Receitas | Analistas prevêem subida de 13% em Setembro

Com receitas de 17,25 mil milhões de patacas, Setembro de 2024 foi o pior mês do ano para os casinos. No entanto, os analistas acreditam que este ano o cenário vai ser diferente, com receitas a rondar os 19,69 mil milhões de patacas

 

Em Setembro, as receitas dos casinos deverão registar um crescimento anual de 13 por cento, de acordo com os relatórios emitidos por analistas citados pelo portal GGR Asia. As estimativas têm por base as receitas de 22,16 mil milhões de patacas dos casinos em Agosto, o valor mais elevado desde Janeiro de 2020, altura do início da pandemia da covid-19.

Na perspectiva do Deutsche Bank Securities, as receitas de Setembro devem rondar os 2,45 mil milhões de dólares norte-americanos (19,69 mil milhões de patacas), o que representa um aumento anual de 13,6 por cento. Em 2024, as receitas de Setembro foram de 17,25 mil milhões de patacas, as mais reduzidas de todo o ano.

A estimativas do analista Steve Pizzella, do Deutsche Bank, são mais optimistas que as da generalidade dos analistas no mercado, que acreditam que as receitas deverão crescer mais lentamente, ao ritmo de cerca de 10 por cento.

A instituição financeira também destacou que apesar de uma previsão de crescimento de 13 por cento a estimativa é tida como conservadora à luz das tendências das mesas de jogo entre 2013 e 2019. Steve Pizzella indicou que tendo em conta as tendências desse período a estimativa deveria apontar para um aumento das receitas anual na ordem dos 17,5 por cento.

Avisos contra tufões

Por sua vez, a instituição financeira Seaport Research Partners acredita que Setembro vai resultar num crescimento anual das receitas na ordem dos 13 por cento. No entanto, o relatório assinado pelo analista Vitaly Umansky avisa que o número pode ficar abaixo das estimativas, no caso de se verificarem novos tufões.

“A nossa estimativa poderá ser afectada negativamente no caso de algum tufão na região afectar as viagens para Macau”, escreveu Vitaly Umansky. “No ano passado, Setembro foi afectado negativamente por dois grandes tufões, o que foi parcialmente compensado pela elevada retenção de VIPs”, acrescentou.

A Seaport prevê também um crescimento das receitas brutas na ordem dos 13,5 por cento na segunda metade do ano, em comparação com o crescimento de 4,4 por cento entre Janeiro e Junho.

Umansky destacou que o crescimento deve resultar da maior eficácia das concessionárias a nível de marketing e uma maior flexibilização da circulação de capitais e emissão de vistos para visitar o território.

O analista apontou também que um possível acordo comercial entre os Estados Unidos e a China irá injectar uma nova confiança na economia chinesa, que poderá resultar numa maior vontade dos jogadores se deslocarem a Macau e apostarem mais nas mesas do território.

2 Set 2025

Esgrima | Atletas impedidos de exibir bandeira de Macau

Uma equipa de Macau conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio na Taça da Ásia de Cadetes. No entanto, enquanto os atletas de Hong Kong e do Cazaquistão mostravam as respectivas bandeiras, o Lótus verde ficou bem longe dos olhares do público

 

Imagem: Escola Pui Ching

A Associação Geral de Esgrima de Macau terá impedido que a bandeira do território fosse mostrada na Taça da Ásia de Cadetes, que decorreu na Malásia, depois de alguns atletas locais terem conquistado um troféu. O caso foi denunciado por um participante do programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, com a foto da competição que decorreu entre 20 e 23 de Agosto a ser divulgada ontem nas redes sociais.

“Ouvi dizer que a participação na competição não foi subsidiada pelo Governo, apesar de os atletas estarem a representar Macau. Por isso, a Associação Geral de Esgrima de Macau impediu que os atletas subissem ao pódio com a bandeira da RAEM”, afirmou o ouvinte, que se identificou pelo apelido Ieong.

A postura dos atletas de Macau contrastou assim com a dos esgrimistas de Hong Kong e do Cazaquistão que podem ser vistos nos pódios com as bandeiras dos territórios que representam. Segundo as reportagens da competição, a equipa de Macau arrecadou uma medalha de ouro, duas medalhas de prata e duas medalhas de bronze.

Outras queixas

Ieong também se queixou do facto de a associação mudar os critérios para o concurso inter-escolas de esgrima, que vai começar a partir de Outubro, por agrupar atletas que usam armas com tamanhos diferentes. “No passado, os alunos com menos de 11 e 12 anos competiam na mesma categoria. Mas este ano, os alunos com menos de 12 anos precisam de enfrentar os menores de 13 anos. Como nós sabemos, as espadas utilizadas pelos menores de 12 anos e de 13 anos são diferentes, o comprimento de espada é diferente”, explicou. Falta imparcialidade nesta decisão”, considerou.

Além disso, Ieong apontou que a competição escolar vai ser fechada ao público, significando que a entrada dos pais será vedada. Ieong afirmou que este aspecto é negativo porque os alunos podem não saber como apresentar uma queixa, se sentirem prejudicados nas decisões.

Mar de críticas

Nos últimos dias têm surgido várias críticas anónimas contra a Associação Geral de Esgrima de Macau devido a contratações pouco transparentes de pessoal e alegados abusos de poder.

As denúncias foram publicadas alegadamente por atletas da esgrima, e uma das acusações visou directamente a secretária-geral da associação, Grace Ma, por abuso de poder. “Nenhum dos administradores da associação tem experiência de esgrima ou contacto com o desporto. Desde que Grace Ma assumiu o cargo de gestão aconteceram os seguintes episódios: esquecimento de inscrições em competições, esquecimentos de pedidos de vistos, nomes de atletas escritos de forma errada nos bilhetes de avião, não arranjam transporte para os atletas durante as competições e nem nos permitem participar nas competições, mesmo quando pagamos os custos com o dinheiro do nosso bolso”, lê-se numa das publicações.

As publicações também duvidam das qualificações de Grace Ma, citando as reportagens dos jornais chineses em que ela surge identificada como tendo um doutoramento em ortopedia da Universidade de Malaya, em Kuala Lumpur. “Esta universidade nunca teve o doutoramento em ortopedia, apenas tem engenharia biomédica”, foi apontado. As críticas visam também o facto de Grace Ma não surgir na lita de profissionais de saúde reconhecidos pelos Serviços de Saúde, o que significa que não está habilitada para fazer tratamentos médicos.

Os denunciantes anónimos esperam que a associação explique as razões de ter escolhido Grace Ma como a secretária-geral da associação, e esperam que Ma se demita, para deixar alguém com experiência e conhecimento da matéria assumir o cargo.

O HM contactou a Associação Geral de Esgrima de Macau sobre as queixas apresentadas, mas até ao encerramento da edição não recebeu uma resposta.

2 Set 2025

Imobiliário | Mais vendas a preços mais baixos no início de Agosto

Agosto arrancou com mais actividade comercial no mercado da habitação, com um aumento de 19 por cento do número de transacções. No entanto, compradores e vendedores voltaram a ver os preços baixarem

 

Na primeira metade de Agosto o número de transacções de habitação teve um crescimento anual de 19 por cento para um total de 118 negócios. Os números foram divulgados ontem, através do portal da Direcção de Serviços de Finanças (DSF). Na primeira quinzena de Agosto do ano passado tinham sido registadas 99 transacções de habitação.

Em relação ao início de Agosto deste ano, o maior número de compras e vendas de habitação aconteceu na Península com 96 transacções, que contrastam com as 74 do ano anterior. Na Taipa houve 19 vendas de apartamentos, um valor que ficou estabilizado, e em Coloane foram registadas três, menos três do que no início de Agosto do ano passado.

Se por um lado houve mais transacções, por outro, o preço médio das casas vendidas apresentou uma redução de 2,3 por cento para uma média de 78.990 patacas por metro quadrado. Em comparação, na primeira quinzena de Agosto do ano passado o preço médio do metro quadrado era de 80.815 patacas por metro quadrado.

Como tradicionalmente acontece, o metro quadrado foi mais caro em Coloane, com um custo médio de 83.444 patacas, o que em termos anuais representou um aumento face ao valor médio de 65.145 patacas por metro quadrado do início de Agosto de 2024. Na Península o preço médio mais recente foi de 82.743 patacas por metro quadrado, uma redução anual face às 84.584 patacas anteriores. Finalmente, na Taipa o preço mais recente foi de 65.219 patacas por metro quadrado, uma redução de quase 10 mil patacas, face às 75.189 patacas por metro quadrado do ano anterior.

Navios idos

Os números mais recentes confirmam que o mercado do imobiliário de Macau atravessa uma situação muito diferente do que acontecia antes da pandemia da covid-19.

Nos primeiros quinze dias de Agosto de 2019 o número de transacções de fracções para habitação atingiu 443, cerca do triplo do que aconteceu no período mais recentemente analisado. Nesse início de mês houve 289 transacções na Península, 137 na Taipa e 17 em Coloane.

Também os preços praticados se encontram num nível diferente do que acontecia em Agosto de 2019. Nessa altura, o preço médio por metro quadrado era de 119.351 patacas, uma diferença de 40.361 patacas face à primeira quinzena de Agosto de 2025. Nessa altura, o preço médio na Taipa era de 142.100 patacas por metro quadrado, e de 126.883 patacas em Coloane. Na Península o preço médio do metro quadrado atingia as 108.748 patacas.

2 Set 2025

IH / Edifício do Lago | Apontada responsabilidade de condóminos

A queda de azulejos no complexo de habitação económica do Edifício do Lago tem sido um problema recorrente passados poucos anos da ocupação dos apartamentos. Desde a primeira ocorrência, a queda de mosaicos tem sido uma constante, também noutros edifícios de habitação pública. O Instituto de Habitação empurra responsabilidades para os condomínios

 

Passado pouco tempo da distribuição de apartamentos no complexo de habitação económica do Edifício do Lago, começou a ser evidente a falta de qualidade da construção, com o desprendimento constante de azulejos e mosaicos da fachada e paredes exteriores dos blocos.

Após a sucessiva queda de mosaicos, o empreiteiro era convocado a proceder a reparações, e o problema repetia-se, tanto nas paredes exteriores como nas partes comuns no interior dos prédios. O ciclo repetiu-se durante mais de uma década, também noutros prédios de habitação pública, até que a garantia estabelecida no contrato de adjudicação da construção do Edifício do Lago expirou. Desde então, o Instituto de Habitação (IH) “passou a bola” para o lado dos condóminos, que têm rejeitado sucessivamente propostas de reparação.

