João Santos Filipe Manchete SociedadeSands | Rendimento líquido em Macau caiu 32% no primeiro trimestre Sobre a possibilidade de o grupo americano sofrer retaliações em Macau devido às tarifas impostas por Donald Trump, o presidente da Las Vegas Sands destaca a relação “incrível” com Pequim e afirma que não perde o sono com a questão Nos primeiros três meses do ano, o rendimento líquido da Sands China, empresa que controla os casinos Venetian, Londoner e Parisian, teve uma redução de 32 por cento face ao período homólogo. Os resultados foram anunciados pela empresa-mãe da Sands China, a Las Vegas Sands, através de um comunicado. Segundo os números adiantados, a representação da empresa norte-americana em Macau gerou um rendimento líquido de 202 milhões de dólares americanos, o que equivale a 1,62 mil milhões de patacas. Este total representa uma diferença negativa de 32 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado, quando o rendimento líquido tinha atingido 297 milhões dólares americanos (2,39 mil milhões de patacas). A diferença no rendimento acompanhou a tendência das receitas líquidas que apresentaram uma quebra de 5,7 por cento, para 1,71 mil milhões de dólares americanos (13,74 mil milhões de patacas), face às receitas anteriores de 1,81 mil milhões de dólares (14,54 mil milhões de patacas). As receitas incluem não só o dinheiro gerado com as operações dos hotéis e casinos, mas também com as operações de ferry, através da Cotai Waterjet. Apesar de admitir que em Macau a situação do mercado está pior do que no passado, Robert Goldstein, presidente da Las Vegas Sands, reiterou o compromisso e a confiança no território. “Em Macau, embora no ambiente actual o crescimento do mercado tenha abrandado, o nosso compromisso de décadas para realizar investimentos que reforcem a atracção de Macau como um destino de turismo e apoiar o desenvolvimento do centro mundial de turismo deixa-nos bem posicionados para aproveitar o crescimento no futuro”, afirmou. Apesar do optimismo, Patrick Dumont, director das operações das Las Vegas Sands, reconheceu que a empresa “tem algum trabalho para fazer em Macau” e que vai focar-se neste objectivo para “melhorar as perspectivas de crescimento do negócio” no território. Boa relação com Pequim Durante a conferência de apresentação dos resultados, Robert Goldstein abordou também a possibilidade de a empresa americana sofrer retaliações em Macau, devido ao actual ambiente político entre Washington e Pequim. “Penso que não estamos no Interior da China, estamos em Macau, por isso, diria que existe aqui uma diferença. Em primeiro lugar, acho que Macau tem uma orientação diferente face Pequim. Em segundo lugar […] penso que temos uma relação incrível com Pequim e trabalhámos nessa relação durante muitos e muitos anos, e é muito importante para nós”, argumentou presidente do grupo. “Acreditamos muito na relação entre a China e os EUA. Estamos muito desanimados com o que está a acontecer neste momento. Esperamos que as coisas voltem ao caminho certo, mas isso [retaliação] não me tira o sono de todo”, acrescentou. O dirigente da empresa apelou também à resolução rápida dos desentendimentos mais recentes: “Não acredito que este desencontro entre os países mais poderosos do mundo seja sustentável e tem de haver um acordo”, apontou. Quanto à empresa-mãe, que inclui também as operações em Singapura, a Las Vegas Sands apresentou um lucro de 408 milhões de dólares americanos (3,28 mil milhões de patacas) no primeiro trimestre, uma redução face ao lucro do trimestre homólogo que tinha sido de 583 milhões de dólares (4,68 mil milhões de patacas). No entanto, a apresentação dos resultados da empresa ficou marcado pelo anúncio de Patrick Dumont, director das operações, que revelou que a empresa não vai concorrer a uma licença para explorar um casino em Nova Iorque, para se focar na recompra de acções da empresa em Macau e Singapura.
João Santos Filipe Manchete SociedadeBurla | PJ revela operação contra rede criminosa A rede foi desmantelada numa operação realizada com a polícia de Zhuhai e deixa pelo menos 26 vítimas em Macau que terão perdido 1,11 milhões de patacas. As informações sobre as potenciais vítimas eram recolhida numa loja de telemóveis Uma operação conjunta das polícias de Macau e Zhuhai levou ao desmantelamento de uma rede criminosa transfronteiriça que se dedicava a burlas por telefone. O caso foi revelado ontem, através de uma conferência de imprensa. Esta rede terá causado um total de 26 vítimas em Macau, que registaram perdas de 1,11 milhões de patacas. A operação das polícias foi realizada em Macau e em Zhuhai, na manhã de terça-feira, levou à detenção de 18 pessoas. Na RAEM, foram detidas 13 pessoas, das quais nove são residentes locais, duas do Interior e outras duas do Vietname. As detenções foram realizadas em várias zonas do território, mas também no hall de chegadas do Aeroporto Internacional de Macau. Houve ainda cinco detidos no Interior. Os detidos em Macau têm entre 24 e 61 anos, e entre estes encontram-se o gerente de uma loja de venda de telemóveis e outros produtos electrónicos, assim como outros dois empregados, tidos como os cabecilhas desta associação criminosa. De acordo com a PJ, era através desta loja que parte da informação sobre as potenciais vítimas era recolhida, com os empregados a tirarem fotografias de documentos de identificação. De acordo com a legislação em vigor em Macau, quando uma pessoa compra um cartão de telemóvel pré-pago está obrigada a apresentar a identificação e a fazer o registo, para as autoridades saberem quem são as pessoas que utilizam os diferentes números. Era esta exigência que terá sido aproveitada por parte dos burlões para obterem informação sobre as vítimas, que depois era enviada para o Interior, onde eram realizadas as chamadas. Várias apreensões Na operação em Macau foram apreendidos 140 cartões pré-pagos de telemóvel, 40 mil renminbis, 10 mil dólares de Hong Kong e 10 mil patacas, assim como três computadores, 24 telemóveis e 12 routers e modems. Segundo o modus operandi apresentado, os homens recolhiam informação sobre as vítimas e depois praticavam as burlas “quem sou eu?”. Este é um tipo de burla em que os criminosos fazem a pergunta à vítima, que depois responde assumindo que está a falar com algum familiar ou conhecido. Face à resposta, os burlões fazem-se passar por essa pessoa para pedir dinheiro, normalmente com uma justificação como dívidas à polícia ou emergentes de um qualquer negócio, ou outros problemas legais. No caso desta rede de criminosos, o dinheiro era recebido em Macau, através de aplicações móveis ou transferências bancárias ou entregue em mão. Depois era transportado para o Interior, dentro de caixas de biscoitos, onde eram entregues a determinados motoristas de aplicação de transportes de passageiros, para ser lavado ou colocado em circulação. Segundo as contas apresentadas, cerca de 400 mil yuan foram lavados. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.
João Santos Filipe Manchete PolíticaHospital das Ilhas | Críticas às poucas ligações de autocarros A legisladora ligada à comunidade de Jiangmen, Lo Choi In, considera que actualmente as deslocações para o hospital implicam um “percurso tortuoso”. Além disso, pede autocarros mais direccionados, que não coincidam com algumas das principais atracções turísticas A deputada Lo Choi In critica as poucas ligações de autocarros ao Hospital das Ilhas, e pede ao Governo que apresente planos para resolver a situação. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita. De acordo com a legisladora ligada à comunidade de Jiangmen, há cada vez mais pessoas que procuram utilizar o Hospital das Ilhas, porque tem menos utentes, o que faz com que as filas de espera sejam mais pequenas. “Tendo em conta a reputação do hospital Peking Union Medical College e o número relativamente baixo de utentes durante o período inicial do seu funcionamento, muitos residentes optam actualmente por se deslocar ao hospital das Ilhas”, afirmou Lo. A deputada reconheceu que há percursos disponíveis para o hospital, através dos autocarros 35, 50, H3, MT4 e N5, mas que a cobertura é limitada e deixa muitas zonas consideradas importantes de fora. “As carreiras de autocarros não cobrem adequadamente as zonas urbanas antigas da Península de Macau, especialmente a Areia Preta, Porto Interior ou a Rua de São Paulo, pelo que os residentes destas zonas têm de percorrer grandes distâncias, quando precisam de ir ao Hospital das Ilhas”, justifica a deputada. “Os residentes destas zonas têm de apanhar outros autocarros ou fazer um percurso tortuoso, como por exemplo, fazer a transferência dos autocarros para o metro ligeiro, para se dirigirem ao Hospital das Ilhas”, acrescentou. Neste cenário, Lo pergunta ao Executivo se tem “planos para optimizar os percursos dos autocarros” e recorda que actualmente as deslocações para deficientes motores, os idosos ou os doentes já são suficientemente difíceis. Além do turismo Ao mesmo tempo, Lo Choi In aponta que muitos dos autocarros que se deslocam ao Hospital das Ilhas coincidem com autocarros utilizados pelos turistas para se deslocarem a algumas das principais atracções do território. Esta é uma situação criticada pela deputada, por considerar que torna as deslocações desnecessariamente mais difíceis para pessoas que apresentam uma condição física mais fragilizada. A legisladora pretende assim saber se existem planos “a longo prazo” para criar “autocarros mais directos”, com “horários limitados, especializados e orientados para os locais de residência das pessoas que mais frequentam cuidados médicos”. Na interpelação escrita, a deputada aborda também a questão dos táxis para as pessoas que precisam de se deslocar de cadeira de rodas. Lo indica que “a oferta em Macau foi sempre inferior à procura” e pretende saber como o Governo vai responder a esta situação. A deputada sugere que haja “incentivos políticos” para que as associações locais tratem deste serviço, dado que desta forma não é necessário assegurar lucros.
