Casa Garden | Exposição de raquetes decorativas japonesas abre este sábado

A Casa Garden acolhe, a partir deste sábado, a exposição intitulada “Os encantos mágicos de Hagoita”, onde serão mostrados vários exemplos de raquetes decorativas japonesas. Esta mostra, que será inaugurada a partir das 17h30, é realizada pela delegação de Macau da Fundação Oriente em parceria com o Printmaking Centre of Macau.

As raquetes Hagoita são usadas para jogar Hanetsuki, um jogo tradicional do Ano Novo que é jogado como uma prece para salvaguardar a saúde das pessoas. Este é um jogo semelhante ao badminton e é jogado principalmente por meninas e mulheres.

A partir do século XVII iniciou-se a tradição de oferecer raquetes Hagoita às meninas por ocasião do seu nascimento ou no Ano Novo, quando o jogo era geralmente jogado. Aparentemente, também eram colocadas em templos para afastar os maus espíritos e trazer felicidade. As raquetes Hagoita são feitas de uma madeira leve. A pena (hane-ume) para o jogo é feita da baga da árvore-sabão (mukuroji) e é coberta de penas de pássaros pintadas com cores vivas para parecerem flores.

O jogo, tal como no badminton, consiste em manter a pena no ar. Quem deixar cair perde e é marcado no rosto com um um risco a tinta da China. Quando o rosto de alguém estiver totalmente coberto de tinta, o jogo acaba e esse jogador é o vencido. O jogo não é considerado um desporto, mas sim um simples entretenimento para as mulheres.

Durante o período Edo (1603-1867), foi desenvolvida a técnica Oshi-e (colagem acolchoada) para fazer desenhos tridimensionais com decorações usando tecido acolchoado de algodão. A reprodução de cenas de peças de Kabuki nas decorações das raquetes Hagoita tornou-se popular entre a população em geral e a beleza da decoração das peças tornou-se cada vez maior.

15 Fev 2022

Património | IC recorre à realidade virtual para “reconstruir” Ruínas de São Paulo

É já este ano que o Governo deverá terminar o projecto de “reconstrução” das Ruínas de São Paulo com recurso à realidade virtual. Posteriormente o público poderá realizar visitas com recurso a óculos e equipamentos especiais, estando a ser organizada uma exposição com o apoio da Diocese Católica em Macau

 

O Instituto Cultural (IC) de Macau quer terminar, ainda este ano, uma “reconstrução tridimensional” das Ruínas de São Paulo, através de realidade virtual.

O IC disse numa resposta enviada à Lusa que o objectivo é lançar visitas “imersivas” ao edifício da antiga Igreja da Madre de Deus através de utilização de óculos de realidade virtual e outro equipamento disponibilizado no local.

As visitas guiadas, em português, inglês, cantonense e mandarim, serão lançadas para residentes e turistas, “após um período de testes e ajustes”. O IC está actualmente pesquisar e a recolher dados históricos para a exposição em realidade virtual, com o apoio da diocese da Igreja Católica em Macau.

Assim que a recolha estiver concluída, a produção da realidade virtual será entregue a uma empresa especializada.

As futuras visitas em realidade virtual poderão “mostrar a história e cultura única da fusão das culturas chinesa e ocidental em Macau ao longo de centenas de anos” e melhorar a imagem da cidade como um destino para o turismo cultural, defendeu o IC.

Renascido das cinzas

A Igreja da Madre de Deus foi construída pela Companhia de Jesus na segunda metade do século XVI, tendo sido destruída por um incêndio em 1835. As Ruínas de São Paulo incluem a fachada e escadaria de granito da igreja e os vestígios arqueológicos do vizinho Colégio de São Paulo, a primeira universidade ocidental no leste asiático.

A 4 de Fevereiro, na cerimónia de posse, a nova presidente do IC, Leong Wai Man, prometeu empenhar-se na salvaguarda e gestão do Centro Histórico de Macau, que inclui vários edifícios e monumentos de raiz portuguesa, incluindo as Ruínas de São Paulo.

O Centro Histórico de Macau foi inscrito na lista do Património da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) a 15 de Julho de 2005, tendo sido designado como o 31.º local do Património Mundial da China.

A classificação integra vários edifícios históricos construídos pelos portugueses, incluindo o edifício e largo do Leal Senado, a Santa Casa da Misericórdia, as igrejas da Sé, de São Lourenço, de Santo António, de Santo Agostinho, de São Domingos ou a fortaleza da Guia.

15 Fev 2022

Escola Luso-chinesa da Flora vence concurso lusófono infanto-juvenil 

A escola Luso-chinesa da Flora sagrou-se vencedora da primeira edição do concurso infanto-juvenil “Era Uma Vez…O Meu Mar”, promovido pela associação Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos – ACLP). O texto apresentado intitula-se “Long e Hoo e os piratas afortunados” e valeu um prémio pecuniário de 7.500 patacas.

Na categoria de melhor ilustração o vencedor foi o Instituto Pandavas Núcleo de Educação, Cultura, Ações Socioambientais, no Brasil, ao apresentar um desenho sobre o conto de Portugal, ganhando cinco mil patacas. Foram ainda atribuídas duas menções honrosas a Cabo Verde com o conto “O Mar de Cabo Verde” e a Timor-Leste com o “O Rei Maquiavel”.

O escritor angolano Ondjaki, que fez parte do júri do concurso, disse, citado por um comunicado, que foi “bonito que várias partes do mundo, várias vozes, vários dedos e corações de crianças, se tenham reunido em torno do mar simplesmente para escrever.”

O também padrinho da iniciativa reiterou a importância do acto de escrever, encarado pelo escritor como uma forma de “olhar e pensar”. “Escrever é também multiplicar cuidados e dedicar tempo. E o mar, todos os mares, todas as águas do nosso planeta, requerem, cada vez mais, cuidado, amor e dedicação. Ao olhar para e pelo mar, cuidamos do presente; mas estamos também a preparar o futuro”, frisou.

Livro na calha

Até ao final de Março do corrente ano, a Somos – ACLP irá publicar os contos em livro com as ilustrações, os textos foram traduzidos e adaptados para a língua chinesa. A capa do livro vai ser assinada pelo cartoonista português, António Antunes, com a selecção dos vários desenhos das escolas participantes.

Este concurso contou com a participação de uma escola por cada país ou região, num total de nove, e destinou-se a alunos do 5.º e 6.º anos de escolaridade, com idades compreendidas entre os dez e os 12 anos das instituições de ensino participantes, onde o português é utilizado como língua veicular.

Cada escola concorreu com um conto original produzido individualmente ou em grupo. Numa fase posterior, os contos foram distribuídos aleatoriamente por todas as escolas participantes para a respectiva ilustração.

15 Fev 2022

Poesia | uTUDOpias, primeiro livro de psicólogo Nuno Gomes, apresentado hoje 

Chama-se “uTUDOpias” e é o primeiro livro de poesia do psicólogo Nuno Gomes. A obra, editada pela COD, é hoje apresentada na Livraria Portuguesa às 19h e contém poemas escritos entre 2019 e o ano passado, divididos em cinco capítulos. O autor, para quem escrever funciona como uma catarse, aponta que esta obra “toca em vários pontos que caracterizam a vida humana”

 

São estrofes pessoais ou sobre a vida de todos nós. “uTUDOpias”, primeiro livro de poesia do psicólogo e músico Nuno Gomes, é um exercício constante de palavras sobre os dias de todos nós. E não falta inclusivamente alguns apontamentos autobiográficos: “O que somos? / Perco um braço / Continuo eu / Dou mais um passo, / Só um braço se perdeu”, estrofes do poema que abre o livro, são disso exemplo.

A apresentação de “uTUDOpias”, na Livraria Portuguesa, a partir das 19h, terá música a acompanhar uma sessão de declamação de poesia, com Kelsey Wilhem e Pedro Lagartinho.

Este é, sobretudo, “um livro que procura tocar em vários pontos que caracterizam a vida humana”, contou ao HM Nuno Gomes, que reside no território desde 2010.

O autor confessa que escreve desde criança, mas que nunca ponderou, até agora, publicar os seus escritos. Um reencontro ocasional com uma amiga de longa data, Cláudia Tomé e Silva, que assina o prefácio desta obra, e a partilha de poemas que ambos iam escrevendo foi o mote para esta publicação.

“Encontrámo-nos no Facebook e nunca mais parámos de falar sobre poesia. Partilhamos poemas acerca do mundo e sobre diversas situações, ajudámo-nos mutuamente. Ela lançou o livro ‘Emoções Bárbaras’ no ano passado e eu reparei que tinha uma boa colectânea de poemas e resolvi organizá-los por capítulos.”

Desta forma, as estrofes de “uTUDOpias” organizam-se no capítulo intitulado “No Café”, onde se espelham poemas “com conversas mais banais, onde existe sempre o sentimento”. Segue-se “Justiça”, onde se incluem “poemas sobre situações onde vejo que há alguma injustiça no mundo e na sociedade”.

