Imobiliário | Mercado mostra sinais de recuperação face a Junho

Os primeiros números do mercado de habitação referentes a Julho mostram um cenário mais animado do que em Junho. No entanto, a comparação anual continua a revelar a crise do sector imobiliário

 

Na primeira metade de Julho, houve 162 vendas de imóveis para habitação, o que representou um aumento para o dobro do que tinha sido registado no início de Junho. Os dados foram revelados no portal da Direcção de Serviços de Finanças (DSF).

O número de transacções mais recente, de 162, mostra um aumento significativo face ao início de Junho, quando foram vendidos 80 imóveis para habitação no território.

Nos primeiros 15 dias de Junho foram transccionadas 122 fracções na Península de Macau, 31 na Taipa e nove em Coloane. Em comparação, na primeira metade de Junho tinham sido registadas 53 transacções da Península de Macau, 25 na Taipa e duas em Coloane.

A situação do mercado do imobiliário mostra igualmente uma valorização ao nível do preço médio do metro quadrado, que cresceu 13 por cento, para uma média de 74.310 patacas por metro quadrado. No início de Junho, a média do custo do metro quadrado tinha sido de 65.618 patacas.

No início de Julho, o preço médio do metro quadrado na Península de Macau foi de 75.338 patacas, na Taipa de 68.125 patacas e de 88.749 patacas em Coloane. Esta situação contrasta com o início de Junho, quando a média do preço do metro quadrado da habitação em Macau foi de 67.332 patacas e de 61.813 patacas na Taipa. Os preços de Coloane não foram revelados, dado que só houve duas transacções nesse início de mês, o que faz com que os números não sejam publicados, por motivos de protecção de dados pessoais.

Teoria da relatividade

Se a comparação tiver em conta a primeira metade de Julho de 2024, o mercado apresenta uma situação de quebra evidente, tanto ao nível do número das transacções como do valor do metro quadrado. Em termos do número de transacções, no espaço de um ano houve menos 42, uma quebra de 204 transacções para 162. Esta diferença representa uma diminuição de 20,5 por cento.

A maior diferença aconteceu na Taipa onde no período mais recente foram vendidas 31 habitações, mas no período homólogo tinham sido transaccionadas 63 casas. Na Península as transacções caíram de 134 para 122 e em Coloane, houve uma tendência oposta, com um crescimento de sete transacções para nove.

No entanto, a grande diferença no espaço de um ano regista-se no preço por metro quadrado. Há um ano, o preço médio por metro quadrado era de 94.905 patacas, o que resultava do preço médio na Península ser de 91.247 patacas, na Taipa 102.409 patacas e em Coloane de 94.905 patacas.

5 Ago 2025

Concessionárias | Pedido aumento de licença de maternidade

Song Pek Kei quer que o Governo incentive as concessionárias de jogo a aumentar os dias de licença de maternidade e de férias anuais. A deputada, ligada à comunidade de Fujian, vinca a boa performance financeira do sector e que a expansão dos direitos laborais é o factor mais importante para a felicidade dos cidadãos

 

Seguindo a tendência de bons resultados de receitas, as concessionárias de jogo de Macau devem tomar a dianteira no alargamento dos direitos laborais na RAEM. A ideia é defendida pela deputada Song Pek Kei, numa interpelação escrita em que pede ao Governo para incentivar as empresas que gerem casinos a aumentar os dias da licença de maternidade e de férias anuais.

A legisladora salienta que as seis concessionárias “sempre desempenharam um papel de liderança em termos de medidas amigáveis e de apoio à família dos trabalhadores” e que agora é altura ideal para aumentar a licença de maternidade e as férias anuais, políticas que estão a ser estudadas pelo Executivo de Sam Hou Fai. A recuperação económica conseguida pelas empresas do jogo é outro aspecto que torna o alargamento dos direitos laborais uma medida oportuna.

Outro aspecto que Song Pek Kei gostaria de ver consagrado contratualmente pelas concessionárias de jogo e empresas dos resorts integrados diz respeito à licença de acompanhamento de familiar em caso de doença, um direito que é salvaguardado na Função Pública.

“Se o Governo aplica o regime das faltas dadas por motivo de doença de familiares de trabalhadores da Função Pública, porque não incentiva as seis empresas integradas de turismo e lazer a adoptar a mesma licença para que os seus trabalhadores possam equilibrar de melhor forma trabalho e família”, questiona Song Pek Kei.

A busca da felicidade

Para concretizar o objectivo de construir uma “Macau feliz”, a deputada considera que a garantia e a alargamentos dos direitos laborais é essencial. Nesse sentido, uma das formas de aumentar a felicidade pode passar por flexibilizar o sistema de trabalho por turnos nas empresas de jogo, de “forma razoável e científica”.

“O Executivo deve incentivar as empresas do jogo a melhorarem as disposições de trabalho por turnos e aumentarem a flexibilidade na gestão dos turnos, seguindo uma lógica de medidas favoráveis à família e à melhoria do ambiente de trabalho”, defende a deputada.

5 Ago 2025

IAM | Gatos capturados devido a queixas da Universidade de Macau

A recolha de gatos dos terrenos da Universidade de Macau resultou de “queixas da universidade sobre a grande quantidade de gatos no seu campus”, revelou ao HM o Instituto para os Assuntos Municipais. O organismo público afasta, para já, o cenário de abate dos animais, temido pelos estudantes

 

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) esclarece que a recolha de 15 gatos entre os dias 22 e 25 de Julho do campus da Universidade de Macau (UM) surgiu em resposta a queixas da própria instituição do ensino superior relativamente aos problemas de higiene no campus gerados pela presença dos animais.

“O IAM tem recebido constantemente queixas da UM sobre a grande quantidade de gatos no seu campus e os resíduos alimentares que não são removidos atempadamente e que afectam a higiene ambiental”, foi referido na resposta enviada ao HM.

A recolha dos gatos do campus da UM levou a uma onda de indignação dos estudantes, que dizem temer o abate dos animais após o período de reclamação e adopção. O IAM afasta, para já, esse cenário.

“Relativamente aos gatos capturados, se não forem reclamados pelo dono após o prazo de reclamação, o IAM irá implementar a política de ‘Captura, Esterilização e Adopção aberta’ (TNA), priorizando encontrar adoptantes adequados para os gatos. É de salientar que o IAM não estabelece um prazo para a retenção dos animais adoptados.”

Na mesma resposta é referido que durante o período de espera por famílias de acolhimento, o IAM “irá continuar a prestar atendimento clínico e cuidados diários aos animais, nunca existindo a situação de abate dos mesmos devido ao termo do prazo de retenção”.

Neste sentido, é explicado que os veterinários do IAM “estão a realizar uma série de cuidados médicos que incluem a examinação corporal, administração de vacinas e colocação de microchips”. Além disso, “os gatos só podem estar disponíveis para adopção depois de serem esterilizados”, adiantou o IAM.

“Falta de sensibilidade”

Os alertas para a adopção destes animais prosseguem nas redes sociais, sendo que, numa nota enviada ao HM e assinada por “um membro do grupo UMers – Membros da Comunidade da UM”, é questionada a “situação preocupante” que ocorreu no período de férias de Verão e, portanto, de ausência de grande parte dos estudantes.

“Estes gatos, considerados parte integrante da comunidade universitária, sobreviveram a tufão de sinal 10, mas infelizmente não conseguiram escapar a estas operações de captura efectuadas pelo IAM nos últimos dias. Para muitos estudantes e professores, estes gatos eram como ‘veteranos’ do campus, acompanhando-os durante momentos significativos da vida académica e proporcionando conforto e alegria no ambiente universitário.”

A nota explica que os membros do “UMers” não podem adoptar os gatos “devido a várias circunstâncias”, como alergias na família, posse de outros animais ou “restrições adicionais” para os estudantes do Interior da China.

Os alertas nas redes sociais visam “sensibilizar o público para esta situação e incentivar pessoas com condições adequadas a adoptarem estes gatos no canil municipal de Macau.

Na plataforma Red Note existe mesmo o grupo “UM catstories”, onde se partilham as histórias dos gatos capturados pelo IAM, sendo que só uma publicação gerou 460 gostos e 160 comentários. Foi também criado um grupo no Facebook, o “Macao Cats II”, existindo ainda publicações no Threads, já com um total de 500 gostos e 500 partilhas, incluindo as dez mil visualizações.

Um dos perfis das “UM catstories” diz respeito a um “pequeno gato tigrado”, descrito como “um ficheiro ‘sem nome’, acabado de criar no computador: ainda em branco, explorando o mundo aos poucos e tentando digitar fragmentos soltos para escrever” a sua própria história.

“Encolhido a um canto, observo as pessoas que passam, avaliando quem poderá tornar-se uma personagem importante do meu enredo. Até agora, poucas pessoas foram escritas na minha história, e também deixei poucas marcas na vida de alguém. Antes de sair do campus talvez este meu ficheiro ‘sem nome’ tenha apenas 5KB, registando algumas tímidas explorações e um suave desejo por calor humano”, lê-se no apelo feito à adopção.

O HM questionou a UM sobre este assunto, tendo em conta que os animais vinham sendo acarinhados pelos estudantes, mas até ao fecho da edição não recebeu uma resposta. Os membros do “UMers” também questionam como pode a UM, “uma instituição que procura a excelência académica e melhores classificações nos rankings mundiais, demonstrar tal falta de sensibilidade, permitindo a captura destes animais sem qualquer solução alternativa”.

Associação abortada

Na mesma nota é referido que os estudantes ponderaram criar uma associação para “organizar a esterilização dos gatos do campus, mas a universidade não aprovou a criação de tal associação estudantil”.