Hoje Macau Manchete PolíticaJornalismo | Associação critica mutismo de Lisboa sobre detenções O líder de uma associação internacional de profissionais da comunicação social disse à Lusa que Portugal deveria ter feito “um gesto discreto ou uma expressão de preocupação” face à detenção de duas jornalistas em Macau. O presidente da AIPIM alerta para precedente “constrangedor” No dia 17 de Abril, a polícia deteve duas repórteres do jornal All About Macau quando tentavam entrar no salão da Assembleia Legislativa para assistir à apresentação do programa político do Governo para 2025. “Consideramos o silêncio de Portugal preocupante, dados os seus profundos laços históricos e culturais com Macau”, lamentou Josep Solano, o presidente da Sociedade de Jornalistas e Profissionais da Comunicação Europeus na Ásia (JOCPA), criada em Janeiro e sediada na Estónia. “Acreditamos que tal silêncio não pode ser visto como neutro, especialmente num contexto em que a liberdade de imprensa está ameaçada”, sublinhou Josep Solano. “É importante lembrar a Portugal — um país democrático com ligações de longa data a Macau — que tem a responsabilidade moral de defender e promover as liberdades fundamentais”, defendeu o catalão. “Mesmo um gesto discreto ou uma expressão de preocupação reafirmaria o compromisso de Portugal com os valores democráticos e a liberdade de imprensa”, disse Solano. Nas redes sociais, o All About Macau escreveu que a polícia foi chamada para retirar as jornalistas, “alegando serem suspeitas de ‘perturbar o funcionamento das autoridades’ de Macau e de ‘gravação ilegal de vídeo'”. “A justificação oficial (…) é profundamente preocupante. Reflecte um ambiente cada vez mais repressivo, no qual os meios de comunicação independentes enfrentam restrições arbitrárias, exclusão de eventos públicos e, agora, criminalização”, alertou a JOCPA, num comunicado divulgado na terça-feira. Solano disse esperar “sinceramente que este lamentável incidente não marque uma nova deterioração do ambiente de liberdade de imprensa em Macau. No entanto, os acontecimentos recentes na região levantam preocupações”. O peso e a medida “A situação inédita ocorrida é triste e preocupa-nos, pois consideramos que abre um precedente – no mínimo – constrangedor”, disse à Lusa o presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM). José Miguel Encarnação pediu ao Ministério Público “que haja ponderação na avaliação dos factos, por forma a que não haja consequências de maior”. A JOCPA pediu ao Governo que retire todas as acusações contra as jornalistas e que levante as restrições aos meios de comunicação social, “independentemente do formato ou da frequência de publicação”. Também José Miguel Encarnação defendeu ser “essencial garantir que os direitos dos jornalistas sejam salvaguardados e que a liberdade de informar não seja condicionada sob pretextos pouco claros”. Ainda assim, o presidente da AIPIM admitiu que a associação decidiu não fazer qualquer comunicado sobre o incidente. Uma posição que Josep Solano compreende: “Dadas as circunstâncias complexas e delicadas que actualmente prevalecem em Macau, (…) entendemos que a prudência é uma consideração importante”. No entanto, o dirigente alertou que “um número significativo de jornalistas não-chineses que trabalham em Macau são europeus, e qualquer erosão das liberdades fundamentais pode ter um impacto directo na sua capacidade de operar de forma segura e eficaz”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano Manchete25 de Abril | A Revolução dos Cravos vista pela imprensa chinesa A queda do Estado Novo a 25 de Abril de 1974 foi noticiada pela imprensa de língua chinesa em Macau. Revelaram-se preocupações da comunidade, nomeadamente quanto à permanência do Governador Nobre de Carvalho em prol da estabilidade e bom ambiente de negócios, assim como o “status quo” de Macau no contexto da descolonização Os ecos da revolução do 25 de Abril de 1974 chegaram com atraso a Macau, mas isso não significou ausência de notícias nos dias seguintes, inclusivamente na imprensa chinesa local. O HM consultou algumas das notícias dos jornais chineses da época sobre este período, traduzidas para português por funcionários da Comissão de Censura à Imprensa (CCI), o organismo público que funcionou em Macau durante o regime ditatorial português. Este material está hoje à guarda do Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa. A sua leitura permite não só perceber alguns dos acontecimentos que se sucederam à revolução, mas também as percepções e preocupações que a comunidade chinesa teve face ao que se passou em Portugal. Os chineses queriam manter a estabilidade e a continuação dos negócios. E se o Governador Nobre de Carvalho, no poder desde 1966, passava a estar, para muitos, conotado com o regime fascista, e, por isso, tinha de sair, a verdade é que muitos desejavam a sua permanência para garantir a paz social. Conforme se lê no livro “Macau nos anos da revolução portuguesa 1974-1979”, de Garcia Leandro, ex-Governador português, “os chineses de Macau procuravam, acima de tudo, estabilidade para poder dar continuidade tranquila aos seus negócios, e não desejavam conflitos ou desentendimentos com Pequim ou com Cantão”. A Administração era “fraca, muito mal apoiada tecnicamente e com fama de ser facilmente corrompida”, pelo que havia, no território, “fortes razões para o MFA [Movimento das Forças Armadas] local e para o CDM [Centro Democrático de Macau] quererem mudanças, principalmente pela corrupção permanente e pela sensação de excessiva fraqueza da Administração portuguesa, que parecia nada decidir sem consulta prévia aos representantes chineses”. As explicações do MFA Logo a seguir ao 25 de Abril, Macau recebeu a visita de dois representantes do MFA, nomeadamente o Major Rebelo Gonçalves e o próprio Garcia Leandro, para explicar a revolução e objectivos do MFA para Portugal e as colónias, não apenas à população como aos jornalistas. Um dos encontros, com os jornalistas locais, foi descrito pelo jornal Tai Chung Pou a 6 de Maio de 1974. “Rebelo Gonçalves recebeu os repórteres e narrou-lhes pormenorizadamente o golpe de Estado. No dia (do acontecimento), a canção ‘Quem manda é o Povo’ serviu de sinal de acção”. O tradutor da CCI atribuiu à canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, escolhida para ser a segunda senha da revolução na rádio, o nome “Quem manda é o Povo”, numa referência ao verso da letra “O povo é quem mais ordena”. A notícia prosseguia, citando Rebelo Gonçalves: este disse “que o golpe de Estado foi desejo do povo, pelo que alcançou êxito no período de um só dia”. Apoio a Nobre de Carvalho Caído o regime em Lisboa, e exilado Marcelo Caetano, depressa se colocou a questão sobre a permanência do Governador à frente dos destinos de Macau. Porém, Nobre de Carvalho recebeu apoio popular para continuar, como descreve uma notícia do jornal Si Man de 4 de Outubro de 1974. “Portugal não tenciona modificar o ‘status quo’ de Macau, disse um delegado português a comerciantes chineses. O referido delegado manifesta-se contente com a campanha pela recondução do Governador, promovida por diversos sectores sociais. No entanto, o senhor general Nobre de Carvalho já pedira a exoneração do cargo de Governador por motivos de saúde.” Além disso, criou-se um grupo “para a recolha de assinaturas a favor da recondução do senhor general Nobre de Carvalho no cargo de Governador de Macau”, e que foram entregues a Garcia Leandro, ainda na qualidade de oficial do MFA. Este recebeu “duas caixas contendo livros-cadernos com assinaturas”. Foram transmitidos “pareceres de entidades dos círculos industrial e comercial, na esperança de o senhor Governador poder permanecer em Macau, o qual dadas as suas largas experiências e conhecimentos dos condicionalismos, possa vencer as dificuldades resultantes do declínio económico que ora se verifica em todo o mundo”. Mas se era desejo de muitos a continuidade de Nobre de Carvalho, a saída de muitos funcionários públicos passou a ser conotada com a mudança de regime. Como é referido numa notícia do jornal Si Man de 11 de Maio de 1974. “O chefe dos Serviços de Saúde e Assistência, dr. António Joaquim Paulino, regressará no dia 27 do corrente mês a Portugal Continental, o que segundo consta, está relacionado com a queda do Governo de Marcelo Caetano. As autoridades competentes recusaram-se a fazer comentários sobre a partida do dr. Paulino.” O jornal acrescentava ainda: “Contudo, uma notícia de fonte fidedigna informou: Crê-se que o regresso inopinado para Lisboa do dr. Paulino, cuja comissão de serviço nesta província ainda não terminou, está relacionada com o golpe de Estado ultimamente registado em Portugal (continental). Segundo se diz, o dr. Paulino tem sido um simpatizante entusiástico do deposto Governo de Marcelo Caetano.” Ainda no início de Maio, permaneciam ainda muitas perguntas sem resposta, e o jornal Si Man associava a partida de Vasco Rocha Vieira do território, à época Chefe do Estado-Maior do Comando Militar, com a ausência de explicações para a situação política. “Já se passou uma quinzena após a ocorrência do golpe de Estado em Portugal sem que fosse completamente esclarecida a situação política daquele país. Apesar de Macau ser pouco afectada pelo referido acontecimento, o Chefe do Estado-Maior das Tropas Portuguesas estacionadas em Macau, Major Rocha Vieira, afastou-se ontem silenciosamente desta província, facto que levou muita gente a conjecturar e suspeitar que a Junta de Salvação Nacional que tomou conta do Governo português já tivesse começado a actuar em Macau.” As explicações de Ho Yin O jornal Tai Chung Pou noticiou, a 22 de Maio de 1974, que “alguns portugueses declararam em Hong Kong que estavam descontentes com as medidas tomadas pelo Governador e com o Governo de Macau”, tendo seguido “para a metrópole a fim de pedirem a concessão de liberdade aos portugueses de Macau”. Ho Yin, empresário e figura marcante da comunidade chinesa local, que dialogava directamente com o Governador em representação das autoridades chinesas, deu explicações numa sessão com “repórteres estrangeiros, assim como os de Hong Kong e Macau” sobre os acontecimentos de Abril. Estes “visitaram o sr. Ho Yin, pedindo-lhe opinião”, descreve o Tai Chung Pou. E, mais uma vez, Ho Yin apaziguou os ânimos, referindo que Nobre de Carvalho tinha toda a legitimidade para continuar como Governador. “Desde o golpe de Estado português, registado a 25 de Abril, Macau, dadas as suas circunstâncias especiais, tem-se sentido, até à presente data, muito tranquila, não sofrendo qualquer alteração. O sr. Governador, General Nobre de Carvalho, que se encontra em Macau há mais de sete anos, tem profundo conhecimento dos condicionalismos desta cidade, tendo resolvido muitos assuntos através de conversações e envidado grandes esforços para esta cidade”, disse Ho Yin aos jornalistas, segundo o relato do jornal. No mesmo encontro, questionou-se a possibilidade de dissolução da Assembleia Legislativa, proposta do CDM. Mas Ho Yin afastou qualquer mudança política brusca. “Sabe-se que o Centro Democrático de Macau, constituído por alguns portugueses, pediu a dissolução da Assembleia Legislativa e da Vereação Municipal [Leal Senado], assim como a remodelação de alguns serviços públicos. Alguns habitantes julgaram que as asserções do referido Centro afectariam a ordem social, mas vieram a saber que as mesmas se tratavam apenas de opiniões de um reduzido número de portugueses, quando a cidade se encontra ainda tranquila, decorridos alguns dias.” O jornal acrescenta que Nobre de Carvalho explicou publicamente “que a AL não seria dissolvida, pelo que a população de Macau se tornou despreocupada e confiou na prosperidade desta cidade”. Além disso, “os turistas provenientes de Hong Kong, assim como do estrangeiro, também acham que Macau se encontra tranquila e não está de modo nenhum afectada”, lia-se no Tai Chung Pou. O jornal Seng Pou noticiou também este