no conflito. O empenho da ASEAN nesse plano que fracassou desde o início, devido à falta de compromisso da junta – razão pela qual os seus dirigentes não são convidados para reuniões de alto nível da organização – foi criticado na semana passada numa reunião sobre a crise em Myanmar organizada por uma dúzia de organizações não-governamentais em Jacarta. O golpe da divisão Os membros da ASEAN continuam divididos quanto à abordagem a adoptar em relação ao Myanmar: enquanto a Indonésia, Singapura, Vietname, Filipinas e Malásia condenaram o golpe de Estado através de uma resolução das Nações Unidas em 2021, o Camboja, o Brunei, o Laos – que será o anfitrião do grupo no próximo ano – e a Tailândia abstiveram-se. Além da crise no Myanmar, também serão debatidas as tensões no mar do Sul da China – que Pequim reivindica na sua quase totalidade, disputando territórios com Malásia, Filipinas, Vietname e Brunei -, que, nos últimos meses, aumentaram devido a alegados ataques da guarda costeira chinesa a barcos filipinos e vietnamitas. Além disso, o Vietname, a Malásia e as Filipinas, bem como a Índia e Taiwan, protestaram na semana passada contra o novo mapa divulgado por Pequim de territórios recentemente anexados, que inclui ilhas disputadas no mar do Sul da China. Após os debates entre os membros na terça-feira, os dirigentes da ASEAN reúnem-se com os líderes dos países convidados hoje e amanhã, também com vista a possíveis reuniões bilaterais, especialmente entre Harris e Li, cujos países competem pelo aumento de influência na região. A presença de Kamala Harris em vez do Presidente norte-americano, Joe Biden – que participou na cimeira da ASEAN em Phnom Penh em 2022 -, e de Li em vez do Presidente chinês, Xi Jinping, são baldes de água fria para o grupo, esperando-se, portanto, que as ausências também façam parte das conversas. A adesão de Timor Mesmo numa espécie de impasse, a ASEAN prepara-se para acolher um novo país com uma história bastante recente: Timor-Leste. Numa entrevista à Lusa, o primeiro-ministro timorense disse na segunda-feira que a adesão do país à ASEAN, firmada para 2025, é realista e permitirá ao país preparar os muitos quadros técnicos e especializados necessários para maximizar as oportunidades de fazer parte da organização regional. “Temos de formar mais quadros, procurar recursos humanos competentes em áreas importantes, relativamente ao que ASEAN nos pode dar e ao que podemos dar à ASEAN. Áreas muito relevantes, especialmente porque sabemos que o objectivo do mandato deste Governo é desenvolver a economia”, disse Xanana Gusmão. “Sobretudo no sector da economia, do investimento e das áreas relacionadas com este propósito e com esta interligação com os países da ASEAN, precisamos de gente capaz. Já fizemos uma análise e vemos que ainda estamos fracos em vários aspetos”, afirmou. O chefe do IX Governo timorense participa na cimeira da ASEAN depois de Díli ter fixado o ano de 2025 como meta para a adesão, processo que se chegou a debater poder ser concluído ainda este ano e ainda sob a presidência rotativa da Indonésia. Muitas metas Um complexo roteiro de adesão implica que Timor-Leste terá de alcançar várias metas essenciais antes da conclusão de um processo que se arrasta há vários anos, mas que teve o seu maior impulso em 2022 com a votação a favor do estatuto de observador. À Lusa em Jacarta, onde esta semana representa o Estado timorense na 43.ª Cimeira da ASEAN, Xanana Gusmão admitiu que a meta deste ano era excessivamente optimista, em termos de calendário. “Iniciámos este processo de adesão no IV Governo. E sim, podemos falar de optimismo em relação à pressa, sim, mas não de optimismo em relação a querermos a adesão, porque isso é uma posição global, de todo o Estado”, disse o primeiro-ministro. Timor-Leste já esteve representado na primeira cimeira deste ano, também organizada pela Indonésia, em Labuan Bajo, com o então primeiro-ministro Taur Matan Ruak a ser o primeiro líder timorense a intervir num encontro da organização regional. E ainda que o país não esteja formalmente integrado, Taur Matan Ruak já entrou na ‘foto de família’ dos chefes de Estado e de Governo que hoje decora a página principal da presidência indonésia da ASEAN. Xanana Gusmão explicou que mais do que intervir no encontro, se trata de ouvir e de “trabalhar com os dedos”, registando as impressões, comentários e posições dos membros da organização, para compreender melhor os assuntos em cima da mesa. Críticas de Xanana O primeiro-ministro timorense criticou ainda a acção da Junta Militar do Myanmar, instando a ASEAN a resolver a situação, em declarações que levaram a Junta a expulsar o encarregado de negócios timorense naquele país. Xanana Gusmão reiterou a sua posição sobre o assunto, afirmando que se trata de defender os princípios que Timor-Leste sempre defendeu e de contestar, entre outros aspectos, a prisão da líder nacional Aung San Suu Kyi “O meu perfil é dizer abertamente, claramente as coisas, o que penso. A reacção deles de expulsar o nosso representante diplomático é normal. É uma medalha para nós. Mas acredito que as minhas declarações não impedirão a nossa preparação para a adesão porque todos apoiam a nossa adesão”, afirmou. “Há benefícios [com a adesão], mas nunca devemos esquecer que os valores devem estar sempre acima dos benefícios que podemos receber. Temos de ser coerentes com a nossa posição, com a nossa visão do mundo”, enfatizou. Xanana Gusmão, que discursou no Fórum Empresarial da ASEAN, manteve no início da semana um encontro de cortesia com o Presidente indonésio Joko Widodo, antes de dois dias intensos de reuniões na cimeira e a nível bilateral. Entre os encontros previstos, à margem da cimeira, contam-se reuniões com o homólogo australiano, Anthony Albanese, e com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Segmento de massas premium ultrapassou níveis pré-covid-19 A indústria do jogo de Macau recuperou em Agosto as receitas brutas do segmento de massas para cerca de 94 por cento dos níveis pré-pandemia. Porém, os resultados das mesas premium já ultrapassaram a barreira dos tempos infectados pela covid-19 O passado mês de Agosto voltou a bater o record mensal do novo paradigma comparativo entre os tempos antes e depois da pandemia, com as receitas dos casinos a ultrapassarem a fasquia dos 17,2 mil milhões de patacas, o melhor resultado desde Janeiro de 2020. Após a divulgação dos resultados da indústria pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os analistas da JP Morgan Securities (Asia Pacific) emitiram uma nota a destacar que o segmento de massas premium obteve resultados equivalentes a 110 por cento dos níveis pré-pandémicos. No cômputo geral, a indústria apurou em Agosto receitas que ficaram a 71 por cento da facturação de 2019. Os analistas concluem que os dados apresentados na sexta-feira pela DICJ implicam que no mês passado os casinos de Macau obtiveram receitas diárias de 555 milhões de patacas. A marca solidifica a tendência ascendente de receitas, depois de receitas diárias de 500 milhões de patacas no segundo trimestre do ano e de 537 milhões de patacas em Julho. “Os números indicam que as receitas brutas do jogo de massas recuperaram para 93 a 94 por cento dos níveis pré-covid, superando os resultados de Julho”, destacam os analistas, citados pelo portal GGR Asia. Água na fervura Também no sector VIP foram registados progressos, apesar das fortes restrições impostas pela revisão da lei do jogo e pela campanha movida pelas autoridades chinesas ao jogo transfronteiriço. A JP Morgan denota que as receitas brutas do segmento VIP andaram entre 28 e 29 por cento dos níveis pré-pandemia, resultado que representa uma melhoria face aos níveis entre 23 e 24 por cento verificados no segundo trimestre deste ano. Apesar dos resultados de Agosto, os analistas da JP Morgan puseram água na fervura em relação ao entusiasmo face aos sucessivos recordes batidos mensalmente, algo que não se deve manter este mês. “As receitas brutas do jogo em Setembro não vão deslumbrar ninguém, não só devido à sazonalidade, por ser um mês intermédio entre o Verão e a Semana Dourada de Outubro, mas também devido à passagem do super-tufão Saola no fim-de-semana”. O período da Semana Dourada está marcado para os dias entre 29 de Setembro e 6 de Outubro, período em que é expectável que os hotéis de Macau esgotem a reserva de quartos. “A grande questão que se coloca agora é saber quanto vão jogar os hóspedes”, apontam os analistas.