O terceiro capítulo, “ENTREmitente”, contém escritos sobre “emoções de vários tipos”, enquanto que em “Utopias” se incluem temáticas como o tempo, espaço e viagens. Em “Resoluções”, quinto e último capítulo, Nuno Gomes decidiu depositar “o seu lado de psicólogo”, com “poemas de auto-ajuda e palavras mais bonitas, ou decisões humanas”.

Catarse interior

Nuno Gomes, que já traduziu poesia de Fernando Pessoa para inglês, mostrou ter dificuldade em escolher um único poema desta obra. Mas “Sonhos Bisontes” acabou por surgir no discurso, por ser um poema “com ritmo e que funciona bem com a música” que será apresentada no evento.

A exercer psicologia clínica, mas com diversas actividades, Nuno Gomes encontra na poesia uma espécie de “catarse” para as suas emoções e vivências do dia-a-dia. “Acredito vivamente que a arte é uma ferramenta que os humanos podem usar para ultrapassar diversas situações. O mundo está complicado e todos nós temos os nossos problemas. O simples facto de conseguir expressar algo cá para fora dá-nos alguma liberdade. Eu uso esta ferramenta na música e na escrita”, concluiu.

15 Fev 2022

Cultura chinesa | Antropólogo de Macau dá cursos em Berlim

Cheong Kin Man, antropólogo natural de Macau a residir em Berlim vai ministrar, até Maio, cursos que versam sobre a cultura chinesa, nomeadamente sobre o cinema e os caracteres sino-asiáticos, incluindo Macau.

Segundo um comunicado, um dos cursos intitula-se “Cinema de Língua Chinesa – Perspectivas do Extremo-Oriente” e irá focar-se “nas várias problemáticas sobre a cultura como o humor em cantonês, as cores ou a lógica do storytelling no cinema em língua chinesa”. O cinema feito em Macau terá também um lugar de destaque.

Com o curso “Caracteres Chineses – Um Workshop sobre os Signos e os Significado”, Cheong Kin Man vai procurar “relacionar as semelhanças entre os ideogramas primitivos chineses com os sinais e símbolos modernos do design no contexto europeu”.

Estas acções formativas decorrem no âmbito da formação contínua promovida pela Universidade Popular de Reinickendorf.

Além de doutorado em Antropologia pela Universidade Livre de Berlim, Cheong Kin Man é também artista e tradutor, escrevendo vários artigos sobre diversos temas culturais em várias línguas. Este é licenciado em Estudos Portugueses pela Universidade de Macau e mestre em Antropologia Visual. Com apoio financeiro do Governo, o autor produziu o filme experimental “Uma Ficção Inútil”, além de realizar um trabalho de investigação nas áreas da Etimologia, media audiovisuais, descolonização e pós-colonialismo.

14 Fev 2022

Creative Macau | Exposição de aguarelas de Yui Ng Iok Lin inaugura dia 24

A galeria da Creative Macau recebe, a partir do dia 24, uma nova exposição, desta vez da artista local Yui Ng Iok Lin, intitulada “Fantasy Unending”. A artista, formada em Taiwan, explora sentimentos profundos através das aguarelas, em trabalhos onde a figura feminina ganha destaque

 

Depois de apresentar uma mostra de fotografia, a Creative Macau exibe, a partir do dia 24, uma nova exposição de pintura, desta feita focada no trabalho da artista de Macau Yui Ng Iok Lin. “Fantasy Unending” [Fantasia sem fim] é o nome da mostra que apresenta trabalhos feitos com recurso à técnica de aguarela e que exploram a temática das emoções interiores e expressões humanas.

Tratam-se de quadros “inspirados em contos de fadas ficcionais e temas espirituais”, nos quais a artista explora a “imaginação dos espíritos e sonhos”, sempre com o foco na figura feminina. Nas suas ilustrações observam-se olhares carregados de sentimentos profundos, com rostos delicados. As mulheres surgem sempre de cabelos compridos e com uma aura de fragilidade e delicadeza, sendo que os trabalhos de Yui Ng Iok Lin contêm também muitos rostos de crianças.

Exposições por aí

Nascida em Macau, Yui Ng Iok Lin formou-se em Taiwan, no departamento de Belas Artes da Universidade Nacional de Educação de Changhua. Além da aposta na aguarela, a artista tem trabalhado também como ilustradora freelance no território.

Desde a sua formação, a artista já fez cinco exposições individuais em Macau e Taiwan, com nomes como “Mumbling to myself” e “Besides The Dining Table”.

Além disso, o trabalho de Yui Ng Iok Lin já foi visto em três exposições colectivas desde 2014, tal como na mostra intitulada “Treasure Island”, que expôs os quadros da licenciatura no NCUE Art Center, em Taiwan. Em Macau, a artista participou ainda, em 2015, na mostra colectiva “Macau Annual Visual Arts”, organizada pelo então Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.

14 Fev 2022

Mostra de Lai Sio Kit pode ser visitada até ao dia 27 no Fórum Macau

Foi inaugurada, na última sexta-feira, a nova exposição individual do artista de Macau Lai Sio Kit, inserida no ciclo de exposições “Policromias Lusófonas”. A mostra pode ser vista no edifício do Fórum Macau até ao dia 27 deste mês. Na cerimónia de abertura, Casimiro Pinto, secretário-geral adjunto do Fórum Macau, disse que esta exposição leva o público a “explorar os interstícios mais profundos da universalidade de Macau”.

Lai Sio Kit foi descrito como um “artista telúrico”, que explora “as cores monocromáticas de branco e preto, que são paradoxalmente luminosas em casamento a buliçosas cascatas em que se revisitam as águas primaveris”. No seu discurso, Casimiro Pinto lembrou também que, nestas obras, “regressa-se aos elementos mais primários e prístinos em que se decide a génese do Ser, do Pensar e do Fazer”.

Por sua vez, o próprio artista pediu que “todos participantes possam escutar, ao apreciarem as obras, a voz circulante da água, que lhes traria a quietude e a serenidade da alma na vida urbana”.

ADM organiza workshops

Nesta mostra, Lai Sio Kit “regressa às paisagens naturais mais exordiais, quase selvagens, enquanto formas de revisitar a quietude do Ser através dos jogos de sombra e luz do Parecer, melhor, da representação cénica de uma pintura aparentemente inscrita na imobilidade, mas de pensamento circulante e recorrente”.

Estes quadros são apenas monocromáticos e, por isso, sem recurso a cores. O artista optou por “dispensar o uso de pigmentos coloridos e privilegiou a diversidade monocromática”.

Os interessados poderão ainda participar em três workshops ministrados pela Associação dos Macaenses, onde serão ensinadas técnicas de croché, arte de Batê Saia e de recortar papel.

Lai Sio Kit é membro da Associação de Artistas da China, Vice-Presidente da Associação de Belas Artes de Macau, Diretor da Associação de Artistas de Macau e Presidente da Associação de Arte Juvenil de Macau.

As suas obras já foram várias vezes expostas na China, incluindo Hong Kong, Macau e Taiwan, bem como no estrangeiro, nomeadamente Portugal, Estados Unidos, Coreia do Sul e Singapura. Já realizou 19 exposições individuais.

14 Fev 2022

Dança | Associação Ieng Chi celebra 25 anos e apresenta novas actividades 

Fundada em 1998 por Lilian Ieng Chi Kuok, a Associação de Dança Ieng Chi celebra no próximo ano 25 anos de existência, mas já este ano existe um programa cheio de actividades com início marcado para o mês de Março. Chloe Lau, membro da direcção, assegura que o movimento da dança em Macau é cada vez mais profissional e capta a atenção de miúdos e graúdos

 

Antes da transferência de soberania de Macau para a China aprender dança era uma coisa algo rara e, sobretudo, quase exclusiva à dança chinesa. Mas anos depois, não só há cada vez mais coreógrafos e bailarinos a dedicarem-se totalmente a esta arte, como os jovens e as suas famílias fomentam a aprendizagem.

Em 2023, a Associação de Dança Ieng Chi, situada na avenida da Praia Grande, celebra os seus 25 anos de existência. Com mais de 800 alunos e membros, esta entidade foi fundada por Lilian Ieng Chi Kuok, também directora artística da associação. Ao HM, Chloe Lau, antiga aluna de Lilian e hoje membro da direcção, conta que o movimento da dança tem evoluído de forma positiva.

“Vemos claramente que o movimento da dança em Macau mudou muito nos últimos anos. Quando andava na escola primária a maior parte dos bailarinos começava com a dança chinesa, porque era a mais popular. As associações tinham menos oportunidade de apresentar outro tipo de espectáculos. Mas agora, sobretudo nos últimos cinco anos e antes da pandemia, surgiram muitos festivais e paradas com performances locais que revelaram esta energia para o público.”

Para Chloe, este ambiente “apelou à participação de muitas pessoas e surgiram cada vez mais associações de dança”. Além disso, “os jovens desenvolvem hoje, desde muito cedo, o seu interesse pela dança e os pais também dão muito apoio”. “O ambiente da dança é hoje mais vivo”, assegura.

Chloe Lau destaca também uma maior interacção com os ambientes da dança de cidades do exterior, sobretudo da China. “No caso da nossa associação, todos os anos convidamos estudantes de Pequim e de outras cidades para realizarem workshops. Há uma maior oportunidade de explorar novas coreografias.”

