Hoje Macau Manchete PolíticaPortugal | Cesário admite falhas nas relações com luso-descendentes O secretário para as Comunidades Portuguesas deixou ontem o território depois de uma visita de três dias, e reconheceu que o país tem “feito muito, muito, muito pouco” pelas comunidades luso-descentes na Ásia. Segundo José Cesário, Macau pode ter um papel decisivo para mudar esta realidade O secretário para as Comunidades Portuguesas, José Cesário, declarou ontem que Portugal não tem feito “praticamente nada” na relação com algumas comunidades de luso-descendentes da Ásia e defendeu que Macau pode ajudar a estabelecer esses contactos. Malaca (Malásia), Sri Lanka, Goa, Damão e Diu (Índia), Myanmar (antiga Birmânia), Japão ou Tailândia são alguns dos exemplos de países ou regiões com comunidades de luso-descendentes que Portugal, de acordo com José Cesário, não tem conseguido alcançar. Pela Ásia, “há diversíssimas comunidades e com as quais Portugal, verdadeiramente, tem feito muito, muito, muito pouco”, disse o responsável aos jornalistas em Macau, onde se encontrou até ontem numa visita de três dias. “Em termos institucionais, praticamente nada. Há um estudioso ou outro, um académico ou outro, um investigador ou outro, um jornalista ou outro, que de vez em quando e tal faz um artigo, um trabalho, uma coisa. Agora, não há uma continuidade de trabalho”, reforçou. José Cesário recorreu a Malaca, para exemplificar como algumas destas “comunidades isoladas” preservam tradições antiquíssimas “sem a mínima atenção e incentivo”. “Eu visito o bairro português, o ‘settlement’, como se diz, encontro lá o [luso-descendente] Papa Joe a tocar, a cantar o Malhão em português, e eles dançam, e têm os trajes folclóricos, e têm o galo de Barcelos (…). Ninguém fala português, mas isso é normal, aqui [em Macau] também. Mas fazem aquilo tudo de acordo com a tradição de há centenas de anos, sem o mínimo acompanhamento”, reforçou. Ponte de Macau Para chegar a estas comunidades e colocá-las em rede, com Portugal e entre elas, Cesário defendeu que, do lado do Estado, é necessário “encontrar uma entidade” que consiga estabelecer uma “relação desejavelmente continuada” e fazer “um trabalho a prazo”. Depois, do lado da sociedade civil, sugeriu o secretário de Estado, o trabalho pode partir de entidades “disponíveis para trabalhar com o Estado na realização de alguns projectos em concreto”. Neste sentido, Macau pode ser o “melhor local” para realizar este projecto, considerou, referindo ter abordado “este facto que preocupa” com algumas pessoas, nomeadamente responsáveis do Instituto Internacional de Macau, da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses e da Fundação Oriente. “O que eu disse a algumas pessoas foi para pensarem em algumas actividades que possamos fazer com eles, e ver se conseguimos agora, nestes próximos meses, no contexto dos apoios que nós normalmente concedemos ao movimento associativo (…), se conseguimos encontrar algumas actividades que se dirijam especificamente a esta comunidade”, indicou. José Cesário notou também que há comunidades com as quais é mais complicado trabalhar, notando, por exemplo, ser “muito mais difícil identificar” a comunidade luso-descendente em Myanmar, país que é palco de um conflito armado. A Associação Internacional dos Luso-descendentes (AILD) tem denunciado, nos últimos anos, “o genocídio” em curso de milhares de luso-descendentes católicos (bayingyis) em Myanmar, que se tem traduzido em destruição, mortes e refugiados. De acordo com o director-geral para a Ásia/Pacífico da AILD, Joaquim Magalhães de Castro, a comunidade de luso-descendentes em Myanmar existe há mais de 400 anos, resultando de casamentos feitos entre locais e portugueses, muitos deles mercenários. José Cesário encara Macau como o “melhor local” para realizar actividades de ligação com a comunidade luso-descendente.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCE | Wong Wai Man e Lei Kuong Un levantaram boletim de candidatura O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, Wong Wai Man, e o “eterno candidato” Lei Kuong Un declaram ontem a intenção de concorrer à eleição para Chefe do Executivo e levantaram o boletim de candidatura. No campo de Sam Hou Fai, o objectivo é recolher o maior número possível de apoios O primeiro dia para os candidatos a Chefe do Executivo levantarem o boletim de candidatura ficou marcado pela intenção de concorrer de Wong Wai Man presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, e Lei Kuong Un, médico tradicional chinês e ‘eterno candidato’, dado que esta é a sexta vez que tenta reunir apoios para se candidatar. Depois de na quarta-feira ter sido expulso do Centro de Ciência de Macau, quando tentava assistir à conferência de imprensa de Sam Hou Fai, Wong Wai Man compareceu ontem de manhã no Edifício Administração Pública, para levantar o “Boletim de Propositura de Candidato”. Cada candidato precisa do apoio de 66 membros dos 400 elementos da Comissão Eleitoral. De acordo com o portal All About Macau, Wong Wai Man não terá prestado declarações aos jornalistas, apesar de ter confirmado a intenção de tentar reunir os apoios necessários para se candidatar. Também no Edifício Administração Pública esteve Lei Kuong Um, que tenta candidatar-se pela sexta vez. Aos jornalistas, Lei reconheceu que tem tentado participar nas eleições para Chefe do Executivo desde que atingiu 50 anos, sem nunca ter conseguido nomeações suficientes ou devido a outras formalidades. “Vou tentar obter as nomeações possíveis e aceito todos os apoios”, afirmou Lei, citado pelo jornal All About Macau. O médico tradicional chinês declarou ainda ser “um verdadeiro membro do Partido Comunista” e que a decisão “cabe a Pequim”, numa alusão ao Governo Central. Não é esperado que qualquer dos candidatos consiga qualquer apoio para participar na eleição, que deverá ter como único concorrente Sam Hou Fai. Desde o estabelecimento da RAEM que nenhuma eleição contou com mais do que um único concorrente. Piscina dos grandes Em relação a Sam Hou Fai, o representante da candidatura e advogado Lei Wun Kong foi levantar o boletim de propositura, por volta das 9h40. De acordo com a Rádio Macau, Lei Wun Kong traçou como objectivo recolher “o maior número de assinaturas” entre os 400 membros da Comissão Eleitoral, que vota para decidir o próximo Chefe do Executivo. “O senhor Sam já anunciou a candidatura ao sexto mandato ao cargo do Chefe do Executivo na conferência de imprensa de ontem. Hoje [ontem], eu como mandatário da campanha de Sam Hou Fai, vim buscar o formulário em nome da candidatura”, afirmou Lei, citado pela emissora. “Vamos proceder agora aos trabalhos de candidatura o mais rápido possível e de forma ordenada. Ao mesmo tempo, vamos ouvir os membros da Comissão Eleitoral, em conformidade com as disposições da Lei Eleitoral, a fim de procurar obter o maior número de assinaturas”, acrescentou. A eleição para o Chefe do Executivo está agendada para 13 de Outubro.
João Luz Manchete SociedadeGripe | Casos caem 13% em Julho após subida de 500% No mês passado, os Serviços de Saúde registaram 840 infecções de gripe, números que representam um aumento anual de quase 42 por cento, e uma descida de 13,1 por cento face a Junho. Porém, em Junho a subida mensal foi de cerca de 500 por cento. A escarlatina continua a registar números bastante superiores ao ano passado Em Julho, os Serviços de Saúde (SS) registaram 840 casos de influenza, uma subida de cerca de 41,7 por cento face ao mês homólogo do ano passado, quando os serviços acompanharam 593 casos de infecção, de acordo com as estatísticas relativas às doenças de declaração obrigatória publicadas ontem. Em termos mensais, as infecções de gripe caíram 13,1 por cento face aos 967 casos registados em Junho. No entanto, a base de comparação mensal parte de um registo elevado. No passado mês de Junho, os casos de gripe tiveram uma subida de cerca de 500 por cento face ao mesmo mês de 2023, e para mais do dobro do registo do mês anterior. A tendência para elevados casos de gripe e picos de infecção prolongados e recorrentes tem marcado 2024. Já em Abril, as autoridades davam conta da sobrelotação das urgências do Hospital São Januário com casos severos de gripe e covid-19, entre eles 5.570 crianças. Na altura, a médica Leong Iek Hou, que dirige a Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis, atribuiu esta situação ao enfraquecimento da imunidade de grupo da população devido ao uso prolongado de máscaras. O que resta Os casos de gripe representaram quase metade de todas as notificações de doenças de declaração obrigatória, que englobam 45 tipos de doenças. As infecções por enterovírus continuam a ser a segunda doença mais prevalente, com 552 casos, que ainda assim representam uma redução de cerca de 65 por cento e 50,4 por cento quando comparados com o período homólogo do ano anterior (1,575 casos) e o mês anterior (1,112 casos). No mês em análise, foram registados 88 casos de escarlatina, o que representa uma subida significativa em comparação com o mês homólogo do ano passado, quando se foram registados cinco casos. Ainda assim, em Julho foram detectados menos 69,1 por cento infecções de escarlatina do que em Junho, quando os casos totalizaram 231, e ainda menos que em Maio quando os casos foram 286. Em relação à salmonela, foram detectados em Julho 28 casos, total que representa um aumento significativo (+75 por cento) em termos anuais, e uma subida de 7,7 por cento face a Junho. Já as infecções de varicela mantiveram-se estáveis a nível anual, com 36 casos, mas diminuíram 26,5 por cento em relação a Junho. As infecções por doenças de declaração obrigatória são reportadas por organismos de saúde pública e privada, médicos que efectuam o primeiro diagnóstico, médicos responsáveis pelo preenchimento de certificados de óbito e os técnicos responsáveis pela realização de diagnóstico laboratorial.
João Luz Manchete SociedadeContrabando | Associação pede penalização de menores Os jovens apanhados a praticar contrabando estão a aproveitar lacunas legais para escapar à punição. Esta é a visão da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau, que defende a aplicação de multas à família dos menores e a revisão das leis que regulam a responsabilidade penal de jovens A Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau defende que o Governo deve rever e alterar as leis para que os jovens com idade inferior a 16 anos sejam multados se forem apanhados a contrabandear bens entre Macau e o Interior da China. A entidade emitiu um comunicado a recordar alguns casos recentes que envolveram estudantes este mês. “Segundo a legislação em vigor, o contrabando é uma infracção administrativa. Porém, os menores de 16 anos são inimputáveis e apenas perdem os bens contrabandeados,” explicou o presidente da associação Sio Hin Wa. A solução principal avançada pelo representante dos estudantes passa pela reforma legal. Apesar de o Código Penal estabelecer a inimputabilidade de menores de 16 anos, ou seja, a incapacidade para ser declarado responsável por um delito criminal, Sio Hin Wa menciona o Regulamento Geral dos Espaços Públicos prevê a aplicação de multas a jovens que já tenham completado 12 anos de idade. “Se a infracção tiver sido cometida por menor que já tenha completado 12 anos, mas que não seja emancipado e não tenha fontes de rendimento, a responsabilidade pelo pagamento da multa recai, solidariamente, sobre os seus representantes legais”. Este artigo é mencionado pelo presidente da Associação Geral de Estudantes Chong Wa como uma porta para não deixar incólumes os jovens contrabandistas. Carregar água O dirigente associativo realçou que a única lei que incide sobre a punição de menores é o regime tutelar educativo dos jovens infractores, que Sio Hin Wa considera insuficiente por apenas providenciar assistência social e psicológica. Face a este panorama legal, o dirigente quer ver colmatadas as lacunas do sistema que são aproveitadas com intenções criminosas e reforçar os efeitos dissuasores. Além disso, sugere mobilização social para endereçar o problema, assim como o reforço da supervisão parental. O representante dos estudantes afirmou ainda que o contrabando não só coloca em xeque a imparcialidade nos negócios, a competição comercial, mas também danifica seriamente a forma como os jovens encaram o dinheiro e valores como o respeito pela lei.
