Décima edição da corrida da Oxfam acontece em Outubro

Estão abertas as inscrições para a décima edição da corrida “Oxfam TowerRun”, que decorre dia 22 de Outubro na Torre de Macau e que se destina a angariar fundos para as comunidades mais vulneráveis. Segundo um comunicado da organização não governamental, com representação em Macau desde 2012, os participantes terão de cumprir, de forma individual ou em equipa, o desafio de subir 1.298 degraus desde o rés-do-chão da Torre de Macau até ao 61.º andar.

A ideia é que, associado ao esforço físico e vontade de competir, exista também uma vontade de ajudar ao processo de recolha de fundos “para projectos de desenvolvimento e redução da pobreza da Oxfam, permitindo que as pessoas em situação de pobreza sejam mais resistentes face às alterações climáticas”.

Além dos participantes na corrida, a Oxfam desafia ainda o público a criar as suas próprias campanhas de recolha de fundos, tendo sido criados prémios para o efeito, apoiados por patrocinadores.

Seca e fome

No mesmo comunicado, a Oxfam fala um pouco da sua actuação em vários países do mundo numa altura em que as alterações climáticas “estão a provocar fenómenos meteorológicos extremos em todas as regiões do mundo”, sendo que “as pessoas mais pobres são frequentemente as mais atingidas durante as catástrofes”.

Só na África Oriental há cerca de 30 milhões de pessoas a passarem por períodos de crise sem comida. “A Oxfam respondeu rapidamente à crise alimentar na África Oriental, prestando ajuda imediata, mas há muito mais a fazer. Os participantes da ‘Oxfam TowerRun’ podem ajudar as pessoas que enfrentam uma seca grave e a crise alimentar, bem como as comunidades pobres de todo o mundo a combater as alterações climáticas, juntando-se ao evento”, aponta a organização.

Uma vez que este é o décimo aniversário do evento, a Oxfam vai ainda criar medalhas personalizadas para todos os participantes que consigam chegar ao topo da Torre de Macau.

No território, a Oxfam assume estar comprometida em “promover uma cidadania global no combate à pobreza e à desigualdade”. A ONG publica com regularidade relatórios que alertam para cenários de pobreza e catástrofes, além de desenvolver trabalho humanitário no terreno.

16 Ago 2023

ARK | Dophine Wong em exposição no Café Voyage

A artista local Dophine Wong apresenta, até ao dia 12 de Setembro, a exposição “Wooden Heart”, sendo esta a quarta mostra de uma série organizada pela ARK – Associação de Arte de Macau focada nos cinco elementos da natureza. Os trabalhos de Dophine Wong representam, assim, a madeira, chamando a atenção para a importância dos sentimentos

A partir deste sábado será possível ver, no Café Voyage, a quarta de cinco exposições temáticas que a ARK – Associação de Arte de Macau está a promover e que se focam nos cinco elementos da natureza, ou seja, o metal, a madeira, a água, o fogo e a terra. Os artistas participantes integram, assim, o programa “Quinteto de Arte”, nome da iniciativa.

Em “Wooden Heart – Collage Visual Art Exhibition” [Arte em Madeira – Exposição de Arte Visual de Colagem], Dophine Wong, artista local, trabalha a ideia dos sentimentos recorrendo à madeira. A mostra pode ser vista até ao dia 12 de Setembro.

A madeira é, aqui, utilizada como “conceito criativo”, sendo “um elemento indispensável na natureza”, descreve um comunicado da ARK sobre a exposição, que fala da “importância das árvores, que não só purificam o ar como também embelezam a natureza”.

Esta exposição combina técnicas de colagem em madeira e mosaico e tem como ideia central uma expressão chinesa que significa que “as pessoas não são ervas nem árvores”, que remete para a noção de que os seres humanos “têm pensamentos e sentimentos e são facilmente tocados por coisas externas, sendo diferentes das ervas e árvores sem vida, inconscientes e sem emoções”. Assim, as pessoas têm “amor no coração e esperam ajudar os outros e ouvi-los, estando dispostos a resolver problemas e a apoiar os desfavorecidos”.

Desta forma, “quais os elementos necessários para a continuação do amor?”, questiona-se. A ARK espera que, com esta mostra, “o público possa reflectir e inspirar, através das obras de arte, a sua compreensão do amor e, ao mesmo tempo, orientar o público para apreciar estas obras de vários ângulos”.

Nascida em Macau, Dophine Wong fez um curso profissional de colagem, formando-se também em educação artística. Artista nas horas vagas, Dophine Wong dedica-se actualmente à pintura a óleo, ao artesanato em madeira e à arte de colagem em mosaico, que dá mote a esta exposição.

Mentes criativas

Desde Maio que a ARK tem vindo a mostrar as exposições temáticas, com artistas locais, dedicadas aos elementos da natureza. A primeira exposição, da autoria de Pamela Chan, teve como tema central o elemento terra. Com a série de exposições do “Quinteto de Arte”, a ARK pretende “mostrar a criatividade diversa dos artistas em relação a cada um dos elementos [da natureza] através de uma multiplicidade de formatos e interpretações”. Pretende-se também “promover o intercâmbio artístico entre os artistas e o público através das mensagens transmitidas pelas obras de arte”. O Café Voyage situa-se na Rua do Padre António Roliz, em Macau.

16 Ago 2023

Cineasta Ali Ahmadzadeh vence Leopardo de Ouro em Locarno

O cineasta iraniano Ali Ahmadzadeh venceu o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, na Suíça, com o filme “Mantagheye bohrani (Critical Zone)”, “um hino à liberdade e resistência no Irão”, filmado em segredo, anunciou a organização.

No comunicado com a lista de vencedores desta edição do Festival de Locarno é referido que a obra foi filmada em segredo nas ruas de Teerão, sem a permissão das autoridades iranianas.

Nas restantes principais categorias do concurso internacional, o Prémio Especial do Júri foi para “Do not expect much from the end of the world”, do romeno Radu Jude, enquanto o prémio de Melhor Direção foi para a cineasta ucraniana Maryna Vroda.

As actrizes Dimitra Vlagopoulou (Grécia), em “Animal” de Sofia Exarchou, e Renée Soutendijk (Países Baixos), em “Sweet Dreams” de Ena Sendijarević, venceram os prémios de melhor performance.

O festival entregou ainda uma menção especial a “Nuit Obscure – Au revoir ici, n’import où, do francês Sylvain George.

A edição do Festival de Locarno que terminou no fim-de-semana tinha sete filmes portugueses ou com produção nacional em competição, que não obtiveram qualquer galardão.

Na competição internacional estiveram “Baan”, a primeira longa-metragem de ficção de Leonor Teles, e “Manga d’Terra”, uma longa-metragem do luso-suíço Basil da Cunha.

Rodado entre Lisboa e Banguecoque, “Baan” acompanha uma viagem emocional de L., uma jovem entre o fim de um relacionamento e a possibilidade de outro, e regista um tempo de gentrificação, imigração e precariedade laboral.

Também na competição internacional esteve “Manga d’Terra”, que Basil da Cunha voltou a rodar nos bairros clandestinos da Reboleira (Amadora, no distrito de Lisboa), desta vez centrando-se em Rosa, uma imigrante de 20 anos que deixa os filhos em Cabo Verde para procurar trabalho em Lisboa. Ameaçada por ‘gangsters’ e pela violência policial, Rosa procura solidariedade de outras mulheres, mas o escape encontra-o na música, indica a sinopse.

Outras fitas

Na secção “Pardi di Domain”, dedicada a novos valores do cinema, estiveram “Nocturno para uma floresta”, curta-metragem de Catarina Vasconcelos que sucede ao premiado “A metamorfose dos pássaros”, a curta-metragem de animação “De Imperio”, de Alessandro Novelli, e “Slimane”, de Carlos Pereira.

Por causa das greves dos argumentistas e dos actores em Hollywood, o Festival de Locarno registou algumas baixas de convidados internacionais, nomeadamente do actor Riz Ahmed, que iria receber um prémio de carreira, e do actor Stellan Skarsgard que decidiu renunciar ao prémio Leopard Club em solidariedade com as paralisações nos Estados Unidos. A 76.ª edição de Festival de Cinema de Locarno começou em 02 de Agosto e terminou sábado.

14 Ago 2023

Música | Corinne Bailey Rae junta-se ao cartaz do KoolTai Macao Fest

O KoolTai Macao Fest anunciou mais um punhado de bandas para o festival marcado para Novembro, com a cantora britânica Corinne Bailey Rae em lugar de destaque. Na segunda fornada de artistas anunciados constam ainda os locais Lavy, a artista malaia Zee Avi e a cantora japonesa Koresawa, que se juntam aos Suede, Joanna Wang e Lisa Ono

A organização do KoolTai Macao Fest anunciou mais uma leva de artistas que vão compor o cartaz do festival marcado para os dias 11 e 12 de Novembro. Depois de arrancar com estrondo ao anunciar a vinda dos Suede a Macau, o KoolTai Macao Fest acrescenta ao cartaz outra artista britânica, Corinne Bailey Rae, que conquistou o mundo com a sua interpretação das sonoridades R&B e a reinvenção da música soul.

Corinne Bailey Rae faz parte de uma rara categoria de cantoras que conquistou o número um de vendas no Reino Unido logo ao primeiro disco, em 2006 quando lançou o álbum “Corinne Bailey Rae”. Ainda nesse ano, na sua primeira tourné internacional, acompanhando John Legend, a cantora britânica actuou no Parque da Bela Vista em Lisboa, no Rock in Rio.

Depois do início de carreira fulgurante, conquistando Grammys, Brit Awards e outros reconhecimentos, a britânica foi cimentando a sua reputação enquanto artista que vai além do sucesso inicial.

O segundo registo, “The Sea” confirmou a trajectória que a artista iria seguir, transparecendo as influências musicais com que cresceu. Na edição japonesa de “The Sea”, Corinne Bailey Rae prendou os fãs com um EP de versões, onde despontam os clássicos “Is This Love” de Bob Marley e “Little Wing” de Jimi Hendrix.

No próximo mês está previsto o lançamento do seu quarto registo discográfico, “Black Rainbows”, disco que deverá ser suportado pela digressão que trará a artista britânica a Macau.