encontro entre Ho Yin e os jornalistas, em que o líder da comunidade chinesa comentou os benefícios de um regime democrático. “Dadas as suas circunstâncias peculiares e devido ao facto de os portugueses e chineses se respeitarem reciprocamente e viverem em paz desde há muito, Macau não sofreu nenhumas repercussões resultantes do referido golpe de Estado português”, disse Ho Yin, frisando que “quanto à liberdade da palavra, a mesma tem existido sempre em Macau”. Porém, o empresário apelava a alguma contenção nas críticas políticas feitas. “A democracia e a liberdade que ora se verificam em Portugal Continental são felicidades para o povo português. E os portugueses e chineses têm vivido no passado em paz, esperando-se que tal continue a suceder no futuro. No então, as críticas sobre pessoas particulares ou sobre repartições públicas devem ser fundadas, visto que qualquer ataque irreflectido faria sobrevir complicações à questão, além de afectar a tranquilidade e prosperidade desta.” Macau sem descolonização Uma das questões emanadas do 25 de Abril de 1974 foi o processo de descolonização, mais urgente na chamada África portuguesa onde decorria a Guerra Colonial desde 1961. Desde logo, as autoridades esclareceram que Macau ficaria de fora desse processo, até porque “a República Popular da China teve o cuidado de, em 1972, no Comité de Descolonização da ONU, deixar bem claro que o futuro destas duas possessões europeias [Macau e Hong Kong] não faria parte da agenda das actividades daquele organismo, sendo o assunto tratado bilateralmente”, lê-se no livro de Garcia Leandro. Na edição de 11 de Setembro de 1974, o jornal Tai Chung Pou escreveu que “o Chefe da Repartição do Gabinete do Governo de Macau, Tenente Coronel Henrique Manuel Lages Ribeiro, apontou que uma notícia emanada da agência noticiosa Reuters fora mal interpretada, e que Macau tem uma posição peculiar”, pois “a maneira de resolver o seu futuro é diferente em relação a outros territórios ultramarinos portugueses.” Citam-se palavras de Almeida Santos, à data ministro português da Coordenação Interterritorial, que referiu “que seria permitido a todos os territórios ultramarinos portugueses escolher a forma de independência como meio para solucionar o seu próprio problema, com a excepção de Macau que, sendo um território muito especial, requer uma maneira também especial para solucionar o seu problema”. Na tradução desta notícia, acrescenta-se também uma nota escrita pelo próprio redactor da peça: “Isto quer dizer que não existe o problema da independência em Macau”. As visitas de Rebelo Gonçalves e Garcia Leandro a Macau decorreram em “finais de Maio, princípios de Junho” de 1974. Almeida Santos esteve em Macau em Setembro desse ano e foi nessa fase que Garcia Leandro foi escolhido Governador de Macau, tomando posse a 13 de Novembro desse ano.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCAM | Lucro de 338,8 milhões de patacas em 2024 Apesar do aumento dos lucros, o Aeroporto Internacional de Macau ainda não recuperou totalmente face ao período pré-pandemia. O ano passado ficou marcado por um aumento do capital da empresa, no valor de 850 milhões de patacas, que tem em vista a expansão do aeroporto A CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau teve um lucro de 338,8 milhões de patacas no ano passado, um aumento de 54,3 por cento em comparação com 2023. Os números constam do relatório anual da empresa que foi publicado no início da semana. O ano passado significou um aumento dos lucros da entidade que gere o Aeroporto Internacional de Macau na ordem dos 119,3 milhões de patacas, face aos ganhos de 219,5 milhões de patacas registados em 2023. O documento mostra que a diferença é justificada com um aumento das receitas que cresceram 24 por cento, para 1,48 mil milhões de patacas, em comparação com as receitas de 1,19 mil de patacas de 2023. “Em 2024 o mercado de transportes de passageiros evoluiu de forma satisfatória, e as receitas do aeroporto atingiram um novo ponto alto, no período pós-pandemia”, afirmou Ma Iao Hang, presidente do Conselho de Administração, no relatório. “As receitas anuais com a aviação foram de 684 milhões de patacas, um crescimento anual de 40,7 por cento, enquanto as receitas não relacionadas com a aeronáutica foram de 794 milhões de patacas, um crescimento de 12,5 por cento”, acrescentou. No entanto, os valores gerados pela empresa ainda estão longe do que acontecia em 2019, antes da pandemia. Nesse ano, a empresa obteve um lucro de 616,6 milhões de patacas, devido a receitas na ordem dos 1,82 mil milhões de patacas. Este foi um resultado que contrastou muito com a situação durante a pandemia da covid-19, quando a empresa registou, em três anos, perdas conjuntas de 1,74 mil milhões de patacas. Mais passageiros e voos No ano passado a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau declara ter recebido 7,64 milhões de passageiros, um aumento de 48,3 por cento, face aos 5,15 milhões transportados no ano anterior. A empresa afirma que em comparação face a 2019, houve uma recuperação de 80 por cento. A CAM indicou também que actualmente o aeroporto serve 42 destinos, a maioria no Interior, através de 27 companhias aéreas. A maioria dos passageiros, cerca de 46 por cento, viajava de e para o Interior, enquanto 17 por cento viajava de ou para Taiwan. Além disso 37 por cento tinham como origem, ou destino, outros destinos no Nordeste ou Sudeste Asiático. Ao nível do transporte de mercadorias, excluindo o transporte de correio, houve igualmente um crescimento, neste caso na ordem dos 69,4 por cento para 109.105 toneladas, que contrastam com as 63.809 toneladas no ano anterior. Em relação ao número de jactos particulares a utilizar o Aeroporto Internacional de Macau, registou-se igualmente um aumento, de 3,7 por cento para 957 jactos particulares. Além disso, foi ainda explicado que no ano passado houve um aumento do capital da empresa no valor de 850 milhões de patacas que foi suportado pela RAEM e pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), os dois maiores accionistas da empresa com participações de 67,3 por cento e 28,3 por cento, respectivamente. Este aumento visa financiar as obras de expansão do aeroporto.
João Luz Manchete SociedadeEspaço | Astronauta local pode ter primeira missão em 2026 Os astronautas de Macau e Hong podem fazer a primeira viagem espacial no próximo ano. Depois de terem sido seleccionados em Julho do ano passado, a Agência Espacial Tripulada da China afirma que os astronautas se integraram rapidamente na equipa e trabalharam com afinco Na véspera do lançamento da nave espacial Shenzhou-20, que irá transportar três astronautas para a Lua, o porta-voz da Agência Espacial Tripulada da China, Lin Xiqiang, confirmou que dois astronautas de Macau e Hong Kong estão em vias de fazer o seu primeiro voo espacial já no próximo ano. A missão irá marcar a estreia de residentes das duas regiões no espaço. O porta-voz da agência disse no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no deserto de Gobi, no nordeste do país, que os astronautas das regiões administrativas especiais (RAE) realizaram uma série de estudos e treinos físicos e psicológicos de acordo com os planos. “Desde que se juntaram ao grupo, os astronautas de Hong Kong e Macau adaptaram-se rapidamente ao ambiente de trabalho e de vida, integraram-se rapidamente na equipa de astronautas, treinaram arduamente e todo o seu progresso de trabalho tem sido tranquilo”, disse, citado pela agência Xinhua. “Actualmente, estão a realizar estudos e formação em tecnologia aeroespacial profissional. Como especialistas em carga útil, espera-se que os astronautas de Hong Kong e Macau realizem a sua primeira missão de voo em 2026, na melhor das hipóteses”, acrescentou Lin Xiqiang. Viagem ao fim da noite Os residentes de Macau e Hong Kong foram seleccionados no quarto lote de astronautas, uma equipa de 10 elementos, oito deles pilotos espaciais e os dois especialistas de carga útil. Num processo que começou há quase um ano, os primeiros residentes das RAE que irão além da orbita terrestre foram escolhidos em Julho do ano passado para integrarem a equipa do quarto lote. Porém, as inscrições arrancaram em Outubro de 2022. Lin referiu ontem que os 10 astronautas vão continuar a receber formação no Centro de Treino e Pesquisa Espacial e que, após completarem a instrução, vão ficar aptos a integrar tripulações de voo. Os especialistas em carga útil são investigadores científicos profissionais responsáveis pela realização de experiências e investigação científica. As suas tarefas incluem também a supervisão de operações diárias nas estações espaciais com outros astronautas.
Hoje Macau Manchete SociedadeReserva financeira | Melhor arranque desde 2021 Até ao final de Fevereiro, a reserva financeira cresceu 7,17 mil milhões de patacas. No final do segundo mês do ano, o valor total da reserva atingiu 623,4 mil milhões de patacas, ainda longe do pico de 2021, quando era de 663,6 mil milhões de patacas O valor dos activos da reserva financeira de Macau registou até ao final de Fevereiro o maior aumento dos últimos quatro anos, segundo dados oficiais divulgados ontem. A reserva começou 2025 em alta, com o valor dos activos a subir 7,17 mil milhões de patacas nos dois primeiros meses, de acordo com um balanço publicado no Boletim Oficial de Macau. Segundo a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), este é o melhor arranque de ano desde Janeiro e Fevereiro de 2021, período em que a reserva se valorizou em 47,4 mil milhões de patacas. Foi precisamente no final de Fevereiro de 2021 que a reserva atingiu um recorde histórico de 663,6 mil milhões de patacas, apesar do território estar em plena pandemia de covid-19. O valor da reserva financeira cifrou-se em 623,4 mil milhões de patacas no final de Fevereiro passado, ainda longe do pico. Recuperação gradual De acordo com a AMCM, a reserva tinha registado em 2024 o melhor ano desde a pandemia, ao ganhar 35,7 mil milhões de patacas. Este foi o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas. O valor da reserva extraordinária no final de Fevereiro era de 452 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau, era de 164,2 mil milhões de patacas. O orçamento do território para 2025 prevê uma subida de 7 por cento nas despesas totais, para 109,4 mil milhões de patacas. A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 246,5 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 121 mil milhões de patacas e até 249 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. Em 2024, os investimentos renderam à reserva financeira quase 31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,3 por cento, disse a AMCM no final de Fevereiro.