Os membros do “UMers” realçam o “contraste com universidades de renome no Interior da China, como a Universidade de Pequim, onde existe uma associação estudantil dedicada ao cuidado de gatos do campus universitário, e na Universidade de Zhejiang, onde o actual reitor da UM, Song Yonghua, trabalhou anteriormente, que estabeleceu uma associação para proteger animais de campus universitário desde 2005”.

Relativamente às acções de recolha e tratamento dos animais, o IAM diz que “as políticas TNA correspondem aos princípios orientadores da Organização Mundial de Sanidade Animal (WOAH), que contribuem para reduzir a possibilidade de animais vadios serem expostos a doenças e enfrentarem factores ambientais desfavoráveis”.

Tais políticas também contribuem para a redução do número de animais “e a sua reprodução excessiva a longo prazo”. É também referido que “as políticas TNA ainda levam em conta o estado de sobrevivência e bem-estar dos animais, com o intuito de arranjar famílias adequadas adoptantes para os animais com condições, dedicando-se a ajudá-los a obter cuidados apropriados permanentes e estáveis”.

O IAM diz ainda ter optimizado “constantemente os canis municipais”, sendo que, nos últimos anos, “foram aperfeiçoadas as instalações e equipamentos complementares”. Além disso, existe também cooperação “com associações de protecção de animais”, realizando-se projectos conjuntos nas escolas e bairros comunitários em prol da adopção e do cuidado animal.

Dados oficiais disponíveis no website do IAM indicam que no primeiro trimestre deste ano foram capturados 264 animais sem microchip, número que aumentou para 280 no segundo trimestre. Os números são semelhantes aos primeiros dois trimestres de 2024: no primeiro foram apanhados 266 animais sem microchip, seguindo-se 327 animais no segundo trimestre. No terceiro e quarto trimestres do ano passado foram apanhados 258 e 203 animais, respectivamente.

Relativamente às acções de esterilização, no primeiro trimestre deste ano foram feitas 289, seguindo-se 211 acções deste género no segundo trimestre. No primeiro trimestre deste ano foram reclamados, ou adoptados, 102 gatos e 29 cães, sendo que, no trimestre seguinte, foram reclamados ou adoptados 93 gatos e 49 cães.

Quanto ao número de animais abatidos, só no primeiro trimestre deste ano foram mortos 32 gatos e 69 cães. Se nos gatos esse número reduziu no segundo trimestre, para 11, o mesmo não aconteceu com os cães: foram abatidos 101.

5 Ago 2025

Jogo | Receitas atingem em Julho o valor mais alto desde pandemia

Após o início do ano em que as receitas desiludiram e obrigaram à revisão do orçamento, o cenário parece estar agora a mudar. As receitas de Julho atingiram 22,125 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde o início da pandemia

 

As receitas do jogo registaram em Julho um aumento anual de 19 por cento e mensal de 5 por cento, alcançando o valor mais elevado do ano e também desde Janeiro de 2020, de acordo com os dados anunciados na sexta-feira.

Os casinos arrecadaram 22,125 mil milhões de patacas em Julho, contra 18,595 mil milhões de patacas no mesmo mês de 2024, de acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Em Junho deste ano, os casinos tinham registado receitas de 21,064 mil milhões de patacas, sendo que Maio era até agora o mês com o valor mais elevado de 2025: 21,193 mil milhões de patacas.

Julho apresenta-se ainda como o melhor mês desde Janeiro de 2020, quando as receitas dos casinos alcançaram um valor muito próximo: 22,126 mil milhões de patacas. Desde final de Janeiro de 2020, a pandemia da covid-19 teve um impacto sem precedentes no jogo, motor da economia de Macau, com os impostos sobre as receitas desta indústria a financiarem a esmagadora maioria do orçamento governamental.

Em termos de receita bruta acumulada, os primeiros sete meses deste ano registaram um aumento de 6,5 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 140,896 mil milhões de patacas contra 132,348 mil milhões de patacas entre Janeiro e Julho de 2024.

Macau fechou o ano passado com receitas totais de 226,782 mil milhões de patacas, mais 23,9 por cento do que no ano anterior.

Revisão orçamental

O Governo previu, no orçamento inicial para 2025, que o ano iria fechar com receitas totais de 240 mil milhões de patacas, o que representaria um aumento de 6 por cento em comparação com o ano passado.

Mas, em 11 de Junho, a Assembleia Legislativa aprovou um novo orçamento, proposto pelo Executivo, que reduz em 4,56 mil milhões de patacas a previsão para as receitas públicas. O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, admitiu aos deputados que o corte se deve ao facto de as receitas brutas do jogo no primeiro trimestre de 2025 terem “ficado ligeiramente abaixo do previsto”.

Desde Maio deste ano que as receitas mensais nunca ficaram abaixo de 20 mil milhões e patacas, uma séria de três meses consecutivos. No entanto, até Abril, inclusive na altura do Ano Novo Lunar, um dos picos altos da indústria, as receitas nunca tinham atingido 20 mil milhões de patacas.

4 Ago 2025

Imigração | Menos portugueses a chegar. Peso acima de 6%

O mais recente relatório sobre a emigração portuguesa indica que em 2023 vieram viver para Macau 53 cidadãos portugueses, fazendo com que este seja o destino com menos imigração portuguesa

 

Macau foi o destino para onde os portugueses menos emigraram em 2023, de acordo com o mais recente relatório elaborado pelo Observatório da Emigração e Rede Migra, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia e pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Os dados do estudo foram divulgados pela Lusa na sexta-feira.

Segundo a mesma fonte, em 2023 passaram a viver em Macau mais 53 cidadãos portugueses. Este é um registo que equivale a praticamente metade dos portugueses que começaram a viver na Austrália, o segundo destino com menor emigração de Portugal em 2023, que registou 91 entradas.

Em 2022, o número de novas entradas em Macau vindas de Portugal, de acordo com o relatório anterior, era de 20, o que significa que o número subiu para mais do dobro. O relatório não aponta o número de imigrantes portugueses que deixaram a RAEM.

Apesar das alterações, o relatório indica que a imigração portuguesa em Macau continua a assumir alguma expressão: “Embora a imigração portuguesa tenha perdido relativa importância ao longo dos anos, o impacto desses fluxos nos países de destino continua a ser expressivo. No Luxemburgo, por exemplo, os portugueses representaram cerca de 13,5 por cento do total de entradas de imigrantes, enquanto em Macau o número foi de 6 por cento e na Suíça 5,2 por cento”, é apontado pelos autores.

Saídas estabilizadas

Em relação à tendência geral da imigração, o estudo aponta que em 2023 deixaram o país cerca de 70 mil portugueses, um número que se manteve estável relativamente ao passado recente. O principal destino foi a Suíça.

“Estima-se que terão saído 70.000 portugueses em 2023, o mesmo número de 2022, continuando assim a recuperação da emigração portuguesa para valores próximos dos anos anteriores à pandemia do covid-19”, lê-se no relatório da Emigração Portuguesa 2024, com dados referentes ao ano anterior.

Segundo o documento, apenas não se verificou uma recuperação total uma vez que a emigração para o Reino Unido caiu mais de 40 por cento, mantendo a trajectória descendente iniciada com o ‘Brexit’ e para França desceu 25 por cento.

Ainda assim, a emigração portuguesa é superior aos níveis pré-covid na maioria dos seus principais destinos. Em 2023, a Suíça voltou a ser o principal país de destino para os portugueses, contabilizando-se 12.652 entradas, seguida por Espanha, com 11.554.

Destacam-se ainda países como França (7.426), Alemanha (6.375), Holanda – agora Países Baixos (4.892), Reino Unido (4.414), Bélgica (3.857) e Luxemburgo (3.638). Seguem-se a Dinamarca (1.818), Moçambique (1.439) e Canadá (1.005).

Com menos de 1.000 entradas aparecem destinos como EUA (890), Áustria (778), Noruega (709), Itália (702), Suécia (688), Brasil (547), Venezuela (532), Irlanda (426) e Angola (381). No fundo da tabela estão a Austrália (91) e Macau (53). Lusa / JSF

4 Ago 2025

Caso Au Kam San | MNE critica “comentários ilusórios” da UE

O Ministério dos Negócios Estrangeiros manifestou “forte descontentamento” face à reacção da União Europeia, após a detenção de ex-deputado Au Kam San. Horas depois, o Governo de Macau também repudiou “veemente” o comunicado vindo da Europa

 

O Comissariado para os Assuntos de Macau do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China repudiou “os comentários ilusórios” de Bruxelas, que condenou a detenção do ex-deputado de Macau e cidadão português Au Kam San, manifestando preocupação com a erosão das liberdades na região.

Num comunicado enviado à Lusa, no sábado, o porta-voz do Comissariado para os Assuntos de Macau do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, liderado por Liu Xianfa, manifestou “descontentamento” e “firme oposição aos comentários ilusórios do Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) da União Europeia (UE) sobre a aplicação da lei relativa à segurança nacional da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM)”, classificando-os como uma “interferência grosseira nos assuntos de Macau e nos assuntos internos da China”.

“Exortamos a União Europeia a deixar imediatamente de fazer observações e acusações infundadas sobre os assuntos de Macau e a deixar imediatamente de interferir nos assuntos de Macau e nos assuntos internos da China!”, afirma o gabinete de Liu Xianfa.

O principal representante diplomático de Pequim em Macau sublinhou ainda apoiar “firmemente o Governo da RAE de Macau no desempenho das suas funções em conformidade com a lei”, assim como “a polícia de Macau na tomada de medidas de aplicação da lei contra os rebeldes anti-China contra Macau, em conformidade com a lei”.

