Hotelaria | Mais de 14,4 milhões de hóspedes em 2024

No ano passado, os hotéis de Macau hospedaram mais de 14,4 milhões de pessoas, com a taxa de ocupação média dos quartos a atingir 86,4 por cento, uma subida anual de quase 5 por cento. Os preços dos quartos em hotéis de 5 estrelas subiu 2,8 por cento, com a pernoita média a fixar-se em 1.585 patacas

 

A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou ontem que no ano passado os estabelecimentos hoteleiros de Macau hospedaram cerca de 14.433.000 pessoas, total que representou um aumento de 6,4 por cento face a 2023.

Os dados estatísticos mostram a subida significativa dos clientes internacionais, que totalizaram mais de 1,1 milhões, com um crescimento anual de 57,4 por cento. Neste capítulo destaque para hóspedes vindos da República da Coreia, que duplicaram anualmente, e atingiram os 321 mil. Também o número de hóspedes da Malásia (87.000), do Japão (81.000), da Índia (73.000) e de Singapura (68.000) ascenderam 53,4, 49,1, 97,2 e 24,1 por cento, respectivamente.

Numa perspectiva mais operacional, em 2024 a indústria registou uma taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes de 86,4 por cento, mais 4,9 pontos percentuais face a 2023. Os hotéis de 5 estrelas foram os que registaram maiores taxas de ocupação dos quartos (88,6 por cento), com uma subida de 6,1 por cento.

Lados da medalha

Durante 2024, o preço médio dos quartos dos hotéis de cinco estrelas foi de 1.585 patacas, um aumento de 2,8 por cento em relação a 2023, segundos dados da Associação de Hotéis de Macau, citados pela Direcção dos Serviços do Turismo. Os dados revelam que os preços do ano passado ficaram apenas 0,6 por cento abaixo do registo de 2019

O mês de Dezembro ultrapassou a média dos preços praticados ao longo de 2024, com o preço médio em hotéis de 4 e 5 estrelas a atingir 1.624 patacas, ainda assim, uma descida de 8,1 por cento face a Dezembro de 2023. Destaque para o mês passado que completou seis meses consecutivos de quedas homólogas dos preços, descida que começou em Julho.

No fim do ano passado existiam em Macau 146 estabelecimentos hoteleiros que prestaram serviços de alojamento ao público (+4, face ao fim do ano 2023), disponibilizando um total de 43.000 quartos de hóspedes (-7,8 por cento).

24 Jan 2025

Trânsito | Acidentes e multas disparam em 2024

O ano passado fechou com mais de 15,5 mil acidentes de viação, uma subida anual de 14 por cento. Apesar do aumento de feridos, que ultrapassam os 5.300, as mortes na estrada diminuíram para cinco. Em 2024, as autoridades apuraram quase 190 milhões de patacas em multas, mais 9,12 por cento, apesar de as infracções só terem subido 0,4 por cento

 

Mais acidentes nas estradas, mais patacas em multas e menos mortos em acidentes de viação. Assim se pode resumir 2024, segundo os dados estatísticos divulgados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP).

No ano passado, as estradas e ruas de Macau somaram 15.510 acidentes de viação, um total que representou uma subida anual de 14,36 por cento face a 2023. Ainda assim, 2024 foi menos mortal nas estradas do território, com cinco fatalidades (todas relativas a condutores) contra oito mortes registadas em 2023, ou seja, um decréscimo de 37,5 por cento.

Porém, o número de feridos aumentou quase 13 por cento, para um total de 5.341, subida impulsionada pelo aumento de feridos ligeiros num ano em que os feridos que necessitaram de internamento hospitalar caíram quase 50 por cento.

Ainda no capítulo da sinistralidade, destaque para o aumento dos acidentes que envolveram peões, com a subida anual de 6,7 por cento para um total de 510 ocorrências.

Diversificação económica

O ano de 2024 foi também um período em que o valor das multas adicionou quase 16 milhões de patacas em relação ao ano anterior. No ano passado, o valor total das multas foi de quase 189,8 milhões de patacas, uma subida de 9,12 por cento face ao período homólogo. Apesar do aumento do montante amealhado pelas autoridades, as infracções à lei do trânsito rodoviário e ao código da estrada mantiveram praticamente o mesmo nível, com uma subida ligeira de 0,4 por cento para 703,8 mil ocorrências.

No capítulo das multas, o estacionamento continuou a dominar, com 618.260 multas, a larguíssima maioria por estacionamento ilegal em vias públicas. Ainda assim, as multas por estacionamento diminuíram 2,38 por cento face a 2023. Contudo, o número de veículos bloqueados aumentou 24,5 por cento em 2024, para um total de 2.226.

No pólo inverso, os dados de 2024 do CPSP revelam o regresso de um clássico, com a subida quase 48 por cento das irregularidades praticadas por taxistas para um total de 870 casos.

Em relação aos condutores apanhados a conduzir sob o efeito do álcool, as autoridades contabilizaram 170 pessoas alcoolizadas ao volante, uma subida anual de quase 7 por cento. Destas 170 pessoas, 155 eram do sexo masculino.

Uma das estatísticas que tem aumentado nos últimos tempos no capítulo das multas são os peões que atravessam a estrada sem cumprirem as regras de trânsito. No ano passado, as autoridades multaram 7.460 peões, total que representou um aumento de 58,5 por cento.

24 Jan 2025

Ano Novo Lunar | Feriados decisivos para analisar despesas além jogo

O professor da Universidade de Macau e especialista em turismo Glenn Mccartney considera que os feriados associados ao Ano Novo Chinês serão essenciais para se perceber a dimensão do turismo regional e as despesas não relacionadas com o jogo

 

O Ano Novo Lunar da Serpente começa na próxima quarta-feira e, mais uma vez, abre um período de feriados que vão trazer muitos turistas a Macau. Segundo o professor assistente da Universidade de Macau (UM) Glenn Mccartney os feriados associados ao Ano Novo Chinês serão importantes para “medir e avaliar o interesse e as despesas não relacionadas com o jogo, bem como os números de visitas regionais, dado o investimento em eventos à escala da cidade e o esperado grande número de visitantes “, disse ao HM.

“Do ponto de vista empresarial, a questão fundamental é a forma como o número de visitantes se traduz em despesas efectivas e o impacto que isso traz às pequenas e médias empresas, como restaurantes, bares e lojas, quer se tratem de visitantes que pernoitem ou de excursionistas que regressem a Hong Kong ou Zhuhai no mesmo dia.”

Desta forma, “há expectativas de que a taxa de ocupação dos hotéis de Macau seja elevada, sendo que haverá alguns visitantes de um dia que regressarão para ficar em Zhuhai”, estimou.

Mais de um milhão

Uma vez que no período homólogo do ano passado o território recebeu quase 1,4 milhões de turistas durante o período de 8 dias do Ano Novo Chinês, é esperado para os próximos dias “um elevado número de visitantes”, sendo que “como este ano o Ano Novo Chinês começa a 29 de Janeiro, Macau pode beneficiar do aumento do número de turistas nos fins-de-semana anteriores e posteriores”.

Mas Glenn Mccartney destaca também outros factores que podem potenciar os números do turismo, “uma vez que temos assistido a uma maior acessibilidade e facilidade na passagem das fronteiras como um factor importante desde a reabertura após a covid, por exemplo, com o aumento de visitantes de Hong Kong através da ponte”.

Glenn Mccartney defende também que as acções promocionais dos resorts e as festividades nas ruas também podem atrair turistas, sendo que “uma característica importante das actividades do Ano Novo Chinês é a componente de ‘feedback'”, com os “residentes e visitantes a poderem dar a sua opinião, permitindo às autoridades perceberem o impacto dessas actividades do Ano Novo Chinês”.

“Este tipo de feedback pode ser uma fonte valiosa para melhorar vários aspectos da organização, das operações e do marketing dos eventos do Ano Novo Chinês, a fim de analisar os visitantes actuais e potenciais no futuro. A utilização das redes pode fazer parte da avaliação da análise de impacto das promoções do Ano Novo Chinês”, descreveu.

Para estes dias Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, disse esperar uma média diária de 185 mil visitantes, dos quais apenas oito mil deverão ser internacionais. A principal atracção durante este período em Macau será a Parada do Ano Novo Lunar, realizada em 31 de Janeiro e repetida a 8 de Fevereiro.

24 Jan 2025

Imprensa | Sam Hou Fai frisa diversidade e internacionalização

A mensagem foi deixada pelo Chefe do Executivo durante o jantar oferecido aos órgãos de comunicação social em português e inglês. Sam Hou Fai destacou o elo de ligação estabelecido com a comunidade internacional

 

O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, considerou que os órgãos de comunicação social em língua portuguesa e inglesa desempenham um papel de elo de ligação com a comunidade internacional. A mensagem foi deixada durante o tradicional jantar oferecido aos órgãos de comunicação social.

De acordo com o Gabinete de Comunicação Social, Sam Hou Fai afirmou que “a comunicação social em língua portuguesa e inglesa é um exemplo importante da diversidade cultural e da internacionalização de Macau”. O líder do Governo afirmou esperar que estes órgãos “prossigam também no bom desempenho da função de elo internacional, potenciando as vantagens dos laços linguísticos, culturais e internacionais, continuando a apresentar ao exterior a singularidade de Macau, resultante da fusão das culturas oriental e ocidental”.

Com esta esperança, o líder do Governo acredita que os órgãos de comunicação social contribuam para “elevar o papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, bem como de plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”.

O Chefe do Executivo afirmou também esperar que “o sector continue a aumentar o seu desenvolvimento e a promover, juntamente com o Governo, a internacionalização, para que Macau seja mais atractivo e tenha uma maior influência global”. Como tal, Sam Hou Fai espera que transmitam “para o exterior, através das reportagens profissionais, as ‘experiências de Macau’ e a ‘sabedoria da China’, favorecendo um melhor esclarecimento e evitando desentendimentos e más interpretações do estrangeiro, tornando assim a RAEM numa janela importante de intercâmbio objectivo, racional e genuíno das culturas oriental e ocidental”.

Liberdades protegidas

Nas esperanças endereças no jantar com os representantes dos órgãos de comunicação social, Sam pediu também fiscalização “à acção governativa”.

Face ao ano de 2024, Sam Hou Fai fez um balanço positivo da actuação dos órgãos de comunicação social, indicando que “desempenharam a importante função de elo com as comunidades portuguesa e inglesa no exterior no acesso às informações sobre Macau”. Além disso, indicou que aproveitaram “bem as vantagens singulares da região, decorrentes da proximidade ao Interior da China e da sua abertura ao mundo” e deram “a conhecer a realidade e o desenvolvimento de Macau e prestar informações em primeira mão ao público sobre a implementação bem-sucedida do princípio um país, dois sistemas”.