Hoje Macau Manchete SociedadeSMG | Emitido sinal número 1 face à aproximação do tufão Haikui Cerca de 28 horas após a passagem do Saola, o território volta a estar em alerta, desta vez para o tufão Haikui, que obrigou à retirada de mais de sete mil pessoas de zonas de alto risco em Taiwan Macau emitiu ontem, pelas 04:00, o sinal de alerta 1 face à aproximação do tufão Haikui, 28 horas depois de ter baixado o último alerta devido ao super tufão Saola. Às 05:00, o Haikui encontrava-se a cerca de 680 quilómetros a leste de Macau, movendo-se a uma velocidade média de 10 quilómetros por hora, indicaram os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) de Macau. “Espera-se que as condições permitam chegar à conclusão de que Macau virá a ser afectado, posteriormente”, disseram os SMG. Durante o dia de hoje, havia a possibilidade de ser içado o sinal número três de tufão, embora a probabilidade fosse “relativamente baixa”. A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10, cuja emissão depende da proximidade da tempestade e da intensidade do vento. O tufão já atingiu a costa leste da ilha de Taiwan e, caso mantenha a trajectória, deverá entrar hoje no mar do Sul da China, seguindo depois em direcção às províncias de Fujian ou Guangdong, no leste da China. O Haikui, o primeiro tufão a passar directamente sobre Taiwan em quatro anos, obrigou as autoridades a retirarem cerca de sete mil pessoas de zonas de alto risco, no leste da ilha, e a suspenderem as operações em pelo menos três linhas ferroviárias (ver pag15). O Ministério do Interior informou que mais de 2.800 pessoas foram retiradas de sete cidades da Taiwan, principalmente da zona montanhosa de Hualien. Partes do sul de Taiwan estavam sob aviso de chuvas “extremamente fortes ou torrenciais”, que poderão atingir 700 milímetros em algumas zonas montanhosas, segundo a agência espanhola EFE. Mais de 200 voos domésticos foram cancelados e escolas e escritórios encerrados no Sul e no Leste da ilha. Nem arrefeceu Macau voltou a emitir o sinal de alerta 1, apenas 28 horas depois de ter baixado o último alerta emitido devido à passagem do super tufão Saola. Tal como aconteceu na China continental e na vizinha região administrativa especial chinesa de Hong Kong, Macau chegou a emitir o alerta máximo, de nível 10, o que levou ao acolhimento de 250 pessoas em centros de emergência e ao registo de cinco feridos. O Governo de Macau decretou também o encerramento dos casinos, serviços públicos, escolas e parques de estacionamento, tendo sido cancelados mais de 200 voos no aeroporto internacional. Em Setembro de 2018, o tufão Mangkhut provocou 40 feridos e inundações graves no território. Um ano antes, o Hato, considerado o pior tufão em mais de 50 anos a atingir o território, causou dez mortos e 240 feridos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCheias | Deputado dos Moradores pede rapidez nas obras Após a passagem do tufão Saola, Leong Hong Sai defendeu a necessidade de completar o mais depressa possível os projectos de prevenção de cheias e pediu uma alternativa à barragem de marés no Porto Interior Após a passagem do tufão Saola pelo território, Leong Hong Sai apelou ao Governo para acelerar os projectos e obras relacionados com a prevenção de cheias. O pedido foi deixado em declarações ao Jornal do Cidadão. Segundo o deputado ligado aos Moradores, apesar de o Saola ter poupado o território a grandes impactos, “os tufões nunca devem ser subestimados”, razão pela qual defende que uma preparação “compreensiva” com vários planos de resposta a calamidades naturais. No que diz respeito às cheias, Leong Hong Sai pediu ao Governo para “acelerar a implementação do plano de controlo e prevenção das cheias”, na Zona Oeste de Coloane, que indicou ser um dos pontos mais vulneráveis a inundações. Nesse sentido, o membro da Assembleia Legislativa defende também que é necessário encontrar uma alternativa para a barragem de marés no Porto Interior. Este é um projecto antigo, que tinha recuperado um novo fôlego com a passagem do tufão Hato, que provocou 10 vítimas mortais. Contudo, desde Fevereiro que o Executivo anunciou a intenção de desistir da barragem, após um estudo de viabilidade, por considerar que os custos não justificam os benefícios e por entender que a altura das portas da barragem pode deixar de ser suficiente para evitar as cheias a médio prazo. Leong Hong Sai não se mostra conta o cancelamento do projecto, mas apela para que a construção de várias estações elevadas e a instalação de bombas na zona sejam aceleradas. Melhorias no trânsito Em relação ao tufão recente, Leong Hong Sai destacou a necessidade de melhorar a situação do trânsito, principalmente quando apenas o tabuleiro inferior da Ponte Nam Van está aberto. “Quando só está aberto o tabuleiro inferior, após ser içado o sinal 8 ou superior, a ligação deixa de ser suficiente. O trajecto que em condições normais demoraria 10 minutos, passa a demorar quase uma hora”, afirmou o legislador. Leong apelou assim para que se encontrem alternativas e que as autoridades arranjem forma de apoiar o trânsito com os meios necessários, nos dias de tufão e quando os cidadãos precisam de se deslocar. A lição da ponte Nam Van deve ser também, segundo o deputado, aplicada nas futuras ligações às Zonas C e D dos Novos Aterros. As autoridades indicaram no passado terem planos para construir ligações que tivessem disponíveis em todas as situações. Leong veio ontem pedir que sejam divulgados mais pormenores sobre os planos, mesmo que a construção da Zona C esteja suspensa. Em relação aos autocarros públicos, pediu ao Governo para que melhore a coordenação e que quando o sinal de tufão número 3 é içado que o número de autocarros em circulação aumente. Leong revelou ter recebido queixas sobre a sobrelotação dos autocarros e as dificuldades sentidas pelos cidadãos para chegarem a casa, ou a abrigos de acolhimento, antes de o sinal número 8 de tufão ser içado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGuangdong | Song Pek Kei defende mais quotas de circulação A deputada de Fujian critica a “dualidade de critérios” no facto de o Governo aumentar as quotas para circular na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, mas não permitir mais viaturas a circular para Cantão Após o anúncio do aumento de quotas de circulação para os veículos de Macau na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, Song Pek Kei veio defender também o aumento das quotas para que mais veículos possam aderir ao programa “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong”. O pedido foi feito através de uma interpelação escrita, citada pelo Jornal do Cidadão. Há quase duas semanas, as autoridades anunciaram o aumento de 544 quotas para utilização da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Todavia, ao contrário do que tinha sido pedido por vários deputados, as quotas para a circulação em Cantão não sofreram qualquer alteração. No início de Agosto, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, tinha justificado na Assembleia Legislativa que não haveria aumento das quotas para circular em Guangdong, para não aumentar o trânsito na Zona Norte, onde se registam congestionamentos frequentes. No entanto, para a deputada, ligada à comunidade de Fujian, a explicação é incompreensível face ao aumento das quotas para circular na megaponte, porque os acessos são os mesmos para ir a Cantão: “Esta dualidade de critério das autoridades leva inevitavelmente a que os residentes fiquem confusos com a situação”, apontou Song. “Também não é uma medida que promova a integração dos residentes no desenvolvimento da Grande Baía”, acrescentou. Subir a parada Face à situação, Song questiona se o Governo vai aumentar as quotas para circular no Interior e aponta que o programa “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong” é mais popular do que a circulação na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A legisladora também considera, com base nos dados revelados anteriormente, que a fronteira para entrar em Cantão na Ponte HZM está a funcionar abaixo da sua capacidade. Por isso, questiona o Executivo se tem planos para implementar medidas de agilização da passagem de fronteira para viaturas particulares, de forma a que mais carros de Macau circulem em Guangdong. Ainda para fazer face ao argumento de que a Zona Norte da cidade está a ser afectada pelo trânsito para o Interior, Song Pek Kei sugere que a população possa utilizar outras fronteiras, como o posto da Ilha da Montanha, para realizar a passagem. No passado, o Governo afastou a possibilidade de a fronteira de Hengqin ser utilizada, devido à tecnologia de reconhecimento das matrículas ser diferente, mas Song Pek Kei indicou que este não deve ser um factor que impeça uma maior integração.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteSAFP | Saída de Kou Peng Kuan pode ser reconhecimento, diz analista Não se podem apontar grandes erros no percurso de Eddie Kou Peng Kuan à frente dos Serviços de Administração e Função Pública, na óptica do académico Bryan Ho, que encara a saída para o Centro de Formação Jurídica e Judiciária como possível reconhecimento. Já Pereira Coutinho não encontra um único ponto positivo na liderança de Kou Peng Kuan Eddie Kou Peng Kuan esteve oito anos à frente dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) e, agora, é a vez de passar o testemunho a Ng Wai Han, e desempenhar funções como director do Centro de Formação Jurídica e Judiciária. Tendo em conta que a área do funcionalismo público sempre foi alvo de inúmeras críticas, devido à burocracia e lentidão dos serviços, analistas ouvidos pelo HM não apontam grandes reparos a Eddie Kou Peng Kuan. Bryan Ho, docente da Universidade de Macau (UM) e especialista em governança e administração pública, defende mesmo que a nomeação para o Centro de Formação Jurídica e Judiciária pode ter duas leituras. “Em primeiro lugar, Kou Peng Kuan não cometeu erros graves durante o tempo em que esteve à frente dos SAFP, apesar de algumas dificuldades e desafios que ainda estão por resolver. Em segundo lugar, o seu desempenho relativamente bom e a sua contribuição para a Função Pública e para a sociedade de Macau foram reconhecidos.” José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), destaca o facto de o ex-director dos SAFP ser “uma pessoa de bom trato”, mas incapaz de “sobressair devido às anteriores tutelas que nunca tiveram a preocupação de resolver os importantes problemas internos da Função Pública, causadores de inúmeras injustiças”. Coutinho destaca entre as falhas de Kou Peng Kuan a “contagem do tempo eventual de serviço para efeitos de cálculo das pensões de aposentação, a implementação da retroactividade dos índices de forma igualitária, a pouca transparência da Comissão de Avaliação das Remunerações da função pública” ou ainda “a inutilidade da Comissão de Tratamento e