O mundo no Cotai

A malaia Zee Avi é outro dos destaques nas novidades do KoolTai Macao Fest, uma cantora e compositora que começou a carreira em pequenas bandas de rock em Kuala Lumpur ainda com tenra idade. A música passou para segundo plano, quando Zee Avi se mudou para Londres para estudar design de moda. Em 2007, a artista começou a publicar músicas e actuações intimistas no YouTube, acabando chamar a atenção de Ian Montone, manager de bandas como The White Stripes, The Shins, The Raconteurs e M.I.A.

E assim começava a carreira de Zee Avi, que conta entre as influências musicais Cat Power, Regina Spektor, Leonard Cohen, Tom Waits, Jolie Holland, Daniel Johnston, Velvet Underground e Led Zeppelin.

A cantora japonesa Koresawa foi outro nome avançado pela organização do KoolTai Macao Fest, uma misteriosa artista com raras aparições públicas, fazendo-se representar por um personagem de Anime.

O cartaz é completo pela incontornável banda local de rock Lavy e dois artistas de Hong Kong, Jason Kui e winifai.

Mistério local

Ainda sem um anúncio sobre o local onde se irá realizar o KoolTai Macao Fest, a organização acrescenta o alinhamento do festival ainda não está encerrado e, para já, continua a não haver informação sobre o local onde o evento se vai realizar e sobre o preço dos bilhetes.

Recorde-se que o cartaz do festival inclui bandas como Suede, a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se e a banda de Macau Scamper.

14 Ago 2023

Suzy Bila, artista: “A pintura não tem territórios”

A galeria AMAGAO associou-se à Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau e apresenta, até 6 de Outubro, a mostra “Paisagens Interiores”, da artista plástica Suzy Bila. Em entrevista, a artista, nascida em Moçambique, confessa que não faz arte para todos, sujeitando-se a múltiplas análises e olhares, deixando-se ainda influenciar artisticamente pelo mundo que a rodeia e as suas mudanças

 

Como se descreve enquanto artista?

É uma pergunta difícil (risos). É muito mais fácil falarmos dos outros do que de nós. Como artista vivo muito os processos dinâmicos. Sou uma pessoa que sente influências deste mundo e das suas metamorfoses. Não sou de territórios, porque acho que a pintura não tem territórios. Vivo muito de diálogos disciplinados que são influenciados por diferentes linguagens, e ao mesmo tempo gosto de trabalhar nelas. Gosto tanto de trabalhar na escrita como educadora de infância, ou como artista plástica. Também gosto de trabalhar em cerâmica. Sou uma pessoa que vivo entre processos que vão dialogando com a vida de uma maneira própria e que se vão permitindo [existir] sem serem forçados.

Que trabalhos poderemos ver nesta exposição em Macau?

Mostro 40 peças pintadas a acrílico sobre tela e outras em que usei tinta-da-china sobre papel. Na verdade, esta é uma exposição composta por poemas em diálogo, e é reflexo dessa minha relação com a vida, e da arte como um campo que se abraça a esta vida. A mostra acaba por ser uma viagem que traz peças com nomes como “Silêncio” ou a “Voz do Pássaro”. É uma metamorfose de todos esses poemas e daquilo que flui entre o passado e presente.

Mas quando fala desses poemas, são palavras escritas por si?

Não. São diálogos internos. Não fui buscar poemas de ninguém e nada está escrito. O que tenho aqui é mesmo a parte pictórica da vida.

Criar arte nasce então desse diálogo interior, das suas percepções em relação ao mundo.

É esta metamorfose da vida e de um mundo em mudança, e sou influenciada por isso. É a partir de tudo isso que depois nascem estes processos.

Que expectativas tem em relação a esta exposição?

Há um caminho, e esta exposição começou a ser planeada há dois anos. Ao longo deste caminho percebi também que estava a trabalhar com pessoas que percebiam de arte e esta sensibilidade acabou por criar uma relação, e é esse o meu cartão de visita em relação a Macau, porque já sei o que vou esperar e quais as pessoas que estão comigo neste processo. Acaba por ser algo positivo porque tenho essa bagagem positiva para esta exposição.

Nasceu em Moçambique, vive em Portugal desde 1996. Fale-me do seu percurso como artista.

Nasci em Maputo e na minha adolescência conheci um artista plástico que me despertou para a pintura. Nessa relação acabei por entrar em exposições. Ganhei um prémio em 1992 que me permitiu ir para Portugal, onde estudei cinco anos no AR.CO [Centro de Arte e Comunicação Visual], em Lisboa. Quando acabei entrei também na área da educação, e fiz uma licenciatura e mestrado nessa área. Estou agora a finalizar o meu doutoramento em educação artística, porque estas duas áreas, da pintura e da educação, sempre estiveram ligadas.

O nome desta exposição é “Paisagens Interiores”. O que significa?

A mostra tinha outro nome e depois optámos por este nome que acaba por abranger tudo isto, a ligação da arte e da construção das peças, e de parte delas serem todas este poema, este diálogo.

Quando disse que a pintura não tem territórios, quer dizer que não se identifica com um determinado estilo?

Identifico-me como uma artista do mundo, porque vou buscar coisas aos artistas de Moçambique, de Portugal, do Brasil. A arte é a comunhão de muita coisa. Não há mesmo territórios dentro de mim.

Como olha hoje para a ideia de lusofonia, palavra que se integra com várias áreas, incluindo as artes?

Nunca justifiquei essa palavra, vejo como algo que não é necessário justificar. Sinto que há uma forma de ser, de se assumir com o outro. Somos pessoas de relação, temos de sentir que temos de estar com os outros para podermos construir essas pontes, que são várias. Quando falo da arte, não falo da arte da lusofonia ou da Europa, por exemplo. Sou influência deste mundo, porque nasci em Moçambique, estou em Portugal, vou para o Oriente, para a América. Não posso separar estes sentimentos em termos artísticos. As pontes são importantes e temos de sentir que, em termos artísticos, não podemos ter territórios.

A sua arte pode, então, ser compreendida por todos?

Pode ser compreendida por quem sente algo por ela. Não vou fazer arte para toda a gente. A arte é aberta aos sentidos de cada um.


Exposição e workshop

Em “Paisagens Interiores”, a arte de Suzy Bila manifesta-se “em tons vívidos ou monocromáticos”, contendo em cada quadro “a essência da transcendência e da espontaneidade”, aponta um comunicado da galeria AMAGAO, situada no Artyzen Grand Lapa. Citada pelo mesmo comunicado, a artista referiu que a sua arte “reflecte as respostas às questões da vida”. “Cada momento tem a sua intensidade única, sem guião, [podendo ser um] imprevisto. A minha alma desperta num mundo de esperança, imersa num futuro em que as histórias do meu povo se entrelaçam com uma miríade de emoções. No meio das dificuldades da vida, somos transformados; e no silêncio absoluto, ouvimos os gritos agonizantes da terra. Neste lugar, permito-me sentir os meus sentidos, onde o céu encontra o mar.”

Assim, o visitante pode mergulhar num espaço repleto de “formas abstractas, das paletas, das emoções e da criatividade sem limites”. Além da mostra, decorreu no passado fim-de-semana um workshop com a artista, concebido para crianças dos 7 aos 14 anos. Para os organizadores desta iniciativa, a mostra de Suzy Bila “está aberta aos entusiastas da arte e às mentes curiosas”, sendo “um testemunho cativante da capacidade da arte em transcender os limites físicos e emocionais”.

14 Ago 2023

Bienal Arte Macau | Four Seasons acolhe exposição de três artistas locais

“Além as Formas: Estética da Arte Contemporânea” é o nome da exposição do trio de artistas Lei Ieng Wei, Leong Chi Mou e Lai Sio Kit, que integra o cartaz da Bienal Internacional de Arte de Macau. A mostra pode ser vista até Outubro na Sands Gallery

 

É mais uma iniciativa cultural integrada no extenso cartaz da edição deste ano da Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau. Inaugurada esta quarta-feira, a exposição “Além das Formas: Estética da Arte Contemporânea” é o nome da mostra com obras do trio de artistas Lei Ieng Wai, Leong Chi Mou e Lai Sio Kit. Esta iniciativa pode ser visitada até ao dia 15 de Outubro na Sands Gallery, no sexto piso do Grand Suites do empreendimento Four Seasons.

Com curadoria de Kitman Leong, esta exposição conta com a co-organização da Sociedade de Artistas de Macau e coordenação artística da Associação de Arte Juvenil de Macau.

Trata-se de uma mostra que pretende ser “uma plataforma para a promoção do intercâmbio e cooperação entre talentos locais e internacionais”, sendo que os três artistas “revelam o seu próprio entendimento sobre vários temas em torno do desenvolvimento económico de Macau”, nomeadamente no que diz respeito aos dados, valores e crenças, tendo em conta que o tema central da Bienal deste ano é “A Estatística da Fortuna”.

Com os trabalhos artísticos em exposição, os três artistas “mostram as memórias da sua terra natal, os sentimentos que possuem pelo país e ainda a paixão pela arte através de técnicas artísticas únicas”, revelando, ao mesmo tempo, uma ligação profunda ao “património cultural de Macau”.

Lok Hei, presidente da Sociedade de Artistas de Macau, afirmou que a aposta foi feita na reunião de artistas locais, “especialmente jovens, com o objectivo de promover o seu desenvolvimento, inspirando assim mais pessoas na cidade a envolverem-se em actividades espirituais que enriquecerão as suas vidas”. Esta mostra pretende ainda, segundo o responsável, “chamar a atenção para a importância das ideias por detrás das obras de arte, ao mesmo tempo que promove o crescimento dos artistas emergentes locais”.

Citada por um comunicado divulgado pela Sands, Lai Sio Kit declarou que tanto ele como os restantes artistas tiveram “total liberdade criativa na produção das obras”. “Tanto quanto sei, nas últimas duas edições da Arte Macau, foram apresentadas, sobretudo, obras de artistas estrangeiros. Por isso, estamos entusiasmados com o apoio dado aos artistas locais na edição deste ano”, apontou.

