Andreia Sofia Silva Eventos10 Junho | “Arquitectarte”, com trabalhos criativos infantis, abre portas esta quarta-feira Há cerca de seis anos que Marieta da Costa, arquitecta e designer, desenvolve trabalhos criativos com crianças do jardim de infância D. José da Costa Nunes, utilizando materiais recicláveis. O resultado final de anos de criatividade pode agora ser visto em “Arquitectarte”, uma mostra que integra o cartaz oficial das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas É já a partir de quarta-feira que pode ser vista a exposição “Arquitectarte”, organizada pela Associação Cultural 10 Marias e que integra o cartaz oficial das celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. A mostra tem como protagonistas a designer e arquitecta Marieta da Costa e crianças entre os três e seis anos do jardim de infância D. José da Costa Nunes que têm trabalhado com Marieta na construção de diversas esculturas e objectos com base em materiais recicláveis. Ao HM, Marieta da Costa conta como começou esta iniciativa. “Este projecto surgiu quando vim para Macau, há 11 anos, com o meu filho de três anos. Vínhamos de Londres onde tínhamos uma panóplia de actividades para crianças, que contavam com a participação dos os pais. Cheguei aqui e deparei-me com a ausência de actividades para fazer com o meu filho. O meu filho mais velho entrou no Costa Nunes e tive a ideia de desenvolver este projecto. Há cerca de seis anos que o faço.” Nestas aulas de expressão artística, Marieta da Costa fala de arte, arquitectura “e sobre os mais variados temas” com os mais pequenos, onde o objectivo é “promover a criatividade e trabalhar a motricidade fina”. Os resultados têm sido surpreendentes. “No início era muito exigente comigo própria em relação ao que podia oferecer às crianças, pois falamos de um público entre os três e os seis anos. Hoje em dia já estou mais liberta e deixo as coisas acontecerem, e às vezes os resultados são inesperados. Mas no início foi complicado e exigiu um processo de adaptação para mim também.” Em ponto pequeno “Arquitectarte” é o resultado de um acumular de trabalhos feitos nos últimos cinco anos. No fundo, sem pensar muito na possibilidade de uma exposição, Marieta da Costa foi trabalhando nesse projecto, destacando as construções de edifícios feitas pelos alunos. “Gosto muito do trabalho que fazem quando falamos de edifícios, quando constroem pequenas casas, da cidade e da aldeia. Por norma, lanço os desafios com os materiais que lhes apresento, e fico orgulhosa com o trabalho que daí sai. Isto está relacionado com o facto de viverem em Macau mas também lhes apresento casas de outros sítios, feitas de palhota, por exemplo. Depois há uma interpretação da parte deles e os resultados são muito engraçados e coloridos”, contou a responsável. Marieta da Costa considera fundamental que as escolas para a infância apostem neste tipo de actividades extra-curriculares, sendo que um dos grandes desafios que encontrou foi o facto de os mais pequenos não gostarem de sujar as mãos. “É uma coisa que eu e as pessoas da minha geração gostavamos de fazer. Ficávamos sujos, saltávamos poças de água. As crianças de hoje não o querem fazer, e quando entram na escola primária têm imensa dificuldade em pegar num lápis e numa caneta. A minha aula ajuda nisso. Um dos desafios que faço sempre, quando início o semestre, é pintar com as mãos. E muitos deles recusam fazê-lo”, rematou. A exposição “Arquitectarte” pode ser visitada na Casa Garden até ao dia 3 de Julho.
Hoje Macau EventosFRC | Livro para a infância “Luz dentro de nós” apresentado este sábado Chama-se “Luz dentro de nós” e é o novo livro de literatura para a infância da autoria de Delora Sinha [pseudónimo de Teresinha Tcheong Gabriel] e Gabriel, a ser apresentado sábado, às 11h30, na Fundação Rui Cunha. Esta é uma edição trilingue (chinês, português e patuá, dialecto macaense) que conta a história “de luzes que falam e de quatro amigos que se encontram num momento mágico do calendário chinês”. Todos eles estão “num lugar onde o tempo pára e onde aproveitam para conversar e também discordar, realçando os diferentes traços de personalidade, vivência, opiniões e atitudes, comprovando que cada um de nós tem uma luz dentro de si”. Com este livro, o pequeno leitor poderá “conhecer e entender a existência de diferentes emoções, reconhecendo a importância de cada ser existente no mundo, valorizando e respeitando tudo o que está à sua volta”. A história tem como objectivo promover “o conhecimento sobre diferentes tipos de emoções e o auto-conhecimento emocional”, tidos como “muitos importantes para o crescimento da criança”. Teresinha Tcheong Gabriel é fundadora da LEKKA, um centro de explicações e de educação, além de ser autora do livro “Eu e… Eu sou… Eu sei…”, dedicado à prática do português. Foi ainda monitora de actividades extra-curriculares no jardim de infância D. José da Costa Nunes, nomeadamente na construção de origami, uma técnica japonesa. Por sua vez, Gabriel é engenheiro de profissão, revelando “desde muito cedo um profundo interesse pela música e cultura macaense”, sobretudo pelo patuá. Foi dele que partiu a ideia de criar um livro para crianças nas duas línguas oficiais do território e num dialecto que se encontra em vias de extinção.
Andreia Sofia Silva EventosTeatro | Espectáculo musical “Canções de Faca e de Alguidar” estreia hoje Estreia hoje o novo espectáculo da companhia teatral “D’As Entranhas”, muito ligado à música e ao universo cultural dos anos 80. “Canções de Faca e de Alguidar” é produzido com actores amadores e promete um registo “kitsch” e “trágico-cómico”, protagonizado no feminino O auditório da Casa Garden recebe hoje o espectáculo “Canções de Faca e de Alguidar”, a nova produção musical da companhia “D’As Entranhas”. A concepção e direcção artística está a cargo de Vera Paz, co-fundadora “D’As Entranhas”, e também intérprete nesta produção. Ao seu lado, no palco, juntam-se actores amadores e outros com formação e experiência nas lides teatrais, como é o caso de Mónica Coteriano, Catarina Cortesāo, Célia Brás ou Jorge Vale, entre outros. Sem querer desvendar muito a narrativa que dá o mote ao espectáculo, Vera Paz revela apenas que são histórias com “canções de faca e alguidar, protagonizadas no feminino, com um homem”. As mulheres que sobem ao palco têm cerca de 50 anos e “uma história de vida de amores e desamores, com muitas lágrimas, lençóis e cicatrizes”. Este promete ser um “espectáculo com quadros vivos, separadores, e com uma componente vídeo e áudio muito marcada, como acontece sempre com os nossos espectáculos. É um registo kitsh, trágico-cómico, e a acção situa-se nos anos 80”. A homenagem aos anos 80 surgiu como natural, por ter marcado a geração de Vera Paz. “Era tudo muito sentimental e emocional, e, face aos tempos que correm em que tudo é digital, é preciso que os sentimentos estejam à flor da pele e se possam revelar. Queremos homenagear este período das nossas memórias, embora também tenhamos músicas dos anos 70 ou 50. Só não temos músicas do yé-yé dos anos 60, porque não gosto nada desse movimento (risos)”, contou Vera Paz ao HM. O prazer do amador “Canções de Faca e de Alguidar” tem uma segunda sessão amanhã, mas os espectáculos já estão esgotados, sem que haja possibilidade de realizar uma terceira sessão. O facto de Vera Paz ter trabalhado com actores amadores não se revelou uma dificuldade acrescida, pelo contrário. “Foi um desafio trabalhar com este elenco. Tenho dois actores profissionais, a Mónica Coteriano e o Jorge Vale que já têm alguma experiência na área. A Catarina [Cortesão] também alguma experiência no teatro universitário.” “Gosto muito de trabalhar com actores amadores”, por serem “actores-verdade”, declarou Vera Paz. “Demora mais tempo a lá chegar, porque tecnicamente não têm defesas nem recursos, mas têm uma enorme entrega. São pessoas que se identificaram com o projecto e isso foi muito positivo e gratificante. A equipa está equilibrada.” A companhia promete apresentar, em Novembro, um outro espectáculo, mas desta vez baseado na obra poética de Adília Lopes. “A história será também sobre uma mulher. Só trabalho sobre o universo feminino, que me é caro. O amor sempre em pano de fundo, as interrogações sobre tudo isto e as relações. O amor vale sempre a pena, até ao fim”, rematou a co-fundadora “D’As Entranhas”. As duas sessões do espectáculo começam às 21h.
