Gripe | Uma morte e dois doentes em estado crítico

Durante o mês passado, os Serviços de Saúde registaram cinco casos graves de gripe, que resultaram numa morte e em dois doentes ainda a necessitar de ventilador. As autoridades esperam um aumento de doentes a recorrer às urgências esta semana

 

Com o pico da época da gripe a continuar até ao fim de Fevereiro, as autoridades de saúde esperam um aumento de doentes nas urgências hospitalares e centros de saúde ao longo desta semana. Em declarações ontem à comunicação social a chefe do Centro de Saúde da Areia Preta, Chou Mei Fong, afirmou que durante a semana passada, com os feriados do Ano Novo Lunar, o número de pacientes que procuraram tratamento médico desceu ligeiramente para cerca de 1.200, em relação à semana anterior.

Durante o mês de Janeiro, os Serviços de Saúde registaram cinco casos severos de gripe que obrigaram ao uso de ventilador, quatro dos quais com um historial clínico de doenças crónicas e um fumador.

Destes cinco casos, dois continuam em estado grave ainda a necessitar de auxílio respiratório através de ventilador e houve o registo de um morto, um idoso de 86 anos que faleceu na segunda-feira. Entre os cinco pacientes, três não eram vacinados.

Depois de uma semana marcada por muitas viagens, ajuntamentos e multidões, as autoridades alertaram a população para prestar atenção à gripe, continuar a usar máscara e a não descurar a higiene pessoal. Caso os sintomas, como dificuldades respiratórias e febre, se agravarem os Serviços de Saúde recomendam o recurso imediato às urgências hospitalares.

As autoridades alertaram novamente para a especial atenção de pessoas que pertençam a grupos de risco, como crianças, idosos e doentes crónicos, por correrem o risco de sofrer sintomas mais severos.

Picas e Hong Kong

A chefe do Centro de Saúde da Areia Preta, Chou Mei Fong, indicou ainda que o Governo comprou 214 mil doses da vacina contra a influenza para a época da gripe 2024/2025. Até ontem, tinham sido administradas mais de 186 mil doses da vacina, o que representa um crescimento de cerca de 13 por cento face ao mesmo período do ano passado.

Com a situação da gripe dentro do controlo em Macau, em Hong Kong as autoridades de saúde enfrentam um panorama diferente.

O Centro de Protecção da Saúde da região vizinha divulgou na semana passada dados alarmantes. Numa semana, entre 19 e 25 de Janeiro, morreram 46 pessoas e em dois dias (26 e 27 de Janeiro) morreram mais 10 pessoas. Desde 9 de Janeiro até ao fim desse mês, 88 pessoas morreram em Hong Kong na sequência complicações com gripe, o pior registo dos últimos cinco anos.

5 Fev 2025

Habitação | Custo por metro quadrado cai 17 por cento

Pela primeira vez, desde Setembro de 2024, o custo médio das habitações ficou abaixo das 70 mil patacas por metro quadrado. Os preços na Taipa ultrapassaram os praticados em Coloane

 

Na primeira metade do mês de Janeiro, o preço médio das transacções de habitações sofreu uma redução de 17 por cento face ao ano anterior, de acordo com os dados mais recentes na Direcção dos Serviços de Finanças (DSF).

Segundo a informação oficial, no início de Janeiro o preço médio da compra e venda de habitação foi de 69.882 patacas por metro quadrado, uma redução de 17 por cento, em comparação com o preço da primeira metade de Janeiro de 2024. Nessa quinzena, a média do metro quadrado atingiu as 84.325 patacas.

Pela primeira vez, desde Setembro do ano passado, o preço médio da habitação por metro quadrado ficou abaixo das 70.000 patacas.

Em comparação com os preços da primeira metade de Dezembro do ano passado, quando o metro quadrado era comercializado a uma média de 82.383 patacas, Janeiro representa uma redução de 15,17 por cento do valor das casas.

Na primeira metade de Janeiro deste ano, o preço médio por metro quadrado mais elevado foi registado na Taipa, com uma média de 79.474 patacas por metro quadrado. Em Coloane, o local onde tradicionalmente o preço atinge os valores mais altos, o valor médio não foi além das 72.252 por metro quadrado. Na Península de Macau, o preço médio foi de 66.753 patacas por metro quadrado.

Aumento reduzido

Ao mesmo tempo que os preços do imobiliário ficaram mais baratos, registaram-se mais transacções de habitação. Na primeira quinzena deste ano, houve 125 compras e vendas, o que representou um aumento de 20 transacções, ou 19,05 por cento, em comparação com o período homólogo, quando tinha sido contabilizadas 105 compras e vendas de habitação.

Quando a comparação é feita tendo em conta a primeira metade de Dezembro de 2024, houve mais 31 transacções, dado que nesse período tinha havido um total de 94 compras e vendas de habitação.

Em termos de transacções, o maior número de compras e vendas de habitações aconteceu na Península de Macau, com 96 transacções, seguido pela Taipa onde tiveram lugar 20 negócios. Finamente, em Coloane registaram-se nove transacções. O início de Janeiro confirmou as tendências do final de Dezembro, quando também na Península tinha ocorrido o maior número de transacções, com 53 compras e vendas, seguido pela Taipa, com 37 transacções, e por Coloane, onde aconteceram seis operações.

5 Fev 2025

Concertos | Chan Iek Lap quer mais segurança na venda de bilhetes

Chan Iek Lap está preocupado com o mercado negro e pede o reforço da fiscalização e do combate ao fenómeno. O deputado sugere que o Governo solicite às redes sociais a remoção de publicações a vender bilhetes

 

O deputado Chan Iek Lap defende a necessidade de implementar sistemas de segurança contra fraudes na venda de bilhetes para concertos. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, em que o membro da Assembleia Legislativa se mostra preocupado com o aumento das burlas e vendas de ingressos no mercado negro.

De acordo com os dados apresentados pelo deputado, só nos tempos mais recentes, as autoridades policiais receberam queixas de vários residentes e cidadãos do Interior da China que foram enganados, quando tentavam comprar bilhetes para concertos no território. Os valores das burlas mais recentes ultrapassaram 110 mil patacas.

Em Macau, à imagem do que acontece em Hong Kong, os bilhetes disponibilizados para venda ao público são em número reduzido e esgotam rapidamente, por estarem antecipadamente reservados, ou devido à utilização de software por parte de vendedores do mercado negro que inundam os sites de venda.

Como consequência, os interessados acabam por comprar os bilhetes no mercado negro, onde pagam preços mais elevados ou são alvos de burlas, o que acontece quando pagam por bilhetes que nunca recebem.

“Esta situação tornou-se numa preocupação generalizada da população, em especial o problema do cada vez maior mercado negro”, escreve Chan Iek Lap. “Face ao número crescente de fraudes na venda de bilhetes, o Governo tem intenção de fazer uma revisão do sistema de gestão de bilhetes e reforçar o sistema jurídico da compra e venda de bilhetes de concertos, de modo a evitar a ocorrência de mais fraudes semelhantes?”, questiona o deputado.

Actualmente, segundo o deputado, a venda ilegal de bilhetes pode ser punida com uma pena de prisão até três anos ou multa não inferior a 120 dias.

Linha para denúncias

Como parte do esforço de combate ao mercado negro, o deputado quer ainda saber se a polícia vai criar pontos de contacto exclusivamente para receber denúncias sobre o mercado negro.

Por outro, Chan Iek Lap questiona se existe a possibilidade de o Governo interceder junto das empresas donas das redes sociais para impedir a venda no mercado negro. “O Governo tem a intenção de reforçar a cooperação com as plataformas de redes sociais e exigir-lhes que examinem informações sobre bilhetes e apaguem mensagens ilegais?”, pergunta.

O deputado também pergunta se o Governo está a planear medidas para evitar o recurso ao mercado negro, onde os consumidores ficam fragilizadas, e organizar campanhas de sensibilização para alertar o público.

5 Fev 2025

Cheques | Ron Lam pede cortes para quem não vive em Macau

A natureza, objectivos e limites à distribuição de cheques pecuniários voltaram à ordem do dia. Duas semanas depois de Lo Choi In ter sugerido o fim da atribuição dos cheques a quem está fora de Macau, Ron Lam partilha a mesma opinião e questiona se a medida é um apoio ou uma repartição de dividendos

 

Menos de um mês e meio depois da tomada de posse de Sam Hou Fai como Chefe do Executivo, voltou à ordem do dia a questão do corte na distribuição de cheques pecuniários. Ron Lam entende que o Governo deve explicar qual a intenção original e definição do programa de comparticipação, esclarecendo se a medida é um apoio financeiro ou distribuição de dividendos. As declarações de Ron Lam a pedir esclarecimentos conceptuais, publicadas ontem no jornal Ou Mun, foram prestadas tendo em conta possíveis “ajustes posteriores” à medida.

O deputado defende que, à semelhança do apoio aos beneficiários do regime de previdência central não obrigatório, a distribuição dos cheques pecuniários deve ficar limitada a quem permanece no território, pelo menos, 183 dias num ano.

Recorde-se que o “Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico” tem sido apresentado pelo Governo como uma forma de “partilhar com a população os frutos do desenvolvimento económico”.

Independentemente do objectivo referido todos os anos pelos sucessivos Executivos, desde 2008, Ron Lam afirma que as políticas públicas precisam ter objectivos e direcções concretas para assegurar a sua execução eficiente e ajustes com precisão científica. Estas são as prioridades apontadas pelo deputado, antes de se decidir alterações ao montante atribuído e se a distribuição é cortada aos residentes que vivem fora de Macau. Porém, sublinha que o cancelamento do programa não é realista.

A idade dos porquês

Se o cheque pecuniário diz respeito à partilha dos frutos do desenvolvimento económico, o que explica a sua distribuição durante a pandemia quando o território mergulhou numa crise económico e em défice orçamental? O deputado salienta que durante os três anos de pandemia, o Governo não fez as habituais injecções de capital nas contas individuais do regime de previdência central não obrigatórios. Apesar de dizer que não concordou com a suspensão das injecções de capital, Ron Lam indicou que o Governo deve esclarecer claramente a natureza das suas políticas.

Ron Lam recordou que cerca de 100 mil residentes que não moram em Macau beneficiam do cheque pecuniário.

Segundo os dados das propostas orçamentais para o ano económico de 2025, citados pelo deputado, o erário público poupou 79,32 milhões de patacas com cheques que não foram depositados dentro do prazo de três anos. Ron Lam apontou que o Governo deve verificar se os destinatários que não trocaram o cheque ainda estão vivos.

5 Fev 2025

Ricardo Clara Couto, autor do documentário sobre Francisco de Pina | O peso da culpa que persiste

“Francisco de Pina – O português que escreveu o futuro do Vietname” conta a história do padre jesuíta, nascido na Guarda em 1586, que fez a romanização do alfabeto vietnamita. O documentário, da autoria de Ricardo Clara Couto foi financiado pela RTP2 e exibido no Centro Científico e Cultural de Macau

Como se deparou com esta personagem da história portuguesa no Oriente?

O meu irmão, que se chama Filipe Pires, viajou pelo Vietname durante algum tempo e quando chegou da viagem disse-me que tinha de conhecer a história incrível do jesuíta Francisco de Pina que tinha feito a romanização do alfabeto vietnamita, proporcionando liberdade e independência culturais tremendas. Fiquei um pouco céptico no início, pois achei estranho ninguém conhecer isto em Portugal, mas comecei a minha pesquisa sobre o tema e descobri um estudo universitário de uma professora franco-vietnamita que dá aulas na Madeira. Confirmei então que a ideia que o meu irmão tinha trazido do Vietname estava correcta. A partir daí, tentei descobrir a origem deste padre, o trabalho que tinha efectuado, e perceber porque havia tão pouco conhecimento sobre Francisco de Pina em Portugal.

