Hoje Macau EventosChina é o país mais representado nas coleções não europeias dos museus portugueses, revela inquérito A China é o país mais representado nas coleções não europeias dos museus portugueses, seguida de Angola, Índia, Moçambique e Brasil, indicam os resultados preliminares de um inquérito realizado pela comissão nacional do Conselho Internacional de Museus (ICOM-Portugal). O inquérito ‘online’ sobre a presença de património proveniente de territórios não europeus nos museus portugueses, públicos e privados, foi lançado em finais de maio, pelo ICOM Portugal, com o objetivo de promover um maior conhecimento do património destas coleções à sua guarda. De acordo com os resultados preliminares revelados à agência Lusa, no que diz respeito às proveniências destas coleções, “o continente asiático superioriza-se em relação à África e à América do Sul, existindo também uma prevalência de peças provenientes da América do Norte e Central e, em menor escala, da Oceânia”. O inquérito – o primeiro no género realizado no país – esteve aberto a todos os museus durante cerca de quatro meses nos canais de comunicação do ICOM-Portugal, “sendo que a adesão acabou por ser moderada”, segundo o museólogo Gonçalo de Carvalho Amaro, responsável pelo inquérito, e membro dos corpos sociais do ICOM-Portugal. Dos 414 museus em Portugal, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, receberam 45 respostas, o que representa uma participação na ordem dos 11%. Apesar de aparentar tratar-se de uma percentagem baixa de adesão, o responsável apontou que “a globalidade dos principais museus com coleções não europeias respondeu ao inquérito”. “No entanto, surpreendeu-nos a ausência de resposta de alguns museus nacionais dos quais se conhece a presença de coleções com estas características”, apontou. A perspetiva da iniciativa visa compreender a sua quantificação, distribuição pelo país, estado de conservação, estudo e inventariação, e o modo como foi incorporado nos acervos destes museus. Relativamente às sub-regiões ou países representados nas coleções dos museus portugueses, a China surge no primeiro lugar (20 respostas), seguida de Angola (15) e Índia, Moçambique e Brasil (ambos com 14), Timor-Leste (11) e Sudeste Asiático (10). Responderam sobretudo museus cujas coleções teriam um caráter artístico (25 respostas) ou etnográfico (23) seguidos de coleções arqueológicas (11), História Natural e documentais (ambas com sete) e restos humanos (seis), indicam ainda os resultados preliminares do inquérito. Deste património “destaca-se o facto de 62% conter documentação associada, aspeto relevante para compreender como estas coleções chegaram ao museu, e para conhecer proveniências e características, e 92% está inventariado, contudo somente 60% está estudado”, indicou o técnico superior do Museu de São Roque, em Lisboa, e professor convidado de museologia na Pontifícia Universidade Católica do Chile. “Convém ainda acrescentar que a maior parte dos bens chegou aos museus por doação (29 respostas), seguido de compra (19), depósito (15), fundo antigo (13) e transferência (nove)”, acrescentou o investigador integrado no Instituto de História Contemporânea. A maioria das respostas (27) indicou que as tipologias das suas coleções eram artísticas, seguidas das etnográficas (25), arqueológicas (14), de história natural (nove), documentais (oito) e restos humanos (seis). “É também relevante referir que 76% respondeu que as coleções deram entrada nos museus antes da convenção da UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura] de 1970, uma data importante, uma vez que a partir desta convenção, passou a existir um maior controlo internacional da importação, exportação e transferência ilícita da propriedade de bens culturais”, salientou o historiador e arqueólogo. Lisboa e Vale do Tejo foi a região com mais respostas (27%), seguida do Algarve (18%) e das regiões Norte (16%) e Autónoma dos Açores (16%). “Os valores dos Açores são muito interessantes: dos 19 museus existentes na região responderam sete, sendo claramente a região que mais aderiu ao inquérito”, representando cerca de 40% dos museus da região açoriana. A participação dos museus das duas regiões autónomas representou 22% das respostas totais, e os museus da região Sul do Tejo – Lisboa, com Alentejo e Algarve – corresponderam a 51 % das respostas totais. No que diz respeito às tutelas destes museus, “notou-se uma participação maioritária dos museus municipais” (24%) e regionais (22%), seguidos dos museus nacionais (16%) – dos quais metade eram afetos à Direção-Geral do Património Cultural -, museus de ciência (11%), seguidos dos museus privados (9%), de fundação (9%) e outros (9%). Os dados preliminares do inquérito destacam ainda a presença dos três principais museus universitários: Lisboa, Porto e Coimbra. Os resultados são apresentados no decorrer do “Encontro de Outono” do ICOM-Portugal, subordinado ao tema “Museus com coleções não europeias”, que está a decorrer hoje, e continua na sexta-feira, no Museu Municipal Santos Rocha, na Figueira da Foz, com a presença de especialistas e vários responsáveis portugueses e estrangeiros, nomeadamente, Ana Margarida Ferreira, do Museu Santos Rocha, Luís Raposo, presidente do ICOM-Europa, Elke Kellner, do ICOM Áustria, Guido Gryseels, do Royal Museum for Central Africa (Bélgica), e Luís Pérez, Museo Nacional de Antropologia, ICOM Espanha.
Andreia Sofia Silva EventosArquitectura | Atelier de João Ó e Rita Machado distinguido nos Architecture Masterprize “Chasing Sounds”, desenvolvido em Hong Kong pelo atelier Improptu Projects, acaba de ser distinguido com o prémio “Landscape Architecture”, categoria de “Installation and structures”, dos Architecture Masterprize. João Ó e Rita Machado assumem querer cada vez mais desenvolver iniciativas multidisciplinares que vão além da chamada arquitectura tradicional A inserção da construção tradicional com o bambu numa paisagem natural transformou-se no projecto “Chasing Sounds” e deu o terceiro prémio deste ano ao atelier Improptu Projects, de João Ó e Rita Machado. A dupla, juntamente com Madalena Saldanha e Alexandre Marquês, acaba de vencer o prémio “Landscape Architecture” [Arquitectura de Paisagem], na categoria “Installation and Structures” [Instalações e Estruturas], dos Architecture Masterprize Awards. “Chasing Sounds” esteve exposto no Hong Kong Zoological and Botanical Gardens onde representava as ondas de música, com o objectivo de desenvolver “um ambiente sonoro para o público entrar e ter uma experiência imersiva”. A iniciativa partiu de uma parceria com a orquestra Hong Kong New Music Essemble. Rita Machado assume ao HM que este prémio “é um reconhecimento de todo um percurso que temos vindo a traçar desde a abertura do nosso estúdio”, bem como “uma projecção local e internacional que nos interessa para a divulgação das nossas concepções de espaços e projectos”. “Chasing Sounds” começou a ser pensado e preparado em 2017 e, devido às restrições da covid-19, levou a equipa a desenvolvê-lo à distância, sem poder estar fisicamente em Hong Kong. O convite formal por parte da Hong Kong New Music Essemble chegou em 2018, mas só este ano é que o projecto foi concebido. “A intenção era fazer um coreto ou um palco que pudesse albergar uma série de espectáculos no jardim zoológico e botânico de Hong Kong. Depois de várias reuniões percebemos que queríamos experimentar um novo conceito, que passava por o público ir ao encontro da música. Nesse sentido criámos uma onda sonora, um percurso, onde os músicos pudessem estar localizados em pontos rigorosamente escolhidos por eles e que fizesse com que o público fluísse na estrutura indo ao encontro dos diferentes tipos de sons”, adiantou Rita Machado. Esta estrutura acabou por ganhar transparência, criando “um espaço muito envolvente” e que “cria momentos de visão e de vivência do espaço diferentes”. Rita Machado recorda que nunca se tratou “de um recinto fechado”, mas sim de um local que “permitia esta permeabilidade do espaço”. Além do convencional João Ó revela também que este prémio traduz a vontade do atelier em abraçar projectos cada vez mais multidisciplinares, que não passem apenas pela arquitectura mais tradicional, de construção de edifícios. “Tentamos traçar um percurso paralelo, mas significativo, que é propor instalações num espaço público. Espaços improváveis, alternativas de ocupação. Tudo isso tem vindo a vingar com prémios internacionais, o que é muito bom”, frisou. Esta acaba por ser uma arquitectura efémera, mas “abre o leque daquilo que [ela] pode ser, com pensamento crítico e do espaço público”, acrescenta o arquitecto. João Ó fala ainda da importância da dinâmica que se criou no diálogo com a Hong Kong New Essemble para desenvolver “Chasing Sounds”. “Discutimos o projecto com o compositor também. Toda esta sinergia de discussão ajudou-nos a ultrapassar as limitações, para que não estejamos sempre agarrados às mesmas fórmulas. Apesar de se usar o bambu, esta discussão leva a outro tipo de intervenção. Queremos cada vez mais colaborar com diferentes disciplinas”, exemplificou o arquitecto. O fotojornalista português e ex-editor do HM, Gonçalo Lobo Pinheiro, foi outro dos distinguidos, naquele que foi a primeira edição do prémio virado para a fotografia de arquitectura. Uma imagem do hotel e casino Grand Lisboa, da perspectiva da Rua Nova à Guia, foi a escolhida.