Andreia Sofia Silva EventosAntónio Vale da Conceição, autor do EP “At Your Service Ma’am”: “Não ambiciono ser catalogado” “Remedy”, single de lançamento do novo trabalho discográfico do músico macaense António Vale da Conceição, convida-nos a reflectir sobre a importância de resistirmos, com um raciocínio próprio, às manipulações de informação presentes no dia-a-dia. “At Your Service Ma’am” acaba de ser lançado nas plataformas digitais e remete para um cenário que mistura um clima tropical com espionagem. Quase como a Macau de outros tempos. “Acabo por recorrer um pouco às minhas origens”, assume o músico O último lançamento que fez foi “Four Hands Piano”, um álbum que compilava músicas compostas para bandas sonoras que nunca foram usadas. Como surge a ligação com este novo trabalho? Não há uma ligação com este EP. Na verdade não estou à procura de dar continuidade aos projectos anteriores. Isto [At Your Service Ma’am] surgiu da composição de vários temas, e se calhar no momento em que estava à procura de um som, saíram vários. Outros sairão no futuro, mas são todos fruto desse momento após e durante o lançamento do “Four Hands Piano”. Qual a mensagem por detrás deste EP? “At Your Service Ma’am”, é uma colecção de trabalhos a pensar numa personagem fictícia, o emissor dessa frase [que dá o nome ao álbum]. É sempre uma imagem recorrente que me vem à cabeça, sempre que toco este disco, uma espécie de espião inglês, ao serviço de sua majestade, que tem um encontro fugaz, quase um cruzar de olhos com uma das princesas da corte inglesa. Desenvolve-se uma espécie de tensão, entre ele saber que não se pode envolver com a aristocracia, sendo ele um espião, face à vontade de estar com a princesa. Este trabalho invoca o estilo Riviera, meio James Bond, Copacabana. Os espiões andavam por todo o lado, em Macau, Portugal, nos casinos. Olhando para trás, e debruçando-me sobre a matéria narrativa deste trabalho, acabo por recorrer um pouco às minhas origens. Se este tipo de música tocasse num casino em Macau… lá está, o estilo Riviera, o luxo no seu género cinematográfico. Essa Macau que já existiu, glamorosa? Sim, uma cena glamorosa. Mas na verdade não sei se Macau existiu alguma vez dessa maneira, nunca assisti a esse Macau glamoroso, se calhar foi mesmo só no cinema. Esta personagem fictícia [do álbum] talvez se aproxime muito da personagem do Robert Mitchum [no filme Macao, de Josef von Sternberg], de um tipo que tem a cara marcada com as histórias todas, mas que continua a ser hiper-charmoso, com uma voz incrível, um olhar rasgado. Porquê este imaginário? Na verdade, não tenho uma resposta para essa pergunta. Calhou assim. Gosto muito de cinema dos anos 60 e 70, gosto de filmes de roubos e de espiões, são o meu género favorito. Acho que este tipo de música tem esse tom. Mas não posso dizer que tenha sido uma coisa consciente, foi mais uma vontade de fazer música que ouvia e que oiço muito. O primeiro single chama-se “Remedy” foi também espontânea ou tinha alguma mensagem que pretendia transmitir? Esta foi a primeira música a sair para o mercado porque foi a primeira a ser gravada em estúdio, aqui no Porto. E o polimento dessa música transportou-se um pouco para o álbum e restantes músicas. Não acho que tenha sido mal escolhida, porque no momento em que vivemos, e que herdámos uns três anos, ou mais, de polarizações crescentes, a discussão sobre aquilo que é verdade e que é difundido na comunicação social varia muito. Não sabemos muito bem em quem confiar, ou porque os órgãos de Estado censuram as notícias ou os privados têm as suas agendas. Sinto que vivemos num momento em que a necessidade de reflectir muito bem sobre aquilo que se ouve nunca foi tão óbvia. Lá está a ligação à mente que surge na letra de “Remedy”, vista como um remédio, que fala da importância de pensarmos por nós próprios. Exactamente. O exercício de usarmos a mente é, em parte, e a letra pretende, em parte, chegar a isso, é a ideia de nos tornarmos impermeáveis ao que nos distrai das questões, mais do que pseudo-intelectuais com ideias geniais. A procura vai ser constante, as respostas de hoje não são as respostas do amanhã. Rapidamente passamos de uma boa solução para uma péssima solução. Digo isto face ao crescente racismo, à polarização da esquerda e da direita, às crescentes tensões políticas, à guerra que está a acontecer e aos conflitos que estão a ser silenciados. Acrescenta-se ainda o facto de a sociedade contemporânea estar muito contaminada com elementos de narcisismo e de auto-satisfação e auto-aprovação. É uma droga da qual nos devemos afastar. Teve o projecto musical “O Monstro” e depois os Turtle Giant. Já encontrou a sua sonoridade individual, como António Vale da Conceição? Não sei. Em parte é algo que está sempre em processo. Muito do que faço é ao serviço de muita coisa. Tanto em “O Monstro” como com os “Turtle Giant” foi caso disso. À posteriori muita coisa foi ao serviço de, como a criação de bandas sonoras, ou publicidade, ou jingles. Não sei se tenho um som, a verdade é que faço muitos sons para muitas ocasiões. Também não me cabe a mim dizer que tenho o meu som, é a grande conquista de um artista ser destacado por aquilo que ele faz, e não tanto ser eu a dizer “sou assim porque”. Penso que é muito difícil sermos originais e reclamarmos a originalidade no que fazemos. Este álbum, por si, não tem sons novos, são sonoridades que invocam sonoridades, estados de espírito, épocas, narrativas. Se calhar esse exercício de “recozinhar” esses elementos sejam manifestações do meu trabalho “ao serviço de”. Prefere que seja o público e os ouvintes a fazer essa definição de sonoridade, ao invés de se assumir como um músico pop-rock ou indie, por exemplo? Preferia isso, sim, ambiciono isso. Não ambiciono ser catalogado nem catalogar-me. A maior parte das pessoas que me pergunta o que faço recebe respostas diferentes e eu recebo respostas de mim próprio um bocado diferentes. Vou tentando fazer sempre coisas diferentes para recuperar um pouco do espírito. Penso que as pessoas devem procurar a pluralidade e eu herdo isso dos meus pais. Tem aparecido a promover este último trabalho em vários meios de comunicação social em Portugal. Até ver, este projecto está a ter um bom feedback do público? Quais as expectativas que coloca sobre a recepção deste trabalho? Não tenho expectativas. Estou super feliz por ser um trabalho que está a ser tocado. Falta a segunda parte do álbum, que vai sair em Novembro. A grande ambição, mais do que ser adorado ou ser gostado, é deixar o corpo de trabalho. Está feito, está aí no mercado para quem quiser ouvir. Essa é a missão. Depois o objectivo é partir para outra, e uma grande parte do processo criativo deve ser o abandono do que foi criado e trazer coisas novas, procurar outras coisas. Queria mencionar as pessoas envolvidas neste projecto. O álbum foi todo tocado por mim, e compus para todos os instrumentos. Mas houve sempre pessoas a ouvir e que me apoiaram, tal como o Beto e o Fred [restantes membros da banda Turtle Giant]. Importante mencionar o Eduardo Almeida, o trabalho de imagem feito pela fotógrafa Teresa Pamplona. Na produção do videoclip trabalhei com o Francisco Assis, com quem já tinha trabalhado noutras ocasiões. Como macaense a viver fora de Macau, sente que tem uma responsabilidade acrescida, no sentido de contribuir com um projecto cultural em prol da comunidade? Em parte, sim. A minha origem macaense é uma parte de quem eu sou, nem é inteiramente o que me define, nem eu vou definir o que é ser macaense. Macau estará para sempre ligado a mim e serei sempre o macaense e um filho de Macau. Tenho muito orgulho de ser um filho de Macau e de pertencer a uma família macaense com pontos marcados na história de Macau.
João Luz EventosIC | Macau celebra património cultural e natural da China a 11 e 12 de Junho O Jardim da Fortaleza do Monte e o Museu de Macau recebem no fim-de-semana de 11 e 12 de Junho o Carnaval do Dia do Património Cultural e Natural da China. O cartaz inclui visitas guiadas, workshops, danças e palestras com o intuito de reforçar a consciência social para a importância de preservar o património cultural e natural. As inscrições para as várias actividade abrem hoje Animação, cultura e divertimento para toda a família resumem o que se pode esperar do Carnaval do Dia do Património Cultural e Natural da China, o evento de dois dias marcado para o fim-de-semana de 11 e 12 de Junho, com epicentro no Jardim da Fortaleza do Monte e no Museu de Macau, mas também com actividades noutros locais, como a Casa do Mandarim. O calendário das festividades inclui bancas de jogos, demonstrações de confecção de biscoitos de amêndoa e doces de barba de dragão. No capítulo das artes performativas, serão apresentadas “actuações de dança do leão, dança folclórica portuguesa, bem como artes marciais de Wing Chun, artes marciais de Tai Chi Chuan e Artes Marciais de Choi Lei Fat”. O teatro também irá sair à rua, com a apresentação de “Histórias de Património Cultural Intangível – Vendilhões”, uma peça “móvel” que retrata a cultura comercial e mercantil dos velhos bairros de Macau, misturando a tradição de contar histórias, marionetas e o espírito dos velhos teatros ambulantes. No plano histórico, o Instituto Cultural irá organizar uma “Visita Guiada à Fortaleza do Monte” para contar o mítico episódio do tiro de canhão, disparado da fortificação, que acabou com a invasão holandesa do território há exactamente 500 anos. Num tom menos bélico, está previsto um workshop sobre técnicas básicas de decalque e outro onde os participantes serão desafiados a pintar cartões-postais a aguarela. Festa itinerante Nos dois dias de celebração do património chinês, a partir das 15h, a Casa do Mandarim recebe o “Workshop de Pintura em Porcelana”, em que o ponto de partida é a exploração das características do próprio local e a forma como está adornado. A caligrafia chinesa também estará em destaque. No dia 12 de Junho, a partir das 15h, o Auditório do Museu de Macau acolhe o seminário “Curiosidades sobre os Caracteres Chineses”, apresentado por Chong Chon Fai, responsável pela Casa da Cultura da China na Escola Secundária Pui Ching de Macau. A tarde será dedicada à “estrutura, origem e evolução dos caracteres chineses, dando a conhecer algumas histórias curiosas, demonstrando o valor e interesse dos caracteres chineses e a beleza na sua criação”. O evento organizado pelo Instituto Cultural (IC) insere-se no “Dia do Património Cultural e Natural”, celebrado, de acordo com directivas do Conselho de Estado da República Popular da China, no segundo sábado de Junho desde 2006. A efeméride tem como objectivo “reforçar a consciência social sobre a importância do património cultural e natural e a sua preservação”. Apesar de as actuações teatrais, visitas guiadas, workshops e seminário requererem inscrição obrigatória, devido ao número limitado de vagas, todas as actividades são gratuitas. Os interessados podem inscrever-se a partir de hoje, no site do IC, na secção “Sistema de Inscrição em Actividades”.
Andreia Sofia Silva Eventos10 de Junho | “Metropolis”, de António Mil-Homens, abre portas dia 31 Inserida no programa das comemorações do 10 de Junho, a exposição de pintura “Metropolis”, de António Mil-Homens, abre portas dia 31 deste mês na galeria da Fundação Rui Cunha. Eis um olhar, visto de cima, sobre a vida urbana que nos rodeia, não apenas em Macau, mas nas cidades em geral É no final deste mês que se dá início ao programa cultural de celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, e o pontapé de saída é dado, dia 31, com a exposição “Metropolis”, de António Mil-Homens. O público poderá ver, até ao dia 11 de Junho, na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC), um total de 15 obras que remetem para a ideia da cidade vista de cima, todas elas pintadas pelo também fotógrafo durante a quarentena realizada em 2020, mas não só. “Metropolis” é a segunda exposição de pintura de António Mil-Homens, que se estreou neste campo com a mostra “Monochrome”, depois de anos a guardar as telas numa gaveta. Estes trabalhos revelam agora um espaço citadino que remete não apenas para Macau mas para várias cidades. “Abordei esse tema de uma forma que considero distante”, contou ao HM. “Em termos estéticos é como se estivesse a observar de longe, de muito alto, o que nos rodeia em termos citadinos. Foi uma ideia espontânea e sem esta intenção. Comecei a pintar sem decidir previamente o quê.” Essencialmente, o processo de pintura de António Mil-Homens começou de forma mais intensa em 2020, ano em que a produção criativa foi muito frutífera. “De certa forma dei um salto qualitativo. Comecei por pintar de forma instintiva, o que deu lugar aquela exposição variada no que diz respeito às peças [Monochrome], mas depois dei comigo a abordar um tema e uma determinada estética, com consistência, em cada uma das telas que ia pintando. Em 2020 fiquei com material que eu considerava como tendo potencial para uma nova exposição. E dei-lhe imediatamente um título, ‘Metropolis’”. Mais tarde, já em contexto de quarentena, António Mil-Homens pediu telas e acrílicos a um amigo e deste período de clausura saíram mais cinco pinturas, que também integram esta mostra. Na hora da despedida António Mil-Homens está de saída de Macau e acredita que esta é uma boa forma de se despedir. “Quero acreditar que faço uma boa despedida de Macau e espero que seja essa a opinião das pessoas que forem à exposição. Sinto que consegui algum progresso do ponto de vista estético, e em termos de coerência, que não aconteceu em relação à primeira exposição. Pintava de forma compulsiva todos os dias e era aquilo que acontecia em cada tela.” Com “Metropolis” as coisas acabaram por funcionar “de modo completamente diferente”. “Continua a ser um pouco estranho este processo, na medida em que não tenho qualquer formação na área da pintura e dei comigo a não querer ver, sequer, tutoriais de pintura, para deixar fluir aquilo que ocorre”, frisou. No comunicado a propósito desta mostra, o autor destes trabalhos destaca o facto de “Metropolis” simbolizar também “o tempo de virar uma página” da sua vida, 26 anos após a sua primeira visita a Macau, encerrando “uma permanência de cerca de 15 anos”. “Não a vejo como um adeus. Antes como um até sempre, em que a lógica dessa mesma constância se inverte. Reitero o meu convite para que guardem, se do exposto gostarem, mais estas peças que o território e as circunstâncias me inspiraram. Lançarão mais uma pedra na construção dos projectos futuros”, apontou.