Além de ter sido missionário jesuíta, pode destacar alguns pontos biográficos que ajudem a compreender o seu legado?

No documentário não tive o tempo para conseguir fazer uma abordagem biográfica mais exaustiva. Foquei-me meramente na parte em que ele chega ao Vietname. Falamos de um homem com uma cultura incrível e com uma vontade de aculturar e ser aculturado. Um homem que era músico e foi mais fácil, com isso, aprender o vietnamita, que é uma linguagem de seis tons. No fundo, apesar de ser um padre jesuíta, tinha como primeiro desígnio a cultura e não tanto a religião. Isso, para mim, é um motivo de enorme admiração. Para ele o objectivo essencial da evangelização era secundário, porque, para ele, se não conseguíssemos compreender a cultura do Vietname, não conseguiríamos ensinar o povo vietnamita. Era mais importante aprofundar a cultura e a língua locais, fazendo-se entender para poder, a partir daí, explorar a parte mais religiosa. Foi também um homem que teve muita dificuldade quando chegou ao Vietname.

Porquê?

Houve algumas guerras internas perante alguns senhores locais das regiões que não concordavam com a missão dos padres. Isso não está explorado no documentário, mas de facto Francisco de Pina chegou a fazer algumas diligências [para a missão jesuíta], pois os padres não eram totalmente aceites em todo o lugar. Acabou por se refugiar num bairro japonês e, a partir daí, construiu a sua base.

Francisco de Pina, à semelhança do que acontecia com muitos jesuítas na época, fez formação em Macau, no Colégio de S. Paulo. De que forma foi influenciado por esse período passado no território?

Não há muita informação sobre esse tempo. Sabe-se que se formou, de facto, nesse colégio, tal como acontecia com muitos padres jesuítas na época, mas depois foi para o Japão. Só depois vai para o Vietname. Até aí, não houve nada de grande relevo na vida de Francisco de Pina, que seguiu o caminho normal. O Japão já estava a expulsar os padres jesuítas e é nesse contexto que vai para o Vietname. A única coisa de maior relevo desse período é que os 14 navios que saíram de Portugal para chegar a Macau nesse ano restaram apenas três, e o navio onde ia Francisco de Pina foi um dos que sobreviveu à tempestade.

Considera que o seu grande legado terá sido a romanização do vietnamita? Quais os grandes contributos deste processo em termos linguísticos?

É um contributo gigante. Se pensarmos que até na romanização da língua, o Vietname estava muito dependente do alfabeto chinês, e não conseguia ter independência cultural, linguística e económica também. Depois da romanização do alfabeto foi possível ao Vietname crescer nesses domínios e ter a sua própria identidade. O país cresceu imenso até aos dias de hoje, pois sem a escrita uma língua passa apenas para as novas gerações de boca em boca, e o legado de Francisco de Pina também se mantém até hoje. O povo vietnamita é muito agradecido a isto, e a prova é que há dois anos uma delegação da Fundação Vietnammese Language Foundation veio a Portugal e ofereceu um monumento à Câmara Municipal da Guarda (ver caixa) em homenagem a Francisco de Pina. Porém, fiquei surpreendido pelo facto de os vietnamitas, e falamos de académicos catedráticos, conhecerem bem a história, a figura de Francisco de Pina, existindo no país várias referências. Mas em Portugal é uma figura pouco conhecida.

Como explica isso?

Penso que isso terá a ver com a necessidade que Portugal tem de fazer a sua catarse sobre esse período da história. Portugal foi um país completamente diferente de África para o Oriente, e completamente diferente de África para as Américas. Mas, no entanto, existe este peso da culpa. Portugal não consegue falar sobre esse período do tempo, apesar de ter uma história riquíssima entre África e o Oriente, mas essa época não é muito abordada porque o país ainda não assumiu o que aconteceu e, por isso, não pode falar desse período. Por isso, ainda tanta coisa da riquíssima história de Portugal é desconhecida pelos portugueses.

Como foi o processo de pesquisa para o documentário?

Rapidamente cheguei ao estudo da professora Minh Ha Nguyen Lo Cicero, da Universidade da Madeira, e com ela fomos às raízes da língua vietnamita. Quando a descobri foi incrível, porque ela faz parte do triângulo de romanização do alfabeto vietnamita, por ser franco-vietnamita. Até há pouco tempo, a versão oficial que existia era de que Alexandre de Rhodes, jesuíta francês, tinha romanizado o alfabeto, registando-o depois no Vaticano e dizendo que era um trabalho em homenagem ao seu mestre, Francisco de Pina. Porém, o nome de Francisco de Pina desapareceu. Passamos, a partir daqui, à narrativa oficial francesa, nacionalista, de que a romanização do alfabeto tinha sido feita por franceses pelo facto de o Vietname ter sido uma colónia francesa. Depois cheguei também ao professor António Morgado. Os restantes contactos foram feitos no Vietname, de linguistas, professores universitários e especialistas no idioma, sobretudo na escrita, que depois integraram o documentário.

Como descreveria o Vietname da época de Francisco de Pina?

Era muito fragmentado. Eles têm uma cultura muito própria que existia através de uma escrita com hieróglifos chineses, mas lida em vietnamita, o que levava a que apenas 1 a 3 por cento da população soubesse ler e escrever. Com a romanização essa percentagem aumentou exponencialmente, e com isso a cultura desenvolveu-se junto das populações, uniu-as mais em torno de uma escrita comum. Penso que isso tornou o Vietname mais moderno e preparado para se integrar no resto do mundo ao ter uma língua mais acessível.

Sente que vai ajudar a desvendar esta parte da história de Portugal, bem como a história da própria missão jesuíta?

Espero que sim. Portugal parece que tem um certo medo e pudor em falar desta época, e a prova disso é que este povo vietnamita veio à Guarda oferecer um monumento e praticamente não saíram notícias sobre o assunto. Além disso, os representantes da delegação do Vietname ficaram um pouco admirados por não serem recebidos a nível oficial, à excepção do presidente da Câmara Municipal da Guarda. Eu, que fui convidado por eles a estar presente, senti um bocado vergonha alheia, pelo facto de o Vietname ter vindo a Portugal oferecer um monumento e isso ser encarado como um evento secundário, que não é. Seria importante dar a conhecer este padre e este feito ao país e ao mundo, até porque Portugal e o Vietname têm uma história cultural muito próxima e rica, tal como com o Japão e a China. Mas esta é uma vertente pouco conhecida do povo português e [este documentário] pode ser uma boa oportunidade para o país fazer a sua catarse.

Escultura de artista vietnamita lembra Francisco de Pina na Guarda

Em Novembro de 2023, a Fundação da Língua Vietnamita ofereceu à cidade da Guarda a escultura “Nova Estela”, do artista vietnamita Nguyen Huy Anh. A obra pode ser vista no jardim da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. Segundo uma notícia da agência Ecclesia, o evento decorreu no âmbito das celebrações do 824.º aniversário da atribuição de foral pelo Rei D. Sancho I à cidade. “Trata-se de uma homenagem, a título póstumo, ao padre Francisco de Pina, um sacerdote jesuíta nascido na Guarda, em 1586, cujo percurso religioso passou por uma missão no Vietname, onde viveu nove anos de intensa actividade missionária, de linguística e de interculturalidade”, referiu a Diocese da Guarda, em comunicado.

Segundo a mesma nota, o missionário Francisco de Pina foi o responsável pela introdução do alfabeto latino e sinais diacríticos na transcrição dos sons e dos tons da língua vietnamita, que utilizava, na escrita, caracteres chineses.

O padre embarcou há mais de 400 anos na Nau de Nossa Senhora do Vencimento do Monte do Carmo, tendo completado a formação no Colégio de São Paulo em Macau e recebido a ordenação sacerdotal em Malaca. Foi depois chamado para a recém-criada Missão dos Jesuítas da Cochinchina, zona que corresponde à parte central do Vietname actual. “Nunca mais veio à cidade onde nascera e regressou agora num barco esculpido em bronze por artistas vietnamitas trazido por mar do longínquo Vietname. A partir de agora, o Padre Francisco de Pina ficará na memória histórica da Guarda e dos seus habitantes, materializado neste barco que o trouxe de regresso à sua cidade, deixando lá bem longe o nome da Guarda, escrito também ele em letras de bronze”, concluiu a Diocese.

5 Fev 2025

Construção | Salários com quebra de 2,7% em 2024

No ano passado, os trabalhadores da construção civil viram os salários sofrerem uma redução para uma média diária de 763 patacas. Também os preços dos materiais de construção ficaram mais baratos

 

No ano passado, o salário diário médio dos trabalhadores da construção civil registou uma quebra de 2,7 por cento para 763 patacas por dia, de acordo com os números publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Todavia, a DSEC reconhece que quando é eliminado “o efeito da inflação”, a quebra do salário médio por dia ao longo de 2024 foi mais acentuada, atingido 3 por cento, em relação a 2023.

Quando a análise é feita tendo em conta apenas o quarto trimestre do ano passado, os dados mostram que houve um crescimento de 1,3 por cento face ao trimestre anterior 2024, com o salário médio por dia a atingir 777 patacas. Este é um valor acima das 775 patacas recebidas por dia em 2023. No entanto, o salário médio diário está abaixo dos valores de 2021 e 2022, quando os números eram de 799 patacas e 798 patacas por dia, respectivamente.

Entre o terceiro e o quarto trimestre do ano passado, os salários médios diários dos carpinteiros de cofragem foram os que registaram uma quebra maior, de 3,8 por cento, para 783 patacas por dia, seguindo-se os salários dos montadores de equipamento de combate a incêndio, com uma redução de 2,8 por cento, para as 837 patacas por dia.

No pólo oposto, os operadores de máquinas tiveram um aumento de 6,8 por cento, para 884 patacas por dia, enquanto os canalizadores e montadores de tubagens de gás tiveram crescimentos salariais de 2,5 por cento, para as 890 patacas por dia.

Materiais mais baratos

Em relação ao índice médio de preços dos materiais de construção dos edifícios de habitação, a DSEC indicou que houve uma redução de 1,2 por cento, o que significa que os materiais ficaram mais baratos.

Na análise trimestral, a redução foi mais ligeira, e apenas 0,7 por cento. O preço médio do varão de aço com estrias de secção redonda teve uma redução de 1 por cento, para 5.298 patacas por tonelada. O preço do betão pronto ficou praticamente estável, com uma diferença de 0,1 por cento para 1.083 patacas por metro cúbico.

Em relação ao índice de preços dos materiais de construção, os preços dos equipamentos, madeira e betão pronto apresentaram reduções de 4 por cento, 1,1 por cento e 0,1 por cento.

4 Fev 2025

Casinos-satélite | Ron Lam pede soluções urgentes

Com a aproximação do fim do período transitório para os casinos-satélite ficarem na esfera de exploração das concessionárias, Ron Lam pede soluções urgentes e regulação para o sector. O deputado pede esclarecimentos e resoluções que garantam a sobrevivência dos casinos-satélite

 

No fim deste ano, termina o período transitório para que os casinos-satélite passem a ser explorados pelas concessionárias de jogo, sem possibilidade de distribuir dividendos e comissões, podendo apenas cobrar taxas de gestão. A incerteza tem motivado preocupações no sector e pedidos de esclarecimento de deputados, as mais recentes partilhadas por Ron Lam.

O deputado lançou um apelo urgente ao Governo para elaborar regras e normas para a operação de casinos-satélites, nomeadamente no que diz respeito às condições que garantam a sobrevivência financeira das empresas, depois de 31 de Dezembro deste ano, e dos empregos dos trabalhadores.

Em declarações ao Jornal do Cidadão, Ron Lam lembrou que findo o prazo de transição, as operadoras de casinos-satélites só podem cobrar taxas de gestão, sem comissões ou partilha de receitas com as concessionárias.