O líder do governo indicou também que “a liberdade de imprensa está totalmente assegurada pela Lei Básica e pela Lei de Imprensa da RAEM, pelo que a mesma será salvaguardada, como sempre e nos termos da lei, pelo Governo da RAEM, o qual apoiará o sector no correcto cumprimento dos seus deveres, na cobertura noticiosa e no acesso a notícias, colaborando activamente na troca eficiente de informações entre os diversos serviços públicos e o sector”.

24 Jan 2025

Trabalho | Ásia Oriental com baixa satisfação laboral e desmotivação

O relatório mundial sobre o panorama laboral, da Associação Internacional Gallup, concluiu que em países e regiões da Ásia Oriental, como a China, Taiwan ou Hong Kong, a maioria dos trabalhadores procura um novo emprego. Em Hong Kong, apenas seis por cento dos inquiridos estão empenhados com os seus empregos

 

Perceber como se sentem os trabalhadores de todo o mundo no local de trabalho, e em relação ao emprego que têm, é o objectivo do relatório da Associação Internacional Gallup, intitulado “State of the Global Workplace 2024”. Se no panorama mundial e regional a Ásia Oriental se sai bem em alguns indicadores, o cenário não é nada favorável no que diz respeito ao compromisso ou empenho que os trabalhadores têm pela empresa a que estão vinculados ou pelas funções que desempenham.

Dentro da Ásia Oriental incluem-se países e regiões como a China, Hong Kong, Japão, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan. Esta zona do globo tem “a mais baixa percentagem, a nível regional, de empregados que sentem tristeza diária”, mas tem “a terceira percentagem mais elevada, a nível regional, de empregados que dizem estar à procura, e de forma activa, de um novo trabalho”. Além disso, a Ásia Oriental tem “a terceira percentagem mais baixa a nível regional de empregados comprometidos” com o trabalho que têm (18 por cento, o que ainda assim representa uma subida de 1 por cento face ao período correspondente entre 2022 e 2023).

Bem pelo contrário, 67 por cento dos inquiridos não estão, de todo, comprometidos ou empenhados com o trabalho, mais cinco por cento face a igual período. Além disso, 14 por cento diz estar totalmente descomprometida com a empresa para onde trabalham, menos seis por cento.

Quanto a emoções negativas vividas diariamente, e com maior frequência, o factor “stress” lidera, com 46 por cento de respostas, menos seis por cento face ao período entre 2022 a 2023. Destaque para a entrada do sentimento “raiva”, com 17 por cento de respostas, e que não gerou quaisquer respostas no último inquérito. “Tristeza” foi um sentimento revelado por 12 por cento dos inquiridos, mais 1 por cento face ao inquérito anterior, e “solidão”, que tem também entrada directa para esta lista de sentimentos menos bons vividos no trabalho, com 18 por cento.

Se a insatisfação com o trabalho se demonstra nos números anteriores, as certezas sobem de tom na categoria “ambiente de trabalho – boa altura para encontrar um trabalho”, com 51 por cento a responder afirmativamente, mais 11 por cento de respostas face ao inquérito anterior. Além disso, a categoria “Intenção de deixar – Olhando ou procurando de forma activa por um novo trabalho” foi escolhida por 54 por cento dos inquiridos, menos dois por cento face aos anos de 2022 a 2023.

Na categoria “Avaliação de Vida”, os que dizem ter uma vida próspera são 32 por cento, menos sete por cento, em contraste com os 62 por cento de inquiridos que diz estar a sofrer algum tipo de dificuldades, mais sete por cento em relação ao último inquérito. A categoria “sofrimento” relacionado com o posto de trabalho foi escolhida por seis por cento dos participantes no inquérito, uma entrada directa neste estudo.

Tristeza em baixo

Para o estudo da Gallup, foram entrevistadas 40.428 pessoas em 41 países, sendo que a amostra por país contém cerca de 1.000 homens e mulheres. A margem de erro da sondagem “está entre +3-5 por cento com um nível de confiança de 95 por cento”, é referido.

O estudo compara ainda os dados registados pelos trabalhadores da Ásia Oriental com os restantes países. E mais uma vez se denota a falta de compromisso e da sensação de “vestir a camisola” que persiste em muitas empresas. Em termos mundiais, 62 por cento das respostas apontam para a ausência de compromisso, quando na Ásia Oriental essa percentagem sobre para os 67 por cento.

No tocante à “Avaliação de Vida”, se a nível mundial 58 por cento dos inquiridos diz estar a passar dificuldades, a percentagem da Ásia Oriental é de 62 por cento. Porém, o sofrimento sentido está apenas em seis por cento das respostas, enquanto a nível mundial a fasquia fica nos oito por cento. Em relação a este factor destaca-se ainda a baixa percentagem do sentimento de “tristeza diária”, com 12 por cento de respostas, quando a nível mundial a fasquia sobe para os 22 por cento.

A sensação de “stress” é também superior, com 46 por cento de respostas, quando a nível global é de 41 por cento.

China: raiva e dificuldades

Olhando para os critérios em cada país, 19 por cento dos trabalhadores da China disseram estar comprometidos com o trabalho, mais dois por cento em termos anuais, enquanto em Hong Kong apenas seis por cento de pessoas estão comprometidas e que gostam do que fazem, o que constitui uma quebra de um por cento.

Na “Avaliação de Vida”, 36 por cento dos trabalhadores da China dizem estar a enfrentar dificuldades, mais 1 por cento, enquanto em Taiwan 41 por cento diz enfrentar momentos menos bons, representando uma entrada directa na classificação, sem pontuação anterior para comparar. Já no caso de Hong Kong, 17 por cento de inquiridos assumem atravessar dificuldades, mais 1 por cento face ao inquérito anterior.

Quanto ao sentimento de “stress diário”, a China sobe ao primeiro lugar do ranking com 53 por cento de respostas, ainda assim menos 2 por cento em termos anuais, com Hong Kong a seguir-lhe as pisadas, com 49 por cento de respostas. O Japão está em terceiro lugar com 41 por cento de pessoas a sentirem stress diariamente.

Em resposta à pergunta se sentiu raiva no dia anterior, a China lidera novamente com 18 por cento de respostas, apesar da quebra anual de 2 por cento; seguindo-se a Coreia do Sul, com 17 por cento de respostas afirmativas, e depois Hong Kong com 16 por cento. Na China apenas 12 por cento dos trabalhadores disseram sentir tristeza, colocando, assim, o país em terceiro lugar. Já em relação a Hong Kong houve 11 por cento de respostas afirmativas neste domínio.

Jon Clinfton, CEO da Gallup, deixa um alerta sobre o aumento dos problemas de saúde mental em todo o mundo, sobretudo relacionados com o meio laboral e a forma de relacionamento no meio empresarial. Cerca de 20 por cento dos trabalhadores de todo o mundo “experienciam solidão diária”, sendo que este sentimento “é maior entre trabalhadores em teletrabalho total”.

“No relatório deste ano, 41 por cento dos trabalhadores afirmam sentir ‘muito stress’. No entanto, o stress varia significativamente em função da forma como as organizações são geridas. Quem trabalha em empresas com más práticas de gestão (activamente desmotivadas) têm quase 60 por cento mais probabilidades de estar stressadas do que as pessoas que trabalham em ambientes com boas práticas de gestão (empenhadas). De facto, a experiência de ‘muito stress’ é referida cerca de 30 por cento mais frequentemente pelos empregados que trabalham sob má gestão do que pelos desempregados”, disse o CEO da Gallup.

Para o responsável, “os líderes sabem que o stress no local de trabalho é um problema – viram os dados, ouviram colegas e sentiram-no eles próprios”. “Um quarto dos líderes sente-se esgotado frequentemente ou sempre, e dois terços sentem-no, pelo menos, algumas vezes. Muitos estão a tentar resolver o problema, mas muitas vezes de forma ineficaz”, conclui-se.

24 Jan 2025

Cooperação | Sam Hou Fai quer mais ligação com empresas lusófonas

O Chefe do Executivo defendeu a necessidade de mais cooperação entre empresas locais e dos países de língua portuguesa. Num discurso perante o cônsul português e os delegados do Fórum Macau, Sam Hou Fai sublinhou a importância das directrizes propostas por Xi Jinping durante a visita a Macau

 

Macau e os países de língua portuguesa devem estreitar a cooperação empresarial. Este foi um dos principais destaques do discurso do Chefe do Executivo no jantar de recepção aos cônsules-gerais na RAEM e aos delegados dos países de língua portuguesa do Fórum Macau.

Sam Hou Fai apelou ao aperfeiçoamento dos “vários mecanismos de intercâmbio e cooperação” entre Macau e os mercados lusófonos, para “alavancar de forma abrangente o intercâmbio e cooperação ao nível do sector privado”.

“Serão sempre calorosamente bem-vindas as delegações que cheguem dos vossos países para visitar Macau”, garantiu o líder do Governo. Sam prometeu apoiar a deslocação de delegações lusófonas à China continental, incluindo à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin, e à Grande Baía Guangdong-Hong Kong–Macau.

Sam defendeu a necessidade de uma “cooperação pragmática (…) nas diversas áreas” e sublinhou a importância do novo plano de acção do Fórum de Macau até 2027.

Além da ligação aos países de língua portuguesa, o líder do Governo da RAEM apontou à cooperação entre Macau e os países do Sudeste Asiático.

Salientando a relação amigável entre Macau e a lusofonia e que a RAEM é a única região no mundo que tem o chinês e o português como línguas oficiais, Sam Hou Fai vincou a necessidade de “impulsionar um desenvolvimento conjunto caracterizado pela igualdade, cooperação e benefícios mútuos, elevando de forma abrangente o nível da cooperação sino-lusófona”.

Amigos próximos

Num discurso marcado por múltiplas referências aos “importantes discursos” do Presidente Xi Jinping, que Sam Hou Fai aponta como a chave para abrir uma nova fase da governação da RAEM, o líder do Executivo diz ter sido criado “um novo cenário de intercâmbio e cooperação” entre os países lusófonos e do Sudeste Asiático, a China e a RAEM.

Em relação aos Sudeste Asiático, Sam Hou Fai destacou as Filipinas. “A RAEM e os países do Sudeste Asiático, incluindo as Filipinas, geograficamente próximos, têm uma cooperação económica e comercial estreita, com intercâmbio intenso de pessoas e na área cultural, sendo tradicionalmente bons vizinhos e bons parceiros.”

O governante sublinhou os “contributos valiosos para o desenvolvimento socioeconómico de Macau” da comunidade filipina, que, de acordo com os Censos de 2021, correspondia a cerca de 5 por cento da população total de Macau, sendo a segunda maior comunidade na Região a seguir à comunidade chinesa”.