Hoje Macau EventosHistoriadora portuguesa traça retrato dos informadores da PIDE, antiga polícia política A historiadora Irene Flunser Pimentel faz o retrato dos informadores da PIDE, “a figura mais odiada” no pós 25 de Abril, numa investigação que será publicada esta quinta-feira, em Portugal, mas preserva as identidades para não atingir as famílias. O livro “Informadores da PIDE – A Tragédia Portuguesa” demonstra que a rede de grandes dimensões montada pela polícia política do Estado Novo é ainda uma realidade escondida que marcou a sociedade portuguesa do século XX, apesar da curiosidade que despertou logo após a Revolução dos Cravos. “Curiosamente, quando lemos os jornais publicados logo após o 25 de Abril (1974), a figura mais odiada é a do informador. É absolutamente revoltante a figura do delator, do “bufo” ou do denunciante”, disse à Lusa Irene Pimentel. “Impressiona o aperfeiçoamento, ao longo dos anos, do sistema de recrutamento de informadores em virtude da longevidade do regime e da existência de elementos da PIDE peritos na captação de informadores ou delatores”, explica a historiadora à agência Lusa. A investigação histórica demonstra que PIDE infiltrou todos os “grupos” que se mostravam contra o regime, desde os “reviralhistas” até aos republicanos, monárquicos ou militares descontentes e ainda o PCP, “que foi o principal alvo”, sendo que muitos militantes comunistas foram “virados” depois de serem presos. Informadores de todos os lados O “perfil” do informador começa por ser o de pessoas de baixa condição social, “como a Polícia Judiciária”, mas a polícia política também foi buscar pessoas às classes mais privilegiadas da sociedade portuguesa, como médicos, advogados, presidentes de câmaras municipais, governadores civis ou jornalistas. Verifica-se também – ao longo dos 48 anos de regime ditatorial – a colaboração no “trabalho sujo” de muitas pessoas que não o faziam directamente, como os administradores de empresas que pediam à própria PIDE para estabelecer redes de informadores nas próprias companhias. “A PIDE era muito importante para a obtenção do emprego porque era a polícia política que dava oficialmente a qualificação dos empregados da Função Pública e o Estado era o maior empregador do país”, recorda Irene Pimentel, referindo-se à penetração dos métodos da polícia política no mundo do trabalho. Após quase cinco décadas após a Revolução ainda não se sabe quantos informadores colaboraram com a polícia política que recorria a métodos violentos, como a tortura de que foram vítimas os presos políticos ao longo de quase cinco décadas.
Pedro Arede EventosCultura | Associação organiza jornada de um dia pela cultura indiana No próximo dia 3 de Junho, a Associação Cultural Indiana de Macau propõe uma viagem de um dia à Índia através dos sabores, danças e cultura do país. Ao longo do dia, serão organizados workshops onde os “viajantes” podem aprender a fazer o tradicional chá com leite indiano, comida, danças, tatuagens de henna e experimentar a exuberância de Bollywood Atenção aos passageiros com cartão de embarque válido, a viagem à Índia está prestes a começar. Esta é a sensação que Victor Kumar, presidente da Associação Cultural Indiana de Macau (ICAM na sigla em inglês Indian Culture Association Of Macau), pretende transmitir durante o evento “Jornada pela Índia, Vamos à Índia”, marcado para o dia 3 de Junho, das 10h30 às 20h30. A expedição será interior, conduzida através de uma série de workshops dedicados a várias facetas da cultura indiana, que terão lugar no V Studio, na Rua Norte do Patane. “Como não podemos viajar, queremos dar a experiência de uma viagem interior pela Índia. Se não podemos lá ir, o mais aproximado será trazer a Índia para Macau”, conta ao HM Victor Kumar, um dos organizadores do evento e fundador da ICAM. A ideia será transmitir a sensação de uma viagem real. Assim sendo, a organização da “Jornada pela Índia, Vamos à Índia” vai providenciar um cartão de embarque aos participantes e um itinerário que irá percorrer alguns dos pontos incontornáveis da cultura indiana. O dia começa com um workshop de yoga terapêutica e ayurveda (medicina alternativa de raízes no subcontinente, muito usada na Índia e Nepal), com uma sessão entre as 10h30 e as 11h30. A jornada continua apelando a outros sentidos, com o workshop dedicado à gastronomia indiana entre as 12h e as 13h30. Entre alguns pratos tradicionais, “os participantes vão aprender a fazer masala chai, o tradicional chá com leite indiano”, revela Victor Kumar. Tons e sons Depois dos aromas e paladares, a viagem prossegue pelo alucinante mundo das cores e danças indianas. A primeira “paragem” é uma aula de maquilhagem ao estilo de Bollywood, das 14h às 16h, que inclui uma sessão fotográfica com os participantes vestidos a rigor, envergando vestimentas que mostram a exuberância típica do cinema indiano. A jornada prossegue com um workshop de tatuagens temporárias de henna, uma tinta extraída das folhas da planta com o mesmo nome, entre as 16h e as 18h. “Encontrámos duas especialistas em Macau que vão ensinar a fazer as pinturas corporais. Este tipo de ‘tatuagem’ não só é usada por motivos cerimoniais, como casamentos, mas também ajuda a arrefecer o corpo”, conta o organizador. Das 18h às 20h30, a jornada tem como destino o movimento corporal e os ritmos contangiantes das danças tradicionais indianas e das coreografias dos filmes de Bollywood. O workshop de dança de fusão indiana será dado por uma profissional que estudou dança clássica da Índia e que, vestida a rigor, irá revelar alguns dos truques básicos e passos fundamentais. Para fechar em beleza, a jornada termina com uma sessão de danças de Bollywood. “Será uma actividade muito divertida para casais”, prevê Victor Kumar, que acrescenta que serão expostos livros sobre vários aspectos da cultura indiana, com algumas obras traduzidas para chinês, incluindo filosofia, yoga, arte e história da Índia. Com mais de uma década em Macau, a ICAM tem marcado presença em actividades organizados pela Direcção dos Serviços de Turismo, Instituto Cultural, com participações em eventos como o Festival de Artes de Macau e a Parada Internacional de Macau. Para participar na jornada à Índia, é necessário fazer inscrição na página de Facebook da associação, fundamental para a emissão do cartão de embarque. Cada sessão irá custar 200 patacas, mas o preço da viagem completa, com direito a participar em todas as actividades custa 600 patacas.
Pedro Arede EventosARTM | Magia, exposições e angariação de fundos para celebrar dia da criança Para assinalar o dia da criança, a ARTM vai organizar na Vila de Nossa Senhora de Ká-Hó uma tarde de actividades onde não vão faltar espectáculos de magia, caricaturas, pintura em madeira e uma exposição de desenhos com o objectivo de angariar fundos para ajudar as crianças afectadas pela guerra na Ucrânia. A entrada é livre e o evento acontece no dia 29 de Maio O espaço “Hold on to Hope Project”, que a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) gere na vila de Ka-Hó, em Coloane, irá acolher no próximo dia 29 de Maio uma série de actividades para celebrar o Dia Mundial da Criança, que se assinala anualmente a 1 de Junho. A ideia, como explicou Augusto Nogueira, presidente da ARTM, passa por proporcionar uma tarde em família, onde os mais novos terão a oportunidade assistir, entre as 14h e as 18h, a espectáculos de magia de rua e participar, entre outros, em workshops de pintura em madeira, botânica e modelagem de balões. Haverá ainda expositores de venda de livros e artesanato e desenho de caricaturas. “Queremos que neste dia tragam as crianças até Ká-hó, pois haverá imensos divertimentos, a maior parte deles gratuitos. Claro que a aquisição de artesanato não, mas os balões, as caricaturas e a magia de rua são actividades gratuitas para que as pessoas possam celebrar o Dia Mundial da Criança e partilhar um bom ambiente familiar”, começou por dizer ao HM. “A entrada é livre. Esperamos que esteja bom tempo e um dia radioso para que as pessoas possam vir até Ká-Hó. Deixamos em aberto a toda a comunidade de Macau que, nesse dia, traga as suas crianças e venha passar uma boa tarde connosco. Esperamos ter o maior número possível de pessoas”, acrescentou. Detalhando, os mais novos terão a oportunidade de participar nos workshops de pintura em madeira e de botânica ao longo de toda tarde, assim como a venda de livros e artesanato, que estará disponível entre as 14h e as 18h. Entre as 15h e as 15h30 haverá lugar a um evento de storytelling em língua inglesa, ao passo que a modelagem de balões acontece entre as 15h e as 17h. Tanto os espectáculos de magia de rua, como o desenho de caricaturas terão lugar entre as 16h30 e as 17h30. Para quem precisa Um dos pontos altos do evento será a inauguração, pelas 16h, da mostra “World Children’s Day”, uma exposição de desenhos feitos por crianças de várias escolas de Macau, que poderão ser adquiridos pelos visitantes com o intuito de angariar fundos para ajudar as crianças afectadas na guerra da Ucrânia. “A exposição de pinturas feitas por crianças tem como objectivo angariar fundos para ajudar as crianças que estão a sofrer com a guerra na Ucrânia. As pessoas poderão adquirir os desenhos pelo montante que desejarem e os fundos angariados serão doados à Unicef de Hong Kong e destinam-se aos cuidados médicos, acesso a água potável, educação, protecção infantil e aquisição de bens para essas crianças”, explicou Augusto Nogueira. O evento que terá lugar nas casas da antiga leprosaria da Vila de Nossa Senhora de Ká Hó, conta também com a participação de várias associações e organizações, que segundo o presidente da ARTM estão focadas em promover um “bom ambiente” na comunidade. “Convidámos várias associações e companhias como a Associação dos Jovens Macaenses, Mandarina Books, ChillMa Lab e a Savonnerie e elas quiseram colaborar. São várias associações e companhias que convidámos, umas porque estão ligadas às crianças e outras porque são parceiros habituais de várias actividades e que estão focados em promover um bom ambiente na comunidade”, partilhou.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | Alexandre Marreiros e Emília Tang trabalham conceito de abrigo É inaugurada amanhã a exposição “Shelter” na galeria Blanc Art, uma instalação onde o arquitecto Alexandre Marreiros e a curadora Emília Tang trabalham em torno da ideia de abrigo, algo que é mutável conforme o tempo que passa por nós. Este projecto, que começou a ser desenhado no dia a seguir ao rebentar do conflito na Ucrânia, pode ser visto até ao dia 20 de Junho “Shelter”, como uma palavra que nos remete para a tradução literal de abrigo. Mas que abrigo é este? Será imutável para sempre, ou os nossos abrigos físicos e emocionais vão mudando ao longo dos tempos, de forma lenta ou abrupta? Será a sensação de segurança falsa ou verdadeira? Na noite anterior ao rebentar do conflito na Ucrânia, o arquitecto Alexandre Marreiros jantava com a sua amiga e curadora de arte contemporânea Emília Tang sobre a ideia de abrigo, mas sobretudo pelo facto de esta ser “efémera, que se transforma com o tempo e não tem nada a ver com o que nos é ensinado”. “É um estado de espírito e um pensamento”, frisou. No dia a seguir, as tropas de Putin invadiam território ucraniano e Alexandre Marreiros não pensou duas vezes: “‘Temos de trabalhar nisto. Ontem discutíamos isto e hoje rebenta uma guerra’”, recordou ao HM. Para tal os dois decidiram construir uma instalação, e obras de arte que nascem dela, que pode ser vista a partir de amanhã na galeria Blanc Art, na Pátio do Padre Narciso. “A primeira coisa que quis trabalhar com a Emília foi o plano do tecto, algo que nos cobre. Um pátio nunca poderá ser um abrigo, por exemplo. E foi a partir daí que decidimos trabalhar com um plano horizontal a partir do chão.” Os balões desempenham também um papel, por serem “associados a uma ideia festiva, de celebração”. “Queria fazer uma instalação em que o factor de tempo está agarrado à definição que propomos de shelter. Sabemos que o balão vai mirrando, vai cair e isso representa a noção de tempo. Por isso, todos os dias a instalação vai mudar. Fizemos um registo de quanto tempo os balões aguentam no ar, trabalhamos também o plano vertical, as paredes. Mas todos os trabalhos que vão ser expostos na parede são uma consequência directa da instalação, porque partem todos dela”, adiantou Alexandre Marreiros. Dois pisos Desde o início que Alexandre Marreiros e Emília Tang desejavam ter uma instalação e exposição que ocupasse dois pisos. Desta forma há um percurso artístico que pode ser acompanhado pelo visitante. “Estamos debaixo da instalação que cobre todo o piso térreo da galeria e depois temos umas escadas em que, de repente, temos a possibilidade de chegar ao nível dos balões e estar em cima deles. Cria-se aí a ideia de estarmos por cima de algo que nos cobriu lá em baixo.” Os últimos três meses foram de trabalho intenso em prol de um projecto que é independente, embora conte com alguns apoios. Esta independência trouxe aos autores da instalação “uma maior abertura”. “Shelter” não é sobre a pandemia nem sequer sobre o quase total encerramento de fronteiras em Macau, mas acaba por remeter para esta sensação de abrigo e de bolha que se criou na sociedade face ao mundo exterior. “Há um contexto face ao que se vive em Macau, mas na verdade propomos uma desconstrução deste conceito, porque a noção que vem no dicionário é de estarmos abrigados, sempre no domínio de uma construção feita pelo homem, uma casa, por exemplo. Aprendemos isto desde crianças, mas há o factor tempo, pois qualquer coisa que construímos como segurança [pode acabar]. Isto pode estar relacionado com uma pessoa, por exemplo, porque hoje estamos casados e amanhã podemos não estar. Ou podemos perder um ente querido”, exemplificou.