Tanto o Executivo liderado por Ho Iat Seng, como o novo Governo de Sam Hou Fai não indicaram como serão definidas, e com que critérios serão aplicadas as taxas de gestão, aponta o deputado. Além disso, o legislador indica que as concessionárias não discutem com as empresas que gerem os casinos-satélite os contornos e detalhes destas taxas, criando confusão e incerteza em relação às operações destes espaços.

Sobrevivência das espécies

Ron Lam sublinha que o valor fixado para a taxa de gestão será determinante para a sobrevivência dos casinos-satélite e dos empregos dos seus trabalhadores. Se as empresas que operam os casinos-satélite considerarem que o quadro legal não permite chegar aos lucros, podem desistir das operações, prejudicando a economia do território, sobretudo as pequenas e médias empresas nas proximidades destes espaços, argumenta Ron Lam.

Apesar das garantias dadas aquando da aprovação da nova lei do jogo, de que as concessionárias de jogo iriam absorver a mão-de-obra dos casinos-satélite, Ron Lam afirma que os trabalhadores estão com medo do futuro. Os funcionários contratados directamente pelos casinos-satélite, sem vínculo à concessionária, temem ser despedidos, enquanto os trabalhadores contratados pelas concessionárias terão de se adaptar a um novo ambiente de trabalho.

Partindo do princípio que a maioria dos casinos-satélite está no ZAPE, o deputado realça também a capacidade que estes têm para desviar visitantes dos pontos turísticos com maior afluência de pessoas.

4 Fev 2025

Serviços Comunitários | Sam Hou Fai altera conselhos consultivos

Foram publicadas ontem no Boletim Oficial as novas constituições dos órgãos consultivos dos serviços comunitários, que ficam marcadas por várias entradas e algumas promoções

 

Sam Hou Fai promoveu várias alterações na constituição dos Conselhos Consultivos dos Serviços Comunitários, que foram divulgadas em despacho publicado ontem no Boletim Oficial. Entre as alterações destaca-se a saída do macaense António de Jesus Monteiro, depois de ter cumprido dois mandatos no Conselho Consultivo da Zona Central.

No Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, a associação Aliança de Povo de Instituição de Macau, ligada à comunidade de Fujian, vê a influência reforçada com dois membros entres os três coordenador-adjuntos que auxiliam o presidente do Instituto dos Assuntos Municipais, Chao Wai Ieng, na organização das reuniões. O membro da associação Chan U Long vai cumprir o segundo mandato como coordenador-adjunto, ao qual se vai juntar Chan Ian Ian, da mesma associação, que era já era membro do conselho consultivo, mas é assim promovida a coordenadora-adjunta. Wong Chio U, ligado à Associação de Voluntários de Macau e Federação de Juventude de Macau, é igualmente promovido a coordenador-adjunto.

A nível do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, Sam Hou Fai optou por manter como membros Leong Lou Ian, Fu U On, Si Iat, Cheang Wai Sam, Loi Si Weng, Cheang Hoi Fai, Cheang Kai Lok, Lei Choi Hong, Chan Ka In, Kun Lai Ian, Zeng Zengwei, Kou Ka Lei, Luo Xiaoqing, Ho Wai San, Wang Guanxun e Ip Weng Hong. A nível de entradas, passam a integrar o conselho Lei Choi Fan, Lao Kei Fun, Lao Ka Kei, António Law Kit Son, Lam Hoi Leng, Lou Si Man, Wong Kuai Hou e Sio Hin Wa.

Dever cumprido

A nível do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, as alterações não se ficaram pela saída de António Jesus Monteiro. Para as posições de coordenadores-adjuntos, o Chefe do Executivo escolheu Chang Ka Wa, ligado aos Moradores de Macau, e Pui Seng In, que integra a Associação de Voluntários de Macau, sendo que ambos já integravam este órgão. Os dois promovidos juntam-se a Wu Hang Sang, ligada aos Operários de Macau, que se mantém como coordenadora-adjunta.

Com as mudanças, deixa de haver macaenses neste conselho consultivo. Sam optou por manter Lam Wai Hou, Mok Chio Kuan, Lam Cheok Kai, Choi Tong, Kuan Im Kun, Carlos Kun Kim Hong, Leong Chon Kit, Ieong Chon, Tam Chan Lam, Lei Kit Ian e Yp Weng Keong.

Como novos membros escolheu Chan Meng Kei, Lai Chon Tou, Chan Hio Teng, Leong Kim Kio, Wong Sok Kuan, Tam Chi Hou, Wong Chi Choi, Tam Nga Lei, Lao Sio Cheok, Si Tong Leong, Pun Sio Nam e Chan Tong Sut.

Mudanças profundas

Finalmente, no que diz respeito ao Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, as mudanças ao nível dos coordenadores-adjuntos foram mais profundas, com as promoções dos membros Leong Chon Kit, chefia da Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau, Li Yongjian, associado dos Moradores de Macau, e Un Su Kei, dirigente da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau.

Além disso foram mantidos Si Lai Kuan, Lam Tsz Kwan, Fong Chi Kin, Flávio Sam, Chung Wai Hung, Lei Man Chong, Wong Chon Kit, Lau Nga Lok, Ha Chong Ieng e Vong Vai Tin. A nível das entradas, Sam Hou Fai escolheu como novos membros: Hoi Kit Leng, Leong Sai Kun, Chan Si Ian, Sou Man I, Cheong Meng Wai, Wong Wai Yip, Leong Meng Ian, Lam Cheng Teng, Vong Keng Hei, Chang Lei, Ieong Weng Kuong e Leung Sio Kei.

4 Fev 2025

Trabalho | Desemprego jovem e TNR preocupam Nick Lei

O desemprego jovem, a falta de segurança laboral e o aumento de trabalhadores não-residentes nos últimos anos são tarefas a resolver pelo novo Governo, de acordo com Nick Lei. O deputado pede mais oportunidades de emprego para jovens residentes nas indústrias-chave

 

Apesar de o ano passado ter fechado com uma taxa de desemprego de 1,8 por cento, confortavelmente dentro das margens da definição de “Pleno Emprego”, Nick Lei encontra sinais de alerta nos dados oficiais, em especial no que diz respeito aos residentes mais novos.

Numa interpelação escrita, o deputado da bancada parlamentar ligada à comunidade de Fujian começa por elogiar os esforços das autoridades, nomeadamente da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), com a implementação de feiras de emprego, programas de formação e estágios. Porém, Nick Lei recorda que no final do terceiro trimestre de 2024, apesar do Pleno Emprego, dois terços dos desempregados tinham idades compreendidas entre 16 e 44 anos. O conceito de Pleno Emprego designa situações quando todos os que estão legalmente autorizados a trabalhar conseguem encontrar emprego em pouco tempo e sem grande esforço.

O deputado sublinha que os planos de vida e de carreira profissional dos jovens não são apenas importantes na esfera pessoal, mas também têm um impacto profundo no desenvolvimento sustentável da sociedade. Como tal, este é um tema que deve constar entre as prioridades do novo Governo. Nick Lei começa por sugerir o aumento de formações e estágios e mais oportunidades nas indústrias apontadas como prioritárias para a diversificação económica.

A vida dos outros

Outro dado estatístico onde Nick Lei gostaria de ver menos jovens é o subemprego. No terceiro trimestre de 2024, apesar de o número de pessoas subempregadas em Macau ter diminuído face ao trimestre anterior, ainda existiam 4.200 pessoas subempregadas, especialmente jovens com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos, que representavam 32,3 por cento do total.

O deputado cita ainda queixas de jovens que indicam que, apesar de estarem abertos a experimentar diferentes cargos e a ganhar experiência, não encontram estabilidade no mercado de trabalho, acabando por ficarem “agarrados” a trabalhos ocasionais ou em substituição. Nick Lei refere que esta situação despe os trabalhadores de direitos, pagos à hora, sem horários de trabalho, folgas semanais ou férias, e que estes casos acontecem inclusive em empresas que fornecem serviços à administração pública.

Face a esta realidade, o deputado pede ao Governo para estabelecer padrões e condições em concursos de concessões ou em contratos com empresas privadas que defendam a estabilidade de emprego dos residentes.

Nick Lei pergunta também ao Governo que planos tem para corrigir assimetrias no mercado de trabalho e se irá encorajar as grandes operadoras de jogo e lançar mais programas e estágios com oportunidades de emprego para jovens.

Como não poderia deixar de ser, o deputado apontou baterias aos trabalhadores não-residentes (TNR), particularmente ao aumento desde 2022, numa altura em que a economia do território estava paralisada devido pandemia, levando à saída de Macau de muitos não-residentes, que inclusive não podiam entrar na RAEM depois de saírem do território.

Após repetir que os TNR só devem ser contratados de forma complementar, quando não houver empregados locais para as vagas, Nick Lei pediu ao Governo para renovar a atenção para as práticas de contratação de TNR nas grandes empresas, em especial nos resorts integrados.

4 Fev 2025

Estudo | Maior satisfação de vida associada a relações e dinheiro

Um estudo que avalia a satisfação de vida em 65 países e regiões, incluindo China, Taiwan e Hong Kong, conclui que em todos os países a segurança financeira e ter uma relação amorosa são factores chave para a felicidade. Porém, durante a pandemia houve uma “grande variabilidade na satisfação global”

 

O que é necessário para ter uma vida plena e com felicidade? A questão, que pode ter várias conotações e tendências espiritais, procurou ser respondida e quantificada pelos autores do estudo “Life satisfaction around the world: Measurement invariance of the Satisfaction With Life Scale (SWLS) across 65 nations, 40 languages, gender identities, and age groups” [Satisfação com a vida em todo o mundo: Invariância de medição da Escala de Satisfação com a Vida (SWLS) em 65 países, 40 línguas, identidades de género e grupos etários].

O estudo, editado recentemente pela revista académica “PLOS One”, partiu de análises feitas por dezenas de académicos e contribuidores em 65 países e regiões, incluindo a China, Taiwan e Hong Kong, o que perfaz 57 mil pessoas analisadas.

Em termos gerais, os autores concluem que “em todos os países uma maior satisfação com a vida foi significativamente associada à segurança financeira e à existência de uma relação de compromisso ou casamento”. Desta forma, os resultados apontam que “uma maior satisfação com a vida está significativamente associada a uma maior segurança financeira e a qualificações educacionais mais elevadas (o que pode ser um indicador do estatuto socioeconómico, embora a dimensão do efeito desta relação específica fosse insignificante)”.

Em termos gerais, “estes resultados são consistentes com as provas que indicam que a satisfação das necessidades humanas básicas e o bem-estar material é um forte – possivelmente o mais forte – preditor do bem-estar psicológico em geral e da satisfação com a vida especificamente”.

É certo que os autores chamam a atenção para o facto de a ideia de bem-estar poder variar de país para país consoante a cultura das populações, mas os resultados “sugerem que, quando considerada ao nível do indivíduo, a associação entre a satisfação com a vida e os indicadores de bem-estar material parece ser relativamente robusta entre nações”.

No tocante aos relacionamentos, as respostas penderam mais para a importância de não se estar só. “Verificámos que o estado civil estava significativamente associado à satisfação com a vida. Mais especificamente, verificámos que os inquiridos em relações de compromisso tinham maior probabilidade de relatar mais satisfação com a vida do que os não casados. Este resultado é consistente com a literatura mais alargada que mostra que o estado civil é um correlato robusto do bem-estar psicológico.”

Porém, uma vida satisfatória não está directamente ligada exclusivamente a relações amorosas, podendo também ocorrer quando a pessoa tem uma vida social activa. “Tem sido sugerido que a formação e manutenção de relações sociais é fundamental para a promoção da satisfação com a vida, particularmente em culturas ou comunidades que enfatizam os valores familiares, porque satisfazem uma necessidade humana básica de pertença e são uma fonte de afirmação positiva”. Além disso, “reforçam comportamentos saudáveis e protegem contra o impacto de acontecimentos negativos”.

