Hoje Macau EventosUNESCO | Gravações de Amália Rodrigues candidatas a “Memória do Mundo” O Ministério da Cultura vai candidatar as gravações de Amália Rodrigues ao programa da UNESCO “Memória do Mundo”, pelo “valor universal excepcional do registo da sua voz e da sua música” [dropcap]“N[/dropcap]o ano em que se celebra o centenário de Amália Rodrigues, queremos sublinhar a importância e o valor universal excepcional do registo da sua voz e da sua música, fazendo jus à sua carreira de dimensão mundial, através do reconhecimento pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) das gravações da cantora como “Memória do Mundo””, afirmou ontem a ministra Graça Fonseca, em comunicado. A candidatura será promovida através da equipa do Arquivo Nacional do Som, em colaboração com a empresa Edições Valentim de Carvalho, proprietários da colecção de fitas-magnéticas gravadas pela intérprete entre 1951 e 1990 e de outras gravações, algumas nunca publicadas, como ensaios, diferentes ‘takes’, experiências de gravação, gravações informais, entre outras. Segundo a tutela, a candidatura surge na sequência do trabalho há muito desenvolvido pela Valentim de Carvalho na preservação e divulgação deste fundo documental, e do início de um trabalho conjunto com a equipa do Arquivo Nacional do Som. O ministério sublinha que esta candidatura não só afirma a importância do fundo documental como reforça, na prática, a visibilidade destes documentos. Amália Rodrigues, intérprete associada a um repertório português como é o Fado, foi responsável pelo conhecimento e projecção deste género além-fronteiras, sem ter deixado de se preocupar com a sua renovação. Quando fala em fronteiras, o Governo refere-se a “todas as fronteiras”, ultrapassando as meramente territoriais, que ficaram marcadas pela apresentação da cantora “ao vivo” e pela publicação dos seus discos “praticamente em todo o mundo, da Austrália ao Azerbaijão”, com actuações tanto em palcos de pequenas aldeias italianas, como no Lincoln Center de Nova Iorque. Linguagem universal Amália Rodrigues ultrapassou também as fronteiras linguísticas, interpretando repertório em diversas línguas, como português, castelhano, italiano, francês, ou inglês, mas sobretudo as fronteiras do género musical, “afirmando-se como intérprete do fado, mas também das rancheras mexicanas, do flamenco ou da canção italiana, entre outros repertórios, inspirando autores como Charles Aznavour ou Vinicius de Moraes que para ela compuseram”. Graças a uma capacidade musical “fora de série”, a cantora “revolucionou o género nas suas múltiplas dimensões: musical, poética, estilo interpretativo”. A candidatura das gravações de Amália Rodrigues à UNESCO tem uma forte vertente patrimonial, de reconhecer a importância universal destes documentos, de os preservar e divulgar. Mas o Ministério da Cultura pretende também “reafirmar inequivocamente o compromisso nacional de desenhar, implementar e fortalecer uma política consolidada para o património sonoro”. “Estamos a trabalhar para instalar as infraestruturas tecnológicas do Arquivo Nacional de Som, encerrando definitivamente uma história já com 85 anos. E estamos a fazê-lo e vamos sempre fazê-lo com todos os agentes detentores de património sonoro”, destaca o comunicado. O programa “Memória do Mundo” é uma iniciativa da UNESCO que visa realçar e preservar documentos ou conjuntos de documentos com especial significado e valor para a humanidade, documentos (também fonográficos) com “importância mundial e valor universal excepcional”. Passado preservado As primeiras inscrições tiveram lugar em 1997, e até hoje já foram inscritos como “Memória do Mundo” mais de 400 documentos ou conjuntos de documentos, da Magna Carta, à Bíblia de Gutenberg. Portugal inscreveu até hoje 10 documentos, entre os quais o Tratado de Tordesilhas, o Diário da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia, a Carta de Pêro Vaz de Caminha, ou o registo de vistos atribuídos pelo cônsul português Aristides Sousa Mendes. No domínio do património documental sonoro, são vários os documentos inscritos: o disco com a gravação do apelo à resistência francesa na II Guerra Mundial pelo General de Gaulle; as colecções históricas dos arquivos de som de Viena, de Berlim e de São Petersburgo; as 103 fitas-magnéticas com a gravação do julgamento de Frankfurt – Auschwitz; ou uma colecção de discos comerciais de Carlos Gardel. A candidatura das gravações de Amália Rodrigues será a primeira candidatura portuguesa de um documento audiovisual.
Hoje Macau EventosCruzeiro Seixas em destaque na feira de arte internacional Frieze O percurso e obra do mestre do surrealismo português, falecido há cerca de um ano, voltam a ser objecto de homenagem numa prestigiada feira de arte intenacional [dropcap]A[/dropcap] obra de Cruzeiro Seixas vai estar em destaque na feira de arte internacional Frieze, em Londres, entre 13 e 17 de Outubro, enquanto trabalhos dos portugueses Hugo Lami e Pedro Sousa Louro vão ser expostos em eventos paralelos. Documentos, cartas, desenhos, poesia e desaforismos, alguns dos quais inéditos, do surrealista português, que morreu no ano passado aos 99 anos, vão estar entre trabalhos raramente vistos de figuras pouco conhecidas mas consideradas pioneiras da arte de vanguarda do século XX. A exposição chega pela mão da Perve Galeria, que fez a selecção de trabalhos produzidos ao longo de cinco décadas, com especial ênfase no trabalho desenvolvido pelo artista enquanto viveu em Angola, ao longo de 12 anos, entre 1952 e 1964. O período em Angola destaca-se não só pelo uso de materiais nativos que na altura causaram fricções com o regime e a polícia política de Salazar, mas também por ter sido quando “descobriu a poesia”, influenciando a sua produção artística posterior, disse à agência Lusa o diretor artístico da Perve Galeria, Carlos Cabral Nunes. A mostra é a segunda exposição internacional do Ciclo de Celebração do Centenário de Cruzeiro Seixas, que a Perve tem vindo a promover desde 2020. “Cruzeiro Seixas não é só um artista português, é um extraordinário artista internacional. A sua obra transcende a nossa própria condição de país periférico. Ele é o artista português na história que mais obra realizou, com uma linguagem própria, muito multifacetada e surpreendente”, defende. A Secção Spotlight tem curadoria da norte-americana Laura Hoptman, actual diretora do museu Drawing Center em Nova Iorque, e que durante anos dirigiu o Museu de Arte Moderna da mesma cidade (MoMA), e é dedicada a artistas vanguardistas do século XX. Este ano vai incluir obras de artistas como Woody Vasulka, Franca Sonnino, Obiora Udechukwu, Feliciano Centurión, Santi Alleruzzo, entre muitos outros. A galeria de Lisboa é a única portuguesa entre 130 galerias internacionais na Frieze Masters, a parte da feira internacional dedicada a artistas anteriores ao século XXI. Ouras presenças O evento “irmão”, Frieze London, dedica-se à arte contemporânea e artistas ainda vivos, com obra posterior ao ano 2000. Juntas, atraem anualmente cerca de 60 mil visitantes, como programadores, artistas, coleccionadores, galeristas e críticos, bem como o público em geral, mas em 2020 realizou-se num formato digital devido à pandemia covid-19. Aproveitando a presença de especialistas internacionais em Londres, muitas galerias realizam exposições paralelas para coincidir com a Frieze, como é o caso da Neon Art Gallery, que vai promover uma exposição individual do português Hugo Lami. Intitulada “Life Found on the Moon” (“Encontrada Vida na Lua”, em tradução do inglês), a exposição decorre entre 11 e 17 de Outubro. Lami vive entre Lisboa, onde estudou Pintura na Escola Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e Londres, onde concluiu um mestrado em Escultura no Royal College of Art. Também residente e formado em Londres, no Chelsea College of Arts, o português Pedro Sousa Louro participa numa exposição colectiva de mais de 70 artistas de 25 países na Saatchi Gallery. A StART Fair pretende marcar o lançamento da StART.art, uma plataforma de comércio electrónico para artistas. Já no âmbito da Frieze Sculpture, uma das maiores exposições de escultura ao ar livre de Londres, que decorre até 31 de Outubro, expõe o português José Pedro Croft. A exposição tem curadoria, pelo nono ano consecutivo, de Clare Lilley, directora do programa no Parque de Esculturas de Yorkshire, e apresentará também trabalhos das artistas brasileiras Solange Pessoa e Vanessa da Silva.