Hoje Macau Eventos Manchete“Hush!” | Festival regressa este sábado com géneros musicais para todos os gostos Sob o tema “Música ao longo da costa”, o festival “Hush!” regressa já este sábado com concertos e workshops onde a diversidade musical é palavra de ordem. O cartaz conta com músicos locais como os “Free Yoga Mats”, os “Jocking Case” ou o jazz do brasileiro João Mascarenhas, entre muitos outros O festival de música “Hush!” está de regresso este sábado e tem como tema “Música ao longo da costa”. O cartaz integra mais de 50 bandas locais que actuam num festival que termina no dia 28 deste mês. O “Hush!” É organizado pelo Instituto Cultural (IC) em colaboração com o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e Direcção dos Serviços do Turismo (DST). Este fim-de-semana acontece o evento “Ouvir hush! na Tenda”, na Praça do Centro de Ciência, que oferece um programa musical diverso que inclui rock, jazz ou música electrónica, entre outros géneros musicais. No sábado, os “Free Yoga Mats” sobem ao palco a partir das 15h, seguindo-se nomes como o do músico de jazz João Mascarenhas e “Jocking Case”. Além dos espectáculos, o programa inclui demonstrações de BMX e skateboard, estando ainda disponíveis quase uma centena de tendas de venda de produtos de merchadising da marca “Hush!”, bem como de produtos criativos e da gastronomia locais. O festival deste ano traz também uma novidade, o “GEG hush! kids”, que inclui um palco e uma zona infantil onde também haverá concertos de grupos como “Water Singers” ou “The Chairs”. No domingo, dia 7, a música continua a acontecer na Praça do Centro de Ciência com “Filipe Tou & Friends” e “If Monsters Were Men”, entre outros. Também pela primeira vez este ano, será apresentado o “Concerto de Rock no Litoral”, que se divide em dois espectáculos agendados para o dia 21, e que acontecem no Largo do Pagode da Barra e numa barcaça, propriedade da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), onde a música promete terminar só no final da noite. A partir das 18h, actuam, dentro do cartaz do “Concerto de Rock no Litoral”, grupos como “Asura”, “Pyjamars”, “Scamper” e “FIDA”. Dia 19 é a data escolhida para o concerto “Perdido pelas Cidades – À Descoberta do Arco-Íris – Noite de Música Electrónica”, que acontece no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais, n.º 2. No dia seguinte, é a vez do “Concerto Upbeat Power”, com um programa que integra o rock japonês, o heavy metal e a música pop. Neste dia actuam bandas como os NÁV, dupla composta por Manuel Variz e Dave Wan que toca handpan, e ainda o grupo “Girl’s Whisper”. No Porto Interior Nos dias 27 e 28 de Novembro acontece o “Concerto no Terraço ao Pôr-do-Sol”, no terraço do espaço Ponte 9, e o espectáculo “Vozes Femininas na Brisa Marítima”, além do evento “O Confortável Mundo da Música”. Estes três espectáculos trazem ao público diferentes géneros musicais, desde a música acústica, música electrónica e taças sonoras. Exemplo disso, é a actuação do grupo Concrete/Lotus, de Joana de Freitas e Kelsey Wilhem, que aposta nas batidas electrónicas, e os “thetiredeyes”, com uma sonoridade mais jazz. Além dos espectáculos, o festival integra ainda um conjunto de workshops no cartaz. Os eventos do “Hush!” Têm entrada livre mas estão sujeitos à reserva de lugares devido à limitação de espaços. A reserva pode ser feita no website do IC a partir das 10h de amanhã.
Hoje Macau EventosFotografia | Imagem do Grand Lisboa vence prémio do Architecture Photography MasterPrize O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, ex-editor do HM, venceu a primeira edição do prémio “Best of Best” de fotografia de arquitectura do Architecture Photography MasterPrize (APMP). A imagem, intitulada “Glitz and Grit”, ligada à temática da paisagem urbana, venceu na categoria “Exterior Photography” (Fotografia de Exterior), no segmento Profissional. Trata-se de uma fotografia tirada ao casino e hotel Grand Lisboa em 2018, mas a partir da perspectiva da Rua Nova à Guia. A fotografia foi captada em 2018 para uma reportagem sobre inequidade em Macau que foi publicada pelo jornal inglês The Guardian. Posteriormente, um pouco por todo o mundo, participou em diversas exposições colectivas e foi publicada em livro. “Glitz and Grit” também venceu o Latin American Fotografia 8 e o Umbra International Photography, além de ter sido finalista e a escolha de editores no National Geographic Travel Photo Contest em 2019. A imagem do Grand Lisboa foi também distinguida em muitos outros concursos. Citado por uma nota de imprensa, Gonçalo Lobo Pinheiro assume que tem vindo a ser “muito feliz” com esta fotografia. “Só tenho de estar muito agradecido com mais esta distinção. É um privilégio, enquanto português, vencer um prémio com uma fotografia de Macau, local onde resido desde 2010. Acabo por, de certo modo, representar os dois territórios nesta que é a primeira edição deste prémio.” O fotojornalista recorda que esta imagem “não é inédita” mas que “ilustra bem o que é a paisagem urbana de Macau, esta mistura entre o velho e o novo, entre a opulência e o frugal, se assim podemos dizer”. O Architecture MasterPrize foi criado, em 2015, pelo Farmani Group como uma iniciativa do IDA – International Design Awards, que reconhece e celebra o design multidisciplinar inteligente e sustentável desde 2007.
Hoje Macau EventosFotografia | Associação Halftone promove o lançamento de livro e exposição “This is My Street” é o nome do novo projecto da associação Halftone que se dedica a mostrar o que de melhor se faz na área da fotografia, mesmo por pessoas que não são profissionais. No próximo dia 13 será lançado um livro de fotografia e inaugurada uma exposição no Hotel Artyzen, sendo esta uma iniciativa que visa angariar fundos para uma instituição local de Macau que acolhe crianças com deficiências mentais e físicas. A ideia para esta iniciativa partiu da criação de uma página no Facebook onde os interessados poderiam colocar uma foto das suas ruas, para que as pessoas pudessem partilhar o que estavam a viver nestes dois anos de pandemia. A página tem participantes oriundos de mais de 130 países e recebeu mais de sete mil fotos tiradas em 2020 e 2021. É um projecto de Macau para o mundo. Outro dos objectivos do projecto “This is My Street” é “celebrar a humanidade, resiliência e arte de partilha através de uma acção filantrópica”. Além disso, “é um projecto que também pretende falar sobre a responsabilidade social e como as empresas de Macau podem contribuir para o bem-estar da sociedade de uma forma mais eficiente e mais orientada”. Fundos com embaixadores Para o processo de recolha de fundos foram nomeados seis embaixadores de Macau que vão apadrinhar uma foto da exposição colocando-a nas suas redes sociais e apelando às para adquirir a foto com uma licitação online. Quem oferecer o montante mais elevado irá receber a foto no dia de inauguração da exposição, dia 13 de Novembro. Os embaixadores do projecto são personalidades locais de diferentes sectores da sociedade ligados ao mundo empresarial, artístico e não governamental. A mostra pode ser vista até ao dia 28 deste mês. “This is My Street” é apoiado ainda por entidades ou associações como o International Ladies Club of Macau e Zonta Club of Macau, bem como a creche Smart, gerida por esta associação.
Hoje Macau EventosKa-Hó | Documentos históricos em exposição Foi inaugurada no sábado a exposição “Lugar de Esperança – Exposição de Documentos Históricos das Leprosarias de Macau”, que terá um carácter permanente e visa contar ao público a história da antiga leprosaria situada na vila de Ka-Hó, em Coloane. Além da exposição, abriu também portas a Vila de Nossa Senhora de Ka-Hó, após concluído um trabalho de restauro iniciado em 2013. Antes deste processo “as cinco casas e o antigo espaço recreativo encontravam-se em diferentes graus de degradação e envelhecimento”, adianta o Instituto Cultural (IC), que decidiu realizar o restauro de cada edifício “de acordo com os seus materiais e a configuração arquitectónica original”. A Vila de Nossa Senhora de Ka-Hó foi, entretanto, incluída no terceiro grupo dos bens imóveis, incluindo a Vila de Nossa Senhora (Antiga Leprosaria de Ká-Hó) e a Igreja de Nossa Senhora das Dores. A exposição, que pode ser visitada no antigo centro de actividades e casa adjacente, apresenta quase uma centena de arquivos e materiais seleccionados das colecções guardadas pelo Arquivo de Macau. É também apresentado um estudo sobre o desenvolvimento das instalações para o tratamento da lepra no território. Além disto, a mostra “procura ainda evidenciar o papel pioneiro assumido pela sociedade na promoção de acções de assistência a pacientes leprosos e na difusão do humanitarismo em Macau”. Está também disponível para visita uma segunda exposição que fecha portas a 6 de Maio do próximo ano. O IC promove ainda várias palestras temáticas sobre este capítulo da história de Macau.