Em resposta a uma interpelação de Nick Lei, o Governo voltou a realçar a inacção dos proprietários. Após uma investigação do Comissariado contra a Corrupção, que não encontrou indícios de corrupção das autoridades no concurso, apreciação, aprovação e supervisão das obras no Edifício do Lago e no Edifício Ip Heng, foi “apresentada uma proposta de reparação para discussão e deliberação por parte dos condóminos. Contudo, a proposta foi rejeitada dentro do prazo estabelecido, pelo que o empreiteiro não pôde realizar os trabalhos de reparação e acabou por retirar a proposta”, indicou Sam Weng Chon, director substituto dos Serviços de Obras Públicas.

O responsável salientou que “o IH continuou a instar a empresa de administração e as respectivas administrações a darem acompanhamento à situação, exigindo-lhes a apresentação de uma nova proposta de reparação”.

Raiz do problema

No Edifício da Alameda da Tranquilidade passou-se uma situação semelhante. Quedas de azulejos, reparações que duram pouco tempo, período de garantia expirada e responsabilidades atiradas para os proprietários que compraram casas ao Governo, com as administrações de condomínios a rejeitarem propostas de reparação.

Independentemente das queixas sucessivas e notícias cíclicas sobre a degradação de prédios praticamente novos, o responsável da DSOP aponta para os moradores. “A reparação dos espaços comuns dos edifícios depende da vontade comum dos condóminos, pelo que o IH continuará a incentivar todas as partes envolvidas a avançarem com a reparação com a máxima celeridade, prestando apoio na convocação das assembleias e na apresentação de candidaturas ao Fundo de Reparação Predial, de modo a aliviar os encargos de reparação”, indicou Sam Weng Chon.

Na interpelação escrita, Nick Lei indica que a responsabilidade não deve somente recair sobre os condóminos, uma vez que estas não foram responsáveis pela falta de qualidade das obras.

“O problema de qualidade não foi resolvido adequadamente até ao termo do prazo de garantia do edifício e o desprendimento de mosaicos causou ferimentos a transeuntes e danificou veículos estacionados na via pública, portanto, tudo isso constitui perigo para a segurança comunitária”, salientou o deputado.

2 Set 2025

SCO | China revela plano de dez anos para mundo multipolar

Foi apresentada em Tianjin a Iniciativa de Governança Global, um plano de Pequim que defende o multilateralismo na ordem geopolítica mundial. Da Organização de Cooperação de Xangai saiu uma nova declaração de defesa do mundo multipolar, bem como novos “100 projectos pequenos e exemplares” de apoio financeiro para países membros do organismo

 

A Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) aprovou uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década, com o objectivo de promover um mundo multipolar, anunciou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. A Iniciativa de Governança Global (GGI, na sigla inglesa) surge numa altura em que o bloco regional reconheceu, numa declaração conjunta, que o agravamento das tensões geopolíticas representa uma ameaça crescente à segurança dos seus membros.

Em declarações após a 25.ª cimeira da SCO, que decorreu em Tianjin, no nordeste da China, Wang afirmou que a estratégia de desenvolvimento até 2035 “define o tom e uma direcção clara para a próxima década”, considerando-a um dos principais resultados do encontro.

A cimeira teve como pano de fundo o aumento das fricções entre alguns dos principais membros da SCO e os Estados Unidos da América (EUA), nomeadamente devido a sanções e tarifas comerciais aplicadas pela administração de Donald Trump.

Wang classificou a reunião como a “mais frutífera” até à data, sublinhando que os participantes emitiram uma mensagem unificada contra acções unilaterais, numa referência implícita a Washington. “A cimeira defendeu firmemente um mecanismo de comércio multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio, rejeitou medidas unilaterais que violem as regras da organização e enviou uma mensagem clara em apoio à equidade, contra a intimidação”, afirmou o chefe da diplomacia chinesa.

Wang anunciou também a criação de quatro novos centros de segurança no âmbito da SCO, com foco no combate a ameaças à segurança regional, crime organizado transnacional, tráfico de droga e segurança da informação.

Segundo a agência Xinhua, Wang Yi disse ainda que a GGI chegou “no momento certo”, dado que “o mundo enfrenta inúmeros desafios, incluindo frequentes turbulências a nível regional, um crescimento económico desacelerado e o aumento de [ideias e movimentos] anti-globalização”.

A GGI tem por princípios “o respeito pela igualdade soberana, a observação do Direito internacional, a prática do multilateralismo, a defesa de uma abordagem centrada nas pessoas e foco em acções concretas”, conceitos que estão “em consonância com os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas”, observou Wang Yi.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês lembrou ainda que a GGI é a “quarta grande Iniciativa Global proposta pelo Presidente Xi Jinping nos últimos anos”, após o lançamento da Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global.

Segundo o ministro, “estas quatro iniciativas trazem estabilidade e previsibilidade a um mundo turbulento, reflectindo-se o papel activo e o sentido de responsabilidade da China nos assuntos internacionais”.

Uma nova declaração

Da cimeira saiu ainda a Declaração de Tianjin do Conselho de Chefes de Estado da SCO, onde o multilateralismo é palavra de ordem. “A política e economia mundiais, bem como outras áreas das relações internacionais, têm passado por profundas transformações históricas. O sistema internacional caminha na direcção de uma multipolaridade mais justa, igualitária e representativa, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento nacional e cooperação com benefícios mútuos”, pode ler-se.

No mesmo documento os Estados-membros da SCO comprometem-se a “aprofundar as parcerias de longo prazo e fortalecer ainda mais a Organização de Cooperação de Xangai, a fim de preservar de forma conjunta a paz, segurança e estabilidade regionais, promovendo-se o desenvolvimento sustentável” dos países.

Na declaração é também firmado que os países-membros da SCO “consideram inaceitável a interferência nos assuntos internos de outros Estados sob quaisquer pretextos, bem como o recurso a medidas unilaterais de coerção que não se baseiem no Direito internacional e que prejudiquem os interesses de outros Estados”.

“Os Estados-membros reafirmam a sua posição de princípio contra a imposição de sanções unilaterais extraterritoriais”, foi ainda declarado no documento.

Apoios a países

O Presidente Xi Jinping reafirmou na segunda-feira a visão de uma nova ordem mundial que desafie o domínio ocidental, apelando à construção de um sistema internacional mais justo e multipolar. “A SCO deve opor-se em conjunto à mentalidade de Guerra Fria, ao confronto entre blocos e a comportamentos de intimidação”, afirmou Xi, no discurso principal da cimeira, numa referência indirecta aos Estados Unidos.

O líder chinês defendeu uma reforma na governação global com maior representação para o Sul Global e apelou à aplicação “igual e uniforme” do Direito internacional, sem padrões duplos nem a hegemonia de poucos.

Xi anunciou ainda um conjunto de medidas concretas para enfrentar os desafios ao desenvolvimento, numa altura em que a guerra comercial com os EUA levanta receios de estagnação económica global.

Entre as iniciativas estão 100 “projectos pequenos e exemplares” de apoio ao bem-estar em países da SCO, mais de dois mil milhões de yuan em ajuda não reembolsável e dez mil milhões de yuan adicionais em empréstimos ao Consórcio Interbancário da SCO, nos próximos três anos.

Xi revelou também planos para acelerar a criação de um banco de desenvolvimento da SCO, com o objectivo de reforçar a cooperação em matéria de segurança e economia entre os Estados membros. “Devemos ampliar a base da cooperação e utilizar plenamente os recursos de cada país, assumindo a responsabilidade pela paz, estabilidade, desenvolvimento e prosperidade na região”, disse.

Relativamente ao papel da China no sistema geopolítico mundial, Xi Jinping destacou uma série de medidas e iniciativas em que considera que o país foi pioneiro. No discurso de segunda-feira, na SCO, destacou que “fomos os primeiros a lançar a cooperação da Iniciativa Faixa e Rota”, tendo sido desenvolvido “um grande número de projectos de assinatura”. Além disso, a “cooperação ao nível do investimento industrial tem avançado de forma significativa, disponibilizando forças condutoras em prol do desenvolvimento e prosperidade em toda a região”.

A China diz ter hoje dados que o comércio com os países-membros da SCO ultrapassou “os objectivos que tinham sido traçados”, além de que a rede de comunicações e transportes foi “bastante melhorada”, existindo uma rede de transportes terrestre de quase 14 mil quilómetros entre os Estados-membros.

Na segunda-feira, Xi Jinping destacou também que a China foi o primeiro país a “apresentar a visão de uma governança global baseada numa ampla consulta, uma contribuição conjunta e partilha de benefícios”, realizando-se um “esforço para a prática do verdadeiro multilateralismo”.

“Aprofundamos a cooperação com as Nações Unidas e outras organizações internacionais, e desempenhamos um papel construtivo nos assuntos internacionais e regionais. Estamos sempre ao lado da equidade e da justiça internacionais, defendemos a inclusão e a mútua aprendizagem entre civilizações. Opomo-nos ao hegemonismo e política de poder, pelo que nos tornamos uma força pró-activa pela paz e desenvolvimento mundial”, defendeu ainda o Presidente chinês.

De mãos dadas

Antes da sessão fotográfica oficial, na segunda-feira, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Índia, Narendra Modi, foram vistos a caminhar de mãos dadas na direcção de Xi Jinping, com quem mantiveram uma breve conversa, acompanhados por intérpretes. De acordo com o próprio Modi, os dois líderes viajaram juntos no mesmo carro para a sua reunião bilateral.

Criada em 2001 como uma aliança de segurança euro-asiática entre a China, a Rússia e quatro países da Ásia Central, a SCO alargou-se a áreas como cooperação económica e comercial. Segundo Pequim, a organização reúne actualmente 26 países da Ásia, Europa e África, entre membros plenos, observadores e parceiros de diálogo. Myanmar e Turquia estão entre os países que pretendem adesão plena.

Apesar da crescente influência, o grupo continua afectado por disputas internas – como entre Índia e Paquistão, ou entre Tajiquistão e Quirguistão – que comprometem a sua eficácia global. A.S.S. / Agências

2 Set 2025

Sam Hou Fai adia sem data visita a Portugal prevista para 16 de Setembro

O líder do Governo de Macau, Sam Hou Fai, adiou sem data prevista a visita a Portugal e Espanha, prevista para decorrer entre 16 e 23 de setembro, confirmou a Lusa e o HM junto de fonte oficial.