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFMI | Previsão de crescimento económico cortada para metade O novo relatório do FMI aponta que o PIB de Macau vai crescer 3,6 por cento em 2025, quando a estimativa inicial indicava um crescimento de 7,3 por cento. As tarifas de Donald Trump são apontadas como a principal razão para as novas previsões O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou para metade a estimativa sobre o crescimento da economia de Macau ao longo deste ano, que deverá ser de 3,6 por cento. A revisão consta no relatório mais recente sobre as expectativas económicas, que foi publicado na terça-feira. Anteriormente, as estimativas do FMI apontavam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Macau de 7,3 por cento. Contudo. De acordo com a mesma instituição, o cenário para 2026 não é muito melhor, e a estimativa é que o crescimento do PIB da RAEM seja ainda mais lento, de 3,5 por cento. No ano passado, o FMI indica que o território teve um crescimento da economia de 8,8 por cento. A nível de preços, o FMI espera um crescimento no território de 0,9 por cento ao longo deste ano e de 1,3 por cento em 2026. Quanto ao desemprego a expectativa é que tanto neste ano como no próximo a taxa seja de 1,7 por cento, abaixo da taxa de 1,8 por cento de 2024, ainda assim em “terreno” de pleno emprego. Apesar da revisão em baixa, a economia de Macau deverá registar o maior crescimento entre as “economias avançadas” da Ásia, onde se incluem países e regiões como Coreia do Sul, Hong Kong, Japão, Nova Zelândia, Singapura, Taiwan e ainda a Austrália. A média de crescimento nesta zona é de 1,2 por cento para este ano e 1,4 por cento para o próximo. Em relação à economia do Interior da China, que está integrada no âmbito das economias emergentes e em desenvolvimento da Ásia, a estimativa é que o crescimento seja de 4 por cento neste ano, e também 4 por cento em 2026. A zona das economias emergentes e em desenvolvimento da Ásia tem previsto um crescimento médio de 4,5 por cento neste ano e 4 por cento no próximo. Um problema de tarifas Não é só na Ásia que houve uma revisão em baixa das estimativas de crescimento, o mesmo aconteceu para a economia global, em que o crescimento esperado é agora de 2,8 por cento. Anteriormente, em Janeiro, era de 3,3 por cento. Face a 2026, a expectativa é que a economia mundial cresça 3 por cento, quando em Janeiro era de 3,3 por cento. No relatório publicado na terça-feira, o FMI justifica a revisão em baixa das estimativas com as tarifas de Donald Trump e a vontade de redesenhar o comércio global: “Grandes mudanças políticas estão a reiniciar o sistema de comércio global e a dar origem a incertezas que estão, mais uma vez, a testar a resistência da economia global”, é indicado. “Desde Fevereiro, os Estados Unidos anunciaram várias vagas de implementação de tarifas contra parceiros comerciais, alguns dos quais invocaram contra-medidas. Os mercados começaram por aceitar os anúncios com naturalidade, até à aplicação quase universal de tarifas pelos Estados Unidos, a 2 de Abril, o que desencadeou quedas históricas nos principais índices de acções e subidas nas taxas de rendibilidade das obrigações”, foi acrescentado.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCasinos-satélite | Secretário diz que estão a ser eleborados “planos preparatórios” O debate de ontem sobre as Linhas de Acção Governativa para a área da Economia e Finanças incidiu muito sobre o encerramento dos casinos- satélite, mas o secretário Tai Kin Ip disse apenas que estão a ser pensados “planos preparatórios”. Deputados temem impacto financeiro na banca, nas empresas e mais desemprego São 11 os casinos-satélite que podem fechar portas nos próximos meses, tendo em conta a informação já avançada pelo Governo de que as empresas gestoras destes espaços têm até ao final do ano para terminar este modelo de exploração dos espaços de jogo. Os sinais de alerta quanto ao impacto negativo desta mudança têm surgido nos últimos meses, mas o Governo teima em não dar uma resposta concreta dos planos de coordenação a levar a cabo com as empresas gestoras. Ontem, não foi excepção: foram vários os deputados a colocar questões sobre os casinos-satélite ao secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, no âmbito do debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, mas a resposta só surgiu bem no final do debate, perto das 20h, tendo em conta que a sessão começou às 9h30 e terminou às 20h. “O Governo sempre agiu de acordo com a lei para regular o sector do jogo. O regime jurídico define três anos de período transitório, e o Executivo vai trabalhar bem nesse sentido e definir planos preparatórios. Estamos a desenvolver esse tipo de trabalho”, disse. Dúvidas e mais dúvidas Um dos deputados a questionar os planos governamentais foi Lei Leong Wong. “Existem 11 casinos-satélite com um total de 13 mil trabalhadores, e se não conseguirmos tratar bem este problema isso vai causar grande impacto na sociedade. O Governo está a coordenar este assunto [do encerramento]? Se apenas pedirmos aos trabalhadores para encontrarem um novo emprego a 31 de Dezembro de 2025, será já demasiado tarde”, apontou. O deputado Lam U Tou foi também um dos intervenientes sobre este assunto. “Como vai resolver a situação de desemprego de dezenas de milhares de trabalhadores dos casinos-satélite? Os locais não conseguem emprego, e como é que as PME vão subsistir?”, inquiriu. Por sua vez, Cheung Kin Chung alertou para o impacto destes encerramentos na banca. “Além de termos de proteger os nossos trabalhadores, se forem encerrados os casinos satélite encerra também a economia dos bairros e tal vai afectar o problema do crédito malparado. Não sei se o Governo tem alguma previsão em relação a esta matéria”, disse. O mesmo deputado referiu que actualmente a fatia do crédito malparado no conjunto global de créditos bancários é de 5,6 por cento, com um risco ainda “controlado”. Porém, “se os casinos-satélite fecharem, a situação dos hotéis piora e isso afecta o crédito malparado”. “Temos de pensar em formas de podermos ajudar mais os nossos bancos”, frisou. Sobre o crédito malparado, Tai Kin Ip mostrou-se optimista. “Nos últimos meses [o crédito malparado] tem estado estável. Se investirmos mais na base [do problema] nos próximos meses podemos manter essa estabilidade”, disse apenas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCBRE | Receios sobre retaliações a concessionárias “exagerados” Os analistas da empresa de pesquisa de investimentos consideram que, actualmente, os maiores riscos para o sector do jogo decorrem de um potencial abrandamento da economia do Interior e do impacto das tarifas dos EUA nos mercados de Cantão e Hong Kong Os analistas da empresa de pesquisa de investimentos CBRE consideram que “os riscos políticos” enfrentados pelas concessionárias com capital americano no âmbito da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China “parecem exagerados”. A opinião surge no mais recente relatório da CBRE sobre Macau, ontem citado pelo portal GGR Asia, e que tem em conta a importância destas concessionárias para o orçamento da RAEM e o mercado de emprego. “Os riscos políticos, como políticas retaliatórias contra as concessionárias do jogo dos Estados Unidos em Macau são uma preocupação, mas parecem exagerados”, pode ler-se no relatório assinado por John DeCree e Max Marsh. “Os empreendimentos turísticos de Macau são essenciais para a economia da região e contribuem para mais de 80 por cento das receitas do Governo com impostos, e as concessionárias do jogo norte-americanos, sozinhas, empregam 15 por cento da mão-de-obra”, foi acrescentado. Os analistas da CBRE defendem também que “acções directas contra as concessionárias poderiam destabilizar a RAE”, o que nesta perspectiva “faz com que estas movimentações sejam pouco prováveis”. Actualmente, existem três concessionárias onde o capital americano adquire uma maior importância, a MGM China, Wynn Macau e Sands China. Perigos maiores No relatório, consta também que os danos colaterais de “políticas mais abrangentes” como a “desvalorização do yuan ou as restrições ao fluxo de capitais” são actualmente “riscos maiores” para o sector do jogo. “O crescimento das receitas brutas do jogo de Macau tem sido moderado nos meses mais recentes, e agora as perspectivas são mais sombrias, no âmbito de uma guerra comercial disruptiva”, foi justificado. “Os principais mercados dos jogadores em Macau são Cantão e Hong Kong e ambos têm economias que estão altamente dependentes das exportações. Uma guerra comercial prolongada vai ter impacto nesses mercados, e vai ter um impacto na procura em Macau”, foi explicado. Por isso, no entender dos analistas da CBRE “o maior risco a curto prazo para Macau é mais fundamental do que político”. “A trajectória do crescimento em Macau já vinha a moderar-se nos últimos meses [antes da guerra comercial], com o aumento das receitas brutas do jogo a ser apenas de 0,6 por cento em termos homólogos no primeiro trimestre de 2025”, foi argumentado. “No entanto, isto já se tinha reflectido na avaliação do sector antes dos anúncios das tarifas de 2 de Abril. Agora, a avaliação reflecte um risco económico ainda maior, associado a preocupações regulamentares”, foi vincado. O outro lado Quanto aos riscos para Macau, os analistas indicam que existe a possibilidade de haver um abrandamento da economia da China, o que terá impacto no sector do jogo. Todavia, este aspecto não é totalmente visto como negativo para os analistas, dado que poderão acontecer estímulos fiscais no Interior para relançar a economia e gerar uma maior vontade de gastar. “Se as exportações diminuírem, a China poderá ser motivada a fornecer estímulos fiscais adicionais para desbloquear a montanha de poupanças e impulsionar as despesas internas, o que deverá apoiar a procura de jogo de Macau”, acrescentou a instituição. “Embora tenhamos em conta os riscos económicos e políticos com que Macau e a China se confrontam, as actuais condições de mercado criaram uma vez mais uma oportunidade interessante para os investidores a longo prazo [nas acções das concessionárias]” é acrescentado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMetro Ligeiro | Si Ka Lon pede melhor serviço e novas tecnologias O deputado ligado à comunidade de Fujian pediu ao Governo que melhore os serviços do Metro Ligeiro e implemente medidas para reduzir o número de avarias. Além disso, Si Ka Lon espera eficácia na exploração dos espaços comerciais das estações Si Ka Lon defende o recurso a novas tecnologias para controlar regularmente o funcionamento do Metro Ligeiro e antecipar eventuais problemas. A proposta faz parte de uma interpelação escrita do deputado ligado à comunidade de Fujian, que foi entregue na Assembleia Legislativa, ainda antes dos problemas de domingo, quando cerca de 30 pessoas ficaram presas nas carruagens. De acordo com o documento, Si Ka Lon indica que o “funcionamento do Metro Ligeiro tem sido afectado periodicamente por falhas que revelam insuficiências em termos de segurança e estabilidade”. Por este motivo, o deputado considera que o transporte “não conseguiu satisfazer plenamente as expectativas do público e dos viajantes quanto a um funcionamento eficiente”. Para lidar com a situação, o legislador acredita que o Governo deve encorajar a empresa que explora o metro a seguir o exemplo do que se faz em Hong Kong e criar “um centro de dados e um sistema de monitorização do desempenho dinâmico da via para verificar instantaneamente o desempenho dos comboios e do equipamento”. “Os dados serão transmitidos para análise aprofundada, de modo a identificar antecipadamente quaisquer irregularidades e efectuar a manutenção preventiva, tornando assim a monitorização mais eficiente e melhorando a eficiência global da operação”, acrescentou. Si Ka Lon pergunta assim ao Executivo se existe intenção de “investir mais em sistemas inteligentes adequados para melhorar a qualidade e a eficiência do serviço do Metro Ligeiro”. Mais negócio O deputado questiona ainda o Executivo sobre os planos para explorar espaços comerciais nas várias estações de Metro Ligeiro. O deputado reconhece que “as lojas da estação da Barra foram todas arrendadas”, mas que o “desenvolvimento comercial noutras estações tem sido lento”, faltando “um plano claro” para esta aposta. Também neste aspecto, o deputado faz o contraste com a situação do metro em Hong Kong, onde as estações têm vários espaços comerciais e também grandes anúncios publicitários, que contribuem para as receitas do da empresa que gere o transporte público. Também neste aspecto, Si Ka Lon pede que se siga Hong Kong, porque ao “introduzirem-se grandes espaços publicitários, lojas especiais ou projectos comerciais nas principais estações, acredita-se que haverá um aumento das receitas além dos bilhetes e que se promoverá a economia do Metro Ligeiro de superfície”. No passado, o ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, explicou que um dos grandes obstáculos à instalação de lojas nas estações prendia-se com o facto de não terem sido planeadas nos projectos de concepção, o que fazia com que não houvesse espaço suficiente.