Quatro direcções

Para manter o espírito vivo dos seus 25 anos de existência, a Associação de Dança Ieng Chi pretende desenvolver metas de trabalho com base em quatro direcções, baseadas na vertente educacional e na criação experimental, pois “todos os anos temos as nossas produções com espectáculos no Centro Cultural de Macau ou actividades ao ar livre”, sendo esta “uma forma de a comunidade poder desfrutar destes eventos criados por nós”.

Além disso, a associação pretende fomentar ainda mais os programas de intercâmbio que já possui com países como Coreia do Sul ou Malásia.

“Queremos partilhar a nossa cultura e a vida de Macau com outras cidades, mas estamos ainda à procura de fomentar este plano mesmo com a pandemia”. Chloe Lau fala ainda de uma quarta direcção, focada no desenvolvimento de uma plataforma de criação com outros bailarinos e coreógrafos locais.

“Existimos em Macau há 25 anos e não queremos apenas produzir espectáculos mas também criar uma plataforma de ligação com jovens coreógrafos, para que estes possam desenvolver as suas ideias e criações. Todos os anos temos um projecto para o qual convidamos quatro ou cinco bailarinos para apresentar as suas coreografias, para que estes tenham a possibilidade de contactar o público.”

Agenda cheia

Depois de dois eventos em Janeiro, a Associação de Dança Ieng Chi prepara-se para apresentar, entre 5 e 20 de Março, o festival “Zito Heritage Stroll”, que irá decorrer na Casa Garden e que terá a apresentação de performances de rua e exposições. Entre os dias 23 e 24 de Abril, irá acontecer um espectáculo de dança multimédia intitulado “Falling, Falling, Marine Snow”, onde a importância da protecção dos oceanos será o tema principal.

Em Julho, como é habitual, a associação irá ainda co-organizar, em parceria com a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, uma competição entre as escolas de dança do território.

11 Fev 2022

Óscares | “O Poder do Cão”, de Jane Campion, lidera nomeações 

As nomeações para a edição deste ano dos Óscares foram tornadas públicas esta terça-feira. O filme de Jane Campion, “O Poder do Cão”, é o grande líder, com nomeações para 12 categorias. Destaque também para a nomeação do luso-canadiano Luís Sequeira pelo seu trabalho no filme “Nightmare Alley”

 

O filme “O Poder do Cão”, da realizadora neozelandesa Jane Campion, lidera as nomeações dos Óscares, em 12 categorias, anunciou esta terça-feira a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.

Jane Campion volta a estar nomeada para melhor realização, depois de em 1994 ter sido indicada com o filme “O piano”, que lhe valeu o Óscar de melhor argumento original.

De acordo com a lista de nomeados da 94.ª edição dos Óscares, “O Poder do Cão”, uma produção estreada na plataforma Netflix, soma 12 nomeações, incluindo Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Fotografia e três indicações na representação para Benedict Cumberbatch, Jesse Plemons e Kirsten Dunst.

Com dez nomeações surge “Duna”, a adaptação do clássico de ficção científica de Frank Herbert por Denis Villeneuve.

O filme reúne nomeações em categorias técnicas de som e imagem, além de estar nomeado para Melhor Filme, mas Villeneuve falha uma nomeação na realização.

Com sete nomeações cada, estão “Belfast”, de Kenneth Branagh, e “West Side Story”, a visão de Steven Spielberg de um musical da Broadway.

Na contagem geral de candidatos aos Óscares, destaque ainda para a presença de dois filmes não ingleses: A produção japonesa “Conduz o meu carro” e a dinamarquesa “Flee – Em Fuga”.
“Conduz o meu carro”, de Ryusuke Hamaguchi, está nomeado para quatro Óscares, nomeadamente Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Filme Internacional e Melhor Argumento Adaptado, enquanto “Flee – Em Fuga”, de Jonas Poher Rasmussen, é candidato nas categorias de Melhor Filme Internacional, Melhor Documentário e Melhor Filme de Animação.

Para o Óscar de Melhor Realização estão indicados Jane Campion, Kenneth Branagh, Paul Thomas Anderson, Ryusuke Hamaguchi e Steven Spielberg.

Português nomeado

O ‘designer’ luso-canadiano Luís Sequeira está nomeado para a 94.ª edição dos Óscares pelo filme “Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas”, do mexicano Guillermo del Toro.
Luís Sequeira está nomeado para o Óscar de Melhor Guarda-Roupa, categoria na qual esteve indicado em 2018, com o filme “A Forma da Água”, do mesmo realizador, embora não tenha conseguido o galardão.

Nesta edição dos Óscares, o ‘designer’ luso-canadiano competirá numa categoria onde estão ainda os filmes “Cruella”, “Cyrano”, “Duna” e “West Side Story”.
Por conta de “Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas”, Luís Sequeira também está nomeado para os BAFTA, do Reino Unido, e para os prémios da Associação de Figurinistas dos Estados Unidos.

Luís Sequeira nasceu no Canadá, é filho de portugueses, tem dupla nacionalidade e soma mais de trinta anos de carreira entre a moda e o cinema. A cerimónia de anúncio dos vencedores está marcada para 27 de março em Los Angeles, Califórnia.

10 Fev 2022

Música | Recital “Those Who Want to Catch Time” sábado no Macau Art Garden

Ellison Lau, engenheiro de som, empresário e compositor, junta-se aos amigos músicos num recital que acontece este sábado, a partir das 21h, no Macau Art Garden. “Those Who Want to Catch Time” apresenta um repertório de músicas compostas para teatro e cinema por Ellison Lau

 

“Those Who Want to Catch Time” [Os que querem aproveitar o tempo] é o título do recital de música que acontece este sábado, a partir das 21h, no espaço Macau Art Garden. O espectáculo é protagonizado pelo músico, compositor e engenheiro de som Ellison Lau, fundador da empresa SoundMist. Lau irá tocar piano e far-se-á acompanhar em palco pelos músicos Daniel Leong Chon Hang, violoncelista, Leung Yan Chiu, tocador de Sheng, um tradicional instrumento musical chinês, e Pn Lam, guitarrista.

Ao HM, Ellison Lau explicou que o conceito principal deste espectáculo está muito ligado à pandemia e aos sucessivos confinamentos e encerramentos que as sociedades têm enfrentado nos últimos meses, o que acarreta uma nova noção de tempo.

“Nestes dois anos, quando temos tempo, pudemos planear o nosso futuro. Mas há planos que, neste tempo de pandemia, podem não acontecer, então tentamos aproveitar todo o tempo de que dispomos. Não sabemos se na próxima semana não haverá outro surto que nos impeça de realizar este espectáculo, por isso há esta ideia de aproveitar o tempo antes que aconteça qualquer coisa que nos impeça de fazer o que queremos.”

Ellison Lau confessa que já tem experiência de palco com estes músicos que, desta vez, se deslocaram a Macau para passar os feriados do ano novo chinês. “Nestes dois anos, em que a pandemia afectou as nossas vidas, cada vez que nos encontramos [é especial]. É este o conceito por detrás deste espectáculo.”

O programa do recital inclui composições que Ellison Lau tem vindo a desenvolver nos últimos anos para filmes e peças de teatro, sendo que muitas delas foram ajustadas para serem tocadas por outro tipo de instrumentos.

“As músicas que iremos apresentar têm alguma ligação com o estilo clássico, mas não tem apenas essa aproximação. Quem participou nos meus espectáculos nos últimos anos percebe que a minha música está mais virada para o novo clássico, mas acho que este recital está aberto a todos os tipos de público”, disse Ellison Lau.

Tudo menos tradicional

O protagonista deste recital não se assume como um músico tradicional. “Diria que a minha experiência não é muito habitual porque eu próprio não sou pianista, não estudei música. Sou engenheiro de som e faço pós-produções de música para filmes. Neste sentido, não sou um músico tradicional.”

Ellison Lau espera que o novo público que não conheça o seu trabalho possa ganhar “uma nova perspectiva” das suas composições com este recital. Questionado sobre as dificuldades de ter uma empresa nesta área em Macau, o engenheiro de som confessou que enfrenta alguns desafios.

“Diria que sou uma das primeiras pessoas em Macau a fazer trabalhos de engenharia de som de forma profissional. Não diria se é fácil ou difícil iniciar uma empresa como esta, mas tento focar-me nas coisas que verdadeiramente gosto de fazer. Quero mudar o padrão que existe na indústria”, rematou.

9 Fev 2022

“Belfast” de Kenneth Branagh bem posicionado para os Óscares 

Posicionado como potencial nomeado aos Óscares, o filme “Belfast” revisita um período “profundamente trágico e doloroso” na história da Irlanda do Norte sob a lente da compaixão, disse o realizador Kenneth Branagh num evento da Variety.

“Compaixão foi o ponto de vista que quisemos aplicar a uma situação muito complicada”, afirmou Branagh, que desenvolveu a história com base na sua memória do início dos confrontos violentos conhecidos como The Troubles, que opuseram protestantes unionistas e católicos nacionalistas no final da década de sessenta.

“Olhamos para a situação através do Buddy, de nove anos, e é uma posição muito humana através da qual observamos uma família a lidar com eventos para os quais não estamos preparados para lidar”, descreveu o autor.