“A visita foi adiada e não há ainda data de quando será realizada”, confirmou à Lusa fonte oficial do Gabinete de Comunicação Social (GCS) da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

A visita a Portugal seria a primeira deslocação ao estrangeiro desde que Sam Hou Fai tomou posse como chefe do executivo da RAEM, em dezembro de 2024. Esta deslocação, a ter ido por diante, teria início dois dias após a realização das eleições para o Parlamento da RAEM, agendadas para o próximo dia 14.

2 Set 2025

Justiça | Novas caras na Comissão de Indigitação de Juízes

A presidente do Tribunal de Última Instância, Song Man Lei, passa a integrar a comissão que propõe os juízes a serem nomeados pelo Chefe do Executivo. Também o advogado António José Dias Azedo, foi nomeado para a comissão por Sam Hou Fai, substituindo Philip Xavier

 

O Chefe do Executivo nomeou a juíza Song Man Lei e o advogado António José Dias Azedo para a Comissão Independente para a Indigitação de Juízes. As nomeações de Sam Hou Fai foram feitas a 25 de Agosto, e o despacho oficial foi publicado ontem no Boletim Oficial.

A Comissão Independente para a Indigitação de Juízes tem como função propor ao Chefe do Executivo a nomeação dos novos juízes para os tribunais locais. Este grupo é nomeado pelo Chefe do Executivo e constituído por um juiz, um advogado e cinco personalidades locais.

Song Man Lei é nomeada como membro da comissão ao mesmo tempo que desempenha as funções de presidente do Tribunal de Última Instância (TUI). Apesar de não ser exigido que o membro da comissão seja o presidente do TUI, esta tem sido uma tradição desde a formação da RAEM. Antes de ser Chefe do Executivo, também Sam Hou Fai integrou a comissão entre 1999 e 2024, dado que era o presidente do TUI.

Song Man Lei integra o TUI desde 2012 e desde o ano passado que preside a esse tribunal. Antes da entrada nos tribunais, desempenhou as funções de delegada do Procurador e Procuradora-Adjunta no Ministério Público. Em 2024, também presidiu à Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo.

Por sua vez, António José Dias Azedo foi presidente da direcção da Associação dos Advogados de Macau entre 2000 e 2001, além de ter sido vogal e secretário geral, entre 1994 e 1999. É a segunda vez que é nomeado para cargos públicos por Sam Hou Fai, depois de em Março deste ano ter sido escolhido para presidente do Conselho Fiscal da TDM-Teledifusão de Macau. Também em 2013, António José Dias Azedo desempenhou as funções de presidente do Conselho Fiscal no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), actual Instituto para os Assuntos Municipais (IAM).

António José Dias Azedo vai ocupar a vaga em aberto deixada pelo colega de profissão Philip Xavier, cuja exoneração foi confirmada no mesmo despacho que revelou as novas nomeações para a Comissão Independente para a Indigitação de Juízes.

Cinco personalidades

A comissão é actualmente presidida por Lau Cheok Va, antigo presidente da Assembleia Legislativa e histórico membro da Federação das Associações dos Operários de Macau.

Os restantes membros são Tina Ho Teng Iat, ex-deputada, e ex-dirigente da Associação das Mulheres de Macau e irmã do ex-Chefe do Executivo Ho Iat Seng, Ieong Tou Hong, membro do Conselho Executivo, ex-deputado, economista e presidente da Associação de Elites Intelectuais de Chong Hang, Chan Hong, ex-deputada, membro da associação das Mulheres e dos Moradores, com passagens por organismos públicos como Comissão de Gestão do Tratamento de Queixas Apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos, o Conselho de Curadores da Fundação Macau, o Conselho da Universidade Politécnica de Macau e o Conselho da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau.

Entre as personalidades que integram a comissão que indigita os juízes, surge também o nome de Wang Yu, professor catedrático na Faculdade de Direito da Universidade de Macau e subdirector do Centro de Estudos do Direito Constitucional e da Lei Básica.

2 Set 2025

Jogo | Agosto volta a bater recorde de receitas

As receitas brutas dos casinos de Macau em Agosto voltaram a bater o recorde mensal desde Janeiro de 2020, totalizando 22,156 mil milhões de patacas. As receitas do mês passado aumentaram 12,2 por cento face a Agosto de 2024

 

A indústria dos casinos de Macau voltou a bater o recorde mensal de receitas brutas em Agosto, com um total de 22,156 mil milhões de patacas, o melhor registo desde Janeiro de 2020, ultrapassando o recorde conseguido em Julho. Segundo dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), as receitas brutas de Agosto deste ano foram 12,2 por cento superiores ao mesmo mês de 2024 e superaram ligeiramente, por 31 milhões de patacas, a performance de Julho deste ano.

Em termos agregados, nos primeiros oito meses de 2025 os casinos de Macau facturaram mais de 163 mil milhões de patacas, o que significa um aumento de 7,2 por cento face aos 152,1 mil milhões de patacas registados no mesmo período do ano passado.

Para encontrar receitas brutas agregadas nos primeiros oito meses do ano é preciso recuar a 2019, quando os casinos facturavam até Agosto 198,2 mil milhões de patacas. Feitas as contas, as receitas até Agosto deste ano são ainda quase 18 por cento menores face ao mesmo período de 2019. Ainda assim, a evolução segue uma trajectória ascendente, depois do crescimento anual de 6,5 por cento entre Janeiro e o fim de Julho.

Alargar o escopo

Recorde-se que a indústria fechou o ano passado com receitas totais de 226,782 mil milhões de patacas, mais 23,9 por cento do que no ano anterior, o que representaria um aumento de 6 por cento em comparação com o ano passado.

Em 11 de Junho, a Assembleia Legislativa aprovou um novo orçamento, proposto pelo Executivo, que reduz em 4,56 mil milhões de patacas a previsão para as receitas públicas. O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, admitiu aos deputados que o corte se deve ao facto de as receitas brutas do jogo no primeiro trimestre de 2025 terem “ficado ligeiramente abaixo do previsto”.

No total, a previsão de receitas brutas para este ano foi recalibrada para cerca de 235,4 mil milhões de patacas. Para cumprir a estimativa do Governo, os casinos terão de facturar cerca de 72,4 mil milhões de patacas até ao fim do ano, ou seja, uma média mensal de 18,1 mil milhões de patacas, registo que foi batido em todos os meses deste ano.

2 Set 2025

AL | Coutinho diz que eleições “são das mais difíceis de sempre”

Pouco dinheiro para gastar e a esperança no “voto do coração” para eleger. Foi desta forma que a lista Nova Esperança, liderada por José Pereira Coutinho e candidata às eleições para a Assembleia Legislativa, apresentou ontem o seu programa político com foco no emprego e habitação. O grupo espera eleger, pelo menos, um deputado

 

Assumem que estão numa posição desfavorável face a listas ligadas a associações tradicionais de Macau, como a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), entre outras, por uma questão orçamental e de recursos. Por isso, a lista Nova Esperança, liderada pelo deputado José Pereira Coutinho, assume ter esperança no “voto do coração” para conseguir eleger para o hemiciclo, havendo confiança “na obtenção de um lugar”.

As eleições do dia 14 de Setembro para a escolha dos deputados à Assembleia Legislativa (AL) serão, por isso, “uma das mais difíceis que temos”, referiu o número dois da lista, Chan Hao Weng. Ainda assim, os membros da Nova Esperança estão “confiantes em obter um lugar”, disse José Pereira Coutinho na conferência de imprensa de ontem para a apresentação do programa.

“Nós falamos as verdades que os outros calam”, foi uma das mensagens deixadas por Coutinho ontem, que prometeu não esquecer o facto de muitos portugueses estarem a trabalhar em Macau com blue card.

“Temos conhecimento pessoal de muitos portugueses que estão em áreas técnicas, nas concessionárias, em engenharia, arquitectura ou gestão, e não se importam de ter, por enquanto, esse documento, mas o essencial está no salário que ganham. Eles ganham bem e estão satisfeitos, mas esse assunto não vai ser deixado de parte por nós, porque vamos continuar a lutar para que seja reposta a situação do passado e possamos atrair mais portugueses a trabalhar em Macau”, referiu Coutinho.

O deputado começou a conferência por responder aqueles que acusam a lista Nova Esperança de ser “uma lista de velhotes”. “Ora bem, o segundo candidato [Chan Hao Weng é um funcionário público activo. Chamam-lhe velho, mas ele tem cinquenta e tal anos, não tem idade para se aposentar. Vejamos o quarto candidato jovem, Chester Chen. Tem cara de velho?”, questionou.

Relativamente à falta de emprego dos jovens, foi referido o exemplo de licenciados locais a fazer trabalho parcial em feiras, como foi o caso da “ZAPE com Sabores”. “Na actividade realizada na Rua de Pequim vimos jovens formados em medicina a dar bilhetes de descontos. É uma falta de respeito, e porque não se dá oportunidade a estes jovens para estagiarem no hospital? No nosso programa temos a secção ‘Emprego para Todos’ em que propomos formar jovens para depois terem estágios na Função Pública e poderem integrar rapidamente” a Administração, referiu Rita Santos.

Casas para procriar

Outro ponto referido no programa eleitoral da Nova Esperança, passa pela construção de habitação pública “com dimensões e dignidade para que [os candidatos] construam uma família”, tendo em conta a necessidade do aumento da taxa de natalidade.

“Construir casas só com um quarto é o mesmo que dizerem aos jovens que têm essas casas para nunca procriar e que não vão constituir família ou casar. Por isso propomos casas para todos com dimensões que tragam dignidade, e isto não é nenhuma invenção nossa, trata-se de um sistema que tem sido utilizado pela Direcção dos Serviços de Finanças nos últimos 40 anos na atribuição de casas”, explicou Coutinho.

A Nova Esperança olha também para a “capacidade financeira das famílias”, pelo que “elevar a comparticipação pecuniária é fundamental para elevar a qualidade de vida”, disse o deputado. “As pessoas vivem na China porque é tudo muito mais barato, e mesmo agora, com a queda brutal das rendas de casa, as pessoas não têm vontade de voltar a Macau, porque tudo o resto é mais caro. Por isso propomos um plano de comparticipação pecuniária permanente com o valor mínimo de 15 mil patacas e dar um cartão de consumo de 10 mil patacas para aumentar o consumo interno”, rematou.

2 Set 2025

Guerra de Resistência | Sam Hou Fai participa nas cerimónias em Pequim

A delegação de Macau deverá assistir ao discurso de Xi Jinping e à parada militar de amanhã que vai ter como convidados governantes como Vladimir Putin, Kim Jong Un, Alexander Lukashenko e Robert Fico

 

O Chefe do Executivo está em Pequim a partir de hoje a liderar uma delegação de Macau que participa nas cerimónias do 80.º Aniversário da Vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista. De acordo com a informação oficial, Sam Hou Fai vai ficar na capital até 6 de Setembro, prolongado a estadia para discutir com o Governo Central a diversificação da economia de Macau e o desenvolvimento da Zona e Cooperação Aprofundada.