Andreia Sofia Silva EventosKINO | Festival começa amanhã e traz o clássico “Metropolis”, de Fritz Lang Pela sexta vez, o festival de cinema alemão chega a Macau fruto da parceria entre a associação CUT e o Instituto Goethe de Hong Kong. O KINO destaca o movimento expressionista do cinema alemão e traz ao território o clássico “Metropolis”, de Fritz Lang. As exibições têm lugar no Cinema Alegria e na Casa Garden A associação CUT, que geriu anteriormente a Cinemateca Paixão, traz de volta a Macau o festival de cinema alemão KINO. A sexta edição arranca amanhã e apresenta cinco novos filmes além de clássicos do Expressionismo alemão, como “Metropolis”, de Fritz Lang. As exibições acontecem entre esta sexta-feira e domingo, e ainda entre os dias 12 a 14 de Novembro, no Cinema Alegria e na Casa Garden. Os cinco novos filmes apresentados são a expressão de vários géneros cinematográficos e temas, como ficção científica, comédia, amor ou história. O cartaz inclui também quatro clássicos do Expressionismo alemão, onde, além de “Metropolis”, figuram “The Cabinet of Dr. Caligari”, “Nosferatu” e “The Golem: How He Came into the World”, títulos que acabaram por influenciar realizadores contemporâneos como David Lynch e Tim Burton. Estes clássicos alemães deixaram também a sua marca no clássico de Ridley Scott “Blade Runner”, por exemplo. Os bilhetes estão à venda desde o dia 25 de Outubro e podem ser adquiridos online, tendo um custo de 70 patacas. O cartaz começa esta sexta-feira, às 19h30, com a exibição de “Kiss me Before it Blows Up!”, um filme de 2020 de Gershon Klein. Este filme retrata uma história de amor que ultrapassa fronteiras e culturas, com a história de amor de duas mulheres israelitas que se apaixonam por uma mulher alemã e um homem da Palestina. Depressa as diferenças sócio-culturais entre famílias se tornam demasiado evidentes, gerando situações de tensão. No domingo é dia de exibir, também no Cinema Alegria, às 16h30, o filme “The Kangaroo Chronicles”. Ainda neste dia, o público poderá ver, às 19h30 na Casa Garden, o clássico “Nosferatu”, que inspirou muitos outros filme de terror. “Nosferatu” conta a história de um vampiro que vive luxuosamente no seu castelo e que procura o sangue de uma bela mulher, enquanto espera uma oportunidade para regressar ao mundo. Já “The Cabinet of Dr. Caligari” é exibido no sábado, às 19h30, também na Casa Garden, retrata a vida de um homem sonâmbulo que hipnotizado comete uma série de crimes. Este filme é visto como uma metáfora do crescimento do Nazismo na Alemanha nos anos 30 e sobre os acontecimentos que antecederam a II Guerra Mundial – uma submissão quase irracional a uma nova autoridade fascista. O KINO prossegue no fim-de-semana seguinte com a exibição, dia 12, de “The German Lesson”, que se baseia num dos mais famosos romances alemães da literatura do pós-II Guerra Mundial. A história passa-se, portanto, no período pós-1945, quando Siggi Jepsen, um jovem detido, tem de escrever um ensaio, que só consegue ver a luz do dia quando o seu autor se encontra preso. Depressa vêm ao de cima as memórias do seu pai, polícia, que teve de banir uma pintura do artista expressionista Max Ludwig Nansen para responder aos desígnios nazis. Siggi, então com 11 anos de idade, depressa se vê envolvido num conflito que lhe traz as tristes memórias do passado. “The German Lesson” venceu dois prémios e recebeu três nomeações em festivais. Metropolis no Alegria O KINO volta a acontecer no sábado dia 13, na Casa Garden, com a exibição, às 15h, do filme “Berlin Alexanderplatz”, seguindo-se, no domingo, “Tides”, exibido no Cinema Alegria às 16h30. Este é um filme que explora a temática actual do abuso de recursos naturais e da necessidade de protecção do meio ambiente, decorrendo numa altura em que o planeta Terra é afectado por uma catástrofe global. É então que a colónia espacial Kepler resolve organizar uma missão para analisar em que condições se encontra o planeta, onde a vida humana se tornou impossível. Também no dia 13, é exibido “Metropolis”, às 21h30, à volta do qual foi construída toda a imagem gráfica do KINO. Nesta obra-prima do cinema, Fritz Lang experimenta, pela primeira vez, efeitos especiais que mais tarde se tornariam comuns para muitos realizadores. “Metropolis” é um filme distópico e futurista que conta a história de um mundo que se divide em duas classes sociais: os que se divertem e bebem a toda a hora, e os restantes que trabalham até à morte. Em “Metropolis”, Fritz Lang imagina um mundo com robots sem pensamento próprio, que se limitam a cumprir as regras impostas por um regime. Mesmo aqueles que outrora se rebelavam contra o sistema. Domingo, dia 14, é exibido, na Casa Garden e às 19h30, mais um clássico: “The Golem: How he came into the world”, filmado em Praga. Esta obra foi realizada por Karl Freund e traz novamente para o ecrã leituras sobre o período político da Alemanha à época, marcado pelo anti-semitismo e pelo nazismo. Além da exibição dos filmes, o KINO apresenta também uma palestra, protagonizada por Derek Lam, onde os amantes do cinema poderão aprender mais sobre o movimento expressionista alemão. Esta palestra será transmitida online e está agendada para sábado, dia 19h, entre as 18h e as 19h.
Andreia Sofia Silva EventosPoesia | “Salitre”, de Duarte Drumond Braga, editado na RAEM pela Capítulo Oriental O novo livro do académico Duarte Drumond Braga tem Macau como musa e tema central. “Salitre” será editado este mês pela Capítulo Oriental e é, como descreve o autor, uma metáfora poética sobre as características do território “É que / na aldeia lê-se o que há na papelaria, / vai-se a tudo o que há no Dom Pedro V / desfraldou-se uma vela / e perseguimos o pirata”. O verso do poema “Sal” espelha bem a matéria do mais recente livro de poemas de Duarte Drumond Braga, académico da Universidade de Lisboa que viveu em Macau. “Sal” é um dos poemas que integra “Salitre”, livro de poesia inteiramente dedicado ao território, com versos escritos entre os anos de 2019 e 2020. Editado este mês no território pela Capítulo Oriental, com apoio da Universidade de Macau, ainda sem data oficial de lançamento devido à pandemia. A obra terá também lançamento em Lisboa. O livro de poesia é uma ode metafórica ao território que acolheu Duarte Drumond Braga. “Salitre é um fenómeno químico bem conhecido que actua nas paredes das casas. O salitre talvez possa ser uma metáfora da acumulação de sinais, traços, uns legíveis outros menos, que constitui uma cidade como Macau. Poderia ser também o bolor ou o mofo, bem conhecidos dos habitantes de Macau, mas já há um livro de Augusto Abelaira com o título do primeiro e talvez estes remetam menos para a escrita como acumulação de traços ou raspagens”, contou ao HM. O poeta e investigador escreveu “Salitre” ao mesmo tempo que ia fazendo versos para “Os Sininhos do Inferno”, mas os poemas do livro agora lançado foram “quase exclusivamente” escritos no território. Escrever novamente sobre Macau surgiu como uma necessidade, dado o interesse constante do autor pelas suas “textualidades”. “É pena termos sempre acesso a um dos lados da moeda apenas, nós que não falamos chinês, porque o texto-Macau tem muitas autorias. O livro procura mostrar, antes de mais graficamente, que esta é uma cidade que é também um conjunto de citações, em línguas diferentes, que se cruzam, formando um texto único, mas de autoria múltipla.” A Macau histórica Nestas muitas versões da mesma história, há também espaço para a Macau histórica, consumo de ópio e piratas. Exemplo disso é o verso “No esterquilínio / é a cena do ópio: / um homem / tragicamente hirsuto / de olhos rolados, / dobrado sobre si mesmo / como um feto ao fogo / e uma mulher / que queima bolas”. Mas, conforme explicou Duarte Drumond Braga, “Salitre” não é apenas isso. Os seus poemas contêm referências “a espaços muito concretos”, e não apenas a eventos históricos. “Volta-se a esse imaginário para colocá-lo de forma diferente, por vezes de forma cortante. Creio que ainda há marcas de um certo exotismo na literatura em língua portuguesa de/sobre Macau. Este livro demarca-se dele, ainda que não se esgote nisso.” A Capítulo Oriental indica que a obra contém uma Macau “lida como uma cidade-texto, feita de letras, signos, sinais”, “uma cidade que é também um conjunto de citações, em línguas diferentes, que se cruzam, formando um texto único, mas de autoria múltipla”. Uma interpenetração “Salitre” é também uma espécie de “livro-colagem”, onde “os versos à esquerda são da minha autoria e os destacados à direita pertencem a vários livros de literatura e até de história de Macau”, aponta o seu autor. Neste processo, “os lugares, as referências históricas e as personagens dessa cidade constituem um mapa que mobiliza a transformação de Macau em tropo da linguagem”. Investigador na área da literatura comparada, Duarte Drumond Braga adianta que “a investigação e a poesia são actividades que se interpenetram”. “Interessa-me cada vez mais a poesia como forma de investigação, interessa-me construi-la em simultâneo com as questões que eu estudo, como sendo a Ásia e a produção escrita de língua portuguesa, essencialmente”, frisou. Editar “Salitre”, o seu terceiro livro de poesia, em Macau é importante para o autor. “Vinte anos depois da transferência da soberania, a publicação de qualquer livro em língua portuguesa em Macau – o que é talvez mais significativo quanto a um livro de literatura – constitui, em si mesmo, um facto cultural de relevo”, rematou. Fundada em 2019, a Capítulo Oriental é a primeira agência literária a trabalhar entre a Ásia e países ou territórios de língua portuguesa, e que tem sede em Macau. Representa também autores de Macau, China, Hong Kong, Taiwan e Portugal, entre outros territórios.
Hoje Macau EventosGoverno promove actividades para divulgar história do Colégio de S. Paulo O Instituto Cultural (IC) promove, a partir do dia 6, várias actividades que visam dar a conhecer a história do Colégio de S. Paulo e as descobertas arqueológicas na Rua de D. Belchior Carneiro, situada atrás das Ruínas de São Paulo. Entre os meses de Novembro e Dezembro decorrem visitas guiadas, workshops e jogos digitais. “A realização desta iniciativa tem como objectivo enriquecer a forma de exposição e de educação sobre os vestígios históricos encontrados no referido fosso e optimizar o nível de conhecimento e experiência do público sobre a história e o valor destes vestígios e das Ruínas do Colégio de S. Paulo”, explica o IC. As visitas guiadas incluem um itinerário na zona das Ruínas do Colégio de S. Paulo, que abrange os vestígios históricos encontrados no fosso sito na Rua de D. Belchior Carneiro, as ruínas da antiga Igreja da Madre de Deus e os vestígios do Colégio e antigo muro, entre outros elementos. O limite máximo de participação é de 20 pessoas por cada sessão, com uma duração de cerca de 45 minutos. As visitas guiadas decorrem aos fins-de-semana e feriados públicos, pelas 11, 12, 14 e 15 horas, com apresentação feita em cantonês ou mandarim. Já as visitas guiadas exclusivas terão lugar pelas 11 horas dos dias 27 e 28 de Novembro e nos dias 4 e 5 de Dezembro Ainda é possível reservar vagas para as visitas guiadas de grupo, disponíveis em cantonês, mandarim, inglês e português. As reservas são feitas através do número 2836 6320. O “Workshop Familiar de Exploração do Colégio de S. Paulo” nos dias 20, 21, 27 e 28 de Novembro, às 15h, e às 10h30 e 15h do dia 5 de Dezembro. Esta actividade inclui visitas guiadas às zonas arqueológicas do Colégio de S. Paulo e a demonstração de actividades artesanais temáticas. A ideia é que toda a família possa participar neste workshop. Lançadas moedas comemorativas Além destas actividades o IC lança ainda uma colecção de novas moedas comemorativas a propósito da abertura ao público da área de conservação e exposição dos Vestígios Arqueológicos do Fosso do Colégio de S. Paulo. As moedas, com edição limitada, são inspiradas no Colégio de S. Paulo e nos vestígios históricos da Rua de D. Belchior Carneiro. Os interessados podem dirigir-se presencialmente à referida área, entre 6 de Novembro e 31 de Dezembro, à zona das Ruínas de S. Paulo ou à área dos vestígios históricos do Colégio de S. Paulo, para efectuarem a leitura do código QR disponibilizado na placa de informação disposta nestes locais, de modo a acederem ao website. Nessa plataforma, os concorrentes que concluírem com sucesso dois dos três desafios apresentados terão oportunidade de receber uma moeda comemorativa. Os interessados em participar nas visitas guiadas exclusivas e nos workshops familiares podem efectuar a sua inscrição a partir do dia 6 de Novembro através do website www.icm.gov.mo/eform/event.