O filme tem como protagonistas Jamie Dornan, Caitriona Balfe, Jude Hill, Judy Dench e Ciarán Hinds, e tem sido aclamado pela crítica com várias nomeações e vitórias na temporada de prémios do cinema.

“Quando li o argumento, pareceu-me que a essência do que ele tinha captado era uma verdade muito profunda de uma cultura e de um povo”, disse o actor Ciarán Hinds, que interpreta o avô de Buddy no filme. “Foi como se tivéssemos escorregado de forma muito gentil para uma outra era, um outro tempo”.

“Experiência mágica”

O actor descreveu como “uma experiência mágica” trabalhar com Kenneth Branagh, que fez um filme quase autobiográfico com uma dose simultânea de nostalgia e assombro. “Sentimo-nos rodeados dos fantasmas dos nossos antepassados, os espíritos de onde viemos”, disse Ciáran Hinds.

Jamie Dornan também elogiou o trabalho do realizador, que deu aos actores a capacidade de se submergirem num filme de época – filmado a preto e branco – de forma orgânica.

Situado em 1968, no início do conflito, “Belfast” não aborda directamente a complexidade do que está em causa. Kenneth Branagh explicou que a sua intenção foi mostrar o desenrolar da violência de um ponto de vista familiar.

“São eventos políticos e sociais avassaladores, um período muito traumático para a Irlanda do Norte que durou trinta anos e ninguém sabia quanto tempo ia durar”, disse o realizador, lembrando que morreram 3700 pessoas durante o conflito. “Foi profundamente trágico e doloroso”, descreveu.

O filme “tenta entender” um pouco disso sem endereçar o principal problema. “Em vez disso, tenta focar nos mecanismos usados para enfrentar a situação, e as pequenas formas como uma família normal lidou com estas dificuldades e pôs um pé à frente do outro”, disse Branagh. “Podemos aprender com estas histórias”.

8 Fev 2022

Cinemateca Paixão | “Lost in Translation” e “Terrorizers” em exibição nos próximos dias 

O aclamado “Lost in Translation”, de Sofia Coppola, é um dos filmes que integra o cartaz na Cinemateca Paixão para os próximos dias, e que apresenta algumas películas que têm a Ásia como pano de fundo

 

Ele é um actor de teatro em plena crise de meia idade que vai a Tóquio fazer um anúncio a um whisky. Ela é uma licenciada em Filosofia que acompanha o marido, fotógrafo, numa viagem de trabalho, mas que passa demasiado tempo sozinha. Os dois encontram-se no bar do hotel e depressa começam uma amizade que apenas cabe nas ruas de Tóquio.

Esta é a história central de “Lost in Translation”, o aclamado filme da realizadora norte-americana Sofia Coppola, de 2003, filmado no Japão, e que conta com a presença dos actores Scarlett Johansson e Billy Murray nos papéis principais. “Lost in Translation” é um dos filmes que integra o ciclo da Cinemateca Paixão para os próximos dias, dedicado ao cinema asiático, mas não só. O filme de Sofia Coppola será exibido entre quinta-feira e dia 18.

Este novo ciclo de cinema começou este domingo com a exibição de “Terrorizers”, filme que poderá ser visto até sexta-feira. Esta é uma produção de Taiwan de Wing Ding Ho que conta a história de quatro jovens em Taipei que vagueiam pela cidade com histórias pessoais marcadas pelo amor, desejo ou vingança. A película obteve uma nomeação, no ano passado, no Festival Internacional de Cinema de Toronto, para a secção de cinema internacional contemporâneo.

Mostra multicultural

“Lamb”, de Valdimar Johannsson, é um dos filmes com um cenário exclusivamente europeu que poderá ser visto na Cinemateca Paixão nos próximos dias, entre amanhã e o dia 15. Esta é a história de um casal que vive numa Islândia rural e que um dia faz uma descoberta alarmante no curral onde se encontram as suas ovelhas.

Depressa estes descobrem que estão a enfrentar as consequências de desafiarem o rumo da mãe natureza. O filme, que marca a estreia deste realizador, obteve, no ano passado, um prémio na categoria “Originality of un certain regard” no Festival de Cinema de Cannes, incluindo uma outra nomeação. Também no ano passado “Lamb” recebeu o prémio na categoria “FIPRESCI of European Discovery” nos Prémios Europeus de Cinema.

O regresso à Ásia faz-se com o filme “Vengeance is Mine – All others pay cash”, uma co-produção da Indonésia, Singapura e Alemanha, do realizador Edwin. Esta película conta a história do lutador Ajo Kawir que combate contra um problema pessoal: a impotência. No entanto, acaba por se apaixonar por uma outra lutadora, de nome Iteung. O filme vai contando a história da possibilidade desse amor. Esta película pode ser vista entre sábado e o dia 20.

A selecção de filmes prossegue com “Introduction”, uma produção sul-coreana de Hong Sang-soo que conta a história de Youngho e da sua namorada, Juwon, que se muda para Berlim para prosseguir os seus estudos.

Esta película obteve, no ano passado, o Urso de Prata para melhor guião no Festival Internacional de Berlim, além de ter recebido uma nomeação para a categoria de melhor filme. “A new old play”, uma co-produção de Hong Kong e França, de Qiu Jiongjiong, será exibido até domingo. Este filme passa-se no ano de 1980 e centra-se na personagem de Qiu Fu, um actor da ópera de Sichuan que morre num acidente de carro.

8 Fev 2022

Superestrela indiana Lata Mangeshkar morre aos 92 anos

Lata Mangeshkar, conhecida como “O Rouxinol da Índia”, uma superestrela que governou a cena musical de Bollywood durante décadas, morreu ontem aos 92 anos.

Nascida a 28 de Setembro de 1929 em Indore, no estado central de Madhya Pradesh, Lata Mangeshkar iniciou a sua formação musical numa idade precoce sob a tutela do seu pai Deenanath Mangeshkar, um cantor clássico e actor de palco, que ela disse ser o seu primeiro e “verdadeiro guru”. Quando tinha apenas cinco anos de idade, o pai levava-a consigo quando actuava.

Em 1945, a família mudou-se para Bombaim. Lata Mangeshkar, que teve de ajudar a sua mãe a apoiar as suas três irmãs mais novas e o seu irmão mais novo, começou uma carreira de cantora em Bollywood. Quando gravou a sua primeira canção em 1947 para o filme “Majboor”, Gulham Haider, o grande compositor indiano, disse-lhe: “As pessoas esquecerão todas as outras (…) quando a ouvirem”. Uma das canções do filme catapultou-a para as luzes da ribalta.

A partir de então, os blockbusters de Bollywood iriam apanhar a sua voz incomparável ao longo das décadas seguintes, marcando muitas obras cinematográficas tais como “Barsaat” ou “Mahal”.

Um grande sucesso

Acompanhada pela sua irmã mais nova Asha Bhonsle e pelo seu irmão Hridayanath Mangeshkar, ela trabalhou com quase todos os compositores do país. A sua imensa fama tinha feito dela uma tal figura que foi convidada a cantar nas celebrações do Dia da República da Índia, em Janeiro de 1963.

Numa altura em que a equidade de pagamento ainda estava longe de ser um problema, Lata Mangeshkar ‘atreveu-se’ a exigir taxas mais elevadas e uma parte das receitas das suas canções. Por ocasião do seu 75.º aniversário, os grandes nomes da música indiana prestaram homenagem à diva, chamando-a a “alma da música do cinema indiano”.

Lata Mangeshkar teve de abandonar a escola, mas sabia ler, escrever e falar várias línguas, incluindo hindi, marathi, inglês e urdu.

“Sê gentil e generoso para com aqueles que são menos privilegiados do que tu. Dar generosamente. Não reprima o seu amor pelos seus semelhantes”, pregou Lata Mangeshkar em 2020, no meio da pandemia de Covid-19.

7 Fev 2022

Fotografia | Exposição de Ricardo Meireles abre portas este sábado 

O arquitecto e fotógrafo Ricardo Meireles expõe, a partir de sábado, no espaço Hold On to Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. O público poderá ver, em “Social Distance”, uma série de fotografias de Macau, Hong Kong, Tóquio e Taiwan que servem como uma memória dos movimentos urbanos pré-pandemia, mas também dos tempos actuais de menor contacto humano

 

Chama-se “Social Distance” [Distância Social] e é a nova exposição individual de Ricardo Meireles, fotógrafo e arquitecto que abre ao público no próximo sábado, 12, às 15h, na galeria Hold On to Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM). Poderão ser vistas imagens não apenas de Macau mas de regiões como Hong Kong, Tóquio e Taiwan, onde impera a captura do movimento, a relação entre as pessoas no espaço urbano, mas também o contraste face aos tempos actuais, onde a pandemia ditou uma menor expressão de relações e movimentos de pessoas.

Inicialmente a ARTM pretendia realizar esta exposição no ano passado, mas o tema do movimento das cidades levou Ricardo Meireles a adiar o evento e a necessitar de mais tempo para escolher as imagens que pretendia expor. Desta forma, “Social Distance” terá fotografias mais recentes mas também imagens de arquivo.