Hoje Macau EventosA origem da cozinha Macaense em Macau (Primeira Parte) Ritchie Lek Chi, Chan Uma importante fonte de comércio de especiarias Em 2017, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau lançou o trabalho de inclusão da candidatura de Macau como a “Cidade da Gastronomia”, na esperança de atrair mais turistas e aumentar a popularidade de Macau através da promoção da gastronomia de Macau, de modo a transformar Macau numa típica cidade turística de lazer. Aproveitando a popularidade, muitos livros chineses e portugueses sobre “Cozinha Macaense” ou “As habilidades culinárias dos Macaenses em Macau” foram lançados no mercado, e muitos artigos publicados em jornais. Hoje, este clima quente acalmou um pouco, e vamos falar sobre a história de fundo da cozinha Macaense de Macau por outro ângulo. Quando todos apreciam os pratos nativos, quantas pessoas sabem que por detrás destas iguarias está a longa história de Macau, mas também o pano de fundo histórico da navegação portuguesa. Quando descobrimos um mapa náutico português, podemos verdadeiramente compreender a origem da cultura alimentar Macaense. Por outras palavras, a cultura Macaense inclui o surgimento da “Cozinha Macaense”, que pode traçar as trocas culturais e os encontros culturais provocados pelas viagens portuguesas através do mar ao mundo oriental. Li vários livros ou artigos chineses e portugueses, publicados em Macau, sobre as origens históricas da cozinha Macaense. O conteúdo menciona que durante o período do “Grande Descobrimento Geográfico”, as rotas dos portugueses para o Oriente incluíram África, Índia, Península Indochina, Tailândia, Malásia e Timor, etc. Mas quase não há menções de desembarques de portugueses na Indonésia e da procura de especiarias preciosas neste país. No entanto, verifiquei outros livros em língua estrangeira ou páginas da web relacionadas, especialmente depois que a literatura indonésia afirmou mais claramente que os portugueses se estabeleceram em Malaca, e logo se dirigiram para a Indonésia ao sul ou sudeste. Em 1511, uma frota portuguesa desembarcou com sucesso na ilha indonésia de Molucas (Maluku), conhecida como “Ilhas das Especiarias”. Desde então, a Ilha Maluku. e as ilhas vizinhas, tornaram-se uma importante fonte de produção no comércio de especiarias de Portugal, e introduziram cravo e noz-moscada na culinária indonésia e na europeia. (Nota 1) A Terra das Especiarias e a vitória dos Portugueses Sob a orientação de dois professores de história e geografia, três alunos do ensino médio da Escola Secundária Chengyuan de Taipei City escreveram um artigo “A Guerra das Especiarias e a História do Desenvolvimento Comercial do Poder Marítimo da Europa Ocidental”. O artigo foi extraído da “Especiarias” (Les épices), escrito por Lucien Guyot, professor da Escola Nacional Superior de Agricultura de Grinnon em Paris, França (L’Institut national agronomique Paris-Grignon, France ), e acadêmico da Academia Francesa de Agricultura(L’académie D’agriculture de France). Esta passagem afirmava que o sucesso dos portugueses desta vez “não só acabou com o monopólio dos venezianos no comércio europeu de especiarias, mas também abriu a corrida às especiarias pelos próximos duzentos anos e mesmo o prelúdio da expansão colonial” (Nota 1). Além disso, o Padre Manuel Teixeira, historiador português e residente em Macau várias décadas, escreveu “A Diocese Portuguesa de Malaca”. O capítulo 8 descreve especificamente as actividades dos jesuítas na Ilha das Molucas para compreender a importância que os portugueses atribuem à ilha. Portanto, de acordo com todas as afirmações anteriores, quando falamos da origem da comida macaense, a cultura alimentar indonésia é também um dos elementos essenciais. Vale a pena referir que a maior parte dos países por onde passaram portugueses eram considerados “terras das especiarias”, locais ricos com uma grande variedade de especiarias, o que permitiu aos portugueses obter lucros avultados no futuro comércio, que alcançou o seu pico em 1513-1919. (Nota 2). Outras potências europeias perceberam isso e, mais tarde, ingressaram no negócio de comércio de especiarias de forma preventiva. Até que “a normalização do comércio de especiarias orientais e o retorno aos princípios morais foram promovidos por franceses e britânicos posteriormente entre o século XIX e a primeira metade do século XX (Nota 3).” Mistura de culturas produz cozinha Macaense Macau é uma cidade pequena, com muita comida deliciosa, e uma população migrante que tem aumentando nas últimas décadas, trazendo diferentes culturas e diversificando a cultura alimentar de Macau. Entre os muitos pratos deliciosos, embora a cozinha cantonense possa representar os pratos autênticos de Macau, a única que pode verdadeiramente mostrar o intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente é a “cozinha macaense” ou a “comida macaense”. Durante mais de quatrocentos anos, os intercâmbios culturais em Macau não se limitaram à cultura chinesa Lingnan e à cultura portuguesa. Também penetraram nas culturas africana, indiana e do sudeste asiático trazidas pelos portugueses durante o período de navegação na Idade Média. Este intercâmbio cultural multifacetado deu origem a dois importantes produtos mistos: “Patuá” e a ” Arte da Culinária Macaense”. Patuá é baseado no português e mistura de vocabulário malaio, indonésio e cantonês, língua esta que foi diminuindo gradualmente e está prestes a desaparecer. A razão é que na sociedade chinesa dominada pelos dialectos cantoneses em Macau, a nova geração macaense recebe o português ortodoxo na escola e o cantonês é o principal meio de comunicação em casa ou fora da escola. Portanto, no ambiente linguístico é difícil para o Patuá continuar a circular e manter um espaço de “sobrevivência”. No entanto, a cultura da cozinha e comida macaense é facilmente aceite. Nos últimos anos, com a vigorosa conservação e promoção do Governo e da organização cívica, a cozinha macaense continua a espalhar-se até hoje. Além disso, tornou-se um símbolo e destaque da cultura alimentar de Macau e um importante traço histórico das trocas culturais “chinesas e ocidentais” de Macau. A cozinha e a gastronomia macaense em Macau revelam um fenómeno de mistura cultural. De facto, este fenómeno não ocorre apenas em Macau, mas também em qualquer parte do mundo, enquanto houver nacionalidades estrangeiras ou raças diferentes a viverem juntas por muito tempo, haverá trocas mútuas de cultura e costumes de vida, criando uma nova cultura. Aqui estão alguns exemplos: Indonésia, Malaca e Goa Ao longo da história nos últimos quinhentos anos, tanto governantes estrangeiros como imigrantes que chegaram à Indonésia trouxeram cultura e costumes do seu próprio país. Em particular, na capital Jacarta que é ponto de encontro das civilizações oriental e ocidental. Harmonia com a cultura indiana, Médio Oriente, europeia e chinesa, formando um sistema cultural rico e complexo. Escrevi um artigo no Diário de Macau para apresentar uma “Aldeia Tugu” em Jacarta onde vivem pessoas de ascendência portuguesa, indonésia e malaia, cuja comida reflecte o fenómeno da mistura de culturas (Nota 4), bem como as zonas onde vivem os chineses em Jacarta, etc., o que pode evidenciar a óbvia cultura mista. Também na área onde vivem chineses, lugar onde se destaca a cultura mista, a comida que cozinham diariamente é uma mistura de características chinesa e indonésia. Malaca é uma cidade multicultural, tal como Jacarta. Antes da chegada dos portugueses, já os chineses tinham desembarcado na pequena cidade junto à rota de Zheng He. Os portugueses trouxeram não só a cultura ocidental, mas também a cultura de outras colónias portuguesas. Posteriormente, Grã-Bretanha e Holanda ocuparam a cidade, fazendo com que Malaca parecesse ter adicionado uma cultura mais exótica. Em Ujong Pasir, uma aldeia de etnia luso-malaia, Chinatown, e Chetti, uma aldeia de etnia luso-indiana, os residentes falam malaio ou uma língua mista, mas mantêm os costumes e rituais de sua terra natal. A cultura alimentar assenta principalmente em pratos malaios e indonésios, mais com elementos portugueses, indianos, britânicos e chineses. Desde os tempos antigos, a Ilha de Java e Sumatra da Indonésia têm uma relação estreita e trocas frequentes com Malaca. As culturas dos dois lugares, incluindo a cultura alimentar, também se trocam e se influenciam. Na vila portuguesa, existem muitos restaurantes que servem cozinha luso-malaia, semelhantes aos da cozinha macaense de Macau. Além disso, nos restaurantes chineses na Chinatown os clientes podem comer a comida da “Nyonya” (Nota 5), esta é uma mistura de pratos cantonenses, fujianenses, hakka e malaios. Os cidadãos de Macau também conhecem a comida da “Nyonya”, o “Laksa” e “Belacan”. Chetti, uma aldeia indígena em Malaca, é habitada por uma população que mistura as descendências malaia, indiana, portuguesa e britânica. Esta aldeia é mais complexa e diversa culturalmente e um lugar onde se come caril. Aliás, o ar da vila está repleto do sabor do caril indiano, que pode ser considerado um paraíso para quem gosta da especiaria. Portugal governou Goa cerca de 450 anos desde 1510. Os portugueses tiveram um impacto significativo na cultura, gastronomia e arquitectura de Goa. Naquela época, as autoridades incentivaram os portugueses a casarem com mulheres goenses e a estabelecerem-se como agricultores, vendedores ou artesãos locais. Estes portugueses tornaram-se rapidamente uma classe privilegiada, passando a existir em Goa uma considerável população euro-asiática. Alguns alimentos também começaram a misturar características de Portugal e da Índia, incluindo o porco com vinagre e picante “Sorpotel” e o porco com vinho e vinagre “Sarapatel” que os portugueses estão habituados a cozinhar para a época do Natal. E também outra receita de porco com vinho tinto e alho, “Vinha d’alhos” da cozinha portuguesa, mudando para “Vindaloo ou Vindalho” porco de caril. Existe também a receita de caranguejos com caril (origem de Índia ou Malásia) conhecida em Macau. Anotação: “A guerra das especiarias e a história do desenvolvimento comercial dos países com poder marítimo da Europa Ocidental”, autores: Zhu Peiyu, Nie Jiajun, Huang Pinhua, Supervisores: Kang Shiyun, Cai Liqing, página 4. http://www.shs.edu.tw › works › essay › 2018/11 “Revista de Cultura” do Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, edição chinesa, número 99, 2016. Página 26, terceira linha do primeiro parágrafo. “Les épices”, de Lucien Guyot, traduzido por Liu Deng, p. 65. “Arte e Cultura Alimentar na Mesma Linha”, autor: Ritchie Lek Chi Chan, Macau Daily News, 7 de Fevereiro de 2021. Edição “Rua de Macau”. “Nyonya” (Nonya) geralmente se refere à senhora e esposa. Essas mulheres de status elevado são mulheres de etnia chinesa e malaia mistas, ou mulheres chinesas que viveram na Malásia, Indonésia e Singapura por várias gerações e não falam chinês.
Hoje Macau EventosJulião Sarmento debatido em congresso internacional em Novembro O artista Julião Sarmento (1948-2021) vai ser homenageado por artistas, curadores e historiadores num congresso internacional, entre 4 e 6 de Novembro, em Lisboa, que terá por título “Na escalada do desejo”, revelou à agência Lusa a organização. “O desaparecimento de Julião Sarmento foi um choque para todos, e tendo em conta o impacto da sua figura como artista no meio nacional e internacional, achámos que fazia todo o sentido lançar um congresso no dia do seu aniversário e nos seguintes”, justificou a directora do Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado, Emília Ferreira. A iniciativa é do MNAC em conjunto com a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, onde irá decorrer, presencialmente, com oradores portugueses e estrangeiros, como Pedro Lapa, Delfim Sardo, Benjamin Weil, Raquel Henriques da Silva, Alexandre Melo, Cristina Guerra, João Pinharanda e Nuno Crespo. Este congresso sobre Julião Sarmento – que faria 73 anos em 4 de Novembro -, “o mais internacional dos artistas portugueses” e que “morreu cedo demais”, sublinhou Emília Ferreira, “é um pretexto para reunir especialistas nacionais e internacionais sobre a sua obra, e fazer-lhe a devida homenagem”. Autor de uma obra multifacetada, Sarmento, nascido em 1948, em Lisboa, representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 1997 e foi alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011. No ano seguinte, o Museu de Serralves, no Porto, organizou a mais completa retrospectiva até hoje realizada do seu trabalho, reconhecido com a atribuição do Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA). No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance. “É um artista já muito estudado, cuja obra teve ecos teóricos um pouco por todo o mundo, mas não podíamos deixar passar este momento”, vincou a directora do MNAC, comentando ainda: “Se calhar é uma reacção emotiva, mas, na verdade, é um artista central que merece muito este enfoque”. Para continuar O encontro internacional – que também contará com a presença, entre outros, de Clara Ferreira Alves, Ana Anacleto, Bernardo Pinto de Almeida, Helena Vasconcelos e Filipa Oliveira – vai abrir uma ´open call´ de propostas de investigadores e autores que possam apresentar painéis sobre vários temas ligados à obra de Sarmento. Embora o artista seja já muito estudado, a historiadora de arte considera “importante trazer ao debate parte dos estudos feitos e potenciar outros, porque os congressos também servem para isso, para serem espaço de debate teórico, confronto crítico e apresentar propostas”. A directora do MNAC revelou ainda à Lusa que, em conjunto com os mesmos parceiros, este será o primeiro de uma série de congressos anuais dedicados a figuras da arte portuguesa contemporânea, e Nikias Skapinakis (1931-2020) já foi escolhido para a próxima homenagem, em 2022. “A ideia é mesmo fazê-los anualmente, com a parceria absolutamente relevante da Faculdade de Belas Artes e dos nossos centros de investigação, sobre nomes centrais das nossas artes”, salientou a diretora, referindo-se ao Centro de Estudos e de Investigação em Belas Artes (CIEBA), ao Instituto de História de Arte (IHA) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e ao Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG), do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULisboa). O Congresso Internacional “Na escalada do desejo. Julião Sarmento (1948-2021)” tem, na comissão organizadora, Bruno Marques, Emília Ferreira, Hilda Frias e Joana d’Oliva Monteiro, contando com a colaboração de outros investigadores na comissão científica.