João Luz Manchete SociedadeWai Hung | Perdas 58,6 milhões no primeiro semestre O Wai Hung Group apresentou perdas líquidas de 58,6 milhões de patacas nos primeiros seis meses do ano. Declínio de receitas e de projectos de grande envergadura são os motivos apontados numa nota enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong. O grupo empresarial está a ser investigado pela Comissão Independente Contra a Corrupção de Hong Kong Numa nota enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong, dirigida a accionistas e potenciais investidores, o Wai Hung Group apresentou perdas líquidas de, pelo menos, 58,6 milhões de patacas no primeiro semestre deste ano. A comunicação salienta que os resultados foram obtidos através da revisão preliminar das contas de gestão consolidadas e das informações disponibilizadas pelo Conselho de Administração, mas que ainda não foram revistas por auditores independentes ou pelo comité de auditoria da empresa. Como tal, as contas “ainda estão sujeitas a possíveis ajustes decorrentes de revisões posteriores”. Ainda assim, as esperadas perdas líquidas nos primeiros seis meses de 2024 acrescentam mais de 50 milhões de patacas às perdas líquidas de 8 milhões de patacas registadas no primeiro semestre do ano passado. O grupo indica que “as perdas líquidas previstas se devem principalmente à quebra das receitas devido à diminuição do número de projectos de grande dimensão”. Neste aspecto, o grupo revela que as receitas apuradas com projectos de grande dimensão caíram de 58,4 milhões de patacas no primeiro semestre deste ano, para aproximadamente 6,1 milhões de patacas no mesmo período de 2024. Despesas ao alto Além da diminuição do volume de negócios, o primeiro semestre deste ano foi marcado pelo aumento das perdas resultantes da imparidade dos activos financeiros e dos activos contratuais, que passaram de 400 mil patacas nos primeiros seis meses do ano passado, para 42,8 milhões de patacas este ano. Também as despesas administrativas duplicaram em termos anuais, de 7,2 milhões de patacas no primeiro semestre de 2023 para 14,4 milhões de patacas na primeira metade deste ano. Na semana passada, a compra e venda de acções do Grupo Wai Hung foi suspensa quando as autoridades de Hong Kong fizeram rusgas à empresa ao abrigo de uma investigação por suspeitas de fraude e falsificação de documentos e foram detidas sete pessoas. A operação contou com a participação simultânea da Polícia Judiciária em Macau, onde o grupo tem ligações e negócios que incluem renovações de interiores de salas de junkets, lojas, restaurantes. Rita Santos e Wu Chou Kit são directores independentes não-executivos da empresa, e a conselheira das Comunidades Portuguesas surge identificada no relatório com os resultados de 2020 como presidente da comissão de auditoria do grupo.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSam Hou Fai destaca “consideração especial” pela comunidade portuguesa Sam Hou Fai garantiu ontem que com a sua candidatura a Chefe do Executivo as comunidades macaense e portuguesa têm uma “consideração especial”, por permitirem a distinção do território. As declarações foram prestadas, quando respondia a perguntas na conferência de imprensa de apresentação de candidatura a Chefe do Executivo. “A comunidade macaense, inclusivamente qualquer pessoa falante da língua portuguesa, tem uma consideração especial na RAEM, porque é uma das nossas características”, afirmou o candidato. “Com certeza que o futuro desenvolvimento desta região vai oferecer oportunidades de trabalho e de para esta comunidade”, sublinhou. O candidato a líder do Governo destacou também o posicionamento atribuído pela República Popular da China a Macau, como “um centro, uma plataforma, uma base” e vincou que se for bem concretizado que haverá mais oportunidades para a comunidade macaense. No sentido da missão da RAEM como “um centro, uma plataforma, uma base”, Sam indicou o papel da comunidade falante de português, para atrair mais turistas para o território e promover maiores ligações com os países de língua portuguesa. Vinho de Coimbra O candidato vincou também a ligação do seu percurso académico com Portugal, mais concretamente a cidade de Coimbra, onde admitir ter aprendido a gostar de vinho tinto. “Também me formei em Portugal. Antes de chegar não bebia vinho, depois aprendi a gostar”, confessou. “Na altura, não gostava de vinho tinto porque achava que era ácido. Depois fiquei em Coimbra, convivi com os portugueses e aprendi a beber vinho tinto, que é um dos vinhos que mais aprecio”, admitiu. Sam Hou Fai afirmou ainda que a “cultura portuguesa” foi uma das grandes influências na sua formação. “Também aprecio a cultura portuguesa, e tem sido uma grande influência para a minha pessoa no dia-a-dia”, vincou. O ex-juiz do TUI destacou também que a defesa da comunidade macaense consta da Lei Básica, um documento legal com valor reforçado, e que o território será uma das poucas jurisdições em que a protecção de uma comunidade surge tão claramente imposta por lei.
João Santos Filipe Grande Plano MancheteChefe do Executivo | Sam Hou Fai realça percurso profissional de 40 anos O ex-presidente do Tribunal de Última Instância apresentou ontem a candidatura a líder do Governo, num discurso marcado pela repetição de vários dos slogans políticos nacionais e locais Mais de 40 anos na área da justiça, conhecimento de procedimentos administrativos semelhantes aos do Governo e vários anos a aprender e a viver em Macau. Foi desta forma que Sam Hou Fai, ex-presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) e candidato a Chefe do Executivo, defendeu a adequação do seu currículo para ocupar o cargo de líder do Governo. Um dos pontos em foco sobre a candidatura de Sam Hou Fai ao lugar de Chefe do Executivo passa pela falta de experiência em posições de Administração Pública ou conhecimento do mundo empresarial, dado que até à última semana era juiz desde 1997 e presidente do TUI desde 1999. Na apresentação oficial da candidatura a Chefe do Executivo, Sam Hou Fai reconheceu ontem ser pouco conhecido “por algumas pessoas da sociedade” por ter sido presidente do TUI durante vários anos, e porque os juízes “não são realmente personalidades públicas”. Todavia garantiu ter trabalhador muito para a RAEM. O ex-juiz considerou também que a experiência na vertente administra do TUI é muito semelhante ao que vai encontrar no Executivo. “A gestão dos magistrados é semelhante à gestão de um pequeno governo, o ingresso na magistratura é muito diferente do que acontece com várias empresas, assim como também são os processos de aquisição [pública]. E aprendi muito sobre isso”, assegurou. Ao longo da conferência que durou cerca de uma hora, Sam Hou Fai abordou igualmente a possibilidade de ser o primeiro Chefe do Executivo da RAEM a nascer fora de Macau. “Penso que percebo bastante bem Macau, estou bastante integrado e não fico atrás daqueles que estão há mais tempo em Macau”, opinou. “Desde que cheguei a Macau, sempre me tentei inteirar sobre como é Macau e como as coisas funcionam”, acrescentou. Por outro lado, o candidato destacou as suas ligações com o território. “Os meus filhos nasceram em Macau, tenho netos, e são três gerações em Macau. Acredito que várias gerações de Macau estão na mesma situação do que eu e que me encaram como um residente com um longo período em Macau”, argumentou. Rol de slogans Sobre os motivos que levaram à apresentação da candidatura, Sam Hou Fai recorreu a vários slogans da política nacional e local, como a necessidade de assegurar “a implementação plena, correcta e firme do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’” e realizar “o grande empreendimento de fortalecimento do país e do rejuvenescimento nacional”. O magistrado afirmou também que a candidatura se deve “à forte missão de salvaguardar a prosperidade e a estabilidade a longo prazo de Macau na nova era e na nova jornada”, assim como a vontade de “assumir novas responsabilidades e obter novas conquistas para Macau”. Sam Hou Fai revelou ainda que a sua candidatura se move pela “aspiração inicial de criar juntos um futuro melhor para Macau” e que para “a população em geral possa ter uma vida melhor”. No discurso de Sam Hou Fai foram também frequentes as menções “à pátria”, e a ligação desta com o sucesso da RAEM. “A pátria é sempre o respaldo mais forte de Macau, e quanto melhor for a pátria, melhor será Macau. […] A construção de um país poderoso e a revitalização nacional estão intimamente ligados ao futuro de Macau e à felicidade dos seus residentes. Macau, enquanto parte integrante da grande família da pátria, deve naturalmente acompanhar de perto os passos do país”, realçou. Primado da união Sobre os objectivos de um futuro mandato como representante da RAEM, Sam Hou Fai afirmou ir trabalhar para “unir todos os sectores da sociedade”, e revelou que o lema da candidatura vai ser: “trabalhar com espírito empreendedor e avançar juntos, persistir no caminho certo e apostar na inovação”. A união da sociedade de Macau foi outro dos pontos em que insistiu, numa fase que indicou ser “um novo ponto de partida histórico”. “A minha candidatura a Chefe do Executivo tem como objectivo unir todos os sectores da sociedade para que Macau seja mais próspera e harmoniosa e para que os cidadãos tenham uma vida melhor e feliz”, disse o candidato. “Neste novo ponto de partida histórico, devemos reunir consensos sociais, permanecer vigilantes contra perigos mesmo em tempos de paz e prosperidade, agir com espírito empreendedor, avançar com firmeza para conquistar triunfos maiores; vamos unir as forças de todos para promover o desenvolvimento e trabalhar juntos para alcançar a prosperidade, de modo a que toda a população possa partilhar os frutos do desenvolvimento económico e social e traçar um maior círculo concêntrico de amor à pátria e a Macau”, acrescentou. Na sessão de ontem, Sam Hou Fai admitiu que o programa político da candidatura para os cinco anos de Governo só vai ser apresentado mais tarde, depois de ouvir “os sectores da sociedade”. Todavia, o candidato prometeu cumprir o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, e empenhar-se na “elevação da eficiência da governação”, aproveitando as “vantagens particulares” de Macau, diversificação da economia e construção “de um belo lar”, que passa pela defesa nacional e uma maior promoção “dos valores tradicionais do amor à pátria e a Macau”. Equipa de candidatura Representante do Candidato: Lei Wun Kong Advogado no escritório Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados Lektou Vogal da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Advogados de Macau Membro da Comissão da Lei Básica da RAEM do Comité Permanente da APN da RPC Coordenador da Candidatura: Ip Sio Kai Deputado à Assembleia Legislativa Vice-Director-Geral da Sucursal de Macau do Banco da China Administrador do Banco Tai Fung Administrador não executivo do Banco da China Internacional Membro do 14.º Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês Presidente da Associação de Bancos de Macau Vice-Presidente da Direcção da Associação Comercial de Macau Coordenador-Adjunto da Candidatura: Chan Ka Leong Presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau Subdirector da Escola dos Moradores de Macau Membro do Conselho Consultivo do Instituto para os Assuntos Municipais Nota: Todos os membros da equipa integram a Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, ou seja, vão poder votar em Sam Hou Fai Aparato de segurança Os jornalistas que participaram ontem na conferência de imprensa de apresentação da candidatura de Sam Hou Fai depararam-se com um apertado aparato de segurança à entrada do Centro de Ciência de Macau. Antes de terem acesso à sala onde decorreu a sessão que durou cerca de uma hora, os jornalistas convidados e registados para o evento, apenas a estes foi garantido o acesso, tiveram de ser revistados, além de mostrarem aos seguranças o interior das malas e mochilas. Além disso, os chapéus-de-chuva ficaram à entrada. Durante a conferência, os repórteres de imagem foram chamados à atenção e avisados para não se aproximaram do palco, quando tentavam tirar fotografias. Perfil de Sam Hou Fai Idade: 62 anos (Maio de 1962) Formação Académica Licenciatura em Direito pela Universidade de Pequim Licenciatura nos Cursos de Direito e de Língua e Cultura Portuguesa na Universidade de Coimbra Curso de Introdução ao Direito, na Universidade de Macau Curso de Formação de Magistrados Percurso Profissional Advogado no Interior da China Auditor Judicial de Macau Juiz do Tribunal de Competência Genérica Presidente do Tribunal de Última Instância
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteGastronomia macaense | Recursos humanos geram tensão com hotelaria A antropóloga Annabel Jackson dirige hoje uma palestra sobre o “Turismo Gastronómico em Macau: Impacto Económico e Oportunidades” no Sofitel, Ponte 16. Ao HM, a autora destaca a “tensão entre hotéis de luxo e casinos e o panorama gastronómico local”, especialmente no que toca a recursos humanos “Turismo Gastronómico em Macau: Impacto Económico e Oportunidades” é o nome da palestra hoje protagonizada por Annabel Jackson, antropóloga na área alimentar e autora de diversos livros gastronómicos, em particular sobre gastronomia macaense. O evento está marcado para as 09h no hotel Sofitel do empreendimento Ponte 16 e é promovido pela Câmara de Comércio França-Macau no âmbito do ciclo de palestras “FMCC Breakfast Talk Rendez-Vous”. Em declarações ao HM, Annabel Jackson, que reside há várias décadas entre Hong Kong e Macau, destaca que, actualmente, existe “uma tensão em Macau entre o sector dos hotéis de luxo e casinos e a cena gastronómica local”, dada as dificuldades de competitividade perante as concessionárias de jogo, respeitante aos recursos humanos, por exemplo. “Não há dúvida que Macau já é um destino gastronómico, e o próprio Gordon Ramsay o afirmou no início do ano, contando actualmente com 17 restaurantes com estrelas Michelin, incluindo dois com três estrelas. Há chefes de cozinha famosos no território, incluindo portugueses. No entanto, existe uma tensão entre o sector dos hotéis de luxo e casinos e a cena gastronómica local. Como podem os restaurantes locais competir no que respeita a atrair bons funcionários, com economias de escala ou boas localizações?”, questiona. Annabel Jackson alerta também para relatos de que “as receitas estão a cair mês a mês em todas as cozinhas”, existindo ainda “outros problemas, como o facto de os residentes de Macau atravessarem a fronteira para fazer compras e comer, embora Hong Kong enfrente o mesmo problema”, denota. Relativamente à palestra que protagoniza hoje, Annabel Jackson refere que “o turismo gastronómico beneficia as empresas locais e promove o desenvolvimento económico, porque se concentra nos produtos e explorações agrícolas locais”. Além disso, é um sector gerador de emprego “através de efeitos multiplicadores e incentiva a preservação das tradições locais”. A gastronomia pode ainda fomentar “a inovação para reinventar essas mesmas tradições de acordo com as necessidades e os gostos do turista de hoje”. “Comer alimentos locais, ir a mercados de alimentos, ou frequentar aulas de culinária oferece interações culturais únicas, que são muito experienciais, dão uma sensação de autenticidade. O turismo gastronómico dá aos destinos que não têm beleza paisagística uma forma de se promoverem”, explica. Annabel Jackson escreveu mais de uma dezena de livros sobre diversas gastronomias asiáticas, e sobre Macau já tem no currículo: “Taste of Macau: Portuguese Cuisine on the China Coast” ou “The Making of Macau’s Fusion”. A autora escreve também sobre gastronomia em jornais. Gato por lebre Outro ponto destacado pela antropóloga é a falta de uma definição clara do que é verdadeiramente comida macaense. “Macau é, obviamente, o triunvirato das cozinhas portuguesa, macaense e cantonense. No entanto, o problema é compreender e comunicar as diferenças entre elas e as formas adicionais de interação. As comidas macaense e portuguesa estão localizadas, mas como antropóloga alimentar, acho isto fascinante, nomeadamente sobre as formas como as cozinhas ou estilos culinários não são estáticos. No entanto, isso dá origem a confusão.” Annabel Jackson acrescenta que “a investigação académica mostra que mesmo que os turistas do continente tenham assistido a uma exposição itinerante sobre Macau na sua própria cidade, chegam a Macau sem perceber o que estão a comer”. Um dos exemplos apontados ao HM é o de “uma turista que pediu Galinha à Portuguesa, pensando ser o prato mais típico português que poderia provar. Não percebia porque o prato sabia a caril e a leite de coco”. “Como sabemos, o Frango à Portuguesa é, na verdade, um prato macaense, embora outras pesquisas tenham indicado que, na verdade, é cantonês, o Po Kok Gai”, acrescentou. Outro exemplo descrito é o facto de, num hotel, existir “uma selecção num menu com o nome ‘Especialidades Portuguesas e Macaenses’, que pode incluir Camarão Frito Macaense, Bacalhau a Brás e Caldo Verde, sem que haja qualquer indicação de que os dois últimos pratos são portugueses”. “Numa ementa vi o prato Galinha Piri Piri traduzida para inglês como African Chicken. É evidente que os dois pratos não são iguais”, denotou. Recentemente, Annabel Jackson falou de temáticas semelhantes na Fundação Rui Cunha (FRC), sobre “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica”, onde descreveu as grandes influências da comida do Sudeste Asiático na comida macaense, e de como é “redutor quando afirmamos que a comida macaense é uma espécie de fusão da comida portuguesa e chinesa”. “[A gastronomia macaense] não é apenas indicativa de todo o Sudeste Asiático, mas podemos ir até algumas ilhas do Oceano Índico e algumas zonas da África Oriental. Não nos podemos esquecer que a comida macaense é, de certa forma, baseada nos ingredientes chineses locais, como o frango, porco, ovos, alhos, cebolas, azeite, mas é muito mais do que isso”, disse. A autora referiu também que, apesar de Macau ser hoje Cidade Criativa da Gastronomia da UNESCO, há muita confusão em torno da essência de cada prato. “Sinto que com a classificação de Macau como Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO houve mais reconhecimento, mas, apesar de todo o esforço feito pelo Governo de Macau, a mensagem não está a passar e os turistas não fazem ideia do que é a gastronomia macaense. Se falarmos com chineses locais, também não sabem o que é. Temos uma desconexão quando as pessoas vão a Macau, porque há poucos restaurantes macaenses.” Nesse sentido, a autora clamou por mais apoios públicos para que estes restaurantes permaneçam abertos. Um dos exemplos mais recentes de fecho de um restaurante macaense com história foi a “Cozinha Aida”, fundado por Aida de Jesus e que era ponto de encontro da comunidade local e amantes da comida tipicamente macaense. “Nos últimos oito meses assistimos ao encerramento de dois restaurantes macaenses locais. Tratam-se de espaços que serviam comida autêntica com apenas alguns pratos portugueses, mas na maioria eram macaenses. E penso como é que estes restaurantes podem ter fechado. No caso de Aida de Jesus, ela era a madrinha da cozinha macaense. Porque é que o Governo não apoia os restaurantes macaenses locais ajudando-os a sobreviver, dando-lhes mais recursos?”, inquiriu a autora. Annabel Jackson é mestre em Antropologia da Alimentação pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, estando actualmente a frequentar o doutoramento. Em 2020 lançou um livro pela Hong Kong Free Press, intitulado “The Making of Macau’s Fusion Cuisine – From Family Table to World Stage”, que conclui, entre outros tópicos, que os macaenses que vivem em Macau sentem-se mais próximos da sua cozinha ao invés daqueles que residem no estrangeiro. A obra analisa o relacionamento da comunidade com a sua própria gastronomia, bem como as influências de Malaca nas diversas receitas.