Há, portanto, “uma captura do movimento e do aglomerado”, embora seja também captado “o oposto, a ideia da espera, do isolamento, a noção de que o tempo parou”. “Estas fotografias tentam abordar a ideia de um percurso mais orgânico entre as pessoas e o movimento da cidade”, disse ao HM.

Um “diálogo visual”

Ricardo Meireles, que não sai de Macau há dois anos, nota, na qualidade de fotógrafo, as alterações que a pandemia trouxe face à impossibilidade de capturar imagens de outras realidades. “Tive a ideia de capturar a essência do movimento de uma cidade onde, numa situação de pré-pandemia, conseguíamos absorver mais esta relação [entre pessoas] e este movimento. Há a captura destas realidades muito simples e sintéticas.”

Criou-se, em “Social Distance”, um “diálogo visual” para traçar este percurso em que o tempo parece ter estagnado e as mudanças se tornaram demasiado visíveis. “

Esta exposição tem também um cariz social, uma vez que a venda das imagens irá reverter para os projectos da ARTM. A mostra está patente até ao dia 2 de Março, sendo que a galeria Hold On to Hope se situa junto à Igreja de Nossa Senhora das Dores, na povoação de Ka-Hó, Coloane.

7 Fev 2022

Ano novo chinês | Casas de Portugal e do Brasil participaram em parada 

Decorreu ontem a parada do ano novo lunar no centro histórico, dois anos após a suspensão devido à pandemia. A Casa de Portugal em Macau mostrou as cores do Tigre trabalhadas pela Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau e a Casa do Brasil trouxe às ruas o “Arraial dos Tigres”

 

As casas de Portugal e do Brasil em Macau voltaram a participar, ontem, na parada do ano novo lunar, suspensa nos dois últimos anos devido à pandemia da covid-19.

A Casa de Portugal em Macau (CPM) usou na parada, na qual participa desde a primeira edição, “as cores dourado e vermelho como representação do poder” do Tigre, animal do ano que agora começa, cruzada “com as diferentes áreas artísticas praticadas na Escola de Artes e Ofícios” da CPM, disse à Lusa a directora da escola, Maria Elisa da Rocha Vilaça.

Fotografia, cinema, pintura, cerâmica, azulejos, fantoches, joalharia, música e costura, habitualmente desenvolvidas nas actividades da escola, estiveram representados criativamente por 22 elementos, através da reciclagem de materiais, disse Elisa Vilaça, conhecida pelo seu trabalho com marionetas.

“Todas estas artes foram trazidas à vida pela dança dinâmica de um grupo de jovens estudantes da Escola Portuguesa de Macau, coordenada por um grupo de seis membros do pessoal da CPM”, acrescentou.
Por seu lado, a vice-presidente da Associação Casa do Brasil em Macau (ACBM), Carla Fellini, disse à Lusa que a parada, na qual participa há sete anos, serviu para mostrar um pouco da cultura brasileira e do folclore adaptados ao tema de cada ano.

“Este ano é o Tigre o anfitrião, introduzido no ‘Arraial dos Tigres’, o nosso tema da parada. No Brasil seria a Folia de Reis”, acrescentou a responsável, sublinhando tratar-se de uma “mistura das duas culturas, em ritmo de alegria e festa com 36 participantes”.

Gestão difícil

Elisa Vilaça considerou que “a redução de verbas por parte do Governo de Macau tem levado a que seja necessária uma gestão financeira difícil, atendendo ao aumento de todos os materiais adquiridos, ao aumento das rendas das instalações e claro à impossibilidade de contratação de mais técnicos especializados”.

A responsável afirmou ter sido “uma gestão difícil, mas até agora conseguida devido à dedicação e amor naquilo que fazem por parte dos profissionais que trabalham na CPM”.

Sobre as medidas de prevenção e controlo da pandemia em Macau, Elisa Vilaça sublinhou que a parada tem “regras bastante precisas que foram implementadas” e respeitadas “na íntegra” para que seja possível continuar a desenvolver um trabalho em prol da cultura “pilar importantíssimo para o desenvolvimento de Macau e da sua comunidade”.

Já a vice-presidente da ACBM, disse que o Governo de Macau “sempre deu apoio” à associação, sem qualquer alteração. “A nossa associação não tem experimentado quaisquer dificuldades a este respeito, permanecemos os mesmos que nos outros anos”, afirmou Carla Fellini.

De acordo com a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau, o orçamento geral para as celebrações do ano novo lunar do Tigre é de 30 milhões de patacas, cabendo à parada 25,5 milhões de patacas e ao espectáculo de fogo de artifício 3,6 milhões de patacas, ambos cancelados em 2020 e no ano passado.

A parada, onde participaram 14 carros alegóricos e 22 grupos chineses e locais, decorreu ontem e repete-se no próximo sábado, dia 12, passando por diferentes zonas da cidade. Por sua vez, o espectáculo de fogo de artifício, que também aconteceu ontem, volta a decorrer na próxima segunda-feira e no dia 15. Este último espectáculo irá coincidir com o tradicional Festival das Lanternas.

O desfile de ontem marcou o primeiro dia do ano novo lunar e contou com um dragão gigante dourado, com 238 metros de comprimento. Nas ruas decorreram ainda outras actividades culturais. Em todos os eventos, participantes e público tiveram de usar máscara, medir a temperatura e apresentar o código de saúde de Macau e o código de local, que regista o percurso.

4 Fev 2022

Ano Novo Chinês | Parada, dança e música marcam chegada do Tigre 

A chegada do ano do Tigre em Macau é celebrada com diversas actividades organizadas pela Direcção dos Serviços de Turismo, com dança e música em vários pontos da cidade. Destaque para o desfile do dragão dourado, amanhã e quarta-feira, com início nas Ruínas de São Paulo e que fará um percurso pelo centro histórico

Começam amanhã as festividades que marcam a chegada de um novo ano lunar organizadas pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). A cerimónia de arranque das actividades acontece esta terça-feira junto às Ruínas de São Paulo, sendo que às 10h30 serão distribuídas pelos participantes inscrições auspiciosas e gotas de ouro pelo Deus de Fortuna.
Às 11h, acontece a cerimónia de vivificação do dragão gigante dourado e de leões e após a queima de panchões, terá início o desfile do dragão gigante dourado de 238 metros e 18 leões. O percurso começa nas Ruínas de São Paulo e continua no Largo do Senado, Calçada do Tronco Velho, Largo de S. Agostinho, Rua Central, Travessa da Paiva, Porta principal da Sede da RAEM, Travessa do Padre Narciso, Igreja de S. Lourenço, Bairro do Lilau, Rua da Barra, Templo A-Má, Avenida Panorâmica do Lago Sai Van, Rotunda da Baía da Praia Grande e Praça do Lago Sai Van.
Este desfile simboliza “a transmissão de votos de felicidade a todos os residentes e visitantes de Macau”, aponta a DST. Além disso, a mascote “Mak Mak” estará presente em vários locais da cidade.

Dança para todos

Além do desfile, estão também programados vários espectáculos de dança em locais como o Largo do Pagode da Barra, Ruínas de S. Paulo, Largo do Pagode do Bazar e Casas da Taipa. Inclui-se neste programa a apresentação por parte da Trupe de Arte Étnica do Congjiang da Província de Guizhou.
O Deus da Fortuna, os três Deuses da Felicidade, Longevidade e Prosperidade, Par de Meninos, Tigre do Zodíaco Chinês e a mascote “Mak Mak” estarão também, em horários diferentes, em locais como o espaço Anim’Arte NAM VAN, Largo do Pagode do Bazar, na Zona de Lazer dos Três Candeeiros (Rotunda de Carlos da Maia), na Feira do Carmo, no Largo do Senado, no Templo de A-Má, nas Casas da Taipa, nas Portas do Cerco, no Posto Fronteiriço de Qingmao e na Zona de Lazer da Rua do General Ivens Ferraz.
Na quinta-feira, o terceiro dia do ano novo chinês, acontece a parada de celebração do ano do Tigre, que se repete dia 12, o 12.º dia do ano novo. A cerimónia de abertura está agendada para as 20h e contará com alguns artistas convidados, como é o caso de Germano Guilherme e Lei Sum Yi, de Macau, e Mak Cheong Ching, de Hong Kong.
O espectáculo vai ter ainda a presença dos músicos Ft. Rapper JRD & J. HO, bem como Vivian Chan e Rico Long. Irão ainda decorrer espectáculos antes do início da parada, a fim de criar “um ambiente animado” no local, com entrada a partir das 17h30.
As bancadas para o público estão localizadas na Praça do Lago Sai Van, Avenida Dr. Sun Yat-Sen, Praça do Centro Ecuménico Kun Iam e na Rotunda do Centro de Ciência de Macau. Dado o número de lugares ser limitado, estes serão atribuídos por ordem de chegada.
A DST organizou ainda espectáculos de fogo-de-artifício que terão lugar nas noites do terceiro, sétimo e décimo quinto dia do Ano Novo Lunar (3, 7 e 15 de Fevereiro).