Andreia Sofia Silva EventosBienal de Veneza | A memória do colectivo YIIMA em representação de Macau Depois de uma bem-sucedida exposição no Museu Berardo, em Lisboa, o trabalho do colectivo YIIMA, composto pelos artistas Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io, vai representar Macau na Bienal de Veneza 2022. A curadoria está a cargo de João Miguel Barros que tentou transportar as memórias captadas pelo colectivo em sonhos A notícia surpreendeu João Miguel Barros, fotógrafo e advogado, mas deixou-o sobretudo satisfeito pelo enorme reconhecimento que contém. O trabalho do colectivo YIIMA, de Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io, exposto em Lisboa em 2019, vai representar Macau na Bienal de Veneza de 2022, mas desta vez com o nome de “A Alegoria dos Sonhos”. Esta foi a forma que o seu curador, João Miguel Barros, encontrou para ajustar um trabalho que captou as memórias sócio-culturais de Macau e que tem agora de responder à temática da Bienal, “The Milk of Dreams”. As obras do colectivo YIIMA, constituídas essencialmente por fotografias, em que Ung Vai Meng e Chan Hin Io encarnam a figura de anjos, estiveram expostas, pela primeira vez, no Museu Berardo, mas a adaptação foi agora essencial. “Quisemos construir uma história que tivesse correspondência com a realidade”, contou João Miguel Barros ao HM. “O trabalho deles ajusta-se muito a este projecto do sonho, porque há sempre dois anjos nas cenas que produzem uma memória e um tempo que querem registar. Com esta alegoria quisemos construir uma ponte entre Macau e Veneza, em que Macau é o ponto de partida e Veneza o ponto de chegada.” Neste universo comunicacional, o ponto de partida é a “vivência cultural dos lugares e das pessoas, as memórias”, enquanto que a chegada é feita através de um sonho. Veneza passa então “a ser o testemunho de toda esta carga de memória e do património”. O desafio, segundo João Miguel Barros, passa agora pela instalação e montagem, sujeitos a restrições de espaço, uma vez que no local arrendado pelo Governo de Macau não é possível usar as paredes. “Além das fotografias em grandes dimensões vamos ter uma estátua grande que vai ter de ser instalada num pedestal, num pátio da casa que foi destinada a Macau. Vamos ter também elementos multimédia e levar vários objectos típicos das famílias chinesas para uma sala, como se fosse um bazar, e que surgem nas fotografias”, explicou o curador. Este bazar vai, na sua perspectiva, “suscitar uma enorme curiosidade” junto do público. Preservar identidade O projecto foi um dos 24 que se apresentaram a concurso para a representação da RAEM na Bienal de Veneza e João Miguel Barros considera que “ser um português na equipa que representa Macau é um elemento importante em termos de multiculturalidade que temos de evidenciar” no território. Para alguém que quer desenvolver ainda mais a carreira como fotógrafo e curador, trata-se de um “desafio muito estimulante no futuro”. Mas João Miguel Barros considera que tanto Guilherme Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural, como Chan Hin Io mereciam este reconhecimento. “O trabalho de ambos é de extrema importância e precisa de ser reconhecido em Macau de uma outra forma. É muito sério e muito importante na perspectiva artística, porque tem a fotografia performance, muito planeada pelos dois, com um cenário representado numa performance que dá origem à fotografia final.” Mas mais do que esta componente, o curador destaca o facto de, com este projecto, se reunirem memórias de Macau que vão aos poucos desaparecendo com o desenvolvimento inevitável do território. “Há outras componentes que têm de ser avaliadas, mais sociológicas e históricas, na defesa do património cultural material e imaterial. Há muitos anos que ambos fazem um registo apurado e documental, através da fotografia, das enormes e profundas transformações que Macau vai sofrendo ao nível das tradições e dos lugares”, rematou.
Hoje Macau EventosCurador português João Miguel Barros representa Macau em Veneza O curador português João Miguel Barros e os artistas de Macau Ung Vai Meng e Chan Hin Io vão representar o território na 59.ª Bienal Internacional de Arte de Veneza 2022, anunciou o Instituto Cultural (IC). João Miguel Barros nasceu em 1958, em Lisboa. Advogado, é também um curador independente na área da fotografia contemporânea, com trabalho realizado em várias exposições de fotografia em Portugal. Ung Vai Meng, artista que obteve o doutoramento em Belas Artes pela Academia de Arte da China, participou em vários projetos de arte contemporânea de grande escala em Lisboa e Singapura. Já Chan Hin Io, é fotógrafo e conta no currículo com diversas exposições individuais em Macau e Portugal. A proposta de exposição recorre a vários suportes como fotografia, escultura, videoarte, arte performativa” e “dilui as fronteiras entre o sonho e a realidade”, revelando “a abundância, densidade e vivacidade dos recantos de Macau, apresentando a sua memória coletiva e a situação atual”, segundo o júri. A “Alegoria dos Sonhos” vai ao encontro do tema da 59.ª Bienal, “The Milk of Dreams”, ao conseguir reunir “profundas preocupações humanistas e reflexões sobre o espaço de vivência” e “ao entrelaçar uma visão panorâmica com um olhar pormenorizado”, até porque “a obra eleita disseca a história singular e a miscigenação cultural de Macau”, pode ler-se na nota que justifica a seleção. O júri analisou 24 propostas de 60 curadores e artistas locais. A “Bienal Internacional de Arte de Veneza” foi criada em 1985 e esta é a sétima vez que Macau participa no evento.
João Luz EventosMúsica | Achun lança Keep Da Vibez Goin’ e prepara concertos em Macau Keep Da Vibez Goin’ é o mais recente disco de Achun, o músico local que na ausência de uma comunidade alternativa em Macau centrou a carreira em Hong Kong. Numa altura em que a ansiedade e o negativismo ganham terreno, os sons de Achun são o elixir da boa disposição, descontração e ritmo à vida Apesar de tudo, a boa onda prevalece. “Keep Da Vibez Goin’”, o disco de Achun lançado recentemente, é o equivalente a abrir todas as janelas numa casa fechada há demasiado tempo, a aragem que rompe com o mofo que se expandiu na inactividade. Situado no campo da música electrónica, distante dos marasmos barulhentos das discotecas, “Keep Da Vibez Goin’” resulta da colagem de muitos estilos que influenciam o músico de Macau, como hip hop, drum and bass, big beat e soul. “Neste último disco, muitas faixas nasceram de samples de antigas músicas de pop japonês dos anos 80, sons 8-bit e de velhos jogos de Nintendo”, conta ao HM. As melodias simples e difíceis de tirar da cabeça que servem de banda sonora de videojogos, o ambiente dos jogos de arcada e o universo digital japonês são fontes de inspiração para Achun. Com a pandemia a congelar a vida e a remeter a carreira para a internet, sem concertos marcados e com as viagens entre Hong Kong e Macau entremeadas com quarentenas, o músico local acabou por ficar grande parte do ano passado na região vizinha. Pelo meio, o seu filho nasceu e lançou em Julho de 2020 “Unending Journey”, um disco que acabou por não ter suporte físico, apesar dos planos para o editar em vinil. O álbum encontra-se à venda em formato digital no bandcamp e Spotify do artista. No final do ano passado, o DJ que comanda a XXX Records, editora de Achun, desafiou o artista a trabalhar no próximo registo. Foi neste cenário que nasceu “Keep Da Vibez Goin’”, o disco que soa como um grito cool de resistência ao cenário negativo que se estabeleceu. A faixa de abertura, “Groovin’ In Da Midnite” dá algumas pistas sobre a mente criativa de Achun, com a melodia a ser entregue pela via digital 8-bit a remeter o ouvinte para um universo de videojogos. A música seguinte, “Say Goodbye”, é uma festa, plena de groove e batida drum and bass que reclama visibilidade de um artista criativo e com uma noção muito particular de melodia, longe dos produtos comerciais que geraram fenómenos como os Mirror, outras boybands semelhantes e artistas que esticam a corda do cantopop até ao infinito. Um ninho no nicho Apesar de somar dezenas de milhares de streamings no Spotify, Macau não acarinha nichos culturais que fujam às tendências mais convencionais de criação, em particular na música. Motivo pelo qual a carreira de Achun tenha passado mais por Hong Kong, Zhuhai e outros locais no Interior, como Xangai. Em Hong Kong, Achun encontrou uma pequena comunidade alternativa, que foge às regras da arte mercantil ditada ainda por meios antigos como a televisão. “A maioria do meu público é de Hong Kong, antes da pandemia passava muito tempo lá e tocava muito ao vivo. Quando regressei este ano a Macau percebi que ninguém me conhece, continua tudo muito parado, a maioria das pessoas não sai, não vai a festas ou concertos”, contextualizou o músico ao HM. Apadrinhado pela editora XXX, que nasceu de um club nocturno em Kowloon com o mesmo nome, Achun encontrou artistas com visões semelhantes com quem colaborou. Luna is a Bep, artista em ascensão na cena hip hop de Hong Kong, foi uma das colaboradoras recentes do músico de Macau. A primeira parceria aconteceu há dois anos, com um tema inspirado nos protestos em Hong Kong e nas questões identitárias das gerações mais novas. A segunda colaboração é uma das faixas de destaque do disco do ano passado de Achun. “Tree Poisons”, tema inspirado no conceito budista dos três venenos (ignorância, apego e aversão), que fala das angústias dos mais novos na região vizinha. Disparidade entre ricos e pobres, habitação e elevado custo de vida são questões sociais fortes que estão no epicentro de uma melodia calma, com toques de soul e uma linha de baixo que faz mexer as ancas. O gosto musical de Achun é bem representado nesta faixa. Batidas ténues, que embalam mais do que agitam, longe dos tempos de rocker, quando os sons do pop-rock britânico dominavam a discografia, com Oasis, Blur, Radiohead e Suede entre os discos predilectos. Porém, já a electrónica se infiltrava no seu gosto, através de nomes incontornáveis como The Chemical Bothers, The Prodigy e Daft Punk. Hoje, com 37 anos, o músico de Macau evoluiu enquanto compositor, aprimorando ecletismo e múltiplas influências em melodias e ritmos que transportam o ouvinte para cenários mais optimistas do que os que vivemos. Achun tem no calendário duas actuações em Macau. No próximo dia 30 de Outubro irá servir o prato principal da ementa da noite de Halloween no DD3 e em Novembro actua no Festival Hush!, ainda sem data marcada.