João Luz Manchete PolíticaChefe do Executivo | Sam Hou Fai apresenta hoje candidatura Sam Hou Fai vai apresentar hoje o manifesto de candidatura para o cargo de Chefe do Executivo no Centro de Ciência. No espectro oposto, uma responsável ligada à campanha de Jorge Chiang indica que o candidato já recolheu as assinaturas de membros da comissão eleitoral e que brevemente vão começar acções de campanha Agora é oficial. Hoje, pelas 11h, no Salão de Convenções do Centro de Ciência de Macau, realiza-se a “apresentação do manifesto de candidatura de Sam Hou Fai ao cargo de 6.º Chefe do Executivo da RAEM”. Um dia depois de ter sido exonerado do cargo de presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), e um dia antes do início do período para submeter candidaturas às eleições para liderar o próximo Governo, Sam Hou Fai elimina as poucas dúvidas que restariam sobre as suas intenções políticas. Em menos de uma semana, o panorama político de Macau sofreu alterações dramáticas, com o anúncio da desistência de candidatura de Ho Iat Seng na passada quarta-feira, a declaração de intenções de Sam Hou Fai no dia seguinte, pausa para fim-de-semana, exoneração de Sam Hou Fai do mais alto cargo na magistratura da RAEM na segunda-feira e ontem o anúncio da candidatura a Chefe do Executivo. O lado B da vida No campo oposto, sem o peso institucional e apoios políticos, está a candidatura do empresário Jorge Chiang a Chefe do Executivo. O HM falou com uma representante da campanha, Ieong Kit Meng, que revelou que Jorge Chiang se encontrava ontem numa viagem de negócios ao estrangeiro, mas que irá regressar ao território nos próximos dias. A responsável que também é membro da Associação de Institucionalismo de Macau, assim como Chiang, afirmou ao HM que o empresário recolheu as assinaturas suficientes de membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo para participar nas eleições de 13 de Outubro. Em relação à inactividade da campanha de Jorge Chiang, sem presença mediática e sem publicações nas redes sociais, Ieong Kit Meng indicou que o candidato está a aguardar pelo tempo certo para começar as actividades de campanha. “Queremos que os residentes de Macau conheçam o nosso programa político. Estamos a planear começar as acções oficiais de campanha ainda esta semana”, afirmou a responsável, sem confirmar datas. Quanto ao programa político, Ieong Kit Meng indicou que Jorge Chiang irá explicar com mais detalhes os seus objectivo políticos e que a Associação de Institucionalismo de Macau irá organizar seminários sobre as prioridades do candidato. Porém, a saúde do tecido empresarial, em especial das pequenas e médias empresas, o bem-estar da população, emprego e habitação estão entre as principais preocupações de Jorge Chiang. Sobre a candidatura de Sam Hou Fai a Chefe do Executivo, a responsável da campanha adversário diz que acolhe com braços abertos a competição, que demonstra a importância que o cargo de Chefe do Executivo tem. “A participação de Sam Hou Fai nas eleições não significa uma vitória certa. Os candidatos vão ter de demonstrar quem apresenta melhores propostas que beneficiem a população e essa deve ser a atitude do eleito ao longo do cumprimento do seu mandato”, afirmou Ieong Kit Meng.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPortugal | José Cesário destaca papel “fundamental” da comunidade O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas reuniu-se com o Chefe do Executivo e afirmou que a permanência da comunidade Portuguesa em Macau é “absolutamente fundamental” para as relações entre as duas partes. A partir de 2026, os passaportes portugueses passam a ter duração de 10 anos O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, destacou a importância atribuída pelo Governo de Portugal à relação com Macau, relação que tem de passar pela permanência da comunidade portuguesa no território. As declarações sobre o conteúdo do encontro de ontem com o Chefe do Executivo foram prestadas à margem de uma reunião na Associação de Trabalhadores da Função Pública (ATFPM). “Abordou-se genericamente a questão da relação entre Portugal e Macau, e houve pormenores que ficam entre nós. […] Foi muito importante transmitir-lhe [ao Chefe do Executivo] a atenção que o Governo português actual está a dar à relação com Macau”, revelou José Cesário. “Sou o terceiro membro do Governo a vir a Macau em cinco meses, o que traduz uma diferença muito grande em relação ao passado”, acrescentou. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas garantiu ainda ter recebido como reposta de Ho Iat Seng que o papel dos portugueses é considerado. “Nessa relação, o papel dos portugueses que estão em Macau é absolutamente central. E ouvi da boca do Chefe do Executivo exactamente toda a reafirmação dessa consideração pelos portugueses que estão em Macau”, adiantou. Questionado sobre o facto de Macau ter eliminado o regime especial para os cidadãos portugueses na atribuição do bilhete de identidade de residentes, Cesário assegurou que do lado das “autoridades de Macau” existe disponibilidade para encarar a situação como sempre aconteceu no passado. A resposta deixou de fora a posição das autoridades centrais. Melhorias no consulado Em relação aos serviços consulares, o governante de Portugal prometeu melhorias de tratamento dos cidadãos. “Foram dadas instruções a todos os pontos consulares para haver uma diversificação do método do agendamento dos actos consulares, para deixarmos de nos limitar exclusivamente às plataformas online e haver maior diversidade das possibilidades de fazer esse mesmo agendamento. É um problema geral da rede consular”, admitiu. “E tem de haver um atendimento, diria eu, mais disponível. Essa recomendação já foi dada, e o senhor cônsul vai naturalmente fazer um esforço conjuntamente com os funcionários para resolver os problemas em causa”, acrescentou. A situação do tratamento consular foi abordada também por Alexandre Victal, vice-presidente do Conselho Fiscal da ATFPM, que acusou o consulado de adoptar um tratamento racista contra os portugueses de etnia chinesa, após a chegada de Alexandre Leitão ao cargo. Alexandre Victal também afirmou sentir-se tratado como “um espião” no consulado, por ter participado num encontro com o cônsul em que lhe foi pedido que não entrasse na sala com telemóvel. O membro da ATFPM afirmou que o mesmo aconteceu com Rita Santos. O HM tentou contactar Alexandre Leitão sobre as acusações, mas até ao fecho da edição não recebeu resposta. Passaportes com 10 anos Polémicas à parte, José Cesário revelou que o Governo está a trabalhar para que os passaportes tenham uma duração de 10 anos, a partir de 2026. “Decidiu-se também que o passaporte vai ter uma validade de 10 anos. A execução da medida será operada ao longo do ano 2025, e em princípio vai entrar em vigor em 2026. Mas estamos a trabalhar para eventualmente poder ser implementada antes, porque o que está em causa, nesta fase, são problemas de natureza técnica”, prometeu. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas defendeu ainda Alexandre Leitão das críticas perante a demora na emissão de vistos para os residentes de Macau que pretendem estudar em Portugal. Este tem sido um dos pontos recentes na agenda da ATFPM, da conselheira Rita Santos e do deputado José Pereira Coutinho. “As questões estão a ser tratadas. Mas há que dizer que a maior parte dos problemas não depende daqui [consulado de Portugal em Macau]”, realçou. “Por um lado, o sistema informático mudou e ainda não está com a eficácia desejável, por outro lado, a grande parte dos vistos são vistos nacionais que necessidade do parecer da AIMA [Agência para a Integração, Migrações e Asilo] e a AIMA está a passar por uma fase de transformação que não está concluída”, frisou.
João Luz Manchete SociedadeTrânsito | Autoridades reunidas para preparar regresso às aulas O Governo reuniu com o CPSP e as operadoras de autocarros para garantir que o regresso às aulas, que arranca na próxima semana, não mergulha a cidade num caos de trânsito. Serão destacados agentes para gerir o tráfego nos pontos mais críticos e perto das escolas, a frequência de autocarros vai aumentar e a maioria das obras vão concluir até ao próximo sábado Na próxima segunda-feira, as aulas vão regressar em cerca de 80 por cento das escolas do território e o Governo está a ultimar detalhes para antecipar o aumento do trânsito. Para tal, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e as duas operadoras de autocarros reuniram-se para preparar a organização do trânsito e do serviço de autocarros. Nos primeiros dias do ano lectivo, o CPSP irá destacar mais pessoal para gerir o fluxo de pessoas em pontos mais movimentados e nas proximidades das escolas e os autocarros vão aumentar as frequências e preparar-se para “situações de emergência, no sentido de ajudar os docentes e alunos a deslocarem-se em segurança”. A proliferação de obras nas vias públicas durante as férias de Verão foi outro dos assuntos discutidos. A DSAT indicou que a maioria das obras será concluída antes de sábado. “Das 24 obras viárias principais, apenas 10 continuarão a decorrer depois do início do ano lectivo, incluindo, as obras da estação elevatória e box-culverts da Bacia Norte do Patane, a obra da estação elevatória de águas pluviais e drenagem no sul do Porto Interior e a obra de construção da galeria técnica na Zona A dos Novos Aterros Urbanos”. Pela estrada fora No comunicado conjunto da DSAT, DSEDJ e CPSP é também referido que as operadoras de autocarro adaptaram as suas operações de acordo com previsões de fluxo de passageiros para o arranque do ano lectivo. As frequências de autocarros foram ajustadas, as carreiras especiais vão aumentar e será destacado “pessoal adicional, incluindo agentes de fiscalização fixos nas paragens e itinerantes, para manter a ordem e orientar os passageiros nas principais paragens”. Além disso, “serão disponibilizadas máquinas de validação portáteis aos coordenadores das paragens, permitindo que os passageiros entrem nos autocarros pela porta do meio, quando necessário, para agilizar o fluxo”. Em termos de trânsito, será implementado, a título experimental, o sentido único de circulação num troço da Rua do Minho entre a Rua de Sai On e a Rua de Bragança, bem como na Rua de Sai On, na Taipa. Em Coloane, onde vão abrir neste ano lectivo duas novas escolas, a DSAT vai reorganizar o trânsito na Rua das Schimas e nas vias circundantes, “bem como o ambiente pedonal nas imediações da escola na Rua de Afonso de Albuquerque, para aperfeiçoar a ordem de travessia de peões e de circulação de veículos”. Os estacionamentos também foram ajustados para “aumentar a visibilidade entre condutores e peões nas proximidades das passadeiras, reforçando assim a segurança dos docentes e alunos ao atravessarem a rua”. O Governo pede ainda aos pais para saírem de casa mais cedo quando forem levar os filhos à escola, antecipar o itinerário reservando tempo suficiente para as deslocações. Além disso, é ainda pedido aos progenitores que privilegiem a deslocações a pé ou a utilização dos transportes públicos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeParques Industriais | Quebra de 70 por cento nos lucros em 2023 Após um 2022 com lucros de 33,0 milhões de patacas em receitas extraordinários, as contas da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau caíram no ano passado para ganhos de 9,3 milhões de patacas A Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau registou uma quebra superior a 70 por cento dos lucros. A informação sobre a empresa detida a 100 por cento pela RAEM consta das demonstrações financeiras, publicadas no portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos. De acordo com os dados divulgados, no ano passado, os lucros da empresa não foram além dos 9,3 milhões de patacas. Esta é uma redução de 71,8 por cento dos lucros, que em 2022 atingiram o montante de 33,0 milhões de patacas. A situação significa um regresso à normalidade para a empresa que em 2022 tinha registado como receitas extraordinárias cerca de 31,8 milhões de patacas, explicados com “transferências de contratos”, do total das receitas de 48,8 milhões de patacas. A nível dos lucros nem tudo são más notícias para a empresa da RAEM, que conseguiu gerar 5,9 milhões de patacas com os juros do dinheiro que tem guardado. Foi um aumento acentuado face a 2022, quando o montante gerado com juros se fixou nos 2,7 milhões de patacas. Em termo de despesas, os custos com o pessoal tiveram um peso de 5,8 milhões de patacas, o que significa uma redução muito ligeira em relação ao ano anterior. Os salários do conselho de administração custaram 1,4 milhões de patacas, dos quais cerca de 1,2 milhões têm como destino Lo Ioi Weng, presidente do Conselho de Administração. Os custos com o restante pessoal que não faz parte dos órgãos sociais atingiram 3,9 milhões de patacas, em comparação com os 3,8 milhões de patacas do ano anterior. No final de 2022, a empresa declarava ter 10 trabalhadores. Além dos salários, a segunda grande despesa foi o pagamento de condomínios que atingiu 2,7 milhões de patacas, o que não deixou de ser uma redução dos custos face a 2022, quando o montante gasto foi de 2,9 milhões de patacas. Cantiga da diversificação A Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau foi criada em 1993 com o objectivo de atrair investimento e mais indústrias para o Parque da Concórdia em Coloane. Em 2003, a empresa ficou responsável pela exploração do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau, construído na Ilha Verde, no que foi igualmente uma forma de tentar diversificar a indústria do território. A empresa tem assim como objectivo desenvolver e gerir terrenos que ficaram reservados para o desenvolvimento industrial e actividades relacionadas, de acordo com o portal da companhia.
