Cinema | “Macau – Um Longe Tão Perto” em exibição na Cinemateca Paixão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] documentário do realizador Rui Filipe Torres, “Macau – Um Longe Tão Perto”, será exibido no próximo sábado, dia 10 de Fevereiro, às 19h na Cinemateca Paixão. O filme é uma remontagem de três documentários sobre Macau produzidos para a RTP Internacional em Dezembro de 2012 e Janeiro de 2013. O documentário estreou-se no Museu do Oriente, em Lisboa, no início de 2014.

O documentário de Rui Filipe Torres é uma abordagem panorâmica sobre o papel da Região Administrativa Especial de Macau enquanto plataforma entre a China e os países da lusofonia. Tem como ângulo os pontos chave das dinâmicas sociais e políticas e a forma como estes elementos marcam a caracterização e identidade do território.

A frescura da visão de Rui Filipe Torres é algo que advém de uma certa ingenuidade de quem chega pela primeira vez a Macau vindo de Lisboa e que descobre que a 11 mil quilómetros de distância se continua a viver e sentir Portugal, numa singular afirmação de cosmopolitismo e abertura ao mundo contemporâneo.

“Macau – Um Longe Tão Perto” também lança um breve olhar sobre a posição geopolítica de Macau na perspectiva da política “Um País, Dois Sistemas”, através do testemunho de algumas personalidade que, de diferentes formas, são actores relevantes nas dinâmicas sociais, culturais e políticas do território.

A lista de entrevistados, em Macau e Lisboa, tem personalidades como Adriano Moreira, Amélia António, Miguel de Senna Fernandes, Paulo Coutinho, Joaquim Magalhães de Castro, José Pereira Coutinho, James Chu, José Drummond, João Marques da Cruz, José Maças de Carvalho, Ivo Ferreira, Luís Pimenta Machado, Ana Paula Cleto, Carlos Manuel José, Carlos Manuel Piteira, Rita Santos, Rui D´Ávila Lourido, e Zhong Yi Seabra de Mascarenhas.

9 Fev 2018

Concerto | Heidi Li Italian Jazz Duo ao vivo no domingo no What’s Up POP UP

Heidi Li cresceu a ouvir e cantar ópera cantonesa, uma paixão que herdou dos pais. Aos 17 anos, a cantora sai de Hong Kong para estudar. Vive no Canadá, Reino Unido, França até se fixar em Itália. A vida que levou está na génese do EP “Third Culture Kid” que pode ser escutada ao vivo, em três línguas, no domingo às 19h no What’s Up POP UP, na Calçada do Amparo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o longo da história da música, e das artes no geral, a fusão de influências tem sido um motor criativo que nos trouxe revoluções como o rock n’ roll, o punk e o jazz. É frequente que na génese destas correntes estejam pessoas que também são elas próprias resultado de fusão cultural. Heidi Li é a personificação desse tipo de caleidoscópio cultural. A cantora sobe ao palco do What’s Up POP UP no domingo, às 19 horas, para um concerto onde vai interpretar músicas do disco “Third Culture Kid” e a adaptação de “belíssimas músicas de folk italiano”. Em palco estará um pianista e Heidi Li a cantar em três línguas.

O trilinguismo surge natural para quem teve o percurso que a cantora teve. Começou cedo, com apenas três anos de idade, a cantar ópera cantonense, algo que aconteceu porque era o que se escutava em casa. “Ouvia essa música a toda a hora porque é uma paixão dos meus pais, até que um dia me levaram a um ensaio com orquestra”, conta. Esse episódio demarca-a da maioria dos comuns mortais, não é qualquer pessoa que tem a hipótese de actuar informalmente com uma orquestra. “Ajudou-me a construir a confiança para cantar em público, algo que se tornou muito natural para mim. Quando tinha 4 ou 5 anos os meus pais incentivaram-me a cantar, era como um jogo para mim, era divertido. Acho que nunca fui tímida em relação a cantar em público”, conta.

Aos 17 anos, Heidi Li deixou Hong Kong e partiu mundo fora para estudar. O primeiro destino foi o Canadá, seguindo-se o Reino Unido e a França, até se fixar em Perúgia, em Itália.

Più Bella

Itália trouxe ao de cima a cantora que havia dentro de Heidi Li. Mudou-se para Perúgia em 2010, quis o destino que a sua casa se situasse em cima de um clube de jazz. “Conheci alguns músicos locais e foi assim que as coisas começaram, fazíamos algumas jams sessions, fui aprendendo e nasceu a vontade de fazer algo sério”, conta.