Assim, o estudo considera ser “provável que as pessoas que vivem em relações de compromisso possam reportar um maior apoio emocional e integração social, o que, por sua vez, contribui de forma independente para a satisfação com a vida”.

Os tempos covid-19

Se a socialização é tida como muito importante para uma vida satisfatória, como terá sido em tempos de covid-19, que obrigou a longos períodos de confinamento e isolamento? O estudo recorreu a critérios específicos e estatísticas para avaliar a questão, concluindo que houve “uma grande variabilidade na satisfação global com a vida no contexto da pandemia de covid-19. Os inquiridos no Canadá (francófono) e de Israel apresentaram as médias SWLS mais elevadas e os inquiridos no Japão e na Ucrânia a apresentarem as médias mais baixas”.

Tendo em conta a grande dimensão da amostra, os resultados permitem concluir “que a satisfação com a vida variou substancialmente entre os grupos nacionais na altura da pandemia da covid-19″, embora, destacam os autores, “seja necessário ter cuidado ao interpretar as médias latentes” referidas no trabalho para não se avançarem com conclusões definitivas. Ainda assim, os académicos entendem que estes dados podem ser importantes para quando “profissionais e os decisores políticos tentarem compreender as diferenças na satisfação com a vida entre as nações”, além de ser uma “forma de apoiar melhor o bem-estar subjectivo na era pós-pandémica”.

Destaque ainda para a menor satisfação de vida por parte dos grupos populacionais minoritários. “Verificámos que a identificação como parte de uma minoria racializada estava associada à menor satisfação com a vida. Embora este facto seja consistente com alguns trabalhos anteriores e reflicta provavelmente o efeito deletério das experiências de racismo na satisfação com a vida, é de notar que a dimensão do efeito desta relação foi insignificante.”

Além disso, os autores destacam que “a urbanidade estava associada à satisfação com a vida de forma pouco significativa”, tendo sido avaliada se viver numa cidade ou outro contexto urbano mudava o nível de satisfação com a vida.

Meios e fins

Para se atingirem os dados da escala SWLS acima descritos, foi feito o “Inquérito sobre a Imagem Corporal na Natureza” (BINS, na sigla inglesa) por parte de 253 cientistas ou académicos dos 65 países envolvidos, que recolheram dados entre Novembro de 2020 e Fevereiro de 2022.

No total, foram entrevistadas 56.968 pessoas, 58,9 por cento eram mulheres, 40,5 por cento homens e 0,6 por cento eram de outra identidade de género. Em termos de raça e etnia, a maioria, 74,2 por cento, “identificou-se como fazendo parte de uma maioria racializada”, enquanto 11,3 por cento “se identificou como fazendo parte de um grupo racializado ou étnico minoritário”.

Em relação ao sítio onde vivem os participantes, 27 por cento disse viver numa capital, 13,7 por cento no subúrbio de uma capital, 25,1 por cento numa cidade de província, ou seja, com mais de 100 mil habitantes; enquanto 18,7 por cento disse residir numa cidade de província com mais de 10 mil habitantes. Apenas 15,5 por cento dos inquiridos vivia numa zona rural.

Quanto às habilitações literárias, 33,5 por cento terminou o ensino superior, sendo que 42 por cento estavam solteiros e 19,5 por cento estavam numa “relação de compromisso, mas não eram casados”. Por sua vez, 33,5 por cento eram casados.

Relativamente à segurança financeira, 24,9 por cento dos participantes referiram sentir-se menos seguros do que outros da sua idade no seu país de residência, enquanto 49,6 por cento disseram sentir-se “igualmente seguros” e 25,5 por cento consideraram estar “mais seguros”.

Os dados do inquérito permitiram aos autores do estudo “examinar as associações entre a satisfação com a vida e as principais variáveis sociodemográficas ao nível do indivíduo”. Foram avaliados factores como “satisfação com a vida”, “segurança financeira” e “urbanidade”, em que os participantes preencheram a SWLS utilizando uma escala de resposta de 7 pontos, em que 1 ponto representava a opinião “discordo totalmente” e 7 pontos “concordo totalmente”. Foram também avaliados dados demográficos como a idade, educação, estado civil ou a raça.

No que respeita à China, o país é dividido entre “China – Cantonês”, “China – Inglês” e “China – Mandarim”. No caso da “China – Cantonês”, respeitante a Hong Kong, responderam 409 pessoas, com 58 por cento de mulheres e apenas dois por cento dos inquiridos pertencentes a uma minoria racial. A totalidade dos participantes vive em contexto urbano, enquanto 96 por cento terminou o ensino secundário ou superior. Dos inquiridos, apenas dois por cento diz estar num relacionamento, seja ou não casamento.

No caso da “China – Mandarim” participaram 1,231 pessoas, 69 por cento das quais mulheres, em que 95 por cento reside em zonas urbanas. 86 por cento dos inquiridos tem um compromisso ou relacionamento.

4 Fev 2025

Demografia | Governo prevê menor número de nascimentos em duas décadas

O subdirector dos Serviços de Saúde previu que este ano nasçam em Macau menos de 3.500 bebés, o mais baixo registo desde 2004. Kuok Cheong U afirmou ainda esperar que a taxa de natalidade “continue a cair”

 

De acordo com o canal em chinês da Rádio Macau, o subdiretor dos Serviços de Saúde Kuok Cheong U deu conta do registo de 284 recém-nascidos nos dois hospitais do território até segunda-feira, menos 17 do que no mesmo período de 2024.

Após visitar os primeiros bebés nascidos no Ano Lunar da Serpente, que começou na quarta-feira, o dirigente disse esperar que a taxa de natalidade “continue a cair” e acrescentou que “já será bom” se o número de nascimentos atingir 3.500. Caso a previsão de Kuok seja certeira, este será o ano menos fértil desde 2004, quando a cidade registou 3.308 nascimentos.

De acordo com dados oficiais, em 2023 registaram-se 3.712 nascimentos em Macau, menos 43,5 por cento do que há 10 anos (6.571) e longe do máximo de 7.913 fixado em 1988, que foi um Ano Lunar do Dragão.

Considerado um símbolo da realeza, fortuna e poder e única figura mítica entre os 12 signos do milenar zodíaco chinês, o signo do Dragão reúne um conjunto de características que tradicionalmente leva os casais a planear ter filhos durante esse período.

Aliás, o pai do primeiro recém-nascido no Hospital Kiang Wu, de apelido Yip, disse à imprensa local que o filho nasceu mais tarde do que o previsto e que o casal estava a contar que ainda fosse “um bebé dragão”.

Preocupações económicas

Apesar de 2024 ter sido considerado um ano auspicioso, Tao Xuemei e Wong Chio Fan, um jovem casal, disseram à Lusa que as finanças pessoais e a dos cofres chineses não permitem dar esse passo.

“Preocupa-nos ter filhos por causa da dívida nacional, devido à recessão económica. A opção pela maternidade depende realmente da capacidade económica do país e da capacidade de pagamento da dívida”, resume Tao, de 28 anos, a trabalhar como orientadora escolar. “Não queremos ter filhos só para lhes passar as [nossas] dívidas”, completa Wong, empreiteiro de 35 anos.

O crescimento económico da China atingiu em 2024 a meta de 5 por cento fixada por Pequim, mas alguns economistas afirmam que a economia está a expandir-se a um ritmo mais lento do que o indicado nas estimativas oficiais.

Nicholas Chen, analista da CreditSights, disse à Lusa que a empresa do grupo da agência de notação financeira Fitch espera uma desaceleração para 4,7 por cento este ano, em parte devido ao fraco consumo privado.

Durante a campanha eleitoral, o novo Chefe do Executivo da RAEM admitiu que um dos maiores desafios a longo prazo é a baixa natalidade, que em 2023 atingiu um mínimo histórico de 0,59 nascimentos por mulher. Sam Hou Fai apontou a necessidade de “criar condições em termos de educação e emprego” para subir a natalidade e prometeu estudar a extensão da licença de maternidade, actualmente fixada em 70 dias, e a criação de um fundo de providência central obrigatório.

3 Fev 2025

Jogo | Receitas de Janeiro apresentam queda de 5,6 por cento

Apesar das celebrações do Ano Novo Lunar, durante o passado mês de Janeiro as receitas brutas dos casinos caíram em termos anuais. Este foi o segundo mês consecutivo com variações negativas de receitas da principal indústria do território

 

Em Janeiro os casinos registaram 18,25 mil milhões de patacas em receitas brutas do jogo, o que representou uma quebra de 5,6 por cento face ao início de 2024, quando as receitas tinham atingido os 19,34 mil milhões de patacas. Este é o segundo mês consecutivo em que as receitas do jogo apresentam uma variação anual negativa, depois da queda de 2 por cento em Dezembro, mês marcado pela visita de Xi Jinping ao território.

Os números oficiais foram divulgados no sábado, pela Direcção e Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), e incluem os primeiros dias do Ano Novo Lunar, que tradicionalmente é uma das épocas mais altas para o turismo local. As celebrações do Ano Novo Chinês começaram a 28 de Janeiro e vão prolongar-se até amanhã.

Em comparação com Janeiro de 2019, o último antes da pandemia, existe uma diferença nas receitas de cerca de 6,69 mil milhões de patacas, o que representa uma quebra de cerca de 22,5 por cento, de acordo com os cálculos do analista Carlo Santarelli, do Deutsche Bank, que utilizam o valor diário das receitas para efeitos de comparação. “As receitas brutas do jogo em Janeiro caíram 22,5 por cento em relação às receitas brutas registadas em Janeiro e 2019”, destacou. O analista sublinhou ainda que a queda em Janeiro foi inferior à que tinha sido inicialmente prevista: “A nossa comparação antes da apresentação dos resultados mensais era de uma redução de 29,2 por cento, e as nossas verificações no terreno mais recentes apontavam para uma redução entre 23 por cento e 26 por cento, face a Janeiro de 2019”, foi vincado.

Visões diferentes

No entanto, os analistas da Morgan Stanley disseram que esperavam um aumento homólogo de 1 por cento nas receitas dos casinos do território em Janeiro, de acordo com uma nota divulgada a 21 de Janeiro.

No dia anterior, também os analistas da empresa JP Morgan Securities previram que as receitas do jogo em Macau subam até 2 por cento em termos anuais nos dois primeiros meses de 2025.

Em relação às previsões para este mês, os analistas do Deutsche Bank esperam que as receitas brutas atinjam os 19,86 mil milhões de patacas, uma redução de 22,1 por cento em comparação com Fevereiro de 2019. No entanto, é indicado que o valor previsto para Fevereiro significaria que as receitas diárias cresceriam cerca de 9,2 por cento face ao que aconteceu no mês passado.

Em relação às receitas para este ano, o banco de investimento estima que atinjam 234,5 mil milhões de patacas, o que representaria um aumento de 4,2 por cento, em comparação com o ano passado. Quando a comparação é feita com 2019, o último ano antes da pandemia, as receitas estimadas representam uma redução de 20,2 por cento. Com Lusa

3 Fev 2025

Economia | Plano de apoio a empresas centenárias em estudo

O Governo está a preparar um plano para promover o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. A prioridade recai sobre os bairros comunitários e lojas centenárias. Sem detalhar, o secretário para a Economia e Finanças adiantou que está a ser elaborado um plano de apoio de três níveis

 

Durante a visita de Sam Hou Fai e membros do Executivo a bairros residenciais no sábado, o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, deu algumas pistas em relação a um dos assuntos que levanta maiores preocupações: a vitalidade das pequenas e médias empresas e a recuperação económica dos bairros comunitários fora das mais frequentadas zonas turísticas.