3 Fev 2022

Bienal de Pequim | Fátima Sardinha, a professora que representa Portugal 

Desde cedo que revelou um talento natural para a pintura e o abstraccionismo foi um amor imediato. Medos e inseguranças afastaram-na de uma carreira artística e empurraram-na para o ensino, mas um burnout levou-a a apostar na pintura e a encará-la como uma carreira. Com o quadro “Love Song”, é a única artista portuguesa presente na 9.ª Bienal Internacional de Pequim

O percurso artístico de Fátima Sardinha, a única artista portuguesa a representar Portugal na 9.ª Bienal Internacional de Pequim, é tudo menos banal. Estudou artes no ensino secundário e os professores elogiavam-lhe o talento e a capacidade de rasgar tudo e encher de novo uma tela. Mas, mais tarde, nem sequer se inscreveu na Escola de Belas Artes do Porto, por medo de não conseguir sustentar-se com os seus quadros e também pela insegurança tão própria da idade.

Com um mestrado e doutoramento em matemática, Fátima Sardinha tornou-se professora primária, mas um burnout levou-a de novo para o mundo das artes, embora a pintura sempre tenha estado presente na sua vida.

“Comecei a pintar novamente, abri uma conta no Instagram e, para surpresa minha, tive uma resposta muito positiva ao meu trabalho”, contou ao HM. Fátima Sardinha confessa que o trabalho tem funcionado como “uma terapia, nos bons e nos maus momentos”.

“Fui conhecendo gente no mundo das artes e criei um grupo de artistas de todos os continentes, com um curador mexicano, o Sérgio Gomez.”

Rapidamente, Fátima Sardinha começou a vender alguns dos seus trabalhos online, além de ter exposto também por esta via no período da pandemia. “Tive portas abertas que, se calhar, de outra forma não se iriam abrir. Concorri depois à Bienal de Arte de Vila Nova de Gaia [2021] e fui seleccionada com um trabalho sobre o confinamento, baseado em imagens que tínhamos da situação em Itália.”

Participar na Bienal em Pequim, surgiu depois de a Direcção Geral das Artes, entidade ligada ao Governo português, ter aberto um concurso para artistas portugueses. Fátima Sardinha foi a única seleccionada.

“Fiquei surpreendida quando descobri que era a única portuguesa presente na Bienal, uma oportunidade única. Tive a oportunidade de participar num evento que, de outra forma, não me seria possível, pois o quadro tem 1,60 por 1,80 metros, não iria ficar barato para mim [o envio]. Mas o Governo chinês comparticipou tudo”, disse ainda.

Sentimentos na tela

Esta é a primeira vez que Fátima Sardinha expõe na Ásia. “Love Song” representa a esperança e foi pintado em Junho de 2020, quando o mundo vivia os primeiros confinamentos devido à pandemia. “Essa peça tem uma cor e energia que quase consome tudo o que está à sua volta, e também pela textura. Estava bem, pensei que a pandemia estava a passar e que as coisas iam melhorar. E essa é a ideia da Bienal, a luz da vida. [O quadro representa] o amor à vida, uma canção de amor. Pode ter várias leituras.”

Esta e todas as obras de Fátima estão ligadas ao abstraccionismo, que a acompanha desde sempre.

“Tenho alguns trabalhos figurativos, muito poucos, mas dentro do figurativo abstracto. Cada quadro que pinto é um pouco de mim… é uma situação. Não pinto apenas por pintar.”

A artista confessa que gostava de reunir as diferentes reacções e emoções que os seus quadros geram nas pessoas. “É engraçado, porque quem vê as minhas obras diz sempre que são melhores ao vivo. Há pessoas que encontram caras nos quadros, vêem várias coisas. Para mim, a pintura tem de oferecer algo a quem está a ver, é como oferecer os espaços em branco, porque o autor nunca nos diz tudo. Há sempre um espaço dedicado à imaginação e é assim que eu vejo a pintura abstracta.”

Para Fátima Sardinha, “uma obra de arte nunca está acabada”. Há sempre margem para mais um improviso, daí a aposta na pintura a óleo e não em acrílico, que a artista experimentou durante uns tempos.

Sentimentos e pensamentos são os grandes protagonistas das obras desta artista, que reside no Porto. “Toda a minha obra é um pedaço de mim. Cada quadro, para mim, representa algo. Tenho dois quadros que não estão à venda, nem nunca vão estar, são sobre o falecimento dos meus gatos”, exemplifica.

Além da participação na Bienal de Vila Nova de Gaia, Fátima Sardinha expôs o seu trabalho, no ano passado, na exposição online “Opening”, em Chicago, EUA, e na mostra “Collective Energy – A Screaming Art Group Exhibition”, entre outras.

28 Jan 2022

José Drummond com dois projectos expostos nas cidades de Foshan e Changsha

Com uma laboriosa produção criativa, mesmo durante a clausura pandémica, os trabalhos de José Drummond saíram do estúdio numa escala maior do que a habitual, mas mantendo as tensões e dicotomias que caracterizam o seu trabalho. O HM falou com o artista português radicado em Xangai, que tem trabalhos expostos em Foshan e Changsha, conquistando cada vez mais um espaço único no mundo artístico da imensa China

 

Actualmente, tem dois projectos expostos em duas cidades, Foshan, na província de Guangdong e Changsha, na província de Hunan. Pode fazer-nos uma breve apresentação destes trabalhos?

As duas instalações têm características formais relativamente diferentes. Uma está inserida num espaço interior, outra num espaço público exterior. Uma é uma caixa preta de um espaço museológico, e que funciona um pouco de uma forma transgressiva porque propõe a existência de um espaço dentro de um outro espaço.

Vamos por partes. Como caracteriza a obra exposta no Xie Zilong Museum, em Changsha, “The Dream Of The Red Chamber”?

Tenho trabalhado bastante com luz e com néons e para este espaço a minha proposta andou à volta de um sentido algo híbrido. O néon principal, que é uma espécie de um labirinto fechado tem uma imagem que faz lembrar motivos chineses e microchips de computador. A peça tem uma série de ambivalências ligadas entre si, em reflexo ao néon central na parede principal. Existe também um LED preto e vermelho, muito característico de restaurantes e lojas chinesas. Em geral, servem para vender um produto qualquer e aquilo que eu fiz é algo de disruptivo. O produto que estou a vender ali é uma citação do livro que dá o título à peça: “The Dream of the Red Chamber”, um dos quatro clássicos chineses. A citação, que aparece em chinês, traduzida seria algo como “a verdade torna-se ficção, quando a ficção é verdade e o real torna-se irreal quando o irreal se torna real”.

Uma dicotomia quase existencialista.

São coisas que trabalho há bastante tempo, estas bipolaridades, estes binómios de opostos. Para completar a instalação existe uma frequência sonora, que inunda o espaço e acaba por envolver os visitantes. Essa frequência sonora é a chamada Ressonância Schumann, que corresponde à frequência do planeta Terra, à frequência mais intensa e interior, uma frequência de 7,83 Hz. Curiosamente corresponde também à frequência que o nosso cérebro emite quando sonhamos.

Porquê introduzir um elemento sonoro?

Foi importante inserir este elemento, porque acredito que está tudo ligado, o mundo não é composto por partes diferentes. Nesse sentido, esta correspondência entre o cérebro humano e o coração da Terra fez todo o sentido. Também permite ao visitante, dentro da instalação, entrar num sentido mais hipnótico de labirinto fechado, neste binómio entre a verdade e a ficção, entre o real e o irreal. Tudo isso acaba por compor, no final, uma espécie de espaço que não é só de contemplação, mas também uma mediação entre o presente e uma realidade alternativa, que surge quando temos a possibilidade de parar e sentir coisas. Tenho usado muito a expressão “templo pós-humano” para caracterizar este caminho que os meus trabalhos têm seguido mais recentemente.

Esse conceito especulativo é algo curioso. Podia alargar esse conceito?

Os meus trabalhos sempre foram um pouco existencialistas num sentido beckettiano, com algum absurdismo. Mas recentemente tenho-me interessado mais por um certo lado do budismo, é algo que tem tomado mais forma. Existe aqui qualquer coisa, qualquer sugestão. O meu trabalho não se livra de referências ao mundo da arte, especialmente em instalação, aí é ainda mais óbvio. Estas referências existem para criar algum desafio, alguma disrupção, até porque acredito que os trabalhos devem ser autossuficientes. Ou resultam ou não, não precisam necessariamente de trazer muitas coisas atrás. Mas voltando a esse ponto do templo pós-humano. Penso que estamos a atingir um momento muito interessante na nossa civilização, em que começamos cada vez mais a funcionar por meios digitais. Temos inteligência artificial a simular muitas coisas. Apesar de o meu trabalho ser contemporâneo, e ter estas referências todas do passado da arte contemporânea ligada ao conceptualismo e ao minimalismo, inclui elementos que o levam para um lado retro-futurista, ciberpunk, porque é especulativo, tem uma ambição que já ultrapassa a própria vivência neste tempo presente.

O nosso tempo de vida, enquanto espécie.