Hoje Macau EventosCasa Garden | Instalação interactiva de Célia Brás abriu ontem portas “Como Nunca te Viste”, uma instalação interactiva da autoria de Célia Brás, abriu ontem portas na Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau. Este é o novo projecto da 10 Marias – Associação Cultural e pode ser visitado até ao dia 10 de Outubro. Com esta instalação “o público será guiado pelo espaço de forma a que se submeta aos objectos e equipamentos que irão produzir um jogo de sombras, com recurso a um projector e fontes específicas de luz, assim como filtros de correcção de cor, lentes fotográficas e sensores de movimento que serão activados por interacção do público”. Além disso, esta instalação conta com a projecção de um pequeno vídeo que tem como “intenção clara evidenciar a Inquietação e o desassossego que se vive em Macau em plena época de restrições provocadas pelo novo coronavírus, que tem condicionado os habitantes de Macau a não sair do território durante tanto tempo”. Com este projecto cultural pretende-se que os visitantes possam interagir com a instalação, descobrindo a sua projecção e registando as imagens que pretendem. “O resultado final poderá ser captado por câmaras fotográficas ou telemóveis que registaram a sua interacção com os equipamentos em determinado momento e a forma como a sua sombra é recriada”, aponta uma nota de imprensa. Célia Brás vive em Macau há 16 anos e é formada em engenharia multimédia e informática. Membro da 10 Marias – Associação Cultural, Célia Brás participou em diversos espectáculos promovidos por esta entidade, bem como na montagem de instalações e exposições.
Hoje Macau EventosNova temporada da Orquestra Chinesa de Macau começa hoje com concerto online O concerto “Esplêndidas Paisagens” marca hoje o início da temporada 2021-2022 da Orquestra Chinesa de Macau (OCM). O espectáculo de abertura começa às 20h e será transmitido online no site oficial da orquestra, na sua página de Facebook e na conta de WeChat icmochm. Sob a batuta do maestro Hu Bingxu, a Orquestra Chinesa de Macau junta-se à famosa executante de suona Liu Wenwen, que irá interpretar o Concerto de Suona Ode ao Kylin, e Duan Aiai a cargo do Concerto de Erhu Capricho da Grande Muralha. O Instituto Cultural (IC) descreve Liu Wenwen, como “uma jovem artista pós-anos 90, uma das executantes de suona mais brilhantes, jovens e internacionalmente influentes”. Quanto a Duan Aiai, o IC destaca o currículo da artista, em particular o seu papel enquanto “instrumentista nacional de primeira classe e solista de erhu da Orquestra Chinesa de Xangai”. Amanhã às 14h30 e 15h30, a OCM apresenta dois espectáculos na Academia Jao Tsung-I, que combinam a música tradicional chinesa com o ambiente histórico e artístico dos museus. Segundo o IC, alguns dos espectáculos acontecem em simultâneo com exposições temáticas. Entre mundos A 13 de Outubro, às 20h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau, acontece o espectáculo Outubro Musical “Ligação Este-Oeste em Música”, integrado no cartaz do Festival Internacional de Música de Macau. Neste concerto, a OCM vai apresentar “As Ilhas Irmãs”, uma obra prima do compositor Wang Chenwei, além de que o maestro Liu Ju vai juntar-se a dois executantes de instrumentos chineses e ocidentais. É o caso de Xie Nan, violinista de renome internacional e mais conhecida na China e no exterior pela sua execução do Concerto de Violino “The Butterfly Lovers”, e Su Chang, que tem sido a intérprete de referência do Concerto de Guzheng Ru Shi desde que estreou esta peça. No geral, a temporada 2021-2022 terá como tema principal “fusão e integração”, conceito baseado “na cooperação, criando um mundo artístico mais inclusivo através da música tradicional chinesa e proporcionando concertos com um rico conteúdo”.
Pedro Arede EventosCinemateca | Documentário de Macau e filme LGBT em destaque em Outubro A obra de Macau “Once They Were Here” testemunha as agruras e as vitórias de uma clínica veterinária que serve de repositório do egoísmo da espécie humana. Em destaque na programação da Cinemateca Paixão está ainda o clássico do cinema gay “Lan Yu”, co-produzido na China e em Hong Kong. “Annete”, “It’s a Flickering Life” e “Moulin Rouge” estão também incluídos no cardápio de Outubro Do nascimento à morte, passando por situações limite e injustiças, a ternura permanece. Pelo menos aquela que circula dos animais para a espécie humana. Incluído na programação de Outubro da Cinemateca Paixão, “Once They Were Here” é uma obra documental produzida em Macau que pretende por a nu situações resultantes dos maus tratos animais pela mão do homem. No entanto, através do testemunho do dia-a-dia de uma clínica veterinária de Macau aberta 24 horas, a obra realizada por Chit Hao e Teng Teng Chan, foca também a bondade e a compaixão que essa mesma mão, por vezes impiedosa, é capaz de transmitir e concretizar. A doença, o nascimento, a morte, a separação, a alegria e o envelhecimento parecem ser os ingredientes inevitáveis de uma relação desigual, pela qual, contudo, vale a pena lutar. “Once They Were Here” será exibido na Cinemateca Paixão nos dias 1, 2, 3, 5, 8, 10, 14 e 16 de Outubro. Após a sessão agendada para o dia 3 de Outubro, os realizadores da obra, Chit Hao e Teng Teng Chan, estarão disponíveis para conversar com o público. Vencedor do prémio de melhor longa metragem no Festival Internacional de Cinema Gay – Glitter Award (2003) e exibido no Festival de Canne em 2001, “Lan Yu” conta a história de um jovem habituado à vida do campo que ruma a Pequim para estudar arquitectura. Inesperadamente, Lan Yu acaba por se apaixonar por Handong, dando início a uma história de amor intensa e turbulenta. “Lan Yu” é uma co-produção da China e de Hong Kong realizada por Stanley Kwan que pode ser vista na Travessa da Paixão nos dias 3, 7 e 13 de Outubro. Mistérios musicais Nomeado para a Palma de Ouro da edição deste ano do Festival de Cinema de Cannes, “Annete” é outro dos destaques incontornáveis da programação da Cinemateca Paixão. Protagonizado por Adam Driver e Marion Cotilard, “Annete” assume os moldes de um musical para proporcionar um espectáculo de variedades pitoresco, que vai desde a ácida carreira de stand-up comedy de Henry (Adam Driver) até às aclamadas performances de Ópera de Ann (Marion Cotilard), a sua mulher. Pelo meio do glamour e felicidade do casal, tudo muda quando nasce a sua filha, Annete, detentora de um dom simultaneamente misterioso e excepcional. Realizado por Leos Carax, “Annete” será exibido a 30 de Novembro e 2, 6 e 8 de Outubro. Directamente do Japão para a Cinemateca Paixão, chega “It’s a Flickering Life”. Realizado por Yoji Yamada, “It’s a Flickering Life” presta homenagem aos tempos áureos do cinema japonês dos anos 20, comemorando ao mesmo tempo o centenário da produtora Shochiku. O enredo da obra leva o espectador a acompanhar a história de Tora-san, um pai ausente com dívidas de jogo que sempre sonhou ser realizador. “It’s a Flickering Life” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 25, 26 e 29 de Setembro. Da programação de Outubro da Cinemateca Paixão fazem ainda parte o clássico “Moulin Rouge” (EUA e Austrália), “Eternal Summer: 4K Remastered Version” (Taiwan), “Barbarian Invasion2 (Hong Kong e Malásia), “The Edge os Daybreak”, “Wheel of Fortune and Fantasy” (Japão) e Brother’s Keeper (Turquia e Roménia).
Andreia Sofia Silva EventosFrank Havermans, artista: “Gosto de ligar o meu trabalho ao mundo lá fora” Até ao dia 31 de Dezembro quem passar junto à montra do estúdio Improptu Projects, de João Ó e Rita Machado, poderá ver a instalação “Infra#Macau_Artificial Landscapes”, do artista holandês Frank Havermans, que traça um olhar sobre infra-estruturas urbanas e a sua ligação com as pessoas. Frank Havermans fala sobre este projecto e de como considera fundamentais, acima de tudo, os valores culturais de cada um Quando começou este projecto e como surgiu a oportunidade de o desenvolver em parceria com o estúdio Improptu? Conheci o João [Ó] em Hong Kong, em 2012, quando participámos na mesma exposição. Também participei na Bienal de Arquitectura de Hong Kong nesse ano com uma grande instalação na zona de Wanchai. Quando o João e a Rita [Machado] se mudaram para o novo estúdio e arrancaram com este novo espaço de exposições, com a montra, perguntaram-me se queria ser o primeiro artista a expor lá. Claro que me senti honrado pela oportunidade. Apesar de o João e a Rita estarem mais ligados à arquitectura, o nosso trabalho pode coincidir, uma vez que eu também faço instalações de arquitectura. Como foi fazer este projecto à distância? Eu próprio faço este tipo de instalações e deixei o Improptu montar tudo segundo as minhas instruções. Esta foi a primeira vez que fiz algo do género. Diria que trabalharam muito bem. A Rita e o João têm a mesma compreensão da qualidade do espaço e sempre compreenderam como é que as coisas devem ser executadas. Esta instalação que traz a Macau fala da ligação entre infra-estruturas de cidades como Macau, Hong Kong e Shenzhen. Como começou a sua relação profissional com estes lugares? Tenho visitado esta região algumas vezes. A primeira vez foi em 2008, quando participei numa exposição do NAI – Netherlands Architecture Institute [Instituto de Arquitectura da Holanda]. Fiquei fascinado com a complexidade e o rápido desenvolvimento desta região. Em 2011 estive em Shenzhen durante três meses numa residência artística. Aprendi mais sobre a cidade e a região desse lado da fronteira. Também estive em Chongqin várias vezes, em Guangzhou e Xangai. Todas elas são cidades cujas infra-estruturas estão em rápido crescimento e desenvolvimento. Alguns destes elementos são tão grandes que apenas os posso comparar com catedrais. As largas estruturas construídas há mais de uma geração conectam-se com uma certa crença. Diria que a nossa é ter um livre transporte de pessoas e bens para que haja um vasto comércio a nível mundial. Estamos a construir uma rede mundial de estradas, linhas ferroviárias, portos e aeroportos, e com tudo isso surgem os edifícios. Na China, e neste caso no Delta do Rio das Pérolas, é claro ver qual é a direcção. E para mim, enquanto artista, isso é muito interessante. Estas são cidades muito diferentes, mas este projecto tenta, de certa forma, conectá-las? De facto, são cidades e culturas muito diferentes. O país, as paisagens, o ambiente natural também é diferente. Como estamos cada vez mais ligados com as infra-estruturas a nível mundial necessitamos das mesmas tipologias. Então estamos a criar paisagens artificiais em todo o mundo que são suficientes para nós. Em qualquer aeroporto no mundo as pessoas podem compreender como estar lá, mesmo sem falarem a mesma língua. As tipologias ligam-se a diferentes culturas. Gosto de olhar para os mapas e, virtualmente, viajar por todo o mundo. Olhar de perto certas cidades e aí encontrar este tipo de paisagens artificiais, como os planos dos soalhos de portos. São claramente artificiais e só existem para servir o comércio humano. Isto deixa-me intrigado porque este tipo de ambientes afasta-nos da natureza, e é da natureza que nós vimos. É estranho que, em poucas gerações, estejamos a criar este tipo de ambientes monoculturais mas a uma escala global. Então sim, estas cidades podem ser diferentes, mas estão a mudar para uma tipologia mais geral. As paisagens na montra do Improptu enfatizam esta questão. Há também, com este projecto, uma ligação a Macau e a Portugal. É óbvia essa relação. A parte interessante é que, sobretudo com os aeroportos e portos marítimos, as ligações entre os países não são visíveis e não se materializam como as estradas. Qualquer porto ou aeroporto se pode interligar com outro no mundo. Nesta instalação não mostro apenas as ligações de comércio entre os nossos países mas também uso uma tipologia de infra-estruturas que enfatiza as nossas relações enquanto seres humanos. Mas diria que essas ligações globais e de comércio são importantes, mas não tanto como os nossos valores culturais. O facto de expor este projecto numa montra faz com que seja diferente? Fiz muitas instalações com o tema do urbanismo, muitas vezes dentro de instituições culturais como galerias, espaços de arte ou museus. Quando me pedem para fazer uma instalação eu tento cada vez mais fazer uma ligação em torno das pessoas ao instalá-la num espaço público. Gosto de ligar o meu trabalho ao mundo lá fora, significa comunicar. Considero sempre o meu trabalho como arquitectura e isso está sempre ligado ao contexto do espaço exterior. Não espero que todos o compreendam, mas não me importo que se levantem questões. Esse é um dos focos do meu trabalho. Penso que a ideia do estúdio de criar uma montra como espaço de exposição tem o mesmo fim. Eles [João Ó e Rita Machado] querem ligar-se às pessoas à sua volta dar a conhecer a arte e a arquitectura. Para mim é um valor acrescentado!