Macau defende-se

Também o Governo de Macau repudiou “de forma veemente” as afirmações da União Europeia sobre o “procedimento criminal e as acções de execução preventiva”. “O Governo da Região Administrativa Especial de Macau [RAEM] repudia de forma veemente e opõe-se firmemente às afirmações proferidas [no sábado] pelo Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) [da União Europeia (UE)] sobre o procedimento criminal e as acções de execução preventiva previstas da lei recentemente desencadeados pela RAEM nos termos da Lei relativa à defesa da segurança do Estado”, foi escrito em comunicado, emitido horas da mensagem do Gabinete de Ligação.

O Executivo de Sam Hou Fai destacou que vai ser tudo feito de acordo com a lei: “as autoridades policiais e judiciárias da RAEM trataram sempre o caso escrupulosamente nos termos da lei, e o direito processual do arguido é efectivamente garantido nos termos da lei”, foi apontado. “Os direitos fundamentais dos residentes da RAEM, incluindo o direito de sufrágio e a liberdade de expressão, estão plenamente salvaguardados pela Lei Básica da RAEM e demais legislação relevante, pelas convenções de Direitos Humanos aplicáveis na RAEM, e pela prática das autoridades administrativas, legislativas e judiciárias da RAEM”, foi acrescentado.

Macau recusou ainda a “interferência externa” nos seus assuntos pela União Europeia: “a aplicação da lei relativa à defesa da segurança do Estado pela RAEM é estritamente assunto interno da China e da sua região administrativa especial”, pelo que, “quaisquer organismos estrangeiros ou do exterior, incluindo a União Europeia, não têm direito de interferência”. “A Região Administrativa Especial de Macau continuará, como sempre, a cumprir as atribuições da defesa da segurança do Estado nos termos da lei, em prol da aplicação bem-sucedida duradoura e estável do princípio ‘um país, dois sistemas'”, concluiu o comunicado.

UE condenou

As reacções das autoridades locais surgiram depois da União Europeia condenar a detenção do ex-deputado, que surge identificado como cidadão da UE, pelo facto de ter nacionalidade portuguesa.

“A UE [União Europeia] condena a detenção de Au Kam San, cidadão da UE e antigo deputado de Macau, no dia 30 de Julho, sob acusações de [violar a Lei de] Segurança Nacional”, avançou um porta-voz do Serviço Diplomático de Bruxelas, em comunicado.

A mensagem sublinhou que esta “constitui a primeira aplicação da Lei de Segurança Nacional da Região Administrativa Especial de Macau desde a sua adopção em 2009”, e o Serviço Europeu para a Acção Externa afirmou que o acontecimento “agrava as preocupações existentes sobre a contínua erosão do pluralismo político e da liberdade de expressão” na região.

Bruxelas “recorda que o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais é um elemento central da Lei Básica de Macau e da máxima ‘um país, dois sistemas’”, acrescentou-se no comunicado.

Portugal a acompanhar

Por sua vez, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal declarou à Lusa estar a acompanhar a detenção do ex-deputado de Macau e cidadão português Au Kam San. O MNE “está a acompanhar este assunto, através do Consulado-Geral de Portugal em Macau”, disse à Lusa fonte oficial do ministério liderado por Paulo Rangel.

“O assunto merecerá a melhor atenção das autoridades portuguesas, desde logo em futuros encontros a nível político, no espírito da Declaração Conjunta”, continuou, em referência ao tratado sino-português assinado em 1987, onde os dois países declararam os termos em que Pequim assumiria a administração de Macau após 1999.

As reacções em Portugal não se ficaram por aqui. No parlamento o Partido Iniciativa Liberal vai apresentar um voto de condenação da detenção. De acordo com o projecto de voto ao qual a Lusa teve acesso, a detenção “é a primeira ao abrigo da legislação de segurança nacional de Macau, aprovada em 2009 e revista em 2023, e ocorre num contexto de acelerada repressão das liberdades fundamentais na Região Administrativa Especial de Macau”.

O documento redigido pela IL afirma que o Estado português tem o “dever de acompanhar com rigor” o caso e posteriormente garantir o respeito pelos compromissos assumidos na Declaração Conjunta Luso-Chinesa de 1987, documento vinculativo ao abrigo do direito internacional.

Em prisão preventiva

Na quinta-feira ao final do dia, o Ministério Público confirmou que Au vai aguardar o julgamento em prisão preventiva, considerando que há “fortes indícios da prática do crime de estabelecimento de ligações com organizações, associações ou indivíduos de fora da RAEM para a prática de actos contra a segurança do Estado”. O crime implica uma pena que pode chegar aos 10 anos de prisão e obriga sempre à aplicação da prisão preventiva como medidas de coacção.

4 Ago 2025

Um País, Dois Sistemas | Sam diz que princípio está numa nova fase

O Chefe do Executivo indicou que o princípio “Um País, Dois Sistemas” entrou, outra vez, numa nova fase devido a “mutações drásticas e complexas” com que Macau se debate na “conjuntura interna e externa”. Sam Hou Fai realçou a evolução do princípio no discurso do aniversário da função do Exército de Libertação do Povo

 

“Presentemente, grandes mudanças, inéditas nos últimos cem anos, estão a acelerar a evolução do mundo, e o mundo entrou num novo período de turbulência e mudanças. Macau debate-se com as mutações drásticas e complexas que se verificam na conjuntura interna e externa e a prática de ‘Um País, Dois Sistemas’ também entrou numa nova fase.” Foi desta forma que Sam Hou Fai fechou o discurso por ocasião da recepção comemorativa do 98.º aniversário do estabelecimento do Exército de Libertação do Povo (ELP), na sexta-feira.

O governante garantiu que, em conjunto com a guarnição do ELP, o Executivo irá “persistir no caminho certo” e “escrever novos capítulos de desenvolvimento de alta qualidade da causa ‘Um País, Dois Sistemas’”.

O anúncio da entrada numa nova fase do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ tem sido uma constante nos últimos anos, assim como a referência a “grandes mudanças, inéditas nos últimos cem anos”, que abrem portas a “períodos de turbulência”.

O Chefe do Executivo prometeu que o seu Governo “continuará, como sempre, a manter a estreita ligação e a sincera cooperação com a Guarnição em Macau, a unir e liderar os compatriotas de Macau para valorizar ainda mais, e salvaguardar com empenho, a estabilidade e a harmonia sociais, nada fáceis de alcançar”.

Quase um século

Sam Hou Fai relembrou que, ao longo dos noventa e oito anos, o “honroso e grandioso Exército de Libertação do Povo Chinês, sempre norteado pelos ideais nobres e convicções firmes, tem acompanhado a evolução dos tempos com empenho e espírito inovador, honrando a tradição gloriosa com a conduta de excelência”.

“O Exército cresce enquanto combate, inova enquanto guarda e transmite a tradição, e progride na construção de causas. Estreitamente alinhado com os passos do desenvolvimento da pátria e do povo, realizou grandes conquistas históricas, que o tornam numa força firme para salvaguardar a paz mundial”, acrescentou o Chefe do Executivo.

Sam Hou Fai destacou também o objectivo do ELP definido “sob a orientação do pensamento de Xi Jinping”, que é “transformar as forças armadas do povo em forças de classe mundial que obedeçam ao comando do Partido, possam lutar e vencer e mantenham uma conduta excelente”

Além disso, o Chefe do Executivo referiu que desde o estacionamento em Macau, o ELP “tem sempre persistido na defesa da soberania, da segurança e dos interesses do desenvolvimento do país, na implementação abrangente e precisa dos princípios ‘Um País, Dois Sistemas’ e “Macau governada pelas suas gentes” com alto grau de autonomia, e na observância escrupulosa da Lei Básica, da Lei do Estacionamento de Tropas”.

4 Ago 2025

CCCM | Fusão com Fundação para a Ciência e Tecnologia cria nova agência

A funcionar desde 1999, o Centro Científico e Cultural de Macau vai-se fundir com a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Agência Nacional de Inovação, criando uma nova instituição. Desconhecem-se as consequências práticas para o CCCM que visa promover estudos sobre Macau, China e Ásia em Portugal. A presidente do centro diz ser cedo para fazer comentários

 

Não se sabe se irá manter o nome, o número de bolsas para estudos sobre a China, Macau e Ásia, ou se sofre mudanças nos quadros de pessoal, mas o que é certo é que o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) vai-se fundir com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e a Agência Nacional de Inovação. Destas três entidades irá nascer a nova Agência para a Investigação e Inovação.

O processo está ligado à vontade de reformar o Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia por parte do Governo português liderado por Luís Montenegro, tendo as alterações sido anunciadas na quinta-feira.

Porém, não há ainda grandes informações sobre as consequências desta fusão para o CCCM. Ao HM, Carmen Amado Mendes, a sua presidente, optou por remeter para mais tarde esclarecimentos sobre o futuro funcionamento do centro, considerando ser “prematuro” dar respostas sobre algo “que não está ainda definido”.

Na quinta-feira coube ao ministro Fernando Alexandre anunciar a reforma do Ministério da Educação, Ciência e Inovação com a extinção de várias entidades, incluindo a FCT que vem sendo a principal financiadora de doutoramentos e demais projectos de investigação em Portugal.

A reforma do ministério foi aprovada pelo Conselho de Ministros e, em conferência de imprensa no final da reunião, Fernando Alexandre justificou a reestruturação descrevendo o seu ministério como uma “estrutura anacrónica”, com organizações fragmentadas, sistemas de informação desintegrados e uma governação desarticulada.

Com 18 entidades e 27 dirigentes superiores entre os serviços do sistema educativo não superior e do ensino superior, ciência e inovação, o Ministério passará a contar com apenas sete entidades e 27 dirigentes superiores, com a integração das entidades extintas em novas entidades.