Formas e visões

No caso dos trabalhos de Lei Ieng Wai, o tema central é a “Luz”, demonstrando-se “espectros virtuais em telas repletas de cores e frequências deslumbrantes”. Já Lai Sio Kit resolveu contar “histórias de uma cidade através de azulejos gastos”, tendo recorrido à temática do “Tempo”. Leong Chi Mou, por sua vez, “visualizou a forma como as pessoas conferem um valor real à moeda em circulação” através da série “Projecto Alquimista”.

Lei Ieng Wai formou-se na Academia de Belas Artes de Guangzhou com um mestrado e licenciatura, possuindo uma especialização em pintura a óleo. As suas obras já estiveram expostas, além de Macau, na China, Hong Kong, Taiwan, Singapura, Malásia, Austrália, Estados Unidos, França e Portugal. As suas muitas exposições individuais incluem “Steal Into”, “Emptiness”, “Dimensional Sequence” e “Time Spectrum”. Actualmente, é vice-presidente da Associação de Arte Juvenil de Macau.

Por sua vez, Leong Chi Mou é artista a tempo inteiro e fundador do Estúdio Chi-Mou. Licenciado em pintura a óleo pela Universidade Politécnica de Macau, Leong começou desde a infância a aprender técnicas de pintura chinesa, sem qualquer orientação. Mais tarde, partiu para a exploração de diferentes técnicas da pintura ocidental e oriental. Actualmente, é também membro da Sociedade de Artistas de Macau e da Associação de Arte Juvenil de Macau.

Lai Sio Kit tem também formação superior em pintura a óleo pela Academia Central de Belas Artes de Pequim, tendo já exposto em países e regiões como a China, Hong Kong, Macau, Taiwan, Singapura, Portugal e Estados Unidos. Realizou mais de 17 exposições individuais, incluindo “Splashing Brilliance”, “Eternity in an Hour” e “The Secret Garden”.

11 Ago 2023

Entretenimento | “ART TOY CON 2023” regressa esta semana ao Venetian

Depois de dois eventos na Casa de Vidro, o “ART TOY CON 2023” decorre entre amanhã e domingo no espaço “Play Hub”, no Venetian. Dedicado ao tema do basquetebol e cultura de rua, esta é a oportunidade de ver um evento internacional dedicado aos brinquedos de arte

 

Chama-se “ART TOY CON 2023” (ATC Macau) e é um evento de cariz internacional dedicado aos brinquedos de arte, com exposições e workshops, que acontece entre sexta-feira e domingo no espaço “Play Hub”, no Venetian. Segundo um comunicado da organização, esta é a primeira vez que um evento de cariz internacional se realiza, em simultâneo, de forma presencial e online, em Macau e em nove regiões da América Latina e da Europa. A ideia é proporcionar “terreno para uma experiência verdadeiramente inovadora no mundo dos brinquedos de arte”.

Juntam-se, assim, pessoas ligadas ao mundo peculiar deste tipo de brinquedos, que podem valer verdadeiras fortunas, por serem trabalhos de autor. Assim, entusiastas da arte, criativos e coleccionadores de países como o México, El Salvador, Costa Rica, Colômbia, Argentina, Peru, Venezuela, Chile, Espanha e também Macau terão a oportunidade de estar num espaço dedicado a este tipo de arte.

O evento no Venetian será marcado por “dois dias consecutivos de criatividade e inspiração”, sendo que o ATC Macau promete ser “uma plataforma dinâmica para os talentos locais de Macau e Hong Kong mostrarem os seus [projectos] para uma audiência global e comunidades homólogas no Ocidente”, lê-se.

O ATC Macau é organizado pela Sociedade de Arte da Cidade de Macau, a Toy Academy [Academia do Brinquedo], representante do evento no território e em Hong Kong, e a UC Media Limited. A iniciativa tem como tema principal o basquetebol e a cultura de rua. Podem ser vistos trabalhos de “Bucket King”, artista natural de Macau, “CRU:ZFX”, de Munique, Alemanha; do “JAB 2020 Studio” e “Kilo One”, estúdio e artista dedicados aos brinquedos de arte de Guangzhou. De Hong Kong chega “Jim Dreams” e “Kwokin Workshop”, enquanto “Starman” chega do Ecuador e “Vastar” de Taipei.

Múltiplas personagens

Os artistas acima referidos apresentam os seus trabalhos na exposição “Slot & Shot”, onde podem ser vistas “reinterpretações únicas de brinquedos”, que “vão além dos limites da criatividade. Esta mostra tem como objectivo “trazer a Macau a cultura internacional de brinquedos artísticos”. Neste contexto, foi criado o personagem de um brinquedo artístico, “MACBALLZ”, sendo que os oito artistas convidados criaram desenhos personalizados para ele. Serão também criadas obras de arte criadas pela equipa da Nativo Workshop, além de ser realizado uma espécie de mercado de brinquedos de arte, o “Art Toy Mart”. A mostra no “Play Hub” inclui um total de quatro zonas que podem ser exploradas pelos amantes e coleccionadores deste tipo de brinquedos.

O ATC Macau revela ainda o trabalho de Bendito Calabazo, designer de brinquedos artísticos na Colômbia, sendo este o artista em destaque deste evento. Os brinquedos criados por Calabazo baseiam-se nos temas do mal e do grotesco, combinando com o lado cómico característico de um desenho animado. O artista espera, neste evento, revelar o seu trabalho nesta região do mundo, bem como “expandir horizontes” e partilhar algo que, para si, se tornou num passatempo e numa paixão.

Tanto a “Slot & Shot” como um debate sobre os brinquedos de arte decorreram no último fim-de-semana na Casa de Vidro do Tap Seac. A conversa contou com a presença de diversos artistas desta área que partilharam diversas experiências artísticas, com nomes como Eric So, Planet X e AfterWorkShop, de Hong Kong, ou ainda Chester Greenbag, da Argentina.

A Toy Academy apresenta-se como um “colectivo visionário movido pela partilha da paixão pelos brinquedos de arte”. Neste grupo estão amigos “com diversas origens criativas, incluindo o design de brinquedos, ilustração, arte de rua, graffiti e publicidade”. A criação deste colectivo partiu “de um sonho comum” com vista a criar “uma plataforma inovadora” que ligasse Macau ao mundo. A ideia foi, desde sempre, criar uma comunidade de entusiastas por brinquedos artísticos, explicam no mesmo comunicado.

9 Ago 2023

Óbito | Realizador do “Exorcista” morre aos 87 anos

O realizador norte-americano William Friedkin morreu esta segunda-feira, aos 87 anos, em Los Angeles, vítima de insuficiência cardíaca e pneumonia, confirmou a mulher, Sherry Lansing, à imprensa.

Friedkin fica na história do cinema pela assinatura em vários filmes na década de 1970, com particular destaque para “Os Incorruptíveis contra a Droga” (1971), que lhe deu o Óscar para Melhor Realizador (numa edição dominada pela obra, que ganhou Melhor Filme), e “O Exorcista” (1973), que lhe valeu outra nomeação na mesma categoria.

O seu último filme, “The Caine Mutiny Court-Martial”, tem estreia prevista para o Festival de Cinema de Veneza, que começa no final deste mês. Como recorda o jornal New York Times, “Os Incorruptíveis contra a Droga” foi filmado em Nova Iorque por menos de dois milhões de dólares, na altura, mostrando ao espectador algo pouco comum em filmes policiais: um realismo próximo do documentário e uma acção enervante. O diário recorda que a cena de perseguição do filme protagonizado por Gene Hackman é amplamente considerada a melhor de sempre do cinema.

Por seu lado, o filme que se seguiu, “O Exorcista”, facturou 500 milhões de dólares a nível global, como lembra a publicação Variety que lhe atribui, a par de “O Padrinho”, a responsabilidade pelo início da era do ‘blockbuster’ em Hollywood.

Nas redes sociais, os tributos multiplicaram-se, como o do actor Elijah Wood, que o rotulou de “mestre cinemático cuja influência se vai continuar a estender para sempre”.

9 Ago 2023

Creative Macau | Vinte anos de existência celebrados em “Quatro Estações”

A Creative Macau celebra 20 anos de existência no próximo dia 28 e, para assinalar a efeméride, convidou 40 artistas membros para exibirem as suas obras numa mostra intitulada “Quatro Estações”. Podem, assim, ser vistos trabalhos de nomes como Carlos Marreiros e Alexandre Marreiros, Adalberto Tenreiro e Yaya Vai, entre outros, estando ainda prevista a edição do livro “DOCUMENTA 2023”, relativo ao aniversário

 

É uma data redonda que não pode passar em branco. Os vinte anos de existência da Creative Macau, espaço dedicado às indústrias culturais e criativas estabelecido em Macau a 28 de Agosto de 2003, serão celebrados com uma exposição intitulada “Quatro Estações”, em que se poderão ver trabalhos de 40 artistas membros da Creative, nomeadamente os arquitectos Carlos Marreiros e Adalberto Tenreiro e os artistas Yaya Vai, Dennis Murell ou Justin Ung, entre outros, incluindo uma obra da própria directora da Creative Macau, Lúcia Lemos.

Além da exposição, que termina a 29 de Setembro, o aniversário celebra-se também com a edição do “DOCUMENTA 2023”, livro que será oferecido aos membros da Creative Macau.

Em comunicado, a Creative Macau aponta que estas têm sido “duas décadas de intensa actividade artística e cultural com a comunidade criativa”, sempre com a missão de “acolher profissionais consagrados e novos talentos em busca de reconhecimento”.

O tema “Quatro Estações” engloba “todas as variações vividas ao longo de duas décadas”. “Embora as Quatro Estações apelem aos sentidos sensoriais, a vida humana tem inúmeros significados no que respeita à sua capacidade criativa”, destaca a direcção da Creative Macau.

Estações na história

A Creative Macau aponta ainda nomes de personalidades ligadas ao meio artístico que, ao longo da história, foram retratando as quatro estações do ano, nomeadamente o Inverno, Primavera, Verão e Outono.

Assim, no período da Grécia Antiga, entre os anos 800 a 146 a.c., as quatro estações foram retratadas em esculturas, enquanto na China, no período da dinastia Tang, entre os anos de 618 a 907 d.c., o poeta Li Bai, que viveu entre os anos 701 e 762, escreveu as “Baladas das Quatro Estações”, enquanto os pintores Zhou Fang e Zhang Xua, entre outros, inspiraram-se nas estações para criar as suas obras imortais. Na época medieval, entre os anos de 476 a 1450, ou seja, até ao século XV, os europeus moralizaram as estações do ano através de ilustrações de virtudes e vícios, enquanto na época do período Edo japonês, entre os anos de 1615 e 1868, foram criados ritos ilustrativos através de xilogravuras.