Fala-se muito das alterações climáticas e do ambiente. Obviamente que é preocupante, todos deveríamos tentar fazer mais neste capítulo, mas se olharmos para a história do planeta Terra, para o que aconteceu nos últimos 50 anos, isto na história do planeta são duas horas na nossa vida. Não significa muito. Encontro aqui paradigmas que são interessantes para mim. É uma existência irrelevante quando encaramos no big picture. Possivelmente, aquilo que as alterações climáticas vão potenciar cada vez mais é exactamente a não existência de humanos, porque o planeta vai continuar a existir. Sabemos que tudo isto é cíclico.

Até quando estará patente este trabalho em Changsha?

Esta instalação está aberta ao público até 19 de Fevereiro.

Passando para a instalação patente num parque público no distrito de Nan Hai, em Foshan. Até quando pode ser visitada? E como surgiu este projecto?

A instalação vai estar no parque até 16 de Abril. Em termos de referências, há quem mencione o Dan Graham e no “2001, Odisseia no Espaço”. Mas a ideia para o projecto nasceu de uma coisa mínima, uma moeda antiga chinesa. Estas moedas têm em si duas formas infinitas, o quadrado e o círculo. Foi a partir daí que, entretanto, surgiu esse trabalho. Do meio do círculo sai o monólito. O círculo poderá ter mais a ver com land art, com o Richard Long, por exemplo. Na realidade, a ideia de criar o monólito em espelho vive comigo desde meio dos anos 90, mas nunca tive oportunidade de o fazer, e agora, por alguma razão, voltou quando me lançaram o desafio de participar nesta exposição de arte pública. Obviamente, o “2001” contém a ideia de pós-humano, de um espaço de mediação entre a ilusão e a realidade, é uma referência que tem a ver, claro. Não foi, no entanto, o ponto de partida. O começo partiu do espaço entre culturas e as antigas moedas chinesas.

Como foi a produção deste projecto?

Este trabalho deu-me bastante gozo a preparar, levou seis meses até ser concluído. Combina o conceito de monólito, uma estrutura muito rígida, enquanto que o círculo que está na sua base tem uma estrutura mais orgânica e flexível. Só combinar esse monólito com a ideia do jardim budista com pedras, onde as pessoas podem passear, interessou-me também como uma metáfora entre sistemas organizados e com sistemas flexíveis, apesar de o trabalho não ser sobre isso. Nomeadamente, o sistema político, que é extremamente organizado e funciona, na maior parte das vezes, como um monólito, e o círculo, as pedras onde podemos passear, que podem ser as pessoas. Mas, essencialmente, a intenção foi criar um espaço de contemplação, de meditação, um espaço para parar e esquecer, momentaneamente, o presente.

Apesar da rigidez geométrica, o monólito reflecte pessoas no espaço público.

No fundo, interessava-me que esta instalação fosse um objecto que dentro do seu minimalismo pudesse criar a ilusão entre invisível e visível. A questão de se olhar para uma paisagem, mas depois ter um elemento que interfere e reflecte a sua parte. Assim como, tornar visível aquilo que é invisível ao olhar, ao mesmo tempo omitir aquilo que está por trás dessa linha visual que existe.

Podemos afirmar que sai da pandemia, colocando a constante emergência sanitária no passado, em pleno de vigor criativo. O período da pandemia foi de acumulação de trabalhos?

Durante a pandemia não parei de trabalhar no estúdio. Mas há aqui um factor interessante, porque me perguntou sobre vigor, que tem a ver com a escala. Estes dois trabalhos, especialmente o último com cinco metros de altura, têm uma escala considerável. A escala no meu trabalho mudou com estas duas instalações, era algo que já tinha a tentação de experimentar, e que finalmente tive a oportunidade de fazer. Uma escala maior permite criar este tipo de narrativa sobre espaços, sobre os templos pós-humanos, estes espaços de mediação entre o tempo e o humano, entre o tempo presente e o tempo do sonho. Tudo isso não existe quando estamos a falar de uma fotografia, ou de uma coisa bidimensional.

O aumento de dimensões é algo que já entrou no seu processo criativo?

Tenho inúmeros projectos diferentes e todos eles são instalações com uma escala considerável. Apesar de a maior parte estar ainda em fase de projecto, se tiver oportunidade para continuar a fazer coisas, esta será provavelmente a área que me interessa mais prosseguir neste momento.

27 Jan 2022

Lisboeta | Inaugurado hotel “Casa de Amigo” 

O empreendimento Lisboeta, situado no Cotai e propriedade da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), conta com um novo hotel, projecto do estúdio Line Friends, fundado pelo designer sul-coreano Kang Byeong. “Casa de Amigo” apresenta 82 quartos com três distintos, intitulados “Brown’s Room”, “Cony’s Room” e “Line Friend’s Room”.

O conceito por detrás deste novo empreendimento hoteleiro é, como o próprio nome indica, ter uma casa que recebe os amigos, num espaço cheio de criatividade. É dado um grande destaque aos elementos culturais específicos de Macau, tal como a arquitectura portuguesa e “cores esplêndidas, perfeitamente misturadas” com a imagem do estúdio Line Friends. Os preços dos quartos, por noite, variam entre 1,5888 e 3,388 patacas.

26 Jan 2022

Arte | Escultura de bambu de Wong Ka Long exposta na Taipa

“Reverie” é o nome da escultura de bambu com inspiração em elementos da cultura japonesa da autoria do artista local Wong Ka Long que estará patente em dois locais da vila da Taipa a partir desta quarta-feira. A iniciativa é da galeria Taipa Village Art Space, que, entretanto, se prepara para mudar de instalações

 

São capacetes transformados em sinos, com as cores características da vila da Taipa, uma mescla de amarelos, verdes e azuis. Tudo isto se relaciona com uma escultura em bambu com cerca de três metros, que revela símbolos da cultura japonesa, como o santuário ou a casa de chá.

É assim “Reverie”, com as temáticas “Bless” e “Tea Room”, o mais recente projecto do escultor Wong Ka Long que estará exposto nos largos Maia de Magalhães e Tamagnini Barbosa, na vila da Taipa, a partir de hoje e até ao dia 15 de Abril. Esta iniciativa, da galeria Taipa Village Art Space, gerida por João Ó, vem dar voz a uma criação artística antiga de Wong Ka Long, acrescentando-lhe uma nova roupagem.

“Este foi um dos projectos mais interessantes, em termos colaborativos, que tive com um artista”, confessou João Ó ao HM. “Ele chegou com uma ideia e eu dei-lhe soluções, pois não havia nada pré-estabelecido. Eu apresentei o bambu e ele os capacetes. Inicialmente queríamos mostrar as esculturas que o artista já tinha feito, mas muitas foram sendo mostradas ao longo dos anos e não era muito positivo estar a repeti-lo.”

Desta forma, “Reverie” traz novamente a público um projecto anterior, com capacetes militares, que representam “uma dicotomia entre a guerra e a paz, o Oriente e o Ocidente”. Estes capacetes já foram expostos como se fossem cerâmica tradicional chinesa, com uma referência aos cravos vermelhos da revolução portuguesa do 25 de Abril de 1974.

João Ó descreve Wong Ka Long como “um escultor bastante versátil” que tanto trabalha com materiais mais tradicionais, como o barro, como depois aposta nas estátuas de bronze exibidas em espaços exteriores.

O responsável pela galeria Taipa Village Art Space adiantou também que optou pelo Largo Maia de Magalhães, por ser um sítio mais pacato, mas acolhedor, em contraste com o Largo Tamagnini Barbosa, onde passam muitas pessoas.

Com “Reverie” pretendeu-se, desde o início, estabelecer uma comunicação com quem vê a peça, para que esta possa ser tocada e sentida. “As pessoas em Macau têm imensa afinidade com o bambu, existe um afecto intrínseco da população chinesa com o bambu. E a peça do artista é bastante apelativa e íntima face à população e acho que, nesse sentido, haverá imensa receptividade. Além disso, é um trabalho interactivo, pois as pessoas podem mexer nos capacetes transformados em sinos e fazer as suas preces.”

Novo espaço

Trazer “Reverie” para a rua foi a solução encontrada por João Ó tendo em conta a mudança de instalações da galeria de arte, que só deverá materializar-se daqui a uns meses.

“Deixámos de ter a galeria de arte este ano por questões imobiliárias, o espaço foi demolido e vai ser revertido para exploração de restauração. Já temos outra galeria em vista, noutro espaço na vila da Taipa, mas não vai estar pronta tão cedo. Sabendo isso desde final do ano passado, projectamos esta primeira exposição para o exterior, para aproveitarmos o tempo e continuarmos a lançar projectos no espaço público.”

O arquitecto afirma que cada vez mais deseja experimentar novas formas de exibir arte. “Há falta de espaços para desenvolver iniciativas, sobretudo interiores. Deve haver uma flexibilidade na forma de mostrar os artistas, mudar o conceito de que todas as exposições devem ser interiores. O espaço interior é, para mim, muito mais o de coleccionador e de museu.”

Nascido em Macau em 1977, filho de um pintor de aguarelas, Wong Ka Long estudou escultura na Academia de Belas Artes de Guangzhou em 1996, tendo feito o mestrado na mesma área em 2003. Desde 2004, que o autor tem participado em inúmeros projectos e exposições. É muito conhecido no território pelo trabalho que explora a ligação entre peças militares antigas, o bronze e a cultura.