João Luz Manchete SociedadeSarau Olímpico | Bilhetes no mercado negro à venda por 2.500 patacas Apesar de o Governo ter sublinhado que não queria especulação com os bilhetes para o encontro com a delegação de atletas nacionais medalhados em Paris, os ingressos nas redes sociais estavam ontem a ser vendidos entre 1.000 e 2.500 patacas, ainda antes de começar a distribuição de bilhetes. A PJ alertou para a hipótese de os ingressos serem usados para burlas Os bilhetes para o sarau olímpico, que se realiza no domingo na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, já estavam ontem à venda em várias redes sociais chinesas, como o WeChat, Xiaohongshu e Douyin com preços a variarem entre 1.000 e 2.500 patacas. Os ingressos para o evento intitulado “O nosso orgulho! – Encontro com a Delegação de Atletas Olímpicos Nacionais em Macau serão distribuídos gratuitamente pelo Governo entre hoje e quinta-feira. Apesar de o Instituto do Desporto (ID) ter sublinhado que “os bilhetes constituem propriedade da organização, que não são transferíveis e não podem ser vendidos, oferecidos para venda ou usados para efeitos promocionais ou comerciais”, como é habitual em eventos em Macau, cedo chegaram ao mercado negro. A organização apelou ainda ao público para “adquirir os bilhetes através de meios oficiais e não especular e revender bilhetes do evento que podem infringir a lei com os referidos actos”. O ID referiu também que caso “encontre alguém que esteja a revender os bilhetes, será entregue ao serviço competente”. Apesar de ser recorrente o pedido para que os bilhetes tenham a identificação do portador para eventos muitos procurados, inclusive por deputados, o ID não optou por este método, ao contrário do que fez o Instituto Cultural no ano passado para os concertos do compositor japonês Joe Hisaishi. Estado de segurança O aparato securitário em torno do evento que se realiza na Nave Desportiva implica a proibição de entrada no recinto de comidas e bebidas, power banks, banners, cartazes e guarda-chuva, garrafas de vidro, plástico e latas de refrigerantes, assim como fica também barrada a gravação ou transmissão de imagens do evento. Além disso, o ID pediu ao público para fazer “testes rápidos de antigénio em casa antes de se deslocarem ao local”. A Polícia Judiciária alertou ontem a população para adquirir “bilhetes para o evento através dos canais oficiais, evitando comprá-los na Internet de fontes desconhecidas”. Ao mesmo tempo que avisam para as intenções de criminosos que se aproveitem destas situações para cometer burlas, as autoridades alertaram os cidadãos “para não revenderem ou comercializarem os bilhetes do evento, pois tais acções podem violar a lei”. Por outra via Antes de Macau, a delegação olímpica chinesa vai passar por Hong Kong, onde serão organizados um espectáculo de gala e demonstrações desportivas na sexta-feira e no sábado. Ao contrário de Macau, os cerca de 5.300 bilhetes não serão gratuitos, mas vão custar apenas 20 dólares de Hong Kong. Porém, as autoridades da região vizinha usaram o método de autenticação da identidade do comprador do bilhete, que terá de apresentar documento de identificação à entrada do recinto.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTurismo | Número de visitantes bate recordes, mas consumo preocupa O novo recorde de visitantes por dia é visto como um sinal de alento para o comércio. No entanto, Paul Wong, presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, admite que em termos de lucros, a situação fica aquém dos melhores dias de 2019 O recorde no número de turistas durante o Verão está a surpreender as associações e os negócios ligados ao turismo. Apesar das boas notícias para o sector, o poder de compra dos novos visitantes fica aquém das expectativas, o que é encarado como um sinal de alarme para os comerciantes. No sábado passado, o número de turistas a entrar no território foi superior a 166 mil, o que representa um aumento de 7,5 por cento em comparação com o recorde anterior, de 155 mil visitantes num único dia, no Verão de 2019. Em declarações ao Jornal Ou Mun, Paul Wong, presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, reagiu ao novo recorde e reconheceu que em termos de visitantes, o número de é “inesperadamente” alto, acima das melhores expectativas do sector. Paul Wong revelou também que em comparação com o passado recente existe um ambiente de maior optimismo entre os comerciantes, porque o turismo tem mostrado capacidade para atrair cada vez mais visitantes do Interior, numa altura de competição intensa com outros destinos. Wong explicou que há cada vez mais países do sudeste asiático a tentarem atrair turistas do Interior, com políticas de entrada sem necessidade de visto. Face ao contexto regional, o dirigente associativo afirma que o território tem mostrado ser muito competitivo, mantendo uma “reputação muito forte” no outro lado da fronteira. Problemas de ocasião Apesar dos números positivos, o presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau reconheceu que o poder de compra dos novos visitantes é uma preocupação, com impacto para o comércio local. Paul Wong explicou que nos pós-pandemia existe um novo tipo de visitantes, com um poder de compra mais fraco. Além disso, os comerciantes ainda estão a encontrar dificuldades para se adaptarem às “novas preferências” dos visitantes, que mudaram consideravelmente. O responsável associativo revelou também que face a todas as mudanças, os lucros estão longe dos resultados de 2019. Face ao problema, Paul Wong espera que o sector consiga adaptar-se melhor aos novos consumidores, para que as pessoas gastem mais dinheiro. Além disso, considera que o Governo tem de assumir um papel de liderança a melhorar os transportes em Macau, facilitar a circulação de pessoas e criar atracções nos bairros residenciais, para que mais pessoas sejam beneficiadas com o turismo. Em relação ao futuro mais próximo, com o ano lectivo a começar em Setembro, Paul Wong espera uma redução do número de turistas, para valores semelhantes aos do ano passado. Contudo, mostrou-se confiante que entre Outubro e Dezembro, devido aos vários eventos para celebrar o dia da implementação da República Popular da China e às outras festividades, que haja um crescimento em relação ao ano passado.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Morte duas vezes mais provável em não vacinados Um estudo de académicos da Universidade de Macau e de pessoal médico do Hospital Kiang Wu conclui que a vacinação foi eficaz na prevenção da morte por covid-19 em idosos. Entre 426 idosos vacinados internados com sintomas graves ou que morreram, 375 tinham sido inoculados com a vacina Sinopharm Após o fim da política de zero caso de covid-19, em Dezembro de 2022, os idosos não vacinados tinham duas vezes mais probabilidades de morrer na sequência de complicações surgidas por infecções do novo coronavírus do que os vacinados. A conclusão faz parte de um estudo com base nos dados do Hospital Kiang Wu, elaborado por académicos e médicos da Universidade de Macau e da instituição médica, com o título “Eficácia da Vacinação Contra a Covid-19 na Prevenção de Sintomas Graves e Morte entre Pacientes Geriátricos”. Para chegarem aos resultados publicados na revista Vaccines, os académicos tiveram em conta uma amostra de 848 idosos diagnosticados com covid-19, com mais de 60 anos que foram internados na instituição mais de 24 horas. Entre a amostra de 848 doentes, 426 estavam vacinados com pelo menos uma dose de qualquer umas das vacinadas disponíveis e 422 não tinham sido vacinados. Entre 12 de Dezembro de 2022 e 12 de Março de 2023, a instituição registou um total de 171 mortes por covid-19, e entre estes, 107 eram idosos não vacinados, uma proporção de 62,6 por cento, enquanto 64 mortes (37,4 por cento) ocorreram com pessoas vacinadas. “Os dados mostram que entre os não vacinados as probabilidades de morrer eram quase duas vezes mais elevadas, em comparação com o grupo de vacinados”, indicou os académicos. Durante a pandemia, Macau disponibilizou dois tipos de vacinas, a chinesa Sinopharm, que recorre à tecnologia tradicional de vírus inactivado, e a germano-americana Pfizer-BioNTech, com recurso à tecnologia mais moderna mRNA. Segundo os autores, feitas as contas aos pacientes do Kiang Wu, as duas vacinas não apresentaram diferenças. Também foi considerado que o número de doses não terá tido impacto na protecção dos pacientes. “Não houve diferenças estatisticamente relevantes nos resultados, tanto na redução dos sintomas ou das hipóteses de morte, quando se tem em conta o tipo de vacina ou o número de doses recebida”, foi indicado. Popularidade da Sinopharm Entre a amostra recolhida, a grande maioria dos hospitalizados recorreu à vacina da Sinopharm, num total de 375 pessoas entre os 426 vacinados. As mortes de pessoas vacinadas com a Sinopharm foram 57, uma proporção de 15,2 por cento. Os vacinados com a Pfizer-BioNTech eram 39, tendo sido registadas 7 mortes, uma proporção de 17,9 por cento. Houve ainda 12 pessoas a recorrerem às duas vacinas, não tendo ocorrido qualquer óbito entre estes. Mais relevante, indicam os investigadores, foi o facto de o programa de vacinação ter sido completo antes do fim da política de zero casos de covid-19. As pessoas que levaram duas doses de qualquer uma das vacinas mostraram maior resistência. “Quando se comparou o estado da vacinação, foi observada uma diferença significativa nos resultados […] As chances de ocorrência de morte no grupo de pessoas com a vacinação incompleta foram duas vezes maiores do que no grupo de pessoas com a vacinação completa”, foi indicado. Entre as 64 mortes em vacinados, 52 (81,3 por cento) aconteceram em pessoas com a vacinação incompleta, enquanto 12 (18,8 por cento) ocorreram em infectados que tinham sido vacinados com pelo menos duas doses. O estudo tem como autores Xiao Zhan Zhang, Phyllis Wong Hio Hong, Yang Bo, Song Menghuan, Li Junjun e Carolina Ung Oi Lam, que pertencem a instituições como a Universidade de Macau, Hospital Kiang Wu e o Laboratório de Referência de Investigação de Medicina Chinesa.
João Luz Manchete PolíticaChefe do Executivo | Sam Hou Fai apresenta demissão do TUI O presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, pediu a exoneração do cargo, abrindo caminho para uma possível candidatura a líder do Governo. A ordem executiva que oficializou a saída do magistrado do mais elevado cargo judicial da RAEM foi assinada por Ho Iat Seng Com Lusa “É exonerado, a seu pedido, o juiz Sam Hou Fai dos cargos de presidente e de juiz do Tribunal de Última Instância (TUI) e do cargo de membro da Comissão Independente responsável pela indigitação dos candidatos ao cargo de juiz da Região Administrativa Especial de Macau, a partir do dia 28 de Agosto de 2024.” Foi desta forma que Sam Hou Fai deu o primeiro passo oficial antes de apresentar a sua candidatura ao cargo de Chefe do Executivo, através de uma ordem executiva publicada ontem no Boletim Oficial assinada por Ho Iat Seng, culminando quase um quarto de século na presidência do TUI. À medida que se aproxima o início do período para a apresentação de candidaturas ao mais elevado cargo político da região, a exoneração de Sam Hou Fai à frente do TUI liberta-o de impedimentos de legais no caminho para liderar o próximo Governo. De acordo com a lei eleitoral, juízes ou funcionários judiciais só se podem candidatar a Chefe do Executivo após apresentarem a demissão ou caso já se tenham reformado. Entre os impedimentos à candidatura, a lei eleitoral inclui ainda titulares dos principais cargos, membros do Conselho Executivo e membros das comissões eleitorais. Passo rápido Sam Hou Fai admitiu na quinta-feira a possibilidade de se candidatar ao cargo de Chefe do Executivo, à margem de um evento para o qual apenas foram chamados órgãos de comunicação social chineses mais próximos do Governo. “Sempre tive o desejo de servir Macau e alguns amigos encorajaram-me a continuar a dar o meu contributo para o desenvolvimento da RAEM”, afirmou. Sam Hou Fai expressou também gratidão por quem se tem preocupado com a eleição para líder do Governo e afirmou que “o cargo de Chefe do Executivo é uma posição nobre para servir Macau e os residentes”. Um dia antes de Sam Hou Fai admitir a possibilidade de concorrer a Chefe do Executivo, Ho Iat Seng anunciou que não se vai candidatar a um novo mandato no cargo, marcando um momento histórico e inédito na vida política da RAEM por ser a primeira vez que um Chefe do Executivo não cumpre dois mandatos. “Devido a problemas de saúde ainda não totalmente resolvidos, a bem do desenvolvimento a longo prazo de Macau e partindo do que corresponde ao melhor interesse desta região, decidi não participar na eleição para o sexto mandato do Chefe do Executivo”, afirmou, em comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social. A eleição do Chefe do Executivo está marcada para 13 de Outubro e os candidatos a líder do Governo de Macau vão ser conhecidos entre a próxima quinta-feira e 12 de Setembro. O líder da região é eleito para um mandato de cinco anos pela Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo – que integra 400 membros provenientes dos quatro sectores da sociedade, sendo depois nomeado pelo Governo Central chinês, de acordo com a Lei Básica, e a respectiva lei eleitoral.