Hoje Macau EventosDia Internacional dos Museus | IC organiza exposições e eventos temáticos Celebra-se esta quarta-feira o Dia Internacional dos Museus com uma série de eventos culturais e exposições que decorrem no Museu de Arte de Macau e Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania. Destaque para a realização de um “carnaval” nestes museus e da referência à exposição “Alegoria dos Sonhos”, do colectivo YiiMa, de Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io O Dia Internacional dos Museus celebra-se amanhã, 18, e, para marcar essa efeméride, o Museu de Arte de Macau e o Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania, do Instituto Cultural vão acolher uma série de eventos e exposições temáticas. O tema do ciclo de eventos é “O Poder dos Museus”, evocando “o poder de alcançar a sustentabilidade, de inovar nas áreas da digitalização e da acessibilidade e de construir comunidades por meio da educação”. As inscrições para estes eventos decorrem desde sexta-feira. Hoje serão realizadas visitas guiadas no MAM e no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania, enquanto que no dia 29 de Maio os dois espaços vão celebrar o “Carnaval do Dia Internacional dos Museus de Macau 2022”, que decorre entre as 14h e as 18h. Neste carnaval serão realizados uma série de jogos, incluindo a “Caça ao Tesouro num Escritório do Bairro Iao Hon” e a “Caça ao Tesouro de Prendas da Transferência de Soberania de Macau”. O objectivo deste evento é “dar a conhecer os museus de forma divertida”. Entre os dias 22 e 29 de Maio acontece a actividade “Sonhando com a Macau Antiga”, que apresenta dois percursos ligados às características culturais dos bairros de Macau, e que são revelados na exposição de arte e fotografia “Colectivo YiiMa: Alegoria dos Sonhos”, de Ung Vai Meng e Chan Hin Io. De frisar que estes artistas representam Macau na edição deste ano da Bienal de Arte de Veneza, além de que esta mostra já esteve patente, em 2019, no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Dia 31 de Maio os dois artistas vão falar desta mostra na palestra “Plena de Desafios: a 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia”, que decorre de forma presencial e online. Exposições para todos Além dos eventos acima descrito, o público poderá também visitar as exposições que estão actualmente patentes no MAM, tal como “Imaginação Selvagem: Arte a Tinta Contemporânea em Guangdong – Hong-Kong – Macau de 2000 a 2022” ou “Nas Brisas da Primavera: Pinturas e Caligrafia de Yang Shanshen doadas à Colecção do MAM por Lei Loi Tak e Lao Ngai Leong”. O MAM tem também a “Exposição de Cerâmicas de Shiwan da Colecção do MAM” e “Retratos e Bustos por Tam Chi Sang doados ao Museu de Arte de Macau”. Está também prevista a instalação de um expositor sobre os trabalhos de “Colectivo YiiMa: Alegoria dos Sonhos”. Por sua vez, a “Exposição de Ofertas da Transferência de Soberania” encontra-se permanentemente patente no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania.
Andreia Sofia Silva EventosAntónio Mil-Homens, fotógrafo e artista: “Comunidade portuguesa deveria ser mais unida” É mais uma das figuras da comunidade portuguesa que deixa Macau ao fim de um punhado de anos. Depois de dar cartas nas áreas da fotografia, arte e poesia, António Mil-Homens regressa a Portugal onde pretende desenvolver workshops e residências artísticas. Para trás deixa inúmeras exposições e projectos culturais, lamentando que a comunidade portuguesa não dê mais apoio às associações de matriz portuguesa Deixa Macau ao fim de 15 anos, onde se afirmou como fotógrafo e artista. Foram anos fundamentais na construção de um percurso criativo? Sem dúvida. Aqui as possibilidades são diferentes em relação ao que se consegue fazer em Portugal. Na prática, não tive apoios, além da cedência de espaços. De todas as exposições tive o apoio efectivo, em 2009, por altura do 10º aniversário da RAEM, quando a Amélia António decidiu a vinda para Macau da minha exposição “Macau para Sempre” e a edição do livro. As outras exposições saíram-me do bolso, mas eu tenho uma má relação com os pedidos, porque as poucas vezes que pedi apoios foram-me recusados ou tiveram respostas tardias. Macau foi importante, mas está na hora de inverter a lógica dos últimos 15 anos. Regressa a Portugal, onde já tem projectos culturais pensados. Sim, tenho condições para os desenvolver e virei a Macau sempre que se justificar. Desde 2018 que tenho casa própria no Alto Alentejo e investi em infra-estruturas que me vão permitir desenvolver projectos na área cultural e ecológica. O cerne será a organização de workshops nas mais variadas áreas, irei convidar pessoas para ministrarem esses workshops nas áreas que não domino e disponibilizo alojamento. Pretendo também criar condições para fazer residências artísticas nas áreas da pintura e da escultura, por exemplo. O meu regresso tem também a ver com uma série de factores, o facto de estar aqui sozinho e de o trabalho na área da fotografia ter caído quase para zero. A fotografia tem evoluído em Macau de forma positiva? Houve uma evolução incrível, em prejuízo da fotografia como profissão e modo de vida. Entraram mais fotógrafos no mercado e o digital causou uma certa depreciação que o digital trouxe à forma como a fotografia é olhada, veio democratizar a fotografia. Aponto, o ano passado, a criação da associação Halftone que está a angariar cada vez mais associados, além da existência de outras associações chinesas. Quando foi para Macau já tinha planos definidos na área cultural? Tinha estado cinco meses e meio em Macau em 1996, antes da transição. Tinha voltado para fazer a cobertura da transição para a Revista Macau, que na altura era dirigida por Rogério Beltrão Coelho, e também colaborei com um outro projecto, o livro de José Pedro Castanheira, “Os Últimos Cem Dias do Império”. As fotografias não são todas minhas porque quando me juntei ao projecto ele já estava em marcha. Já tinha uma certa ideia de Macau em termos culturais. Claro que nunca me passou pela cabeça que seria em Macau, já numa fase recente, de desenvolver as valências da pintura e da poesia. Em 2010 decidi que os projectos poéticos que tinha na gaveta iam começar a sair, e foi quando editei o meu primeiro livro, uma edição de autor. Em 2020 comecei a pintar, sem qualquer formação ou experiência na área. Foi um processo que sinto como estranho, pela forma e intensidade como aconteceu. Como foi fotografar a transferência de soberania de Macau? Foi desafiante? Sim, na medida em que as situações que foram acontecendo eram as mais diversificadas. O projecto implicava que José Pedro Castanheira escrevesse um texto por dia, nos últimos cem dias da Administração portuguesa, e era necessária uma imagem para ilustrar cada texto, e aí foi um desafio. Mas sem modéstia digo que foi fácil na medida em que, odiando a rotina, nunca me especializei num determinado tipo de fotografia. Isso dá-me a capacidade de analisar qualquer tipo de fotografia que me seja solicitado. Foi exaustivo na fase final, pois estavam cá centenas de fotógrafos. Esperava a permanência desta cultura de matriz portuguesa no território? As iniciativas culturais que acontecem são representativas dessa cultura portuguesa? Diria que sim, embora mais pudesse ser feito. Não digo da parte da Casa de Portugal em Macau, que tem desenvolvido um trabalho ímpar, apesar dos apoios que cada vez são menores e dos encargos cada vez maiores. Mas falo da comunidade em si e das pessoas que a compõem. Teria sido importante essa demonstração de vitalidade cultural fosse ainda mais vincada. Esta é uma crítica construtiva, pois há muita gente que tem muito para dar e remete-se ao seu cantinho e não deita cá para fora a sua capacidade criativa. A pandemia está a mudar profundamente a comunidade portuguesa, mesmo em termos culturais? Sim. Nós, humanidade, nos chamados países desenvolvidos, habituámo-nos a um certo facilitismo no dia-a-dia, do que fazemos e não fazemos, do que gostamos ou não. Quando surge algo com impacto, como é o caso da pandemia, as pessoas perdem a capacidade de reagir pela positiva e de entender todas as implicações, a mudança que tem de passar a haver para encararmos o dia-a-dia e a relação com os outros. À conta dos direitos individuais esqueceram-se os deveres colectivos, a solidariedade, o respeito. Temos de aprender a virar a moeda e, com os olhos da esperança, podemos tirar lições destes maus momentos e descobrir algo positivo, apesar de tudo. O trabalho das entidades de matriz portuguesa está mais dificultado? Penso que sim, mas muitas vezes o trabalho diplomático, sobretudo se as pessoas não têm uma personalidade mais dinâmica ou para o exterior, passa despercebido ou nem é considerado. Colocamos o voto na urna e achamos que a nossa parte está feita, mas acho isso errado como cidadão, pois todos temos um papel no dia-a-dia. O mesmo se passa com a comunidade portuguesa, que deveria ser mais unida e dar mais apoio às instituições que a representam. Ficámos com um certo comodismo. Para os próximos anos como será a divulgação cultural a nível local? Haverá espaço para uma maior aproximação entre comunidades? Poderá haver a profissionalização de algumas áreas, por exemplo? Penso que sim, assim as pessoas consigam perceber as oportunidades e as dificuldades também. É aquilo que na maior parte das vezes não acontece. Houve uma transição em Macau, temos um período até 2049, mas quem pensaria que este seria um período imutável e que só 50 anos depois é que se viraria a página, é não conhecer minimamente a cultura chinesa. Esta é uma cultura de preparação e programação a longo prazo. É isso que temos de entender. Macau já não vai ser como era antes da pandemia, nem nenhuma outra parte do mundo. Aqui, com a queda acentuada do peso do jogo, que não vai voltar mais ao que foi, com a abertura para a Grande Baía, vão surgir desafios muito maiores, mas imensas oportunidades também. A competitividade será cada vez maior, pois vamos competir com Cantão, Hong Kong ou Shenzhen, e isto tem de obrigar a uma mudança de postura e de actividade.