Gestão de Queixas da função pública”. O deputado e dirigente associativo não consegue realçar, pela positiva, uma única medida de Kou Peng Kuan, que fez parte “do grupo de responsáveis pela criação e extinção de vários gabinetes de apoio”. Em suma, o deputado descreve que “muito pouco foi feito ao nível da simplificação dos procedimentos administrativos” enquanto liderou os SAFP. “Relativamente bom” Para Bryan Ho, Kou Peng Kuan teve, nestes oito anos, “um desempenho relativamente bom” na liderança dos SAFP, “empenhando-se na construção de uma Função Pública eficiente para a sociedade”. O académico destaca a criação do serviço de “Conta Única de Macau”, introduzido em 2019 que permite o tratamento online de inúmeras burocracias. Bryan Ho recorda momentos menos bons do mandato do ex-director, nomeadamente quando o Comissariado de Auditoria “revelou num relatório o aumento da despesa pública relacionado com o sistema de recrutamento gerido pelos SAFP”, e “o desperdício de dinheiros públicos devido à sua ineficiência”. Nessa altura, “os jornalistas perguntaram se Kou assumiria as responsabilidades, demitindo-se do cargo em prol da responsabilização política”. Este manteve-se à frente dos SAFP. “No contexto de Macau, as questões relativas a um sistema ineficaz e confuso de recrutamento na Função Pública podem ser mais complicadas do que parecem. O sistema de recrutamento foi objecto de reformas e obteve alguns resultados, mas também gerou muitos outros problemas imprevistos”, rematou o académico da UM. Um novo dia O ex-director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Kou Peng Kuan tomou posse como director do Centro de Formação Jurídica e Judiciária (CFJJ) na passada sexta-feira, prestando juramento numa cerimónia presidida pelo secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, e testemunhada pelo chefe do gabinete do secretário para a Administração e Justiça, Lam Chi Long. Durante a cerimónia, Kou Peng Kuan agradeceu a André Cheong “pela confiança depositada, afirmando que irá, em conjunto com a equipa, continuar a empenhar-se na prossecução das atribuições do CFJJ”. O novo director prometeu dedicação na “formação profissional nas áreas da justiça e do direito, com base nos trabalhos realizados e os bons resultados obtidos no passado”. A chegada ao topo da hierarquia do CFJJ é mais um passo numa carreira que começou a ser construída com a licenciatura em Gestão Empresarial pela Universidade Ji Nan, mestrado em Direito Económico pela Universidade Sun Yat-Sen e doutoramento em Administração Pública pela Universidade Popular da China. O ingresso na função pública aconteceu em 1991, mais precisamente como técnico superior do Centro de Formação para a Administração Pública. Ao longo dos anos, Kou Peng Kuan passou pelos cargos de adjunto da divisão de formação, chefe da divisão de formação e chefe do departamento de modernização administrativa dos Serviços de Administração e Função Pública. A escalada no organismo levaria Kou Peng Kuan a desempenhar o cargo de subdirector dos SAFP em 2011 e director a partir de 2015, cargo que ocuparia até à nomeação para o CFJJ. História com barbas Quando Kou Peng Kuan ingressou na função pública, os SAFP ainda não existiam. Na altura, a gestão e operacionalidade dos serviços administrativos estavam fragmentados em vários organismos dispersos, como os Serviços de Administração Civil, as Administrações de Concelho de Macau e das Ilhas e o Posto Administrativo de Coloane. Estes organismos haviam sido criados nos primórdios do Estado Novo pela implementação da Reforma Administrativa Ultramarina de Portugal, através de um decreto-lei aprovado pelo Ministério das Colónias em 15 de Novembro de 1933. Cinquenta anos depois, ainda durante a administração portuguesa de Macau, era aprovado o decreto-lei que instituiu a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, a 1 de Dezembro de 1983. O novo organismo transferiu e centralizou as competências das entidades da administração ultramarina portuguesa sobre Macau. Além disso, o organismo ficou incumbido das missões de “estudar, promover, coordenar a optimização e inovação das políticas de administração e função pública e impulsionar o aumento contínuo de desempenho administrativo”, assim como “melhorar constantemente o sistema de função pública”. A página dos SAFP acrescenta à lista de missões a formação de uma equipa de trabalhadores altamente eficiente, que estabelece uma cultura de serviços de qualidade. Ng Wai Han tomou posse como directora da SAFP A tomada de posse de Ng Wai Han para o cargo de directora dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) realizou-se na sexta-feira, numa cerimónia presidida pelo secretário para a Administração e Justiça, André Cheong. O governante destacou que os SAFP desenvolveram instrumentos e medidas para melhorar a governação electrónica e a optimização de procedimentos administrativos. André Cheong exortou ainda Ng Wai Han e os colegas a empenharem-se no cumprimento das suas funções, tendo por base os “trabalhos promovidos no passado, como a reforma da administração pública, optimização do regime jurídico da função pública, promoção da governação electrónica, aperfeiçoamento das acções de formação dos trabalhadores da administração pública”. Por sua vez, Ng Wai Han prometeu que irá enfrentar os desafios inerentes ao cargo com uma atitude baseada em “pragmatismo, inovação e empenho” e em conjugação com a orientação governativa do Governo. Ng Wai Han é licenciada em Direito e mestre em Direito Criminal pela Universidade de Zhongshan, de Guangzhou. Em 1999, ingressou na função pública como técnica superior na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de 2013 a 2016 desempenhou funções de Chefe da Divisão de Estudos do Departamento de Estudos e Informática, Chefe da Divisão das Relações Laborais do Departamento de Inspecção do Trabalho e posteriormente Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho. Em Novembro de 2016 assumiu o cargo de subdirectora da DSAL substituta, tendo em Junho de 2017 iniciado funções como subdirectora da DSAL. Desde Junho de 2020 tem exercido o cargo de subdirectora do SAFP.
Hoje Macau Manchete PolíticaTecnologia | Macau quer atrair peritos, incluindo lusófonos O Governo apresentou dois programas para atrair quadros qualificados das áreas da tecnologia de ponta que valorizam o conhecimento do português. O objectivo é captar profissionais formados nas 100 melhores universidades do mundo ou nas 20 melhores do Interior da China Na sexta-feira entraram em vigor dois programas para captar “quadros altamente qualificados” e “profissionais de nível avançado” em tecnologia de ponta, cujos critérios valorizam o conhecimento da língua portuguesa. De acordo com os despachos assinados pelo Chefe do Executivo, publicados no Boletim Oficial de Macau na quinta-feira, os programas têm como objectivo “impulsionar o desenvolvimento das indústrias chave”. Nos despachos que enquadram os programas, Ho Iat Seng defendeu que a indústria de tecnologia de ponta é “necessária à diversificação adequada da economia” da RAEM, altamente dependente do turismo e dos casinos. Os programas apontam para tecnologias como a inteligência artificial, novas energias, robótica, Internet das coisas, cibersegurança, mega dados, realidade virtual e aumentada, e circuitos integrados microelectrónicos, também conhecidos por ‘chips’. Os candidatos aos programas têm de contar no currículo com, pelo menos, uma licenciatura, ter 21 anos ou mais e obter pelo menos 200 pontos numa lista de critérios que inclui experiência profissional e competências linguísticas. Quanto mais velhos forem os candidatos, menores serão os pontos atribuídos. A nível das qualificações académicas, há pontos atribuídos para quem obter diplomas nas 100 melhores instituições do mundo ou nas 20 melhores do Interior, de acordo com os seguintes ranking: Times Higher Education World University Rankings, QS World University Rankings, U.S. News & World Report e Academic Ranking of World Universities. Lista de critérios Um candidato pode obter até 10 pontos se “possuir boa capacidade de expressão em duas línguas de entre o chinês, português ou inglês”, de acordo com os critérios dos dois programas. Também os rendimentos anuais provados dos candidatos são alvo de avaliação, e se um candidato apresentar rendimentos superiores a 3 milhões de patacas, soma imediatamente 80 pontos, o valor mais alto. O nível mais baixo é de 30 pontos, para quadros com rendimentos de pelo menos 1,5 milhões de patacas por ano. Estes dois programas são os primeiros a serem implementados no âmbito de uma lei, que entrou em vigor a 1 de Julho, e que procura captar para Macau quadros qualificados, entre eles vencedores de Prémio Nobel, nomeadamente com benefícios fiscais. Os quadros qualificados poderão gozar de isenção do imposto do selo sobre a transmissão de bens ou sobre aquisição de bens imóveis destinado ao exercício de actividade própria, assim como isenção da contribuição predial urbana. Além disso, terão isenção do pagamento do imposto complementar de rendimentos, assim como benefícios para efeitos do imposto profissional, caso sejam contratados por empresas locais. O Governo definiu como aposta para os próximos anos o investimento em indústrias que podem absorver quadros qualificados, como é o caso do sector financeiro e das áreas de investigação, desenvolvimento científico e tecnológico, saúde com alta tecnologia e medicina tradicional chinesa.