A informação do Gabinete de Comunicação Social (GCS) indica que a delegação vai começar por participar “num encontro comemorativo” que decorre na manhã de amanhã e ainda numa gala, realizada à noite. Por volta do meio-dia de amanhã há também uma cerimónia de recepção, em que Sam Hou Fai vai estar presente, embora sem a presença da restante delegação.

O Chefe do Executivo deverá estar assim presente nas celebrações oficiais organizadas pelo Governo Central, que incluem uma parada militar que vai desfilar diante vários convidados internacionais como Vladimir Putin, presidente da Federação Russa, Kim Jong Un, Secretário-Geral da Coreia do Norte, Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, Robert Fico, Primeiro-Ministro da Eslováquia ou Peter Szijjártó, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria.

A identidade dos membros da delegação não foi revelada, mas o GCS indica que é constituída por membros do Governo, Conselho Executivo, Assembleia Legislativa, representantes do sector da justiça, familiares de pessoas que participaram no esforço da guerra, assim como empresários, dirigentes de associações locais, membros dos sectores financeiro, educativo, religioso, forças de segurança, macaenses e jovens e estudantes.

Cerimónia transmitida

Ainda de acordo com o GCS, as cerimónias vão ser transmitidas em Macau pelo Governo que indicou ter “convocado todos os sectores da sociedade para recordarem a história da resistência, consolidarem os alicerces da paz, e promoverem o espírito nacional indomável e a grandiosa herança da resistência”.

A transmissão em directo da sessão decorre no Pavilhão Polidesportivo da Universidade Politécnica de Macau e no Complexo da Universidade de Macau e incluiu as cerimónias na Praça de Tiananmen e o discurso do presidente Xi Jinping. Após o discurso, o GCS aponta que será transmitido o desfile militar, “numa demonstração poderosa da robustez das forças armadas na nova era e em celebração do orgulho colectivo do povo chinês”. As instituições de ensino também vão organizar sessões para alunos e docentes assistirem às celebrações.

Economia na agenda

A partir de quinta-feira, o Chefe do Executivo vai prolongar a estadia em Pequim com o objectivo de discutir com o Governo Central a diversificação da economia e o desenvolvimento da Zona e Cooperação Aprofundada.

Em relação a este ponto da agenda da viagem à capital estão previstos encontros com “vários ministros e comissões do Governo Central”, embora as reuniões não tenham sido detalhadas.

Nas reuniões para discutir os assuntos da RAEM, Sam Hou Fai vai estar acompanhado pelo secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, pelo director-geral dos Serviços de Alfândega, Adriano Marques Ho, pelo Chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Chan Kak, e pelo director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, Cheong Chok Man.

Durante a ausência de Sam Hou Fai, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, vai substituir o dirigente máximo da RAEM.

2 Set 2025

Ilha Verde | Incertezas em torno da recuperação do convento jesuíta

Escondido no meio da colina, o convento da Ilha Verde continua à espera de recuperação plena. O local foi recentemente palco de um festival de cinema experimental, demonstrando potencialidades para acrescentar um novo espaço cultural à cidade. Porém, o proprietário queixa-se de custos elevados e dificuldades financeiras

 

Falar das paredes meio abandonadas e vazias do convento da Ilha Verde, situado na pequena colina na zona norte da península, implica recuarmos aos primórdios da presença portuguesa em Macau e dos jesuítas, nomeadamente a meados do século XVII. Nessa altura, Macau já era um território de trocas comerciais entre portugueses, estrangeiros e chineses, entrando na rota asiática do comércio de especiarias e outras matérias-primas.

Só assim se pode compreender a importância deste edifício classificado que está num terreno com propriedade privada. O Instituto Cultural (IC) quer ver o edifício renovado em parceria com o dono, depois de anos e anos de um processo arrastado nos tribunais entre duas empresas para provar a verdadeira propriedade do terreno.

Apesar do quase abandono, o convento da Ilha Verde acolheu este Verão um festival de cinema ao ar livre, mostrando as potencialidades do local enquanto novo espaço cultural. O evento em questão foi o Festival de Cinema Experimental de Macau, organizado pela Associação Audiovisual CUT.

Ao HM, o curador do festival, Keng U Lao, explicou que o “espaço está actualmente a ser alvo de obras de renovação”, e que para o festival foi usada a zona do jardim e “algumas salas do edifício”.

Para o responsável, o convento da Ilha Verde “é um local fantástico para eventos culturais, e tanto os proprietários como a equipa foram incrivelmente acolhedores e prestáveis”. Foto: Associação CUT

O curador do festival de cinema entende que o convento é “uma joia que poucos locais visitaram”, tendo estado “encerrado por mais de uma década”. “Talvez essa seja a razão pela qual o nosso público esteve tão entusiasmado para assistir ao evento de encerramento e explorar o espaço, pois tivemos lotação esgotada”, descreveu.

Segundo Keng U Lao, e tendo em conta a natureza experimental do festival, procurou-se “utilizar de forma criativa os espaços disponíveis para as projecções, performances e instalações audiovisuais, permitindo o cruzamento com a arquitectura única do local”.

Para o curador, o convento da Ilha Verde poderá ser “um excelente local para eventos culturais, incluindo exposições de artes visuais, espectáculos, eventos musicais e sessões de cinema”.

Conflito com mandarins

Em 1618 teve início um conflito entre a Companhia de Jesus, que já então estava sediada na Ilha Verde neste convento, e as autoridades chinesas locais, devido à utilização do espaço pelos jesuítas portugueses. É um conflito que, segundo a obra “Macau: Poder e Saber – Séculos XVI e XVII”, só termina a 3 de Fevereiro de 1621 quando o Senado intervém, sanando-se por completo a 14 de Agosto do mesmo ano, continuando os jesuítas a viver na Ilha Verde sem, porém, se afirmarem como proprietários de alguma coisa.

Descreve o historiador que os jesuítas ali puderam permanecer “com autorização dos mandarins e sem reclamarem a posse”, sendo que antes de Julho de 1621 ocorreu “a demolição de edifícios por ordem das autoridades distritais chinesas”.

Mais do que um punhado de paredes antigas, no convento da Ilha Verde prova-se parte da actividade e presença dos jesuítas em Macau, bem como questões políticas que sempre marcaram o território, nomeadamente quem exercia a soberania de facto sobre Macau.

“O episódio da Ilha Verde é exemplar a vários títulos, mas acima de tudo serve para mostrar até que ponto está sinizada a oligarquia de Macau e até que ponto o Senado consegue intermediar conflitos entre poderes oficiais chineses distritais e regionais (…)”, lê-se no livro de Luís Filipe Barreto.

Ao longo dos anos, o convento e o terreno adjacente foram passando de mão em mão até virem parar às de Jack Fu, que conseguiu ver provada em tribunal, em 2022, a propriedade do convento por parte da sua Companhia de Desenvolvimento Wui San.

Aquando da vitória judicial, Jack Fu lamentou que “o processo tenha decorrido de forma tão lenta”, tratando-se de uma “disputa que decorreu durante mais de dez anos”. Perante os jornalistas, Jack Fu prometeu encontrar “equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação do espaço”.

Dificuldades financeiras

O HM procurou saber o que tem sido feito desde então. Percebe-se que permanecem incertezas sobre o futuro do espaço, com muitas questões orçamentais à mistura. Já foram feitas algumas obras inteiramente suportadas pela Companhia de Desenvolvimento Wui San, mas falta uma estratégia de longo prazo.

“O IC exige o restauro do convento no seu estado original”, disse Jack Fu. “Temos feito o nosso melhor e nestes anos [desde 2022] a empresa tem feito muitas coisas. Se o convento tiver de ser todo restaurado no seu estado original não consigo avaliar quanto dinheiro isso vai custar porque a capacidade [financeira] da nossa empresa é limitada. Penso que poderá custar entre dezenas e até 100 milhões [de patacas]”, apontou.

Assim, as tarefas que a Companhia de Desenvolvimento Wui San tem feito desde 2022 passam pela remoção do lixo, recuperação de algumas infra-estruturas e destruição de construções ilegais ou que estavam em risco de queda. De frisar que o antigo convento, numa altura em que a sua propriedade estava por definir, chegou a servir de casa a trabalhadores da construção civil que ali alugavam quartos, vivendo em condições precárias.

“Fomos fazendo a manutenção de vários espaços conforme a nossa capacidade, mas não conseguimos restaurar o convento por completo ao seu estado original”, declarou.

Jack Fu diz ter gasto até à data “entre 10 a 20 milhões [de patacas]” na recuperação de algumas zonas do convento, não conseguindo avançar com uma data para o restauro completo. “Tudo depende da situação financeira e se houver capital suficiente. Pode ser dentro de dois ou três anos, mas se o Governo estiver dependente da reparação apenas pelos privados para que se assuma este grande valor é impossível”, avisou.

O dono do terreno disse que o IC sugeriu à empresa concorrer ao Plano de Apoio Financeiro para a Beneficiação de Edifícios Históricos para a obtenção de “um subsídio de dois milhões de patacas, no máximo, em dois anos”.

“Mas esse valor não vai aliviar o problema”, disse Jack Fu, que teme que o processo de renovação se arraste por anos.

“Por isso propusemos um intercâmbio para que haja um plano ou uma resolução específica”, referindo que “o progresso da restauração é lento e as autoridades apenas pedem a recuperação, não se preocupando com os custos que vamos ter”, acrescenta.

Jack Fu alerta ainda para o facto de a legislação e o Plano Director de Macau contribuírem para atrasar ainda mais a renovação. “O Governo está a trabalhar na Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Norte – 1 e não sabemos mais informações. Como tudo tem de estar conforme esse plano apenas podemos apresentar opiniões. Temos proposto várias opiniões às autoridades que as podem aceitar ou ter em conta no futuro.”

Obras terminadas em 2024

Da parte do IC foi referido, numa resposta enviada ao HM, que a colina da Ilha Verde onde está o convento “é um sítio classificado, sendo o terreno de propriedade privada”. “Ao longo dos anos, e nos termos da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, o IC tem diligentemente fiscalizado, coordenado e promovido o cumprimento das responsabilidades inerentes aos proprietários no que toca à preservação e gestão, bem como à execução de reparações e manutenções necessárias”, é referido.