Hoje Macau EventosOrquestra Chinesa de Macau | Concerto “Dança de Cordas” acontece dia 20 A Orquestra Chinesa de Macau (OCM) apresenta no próximo sábado, dia 20, o concerto “Dança de Cordas”, que acontece no Teatro D. Pedro V por volta das 20h. Chen Jun irá actuar com a OCM e apresentar a música chinesa em cordas friccionadas. Neste concerto Chen Jun irá colaborar com intérpretes da secção de cordas da OCM para apresentar “Cenas de Uma Aldeia na Montanha”, composta por Chen Yaoxing, que apresenta uma bela melodia lírica com um ritmo alegre e simples, característica do tipo de música de Shandong. Zhang Yueru, concertino da OCM, apresentará “Na Pradaria com Zhonghu”, de Liu Mingyuan, que revela “a deslumbrante paisagem dos vastos campos, bem como o temperamento caloroso e cheio de energia do povo”. Por sua vez, o chefe de Zhonghu, Li Feng, fará uma interpretação de “Melodia Paizi” da Ópera Qinqiang e adaptada por Guo Futuan, acompanhada por Banhu. Com esta actuação o público poderá apreciar o estilo da música de Qinqiang. A OCM vai também interpretar o repertório de Erhu, presente no recente documentário “Um Travo da China”. Chen Jun é considerado o “Guerreiro Taichi de Erhu” e é a segunda geração da família Chen que tem Chen Yaoxing como mestre de Erhu. Além disso, é um dos principais músicos de Erhu da China e um intérprete de primeira classe, tendo actuado em países e regiões como os EUA, Japão, Rússia ou Alemanha, entre outros. Os bilhetes para o concerto encontram-se à venda desde sábado e custam entre 100 e 120 patacas.
Hoje Macau EventosLusofonia | Inaugurada exposição de Reginaldo Pereira Foi inaugurada na sexta-feira a exposição “O Homem e a Floresta”, de Reginaldo Pereira, artista brasileiro, e que se insere no ciclo de exposições “Policromias lusófonas”, inserido na 13.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa. A mostra estará patente na sede do Fórum Macau e pretende “revisitar a grande cultura do Brasil que se estende pelas florestas profundas da Amazónia, pelo ecológico Pantanal ou ainda pelas gigantescas metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou Belo Horizonte”. Reginaldo Pereira nasceu em 1971 na região do Maranhão, no Brasil, tendo vivido a sua infância “num meio bucólico”. O artista começou a fazer arte sozinho, tendo desenvolvido as suas técnicas de desenho e pintura na cidade de Imperatriz, em Maranhão, onde viveu oito anos. Em 1994 Reginaldo Pereira mudou-se para São Paulo e iniciou os estudos na escola Academia Brasileira de Artes (ABRA). Em 1997 o artista foi viver para em Uberaba, Minas Gerais, onde começou a dar aulas. Com um grupo de alunos abriu um estúdio e galeria de arte, onde pesquisa, estuda e ensina pintura a óleo sobre tela. Desde 1992 que Reginaldo Pereira participou em diversas exposições colectivas e individuais, nomeadamente no Brasil e em Portugal. Com “O Homem e a Floresta” Reginaldo Pereira “integra as diversas cores de uma forma superior ao seu entendimento, é a sua alma em paz que faz toda essa fusão entre o Homem e a Floresta”. Desta forma, “quando as várias cores se tocam e bailam aos sons dos pássaros e do riacho que corre, em palavras em favor das árvores, e animais, e da vida.” A exposição pode ser visitada até ao dia 14 de Novembro, tendo entrada livre. Neste período serão realizados três workshops ministrados pela Casa do Brasil em Macau.
Pedro Arede Eventos MancheteLusofonia | Festival de 10 a 12 de Dezembro. IC garante ter dialogado com associações O Festival da Lusofonia vai acontecer entre 10 a 12 de Dezembro integrado no Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. A Presidente do IC garante ter dialogado com as associações participantes. Amélia António diz que a Casa de Portugal apenas foi informada da decisão, mas que “o importante é fazer” Está confirmado. O Instituto Cultural (IC) anunciou ontem que o Festival da Lusofonia será realizado no fim-de-semana de 10 a 12 de Dezembro, integrado na 3.ª edição do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Depois de os novos surtos de covid-19 registados em Macau terem levado ao adiamento do evento para uma data a confirmar em Dezembro, facto que causou algum descontentamento às associações lusófonas participantes devido à sobreposição com actividades natalícias, a presidente do IC, Mok Ian Ian garantiu que houve sempre diálogo e que a decisão de alterar a data “não foi fácil”. “Há sempre coordenação e diálogo. Temos mantido uma boa comunicação [com todas as associações]”, começou por dizer à margem da apresentação do Festival de Artes e Cultura. “O Festival de Artes está na 3.ª edição e foi interrompido no ano passado. Esperamos que organizando os dois festivais em conjunto, possamos criar uma sinergia, dinamizar melhor os eventos e trazer um ambiente artístico melhor para a cidade em prol da promoção do intercâmbio cultural”, acrescentou. Caso a evolução da pandemia assim o permita, Mok Ian Ian garantiu que, no próximo ano, a ideia será retomar o modelo habitual, que passa pela autonomização do Festival da Lusofonia em relação ao festival de artes. “Para o próximo ano, se tivermos melhores condições com a estabilização da epidemia, esperamos retomar o plano anterior, ou seja realizar (…) o Festival de Lusofonia à parte”, assegurou. Sobre aquela que será a 24.ª edição do Festival da Lusofonia, foi dito que o espaço das Casas da Taipa vai receber 10 expositores culturais das comunidades lusófonas: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, e também da comunidade local. Além disso, não estando prevista uma redução do número de stands, haverá ainda espaço, como habitual, para mostras culturais, espetáculos de música e dança, jogos tradicionais portugueses e gastronomia típica. É o que temos Contactada pelo HM, a presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, confirmou que houve comunicação por parte do IC sobre as datas, mas que esta foi em sentido único e apresentada “como sendo a alteração possível”. “Não era uma data para ser analisada ou discutida”, apontou. Segundo Amélia António, que não esconde a frustração com as novas datas, a justificação apresentada para que o festival não aconteça em Novembro prende-se com o facto de o espaço estar reservado “há muito tempo” pelos serviços de turismo (DST). Contudo, frisa, “fazer é sempre o mais importante”. “Há muitas actividades em Dezembro por causa dos eventos de Natal e, por isso, é preciso fazer uma ginástica muito grande para conciliar tudo, mas é o que há e é preciso fazer o esforço”, rematou. Por seu turno, o presidente da Associação dos Macaenses (ADM), Miguel de Senna Fernandes, diz “compreender a situação” e não ter ficado surpreendido com as datas anunciadas. Para o responsável, que confirmou ter havido um “diálogo informal” por parte do IC, apesar de estarmos a falar de “datas limite”, é positivo que o evento vá mesmo acontecer. “Entre 10 e 12 de Dezembro são datas limite para se celebrar a Lusofonia este ano. Mas ainda bem que vai haver Lusofonia, faça frio ou não. A comunidade precisa de uma festa deste género”, acrescentou Senna Fernandes. “A ADM vai fazer 25 anos [a 11 de Dezembro] e é praticamente impossível estar a 100 por cento [na Lusofonia], mas faremos o melhor possível, porque não faz muito sentido a Lusofonia ser em Macau e a tenda de Macau não ter representação”, rematou.
Andreia Sofia Silva EventosARTM | Nova exposição inaugura este sábado “Art of Healing II” é o nome da nova exposição que a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) inaugura este sábado, por volta das 16h, na galeria ARTM H2H, situada nas casas amarelas da antiga leprosaria de Ka-Hó, em Coloane. Esta mostra revela as obras feitas pelas pessoas em recuperação da dependência de drogas não apenas da ARTM, mas também de vários centros de tratamento da China, localizados em 20 províncias do país. É a segunda vez que a associação de Macau colabora com a Comissão de Narcóticos da China para este projecto. Augusto Nogueira, presidente da ARTM, adiantou que as 90 peças estarão disponíveis para venda, sendo que esta mostra pretende revelar “a importância e valorização da capacidade das pessoas que estão em tratamento de poderem exprimir os seus sentimentos através da arte”. Para o presidente da entidade, é também importante que estas pessoas “se sintam valorizados” e que haja uma desmistificação da ideia de que estes pacientes são criminosos apenas por consumirem estupefacientes. Nesse sentido, é importante “fazer entender que a recuperação é possível e que estas pessoas precisam de ajuda e não devem ser punidas”, existindo em Macau “canais próprios em Macau para ajudar pessoas com problemas”, frisou Augusto Nogueira. A mostra celebra também o Dia Nacional da República Popular da China.