Também no Japão, mas em 1832, Hokusai Katsushika retratou o Monte Fuji em “Trinta e seis vistas do Monte Fuji” dentro das quatro estações do ano e em diferentes locais com diferentes condições climatéricas.

No período do Renascimento italiano, o pintor italiano Giuseppe Arcimboldo pintou, entre os anos de 1503 e 1590, o busto alegórico da natureza com uma “extraordinária imaginação em interpretações simbólicas e acutilantes para a época”, tendo personificado “os frutos da terra e do mar de cada estação, revelando a essência da Humanidade”.

Desta forma, aponta a Creative Macau, “as estações do ano e os seus fenómenos alteram significativamente a concretização dos desejos e sonhos das pessoas, levando-as a crescer aprendendo e falhando até conseguir”.

9 Ago 2023

FRC | Inaugurada hoje exposição colectiva sobre banda desenhada

A Fundação Rui Cunha acolhe, a partir de hoje, duas exposições, sobre banda desenhada asiática de Macau e Manga, em cooperação com a Associação de Promoção de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau. O público pode ver 60 trabalhos, em datas diferentes, com curadoria de Howard Chan

 

Intitula-se “Exposição de Banda Desenhada Asiática de Macau + Exposição de Manga ArmourMan”, e são duas exposições que podem ser vistas a partir de hoje, em datas diferentes, na Fundação Rui Cunha (FRC). Em parceria com a Associação de Promoção de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau, a mostra sobre banda desenhada decorre entre hoje e 12 de Agosto, enquanto a exposição sobre Manga acontece entre os dias 14 e 19 deste mês.

Howard Chan, presidente da associação, é o curador da mostra que inclui, no total, mais de 60 obras, sendo que, na primeira semana, serão mostradas metade, da autoria de dez artistas asiáticos de banda desenhada, não só de Macau e Hong Kong, mas também de Singapura, Coreia e Japão. Serão depois exibidas as restantes 30 obras de banda desenhada de James Khoo, o autor da famosa série “ArmourMan” e nome de referência no meio artístico de Hong Kong.
Na primeira mostra, que é hoje inaugurada, revelam-se os mais recentes trabalhos de banda desenhada criados pelos membros da associação, incluindo nomes de artistas como Vincent Ho, Wing Mo, Greymon Chan, Leung Wai Ka, Z, Nasu, Hiroshi Kanatani, ST, Yeo Hui Xuan e Sean Kim.

Mestre de Hong Kong

Entre os dias 14 e 19 será a vez de ver de perto o trabalho mais recente do mestre de banda desenhada de Hong Kong, James Khoo Fuk Lung, considerado o pai de “ArmourMan” que se tornou num verdadeiro blockbuster da banda desenhada assim que foi lançado no território vizinho. As revistas semanais também conseguiram vendas record em Macau, com a maioria das bancas a esgotarem em 2 dias. James Khoo é um autor experiente de BD. A sua primeira obra-prima, “Iron Marshal”, vendeu 60.000 livros quando lançado. Mais tarde vieram sucessos de bilheteira como “Eastern Invincible”, “DragonMan” e muitos outros.

“ArmourMan” é o seu mais recente trabalho e tornou-se a revista semanal de BD mais vendida em Hong Kong. Por este motivo, James Khoo foi convidado para apresentar alguns dos seus trabalhos em Macau, com o objectivo de trazer até aos jovens locais e visitantes este super-herói da actualidade.

A Associação de Promoção do Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau surgiu em 2014 para apoiar o desenvolvimento profissional da indústria, o intercâmbio técnico e a cooperação entre ilustradores locais e estrangeiros, com vista a assegurar mais projectos de alta qualidade e em grande escala, bem como publicações, palestras e outras actividades que beneficiem a comunidade de Macau. A entrada é livre em ambas as exposições.

8 Ago 2023

CCCM com cursos sobre Direito e tradução em Setembro

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, está a aceitar inscrições para dois cursos livres que arrancam em Setembro. Um deles, com candidaturas até 18 de Setembro, é um curso sobre tradução criativa ministrado pelo tradutor de poesia chinesa António Graça de Abreu e Ana Cristina Alves, académica na área da filosofia chinesa e coordenadora da área formativa do CCCM.

Este curso, que inclui módulos como a tradução de provérbios filosóficos chineses, métodos na tradução entre o chinês e o português ou ainda as técnicas utilizadas na tradução de chinês para português na poesia chinesa, com recurso a autores como Shi Jing, Yang Lian, Gu Cheng e Bei Dao. Os formandos podem ainda aprender mais sobre a poesia na dinastia Tang, entre os anos de 618 e 907 a.c., com nomes como Li Bai, Du Fu, Wang Wei e Han Shan, entre outros.

Pretende-se, com este curso, “ensinar a traduzir de chinês para português e de português para chinês, com base em materiais literários e filosóficos já traduzidos ou a traduzir durante as várias sessões”. Assim, serão traduzidos e analisados poemas e pequenos contos, como as colectâneas poéticas de António Graça de Abreu e as antologias de contos da escritora Isabel Mateus, tendo por base pedagógica o manual “Culturas em Diálogo: A Tradução Chinês-Português”, lançado pela Universidade de Macau em 2016.

Ensinar Direito

Outra acção de formação que decorre no CCCM a partir de 15 de Setembro, acontece na área do Direito, com o curso intitulado “Introdução ao Direito de família em Macau e em Portugal numa perspectiva jus-comparatística”, ministrado por Paula Nunes Correia, ex-professora da Faculdade de Direito da Universidade de Macau.

Este curso livre tem por objectivo “tratar de diversos aspectos relacionados com o Direito da Família em Macau e em Portugal” numa perspectiva comparada. Assim, “serão introduzidos tópicos como os vários tipos de casamento, o divórcio e até a adopção”, a fim de garantir aos alunos “uma introdução abrangente, embora abreviada, destes importantes aspectos sócio-culturais”. O curso termina a 3 de Novembro e decorre mediante um número mínimo de inscrições.

7 Ago 2023

Lisboeta Macau | “To Cross” junta jovens artistas de diversas regiões

Pode ser vista até 10 de Setembro a exposição “To Cross” que mostra trabalhos de cinco jovens artistas asiáticos de Macau, Taiwan, Shenzhen e Banguecoque. Com curadoria de Hera Yang, este é mais um dos eventos culturais que integra o extenso cartaz da Bienal Internacional de Arte Macau 2023

Sik Ka Kit e Wong Weng Cheong, de Macau, Yun-Chu Chien, de Taipé, Taiwan, Zhao Ye Shi, de Shenzhen e Tanes Naipanich, de Banguecoque. São estes os nomes dos artistas integrantes da mais recente exposição do Espaço de Arte H853, no Lisboeta Macau, intitulada “To Cross – Exposição de Jovens Artistas Asiáticos” e que integra o programa da edição deste ano da Bienal Internacional de Arte Macau.

Esta mostra “apresenta obras de arte visuais contemporâneas de um grupo de jovens artistas asiáticos talentosos que exploram questões de destino comum e preocupações partilhadas”, tendo como curadora Hera Yang. Segundo um comunicado do Lisboeta Macau, a exposição “tem como objectivo levar o público a explorar a maravilhosa integração de diversas culturas e apreciar as diversas faces da arte contemporânea criada por uma nova geração de artistas asiáticos”.

Os jovens criadores produziram, assim, arte por diversos meios e formatos, incluindo “pinturas orientais, ocidentais, vídeos e instalações”, a fim de “mostrar estilos e técnicas criativas e explorar conjuntamente as emoções e pensamentos da humanidade face ao destino e às estatísticas, proporcionando ao público um espaço de reflexão e diálogo”.

Fórum artístico

Além da exposição propriamente dita, decorreu ainda, no sábado, o fórum “O Entrelaçar de Perspectivas: Explorando Perspectivas Multidimensionais da Arte Contemporânea”, que juntou oito artistas e académicos de todo o mundo a fim de “discutir as contradições visuais e os métodos práticos da arte contemporânea”, bem como “a interpretação da pintura por jovens artistas asiáticos e a identificação com a memória e a história”.

A organização espera que a mostra “To Cross” possa “promover o desenvolvimento e o intercâmbio da arte asiática, estabelecendo uma plataforma de diálogo entre o público e os artistas”.

A exposição pode ser vista entre as 10h e as 22h, de segunda-feira a domingo, no Espaço de Arte H853 no Hotel Lisboeta, no Grand Lisboa Palace, empreendimento da Sociedade de Jogos de Macau no Cotai.

6 Ago 2023

Duas exposições em Lisboa recordam centenário do nascimento de Mário Cesariny

Duas exposições sobre a vida e legado do artista plástico e poeta Mário Cesariny (1923-2006) vão ser inauguradas em Lisboa esta quarta-feira, data do centenário de nascimento, recordando ainda ligações a criadores seus contemporâneos.

“Primeira Pessoa” dá título a uma das exposições, a inaugurar na Casa da Liberdade – Mário Cesariny, com um conjunto de documentos provenientes dos vários espólios que a instituição alberga, anunciou a organização, em comunicado.

Entre pintura, fotografias, poemas e outras obras visuais de Cesariny, estará ainda patente correspondência com a escultora e poeta surrealista Isabel Meyrelles, e a trocada com Yoko Ono, na qual a artista lhe encomenda uma obra para homenagear John Lennon no Central Park, em Nova Iorque, obra essa também patente na exposição.

Na Perve Galeria, em Alfama, serão mostradas as relações estabelecidas entre Cesariny “… e os seus contemporâneos”, exposição que sublinha as suas colaborações com surrealistas portugueses e estrangeiros, “e a relação crítica, assertiva, com alguma da tradição nacional”, segundo o texto.

A organização quis salientar o impacto do autor, e do Surrealismo português, não só em Portugal como no contexto da Lusofonia, apresentando obras de artistas africanos que tinham afinidades com Cesariny, como Ernesto Shikhani, Inácio Matsinhe, Malangatana Ngwenya, Manuel Figueira e Reinata Sadimba.