Hoje Macau EventosFIMM | Espectáculo gravado de Cuca Roseta integra cartaz A edição deste ano do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) vai contar com um espectáculo gravado da fadista portuguesa Cuca Roseta. Segundo uma nota de imprensa, o espectáculo “Fado em Grande Ecrã: MEU de Cuca Roseta” integra a iniciativa “Fim de Semana FIMM-tástico: Noites com Música e Filmes”, que se realiza durante três noites consecutivas na Praça do Tap Siac. O espectáculo será transmitido a 30 de Outubro entre as 17h e 22h. Esta iniciativa inclui ainda as exibições “Orquestra Sinfónica de Londres com Sir Simon Rattle em Grande Ecrã” e “Na Trilha Sonora de – Edição Especial”, bem como o filme “Cinema Silencioso – Rockfield: A Fazenda do Rock”, transmitido dia 31 de Outubro, e “Willy Wonka e a Fábrica de Chocolate”. A pianista Chen Sa é outro dos nomes confirmados para a edição deste ano, sendo que o seu recital de piano abre o festival. A pianista apresenta Sonatas para Piano de Beethoven e breves peças de Robert Schumann, “oferecendo uma interpretação única de várias obras-primas do Classicismo e do Romantismo, com a sua técnica sofisticada e delicada”, descreve o Instituto Cultural. O FIMM traz também um espectáculo protagonizado pela Orquestra de Macau em colaboração com Liu Ming, violinista. Além disso, a Orquestra Chinesa de Macau, em associação com a violinista Xie Nan e a executante de guzheng, Su Chang, irá apresentar o concerto “Ligação Musical Este-Oeste”, interpretando o Concerto para Violino The Butterfly Lovers, o Concerto para Guzheng Ru Shi e a peça com características musicais tipicamente sulistas The Sisters’ Islands. O cartaz oferece ainda o concerto “O Contemporâneo e a Tradição – Agrupamento de Música Cantonense”, além de mostrar a música da etnia Dong, da província de Guizhou, no Largo da Companhia de Jesus. Os bilhetes para o FIMM estão à venda a partir de sábado.
João Luz EventosDST | Gala de drones vai iluminar céu de Macau no dia nacional A partir do dia 1 de Outubro realiza-se a “Gala de Drones Brilha sobre Macau”, uma série de dez espectáculos de luz e cor que irá iluminar o céu por cima do Lago Nam Van. Mais de três centenas de drones vão criar figuras e coreografias, substituindo o tradicional festival de fogo de artifício Sem o tradicional festival internacional de fogo de artifício este ano, cancelado devido à pandemia, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), organiza, pela primeira vez, a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” a partir de 1 de Outubro. Ao longo de cinco noites (1, 3, 9, 16 e 23 de Outubro), o céu por cima do Lago Nam Van vai iluminar-se com a luz de mais de três centenas de drones. Cada noite terá duas sessões, às 19h30 e às 21h30, e um espectáculo para cada noite do evento, a cargo de uma empresa diferente todas as noites. O espectáculo inaugural marcado para 1 de Outubro, dia que celebra a implantação da República Popular da China, intitula-se “Arte do Amor pela Pátria” e estará a cargo de uma empresa de Shenzhen. No dia 3 de Outubro, um domingo, é a vez de uma companhia de Guangzhou apresentar a coreografia “Construa a terra dos seus sonhos”, enquanto que a 9 de Outubro o “Charme de Macau” iluminará a noite num show montado por uma equipa de Tianjin. Na noite de 16 de Outubro, outra companhia de Shenzhen comanda os drones no espectáculo “Desfrute da sua viagem em Macau”. Finalmente, a fechar a gala na noite de 23 de Outubro, uma empresa de Pequim apresenta “Paixão por Macau”. Todos os espectáculos têm duas sessões marcadas para as 19h30 e 21h30, cada uma com duração entre 10 a 15 minutos. Barulho das luzes A DST apresenta este evento pela primeira vez em alternativa a Festival Internacional de Fogo de Artifício, como já havia indicado a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, há cerca de um mês, enquanto ainda aguardava luz verde das autoridades de saúde. A DST explica que, devido ao impacto do surto do novo tipo de coronavírus, Macau adoptou restrições nas entradas e saídas nas fronteiras, “impedindo as equipas pirotécnicas provenientes de outros países e regiões de vir a Macau competir no Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau”. Facto que levou a que o evento fosse novamente cancelado, com a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” a colmatar a lacuna deixada em aberto. A natureza deste tipo de espectáculos está, porém, dependente de condições meteorológicas. “O desempenho e canais de comunicação dos drones são influenciados pela intensidade do vento e da chuva”, explicam as autoridades, acrescentado que as condições mínimas exigem “velocidade do vento inferior a 31-40 km/h” e que não chova. Caso seja necessário adiar ou cancelar espectáculos, o “público será avisado, tanto quanto possível, com uma antecedência de duas horas”. Para tal, a DST irá coordenar com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos que irá avaliar a “situação concreta na altura” e ter como referência a previsão do tempo. De outra dimensão Continuando o conceito de presentear o público com “artes visuais executadas no céu nocturno”, as autoridades indicam em comunicado que a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” trazem uma nova experiência de entretenimento nocturno, “através da tecnologia, design tridimensional em 2D e 3D, luzes, música, entre outros elementos”. Em relação às empresas escolhidas, a DST refere que “possuem uma rica experiência de exibições com drones, realizado espectáculos de drones na app “yangshipin”, na contagem decrescente dos Jogos Asiáticos, na Gala do Ano Novo Chinês da CCTV, entre outras actividades no Interior da China”. Além disso, três das equipas que vão iluminar cinco noites de Outubro bateram o recorde mundial de maior número de drones a voar ao mesmo tempo e de voo mais demorado.
Hoje Macau Eventos“The Crown” é a grande vencedora dos Emmys A série da Netflix “The Crown” foi a grande vencedora da 73.ª edição dos Prémios Emmy, levando pela primeira vez a estatueta de Melhor Série Dramática e dominando por completo a categoria na maior noite da televisão. “Estou sem palavras”, disse o produtor executivo de “The Crown”, Peter Morgan, no discurso de vitória do Emmy para série dramática do ano, que foi entregue no fim da cerimónia, na madrugada desta segunda-feira em Los Angeles. Olivia Colman, que já tinha vencido o Emmy de Melhor Actriz em Série Dramática pelo seu papel de Rainha Isabel II, mostrou-se surpreendida pelo domínio absoluto da série, agora na quarta temporada, e a sua própria vitória. “Teria apostado dinheiro em como isto não aconteceria”, afirmou. Nas nove principais categorias de Série Dramática, “The Crown” venceu oito. Além de série do ano e Melhor Actriz, deu a Josh O’Connor o Emmy de Melhor Actor, pelo papel de Príncipe Carlos, distingiu Tobias Menzies como Melhor Actor Secundário pelo papel de Príncipe Filipe de Edimburgo e corou Gillian Anderson como Melhor Actriz Secundária, por interpretar Margaret Thatcher. A série também recebeu o prémio de Melhor Escrita para Série Dramática, para Peter Morgan, e distingiu a realizadora Jessica Hobbs pelo episódio “War”, com o Emmy de Melhor Realização. Kate Winslet vence prémio A outra grande vencedora da noite foi a nova série da Apple TV+, “Ted Lasso”, premiada como Melhor Série de Comédia contra títulos como “Black-ish”, “Emily em Paris” e “The Kominsky Method”. A produção, que conseguira vinte nomeações, levou igualmente os principais prémios de representação: o protagonista Jason Sudeikis foi Melhor Actor, Brett Goldstein foi Melhor Actor Secundário e Hannah Waddingham venceu o Emmy de Melhor Actriz Secundária. A também nova comédia da HBO, “Hacks”, conquistou várias distinções de peso. Jean Smart venceu o Emmy de Melhor Actriz e tanto os prémios de realização (Lucia Aniello) como escrita (Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky) foram para esta série. Na categoria de minissérie, série de antologia ou filme os prémios foram divididos entre “O Gambito da Rainha”, que conquistou o título de Minissérie do Ano e Melhor Realização (Scott Frank) e “Mare of Easttown”, que levou quase tudo na representação. A produção da HBO deu a Kate Winslet o Emmy de Melhor Actriz, a Julianne Nicholson o prémio de Melhor Actriz Secundária e a Evan Peters o Emmy de Melhor Actor Secundário. ”The Handmaid’s Tale”, da Hulu, foi uma das grandes derrotadas. O drama tinha 21 indicações e desta vez não recebeu qualquer prémio.