“Esta boa base de cooperação tradicional”, como Sam Hou Fai a categorizou, é um factor a aproveitar para “agarrar novas oportunidades, explorar mais potencialidades de cooperação em todas as vertentes”.

23 Jan 2025

Reserva financeira | Perto do melhor registo anual desde pandemia

Após os anos da pandemia, a reserva financeira da RAEM está perto de registar o melhor ano, com ganhos de 37,5 mil milhões de patacas nos primeiros 11 meses do ano

 

A reserva financeira de Macau está perto de registar o melhor ano desde a pandemia, após ganhar 37,5 mil milhões de patacas nos primeiros 11 meses de 2024, foi ontem anunciado. De acordo com dados da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), este poderá ser o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas.

A reserva financeira da RAEM ganhou 22,2 mil milhões de patacas em 2023, depois de ter perdido quase quatro vezes esse valor no ano anterior.

O valor da reserva cifrou-se em quase 618 mil milhões de patacas no final de Novembro, o valor mais elevado desde Março de 2022, de acordo com dados publicados no Boletim Oficial. Ainda assim, o valor permanece longe do recorde de 663,6 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia de covid-19.

A reserva financeira do território ganhou 4,63 mil milhões de patacas em Novembro, em comparação com Outubro, mês em que tinha sofrido a segunda queda em 2024.

O valor da reserva extraordinária no final de Novembro era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas.

Orçamento previa excedente

O orçamento para 2024 previa uma subida de 1,4 por cento nas despesas totais, para 105,9 mil milhões de patacas. A reserva financeira é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 243,2 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 121,6 mil milhões de patacas e até 247,1 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados.

Em Janeiro de 2024, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento.

Isto apesar de, em 2023, as autoridades da região terem transferido quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público.

O orçamento de Macau para 2024 previa o regresso dos excedentes nas contas públicas, antecipando um saldo positivo de 1,17 mil milhões de patacas, sem “necessidade de recorrer à reserva financeira”.

23 Jan 2025

Gripe | Governo diz estar satisfeito com vacinação

Com a época da gripe e das infecções respiratórias a atingir o pico, o Governo está satisfeito com a vacinação e indica que o número de doentes internados nos hospitais da região é “relativamente estável”. Além disso, os casos de gripe aguda têm diminuído em relação ao ano anterior

 

A chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Leong Iek Hou, referiu ontem que o número de doentes internados no Centro Hospitalar Conde São Januário e Hospital Kiang Wu devido a gripe está num estado “relativamente estável”. A responsável traçou um ponto de situação no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, revelando que este ano se tem verificado menos casos de gripe aguda do que no ano passado, com a proporção de doentes com febre a atingir cerca de 16,2 por cento.

A responsável, que foi uma das protagonistas durante os tempos da covid-19, revelou que “a situação geral da vacinação contra a gripe deste ano é satisfatória”. Até ao domingo passado, mais de 179 mil pessoas foram vacinadas contra a gripe em Macau. A taxa de vacinação de idosos em instituições de apoio social fixou-se em 93 por cento, enquanto nas creches foram inoculadas 62 por cento das crianças e mais de 80 por cento dos alunos do ensino pré-escolar e ensino básico. Em relação às escolas secundárias, a taxa de vacinação atingiu quase 70 por cento, enquanto os adultos com mais de 65 anos registaram uma taxa de vacinação de 55 por cento.

Porém, a responsável previu que o vírus da gripe terá actividade acentuada até Fevereiro, mas que outros vírus respiratórios, como o adenovírus, vão continuar activos no Inverno e na Primavera. Como tal, Leong Iek Hou recomendou a vacina contra a gripe a quem ainda não tomou, atenção à higiene pessoal e ambiental e uso de máscara para evitar infecções simultâneas com vários agentes patogénicos.

Pequenos e graúdos

Num contexto global, o vice-director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, Wong Ka Ki, afirmou que a taxa de vacinação dos estudantes do ensino não superior é de quase 80 por cento. O responsável acrescentou que os alunos podem receber a vacina contra a gripe durante o período escolar com faltas justificadas.

Por outro lado, nas creches e os centros de dia para idosos e deficientes foram implementados sistemas de controlo com check-ups diários logo pela manhã para detectar infecções ou acompanhar a evolução de pacientes.

Leong Iek Hou deixou ainda um alerta para a população ter atenção à mistura de medicamentos, que podem interagir e causar problemas de saúde, e para não comprar por conta própria em farmácias, sem receita ou recomendação médica. A responsável referiu ainda que os cidadãos não devem adquirir medicamentos para armazenar em casa.

23 Jan 2025

EPM | MICE deu instruções “precisas” para repor “regular funcionamento”

Face ao desconhecimento “oficial” por parte da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) da intenção de construir um novo bloco na EPM, o ministro da Educação, Ciência e Inovação diz estar a acompanhar a situação e indica que Jorge Neto Valente foi nomeado pelo anterior ministro

 

O ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal afirma estar “vigilante” face ao funcionamento da Escola Portuguesa de Macau (EPM) e defende que os representantes do Estado português na Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) receberam “instruções precisas para a reposição do regular funcionamento da EPM”. Foi desta forma que Fernando Alexandre reagiu, ao HM, através do seu gabinete, quando questionado sobre o recente diferendo entre o presidente da FEPM, nomeado pelo Estado português, e a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), sobre o anúncio da construção de um novo bloco, que não terá sido discutido pelo Conselho de Administração da FEPM.

“O actual Ministro da Educação, Ciência e Inovação está vigilante quanto ao funcionamento da EPM e tem-se mantido permanentemente informado, tendo sido transmitidas aos representantes do Estado português instruções precisas para a reposição do regular funcionamento da EPM”, pode ler-se, na resposta enviada ao HM.

Na semana passada, Jorge Neto Valente, na condição de presidente da FEPM, revelou a intenção de construir um novo bloco no edifício onde funciona a escola e considerou que a concessão do terreno onde está o edifício da EPM tinha expirado em 2014.

O anúncio apanhou de surpresa a APIM, concessionária do terreno, que através de um comunicado, enviado ao Canal Macau, afirmou desconhecer oficialmente a intenção para a construção de um bloco. Na mensagem assinada por Miguel de Senna Fernandes, presidente da APIM e vice-presidente da FEPM, consta também que o assunto não foi discutido pelo Conselho de Administração da FEPM. O comunicado recusa ainda ter havido qualquer caducidade do terreno em 2014.

O ministério não detalhou as instruções emitidas na resposta ao HM, mas em Agosto do ano passado, depois de uma fiscalização realizada pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) ao funcionamento da EPM, Fernando Alexandre deixou uma correcção ao funcionamento do Conselho de Administração da FEPM, sublinhando a necessidade de as decisões terem de ser tomadas pelos cinco membros do conselho, e não apenas pelo presidente.

Actualmente, o CA da FEPM é constituído por cinco membros: três escolhidos pelo Estado português, nomeadamente Jorge Neto Valente, como presidente, Patrícia Ribeiro e Raul Capaz, um membro escolhido pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente, e um outro membro que resulta do consenso do CA, que actualmente é José Basto da Silva.

Legados do passado

Em relação à existência de mais um diferendo no seio do Conselho de Administração da FEPM, depois do despedimento de vários professores no ano passado, Fernando Alexandre apontou que a nomeação de Jorge Neto Valente para a posição de presidente do Conselho de Administração da FEPM foi decidida pelo anterior Ministro da Educação, João Costa.

“O actual presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau foi nomeado para ocupar o cargo pelo anterior Ministro da Educação”, foi indicado.

No comunicado enviado ao Canal Macau, e ao contrário do que tinha sido afirmado por Neto Valente, a APIM defendia também que apesar de o terreno estar afecto à prestação de serviços educativos, não existe a obrigação destes serem prestados pela EPM. Em relação a este aspecto, e quando questionada sobre a possibilidade de APIM avançar um eventual despejo, o que criaria a necessidade de encontrar um plano B, o Governo de Portugal recusou esse cenário, e indicou que a APIM tem “mantido sempre uma atitude de total respeito pela sua qualidade de fundadora” da FEPM.

O ministério argumentou ainda que, de acordo com os Estatutos da Fundação Escola de Macau, “a disponibilização do terreno em apreço pela APIM, enquanto fundadora, integra o capital inicial da Fundação EPM” e “só por extinção da FEPM o terreno poderia ser afecto a outro fim”.

23 Jan 2025

Óbito / Rocha Vieira: Macau recorda último Governador português

O último governador de Macau, Vasco Rocha Vieira, que morreu aos 85 anos, lançou as bases do sucesso da região chinesa e defendeu os direitos dos funcionários públicos, embora com “alguns desencontros”, disseram à Lusa dirigentes locais. Vasco Rocha Vieira, antigo Chefe do Estado-Maior do Exército entre 1976 e 1978, morreu na madrugada desta segunda-feira aos 85 anos, confirmou à Lusa fonte oficial daquele ramo militar.

“É uma figura ilustre, fundamental na história da transição de Macau, mas também, em certa medida, do presente e do futuro”, disse José Sales Marques, presidente do Leal Senado, antiga câmara municipal, entre 1993 e 1999. “Há muita coisa que foi feita durante esse período e que hoje em dia continua. As bases da Região Administrativa Especial de Macau têm muito a ver também com a obra do tenente-general Rocha Vieira”, defendeu Sales Marques.

Rocha Vieira exerceu o cargo de governador de Macau entre 1991 e 1999, quando se processou a transferência do território para a China. Foi no seu mandato que foi concluída a construção do aeroporto da cidade.

A Macau que Rocha Vieira encontrou e a que deixou “não se compara. Aquilo que se fez naqueles anos todos é qualquer coisa que a história já tem registado”, defendeu Sales Marques. também membro do então Conselho Consultivo de Rocha Vieira.

O antigo deputado António Ng Kuok Cheong disse à Lusa que, apesar da desconfiança dos chineses, a administração “tentou fazer alguma coisa para incentivar o crescimento económico da cidade, que era muito pobre nessa altura, antes de devolver Macau”.

António Ng, eleito para a Assembleia Legislativa cinco meses depois da nomeação de Rocha Vieira, sublinhou que o principal obstáculo foi a resistência da China à liberalização do setor do jogo, que acabaria por só ser lançada em 2002.

Algo que obrigou a administração portuguesa a vender terrenos para financiar os projetos de infraestruturas, inadvertidamente plantando as raízes do problema de habitação que Macau enfrenta atualmente, referiu.

