PS | Vítor Moutinho acusa partido de esquecer portugueses de Macau

No 24.º Congresso Nacional do PS, o delegado ao Congresso em representação de Macau criticou a imposição de restrições no acesso dos emigrantes ao Serviços Nacional de Saúde e a cobrança de mais-valias na venda de casas em território português

 

Vítor Moutinho, delegado ao Congresso do PS em representação de Macau, acusou partido de esquecer os portugueses do território, queixando-se de que estão a perder direitos e alertando para que a liberdade está a ser restringida. “Sim, camaradas, o PS, os representantes eleitos esqueceram-se de Macau, esqueceram-se de defender aquilo pelo qual os portugueses batalharam nestas últimas décadas, se não séculos”, acusou Vítor Moutinho, numa intervenção no 24.º Congresso Nacional do PS, na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O coordenador da secção do PS de Macau defendeu que “há valores inegociáveis que devem ser rapidamente respeitados” na região, onde “muito mudou nos últimos meses”.

“A liberdade de manifestação está a ser restringida, a liberdade de imprensa está a ser condicionada, e isto devia permanecer intocável até 2049. Mas parece que neste partido, no Governo, na diplomacia portuguesa se instalou uma doença estranha de esquecimentos colectivos. Esquecem-se das agendas, esquecem-se das decisões, esquecem-se das promessas, esquecem-se que há convenções a respeitar”, criticou.

Segundo Vítor Moutinho, talvez Manuel Pizarro, médico e ministro da Saúde, pudesse “estudar a causa desta doença repentina que é o esquecimento colectivo”.

“Nas últimas legislativas o PS alcançou pela primeira vez em Macau uma vitória esmagadora sobre a direita. Foi um trabalho intenso que tivemos, e nestes dois anos quase deitámos tudo a perder por não respeitarmos promessas que tivemos para com os cerca de 60 mil eleitores que ali existem”, disse.

O coordenador da secção considerou que “não pode o PS pedir o voto, dizendo que há direitos que são inegociáveis, e depois, sem explicações, cortar-se aos emigrantes o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) tendencialmente gratuito impondo regras absurdas aos portugueses emigrantes”.

A seguir, questionou, “por que é que um cidadão português que vive em Macau paga um imposto de mais-valia quando vende a sua casa diferente de um português que vive na Europa”.

À espera de sinais

No fim do seu discurso, dirigiu-se ao novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos: “As comunidades portuguesas estão à espera de um sinal. Há perguntas que urge responder com um programa político que assuma por direito e por inteiro a nacionalidade portuguesa e que integre por inteiro todos os portugueses, com direitos e deveres iguais, estejam eles na Maia, no Porto, em Londres, em França, em Bruxelas, em São Paulo ou em Macau. Somos todos portugueses”.

Vítor Moutinho apresentou-se como porta-voz de “um conjunto de cidadãos que em Macau ainda gostam da participação política, ainda gostam de Portugal e são indefectíveis apoiantes do PS”, que “a mais de dez mil quilómetros de distância lutam pelos valores socialistas, procuram promover a igualdade social, a justiça económica, a participação democrática, lutam pela liberdade”.

“Valores que o nosso fundador deixou em Macau. Em momentos em que somos obrigados a explicar quem é, o que é o PS a cidadãos que já pouco se lembram de Portugal, bastam duas palavras para os convencer: Mário Soares, aquele, o homem da mãozinha, o amigo bochechas, como carinhosamente é conhecido em Macau. Sim, camaradas, Mário Soares ainda é o referencial em Macau”, afirmou.

Foi Mário Soares quem “desbloqueou a nacionalidade de muitos chineses” e quem “garantiu a liberdade dos valores de um sistema que agora começa a estar em causa em Macau”, acrescentou.

O 24.º Congresso Nacional do PS marca a transição da liderança do partido de António Costa para Pedro Nuno Santos, que foi eleito secretário-geral nas eleições directas de 15 e 16 de Dezembro, com 61 por cento dos votos, contra José Luís Carneiro, que teve 37 por cento, e Daniel Adrião, que teve 1 por cento.

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