Hoje Macau EventosÓbito | Morreu o escritor e jornalista Fernando Sobral, colaborador do HM Fernando Sobral morreu sexta-feira vítima de doença prolongada. Jornalista desde os anos 80, publicou vários romances sobre Macau e era colaborador regular do HM. Uma das últimas histórias, publicada em capítulos, foi “A Grande Dama do Chá” “O Oriente é a minha estrela polar. Guia-me, há muito. E, talvez por isso, alguns dos meus livros têm a ver directamente com esse mundo, para mim fascinante.” A frase pertence a Fernando Sobral, escritor e jornalista falecido na última sexta-feira, vítima de doença prolongada. Em 2017, em entrevista ao HM, o autor falava sobre “O Silêncio dos Céus”, o romance editado pela Livros do Oriente que contava a história de Diogo Inácio, um homem que sonha com a independência de Macau do reino português, buscando, ao mesmo tempo, a vingança em relação à mulher que o abandonou. Colaborador regular do HM, uma das histórias que escreveu para este jornal, em capítulos, foi “A Grande Dama do Chá”, em 2019, e que seria editada em livro pela Arranha-Céus no ano seguinte. Esta é uma história centrada em Macau, em vésperas da II Guerra Mundial, conjugando espionagem, música e paixão. Além disso, era colaborador d’O Jornal Económico. Nascido no Barreiro, em 1960, Fernando Sobral iniciou a sua carreira na imprensa, na década de 1980, quando era ainda aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, destacando-se desde logo em publicações como o antigo suplemento DN/Jovem, do Diário de Notícias. Ao longo de quase 40 anos, o seu nome esteve associado a jornais como Semanário, O Independente, Diário Económico, Se7e e Jornal de Negócios, onde foi grande repórter e autor da coluna “O Pulo do Gato”, sobre actualidade política, e da página temática “Oriente”, sobre a Ásia e o Médio Oriente. No Jornal Económico assinava, desde o ano passado, a coluna “Sociedade Recreativa”, que juntou a uma outra, anterior, sobre relógios, no caderno Et Cetera, onde publicou, esta semana, o último texto. Em 2020-21, assinou igualmente uma coluna de opinião no jornal Público. Durante a sua carreira, foi também colaborador de revistas como Ler, Máxima e Sábado, e ainda do jornal Correio da Manhã, onde assinou opinião sobre desporto. Os livros “As Jóias de Goa”, “Ela Cantava Fados”, “Na Pista da Dança”, “O Navio do Ópio”, “Torre de Papel”, “O Silêncio dos Céus”, “L.Ville”, “O Segredo do Hidroavião”, “Os Anos Sócrates – o grande jogo da política portuguesa” e “Futebol – o estádio global” são outros dos títulos em nome próprio, escritos desde o final dos anos 1990. Em co-autoria, escreveu ainda “Alfredo da Silva, a CUF e o Barreiro”, com Agostinho Leite e Elisabete de Sá, “Os Mais Poderosos da Economia Portuguesa” e “A Teia do Poder”, com Pedro Santos Guerreiro, e “Barings, a história do banco britânico que salvou Portugal”, com Paula Alexandra Cordeiro. Sobre o seu desaparecimento, Pedro Santos Guerreiro escreveu nas redes sociais: “Ele cantava fados. E agora o mundo não tem última página”. Em 1986, Fernando Sobral foi um dos nomes fundadores da Rádio Universidade Tejo, da Academia de Lisboa, trabalhando mais tarde na antiga Correio da Manhã Rádio, privilegiando sempre a abordagem de temas de arte e cultura e, em particular, a divulgação de novas tendências musicais. Foi também um dos fundadores da antiga Rádio Sul e Sueste, estação local do Barreiro, sua terra natal. Na televisão, foi colaborador regular de programas dedicados à música e à literatura, como “Escrita em Dia”, na SIC, e “Ler para Crer”, na RTP. “O nosso maior défice é o das ideias”, afirmou numa das derradeiras colunas que escreveu, no Público, em Junho de 2021, referindo-se a Portugal, para acrescentar de seguida: “Na nossa elite política, ninguém acredita que a cultura e o conhecimento continuam a ser importantes para a sociedade em geral e para se perceber a política global”. Há uma semana, n’O Jornal Económico, Fernando Sobral escreveu: “O horizonte dá as respostas: a crise vai chegar e com muita força. Há um Adamastor à nossa espera”.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | “ASIA.FAR”, de Francisco Ricarte, inaugurada este sábado Um total de 80 fotografias tiradas por Francisco Ricarte desde 2007 em Macau e vários locais da Ásia compõem a nova exposição que estará patente na Casa Garden a partir de amanhã. “ASIA.FAR” revela o olhar sensorial do fotógrafo e que constitui, acima de tudo, um exercício de memória e de reflexão Um olhar não é sempre igual, muito menos a memória. Quantas vezes voltámos a pousar os olhos em imagens tiradas num outro tempo, que hoje têm outro sentido? Este foi o ponto de partida para a nova exposição que Francisco Ricarte, arquitecto e fotógrafo, apresenta, a partir deste sábado, na Casa Garden. “ASIA.FAR” é o nome da mostra e espelha a sua essência: o olhar de Francisco António Ricarte (FAR) sobre Macau e os diversos locais da Ásia que tem visitado desde 2007. Francisco Ricarte deixa de antemão um aviso: esta não é uma exposição com fotografias turísticas, mas sim imagens que revelam uma outra sensibilidade. É, acima de tudo, uma “interpretação da Ásia aos olhos de um indivíduo”, contou ao HM. “Este exercício de memória sofre alterações e há aspectos que adquirem um outro significado, e é essa ideia que eu quis trabalhar, fazendo uma releitura dos registos fotográficos que fiz desde 2007 até este ano. Seleccionei um conjunto de imagens em que procurei demonstrar a minha sensação e percepção dos vários espaços visitados e como me marcaram inicialmente e ao fim de uns anos. Este foi o ponto de partida para esta exposição”, acrescentou Ricarte. Macau é, como não poderia deixar de ser, ponto de destaque para esta mostra. Há “duas linhas principais”, revelando-se “o foco na natureza, o património natural muito rico do ponto de vista visual” e depois a densidade populacional, o urbanismo intenso, os prédios altos. “Há também elementos físicos e mais contemporâneos, ligados à densidade e nas visões correntes que temos de Macau. Essa é uma série que designei como ‘Conheça os vizinhos’, e que traduz essa hiper-realidade que temos à nossa volta”, destacou. Uma Ásia “especial” “ASIA.FAR” revela também os locais que mais marcaram Francisco Ricarte, contando-se imagens de lugares como Hue, no Vietname. “Outro é um lugar fantástico e soberbo que é Angkor Wat, no Cambodja, que deixa qualquer pessoa sensibilizada. Mas há também outros locais como Banguecoque, uma primeira viagem que fiz ao Tibete, quando fui ao norte do Vietname, a Sapa. Não posso deixar de referir Japão e a cidade de Quioto que é uma lição de estética e de beleza.” Francisco Ricarte já nos habituou a apresentar muitas das suas fotografias a preto e branco, mas desta vez revela-se a cor, numa exposição que não tem um tema específico. “A exposição anterior que fiz foi mais temática, baseada num determinado contexto e realidade. Revelava uma visão muito particular e pontual. Este é um exercício sobre a memória dos espaços que me marcaram.” “Ao mesmo tempo que reconhecemos na Ásia a vibração da cor, também podemos reconhecer a intensidade dos negros, do claro e do escuro, dos contrastes, as sombras, o que é mais percebido e não visto. Esta exposição poderá dar lugar a esse entendimento”, adiantou Ricarte. Ao olhar para o trabalho fotográfico que fez nos últimos anos, Francisco Ricarte reconhece que evoluiu como fotógrafo, apesar de não ter pretensões. “Mal seria se assim não tivesse acontecido. Não tenho a pretensão de fazer coisas perfeitas mas a preocupação de fazer o exercício do olhar, a forma como vejo as coisas. Essa é a preocupação que foge da visão imediatista daquilo que é só curioso e típico. Procuro fugir disso e que as minhas fotografias traduzam algo mais emotivo e sensorial. Não são fotografias turísticas mas traduzem, sim, sentimentos sobre determinados aspectos.” É por isso que, em “ASIA.FAR”, as imagens “vão variando, no sentido em que no início somos contaminados quando chegamos à Ásia e a Macau, pelas cores e pelos cheiros, pela exuberância do que vimos, mas lentamente assimilamos esses factores e procuramos transformá-los e criar uma outra percepção”. A exposição é inaugurada amanhã às 17h30 e poderá ser vista até ao dia 19 de Junho.