“Eles tentaram vender a terra de forma aberta, mas o Governo chinês impediu-os. Assim, a maior parte das terras foi vendida a pessoas poderosas da China por um preço muito baixo, porque a economia de Macau estava muito fraca”, recordou Ng. Estava criada uma classe de senhorios que, após Macau se tornar a capital mundial dos casinos, enriqueceu ao controlar a oferta e manter os preços da habitação elevados, lamentou o antigo deputado.

O trabalho nos funcionários públicos

Jorge Fão, um dos fundadores da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFMP), em 1987, notou que Rocha Vieira “cumpriu a missão como governador” e “dignificou o seu país”.
O ex-presidente da ATFPM, à frente da associação “por mais de dez anos”, lembrou à Lusa que foi “sindicalista antes de ser político” e “teve alguns desencontros” com o tenente-general.

Fão explicou que foi “um dos protagonistas” que trabalhou para que, após a transição de Macau para a China, “os funcionários públicos [da administração portuguesa] tivessem direito a uma pensão” paga por Portugal.

“Nenhum funcionário das outras colónias teve direito (…) Quando se começou a falar de discutir a entrega de Macau para a China, ficámos muito preocupados. Encetámos as nossas lutas sindicais e tivemos vários encontros com a governança de Portugal e de Macau (…). Nós tivemos uns encontros e também nesses encontros tivemos desencontros”, lembrou.

No final, resumiu o atual presidente da Assembleia Geral da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau, “o desfecho não foi mau”. “Todo o mundo deve estar satisfeito, também eu que tomei parte nessa luta e vivo dessa pensão já há mais de 30 anos”, defendeu.

Na passagem da administração, contavam-se cerca de 3.600 aposentados com pensões transferidas para Portugal, concluiu. Em 2022, Jorge Fão disse à Lusa acreditar que viviam na região chinesa cerca de dois mil reformados da antiga administração portuguesa de Macau.

PS enaltece vida “inteiramente dedicada ao serviço de Portugal”

O PS manifestou pesar pela morte do último governador português de Macau, enaltecendo uma vida “inteiramente dedicada ao serviço de Portugal” de um “militar prestigiado” e de um dos “melhores intérpretes da importância de Macau”.
Através de um comunicado, o partido liderado por Pedro Nuno Santos lamenta a morte de Vasco Rocha Vieira, “militar prestigiado e último Governador de Macau sob a administração portuguesa”.
“A sua vida foi inteiramente dedicada ao serviço de Portugal, quer na sua carreira militar, quer na participação política a seguir ao 25 de abril, como membro do Conselho da Revolução (por inerência de funções enquanto Chefe de Estado Maior do Exército), Ministro da República nos Açores, Secretário Adjunto do Governo de Macau e Governador de Macau”, refere a mesma nota.
Referindo que “a sua vida ficou para sempre ligada a Macau”, para o PS este “foi um dos melhores intérpretes da importância” daquele território “para a relação entre Portugal e a República Popular da China”, bem como da singularidade da agora região administrativa especial.
“Os últimos anos da administração portuguesa do Território de Macau, sob a liderança do general Rocha Vieira, são marcados pela concretização de várias obras públicas infraestruturais importantes de suporte ao desenvolvimento subsequente de Macau, bem como de reformas na administração para a sua preparação para o período subsequente”, enaltece.
Os socialistas referem ainda a cerimónia de transferência de soberania do Território de Macau para a República Popular da China, na qual foi inegável a forma como Rocha Vieira “personificou e simbolizou a dignidade e o tributo à presença portuguesa ao longo de séculos em Macau”.
“E marcou a amizade e o respeito que os portugueses mantêm com Macau e com a República Popular da China, e que permite, ao fim de 25 anos de transição, preservar a singularidade de Macau que continua a ser ponto de encontro entre culturas”, acrescentou.
O PS dá assim “nota pública do seu profundo respeito pelos serviços ao país” e “endereça à sua família e aos seus amigos as suas mais sentidas condolências”.

Palavras de Eanes

Já o antigo Presidente da República Ramalho Eanes classificou Rocha Vieira como “um homem de exceção” e “um dos melhores” entre as maiores figuras de Portugal.

“O general Rocha Vieira era um homem de exceção pela sua ação de excelência e pela sua responsabilidade social assumida, merecendo ser, justamente, considerado ‘um dos melhores dos nossos maiores’”, escreveu António Ramalho Eanes numa nota enviada à agência Lusa.

O primeiro chefe de Estado eleito da democracia portuguesa lembra Vasco Rocha Vieira como “um homem extraordinário”, sobretudo “a três níveis: pela sua personalidade distintiva, pelo seu desempenho militar relevante e pelos serviços prestados ao País a nível político”.

A nível pessoal, Eanes considera que Rocha Vieira, que morreu hoje com 85 anos, “possuía qualidades de espírito superiores”, tinha “uma inteligência excecional”, “um bom temperamento” e “dispunha de uma personalidade forte”.

Ao nível militar, “foi um dos militares mais distintos da sua geração, prestando, ao Exército, serviços relevantes, em tempos difíceis, nomeadamente, no estertor do regime político anterior ao 25 de Abril, no decurso do 25 de Abril e, mesmo, no 25 de Novembro, tendo, ainda, desempenhado um importante papel enquanto representante das Forças Armadas portuguesas junto da NATO”.

Quanto ao nível político, Eanes conclui que Rocha Vieira teve uma atividade de “grande qualidade e grande importância para o país, quer como ministro da República para os Açores, quer ainda, como governador de Macau, colocando todo o seu empenho no desenho e execução, com sucesso, de uma política de transformação bem-sucedida de Macau, participando, igualmente, com o sucesso que é conhecido, na transferência da administração do território de Macau para a República Popular da China”.

Recordações dos Açores

O presidente do parlamento açoriano, Luís Garcia, manifestou também pesar pela morte de Vasco Rocha Vieira, recordando a “exemplar dedicação à causa pública” e o “contributo inestimável” para o país e para os Açores.

“Ao longo da sua notável carreira militar e política, Rocha Vieira revelou um inabalável sentido de Estado, exemplar dedicação à causa pública e um profundo patriotismo, que marcaram de forma indelével o serviço prestado a Portugal”, afirma Luís Garcia numa nota de pesar.

O presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) refere que tomou conhecimento da morte do tenente-general, uma “figura ímpar e um dos mais ilustres oficiais do Exército português”, com “profunda consternação”.

Segundo a nota, Luís Garcia “expressa as mais sentidas condolências à família enlutada, deixando um profundo testemunho de gratidão pelo seu contributo inestimável para o país e para os Açores”.

“Enquanto ministro da República para a Região Autónoma dos Açores, entre 1986 e 1991, Vasco Rocha Vieira desempenhou as suas funções com elevado compromisso, contribuindo significativamente para o fortalecimento das relações institucionais e para a valorização da autonomia regional”, refere.

O líder da ALRAA também salienta que o período em que Rocha Vieira esteve ao serviço dos Açores “é recordado como um tempo de dedicação ao diálogo e à construção de pontes entre os órgãos de soberania nacional e os órgãos de governo próprio da Região”.

“Será também recordado pelo simbolismo da sua ação como último Governador de Macau, cargo que exerceu entre 1991 e 1999, momento em que liderou a transferência da administração portuguesa para a chinesa, num exemplo de sentido de responsabilidade e lealdade ao serviço público que ficará gravado na memória coletiva de Portugal”, concluiu.

PM português manifesta-se

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recordou hoje Rocha Vieira como “um dos mais brilhantes militares a dar corpo ao sentido patriótico de ser português”, destacando a sua ligação “histórica e marcante e Macau”.

O tenente-general Vasco Rocha Vieira, último governador português de Macau e antigo Chefe do Estado-Maior do Exército, morreu hoje de madrugada aos 85 anos, confirmou à Lusa fonte oficial daquele ramo militar.

“O general Vasco Rocha Vieira foi um dos mais brilhantes militares a dar corpo ao sentido patriótico de ser português, com especiais serviços na consolidação da nossa democracia e na ligação histórica e marcante a Macau, onde foi o último governador”, escreveu Luís Montenegro, numa publicação na rede social X.

O primeiro-ministro apresentou ainda condolências à família e amigos e disse guardar de Rocha Vieira “gestos de amabilidade e palavras de responsabilidade cívica e política”.

22 Jan 2025

PJ | Burlas com recurso à Internet aumentaram 4%

As autoridades alertaram para a elevada incidência da criminalidade através das telecomunicações. No ano passado as perdas das vítimas ascenderam a 154 milhões de patacas

 

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou ontem que registou 906 burlas com recurso à Internet em 2024, mais 4 por cento do que no ano anterior. Num comunicado, a PJ disse que “o aumento da fraude através das redes de telecomunicações desacelerou, mas ainda continua a registar uma incidência elevada”.

De acordo com dados oficiais, divulgados durante uma conferência de imprensa, a polícia recebeu 354 queixas devido a burlas através do telefone ou telemóvel, menos 13 por cento do que em 2023. Estes casos originaram perdas avaliadas pelas vítimas em mais de 154 milhões de patacas, menos 1,2 por cento do que no ano anterior.

Por outro lado, em 689 casos as vítimas revelaram aos burlões os dados de cartões de crédito quando tentavam comprar bens ou serviços ‘online’, mais do dobro do registado em 2023, causando perdas no valor de 14 milhões de patacas.

A PJ acrescentou que, graças a um mecanismo de alerta para suspensão de transacções suspeitas e cessação de pagamento, conseguiu recuperar quase 110 milhões de patacas em 597 tentativas de burla. A polícia denunciou aos bancos 680 contas suspeitas de serem usadas por burlões e bloqueou 991 portais da Internet que serviam para burlas.

Tráfico humano

Na conferência de imprensa, o director da PJ, Sit Chong Meng, alertou também a população para se manter atenta e desconfiar das propostas de emprego, principalmente em locais do sudeste asiático, em que há uma promessa de um ordenado elevado, apesar das posições exigirem qualificações baixas.

Em 12 de Janeiro, a PJ disse ter impedido que um residente fosse vítima de tráfico humano para um centro, no Sudeste Asiático, dedicado à burla e extorsão com recurso às telecomunicações e à Internet.

Duas semanas antes, a PJ disse que cinco residentes tinham sido vítimas de tráfico humano para centros, em Taiwan e no Camboja, enganados com falsas promessas de uma remuneração elevada para supostos empregos. Ontem, Sit comentou a operação de resgate do residente raptado no Camboja. O director da PJ indicou que foi “difícil” e que uma das principais dificuldades passou por localizá-lo.

Centenas de milhares de pessoas, a maioria dos quais chineses, têm sido alvo de tráfico humano para centros no Sudeste Asiático, onde são forçados a defraudar compatriotas através da Internet, de acordo com um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Pelo menos 120 mil pessoas foram traficadas para Myanmar e cerca de 100 mil para o Camboja, apontou-se no relatório, divulgado em Agosto de 2023.