A propósito da extinção da FCT, o ministro assegurou que o financiamento da ciência será preservado, com financiamento a quatro anos que garanta estabilidade, previsibilidade e “a proteção do financiamento da investigação mais básica fundamental”.

“Quando começámos a pensar esta reforma, fizemo-lo com uma visão: garantir a igualdade de oportunidades no acesso a uma educação de qualidade”, justificou Fernando Alexandre, sublinhando também o reforço do sistema educativo.

Marcelo pode vetar

A extinção da FCT tem gerado algumas reacções menos boas em Portugal por se temer uma redução do investimento em ciência e investigação. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, disse ter ficado com “a sensação” de que a fundação era substituída “por uma agência na qual se integrava, e que tinha outras funções além das da FCT.”

Marcelo reconheceu que a fundação era uma “estrutura já muito antiga” e que “tinha muitos aspectos que mereciam ser repensados”, mas afirmou: “Só vendo aquilo que a nova agência vai fazer é que posso responder se esta extinção é uma boa ou má ideia.”

Quanto à eventual ‘luz verde’ vinda de Belém, Marcelo disse que se achar que esta extinção é “boa”, promulga o diploma “sem angústia.” “Se tiver dúvidas sobre um ponto que seja desse diploma que seja muito importante peço ao Governo para repensar. Já aconteceu. Posso não vetar logo. Se o Governo insistir, posso chegar a vetar, se for até ao fim do meu mandato”, admitiu também.

Uma história da transição

O CCCM nasceu em 1995 durante a administração de Vasco Rocha Vieira, último governador português de Macau, pretendendo ser “um local de excelência para a divulgação de Macau, da sua história, da sua cultura e da sua economia”, lê-se nas memórias de Rocha Vieira, “A todos os portos a que cheguei”.

Esta entidade, a funcionar na zona de Alcântara, em Lisboa, foi inaugurada em Novembro de 1999 pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, e teve como primeira presidente Alexandra Costa Gomes.

No website do CCCM lê-se que a instituição é dotada de autonomia administrativa e património próprio, sendo um instituto público integrado na administração indirecta do Estado e sob tutela do Ministério da Educação, Ciência e Inovação.

Na cartilha de objectivos, lê-se que o CCCM “tem por missão produzir, promover e divulgar conhecimento sobre Macau enquanto plataforma entre Portugal e a República Popular da China, assim como entre a Europa e a Ásia”, apresentando-se ainda como “um espaço dedicado ao estudo e ensino da língua, cultura e história chinesas”. O Centro tem vindo também a firmar-se como “um centro de investigação científica e de formação contínua e avançada sobre as relações entre Portugal e a China, assim como entre a Europa e a Ásia”.

Depois da longa presidência de Luís Filipe Barreto, académico da Universidade de Lisboa, o CCCM passou a ser presidido, a partir de Fevereiro de 2020, por Carmen Amado Mendes. A dirigente viu recentemente a sua comissão de serviço ser renovada até 2030.

Poucos meses depois de ter tomado posse como presidente, Carmen Amado Mendes apresentou, a 18 de Setembro de 2020, o novo “Plano de desenvolvimento Estratégico do Centro Científico e Cultural de Macau 2020- 2030”.

Desde então, o CCCM tem atribuído dezenas de bolsas de doutoramento para os estudos de Macau, China e Ásia, além de realizar todos os anos as “Conferências da Primavera”, que reúnem apresentações académicas em torno das mesmas temáticas. Destaque ainda para o facto de o CCCM ter aberto, em Dezembro do ano passado, a “Galeria dos Governadores”, com 41 quadros dos antigos governadores portugueses de Macau. Foi também inaugurado um novo edifício que alberga o arquivo e biblioteca.

O referido plano traça objectivos até 2030, pretendendo-se “o reforço da cooperação científica e cultural no domínio do entendimento do passado, presente e futuras tendências das relações entre a Europa e a Ásia”.

No que diz respeito aos arquivos, pretende-se a “modernização e dinamização dentro de uma rede de centros de documentação e arquivo de referência internacional em temas Euro-Asiáticos, com ênfase nos vários arquivos existentes em Lisboa, mas também em Portugal e na Europa”.

Tendo em conta que o CCCM alberga, nas suas instalações, o Museu de Macau, a direcção aponta para a “inserção e valorização na rede de museus a nível de Lisboa e nacional”.

A ideia central do plano era desenvolver, até 2030, “as instalações do CCCM como um pólo de dinamização das relações científicas, culturais e económicas entre Portugal e a China, incluindo a instalação de entidades como a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, da Associação de Jovens Empresários Portugal-China, e da Agência ERASMUS+, para além de núcleos de investigação em estudos Euro-Asiáticos”. Resta saber se, com a fusão, todas estas iniciativas irão continuar o seu rumo inicial.

4 Ago 2025

MGM | Receitas sobem para 8,7 mil milhões de dólares de Hong Kong

Na apresentação dos resultados, Kenneth Feng, presidente e director Executivo da MGM China, destacou a subida da quota de mercado da concessionária para 16,6 por cento

 

A MGM China registou receitas líquidas de 8,7 mil milhões de dólares de Hong Kong (HKD) no segundo trimestre do ano. Os resultados da concessionária foram apresentados ontem, e mostram um aumento das receitas face ao período homólogo, quando as receitas líquidas tinham sido de 8,0 mil milhões de HKD.

Em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) ajustado, a empresa aponta ter gerado um valor de 2,5 mil milhões de HKD, um ligeiro aumento face ao período homólogo, quando o EBITDA ajustado tinha atingido 2,4 mil milhões de HKD.

“Estamos muito satisfeitos por assistir a mais um trimestre de crescimento, impulsionado pelo nosso profundo conhecimento dos clientes e pela nossa capacidade de renovar os nossos produtos e ofertas para satisfazer o gosto dos clientes” afirmou Kenneth Feng, presidente e director Executivo da MGM China, através de um comunicado.

No comunicado consta igualmente que a quota de mercado da concessionária cresceu de 16 por cento para 16,6 por cento. Entre este valor, cerca de 10,4 por cento da quota resulta dos resultados do casino MGM Cotai, com os restantes cerca de 6,2 por cento conseguidos do casino MGM Macau.

A MGM China registou ainda no segundo trimestre do ano um aumento de visitas de 12 por cento em termos homólogos, com a ocupação média nos hotéis do grupo em Macau a alcançar os 94,5 por cento.

Novos projectos

O grupo anunciou também conclusão da construção de 28 vilas no MGM Macau, que estão disponíveis desde o início de Julho, e começou a construir novas suites. “Após o lançamento do Alpha Villas, o MGM Cotai iniciou a conversão de quartos em cerca de 60 novas suites, e esta oferta complementar de acomodação vai ajudar-nos a manter o nosso posicionamento, com o MGM Macau a liderar na Península e o MGM Cotai como o destino preferido dos clientes premium”, indicou Kenneth Feng.

“Estamos empenhados em proporcionar mais experiências únicas e de qualidade aos nossos visitantes, de modo a alinhar a nossa oferta com a visão do Governo de Macau de transformar a cidade num destino turístico global e diversificado”, acrescentou.

A posição financeira do grupo em 30 de Junho de 2025 registava uma liquidez total de aproximadamente 22,5 mil milhões de HKD, incluindo caixa, equivalentes de caixa e linha de crédito não utilizada. A operadora de jogo em Macau tinha anunciado uma queda de 5,2 por cento nos lucros líquidos no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2024, no qual tinha registado “resultados recorde”. Lusa / JSF

1 Ago 2025

UM | Estudantes temem abate de gatos recolhidos pelo IAM

O Instituto para os Assuntos Municipais recolheu na semana passada 15 gatos que estavam no campus da Universidade de Macau e que eram alimentados por estudantes e funcionários da instituição. Os animais estarão disponíveis para adopção depois de um período de reclamação, mas os alunos temem o pior

 

São muitos os gatos que deambulam pelas instalações da Universidade de Macau (UM), sendo alimentados e acarinhados por alunos e funcionários que ali vivem e trabalham. Porém, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) recolheu, na semana passada, entre os dias 22 e 25 de Julho, 15 destes animais, que vão ficar disponíveis para adopção na página do IAM depois de um período de reclamação, que dura cerca de sete dias úteis, durante o qual as imagens dos animais constam no website do IAM. Só depois se dará início ao processo de adopção caso não tenham sido reclamados antes, e se estiverem em boas condições de saúde.

Alguns estudantes lançaram, nos últimos dias, apelos nas redes sociais para a reclamação e posterior adopção dos bichos, temendo o seu abate terminado o período de reclamação e adopção. O período de reclamação começou ontem e termina na próxima terça-feira, 5 de Agosto.

Numa mensagem divulgada pelos estudantes, a que o HM teve acesso, lê-se que os gatos “são bastante amados pelos estudantes”, e que estão agora marcados para adopção. “Se não forem reclamados estarão disponíveis para adopção pública. O seu destino não é claro. Houve uma tentativa de formar, por parte de um grupo de estudantes, um grupo oficial para os proteger, mas enfrentaram uma série de entraves burocráticos”, contou.

Na mesma mensagem destaca-se que a captura dos gatos nasce de uma “cooperação entre a UM e o IAM”, sendo que os estudantes estão a tentar “aumentar a consciência do público sobre este assunto”. “Esperamos ter a possibilidade de mudar o destino destes animais, uma vez que os animais vadios são, muitas vezes, classificados como ‘animais selvagens’, levando-os à eutanásia cometida por humanos”, descreveu ainda.