Andreia Sofia Silva EventosDocumentário | Comuna de Han Ian organiza primeiro festival de produções locais Penny Lam, da associação Comuna de Han Ian, é o curador da primeira edição de um festival inteiramente dedicado ao documentário produzido sobre e em Macau e, acima de tudo, por quem é do território. O objectivo é revelar histórias que estão por contar e mostrar o trabalho de jovens realizadores A associação Comuna de Han Ian está a organizar a primeira edição de um festival inteiramente dedicado ao género documentário mas com produções sobre o território e feitas por realizadores locais. A primeira edição da Competição do Documentário de Macau, que, além da exibição dos filmes irá incluir uma exposição, decorre em Julho, sendo que as submissões de projectos podem ser feitas até à próxima segunda-feira, dia 16. A organização não tem ainda um local definido para a realização do evento. “Como uma das maiores associações que promove o cinema documental na cidade, a Comuna de Han-Ian tem providenciado uma plataforma para mostrar os trabalhos que são feitos em todo o mundo, procurando uma liberdade criativa nos últimos anos. Esperamos poder estabelecer a primeira competição que se foca apenas nos documentários de Macau, a fim de apresentarmos o trabalho dos realizadores locais de forma profissional”, lê-se numa nota. O júri será composto por realizadores e representantes da indústria do cinema da China, sendo que o documentário seleccionado como “Melhor Filme” irá obter um certificado e um prémio de dez mil patacas, além de ser exibido publicamente. Ao HM, o curador do evento, Penny Lam, explicou que quaisquer residentes de Macau, mesmo os que vivam no estrangeiro, podem concorrer. De frisar que a Comuna de Han-Ian tem vindo a organizar, desde 2016, um outro evento dedicado ao género documentário, o Festival Internacional do Documentário de Macau, que irá também decorrer em Julho. “Organizamos, desde 2016, este festival, mas este não se foca muito nos documentários produzidos em Macau, porque existem outros eventos nos quais os realizadores participam. Pensei que, com a minha experiência, poderia promover mais os documentários que são realizados em Macau para um nível mais profissional, uma vez que tenho contacto com curadores de outros festivais a nível internacional.” Segundo Penny Lam, a ideia sempre foi “fazer uma competição focada apenas nos realizadores locais, juntamente com um ciclo de exibição de filmes e uma exposição, para mostrar os trabalhos dos participantes junto do público”. O objectivo é atrair “uma grande quantidade de submissões”, incluindo projectos que normalmente são candidatos às competições organizadas pelo Instituto Cultural. “Também espero muitas submissões de realizadores de Macau que vivam fora do território, em Portugal por exemplo, porque não necessitamos que o filme seja filmado em Macau. Podem ser realizadores com ligações a Macau ou então co-realizadores, por exemplo. Estou algo ansioso pelas submissões que serão apresentadas e que tenham sido filmadas noutros países.” Números “muito bons” Penny Lam acredita que Macau é, acima de tudo, um território onde há muitas histórias por contar, daí um novo festival fazer todo o sentido. “Há temas de Macau que são bons para explorar no género documentário, tal como elementos culturais que estão a desaparecer. Mas o que espero no futuro é que possa existir maior criatividade na produção de documentários e essa é uma das razões pelas quais eu estou a promover esta competição, porque queremos ver e descobrir até que ponto vai essa criatividade junto dos realizadores locais.” O curador diz ainda que os jovens realizadores têm prestado cada vez mais atenção a este género cinematográfico. “Todos os anos os números relativos ao público [dos nossos eventos] são muito bons. Acredito que o género documentário tem um impacto positivo não apenas junto do público mas também por parte dos realizadores. Os realizadores de Macau são muito focados neste género e revelam muito entusiasmo, e penso que muitos jovens optam por fazer documentários, porque Macau está a mudar muito rapidamente, mesmo que seja uma cidade pequena.” Desta forma, “o documentário constitui um bom começo para muitos realizadores locais, porque a produção é mais barata e existe maior liberdade em matéria de conteúdos e filmagens”. “Muitas pessoas estão de facto a começar a sua carreira por este género”, frisou Penny Lam. Ainda assim, o responsável da associação Comuna de Han-Ian alerta para os desafios constantes em organizar festivais deste género. “Há o patrocínio do IC mas existem muitas dificuldades em organizar estes eventos porque não há uma grande indústria cinematográfica e não existe, a nível local, uma mentalidade para a realização de um festival de cinema. É difícil para nós encontrar bons parceiros e a equipa para este evento é muito nova, tudo é novo. Temos de fazer muitas tentativas e discutir muitas coisas porque não temos um modelo de evento semelhante que possamos copiar. Não temos experiência e profissionais”, conclui.
Hoje Macau EventosPrémio A-Má | Fundação Casa de Macau lança segunda edição A Fundação Casa de Macau (FCM) aceita, até ao dia 15 de setembro, textos literários para a realização da segunda edição do Prémio A-Má. Trata-se de uma iniciativa que visa “incentivar e premiar o talento e a criatividade no âmbito da divulgação e da valorização da identidade macaense, em particular na sua expressão literária”. À semelhança do que aconteceu na primeira edição, serão atribuídos prémios aos primeiros dois classificados. Caroline Ting, Ana Cristina Alves, Fátima Almeida e Maria Helena do Carmo foram as vencedoras da primeira edição deste concurso, que recebeu um total de 16 candidaturas. Dada a qualidade dos trabalhos, o júri decidiu atribuir dois primeiros prémios e duas distinções ex-aequo. Os dois primeiros classificados recebem um prémio pecuniário no valor de 500 euros [cerca de 4.500 patacas].
João Luz EventosCinemateca Paixão | Festival celebra a importância da composição musical na sétima arte A partir de 20 de Maio, a Cinemateca Paixão apresenta o festival “Sinfonia da Música no Cinema”. Até meados de Junho, serão exibidos 26 filmes fortemente marcados por bandas sonoras, assim como películas centradas nas vidas e obras de compositores e músicos A aliança entre áudio e imagem é um dos elementos mágicos que transporta o cinema para uma dimensão pluralmente artística com profundo alcance emocional. Esta ideia é um dos principais elementos que estão na génese do ciclo “Sinfonia da Música no Cinema”, em exibição na Cinemateca Paixão entre 20 de Maio e 17 de Junho. No cartaz, que reúne 26 películas, contam-se alguns clássicos intemporais como “Sunrise: A Song of Two Humans” do mestre Murnau, “French Cancan” de Jean Renoir, “Cabaret” que catapultou Liza Minelli para o estrelato e “The Docks of New York”, do cineasta Josef von Sternberg. O ciclo de filmes inclui obras como “Buena Vista Social Club”, que tem marcado presença assídua no ecrã da Cinemateca Paixão, “Searching for Sugar Man” e dois filmes onde a música de Ryuichi Sakamoto está em destaque. Porém, “Ryuichi Sakamoto: async at the Park Avenue Armory” e “Ryuichi Sakamoto: CODA” têm lotação esgotada, seguindo a tradicional rapidez com que os bilhetes da Cinemateca Paixão são vendidos. O festival “Sinfonia da Música no Cinema” arranca a 20 de Maio (sexta-feira), com a exibição de dois filmes: “Icarus. The Legend of Mietek Kosz”, de autoria do realizador polaco Maciej Pieprzyca, e “Cabaret” de Bob Fosse. As sessões estão marcadas para as 19h e 21h30 e o filme polaco será o primeiro a passar na tela da Travessa da Paixão. “Icarus. The Legend of Mietek Kosz”, que estreou em Outubro de 2019, é um filme biográfico que retrata a vida e carreira de Mieczysław Kosz, um pianista cego excepcionalmente dotado que no final dos anos 1960 foi a grande revelação no panorama do jazz polaco e europeu. Quem falhar a primeira sessão, terá a oportunidade de ver “Icarus. The Legend of Mietek Kosz” no dia 9 de Junho, às 19h. A fechar a sessão inaugural, a Cinemateca Paixão apresenta “Cabaret”, o musical que catapultou Liza Minelli para o estrelato. O filme, realizado por Bob Fosse e com Michael York e Joel Grey no elenco, marcou a primeira performance musical de Minelli no grande ecrã. O filme mereceu amplo reconhecimento do público e da crítica, principalmente da Academia de Hollywood, arrebatando o maior número de óscares atribuídos a uma película que não venceu a categoria de melhor filme. Minelli venceu o óscar de melhor actriz, Grey foi distinguido como melhor actor secundário, Bob Fosse levou para casa a estatueta de melhor realizador. Pelo caminho, “Cabaret” ainda ganhou os óscares para melhor fotografia, direcção artística, sonoplastia, banda sonora, entre outros. Além da sessão inaugural no dia 20 de Maio, “Cabaret” será exibido a 29 de Maio, às 21h30. As outras pautas O cartaz inclui ainda clássicos com “Sunrise: A Song of Two Humans”, um filme de 1927 de F. W. Murnau (exibido a 28 de Maio, às 19h), “French Cancan”, marco dos musicais europeus de autoria de Jean Renoir e lançado em 1955 (exibido na cinemateca a 22 de Maio às 21h30 e 2 de Junho às 19h e “The Docks of New York”, de Josef von Sternberg, lançado em 1928 e apresentado a 3 de Junho às 19h. A Cinemateca Paixão irá exibir a versão colorida deste clássico do cinema mudo, que ainda assim estabelece uma ligação ao submundo dos cabarets e outros locais de reputação duvidosa onde as mais inovadoras correntes musicais floresciam. Num plano mais contemporâneo, destaque para “Maria By Callas”, um documentário de 2017 da autoria do realizador Tom Volf sobre a vida e obra da diva da ópera. O filme começa com uma série de entrevistas inéditas a Maria Callas, três anos antes de falecer, abordando a vida da diva desde a infância humilde em Nova Iorque até ao estrelato global. “Maria By Callas” será apresentado a 8 de Junho às 21h. Vidas na pauta A categoria dos filmes biográficos com epicentro na música é reforçada no festival “Sinfonia da Música no Cinema” com a exibição de “Buena Vista Social Club”, no dia 10 de Junho pelas 19h, um documentário que traça uma viagem pela música cubana conduzida pela inconfundível lente de Win Wenders. Seguindo a toada de documentários musicais, a Cinemateca Paixão irá exibir a 24 de Maio (às 19h) “Searching for Sugar Man”, filme que se tornou num fenómeno internacional de popularidade. O documentário do sueco Malik Bendjelloul centra-se em torno da figura e obra de Sixto Rodriguez, um músico norte-americano que ganhou notoriedade no final dos anos 70 até aos anos 90 do século passado em países como África do Sul, Austrália, Botswana, Nova Zelândia e Zimbabwe. Relativamente obscuro no seu próprio país, Rodriguez alimentou uma legião de fãs fieis nos locais mais improváveis. O documentário segue a aventura de dois fãs sul-africanos que tentam encontrar Sugar Man Rodriguez de forma a desmistificar um rumor que dava o cantor como morto. O resultado é uma obra com uma forte componente emocional que volta a apresentar ao mundo a música de um autor que passou a carreira num paradoxo: desconhecido na sua própria terra e idolatrado nalguns pontos do globo. O cartaz do ciclo inclui ainda filmes como “Inside Llewyn Davis” dos irmãos Cohen (26 de Maio às 19h, e 5 e 15 de Junho às 21h), “Our Little Sister” do japonês Hirokazu Koreeda (exibido numa sessão única às 19h do dia 7 de Junho), “8 Femmes” de François Ozon (25 de Maio às 21h30 e 12 de Junho às 19h) e “Ulysses’ Gaze”, do grego Theo Angelopoulos exibido a 4 de Junho às 19h. Os bilhetes para este ciclo custam 60 patacas.