Em 2019, uma operação coordenada entre a polícia de Taiwan e as autoridades portuguesas desmantelou um centro que operava a partir de Cascais e defraudava vítimas no Interior através do telefone.

22 Jan 2025

EPM | APIM desconhece oficialmente construção de novo bloco

Em comunicado, a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses defendeu que apesar de o terreno onde está a escola se destinar a fins educativos, nada obriga a que estes tenham de ser prestados pela Escola Portuguesa de Macau

 

Apesar de a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) ser a concessionária do terreno onde está situada a Escola Portuguesa de Macau (EPM), a associação desconhece oficialmente os planos de construção de um novo bloco, para expandir a instituição de ensino. A posição foi tomada pela associação, através de um comunicado enviado ao Canal Macau, em resposta às declarações de Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM).

Durante as celebrações do Dia do Mandarim na EPM, Neto Valente revelou a intenção de avançar com a construção de um novo bloco na instituição de ensino. “O projecto grande de construção de um bloco novo, esse é um bloco que terá de ser novo, ainda está atrasado. Há ideias, há esboços, mas não há projectos, ainda. Mas é para se fazer e tem de se começar”, afirmou o presidente da FEPM, em declarações ao Canal Macau.

No entanto, a APIM, concessionária do terreno, afirmou através de um comunicado assinado por Miguel de Senna Fernandes, presidente da associação, que oficialmente não tem conhecimento de qualquer plano de construção. Miguel de Senna Fernandes é igualmente vice-presidente do Conselho de Administração da FEPM, presidido por Neto Valente.

“Quanto ao mencionado ‘novo bloco’, é assunto de que a APIM não tem conhecimento formal, pois nunca foi abordado no seio do Conselho de Administração da Fundação da EPM. Aliás, nunca foi discutida qualquer obra projectada ou por projectar, sendo que em ambos os casos é fundamental para a sua viabilidade o consentimento da Associação”, pode ler-se no documento citado pela emissora.

Recusa de caducidade

No comunicado, a APIM nega também que, ao contrário do que foi afirmado por Jorge Neto Valente, tenha ocorrido qualquer caducidade do terreno onde está situada a escola. “Poucas pessoas terão prestado atenção a isso, mas havia aqui uma situação quanto à concessão do terreno e da construção do edifício da escola, que tinha caducado em 2014”, disse o presidente da FEPM.

Contudo, a APIM argumenta que essa situação não se verificou, porque as caducidades têm de ser declaradas pela Administração através de um despacho publicado no Boletim Oficial, o que não aconteceu até Dezembro do ano passado, quando a associação pediu ao Governo esclarecesse a situação do terreno e emitisse uma nova concessão gratuita, com o prazo de 25 anos. Nessa altura o Governo declarou primeiro extinto o arrendamento de 1963 e concedeu outra vez o espaço à APIM.

Miguel de Senna Fernandes argumentou também que se tivesse ocorrido a caducidade da concessão em 2014, o Conselho de Planeamento Urbanístico nunca teria aprovado as plantas de condicionamento urbanísticos que receberam a aprovação em Junho de 2020.

Na mensagem, a APIM esclareceu também que apesar de o terreno ter fins educativos, nada obriga a que esses serviços tenham de ser prestados pela EPM, ao contrário das declarações do presidente da FEPM.

22 Jan 2025

Trabalho | Sam Hou Fai promete “aperfeiçoar” feriados

Durante as celebrações do 75.º aniversário da Federação das Associações dos Operários de Macau, o Chefe do Executivo prometeu assegurar as condições básicas de bem-estar da população. Sam Hou Fai quer também actualizar o regime do salário mínimo

 

Sam Hou Fai promete que o Governo vai rever os feriados dos trabalhadores e actualizar o “regime do salário mínimo”. A promessa foi feita na segunda-feira à noite, durante um discurso nas celebrações do 75.º aniversário da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

“Iremos continuar a melhorar os diplomas legais no âmbito laboral, aperfeiçoar atempadamente os assuntos relacionados com os feriados dos trabalhadores, bem como actualizar, de forma dinâmica, o regime do salário mínimo”, prometeu o Chefe do Executivo, diante dos membros da associação tradicional.

No entanto, o Chefe do Executivo evitou qualquer compromisso temporal para mexer no número de feriados ou no salário mínimo, limitando-se a usar a expressão “atempadamente”. A formulação do discurso também está longe de garantir que haverá um aumento do número de feriados, que actualmente é de seis, ou até do salário mínimo.

Sam prometeu igualmente que vai garantir as condições básicas de vida da população, naquela que foi a primeira das seis promessas deixadas na ocasião. “Em primeiro lugar, iremos assegurar as condições básicas do bem-estar da população, envidar mais esforços para promover a inclinação gradual das regalias sociais para que beneficiem mais os grupos de baixo rendimento, os mais vulneráveis e necessitados”, destacou.

Entre os trabalhos prioritários, o governante destacou também o que afirmou serem as “questões que preocupam mais a sociedade”, e comprometeu-se a “aumentar constantemente o sentimento de realização, felicidade e segurança”.

Representada com quatro deputados na Assembleia Legislativa, a FAOM é tradicionalmente mais próxima dos trabalhadores do território. Também a estes, Sam Hou Fai prometeu melhores condições no futuro. “Iremos salvaguardar os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores, dedicar-nos a criar estabilidade e diversidade no acesso ao emprego e continuar a melhorar o ambiente de acesso ao mesmo”, afirmou.

Acesso ao emprego

O Chefe do Executivo indicou que a política actual passa por garantir o acesso prioritário de residentes a postos de trabalho. “Iremos garantir a prioridade dos trabalhadores locais no acesso ao emprego e aperfeiçoar o mecanismo de ajustamento dinâmico e de complementaridade positiva entre a garantia do emprego dos trabalhadores locais e a importação de trabalhadores não-residentes”, assegurou.

Além de prometer mais formação e oportunidades de emprego para os jovens, o líder do Governo indicou que irá contribuir para que as relações de trabalho se mantenham harmoniosas. “Iremos melhorar o mecanismo de comunicação e coordenação no âmbito laboral, impulsionando a constituição de relações laborais harmoniosas e amistosas”, frisou.

22 Jan 2025

LAG | Lo Choi In elogia incentivos ao consumo

Numa reunião de preparação para as linhas de acção governativa, a deputada Lo Choi In enalteceu os planos de incentivo ao consumo nos bairros da cidade. O secretário para a Economia e Finanças indicou que estão a ser estudadas medidas para injectar dinâmica económica no comércio nas zonas residenciais

 

O novo Governo está a “estudar activamente medidas relevantes para injectar mais dinâmica, incluindo a intensificação de esforços para promover de forma diversificada as características da comunidade, com o objectivo de permitir mais turistas e residentes a visitarem e consumirem nos bairros”. A intenção foi revelada pelo secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, durante uma reunião com a Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau para ouvir sugestões para as linhas de acção governativa da tutela.

O problema da crise de consumo, em especial no comércio e restauração fora do circuito dos pontos turísticos, foi uma das principais preocupações levantadas por dirigentes da associação que representa a comunidade de Jiangmen, incluindo pela voz dos deputados Zheng Anting e Lo Choi In.

A deputada voltou a enaltecer os resultados alcançados pelos planos “Grande prémio para o consumo em Macau” e “Carnaval de Consumo de Macau”, que “revelaram-se muito eficazes no incentivo à economia, aumentaram o volume de negócios das pequenas, médias e micro-empresas, no sentido de abordar efectivamente o problema da perda de consumo”.

Esperanças e expectativas

Reconhecendo que face ao actual ambiente internacional, a diversificação económica de Macau enfrenta bastantes desafios, o presidente da associação Chan Sio Cheng destacou a importância do empenho no cumprimento dos desígnios traçados por Xi Jinping para o território. O dirigente afirmou também esperar que o relatório das linhas de acção governativa corresponda às expectativas e à realidade da sociedade e seja um mapa prático para melhorar o ambiente de negócios e o desenvolvimento do tecido empresarial.

Em cima da mesa, estiveram ainda temas como a revitalização da economia do norte da península, a organização de viagens de estudo sobre cultura chinesa, o apoio ao empreendedorismo e à aquisição de imóveis por jovens, a melhoria do imposto de arrendamento e a promoção das culturas chinesa e portuguesa.

Como tem sido regra em todas as intervenções públicas, não faltou a alusão aos importantes discursos e às expectativas e esperanças apresentadas pelo Presidente Xi Jinping durante a visita a Macau.

Tai Kin Ip garantiu que terá em conta as sugestões dos dirigentes da associação, “a fim de implementar de forma concreta as «três expectativas» e «quatro esperanças» apresentadas pelo Presidente Xi Jinping”.

21 Jan 2025

Toponímia | Estudo relaciona ruas com nomes lusos com colonialismo

Na dissertação de mestrado “Cultura Sino-portuguesa em Macau – História nas Ruas”, Zhao Zhen defende que a Administração portuguesa diluiu “a identidade nacional” da população chinesa, ao colocar nomes com referência a Portugal nas ruas, nomeadamente de escritores, navegadores, governadores e funcionários públicos

 

Zhao Zhen, autor da dissertação de mestrado “Cultura Sino-portuguesa em Macau – História nas Ruas (História e Cultura Sino-portuguesa sob perspectiva dos nomes das ruas de Macau)”, defende que a escolha de nomes de ruas com referência a Portugal durante os anos da Administração portuguesa foi uma forma eficaz de colonização e de criação do sentimento de pertença à nação colonizadora, sobretudo no que diz respeito à comunidade chinesa.

Na dissertação, defendida na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), conclui-se que “antes do regresso de Macau à China o Governo português levou a cabo uma prática política e cultural através da atribuição de nomes de ruas à maneira portuguesa”.

Assim, os nomes das ruas de Macau serviram “como meio de transmissão de uma memória colectiva, começando com a construção da imagem do Governo português em Macau e a orientação dos seus principais valores”, com recurso a “figuras e acontecimentos históricos icónicos para reforçar a identificação dos colonizados com a sua identidade colonizadora”.

Zhao Zhen acrescentou ainda que “durante os 400 anos da colonização de Macau pelo Estado português foram aplicados símbolos linguísticos aos habitantes de Macau através da nomeação das ruas, diluindo a identidade nacional tradicional dos chineses e implantando a dos colonizadores, alcançando assim o objectivo de remodelar a identidade nacional dos habitantes locais”.