As exposições “Primeira Pessoa” e “… e os seus contemporâneos”, com curadoria de Carlos Cabral Nunes, são inauguradas quarta-feira, às 18h, e estarão patentes até 26 de Novembro, dia em que se assinalam 17 anos volvidos sobre a morte de Mário Cesariny.

Recordações a norte

Em Julho, a Fundação Cupertino de Miranda (FCM), em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, detentora da maior parte do acervo pessoal, artístico e documental de Cesariny, anunciou um programa de comemorações do centenário do nascimento do pintor para decorrer a partir deste mês e durante um ano, com a realização de várias exposições, encontros, conversas, espetáculos, concertos e edições.

Nesse contexto, vai ser inaugurada no sábado, na FCM, a exposição “Mário Cesariny: Em todas as ruas te encontro”, que marca o início das celebrações e que vai estar patente até 8 de Setembro de 2024. O artista e poeta proporcionou à FCM a incorporação, por compra, doação e legado de uma grande parte da sua biblioteca e acervo artístico e documental.

As celebrações do centenário do nascimento de Mário Cesariny estendem-se a outras cidades do país, além de Lisboa, Amarante e Coimbra, e, também no estrangeiro, nomeadamente em França. Em Novembro, será apresentada, no Théâtre de La Ville de Paris, a antologia de poesia traduzida para francês, bilingue, com tradução de Bernardo Haumonte e prefácio de Emília de Almeida.

6 Ago 2023

Fotografia | Exposição “Bicicletas de Macau” patente em Castelo Branco

Regressado a Portugal há uns meses, o fotógrafo António Mil-Homens continua a mostrar Macau no país. O seu mais recente projecto é a exposição de fotografia “Bicicletas de Macau” que pode ser vista até 17 de Setembro na Casa do Arco do Bispo, em Castelo Branco. A mostra poderá dar origem a um debate sobre mobilidade urbana

 

Antes de regressar definitivamente a Portugal, depois de décadas a viver em Macau, o fotógrafo António Mil-Homens guardou dezenas de fotografias na bagagem prontas a expor. Um dos conjuntos diz respeito às “Bicicletas de Macau”, nome que titula a sua mais recente mostra, patente na Casa do Arco do Bispo, em Castelo Branco, Portugal, até ao dia 17 de Setembro.

As imagens mostram, assim, os raros sinais da mobilidade através da bicicleta nas ruas de Macau, tendo em conta as dificuldades de locomoção neste meio de transporte tendo em conta a poluição e o trânsito excessivo.

Ao HM, António Mil-Homens explicou as origens desta iniciativa. “Fazer esta exposição surgiu na sequência da colaboração que tenho mantido com o jornal ‘Regiões’ de Castelo Branco. Referi ao Fernando de Jesus Pires [fundador e director do jornal] que uma das exposições que tinha pronta a instalar em qualquer lado era esta, das bicicletas de Macau. Ele apresentou a ideia ao José Dias Pires, presidente da junta de freguesia de Castelo Branco, que ficou entusiasmado com a explicação do conceito da exposição.”

António Mil-Homens diz ter conseguido fazer o que sempre deseja para as suas exposições, ou seja, conciliar diversos formatos expositivos. Assim, além das fotografias coladas na parede, existem ainda aros com imagens dentro, a imitar as rodas das bicicletas, penduradas no espaço da exposição.

“Estou muito contente com o que consegui produzir em termos de instalação da exposição”, confessou o fotógrafo, que pretende expandir este projecto. “Ainda tenho a esperança de editar um livro, não apenas com as 35 fotografias de bicicletas que fazem parte desta exposição, mas com um total de 77. Esse projecto está em marcha e inclui ainda um texto meu e do José Luís Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus”, afirmou.

Relativamente ao texto introdutório de Sales Marques sobre esta mostra, este refere que as bicicletas captadas pela lente de Mil-Homens “espelham a identidade dos seus anónimos proprietários e utilizadores, e o meio em que se movimentam”. “Trazem algo do passado, parecem anacrónicas, estão estacionadas em passeios públicos da cidade antiga, ou temporariamente aprisionadas a postes de sinalização, sugerindo um modo de vida e um ambiente urbano circundante que só pode ser o de uma cidade com passado, onde as pedras das calçadas contam o tempo tomando o século por unidade”, escreveu ainda.

Tendo em conta que a cidade de Castelo Branco tem uma instituição de ensino superior – o Instituto Politécnico de Castelo Branco – a ideia é fazer ainda “uma apresentação em Setembro, para que possa haver um debate ou colóquio sobre mobilidade urbana e o uso da bicicleta como meio de transporte, uma vez que é nessa altura que muitos estudantes regressam a Castelo Branco”.

Imagens em movimento

“Bicicletas de Macau” vai ainda fazer um itinerário por outras cidades portuguesas, nomeadamente Coimbra, onde vai residir entre os meses de Janeiro e Fevereiro do próximo ano. Mil-Homens adiantou ainda que “já há contactos para a exposição ser apresentada também em Penamacor”.

O fotógrafo, que também se embrenha na poesia e pintura, pretende mostrar em Portugal todas as exposições e colecções que levou na bagagem. “No fundo, quero manter a ligação a Macau, sendo que mudei a minha base de trabalho.”

Debater o uso da bicicleta no espaço urbano é importante para António Mil-Homens, que em Macau sempre tentou deslocar-se desta forma, sem sucesso. No entanto, a esperança de que as autoridades venham a criar novas ciclovias e a introduzir mais viaturas eléctricas não morreu.

“Quer queiramos, quer não, o tráfego está cada vez mais intenso, tendo aumentado o nível de poluição, [pelo que é mais difícil andar de bicicleta em Macau]. Espero que a médio prazo isso vai sendo atenuado com a introdução de mais veículos e autocarros eléctricos”, rematou.

3 Ago 2023

Concerto | Suede ao vivo em Macau em Novembro

A banda britânica Suede será cabeça de cartaz do KoolTai Macao Music Fest, que está programado para os dias 11 e 12 de Novembro. Ainda com pouca informação disponível, como preço de bilhetes e local, a primeira levada de artistas inclui a cantora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, os Per Se de Hong Kong e a banda local Scamper

 

Na terça-feira, os Suede confirmaram na sua página oficial de Facebook, e contas de várias redes sociais, que vão dar um concerto em Macau em Novembro. “Os Suede têm o prazer de anunciar que vão estar no Kooltai Macao Music Festival, que acontecerá em Macao Cotai, China, nos dias 11 e 12 de Novembro de 2023”, pouco mais se sabe do enigmático festival, além de um site oficial e contas no Facebook e Instagram. Aí, não é indicado o local onde se realizará o festival, nem os preços dos bilhetes, mas são anunciados mais bandas e a promessa de que mais artistas se seguirão.

Para já, além da banda britânica, o cartaz inclui a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se e a banda de Macau Scamper.

Apesar das incertezas que ainda pairam sobre o evento, a vinda de Suede a Macau marcará o retorno de um grande nome da música pop mundial das últimas décadas ao cartaz cultural da cidade, há muito quase exclusivamente composto por artistas e bandas chinesas e asiáticas.

Formados em 1989, em Londres, a banda de Brett Anderson e companhia acabaria por lançar em 1993 o disco de estreia “Suede” que lhes valeu logo um público leal e aclamação crítica, de onde saíram singles como “Animal Nitrate”, “So Young” e “The Drowners”.

Porém, foi três anos depois que os Suede, com o álbum “Coming Up”, atingiriam o estrelato, com singles como “Beautiful Ones”, “Lazy”, “Filmstar” e “Trash”. “Coming Up” acabaria de não só tornar a banda britânica num sucesso à escala mundial como orientar o som e estilo dos Suede para áreas mais glam rock, a evocar imagens e conceitos sonoros de Roxy Music, T-Rex e David Bowie.

Com o primeiro disco a celebrar 30 anos do seu lançamento, os Suede chegam a Macau pela primeira vez depois de várias passagens por Hong Kong. Na bagagem trazem nove discos, o último lançado no ano passado (Autofiction) marcando mais uma viragem na evolução dos Suede para sonoridades mais orquestrais e cinematográficas.

Brasil japonês

Lisa Ono é outro dos destaques na primeira leva de artistas do KoolTai Macao Music Fest. A cantora, compositora e violinista brasileira, nascida em São Paulo numa família de origem japonesa, acabou por se tornar numa espécie de embaixatriz não oficial da bossa nova e música popular brasileira no Japão.

Apesar de só ter vivido no Brasil até aos 10 anos de idade, Lisa Ono tem uma longa carreira discográfica, em que a larga maioria dos discos são cantados em português.

Joanna Wang é o nome que se segue na lista de artistas apresentados pela empresa que organiza o festival. A cantora e compositora taiwanesa, que actuou em Macau há 10 anos no Rota das Letras, é conhecida pela sua poderosa presença de palco, dona de uma voz descontraída e cavernosa.

Nascida em Taipé, Joanna Wang cresceu em Los Angeles e aos 16 anos abandonou os estudos para mergulhar a fundo no mundo da música, rumo natural para quem sempre esteve a vida toda rodeada por discos e artistas, uma vez que o seu pai é produtor musical.

Joanna Wang teve um baptismo de fogo em termos discográficos, lançando em 2008 um álbum duplo, “Start from Here”, que lhe iria imprimir um rótulo inicial de cantora de jazz, valendo-lhe comparações a outras vozes como Astrud Gilberto e Diana Krall. O disco de estreia, cantado em inglês e mandarim foi um sucesso asiático, vendendo mais de 200 mil exemplares.

Apesar da curta carreira, Joanna Wang tem uma discografia vasta para uma artista de 35 anos, contando já com 11 discos.

Música local

Finalmente, o cartaz do KoolTai Macao Music Fest apresenta um duo de Hong Kong e uma banda de Macau. Os Per Se, oriundos da região vizinha, são constituídos por Stephen Mok na guitarra e Sandy Ip nos teclados. A banda descreve a sua sonoridade como “pop poético”, com músicas cantadas em cantonês e inglês. Antes de formarem os Per Se, Stephen Mok e Sandy Ip estudaram música clássica e tocaram numa banda de punk rock, até descobrirem um formato de composição que começa com um tema, uma ideia, antes de haver som.