Hoje Macau EventosFotografia | Pátio da Eterna Felicidade recebe exposição de Chan Hin Io Foi inaugurada, na passada sexta-feira, a exposição “Vizinhança: Fotografia Documental por Chan Hin Io”, organizada pelo Instituto Cultural (IC). Até ao dia 24 de Julho podem ser vistas fotografias que retratam os modos de vida dos vários pátios antigos localizados na zona do Porto Interior, estando a exposição aberta ao público, de forma gratuita, no número 10 do Pátio da Eterna Felicidade. O público poderá ver de perto 26 obras de fotografia documental da autoria do fotógrafo de Macau Chan Hin Io, que, entre 2004 e 2021, se dedicou a fotografar locais perto da Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens e Rua de Cinco de Outubro. O destaque vai para o Pátio da Eterna Felicidade, onde Chan Hin Io reside e trabalha. Estas fotografias, com o tema “Vizinhança” revelam “momentos amigáveis e harmoniosos no ambiente de convívio comunitário” tendo sido registadas, “de forma simples e natural, a vida quotidiana dos residentes das zonas antigas, o aspecto das ruas e travessas, os edifícios de habitação, lojas tradicionais e vendilhões”. Desta forma, esta mostra “demonstra a capacidade minuciosa de observação do autor”. Um maior conhecimento Com esta exposição, o IC pretende “estreitar os laços entre os moradores do Pátio da Eterna Felicidade com a sua comunidade”, além de “aprofundar o conhecimento do público sobre o Pátio da Eterna Felicidade e as zonas contíguas, no sentido de transmitir a história, a cultura e a memória colectiva de Macau”. Residente em Macau desde 1999, o fotógrafo Chan Hin Io tem sempre a lente da sua câmara apontada para a paisagem cultural e urbanística de Macau. O IC descreve que os seus trabalhos são “dotados de interesse artístico, histórico e cultural significativos”, sendo também “sinónimos da memória colectiva de Macau” ao captarem “a fisionomia desta cidade e as vicissitudes de todos os sectores dos bairros antigos do território”.
Hoje Macau EventosHotel Timor é tema central de novo romance de Luís Cardoso Luís Cardoso, escritor timorense radicado em Portugal, prepara um novo romance centrado no Hotel Timor, contou à agência Lusa. “Todo o enredo do livro tem a ver com a situação que se vive em Timor e como os escritores têm todos uma paixão ou fixação pelos hotéis. Em Timor-Leste, há um hotel muito importante que se chama Hotel Timor, daí ter como referência este meu novo trabalho”, explicou o autor de “O Plantador de Abóboras”, com o qual venceu a mais recente edição do prémio Oceanos. O escritor disse que este trabalho ainda não tem data prevista para publicação, realçando que o seu novo romance “sai quando tiver de sair”. Luís Cardoso lembrou que todos os seus romances falam de Timor-Leste, “partindo sempre de um facto histórico”. “Tento sempre desenvolver um enredo que tenha a ver com um acontecimento em Timor-Leste. A título de exemplo: falo sobre a Segunda Guerra Mundial, falo sobre actual situação em Timor e guerras que tiveram lugar em Timor”, disse. O papel do português Questionado sobre a importância da língua portuguesa no espaço lusófono e no mundo, Luís Cardoso disse que o português é um património comum, não é só de Portugal. “Eu costumo dizer que a língua portuguesa é o oceano que nos une. Contudo, vamos falando a língua portuguesa de diferentes formas. Aqui fala-se o português de Portugal e nós falamos o português de Timor-Leste e ao apropriamo-nos desta língua fazemos a nossa união”, vincou o romancista, lembrando a prevalência do tétum em Timor-Leste. Luís Cardoso vincou que a língua portuguesa tem grandes capacidades para se afirmar no mundo, salientando que há grandes escritores a trabalhar sobre este idioma. “A língua portuguesa tem uma dimensão universal havendo muitas pessoas que através destes escritores e os que eles representam e vêm à procura deste país [Portugal]. Não nos podemos esquecer que temos um Prémio Nobel de Literatura [José Saramago]. Não só um prémio de Portugal, mas um prémio da língua portuguesa. Portanto, nós partilhamos esse prémio Nobel”, vincou. Sobre a situação no seu país de origem, Luís Cardoso salientou que Timor-Leste “está pacífico”, mas que “algumas convulsões” se devem ao facto de ser uma democracia ainda jovem. “Em Portugal, o regime democrático está consolidado. E num país como o nosso, que só tem 20 anos, as convulsões têm outra dimensão. A democracia constrói-se e Portugal já está numa dimensão da democracia bem consolidada, nós ainda não, estamos a iniciar”, observou. Da mesma maneira que a democracia timorense é um projecto a germinar, também a literatura do país se está a desenvolver, num país com uma vertente oral muito rica. “O que nós muitas vezes fazemos é ir buscar a tradição oral e trazê-la para a escrita”, enfatizou o romancista.
Andreia Sofia Silva EventosBeatriz da Silva, designer de moda macaense: “Continuo apaixonada por aquilo que faço” Fez formação em belas artes, mas a necessidade de ter autonomia financeira fê-la voltar-se para o mundo da moda. Há 14 anos, Beatriz da Silva, macaense, abriu o seu atelier no Soho, em Hong Kong, e não mais parou de criar peças femininas, elegantes e de alta qualidade. Manter a marca em contexto de crise pandémica tem sido um dos grandes desafios Como começou a paixão pelo mundo da moda? Estudei belas artes no Canadá, nos anos 80. Fiz algumas exposições individuais em Londres, Canadá e Macau. É difícil viver a cem por cento da arte. Tive sorte de, em Xangai, conhecer uma pessoa numa das minhas exposições que gostou do meu trabalho e me contratou como designer para trabalhar na sua fábrica. Nessa altura, quando trabalhava numa sala com amostras, fui aprendendo como fazer uma colecção de vestuário, e apaixonei-me por essa área. Além disso, realisticamente, tinha de me sustentar, porque ser artista, uma pintora, é impossível atingir esse objectivo. Por essa razão é que transformei a minha carreira e me tornei numa designer de moda. Depois dessa experiência trabalhei em Londres durante muitos anos para marcas como a Burberry. Até que tive a oportunidade de vir para Hong Kong e trabalhar numa empresa ligada ao comércio de vestuário. Aí aprendi muito sobre o mundo da manufactura e em termos de desenvolvimento [de peças e colecções]. Antes estava na área do retalho e do design e não tinha muitos conhecimentos sobre o fornecimento de encomendas e produção. Depois de sete ou oito anos, quando se deu a crise financeira de 2008, fiquei em regime de lay-off. Era difícil encontrar trabalho, e em 2009 decidi lançar a minha própria marca. Aluguei uma loja no Soho e ainda hoje estou aqui. Acabou por construir uma carreira quase por acaso. Continuo apaixonada por aquilo que faço. Construí uma carreira sólida, tenho os meus clientes fiéis que me apoiam desde que lancei a minha marca. Quais os grandes conceitos e ideias que estão por detrás da sua marca? Ela é, acima de tudo, sobre individualidade, paixão, inspiração, a crença na nossa própria personalidade. A marca “Beatriz da Silva” foca-se muito na ideia de bem-estar. Posso garantir que as minhas peças duram bastante tempo e são intemporais. Uso bons tecidos e a minha aposta é sempre em fazer moda de qualidade e não a chamada moda rápida [fast fashion]. Uma peça minha feita há 10 ou 15 anos pode continuar a ser usada hoje em dia, e a qualidade mantém-se. Acredito na necessidade de protegeremos o ambiente e tento fazer algo que seja sustentável. Há pessoas que compram uma peça barata, usam-na duas ou três vezes e depois essa peça deixa de ter qualidade e é deitada fora. Para mim, isso é promover o desperdício. A minha filosofia é fazer algo com valor, e quando se adquire uma peça minha, adquire-se qualidade. O preço pode ser um pouco elevado, mas se olharmos para a qualidade dos tecidos e materiais, não é assim tão elevado. Uso linhos e sedas, tecidos naturais e elegantes para enriquecer as minhas colecções. A sustentabilidade é, portanto, um aspecto fundamental da sua marca. Para mim há toda uma filosofia por detrás [da marca]. Ser uma pessoa por detrás de cada colecção visa atingir uma sensação de bem-estar ao vestir uma peça e ter consciência do que está à nossa volta. Quero construir [peças] que devolvam algo à sociedade e que tragam algo de diferente. Em última análise, compramos algo que não é caro, e entendo que nem toda a gente pode comprar peças de roupa caras, mas entendo que, como seres humanos, devemos criar algo em prol da comunidade. Há muitas questões em torno desta ideia de sustentabilidade. Quando alguém veste uma peça de roupa criada por si, como é que essa pessoa se pode definir? Prefiro fazer sempre roupa de mulher, em primeiro lugar. Quando trabalhei em Londres cheguei a ter formação em roupa de homem, e quando cheguei a Hong Kong trabalhei com colecções masculinas e femininas, mas sempre gostei mais de fazer roupa de mulher. Penso que as mulheres que vestem as minhas roupas são inteligentes, elegantes e muito focadas na sua carreira. São mulheres que sabem o que querem e que têm uma personalidade forte. Não tenho problema em vender as minhas colecções para mulheres que sabem apreciar a qualidade dos tecidos e dos materiais. A maior parte dos meus clientes são pessoas bem formadas em termos profissionais e têm um estilo de vida apaixonado, sabem como viver plenamente. Muitas dizem-me “tenho uma festa, arranje-me um vestido que me faça parecer fabulosa”. Adoro fazer com que as minhas clientes se sintam bem com elas mesmas. Hong Kong constitui um importante mercado no mundo da moda. Como é ser designer no território numa altura em que o território enfrenta grandes mudanças? Hong Kong é um mercado difícil, porque tem sido um lugar com uma tensão entre ricos e pobres. Não temos uma classe média, pois temos os expatriados que vivem muito bem e os locais, a classe trabalhadora, que vive constrangida no dia-a-dia, com baixos salários. Obviamente não tenho um grande nome, não tenho uma grande empresa, trabalho sozinha. Posso dizer que é muito difícil construir uma marca em Hong Kong, a não ser que tenhamos uma almofada financeira ou uma grande empresa por detrás. Como não é esse o caso, tenho de ser muito cuidadosa na forma como construo uma colecção, pois tenho de fazer muito bem o trabalho de publicidade. Até este momento vendo as minhas peças e também faço fornecimento para grandes empresas, como designer. Tenho uma equipa de recursos humanos limitada, mas acredito que se formos bons e profissionais não precisamos de uma grande equipa para nos ajudar. Tendo em conta a pandemia, houve mais desafios para manter o negócio? Sem dúvida. Também os protestos que decorreram no centro de Hong Kong, em 2019, afectaram bastante o meu negócio. Mesmo as pessoas normais [que não estavam ligadas aos protestos] não tinham vontade de sair e consumir. E depois foi a pandemia, todos passámos por algo que ninguém esperava, e o meu negócio voltou a ser severamente afectado. Mas acredito que, ao fim ao cabo, as coisas vão voltar ao normal e acredito que Hong Kong se torne num lugar resiliente. Acredito nas pessoas que lutam todos os dias para manter a sua vida e a sua família. As pessoas de Hong Kong trabalham arduamente e dou-lhes todo o crédito. Sente que a sua marca evoluiu e mudou nos últimos anos? Sim. Aprendi muito nos últimos anos, desde a minha primeira colecção, embora haja coisas que nunca mudam, como o espírito das minhas colecções. Mas, em 14 anos, há certos elementos do meu design que fui alterando, porque quando temos uma marca temos de criar esse valor comercial e eu tenho de ser um pouco comercial. Essa parte representará cerca de 30 por cento do meu trabalho, e o restante diz respeito à qualidade e valor [das peças] e aquilo em que acreditamos sempre.