Para o autor do estudo, a questão da toponímia muito particular do território trouxe consequências no que diz respeito à identidade nacional. “Os nomes das ruas de Macau são diferentes dos de outras cidades chinesas, e isto teve impacto na identidade cultural da população local, que cresceu com a história e cultura chinesa e portuguesa e que não tem um forte sentido de identidade cultural. Dilui, assim, a sua missão de transmitir a sua cultura nacional.”

Uma forma de domínio

É certo que o trabalho académico de Zhao Zhen, na área das Ciências da Cultura, chama a atenção para o facto de a toponímia de Macau ser reflexo de uma mistura de culturas. Porém, o autor vai mais longe, analisando quantas ruas existem em português e chinês com nomes de personalidades importantes, destacando-se o facto de a cultura portuguesa ser dominante.

O facto de existirem em Macau ruas com nomes de militares, de antigos governadores ou de políticos portugueses, como Mário Soares, Sidónio Pais ou Ramalho Eanes, é apontado como sinónimo de que os portugueses apostaram “num processo eficaz” de transmitir “uma visão materializada do mundo que influencia e transmite as relações sociais entre pessoas e diferentes classes sociais”. Assim, o que ocorreu foi “um acto que não utiliza a violência como forma de controlo forçado das mentes e da consciência da população”, em que não foi aplicado “um meio de coerção”.

Zhao Zhen refere que “no total existem 26 ruas com o nome de funcionários governamentais portugueses em Macau que se distinguiram pelo contributo que deram à cidade, não havendo qualquer rua com o nome de um funcionário chinês em Macau”.

Tal mostra “a distinção feita pelos colonizadores portugueses enquanto classe dominante e os chineses como classe dominada”, é indicado. Porém, o autor ressalva que “a colonização portuguesa de Macau não foi uma agressão ou domínio absolutos”, pois “os colonizadores tentaram alcançar a liderança a partir de uma variedade de perspectivas, incluindo ideológicas”, em que “o processo de alcançar esta liderança foi intercalado com uma existência cinzenta racial e cultural mais complexa”.

Segundo o autor, “a primeira delimitação sistemática de ruas e o estabelecimento de nomes pelo Governo português de Macau foi em 1869”, sendo que foram usados bastantes nomes com ligação aos Descobrimentos e ao antigo Império português.

Zhao Zhen dá o exemplo da Rua de João de Almeida, que “tem o nome de um general que se destacou nas campanhas de afirmação do poder colonial em Angola, África, no princípio do século XX”.

No total, há 26 ruas com referências aos Descobrimentos e antigos navegadores portugueses, mostrando-se que “a Administração colonial [portuguesa] utilizou forças políticas externas para doutrinar os habitantes de Macau com a intenção de alcançar a liderança, guiando a sociedade através da manipulação espiritual, moral e cultural”. Além disso, o autor considera que foi utilizado “um vocabulário colonial para criar um sentido de identidade e subordinação entre os habitantes, a fim de alcançar uma colonização permanente”.

Destaque para a existência de nove ruas em Macau com o nome de macaenses, como é o caso da Rua Francisco H. Fernandes, que nasceu no território a 13 de Fevereiro de 1863, filho de pais portugueses, e que foi amigo próximo de Sun Yat-sen, pai da Revolução Republicana na China, em 1911.

O lugar dos chineses

Na mesma dissertação lê-se que, em contraste com a primazia das referências à cultura e história portuguesas, existem apenas 12 ruas em Macau “com o nome de chineses”, sendo que a maioria “eram mercadores da península e todos tinham ligações com o Governo português da região”. Por sua vez, “a Avenida Dr. Sun Yat-sen é a única rua com o nome de uma figura política chinesa”.

Citando outro académico, de apelido Kuan, Zhao Zhen refere que “no caso das denominações com nomes de celebridades chinesas, além de serem inferiores em número, foram figuras não políticas”. “O Governo português de Macau, quando baptizava as vias públicas, teve intencionalmente em conta factores políticos, querendo transmitir a mensagem de que Macau se encontrava sob domínio português e que, politicamente falando, era uma colónia portuguesa”, referiu este mesmo académico.

Destaque para duas ruas nomeadas após o regresso de Macau à China, nomeadamente a Avenida Doutor Henry Fok e Avenida Doutor Ma Man Kei. “Estas personalidades distinguiram-se pelas contribuições notáveis para a reunificação de Hong Kong e Macau e para o desenvolvimento da China, pelo que a atribuição do nome da rua a estas personalidades reflecte a influência de factores políticos após o fim da longa história colonial de Macau e a reunificação suave com a China. A adição da palavra ‘doutor’ aos seus nomes mostra ainda mais respeito por eles”, pode ler-se.

Destaque ainda para a existência de 140 ruas em Macau cujos nomes são traduzidos foneticamente do chinês, destacando-se a Avenida de Ip Heng, Avenida de Lok Koi, Pátio de Iong Loc, Pátio Fu Van ou Rua de San Lei. “Todas estas palavras chinesas expressam o desejo do povo numa vida melhor e a procura de qualidade de vida. Outras nomeações estão relacionadas com a religião chinesa, como o Largo de Pao Cong Mio, Rua de Kun Iam Tong”, é referido, sem esquecer as 69 ruas com nomes parafraseados em chinês com ligação a crenças chinesas.

“A fim de viver uma vida melhor e de a encaminhar na direcção que se espera, a nomeação das ruas reflecte elementos geográficos, bem como as esperanças das pessoas para as suas vidas futuras. Os nomes das ruas são mencionados e usados com tanta frequência que as pessoas tendem a dar-lhes bons significados para satisfazerem as suas próprias intenções de uma vida melhor. Influenciados por conceitos culturais tradicionais chineses, muitos dos nomes das ruas em Macau têm significados auspiciosos e de sorte, com as palavras ‘Harmonia, Tranquilidade, Amizade, Benevolência, Concórdia'”.

Há ainda ruas cujos nomes “mostram o desejo dos comerciantes de ter um negócio próspero e de conseguirem todos os lucros que advém da realização dos negócios”.

Em termos gerais, Zhao Zhen conclui que “a experiência de Macau prova a possibilidade de coexistência harmoniosa de diversas comunidades e culturas”, sendo que a toponímia “reflecte a coexistência e mistura do Oriente e do Ocidente, a harmonia e diferença entre eles, que hoje é espelho da cultura e dos valores fundamentais da sociedade”.

21 Jan 2025

EUA | Trump toma posse e lança farpas à China sobre Canal do Panamá

O novo Presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu esta segunda-feira assumir o controlo do Canal do Panamá, rebatizar o Golfo do México e reforçar a tributação dos países estrangeiros, confirmando intenções já expressadas para o segundo mandato na Casa Branca.

No seu discurso na cerimónia de tomada de posse como 47.º Presidente dos Estados Unidos Donald Trump sublinhou que o objectivo do acordo e o espírito do tratado em relação ao Canal do Panamá “foram totalmente violados”, prometendo assumir controlo desta infraestrutura marítima vital para o comércio global.

“E o mais importante, a China opera o Canal do Panamá, e nós não o demos à China, demos ao Panamá. E vamos tomá-lo de volta”, justificou no seu discurso realizado no Capitólio (sede do Congresso norte-americano), em Washington.

Noutra intenção já anteriormente expressada, Trump confirmou também que, em breve, vai mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América”.

Mais impostos

No seu regresso à Casa Branca (presidência norte-americana), depois de um primeiro mandato entre 2017 e 2021, o político republicano afirmou ainda que pretende reforçar a tributação dos países estrangeiros em favor dos cidadãos norte-americanos.

“Começarei imediatamente a reformar o nosso sistema comercial para proteger as famílias e os trabalhadores americanos. Em vez de taxar os nossos cidadãos para enriquecer outros países, vamos impor tarifas e impostos aos países estrangeiros para enriquecer os nossos cidadãos”, declarou.

Expulsar ilegais

Donald Trump garantiu ainda que irá expulsar “milhões e milhões” de imigrantes ilegais, um dos principais focos da sua campanha eleitoral. “Primeiro, declararei o estado de emergência na nossa fronteira sul” com o México, disse o Presidente, acrescentando que vai enviar o Exército para patrulhar essa região.

“Todas as entradas ilegais serão imediatamente bloqueadas e iniciaremos o processo de devolução de milhões e milhões de estrangeiros criminosos para onde vieram”, acrescentou o Presidente republicano.

O juramento do novo líder norte-americano foi realizado logo após a posse do seu futuro vice-presidente, JD Vance, com o qual liderou a nomeação do Partido Republicano, que, em 05 de novembro de 2024, venceu as eleições presidenciais contra a candidatura democrata encabeçada por Kamala Harris.

A cerimónia em Washington decorreu às 17h, hora de Lisboa (madrugada em Macau) e foi marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com escassos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia (UE), à excepção da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

21 Jan 2025

Comunidades | Rita Santos prolonga suspensão de mandato

Passados 60 dias, em Dezembro, do início da suspensão de mandato de Rita Santos como conselheira das Comunidades Portuguesas, a suspensão vai prolongar-se, após a apresentação de um novo pedido

 

Eleita no final de 2023 para a posição de Conselheira das Comunidades Portuguesas pelo círculo eleitoral da China, Singapura, Tóquio, Seul e Banguecoque, Rita Santos vai continuar com o mandato suspenso pelo menos durante mais 60 dias. A situação foi esclarecida, ao HM, por Rui Marcelo, conselheiro por Macau e membro do Conselho Permanente dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas.

“O que a lei preconiza é que a suspensão do mandato seja requerida por um período de 60 dias, e não especifica, como estava definido na lei inicial, que só fosse possível pedir um pedido único [de suspensão] por mandato. Não é o caso actualmente”, afirmou Rui Marcelo. “Ela mantém o mandato suspenso como conselheira efectiva, tendo sido substituída pelo conselheiro suplente Luís Nunes”, acrescentou.

De acordo com o membro do Conselho Permanente dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas, Rita Santos terá apresentado um novo pedido de suspensão do mandato, o segundo desde Outubro. Cada pedido de suspensão pode vigorar até um máximo de 60 dias. O primeiro terminou em Dezembro. Caso não tivesse apresentado um novo pedido de suspensão, Rita Santos teria assumido as funções novamente como membro efectivo. Contudo, Luís Nunes vai manter-se na posição. “Neste momento a suspensão [de Rita Santos] está relacionada com o seu processo de participação nas eleições legislativas de Macau”, indicou Rui Marcelo.

O conselheiro explicou ainda que Rita Santos pode continuar a suspensa, desde que apresente regularmente novos pedidos para prolongar a suspensão. O HM tentou contactar a conselheira, mas sem sucesso.