Sem forma de escapar

Outros alertas têm sido dados em redes sociais como o “Threads” e a plataforma “Xiaohongshu”. A publicação no “Threads” descreve o momento de captura dos gatos por parte do IAM, durante o período de férias de Verão dos alunos. “Estes gatos sobreviveram ao tufão com sinal 10, mas não conseguiram escapar a esta operação repentina. Acredito que estes gatos acompanharam muitos alunos no seu tempo de estudo no campus de forma calorosa e feliz.”

Na mesma publicação lança-se o alerta pelo estado dos animais à guarda do IAM. “O segundo gato (na fotografia) estava na universidade há muitos anos e tem ferimentos mais graves do que aqueles que tinha quando andava à luta com outros gatos. Não sei o que aconteceu durante o processo de captura, mas o IAM actualizou, entretanto, a publicação, colocando uma fotografia sem sangue”, descreve-se no “Threads”.

O HM perguntou ao IAM porque os gatos foram capturados, se vão haver mais acções de captura e como tem sido a comunicação com os estudantes, mas até ao fecho desta edição não foi recebida resposta.

1 Ago 2025

Economia | PIB regista crescimento de 5,1 por cento

No segundo trimestre deste ano o Produto Interno Bruto (PIB) teve um crescimento de 5,1 por cento, face ao período homólogo, para 100,38 mil milhões de patacas. Os dados preliminares foram revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), através de um comunicado.

“No segundo trimestre de 2025 a economia de Macau voltou a crescer, devido à recuperação significativa das exportações de serviços, impulsionada pelo aumento notável do número de visitantes que foi beneficiado por uma série de medidas para atrair visitantes, e à manutenção da despesa de consumo privado no mercado local se ter estabilizado”, considerou a DSEC.

O valor do PIB encontra-se assim ao nível de 88,8 por cento do volume económico do segundo trimestre de 2019, apontou a mesma fonte. A DSEC indicou que “as exportações globais de serviços aumentaram 5,8 por cento em termos homólogos, visto que o número de entradas dos visitantes em Macau subiu cerca de 20 por cento no segundo trimestre do corrente ano”.

Em termos de procura interna, “a despesa de consumo final do Governo e a despesa de consumo privado também aumentaram 1,1 por cento e 0,3 por cento, respectivamente, em termos anuais”.

No pólo oposto, o investimento, conhecido como a formação bruta de capital fixo teve uma redução de 3,6 pro cento, o que foi justificado com o “decréscimo do número de obras de construção privadas”.

A DSEC aponta também que na primeira metade de 2025 os dados preliminares do PIB foram de 200,14 mil milhões de patacas, o que significa um crescimento real de 1,8 por cento, em termos anuais. O PIB na primeira metade deste ano foi de 87,0 por cento do volume económico do mesmo período de 2019.

1 Ago 2025

Trabalho | Taxa de desemprego mantém-se em 1,5 por cento

Os dados oficiais mostram que entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano há mais pessoas empregadas e mais postos de trabalho. No entanto, face ao período homólogo, a taxa de desemprego é superior e há menos empregos

 

No segundo trimestre deste ano a taxa de desemprego foi de 1,9 por cento e a taxa de desemprego dos residentes de 2,5 por cento, o que significa que se mantiveram inalteradas face ao primeiro trimestre. A informação divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) também revela que agora há menos pessoas empregadas em comparação com o ano passado.

De acordo com os números mais recentes, entre Abril e Junho cerca de 372.700 pessoas estavam empregadas, quando entre Janeiro e Março o número de pessoas com trabalho era de 371.800, ou seja, foram criados mais 900 empregos. Em termos de trabalhos dos residentes, os números mais recentes mostram 281.600 postos de trabalho, mais 1.400 do que no primeiro trimestre de 2025.

De acordo com a DSEC, a área dos transportes e armazenagem foi responsável pela criação de mais 1.600 empregos para residentes, enquanto o setor da construção contratou mais 1.500 residentes. No pólo oposto, a hotelaria e a restauração têm menos residentes empregados, com menos 1.000 empregos.

No segundo trimestre havia assim 7.300 desempregados entre a população activa, ou seja, as pessoas com idade para trabalharem e que estava à procura de emprego. O número não sofreu alterações face ao trimestre anteriores. “A maioria dos que estavam à procura de novo emprego trabalhou anteriormente no ramo de actividade económica do comércio a retalho, no ramo da construção e no ramo das lotarias e outros jogos de aposta”, indicou a DSEC. “Além destes, o número de residentes desempregados à procura do primeiro emprego representou 11 por cento dos residentes desempregados, mais 2,6 pontos percentuais, face ao período precedente”, foi acrescentado.

A taxa de subemprego global foi de 1,6 por cento e entre os residentes de 2,5 por cento, com esta última a baixar 0,1 pontos percentuais face ao primeiro trimestre.

Menos empregados

Apesar dos números do emprego mostrarem uma melhoria desde o início do ano, quando a comparação é feita com o período homólogo, a taxa de desemprego geral e de residentes é mais elevada, há menos postos de trabalho e o número de desempregados é maior.

Entre Maio e Junho de 2024, a taxa de desemprego geral era de 1,7 por cento, enquanto o desemprego entre os residentes era de 2,3 por cento. Nessa altura, os dados mais antigos da DSEC, mostram que havia 376.400 pessoas empregadas, mais 3.700 trabalhadores do que consta nos números mais recentes.

No entanto, a maior diferença acontece ao nível do emprego dos residentes, com a redução de 4.700 postos de trabalho, face ao segundo trimestre do ano passado, quando havia emprego para 286.300 residentes. Esta diferença pode ser justificada com o facto de alguns residentes terem optado por deixar de trabalhar ou por terem efectivamente perdido os empregos.

Em relação ao número de desempregados entre Maio e Junho de 2024, o valor cifrava-se em 6.700 pessoas, menos 600 do que aconteceu no período mais recente.

1 Ago 2025

PJ | Au Kam San é o primeiro detido ao abrigo da lei de Segurança Nacional

O ex-deputado entre 2001 e 2021, pela Associação Novo Macau Democrático, é o primeiro detido por suspeitas de infringir a Lei de Salvaguarda da Segurança Nacional. A PJ afirma que Au Kam San passou informações “incendiárias” e “imprecisas” a “organizações Anti-China” e a meios e comunicação social para incentivar o ódio contra o Governo Central

 

O ex-deputado Au Kam San foi detido na quarta-feira pela Polícia Judiciária (PJ) e está indiciado de violar a Lei de Segurança Nacional. Esta é a primeira detenção tornada pública ao abrigo da Lei de Segurança Nacional desde o estabelecimento da RAEM, em 1999, e o caso foi encaminhado para o Ministério Público.

Num comunicado emitido ontem, a PJ apenas identificou o detido pelo apelido Au, que acusou de alegado “conluio com forças externas” que colocou “em perigo a segurança nacional”. De acordo com a imprensa em língua chinesa, a esposa de Au Kam San, Virginia Cheang Mio San, de 68 anos, esteve na manhã de ontem no Ministério Público (MP), onde se fez acompanhar por outros familiares, para ser ouvida como testemunha.

Segundo a PJ, Au actuou em conluio com “uma organização estrangeira anti-China” desde 2022, a quem forneceu “uma grande quantidade de informações imprecisas e incendiárias” para serem divulgadas fora da China e também na Internet. A polícia indicou também que este tipo de actividade continuou a ser praticada apesar da aprovação das alterações da Lei de Segurança Nacional em 2023.

Au é igualmente acusado de ter “ligações de longa data” com várias entidades estrangeiras anti-China e de lhes ter fornecido “repetidamente” informações “imprecisas” sobre Macau, assim como a órgãos de comunicação social controlados por esses entidades.

A PJ acusa o detido de ter como objectivo “despertar o ódio dos residentes de Macau” e “da população desinformada em geral” contra Governo Central e o Governo de Macau.

O deputado entre 2001 e 2021, é ainda acusado de ter tentado “prejudicar as eleições para o Chefe do Executivo em 2024” e incitar acções de países estrangeiros contra Macau, o que foi entendido como “colocando seriamente em causa a segurança nacional”.

Estabelecimento de ligações

O comunicado da PJ aponta que o caso foi encaminhado para o Ministério Público, depois de “uma longa investigação” e que Au Kam San está indiciado pelo crime de “estabelecimento de ligações com organizações, associações ou indivíduos foram da RAEM para a prática de actos contra a segurança do Estado”.

Este tipo de crime é punido com uma pena mínima de três anos de prisão, mas que pode chegar aos 10 anos de prisão. A acusação não permite liberdade condicional, pelo que Au vai ter de aguardar o julgamento na prisão. Também não há possibilidade de cumprir pena suspensa.

Ao contrário da acusação por outros crimes previstos na Lei de Salvaguarda da Segurança Nacional, os julgamentos pelo crime de “estabelecimento de ligações com organizações, associações ou indivíduos foram da RAEM para a prática de actos contra a segurança do Estado” são públicos, pelo que devem decorrer à porta aberta. No entanto, o juiz do processo pode optar por fechar a porta em certas sessões, se considerar que a publicidade vai prejudicar a Segurança do Estado.

1 Ago 2025

Banca | Menos 429 caixas automáticas no espaço de cinco anos

Por cada cinco caixas de multibanco em funcionamento em 2020, restam hoje apenas quatro. No entanto, o número de terminais para fazer pagamentos electrónicos cresceu de cerca de 70 mil para quase 110 mil

 

Desde o final de 2020, até à actualidade, os bancos passaram a disponibilizar menos 429 caixas automáticas (ou caixas multibanco) à população. O número mais recente, referente ao final de Junho deste ano, foi adiantado ao HM pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), e contrasta com a maior utilização das outras formas de pagamentos electrónicos.