Em Maio lançou o seu primeiro disco, um EP, intitulado “Third Culture Kid”, um termo para designar quem nasceu no seio de uma família multicultural e que vive num país onde se fala uma terceira língua. “Tenho tido sempre a influência directa de diferentes culturas e esse álbum reflecte esse multiculturalismo, com músicas cantadas em inglês, cantonense e italiano”, revela.

As viagens que faz são uma inevitável fonte de inspiração para a cantora. De momento, Heidi Li anda em tourné com um projecto chamado “Heidi sings in all italian dialects”, que fará parte da performance que traz a Macau no próximo domingo. O projecto começou por ser uma ideia pensada para o Youtube, com a cantora a viajar pelo culturalmente assimétrico território italiano e a colaborar com artistas locais. “Viajei por Itália e cantei nos dialectos locais músicas de folclore dessas terras, também com músicos locais”, explica. O objectivo da cantora é transformar esta experiência e estes episódios do seu canal de Youtube num disco, que a natural de Hong Kong espera poder gravar assim que regressar a Itália, no próximo Verão. Para já, essas músicas ganham vida em palco através de uma rearranjos para voz e piano.

Apesar do contexto muito etnográfico como começou a sua carreira musical, Heidi Li tem um gosto ecléctico que extravasa em muito o jazz clássico, apesar do amor a Bill Evans. Na aparelhagem da cantora tem-se tocado muito Dhafer Youssef, um músico tunisino que descobriu ao vivo em França. Além disso, Heidi Li tem mantido um vício auditivo com a música da baixista e cantora norte-americana Esperanza Spalding e a banda de neo-soul australiana Hiatus Kaiyote.

As notas da multiculturalidade vão soar no final da tarde de domingo na Calçada do Amparo.

9 Fev 2018

Cheong Kin I, encenadora a peça “A Reunificação das Duas Coreias”: “Aspiro criar a minha realidade”

Hoje às 20h sobe ao palco do Edifício do Antigo Tribunal a peça “A Reunificação das Duas Coreias”, pela mão da encenadora local Cheong Kin I. A peça estará em cena até 11 de Fevereiro, sempre às 20h, com a excepção com espectáculo do dia 10, que será às 10h. O HM falou com a encenadora sobre amor, identidade e a natureza da realidade

 

Como foi o primeiro contacto com a obra de Joël Pommerat?

A primeira vez que conheci a obra de Joël Pommerat foi quando um amigo meu encenou “Les Marchands”. Pommerat insiste sempre em escrever e encenar os seus próprios argumentos, uma vez que considera que não há ninguém que sabia melhor o que é que ele quer. Tem os seus próprios actores e designers de iluminação com quem tem vindo a colaborar já há muito tempo. Costuma ensaiar directamente nos espaços onde as suas peças são interpretadas, para que os seus designers de iluminação possam participar activamente no processo de criação das peças. Pommerat gosta da obscuridade. A iluminação é só para projectar sobre e para as interpretações, as vozes e os corpos dos seus actores. Tem uma estética extraordinária.

Esta peça não é sobre política, mas sobre amor. Que ligação sentiu com a história?

O título parece muito politizado, mas não tem nada a ver com a política. São vinte capítulos com vinte histórias sobre o amor, entre aspas. Trata-se de uma metáfora para falar sobre vinte tipos de amores acabados devido à impossibilidade de comunicação, das clivagens nas relações e da impotência de amar.

Vejo a palavra “reunificação” como muito irónica. Todas estas histórias falam de separações. Penso que Joël Pommerat queria também falar do facto que cada um é um indivíduo completamente independente, sempre com diferentes maneiras de pensar, mesmo a respeito das coisas minúsculas numa relação e na vida em geral. Tenho a expectativa que nesta peça as actrizes e os actores de Taiwan e de Macau possam aproveitar bem as suas diferenças culturais e linguísticas para abordar a impossibilidade de comunicação como um ponto fundamental do espectáculo.

Tem alguma ideia de como será próximo projecto?

Imagino que, depois da “A Reunificação das Duas Coreias”, vou continuar a trabalhar nos temas identitários, directamente ou indirectamente. Não acho que possa mudar nada, mas pelo menos penso que sou capaz de me mudar a mim própria.

Quais os maiores desafios de realizar um projecto destes em Macau?

Aspiro criar a minha própria realidade, mas vai ser sempre só um processo de procura, porque, como dito, a realidade não existe. É uma ilusão eterna. É uma grande ironia que sempre procuramos ao falar de tudo o que vimos a acumular, como percepções e experiências de vida. Mas isso não me interessa para representar na peça porque, como não é nada novo para ninguém, já não tem importância.