Lembrando as “ocupações ilegais que a colina sofreu durante vários, que dificultaram o desenvolvimento das acções de protecção previstas”, o IC pediu “aos proprietários a realização de obras de reparação e reordenamento urgentes”, tendo estas sido “concluídas no início de 2024”.

As obras de que fala Jack Fu foram feitas “segundo as exigências do IC” e passam pelo “restauro e renovação das paredes, janelas, cobertura e colunas da Casa de Retiros”.

Quanto à futura utilização do espaço, como está no foro privado, caberá apenas ao IC solicitar pareceres, sendo que “o organismo pronunciar-se-á no âmbito da protecção do património cultural”.

Para Jack Fu, o convento da Ilha Verde poderá ser “uma base de intercâmbio cultural sino-ocidental, conforme os requisitos do país para Macau e a actual situação” do território. “O que dissemos ao Governo é que Macau é um centro mundial de turismo e lazer, mas falta aqui [Ilha Verde] um complexo de turismo cultural onde os turistas possam passear e permanecer um ou dois dias, então este espaço pode ter esse papel, já que tem a vantagem de estar perto de três postos fronteiriços”, destacou.

Para já, e aparte os elevados custos para reconstruir tudo isto, Jack Fu mostra-se confiante. “O desenvolvimento da zona [Ilha Verde] ainda não começou e só agora o depósito provisório de combustíveis vai mudar de localização. Se for incluindo o nosso terreno, há condições para um grande complexo de turismo cultural.”

2 Set 2025

Hotelaria | Julho com maior ocupação desde a pandemia

Em Julho, os quartos dos hotéis estiveram ocupados a 91 por cento, um recorde desde o início da pandemia. No sétimo mês do ano, o território apresentava 147 hotéis e pensões, mais três do que no ano passado

 

Os estabelecimentos hoteleiros registaram uma taxa de ocupação de 91 por cento no mês de Julho, o valor mais elevado para este mês desde o início da pandemia de covid-19, foi anunciado na sexta-feira. De acordo com dados oficiais da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a ocupação média dos hotéis e pensões aumentou 1,9 pontos percentuais, em comparação com o mesmo mês de 2024, e é a mais alta desde 2019.

Em Julho, o território tinha 147 hotéis e pensões, mais três do que no ano passado e o número mais elevado desde que a DSEC começou a compilar estes dados, em 1997, ainda antes da transferência de administração de Portugal para a China. Os cerca de 45 mil quartos estiveram mais ocupados porque o número de hóspedes aumentou em termos anuais, pelo quarto mês consecutivo, subindo 4 por cento e ultrapassando 1,28 milhões, o valor mais elevado desde Janeiro de 2014.

Ainda assim, no que toca ao período entre Janeiro e Julho, o território continua a registar uma redução em termos anuais de 0,3 por cento, para 8,49 milhões de hóspedes. Isto apesar de Macau ter recebido, nos primeiros sete meses de 2025, 22,7 milhões de visitantes, mais 14,9 por cento do que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano.

No entanto, quase 53 por cento dos visitantes (12,6 milhões) chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia na cidade. O número de hóspedes continuou a recuperar em Julho, mês em que os hotéis baixaram os preços médios dos quartos para 1.370 patacas, menos 0,1 por cento do que no mesmo mês de 2024, de acordo com dados da Associação de Hotéis de Macau, que reúne 47 estabelecimentos locais.

Luxo mais acessível

Segundo o relatório, divulgado pela Direcção dos Serviços de Turismo, a descida deveu-se aos hotéis de cinco estrelas, cujo preço médio caiu 1,9 por cento, para 1.519 patacas. Os estabelecimentos hoteleiros de Macau acolheram mais de 14,4 milhões de hóspedes em 2024, estabelecendo um novo recorde histórico.

O anterior recorde, 14,1 milhões de hóspedes, tinha sido fixado em 2019, antes da pandemia de covid-19, num ano que Macau terminou com apenas 38.300 quartos em 122 estabelecimentos hoteleiros. “Temos cada vez mais turistas, mas o nível de consumo está a baixar”, alertou, em 13 de Maio, o líder do Governo de Macau, Sam Hou Fai.

O consumo médio de cada visitante em Macau, excluindo nos casinos, caiu 13,2 por cento no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2024. A DSEC já tinha apontado a “alteração do padrão de consumo dos visitantes” como uma das principais razões para a queda de 1,3 por cento da economia de Macau entre Janeiro e Março-

1 Set 2025

Desemprego | Atingido máximo dos últimos 16 meses

Entre Maio e Julho, a taxa de desemprego atingiu o valor mais elevado desde Março do ano passado. A subida acontece ainda antes do encerramento confirmado de mais oito casinos- satélites até ao final do ano

 

A taxa de desemprego subiu para 2 por cento entre Maio e Julho, o valor mais elevado desde Março de 2024, foi divulgado na sexta-feira, antes do encerramento anunciado de pelo menos nove ‘casinos-satélite’.

De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o indicador aumentou 0,1 pontos percentuais em comparação com o período entre Abril e Junho, com o número de desempregados a subir em cerca de 300, para 7.600. Ainda assim, a taxa representa metade do registado no terceiro trimestre de 2022 (4 por cento), o valor mais alto desde 2006, numa altura em que Macau vivia em plena crise económica causada pela pandemia de covid-19.

Mas a recuperação motivada pelo fim da política ‘zero covid’, que esteve em vigor em Macau e no Interior durante quase mais de três anos, levou o desemprego a cair para 1,6 por cento entre Novembro e Janeiro, um mínimo histórico desde que a DSEC começou a recolher dados sobre o desemprego em Macau, em 1992, ainda antes da transição de administração do território.

Por outro lado, o número de habitantes com estatuto de residente que estavam sub-empregados – a trabalhar a tempo parcial por não conseguirem um contrato a tempo inteiro – aumentou em 200, atingindo 6.300 entre Maio e Julho. A construção empregou mais 1.300 pessoas, em comparação com o período entre Abril e Junho, enquanto os casinos – o maior empregador privado de Macau – despediram cerca de 1.600 pessoas.

De acordo com os dados divulgados pela DSEC, 13,7 por cento dos desempregados estavam à procura do primeiro emprego entre Maio e Julho, mais 2,7 pontos percentuais do que entre Abril e Junho, precisamente devido à entrada no mercado de trabalho de finalistas universitários.

Despedimentos à vista

Em 9 de Junho, o Governo anunciou que três das seis concessionárias de jogo tinham comunicado o fim da exploração dos 11 ‘casinos-satélite’, onde trabalham cerca de 5.600 residentes. No entanto, apenas nove ‘casinos-satélite’ devem fechar portas, uma vez que a concessionária SJM quer adquirir os hotéis onde se situam dois – Ponte 16 e Casino Royal Arc – e pedir às autoridades para assumir a gestão directa dos espaços.

Os ‘casinos-satélite’, sob a alçada das concessionárias, são geridos por outras empresas. Quando a legislação que regula os casinos foi alterada, em 2022, estabeleceu-se o final de 2025 como data limite para terminar a actividade destes espaços de jogo.

Também em 9 de Junho, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong Weng Chon, garantiu que as autoridades vão exigir às operadoras que assegurem o emprego dos trabalhadores afectados e fiscalizar “de perto” a recolocação-

1 Set 2025

Eleições | Primeiro debate focou problemas de acesso ao emprego

Nick Lei aproveitou o primeiro debate para atacar José Pereira Coutinho, com críticas face à renovação das listas ligadas à ATFPM e devido à contratação de trabalhadores não residentes. O macaense não se ficou e acusou a associação ligada a Lei de esconder dos cidadãos as suas posições

 

As dificuldades no acesso ao emprego por parte dos jovens foram os temas abordados no primeiro debate televisivo em que participaram representantes das listas Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, Nova Esperança e União Promotora para o Progresso.

O debate, transmitido no canal chinês da TDM, ficou marcado por um ataque de Nick Lei, segundo candidato da lista Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, que criticou José Pereira Coutinho, líder da lista Nova Esperança, pelo facto de apresentar uma das listas mais envelhecida das participantes no sufrágio directo.

“Começou a ser deputado em 2005, e passados 20 anos, se for reeleito, vai cumprir 24 anos como deputado. Será que a sua equipa não tem capacidade para formar quadros qualificados? É por isso que ninguém o sucede no lugar de deputado para falar na Assembleia Legislativa?”, questionou Lei, candidato ligado à comunidade de Fujian.

Na resposta, Coutinho indicou que muitos jovens têm de sair de Macau, dado que não encontram emprego no território. “Nós formamos quadros qualificados, mas já não estão em Macau porque não conseguem encontrar emprego cá”, respondeu o deputado. O líder da Nova Esperança indicou também que muitos jovens têm pouca formação e que há grandes falhas no que diz respeito às questões da actualidade.

Respostas na língua

Por sua vez, José Pereira Coutinho acusou a lista Associação dos Cidadãos Unidos de Macau de contribuir para proteger os governantes e evitar que assumam as responsabilidades inerentes ao desempenho das funções públicas.

Segundo o líder da Nova Esperança, desde 2009 que a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau evita revelar publicamente a sua posição sobre as propostas para responsabilizar os governantes, no âmbito das alterações ao Estatuto dos titulares dos principais cargos da Região Administrativa Especial de Macau.

O dirigente da Nova Esperança declarou ainda que Nick Lei e Song Pek Kei, deputados da lista Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, votaram contra a abertura à população das reuniões das comissões permanentes. Nick Lei limitou-se a responder que pede sempre maior transparência.

Nick Lei deixou criticas à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, por empregar trabalhadores não residentes (TNR). Citando os dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, Lei indicou que a ATFPM tem 11 empregados, entre os quais três não residentes, o equivalente a 30 por cento. O segundo candidato da Nova Esperança, Chan Hao Weng, justificou que os destinatários de serviços da associação são multiculturais, pelo que é necessário ter empregados de outras nacionalidades para melhorar a qualidade dos serviços prestados.

Candidatas discutiram formação de pessoal médico

No programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau ontem, as candidatas das listas União de Macau-Guangdong, União para o Desenvolvimento e Aliança de Bom Lar responderam a perguntas sobre a formação de pessoal médico. As listas que participaram no debate de ontem estão ligadas à comunidade de Jiangmen e às associações dos Operários, e Mulheres, respectivamente.

A terceira candidata da lista de Jiangmen, Ng Nga Fan, apontou que o Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital tem condições para recrutar mais profissionais locais e sugeriu que o Governo crie estágios e formação para jovens licenciados em medicina. Já a cabeça de lista dos Operários, Ella Lei, afirmou que o Governo deve planear a longo prazo a formação de médicos para responder ao envelhecimento da população. Por seu turno, Wong Kit Cheng, que lidera a lista das Mulheres, destacou o stress sentido pelo pessoal médico e defendeu melhorias ao regime de estágio e certificação profissional.