Tai Kin Ip revelou que “o Governo está empenhado em preparar um plano de três níveis que impulsione o desenvolvimento das pequenas e médias empresas”, abrangendo “elementos que preservam os estabelecimentos de comércio com existência centenária”.

Segundo o Gabinete de Comunicação Social, o secretário garantiu que o Governo “não irá poupar esforços para apoiar o desenvolvimento dessas marcas, por forma a concretizar e aperfeiçoar o “cartão de visita dourado” de Macau como metrópole internacional”.

O governante destacou as “boas técnicas” operacionais das lojas centenárias nos bairros comunitários enquanto elementos que devem ser preservados e mantidos por Macau. O périplo pelos bairros residenciais teve como objectivo possibilitar aos governantes inteirarem-se da “situação da cidade durante as festividades da Primavera”.

O que aí vem

Ainda sem um plano detalhado de governação, em especial em termos económicos, Tai Kin Ip fez uma radiografia do actual estado da economia local. “Actualmente, a situação de emprego, número de visitantes e o ambiente económico das zonas comunitárias mantêm-se, basicamente, estáveis”, afirmou o secretário, sublinhando “o seu optimismo quanto ao desenvolvimento económico do território”.

Porém, apesar do optimismo, vários sectores sociais, incluindo as associações tradicionais, esperam que o novo Governo implemente mais medidas de apoio à economia local. Sem adiantar os moldes em que podem ser aprovados os planos, Tai Kin Ip explicou que, como Macau tem uma economia pequena, esta pode facilmente ser afectada por factores flutuantes da economia externa. Assim sendo, “o Governo tem de observar com cautela, bem como estudar e avaliar as tendências de evolução macro-económica do exterior” para lançar medidas de apoio. Para já, o secretário indicou que estas medidas “estão ainda a ser estudadas de forma proactiva”.

O secretário acrescentou que o Executivo está atento “ao desenvolvimento das actividades dos estabelecimentos de comércio das zonas comunitárias”, e à “salvaguarda do bem-estar da população e das suas necessidades de circulação nas áreas residenciais”.

As medidas de apoio à economia são um dos destaques mais aguardados das linhas de acção governativa, que deverão ser conhecidas entre meados de Março e Abril.

3 Fev 2025

Ano Novo | Sam Hou Fai define segurança do Estado como prioridade

No balanço do Ano do Dragão, o Chefe do Executivo apontou como ponto alto a visita de Xi Jinping a Macau e os discursos proferidos durante as cerimónias de celebração do 25.º aniversário da RAEM

 

O aprofundamento do princípio “Um País, Dois Sistemas” e a defesa da segurança do Estado, num ambiente com vários desafios internacionais. São estas as prioridades identificadas pelo Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, preferidas num discurso de celebração do início do Ano da Serpente.

Na mensagem divulgada na semana passada, Sam Hou Fai considerou que a RAEM está num “novo ponto de partida histórico” e que tem “sobre os ombros a nova missão” que irá implicar a continuação das políticas dos anos mais recentes. “O novo ano é o início do sexto Governo da RAEM. Temos de continuar a aprofundar a aplicação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e cumprir, com maior noção da responsabilidade, a tarefa importante da defesa de segurança do Estado”, afirmou. “Temos de concentrar esforços na elevação da capacidade de gestão pública e do nível de governação, e construir, com maior empenho, um governo responsável, íntegro, eficiente e efectivo orientado para servir a população”, acrescentou.

Em termos económicos, Sam Hou Fai destacou a missão da diversificação adequada da economia e a melhoria das condições de emprego. “Iremos impulsionar activamente o desenvolvimento da diversificação adequada da economia, aprofundar a construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer, e criar melhores condições para desenvolvimento e emprego da população”, vincou.

No que diz respeito, ao “bem-estar da população”, Sam deixou a promessa de “resolver efectivamente as questões enfrentadas pelos residentes na vida quotidiana” e “construir uma sociedade de harmonia entre comunidades, diversificada e inclusiva”.

Fontes de incerteza

Apesar das metas, o dirigente da RAEM reconhece que existem “diversos factores de incerteza no caminho de avanço, associados a uma conjuntura internacional em constante mutação”. No entanto, destacou que “o firme respaldo da grande pátria, as vantagens institucionais do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, a solidariedade e a colaboração entre os diversos sectores sociais” são “a maior fonte” da “confiança” para alcançar as metas traçadas. “Temos que enfrentar desafios, aproveitar oportunidades e criar o futuro com mentalidade flexível e inovadora, com espírito corajoso de inovar”, vincou.

Sobre o ano que terminou, Sam considerou que teve “imensas histórias esplêndidas e invulgares”, com “momentos inesquecíveis”, indicando como principal ponto a visita de Xi Jinping, por ocasião das celebrações do 25.º aniversário da transferência de Macau e a “série de discursos importantes”.

3 Fev 2025

Estudo | Académicos destacam lado “egocêntrico” do Natal em oposição ao Ano Lunar

Um estudo de três académicos chineses afirma que enquanto o Ano Novo Chinês tem um menor cariz menor e “é claramente representativo da sociedade chinesa contemporânea”, o “Natal no Ocidente é egocêntrico, exalta a individualidade e mostra mais interactividade”. Porém, o trabalho, publicado numa revista da Universidade do Estado da Bahia, aponta para a maior convergência de características culturais

 

Natal e Ano Novo Chinês: como são, o que representam para o Ocidente e Oriente, e quais os pontos de convergência? É a estas perguntas que o estudo “Comparações das culturas entre o Ano Novo Chinês e o Natal Ocidental”, da autoria de Zhen Zhao, Yin Xuelu e Qiao Jianzhen pretende responder. O trabalho académico foi publicado recentemente na revista “Pontos de Interrogação – Revista de Crítica Cultural”, da Universidade do Estado da Bahia, no Brasil.

Os autores destacam, em termos gerais, que “o Natal no Ocidente é egocêntrico, exalta a individualidade e mostra maior interactividade”, nomeadamente com a “participação da multidão” e demonstração de “emoções carnavalescas apaixonadas das pessoas”.

Por outro lado, o Ano Novo Chinês “é um festival nacional, claramente representativo da sociedade chinesa contemporânea”. Em termos gerais, este tipo de celebrações surge descrito como tendo “um significado sociocultural especial que se intercala com as rotinas diárias”, sendo “uma exibição concentrada da vida colorida das pessoas” bem como “um resumo e extensão da política, economia, cultura e religião de várias regiões, grupos étnicos e países”.

Descrevem ainda os autores que o Ano Novo Chinês, que também pode ser denominado de Ano Novo Lunar ou Festival da Primavera, tem raízes “numa pequena economia camponesa e baseia-se frequentemente no confucionismo, com uma mistura de cultura budista e taoista”, estando ligado a “rituais religiosos feudais”.

Por sua vez, o Natal é apresentado como tendo uma maior componente religiosa, estando “enraizado na cultura cristã ocidental e encarna os valores da liberdade e igualdade, do pecado original e do individualismo em toda a parte”.

Interligações inevitáveis

Porém, o estudo descreve como inevitável o futuro intercâmbio de demonstrações culturais nestas épocas do ano: no caso do Natal, no mês de Dezembro; no caso do Ano Novo Chinês, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de cada ano, consoante o calendário.

“O futuro intercâmbio das culturas chinesa e ocidental, incluindo a cultura do festival, é uma parte inevitável do desenvolvimento social e histórico”, é descrito, bem como “um processo evolutivo de complementaridade entre as culturas chinesa e ocidental”.

Desta forma, afirmam os autores, deve descobrir-se pontos de contacto de ambas as culturas “a partir das diferenças entre o Ano Novo Chinês e o Natal, para que possam ser promovidos” e para que haja uma maior preservação “das respectivas culturas nacionais”.

Os autores dizem notar “a aceleração do intercâmbio cultural entre o Oriente e Ocidente” neste campo, uma vez que os “chineses celebram os festivais ocidentais e os estrangeiros celebram os festivais chineses”.

“Na era da globalização, e devido ao desenvolvimento e aprofundamento da economia e da cultura, as festas tradicionais chinesas e ocidentais têm sido gradualmente aceites por ambos os povos numa tolerância mútua”, pode ler-se.

Pontos diferenciadores

Os três autores do estudo recordam que, na China, os festivais mais tradicionais têm uma ligação à agricultura, com costumes tradicionais baseados na comida e na bebida. “A principal razão disso é a busca do povo chinês na ida ser orientada para uma vida longa e saudável”. Enquanto isso, “as festas tradicionais ocidentais têm principalmente origem na religião e eventos relacionados”, tendo, por isso, “fortes conotações religiosas”.

Acrescenta-se que, no Ocidente, “os costumes tradicionais no período de férias baseiam-se principalmente no tema da diversão”, sendo a principal razão o facto de “a busca dos ocidentais na vida ter como objectivo a saúde e felicidade”.

Em termos comparativos, “tanto o Ano Novo Chinês como o Natal são uma época de reunião familiar e uma época maravilhosa para as pessoas olharem para trás e também para o futuro”, embora “com conotações diferentes nas culturas chinesa e ocidental”.

Uma das diferenças apontadas no estudo é a forma como se celebram os dias anteriores a estas datas. “A passagem do ano [no Ano Novo Chinês] é o momento em que as pessoas tentam ir para casa dos seus entes queridos, não importa onde estejam. O jantar de Ano Novo é o ponto alto, também conhecido como o jantar de reencontro, sendo a refeição mais importante do ano.”

Um dos rituais passa por, a partir do pôr-do-sol, “as famílias começarem a acender os foguetes”, começando-se a preparar as refeições com esse ambiente. “Embora os pratos de jantar do Ano Novo variem de lugar para lugar, cada prato tem um certo significado simbólico. Os chineses gostam de usar os harmónicos para atrair boa sorte, e, por exemplo, os harmónicos de frango ‘Ji’ significam ‘auspicioso'”, enquanto “os harmónicos de peixe ‘Yu’ significam ‘ano após ano'”.

“A véspera do Ano Novo é um costume do povo chinês Han. Depois de comer a refeição do Ano Novo, as pessoas reúnem-se em família a fim de esperar pela chegada do Ano Novo à meia noite”, apontam os autores, descrevendo também que “em muitas partes da China, na noite de Ano Novo, as pessoas preparam sumptuosas oferendas, acendem incenso e velas, despejam vinho e queimam dinheiro de papel, prestando homenagem aos antepassados em família para expressar a nostalgia por eles”, além de esperarem bençãos “para os filhos e netos do céu, inspirando os descendentes a trabalharem mais e a viverem à altura dos desejos dos seus antepassados”.

No caso do Natal, celebrado a 25 de Dezembro, a véspera é marcada por um jantar em família que também conta com pratos e doces tradicionais, como o bolo-rei, o bacalhau ou o peru assado. “Ao contrário da vigília chinesa de Ano Novo, os ocidentais celebram o Natal como uma festa única de fantasia na véspera de Natal que se prolonga ao longo da noite. Na festa não há um código de vestuário rigoroso, bastando ser natural e informal, subir para dizer ‘olá’ e enviar desejos sinceros [de boas festas]”, é referido.

Outro ponto diferenciador apontado é as ofertas. Se no Ano Novo Chinês é habitual a oferta de dinheiro nos envelopes “lai si”, no Natal Ocidental distribuem-se presentes entre família e amigos.

A distribuição de dinheiro no Ano Novo Chinês tem diversas conotações, existindo um tipo de dinheiro para os mais velhos, servindo “para lhes desejar uma longa vida”; enquanto que há depois o dinheiro dado dos mais velhos aos mais novos, representando uma transmissão de cuidado da parte dos mais séniores.