Andreia Sofia Silva EventosLiteratura | Dora Nunes Gago e Luís Carmelo finalistas dos prémios PEN Club 2021 A directora do departamento de português da Universidade de Macau é finalista na categoria “Ensaio” com o livro “Uma cartografia do olhar – Exílios, imagens do estrangeiro e intertextualidades na Literatura Portuguesa”. Já o escritor Luís Carmelo, colaborador do HM, é finalista na categoria Narrativa com o livro “Cálice”, uma edição da Abysmo Graças ao livro “Uma cartografia do olhar – Exílios, imagens do estrangeiro e intertextualidades na Literatura Portuguesa”, editado pela Húmus, Dora Nunes Gago está entre os 15 finalistas da edição deste ano dos prémios PEN Club. A directora do departamento de português da Universidade de Macau (UM) revelou ao HM estar “muito honrada e feliz” com esta distinção. A lista dos finalistas foi conhecida na quarta-feira. A felicidade surge só pelo facto de estar no mesmo grupo que o filósofo português José Gil. “Em suma, só me posso sentir grata e honrada por figurar no meio de autores tão reconhecidos.” Esta obra nasce do trabalho de investigação desenvolvido por Dora Nunes Gago na UM, nomeadamente quanto a “projectos desenvolvidos sobre imagens do estrangeiro e exílios, no âmbito da literatura portuguesa, comparada e também literatura de Macau”. A académica consultou o espólio de escritores como José Rodrigues Miguéis, disponível na Universidade de Brown, nos EUA, e em outras bibliotecas de universidades estrangeiras. A última parte do livro foi concluída graças a um trabalho de investigação feito não apenas na Universidade de Brown mas também em Brock, no Canadá, Aveiro e Paris-Nanterre, em França. O livro finalista dos prémios PEN Club contém dez capítulos e centra-se na representação dos percursos migratórios e da experiência exílica na área da literatura, sobretudo portuguesa, partindo também de um ponto de vista comparativo e de intersecção entre a Imagologia e outras teorias adequadas à análise dos fenómenos de exílio. Além da análise à obra de Rodrigues Miguéis, são também estudadas obras de Fernanda Dias, escritora que viveu em Macau entre 1986 e 2005, Ferreira de Castro, Jorge de Sena, Maria Ondina Braga e Agustina Bessa-Luís. Estas são vozes relevantes, mas que ficaram “algo esquecidas no panorama da literatura portuguesa que importa resgatar do silêncio” e que nos trouxeram “lições de humanidade”. O trabalho de Dora Nunes Gago olha ainda para o poeta Carlos Drummond de Andrade e para a escritora macaense de origem chinesa Ling Ling, entre outros. Uma “ocultação maior” Na categoria de Narrativa é finalista o escritor português Luís Carmelo, habitual colaborador do HM. Carmelo concorre com a obra “Cálice”, editada pela Abysmo. Para o autor, a nomeação dá-lhe felicidade, uma vez que este romance “foi criado numa atmosfera evocativa realmente única” na sua vida. “Cálice” parte da morte de um pai que não mais é do que uma metáfora para a morte de todos os pais, “essa ocultação maior que permanece”. “Trata-se de uma narrativa que testemunha o modo como três gerações de uma família lentamente se redescobrem. A morte do pai é a privação do coro grego a que os filhos desde sempre se habituaram. Recuperá-lo é uma longa viagem que se está sempre a reiniciar”, descreve Luís Carmelo. A escrita de “Cálice” vai avançando “entre o tempo histórico e o andamento de várias urgências interiores, deixando para o final uma surpresa, porventura um assombro”. Luís Carmelo não deposita nenhumas expectativas em relação à possibilidade de ganhar o prémio. “É como num jogo de futebol em plena final: que ganhe o melhor. Todos os outros nomeados são meus amigos e prezo-os mesmo muito”, confessou.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | 30 anos de “Ten”, primeiro álbum de Pearl Jam, celebrados hoje no Roadhouse Cinco músicos – Miguel Falé, Nuno Gomes, Pedro Lagartinho, Daniel Ricardo e João Kruss Gomes – juntaram-se novamente para formar uma banda de tributo a um dos seus grupos musicais de eleição, os Pearl Jam. O 30º aniversário do disco de estreia da banda de Seattle dá o mote para o concerto desta noite, no Roadhouse. Senhoras e senhores, ao vivo em Macau: Pearl Jamón No dia 27de Agosto de 1991, os Pearl Jam apresentavam-se ao mundo com o disco de estreia “Ten”, adicionando mais uma estrela na constelação do grunge de Seattle onde brilhavam outros astros como os Nirvana, Soundgarden e Alice in Chains. Volvidos três décadas do ponto de partida e 11 álbuns de estúdio, um grupo de músicos de Macau decidiu não deixar o aniversário de “Ten” passar sem uma celebração. Hoje, a partir das 21h, os Pearl Jamón sobem ao palco do Roadhouse para tocar os clássicos da banda de Eddie Vedder e companhia Miguel Falé, Nuno Gomes, João Kruss Gomes, Pedro Lagartinho e Daniel Ricardo. Para Miguel Falé, vocalista, a criação dos “Pearl Jamón” é como cumprir um sonho. Depois de anos a amar os Pearl Jam e a tocar as suas músicas com outros projectos, decidiu convidar conhecidos aliados musicais e avançar para esta aventura. Perguntar a Miguel porque é que gosta de Pearl Jam quase não faz sentido. “Não é preciso uma resposta para isso, porque todos gostam de Pearl Jam, porque aquilo é mesmo muito bom.” O primeiro contacto do músico com a banda de Seattle foi, precisamente, com “Ten”, quando os Nirvana já andavam na berra. “O grunge estava a aparecer e os Pearl Jam trouxeram uma coisa completamente nova, que era uma espécie de revivalismo dos anos 70, mas com uma voz extraordinária e uns arranjos interessantes. A nível da composição [Pearl Jam] era superior a Nirvana, e comecei a acompanhar as suas músicas. Foi sempre um sonho fazer uma banda de tributos.” Nuno Gomes, baixista, elogia a voz de Miguel Falé, por ser parecida com a de Eddie Vedder. “Ele tem uma rara capacidade de imitar muito bem [a sua voz]”, contou ao HM. Algo que “já se notava” quando ambos integraram o projecto musical “Violet Go”, em 2018. Duas ou três actuações Mais do que voltar a tocar baixo, “um desafio enorme”, Nuno Gomes está sobretudo contente por tocar músicas de uma das suas bandas preferidas. “Os Pixies sempre foram a minha banda preferida, mas os Pearl Jam ocuparam o número dois ou três. Participar neste projecto é uma enorme alegria. Eles eram realmente espectaculares nos anos 90. Ouvi os primeiros álbuns e conhecia todas as músicas.” Imitar o que os Pearl Jam fazem em estúdio e em palco “é um desafio”, mas o músico acredita que é capaz de o fazer. Sem noção se o projecto é para continuar, ou não, uma coisa é incontornável. Depois do concerto desta noite, estão previstas mais duas actuações, a segunda no LMA. Mas depois é possível que os “Pearl Jamón” cheguem ao fim, porque em Macau as bandas de tributo tendem a esgotar-se rapidamente. “Não há muitas certezas quanto à continuidade da banda, pois Macau é muito pequeno e os projectos esgotam-se rapidamente. Talvez quando as fronteiras abram possamos ir até Zhuhai”, disse Nuno Gomes. Quanto ao nome da banda, nasceu de uma brincadeira. “Vivi muito tempo em Espanha, e num dos ensaios fui brincar para o microfone e disse ‘Buenos noches a todos, nosotros somos Pearl Jam’ [Boas noites a todos, somos os Pearl Jam]. Sempre achei graça ao facto de eles dizerem Pearl Jam à maneira espanhola. Então não sei quem disse, se fui eu ou o baterista, que disse “Pearl Jamón”. E começamos todos a rir e ficou o nome.” Além da banda “Violet Go”, alguns destes músicos já se tinham cruzado com o projecto “Real Blood”, onde algumas músicas dos Pearl Jam foram interpretadas.
Andreia Sofia Silva EventosLMA | Cezhi tocam pela primeira vez em Macau na sexta-feira Com o primeiro álbum de estúdio gravado há apenas duas semanas, os Cezhi sobem ao palco do LMA na sexta-feira para o primeiro concerto em Macau. Oriundos de Guangzhou, a banda que nasceu das cinzas dos Wu Tiao Ren traz na bagagem canções sobre o quotidiano urbano das metrópoles do sul da China e as angústias dos jovens que as habitam Cezhi, em mandarim, significa papel higiénico e é o nome da nova banda do baixista dos Wu Tiao Ren. A ironia bem-humorada que caracteriza este recente projecto musical de Guangzhou nota-se logo no nome. A banda actua no LMA esta sexta-feira, a partir das 21h30, um concerto promovido pelo projecto None of Your Business (NOYB), de Manuel Silva, que tem organizado vários eventos culturais no território. Os laços com Manuel Silva com a nova banda, que gravou o primeiro disco há duas semanas, começaram quando os Cezhi ainda nem existiam e o baixista do grupo, Neon, fazia parte dos Wu Tiao Ren, banda que integrou uma das edições do festival This is My City (TIMC). Desde então que o organizador do espectáculo tem estado atento ao seu percurso musical. “O Neon [baixista] é acompanhado por um grupo de jovens músicos bem mais novos que ele, também de Guangzhou. Alguns são da escola de jazz onde foi professor. Outros são jovens que estão a experimentar uma nova carreira na música, pois alguns deles trabalham e têm outro tipo de vidas que nada têm a ver com a música”, conta ao HM Manuel Silva. O primeiro álbum de estúdio foi gravado há apenas duas semanas. Depois do primeiro concerto em Zhuhai, a banda vai atravessar a fronteira para se estrear em Macau. Com músicas cantadas em mandarim e cantonense, o sentido de humor faz parte do ADN da banda, que gosta de explorar sonoridades que se situam entre jazz, rock e música experimental. “Há um lado bastante sarcástico e humorístico nos temas que abordam, um bocado sobre o quotidiano de quem trabalha nestas cidades da China e da relação que as novas gerações têm com esse quotidiano. Acho que é um projecto que serve para tirar o pulso a esta nova geração que vive nas cidades aqui à volta”, disse Manuel Silva. Um “imenso potencial” O promotor do festival TIMC, entre outros eventos, acredita “no imenso potencial” dos Cezhi, por ser um grupo composto “por músicos com muita experiência de banda e de estrada”, mas também “por jovens que trazem uma energia nova”. “Percebe-se nas músicas deles que é ainda difícil definir um estilo só, ainda estão num processo de procura e isso agrada-me no trabalho deles.” Manuel Silva acompanhou o processo de gravação do disco em estúdio e assegura que é cada vez mais importante estar atento ao que se faz, em termos musicais, do outro lado da fronteira. Esses músicos “fazem parte de uma comunidade maior e dinâmica e nem sempre Macau tem noção dessa contribuição”. As cidades de Guangzhou e Shenzhen são “as maiores fontes destes projectos”. Através do TIMC e do projecto NOYB, Manuel Silva tem procurado dar a conhecer as novidades musicais das novas gerações de músicos chineses, a par dos eventos culturais promovidos pelo Governo. “É bom contribuirmos para o cartaz cultural tanto de Macau como de Zhuhai. Queremos continuar a fazê-lo este ano e para o ano que vem”, rematou.