Segundo os dados avançados pela AMCM, no final de Junho havia um total de 1.358 caixas automáticas em funcionamento. Este número mostra que em comparação com o final de 2024 até houve um aumento do número de caixas a funcionar, com mais 29 unidades. No entanto, em comparação com o final de 2020, o ano em que havia mais caixas automáticas a funcionar, a queda tem acontecido de forma praticamente constante.

No final de 2020 estavam em funcionamento 1.787 caixas automáticas, o maior número registado pelo menos desde 2016. Em comparação com Junho de 2025, houve uma redução de 429 caixas automáticas, o equivalente a diminuição de 24 por cento. Esta redução significa que por cada cinco caixas multibanco em funcionamento no final de 2020 uma deixou de estar disponível.

A redução aconteceu de forma progressiva, mas tem acelerado nos últimos anos, à excepção dos primeiros seis meses deste ano. Entre 2020 e 2021 apenas nove caixas deixaram de estar disponíveis. No entanto, entre 2021 e 2022, a diminuição foi de 221 unidades, ou 12,4 por cento.

Entre 2022 e 2023 a quebra do número de caixas automáticas foi mais lenta, com uma redução 56 unidades, para 1.501, quando antes era de 1.557. Entre 2023 e o ano passado a redução voltou a acelerar ao ritmo de 11,5 por cento, com menos 172 máquinas em funcionamento, o que significou que 2024 encerrou com 1.358 máquinas a operar.

Outras alternativas

O encerramento das caixas automáticas dos bancos contrasta com a realidade dos pagamentos através de aplicações para telemóvel que se tem expandido continuamente nos últimos cinco anos.

No final de 2020, de acordo com as estatística publicadas em Janeiro de 2021 pela AMCM, havia cerca de 70 mil máquinas que aceitavam pagamentos móveis. Contudo, no primeiro trimestre de 2020, o número de máquinas era de cerca de 43 mil, o que significa que no espaço de 12 meses o número quase duplicou. Ao longo desse ano o valor das transacções com pagamentos móveis foi de aproximadamente 6,31 mil milhões de patacas.

Todavia, os números do primeiro trimestre de 2025 mostram uma implementação maior deste tipo de pagamentos, tendência para a qual também contribuiu o facto de o Governo de Ho Iat Seng ter utilizado os meios de pagamento electrónico para atribuir apoios ao consumo durante a pandemia.

Segundo os dados mais recentes, no final de Março de 2025, a AMCM contabilizou 108.749 terminais para pagamentos móveis. E só no primeiro trimestre o valor das transacções atingiu 7,9 mil milhões de patacas. Os dados da AMCM mostram também que ao longo de todo 2024 houve um total de 30,3 mil milhões de patacas transaccionados através de pagamentos electrónicos.

Diferença
Caixas Automáticas
1.787
1.358
-24,0%
Terminais de Pagamentos Electrónicos
70.000
108.749
+54,97%

Fonte: Autoridade Monetária de Macau

31 Jul 2025

Japão | Alerta de tsunami não impacta residentes de Macau

Ontem foi emitido um alerta de tsunami no Japão, devido ao terramoto na península russa de Kamchatka. Um representante de agências de viagens afirmou que 10 excursionistas de Macau estavam em Hokkaido, onde algumas zonas tiveram aviso de evacuação. Os residentes estão em segurança e não houve pedidos de ajuda

 

A ocorrência de um terramoto ontem na zona de Kamchatka, na Rússia, provocou uma onda de alertas de tsunami e medidas de evacuação em várias regiões junto ao Oceano Pacífico, sendo que o Japão não é excepção.

Segundo informações disponibilizadas por Paul Wong, presidente da Associação da Indústria Turística de Macau, dez residentes de Macau que estão a fazer uma excursão na região japonesa de Hokkaido encontram-se em segurança. Nas declarações proferidas ao canal chinês da Rádio Macau, Paul Wong acrescentou que este grupo de dez pessoas deverá regressar a Macau em breve.

Além disso, o responsável confirmou que as agências de viagens do território têm feito contactos no sentido de perceber quantos residentes de Macau estão a viajar no Japão a título individual, sendo que nenhum deles fez pedidos de ajuda ou de apoio. Paul Wong disse ainda que em Agosto haverá dezenas de excursionistas de Macau em Hokkaido e que, para já, não houve cancelamentos das viagens.

Cerca de dois milhões de pessoas no Japão receberam ontem ordens para abandonar as suas casas ou zonas costeiras devido ao risco de tsunami. O terramoto, ocorrido na península russa de Kamchatka, teve magnitude de 8,8, sendo que em Hokkaido, a maior ilha do arquipélago japonês e a mais próxima de Kamchatka, as autoridades locais emitiram ordem de retirada de nível máximo (5 em 5) para 10.463 cidadãos da cidade costeira de Urakawa.

Além disso, mais de 1,9 milhões de pessoas em 21 prefeituras ao longo da costa do Pacífico do Japão receberam avisos de retirada de nível 4, que apelam para a “retirada de zonas perigosas” – tais como as que se encontram perto do mar e da foz dos rios – “o mais rapidamente possível antes que a situação se agrave”.

SMG emitiram ordem

Entretanto, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos emitiram ontem uma nota a dizer que Macau não irá sofrer impactos com a ocorrência deste terramoto. Apenas foi feita uma previsão de que “uma pequena onda de tsunami” poderia atingir a costa de Macau entre as 18h e 19h, “podendo causar uma flutuação do nível da água igual ou inferior a 0,1 metros”, sem “risco significativo” para o território.

As ordens de evacuação das autoridades japonesas baseiam-se nos avisos emitidos pela Agência Meteorológica do Japão (JMA), que estão em vigor desde o início da manhã de ontem para praticamente toda a costa do Pacífico do arquipélago, e que estimam a ocorrência de tsunamis de até três metros de altura.

Até à tarde de ontem (hora de Macau) tinham sido registados tsunamis de até 1,3 metros de altura na localidade de Kuji, na prefeitura de Iwate, e de 80 centímetros na península de Nemuro, em Hokkaido, ambos no norte do país. Foi igualmente observado um tsunami de 30 centímetros no porto de Yokohama, a sul de Tóquio.

31 Jul 2025

Chikungunya | Anunciada sexta infecção de residente

Com o número de casos de febre de Chikungunya a subir nos últimos dias, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, visitou estaleiros e parques públicos, onde foi filmada pelas equipas de propaganda do Governo

 

Um residente de Macau que vive em Zhuhai foi identificado pelos Serviços de Saúde (SS) como o sexto caso importado de febre de Chikungunya. A informação foi divulgada na terça-feira à noite, através de um comunicado em língua chinesa.

Segundo a informação oficial, o homem com febre de Chikungunya tem 66 anos e terá sido infectado durante uma viagem de trabalho ao Sri Lanka, onde esteve entre 7 e 18 de Julho.

Voltou para o território sozinho, mas a 21 de Julho começou a apresentar os primeiros sintomas da infecção, como fatiga, dores nas pernas e joelhos e diarreia. No dia seguinte, 22 de Julho, desenvolveu febre e erupções cutâneas nas pernas. Como a febre não desapareceu até ao dia 26, o homem acabou por procurar tratamento no Centro Hospitalar Conde São Januário. Finalmente, a 27 de Julho, o laboratório público de saúde confirmou o novo caso de febre de Chikungunya.

Os SS explicaram também que o caso foi categorizado como importado devido ao “histórico de viagens” do paciente, o “desenvolvimento dos sintomas” e “os testes do laboratório”. As autoridades apontaram também que o estado do paciente apresenta melhorias.

Segundo os Serviços de Saúde a febre Chikungunya é uma doença viral, transmitida por mosquitos do género Aedes, principalmente os das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus.

O Lam foi ao terreno

Com o número de casos a aumentar, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, deslocou-se na terça-feira a alguns locais do território, onde estão a ser realizadas acções de extermínio dos mosquitos, como estaleiros de obras, parques e jardins. As imagens das visitas foram partilhadas pelos meios de propagada do Governo.

A deslocação aos estaleiros da Zona A dos Novos Aterros foi justificada com o facto de pelo menos três dos casos de febre Chikungunya identificados na província vizinha de Cantão envolverem operários da construção civil que trabalham na Zona A. “A possibilidade de haver transmissão da febre através dos estaleiros não pode ser excluída”, foi considerado pelos SS.

Na altura em que o comunicado foi emitido, as autoridades justificaram também o reforço das acções de extermínio dos mosquitos com o facto de terem sido registados cinco casos importados em Macau (ainda não tinha sido divulgado o caso mais recente), assim como um caso local de febre de dengue.

31 Jul 2025

Pequim emitiu 63 mil vistos para quadros qualificados para Macau e Hong Kong

A Administração Nacional para a Imigração emitiu cerca de 63 mil vistos para quadrados qualificados de Pequim, Xangai e das cidades da Grande Baía se instalarem em Macau ou Hong Kong. Os números foram revelados ontem, durante uma conferência de imprensa do Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China e diz respeito ao período do 14º plano quinquenal, que começou em 2021 e termina este ano.

O director de Gestão de Migração dos Cidadãos Chineses, Xiong Shuren, elogiou a medida e considerou que beneficia o intercâmbio entre o Interior, Hong Kong e Macau. O responsável recordou que 59 cidades do Interior da China emitem vistos individuais para a deslocação a Hong Kong e Macau. “Quanto aos vistos de viagem de Hengqin e Macau, mais de 56 mil residentes gozaram dessa conveniência,” destacou.