Por sua vez, “as primeiras lendas sobre presentes de Natal referem-se ao nascimento de Jesus”, com as oferendas dos reis magos. “Actualmente tornou-se costume dar presentes entre familiares e amigos no Natal”, é referido, existindo também a ideia de que é o Pai Natal a distribuir os presentes. “Por vezes as pessoas fingem ser o Pai Natal para dar presentes às crianças, a fim de acrescentar o espírito festivo”, refere-se.

Outra grande diferença apontada pelo estudo é o facto de, no Ocidente, o Natal não ter a mesma conotação dos antepassados. “No Ocidente as pessoas não adoram os seus antepassados, sendo que as pessoas vão à igreja para celebrar o nascimento de Jesus. As pessoas não se limitam a estar nas reuniões familiares, mas convidam [outros] de forma calorosa para as suas casas, e não é considerado rude festejar juntos. Durante as férias muitas pessoas participam em actividades comunitárias para ajudar os pobres e dar presentes, reflectindo a ideia de busca de igualdade.”

Pontos de semelhança

Segundo o estudo, as duas celebrações têm como ponto em comum servir para “manter a estabilidade social”. “Na China antiga a produção agrícola era fortemente influenciada pelo clima. Os trabalhadores pobres que pertenciam às classes mais baixas tinham muitas vezes de trabalhar todo o ano, o que inevitavelmente levava à insatisfação com a realidade da situação”. Neste sentido, a chegada do Ano Novo Chinês é “um bom momento para libertar emoções”, decorando-se a casa e acendendo-se foguetes na criação “da esperança de que o próximo ano seja bom, com boas colheitas e melhores dias”.

No tocante ao Natal, é descrito que as pessoas “vão à igreja adorar [os santos], cantar canções de Natal e rezar a Deus, esperando que este as ajude a sair das dificuldades quando estão em apuros ou quando estão doentes e enfrentam a morte. Esperam que Deus as perdoe pelos pecados para que possam ascender ao céu depois da morte”, existindo aqui um paralelismo com a “libertação de emoções” acima descrita.

Além disso, ambas as celebrações constituem formas de transmissão de cultura, segundo os autores do estudo. “A cultura do Ano Novo é uma acumulação da cultura tradicional chinesa, sendo a cristalização do trabalho e da sabedoria do povo chinês, expressando as aspirações do povo trabalhador que anseia por coisas boas.” Além disso, estas celebrações “transportam e transmitem a cultura tradicional de forma subtil”, nomeadamente com pinturas e demais decorações das casas, ou ainda eventos como as danças do dragão e do leão ou ainda sessões de caligrafia.

“Através destas actividades transmite-se o património cultural extremamente valioso às gerações mais jovens”, é referido. Por sua vez, no Natal existem as decorações próprias da época, com a árvore, as luzes ou o presépio, em cores verde, vermelho e demais tons brilhantes.

“As pessoas que estiveram ocupadas todo o ano a trabalhar regressam para reviver o calor da família. As pessoas vão à igreja celebrar o nascimento de Jesus, sendo este um acontecimento regular e uma herança da cultura religiosa. Tornou-se costume enviar um cartão de Natal a amigos e familiares, e todos estes costumes carregam profundas conotações culturais que são transmitidas.”

3 Fev 2025

Fotografia | Lúcia Lemos capta ambiente do Café Majestic

A exposição de fotografia “Encontro à Meia-Luz”, de Lúcia Lemos, abre ao público na tarde do próximo sábado na Galeria Hold On to Hope, em Ká-Hó. A mostra reúne uma colecção de imagens que captam o ambiente do incontornável Café Majestic no Porto. A exposição estará patente até 23 de Fevereiro

 

A nova exposição de fotografia de Lúcia Lemos propõe uma viagem ao icónico Café Majestic, no Porto. “Encontros à Meia-Luz” estará patente na Galeria Hold On to Hope, na Aldeia de Nossa Senhora em Ká-Hó, entre o próximo sábado, a partir das 16h, e o dia 23 de Fevereiro.

Ao longo de 10 fotografias, Lúcia Lemos convida o público a espreitar momentos captados num “mundo onde o suave brilho da luz ambiente dança pelos elegantes interiores, revelando momentos de solidão, camaradagem e intercâmbio cultural”, descreve um comunicado do espaço expositor.

“Cada imagem reflecte a visão distintiva de Lemos. Esta viagem fotográfica não apenas celebra a rica história do café, mas também encapsula o espírito de um local de encontro amado que continua a inspirar e encantar”, é indicado.

A artista que fundou e coordena a Creative Macau explica que procurou transmitir a ambiência de luz e calor humano muito peculiar do estabelecimento. “A luz de intensidade baixa, atravessa a entrada das portadas, ilumina os braços de cabedal gravados dos sofás e fixa-se nos espelhos de cristal flamengo à Belle Époque, revelando-se fascinante o interior meio-escuro do espaço”, afirma em comunicado.

Sobre a intensidade que o local proporciona, Lúcia Lemos entende que ir ao Porto e não marcar um encontro no Café Majestic é como regressar a casa e não visitar a mãe. “Neste emblemático café passei alguns anos da minha juventude. O Majestic era ponto de encontros prazerosos onde se bebia o café em copo e mais tarde o café curto em chávena chamado cimbalino após a marca italiana ter chegado ao Porto”.

A beleza da fachada, a decoração interior e a “energia magnífica e acolhedora” fizeram do local “um espaço convidativo para frequentes encontros de namoro e de tertúlias para pintores, músicos, actores, cientistas, políticos, escritores, poetas, banqueiros e comerciantes”, refere a artista. Como tal, Lúcia Lemos entende que o Majestic é um ponto de partida incontornável para apresentar a cidade do Porto “a alguém muito especial”.

As obras reunidas nesta exposição resultam da recolha fotográfica feita em 2006 pela lente de uma Rolleiflex de 1954 em filmes da Kodak a preto e branco.

Tela ou ecrã

Numa declaração de exposição, divulgada pela galeria, José Sales Marques descreve o conjunto de fotografias como uma forma de viver o local retratado. “Lúcia Lemos demonstra através deste conjunto fotográfico como a sua obra é consistente, emociona-nos pela beleza, frescura e persistência na originalidade da sua abordagem, e como cada obra que, de tempos a tempos, partilha com o público nos deixa sempre a aspirar por mais, tal como nos fazem os filmes de Wong Kar Vai ou Almodóvar.”

Lúcia Lemos é uma artista visual que tem cruzado várias linguagens e formas de estéticas de expressão artística. Tem participado em Macau em exposições colectivas com trabalhos de videoarte, gravura, joalharia, cerâmica, escultura e instalações artísticas dos quais alguns foram reconhecidos e premiados.

A organização indica que apesar do caracter multidisciplinar, o trabalho fotográfico a preto e branco tem um sido um veículo artístico de “satisfação plena” da artista, que mereceu bom acolhimento em exposições individuais realizadas desde 2002 em Berkeley, Curitiba, Lisboa, Macau, Monza, Palermo, Porto, Salzburgo e Xangai.

Com mais de 20 anos de experiência de gestão de artes, enquanto coordenadora do Creative Macau, Centro de Indústrias Criativas, Lúcia Lemos tem colaborado ao longo dos anos com o Governo e instituições públicas como júri em festivais de arte e cinema, e em competições de arte, design e vídeo. No seu currículo destaca-se também a criação do Festival Internacional de Curtas de Macau. Actualmente, colabora com associações culturais e artísticas, proporcionando formação, curadoria e consultoria partilhando o conhecimento e a experiência profissional em coordenação, organização e direcção, destaca a organização da mostra.

30 Jan 2025

Economia | Ano Novo Lunar recebido com cautelas

Afastados do brilho dos casinos de Macau, o gerente de uma marisqueira cantonense, um mestre de ‘feng shui’ e um jovem casal questionam o momento económico à chegada do novo ano da serpente

 

À entrada da Tong Vu, grandes lagostas arrastam-se dentro de aquários. Este ano estão a ser vendidas ao preço de compra, porque os tempos assim o exigem. Tong Keng Seoi, o gerente, tem a lagosta da Austrália a 498 patacas, em vez das habituais 900. Opção que traz mais volume de negócio à velha marisqueira de Macau durante o Ano Novo Lunar, com casa cheia e “um aumento de 30 por cento das encomendas em relação ao ano anterior”.

Por esta altura, um banquete para 12 pessoas, com lagosta, orelhas e pepinos do mar, sopa de barbatana de tubarão, leitão e frango assado, pode custar entre quatro mil e 12 mil patacas.

“O consumo é, este ano, muito inferior ao dos anos anteriores, mas estamos muito ocupados e a principal razão é porque oferecemos o preço mais baixo possível”, diz Tong, que lamenta a queda do poder de compra local.

No restaurante Campo do Dragão, ali a 200 metros, os números também sugerem retracção. Lin Zhiyuan, gestor do espaço, fala de “600 a 800 mesas” reservadas ao longo do mês – “menos 20 por cento a 30 por cento” do que em 2024.

As dificuldades reconhecem-se noutros espaços da cidade. Num passeio pela baixa de Macau, pequenos negócios de comida de rua ganham nesta luta aos restaurantes e tascas tradicionais.

Chan Chak Mo, deputado e presidente da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas, confirma o ambiente de cautela nos gastos: “O consumo geral é baixo, a comida de rua custa por volta de 60-70 patacas”, diz.

Após três anos de pandemia e da rigorosa política ‘zero covid’, os números do jogo, motor da economia local, já se aproximam dos valores de 2019. Porém, apesar da regeneração do sector, nas pequenas e médias empresas, a ferida mantém-se aberta.

No caso da restauração, em Novembro, segundo as mais recentes estatísticas oficiais, o volume de negócios “dos restaurantes chineses e o dos estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canja baixaram 4,3 por cento e 3,7 por cento, respectivamente”.

Consumo mora ao lado

E depois existe o outro lado da fronteira. Produtos e serviços de qualidade, preços mais baixos e a possibilidade de, desde 2023, circularem diariamente dois mil veículos com matrícula de Macau no interior da China, tornam a vizinha Zhuhai uma concorrente feroz do pequeno comércio local.

“Calcula-se que há cerca de 50 milhões de dólares americanos que antes eram gastos em Macau e Hong Kong por mês e agora são gastos em Shenzhen e em Zhuhai. E obviamente isto tem um reflexo enorme no bem-estar dos pequenos negócios”, analisa o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa.

Carlos Cid Álvares, também director executivo do Banco Nacional Ultramarino de Macau, sugere adaptações: “Os pequenos negócios fazem negócio de forma igual há 20 anos ou 30 anos e têm que se adaptar a uma nova realidade que é a de uma população mais jovem, com outras necessidades”.

Menos nascimentos

Outra sequela do momento económico: em 2023, registaram-se 3.712 nascimentos em Macau, menos 43,5 por cento do que há 10 anos (6.571).

Para Tao Xuemei e Wong Chio Fan, um jovem casal, as finanças pessoais e a dos cofres chineses não permitem dar o passo: “Preocupa-nos ter filhos por causa da dívida nacional, devido à recessão económica. A opção pela maternidade depende realmente da capacidade económica do país e da capacidade de pagamento da dívida”, resume Tao, de 28 anos, a trabalhar como orientadora escolar.

“Não queremos ter filhos só para lhes passar as [nossas] dívidas”, completa Wong, empreiteiro de 35 anos.

As finanças são o tema que cerca de 20 por cento das pessoas leva às consultas com Mickey Hung Sen Chun, mestre de ‘feng shui’, uma prática milenar chinesa que estuda a influência do espaço no bem-estar das pessoas.

Neste Ano Novo Lunar, que arranca na quarta-feira, os casinos vão continuar a prosperar, diz o mestre. “Como o simbolismo da serpente está associado à sabedoria e à sorte mística, muitos visitantes podem estar mais inclinados” a jogar, prevê ainda Hung.