João Luz Manchete PolíticaSuicídio | Governo reforça consultas e serviços de psicoterapia Face ao recorde de suicídios no ano passado, foram criadas consultas externas de saúde mental em nove centros de saúde e serviços de psicoterapia em duas instituições privadas. O director dos Serviços de Saúde destacou os esforços do Governo na detecção precoce de problemas psicológicos, como a depressão 2024 foi um ano negro em Macau em matéria de suicídio, com 90 pessoas a tomarem a sua própria vida, batendo recordes e causando alarme social. O deputado Ho Ion Sang abordou o tema numa interpelação escrita e perguntou ao Governo que medidas vão ser tomadas para reduzir a trágica estatística. Tendo em conta o crescimento da taxa de suicídio, o director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, começou por garantir que “o Governo da RAEM atribui uma relevância significativa à saúde psicológica dos residentes”. Em termos práticos, os SS “criaram consultas externas de saúde mental em nove centros de saúde, concederam apoio financeiro a duas instituições sem fins lucrativos para a prestação de serviços de psicoterapia”. Além disso, foram criadas “equipas de prestação de serviços psicológicos comunitários”, para estreitar proximidade com casos latentes e fornecer consultas de psiquiatria na comunidade e em lares de idosos. Também ao nível hospitalar, as urgências do Hospital Conde de São Januário passaram a prestar serviços de psiquiatria 24 horas para emergências. Um dos pontos principais da resposta de Alvis Lo prende-se com a recolha e análise de dados sobre o suicídio. Na interpelação escrita, Ho Ion Sang afirma que o registo de 2024 foi o pior dos últimos dez anos. Porém, os dados estatísticos relativos ao suicídio têm estado espalhados em várias categorias ao longo dos anos, entre estatísticas da criminalidade e indicadores da saúde. O HM analisou os dados disponíveis desde 2003 e uma realidade salta à vista: antes de 2017, nunca se verificaram mais de 80 suicídios anualmente. Aliás, a média anual de suicídios entre 2003 e 2013 foi de 53,5 casos, com um total de 589 suicídios nesses 11 anos. Informação é poder Depois desta dispersão de metodologia estatística, o Governo compromete-se em proceder à recolha sistemática de dados relativos ao sexo, idade, profissão e causas do suicídio, efectuando análises multidimensionais e construindo um sistema de prevenção a três níveis. Num primeiro nível, as autoridades apostam em campanhas de sensibilização sobre saúde mental, em especial para os jovens. O segundo nível, prende-se com o rastreio para grupos de alto risco, reforçando a capacidade de identificação e tratamento de crises, “encaminhamento de casos de alto risco e a intensificação da intervenção precoce nos transtornos mentais, como a depressão”. O terceiro nível, inclui “primeiros socorros psicológicos” e intervenção de acção social a indivíduos com tentativa de suicídio, e acompanhamento de luto a familiares. Alvis Lo realça a medida lançada pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) para a elaboração de boletins de identificação da saúde mental de alunos, com o objectivo de identificar e intervir precocemente em doenças do foro psiquiátrico. A DSEDJ lançou também o “Plano de linha aberta de aconselhamento para alunos e apoio online – Chat With U”, em cooperação com instituições de serviço social.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteÓbito | Comunidade recorda capacidade de diálogo de Papa Francisco Foram 12 anos à frente dos destinos da Igreja Católica. O Papa Francisco morreu na segunda-feira de manhã aos 88 anos. Ainda participou nas celebrações do domingo de Páscoa no Vaticano, já bastante debilitado. A comunidade católica local recorda o seu legado de diálogo e capacidade de gestão de várias crises na Igreja Jorge Mario Bergoglio ficará para sempre conhecido como Papa Francisco. Faleceu esta segunda-feira aos 88 anos, horas depois de celebrar a sua última Páscoa perante uma multidão no Vaticano. O Papa Francisco não conseguiu sobreviver às complicações de uma pneumonia bilateral, que obrigou a um prolongado internamento há semanas. A notícia da morta do Papa Francisco correu o mundo e as mensagens de condolências e homenagem multiplicaram-se globalmente. A comunidade católica local não foi excepção. “Sem dúvida que a comunidade católica de Macau acarinhava muito o Papa Francisco, graças ao seu sorriso, sem dúvida que foi de um grande ensinamento para a comunidade local. As pessoas sempre demonstraram um grande carinho pelo Papa”, disse ao HM o padre Daniel Carvalho. O sacerdote destacou o facto de Francisco ter sido o primeiro Papa oriundo da América Latina, mais precisamente da Argentina, o que foi “uma grande novidade para a Igreja”. Contrariando a imagem austera do seu antecessor, Jorge Mario Bergoglio rapidamente conquistou a simpatia de crentes e não-crentes pela simplicidade e capacidade de diálogo com vários grupos sociais e minorias. “Foi um Papa que não se destacava pela sua intelectualidade, mas pelo trabalho pastoral. Demonstrou ser uma pessoa de muito diálogo, alguém misericordioso, e muito próximo das pessoas mais simples, sofredoras. Foi um Papa extremamente acessível, mostrando um lado da Igreja que a humanidade talvez não estivesse acostumada a ver. Uma Igreja mais próxima, missionária, aberta ao diálogo.” Questionado sobre o futuro líder da Igreja Católica, o padre Daniel Carvalho diz ser difícil apontar, para já, um possível nome. “A Igreja Católica tem hoje cerca de 120 cardeais, então quando acontece o conclave há sempre uma eleição, e o candidato que obtém dois terços dos votos é eleito Papa. É muito difícil acertar na figura que será o próximo Papa. Existem sempre várias possibilidades. É muito provável que seja alguém da linha do Papa Francisco, pois muitos dos cardeais actuais foram escolhidos por ele. Pode haver uma tendência de continuidade pelo mesmo pensamento”, frisou. Religião “para todos” Stephen Morgan, reitor da Universidade de São José (USJ), recordou as palavras do Papa Francisco em Lisboa, no ano passado, durante as Jornadas Mundiais da Juventude, quanto ao facto de “o catolicismo ser para todos, todos”. “Ele tinha capacidade de comunicar isso, e penso que também estava preocupado em assegurar que, aos mais altos níveis de governação, a Igreja fosse representativa e com alcance global.” Para Stephen Morgan, o Papa Francisco “tinha uma capacidade de comunicação e de ligação com as pessoas”, além de ter criado raízes entre a Igreja Católica em países da zona sul do globo. “Foram ordenados muitos cardeais em lugares como o Myanmar, Timor-Leste ou até Mongólia, numa espécie de reconhecimento da natureza global do catolicismo, e talvez seja algo que só alguém da América Latina, do sul global, poderia promover.” Ao longo de 12 anos de pontificado, o Papa Francisco fez uma aproximação à comunidade LGBT e teve de lidar com o escândalo dos abusos sexuais no seio da Igreja. O posicionamento de Francisco nesse campo é outro ponto destacado por Stephen Morgan. “Ele fez um enorme número de coisas em termos de governação interna da Igreja, criando mecanismos de responsabilização. Não tenho a certeza se a responsabilização já terá acontecido, mas esses mecanismos, na crise dos abusos sexuais ou de gestão dos bens da Igreja, foram realmente muito importantes. Ele tinha uma capacidade de se relacionar com pessoas ‘modernas’, devido ao seu estilo informal”, destacou o reitor da USJ. Quanto à futura liderança da Igreja Católica, também Stephen Morgan diz que há ainda muitas possibilidades em aberto, tendo em conta o elevado número de eleitores papais. Além disso, “uma das características do pontificado deste Papa foi o facto de não se ter reunido com os cardeais muitas vezes, sendo que os seus antecessores tinham tendência para reunir com os cardeais com muito mais frequência”. “O Papa Francisco não o fez, por isso não se conhecem verdadeiramente. Pode ser um conclave muito curto, com a maioria a dizer: ‘Não conheço ninguém, mas conheço esta pessoa’. Pode ser o Tolentino Mendonça, por exemplo. Pode levar muito tempo a que se conheçam”, explicou. Segundo a Al Jazeera, em Janeiro deste ano existiam 252 cardeais, sendo que 138 têm poder de eleição do novo líder da Igreja Católica. O novo Papa irá cumprir o 267º pontificado. Fala-se de vários nomes que poderão suceder a Francisco: além do português Tolentino Mendonça, há os cardeais Peter Erdo, Pietro Parolin, cardeal secretário de Estado; Peter Turkson, do Gana; Luís Tagle, das Filipinas; Mário Grech e Matteo Zuppi. “Vale a pena referir que cerca de 50 por cento dos actuais cardeais vêm do sul global. Por isso, a ideia de que o novo Papa possa ser um asiático ou africano, e não um latino-americano, é elevada. Mas quem sabe?”, deixa no ar Stephen Morgan. Próxima jornada O funeral do Papa Francisco será realizado dentro de nove dias e o conclave para eleger o seu sucessor dentro de um mês, anunciou ontem o Vaticano após a morte do pontífice. Este domingo, Francisco conseguiu falar, sentado numa cadeira de rodas, no âmbito da cerimónia de benção “Urbi et Orbi”: “Urbi”, por ser dirigida a Roma, e “Orbi”, por também se direccionar ao mundo inteiro. Na sua mensagem, lida por um assessor, denunciou-se a “desprezível situação humanitária” em Gaza, e foi feito um apelo ao cessar-fogo. O Papa Francisco alertou também para “o clima de crescente antissemitismo que se está a espalhar pelo mundo”. “Apelo aos beligerantes para que cessem o fogo, libertem os reféns e prestem uma ajuda preciosa às pessoas famintas que anseiam por um futuro de paz”, afirmou Francisco na mensagem. “A missão autodeterminada do Papa Francisco era transformar a Igreja Católica num ‘hospital de campanha’, no sentido de ir ao encontro das pessoas onde elas estão, sem as julgar, curando-as com remédios de graça. Por isso, muitos católicos amavam-no profundamente”, rematou Stephen Morgan. A Diocese de Macau emitiu ontem uma nota oficial sobre o falecimento do Papa, recordando que este “foi chamado à Casa do Pai no Vaticano, em Roma, aos 88 anos de idade”. “Ao longo de seu ministério terreno, o Papa Francisco proclamou ardentemente a infinita misericórdia de Deus, semeou esperança entre os fiéis, percorreu muitas terras e cuidou com ternura dos mais frágeis, tornando-se um modelo exemplar de liderança pastoral”, é referido na nota, a que se segue um comentário do Bispo Stephen Lee. “Neste tempo sagrado da Oitava de Páscoa, Dom Stephen Lee, Bispo de Macau, juntamente com todos os irmãos e irmãs em Cristo, eleva preces fervorosas pelo eterno descanso da alma do Papa Francisco e para que ele seja recebido na glória do Reino Celestial. Expressamos igualmente a nossa sincera gratidão pelas numerosas mensagens de condolências recebidas de todos aqueles que, com bom coração, partilham deste momento de luto”, é referido. A Diocese diz que vai anunciar as cerimónias memoriais do falecimento de Francisco. A nota dá ainda conta da cronologia da vida de Francisco, nomeadamente o nascimento, a 17 de Dezembro de 1936, em Buenos Aires, com o nome de Jorge Mario Bergoglio; e a entrada nos jesuítas em 1958, tendo sido ordenado sacerdote em 1969. Em 2001 foi ordenado cardeal, e cerca de 12 anos depois foi escolhido como Papa. Condolências de Pequim A China apresentou ontem condolências pela morte do Papa Francisco, aos 88 anos, e afirmou que pretende continuar a desenvolver as suas relações com o Vaticano. Francisco foi o primeiro papa sul-americano e jesuíta da história. “A China apresenta as suas condolências pela morte do Papa Francisco”, disse Guo Jiakun, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. A Santa Sé e a China não mantêm relações diplomáticas oficiais, uma vez que o Vaticano é um dos cerca de dez países que reconhecem Taiwan. No entanto, em 2018, o pontificado de Francisco assinou um acordo histórico com o Governo chinês sobre a complexa questão da nomeação de bispos católicos na China. “Nos últimos anos, a China e o Vaticano mantiveram contactos construtivos e intercâmbios amigáveis”, afirmou Guo Jiakun. “A China está disposta a fazer esforços conjuntos com o Vaticano para promover a melhoria contínua das relações”, declarou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMetro | Avaria reteve 30 pessoas nas carruagens A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau lamentou o acidente que terá sido causado por uma falha no sistema eléctrico. Uma das pessoas retidas sentiu-se mal, mas recusou ser transportada para o hospital Uma falha no sistema eléctrico no Metro Ligeiro fez com que cerca de 30 passageiros ficassem retidos dentro das carruagens, e o sistema suspenso aproximadamente durante duas horas, entre a Estação da Barra e o Hospital das Ilhas. O caso aconteceu no domingo de manhã. Uma pessoa sentiu-se mal, tendo recebido tratamento no local das equipas de salvamento. As pessoas ficaram presas quando viajavam perto do Macau Jockey Club e tiveram de ser resgatadas por equipas de salvamento, constituídas por bombeiros e polícia. Quando as autoridades conseguiram abrir as portas do metro, várias pessoas apresentaram queixas de mal-estar, com um residente local, com cerca de 50 anos, a apresentar dificuldades respiratórias. No entanto, este recusou ser transportado para o hospital para receber tratamento, porque ao sair da carruagem afirmou já se sentir melhor. O alerta para o facto de haver pessoas presas dentro das carruagens foi dado às autoridades por volta das 11h27 e a normalidade da circulação do metro só foi retomada por volta das 13h11. Apesar da suspensão entre a Estação da Barra e o Hospital das Ilhas, a circulação entre o Terminal Marítimo da Taipa e o Dome foi assegurada, com uma frequência de nove minutos. Após o incidente, a empresa do metro emitiu um comunicado a lamentar o sucedido: “A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau lamenta profundamente o incómodo causado aos passageiros por este acidente e vai continuar a inspeccionar o sistema e melhorar as disposições relativas à comunicação de acidentes e às instruções no local”, foi comunicado. Comunicação com falhas Ao jornal Ou Mun, houve pelo menos uma residente que se queixou sobre a comunicação da empresa, que não tinha qualquer aviso para a interrupção do serviço antes da entrada nas estações. Uma queixa semelhante foi relatada por turistas ao canal português da TDM. Neste caso, a turista ouvida admitiu que poderia ter verificado previamente a informação sobre o serviço através do telemóvel, o que não fez, mas considerou que os avisos deviam ter sido afixados logo nas escadas, para que as pessoas não tivessem de se deslocar ao interior das estações do metro. Desde que foi inaugurado, em 2019, o Metro Ligeiro tem apresentado algumas avarias, o que fez com que o serviço já tivesse sido suspenso durante seis meses para substituir cabos de alta tensão. Contudo, os acidentes não pararam e o mais recente aconteceu em Outubro do ano passado.