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteWong Shek Hung, directora da Oxfam para Macau, Hong Kong e Taiwan: “Covid afectou os mais pobres” Em Macau desde 2012, a organização não-governamental internacional Oxfam tem lutado por aumentos do salário mínimo, mantendo um diálogo constante com o Governo. A directora da representação da Oxfam para Macau, Hong Kong e Taiwan, Wong Shek Hung, alerta que, mesmo com a recuperação da economia, muitas pessoas precisam ainda de apoio financeiro Que balanço faz da actividade da Oxfam desde que se instalou no território em 2012? Ao longo dos anos, a Oxfam tem-se concentrado em três áreas-chave: defesa de direitos [humanos], educação e angariação de fundos. Relativamente à defesa dos direitos, temos trabalhado em políticas laborais e salariais para garantir que os direitos e salários dos trabalhadores mais vulneráveis sejam protegidos. Temos vindo a fazê-lo através da elaboração proactiva de propostas ao Governo de Macau, respondendo a agendas políticas e afins. Também estamos a apoiar activamente e a trabalhar com organizações locais para desenvolver programas domésticos, incluindo a recolha de excedentes alimentares e a sua redistribuição a famílias que vivem na pobreza, oferta de aulas de reforço gratuitas a crianças de famílias mais pobres, apoio a pessoas que recolhem cartão [na rua] e outros programas de envolvimento público. No domínio da educação, temos organizado workshops e trabalhado com escolas para sensibilizar [os jovens] para as várias facetas da pobreza e para formar a nova geração, bem como o público em geral, como cidadãos globais. Através de uma série de actividades experimentais e interessantes, como o teatro interactivo, visitas à comunidade, jogos e outras, temos obtido o apoio crescente de um vasto leque de escolas e do público ao longo dos anos. Realizámos mais de 300 sessões por ano e, recentemente, trabalhámos também com a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), ministrando workshops de educação para a vida a alunos do ensino básico e secundário. Um dos últimos eventos anunciados pela Oxfam foi a corrida na Torre de Macau, que tem como objectivo a recolha de fundos. Sim. No que diz respeito à angariação de fundos, temos realizado alguns eventos de grande escala, que têm sido bastante populares entre as pessoas locais: o Oxfam Rice Event e o Oxfam TowerRun [ver texto secundário]. A edição deste ano foi mesmo reconhecida oficialmente pela Tower Running World Association como um evento de 120 pontos. Em termos de novas iniciativas, também introduzimos recentemente o Dress Green Day [Dia do Vestido Verde] e trabalhámos em conjunto com a DSEDJ para organizar novos workshops para estudantes, produzimos livros, entre outras coisas. O Dia do Vestido Verde é uma iniciativa em que todas as escolas e organizações participantes se vestem de verde durante um dia e doam à Oxfam o que gastariam num almoço. Podem também participar gratuitamente numa actividade educativa organizada pela Oxfam em Macau, para promover a sensibilização do público e aprender sobre a situação alimentar em vários locais espalhados pelo mundo. Relativamente a matérias sociais, nomeadamente a questão do aumento do salário mínimo, como tem sido o diálogo com o Executivo? Temos submetido, de forma pró-activa, diversas propostas ao Governo de Macau, respondendo às políticas estabelecidas e ao salário mínimo. Temos encorajado o Governo a aumentar o salário mínimo com base no Índice Mínimo de Subsistência, para que o processo de revisão [do montante] seja mais transparente. O actual salário mínimo não é revisto com a frequência suficiente (apenas de dois em dois anos) e os seus aumentos não acompanham a inflação. Tendo em conta o facto de um trabalhador ter, muito provavelmente, de cuidar de outra pessoa, necessitando de 7.990 patacas [mensais], com base no Índice Mínimo de Subsistência, os trabalhadores não deveriam ganhar menos de 38,4 patacas por hora. [Actualmente o aumento do salário mínimo está a ser discutido em sede de concertação social, com o Governo a propor um aumento que varia entre 34 e 36 patacas por hora]. Também reunimos com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, a Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo e várias pessoas e departamentos governamentais no passado. De uma forma geral, a Oxfam considera que Macau e Hong Kong têm problemas sociais semelhantes, ou são diferentes, tendo em conta a diferença das suas estruturas económicas? Tal como em Hong Kong e no resto do mundo, a covid-19 afectou os mais pobres de Macau, as empresas e [influenciou] a taxa de desemprego. Nos últimos três anos, recebemos mais pedidos de apoio de pessoas que vivem em situação de pobreza em Macau. Através dos nossos apoios com alimentos, por exemplo, encontrámos mais famílias monoparentais e idosos em situação de necessidade. Apesar de a economia ter melhorado, muitas pessoas precisam ainda de apoio. É por isso que medidas como o aumento do salário mínimo seriam muito benéficas para os segmentos populacionais mais vulneráveis de Macau. As alterações climáticas é outra das áreas de actuação da Oxfam. O que tem sido feito em Macau neste domínio? Mais justiça climática é uma das áreas de preocupação da Oxfam. Para aumentar a sensibilização para a questão e combater as alterações climáticas, satisfazendo ao mesmo tempo as necessidades dos mais pobres, temos desenvolvido um programa de recolha de excedentes alimentares e redistribuição a famílias que vivem na pobreza. [Esta medida] incorpora elementos de redução da pobreza e, ao mesmo tempo, protecção ambiental. Promovemos este programa junto de lojas, a fim de obter o seu apoio na doação de excedentes alimentares, e convidamos [também] o público e os estudantes a recolher excedentes alimentares. Temos também um programa dirigido aos colectores de papelão, com o objectivo de aumentar a quantidade de papel recolhido para reciclagem, bem como apoiar os colectores de papelão a melhorarem os ritmos de trabalho e os seus rendimentos.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Receitas do jogo atingiram valor mais alto desde a pandemia As receitas da indústria do jogo foram quase oito vezes superiores ao valor registado em Agosto do ano passado. Desde o início do ano, os casinos tiveram receitas superiores a 114 mil milhões de patacas As receitas do jogo atingiram 17,2 mil milhões de patacas em Agosto, o valor mais alto desde Janeiro de 2020, de acordo com dados oficiais revelados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), na sexta-feira. O valor registado em Agosto é 3,3 por cento mais elevado do que em Julho, que já tinha fixado um recorde pós-pandemia de covid-19, com o montante de 16,7 mil milhões de patacas. Além disso, as receitas da indústria do jogo foram durante Agosto quase oito vezes superiores ao registado no mesmo mês do ano passado, que o valor total não tinha ido além das 2,19 mil milhões de patacas. Apesar da recuperação em termos anuais, o valor que os casinos de Macau arrecadaram no mês passado ainda é inferior em cerca de 29,1 por cento inferior ao montante contabilizado em igual período de 2019, antes do início da pandemia. Entre Janeiro e Agosto, as receitas do jogo quase quadruplicaram em comparação com igual período de 2022, atingindo 114 mil milhões de patacas. No entanto, de acordo com os dados do regulador do jogo, a receita acumulada nos primeiros oito meses do ano representa apenas 57,5 por cento do montante registado no mesmo período de 2019. Desde Junho que as receitas do jogo estão a subir, com 15,2 mil milhões de patacas em Junho, 16,7 mil milhões de patacas e Julho e, finalmente, 17,2 mil milhões de patacas em Agosto. Números mais positivos Macau, que à semelhança da China continental seguia a política ‘zero covid’, anunciou em Dezembro o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos das rigorosas restrições. Com o alívio das medidas, Macau registou nos primeiros sete meses deste ano 14,4 milhões de visitantes, indicou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, quatro vezes mais do que em igual período do ano passado, mas ainda assim 60,5 por cento do registado em 2019. A indústria do jogo, a principal fonte de receita via impostos do Governo do território, representava mais de metade do produto interno bruto (PIB) de Macau em 2019 e dava trabalho a quase 68 mil pessoas no final de 2022, ou seja, a quase 20 por cento da população empregada. Na quarta-feira, o director do Instituto para os Estudos da Indústria do Jogo da Universidade de Macau, Davis Fong, disse que as receitas dos casinos podem atingir 180 mil milhões de patacas este ano e 200 mil milhões de patacas em 2024.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAcidente | Polémica instalada com comunicado da Polícia de Segurança Pública Um homem foi detido devido a um acidente com uma viatura conduzida a alta velocidade junto do Hotel Lisboa, depois de ter passado um sinal vermelho. Contudo, o caso está a gerar celeuma, porque ao contrário da prática habitual, a informação do CPSP é escassa Na quinta-feira, um carro da marca Mercedes bateu à frente do Hotel Lisboa, depois de ter passado dois sinais vermelhos a elevada velocidade, ter atingido um autocarro e uma viatura particular. As imagens tornaram-se virais, mas a ocorrência ficou marcada pela forma como o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) divulgou a ocorrência. Ao contrário de outras situações em que a divulgação do CPSP fornece vários pormenores, inclusive os apelidos dos envolvidos, o mesmo não aconteceu com esta situação. A primeira mensagem sobre a ocorrência, em chinês, tinha apenas 72 caracteres, dos quais sete eram sinais pontuação. Após o contacto de vários órgãos de comunicação social, o CPSP lançou mais informação, desta feita com 300 caracteres, mas a dualidade de critérios levou a Associação dos Jornalistas de Macau a emitir um comunicado, em que indica haver desconfianças sobre a tentativa de encobrir a ocorrência. “Ao olharmos para a mensagem do CPSP enviada aos média na última noite [31 de Agosto] podia ler-se: ‘Aconteceu um acidente de trânsito com dois carros privados e um autocarro perto do Hotel Lisboa. Não houve feridos nem ninguém foi transportado para o hospital. Ninguém ficou preso nas viaturas’”, começou por indicar a associação. “Não há nada de errado com a informação! Mas quem ler a mensagem pensa que tudo se tratou de um acidente pequeno, sem impacto, o que é totalmente diferente das imagens captadas”, foi indicado. Muitas dúvidas Face à forma como ocorreu a comunicação, a Associação dos Jornalistas de Macau recordou que tem feito pedidos junto das autoridades para “melhorarem” o mecanismo de divulgação dos crimes, com mais informação. Apesar dos pedidos, a associação reconhece que na prática a informação disponibilizada “é cada vez mais simplificada”, o que torna difícil de perceber no meio das 50 a 60 mensagens diárias “os crimes com valor de notícia”. A associação apontou ainda que “há suspeitas de que neste caso houve tentativa de encobrimento”. Por último, face a respostas anteriores das autoridades que “algumas emergências não são divulgadas, devido aos critérios internos da polícia”, a Associação dos Jornalistas de Macau ironizou com a precisão da divulgação da informação. “As autoridades estão a operar o mecanismo de informação de forma tão precisa, que os grandes incidentes são reduzidos a pequenas ocorrências e as pequenas ocorrências são eliminadas. Não admira por isso, que neste caso não tenha acontecido nada…”, foi apontado. Condução perigosa Quanto ao acidente, de acordo com a informação divulgada após os contactos dos órgãos de comunicação social e da divulgação de vários vídeos online, o CPSP informou que o condutor tem 30 anos. Na altura do sinistro, apesar de ter atingido um carro particular e um autocarro público e ter passado a alta velocidade dois sinais vermelhos, não houve feridos aregistar. Também os testes para medir o consumo de álcool ou estupefacientes terão tido resultados negativos. O homem foi enviado para o Ministério Público e está indiciado da prática dos crimes de “condução perigosa de veículo rodoviário”, que implica uma pena de prisão que pode chegar a três anos de prisão, e pelo crime de fuga à responsabilidade, cuja pena pode chegar a um ano de prisão.