Anos movimentados

Foi no início de Outubro que Rita Santos anunciou a suspensão do mandato, pelo período de 60 dias. Na altura, a medida foi justificada com a vontade da então conselheira se concentrar nas eleições do Chefe do Executivo, que decorreram em meados de Outubro 2024, e nas eleições legislativas da RAEM, que vão acontecer na segunda metade deste ano, embora sem data anunciada.

Anteriormente José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), afirmou que Rita Santos vai fazer parte da lista candidata à Assembleia Legislativa ligada à ATFPM num lugar “elegível”. As declarações foram prestadas durante uma visita de José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, à sede da ATFPM. O lugar na lista não foi especificado.

A lista ligada à ATFPM está actualmente representada na Assembleia Legislativa pelos deputados José Pereira Coutinho e Che Sai Wang.

21 Jan 2025

Motociclos | Instalados quatro postos de troca de baterias

Foi lançado ontem o projecto-piloto para trocar baterias de motociclos eléctricos em quatro locais. Os “armários” para troca de baterias estão instalados no Parque do Reservatório, na Rua da Doca Seca, na Rua Central da Areia Preta e no Parque Central da Taipa

 

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou ontem o lançamento de um projecto-piloto para a troca de baterias de ciclomotores e motociclos eléctricos em quatro locais da península e na Taipa. O projecto que arrancou ontem, e que terá a duração de dois anos, implicou a instalação de “armários” em zonas de estacionamento de motociclos onde se pode trocar uma bateria vazia por outra carregada.

Estes equipamentos estão instalados e prontos a usar no Parque do Reservatório, na Rua da Doca Seca no bairro do Fai Chi Kei, na Rua Central da Areia Preta e no Parque Central da Taipa.

A DSPA garantiu que irá acompanhar a implementação do projecto e manter a comunicação com o sector com o objectivo de procurar mais locais adequados para a instalação de armários de baterias para troca.

Além disso, o Governo salientou que foram reservados espaços para instalar postos de carregamento de ciclomotores/motociclos eléctricos nos parques de estacionamento públicos construídos recentemente.

O que foi feito

Além da instalação destes postos de troca, estão actualmente em funcionamento 630 lugares para carregamento de ciclomotores/motociclos eléctricos em 49 parques de estacionamento públicos de Macau. Em oito parques, estão ainda instalados armários para troca de baterias.

A DSPA afirma que o projecto-piloto foi pensado tendo como “referência as experiências das regiões vizinhas e a situação real de Macau”, e implementado em cooperação com o Instituto para os Assuntos Municipais.

A iniciativa tem como objectivo “melhorar ainda mais a qualidade do ar, assegurar o bem-estar dos cidadãos e concretizar a “Dupla Meta de Carbono” nacional”, e garantir condições logísticas para acompanhar o aumento dos de veículos eléctricos em circulação em Macau.

Segundo os últimos dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, referentes ao passado mês de Novembro, nos primeiros 11 meses de 2024, foram registadas novas matrículas de 11.862 veículos, cerca de um terço (3.654) eram eléctricos.

21 Jan 2025

Crime | Alerta para abuso de medidas de múltiplas entradas

Leong Sun Iok teme que a medida de múltiplas entradas em Macau para residentes de Zhuhai e Hengqin faça aumentar o contrabando e o trabalho ilegal. O deputado sugeriu ao Governo que aumente as penalizações para empregadores e trabalhadores ilegais

 

A permissão de múltiplas entradas em Macau para residentes de Zhuhai, com período máximo de estadia de sete dias, que entrou em vigor no início deste ano, merece a atenção das autoridades. A ideia foi defendida por Leong Sun Iok, que teme que a nova política, anunciada pelo Governo Central no início de Dezembro, aumente o contrabando e o trabalho ilegal.

O deputado da bancada parlamentar da Federação das Associações dos Operários de Macau (FOAM) considera que a medida pode mesmo ser alvo de abusos por grupos criminosos.

Citando dados oficiais, em declarações ao jornal Ou Mun, o deputado lembra que no ano passado, apesar de as autoridades terem realizado menos acções de fiscalização para detectar trabalhadores ilegais, foram encontradas mais situações de ilegalidade.

Ao longo de 2024, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e o Corpo de Polícia de Segurança Pública interceptaram 834 trabalhadores ilegais, mais 293 de que em 2023, ou seja, um aumento anual de quase 55 por cento. Face à tendência de aumento, o deputado argumenta que a política de múltiplas entradas pode exacerbar uma situação já complicada.

Fotos e rímel

O deputado salienta o carácter oculto deste fenómeno e reconhece que o trabalho das autoridades não é fácil na execução da lei, em especial para profissões como motorista e trabalhos de remodelação de apartamentos.

Porém, Leong Sun Iok afirma ter recebido queixas de residentes que apontam para o aumento de fotógrafos e maquilhadoras de casamentos a trabalhar ilegalmente em Macau, que inclusive anunciam os seus serviços publicamente nas redes sociais.

Como tal, o deputado sugere que o Governo reforce a cooperação com as autoridades do Interior da China para combater a criminalidade que possa surgir com a política de múltiplas entradas e reforce a penalização para trabalhadores ilegais e os seus empregadores.

Além disso, Leong Sun Iok pede mais inspecções a locais de trabalho onde é frequente serem detectados casos destes, inclusivamente através de agentes à paisana.

21 Jan 2025

Função pública | Lei Chan U pede aumento de salários este ano

Com o Governo a recolher opiniões sobre as Linhas de Acção Governativa deste ano, as primeiras de Sam Hou Fai, Lei Chan U espera que seja anunciado o aumento dos salários dos trabalhadores da Função Pública

 

O deputado Lei Chan U defende que o Governo deve aumentar os funcionários públicos este ano e que o anúncio deve ser feito com a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG). A posição foi tomada através de um artigo publicado no jornal Ou Mun, com o deputado a defender a necessidade de elevar o moral na Função Pública.

Entre os argumentos a favor do aumento dos salários, o vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) indicou que os funcionários são “a base da governação” e o contributo para o moral, que vai permitir uma governação mais eficaz.

Segundo Lei Chan U, a actualização de rendimentos alivia a pressão financeira dos trabalhadores e serve de exemplo para o sector privado, que o deputado afirmou seguir os aumentos do Governo. “O Governo lidera o mercado privado através do exemplo”, destacou.

O legislador apontou também que nos últimos anos da pandemia o anterior Governo apenas por uma vez aumentou os funcionários públicos, apesar da constante subida dos preços de bens de primeira necessidade.

Recorde-se que a questão dos aumentos da função pública tinha sido deixada por Ho Iat Seng, em Novembro do ano passado, para o actual Executivo.

Subsídios sem modificações

Em relação aos funcionários públicos, Lei Chan U defendeu também que o Executivo avance com um aumento de diferentes subsídios, como os apoios de antiguidade, de família, habitação e semelhantes, que indica estarem congelados há cerca de 11 anos.

“Estes subsídios representam uma grande parte do rendimento dos funcionários públicos com menores salários. Espera-se que sejam oportunamente revistos e ajustados em função da evolução social e económica”, argumentou.

O deputado indicou também que nos últimos anos a reserva financeira tem recuperado, revelando a existência de uma folga orçamental para aumentar a despesas com funcionários públicos. Além disso, o legislador defende que as receitas recolhidas através dos impostos vão aumentar nos próximos tempos, devido às políticas do Governo Central, que permitem aos residentes de Zhuhai virem todas as semanas a Macau.

21 Jan 2025

Bacará | Receitas ultrapassam valores pré-pandemia

Após o progressivo regresso à normalidade pós-pandemia iniciado em 2023, as receitas do jogo mais popular dos casinos de Macau ultrapassaram finalmente os recordes pré-pandémicos. No entanto, o sector VIP continua muito longe dos tempos dourados da indústria

 

O jogo mais popular nos casinos de Macau, o bacará, ultrapassou em 2024 os níveis registados antes da pandemia, mas as receitas totais continuam longe dos picos históricos devido às apostas VIP, segundo os dados divulgados na sexta-feira.

O bacará no chamado mercado de massas atingiu receitas de 137,9 mil milhões de patacas no ano passado, revelou a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Este valor representa um aumento de 24,8 por cento em comparação com 2023 e também uma subida de 14,2 por cento em relação ao anterior recorde, fixado em 2019, antes do início da pandemia de covid–19.

Em 2024, o bacará de massas representou 60,8 por cento do total das receitas dos casinos no território, sendo de longe o jogo de fortuna e azar mais procurado pelos apostadores chineses. Ainda assim, no ano passado as receitas totais dos casinos da cidade – 226,8 mil milhões de patacas – representaram apenas 77,5 por cento do registado em 2019.

Isto porque as grandes apostas em Macau estiveram somente a 40,5 por cento dos níveis fixados antes da pandemia, apesar de terem subido 21,2 por cento em 2024, para 54,8 mil milhões de patacas.

Novos tempos

Em 2019, o chamado jogo bacará VIP representava 46,2 por cento das receitas totais dos casinos de Macau. Mas, em 2024, este segmento ficou–se por uma fatia de 24,1 por cento. As grandes apostas foram afectadas pela detenção do líder da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, em Novembro de 2021.

O antigo director executivo da Suncity, Alvin Chau Cheok Wa, foi condenado em Janeiro de 2023 a 18 anos de prisão por exploração ilícita de jogo e sociedade secreta, num caso que fez cair de 85 para 18 o número de licenças de promotores de jogo emitidas em Macau.

Em Abril de 2023, o líder de uma outra angariadora de apostas VIP em Macau, o Tak Chun Group, Levo Chan Weng Lin, foi condenado a 14 anos de prisão por crimes que vão desde o jogo ilegal ao branqueamento de capitais.

Em 2024, o território ainda registou 9 milhões de patacas em receitas das apostas em corridas de cavalos, que terminaram em 30 de Março. Após mais de 40 anos, o Governo anunciou em 15 de Janeiro de 2024 a rescisão do contrato devido às “dificuldades de operação” da concessionária do hipódromo, que tinha vindo a acumular prejuízos desde 2002.

20 Jan 2025

Turismo | Portugal pode ajudar Macau a atrair visitantes europeus

A directora dos Serviços de Turismo de Macau considera que Portugal pode ajudar Macau a atrair no futuro mais visitantes vindos do resto da Europa. Helena de Senna Fernandes falou à margem da apresentação das festividades do Ano Novo Lunar, que terá este ano um orçamento 34,8 milhões de patacas

 

“Portugal não serve só para atingir Portugal. Portugal serve também para nos ajudar a atingir o mercado europeu”, disse Senna Fernandes, na sexta-feira, à margem da apresentação do cartaz de festividades para celebrar o Ano Novo Lunar.