1 Set 2025

Eleições | Sonny Lo diz que “oposição” tem de aprender “dura lição” após exclusões

Um comentador político disse à Lusa que a oposição pode sobreviver à desqualificação de 12 candidatos da corrida à Assembleia Legisladtiva, mas que tem de se adaptar e respeitar as ‘linhas vermelhas’ de Pequim. A Comissão da Defesa da Segurança do Estado excluiu em Julho todos os 12 candidatos de duas listas, considerando-os “não defensores da Lei Básica ou não fiéis” à RAEM.

“Os liberais, parece que repetem alguns dos erros de palmatória”, lamenta Sonny Lo Shiu-Hing, numa referência à anterior votação, em 2021, quando a comissão eleitoral afastou cinco listas e 21 candidatos.

Em Julho, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da AL, Seng Ioi Man, recusou-se a revelar os factos que levaram à mais recente desqualificação, defendendo que poderia “representar certos riscos para a segurança nacional”.

Sonny Lo acredita que a exclusão poderá estar ligada às “linhas vermelhas” do Partido Comunista Chinês, incluindo contactos com Taiwan ou comentários sobre os protestos governamentais de 1989, em Pequim. Além disso, diz o comentador, a oposição precisa de mais cautela ao dar entrevistas ou falar com a imprensa estrangeira: “Talvez precisem de ser mais moderados no sentido de dizer apenas aquilo que conseguem provar”.

Foco local

Os grupos dissidentes devem “adaptar-se ao novo ambiente político, concentrando-se em questões mais centradas em Macau, como a subsistência [da população] e menos em assuntos externos”, diz Sonny Lo. Ou seja, sublinha o comentador radicado na vizinha região de Hong Kong, “têm de construir uma oposição local e leal, porque a China não aceita uma oposição desleal”.

“Estruturalmente falando, o espaço democrático de Macau é limitado. Mas dentro deste espaço limitado, é preciso procurar espaços onde é possível impulsionar a mudança”, defende.

Apesar da constante ameaça de desqualificação por alegada falta de patriotismo, Sonny Lo acredita que continua a haver “um grande incentivo” para a população participar na vida política de Macau. “Encontrar novas formas de melhorar a sociedade de Macau pode também ter uma espécie de efeito de demonstração para a China continental, a longo prazo”, defende o comentador.

Sonny Lo acredita que a China está a mudar e irá tornar-se “mais liberal, social e politicamente nos próximos cinco a dez anos”, com uma reforma política “à sua própria maneira”.

1 Set 2025

CAEAL | Campanha eleitoral começa apelos à votação

A campanha eleitoral arrancou no sábado, logo à meia-noite com a afixação de cartazes das listas na Praça do Tap Seac. O presidente da comissão eleitoral apelou à participação dos eleitores e garantiu que o sufrágio irá decorrer “num ambiente justo, imparcial” e íntegro

 

A campanha eleitoral para as eleições legislativas de 14 de Setembro começou oficialmente no sábado, com as actividades centradas na Praça do Tap Seac. Depois de na tarde de sexta-feira a praça no centro da península ter sido palco de concertos, eventos promocionais e discursos, quando chegou a meia-noite as listas candidatas às eleições começaram a afixar cartazes e materiais promocionais a apelar ao voto.

No sábado, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, afirmou estar confiante de que “todas as listas de candidatura estão empenhadas em transmitir, proactiva e plenamente, aos eleitores os respectivos programas políticos, ideias e visão de servir a Macau”.

O responsável indicou que, “até ao momento, o processo eleitoral tem decorrido de forma ordenada e legal”, esperando que todos cumpram a lei eleitoral e as instruções da CAEAL, “de modo a garantir que estas eleições sejam realizadas com sucesso, num ambiente justo, imparcial e íntegro”.

Seng Ioi Man lançou também um convite ao eleitorado para “participar e acompanhar as actividades de campanha eleitoral a fim de inteirar-se dos seus programas políticos, ideias e visão” e apelou ao voto.

Além disso, o responsável acrescentou que “com o voto de todos”, é assegurada a implementação estável e duradoura do princípio ‘um país, dois sistemas’ e melhor implementação do princípio ‘Macau governada por patriotas’”.

Queixas e programas

Após a cerimónia, os representantes de todas as listas de candidatos para o sufrágio directo e indirecto, subiram sucessivamente ao palco para apresentarem os seus programas políticos. Também na Praça do Tap Seac foram instaladas bancas para propaganda eleitoral, assim como réplicas de assembleias de voto.

Os responsáveis do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) também marcaram presença no evento que assinalou a abertura do período de campanha eleitoral. A comissária Ao Ieong Seong revelou que foram recebidas mais de 80 denúncias de alegadas infrações referentes às eleições. Deste total, as autoridades estão a investigar 22 casos, relacionados com propaganda eleitoral irregular.

A comissária Contra a Corrupção indicou que o organismo que dirige irá reforçar a fiscalização durante a campanha eleitoral tanto para o sufrágio directo, como para o indirecto.

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa colocou à disposição da população os programas políticos das candidaturas às eleições por sufrágio directo e indirecto, em 101 locais de Macau. Estes locais estão distribuídos por várias zonas da península de Macau, Taipa e Coloane, incluindo diversos serviços públicos, instalações do Governo, Centros de Saúde, bibliotecas, Estação Central e demais estações dos Correios de Macau, e algumas habitações públicas. Os programas estão também disponíveis na página electrónica das Eleições para a Assembleia Legislativa-

1 Set 2025

Jogo | SJM volta aos prejuízos na primeira metade de 2025

A concessionária do jogo em Macau SJM Holdings admitiu ontem que voltou a registar prejuízos na primeira metade de 2025, após ter começado o ano com lucros.

Num comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong, a empresa revelou um prejuízo de 182 milhões de dólares de Hong Kong durante o primeiro semestre deste ano, mais 12,3 por cento do que no mesmo período de 2024.

Entre Janeiro e Março, o grupo fundado pelo falecido magnata do jogo Stanley Ho Hung Sun tinha registado um lucro de 31 milhões de dólares de Hong Kong. A SJM terminou 2024 com um lucro de três milhões de dólares de Hong Kong, após perdas sem precedentes durante quatro anos consecutivos.

Os casinos da operadora arrecadaram 14,8 mil milhões de dólares de Hong Kong na primeira metade de 2025, mais 7,5 por cento do que em igual período do ano passado. Já as receitas não jogo subiram 11,9 por cento, para mais de mil milhões de dólares de Hong Kong.

Apesar do aumento das receitas, o lucro operacional da empresa desceu 5,1 por cento, para 1,65 mil milhões de dólares de Hong Kong. A dívida da SJM voltou a aumentar no segundo trimestre, atingindo 27,3 mil milhões de dólares de Hong Kong no final de Junho, mais 2 por cento do que no final de Março.

Distribuição de massas

Em Junho, a agência de notação financeira Fitch Ratings manteve a classificação da dívida da SJM, apesar de a concessionária ter decidido terminar, até 31 de Dezembro, a exploração de sete ‘casinos-satélite’.

Os ‘casinos-satélite’, sob a alçada de três das seis concessionárias de jogo a operar em Macau, são geridos por outras empresas, sendo uma herança da administração portuguesa e que já existia antes da liberalização do jogo no território, em 2002. Quando a legislação que regula os casinos foi alterada, em 2022, estabeleceu-se o final de 2025 como data limite para terminar a actividade destes espaços de jogo.

A SJM decidiu tentar a aquisição da propriedade dos hotéis onde se localizam dois ‘casinos-satélite’ – Ponte 16 e Casino Royal Arc – e pedir às autoridades para assumir a gestão directa dos espaços. O mercado de massas, cujas receitas subiram 7,1 por cento, representou 83 por cento das receitas de todos os casinos da SJM, enquanto as receitas do jogo VIP decresceram 6,6 por cento na primeira metade.

As grandes apostas, que em 2019 representavam 46,2 por cento das receitas da indústria do jogo em Macau, foram afectadas pela detenção do líder da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, em Novembro de 2021.

O antigo director executivo da Suncity, Alvin Chau Cheok Wa, foi condenado, em Janeiro de 2023, a 18 anos de prisão.

Também ontem, a SJM disse que vai pagar 529 milhões de dólares de Hong Kong (à companhia-mãe, a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, para adquirir parte do hotel Lisboa e assim expandir o casino já existente na propriedade.

29 Ago 2025

Kam Pek | Lucros de empresa que explora casino sobem 48,5%

A Paradise Entertainment, que explora o Casino Kam Pek, teve lucros de 172,5 milhões de dólares de Hong Kong no primeiro semestre de 2025, uma subida anual de 48,5 por cento. A empresa justificou os resultados com as receitas na venda e gestão de serviços ligados a equipamentos de jogo

 

O grupo Paradise Entertainment registou na primeira metade deste ano lucros de 172,5 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), o que significa um crescimento anual de 48,5 por cento. Os resultados da empresa, que explora o Casino Kam Pek, no centro de Macau, foram anunciados numa nota enviada à bolsa de valores de Hong Kong.

Durante o período em análise, as receitas da empresa aumentaram 19,4 por cento face ao primeiro semestre do ano passado, para 507,9 milhões de HKD, enquanto os custos de vendas e serviços cresceram 7,3 por cento para 179,3 milhões de HKD.

Os resultados da empresa no primeiro semestre serão reflectidos na distribuição de dividendos (0,075 HKD por acção), numa quantia acumulada de 78,9 milhões de HKD, no próximo dia 15 de Outubro.

Na declaração enviada à bolsa de Hong Kong, a Paradise Entertainment explicou os resultados do primeiro semestre com “o aumento das receitas provenientes da prestação de serviços de gestão de casinos e da venda de equipamentos e sistemas de jogos electrónicos em Macau”, de acordo com o portal GGR Asia.

A margem de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da Paradise Entertainment no primeiro semestre foi de 211,8 milhões de HKD, valor que representa um crescimento de 43,4 por cento.

Darwinismo empresarial

Apesar do encerramento iminente do Casino Kam Pek, a empresa registou receitas de 382,6 milhões de HKD na primeira metade deste ano, mais 7,3 por cento em termos anuais.

No ramo de actividade relativo aos equipamentos e sistemas electrónicos de jogo, a Paradise Entertainment teve receitas de 125,3 milhões de HKD, o equivalente a um incremento de 83,7 por cento ao ano. Em termos de margem EBITDA, a performance da empresa no primeiro semestre deste ano mais do que quadruplicou os resultados da primeira metade de 2024, passando de 11,2 milhões de HKD para 48,8 milhões de HKD.