João Luz Manchete SociedadeSMG | Realçado impacto de alterações climáticas em super tufões No rescaldo da passagem do tufão Saola, as autoridades realçaram o aumento de tempestades graves nos últimos anos. Porém, o tufão Saola acabou por enfraquecer mais depressa que o previsto, com as zonas baixas da cidade a serem poupadas a inundações. O Observatório de Hong Kong pondera emitir hoje sinal 1 devido ao tufão Haikui Apesar do alerta máximo e de ter atingido o sinal 10, o tufão Saola passou por Macau sem causar grandes estragos. Segundo os dados avançados pelo Centro de Operações de Protecção Civil (COPC), as autoridades foram chamadas para acorrer a “188 incidentes, 118 casos sobre tratamentos de objectos com risco de queda e 55 casos sobre objectos desabados”. Os “Serviços de Saúde e o Hospital Kiang Wu receberam seis feridos, entre os quais um com ferimento de grau grave (fractura), um de grau médio (prendeu o dedo) e quatro de grau ligeiro”, COPC. Devido à expectativa de inundações, a polícia apelou à evacuação de 9.064 residências e 3.111 residentes das zonas baixas, transportando 10 pessoas com necessidade especiais aos centros de acolhimento de emergência. Foram também acolhidos nos 17 centros de acolhimento de emergência e nos quatro pontos de permanência para evacuação de emergência 247 pessoas. Destas, 106 eram residentes de Macau, 71 turistas do Interior da China, quatro turistas de Hong Kong e 66 turistas de outros países. Ao início da tarde de sexta-feira, o Chefe do Executivo declarava o estado de prevenção imediata. Os casinos, escolas e parques de estacionamento encerraram temporariamente e foram cancelados mais de 200 voos no aeroporto internacional. As fronteiras também foram encerradas e o serviço de transportes públicos foi suspenso, assim como a circulação rodoviária nas pontes, levando à paralisação do território com as autoridades a aconselhar os residentes a não saírem de casa. Marés baixas Apesar de o Porto Interior ter registado inundações ligeiras logo na manhã de sexta-feira, ainda antes da chegada da chuva e dos ventos, o pior cenário acabou por não se verificar. Ainda assim, a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiu o segundo alerta mais elevado para inundações (vermelho), estimando que o nível da água acima do pavimento atingisse valores entre 1,5 e 2,5 metros. Quanto aos ventos, os SMG previram que podia exceder 118 quilómetros por hora. De acordo com as informações dos diversos modelos, os SMG estimaram que o “Saola iria trazer a Macau e até à zona do Estuário do Rio das Pérolas um ‘Storm Surge’ mais significativo”. Porém, “dado que Saola enfraqueceu mais rápido do que o previsto, a velocidade de deslocação aumentou, o aumento da água resultante do “Storm Surge” reduziu mais do que o previsto, o pico de inundações ficou desfasado”, apontaram os serviços meteorológicos, acrescentando que a situação das inundações “não correspondeu à previsão”. Monte dos vendavais Os SMG explicaram que qualquer ligeira alteração na trajectória, poderia trazer “um impacto diferente para Macau”, uma vez que o Saola era um tufão forte, com uma estrutura firme e circulação relativamente pequena. Segundos os dados dos serviços meteorológicos, a rajada mais forte foi sentida em Ká-Hó (superior a 147 quilómetros por hora), local que também registou a maior velocidade de vento (103,3 quilómetros por hora). Além dos dados numéricos, os SMG teceram considerações sobre as causas que têm levado ao elevado número de grandes tempestades. “As alterações climáticas levam a condições meteorológicas extremamente severas mais frequentes. Após a passagem do tufão “Hato” em 2017, do tufão “Mangkhut” em 2018 e do tufão “Higos” em 2020, o sinal n.º 10 de tempestade tropical de “Saola” foi emitido pela quarta vez em sete anos. Em comparação com o sinal n.º 10 emitido o mesmo número de vezes entre 1968 e 2016 (49 anos no total). Nos últimos anos, registou-se um aumento significativo da frequência de emissão”, apontam os SMG. Ao largo Entretanto, a tempestade tropical “Haikui” levou as autoridades meteorológicas de Macau e Hong Kong a emitir comunicados. Os SMG previam ontem que a tempestade iria atravessar Taiwan e entrar no Mar do Sul da China nos próximos dias”. Ainda com a trajectória e desenvolvimento do “Haikui” incertos após entrar no Mar do Sul da China, a estimativa preliminar dos SMG ponta a direcção a Fujian ou à área costeira a leste de Guangdong como possíveis “destinos” para a chegada a terra. Para já, uma coisa parece certa, durante os próximos quatro dias, “o tempo na região será muito quente, durante o dia”. O Observatório de Hong Kong adiantou ontem a possibilidade de emitir hoje de manhã o sinal 1 de tempestade. Sem tempo Na sexta-feira, Pereira Coutinho revelou ter recebido “muitas queixas de trabalhadores da função pública” devido à “falta de racionalidade de alguns serviços de autorizar a saída dos seus trabalhadores em tempo útil para poderem chegar às suas casas e em segurança”. O deputado afirmou que com a emissão do sinal 8 às 14h de sexta-feira, muitos trabalhadores ficaram numa situação complicada para conseguirem voltar a casa, porque “os transportes públicos nomeadamente os autocarros e táxis deixaram de funcionar”. Para evitar situações semelhantes no futuro, Pereira Coutinho sugeriu que perante tempestades, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública deve emitir “antecipadamente instruções gerais para todos os serviços públicos”, uniformizando de vez decisões arbitrárias como se verificou com o pessoal de atendimento na Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. IC | Edifícios patrimoniais em bom estado depois de tufão O Instituto Cultural (IC) realizou ontem uma inspecção a vários locais protegidos como património arquitectónico, para aferir o estado dos edifícios e “relíquias culturais” depois da passagem do tufão Saola pelo território, afirmou ontem o organismo em comunicado. Na sequência da inspecção, feita ao abrigo do mecanismo de resposta a emergências do património cultural, o IC concluiu que o estado geral dos bens imóveis classificados de Macau está basicamente intacto, e que o vento e a chuva dos últimos dias não provocaram grande impacto nos mesmos. Apesar disso, o IC deu conta de que alguns edifícios manifestaram danos ligeiros no telhado e foram afectados pela queda de ramos de árvores. O IC dispõe um mecanismo de resposta a emergências para desastres naturais e crises, e realiza anualmente trabalhos de prevenção e resposta antes da época de tufões e chuva, incluindo a convocação das reuniões de trabalho sobre resposta a crises e desastres naturais. Ao mesmo tempo, para os templos e as igrejas situados em zonas baixas, o IC disponibiliza bombas de drenagem, montagem de comportas contra inundações e poda de árvores que precisem de manutenção.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrime | Rede de entradas ilegais no território desmantelada As autoridades prenderam um homem de 56 anos suspeito de ser o cabecilha de uma rede ligada a quatro casos de entrada ilegal em Macau, entre Março e Agosto deste ano. A detenção aconteceu depois de já terem sido detidas 19 pessoas ligadas às operações da rede A Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção do alegado cabecilha de uma rede que se dedicava a trazer para Macau pessoas de forma ilegal, evitando os controlos nas fronteiras. O caso foi apresentado numa conferência de imprensa realizada ontem de manhã, onde as autoridades revelaram que o principal suspeito é do Interior da China e está indicado pela prática do crime de auxílio à imigração ilegal. Segundo a informação da PJ, a suposta organização criminosa foi responsável por, pelo menos, quatro casos de entrada ilegal no território, detectados entre Março e Agosto deste ano. À medida que os quatro casos foram descobertos, as autoridades procederam à detenção de 11 membros da rede de contrabando, assim como de mais oito pessoas que tentavam entrar ilegalmente em Macau. No entanto, o cabecilha da rede de contrabando continuava a monte. Na conferência de imprensa, as autoridades anunciaram a detenção do líder do grupo criminoso, um residente do Interior com 56 anos de idade. Segundo a versão da PJ, o suspeito terá elaborado os planos para permitir a entrada no território de indivíduos à margem do controlo fronteiriço. Trabalho de fundo O detido tinha igualmente a seu cargo a realização de contactos no Interior com possíveis interessados em entrar em Macau de forma ilegal, assim como por procurar barcos para o transporte e possíveis locais de embarque e desembarque dos dois lados da fronteira. Por cada viagem ilegal, a rede criminosa cobrava entre 30 mil e 70 mil yuan. Com base nos casos detectados, a PJ apontou que a rede criminosa conseguiu um lucro de, pelo menos, 380 mil yuan. Contudo, o número pode ser maior, uma vez que as autoridades não garantem que não tenham sido feitas mais viagens que passaram ao lado do sistema de vigilância. A detenção do indivíduo aconteceu na quarta-feira, quando se preparava para deixar Macau. De acordo com a PJ, que estava a acompanhar o percurso do sujeito, este entrou no território na terça-feira, através das Portas do Cerco. Durante o dia que passou no território, o homem deslocou-se aos casinos do Cotai, onde fez vários contactos, que a PJ acredita terem sido conduzidos com o propósito de organizar mais entradas ilegal no território. No entanto, quando se preparava para deixar Macau, o homem foi interceptado pelas autoridades. O principal suspeito estava identificado, depois de um dos passageiros clandestinos dos casos anteriores ter concordado em cooperar com a investigação. No entanto, a maior parte dos outros suspeitos recusou cooperar. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, e o homem está indiciado pelo crime de auxílio à imigração ilegal, que tem uma moldura penal que pode chegar a oito anos de prisão.