Finalmente, os Scamper são uma banda de pop-punk de Macau que tem feito parte de várias edições do festival Hush e chegaram a fazer a primeira parte do concerto de Linking Park quando a banda norte-americana actuou em Macau, em 2009.

O HM contactou a organização do festival para tentar perceber em que local se irá realizar o evento, mas até ao fecho desta edição não recebeu resposta.

3 Ago 2023

Portugal repõe quota de música portuguesa em 30 por cento

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, assinou a portaria que repõe a quota mínima de música portuguesa na rádio nos 30 por cento, durante um ano, tendo o diploma seguido para publicação em Diário da República, anunciou segunda-feira o ministério.

“A programação musical dos serviços de programas de radiodifusão sonora é obrigatoriamente preenchida com a quota mínima de 30 por cento de música portuguesa”, lê-se no texto da portaria à qual a Lusa teve acesso. A portaria deve entrar em vigor a 01 de Setembro próximo, “produzindo efeitos pelo período de um ano”.

O ministério justifica a medida pela relevância que “a produção de música portuguesa apresenta hoje” e a “vitalidade que permite às rádios cumprir o regime de quotas, sem comprometer a diversidade e a coerência do projeto editorial de cada serviço de programas”.

O ministério salienta que o espectro radioeléctrico é um recurso público limitado, e “o Estado tem legitimidade para determinar o cumprimento de obrigações específicas, em nome do interesse colectivo”.

“Note-se que a rádio por via hertziana terrestre continua a ser o principal meio de escuta de música para um número elevado de pessoas e que a emissão radiofónica, apoiada por um sistema de quotas, contribui para a diversidade da oferta musical”, lê-se na portaria.

Conversas parlamentares

No início do mês, a 05 de Julho, no Parlamento, o ministro demonstrara disponibilidade para fixar a quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios em 30 por cento, enquanto se aguardava pela proposta de revisão da lei da rádio, a apresentar pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

Pedro Adão e Silva sugeriu então que o Parlamento aguardasse “pela proposta de revisão da Lei da Rádio da ERC”, já que o processo legislativo que se tinha iniciado dificilmente terminaria este mês, em que encerrou a actual sessão legislativa.

“O Governo, nos termos que a lei prevê, isto é, ouvindo e consultando o sector, pode fixar por portaria, e essa é a minha disponibilidade, os 30 por cento [quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios]”, adiantou então Pedro Adão e Silva.

A quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios, prevista na Lei da Rádio, entrou em vigor em 2009. Nessa altura, foi estabelecido que seria de 25 por cento, mas o valor subiu para 30 por cento em Março de 2021, como uma medida de resposta à pandemia da covid-19.

Um ano depois, em 2022, a quota mínima regressou aos 25 por cento e esta decisão do Governo acabou por ser criticada publicamente pelo sector, nomeadamente por dezenas de artistas portugueses.

2 Ago 2023

Art Space | Félix Januário Vong apresenta recriações de obras de arte

A galeria Art Space, na vila da Taipa, acolhe a partir de hoje a exposição “O Primeiro Museu de Arte Contemporânea de Macau”, da autoria do jovem artista residente Félix Vong. A viver em Portugal, o artista fez uma espécie de apropriação de obras de artistas conhecidos para lhes dar uma roupagem nova, muito sua. Vong colaborou ainda com artistas portugueses

 

Na sua primeira exposição a título individual, Félix Vong aventurou-se em dar novas perspectivas e interpretações a obras de arte bem conhecidas de todos. Assim, em “O Primeiro Museu de Arte Contemporânea de Macau”, apresenta-se, por exemplo, com algum bom humor e originalidade, uma nova versão de um quadro de pop art, com “Explosions (after Roy Lichtenstein)”.

Ao HM, o artista revelou que desde o primeiro momento queria “apresentar algo que nunca tivesse sido apresentado ou que não tenha existido em Macau, algo específico para a cidade onde nasci e cresci”.

Isto porque, na visão do artista, “não existe um museu em Macau puramente dedicado à arte contemporânea, ao mesmo tempo que o estudo das artes visuais, no meio académico, é muito escasso”, daí a opção pelos estudos superiores em Lisboa.

Nesta mostra, o artista coloca questões como o que é um museu de arte ou aquilo que podemos entender como arte contemporânea, ou até aquilo que pode, ou não, ser considerado arte. “Pensei em ‘fingir’ tudo, porque acho que é uma boa ideia permitir que as pessoas recomecem a pensar na arte contemporânea e na nossa cultura e história, ou ainda na nossa identidade, existência e futuro”, frisou.

Félix Vong não se inspirou num artista em particular, pois assume inspirar-se também na sociedade, política, dinheiro, Internet, conflitos bélicos ou mesmo nos seres humanos, animais e religiões. Ou seja, todas as componentes da vida humana e da sua existência. Como inspirações podem ainda incluir-se o cinema, a física ou a astrologia, entre muitos outros, adiantou.

Para esta mostra, colaborou ainda com 12 artistas portugueses, nomeadamente Ana Pessoa, Diogo Costa, Eduardo Fonseca e Silva, Gil Ferrão, Hugo Teixeira, João Fonte Santa, Martîm, Pedro Gramaxo, Rafael Raposo Pires, Samuel Duarte & Rita Anuar, bem como Sara Mealha.

Todos eles colaboraram numa obra de arte que não foi criada por Félix Vong, mas da qual ele se considera artista integrante. “Este gesto visa questionar a autoria das obras de arte. É algo desafiante, porque precisas de muito estudo e visitas para escolher quem vais convidar, quem é a melhor pessoa para o projecto e que tipo de trabalho pode enquadrar-se. Há muita comunicação e energia [gastos] neste processo.”

Para descrever este processo colaborativo, Félix Vong cita uma frase de Gavin Turk, artista visual: “A minha arte é sempre a arte dos outros, mas gostaria de dizer que a inevitabilidade da arte contemporânea é que é sempre, e também, um auto-retrato.”

Assumir a cópia

Convidado a descrever as suas próprias peças, Félix Vong refere-se a elas como, simplesmente, “obras de arte”, defendendo que caberá ao público definir aquilo que vai ver. No entanto, não deixa de citar Salvador Dali, grande nome do surrealismo: “Aqueles que não querem imitar nada, produzem nada”.

João Ó, arquitecto e dirigente da galeria Art Space, revela que o convite para esta mostra foi feito há cerca de um ano, e que o artista “aceitou de forma reticente porque ainda estava a estudar”. “Disse-lhe então que o meu papel enquanto curador é para incentivar a mostrar o trabalho de artistas locais, e a ideia era dar coragem à realização da sua primeira exposição a nível local”, acrescentou.

Para o curador, esta mostra constitui um exemplo de como “um aluno europeu interpreta a história de arte”. “Ele pega em todos os artistas que estudou e viu da arte contemporânea europeia e ocidental. Na minha perspectiva, está a aprender copiando os outros, mas ele dá a volta ao projecto visual desta exposição, pois copia e assume que faz essa cópia, apresentando-a como se fosse uma obra de arte. Há um assumir da cópia de forma descarada, mas com uma nova interpretação e novas questões”, adiantou. Esta é uma apresentação “não convencional” de um artista que se considera conceptual, descreve João Ó. A exposição pode ser vista até ao dia 22 de Setembro.

2 Ago 2023

FAM | IC aceita propostas para espectáculos

O Instituto Cultural (IC) aceita, até ao dia 28 de Agosto, propostas para espectáculos e comissões locais para a 34ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM).

Assim, esperam-se ideias para espectáculos, actividades e projectos da parte de associações artísticas e culturais sem fins criativos que estejam devidamente registadas na Direcção dos Serviços de Identificação. A ideia é “incentivar a inovação na criação artística”, bem como “explorar a criatividade que combina a história local com a cultura contemporânea”, além de se pretender “ampliar o espaço de desenvolvimento dos profissionais das artes”.

Destaque para a categoria “Programas Individuais”, aberta a “novos trabalhos que não sejam recriações nem nunca tenham sido apresentados publicamente em Macau”. O FAM está aberto a todo o género de espectáculos, como teatro, ópera cantonense, dança, espectáculos infantis, artes performativas multimédia, entre outros.

Segundo o IC, a prioridade será dada a trabalhos que integram tecnologias electrónicas ou digitais e aos que são apresentados em locais de Macau incluídos na lista do Património Mundial. Todas as propostas seleccionadas serão subsidiadas.

De salientar que a categoria “Mostra de Espectáculos ao Ar Livre” irá acolher propostas de espectáculos familiares, sem restrições a nível do seu formato de actuação, sendo dada prioridade a espectáculos que interajam de forma dinâmica com o público ou que reflictam as características étnicas.

31 Jul 2023

Orquestra de Macau | Nova temporada homenageia Rachmaninoff

A Orquestra de Macau arranca com uma nova temporada de concertos que destaca os 150 anos do nascimento do compositor russo Sergei Rachmaninoff. Destaque ainda para a escolha de Lio Kuokman como director musical e maestro principal. Os bilhetes para os espectáculos já estão à venda

 

Sergei Rachmaninoff, um dos nomes mais sonantes da música clássica russa, é a figura em destaque na nova temporada de concertos da Orquestra de Macau (OM), que arranca no próximo dia 2 de Setembro, preenchendo o cartaz cultural da cidade até 27 de Julho do próximo ano.

Nascido em 1873, Rachmaninoff foi maestro, pianista, compositor e um grande representante do estilo romântico no mundo da música clássica. Faleceu nos Estados Unidos em 1943, depois de ter vivido grande parte da sua vida fora da Rússia.

A série de concertos da OM obedece, assim, à temática “150º aniversário do Nascimento de Rachmaninoff”, incluindo a apresentação das obras mais emblemáticas deste compositor.

O público poderá assistir a interpretações dos dois vencedores do Van Cliburn International Piano Competition nos EUA, nomeadamente o pianista coreano Yekwon Sunwoo e o pianista japonês Nobuyuki Tsujii, que vão interpretar as obras mais icónicas de Rachmaninoff, tal como os “Concertos para Piano Nº 2 e 3”.