No plano negativo, o ano da serpente “faz-se acompanhar frequentemente de indiferença e ódio”, e o facto de “terem ocorrido muitos acontecimentos históricos importantes” neste signo do calendário lunar pode ser motivo de apreensão, adverte o mestre, que aponta para o risco de futuras “ocorrências semelhantes”.

Os japoneses atacaram Pearl Harbour em 1941; o incidente de Tiananmen, em Pequim, ocorreu em 1989 e os ataques terroristas do 11 de Setembro em 2001. Todos anos da serpente.

No plano nacional, estima Hung, “com a recuperação gradual da economia mundial, as exportações da China poderão ser afectadas positivamente, o que a ajudará a atingir o objectivo de crescimento fixado”.

Respostas fortes

A China, abalada por uma profunda crise do imobiliário, principal veículo de investimento das famílias chinesas, lançou várias medidas de estímulo económico no último trimestre do ano passado, incluindo a redução dos rácios de reservas obrigatórias dos bancos e das taxas de juro. Pequim prometeu ainda prosseguir políticas orçamentais “mais proactivas” e uma “flexibilização moderada” da política monetária, para impulsionar o consumo doméstico.

“A questão é saber se o que estão a fazer neste momento, com todas estas políticas de apoio macroeconómico, é suficiente para estimular o consumo interno”, avalia Nicholas Chen, analista da consultora Fitch Solutions, sublinhando o peso da crise imobiliária “no sentimento do consumidor”.

Chen nota que, pese embora o Produto Interno Bruto da China tenha alcançado a meta traçada de Pequim e crescido 5 por cento em 2024, a Fitch Solutions prevê um ligeiro abrandamento em 2025 “para cerca de 4,7 por cento, devido aos ventos contrários macroeconómicos, bem como ao consumo interno lento”, acrescenta.

Conta a lenda que o ‘nian’ (‘ano’, em mandarim), uma fera mítica, sai por estes dias à rua e anda à caça de animais e pessoas para devorar e de campos de cultivo para arruinar. Como é intolerante ao ruído e à cor vermelha, as pessoas começaram a decorar as casas de vermelho e a lançar fogo-de-artifício e panchões para afugentar o monstro.

Macau não desafia a convicção. A cidade prepara a travessia para o novo ano. As ruas vestem-se como manda a tradição. A Tong Vu, à espera da serpente, pendurou lanternas vermelhas, a ver também se para o ano as lagostas se vendem melhor.

30 Jan 2025

Aeroporto | Residente detido por tentar entrar com canábis

A PJ não confirmou a nacionalidade, mas o detido tem o apelido Pinho, é português e transportava cabeças de canábis e óleo com extractos da planta, que foram avaliados em cerca de 800 mil patacas. O caso foi entregue ao Ministério Público, e o homem está indiciado por três crimes

 

Um residente de Macau, com nacionalidade portuguesa, foi detido quando tentava entrar com canábis no território, vindo de Banguecoque, na Tailândia. O caso foi revelado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), durante uma conferência de imprensa, e, como tradicionalmente acontece, o detido foi mostrado a ser colocado numa viatura e transportado para o Ministério Público (MP).

De acordo com a versão apresentada pelas autoridades, citada pelo jornal Ou Mun, a detenção aconteceu por volta das 18h de domingo, quando os agentes das forças de segurança realizavam as inspecções dos voos considerados de maior risco. Os representantes da PJ apontaram que o voo em causa estava identificado como sendo considerado de risco desde sábado.

Ao entrar em Macau, o residente de 49 anos trazia consigo uma mochila e uma mala de mão. No interior das malas estavam três pares de sapatilhas que continham oito pacotes grandes e dois pacotes mais pequenos com cabeças de canábis, num total de 800 gramas, e ainda três garrafas de óleo de marijuana para serem fumados com cigarros electrónicos. Os produtos apreendidos foram avaliados em cerca de 803 mil patacas pela PJ. De acordo com a legislação em vigor, a dose para consumo diário de canábis é de uma grama e foi definida com base nos dados da Junta Internacional de Fiscalização de Estupefacientes (INCB – International Narcotics Control Board, em inglês).

Lista de crimes

Posteriormente, uma busca à habitação do residente, na Taipa, levou também à apreensão de nove pacotes de mortalhas. Os testes à urina do homem mostraram o consumo de estupefacientes. Todavia, se o consumo das drogas tiver acontecido na Tailândia, o homem não pode ser acusado do crime de consumo de drogas, dado que o país do sudeste asiático legalizou a prática.

O homem, de 49 anos, tem o apelido Pinho e é funcionário de escritório. De acordo com o jornal Ou Mun, o detido está indiciado pela prática do crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, que tem prevista uma pena que pode ir dos cinco aos 16 anos de prisão, excluindo agravantes, um crime de consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, que prevê uma pena que pode chegar aos três meses e ainda um crime de detenção indevida de utensílio ou equipamento, punido com pena que pode chegar aos três meses de prisão.

De acordo com a Polícia Judiciária, apesar de ter realizado o teste à urina, o homem terá recusado cooperar com a investigação.

30 Jan 2025

Trabalho | Técnicos de segurança querem mais poder

Leong Sun Iok está preocupado com a implementação das medidas de segurança nos estaleiros, e em outros locais de trabalho, e pede ao Governo que garanta aos técnicos de segurança poderes para desempenharem com eficácia o seu trabalho

 

O deputado Leong Sun Iok defendeu o reforço dos poderes dos responsáveis pelas medidas de segurança no trabalho em locais ligados a actividades de maior risco. A posição consta de uma interpelação escrita, em que o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários Macau (FAOM) revela ter recebido queixas.

De acordo com as denúncias, Leong indica que os responsáveis pela segurança e os técnicos superiores de segurança em estaleiros têm muitas vezes dificuldades em fazer com que os restantes trabalhadores cumpram algumas das medidas de segurança mais elementares, correndo riscos desnecessários.

Segundo o deputado, parte destes problemas está relacionada com a falta de coordenação nos estaleiros entre as equipas de trabalho e as equipas de segurança. “O pessoal de gestão de segurança não recebe as instruções sobre como deve implementar as medidas de segurança nos estaleiros, por isso adopta uma postura mais passiva, porque sentem-se impotentes para executar as suas funções nos locais de trabalho”, denunciou Leong.

Contudo, o membro da FAOM alerta que caso haja algum problema, devido à implementação incorrecta das medidas de segurança, são os técnicos de segurança que ficam com o posto de trabalho em risco: “No caso de haver um acidente, este pessoal corre o risco de ficar sem licença para exercer as suas funções”, alertou.

Mudar o cenário

Face a esta situação, o deputado pede ao Governo que faça uma avaliação dos problemas nos estaleiros e lance medidas para que o pessoal de gestão de segurança consiga exercer as suas funções.

“Quanto às várias dificuldades que o pessoal de gestão de segurança enfrenta na execução das funções, que avaliação faz o Governo da situação real?”, questiona. “E que medidas e apoios vão ser aplicados para garantir os direitos destas pessoas no desempenho das suas funções e assegurar que só assumem as responsabilidades perante situações que podem controlar?”, foi acrescentado.

O deputado também considera que o Governo deve seguir as práticas das regiões vizinhas, com a adopção de “sistemas de segurança inteligente” em estaleiros, ou seja, o recurso a meios digitais para controlar os trabalhadores. Leong exemplificou que no Interior são utilizados localizadores de GPS nos capacetes dos trabalhadores nos estaleiros, para rastrear a localização dos operários, em instalações como a torre da grua, plataformas de descarga, elevadores, e emitir sinais de alerta quando se detectam actividades irregulares.

Leong admite que também se deve ponderar seguir o exemplo de Hong Kong a nível das obras públicas, em que qualquer contrato com um valor igual ou superior a 30 milhões de dólares de Hong Kong obriga à instalação nos estaleiros de um sistema de segurança inteligente. “Qual é a situação actual da aplicação destas técnicas no sector de construção civil? Para reforçar a segurança sectorial, que medidas vai o Governo lançar no futuro, sobretudo de âmbito tecnológico?” interpelou.

30 Jan 2025

IAM | Coutinho pergunta se haverá desratização este ano

Após o fecho temporário de três supermercados devido à presença de ratos, Pereira Coutinho quer saber o que as autoridades vão fazer para controlar a proliferação de roedores. O deputado pergunta também se será feita uma campanha de sensibilização

 

Ainda 2025 não tinha uma semana concluída, já o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) mandava encerrar temporariamente três supermercados Royal, depois da partilha nas redes sociais de um rato a roer pacificamente um produto exposto numa prateleira.

O caso, que se tornou viral, levou a uma série de inspecções que culminaram no encerramento também temporário de um restaurante e trouxe de novo para a ordem do dia o problema da infestação de roedores, com particular destaque para uma interpelação escrita divulgada ontem por Pereira Coutinho.

Citando os encerramentos temporários mencionados, o deputado além de considerar “imperiosa a necessidade de desratização”, pede uma intervenção urgente, fiscalizações contínuas e acções preventivas mais robustas”, “que envolvam não apenas a colocação de armadilhas, mas também campanhas de consciencialização sobre a correcta gestão de resíduos e a manutenção da higiene nos estabelecimentos comerciais”.

Como tal, Pereira Coutinho questiona as autoridades se vão “promover campanhas de desratização e desbaratização este ano para proteger a saúde pública e mitigar riscos associados a roedores e baratas”. O deputado pergunta também se existe algum plano específico para incluir a colaboração da comunidade e comerciantes, ou para educar a população no sentido de minimizar as condições propícias à proliferação de ratos.

“Relativamente bom”

O deputado recorda que há cerca de um ano e meio enviou uma série de questões sobre o mesmo tema e que, na altura, o Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do IAM, José Tavares, afirmou que uma “instituição académica” foi encarregue de “investigar e avaliar periodicamente a densidade dos ratos nos espaços públicos de Macau, segundo os critérios nacionais”. No fim de Outubro de 2023, José Tavares afirmou que “os resultados obtidos mostram que o controlo dos roedores nos espaços públicos” se mantinham “num nível relativamente bom”.

O responsável afirmara em 2023 que o IAM havia aumentado significativamente o número de armadilhas para ratos nas vias públicas, para cerca de 1.400, “abrangendo praticamente todas as ruas de Macau”. Além disso, as autoridades dividiram o território em 25 zonas, de forma a garantir a fiscalização contínua e intervenção dirigida para as zonas mais afectadas.

O deputado recordou que no Verão de 2023 o seu gabinete de atendimento “recebeu um número significativo de queixas de moradores de bairros mais antigos, como a do Praia de Manduco, da Areia Preta e do Iao Hon, em que relatavam que, durante o Verão, especialmente em consequência das fortes chuvas, tinha havido um aumento alarmante na proliferação de baratas, moscas e ratos”.

Uma vez que o tema voltou a merecer a atenção das autoridades e a provocar alarme social, Pereira Coutinho pediu um balanço das acções de desratização realizadas entre o final de Outubro de 2023 até à actualidade, com particular destaque para as redes de esgotos públicos.

30 Jan 2025

Consumo | Casinos à mercê do imobiliário e da confiança de chineses

Durante o Ano Lunar da Serpente as receitas dos casinos vão aumentar, mas o nível do crescimento divide analistas. A recuperação do imobiliário e dos níveis de confiança de consumidores no Interior da China vão ser factores determinantes

 

As receitas dos casinos podem crescer até 7 por cento no Ano Lunar da Serpente, dependendo da recuperação do imobiliário e da confiança dos chineses, mas ficarão longe do pico pré-pandemia, disseram analistas à Lusa.

“O maior factor positivo para Macau seria se a economia chinesa crescesse e os níveis de confiança dos consumidores melhorassem”, referiu Vitaly Umansky, analista da empresa de consultadoria Seaport Research Partners.