Hoje Macau Manchete SociedadeTufão Saola | Autoridades alertam para cenário de alto risco Com a possibilidade do tufão Saola passar a cerca de 70 quilómetros da cidade, os SMG alertaram para a possibilidade de se repetir um cenário de “desastre meteorológico” para o qual a população se deve preparar As autoridades alertaram ontem a população para o risco de inundações e para o impacto dos ventos fortes do tufão Saola, que se aproxima do território. Os avisos foram deixados ontem, numa conferência de imprensa que contou com a presença de Ivan Leong, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), em que foram abordadas duas possibilidades. No pior dos cenários, se o tufão seguir a linha da costa de Macau, sem tocar na terra, existe a possibilidade de ocorrerem graves inundações, sobretudo nas zonas baixas da cidade. “Nesse cenário, vai afectar muito Macau e pode ser perigoso (…) com um desastre meteorológico a poder ocorrer muito rapidamente”, afirmou Ivan Leong, director dos SMG. No entanto, no segundo cenário, em que o tufão toca terra antes de seguir para Ocidente, “o sistema [do tufão] vai enfraquecer um pouco”, explicou Ivan Leong. Todavia, a probabilidade de ocorrer o cenário mais grave é “relativamente alta”, alertaram as autoridades, porque se espera que o tufão passe a cerca de 70 quilómetros do território. A dimensão do tufão é mais pequena do que grandes tufões que atingiram Macau nos últimos anos, principalmente em comparação com o tufão Mangkhut, mas a velocidade dos ventos no centro do sistema é mais elevada. Número três hoje Os SMG indicaram ainda que a probabilidade de emitir o alerta 3 durante o dia de hoje é “alta”, quando o tufão estiver a menos de 300 quilómetros do território. No que diz respeito a içar o sinal de tufão número 8, a probabilidade de ser içado entre a noite de hoje e a madrugada de amanhã é “relativamente alta”. Ontem, o tufão severo Saola encontrava-se a pouco mais de 400 quilómetros de Macau, ao início da tarde, e a partir de hoje espera-se que a chuva e o vento se intensifiquem. A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10, cuja emissão depende da proximidade da tempestade e da intensidade do vento. Em Setembro de 2018, o tufão Mangkhut provocou 40 feridos e inundações graves no território. Um ano antes, o Hato, considerado o pior tufão em mais de 50 anos a atingir o território, causou 10 mortos e 240 feridos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFukushima | Apreendidos produtos importados do Japão As autoridades anunciaram ter impedido a entrada no mercado de duas caixas de ostras com origem em Miyagi. O importador tinha declarado como origem das ostras a prefeitura de Iwate, que não foi abrangida pela proibição de importações O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou ter impedido a entrada em Macau de duas caixas com ostras importadas de Miyagi, no Japão. Esta é uma das 10 prefeituras alvo da proibição de importação de produtos marítimos, animais e vegetais imposta pela China, após a descarga para o mar de água com resíduos radioactivos da Central Nuclear de Fukushima. De acordo com um comunicado na quarta-feira à noite, em chinês, as caixas de ostras com origem em Miyagi foram detectadas numa operação de rotina à radiação dos produtos importados do Japão. Terá sido durante esse procedimento que os inspectores do IAM descobriram que duas das caixas tinham como origem a prefeitura de Miyagi. Contudo, no pedido de licença de importação, a empresa responsável pela entrada dos produtos em Macau terá declarado que os produtos tinham origem na prefeitura de Iwate, que faz fronteira a norte com a prefeitura de Miyagi, mas que não foi alvo do bloqueio. “O Instituto para os Assuntos Municipais lembra os importadores que devem cumprir rigorosamente as leis e os regulamentos aplicáveis, declarar de forma honesta a origem e qualidade dos produtos, e não importar alimentos das áreas proibidas”, sublinhou o organismo liderado por José Tavares, em comunicado. Ao mesmo tempo, o IAM apelou aos importadores para manterem os registos e os documentos das mercadorias, para que “a origem” possa ser identificada a qualquer altura, quando considerado necessário pelas autoridades. Sem resultados positivos A informação oficial emitida na quarta-feira indica que esta foi a primeira apreensão de produtos proibidos de entrar em Macau. Contudo, não foi indicado o destino das duas caixas de ostras. No caso de as autoridades seguirem os procedimentos adoptados durante a pandemia, as caixas deverão ser destruídas, porém, esta informação não foi revelada. No comunicado, o IAM também não refere que os testes de radiação tenham gerado qualquer resultado positivo, pelo que se assume que todos os testes tenham sido negativos. Desde 24 de Agosto que é proibida a entrada em Macau de alimentos frescos e vivos, com origem animal, sal e algas marinhas com origem nas prefeituras de Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano e Saitama e da Metrópole de Tóquio. Apesar de a Agência Internacional de Energia Atómica (AEIA) ter declarado que a água libertada no mar é considerada segura, a China coloca em causa os dados das autoridades japonesas. Por esse motivo, foi lançado uma proibição de importação de produtos que abrange o Interior, Macau e Hong Kong. As autoridades de Macau apelaram também aos residentes que viajam para estas zonas para não trazerem consigo produtos proibidos como lembranças. Também não foi afastada a possibilidade de ser lançado um aviso de alerta sobre as viagens para o Japão, o que poderia colocar em causa a cobertura dos seguros para os residentes interessados em viajar o país nipónico.
João Luz Manchete PolíticaSalvo-conduto | Emissões para Macau, HK e Taiwan sobem no Verão Entre 1 de Julho e 29 de Agosto, a Administração Nacional de Imigração emitiu mais de 18,5 milhões de salvos-condutos para Macau, Hong Kong e Taiwan. Em menos de dois meses, as autoridades do Interior da China passaram quase metade das autorizações da primeira metade do ano, com Macau a ser o destino preferido dos turistas chineses Dados divulgados ontem pela Administração Nacional de Imigração revelam que entre 1 de Julho e 29 de Agosto foram emitidos quase 18,6 milhões de salvos-condutos que autorizam cidadãos chineses a visitar Macau, Hong Kong e Taiwan, números que representam um aumento de 27,5 por cento em relação aos dois meses anteriores. Recorda-se que no primeiro semestre deste ano foram emitidos quase 42,8 milhões de salvos-condutos para deslocações a Macau, Hong Kong e Taiwan, volume que atingiu 96,5 por cento do nível registado no primeiro semestre de 2019, antes da pandemia paralisar a movimentação transfronteiriça. Em termos externos, a Administração Nacional de Imigração emitiu entre 1 de Julho e 29 de Agosto 3,42 milhões de vistos para visitas ao estrangeiro, menos de um quinto do volume de salvos-condutos para as regiões administrativas especiais e Taiwan, que ainda assim representa um aumento de 7,1 por cento face aos dois meses anteriores. No cômputo geral, a Administração Nacional de Imigração contabilizou entre 1 de Julho e 29 de Agosto mais de 82,4 milhões de entradas e saídas em todos os postos fronteiriços do país, quase 1,4 milhões por dia. Deste universo de travessias, mais de 32,4 milhões era residentes de Macau, Hong Kong e Taiwan. Reflexo turístico Segundo os últimos dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, Macau recebeu 2,8 milhões de visitantes em Julho, com mais de 1,9 milhões oriundos do Interior da China e mais de 660 mil de Hong Kong. Apesar de ainda não terem sido divulgados dados oficiais sobre o número de turistas referentes a Agosto, a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, indicou recentemente que a média diária de entradas em Agosto atingiu cerca de 100 mil. Volume que perspectiva o mais elevado registo mensal desde o início da pandemia. Tantos os dados internos, como as estatísticas reveladas pelas autoridades nacionais apontam para a preferência dos turistas chineses pelo destino Macau. Há duas semanas, o relatório sobre o turismo externo referente ao primeiro semestre de 2023, divulgado pela Academia de Turismo da China, “mostra que Hong Kong, Macau e Taiwan representam 80 por cento dos destinos de viagens escolhidos pelos residentes do interior da China, durante o primeiro semestre do corrente ano, com Macau a ficar no primeiro lugar do ranking, com uma taxa de 50 por cento”, apontaram as autoridades, em comunicado.