Hoje Macau EventosCreative Macau | Mostra “Asas de Maio” abre portas na próxima semana Intitula-se “Asas de Maio” e é a nova exposição organizada pela Creative Macau com trabalhos artísticos em papel com assinatura de Bing Cheong e Elisa Vilaça, directora da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau. Esta promete ser uma mostra reveladora de memórias, criatividade e onde também se exprimem preocupações com um meio ambiente mais sustentável O público poderá ver, a partir da próxima quinta-feira, 12, diversos trabalhos artísticos feitos em papel por duas artistas locais. Para a sua nova exposição, a Creative Macau convidou Bing Cheong e Elisa Vilaça, directora da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau, e reconhecida pelo seu trabalho com marionetas. “Asas de Maio” será inaugurada no dia 12, às 18h30, num evento que inclui uma actuação do músico Photon Lam. Para a Creative Macau, estas duas artistas “têm feito o seu percurso criativo originando obras com materiais recicláveis”, sendo que esta mostra “oferece ao público aspectos poéticos tangíveis e intangíveis de ver e sentir o mundo das artistas convidadas, que certamente darão uma nova vida ao espaço, surpreendendo o imaginário dos visitantes”. Enquanto que Bing Cheong está mais ligada ao mundo da moda, Elisa Vilaça destaca-se pelo trabalho na área das artes performativas. “Ambas estão acostumadas a dar forma às ideias num curtíssimo espaço de tempo para espectáculos e possuem uma vasta experiência profissional e diferentes expressões criativas. Têm ainda em comum tornar o mundo das ideias em realidade, em dimensão e exagero, algo que também é efémero”, descreve a Creative Macau. Reciclar e criar A mostra, que pode ser visitada até ao dia 11 de Junho, acaba por retratar as vivências pessoais de cada uma das artistas. Bing Cheong, fundadora da Circle I Studio Company Limited, pratica meditação e considera-se uma “principiante de arte”. “Com imperfeições na vida, aprendi a apreciar o que adquiri, a desfrutar dos momentos felizes, a sentir cada passo para realizar o que sou agora. É importante para mim viver despreocupada e contente”, descreve, na mesma nota de imprensa. Já Elisa Vilaça, foi buscar inspiração para este trabalho às memórias de infância, quando a avó a “mimava com pequenos bonecos e brinquedos, feitos a partir dos materiais que a natureza lhe oferecia”. “Essa é, para mim, uma recordação maravilhosa. Esse contacto com a natureza na infância foi sem dúvida marcante no meu crescimento e amadurecimento. Sendo hoje em dia, para mim, uma preocupação permanente a preservação ambiental, a melhor forma que encontrei para o manifestar foi a concepção desta exposição”, acrescenta a artista. Elisa Vilaça descreve ainda que esta mostra “partindo precisamente do que a natureza nos oferece, pretende, de uma forma orgânica, criativa e plástica, cruzar as múltiplas possibilidades da exploração do papel, também ele com origem na natureza, com outros materiais naturais”. Para a realização destes trabalhos, Elisa Vilaça foi buscar material recolhido das ruas de Macau após a ocorrência de dois tufões. “Posso afirmar que a sua exploração me permitiu criar além do real e concretizar o meu sonho de voar com Asas de Maio”, conclui.
Hoje Macau Eventos“Alabardas”, de José Saramago, pode interpelar sobre conflito na Ucrânia As ideias e disposição intelectual de José Saramago “mantêm uma vigorosa capacidade de interpelação e diálogo com o nosso tempo”, ao ponto de o romance “Alabardas” poder dialogar com a “abominável” guerra na Ucrânia, segundo o escritor Fernando Gómez Aguilera. O ensaísta espanhol, director da Fundação César Manrique e especialista na obra de José Saramago, acaba de publicar o livro “José Saramago. El pájaro que pía posado en el rinoceronte” (“José Saramago. O pássaro que chilreia empoleirado no rinoceronte”), no âmbito da comemoração do centenário do nascimento do Prémio Nobel da Literatura, português. Fernando Gómez Aguilera assinalou, em entrevista à Efe, que o estudo da obra literária de José Saramago mostra que “as suas ideias e a sua disposição intelectual mantêm uma vigorosa capacidade de questionamento e de diálogo com o nosso tempo”. Neste sentido, cita o caso do romance inacabado “Alabardas, alabardas…” que, na sua opinião, “dialoga com a abominável guerra na Ucrânia promovida pela Rússia e a corrida aos armamentos em curso”. Além disso, “a sua grande convicção de que prioridade nenhuma está acima do ser humano é mais actual do que nunca”. Um alerta sobre o sistema Fernando Gómez Aguilera alude à capacidade de Saramago, como intelectual e contador de histórias, de “nos alertar para os desvios do sistema e questioná-lo”, algo que considera ocorrer tanto na sua literatura como no seu activismo público, enquanto cidadão e intelectual comprometido com o seu tempo, que “implantou uma vigilância crítica muito dinâmica, característica da sua personalidade, longe da indiferença e do isolamento estético”. O poeta e ensaísta espanhol, que é também curador da Fundação José Saramago, foi um grande amigo do Prémio Nobel da Literatura e é um dos principais estudiosos da sua obra, tendo publicado os livros “José Saramago en sus palabras” (2010) e “José Saramago. La consistencia de los sueños” (2008 e 2010, edição ampliada), e uma cronobiografia com o mesmo nome da exposição de grande escala que comissariou sobre o escritor em 2008, que foi exibida em Lanzarote, Lisboa, Cidade do México e São Paulo. De acordo com o autor, o título escolhido para “José Saramago. O pássaro que chilreia empoleirado no rinoceronte” vem de uma expressão do conhecido professor, filósofo, ensaísta e crítico literário franco-americano George Steiner, em referência a uma experiência que teve durante uma viagem a África numa reserva onde observou “aqueles preciosos passarinhos amarelos que se empoleiram no rinoceronte e chilreiam como loucos para avisar que o rinoceronte se está a aproximar”. O livro, com prefácio de Pilar del Río, presidente da Fundação Saramago, foi publicado pela Editorial La Umbría y la Solana, Madrid, e inclui estudos literários dedicados à maioria dos livros de Saramago escritos em Lanzarote desde 1992, quando estabeleceu a sua residência nas Ilhas Canárias acompanhado pela sua mulher, Pilar del Río. Também trata dos títulos publicados após a sua morte e, especificamente, das leituras interpretativas dos livros “Ensaio sobre a Cegueira”, “Cadernos de Lanzarote”, “Todos os Nomes”, “Ensaio sobre a Lucidez”, “As Intermitências da Morte”, “As Pequenas Memórias”, “A Viagem do Elefante”, “Caim”, “A Estátua e a Pedra”, “Claraboia”, “Alabardas” e “Último Caderno de Lanzarote: o diário do ano do Nobel”. Segundo Fernando Gómez Aguilera, os livros abordados foram publicados durante o seu período de residência em Lanzarote ou surgiram após a sua morte, ou seja, no período entre 1992 e 2010, um período na vida de José Saramago “em que imprimiu um sinal diferente no seu estilo, influenciado talvez pela paisagem de Lanzarote e pelo novo tema que abordou, ligado aos conflitos dos seres humanos contemporâneos e à análise da realidade”.
Hoje Macau EventosFRC | Colóquio celebra as “Cartas Portuguesas”, de Mariana Alcoforado A Fundação Rui Cunha acolhe esta quinta-feira, a propósito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, uma palestra de análise às “Cartas Portuguesas”, escritas por Mariana Alcoforado a um militar francês em 1664. Vários académicos, incluindo Leonor Diaz de Seabra, da Universidade de Macau, participam no evento É já esta quinta-feira, às 18h30, que o romantismo e o amor no feminino serão analisados e debatidos na Fundação Rui Cunha (FRC). A palestra “Cartas Portuguesas: Amar no Feminino”, onde se explora o universo dos escritos de Mariana Alcoforado, uma freira do Convento de Beja, em Portugal. Esta enviou cartas, em 1664, a De Chamilly, um militar francês que lutou por Portugal na Guerra da Restauração. A FRC associa-se, assim, à Associação dos Amigos do Livro em Macau, ao Instituto Português do Oriente, Fundação Oriente e Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong para a realização desta iniciativa. As “Cartas Portuguesas” são “um documento de um romantismo exacerbado, fruto de uma paixão e entrega absolutas que mereceu comentários de Stendhal e Rousseau”. “Talvez por isso se tenha tornado numa obra – prima da literatura universal e consagrado como um testemunho de amor total. Apesar do seu classicismo, tem despertado grande interesse no campo das artes – teatro, cinema e opera”, acrescenta a FRC em nota de imprensa. Esta será uma sessão híbrida, com participantes em formato presencial e zoom. Leonor Diaz de Seabra, da Universidade de Macau, estará presente a falar de “Mariana Alcoforado e a sua época”, enquanto que Shee Vá fala de “Carta a uma Alma Gémea”. Por sua vez, Lawrence Lei, também de forma presencial, abordará o tema “Um Sonho Perfumado”. Via zoom, de Lisboa, estará presente Victor Correia a falar de “As Cartas Portuguesas – Amar em português e no feminino”. Do Brasil estará Luciana Barboza, a abordar o tema “Cartas portuguesas em cena – a emoção no palco”, bem como João Guilherme Ripper, que protagonizará a conversa “Procedimentos composicionais na ópera Cartas Portuguesas”. Myriam Cyr participa do Canadá discutindo o tema “Letters of a Portuguese Nun – Uncovering the Mystery behind a 17th Century Forbidden Love” [Cartas de uma Freira Portuguesa – Descobrindo o mistério por detrás de um amor proibido do século XVII]. Devoção questionada Soror Mariana Alcoforado nasceu na cidade alentejana de Beja, Portugal, no ano de 1640, tendo ingressado, com apenas 12 anos, no Convento de Nossa Senhora da Conceição. No entanto, a ideia de dedicar toda uma vida a Deus foi posta à prova quando esta conheceu o cavaleiro francês Noel Bouton, marquês de Chamilly, que estava em Portugal com as suas tropas, a propósito da Guerra da Restauração. As “Cartas Portuguesas” são, assim, testemunho de um amor impossível entre uma freira e um militar, tendo sido publicadas, pela primeira vez, em 1669 pelo escritor Lavergne de Guilleraggues.
Hoje Macau EventosFotografia | Lançado décimo número da revista Zine Photo Acaba de sair a edição número 10 da publicação Zine Photo, projecto fotográfico de João Miguel Barros. Intitulada “Timeless”, esta edição inclui “três pequenas histórias visuais: uma sobre a simbologia da fé, outra sobre uma fábrica artesanal de peles e uma terceira sobre um monte alentejano em ruínas”, aponta uma nota de imprensa. As imagens são a preto e branco, característica que tem pautado o trabalho de João Miguel Barros. Esta publicação pode ser adquirida através do site https://www.zine.photo/home/ ou na Livraria Portuguesa, tendo um custo de 180 patacas. A mesma nota dá conta que a edição número 2 da revista está esgotada e que há outras edições prestes a esgotarem também. Sendo uma edição da galeria Ochre Space, projecto que João Miguel Barros possui em Lisboa, a Zine Photo deixa de ser publicada este ano, quando atingir a 12.ª edição. As edições são limitadas a 300 exemplares cada.