A série de concertos inclui ainda vários vencedores de concursos internacionais na área da música clássica, como Akiko Suwanai, violinista japonesa que foi a mais jovem a obter uma medalha de ouro no Concurso Internacional de Violino Tchaikovsky. Destaque ainda para Haochen Zhang, pianista chinês que ganhou medalha de ouro no 13º Concurso Internacional de Piano Van Cliburn; e Christian Li, distinguido como o violinista-revelação da Austrália e vencedor do Concurso Internacional Yehudi

Sobem ainda ao palco do Centro Cultural de Macau (CCM) os irmãos Otensammer, da famosa família clarinetista austríaca, nomeadamente Andreas Ottensamer, clarinete principal da Berliner Philharmoniker, e Daniel Otensammer, clarinete principal da Filarmónica de Viena, sem esquecer o pianista francês Jonathan Fournel, vencedor do Grande Prémio do Concurso Internacional de Música Rainha Isabel 2021.

Convites a maestros

O cartaz da nova temporada de concertos da OM é ainda marcado pelo convite a maestros estrangeiros que vão enriquecer as propostas dos espectáculos da nova temporada. Um dos nomes escolhidos é o do maestro britânico Christopher Warren-Green, director musical da Orquestra de Câmara de Londres, que irá actuar com a OM numa interpretação de obras do apogeu de três compositores famosos, Beethoven, Brahms e Edward Elgar.

Além disso, o maestro austríaco Christian Arming conduzirá a OM na apresentação de duas obras-primas do século XX, “Études-Tableaux” (“Quadros de estudo”) de Rachmaninoff e “Quadros numa Exposição” de Mussorgsky. Por fim, Gábor Káli, director musical assistente e maestro principal da Ópera Estatal de Nürnberg, cooperará com a OM para interpretar duas das primeiras sinfonias de Rachmaninoff que tiveram um profundo impacto no próprio compositor.

Celebrar grandes festivais

O cartaz da OM para o próximo ano traz ainda a grande estrela de jazz japonesa, Makoto Ozone, que regressa a Macau para apresentar o Concerto de Natal com a OM.

No concerto da Páscoa, um dos momentos altos do cartaz, Makoto Ozone junta-se aos Coro The Learners de Hong Kong, para interpretar a monumental obra-prima de Bach, “Oratório de Páscoa” na Igreja de São Domingos.

Além disso, haverá um concerto do Dia da Criança com animação, combinando animações em écrã gigante com actuações da orquestra, vocalistas famosos e corais baseados em enredos lendários e mágicos – que sempre agradam aos pequenos fãs.

A orquestra também lançará uma nova série, “Miscelânea de Obras Chinesas”, para criar uma experiência visual multimédia como uma sequência da lenda da “Princesa Floral”, de autoria do renomado dramaturgo da ópera cantonense Tong Tik-sang (1917-59), agora reformulando o romance comovente da princesa Coeng-ping e do consorte Zau Sai-hin, oferecendo ao público uma viagem sinfónica audiovisual.

Um novo maestro

A nova temporada de concertos pauta-se ainda pelo início do trabalho de Lio Kuokman, músico local, como director musical e maestro principal da orquestra. Segundo um comunicado do Instituto Cultural, Lio “está determinado a reinventar a OM para o público de Macau e virar a página do desenvolvimento da orquestra”.

Servindo também como director do Programa do Festival Internacional de Música de Macau e Maestro Residente da Orquestra Filarmónica de Hong Kong, Lio foi elogiado pelo Philadelphia Inquirer como “um surpreendente talento em regência”. Em 2014, ganhou o Segundo Prémio, Prémio do Público e Prémio da Orquestra no Concurso Internacional de Regência Svetlanov em Paris, além de ser o primeiro maestro assistente chinês da Orquestra da Filadélfia. Os bilhetes para a nova temporada de concertos da OM estão à venda desde ontem.

31 Jul 2023

Morreu o escritor alemão Martin Walser, aos 96 anos

O escritor alemão Martin Walser, autor de “Um Cavalo em Fuga”, morreu aos 96 anos, comunicou o Presidente da Alemanha, que lamentou a perda de “um grande homem, um escritor de classe mundial”. “A sua obra estende-se por mais de seis décadas e marcou decisivamente a literatura alemã”, acrescentou, na sexta-feira à noite, o chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Os canais públicos da televisão alemã ARD e ZDF e o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, citados pela agência de notícias France-Presse, informaram que Martin Walser morreu na madrugada de sexta-feira, em Uberlingen, no sudoeste do país, onde o escritor residia.

Martin Walser, que as Publicações D. Quixote editaram pela primeira vez em Portugal em 1987, está na História da Literatura alemã entre os principais romancistas do pós-guerra, a par de Günter Grass e Heinrich Böll, embora nunca tenha alcançado a projecção internacional dos dois prémios Nobel.

A notoriedade de Walser foi afectada em 1998 pelo discurso de aceitação do Prémio da Paz dos livreiros alemães, um dos mais importantes do país, quando se confessou farto de ser continuamente confrontado com “a vergonha sem fim” do Holocausto nazi, sendo então criticado pela comunidade judaica na Alemanha.

“Quando todos os dias esse passado é apresentado, percebo que algo dentro de mim se opõe à exibição permanente da nossa vergonha”, afirmou então o escritor, alertando para o risco de a memória dos crimes nazis se poder traduzir “apenas num ritual”.

A poesia da derrota

Martin Walser nasceu em 24 de Março de 1927, em Wasserburg, formando-se em Literatura, em Regensburg, nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, completando ainda os cursos de História e Filosofia. Dedicou o doutoramento a Franz Kafka.

Ainda estudante, iniciou-se como jornalista na recém-formada rádio pública SDR, para a qual começou a escrever peças de teatro.

Destacou-se desde logo com os primeiros contos, publicados em 1955, e com o primeiro romance, Ehen in Philippsburg (Casamentos em Philippsburg, em tradução livre), surgido em 1957.
Desde o início, a sua obra afirmou-se pela observação crítica e por vezes satírica do chamado “milagre económico alemão” do pós-guerra, visando a hipocrisia e o silêncio comprometido com o nazismo da pequena burguesia e da classe média conservadora.

A sua produção literária é uma das mais extensas da literatura alemã contemporânea, somando mais de meia centena de títulos, na maioria romance e novela. Escreveu também para teatro, cinema e televisão.
Martin Walser foi distinguido com vários prémios, destacando-se o Prémio Georg Büchner, o mais importante do país, atribuído pela Academia Alemã, e o prémio de carreira Friedrich Nietzsche.

“Acho que a literatura mundial é sobre perdedores”, afirmou numa entrevista citada pelo canal público internacional Deutsche Welle. “É assim que as coisas são. De ‘Antígona’ [de Sófocles], a ‘Josef K.’ [de Kafka], não há vencedores […]. As pessoas são sempre mais interessantes quando perdem do que quando ganham.”

31 Jul 2023

Moda | Fardas da nova escola Gerações criadas por Maria Gambina

Uma das mais conhecidas estilistas portuguesas é a autora das fardas da nova escola Gerações, que começa a operar no próximo ano lectivo. Maria Gambina, designer baseada no Porto, revelou ao HM ter-se inspirado nas velas dos juncos de madeira, na flor de lótus e no Farol da Guia para criar as fardas

 

Maria Gambina, uma das mais conhecidas designers de moda portuguesas, é a autora das fardas dos estudantes da nova escola Gerações, que começa a operar já no próximo ano lectivo. O HM conversou com a estilista sediada no Porto, cujo trabalho é estilisticamente marcado por linhas simples e contemporâneas.

“Estou muito feliz e surpreendida, pois o convite chegou directamente de Macau. Embora no meu percurso profissional sejam vários os projectos de design de fardamento, nunca trabalhei para uma entidade internacional”, contou.

Para fazer as fardas nas cores amarela, branca e vários tons de azul, a estilista portuguesa inspirou-se não apenas no próprio logótipo da escola, mas também nos elementos que fazem parte da história e cultura de Macau.

“O detalhe das nervuras nos calções de banho representa as linhas das velas dos juncos [antigos barcos de madeira]. O jacquard do bomber [modelo de casaco] em tricot foi inspirado na visualização minimizada (Zoom Out) do padrão de um azulejo português. O vestido de cerimónia é construído pela mistura de vários padrões, destaca-se a flor de lótus desabrochada, simbolizando a prosperidade eterna de Macau”, começou por destacar.

A bordadura amarela da torre do Farol da Guia revela-se nas partes brancas de peças como o blusão de fato de treino, a parka ou vestidos de menina, com duas riscas amarelas. Além disso, “os vivos de rolinho amarelo nos pólos, bem como o pesponto amarelo nas t-shirts de ginástica vão subindo pelas peças à medida que os alunos passam de ano de estudo”. Com esta técnica, a estilista quis representar na roupa “os objectivos, a evolução, o conhecimento e a sabedoria que os alunos vão adquirindo”. A presença do amarelo “simboliza a luz que ilumina, orienta e protege todo o percurso, assim como a luz de um farol”.

Destaque ainda para o padrão da saia do vestido, “organizado por imagens que nos remetem aos tradicionais azulejos azuis e brancos portugueses com elementos gráficos que são identificativos da ligação entre Portugal e Macau”, contou a estilista, que decidiu aplicar “bordados no bibe da pré-primária que contam, de forma didáctica e divertida, a história da chegada dos portugueses a Macau”.

Maria Gambina frisa o facto de o território ter sido, ao longo da sua história, “povoado por pescadores e camponeses, representados graficamente pelo bordado do peixe e pelo tão tradicional chapéu de bambu camponês”. Por sua vez, “o sol representa o calor e a harmonia do povo e o bordado de um livro aberto significa os Lusíadas, obra literária do nosso maior poeta”, além de que “reza a lenda que Camões terá escrito parte da sua epopeia em Macau”. “A ligação pelo mar está representada através da nau portuguesa e do junco Chinês”, acrescentou.

Qipao e outros elementos

Maria Gambina preocupou-se ainda em introduzir nas peças a “arte artesanal representativa da cultura portuguesa”. Assim sendo, criou “um cachecol e umas luvas feitas à mão, como a camisola poveira, obedecendo a técnicas ancestrais artesanais de tricot e bordados, respeitando, assim, as tradições, cultura e identidade da mesma, neste caso repescada do povo da Póvoa de Varzim, para lhe dar continuidade e para que esta arte passe além-fronteiras”.