Hoje Macau Grande Plano MancheteTimor-Leste/25 anos | Guterres condecorado com Grande Colar da Ordem António Guterres vai ser condecorado com a mais alta distinção de Timor-Leste pela intervenção que teve em 1999, após a realização do referendo que levou à independência, anunciou José Ramos-Horta. O chefe de Estado sugere que empresas lusas usem o país como ‘armazém’ para o sudeste asiático, mas alerta para a necessidade de condições e vontade dos governos “O secretário-geral António Guterres como primeiro-ministro de Portugal, em 1999, no ano crítico, teve uma intervenção que na altura chamou a atenção do Presidente Bill Clinton [antigo Presidente dos Estados Unidos]”, explicou José Ramos-Horta, em entrevista à agência Lusa por ocasião dos 25 anos de realização do referendo em Timor-Leste. “Quando estive com o Presidente Bill Clinton em Setembro de 1999 na cidade de Auckland, Nova Zelândia, onde ia se reunir-se a Cimeira da APEC [Fórum Económico dos Países da Ásia e do Pacífico], Bill Clinton disse-me: Quem mais me sensibilizou na questão de Timor-Leste foi António Guterres”, lembrou o prémio Nobel da Paz. Após o anúncio dos resultados do referendo de 30 de Agosto de 1999, em 4 de Setembro do mesmo ano, em que a grande maioria dos timorenses votou a favor da independência de Timor-Leste, uma onda de violência assolou o território perpetrada pelas milícias integracionistas, apoiadas pela Indonésia. Milhares de timorenses foram obrigados a fugir perante a onda de assassínios, deslocação forçada de pessoas para Timor Ocidental, ataques à igreja católica e outras organizações. “A intervenção de António Guterres foi uma intervenção que sensibilizou emocionalmente Bill Clinton e António Guterres deixou bem clara a mensagem de Portugal”, salientou o Presidente timorense. Segundo José Ramos-Horta, na altura havia a questão do Kosovo e da Bósnia, que obrigou a uma intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e Portugal foi um dos países que contribuiu para aquela missão. “Não vou citar textualmente o que António Guterres disse ao telefone com Bill Clinton, isso reservo para o meu livro, mas a mensagem foi clara. Não pode haver dois pesos e duas medidas e que Portugal podia repensar a sua participação nas forças da NATO nos Balcãs”, salientou. No livro “Por Timor – Memórias de dez Anos de Independência”, da antiga assessora de José Ramos-Horta, Sónia Neto, o antigo Presidente dos Estados Unidos recorda que, perante a “brutal campanha de violência”, decidiu suspender a cooperação militar com a Indonésia. Uma semana mais tarde, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, por unanimidade, uma resolução que autorizava a força multinacional Interfet, liderada pela Austrália a entrar em Timor-Leste. Reconhecimento da ordem Face ao exposto, é com naturalidade que António Guterres vai ser condecorado com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste. A Ordem de Timor-Leste, com quatro graus, foi criada em 2009 e visa reconhecer e agradecer a nacionais e estrangeiros que contribuíram para o benefício do país, dos timorenses e da humanidade. Além de António Guterres, os jornalistas portugueses Paulo Nogueira, Pedro Sousa Pereira e Fernando Peixeiro, da agência Lusa, Pedro Miguel Duarte Costa e Silvestre Bento Rodrigues, da SIC, António Valador, da RTP, e Pedro Manuel Mesquita e José Luís Ramos Pinheiro, da Rádio Renascença, também vão se condecorados com a Ordem de Timor-Leste. “Muitos outros foram condecorados num grande evento em 2015, mas há tantas pessoas, tantos amigos espalhados pelo mundo”, disse José Ramos-Horta, explicando que são jornalistas que estiveram em Timor-Leste em 1999, mas que também fizeram a cobertura do país durante muitos anos. Ponto de encontro O Presidente timorense, José Ramos-Horta defendeu também que as empresas portuguesas podem usar Timor-Leste como ‘armazém’ para reexportarem para o sudeste asiático em áreas como as conservas, o calçado ou têxteis. O chefe de Estado timorense defendeu que o sudeste asiático é o melhor mercado para as empresas portuguesas que têm interesse em expandir-se. “O mercado é este, do sudeste asiático, com quase 700 milhões de pessoas, dos quais cerca de 200 milhões são já de classe média, com [rendimento] ‘per capita’ mais elevado, com gostos mais refinados”, disse. “Se eu fosse um empresário timorense ou português, fazia de Timor-Leste um armazém de conservas portuguesas porque o asiático gosta muito de conservas” e “a conserva portuguesa é a melhor do mundo”. Para José Ramos-Horta, há ainda outras áreas em que os empresários portugueses podem fazer a diferença, como o calçado ou confeção têxtil. “Há quase 30 anos conheci um senhor guineense, casado com uma timorense, ele vendia sapatos portugueses em casa. Hoje já tem lojas em toda a Austrália a vender calçado português”, exemplificou. O Presidente defendeu que Timor-Leste “pode ser um armazém como Singapura” que “reexporta tudo o que vem da Europa, do resto do mundo para a Ásia e vice-versa”. Ramos-Horta deu ainda outro exemplo de sucesso dos produtos portugueses na região referindo que os vizinhos de Timor ocidental, a parte indonésia da ilha, atravessam muitas vezes a fronteira “para virem comprar vinho português a Timor-Leste”. O país asiático lusófono podia ainda ser “um ‘hub’ para indústria farmacêutica portuguesa”, defendeu. Criar bases No entanto, para promover este tipo de investimento, o chefe de Estado considerou que os governos timorense e português devem fazer “acordos mais concretos, comerciais, mas com fortes apoios dos bancos portugueses, do banco central português e timorense”. É preciso que a nível político haja “incentivos a esses empresários para se estabelecerem em Timor”, em vez de andarem “a fazer juras de amor eterno”, como é comum na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Segundo o relatório semestral das perspectivas económicas do Banco Mundial, divulgado esta semana, a economia de Timor-Leste deverá acelerar para uma média de 3,7 por cento no período 2024-2026. Este ano, manteve a trajectória de crescimento próximo dos 3 por cento, mas a um ritmo mais lento devido à baixa execução orçamental, que foi de apenas 25 por cento do Orçamento do Estado e 6 por cento do orçamento de Capital e Desenvolvimento até Maio. “São necessárias taxas de execução substancialmente mais elevadas para alcançar níveis mais elevados de crescimento económico”, alertou o Banco Mundial. Desafios a ultrapassar Apesar das projecções económicas optimistas, Timor-Leste ainda enfrenta muitas dificuldades. O problema da má nutrição está relacionado com a “pobreza, mas também com a questão cultural e educacional”, explicou o chefe de Estado timorense. Dados do Programa Alimentar Mundial (PAM) indicam que cerca de 360.000 pessoas em Timor-Leste, com 1,3 milhões de habitantes, enfrentam níveis críticos de insegurança alimentar. O Banco Mundial recomendou recentemente a Timor-Leste que aumente o investimento para reduzir a fome, a subnutrição e o atraso no crescimento infantil para melhorar o capital humano do país e consequente desenvolvimento económico. “Há muitas famílias com muitos animais domésticos, gado bovino, centenas de búfalos, de cabritos, porcos. Uma família mais educada, mais sensível planearia para dar de comer às crianças, à casa, regularmente com o que tem, mas muitos não o fazem”, disse José Ramos-Horta. Por outro lado, segundo o prémio Nobel da Paz, “matam cinco ou 10 búfalos num casamento ou num funeral e depois passam meses sem comer um bocado de carne”. José Ramos-Horta explicou que também há desconhecimento sobre nutrição e que no tempo da ocupação indonésia criaram o hábito de comer arroz, que é menos nutritivo que o milho, e as massas de 0,25 dólares que é só misturar água. O Presidente lamentou também a falta de água potável para a população e de condições de higiene. “Tudo isso leva a problemas de infecções nos intestinos e estômago”, disse. Lições externas Segundo o PAM, 47 por cento das crianças menores de cinco anos sofrem de atraso no crescimento. “É a minha campanha principal, porque é uma questão humana, ética e moral, mas não só, é o futuro do país, essas crianças são o futuro do país e têm de ser crianças sãs e bem-educadas”, salientou o chefe de Estado. Questionado sobre quais as maiores conquistas do país nos últimos 25 anos, José Ramos-Horta destacou a liberdade de imprensa e a democracia. “Estas são as melhores conquistas”, disse, mas enumerou também a electrificação do país, a construção de estradas, a formação de médicos e enfermeiros, a formação de quadros, bem como o aumento da esperança média de vida. Sobre a emigração dos jovens timorenses, o chefe de Estado disse que foi quem defendeu a saída daqueles jovens do país, numa primeira fase para a Coreia do Sul e para a Austrália. “Primeiro eu dizia, por favor ajudem-nos, não temos emprego, não temos economia, muita pobreza. Levou anos, mas lá consegui”, disse. Actualmente, os timorenses emigrados na Austrália, Coreia do Sul e Inglaterra enviaram 110 milhões de dólares para os seus familiares em Timor-Leste. “Mas não é só o dinheiro, estão a ganhar algo, novas experiências, novos hábitos de trabalho”, sublinhou o chefe de Estado. José Ramos-Horta considerou que “não há nada de negativo” na emigração e que o positivo é que os jovens que vão para fora mandam muito dinheiro para os seus familiares, afastando a possibilidade de défice de quadros. “Daqui a uns anos eles voltam, quando o nosso país está em construção e vamos precisar deles e alguns já voltaram”, salientou.