Hoje Macau EventosLusofonia | Associação Somos! lança concurso de contos para crianças e jovens A Associação Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa lança amanhã a primeira edição de um concurso de contos, com o tema “Era uma vez o meu mar”, destinado aos mais novos. A Escola Luso-Chinesa da Flora representa Macau na iniciativa que tem o escritor angolano Ondjaki como um dos padrinhos Depois de organizar iniciativas na área da fotografia, a Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP) lança amanhã a primeira edição de um concurso literário destinado aos mais pequenos. Com o tema “Era uma vez o meu mar”, o concurso tem como objectivo “despertar e promover o gosto pela leitura e escrita em língua portuguesa entre os alunos de escolas de países e regiões lusófonos”. Além disso, pretende “apelar aos sentidos, criatividade e imaginação dos mais novos ao abarcar uma segunda fase de ilustração desses mesmos contos”. A iniciativa envolve a participação de uma escola por cada país ou região, num total de nove instituições onde o Português é utilizado como língua veicular, e destina-se a alunos do 5º e 6º anos de escolaridade (10 aos 12 anos). A instituição que vai representar Macau é a Escola Luso-Chinesa da Flora. Cada escola deverá concorrer com um conto original, que poderá ser produzido individualmente ou em grupo. Numa fase posterior, os trabalhos serão distribuídos aleatoriamente por todas as escolas participantes para a respectiva ilustração. O prémio divide-se, assim, em duas categorias, distinguindo-se, numa primeira fase o melhor conto inédito em língua portuguesa e, numa segunda etapa, a ilustração. O valor monetário total do prémio é de 12.500 patacas, destinando-se 7.500 patacas à escola vencedora na categoria de conto e 5.000 patacas à instituição de ensino vencedora na categoria de ilustração. Portugal faz-se representar com o agrupamento de escolas “A Lã e a Neve”, da Covilhã, enquanto que Angola vai participar com a Escola de Aplicação e Ensino. De Timor-Leste a Escola Portuguesa de Díli – Centro de Ensino e Língua Portuguesa Ruy Cinatti marca presença, enquanto que o Brasil participa através do Instituto Pandavas Núcleo de Educação, Cultura e Ações Socioambientais, sediado em São Paulo. De Cabo Verde participa a Escola Básica Eugénio Tavares Achada Santo António, enquanto que da Guiné Bissau foi escolhida a Escola EBU Prof. António José de Sousa. Por sua vez, Moçambique faz-se representar neste concurso pela Escola Primária Matchik – Tchik, e São Tomé e Príncipe com a ARCAR – Associação para Reinserção das Crianças Abandonadas e em Situação de Risco. Livro na calha Terminada a recolha de textos, a Somos! irá editar os contos em livro com ilustrações, estando prevista tradução para chinês. O concurso conta com padrinhos de renome internacional nas respectivas áreas, como o conhecido escritor angolano Ondjaki e o cartoonista português António Antunes. Caber-lhes-á ainda a escolha do conto e da ilustração vencedores, em conjunto com um painel de jurados composto por Sara Augusto, professora convidada do Instituto Politécnico de Macau e Rodrigo de Matos, cartoonista radicado no território e colaborador do jornal Ponto Final e do semanário português Expresso. O júri conta ainda com nomes como Susana Diniz, tradutora e membro da Somos!, e Wesley Chan, natural de Macau, designer e autor de banda desenhada.
Pedro Arede Eventos MancheteLusofonia | Miguel de Senna Fernandes diz que festival vai acontecer em Outubro Miguel de Senna Fernandes garante não haver indicações por parte do Governo para que o Festival da Lusofonia não se realize no próximo mês. Para o membro da organização, apesar da repetição do formato “económico” do ano passado, é “fundamental” que a festa aconteça para aliviar uma população confinada “há muito tempo” Tudo indica que o Festival da Lusofonia estará de regresso já no próximo mês às Casas-Museu da Taipa. De acordo com Miguel de Senna Fernandes, um dos membros da organização do evento, apesar do novo surto de covid-19 registado em Macau no início de Agosto, não há indicações por parte do Governo para que o evento não se realize ou sejam tomadas medidas anti-epidémicas adicionais. “Até este momento, por parte do Governo não há indicações em contrário, por isso tudo indica que a festa vai acontecer e o número de bancas vai continuar a ser a mesmo”, começou por dizer Miguel de Senna Fernandes ao HM. “Acho que tudo vai continuar. Tal como no ano passado, conseguimos levar avante o Festival da Lusofonia e este ano esperamos que aconteça a mesma coisa, apenas com público e artistas locais”, acrescentou. O também Presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses acredita que, tal como aconteceu em 2020, a edição deste ano vai ser um “sucesso”, apesar das restrições impostas devido à pandemia, que obrigam a que, tantos os visitantes como artistas, sejam exclusivamente locais. “No ano passado também estivemos sujeitos às medidas anti-epidémicas, mas depois a festa acabou por vencer e o pessoal esteve muito à vontade. Apesar de tudo, considero que a edição do ano passado foi um sucesso. Esperemos que este ano o mesmo aconteça e que, apesar das restrições ainda vigentes, possamos ter um número bastante bom [de visitantes] para que o ambiente seja efectivamente de festa”, apontou. Contudo, para Senna Fernandes, a edição de 2021 do Festival da Lusofonia será mais “económica” devido período de contenção financeira que o território está a atravessar. “Não sei como é que as restrições se vão reflectir nas barraquinhas que cada associação vai ter, até porque estamos em época de contenção de custos e há restrições de financiamento que podem afectar, por exemplo, as decorações e a aquisição de coisas. Portanto vai ser preciso fazer alguns sacrifícios”, admitiu. Pão para a boca Para Miguel de Senna Fernandes, apesar das restrições financeiras e da manutenção do mesmo formato, “mais limitado”, a realização do Festival da Lusofonia é “fundamental” para uma população confinada “há muito tempo”. “Tudo indica que o Festival da Lusofonia vá acontecer mas vai ser uma festa mais económica. Ainda bem que vai acontecer. Muitas vezes não é uma questão de termos ou não dinheiro, porque a festa continua. Estamos há muito tempo confinados e julgo que é fundamental que a festa aconteça. O resto é peixe na rede”, partilhou com o HM. Sobre a imposição de mais restrições que obriguem, por exemplo, a diminuir o número de bancas presentes no evento, Miguel de Senna Fernandes acredita que tudo irá decorrer como na edição do ano passado. “Acho que o novo surto não vai levar a mais arranjos especiais. Há um entendimento, embora não tenhamos conversado sobre isto, e é quase certo que todas as associações, pelo menos aquelas que costumam estar presentes no festival, vão ter a sua barraquinha e fazer o melhor possível para que a festa seja festa. Portanto não vai haver uma diminuição do número de barraquinhas, pelo menos não há indicações nesse sentido”, acrescentou o organizador.
João Luz EventosTelevisão | Nicole Kidman interrompe produção de “Expats” e deixa RAEHK Nicole Kidman saiu de Hong Kong depois de uma disputa com a realizadora da série “Expats” e retornou à Austrália entre relatos de queixas relativas às condições em que a produção estava a ser conduzida. A estrela de “The Hours” e “Eyes Wide Shut” tem regresso marcado a Hong Kong para Novembro Quando no mês passado Nicole Kidman foi avistada em Mong Kok a filmar no meio da característica azáfama da zona, começava a ganhar forma a polémica que haveria de estalar. A estrela australiana ficou isenta de cumprir a quarentena a que normalmente estão obrigadas as pessoas que entram em Hong Kong. Contornada a questão, Kidman voltou este fim-de-semana ao radar mediático com a notícia de que teria deixado “temporariamente” Hong Kong depois de alegados desentendimentos com a realizadora Lulu Wang durante a rodagem da série “Expats”, para a plataforma de streaming Amazon Prime Video. A actriz, que também é produtora executiva da série, terá entrado em rota de colisão com a realizadora devido a opiniões divergentes, acrescidas com um alegado desconforto com as condições de trabalho no local das filmagens. Meios de comunicação de Hong Kong, citados pelo The Standard, indicam que Nicole Kidman não se conseguiu adaptar ao ambiente de filmagens, que implica a rodagem de cenas à vista de todos os transeuntes. Facto agravado pela ausência de locais para descansar isolada de multidões. A actriz pediu uma licença de dois meses para interromper o projecto e regressou à Austrália. O The Standard adianta que a actriz deverá seguir para o Reino Unido para filmar “Aquaman” e “Lost Kingdom”, antes de regressar a Hong Kong para terminar “Expats”. Filhas e enteadas Os média de Hong Kong reportaram que Nicole Kidman abandonou Honk Kong num jacto privado no domingo. Porém, a sua chegada ainda agita águas. A decisão do Governo de Carrie Lam de permitir que a actriz contornasse a quarentena obrigatória para entrar em Hong Kong gerou polémica, levando as autoridades a endereçar o assunto e a explicar que Kidman reunia as condições de isenção, mas que continuaria a acompanhar a situação para assegurar que todas os requisitos de prevenção sanitária fossem respeitados. A polémica levou mesmo à intervenção de Edward Yau Tang-wah, secretário do Comércio e Desenvolvimento Económico, defendeu a isenção Kidman de quarentena obrigatória como uma decisão que equilibrou a ajuda à actriz e o controlo da pandemia. Importa referir que foram concedidas isenções a um total de cinco membros da equipa de produção. A dispensa implicou que Kidman se sujeitasse a pelo menos três testes de ácido nucleico nas primeiras duas semanas que esteve em Hong Kong, apresentasse um itinerário seguido ao longo da produção, limitasse as deslocações ao mínimo, apenas para trabalho, e sem usar os transportes públicos. Desde que chegou a Hong Kong, Nicole Kidman esteve hospedada numa casa no Peak, uma das zonas mais caras da cidade. Nas últimas semanas, a actriz foi avistada a filmar numa escola primária no Peak, num edifício em Sai Wan e no mercado de rua da Fa Yuen Street em Mong Kok. A série “Expats” é baseado no romance “The Expatriates”, de autoria de Janice Y. K. Lee. Protagonizada por Kidman, com Jack Huston e Sarayu Rao, segue “as vibrantes vidas de uma comunidade expatriada que se mantém muito próxima, onde a riqueza é celebrada, as amizades intensas, mas reconhecidamente temporárias, e as vidas, mortes e casamentos são eventos públicos”, adiantou Jennifer Salke, presidente da Amazon Studios.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Thetiredeyes, a banda que mistura diversos contextos musicais Chamam-se Thetiredeyes [Os olhos cansados] e contam com oito músicos que trouxeram consigo a paixão por vários géneros musicais. Desta forma, nasceu um projecto de uma banda eclética, que tem agora como objectivo actuar nas próximas edições dos festivais de música de Beishan, em Zhuhai, e Hush! em Macau Há um novo grupo musical no território onde a fusão de géneros musicais é palavra de ordem. Os Thetiredeyes [Os olhos cansados] formaram-se o ano passado depois de uma série de encontros improváveis mas, sobretudo, de uma enorme vontade de pessoas diferentes se juntarem a criar música. A história é contada ao HM por Monic Kei, pianista e directora musical. “Thetiredeyes é uma banda de fusão composta por oito elementos que são músicos entusiastas e com diferentes contextos que não se fartam de géneros musicais como o R&B, Neo Soul, Hip Hop e Pop”, começou por dizer. Monic vivia em Boston, nos EUA, na mesma altura de Amanda, uma das vocalistas do grupo formada no Berkeley College of Music, mas só se conheceram em Macau em Agosto do ano passado quando actuavam em bares do território. Mais tarde, iriam juntar-se a Kabi [baixista], para formarem um trio de jazz. “Além de tocarmos como duo queríamos tocar juntas com mais pessoas, mas não queríamos traçar um género musical específico. Como ambas tínhamos formação musical clássica, queríamos encontrar músicos que estivessem habilitados a ler notações, possuíssem bons tons e técnicas, ao mesmo tempo que trouxessem uma amplitude de géneros musicais e uma mentalidade aberta.” Além da ligação a Amanda e Kabi, Monic conhecia Matthew, um brasileiro baterista há 15 anos. “Ele foi o primeiro baixista que conheci quando era jovem e fiquei feliz por nos reunirmos anos depois e podermos tocar música juntos. Depois o Matthew trouxe consigo o seu melhor amigo Lao Seng Fat para a banda.” Lao Seng Fat é formado pela Academia de Música Contemporânea de Pequim e toca essencialmente jazz e géneros musicais clássicos. Depois de actuarem no LMA, os projectos do grupo passam por subirem aos palcos dos festivais de música de Beishan, em Zhuhai, e Hush!, em Macau, ainda sem data marcada para acontecer. Base no improviso Monic Kei confessou também que as músicas dos Thetiredeyes têm como base principal o improviso “com arranjos de orquestra”. Do grupo, faz parte ainda o músico local Patrício Manhão, que toca Ewi. Formado no Conservatório de Macau, é uma músico multi-instrumentista que, além do Ewi, toca ainda clarinete, saxofone, bateria e piano. Patrício Manhão “trabalha de forma activa em teatro e produção artística”, contou Monic. A banda tem a portuguesa Rita Martins como vocalista, que também está ligada ao projecto musical Darkroom Perfume. Yaya, outra das vocalistas, canta também no grupo “A Little Salt”, sendo “uma vocalista de jazz muito experiente, tendo actuado mais de 500 vezes em toda a Ásia”, descreveu Monic Kei. Os Thetiredeyes são ainda compostos pela teclista Monic Chen, de Hong Kong, que teve uma vasta experiência como compositora e a fazer arranjos musicais na Ásia e América do Norte, além de participar em diversos projectos na mesma área. Monica Chen formou-se na Universidade de Boston, tendo estudado piano e improvisação no conservatório de New England. “O foco da sua música é uma obsessão e compromisso pela expansão das possibilidades musicais e expressivas do piano. Ela tem um estilo eclético que inclui o clássico, avant-garde, pop, free jazz e música de improvisação”, aponta a pianista e directora musical do grupo.