26 Jan 2022

Albergue SCM | Semana do Design de Macau destaca sector da restauração 

Termina esta quinta-feira mais uma edição da Semana do Design de Macau, que este ano se foca nas Pequenas e Médias Empresas locais, ligadas ao sector da restauração, que tentam mudar a sua imagem. Hong Ka Lok, dirigente da Associação de Design de Macau, revela que o objectivo deste evento é mostrar que o talento e “poder” dos designers locais está vivo e recomenda-se

 

A edição deste ano da Semana do Design de Macau pretende mostrar os negócios locais na área da restauração que buscam por uma nova imagem, em resposta a novos tempos, mercados ou consumidores. Até quinta-feira, a exposição com alguns trabalhos desenvolvidos por designers para marcas locais pode ser vista no Albergue SCM, num evento que conta com o apoio de várias entidades, incluindo o Instituto Cultural, sendo organizado pela Associação de Design de Macau.

A mostra pretende “mostrar como os designers podem contribuir para as pequenas e médias empresas (PME) locais e as suas marcas, e como podem, através disso, atrair mais turistas e jovens, para que estes conheçam melhor a história de restaurantes antigos do território”, exemplificou Hong Ka Lok, dirigente da Associação de Design de Macau.

Este evento “apresenta casos de colaborações entre dezenas de empresas locais e de Singapura, além de promover visitas guiadas a estas marcas”, a fim de demonstrar “o poder do design de uma forma mais directa, no sentido de revelar como é que os designers convertem a filosofia e as histórias de um negócio numa linguagem visual”.

A Semana do Design de Macau do ano passado focou-se “na ideia de coleccionar os trabalhos de designers e mostrar que há novos profissionais em Macau, e que todos eles estão activos e a mostrar o seu trabalho em plataformas internacionais”, adiantou Hong Ka Lok.

Na edição deste ano, o foco é nas PME e nas suas marcas. “Através da associação percebemos que hoje em dia há muitas PME que estão a tentar fazer uma renovação da sua marca, e que também têm uma nova imagem para o seu mercado”, acrescentou o responsável.

Pontes e plataformas

Citado por um comunicado, Chao Sio Leong, presidente da Associação de Design de Macau, lembrou que esta é a 17.ª edição de um evento inteiramente dedicado a esta área e que a entidade permanece com os esforços de promover “os negócios criativos de Macau”.

O objectivo com esta mostra é “estabelecer uma ponte de comunicação entre o design e o público em geral”, bem como uma plataforma de troca de ideias através de fóruns, exposições e exibições de filmes, entre outros eventos.

Neste sentido, a edição deste ano da Semana do Design de Macau organizou uma “Noite do Design”, numa tentativa de integrar esta área com a música ou as artes visuais, entre outras expressões criativas. A ideia foi sempre levar o público “a explorar mais possibilidades de design local e compreender o seu valor na sociedade”.

25 Jan 2022

Cinema | CUT apresenta “Abe, de Fernando Grostein Andrade, no próximo sábado 

No próximo sábado, dia 29, será exibido “Abe”, o filme que encerra a sexta edição de um cartaz de filmes pensados virados para a família. A iniciativa, promovida pela Associação Audiovisual CUT, inclui ainda um workshop com Helen Ko sobre pratos tradicionais do Ano Novo Chinês. Rita Wong, directora da CUT, adiantou que um novo cartaz de filmes já está a ser pensado

 

“Abe”, um drama com toque de comédia, de Fernando Grostein Andrade, é a escolha da Associação Audiovisual CUT para encerrar um programa de cinema dedicado a miúdos e graúdos. A exibição acontece no próximo sábado, dia 29, na Casa Garden, sendo antecedida por um workshop sobre pratos tradicionais chineses com a artista Helen Ko. Os dois eventos têm lugar entre as 15h e as 17h.

Ao HM, Rita Wong, directora da CUT, contou que a escolha do filme visou, precisamente, reunir toda a família. “Este filme é mais ajustado para crianças um pouco mais velhas, entre oito a dez anos de idade, porque tem mais diálogos.

Também fazemos a curadoria de actividades e desta vez convidamos uma artista, Helen Ko, que nos vai falar sobre os pratos tradicionais do Ano Novo Chinês. Queremos, desta vez, aproximar-nos desta festividade, apresentar às crianças as comidas que tradicionalmente se preparam nesta altura do ano e dar-lhes a conhecer o seu significado e como estão ligadas à família. Queremos criar também uma maior consciência da criatividade.”

Este ciclo de cinema para as famílias teve início no ano passado, estando neste momento a CUT a preparar a edição de 2022. No entanto, como está dependente do apoio financeiro do Instituto Cultural, Rita Wong não quis adiantar grandes detalhes sobre o cartaz, que já está em preparação.

“Ao longo deste ano observámos que podemos ter mais filmes e eventos associados à natureza e aos modos de vida. Penso que há ainda mais espaço para criar novos programas com artistas locais.”

Acima de tudo, a CUT pretende “ter mais recursos para continuar com esta actividade, porque tem um grande significado e as famílias gostam bastante de assistir aos filmes em conjunto, bem como de participar nas actividades complementares que criamos”, frisou a responsável.

Outras fitas

Tendo em conta o cenário de pandemia, Rita Wong confessou que continua a haver bastante espaço para a exibição de filmes além das salas de cinema habituais e da Cinemateca Paixão, anteriormente gerida pela CUT.

“Nesta altura de pandemia as pessoas não conseguem sair e procuram por mais bons programas para fazerem sozinhos ou em família. Já são exibidos muitos filmes comerciais e penso que há de facto espaço para mostrar outro tipo de cinema diferente do que é produzido em Hollywood.”

“Abe” conta a história de um menino de 12 anos que mora na zona de Brooklyn, em Nova Iorque, com a mãe judia e o pai palestiniano. Com tantas diferenças no seio familiar, Abe decide começar um curso de gastronomia, tornando-se amigo e aprendiz de Chico, personagem interpretado pelo músico brasileiro Seu Jorge.

24 Jan 2022

Dança | “O Ano Formidável” chega ao CCM em Março

O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) irá receber, entre os dias 11 e 12 de Março, o espectáculo de dança intitulado “O Ano Formidável”, com a dupla de bailarinos Tracy Wong e Mao Wei. Este é um espectáculo criado no âmbito do plano de comissões do CCM, sendo que os bilhetes estão à venda desde ontem.

Este duo criativo de bailarinos promete subir ao palco e interpretar uma coreografia contemporânea “honesta, quase brutal, que explora visualmente a complexa aventura da maturação humana”, e que se mistura com uma “série de efeitos sonoros e visuais mesclados com música rock original”.

Este espectáculo “é apresentado com um cenário simples através de uma arguta combinação de adereços e iluminação que, de modo efectivo, cria a atmosfera”, descreve ainda o Instituto Cultural (IC).
Tracy Wong e Mao Wei já criaram “inúmeros trabalhos de vanguarda”, tal como “Prazo de Validade” ou “As Franjas Curiosas – Explosão da Caverna”, em colaboração com artistas de França e Bélgica. “O Ano Formidável” é uma produção totalmente criada em Macau e surge “como antecâmara de lançamento para os novos horizontes coreográficos desta dupla criativa”.

23 Jan 2022

Cinema | “Eu e o meu pai motorista”, de Niko Ho, seleccionado para apoio do IC

O Instituto Cultural (IC) escolheu o projecto cinematográfico “Eu e o meu pai motorista”, de Niko Ho, natural de Macau, para o prémio de melhor argumento. Niko Ho recebe agora 60 mil patacas no âmbito do “Programa avançado de argumentos cinematográficos”, uma iniciativa conjunta do IC com a Administração de Cinema da província de Guangdong e Create Hong Kong.

“Eu e o meu pai motorista” conta o dia-a-dia de uma família de três pessoas sustentada pela actividade comercial de uma frutaria depois de esta ter passado pelo tufão Hato. Este projecto de Niko Ho foi também seleccionado pela China Film Director’s Guild para integrar a lista de 20 melhores filmes do programa “Young Shoots”.

Outro projecto escolhido foi “Silent Few”, do realizador Li Jing, natural de Guangdong. Esta produção baseia-se numa história verídica e contém uma narrativa sobre o esforço e o contributo de um advogado especializado em assistência jurídica na promoção do estabelecimento do sistema jurídico em regiões de etnias minoritárias da China.

Estes dois projectos foram escolhidos de um total de seis candidatos, que receberam ainda um curso de formação nesta área, realizado entre os meses de Junho e Setembro do ano passado. De Macau concorreram quatro realizadores.

O objectivo do “programa avançado de argumentos cinematográficos” é “facultar orientações sobre argumentos, com o objectivo de fomentar o talento no âmbito da criação cinematográfica e de gerar um maior número de filmes criativos, a fim de estimular o desenvolvimento da indústria cinematográfica”. O júri foi composto pelo ex-director assistente da Create Hong Kong, Wellington Fung, pelo produtor experiente de Hong Kong, John Chong, e pela guionista do Interior da China, Yuan Yuan.

23 Jan 2022