João Luz Manchete SociedadeAmbiente | Temperatura sobe e qualidade do ar desce No ano passado, a temperatura média foi de 23,6 graus, mais 0,8 do que o valor médio climático (de 1991 a 2020) e mais 0,2 graus do que em 2023. Em relação à qualidade do ar que respiramos em Macau, 2024 teve mais dias com ar “insalubre” e “muito insalubre” do que no ano anterior Confirmando a tendência do ano anterior, 2024 voltou a ser um ano com pior ambiente em Macau. A temperatura aumentou, assim como os dias de fraca qualidade do ar, o volume de água consumida, os resíduos urbanos produzidos per capita e tratados na central de incineração e a densidade populacional. As estatísticas do ambiente de 2024, divulgadas pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) na semana passada, revelam uma degradação ambiental quase a toda a linha. No ano passado, a temperatura média no território foi de 23,6º, mais 0,8º relativamente ao valor médio climático (correspondente à média entre 1991 e 2020), e mais 0,2º do que em 2023, ano que já havia registado uma subida de 0,6º face a 2022. Recorde-se que a Organização Meteorológica Mundial revelou que 2023 foi o ano mais quente a nível mundial, desde que se iniciou o registo, marca que voltou a ser batida no ano passado. Em relação aos extremos do termómetro, o dia mais quente de 2024 registou-se em Agosto (35,4º), enquanto o mais frio aconteceu em Janeiro (4,3º). A DSEC revela que no ano passado houve 42 dias quentes (temperaturas superiores a 33º) e 29 noites quentes (temperaturas acima de 28º), registo que representou uma subida significativa de 13 dias e 14 noites, respectivamente, face a 2023. No polo oposto, os dias frios (12º ou menos) do ano passado totalizaram 29, mais 3 dias do que em 2023. Porém, comparando com os valores médios climáticos, o número de dias frios em 2024 caiu 10,1 dias. Elementos doentes No ano passado, a qualidade do ar voltou a piorar. Os números de dias com qualidade do ar “insalubre” e “muito insalubre” aumentaram face a 2023. De entre as estações de monitorização, a estação de berma da estrada de Ká-Hó teve o maior número de dias com qualidade do ar “insalubre” (34 dias) e registou dois dias com qualidade do ar “muito insalubre”. Aliás, a DSEC acrescenta que a estação de monitorização de Ká-Hó registou o pior índice de qualidade do ar, e que o principal poluente a afectar Macau foi o ozono. O número de dias em que o valor das partículas inaláveis em suspensão (PM10) foi superior ao valor padrão diminuiu em todas as estações de monitorização, em comparação com 2023, fixando-se apenas num dia. Porém, quanto às partículas finas em suspensão (PM2,5), o número de dias com valor superior ao valor padrão aumentou significativamente face a 2023. Do céu e da torneira Uma das excepções aos agravamentos ambientais foi a chuva. Em 2024, a precipitação total foi de 2.029,2 mm, considerada normal face ao valor médio climático. Neste capítulo, Agosto, que havia registado o dia mais quente do ano, foi também o mês em que mais choveu (411,4 mm), enquanto que em “Dezembro não se registou nenhuma precipitação”. Voltando aos registos negativos, em 2024 o volume de água consumida aumentou em termos anuais 5,6 por cento para mais de 94,1 milhões de metros cúbicos (m3). O aumento do consumo da água foi impulsionado principalmente com os acréscimos do consumo de “organismos públicos (+12,0 por cento) e pelo comércio e indústria (+8,5 por cento). Também o volume de água consumida per capita subiu 14,4 litros por dia, para uma média diária 374,3 litros. O volume de resíduos líquidos tratados no ano em análise também ascendeu 4,5 por cento, em termos anuais, para 87,5 milhões de m3. Em relação ao tratamento de resíduos sólidos urbanos, em 2024 a Central de Incineração de Resíduos Sólidos tratou 526.979 toneladas, total que representou uma subida 5,1 por cento em termos anuais. Também o volume de resíduos sólidos urbanos per capita subiu de 2,02 quilos por dia em 2023 para 2,10 no ano passado. Além destes, os resíduos de materiais de construção transportados para o aterro também registaram um aumento homólogo de 13,5 por cento, totalizando 1,8 milhões de m3. Contudo, o volume de resíduos especiais e perigosos (5.355 toneladas) diminuiu ligeiramente 0,9 por cento, face a 2023. Finalmente, a DSEC aponta que no ano passado a densidade populacional aumentou ligeiramente, passando de 20.400 pessoas por km2 em 2023 para 20.600 pessoas por km2.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Reclamações devido a bloqueio resultam na detenção de jornalistas Após terem sido impedidas de aceder à sala do Plenário, as jornalistas do All About Macau tentaram obter explicações e acabaram detidas pela polícia. Desde que Sam Hou Fai foi eleito, a publicação em língua chinesa tem sido impedida de participar em conferências de imprensa Duas jornalistas do All About Macau foram detidas na quinta-feira, depois de terem sido impedidas, mais uma vez, de entrar na sala do Plenário da Assembleia Legislativa e de terem tentado pedir explicações sobre os motivos pelos quais voltaram a ser barradas. Segundo o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) as jornalistas são suspeitas de “perturbação do funcionamento de órgãos da Região Administrativa Especial de Macau”. De acordo com o relato do jornal All About Macau, as jornalistas chegaram ao local por volta das 09h20 e receberam um “cartão azul”, que as impediam de entrar na sala do Plenário da Assembleia Legislativa. Normalmente, quando chegam à AL, os jornalistas identificam-se e recebem um cartão amarelo com lugares marcados dentro da sala do plenário. A marcação de lugares não tende a ser respeitada, a não ser quando o Chefe do Executivo vai ao hemiciclo. Só nesses dias o número de repórteres tende a ser mais significativo. Mas, mesmo nessas ocasiões, a sala do plenário nem sempre enche, porque além dos lugares para a imprensa também há lugares para a população, que na teoria pode aceder às reuniões. Todavia, na quinta-feira a sessão contava com a presença do secretário para a Administração e Justiça, André Cheong. A atribuição de um cartão azul faz ainda com que os jornalistas sejam colocados numa sala numa das partes laterais do edifício, onde há uma tela com a transmissão das reuniões. Este local dificulta o acesso a membros do Governo, para se obter esclarecimentos adicionais sobre o conteúdo do plenário ou colocar outras questões à margem da participação do hemiciclo. Tentativa frustrada Apesar dos cartões azuis, e ainda antes do início da sessão, as jornalistas terão tentado entrar na sala para falar com os deputados, de acordo com o relato inicial do próprio All About Macau. A tentativa foi frustrada devido à intervenção de pessoas que alegadamente seriam funcionários da Assembleia Legislativa e que formaram um cordão humano à volta das jornalistas. No interior da sala do plenário haveria vários lugares vazios. Com um cordão humano à sua volta, uma das jornalistas terá pedido que lhe fosse explicado os motivos para ser barrada, protestando a decisão. A situação ficou assim por alguns momentos, com a jornalista a pedir explicações, até que uma das pessoas que formava a barreira humana se identificou como polícia à paisana e decidiu avançar com a detenção. Num primeiro momento, as jornalistas foram levadas para a esquadra pela polícia com a justificação de que tinham de ser identificadas, por suspeitas do crime de perturbação do funcionamento de órgãos da Região Administrativa Especial de Macau e ainda, uma delas, que tinha filmado um vídeo na terça-feira, dentro de hemiciclo, por suspeitas do crime “gravação ilegal de vídeo”. Este último crime estaria alegadamente ligado a um vídeo captado dentro do hemiciclo, onde é normal captarem-se imagens, em que os funcionários da AL impediam as jornalistas de circularem, enquanto os governantes saíam da sala do plenário. As imagens da detenção das duas jornalistas foram divulgadas pelo próprio All About Macau e é possível ver, no exterior do hemiciclo, uma das jornalistas perguntar porque motivo tem de ir para a esquadra e a garantir que não vai perturbar o funcionamento da AL. As imagens tornaram-se virais nas redes sociais. Gritos e advertências Por sua vez, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) emitiu um comunicado ao final da noite a acusar as jornalistas de terem recusado “entrar no auditório da Assembleia Legislativa por estarem insatisfeitas com as respectivas disposições da mesma Assembleia”. O CPSP apontou também que as jornalistas “perturbaram o local e tentaram, por várias vezes, entrar no salão de reuniões, mas não conseguiram”. “A seguir começaram a gritar em voz alta e ignorarem, por várias vezes, as advertências do pessoal da Assembleia Legislativa, por isso o mesmo pessoal solicitou o apoio da Polícia devido à grave perturbação da ordem pública no local”, foi acrescentado. “Tendo em conta que essas duas pessoas se encontram suspeitas de influenciar o funcionamento da Assembleia Legislativa, o pessoal desta Polícia levou-as à Corporação para investigação”, foi adicionado. A versão do CPSP indica ainda que “existe fortes indícios de que as duas pessoas acima referidas foram suspeitas da prática do crime de ‘Perturbação do funcionamento de órgãos da Região Administrativa Especial de Macau’ previsto no Artigo 304.º do Código Penal” e que o caso foi encaminhado para o Ministério Público. O crime é punido com uma pena que pode chegar a três anos de prisão ou pena de multa. No comunicado não surgiu qualquer referência ao crime de gravação ilegal de vídeo. Além disso, o Corpo de Polícia de Segurança Pública identifica o All About Macau como um “jornal online”, o que não correspondem totalmente à verdade, uma vez que este meio de comunicação social está inscrito junto do Gabinete de Comunicação Social (GCS) e publica mensalmente um jornal em papel. Se fosse apenas em formato online não estava registado, dado que o Governo não reconhece meios online. Face ao caso, a Associação de Jornalistas de Macau emitiu um comunicado online a “lamentar profundamente o incidente” que levou à detenção da sua presidente, Ian Sio Tou, uma das jornalistas detidas. Dias antes do incidente, a AJM já havia lamentado o facto de a mesma publicação ter sido barrada no acesso a vários eventos, depois da eleição do novo Chefe do Executivo, além de ter igualmente indicado haver cada vez menos oportunidades de jornalistas fazerem perguntas aos governantes. Por sua vez, o jornal All About Macau anunciou que face a todos os acontecimentos vai deixar de acompanhar as Linhas de Acção Governativa, por falta de condições. Imagem: captura de ecrã de reportagem televisiva