Sobre os serviços destinados a residentes de Hong Kong e Macau para a deslocação ao Interior da China, Xiong Shuren apontou que durante o período do 14º plano, 394 mil residentes renovaram o salvo-conduto que permite os residentes de Hong Kong e Macau entrarem e saírem do Interior.

Soluções alternativas

Xiong Shuren recordou que durante a pandemia, vários residentes das RAE não conseguiram pedir a renovação. Como tal, indicou que as autoridades lançaram “prontamente” uma política para alargar o prazo de validade de salvo-conduto. O alargamento do prazo de validade dos salvo-condutos abrangeu 4,4 milhões de residentes de Hong Kong e Macau.

Xiong Shuren também revelou que desde Julho de 2024 foi lançada a política de emissão de salvo-conduto para os residentes das RAE com nacionalidade estrangeira para concretizar o que disse serem “grandes avanços” na gestão de estradas e saídas do Interior, de acordo com o princípio “Um País, Dois Sistema” da nova era. Xiong completou que foram emitidos 85 mil salvos-condutos para estrangeiros.

31 Jul 2025

Grande Baía | Árbitros têm de falar pelo menos uma língua estrangeira

Foram ontem publicadas as orientações para escolher árbitros em litígios jurídicos na Grande Baía. Os escolhidos têm de falar “perfeitamente” chinês e, pelo menos, uma língua estrangeira. Além disso, têm de estar inscritos em instituições de arbitragem de duas das três jurisdições da Grande Baía

 

Os residentes de Macau que pretendam ser árbitros em litígios jurídicos na Grande Baía têm, como regra geral, de dominar “perfeitamente” o mandarim ou o cantonês. Os requisitos para o exercício destas funções foram revelado ontem, através da publicação das “Orientações de trabalho sobre a lista de árbitros da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Como primeiro requisito é exigido que os árbitros defendam a Constituição do país e as Leis Básicas de Macau e Hong Kong, além disto também se espera que “tenham bom comportamento deontológico, sem registo de sanções por má reputação ou por violação de deontologia profissional”.

Os futuros árbitros têm igualmente de estar na lista de árbitros de instituições de arbitragem de duas das três regiões da Grande Baía, ou seja, têm de ser reconhecidos como árbitros em Macau e no Interior, Macau e Hong Kong, ou Interior e Hong Kong.

Nas exigências consta ainda a necessidade de ter mais de cinco anos de experiência profissional no exercício de funções de árbitro e de ter “desempenhado, cumulativamente, funções de árbitro em pelo menos cinco casos de arbitragem e elaborado decisões arbitrais”. Em relação às decisões arbitrais em pelo menos três dos casos as decisões têm de ter envolvido arbitragem interjurisdicional”.

Finalmente, o documento com as orientações indica que os árbitros têm de dominar “perfeitamente o mandarim (ou cantonês) e, pelo menos, uma língua diferente do chinês”.

Apesar das exigências gerais, as orientações admitem que as autoridades possam isentar os árbitros de cumprir algumas condições, inclusive sobre a necessidade de dominarem o chinês, de “acordo com a situação”. No entanto, as orientações não revelam em que situações a isenção é garantida. O respeito pela Constituição e Leis Básicas, assim como a necessidade de ter um registo deontológico limpo nunca podem ser alvo de isenção.

Mecanismo de cooperação

As orientações foram elaboradas pelo Departamento da Justiça da Província de Guangdong, pelo Departamento da Justiça do Governo de Hong Kong e pela secretaria para a Administração e Justiça do Governo de Macau, e aprovadas pela Reunião Conjunta dos Departamentos Jurídicos da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. A Reunião Conjunta dos Departamentos Jurídicos da Grande Baía tem os poderes para afastar o cumprimento por parte dos árbitros de alguns requisitos.

É também o órgão da Reunião Conjunta dos Departamentos Jurídicos que vai ter poderes para excluir árbitros da Grande Baía. Esta situação é prevista para quando os árbitros praticam “actos contra a segurança do Estado ou contra o interesse público da sociedade”, cometem uma “violação grave das leis, dos diplomas legais, bem como das regras de arbitragem e da deontologia profissional dos árbitros” ou crimes. A exclusão aplica-se ainda quando os árbitros são afastados da função pública, têm a licença profissional cancelada ou perdem “condições para o exercício de funções em virtude da aplicação da sanção de suspensão do exercício de funções”.

Segundo a versão em português da documento, as orientações permitem ainda o afastamento das árbitros em qualquer situação que a Reunião Conjunta considere que “deve ser concedida a exclusão”.

31 Jul 2025

Cotai | Zona de espectáculos ao ar livre com futuro incerto

A presidente do Instituto Cultural, Deland Leong Wai Man, reconheceu que o futuro do Local de Espectáculos ao Ar Livre ainda está por decidir e que a continuidade ainda não está garantida, depois do período experimental actualmente a decorrer. A posição foi tomada ontem pela presidente do IC depois de uma reunião do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural.

Em reacção ao anúncio de que um espectáculo agendado para o início de Setembro (Festival S20) tinha sido cancelado pelo organizador, Leong revelou que está previsto que o espaço gerido pelo Governo receba, pelo menos, mais três espectáculos até ao final do ano. Os espectáculos estão agendado para os finais de Setembro, Outubro e Dezembro.

A responsável pelo IC explicou também que o funcionamento da zona de espectáculos no futuro não está garantida e que o IC vai fazer uma ponderação, quando terminar o período experimental de um ano. Leong prometeu também o anúncio da decisão para “um momento oportuno”.

Ontem, em declarações aos jornalistas, Deland Leong revelou também que a 2ª edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau vai receber mais de 1.000 actividades e espectáculos. O evento realizado entre Julho e Agosto conta com um orçamento de cerca de 20 milhões de patacas.

Segundo o jornal Ou Mun, a responsável não conseguiu apresentar os dados estatísticos para a participação neste ano, porque o festival ainda se encontra a decorrer. Deland Leong recordou que houve cerca de 210 mil participantes no ano passado, e que a proporção de residentes foi maior do que a de turistas. Actualmente, mais de 80 por cento dos bilhetes para os eventos estão vendidos.

30 Jul 2025

Chikungunya | Diagnosticado quinto caso importado

Os Serviços de Saúde anunciaram na segunda-feira à noite o quinto caso importado de febre de Chikungunya. Na nota de imprensa divulgada em língua chinesa, é indicado que a doente é uma residente com 70 anos, que entre 14 e 18 de Julho viajou sozinha no Interior, na cidade de Foshan.

Após regressar, a 25 de Julho começou a apresentar os primeiros sintomas, como dores nas articulações das pertas. Num primeiro momento, a mulher tomou medicamentos de alívio rápido. Contudo, como no domingo desenvolveu alergia e erupções cutâneas no joelho e num dos braço deslocou-se ao Centro Hospitalar Conde São Januário, onde acabou por ser diagnosticada.

A mulher está livre de perigo e em condição estável. Após o caso ser detectado, foram realizadas acções de extermínio de mosquitos junto da habitação da mulher, que fica próxima da Avenida do Lam Mau, no norte da cidade.

30 Jul 2025

Hengqin | UM pagou 173,3 milhões por projecto de arquitectura e design

O Instituto de Investimento em Design Arquitectónico da Universidade de Tecnologia do Sul da China foi escolhido para o projecto de arquitectura e design do campus da Universidade de Macau em Hengqin. A informação oficial não permite conhecer as outras entidades convidadas a apresentar propostas, nem os preços

 

A Universidade de Macau pagou 153,8 milhões de renminbis (173,3 milhões de patacas) pelo projecto de design arquitectónico do futuro campus da instituição de ensino na Zona de Cooperação Aprofundada. O montante foi divulgado através da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP), uma vez que o pagamento foi feito através da empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development.

A informação oficial indica que a empresa escolhida para a prestação do serviço foi o Instituto de Investimento em Design Arquitectónico da Universidade de Tecnologia do Sul da China. A selecção da empresa resultou de uma consulta directa realizada pelo braço de investimento da Universidade de Macau em Hengqin. No entanto, a informação oficial não permite saber que outras empresas foram convidadas a apresentar propostas para o design arquitectónico, nem o valor a pagar pelo serviço constante nessas propostas.

Desde o início do ano que esta é a segunda adjudicação a empresas localizadas no Interior da China realizada pela Guangdong Hengqin UM Higher Education Development em relação aos trabalhos do novo campus. A outra adjudicação, no valor de 35,9 milhões de renminbis (40,5 milhões de patacas), foi feita ao escritório de Pequim da consultora Rider Levett Bucknall, que tem a sede principal em Hong Kong, e também resultou de uma consulta de preços.

Os serviços prestados pela Rider Levett Bucknall visaram o “serviço de controlo de custos” face às obras do campus nos lotes de terreno identificados como A1 a A6 da Zona de Cooperação Aprofundada.

Novo Campus

A empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development foi criada pela Universidade de Macau no Interior da China para construir o novo campus. Actualmente, o capital social da empresa é de 4 mil milhões de renminbis.

Como resultado deste investimento, a UM aceitou pagar 1,4 mil milhões de patacas à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, na Ilha da Montanha, pelo terreno de 375.600 metros quadrados que vai receber o novo campus. Este investimento significou o pagamento de 2.758 patacas por metro quadrado.

De acordo com os planos anunciados anteriormente pela UM, o terreno está dividido em 9 lotes, dos quais 6 vão ser utilizados para construir laboratórios, faculdades, e outras instalações universitárias, enquanto outros três lotes se prendem com a obrigação da UM construir as estradas da Zona de Cooperação Aprofundada. São esperados pelo menos 10 mil alunos no campus que deverá ficar concluído até 2028, ano em que iniciará as operações com 8 mil alunos, entre os quais 4 mil a frequentarem licenciaturas. Espera-se também que o campus necessite de cerca de 500 funcionários para operar.