Mais de 70 por cento das pessoas que visitaram o território em 2024 vieram da China continental, cujo crescimento económico atingiu em 2024 a meta de 5 por cento fixada por Pequim.

Mas Nicholas Chen, analista da CreditSights, disse que a empresa do grupo da agência de notação financeira Fitch espera uma desaceleração para 4,7 por cento este ano, em parte devido ao fraco consumo privado.

O índice de confiança dos consumidores na China caiu em Setembro para o nível mais baixo dos últimos 34 anos, sublinhou Jeffrey Kiang, analista da consultora CLSA. Ou seja, “se as perspectivas para os consumidores chineses não forem boas, eles poderão apertar o cinto, reduzir as viagens e o consumo”, incluindo em Macau, explicou Nicholas Chen.

 

Políticas de estímulo

O Partido Comunista Chinês lançou uma série de medidas de estímulo, incluindo a redução das taxas de juro e das reservas obrigatórias dos bancos e a antecipação de milhares de milhões do seu orçamento em 2025 para financiar projectos de construção.

Pequim também alargou um sistema de troca de bens de consumo e aumentou os salários de milhões de funcionários públicos para reanimar a procura interna. “O Governo [chinês] já disse que vai lançar mais medidas para estimular a economia”, disse Vitaly Umansky, que espera sobretudo uma recuperação da confiança da classe média: “Acho que vai acontecer, é só uma questão de tempo”.

A CreditSights espera que a confiança dos consumidores chineses volte a subir na segunda metade de 2025, a par da estabilização dos preços no imobiliário, que estão a cair há 19 meses consecutivos.

A questão preocupa muito Pequim, devido às implicações para a estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias e o sector imobiliário – somando factores indirectos – representa cerca de 30 por cento da economia chinesa.

“Haverá certamente algum efeito colateral, porque parte das medidas que forem adoptadas para impulsionar o consumo interno poderá fluir para o sector do jogo de Macau”, disse Nicholas Chen.

O analista acredita que a China irá ainda alargar a lista de cidades cujos residentes podem pedir ‘vistos individuais’ para visitar Hong Kong e Macau, um método usado por 35,2 por cento dos turistas que passaram por Macau em 2024.

 

Visões diferentes

Vitaly Umansky não tem a mesma opinião e lembra que desde 1 de Janeiro os residentes da vizinha cidade de Zhuhai podem visitar Macau uma vez por semana e ficar até sete dias.

Em contrapartida, os analistas concordam que as receitas dos casinos irão ficar no próximo ano longe do máximo histórico de 303 mil milhões de patacas registado em 2018.

“Uma coisa é clara: o Governo visa um crescimento moderado das receitas no futuro”, disse Jeffrey Kiang, recordando que as autoridades prevêem receitas de jogo de 240 mil milhões de patacas em 2025, o que seria um aumento de 5,8 por cento.

“Quando o Governo de Macau publica uma previsão, esta é normalmente muito conservadora e baseia-se numa discussão prévia com o Gabinete de Ligação” do Governo Central chinês na cidade, disse Vitaly Umansky.

O analista não acredita que Pequim tenha na manga alguma medida para controlar a retoma dos casinos, semelhante à campanha que começou com a detenção do líder da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, em Novembro de 2021.

O antigo director executivo da Suncity, Alvin Chau Cheok Wa, foi condenado em Janeiro de 2023 a 18 anos de prisão por exploração ilícita de jogo e sociedade secreta, num caso que fez cair de 85 para 18 o número de licenças para promotores de jogo, conhecidos por ‘junkets’. “Boa parte do comportamento condenável em Macau desapareceu com os ‘junkets’. Desde que coisas desse género não voltem a acontecer, não espero qualquer tipo de campanha a curto prazo”, disse Umansky.

27 Jan 2025

Trânsito | Advogado apela ao fim de “julgamentos morais” com imagens

O causídico Luís Ho Ka Hou considera que a utilização de câmaras no trânsito pode levar a processos em tribunal, e que as imagens captadas devem ser encaminhadas para as autoridades, em vez de partilhadas nas redes sociais

 

O advogado Luís Ho Ka Hou defende a utilização de câmaras de vigilância no trânsito por parte dos condutores, mas apela ao Governo para tomar medidas para evitar a utilização das imagens para “julgamentos morais”. A opinião do causídico foi partilhada ao jornal Ou Mun, na sequência de um incidente à frente da Escola Portuguesa de Macau, no qual foram partilhadas imagens de uma advogada de nacionalidade portuguesa.

Ouvido pelo jornal Ou Mun, o advogado considerou que a gravação de vídeos por câmaras instaladas em veículos pode ser importante, nomeadamente quando há acidentes e a necessidade de accionar o seguro automóvel. Contudo, Ho Ka Hou destacou que não se podem transformar as câmaras dos veículos num sistema de vigilância móvel utilizado para fazer “julgamentos morais” nas redes sociais.

Ho explicou igualmente que as imagens captadas pelos veículos devem ser entregues às autoridades, em vez de serem publicadas online, e que os responsáveis pela gravação apenas devem remetê-las às autoridades, seguindo os procedimentos legais previstos. Se as imagens tiverem interesse público, podem ser utilizadas. No entanto, se a utilização das imagens ultrapassar o âmbito do processo e das investigações das autoridades, como acontece com as publicações em redes sociais, e se houver elementos que podem ser considerados como insultuosos ou difamatórios, então o responsável pela captação e divulgação pode enfrentar responsabilidade penal.

 

Problemas legais

Luís Ho Ka Hou indicou ainda que, de acordo com a perspectiva judicial, a utilização apropriada de imagens gravadas no trânsito passa por captar os acidentes, accionar o segurou e cooperar com as autoridades, no caso de ser necessário recolha de provas.

No caso de não haver consentimento das pessoas gravadas, e se o conteúdo for publicaoa em redes sociais para julgamentos morais, então estamos perante casos que dificilmente se enquadram na gravação apropriada, o que pode levar à violação da lei da protecção de dados pessoais ou de outros direitos de imagem.

Ho Ka Hou alertou também que os “julgamentos” nas redes sociais podem causar danos nos direitos à privacidade e ao bom nome das partes envolvidas.

Há cerca de duas semanas uma condutora foi captada no trânsito, depois de passar um sinal vermelho, estacionar em local proibido e fazer um gesto obsceno, junto de crianças. As imagens, que permitiam identificar a condutora, foram partilhadas online, o que desempenhou uma campanha contra a visada, inclusive com pedidos de despedimento junto da entidade patronal, além de vários comentários de ódio com expressões xenófobas.

27 Jan 2025

Portugal | Rocha Vieira “decisivo” para a democracia

A Assembleia da República aprovou por unanimidade um voto de pesar proposto por José Pedro Aguiar-Branco, em que se considera Rocha Vieira uma personalidade relevante na construção da democracia portuguesa

 

O Parlamento de Portugal aprovou na sexta-feira, por unanimidade, um voto de pesar proposto presidente da Assembleia da República pela morte do general Rocha Vieira, antigo governador de Macau, considerado uma personalidade relevante na construção da democracia portuguesa.

Ministro da República nos Açores entre 1986 e 1991, governador de Macau entre 1991 e 1999, no período da transferência da soberania deste território para a China, o general Vasco Rocha Vieira, natural de Lagoa, morreu na quarta-feira, aos 85 anos.

No voto subscrito por José Pedro Aguiar-Branco, refere-se que Rocha Vieira desempenhou funções como chefe do Estado-Maior do Exército entre 1976 e 1978 e integrou, por inerência, o Conselho da Revolução, sendo uma “figura decisiva da vida política e militar portuguesa”.

“A sua carreira militar incluiu também serviços em Angola e Macau, onde foi chefe do Estado-Maior do Comando Territorial Independente e secretário Estado Adjunto para as Obras Públicas no período da transição para a democracia. Licenciado em Engenharia Civil, acumulou várias condecorações militares e civis, incluindo a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada. Foi ainda Chanceler do Conselho das Antigas Ordens Militares, entre 2006 e 2016”, lê-se no texto proposto pelo presidente da Assembleia da República.

 

“Imagem icónica”

José Pedro Aguiar-Branco considera depois que “os portugueses recordam a imagem icónica do general Rocha Vieira, na cerimónia de transferência da administração de Macau, segurando a bandeira de Portugal”.

“Reconhecem também o seu elevado testemunho de serviço, patriotismo e dedicação cívica. A Assembleia da República (…) manifesta o seu profundo pesar pela morte do general Vasco Rocha Vieira e presta homenagem a este destacado oficial do Exército Português, tão relevante na construção da nossa democracia”, acrescenta-se.

Na sua carreira nas Forças Armadas, Rocha Vieira foi também representante militar nacional no Quartel-General Supremo dos Poderes Aliados da NATO, na Europa – SHAPE, na Bélgica, e director honorário de armas e engenharia.

Era associado honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Histórica da Independência de Portugal e da Liga dos Combatentes, e foi nomeado membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP em 2012.

As exéquias fúnebres decorreram na sexta-feira, assim como a celebração de uma missa de corpo presente e um cortejo que seguiu de Lisboa para Algarve, onde foi celebrada nova missa, na Igreja Matriz de Lagoa. O funeral foi realizado no cemitério de Lagoa, tendo a Câmara Municipal decretado três dias de luto municipal.

27 Jan 2025

Pequim | O Lam ouviu “opiniões orientadoras” de Xia Baolong

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura garantiu a Xia Baolong que está a desenvolver trabalhos para “implementar plenamente o espírito do importante discurso do presidente Xi Jinping”

 

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, esteve em Pequim, na sexta-feira, a ouvir orientações sobre a implementação do discurso de Xi Jinping, proferido durante a passagem por Macau, no âmbito das celebrações do 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM.

De acordo com a versão do Gabinete da Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, a deslocação teve “o intuito de implementar plenamente o espírito do importante discurso do presidente Xi Jinping durante a sua visita a Macau e de promover um melhor desenvolvimento dos serviços médicos e de saúde, da cultura e do desporto de Macau”. Neste sentido, houve paragens em ministérios, comissões das autoridades centrais e outras organizações consideradas relevantes para a pasta dos Assuntos Sociais e Cultura, onde se trocaram “pontos de vista” e em que O Lam recebeu as “opiniões orientadoras” do Governo Central.

Entre os encontros, O Lam foi igualmente recebida por Xia Baolong, director do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado.

Nesta reunião, O Lam disse a Xia Baolong que a sua área tem “tem estudado e implementado o espírito do importante discurso do Presidente Xi Jinping”, ao mesmo tempo que está concentrada “na missão confiada a Macau pelo Presidente, defendendo a filosofia de governação do Chefe do Executivo de ‘Trabalhar com espírito empreendedor e avançar juntos, persistir no caminho certo e apostar na inovação’, e insistindo em manter a população como foco principal na preparação das linhas de acção governativa e das principais tarefas da próxima fase”.

 

Pontos de interesse

Na agenda da O Lam, houve ainda tempo para visitas ao Pekin Union Medical College Hospital, à Comissão Nacional de Saúde, à Administração Nacional do Património Cultural, ao China Media Group e Administração Geral do Desporto na China.

O Pekin Union Medical College Hospital é o responsável pela exploração do Hospital das Ilhas, e esta reunião terá permitido discutir pontos relativos à unidade de saúde localizada em Macau.

Nas restantes visitas, O Lam terá ainda abordado a cooperação entre Macau e o Interior no domínio da medicina e cuidados de saúde, preservação do património cultural, divulgação de informações culturais e publicidade e os Jogos Nacionais.

Ao longo da semana passada, vários secretários, depois de terem tomado posse recentemente, estiveram em Pequim para abordar o discurso de Xi Jinping e ouvirem orientações sobre a governação da RAEM.

27 Jan 2025