Os resultados deste segmento de actividade da Paradise Entertainment foram justificados com o aumento das receitas apuradas em vendas e locação de equipamentos electrónicos, com particular destaque para o aumento da procura e popularidade dos terminais multi-jogos que permitem apostas em vários tipos de jogo, seguindo em directo mesas com croupiers e jogadores de carne e osso.

Estes terminais permitem múltiplas apostas de valor mais reduzido, comparado com as mesas reais, acrescentando opções de jogo ao segmento de massas.

Apesar do encerramento do casino-satélite, que funciona sob a licença da SJM, a Paradise Entertainment afirmou que o desenvolvimento da indústria, afastando-se do segmento VIP, “está em estreita consonância” com os seus objectivos estratégicos. Além disso, o grupo indicou que irá expandir os serviços de sistemas e equipamentos de jogos electrónicos aos mercados asiáticos, como Filipinas e Sri Lanka, assim como para o norte da América.

29 Ago 2025

Ruínas de São Paulo | IC diz que pára-raios podem ser retirados

Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural, referiu ontem que os pára-raios instalados nas Ruínas de São Paulo são reversíveis e não prejudicam a estrutura do monumento. As declarações foram proferidas à margem de uma reunião do Conselho do Património Cultural

 

Afinal os pára-raios instalados junto às Ruínas de São Paulo poderão ser retirados caso haja outras alternativas, não prejudicando a estrutura de um dos monumentos mais icónicos de Macau. Esta confirmação surgiu da presidente do Instituto Cultural (IC), Leong Wai Man, que à margem de uma reunião do Conselho do Património Cultural explicou aos jornalistas que os pára-raios são reversíveis.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a responsável explicou que a sua instalação teve lugar numa solução de compromisso após o IC ter pedido um parecer à Academia Chinesa de Património Cultural, entidade subordinada da Administração Nacional do Património Cultural.

Leong Wai Man referiu que foram ponderadas questões como o melhor método de instalação dos pára-raios a fim de não prejudicar a paisagem proporcionada pelas Ruínas. Apesar de considerar que a sua instalação pode vir a prejudicar o lado visual do monumento, Leong Wai Man destacou que há necessidade de o proteger contra raios. Assim, o facto de os pára-raios serem reversíveis faz com que caso haja uma melhor solução em termos de protecção e segurança para que no futuro possam ser retirados, diminuindo-se o impacto visual na paisagem das Ruínas.

Questiona Si Ka Lon

Recorde-se que a ideia de colocar pára-raios junto às Ruínas de São Paulo surgiu no ano passado quando um raio atingiu o monumento, o que resultou na queda de uma pedra da fachada, sem que isso tenha resultado em feridos.

Entretanto, o deputado Si Ka Lon interpelou o Governo, em Julho deste ano, sobre se essa seria, de facto, a melhor solução. “Tendo em conta a ocorrência frequente de trovoadas e a fragilidade dos edifícios históricos de Macau, o Governo vai proceder a uma avaliação global das instalações de pára-raios dos edifícios históricos que integram o património mundial de Macau, procedendo a um planeamento uniformizado, inspecção e manutenção do sistema, e à actualização dos respectivos equipamentos, para reduzir os riscos advindos de trovoadas e garantir a segurança das construções e dos residentes?”, questionou.

Si Ka Lon destacou ainda o facto de o actual Regulamento técnico de segurança contra incêndios em edifícios e recintos, responsável pela regulação da instalação dos equipamentos pára-raios, ter algumas imperfeições, pedindo ao Executivo para “tomar como referência as práticas do Interior da China a fim de definir critérios mais rigorosos para a actualização e manutenção das instalações de protecção contra raios”.

Em resposta ao deputado, a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana garantiu que estavam a ser instalados pára-raios “tendo em conta a altura, design exterior, materiais de construção, condições ambientais envolventes e a altura das estruturas adjacentes ao Património Mundial”.

No caso concreto das Ruínas, e tendo em conta “tratar-se de um monumento histórico, foi necessário considerar as especificidades do aspecto e estrutura, bem como a localização e o ambiente circundante”, tendo sido recolhidas “informações sobre diferentes tecnologias de pára-raios”, a fim de se instalar um sistema adequado.

No âmbito da reunião de ontem do Conselho do Património Cultural a presidente do IC disse ainda que foram recebidos 19 pedidos de associações, empresas de produção e comerciantes, das áreas dos costumes religiosos, técnicas culinárias e artesanato, para candidaturas ao título de Entidade de Salvaguarda do Património Cultural Intangível. Os nomes escolhidos serão depois divulgados através do Boletim Oficial.

29 Ago 2025

Desemprego | Coutinho alerta para problema premente

Na sessão de balanço da última legislatura da Assembleia Legislativa, os deputados José Pereira Coutinho e Che Sai Wang alertaram para o crescente problema do desemprego em oposição à falta de habitação. Coutinho falou dos cursos superiores que não dão emprego e alertou para a situação de muitos trabalhadores dos casinos-satélite que desconhecem ainda o seu futuro

 

O deputado José Pereira Coutinho considera que o grande problema social e político de Macau é o desemprego, sobretudo dos mais jovens, e que a falta de habitação já passou para segundo plano. “Já não há o problema da habitação, agora é o emprego”, disse na conferência de imprensa que serviu de balanço aos trabalhos do deputado e do seu parceiro, Che Sai Wang, na última legislatura da Assembleia Legislativa (AL).

Sobre o encerramento dos casinos-satélite, Coutinho alertou para o facto de muitos trabalhadores a serem colocados nos casinos das operadoras de jogo não saberem ainda ao que vão.

“Muitos trabalhadores não sabem ainda onde vão ser colocados nas concessionárias. E mesmo sendo alocados, pode ocorrer a situação de não poderem exercer as funções nas quais vinham trabalhando há anos, tendo de desempenhar outras. Isso significa que a médio e longo prazo podem surgir situações de pressão e, devido à idade, os trabalhadores serem obrigados a pedir a demissão, por não terem condições ou por não poderem trabalhar conforme os parâmetros exigidos pela nova empregadora”, explicou.

“Continuo preocupado porque a médio e longo prazo vão surgir as consequências” do encerramento, pois “ou os trabalhadores são transferidos e conseguem dar conta do recado, ou caso contrário serão simplesmente obrigados a pedir a demissão dos cargos”, apontou.

Coutinho destacou também o facto de algumas posições terem salários mais baixos nos casinos-satélite face aos novos cargos a ocupar nas concessionárias. “Este é um problema que temos de ver, não é? Quando os trabalhadores forem transferidos para exercer as mesmas funções nas mesas de jogo, será que vão receber em pé de igualdade como os colegas que já lá estão? Teremos de ver.”

Cursos sem utilidade

No que diz respeito ao desemprego, Coutinho alertou também para o facto de muitos jovens licenciados não conseguirem encontrar trabalho, ou ainda cursos superiores que não garantem acesso ao emprego. “Temos recebido muitos currículos de jovens que não conseguem o primeiro emprego. Isto é grave porque as empresas alegam a falta de experiência dos candidatos”, disse Coutinho.

“Quem é que Macau vai contratar um licenciado em Administração Pública? Duvido, nem o Governo quer. Se forem cursos do privado, ainda pior. Há cursos, mas muitas vezes não são esses os cursos que queremos. E há um problema mais grave, que se passa por exemplo com os licenciados da Universidade de Turismo que também não conseguem emprego”, disse, tendo em conta a capacidade de absorção das operadoras de jogo e “o desaparecimento dos casinos-satélite em Macau no final do ano, que vai trazer uma nova onda de desemprego”.

O deputado deu o exemplo de trabalhadores na última edição da feira “ZAPE com Sabores”. “Há dias estive na feira, na Rua de Pequim, e havia lá dezenas de jovens a trabalhar. Um vai fazer o internato em Medicina, e mais uns quatro licenciados em Turismo e Gestão de Empresas. Estavam ali a fazer biscates, porque não têm trabalho”, exemplificou.

Porém, Coutinho voltou a salientar que uma das razões para o desemprego dos residentes é o facto de “os cargos serem ocupados por trabalhadores não residentes (TNR)”. O deputado congratulou o Governo pelo facto de o “número de autorizações [de TNR] ter diminuído drasticamente”, o que significa que o Executivo “está a prestar atenção” ao tema.

Mil temas num ano

Na legislatura agora terminada, a dupla de deputados apresentou 401 interpelações ao Governo, 371 delas escritas, bem como um total de 107 interpelações antes da ordem do dia, nas sessões parlamentares.

Coutinho afirmou que “o encaminhamento dos doentes do Hospital Conde de São Januário para o Hospital das Ilhas é importante”, esperando que cresça “de forma gradual, para que as pessoas possam ser curadas em tempo útil”.

O deputado falou também da intervenção em casos relacionados com bullying ou as dificuldades sentidas pelas empresas no pagamento dos empréstimos concedidos, pois “os negócios não estão bem devido ao facto de a estrutura do consumo dos habitantes de Macau estar a modificar-se”.

No âmbito da Função Pública, Pereira Coutinho declarou que permanece “a questão da estagnação das carreiras e o problema da nomeação dos cargos de direcção e chefia”, sem esquecer os problemas com as fusões de carreiras, em que os nomes dos cargos e os salários são diferentes, mas as funções são semelhantes. O deputado pede também “a revisão das carreiras nos Serviços de Saúde”.

29 Ago 2025

LAG | Jovens pedem apoio no emprego e educação

Sam Hou Fai reuniu com representantes de associações de jovens, e dos sectores educacional, cultural e desportivo, para recolher opiniões para as Linhas de Acção Governativa. As sugestões alinham-se com as políticas do Executivo, incluindo integração entre ensino e indústria e aprofundamento da educação patriótica

 

O Chefe do Executivo reuniu-se na quarta-feira à tarde com representantes de 12 associações de jovens e dos sectores educacional, cultural e desportivo de Macau para auscultar as opiniões e sugestões para as próximas Linhas de Acção Governativa.

De um modo geral, de acordo com o Gabinete de Comunicação Social (GCS), as sugestões apresentadas estão alinhadas com as prioridades do Governo. Assim sendo, foi pedida a integração entre indústria e educação, promoção da educação científica e tecnológica e a formação dos quadros qualificados nessas áreas, aprofundamento da educação patriótica.