Sempre detestei qualquer género de discriminação ou exclusão. Nos meus primeiros tempos em Taiwan, negava sempre quando me diziam que ser de Macau queria dizer ser da China continental. Com o passar do tempo, comecei a reflectir se também eu própria discriminava os chineses do continente. Lá em Taiwan, toda a gente pensa de maneira independente e faz muitos esforços para trazer Taiwan ao mundo. O que me levava a questionar sobre, sendo eu de Macau, qual seria a minha identidade. Macau é um território minúsculo, onde as convenções ainda são muito predominantes. Mas não é razão para que o teatro siga também esta direcção. Pergunto sempre a mim própria como é que posso contribuir para o mundo, antes de pedir qualquer coisa a Macau.

Qual a sua ligação às artes dramáticas? O seu irmão escolheu o cinema, você o teatro. Porquê?

Partilho um ponto comum com Pommerat: não falamos da realidade, mas procuramos a realidade. Para mim, a realidade não existe. Isso é simples e complicado ao mesmo tempo. É vida, é impressão, é imaginação, é criação. No ano passado, em Agosto, a Associação Teatro de Sonho convidou-me para encenar uma peça. Naquele momento, estava já muito interessada pela questão da identidade. Li uma antologia bilingue franco-chinesa dos dramaturgos franceses co-publicada pelo Festival de Artes de Taipé, na qual encontrei o argumento “A Reunificação das Duas Coreias”. Fiquei profundamente atraída quando o li pela primeira vez.

Alguma parte em especial?

Eis uma passagem do argumento da qual gosto muito: O marido pergunta à mulher: O que é que se passa? Porque não consegues dormir? A mulher responde: Não é que não consiga dormir. É que não quero mais ficar contigo. Vou ter que partir. O marido pergunta: Estás com outra pessoa? A mulher diz: Não. Eu amo-te e tu amas-me. Mas isto não é suficiente. Era só uma história de cinco minutos. Nesta história, não se via uma causa nem um efeito. Havia só as emoções no meio da história, sem início, sem fim. É justamente neste meio que existe mais tensão dramática. Quanto ao meu irmão, foi feita há já alguns anos a sua “Uma Ficção Inútil”, que tem sido apresentada várias vezes em Taipé. É um filme difícil de compreender, no qual há muitas imagens de árvores. Lembro-me que, no tempo da nossa infância, quando ele estava triste, levava-me a ver as árvores no Jardim de Camões. Agora já tenho 26 anos e ele 32. Não sei quando é que começou a fazer filmes. Ele está à frente e eu atrás. Fico orgulhosa do meu irmão.

8 Fev 2018

Óbito | Jao Tsung-I, mestre em estudos chineses, faleceu ontem

Faleceu, na madrugada de ontem, o mestre Jao Tsung-I, que nos anos 80 veio para Macau onde fundou, na antiga Universidade da Ásia Oriental, o departamento de história e literatura chinesa. No território, Jao Tsung-I deu também o nome a uma academia dedicada às artes e cultura. O Chefe do Executivo dedicou condolências à família

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]urpresa e consternação. Foram estas as primeiras palavras que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, usou para se referir ao falecimento do mestre de estudos chineses e grande nome das artes, Jao Tsung-I. Este morreu na madrugada de ontem, depois de uma carreira preenchida, que passou pela criação de duas academias com o seu nome, em Macau e Hong Kong.
Jao Tsung-I veio para Macau em 1981, quando foi convidado para ser professor catedrático da antiga Universidade da Ásia Oriental, actual Universidade de Macau (UM). Foi ele o fundador do departamento de história e literatura chinesa desta instituição de ensino.
Chui Sai On referiu-se a ele como sendo “um grande mestre dos estudos chineses, uma personalidade conceituada na China e no exterior”. “O professor Jao Tsung-I foi um famoso historiador, paleógrafo, literato, calígrafo e educador, cuja fama cruzou mares. Durante toda a sua vida, divulgou a cultura chinesa, contribuindo de forma importante para o ensino superior e a investigação académica em Macau.”
O Chefe do Executivo destacou ainda a importância que Jao Tsung-I continuou a ter na sociedade local após o regresso de Macau à China.
Este “continuou a dedicar-se e a orientar os estudos na área da paleografia, apoiando veementemente o nosso desenvolvimento cultural”. “Expôs aqui repetidas vezes os seus trabalhos de caligrafia e pintura, tendo oferecido algumas das suas obras aos museus locais”, disse Chui Sai On. Essas obras levariam à criação da Academia Jao Tsung-I.
Além disso, o mestre de estudos chineses tinha “o espírito patriótico”. “O trabalho académico meticuloso do professor Jao Tsung-I são um modelo para todos nós”, acrescentou o Chefe do Executivo.