Andreia Sofia Silva EventosTEDX Senado Square | Saúde mental marca edição deste ano Acontece este sábado, no Teatro D. Pedro V, mais uma edição do TEDX Senado Square, desta vez de forma presencial. O programa é composto por seis oradores que vão falar dos seus projectos e experiências, sempre dentro do tema “Despertar”. Venus Loi, curadora do evento, revela que a saúde mental é a grande problemática desta edição, tendo em conta o contexto da pandemia O TEDX Senado Square está de regresso a Macau de forma presencial. Este sábado o evento acontece entre as 13h30 e as 18h no Teatro D. Pedro V com seis oradores locais e dois artistas musicais que vão actuar nos intervalos das palestras. Sob o tema “Despertar” participam personalidades como Danny Leong, biólogo e um dos seleccionados pela National Geographic para integrar um grupo de 15 exploradores emergentes a nível global. O painel conta também com a presença do arquitecto André Lui, a curadora e artista Alice Kok e ainda o psicólogo Elvo Sou, que irá falar sobre “Sentimentos. Palavras. Diálogo com as Emoções”. Em palco, haverá ainda espaço para a partilha das experiências com o teatro físico, graças à presença de Yukie Lai, e da meditação, com Hio Lou Chang. Ao HM, a curadora do evento, Venus Loi, referiu que o TEDX Senado Square terá apenas 160 lugares disponíveis, devido às restrições pandémicas. A escolha do tema “Despertar” pareceu natural tendo em conta o panorama da covid-19 que ainda se vive no território, com as fronteiras quase fechadas ao exterior. “A pandemia entrou nas nossas vidas nos últimos dois anos e temos passado por um período de incertezas. Espero que com esta edição do TEDX Senado Square possamos partilhar algo que nos ajude a repensar o nosso estilo de vida e de como nos podemos adaptar à pandemia. Esta edição tem temas que pretendem levar as pessoas a pensar sobre isso”, apontou. Desta forma, as palestras apresentadas pelos oradores convidados versam sobre as emoções, mas também sobre temáticas relacionadas com a protecção ambiental. “Este evento é uma plataforma importante para Macau. Uma vez que não conseguimos trazer oradores internacionais é importante partilhar ideias locais.” Exemplo disso é o convite feito ao biólogo e investigador Danny Leong “Ele foi seleccionado pela National Geographic e, para Macau, é algo impressionante. Queremos que o mundo conheça os nossos feitos e também queremos partilhar discussões ligadas à protecção ambiental, tendo em conta o rápido desenvolvimento de Macau”, adiantou Venus Loi. A sós Venus Loi não tem dúvidas de que a questão da saúde mental é central no cartaz deste ano. “Durante a pandemia passámos mais tempo connosco próprios e reflectimos mais sobre quem somos e que tipo de desenvolvimento pessoal queremos. Aprendemos a lidar com as emoções e sobretudo com as incertezas.” A curadora do evento chama a atenção para o aumento de problemas psicológicos junto dos jovens. “Não estou certa das razões, mas penso que isso talvez se deva ao facto de passarmos mais tempo sozinhos ou com as nossas famílias, devido ao confinamento, o que levou a problemas de comunicação entre pais e filhos. Também houve uma adaptação a um outro estilo de vida”, concluiu.
Andreia Sofia Silva EventosHistória | “De Portugal a Macau – A viagem do Pátria” com edição bilingue “De Portugal a Macau – A viagem do Pátria”, livro do aviador Sarmento de Beires sobre a primeira viagem de avião entre Portugal e Macau, em 1924, é agora reeditado e traduzido para mandarim. Poeta e personalidade ligada ao grupo Seara Nova, crítico do regime da Ditadura Militar, Sarmento de Beires é hoje um herói da aviação caído em esquecimento Acaba de ser reeditado em Portugal “De Portugal a Macau – A viagem do Pátria”, livro da autoria do aviador José Manuel Sarmento de Beires sobre a primeira travessia aérea entre Portugal e Macau, em 1924, na companhia de Brito Paes e Manuel Gouveia. O projecto tem a chancela da Edições Afrontamento e do CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”, da Universidade do Porto. As coordenadoras da obra juntaram esforços numa série de felizes acasos, uma vez que Rita Pina Brito já tinha as ilustrações e a tradução para mandarim da autoria de Yu Yong, enquanto que a académica Isabel Morujão tinha o projecto em mente. Ao HM, Rita Pina Brito explica “a longa viagem” para a reedição deste livro, iniciada em 2014 e 2015. “A Isabel [Morujão] tem uma ligação familiar a Sarmento de Beires, e queria traduzir o livro de português para inglês, que será agora o próximo passo, já estamos a trabalhar nisso. Mas depois alguém sugeriu a tradução para mandarim. E nós já tínhamos a tradução feita. O meu pai foi há muitos anos ao Oriente e foi ele que me disse que este livro tinha de ser traduzido para mandarim.” Esta não é uma mera reedição dos escritos de Sarmento de Beires, mas um livro de viagens com ilustrações. “Desde o início queríamos fazer um livro que não fosse tão sério. Sempre disse que eu levaria [para este projecto] as traduções e ilustrações, e a Isabel levou os textos académicos para dar contexto. Ela é uma estudiosa do Sarmento de Beires e faz uma análise do apoio que o país lhe deu e que o Estado acabou por não dar. Há, por exemplo, registos do apoio da imprensa.” Rita Pina Brito tem também ligações familiares com Sarmento de Beires, que chegou a enviar uma carta ao seu avô. “O primeiro contacto que tive [com a história de Sarmento Beires] foi através do meu pai. Já todos ouvimos falar do Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que são heróis nacionais, mas o meu pai falou-me de Sarmento de Beires e Brito Paes. Há ainda um grande desconhecimento, quase ninguém conhece estes aviadores.” Realizado em 1924, a primeira viagem de avião Portugal-Macau aconteceu graças a uma intensa campanha de recolha de fundos num país prestes a abraçar uma Ditadura Militar, a que se seguiria o Estado Novo, a partir de 1933. São anos em que o Estado decide não apoiar financeiramente esta viagem, sendo ela feita com apoios da sociedade e de jornais da época, que muito publicitaram o feito de Sarmento de Beires e Brito Paes. Um crítico do regime Sarmento de Beires foi mais do que um aviador. Foi poeta e membro da revista Seara Nova, fundada em 1921, uma publicação que foi uma arma crítica contra a ditadura. “Esteve muito associado a esse grupo e chegou a pertencer ao corpo directivo da revista. Pretendia um Portugal com opinião, era um cidadão consciente e esclarecido das suas decisões e com capacidade de intervenção”, recordou Isabel Morujão. A primeira edição do livro de Sarmento de Beires foi publicada em 1925, seguindo-se a segunda edição em 1953 e a terceira em 1968, já uma edição de autor. Para Isabel Morujão, esta reedição, feita em pleno período do Estado Novo, prova que a viagem entre Portugal e Macau já tinha caído no esquecimento. “[Sarmento de Beires] teve a necessidade de corrigir algumas informações e dedicar o livro a Brito Paes. Esta dedicatória mostra, em 1968, que esta viagem estava apagada da memória dos portugueses pelo facto de Sarmento de Beires ter sido um opositor ao regime. Esteve exilado na década de 30, viveu no Brasil e França. Teve de viver das traduções que fazia e passou mal economicamente.” Aquando da terceira reedição, já Brito Paes havia falecido em 1934, e Manuel Gouveia, em 1966. Sarmento de Beires morreria no ano da Revolução dos Cravos 1974. A travessia aérea entre Portugal e Macau “foi uma tentativa de preparar uma volta ao mundo de avião”, recorda Isabel Morujão. “Gago Coutinho, sendo um homem do regime de Salazar, manteve sempre imparcialidade muito digna em relação a estes aviadores, tendo dito sempre que eles fizeram metade da volta ao mundo em quilómetros.” Nas primeiras décadas do século XX não se vivia apenas um intenso período político marcado pela instabilidade da primeira República. Porém, finda a I Guerra Mundial, em 1918, a aviação estava ao serviço da paz. “Nestes primeiros 30 anos da aviação mundial, a aviação tinha um desígnio de paz e isso vem muito referido na obra de Sarmento de Beires.” No Oriente, com a recente instauração da República e queda do poder imperial na China, em 1911, também se viviam tempos conturbados e de profunda mudança. “Esta viagem tem um contexto especial, de efervescência dos anos pós-República. Na China existia um certo turbilhão, e o local onde o avião aterra era um terreno incrustado numa zona que tinha sido recentemente conquistada pelo exército de Sun Yat-sen”, recorda Isabel Morujão. Rita Pina Brito não tem dúvidas. Sarmento de Beires foi, acima de tudo, “um homem corajoso”, cuja audácia não se mede apenas pela viagem que realizou. “Alguém que não se encaixa nos moldes que a sociedade dita naquele momento é uma pessoa corajosa. Como se incompatibilizou com o regime, foi esquecido”, rematou. Apesar do esquecimento, restaram em Portugal pedaços desta memória, tal como um monumento em Vila Nova de Milfontes, onde teve início a viagem, e a exibição de vários objectos testemunha da travessia no Museu do Ar.
Hoje Macau EventosAutorizado curso de Língua, Literatura e Cultura Chinesa na Universidade de Cabo Verde A Agência Reguladora do Ensino Superior (ARES) cabo-verdiano autorizou a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) a ministrar a primeira licenciatura em Língua, Literatura e Cultura Chinesa, conforme despacho publicado hoje. No despacho, com data de 21 de outubro, a ARES “reconhece estarem reunidas as condições para o registo e funcionamento” do ciclo de estudos, de cinco anos (6.620 horas), da licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas – Estudos Chineses. O curso funcionará “a partir do ano académico 2021/2022”, já iniciado, e será ministrado na Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes (FCSHA), na cidade da Praia, já no novo campus da Uni-CV, precisamente construído e financiado em 5.600 milhões de escudos (50,7 milhões de euros) pela China, que o entregou ao Governo cabo-verdiano em julho passado. Naquela cerimónia, realizada em 23 de julho, o embaixador da China na Praia, Du Xiaocong, referiu que este novo campus, construído ao longo de quatro anos, é o “maior projeto” financiado por Pequim em Cabo Verde, com capacidade para mais de 5.000 alunos e professores. O diplomata anunciou que o campus da universidade estatal cabo-verdiana vai receber também o Instituto Confúcio – que já está instalado em Cabo Verde desde 2015 e que promove a extensão universitária, através da língua e da cultura da China – e “albergar” desta forma um curso de língua chinesa. Du Xiaocong afirmou na altura tratar-se de “um grande progresso no ensino da língua chinesa em Cabo Verde”. Recordou que Cabo Verde e a China assinalam em 2021 os 45 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países (25 de abril de 1976) e elogiou a “política de amizade com a China” do atual Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, garantindo que Pequim “não poupou esforços” em projetos para melhorar a vida do arquipélago. Segundo informação do Governo cabo-verdiano, o novo campus ocupa uma área de 28.000 metros quadrados na zona do Palmarejo Grande, arredores da capital, com um total de 18 edifícios e 61 salas de aula, 16 laboratórios informáticos, 34 laboratórios e biblioteca com oito salas de estudo, para receber 4.890 estudantes e 476 docentes. Uma obra que está “à altura da ambição” cabo-verdiana para o ensino superior no arquipélago, destacou Ulisses Correia e Silva durante a cerimónia de entrega da obra, sublinhando que representa ainda o “ponto alto” nas relações entre Cabo Verde e a China, pelo volume do investimento e “qualidade da obra”, mas também pelo impacto que representará para o futuro da educação no país, em todo os níveis de escolaridade e gerações. O novo campus da universidade pública cabo-verdiana, cuja primeira pedra da obra foi lançada oficialmente em 20 de junho de 2017, conta ainda com uma residência de estudantes com 142 quartos e cinco auditórios com capacidade para 150 lugares. Integra igualmente um salão multiusos com 654 lugares, edifícios de administração, edifícios pedagógicos, centro de serviços, incluindo refeitórios, e campos desportivos. A obra vai ainda transformar a área envolvente numa zona de expansão onde se situa ainda a Universidade Jean Piaget, a Escola de Hotelaria e Turismo, o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Energética, estando previstas outras infra-estruturas. Com 14 anos de existência, a Universidade de Cabo Verde tem três polos de ensino, nomeadamente na Praia e em Assomada, todos na ilha de Santiago, e um na ilha de São Vicente, com mais de 4.000 estudantes, em cursos profissionalizantes, licenciaturas, especializações, mestrados e doutoramentos.