João Luz Manchete PolíticaDesporto | Governo pede apoio de longo prazo O Chefe do Executivo recebeu na sede do Governo o director da Administração Geral Nacional do Desporto, que coordena a comissão dos Jogos Nacionais. Sam Hou Fai pediu apoio para o desenvolvimento do desporto local e mostrou-se confiante de que a organização da 15.ª edição dos Jogos Nacionais será um sucesso O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, recebeu no sábado na sede do Governo o director da Administração Geral Nacional do Desporto e coordenador da Comissão Organizadora da 15.ª edição dos Jogos Nacionais, Gao Zhidan, de acordo com um comunicado do Gabinete de Comunicação Social (GCS). Os Jogos Nacional, o principal evento desporto chinês, realizam-se de quatro em quatro anos. Esta edição, que irá decorrer entre 9 e 21 de Novembro, será a primeira vez, desde os jogos inaugurais em 1959, que vai incluir provas fora do Interior da China através da organização conjunta de Macau, Hong Kong e Guangdong. Sam Hou Fai e Gao Zhidan trocaram opiniões sobre formas de garantir o sucesso da 15.ª edição dos Jogos Nacionais, da 12.ª edição dos Jogos Nacionais para Pessoas Portadoras de Deficiência e da 9.ª edição dos Jogos Olímpicos Especiais Nacionais. Além da organização dos eventos, os responsáveis abordaram o reforço da cooperação na área desportiva. Sam Hou Fai “disse esperar que, através do aprofundamento constante da colaboração, a Administração Geral continue a apoiar Macau no desenvolvimento do desporto a longo prazo”, indica o GCS. O governante afirmou que os jogos constituem “uma plataforma importante para demonstrar a capacidade integral do país e impulsionar o intercâmbio e a cooperação entre as diversas regiões da nação na área do desporto”. Muito agradecido Sam Hou Fai salientou também que o facto de Macau poder participar na organização das provas da Zona de Competição de Macau, deve-se à confiança e apoio do país a Macau. Em relação às tarefas a cumprir, o Chefe do Executivo reiterou a elevada importância dada aos trabalhos preparatórios, incluindo os esforços na organização de competições, na segurança das instalações desportivas e na formação dos voluntários. Em paralelo, Sam Hou Fai indicou que “o Governo da RAEM irá promover de forma contínua o desenvolvimento do turismo desportivo e de outras actividades correlacionadas, no intuito de injectar mais dinâmica na diversificação adequada da economia de Macau”. O Executivo pretende também usar a oportunidade surgida pelas Jogos Nacionais para “transformar Macau numa cidade saudável e dinâmica”, acrescenta o GCS.
Hoje Macau Grande Plano MancheteLAG 2025 | Hengqin terá um centro para comércio lusófono e hispânico Hengqin vai ter um centro para promover as relações comerciais com os países de língua portuguesa e espanhola. A novidade foi anunciada pelo secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, na apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa para este ano O Governo anunciou, na sexta-feira, o estabelecimento de um centro para promover os serviços económicos entre a China e os países de línguas portuguesa e espanhola na vizinha zona económica especial de Hengqin. A ideia é proporcionar às empresas destes países serviços no “âmbito linguístico, jurídico, fiscal, de verificação da observância das normas, de formação, de arbitragem e de mediação”, referiu, na Assembleia Legislativa, o secretário para a Administração e Justiça de Macau, André Cheong Weng Chon. As palavras de André Cheong, no âmbito da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano relativas à pasta da Administração e Justiça, vão ao encontro do que o líder do Governo, Sam Hou Fai, anunciou na segunda-feira, ao declarar a intenção de “promover o intercâmbio e a cooperação”, através de Macau, entre a China e o universo de países de língua espanhola. O Fórum Macau foi criado em 2003 e, mais de duas décadas depois, o Chefe do Executivo decide alargar o foco aos países que falam castelhano. A cooperação deve incidir, como indicou na apresentação geral das LAG, entre outros sectores, nas áreas das finanças, cultura, turismo e comércio electrónico transfronteiriço. “São países próximos em termos de cultura e de língua, que fazem parte do mundo latino. E temos em conta as experiências do passado, a cultura, todo o sistema político, social desses países”, referiu André Cheong. Como uma tosta Notando que o novo espaço tem gestão mista, de Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada, o responsável disse ainda que o “centro de apoio comercial não se sobrepõe ao Fórum [de Macau]”. Na semana passada, Sam Hou Fai, o primeiro líder de Macau a dominar a língua portuguesa, sugeriu também que ia aproveitar uma visita a Portugal, prevista para depois das eleições legislativas portuguesas de 18 de Maio, para se deslocar a Espanha e “iniciar contactos”. A Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin é um projecto lançado por Pequim, em 2021, gerido conjuntamente pela província de Guangdong e por Macau, com uma área de cerca de 106 quilómetros quadrados. Persistem, porém, uma série de problemas nesta área especial, notou André Cheong, referindo “a insuficiência no desenvolvimento da economia real, a alta taxa de desocupação dos edifícios comerciais, bem como a falta de circulação de pessoas e de actividade comercial”. Na segunda fase da construção desta zona, disse o secretário, Macau e a província de Guangdong vão reforçar “a interligação de infraestruturas”, “a articulação das regras e mecanismos” e a “aproximação dos residentes de Macau e Hengqin”. IAM | Reforma pretende simplificar estrutura orgânica Depois das mudanças no conselho de administração do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), nomeadamente a saída de José Tavares do cargo de presidente, eis que vêm aí novas mudanças. Na sexta-feira, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, disse que “a actual organização institucional [do IAM] não satisfaz as necessidades de trabalho do próprio instituto nem corresponde às expectativas dos cidadãos”, pelo que a partir deste ano serão feitos “os trabalhos de reestruturação de forma faseada”. O objectivo é “racionalizar e simplificar a estrutura orgânica interna, ajustando as funções com base nos princípios da gestão centralizada, do reforço da coordenação e da simplificação dos procedimentos, no sentido de evitar a gestão por camadas e para aumentar a eficiência da gestão municipal do IAM”. Função Pública | Subsídio de nascimento passa a 6.580 patacas O secretário André Cheong anunciou na sexta-feira que o subsídio de nascimento para trabalhadores da Função Pública irá passar do índice 60 para 70, o que significa que passa a ser de 6.580 patacas. “A RAEM ajustou o subsídio de nascimento, mas não para a Função Pública, que se mantém no índice 60. Sugerimos que esse subsídio seja ajustado para 70, equivalente a cerca de 6.580 patacas”, disse. Recorde-se que o Governo anunciou também, nestas Linhas de Acção Governativa, a criação do subsídio para a infância, que deverá chegar a 15 mil crianças até três anos de idade. Estas crianças irão receber 1.500 patacas mensais, ou seja, 18 mil patacas por ano.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTrânsito | Menos acidentes rodoviários no primeiro trimestre Nos primeiros três meses de 2025 houve uma ligeira descida, de 3,44 por cento, do número de acidentes de viação, face a 2024. Destaque também para a falta de respeito dos condutores para com peões em passadeiras. As multas continuam aumentar, com particular incidência para as de estacionamento Macau registou, em termos anuais, uma queda no número de acidentes de viação nos primeiros três meses de 2025. É o que dizem os dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), que mostram que no primeiro trimestre houve 3.626 acidentes, menos 3,44 por cento face aos meses de Janeiro a Março de 2024. Destaque para o facto de, desse número, 162 acidentes terem envolvido peões. No tocante a multas por violação das regras de trânsito, o CPSP instaurou um total de 193 mil no primeiro trimestre, o que constitui um aumento de 12,8 por cento face a igual período do ano passado. As multas envolveram um montante de 51,67 milhões de patacas, mais 8,32 por cento. Em relação ao estacionamento em zonas proibidas, também se registou um aumento anual, com 171 mil multas passadas, mais 14,5 por cento, enquanto nos estacionamentos ilegais nas vias públicas o aumento foi de 10,92 por cento, tendo-se verificado 154,517 mil infracções nestes primeiros três meses. Quanto a ilegalidades cometidas em zonas de estacionamento tarifadas, ou lugares com parquímetro, o aumento é maior, na ordem dos 62 por cento, com cerca de 17 mil casos instaurados no primeiro trimestre deste ano. Outro dado que se destaca é as infracções por condução ilegal de motociclos, ou seja, sem carta de condução devida, com mais 68,18 por cento dos casos em termos anuais. No primeiro trimestre deste ano foram registados 37 infracções deste género. Dos números divulgados pelo CPSP destaca-se ainda o grande aumento de casos de condutores que não respeitaram a passagem de peões nas passadeiras, num total de 173 processos, mais 47 por cento. Mas, do lado inverso da moeda, também os peões não cumpriram, com as autoridades a registar 2.400 casos. Ainda assim, a redução foi de 20 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado. Táxis menos cumpridores Os dados do CPSP mostram também como as infracções perpetradas por taxistas continuam, com um aumento anual de 2,2 por cento, no total de 660 infracções nos primeiros três meses do ano. Relativamente ao tipo de infracção, a cobrança abusiva de tarifas teve um aumento de mais 116,67 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto a recusa de transporte surge em segundo lugar, com mais 53,57 por cento de casos. Porém, a infracção que domina é o acto de “não aguardar por ordem de chegada os clientes nas praças de táxi”, com 436 ocorrências no primeiro trimestre deste ano face aos 21 casos de 2024. Trata-se de um aumento de 1976,19 por cento. Em relação ao uso indevido do taxímetro registou-se uma quebra de 68,42 por cento, enquanto que “outras irregularidades” tiveram um aumento na ordem dos 220 por cento, com um total de 660 ocorrências no primeiro trimestre em relação aos 206 casos do primeiro trimestre de 2024 No tocante ao pagamento de multas, em 48 casos taxistas pagaram um total de 52 mil patacas, sendo que apenas três taxistas viram a sua licença cancelada por excesso de infracções num período de cinco anos. As autoridades receberam ainda, no primeiro trimestre, 270 queixas apresentadas pelo público devido ao mau serviço prestado pelos taxistas, sendo que 80 por cento estava relacionada com atitude e comportamento para com os clientes.