Hoje Macau Desporto MancheteFIFA exclui jogadores portugueses da selecção de Macau A FIFA confirmou a exclusão de cinco jogadores portugueses da equipa masculina de Macau por não possuírem o passaporte da RAEM, disse sexta-feira à Lusa o seleccionador Lázaro Oliveira. O luso-angolano disse que a Federação Internacional de Futebol (FIFA, na sigla em francês) já informou a Associação de Futebol de Macau da decisão de ratificar uma exclusão imposta pela Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês). A decisão irá, no imediato, afectar o capitão, o luso-sul-africano Nicholas Torrão, Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal, o central Vítor Almeida e o avançado Iuri Kaewchang Capelo, lamentou Lázaro Oliveira. O seleccionador disse que contava com os quatro jogadores para as duas mãos do ‘play-off’ de qualificação para a Taça Asiática 2027, contra o Brunei, que estão marcadas para 05 e 10 de Setembro. Apesar de admitir que a situação fica “mais difícil”, Oliveira garantiu que Macau não desiste de sonhar: “Agora é pôr o foco nos jogadores que estão presentes e tentar rentabilizá-los ao máximo para que possam fazer dois bons jogos e tentar passar”. A médio prazo, acrescentou o seleccionador, a exclusão afecta também David Kong Cardoso, jogador do Fabril do Barreiro, que disputa o Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol português, mas que actualmente está lesionado. Vítor Almeida, de 33 anos e radicado em Macau há quase nove anos, disse à Lusa que a decisão “não faz sentido”. “Há sensivelmente oito meses, jogámos o apuramento para o Mundial, em que não houve problema nenhum”, recordou o defesa. Em Outubro, Macau foi eliminada por Myanmar (antiga Birmânia) da corrida ao Mundial2026 após uma derrota por 5-1 fora e um empate a zero em casa, partidas em que participaram Vítor Almeida, Nicholas Torrão, Filipe Duarte e o médio Nuno Pereira, que então jogava no Imortal, do Campeonato de Portugal. Vítor Almeida descreveu esta exclusão como injusta para jogadores nascidos no exterior como Nicholas Torrão, que “já representa a selecção há mais de 20 anos e representou nas camadas jovens”, mas sobretudo para Iuri Capelo. Capelo, que nasceu em Macau há 31 anos, disse à Lusa estar “desiludido e um bocado frustrado”. “Nós todos trabalhamos, não vivemos do futebol. Então requer algum esforço da nossa parte ir aos treinos e é sempre um orgulho para todas as pessoas poderem representar o local onde nasceram”, sublinhou. Sem excepções Apenas os cidadãos chineses com estatuto de residente permanente em Macau podem obter um passaporte do território. Filho de mãe tailandesa e pai português, Capelo disse que, de acordo com as autoridades de Macau, teria de renunciar ao passaporte português. “Como é uma decisão pessoal minha, não quero renunciar à minha nacionalidade”, explicou. O jogador do Benfica de Macau, actual campeão, disse que a decisão da FIFA “pode desmotivar os mais jovens”, mas alertou que actualmente já há poucos não chineses “a jogar pelas camadas mais jovens da seleção de Macau”. Vítor Almeida, que também lidera uma escola de futebol, sublinhou a importância de não “ficar resignado e desistir”, para que os jovens da região “tenham essa possibilidade de poder representar a selecção de Macau mesmo não sendo chineses”. Uma porta-voz da Associação de Futebol de Macau confirmou à Lusa a exclusão, de acordo com regulamentos da AFC aprovados já em 2021, e lamentou que não haja qualquer excepção para “jogadores que já representam Macau há muitos, muitos anos”.
João Luz Manchete SociedadeElevadores | Moradores queixam-se de preço de reparações Até 2026, a lei obriga a que todos os 10 mil elevadores da cidade sejam alvo de inspecção de segurança. A obrigação de substituir peças que custam centenas de milhares de patacas poderá gerar situações de falta de segurança, alerta o deputado Nick Lei que pede ao Governo que subsidie reparações e admita mais empresas de inspecção A nova lei de segurança dos ascensores, que entrou em vigor no dia 1 de Abril deste ano, estabelece que dentro de um período de três anos todos os 10 mil elevadores instalados em Macau sejam registados, inspeccionados e reparados, caso sejam encontradas falhas de segurança. Porém, as exigências legais podem esbarrar em problemas práticos, indicou Nick Lei, numa interpelação escrita divulgada no sábado. O deputado, ligado à comunidade de Fujian, começou por mencionar as recorrentes dificuldades de gerar consensos em administrações de condomínio, principalmente em relação a despesas avultadas, como a substituição de peças que podem custar centenas de milhares de patacas. Nick Lei indica ter ouvido administradores de condomínios que se queixaram da discórdia provocada pela necessidade legal de cobrir despesas avultadas, incapazes de atingir o consenso dos proprietários. Os responsáveis temem que esta inacção impeça o cumprimento do prazo legal para reparar os ascensores, e garantir a segurança dos moradores. “Que medidas serão adoptadas para garantir a segurança dos elevadores quando os condóminos não quiserem pagar reparações ou a instalação de peças caras? Será que o Governo irá lançar um plano de subsídio específico para acelerar o melhoramento dos elevadores”, questiona. Mãos a medir O deputado recorda que caso os elevadores inspeccionados não cumpram as regras de segurança e obriguem a reparações, estes devem ser supervisionados de oito em oito meses até os melhoramentos serem realizados. Esta situação obriga as administrações dos condomínios a encarregarem uma entidade supervisora para fazer a inspecção anual, mesmo que não se verifiquem problemas. Nick Lei considera haver aqui outro desfasamento entre a letra da lei e a realidade, uma vez que para os cerca de 10 mil elevadores instalados em Macau apenas existem quatro entidades supervisoras disponíveis até ao momento. Como tal, Nick Lei pergunta ao Governo como irá gerir os períodos de maior procura dos serviços de supervisão, em especial quando o prazo para as inspecções estiver a terminar, face à reduzida quantidade de empresas e tendo em conta que um técnico supervisor só pode inspeccionar, no máximo, seis elevadores por dia. O deputado afirmou ainda ter ouvido responsáveis de empresas que se queixaram do tempo excessivo que as autoridades demoram a aprovar inscrições de entidades supervisoras.
Hoje Macau Manchete SociedadeInflação | Aceleração em Julho após quatro meses lentos As refeições compradas fora de casa foram um dos factores que mais contribuiu para o aumento do ritmo de crescimento dos preços. Também o aumento das propinas fez com que a vida se tornasse mais cara no mês passado O Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 0,82 por cento em Julho, em termos anuais, após quatro meses consecutivos de abrandamento, sobretudo devido às refeições adquiridas fora de casa, foi anunciado na sexta-feira. Em Junho, o IPC tinha aumentado 0,64 por cento em termos anuais. De acordo com dados oficiais divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a principal razão para a aceleração foi um aumento de 2,1 por cento no custo das refeições adquiridas fora de casa. Num comunicado, a DSEC justificou a aceleração com uma subida de 5 por cento nos custos da educação, com os dados a mostrarem que as propinas do ensino superior cresceram 8,5 por cento. Além disso, o preço da gasolina e gasóleo para automóveis aumentou 5,9 por cento e os gastos com gás natural e electricidade subiram 4,4 por cento e 0,7 por cento, respectivamente. Por outro lado, as despesas com hipotecas de apartamentos subiram 0,4 por cento. Isto depois da Assembleia Legislativa de Macau ter aprovado, a 18 de Abril, o fim de vários impostos sobre a aquisição de habitações, para “aumentar a liquidez” no mercado imobiliário, defendeu na altura o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. O grande parceiro Com o aumento do número de visitantes, a região registou um acréscimo de 16,6 por cento no preço das joias, relógios e produtos feitos de ouro. Pelo contrário, os dados oficiais mostram uma queda de 15,6 por cento no preço da carne de porco, a mais popular entre os consumidores chineses. Com a progressiva retoma das ligações aéreas, Macau registou uma diminuição de 20,2 por cento no preço dos bilhetes de avião. Os voos directos regulares entre Macau e Xi’an, capital da província de Shaanxi, no noroeste da China, recomeçaram em 20 de Agosto, pela primeira vez desde o fim da pandemia da covid-19. O IPC da China continental, de longe o maior parceiro comercial de Macau, subiu 0,5 por cento em Julho. Foi o sexto mês consecutivo em que a China registou inflação em termos anuais, depois de, entre o final de 2023 e o início deste ano, ter registado uma tendência deflacionária, durante quatro meses. A deflação reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravosa, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. Macau registou deflação durante 10 meses consecutivos, entre Setembro de 2020 e Junho de 2021, no pico da crise económica causada pela pandemia.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Crescimento de 15,7% no primeiro semestre com retoma do jogo A economia de Macau cresceu 15,7 por cento na primeira metade de 2024, em comparação com igual período do ano passado, graças à retoma do jogo. Por outro lado, o fim dos apoios económicos à população ajudou à quebra de 14 por cento nas despesas do Governo O Produto Interno Bruto (PIB) da região administrativa especial chinesa atingiu 204,3 mil milhões de patacas entre Janeiro e Junho, adiantou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o que representou um crescimento anual de 15,7 por cento. A economia de Macau tinha voltado a crescer em 2023, com o PIB a subir 80,5 por cento, graças ao fim da política ‘zero covid’ e à retoma do turismo, invertendo uma contração de 21,4 por cento em 2022. A China levantou em 6 de Fevereiro de 2023 todas as restrições devido à pandemia de covid-19 nas deslocações para Hong Kong e Macau, permitindo o reinício das excursões organizadas para as duas cidades. Em resultado, o benefício económico das apostas feitas por visitantes em casinos aumentou 39,9 por cento em termos anuais na primeira metade de 2024, enquanto dos outros serviços turísticos subiu 2,8 por cento, sublinhou a DSEC, em comunicado. Macau recebeu no primeiro semestre mais de 16,7 milhões de visitantes, mais 43,6 por cento do que no mesmo período do ano passado, enquanto as receitas do jogo cresceram 41,9 por cento, para 113,8 mil milhões de patacas. A DSEC destacou ainda um aumento de 2,8 por cento na procura interna, em parte devido a uma subida de 9,8 por cento no investimento privado, incluindo acréscimos de 29,8 por cento no investimento em equipamento e de 14,7 por cento do investimento em construção. O comunicado apontou para “o crescimento contínuo dos investimentos em construção de edifícios habitacionais, para além do reforço constante dos investimentos em empreendimentos de grande envergadura” por parte das operadoras de casinos. Queda de obras O consumo privado aumentou 7,8 por cento, “devido à subida das receitas dos residentes, a qual foi impulsionada pela recuperação contínua da economia local e do mercado de trabalho”, referiu a DSEC. Pelo contrário, as despesas do Governo caíram 14 por cento, após o fim das medidas de apoio económico, que incluíram dar oito mil patacas a cada residente, montante que podia ser usado para efectuar pagamentos, sobretudo no comércio local. Também o investimento público em construção diminuiu 10,8 por cento, devido à conclusão de parte das obras públicas de grande envergadura, acrescentou o comunicado. A DSEC destacou que a economia de Macau representou 86,2 por cento do PIB registado na primeira metade de 2019, antes do início da pandemia. Macau, com cerca de 687 mil habitantes, tinha no ano passado o décimo PIB per capita mais elevado do mundo, de acordo com dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional. Em 8 de Março, a agência de notação financeira Fitch Ratings previu que a economia do território cresça 15 por cento este ano. Um dia antes, o Fundo Monetário Internacional tinha previsto um crescimento de 13,9 por cento este ano e um regresso, em 2025, aos níveis anteriores à pandemia.