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCasa Garden | 40 anos da arquitectura de Eduardo Flores em exposição “PROVADEVIDA – Eduardo Flores – 40 anos em Macau” é o nome da mostra inaugurada na terça-feira na Casa Garden. Chegado a Macau no início da década de 80, Eduardo Flores tem a sua assinatura em muitos edifícios e infra-estruturas do território, como a piscina de Cheoc Van, a Escola Portuguesa de Macau ou o plano de urbanização do ZAPE. O arquitecto está também a preparar o livro “Biografia na Arquitectura” Fotos de Rómulo Santos Quando olhamos para a história da arquitectura de Macau no século XX habituamo-nos a ver nomes portugueses. Eduardo Flores é um deles, estando o seu trabalho espelhado em vários recantos do território, a título individual ou em equipa, não apenas em edifícios residenciais que hoje passam despercebidos, mas também em projectos maiores, como a piscina de Cheoc Van, em Coloane, ou a edificação do ZAPE [Zona de Aterros do Porto Exterior]. São 40 anos de arquitectura, iniciados em Portugal nos anos 80, que podem agora ser revisitados em “PROVADEVIDA – Exposição de Eduardo Flores, 40 anos em Macau”, patente na Casa Garden entre 5 e 17 de Setembro. Além disso, Eduardo Flores prepara um livro, em edição de autor, sobre a sua carreira, com fotografias, histórias pessoais e esquissos de projectos edificados ou que ficaram pelo caminho. “Biografia na Arquitectura” é, contudo, um projecto em andamento, sem data de publicação. A história profissional de Eduardo Flores começa a contar-se com o projecto da Casa da Nazaré, o primeiro, uma encomenda de um cliente, em 1982. “Embora emocionante, não houve receios nem questionamentos existenciais. Tratou-se da renovação de uma casa de férias de família, na malha antiga da Nazaré. Da arquitectura original, projectada e aprovada, não retiro uma virgula, mas o facto de ter-me afastado da obra a meio, por ter de vir para Macau, complicou a qualidade e fidelidade do desenho, mas isso era quase normal”, recordou ao HM. Pouco tempo depois, chegava ao Oriente e começou a projectar a piscina de Cheoc Van, em Coloane, logo em 1983. Aquilo a que designa como “um projecto da juventude”. “Não gostando particularmente de piscinas, abordei a questão com uma ingenuidade que, julgo, não falhou. Só aquele pedacinho espraiado, onde nos podemos espojar e resfolegar feitos leões marinhos, já valeu a pena. Numa primeira abordagem, o tanque entrava pelo mar adentro, com águas bem separadas e, no entanto, muradas, sem grande entusiasmo. A ideia foi emendada, felizmente”, apontou. Nos anos 80, além de diversos projectos para edifícios públicos, Eduardo Flores participou no Plano de Intervenção Urbanística do ZAPE, um projecto “complicado”. “O modo como encarámos essa ‘missão’ foi esforçado”, conta o arquitecto, recordando o trabalho com parceiros vindos de Hong Kong. “Havia, claro e infelizmente, as perfeitamente dispensáveis opiniões de gabinetes completamente incompetentes no assunto, e não estou a falar das Obras Públicas de então, tão sofredoras quanto nós. Não fiquei satisfeito [com o resultado final], até hoje”, confessou. Na zona norte da península, Eduardo Flores projectou alguns edifícios residenciais da chamada classe M, com poucos pisos. Aqui, não houve grandes desafios. “Na altura, eram muito mais compensadores os projectos públicos, sobretudo intelectualmente, mas os honorários também eram suficientes para, com atenção, não darem prejuízo. Na encomenda privada estávamos sempre espartilhados. Eram prédios muito grandes e densos, normalmente bastante feios. Nada que me envergonhe, mas não consigo definir esses dois prédios [na zona norte].” O arquitecto recorda que, à época, “as Obras Públicas eram muito pouco ou nada interventivas, como aliás, competia, nas questões de liberdade do arquitecto”, mas com os edifícios de classe M “era uma história, de diversas maneiras, diferente”, “nos edifícios mais altos havia muitas imposições de modelos e tipologias de Hong Kong”. Restaram, desses tempos, “imensos prédios fantasiosos, invisíveis a não ser em fotografias que tínhamos de nos apressar a fazer antes de ficarem completamente mascarados com grades e prateleiras para vasos”. “Havia a conversa recorrente sobre qual seria o aspecto de Macau se, de repente, tudo fosse retirado e pudéssemos ver os prédios todos no seu estado original. Aposto que seria surpreendente e, talvez, motivo para mais uma exposição”, acrescentou. Destaque ainda para a participação de Eduardo Flores no projecto de requalificação do bairro de São Lázaro em 2001 em colaboração com a empresa de José Chui Sai Peng, a CAA – Chui & Associates. No livro, o arquitecto descreve que, com este projecto, foi permitido reintroduzir, tal como no Plano do ZAPE, “os mais simples e reais valores urbanísticos que, contrariando o poder do mercado especulativo, pudessem contaminar, de modo positivo, dinâmicas avassaladoras”. São Lázaro “é um território bem demarcado na malha urbana da cidade”, destaca Eduardo Flores na publicação, sendo também “significante na história política de Macau, na ocupação colonial de mais território, sobretudo com Ferreira do Amaral [Governador assassinado em Macau em 1849], que, por isso, literalmente perdeu a cabeça”. Eduardo Flores ajudou também a projectar a Escola Portuguesa de Macau, inaugurada em 1998, em parceria com o atelier de Carlos Marreiros. “Simbolicamente, foi o meu último trabalho em Macau, num fecho da história que delimitou o mais importante ciclo da minha vida.” O arquitecto deixou Macau, pela primeira vez, em Agosto de 1999. “Embora doloroso, era o momento certo para o desejado regresso à metrópole”, descreve em “Biografia na Arquitectura”. O regresso ao Oriente fez-se em Agosto de 2001, no pós-transição, para mais esquissos e projectos. Esquecimentos e cuidados Muitos prédios de Eduardo Flores e tantos outros projectos, incluindo a piscina de Cheoc Van, parecem estar hoje votados ao esquecimento ou à falta de manutenção. Algo que o arquitecto lamenta. “As cidades, e em particular os edifícios, precisam de cuidados primários para terem saúde”, frisou. Na vida de um arquitecto nem tudo o que é desenhado e pensado sai do papel. Convidámos, por isso, o arquitecto a olhar para o que correu bem e menos bem nos seus 40 anos de carreira. “Houve projectos muito aliciantes de elaborar e depois construir. A piscina [de Cheoc Van], ainda com a consciência pouco afinada daquilo que um projecto público pode acarretar, chateou até dizer chega”. Seguem-se os “viadutos ZAPE-NAPE”, de 1993, que entraram “num ‘negócio’ quase paralelo, apesar de lhes chamarem ‘obras de arte’. Neste ponto, Eduardo Flores convida a uma visita à exposição para se conhecerem todos os detalhes a fundo da história. Em relação aos projectos que não avançaram, “os enjeitados”, o arquitecto diz apenas que “não há roda onde todos caibam”. Acima de tudo, 40 anos de arquitectura, grande parte deles passados em Macau, não são mais do que um “drama completo, incluindo cenário e personagens”, ironiza. “Foi um sonho real. Aconteceu-me quase tudo o que desejava de bom, e não havia grandes problemas, só umas chatices de vez em quase. Claro que exagero, mas não de mais. Até porque Macau, por vezes, seria uma paixão um tanto canalha; mas rapidamente sabíamos com que contar.” Maior qualidade Quanto ao exercício da profissão no território, até 1999, Eduardo Flores recorda que “nunca houve grandes variações de práticas, tanto do lado privado como do público”. Após 2001, “as relações tornaram-se menos fluídas e até me pareciam menos francas”. “Parece-me não haver dúvidas de que a construção dos novos casinos e hotéis, e a exigência aí exercida, rapidamente se expandiu, influenciado com mais qualidade os hábitos de construção anteriores, que eram, normalmente, muito maus”, frisou. Em relação aos ganhos e perdas dos profissionais nos últimos anos, Eduardo Flores aponta que “a vida dos projectistas não se facilitou”. “A familiaridade entre técnicos deixou de funcionar tão bem. Além disso, houve subtis alterações de regulamentos e práticas que em nada melhoraram os processos. Ganhámos numa qualidade de execução que podemos mais facilmente exigir – ou que já começa a sentir-se por si. O que se chamava as ‘boas práticas’ construtivas, descuradas com o ‘boom’ dos anos 70 a 90, e que se notam do pouco que sobra de anos anteriores, podem ter regressado”, confessou. Tanto na exposição, como no livro, Eduardo Flores revela os bastidores da arquitectura, retratos de momentos felizes a projectar e de companheirismo com outros profissionais de Macau, como Mário Duque, João Palla, entre outros. É também dado destaque a viagens e projectos em Portugal, nomeadamente a Biblioteca Municipal da Chamusca, de 1996, ou as Seis Vivendas edificadas em Vila Franca do Campo, na ilha açoriana de São Miguel.