Pedro Arede EventosFRC | Fotografia aérea em exposição a partir de segunda-feira Em conjunto com a Associação de Fotografia Aérea de Macau, a Fundação Rui Cunha (FRC) organiza a partir da próxima segunda-feira uma mostra fotográfica dedicada a imagens captadas por drones, pelos céus de Macau e outras cidades da Região da Grande Baía. A iniciativa conta, no total, com 36 fotografias captadas por 17 membros amadores da associação que enveredaram por este tipo de imagens para promover o “desenvolvimento da arte e tecnologia da fotografia aérea”. “O desafio é promover o desenvolvimento da arte e tecnologia da fotografia aérea, e criar uma plataforma de comunicação e de intercâmbio artístico e cultural para a impulsionar um interesse crescente nesta actividade”, pode ler-se na nota oficial da exposição. Também na segunda-feira, pelas 16h00, será realizada uma palestra em cantonês, sobre o tema “Como fazer fotografia aérea popular e segura”. O evento conta com os oradores Andre Hong e Eric Ho e pretende ser uma plataforma de partilha de experiências e conhecimentos, não só sobre as técnicas de fotografia aérea, mas também os regulamentos em vigor em Macau e nos territórios vizinhos afectos à utilização de drones. “Macau é uma plataforma de intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente. É também membro da Região da Grande Baía, onde muitos entusiastas de fotografia aérea costumam morar e viajar. Esperamos que, por meio desta exposição, mais cidadãos e turistas possam entender e vivenciar as características e belezas de cada uma destas cidades”, revela a Associação Fotografia Aérea de Macau. A exposição pode ser vista na FRC até ao próximo dia 14 de Setembro. A entrada é livre.
Pedro Arede EventosArte Macau | Pintura e escultura gigantes em exibição Uma pintura alusiva a Macau com 26 metros de comprimento criada pelo estúdio de Pequim “Drawing Architecture Studio” e uma escultura em bronze de Su Xinping já podem ser vistas na Praceta da Arte do Centro Cultural de Macau Integrada na Bienal Internacional de Artes de Macau 2021, já se encontram expostas na Praceta da Arte do Centro Cultural de Macau (CCM), duas obras de Arte Pública de grandes dimensões que prometem proporcionar uma experiência visual “única” a quem passa. Desenvolvida pelo estúdio de Pequim “Drawing Architecture Studio”, a pintura de grandes dimensões “Aprender com Macau” promete, tirando partido dos seus 26 metros de comprimento e 13 metros de altura, retratar marcos locais de Macau através de cores vivas e linhas simples. “Esta pintura combina linhas simples e cores ricas, para, com base na arquitectura e nas observações da rotina diária de Macau, esboçar um panorama totalmente original da região, retratando diversos marcos locais de características únicas e, sobretudo, a imagem de uma cidade vivaz e dinâmica, em homenagem à sua cultura local”, pode ler-se numa nota do Instituto Cultural. Inspirada no impacto que a indústria do jogo tem vindo a ter no desenvolvimento da arquitectura e paisagem de Macau e na vida diária dos seus habitantes, a obra pretende também ensaiar “novas ideias para a concepção urbana do século XXI”. Na pintura, que acaba por ser um “mega panorama” da cidade, é possível ver vários edifícios icónicos, como o Grand Lisboa, projectados na tela, recorrendo ao que o IC designa por “linguagem representativa da axonometria arquitectónica icónica”. A pintura “Aprender com Macau” pode ser apreciada até 30 de Novembro na parede exterior de Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. Mãos do infinito A poucos metros de distância, no centro da Praceta de Arte do CCM, duas gigantescas mãos encontram-se, num aperto que tende a parecer infinito. “Encontro” é uma escultura de bronze da autoria do artista da China, Su Xinping, que assume a forma de um par de mãos gigantes, procurando criar a imagem da “monumentalidade da montanha” e explorar a sensação de infinidade. Para tal, a obra socorre-se de uma “representação expressiva com dimensões surreais” e “uma observação em perspectiva sugerida de baixo para cima”. “Com esta obra, a intenção do artista passa por proporcionar aos espectadores, por meio de uma experiência visual única, uma sensação de infinito que se estende a partir do artefacto e assimilar um encontro com o mundo espiritual extraído da realidade mundana”, aponta o IC. Até atingir o seu estado final, “Encontro” evoluiu a partir de uma série de esboços que foram gradualmente ganhando tridimensionalidade e que se assumem como uma representação de “um mundo em constante fractura e reunião”, potenciado por uma noção temporal e espacial “deslocada”. A escultura “Encontro” pode ser vista Praceta de Arte do CCM até ao dia 29 de Novembro. Aproveitando o balanço, de recordar que, não muito longe dali, quem apreciar as duas obras de rua, pode aproveitar a ocasião para visitar, no interior do CCM até 17 de Outubro, a terceira secção da Exposição Principal da Arte Macau. Sob o tema “Avanços e Recuos da Globalização”, a exposição inclui obras de vários artistas que idealizam “cenários de desafio, dilema, hesitação, ilusão e ansiedade”, que a Humanidade tem vindo a enfrentar à medida que tendência da globalização se adensa, em conluio com o “tempo de desespero” provocado pela pandemia de covid-19. Aeroportos, globos terrestres, sistemas de navegação, satélites, imagens aéreas e mensagens partilhadas nas redes sociais durante o período pandémico, são alguns dos tópicos que deram o mote para a exploração artística da exposição.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Festa no LMA presta homenagem a Lee ‘Scratch’ Perry A carreira do músico e produtor jamaicano Lee ‘Scratch’ Perry, que trabalhou com artistas incontornáveis como Bob Marley e The Clash, será passada em revista amanhã no LMA. É esperada uma noite de ritmos quentes, com uma sessão de DJ apropriada para amantes de reggae e dub Falecido no passado domingo, o influente músico e produtor jamaicano Lee ‘Scratch’ Perry será recordado amanhã no LMA com um DJ Set, a partir das 22h. Esta será uma homenagem a um nome fundamental da cultura jamaicana, conforme disse ao HM Rui Simões, ligado à organização do evento. “Era um personagem engraçado e curioso e achei que se poderia fazer alguma coisa. Ele abriu um estúdio e todos os artistas jamaicanos passaram pelas mãos dele, como o Bob Marley.” Lee ‘Scratch’ Perry era alguém “meio excêntrico”, um artista que aliava as peculiaridades da sua personalidade à música. Perry foi também um dos artistas responsáveis pela invenção do dub, daí a sua enorme influência em criadores ligados a outros estilos musicais, como o Pop Rock, Ska e Punk. “Tem uma obra gigante, com centenas de discos gravados. Tornou-se um personagem de culto”, frisou Rui Simões. O nome histórico do reggae e dub faleceu com 85 anos no hospital, tendo a sua morte sido destacada por vários meios de comunicação social e inclusivamente por governantes da Jamaica. “Será sempre lembrado pelo seu contributo exemplar para a fraternidade da música. Que a sua alma descanse em paz”, afirmou o chefe do Governo jamaicano, Andrew Holness, numa mensagem publicada na rede social Twitter. O jornal Jamaican Observer noticiou que Perry morreu no hospital Noel Holmes, na localidade de Lucea, perto do local onde nasceu. A causa da morte não foi adiantada. O primeiro-ministro jamaicano citou o trabalho do artista, nascido Rainford Hugh Perry, com bandas incontornáveis como Bob Marley and the Wailers, The Congos, Adrian Sherwood e os norte-americanos Beastie Boys. O “Salvador Dalí” da música Ao longo de mais de sessenta anos de carreira, o artista nascido Rainford Hugh Perry ajudou a criar o reggae como estilo musical e produziu centenas de discos de artistas como Max Romeo, Junior Murvin, Bob Marley and the Wailers ou The Congos. Colaborou com muitos outros grupos e músicos não jamaicanos, como os norte-americanos Beastie Boys, os seminais The Clash, o produtor britânico Adrian Sherwood ou o grupo de electrónica inglês The Orb. Em nome próprio ou com a sua banda, The Upsetters, lançou dezenas de discos marcados pelo seu estilo de produção, com técnicas de estúdio que criou e que deram o seu cunho a todo um subgénero do reggae conhecido como dub, assente em remisturas ou releituras instrumentais de temas existentes. O guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, declarou à revista Rolling Stone em 2010 que Perry era “o Salvador Dalí da música”. “Ele é um mistério. O mundo inteiro é o seu instrumento. Tem mesmo que se ouvir”, afirmou o músico britânico. O pioneiro do hip-hop Afrika Bambaataa também declarou que foi o som de Perry que inspirou os criadores do género. Nascido numa zona rural da Jamaica, Lee ‘Scratch’ Perry relevou as suas humildes origens, nascido numa família pobre, numa entrevista em 1984 ao semanário musical britânico New Musical Express. O músico recordou que quando saiu da escola “não havia mais nada para fazer senão trabalhar no campo”. “Era um trabalho muito, muito duro. Eu não gostava daquilo. E comecei a jogar dominó. Com isso, treinei a minha mente e aprendi a ler as mentes dos outros, o que se revelou eternamente útil para mim”, afirmou o músico. A festa no LMA começa às 22h e a entrada é grátis. Com Lusa