Hoje Macau EventosEquipa de filme de Baldwin queixou-se de falta de segurança antes de acidente Sete pessoas que trabalhavam num filme protagonizado por Alec Baldwin, que matou acidentalmente uma pessoa durante a rodagem, demitiram-se antes deste incidente invocando, entre outras, questões de segurança, noticiou a agência de notícias Associated Press. Também os jornais norte-americanos Los Angeles Times e The New York Times noticiaram, citando membros da equipa do filme não identificados, que dias antes do incidente fatal, Baldwin já tinha feito dois disparos com balas reais, acidentalmente, por ter usado uma arma que lhe tinham dito que não estava carregada com munições. Protestos e conflitos surgiram no seio da equipa do filme “Rust”, um ‘western’ protagonizado e coproduzido pelo actor Alec Baldwin, quase desde o início das filmagens, no começo deste mês, em Santa Fé, no Novo México, EUA, revelou a AP no sábado, citando uma das sete pessoas que se demitiu. A última pessoa a demitir-se, segundo o relato da agência de notícias, foi um operador de câmara, em protesto contra as condições de trabalho, incluindo as de segurança, horas antes de Alex Baldwin ter matado, na quinta-feira passada, a directora de fotografia do filme, Halyna Hutchins, e de ter ferido o realizador, Joel Souza, por ter disparado uma arma carregada com balas reais, ao contrário da indicação que lhe tinham dado, segundo os relatos conhecidos até agora. Fontes citadas pela AP revelaram que os protestos na equipa que trabalha no filme iam desde condições de alojamento até aos procedimentos de segurança. Gatilho frio Segundo a agência de notícias, são usadas por vezes armas reais nos filmes, que podem estar carregas com balas ou cartuchos de pólvora com o objectivo de produzirem um efeito mais real, existindo protocolos de segurança para a sua utilização. Uma das pessoas que se demitiu afirmou à AP que nunca recebeu ou assistiu à transmissão de orientações sobre a utilização das armas nas filmagens, como normalmente acontece. Na quinta-feira, segundo os registos da investigação a que a AP teve acesso, no momento em que equipa de filmagem se preparava para ensaiar uma cena, o assistente de realização Dave Halls foi buscar uma arma de adereço que entregou a Alec Baldwin gritando a expressão ‘cold gun’, o que significa que era seguro usar a arma, por não estar carregada com munições verdadeiras. Quando Baldwin premiu o gatilho atingiu fatalmente a directora de fotografia e feriu o realizador. A arma disparada era uma de três colocadas num carrinho de adereços, de onde foi retirada por Halls, que a entregou a Baldwin sem saber que estava carregada com cartuchos verdadeiros, segundo os registos da investigação. Não há ainda certezas sobre quantos cartuchos foram disparados e um invólucro foi retirado da arma depois do acidente pela responsável pelo armeiro no local de rodagem, Hannah Gutierrez. A arma foi entregue à polícia quando chegou ao local. A agência de notícias AFP escreveu hoje que a investigação está centrada no papel de Hannah Gutierrez, a quem coube preparar as armas para serem usadas no filme, e em Dave Halls. Não foi feita qualquer detenção ou acusação, disse um porta-voz policial citado pela AFP.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | “Voyage”, de Konstantin Bessmertny, patente no Clube Militar O Clube Militar abre hoje portas a uma nova exposição individual de Konstantin Bessmertny. “Voyage” é o somatório de 17 quadros e uma escultura, quase todos trabalhos inéditos, que remetem para viagens imaginárias a partir de um só lugar. As obras que compõem “Voyage” materializam artisticamente a crítica humorada ditada pelos tempos actuais Konstantin Bessmertny, artista há muito radicado em Macau, nunca teve por hábito expor com frequência em nome próprio. No entanto, as restrições de viagem impostas pelas autoridades devido à pandemia mudaram esse panorama. A prova disso é que abre hoje portas, no Clube Militar, uma nova exposição de Bessmertny, composta quase na totalidade por quadros novos, alguns iniciados este ano, outros terminados agora. Além dos quadros, a mostra conta também com uma escultura em madeira, intitulada “Naked Yoga on the Beach”. A exposição pode ser vista até 6 de Novembro. Em “Voyage” o artista lançou-se em viagens imaginárias e, ao mesmo tempo, exercícios de viagens no tempo. É assim com os quadros “Battle of Macau. 1622”, que remete para a Batalha de Macau, travada a 24 de Junho de 1622, e que celebrou a vitória dos portugueses sobre os holandeses. Este exercício de história através do pincel é também feito no quadro “The View of Praia Grande before arrival of Jorge Álvares in 1513”, que espelha a visão do artista sobre o momento da chegada dos portugueses ao território. “Há a ideia de que não estamos a viajar, mas podemos continuar a fazê-lo de forma imaginária ou virtualmente”, contou ao HM. “Na maior parte dos trabalhos desta exposição construí a imagem de que podemos viajar para qualquer lado, permanecendo num lugar. Acabo por também fazer humor, mas tem muito a ver com a forma como as coisas estão a acontecer à nossa volta”, acrescentou. Questionado se estes quadros contêm também críticas às restrições em vigor, Konstantin Bessmertny assume que sim, mas que são também “uma análise à situação que temos”. “Não podemos criticar porque vivemos com erros, tentativas. Escolhemos o caminho de saída, cometemos erros e ninguém está livre de os cometer. Mas há países mais avançados que outros ao nível da vacinação. Macau, de certa forma, está atrás comparando com a Europa e outros países em matéria de vacinação, mas aprendemos com os tempos. Quanto mais depressa nos vacinarmos mais depressa podemos passar para a fase seguinte. Apenas espero que Macau possa acelerar esse processo.” Metáforas e questões Konstantin Bessmertny não tem viajado porque é claustrofóbico e não quer fazer mais de 14 dias de quarentena num quarto de hotel. Assim sendo, permaneceu em Macau nos últimos meses, facto que naturalmente influenciou a sua produção artística. Para esta mostra pegou em quadros que começaram a ser pintados há muitos anos, alguns na década de 90. Konstantin Bessmertny recuperou-os e terminou-os, quando há muito se tinha esquecido dos seus detalhes. “Não estamos a viajar fisicamente, mas viajamos numa outra dimensão. Tento mostrar outras formas de viajar, diferentes formas de ver terras longínquas.” Em “Voyage” há paisagens tropicais, explicadas pelo facto de, no ano passado, o artista ter ficado confinado dois meses na Tailândia. “Comecei a pintar a natureza pois tinha um estúdio no meio da selva. Então surgem labirintos, imagens tropicais, algo completamente diferente.” O artista explica que esta exposição também olha para o futuro. Konstantin fala da metáfora da sala escura com uma porta que todos desejamos abrir. A pandemia fê-lo criar mais narrativas nos seus quadros, mais interrogações, inclusivamente sobre o que se passa no mundo e no seu país, a Rússia. “Ando a ler mais do que nunca, tenho mais tempo para me concentrar nos livros que sempre estiveram empilhados no meu estúdio. Há mais narrativas no que estou a fazer. O meu país está a passar por um período complicado. Quando é que a Rússia se vai tornar num país democrático? Quando termina esta autocracia, a ideia louca de pessoas a concentrarem o poder? É uma fase diferente da União Soviética.” Ler tornou-se, nos últimos tempos, um elixir inspirador para pintar. “Poderia dizer que me sinto mais criativo devido à pandemia. Não tenho experiências a viajar, não vou a museus, não visito amigos. A minha fonte de inspiração vem da literatura.” Outra das obras que o público pode rever nesta exposição é o quadro “Yam Cha. Grand Finale”, já presente numa das mostras da Bienal de Macau. “Gosto de fazer coisas que nunca fiz antes, por isso tenho tantas séries de quadros. Não acredito que um artista tenha um só estilo, de propósito, porque é chato pintar sempre da mesma maneira. Quero desafiar-me a mim próprio, fazer algo que nunca fiz”, contou. Uma espécie de exercício Fazer “Voyage” foi, para Konstantin Bessmertny, o resultado de uma espécie de exercício físico. “Escolhi salas digitais, feiras de arte e galerias online, mas não é a mesma coisa. Continuo a ter de fazer [exposições presenciais], como uma espécie de exercício físico. Macau é um local muito pequeno, e penso que ter uma exposição a cada cinco anos, ou três, é mais do que suficiente, mas agora faço uma exposição por ano.” Konstantin Bessmertny dá também aulas e também aí teve de se adaptar à nova realidade. Os quadros de “Voyage” são, portanto, o espelho das constantes adaptações que o mundo teve de fazer perante a pandemia. “Dar aulas através do Zoom é quase como se fosse realidade virtual. Como podemos ensinar a misturar cores através do Zoom? Estamos a enfrentar uma situação absurda na maior das vezes e temos de aprender a viver com isso”, conclui.