Além disso, as fardas dos alunos, nomeadamente o blusão de fato de treino e a parka, incluem ainda elementos de design ligados ao Qipao, o tradicional vestido chinês, através “de um vivo gráfico”.

Acima de tudo, “a contemporaneidade dos uniformes, produzidos maioritariamente em materiais orgânicos e sustentáveis, reflectem a identidade gráfica do colégio com uma forte ligação à tradição e à história entre Portugal e Macau”, contou a estilista.

Roupas intemporais

Maria Gambina confessa que a sua marca se deixa notar nestas peças através de características como o grafismo, o lado lúdico e o detalhe. A estilista enfrentou o desafio de criar fardas para crianças e adolescentes que contenham “a intemporalidade do design, uma forte identidade, a qualidade e o conforto”, incluindo ainda “um lado mais lúdico e divertido” para que “a palavra ‘farda’ não se torne tão pesada”.

Desenhadas em Portugal, as peças estão a ser produzidas na China. “Tem sido um processo muito fácil, pois facilmente compreenderam as fichas técnicas das peças.”

Maria Gambina assume-se como uma estilista com uma marca e um negócio de pequena e média dimensão, pelo que a internacionalização, sobretudo para a China, nunca lhe passou pela cabeça. No entanto, diz estar “sempre aberta a novos desafios”. “A minha marca vive de peças de design exclusivo e únicas, pois tudo é cortado no meu atelier e algumas peças são produzidas no meu atelier ou com costureiras locais com quem tenho uma relação de muitos anos, quase familiar”, concluiu.

31 Jul 2023

Museu do Azulejo | Apresentada mostra “Reflexos do Oriente”

Uma exposição que junta, em diálogo, peças da Colecção Francisco Freire e Jin Ying e cerâmicas da designer Rita Filipe foi inaugurada ontem no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.

A mostra “Reflexos do Oriente. Chá – Cerâmicas do passado e do presente” vai apresentar peças da dinastia Song daquela colecção, em diálogo com objectos cerâmicos da designer Rita Filipe. Na base do projecto está o ensino da preparação e modo correcto de beber chá, segundo um comunicado do museu sobre a nova exposição.

Para preparar e beber chá de forma correcta “é necessário apreciar e manusear os objectos que participam da sua confecção, sendo fundamental conhecer aquela que é considerada globalmente a expressão principal da arte cerâmica, a porcelana da Dinastia Song (960-1279)”, indica o texto.

Estes objectos, “criados num contexto sociocultural que buscava integrar o Belo no quotidiano, conceito até então sem precedentes na cultura chinesa, levou a que estas porcelanas ocupassem, progressivamente, o espaço de materiais mais dispendiosos e associados ao luxo e à opulência, como o ouro, a prata ou o jade”, é descrito.

Nas peças da Colecção Francisco Freire e Jin Ying, agora expostas, “essa fusão de funcionalidade com o Belo, sem adornos supérfluos, simultaneamente clássica e contemporânea, inspirada na Natureza, é, por isso, intemporal”.

As peças estabelecem também um diálogo com objectos da designer Rita Filipe, que procura recuperar formas e técnicas da produção tradicional, relacionando o passado e o presente. A exposição “Reflexos do Oriente. Chá – cerâmicas do passado e do presente” ficará patente desde ontem e poderá ser visitada até 15 de Setembro.

28 Jul 2023

Cinema | “Beautiful Game”, de António Caetano de Faria, estreia em Portugal

Chama-se “Beautiful Game” e conta a história de uma família que toda a vida teve um restaurante na pacata vila de Coloane. Até que subitamente não consegue pagar as contas devido ao aumento da renda, enquanto o filho sonha ser futebolista. O filme de António Caetano de Faria teve ontem a sua estreia internacional no Festival de Cinema de Avanca

 

“Uma história de sacrifício e de amor, um drama familiar entre pais e filhos”. É desta forma que o realizador António Caetano de Faria, ligado à produtora local Locanda Filmes, descreve “Beautiful Game”, o seu filme que estreou ontem em Portugal no Festival de Cinema de Avanca, depois de uma apresentação na Cinemateca Paixão.

O filme revela a história de um casal, proprietário de um restaurante na vila de Coloane, que deseja deixar o negócio ao filho que, no entanto, só pensa em jogar futebol. A par disso, surgem problemas financeiros, dada a dificuldade em pagar as rendas do estabelecimento.

“Beautiful Game” é “uma história de desencontros entre ideais de uma geração mais nova com uma geração mais velha que queria deixar o legado do restaurante para o seu filho”, em que uma família “se vê envolvida num conflito de ideais e com problemas financeiros por resolver”.

No cartaz do filme surge a frase “Procura a luz, encontra o caminho”, em jeito de mensagem que enaltece a procura de um estilo de vida que escapa às expectativas familiares. “As gerações anteriores têm um espírito de sacrifício muito maior que o nosso, pela experiência de vida. Acho que esse espírito está muito incutido nessa geração que não procura fazer coisas novas ou fora da sua realidade. Há então esse choque geracional. Falamos de personagens que têm quase 50 anos, com um filho de 12 anos, e que têm um restaurante em Coloane. Praticamente nunca saíram dali, ou de Macau, querendo viver a sua vida simples”, adiantou o realizador.

Sem expectativas

O filme foi financiado parcialmente pelo Instituto Cultural (IC), tendo recebido outros apoios recolhidos pela produtora, entre os quais o apoio institucional de entidades como o Benfica de Macau e a Casa de Portugal em Macau. A pandemia obrigou António Caetano de Faria a alterar o argumento do filme, que deveria passar-se em Macau, China e Portugal. Assim, a história de “Beautiful Game” centra-se apenas no território.

António Caetano de Faria não traz consigo grandes expectativas sobre o acolhimento que o filme vai ter em Avanca. “Em primeiro lugar, faço filmes para mim e fico satisfeito com o filme que faço naquele determinado tempo. Mas depois ele ganha uma vida e fala por si próprio. A beleza do cinema reside no facto de haver várias interpretações sobre o mesmo filme, além de que eu não sou um realizador que gosta de festivais. Estes têm a sua necessidade e um circuito próprio, mas não sou o maior fã deles.”

O realizador prefere “fazer filmes, ter contacto com as pessoas, poder construir uma história, uma mensagem, descobrir algo em mim, a nível de sentimentos e emoções”. “Não é ir ao festival, mostrar o filme e falar sobre ele”, frisou.

“Beautiful Game” revela ainda o lado da memória e da história de Macau, temática muito presente no trabalho do cineasta. Além disso, muitas das personagens deste filme são interpretadas por não actores. “Gosto de dar oportunidade a pessoas que não têm tanta experiência no cinema. É isso que é agradável, pode provocar a sociedade e levar pessoas a fazer cinema. Para mim, isso é mais importante do que aparecer em dez festivais e nas revistas.”

António Caetano de Faria acredita que o cinema em Macau tem pernas para andar, conseguindo-se até alguns apoios de forma independente, embora seja sempre um processo complexo.

“Não dependemos apenas do Governo e dos subsídios para fazer cinema, até porque hoje em dia as coisas são mais fáceis, temos o digital e a vontade das pessoas, bem como alguma formação. É importante fazer e experimentar, não estar apenas à espera. Comecei com uma câmara a contar algumas histórias que me interessavam, embora o dinheiro ajude, sobretudo em ficção. É importante para se profissionalizar uma indústria.”

A saída de muitos profissionais de cinema portugueses de Macau nos últimos tempos não veio afectar a indústria local pois, segundo António Caetano de Faria, as colaborações do ponto de vista técnico são mantidas à distância.

28 Jul 2023

IC volta a lançar convite para a Feira de Artesanato do Tap Siac

Este ano celebra-se o 15.º aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac, um evento que tem vindo a ganhar popularidade na cidade, enchendo a praça no coração da península de barraquinhas com os mais variados produtos e muitas pessoas.

Antecipando a feira que se realiza no Outuno, o Instituto Cultural (IC) lançou ontem o convite a todos os interessados para apresentarem produtos de marca associados à Feira de Artesanato do Tap Siac.

Os candidatos seleccionados “poderão conceber e fabricar produtos associados à Feira de Artesanato com o logotipo da mesma e serão qualificados para estabelecer stands onde poderão exibir e vender estes produtos durante a Feira de Artesanato do Tap Siac”, refere o IC.

O convite à apresentação de produtos decorrerá entre hoje e o dia 17 de Agosto, sendo aberto a todos os profissionais das indústrias culturais e criativas de Macau.

A Feira de Artesanato do Tap Siac é uma iniciativa emblemática que se realiza anualmente, desde 2008, na Primavera e Outono, tendo como finalidade disponibilizar aos profissionais das indústrias culturais e criativas uma plataforma de exibição e comercialização dos seus produtos e de intercâmbio de experiências. O evento tem também como objectivo “apoiar e encorajar a criatividade e a inovação, promover a entrada dos produtos culturais e criativos de Macau no mercado e contribuir para a criação de uma feira cultural e criativa de referência na Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Ano de festa

Tomando como tema o 15.º Aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac, o convite à apresentação de produtos de marca associada visa, através da concepção, produção, exibição e venda destes produtos, evidenciar a criatividade das indústrias culturais e criativas de Macau, bem como comemorar o 15.º aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac.

Os candidatos devem ser titulares do Bilhete de Identidade de Residente de Macau e ter idade igual ou superior a 18 anos. Os produtos devem ser originais e identificados com o logotipo da “Feira de Artesanato”.

Um total de 15 candidatos será seleccionado, com base em critérios como os “elementos culturais e criativos do produto; relação com o tema do 15.º Aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac; originalidade, design e conceito do produto; tipo, material e singularidade do produto; e plano de vendas e de promoção.

Os candidatos seleccionados poderão usar o logotipo da “Feira de Artesanato” para fabricar diferentes produtos aprovados pelo IC até ao fim da Feira de Artesanato do Tap Siac no Outono de 2023 e gerir um stand durante um período mínimo de uma semana.

26 Jul 2023