Foram ainda mencionados outros objectivos decalcados da lista de políticas do Governo, como a resposta à baixa natalidade, facilitação para os residentes de Macau viverem e trabalharem em Hengqin, o reforço do desenvolvimento das indústrias desportivas e culturais, a construção da “Cidade do espectáculo” e da “Cidade do desporto”.

O GCS refere que alguns membros das associações solicitaram a “aposta contínua” na indústria educacional, que o Governo coloque “os trabalhos dos jovens como prioridade”, para criar “mais oportunidades de emprego e empreendedorismo através da implementação de várias medidas”. Medidas essas que não foram especificadas. Algumas destas “opiniões” foram entregues por escrito ainda antes do encontro com Sam Hou Fai.

Prova em Hengqin

Por sua vez, “o Chefe do Executivo afirmou que o Governo atribui grande importância aos trabalhos dos jovens de Macau, esforçando-se para criar melhores condições para o seu crescimento e desenvolvimento”.

Sam Hou Fai argumentou que a construção do campus universitário internacional em Hengqin, um projecto indicado por Pequim, “demonstra a importância significativa que o Governo da RAEM dedica aos jovens e estudantes locais”.

O governante prometeu também “fortificar o poder da cidade no âmbito da cultura e desporto” e “investirá um forte apoio ao desenvolvimento de quadros qualificados no âmbito das artes e de atletas de elite”.

Além de Sam Hou Fai, participaram na reunião a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, e o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam Vai Man, o director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, Cheong Chok Man.

29 Ago 2025

Biblioteca Central | Aberto concurso público para construir edifício

O Governo anunciou ontem a abertura do concurso público para a construção da superestrutura da Biblioteca Central na Praça do Tap Seac. A empresa adjudicatária terá cerca de dois anos e meio para concluir a empreitada. Os concorrentes têm de entregar as propostas até 8 de Outubro

 

Ontem foi dado mais um passo para tornar a nova Biblioteca Central uma realidade, com a abertura do concurso público para a construção da superestrutura do edifício que irá nascer no lote do Hotel Estoril.

O director dos Serviços de Obras Públicas (DSOP), Lam Wai Hou, assinou o anúncio, publicado ontem no Boletim Oficial, que estabelece os parâmetros do concurso público para a empreitada de construção, que não tem preço base.

O prazo máximo global para executar a obra foi fixado em 620 dias de trabalho, contados a partir da consignação da obra, ou seja, um pouco mais de dois anos e meio até à conclusão do projecto. Contudo, a DSOP estabeleceu como meta de execução obrigatória que a estrutura da cobertura do edifício esteja concluída no prazo máximo de 300 dias de trabalho.

As empresas interessadas têm até às 17h de 8 de Outubro para apresentar propostas, mediante o pagamento de uma caução provisória no valor de 7,8 milhões de patacas em “em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais”, é indicado no anúncio. A DSOP fixou a caução definitiva em 5 por cento do preço total da ajudicação para garantia do contrato.

Pataca prioritária

Em relação aos critérios para a adjudicação, o preço da empreitada terá um peso de 50 por cento, o prazo de execução 15 por cento, a experiência e qualidade em obras 20 por cento, o programa de execução 10 por cento e, finalmente, o programa dos recursos humanos e proporção de trabalhadores residentes em cargos de gestão terá um peso de apenas 5 por cento.

Em caso de empate, “a adjudicação é efectuada ao concorrente com a proposta de preço mais baixo”. Recorde-se que a nova Biblioteca Central de Macau ficará no terreno entre o cruzamento da Avenida de Sidónio Pais com a Rua Filipe O’Costa, e ocupa uma área de terreno de cerca de 2.960 metros quadrados.

De acordo com o projecto, a biblioteca terá quatro pisos de altura, com cave para fins de armazenamento, uma área bruta de construção de cerca de 13.800 metros quadrados. O rés-do-chão e os pisos superiores dispõem de sala de auditório, de zonas de leitura de jornais e revistas, de bibliotecas para adultos, de biblioteca para crianças, de biblioteca para jovens, de salas de reuniões, entre outros espaços.

27 Ago 2025

FAOM | Revelada quebra de direitos em trabalhos administrativos

Um inquérito realizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau revela que 30 por cento dos funcionários administrativos inquiridos dizem ter sofrido quebras de direitos laborais, como a falha de pagamento de compensações por trabalho extra realizado. Mais de 80 por cento, diz desconhecer a lei laboral

 

A Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) apresentou ontem os resultados de um inquérito que mostra a quebra de direitos laborais na área do trabalho administrativo e de escritório. Em conferência de imprensa, foi revelado que 30 por cento dos inquiridos dizem ter enfrentado uma quebra nos direitos laborais, nomeadamente por não terem recebido as devidas compensações por trabalho extra realizado.

A deputada Ella Lei, ligada à FAOM, referiu ainda que apenas 27 por cento dos entrevistados está optimista em relação às perspectivas de carreira, referindo que existe uma ligação com a substituição dos trabalhadores locais por trabalhadores não residentes (TNR). A deputada citou dados do Governo relativos a Junho deste ano, quando existiam 900 TNR a desempenhar trabalhos de escritório na área financeira, sendo que mais de metade dessas vagas não eram qualificadas.

Neste contexto, Ella Lei volta a pedir ao Governo que dê prioridade aos locais, devendo ser elaborados, na sua opinião, indicadores sobre a percentagem de residentes e TNR a preencherem o sector financeiro e também em posições administrativas e de escritório. Devem ainda ser disponibilizadas mais acções de formação e incentivos a empresas, aconselhou.

“O Governo tem regulado que as operadoras de jogo têm de ter mais de 85 por cento dos cargos de chefia de médio e alto nível ocupados por residentes. Pensamos que também os empregos de escritório de todos os sectores devem ter definida uma proporção de residentes recrutados, bem como um sistema de promoção laboral para os empregados locais”, defendeu.

Em consonância com a quebra de direitos, uma grande maioria dos entrevistados, 83 por cento, assume ter pouco ou nenhum conhecimento da lei laboral em vigor. Para Ella Lei, este resultado “mostra o quão é importante reforçar os direitos laborais e melhorar a consciencialização dos residentes quanto à legislação”.

A deputada sugeriu que o Governo continue a melhorar uma série de políticas laborais como a revisão da lei das relações de trabalho, o aumento do número de dias de licença de maternidade, o aumento das férias anuais e a melhoria do sistema para pedir o pagamento de salários em atraso.

Ella Lei sugeriu ainda o aperfeiçoamento de instruções para assegurar a segurança de empregados e a retomada de trabalho sob clima extremo.

Pouco apoio mental

Outro ponto abordado no inquérito, diz respeito à saúde mental. Segundo referiu o vice-presidente da FAOM, Leong Pou U, mais de 40 por cento dos entrevistados disseram sentir stress devido ao enorme volume de trabalho a realizar num calendário apertado, lamentando-se também da falta de oportunidades de progressão na carreira.

Além disso, apenas 18 por cento dos inquiridos diz ter recebido apoio psicológico disponibilizado pela empresa, o que demonstra, na opinião deste responsável, que é urgente melhorar o sistema de apoio à saúde mental proporcionado pelas empresas.

Ng Chi Peng, presidente da Associação Geral do Pessoal Administrativo de Macau, apontou que cabe ao Governo, empresas e associações resolverem, em conjunto, os problemas e desafios existentes nos empregos de escritório. O responsável apontou que cerca de um quarto dos entrevistados considerou que o salário não correspondente ao volume de trabalho desenvolvido, sendo que cerca de 19 por cento dos entrevistados disseram não estar satisfeitos com os benefícios recebidos.

O inquérito foi realizado entre Janeiro e Agosto deste ano pela FAOM em parceria com a Associação Geral do Pessoal Administrativo de Macau, tendo sido recebidos 1510 inquéritos válidos.

27 Ago 2025

Hengqin | Nomeados novos dirigentes após caso de corrupção

O Governo de Macau anunciou ontem a nomeação de cinco dirigentes para a vizinha zona económica especial de Hengqin, três meses depois de a China anunciar um caso de corrupção ligado ao desenvolvimento da Ilha da Montanha. Nem o Governo da RAEM, nem o Comissariado contra a Corrupção, quiseram comentar o caso

 

De acordo com um despacho do chefe do Executivo, Sam Hou Fai, publicado no Boletim Oficial, entre as novas nomeações está Ng In Cheong, que será a nova subdirectora da Comissão Executiva da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, que faz parte da área especial de Hengqin (Ilha da Montanha). Ng era até agora chefe do departamento dos Assuntos do Direito Internacional e Direito Inter-Regional, sob a tutela da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça.

A dirigente vai substituir Su Kun, que pediu a demissão em 15 de Maio “por motivos pessoais”, de acordo com um comunicado, divulgado pelas autoridades de Macau, que continha apenas uma frase. Su era um dos seis coordenadores-adjuntos da Comissão Executiva da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau.

Segundo o portal do Governo de Macau, esta comissão “assume as funções de promoção da divulgação a nível internacional, captação de negócios e investimentos, introdução de indústrias, exploração de terrenos, construção de projectos específicos e gestão dos assuntos respeitantes à vida da população”.

Também a 15 de Maio, o gabinete do secretário para a Economia e Finanças, Anton Tai Kin Ip, disse que Su Kun ainda pediu a demissão como assessor do secretário, pedido que foi aprovado.

Silêncio ensurdecedor

A demissão de Su Kun surgiu um dia depois da comissão anticorrupção da vizinha província de Guangdong anunciar o início de uma investigação ao antigo presidente da empresa estatal responsável pelo desenvolvimento da zona especial de Hengqin.

Num comunicado, a Comissão Provincial de Inspecção Disciplinar de Guangdong revela que o antigo presidente do grupo Zhuhai Da Hengqin, Hu Jia, “é suspeito de graves violações disciplinares”, uma frase que normalmente se refere a casos de corrupção.

A nota, também com apenas uma frase, diz que Hu está a ser alvo de “revisão e investigação disciplinar” por parte da Comissão Municipal de Inspeção e Supervisão Disciplinar de Zhuhai, cidade à qual pertence Hengqin.

Questionado pela Lusa sobre se a demissão de Su Kun está relacionada com a investigação por corrupção contra Hu Jia, o gabinete do secretário Anton Tai recusou mais esclarecimentos. A Lusa perguntou também à Comissão Contra a Corrupção se tinha recebido alguma queixa ou se estava a investigar algum caso a envolver Su Kun, mas a agência disse não ter qualquer comentário.

O grupo Zhuhai Da Hengqin foi criado em 2009 pelo município de Zhuhai para a construção e desenvolvimento da zona económica especial de Hengqin.

27 Ago 2025