João Luz Manchete SociedadeMGM | Resorts remodelados para dar espaço à cultura A MGM China vai reformular os “espaços que não estão totalmente utilizados” dos seus resorts para criar áreas dedicadas às artes e a elementos culturais. De acordo com a previsão de Pansy Ho, a remodelação do MGM Macau deverá estar concluída no último trimestre de 2024. No Cotai, será construída uma nova estrutura temática, ainda no segredo dos deuses Os resorts integrados da MGM China vão ser remodelados para acrescentar áreas dedicadas às artes e à cultura. A novidade foi adiantada na terça-feira à tarde pela directora executiva da MGM China, Pansy Ho, à margem da inauguração da instalação “Valkyrie Miss Dior”, em que a artista plástica portuguesa Joana Vasconcelos deu uma nova vida ao Valkyrie Octopus. Em declarações à comunicação social, Pansy Ho reconheceu que os espaços dos resorts da MGM China não estão a ser utilizados de forma a maximizar as suas potencialidades. A directora executiva da concessionária indicou que no primeiro piso do MGM Macau será remodelado um espaço com mais de 5.500 metros quadrados, e no MGM Cotai a remodelação irá incidir sobre um espaço com quase 9.300 metros quadrados de área. A intervenção no resort da península de Macau deverá estar concluída antes fim do fim de 2024. A intervenção no resort da península de Macau deverá dar foco aos sectores das convenções e exposições. O objectivo da concessionária passa por acrescentar novos espaços dedicados a eventos temáticos “de elevada qualidade”, como “exposições de arte, joalharia e outros bens de luxo”, e colmatar a falta de áreas nos resorts do grupo para organização de eventos comerciais de larga escala. A área intervencionada no resort do Cotai está actualmente ocupada por lojas, estabelecimentos de restauração e venda de bebidas e zonas de jogo VIP. Incógnita temática Além das remodelações nos resorts da concessionária, Pansy Ho deixou em aberto que estão em curso negociações com o Governo para construir uma “estrutura temática” ao lado do MGM Cotai. Apesar de não querer arriscar prazos para a construção da obra, nem detalhes sobre o âmbito do projecto, Pansy Ho adiantou que a estrutura não deverá ultrapassar metade da altura do MGM Cotai. As novidades foram anunciadas numa altura em que se sabe que o Governo exigiu às operadoras de jogo planos detalhados para cada projecto de investimento, incluindo provas sólidas de que os seus planos promovem as quatro principais indústrias centrais para a estratégia do governo de diversificação de Macau. Essas indústrias incluem pesquisa científica e tecnológica e manufactura de alta tecnologia, medicina tradicional chinesa, turismo cultural, MICE e finanças modernas.
Hoje Macau Manchete Sociedade“Saola” ganha força. Sinal 8 pode ser içado na madrugada de sábado Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram ontem à tarde o sinal 1 devido à entrada do Saola num raio de 800 quilómetros do território. As autoridades entendem que a probabilidade de içar o sinal 3 entre a tarde e noite de amanhã é “moderada a relativamente alta”, e que a probabilidade de chegar a sinal 8, entre a madrugada e manhã de sábado, é moderada. No final desta semana poderá ocorrer uma interacção com a tempestade tropical Haikui, pelo que ainda há incertezas quanto à trajectória e local onde o Saola vai tocar terra, acrescentaram. Entretanto, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) emitiu ontem um alerta sobre a necessidade de protecção das embarcações de pesca estacionadas no Porto Interior, tendo em conta a possibilidade de subida das marés para uma altura de três metros. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a DSAMA alerta os passageiros para programarem melhor as suas viagens tendo em conta a chegada da tempestade e os donos das embarcações a deslocarem-se para outros locais a fim de evitar acidentes. Também ontem, o Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM) a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) apelaram aos empresários de pequenas e médias empresas situadas nas zonas baixas do território para prestarem atenção às informações meteorológicas e “implementar bem as medidas contra tufões e inundações”. A soprar forte O tufão começou ontem a dirigir-se para a costa sul da China, depois de se ter intensificado durante a madrugada, de acordo com as autoridades de Taiwan. O tufão estava a deslocar-se para noroeste com ventos sustentados de 191 quilómetros por hora e rajadas de até 234 quilómetros por hora, de acordo com a Agência Central de Meteorologia de Taiwan, sendo agora considerado um tufão forte. O olho do tufão não atingirá a parte continental de Taiwan, mas vai atingir as cidades do sul da ilha com as bandas exteriores. Os serviços de meteorologia alertaram também para a possibilidade de chuvas e ventos fortes nas cidades do sul de Taiwan e, em especial, no sul da região de Pingtung. Actualmente, o Saola dirige-se o sul de Taiwan, no canal Bashi, que separa a ilha das Filipinas. Até ao momento, a tempestade não causou grandes danos quando passou pelas Filipinas, no início desta semana, embora milhares de pessoas tenham ficado desalojadas quando a tempestade provocou fortes chuvas e inundou zonas baixas no norte do país. Prevê-se que o tufão atinja o sul das províncias de Fujian e Guangdong na sexta-feira.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMulheres | Alerta para falsos docentes que tiram dinheiro a pais A Associação Geral das Mulheres alerta para o número cada vez maior de casos de burla levados a cabo por falsos docentes que, em grupos de WeChat, pedem dinheiro aos encarregados de educação para alegadas despesas escolares. A entidade exige, assim, maior acção do Governo na prevenção deste tipo de ocorrências Cada vez mais pessoas fazem-se passar por professores para burlar encarregados de educação em grupos na plataforma WeChat. O alerta é deixado pela Associação Geral das Mulheres, que pede maior divulgação de medidas preventivas por parte do Governo e políticas que levem ao aumento da consciência dos alunos universitários contra burlas. Chu Oi Lei, directora do Centro de Serviços da Família da Associação Geral das Mulheres, afirmou, em comunicado, que as burlas perpetradas por falsos professores não acontecem apenas no interior da China, tendo já ocorrido algumas vezes em Macau. Tudo começa com um perfil falso nos grupos de WeChat, sendo depois pedido aos pais pagamentos para despesas com materiais escolares, por exemplo. Chu Oi Lei recordou que, em Agosto do ano passado, e ainda antes de começar um novo ano lectivo, ocorreu um caso de burla semelhante, quando um encarregado de educação foi informado de que tinha de pagar despesas escolares através de um grupo no WeChat. O pagamento foi feito porque o burlão apresentava, no seu perfil, uma fotografia e o nome semelhantes aos do director de turma. Desta forma, Chu Oi Lei recomenda que as autoridades policiais informem a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) sobre as investigações levadas a cabo quanto aos professores falsos, além de pedir uma melhor comunicação entre a escola e os pais. A responsável entende que os pais devem sempre ligar para a escola a fim de confirmar que o pedido de pagamento é verdadeiro. Burla na universidade A dirigente da Associação Geral das Mulheres disse ainda que os alunos universitários são também burlados, sendo que aqueles que vêm do exterior são mais facilmente enganados por não conhecerem a sociedade local. Chu Oi Lei referiu dados já divulgados pelas autoridades policiais relativos ao primeiro trimestre do corrente ano, quando ocorreram 435 burlas em que os jovens foram as principais vítimas. Um terço dessas burlas esteve relacionado com burlas a estudantes do ensino superior. A responsável entende que as medidas de sensibilização e prevenção devem ser lançadas nas redes sociais e plataformas mais populares entre os jovens.
João Santos Filipe Manchete PolíticaHidroginástica | Fim das aulas na piscina do Centro de Lin Fong causa polémica A suspensão das aulas de hidroginástica na piscina do Centro de Lin Fong originou um coro de críticas. Depois de José Pereira Coutinho, ontem foi a vez do deputado Ma Io Fong e da Associação dos Moradores juntarem as suas vozes aos protestos O deputado Ma Io Fong apelou ao Instituto do Desporto (ID) para manter as aulas de hidroginástica na piscina do Centro de Lin Fong. O pedido surge na sequência da reorganização da utilização da piscina anunciada pelo ID, justificada com uma nova estratégia para poder ser utilizada por mais pessoas. Em declarações ao Jornal do Cidadão, o legislador ligado à Associação das Mulheres revelou que após ter sido anunciada a suspensão das aulas de hidroginástica, o seu gabinete recebeu várias queixas, não só de cidadãos que frequentavam as aulas, mas também de instrutores. De acordo com os dados apresentados por Ma, actualmente existem cerca de 17 aulas de hidroginástica no território, sendo que 12 decorrem na piscina do Centro de Lin Fong, o que representa uma proporção de 70 por cento. Além disso, com a medida do ID, Ma aponta que “mais de 500 estudantes” ficam impossibilitados de frequentar as aulas. O deputado também argumentou que as aulas de hidroginástica são especialmente importantes para os alunos mais velhos, porque sob a orientação de um instrutor profissional podem fazer exercícios que mantêm a sua força muscular. Ma destacou igualmente a valia deste tipo de aulas para os estudantes com problemas de mobilidade, que têm a oportunidade de praticar aulas de reabilitação. Por isso, aponta que “a hidroginástica é uma terapia rara em Macau e uma actividade de reabilitação”. Em alternativa à suspensão, Ma indica que os alunos de hidroginástica propõem duas vias possíveis para manter o futuro das aulas: realizá-las em horários de menor utilização da piscina, ou dividir parte da piscina só para estas aulas. Queixas dos Moradores Também a União Geral das Associações dos Moradores de Macau criticou as alterações ao calendário das aulas da piscina do Centro de Lin Fong. Ao jornal Ou Mun, Ho Wai San, directora do Centro I Chon dos Moradores, criticou a decisão, e apontou que ao longo dos anos se tornou cada vez mais difícil arranjar vagas na piscina, principalmente para os mais velhos, que são os mais afectados pela nova decisão. Por isso, Ho Wai San indicou terem medo que as aulas para os idosos voltem a ser suspensas e reduzidas, pelo que apelou ao Executivo para considerar apropriadamente as necessidades destas pessoas e garantir as necessidades dos mais velhos de fazerem exercício. As reacções de Ma Ion Fong e dos Moradores surgem depois de também José Pereira Coutinho, deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), ter sido o primeiro a criticar a decisão do ID. Porém, Coutinho destacou além do impacto para os alunos o despedimento de cerca de 70 instrutores.