Andreia Sofia Silva EventosSalão de Outono | Nova edição arranca este sábado com obras de 80 artistas locais É já este sábado que se inaugura mais uma edição do Salão de Outono, uma exposição promovida pela Fundação Oriente e pela AFA e que se pauta por mostrar o que de melhor se faz no panorama local das artes. Nomes como Alexandre Marreiros, Francisco Ricarte, Alice Kok ou Ricardo Meireles fazem parte da mostra deste ano A Fundação Oriente (FO) inaugura este sábado, na Casa Garden, o Salão de Outono 2021 e anuncia o vencedor do prémio para as Artes Plásticas, um programa de intercâmbio artístico de um mês em Portugal. A iniciativa, organizada em parceria com a Art For All Society (AFA), apresenta 84 obras de quase outros tantos artistas que vivem e trabalham em Macau. As obras seleccionadas incluem pintura a óleo e a acrílico, vídeo, desenho, escultura, fotografia, gravura e instalação. O evento tem como objectivo “estabelecer uma plataforma entre os artistas” locais e o público. Um dos artistas participantes nesta mostra é Francisco Ricarte, arquitecto que tem feito incursões na área da fotografia. Desta vez, o autor apresenta três imagens que funcionam como um conjunto, e que se intitula “Quiet Days”. “São fotos tiradas no final de 2017 no Vietname, mas só este ano é que trabalhei nelas. São fotos que estão em linha de conta com o que tem sido a minha prática fotográfica corrente e que traduzem a minha perspectiva sobre os locais, naquilo que é uma certa relação e observação dos locais feita de uma forma específica”, contou ao HM. Francisco Ricarte está ligado ao Salão de Outono desde 2013. “É uma forma de participar nos eventos e na actividade cultural de Macau que é algo que me dá muito gosto.” O arquitecto diz também que a sua fotografia não constitui um meio de reportagem e que as imagens que captura “não são bilhetes postais”. “São reflexões sobre os locais e sentimentos que podemos ter a olhar para determinados espaços e realidades visuais. A luz, o contraste, as sombras, e é algo que me dá muito gosto em interpretar”, frisou. Um contraponto Outro artista português que participa na edição deste ano do Salão de Outono é Ricardo Meireles, também arquitecto. O autor apresenta a sua peça “Waste Land”, onde trabalha a montagem da imagem recorrendo ao software digital. “Posteriormente usei outra técnica que tem a ver com algo que tenho feito noutras peças, a colagem manual da imagem na tela. [Esta peça] tem a ver com a nossa actualidade e com o que tem acontecido nos últimos dias. É uma imagem figurativa de um robot, que representa a parte tecnológica no futuro, a propensão de desenvolver mais a tecnologia, relações virtuais. Entra em contraponto com aquilo que acontece ao estarmos a fazer isto, o que fica para trás, a marca carbónica que deixamos.” “Waste Land” data de 2018 e revela esta “ambivalência e contraponto das duas situações”, onde, no nosso dia-a-dia, recorremos às últimas tecnologias nas nossas relações sociais ignorando “o desperdício que fazemos”. Existe, nesta obra de Ricardo Meireles, “a ideia de um consumismo sem que olhemos para o que está à nossa volta”. A sua presença na exposição do Salão de Outono “é mais um marco positivo a nível pessoal, pelo facto de entender que aquilo que eu faço tem gerado uma reacção positiva nos outros”. Alexandre Marreiros, arquitecto macaense, é também outro dos artistas que participa nesta edição do Salão de Outono com a obra “Intercepted Agregation”, constituída por três painéis de grandes dimensões. “É um trabalho que explora a dúvida que fui tendo em Macau, sobre os recuos e avanços da globalização e o panorama que vivemos em Macau”, adiantou ao HM o artista. Trata-se de um novo trabalho desenvolvido por Alexandre Marreiros que afirma ter regressado à gravura, apesar de continuar a “gostar muito de trabalhar em papel de grandes dimensões”. Participam ainda nesta mostra nomes como Alice Kok, Angel Chan, Álvaro Barbosa, Celeste C. da Luz, Chan Ka Lok, Chan San San, Chan Sze Wai, Chan Yat Wan, Cheong Chan Kit, Cheong Leong, Chiang Wai Lan, David Shao, Derrick Loi, Durate Esmeriz, Edmundo Remédios Lameiras, Fan Sai Cheong, Fong Hoi Lam e Ieong Man Hin, entre outros.
Hoje Macau EventosLiteratura | Paulina Chiziane dedica Prémio Camões 2021 às mulheres O Prémio Camões 2021 serve para valorizar o papel das mulheres numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado, disse na quarta-feira à Lusa a escritora moçambicana Paulina Chiziane, depois de receber a distinção. “Afinal a mulher tem uma alma grande e tem uma grande mensagem para dar ao mundo. Este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro”, referiu a autora. Chiziane foi a primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, com “Balada de amor ao vento”, em 1990. “Quando eu comecei a escrever, ninguém acreditava naquilo que eu fazia. Porque eram escritos de mulher”, referiu, numa alusão à temática do género, um dos fios condutores da sua obra. Paulina Chiziane, 66 anos, confessou-se confusa com a notícia do prémio. “Eu nem sequer me lembrava que o prémio Camões existia”, porque os confinamentos provocados pela COVID-19 deixaram-na “bem fechada em casa, desligada de tudo”. O prémio surgiu como uma surpresa bem-vinda. “Uma surpresa muito boa para mim, para o meu povo, para a minha gente”, que em África escreve “o português, aprendido de Portugal”. “E eu sempre achei que o meu português não merecia tão alto patamar. Estou emocionada”, acrescentou. O seu último trabalho foi “A voz do cárcere” escrito em conjunto com Dionísio Bahule, lançado este ano, em Maputo, depois de ambos entrarem nas prisões e ouvirem os reclusos – ela a escutar as mulheres, ele, os homens. “Há tantas ideias”, disse à Lusa sobre o futuro, ideias que “nem sempre o corpo consegue realizar”. Mas pode ser que “este prémio seja um motor para eu me sentir um pouco mais de pé, porque às vezes fico cansada”, seja pela idade, referiu, ou pelo impacto “da COVID, que impede tudo”, disse, numa alusão à pandemia. Paulina Chiziane disse que o Prémio Camões pode ser “um alento novo”, um símbolo que de que a sua caminhada “valeu a pena” e de que “é preciso continuar a lutar”. A escolha da escritora moçambicana foi feita por unanimidade pelo júri do Prémio Camões 2021, anunciou na quarta-feira a ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca. A decisão destaca a “vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional” da obra, segundo nota que anunciou a distinção. A autora esteve em Macau em 2013 como um dos nomes integrantes do cartaz do Festival Literário Rota das Letras.
Hoje Macau EventosPortugal | Pauliteiros de Miranda querem reforçar candidatura a Património da Humanidade no Dubai Os Pauliteiros de Miranda querem reforçar candidatura a Património da Humanidade no Dubai. “Os Pauliteiros de Miranda do Douro, cuja candidatura a Património Imaterial da Humanidade está a ser preparada, vão representar o destino Porto e Norte de Portugal na Expo 2020 Dubai, com duas atuações no domingo, Dia das Nações Unidas numa ação conjunta do Turismo do Porto e Norte [TPNP] e da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal]”, indicou a TPNP em nota enviada a Lusa. Como é tradição, os Pauliteiros serão acompanhados por um grupo de músicos, nomeadamente um gaiteiro, um tocador de bombo e um tocador de caixa, num total de 15 elementos em atuação. “Esta é uma iniciativa conjunta entre o Turismo do Porto e Norte de Portugal, o Município de Miranda do Douro e a AICEP, com o objetivo de promover esta prática ancestral e dar visibilidade à candidatura dos Pauliteiros de Miranda do Douro a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, na categoria de manifestações musicais e correlacionadas. Esta tradição de Miranda do Douro, remonta ao século III e, inicialmente, era uma espécie de preparação para a guerra. Hoje é um manifesto de celebração das colheitas e do Solstício de Verão e uma dança de paz”, descreve a mesma nota. O presidente do Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins, explica que levar o destino Porto e Norte de Portugal ao palco da Expo 2020 Dubai “representa a ambição do destino em marcar uma posição no Médio Oriente, a região turística mundial que é apontada como a que irá ter maior crescimento até 2030, e é igualmente uma excelente oportunidade para realizar um conjunto de encontros com operadores e órgãos de comunicação social do Médio Oriente”. Nesta ação promocional, o Turismo do Porto e Norte posiciona a sua oferta junto de um mercado de “alto rendimento”, com “alto poder de compra”, que contribui para o desempenho do destino em indicadores de crescimento em valor, como são os que representam a sustentabilidade económica concretamente a estada média, os proveitos, e a diminuição da sazonalidade, mas também para os indicadores que representam a sustentabilidade sócio-cultural, como a coesão territorial, o reforço da identidade local e a valorização das tradições. A presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, vê nesta ação uma oportunidade para impulsionar a candidatura dos Pauliteiros a Património da UNESCO. “Estamos a falar de um evento de projeção mundial numa das economias mais dinâmicas da atualidade e por isso só podemos ficar satisfeitos por podermos divulgar esta tradição tão autêntica e genuína, junto de um vasto auditório”, afirma, citada na nota, acrescentando que é convicção do município que “esta atuação no recinto da feira ficará na memória de todos, nesta fusão de música, danças e cantares que transmite uma energia e uma alegria contagiantes e, de certeza, será também uma experiência marcante para os membros dos Pauliteiros de Miranda”, concluiu. Por seu turno, Francisca Guedes de Oliveira, vice-comissária de Portugal para a Expo 2020-Dubai, considera que o Pavilhão de Portugal na Expo 2020 Dubai é uma montra do que de melhor há no país. “Faz todo o sentido promover as tradições portuguesas que nos tornam únicos e são símbolos da nossa Portugalidade, neste placo de projeção mundial”, assinala. A tradição dos Pauliteiros e Gaiteiros de Miranda do Douro tem especial enfoque nas festas de São João Evangelista (em Constantim) e de Nossa Senhora do Rosário (São Martinho e Palaçoulo), que partilham entre si a participação de grupos de Pauliteiros Mirandeses, executando danças e rituais que se demarcam por completo dos âmbitos e limites da mera exibição folclórica que caracteriza todos outros grupos de pauliteiros mirandeses. Com efeito, assumem um protagonismo determinante e imprescindível para a estruturação de todo o ritual festivo.