30 Jul 2025

Banco da China | Presidente da filial de Macau detido à chegada a Pequim

O jornal Caixin Global noticiou o desaparecimento do presidente da sucursal de Macau do Banco da China, indicando que terá sido levado pelas autoridades nacionais quando chegou a Pequim vindo de Macau. Jia Tianbing é o segundo dirigente de bancos de Macau a desaparecer em menos de um mês

 

O presidente da sucursal de Macau do Banco da China, Jia Tianbing, foi levado pelas autoridades no Interior da China, noticiou ontem o jornal Caixin Global, uma das principais publicações sobre informação financeira da China. Este é o segundo dirigente de representações de bancos estatais chineses em Macau a desaparecer no Interior da China em menos de um mês.

De acordo com o Caixin Global, Jia Tianbing foi interceptado quando voltava para Pequim, vindo de Macau, e estava acompanhado por vários familiares e amigos. Os acompanhantes do banqueiro também terão sido levados pelas autoridades.

A detenção aconteceu após Jia Tianbing ter acompanhado, no dia 11 deste mês, a delegação dos membros de Macau do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) numa visita à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. A delegação, foi liderada pelo vice-presidente do CCPPC, e ex-Chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho.

No entanto, os sinais de que algo de extraordinário estava a acontecer foram visíveis numa reunião recente do Banco da China que serviu para emitir novas instruções para as sucursais. Nesse encontro foi notada a ausência de Jia Tianbing.

Pelo menos desde domingo que o Caixin Global tentou entrar em contacto com Jia Tianbing, mas o número de telemóvel esteve sempre desligado. Também não foi recebida qualquer resposta até ontem.

Cenário repetido

No início do mês, o mesmo jornal revelou que Jiang Yusheng, ex-presidente do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, em inglês), tinha sido levado pelas autoridades do Interior.

Após a informação sobre o desaparecimento do banqueiro ter começado a circular foi tornado público que Jiang estava a ser investigado pela Comissão Central de Inspecção Disciplinar por suspeitas de violação grave da disciplina e da lei. Este é um termo frequentemente utilizado no Interior da China para designar casos de corrupção.

Segundo o Caixin Global, a investigação que visa Jiang Yisheng prende-se com empréstimos imobiliários aprovados pelo ICBC de Macau, principalmente no âmbito do projecto de luxo Windsor Arch, construído à frente do Jockey Club e no qual participaram vários empresários locais.

Este projecto foi desenvolvido por Ng Lag Seng, então presidente do Grupo Sun Kian Ip, e que também foi parte da investigação no âmbito do caso judicial que resultou no julgamento dos ex-directores das Obras Públicas, Jaime Carion e Li Canfeng. Também Ng Kei Nin, filho de Ng Lap Seng, um dos directores da empresa, foi implicado no caso. Ambos foram condenados em Macau ao cumprimento de penas de prisão.

A publicação indicava que a investigação surgiu numa altura em que o ICBC Macau registava um aumento do crédito malparado, ou seja, dos empréstimos aprovados a devedores que depois não tiveram capacidade para pagar as dívidas.

30 Jul 2025

CAEAL | Influenciadores digitais alertados para proibição de campanha

O juiz Seng Ioi Man garante que as autoridades têm mecanismos necessários para aplicarem a lei de proibição do incitamento aos votos nulos e em branco mesmo fora de Macau, através de mecanismos de cooperação

 

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) avisou ontem os influenciadores digitais para o facto de estarem abrangidos pela proibição de fazerem campanha. Em causa está a possibilidade de os influenciadores receberem dinheiro ou outros benefícios para promover listas candidatas nas eleições de 14 de Setembro.

“Como sabem, actualmente temos muito influenciadores e plataformas. Uma vez que existe uma natureza comercial nestas campanhas, elas não são permitidas. Tanto a CAEAL como as entidades de execução da lei, como a Polícia Judiciária ou Comissariado Contra a Corrupção, vão ter pessoal para acompanhar as acções de propaganda realizadas na internet”, explicou o presidente da CAEAL, Seng Ioi Man.

De acordo a lei eleitoral, a publicidade comercial é proibida após o dia de apresentação das candidaturas e até à realização das eleições. A punição para a divulgação de publicidade comercial ilícita prevê uma multa de 5 mil a 50 mil patacas.

Na conferência de imprensa de ontem, Seng Ioi Man garantiu também que as autoridades têm meios necessários para executar a lei fora do território, nos casos em que são feitos apelos de boicote ou incitamento ou voto nulo ou em branco. “Alguns actos podem ser realizados fora de Macau. Qualquer acto irregular, crime ou ilegalidade, as entidades de execução da lei, como as polícias, e nós, temos cooperações com outras entidades, e se houver esses crimes temos mecanismos para tratar desses casos”, garantiu.

Seng Ioi Man afirmou que até agora não foram identificados casos de potenciais crimes de incitamento ao voto nulo ou em branco. Este crime foi criado com a revisão mais recente da lei eleitoral, depois das primeiras exclusões de candidatos por motivos políticos, e prevê uma pena de prisão efectiva entre 30 dias e 3 anos, sem qualquer possibilidade de suspensão.

Mais painéis de campanha

Em relação à campanha eleitoral, que arranca a 30 de Agosto e se prolonga até 12 de Setembro, Seng Ioi Man anunciou que este ano serão adicionadas duas zonas para afixar cartazes e os programas políticos, em comparação com 2021.

A CAEAL mudou igualmente os espaços onde os cartazes são colocados, para serem vistos por mais pessoas. “Escolhemos espaços mais largos, com maior fluxo de pessoas para instalar os painéis e esperamos que as listas possam também estar atentas aos nossos avisos, nomeadamente o que diz respeito ao tamanho, para que possam imprimir cartazes com tamanho adequado”, indicou o juiz.

Ao contrário de 2021, as autoridades vão voltar a organizar uma cerimónia de arranque da campanha eleitoral, com a participação de representantes das diferentes listas. Seng Ioi Man explicou que este ano volta a ser possível realizar a cerimónia, dado que não há condicionamentos relacionados com a pandemia da covid-19.

30 Jul 2025

Casinos | Ernst & Young acusada de ignorar crimes em Macau

A consultora Ernst & Young foi acusada por um antigo funcionário de ter ignorado, durante anos, os crimes dos grupos junket Suncity e Tak Chun em Macau. O funcionário apresentou uma queixa contra a empresa nos EUA depois de, nas suas palavras, ter feito vários alertas sobre a situação

 

É certo que os antigos patrões dos grupos junket Suncity (Alvin Chau) e Tak Chun (Levo Chan) já se encontram a cumprir as penas a que foram condenados, mas os processos de crime organizado associados às duas empresas que durante anos operaram no sector do jogo de Macau, angariando clientes VIP, ainda levantam polémica.

Desta vez, um antigo funcionário da consultora Ernst&Young (EY), Joe Howie, que colocou a empresa em tribunal acusando-a de ignorar, durante anos, os sinais de alerta de que algo não estava bem nestas empresas junket nem em empresas a elas associadas.

Joe Howie, que co-liderou o Centro de Excelência em Risco Global da EY, diz que durante anos alertou para falhas na adesão aos padrões definidos pelo Public Company Accounting Oversight Board, resistindo a investigações ou negando suspender contratos com clientes que estavam a ser investigados.

Segundo o portal AGBrief, Howie trabalhou 35 anos na EY e, ao abrigo da legislação “Sarbanes-Oxley Act” apresentou agora a queixa num tribunal federal norte-americano, alegando que a empresa fez retaliações contra ele por ter deixado alertas sobre as operações da Suncity e Chun Tak. Segundo a queixa, estão em causa violações às leis de valores mobiliários dos EUA e condutas anti-ética.

Na acção judicial é indicado que a EY fez durante anos trabalho de consultoria e auditou contas das duas empresas junket também noutros mercados asiáticos. O funcionário diz que a EY sabia que estava a trabalhar com empresas ligadas ao grupo Suncity, incluindo pessoas dos EUA que tinham grandes operações nos casinos de Macau. A EY não terá reparado na ausência de dados fornecidos por estas empresas à consultora.

“Apesar das repetidas advertências, a EY continuou a lucrar com contratos assinados com esses clientes de alto risco”, lê-se no processo. Joe Howie terá sido “marginalizado e forçado a reformar-se de forma antecipada, sendo expulso da sociedade como forma de retaliação”, é referido.

As três famílias

Na queixa protagonizada por Joe Howie, lê-se ainda que cinco empresas listadas nos EUA, e com ligações próximas ao sector do jogo local, estavam associadas a “famílias ligadas às tríades chinesas, incluindo descendentes de Stanley Ho”, sendo que a queixa “identifica três famílias, não pelo nome, mas pela associação e papéis que tinham nas empresas, alegadamente ligadas ao império junket de Alvin Chau e outras redes de contacto”, lê-se na notícia.

O portal AGBrief escreve ainda que na queixa apresentada contra a EY constam acusações de que esta “providenciou opiniões na auditoria pouco qualificadas, falhando em reportar e identificar falhas em programas contra branqueamento de capitais ou conflitos de interesses”.

Do lado da EY a reacção foi de desresponsabilização, referindo que as acusações não estão devidamente fundamentadas e que se baseiam em informações divulgadas pela comunicação social, referindo que os processos dos grupos Suncity e Tak Chun foram “consideradas especulativas e politicamente motivadas”.

29 Jul 2025