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDSF | Desmentido investimento de 40 mil milhões em empresa de Jason Ho Na semana passada voltou a circular o rumor que a empresa do filho de Ho Iat Seng teria recebido do Governo um investimento avultado para desenvolver plataformas no metaverso. As finanças vieram a público negar a informação A Direcção de Serviços de Finanças (DSF) negou o investimento de 40 mil milhões de patacas na empresa do filho de Ho Iat Seng, sem nunca referir a empresa ou o nome do filho do Chefe do Executivo. O desmentido foi feito na sexta-feira, através de uma resposta enviada ao Canal Chinês da Rádio Macau. “Em resposta às perguntas dos média, a Direcção de Serviços de Finanças declara que o Governo da RAEM nunca realizou o chamado investimento público de 40 mil milhões de patacas no metaverso”, pode ler-se na resposta. A DSF defende ainda que este tipo de despesa, a ser realizado pelo Governo, teria de constar no orçamento da RAEM, o que não acontece. “Todos os orçamentos e despesas têm de cumprir rigorosamente as leis do orçamento e estão sujeitas à supervisão da Assembleia Legislativa”, foi acrescentado. O rumor sobre a realização de um investimento de 40 mil milhões de patacas na empresa de Jason Ho Kin Tong para investir num projecto de metaverso não é novo, e terá começado a circular em 2022. Em plena pandemia, o conceito de metaverso entrou no discurso político do Governo e deputados, a reboque das alterações na empresa proprietária da rede social Facebook, que em Fevereiro desse ano adoptou a denominação Meta. No entanto, o rumor voltou a ganhar predominância online na semana passada, com as notícias da não recandidatura de Ho Iat Seng a Chefe do Executivo, e também da saída de Jason Ho Kin Tong do Conselho de Curadores do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT). Nas caixas de comentários de diferentes jornais, inclusive nos meios mais próximos do Governo, e ainda nos grupos de Facebook mais populares do território eram vários os utilizadores que ligavam as saídas ao facto de os dois terem ficado satisfeitos com o “investimento” de 40 mil milhões de patacas. Origem do número Segundo o jornal Cheng Pou, o rumor terá começado com as declarações de Ho Iat Seng, quando em Agosto de 2022, se deslocou à AL e mencionou terem sido feitos investimentos estatais por parte das autoridades do Interior na Ilha da Montanha. Os investimentos de 40 mil milhões teriam sido feitos em áreas como saúde ou novas tecnologias, como a produção em grande escala de semicondutores. Também nessa ocasião, Ho terá mencionado que havia projectos de metaverso a serem desenvolvidos em Hengqin, tendo o Chefe do Executivo expressado o desejo que os jovens de Macau pudessem “participar no desenvolvimento do país, através do metaverso”. O Cheng Pou indica igualmente que a partir dessa ocasião começam a circular rumores de um investimento de 40 mil milhões de patacas da RAEM em Hengqin, que no início não surgem ligados à empresa do filho do Chefe do Executivo. Todavia, em Setembro do ano passado, a ligação com a empresa do filho de Ho Iat Seng começou a ser feita.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGrupo Wai Hung | Investigação por fraude e falsificação enreda Rita Santos A Comissão Independente Contra a Corrupção de Hong Kong anunciou uma operação em Macau, pela Polícia Judiciária, relacionada com suspeitas de crimes. Rita Santos e o deputado Wu Chou Kit são directores independentes não-executivos do grupo. A conselheira afirma não estar envolvida nem ter sido contactada pelas autoridades O Grupo Wai Hung, cotado na Bolsa de Hong Kong e com representação em Macau, está a ser investigado pela Comissão Independente Contra a Corrupção de Hong Kong (ICAC, no acrónimo em inglês) por suspeitas de fraude e falsificação de documentos que se estendem a Macau. A investigação foi divulgada pela ICAC, e contou com uma operação simultânea da Polícia Judiciária (PJ) em Macau. No comunicado emitido na quarta-feira, o grupo não surge identificado. Contudo, a identidade foi revelada por vários órgãos de comunicação social de Hong Kong. Também desde segunda-feira, dia em que as rusgas terão começado, que a compra e venda de acções do Grupo Wai Hung está suspensa. No comunicado emitido na bolsa de Hong Kong a anunciar a suspensão da compra e venda de acções, o grupo prometia mais informações no futuro, sem mencionar a investigação. O Grupo Wai Hung tem ligações a Macau, onde terá sido responsável pelas renovações do interior de salas de junkets, lojas, restaurantes. Além disso, surgem identificados no portal do grupo como directores independentes não-executivos Rita Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades Portuguesas e presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), e Wu Chou Kit, deputado nomeado por Ho Iat Seng e presidente da Associação dos Engenheiros de Macau. Rita Santos, no relatório com os resultados de 2020, surge ainda identificada como presidente da comissão de auditoria da empresa. Também Wu Chou Kit é membro da comissão. “Vou processar o jornal que escreveu que eu estou envolvida nisto. Já estou a arranjar um advogado […] Não tem a ver com os administradores não executivos, hoje [ontem] é que tive conhecimento disso […]. Não estou envolvida”, afirmou Rita Santos, quando foi contactada pelo HM sobre a investigação ao grupo. “Não fui contactada”, esclareceu, quando questionada se tinha sido abordada pela PJ. Posteriormente, a conselheira enviou um comunicado ao HM reafirmar a sua posição: “Sou meramente uma dos três directores independentes não executivos da referida empresa cotada na bolsa de Hong Kong e só hoje [ontem] tive conhecimento das notícias de investigação pelas autoridades de Macau e de Hong Kong através da reunião on-line do Board Meeting. Não tenho nada a ver com esta investigação”. Por sua vez, Wu Chou Kit manteve-se incontactável durante o dia de ontem, com o telemóvel aparentemente desligado. Transacções fictícias Segundo a informação do ICAC, os dirigentes do grupo presidido por Li Kam Hung, terão alegadamente relatado “transacções fictícias” e “falsificado a contabilidade”, num valor aproximado de 120 milhões de dólares de Hong Kong. Os alegados crimes terão acontecido na RAEHK e em Macau. A operação denominada “demarcação” resultou em sete detenções em Hong Kong, entre os quais o presidente do grupo, assim como vários administradores, que não surgiram identificados. “A investigação revelou que alegadamente o presidente da companhia cotada em bolsa e outros indivíduos falsificaram registos comerciais e de contabilidade ligados às sucursais em Hong Kong e Macau, ao mesmo tempo que as contas a receber pela empresa, superiores a 113 milhões de patacas, foram reduzidas”, indicou o ICAC. “Alegadamente os envolvidos falsificaram documentos e os registos da contabilidade para esconderem a apropriação de mais de 9 milhões e dólares de Hong Kong em fundos do grupo”, foi acrescentado. Operação em Macau O comunicado do ICAC revela também que na quarta-feira, devido aos crimes investigados, a Polícia Judiciária foi para o terreno, dado que se suspeita que parte dos factos aconteceram em Macau. O ICAC sublinha que esta foi a primeira operação simultânea deste género entre as duas regiões administrativas especiais. “A operação conjunta demonstra totalmente a colaboração estreita e a determinação das agências das duas cidades na luta contra a corrupção transfronteiriça e outros crimes, para manter um ambiente de negócios limpo, justo e um funcionamento eficaz dos mercados financeiros”, afirmou Ricky Yau Shu-chun, vice-comissário do ICAC e chefe das operações, em comunicado. “O ICAC vai continuar a trabalhar com outras agências de aplicação da lei para combater a corrupção e outras actividades ilegais, e trazer os criminosos locais e transfronteiros à justiça”, frisou. O HM contactou a PJ para confirmar a operação revelada pelo ICAC, mas as autoridades de Macau após afirmarem não ter, “de momento”, qualquer informação para divulgar, enviaram ao fim do dia um comunicado às redacções (ver caixa). De acordo com o relatório e contas de 2020 do Grupo Wai Hung, o mais recente disponível do website, a empresa apresenta cinco sucursais com sede em Macau e mais duas empresas a operar na RAEM. As empresas com sede na RAEM são a Companhia de Construção New Wai Hung, Keng Chuan, WHHE (Macau), WHHDD e Yiu Kwong Decoration Engineering (Macau). As duas outras empresas com actividade declarada em Macau, e com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, são Splendor Haze Limited e Loyal Auspicious Limited. PS exige saída de Rita Santos caso se confirmem suspeitas A secção do Partido Socialista (PS) emitiu ontem uma nota sobre o caso que envolve Rita Santos, pedindo a suspensão do mandato como conselheira das Comunidades Portuguesas caso as suspeitas se confirmem. “A comunidade portuguesa residente em Macau foi surpreendida por notícias graves que envolvem a Conselheira para as Comunidades Portuguesas, alegadamente associando-a a investigações de combate a fraude financeira dirigidas pelas autoridades de Hong Kong e Macau. Aliás, a notícia menciona que a Conselheira é uma das principais visadas.” Na mesma nota, é referido que este Conselho “é um órgão de consulta do Presidente da República Portuguesa e do Governo português devendo, por isso, ser intocável na sua honorabilidade e deve manter-se alheio a qualquer suspeita. A confirmar-se [a suspeita], a Conselheira das Comunidades Portuguesas para a região da Ásia e Oceânia deve de imediato pedir a suspensão do seu mandato até que estejam concluídas as investigações”, conclui-se. PJ sem detenções A Polícia Judiciária (PJ) emitiu ontem uma nota onde refere, sobre o caso que envolve Rita Santos, que “já tinha aberto uma investigação sobre o caso”, tendo contactado “recentemente a Comissão Independente contra a Corrupção de Hong Kong e o Comité de Supervisão dos Valores Mobiliários e Futuros”. Posteriormente foi lançada a operação conjunta com o nome “Demarcação”, sendo que, até à data, ninguém foi detido nem “foram divulgadas mais informações”, é referido.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCE | Governo Central dá sinal de confiança a futura liderança Apesar de ainda não haver candidatos a Chefe do Executivo, nem se saber a constituição do próximo Governo, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado acredita que os escolhidos vão “continuar a escrever um capítulo colorido” O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado acredita que o futuro Governo e Chefe do Executivo vão “continuar a escrever um capítulo colorido da implementação do princípio um país, dois sistemas com características de Macau”. Foi esta a mensagem deixada pelo órgão do Governo Central responsável pelos assuntos da RAEM, após ter sido tornado público que Ho Iat Seng não se vai candidatar a um novo mandato. “Ao longo dos últimos 25 anos, sob a forte liderança do Governo Central e a forte liderança dos sucessivos Chefes do Executivo e dos sucessivos governos da RAEM, todos os sectores da sociedade de Macau trabalharam unidos e lançaram as bases sólidas para alcançar um melhor desenvolvimento”, foi indicado. “Acreditamos que o futuro Chefe do Executivo e Governo que estão prestes a nascer vão com certeza continuar a trabalhar arduamente e continuar a escrever um capítulo colorido da implementação de um princípio um país, dois sistemas com característica de Macau, e a dar maiores contributos para a concretização do sonho chinês do grande rejuvenescimento da nação chinesa!”, foi acrescentado. A mensagem foi publicada na conta de WeChat do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado com o título “Paz em Hong Kong e Macau”, tendo sido divulgada integralmente nos principais jornais em língua chinesa do território. Visita ao passado Em relação à RAEM, o artigo menciona ainda as palavras de Xi Jinping, quando afirmou que apesar de Macau ser um território pequeno pode alcançar grandes feitos, se tiver a “abordagem correcta”. “O presidente Xi Jinping indicou que apesar de Macau ser pequeno, enquanto mantiver a abordagem correcta, com boas políticas, boas capacidades e uma população unida, também pode alcançar grandes feitos”, é recordado. No texto de quarta-feira, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado indicou ainda vários aspectos que considerou terem contribuído para os 25 anos de sucesso em Macau no pós-transição. Entre estes, foram apontados “a insistência no correcto entendimento da relação entre o poder de governação compreensivo do Governo Central e o elevado grau de autonomia”, “a eficiente salvaguarda da ordem constitucional estabelecida pela Constituição e a Lei Básica”, os “esforços para melhorar a consciencialização sobre o nacionalismo e o espírito patriota”, assim como o desenvolvimento económico ou a construção da cidade como “um centro, uma base, uma plataforma” e um “centro mundial de turismo”.