Hoje Macau EventosPortuguês aprovado como língua oficial dos tribunais de contas da CPLP O português foi ontem aprovado como língua oficial dos tribunais de contas da CPLP e vai ser proposto para ter o mesmo papel na organização mundial destes organismos, conforme decidido num encontro em Lisboa. A XXI assembleia geral da organização das Instituições Superiores de Controle (ISC) da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi a primeira presencial desde o início da pandemia e juntou em Lisboa todos os representantes dos tribunais de contas dos países da comunidade e de Macau, como observador. No final do encontro, o secretário-geral da ISC da CPLP, Walton Alencar Rodrigues, disse à agência Lusa que a dimensão do português no mundo é de tal forma que justifica ser a língua oficial da organização, além de facilitar os trabalhos dos tribunais de contas e o acesso dos documentos às instituições nos vários países lusófonos da comunidade. “O português é uma língua riquíssima que merece ser difundida e mais divulgada por todo o mundo. Além disso, existe uma solicitação natural dos países africanos e do mundo que fala português no sentido de tornar o português a língua oficial da organização, o que permitirá que todos os textos que são aprovados pela organização sejam em português, sem necessidade de tradução”, referiu. Gonçalo Leitão, porta-voz do Tribunal de Contas de Angola, disse à Lusa que um dos “grandes desafios” destas organizações é o acesso aos conteúdos produzidos, o que poderá ser muito facilitado se os mesmos estiverem na língua portuguesa. “Será uma forma de colocar em pé de igualdade os países lusófonos de África”, referiu. Em Angola, disse, um dos grandes desafios do Tribunal de Contas tem sido o reforço da política de comunicação da instituição, de modo a combater a “fraca divulgação” do trabalho produzido. Na reunião de hoje da ISC da CPLP foi ainda aprovada uma proposta para que o português seja a língua oficial da Organização Mundial dos Tribunais de Contas (Intosai), que reúne todos os tribunais de contas do mundo e que tem como línguas oficiais o inglês, o francês, o espanhol, o alemão e o árabe. Esta proposta será debatida na reunião que se realizará no próximo ano, altura em que o Brasil, que atualmente assume a vice-presidência da Intosai, assumirá a presidência da organização. Para o presidente do Tribunal de Contas português, anfitrião do encontro, esta oficialização do português na organização mundial é uma evolução natural, uma vez que se trata de uma língua “cada vez mais forte no mundo”. “Na Intosai já era reconhecido como língua de trabalho, mas queremos que seja uma língua oficial. Isso significa que toda a documentação, todas as reuniões da organização mundial passam a ser traduzidas e interpretadas em português, com benefício para todos os países de língua portuguesa”, disse. Para José Tavares, a medida hoje aprovada, ao nível da CPLP, vai “facilitar muito e poupar recursos às instituições, aos tribunais de contas” da comunidade. No encontro foi debatido “o papel que os cidadãos esperam dos tribunais de contas” que, segundo José Tavares, passa pelo cumprimento da agenda 2030 e dos seus 16 objetivos de desenvolvimento sustentável em áreas tão abrangentes como a educação, ambiente, igualdade de género, combate à pobreza. “Cabe ao tribunal de contas verificar se cada um dos nossos está a conseguir desenvolver as medidas necessárias para atingir esses objetivos”, disse. Durante a reunião, muitos países de língua portuguesa manifestaram preocupação pela necessidade do controlo das obras públicas, além da preocupação permanente do combate à fraude e à corrupção. José Tavares sublinhou a importância do “fortalecimento interno” das instituições e da “capacitação dos auditores”, anunciando que Portugal vai acolher, no próximo ano, o primeiro congresso de jovens auditores de cada um dos países da organização. Como exemplo das possibilidades da cooperação entre as instituições dos vários países, referiu que as contas da CPLP, que durante anos foram auditadas por empresas privadas de auditoria, são agora auditadas pelos tribunais de contas dos países da comunidade. Todos os anos, dois tribunais de contas de dois países da CPLP assumem esta tarefa, de forma gratuita, cabendo atualmente às instituições de Portugal e São Tomé e Príncipe. Está igualmente a ser preparada uma auditoria a nível mundial, com a participação dos Tribunais de Contas dos países que compõem a Intosai, a qual deverá realizar-se em 2023, e que terá como tema o ambiente, anunciou José Tavares.
Hoje Macau EventosIIM | Exposição com imagens de concurso dia 26 no Lou Lim Ieoc É inaugurada na próxima terça-feira, dia 26, no pavilhão Chun Chou Tong, jardim Lou Lim Ieoc, a exposição de fotografias do concurso “A Macau que eu mais amo!”, promovido pelo Instituto internacional de Macau (IIM) em parceria com a Associação de Fotografia Digital de Macau, o Clube Leo Macau Central e a Associação dos Embaixadores do Património de Macau. As imagens que integram esta exposição foram captadas pelos vencedores do concurso. Na categoria estudantes, venceram Cheong Man Hou, Ao Wai Ieng e Wang Jun Jing, enquanto que na categoria geral foram premiadas as fotografias de Cheong Chi Fong, Lei Heong Ieong e Lei Wai Leong. Além disso, foi atribuída uma menção honrosa a uma dezena de obras, tendo sido também entregue um prémio especial a sócio da Associação de Fotografia Digital de Macau. Esta mostra estará patente até ao dia 30 deste mês. Segundo um comunicado do IIM, o concurso contou com “uma participação significativa de jovens estudantes e do público”, tendo recebido mais de 222 imagens.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteFestival da Lusofonia | Escolha do mês de Dezembro não agrada a associações Está confirmada a realização do Festival da Lusofonia em Dezembro, mas duas associações ouvidas pelo HM discordam da data, por ser um mês cheio de eventos e obrigar a ajustes financeiros e de pessoal. Caso continuem os cortes orçamentais e as alterações à organização do evento, a participação da Associação dos Macaenses nas próximas edições está em risco A Casa de Portugal em Macau (CPM) e a Associação dos Macaenses (ADM) discordam da escolha do mês de Dezembro para a realização da 24.ª edição do Festival da Lusofonia. Segundo a TDM Rádio Macau, o evento deverá realizar-se no fim-de-semana de 10 a 12 de Dezembro. O descontentamento prende-se com a realização de vários eventos e actividades nesse mês, associados ao Natal, além de que permanecem os cortes orçamentais que trazem maiores dificuldades na realização do evento conforme os moldes dos anos anteriores. “Dezembro é um mês péssimo”, disse ao HM Amélia António, presidente da CPM. “Isso obriga a que tenhamos de dar a volta a muita coisa. Temos as vendas de Natal, há jantares. Temos de reorganizar o calendário e há coisas que não se podem mudar”, frisou a responsável. No caso da ADM, o calendário fica ainda mais apertado, pois nesse mês, além de realizar o habitual jantar de Natal, a associação celebra 25 anos de existência. “Não sei como vamos fazer isto e que tipo de representação vamos ter nesse dia [sábado], porque também temos falta de pessoal. Ou estamos na Lusofonia ou na festa de Natal”, disse o seu presidente, Miguel de Senna Fernandes. O também advogado referiu que há a possibilidade de a ADM estar representada de forma simbólica no sábado, dia em que acontece a festa de Natal, para que depois possa ter o seu espaço no festival a funcionar como habitualmente. “Mesmo assim vai ser complicado estarmos lá na sexta-feira. Temos falta de apoios financeiros e humanos e isso pesa no sucesso da festa.” Miguel de Senna Fernandes vai mais longe e diz que o que se passa “é uma aberração”. “As autoridades têm de pensar como querem o Festival da Lusofonia. Este tipo de actividades são fundamentais para Macau, um território multicultural, como querem mostrar para todo o mundo. Se continua assim para o próximo ano não pomos os pés no festival. Este tipo de pensamento é uma aberração e é não ter a mínima consideração pelas pessoas que querem fazer de Macau um local cultural de sucesso.” Amélia António confirmou ao HM que as associações não foram contactadas previamente sobre a escolha da nova data para o festival e lamenta aquilo que leu no comunicado oficial, que refere que “o Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa deste ano incluirá o Festival da Lusofonia”. “O festival de artes e cultura é uma coisa nova, aconteceu duas vezes, não tem tradição e é um acontecimento com um outro nível cultural e artístico, organizado oficialmente pelo Instituto Cultural. Não tem nada a ver com o espírito popular do Festival da Lusofonia.” Para Amélia António “é preocupante esta visão, porque a ideia que é transmitida é que se pretende minguar uma coisa que é grande e que as pessoas não gostam que seja grande”. Pouco dinheiro Em termos financeiros as associações são apoiadas pelo IC com 50 mil patacas, não podendo usar outros subsídios no mesmo evento. Isso traz grandes entraves à presença da ADM, pois Miguel de Senna Fernandes garante que esse orçamento serve apenas para construir e decorar a barraca, sem incluir as comidas, bebidas e restantes actividades. “A impossibilidade de duplicar o apoio deixa a ADM absolutamente fragilizada. Se continuar esta maneira de ver as associações da Lusofonia, fica comprometido o êxito do festival nos próximos anos, porque ninguém vai ter dinheiro e paciência para estar na Lusofonia. Pelo menos nós, ADM, já estamos aflitos com falta de dinheiro e ainda nos cortam todas essas coisas. A continuar com esta política fica comprometida, da parte da ADM, a nossa participação nos próximos anos.” Miguel de Senna Fernandes acrescentou ainda que as autoridades devem ter “muita sensibilidade e condescendência nos apoios financeiros, tendo em conta as finalidades a que se destinam e as condições debilitadas em que se encontram as associações que se batem pelo sucesso desta actividade cultural”. No caso da CPM, que todos os anos oferece no seu espaço alguns petiscos, isso vai deixar de acontecer, ficando apenas garantida, nesta edição, a oferta de sangria. “É evidente que não queremos deixar de participar, porque são mais de 20 anos de um festival popular que cada vez trazia mais pessoas e que é muito apoiado pela população.” “A Lusofonia, além de ser um momento de convívio, é rico para Macau, marca a maneira de viver e de estar em Macau, das suas diferentes comunidades. A festa da Lusofonia é extremamente importante e não pode morrer. Temos de fazer todo o esforço para continuar, mas há coisas que são preocupantes”, rematou a presidente da CPM.