A dirigente deu como exemplo a reunião semianual da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA, na sigla em inglês), que se irá realizar em Macau, em Junho. “Isto é também um resultado de boa colaboração entre nós e a APAVT [Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo], porque foi através da APAVT que nós fomos apresentados à ECTAA”, sublinhou a directora dos Serviços de Turismo de Macau (DST) Senna Fernandes.

Em Abril de 2024, a vice-presidente da ECTAA, Heli Mäki-Fränti, disse à Lusa, durante a 12.ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau (MITE), que a reunião no território acontece “por iniciativa” da APAVT.

Será a segunda vez que a ECTAA se reúne fora da Europa, após Kuala Lumpur, na Malásia.

A confederação escolheu também Macau como destino preferido para 2025. “Eu acho que é um bom começo”, disse Senna Fernandes. “Embora vá ter menos do que 100 pessoas, eles representam, no todo, 80 mil agências de viagens de toda a Europa”, sublinhou.

A directora da DST demonstrou esperança de que o evento possa no futuro ajudar Macau a atrair mais visitantes europeus. “Para já é importante que as agências de viagens da Europa conheçam Macau. Se calhar, muitos deles não conhecem Macau ou há muitos anos que não visitam Macau”, referiu Senna Fernandes. A dirigente disse acreditar que, após a reunião, haverá uma maior presença europeia na MITE, assim como mais oportunidades para promoção turística de Macau na Europa.

Celebração a caminho

A DST vai estar presente na Feira Internacional de Turismo de Madrid, de 24 a 26 de Janeiro, e na ITB Berlim, a maior feira de viagens do mundo, entre 4 e 6 de Março, além de realizar seminários nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita.

O objectivo é atrair mais visitantes internacionais, mas Senna Fernandes admitiu que no período do Ano Novo Lunar, de 28 de Janeiro a 4 de Fevereiro, Macau vai continuar a depender dos turistas chineses.

A directora da DST espera uma média diária de 185 mil visitantes durante os feriados do Ano Novo Lunar, dos quais apenas oito mil deverão ser internacionais. A principal atracção durante este período em Macau será a Parada do Ano Novo Lunar, realizada em 31 de Janeiro e repetida depois em 8 de Fevereiro. As celebrações deste ano vão custar mais 3,2 por cento face ao orçamento do ano passado, para um total de 34,8 milhões de patacas.

O evento vai incluir espectáculos de 35 grupos vindos do Japão, Coreia do Sul, França, Roménia, Colômbia, Espanha e Índia, assim como grupos locais, incluindo actuações de grupos da Associação de Danças e Cantares Portuguesa ‘Macau no Coração’ e a Casa de Portugal em Macau.

20 Jan 2025

Conselho de Estado | Pedida acção para desenvolver Hengqin

O director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong, recebeu em Pequim uma comitiva da RAEM liderada por André Cheong. Xia Baolong pediu ao novo Executivo que ponha em prática o espírito dos “discursos importantes e instruções do Presidente Xi Jinping” e crie uma nova conjuntura de desenvolvimento

 

O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, chefiou uma delegação da RAEM numa viagem de trabalho a Pequim na passada sexta-feira que reuniu com várias entidades do Governo Central, incluindo o director do Gabinete de Trabalho de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China e do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong.

Segundo um comunicado divulgado pelo gabinete de André Cheong, o objectivo da visita foi “obter o apoio dos ministérios e comissões relevantes do Governo Central e auscultar os seus pareceres orientadores, concentrando-se na implementação do espírito consagrado nos discursos importantes proferidos pelo Presidente Xi Jinping durante a sua visita a Macau”. Um dos principais temas em cima da mesa foi a aceleração do desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. André Cheong liderou a comitiva da RAEM também na qualidade, por incumbência do Chefe do Executivo, de subchefe permanente da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.

Durante a reunião com Xia Baolong, o director afirmou esperar que o novo Governo da RAEM “apreenda, de uma forma aprofundada, e ponha em prática, de uma forma efectiva, o espírito consagrado nos discursos importantes e nas instruções do Presidente Xi Jinping, de modo a criar uma nova conjuntura de desenvolvimento para Macau”.

Estar à altura

Xia Baolong afirmou também que o Executivo de Sam Hou Fai deverá reforçar “a coordenação interna, estudar e lançar activamente políticas e medidas jurídicas para fomentar o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada, investir mais recursos e trabalhar em estreita cooperação com a Província de Guangdong”. O responsável apontou que estas são as premissas para atingir “o desenvolvimento de alta qualidade da Zona de Cooperação Aprofundada, de forma a estar à altura das altas expectativas do Presidente Xi Jinping e do Governo Central”.

Por seu lado, André Cheong deu conta do ponto de situação sobre o estudo e implementação, pelo Executivo e diversos sectores da comunidade, do espírito consagrado nos discursos importantes proferidos pelo Presidente Xi Jinping durante a sua visita a Macau. O secretário apresentou ainda o caminho que o Governo irá seguir na próxima fase da reforma da administração pública e da coordenação legislativa, assim como para o desenvolvimento de Hengqin.

20 Jan 2025

LAG | Associação pede alterações à lei de habitação económica

A Associação Geral dos Conterrâneos de Fukien em Macau entende que a lei de habitação económica deve ser alterada para modificar o tipo de fracção consoante a evolução do tamanho dos agregados familiares. A ideia foi defendida num encontro com o secretário para os Transportes e Obras Públicas a propósito das novas linhas de acção governativa

 

No decorrer dos encontros do Governo com associações locais a propósito das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, foi defendida a alteração da lei de habitação económica para que os moradores possam mudar de tipologia de apartamento conforme as mudanças no tamanho dos agregados familiares.

A ideia foi deixada pelo deputado Nick Lei, vice-presidente da Associação Geral dos Conterrâneos de Fukien, num encontro de sexta-feira com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam. Segundo uma nota oficial, Nick Lei sugeriu “a optimização da lei de habitação económica”, sendo que, nesse contexto, “o Governo deve considerar melhorar a lei da habitação pública com base na realidade, permitindo aos residentes mudarem das fracções em que habitam devido a alteração da estrutura familiar, com o intuito de elevar a sua qualidade de vida”.

O deputado defendeu ainda o “aproveitamento sensato e de acordo com a lei das reservas de terrenos”.

Por outro lado, Chan Meng Kam, presidente da associação e antigo deputado, defendeu melhorias “na tutela dos Transportes e Obras Públicas” ao nível dos procedimentos administrativos, assim como a elevação “do processo de autorização e acelerar o planeamento de construção” em prol do “aperfeiçoamento do desenvolvimento urbano”.

As sugestões dos conterrâneos da província de Fujian, para a área das obras públicas, vão ainda no sentido de rever “a gestão de activos da concessão de telecomunicações, o aperfeiçoamento dos serviços de táxi, a gestão de fluxo de passageiros no aeroporto e a reconstrução de prédios antigos na zona norte”, entre outras. Raymond Tam prometeu focar-se “nas construções e instalações complementares nas zonas antigas, procurando conseguir um desenvolvimento equilibrado”.

Recorde-se que entre as empresas escolhidas pelo Governo para explorar as novas licenças de táxis surgem os nomes de vários dirigentes de associações ligadas à comunidade de Fujian e à Fundação de Chan Meng Kam.

Transportes preocupam

Raymond Tam reuniu também, a propósito das LAG, com a Associação Comercial de Macau, na sexta-feira. Ma Chi Ngai, presidente da direcção, lembrou a importância das áreas dos transportes e obras públicas por estarem “intrinsecamente ligadas à vida da população”, tendo sido apresentadas cinco sugestões. Uma delas prende-se com a necessidade de garantir que “a linha este do Metro Ligeiro e outras infra-estruturas essenciais sejam promovidas com sucesso e finalizadas conforme o calendário previsto, melhorando assim a eficiência do trânsito da cidade, proporcionando à população local e aos turistas uma deslocação mais facilitada e confortável”.

Foi também pedido um “plano destinado à rede de trânsito nos arredores da zona este da cidade”, tendo sido sugerida “uma concepção e aperfeiçoamento mais sistemático, com vista a aliviar a pressão do trânsito”.

Neste encontro, o secretário garantiu que irá tentar resolver estes problemas e que “a que a população está mais atenta, como as deslocações, habitação, planeamento urbano, coordenação entre estradas rodoviárias e obras públicas e o combate às inundações no Porto Interior”, sem esquecer “a protecção ambiental”.

No sábado o secretário reuniu com dirigentes da Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM) que sugeriram a elaboração “de um programa especial de trânsito e transportes em articulação com o desenvolvimento dos transportes transfronteiriços”. O organismo representado na Assembleia Legislativa pediu também “a operação estável do Metro Ligeiro e o aperfeiçoamento de instalações complementares”. Foi também solicitada a “optimização do número de táxis e elevar a qualidade dos serviços prestados pelos seus condutores”.

Raymond Tam disse que dará “primazia aos transportes públicos”, “crucial para melhorar a situação de tráfego em Macau”, ficando a promessa de resolver “alguns problemas existentes no Metro Ligeiro”, como “a suspensão de serviços por falhas técnicas, a morosidade na retoma dos serviços após condições meteorológicas extremas e a insuficiência relativa ao pagamento electrónico”.

Pedido desenvolvimento do sector financeiro

Dirigentes da União Geral das Associações de Moradores de Macau defenderam na sexta-feira, num encontro com o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, a importância do “desenvolvimento do sector financeiro moderno e sector segurador” na elaboração de medidas para o novo relatório das Linhas de Acção Governativa. Segundo uma nota oficial, os dirigentes dos Moradores salientaram também a necessidade de promover a “economia comunitária, o programa de introdução de quadros qualificados e a exploração das actividades por pequenas e médias empresas”. Por seu lado, Tai Kin Ip disse que pretende “analisar de forma séria as opiniões e sugestões apresentadas”.

FAOM pede mais recursos para saúde mental

Dirigentes da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) pediram mais recursos para tratamento de doenças do foro mental, num encontro no sábado com a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam. Segundo uma nota oficial, foi defendida a necessidade de “aumentar os recursos de apoio à saúde mental, reforçando a ligações entre instituições públicas e privadas”. Para o novo relatório das Linhas de Acção Governativa para 2025, foi também discutida a necessidade de “formar mais quadros qualificados médicos locais” e “implementar medidas amigáveis às famílias, melhorando o ambiente e serviços das creches”, bem como “promover serviços profissionais de voluntários”. O Lam prometeu “a contínua revisão integral dos actuais serviços médicos”, além de se analisar o aumento das pensões e “aperfeiçoar o regime de segurança social”. A secretária reuniu também, no sábado, com a Associação Comercial de Macau, cujos dirigentes apontaram a necessidade de “aperfeiçoar o regime de registo do medicamento tradicional chinês”.

20 Jan 2025