Hoje Macau Manchete SociedadeÓbito | Morreu Elaine Wynn, co-fundadora do grupo Wynn Resorts Elaine Wynn morreu na passada terça-feira com 82 anos. A co-fundadora do grupo de hotéis e casinos Wynn Resorts deixa uma marca como empresária, filantropa e “defensora incansável de Las Vegas, das crianças e da sua educação”, refere a empresa que ajudou a fundar A empresária bilionária e filantropa Elaine Wynn, co-fundadora do grupo de hotéis e casinos Wynn Resorts, morreu aos 82 anos, informou esta terça-feira a empresa. “Como co-fundadora e uma das maiores accionistas da Wynn Resorts, ajudou a criar e a transformar a empresa numa das mais amadas marcas de resorts de luxo do mundo”, refere o comunicado, que não detalha as circunstâncias da sua morte. “Foi uma defensora incansável de Las Vegas, das crianças e da sua educação, e das artes”, acrescenta o obituário, que refere que a empresária celebrou recentemente o 20º aniversário do Hotel Wynn em Las Vegas, tendo também criado o Hotel Encore. Elaine Wynn, que nasceu em Nova Iorque em 1943, adoptou o sobrenome do seu ex-marido Steve Wynn, o herdeiro de salões de bingo da Costa Leste, com quem casou e de quem se divorciou duas vezes e que, ao longo de 44 anos, ajudou a moldar Las Vegas. Os Wynn criaram as cadeias de luxo Wynn Resorts e Mirage Resorts, e é-lhes atribuída a revitalização da zona hoteleira conhecida como Strip, incluindo o hotel Bellagio, com a sua famosa fonte, ou o hotel Mirage, com o seu espantoso vulcão. Em Macau, onde a operadora iniciou actividades depois da liberalização do jogo, a Wynn detém vários empreendimentos de jogo e resort integrado, nomeadamente o Wynn Macau e o Wynn Palace no Cotai, através da empresa Wynn Macau Ltd. Em Fevereiro a Wynn Resorts voltou a ser reconhecida como uma das “empresas mais admiradas do mundo”, uma distinção atribuída pela revista Fortune. A Wynn Resorts recebeu a classificação mais elevada para um resort de casino, obtendo “uma boa pontuação na categoria de qualidade de produtos / serviços”, descreve uma nota oficial da Wynn sobre a distinção. Divórcio definitivo em 2010 A empresária divorciou-se definitivamente de Steve Wynn em 2010, mas continuou a ser a maior accionista individual da Wynn Resorts e dedicou-se também ao trabalho filantrópico, especialmente nas artes e na educação, recordam os meios de comunicação locais. Figuras políticas de Las Vegas lamentaram a sua morte, incluindo a presidente da Câmara Shelley Berkley, que disse que Elaine tinha planeado abrir um museu de arte na cidade, e o governador do Nevada, Joe Lombardo, considerou-a uma “mulher de negócios visionária”. A nível pessoal, Elaine teve duas filhas com o magnata Steve Wynn, com quem teve um divórcio que se intensificou quando foi acusado de assédio sexual em 2018, um escândalo que o obrigou a retirar-se da sua empresa e que, segundo sugeriu, tinha sido “instigado” pela ex-mulher. Segundo o relatório anual de 2024 da Wynn Resorts, publicado a 31 de Dezembro, Elaine Wynn detinha cerca de 8,85 por cento das acções ordinárias em circulação, sendo a segunda maior accionista da empresa, atrás do bilionário americano Tilman Fertitta. Segundo a revista Forbes, o património líquido de Elaine Wynn, relativamente a este ano, era de 1,9 mil milhões de dólares.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCigarros electrónicos | Lam Lon Wai quer proibição total O deputado dos Operários pediu ao Governo um prazo para a proibição de cigarros electrónicos, e defende que seja proibido fumar à porta de restaurantes e prédios residenciais, ruas movimentadas e em zonas exteriores perto de escolas e jardins-de-infância Lam Lon Wai quer saber quando irá o Governo elaborar uma proposta de lei para proibir totalmente a utilização de cigarros electrónicos. A questão faz parte da mais recente interpelação escrita do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Na interpelação, o deputado indica que “os inquéritos mais recentes” mostram que “os jovens de Macau utilizam cada vez mais cigarros electrónicos”. Na óptica de Lam Lon Wai, este tipo de cigarros é perigoso porque “tem sido utilizado para o consumo de drogas nas regiões vizinhas”. Por isso, o deputado pergunta se as autoridades vão “fazer o que disseram antes e propor novas alterações à lei de controlo do tabagismo”. Lam Lon Wai pede ainda ao Governo que indique em que ponto de situação se encontram os trabalhos para proibir os cigarros electrónicos e que apresente um calendário, para a aprovação da medida e a sua entrada em vigor. Desde 2022 que está em vigor uma proibição de entrada ou saída do território de cigarros electrónicos. Os infractores arriscam-se a pagar uma multa que pode chegar às 4.000 patacas. No entanto, se os cigarros electrónicos se encontrarem em Macau podem ser utilizados. E este é um aspecto que Lam Lon Wai quer ver punido. Mais áreas livres de tabaco No sentido de controlar o consumo do tabaco, Lam Lon Wai pretende também que o Governo avance com a criação de mais áreas totalmente livres de cigarros perto de escolas, hospitais e outras instalações públicas. “Os residentes não estão satisfeitos com as políticas de tabaco e dizem que é difícil evitar o fumo passivo. Esperam também que as autoridades continuem a prestar mais atenção, alargando as zonas de proibição de fumar e reforçando os esforços de publicidade e de aplicação da lei”, escreveu o legislador. De acordo com a proposta do deputado, as autoridades de saúde devem ponderar aplicar proibições de fumar em locais como entradas dos edifícios residenciais, restaurantes e ruas mais movimentadas e até carros privados, quando no interior estiverem crianças, como diz ser cada vez mais frequente em Hong Kong. Além das proibições, Lam sugere um esforço maior para ajudar as pessoas a deixarem de fumar, com a criação de clínicas e o aumento de inspecções e punições. “Especialmente no que diz respeito ao crescimento saudável dos jovens, é preciso mais educação preventiva sobre o tabaco e o álcool […] e aumentar a consciência dos jovens sobre a autoprotecção e estabeleceremos uma base sólida para o projecto de uma Macau saudável”, destacou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSaúde | Governo adia decisão e promete estudar directiva antecipada O Governo considera que a legislação para permitir que alguém abdique de receber tratamento médico vai “enfrentar vários problemas”. Assim sendo, promete continuar a estudar o assunto, sem se comprometer com qualquer decisão O Governo considera que fazer uma lei que permita às pessoas abdicarem antecipadamente de receber tratamentos médicos antes de perderam a capacidade para comunicar vai “enfrentar vários problemas”. Foi desta forma que o Instituto de Acção Social (IAS), através do presidente Hon Wai, respondeu a uma interpelação de Ho Ion Sang sobre o assunto. Porém, o presidente do IAS considera que os trabalhos realizados até agora para elaborar a nova legislação foram “positivos”. A directiva antecipada, também conhecida como decisão antecipada ou testamento vital, é uma escolha que pode ser tomada pelos cidadãos para recusar alguns tipos específicos de tratamento no futuro. Um exemplo prático da sua aplicação pode ser quando uma pessoa se encontra em morte cerebral, mas com as funções vitais apenas asseguradas artificialmente. A directiva antecipada pode estabelecer a vontade da pessoa não estar ligada às máquinas. A escolha é permitida em regiões e países como Portugal, Espanha, Alemanha, Coreia do Sul, Israel, Singapura, Estados Unidos, Canadá, entre outros. A pergunta surge depois de Hong Kong ter legislado sobre o assunto, e das autoridades de Macau terem colocado a possibilidade de avançarem neste sentido, em 2021, inclusive com a criação de um grupo de estudo. No entanto, face às questões de Ho, o Governo considera que ainda não há condições [para apresentar a proposta de lei], apesar dos trabalhos preliminares de comparação legislativa terem sido “positivos”. O que é isso? No entender das autoridades é necessário explicar melhor à população o alcance da directiva antecipada, que muitas vezes é desconhecida: “Tendo em consideração que a legislação sobre a criação da ‘directiva antecipada de vontade’ vai enfrentar vários problemas, nomeadamente, em matéria de conceito social e a nível de execução, os Serviços de Saúde planeiam reforçar a educação e a divulgação, no sentido de elevar o conhecimento dos cidadãos sobre a ‘directiva antecipada de vontade’”, foi comunicado. “A par disso, planeiam realizar, em colaboração com instituições académicas, um estudo sobre a ‘directiva antecipada de vontade’, promovendo, de forma ordenada, os respectivos trabalhos”, foi acrescentado. Importa referir que o tema foi abordado no estudo “Advance Directives in Macao: Not Legally Recognised, but. . .” [DAV em Macau: Sem Reconhecimento Legal, mas…”, assinado por Man Teng Iong, docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM), e Vera Lúcia Raposo, ex-docente da mesma faculdade e actualmente professora na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. No mesmo sentido, o Governo garante que vai trabalhar com as associações locais para que o tema seja discutido com o objectivo de se alcançar um consenso. No documento, as autoridades defendem também que nos últimos anos têm reforçado os esforços para garantir que os cuidados paliativos na RAEM respondem cada vez mais às necessidades e com melhor qualidade.
Hoje Macau Manchete PolíticaPequim, Hong Kong e Macau acusam EUA de atacar sobrevivência da China O principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões acusaram ontem os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China. “Os EUA têm alvo as nossas tarifas, eles têm como alvo a nossa própria sobrevivência”, disse Xia Baolong, diretor do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado. “Apesar de Hong Kong ser a maior fonte de excedente comercial dos EUA, os Estados Unidos ainda impuseram tarifas elevadas. Isto é extremamente arrogante e descarado”, disse Xia. “Os EUA não podem tolerar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong e são o maior manipulador sinistro que mina os direitos humanos, a liberdade, o Estado de direito, a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong”, acrescentou o dirigente. Xia falava num discurso pré-gravado, transmitido durante a inauguração de uma exposição em Hong Kong, a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional. “Quem tente levar-nos de volta à pobreza e à fraqueza é nosso inimigo”, alertou o dirigente. “Aqueles que traem os interesses nacionais e torcem pelo inimigo em momentos críticos nunca serão tolerados”, acrescentou. Palavras de chefes Hoje, na mesma cerimónia, o líder do Governo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, acusou os Estados Unidos de, numa “lógica perversa”, impor tarifas para proteger a sua “hegemonia sem escrúpulos”. “Os Estados Unidos opõem-se ao comércio livre, interrompem o comércio global e as cadeias de abastecimento (…), prejudicando gravemente o sistema de comércio multilateral e o processo de globalização”, lamentou John Lee. O Chefe do Executivo garantiu que Hong Kong “manterá o seu estatuto de porto franco com tarifas basicamente nulas” e irá apresentar uma queixa contra os Estados Unidos junto da Organização Mundial do Comércio. Também o líder do Governo de Macau criticou ontem os Estados Unidos pela “imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais”, incluindo a China, “sob vários pretextos”. Também durante a inauguração de uma exposição a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional, Sam Hou Fai disse que Washington “devastou severamente o sistema de comércio multilateral (…) e prejudicou a estabilidade da ordem económica mundial”.