Um grande contributo

De acordo com a biografia disponível no website da Academia Jao Tsung-I, o mestre, ao criar o departamento na Universidade da Ásia Oriental, com cursos de mestrado e doutoramento, “contribuiu consideravelmente para o desenvolvimento académico local lançando as sementes de estudos subsequentes em literatura chinesa”.
Em 2004 a UM concedeu a Jao Tsung-I o grau de doutor honoris causa em Humanidades, tendo-lhe sido atribuído também o título de Professor Honorário da universidade. A sua biografia aponta que o mestre “deu bastante atenção aos estudos arqueológicos em Macau, dando conselhos e orientando as escavações do sítio arqueológico da baía de Hac-Sa, Coloane, em 2006”.
Em 2011, Jao Tsung-I doou 30 pinturas e caligrafias da sua autoria ao Museu de Arte de Macau, além de 159 peças de arte e trabalhos académicos ao Governo, em 2013. “Ter estas peças de arte entre nós é uma honra e sentimo-nos gratos pois servirão de inspiração aos artistas locais e às gerações vindouras”, aponta a biografia do mestre.
Foram diversas as exposições que Jao Tsung-I realizou no território: Terra Pura – Exposição de Pintura e Caligrafia do Jao Tsung-I (Centro UNESCO de Macau, Novembro de 1999); Exposição de Caligrafia e Pintura de Rao Zongyi (Museu de Arte de Macau, Julho de 2001) onde, a par de 103 obras de arte de autoria do Professor Jao, foram apresentados outros trabalhos de artistas chineses do continente e ultramarinos, bem como uma variedade de objectos ornamentais e estudos; Lótus Imortal: Pintura e Caligrafia de Jao Tsung-i.
Alem disso, em Novembro de 2006 foi feita uma exposição para celebrar o seu 90º aniversário, tendo sido realizada, em Novembro de 2011, a iniciativa Aspirações Convergentes: Exposição de Pinturas e Caligrafias Doadas ao Museu de Arte de Macau por Jao Tsung-I, patente no Museu de Arte de Macau.

O apoio à Macaulogia

Entretanto, a UM reagiu também à morte do mestre, tendo referido, num comunicado, que os membros da universidade “nunca se vão esquecer” do seu contributo.
Jao Tsung-I foi, aos olhos da UM, “um académico erudito e um escritor prolífero”, bem como “um mestre da sinologia, um historiador, arqueólogo e académico de Confúcio”.
“Ele dedicou toda a sua vida à promoção da sinologia, também com grandes realizações na arte e literatura. O professor Jao Tsing-I e a sua persistência nos objectivos académicos é um exemplo para todos nós.”
Na UM, Jao Tsing-I “apoiou activamente o desenvolvimento da Macaulogia, tendo dado uma grandiosa contribuição para a UM na implementação e desenvolvimento da disciplina”.

7 Fev 2018

Exposição | Galerie Ora-Ora inaugura no espaço H Queen’s com livros gritantes

O contraste e a harmonia entre as artes plásticas e a literatura é o cerne da exposição colectiva “Screaming Books”, que inaugura o novo espaço da Galerie Ora-Ora no H Queen’s no próximo dia 1 de Março. Um dos trunfos da mostra é a luz natural que entra pelas janelas do 17º andar da galeria em Central Hong Kong

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] programa artístico da temporada 2018 de Hong Kong está a arrancar em grande estilo, em parte movido pelos vários festivais que animam a região, mas também com o surgimento de novos espaços para exposições e concertos.

Um prédio que promete ser um dos grandes pólos artísticos da Ásia é o H Queen’s, em Central, erigido para colmatar a lacuna da falta de espaço para a fixação de grandes galerias internacionais.

É nesse contexto que no próximo dia 1 de Março é inaugurado “Screaming Books”, uma exposição colectiva que reúne oito artistas chineses e locais que se foca no tema da literatura. Os artistas participantes da mostra são Halley Cheng, Hung Keung, Peng Jian, Pang Wei, Xiao Xu, Xu Lei, Zhang Yanzi e o icónico artista de caligrafia graffiti Tsang Tsou-Choi, o chamado “Rei de Kowloon”.

“Screaming Books”, a primeira exposição da galeria este ano e propõe-se a ilustrar a universalidade da arte e a sua aptidão para explorar expressividade indomável, emoções e significados. A mostra tem como objectivo demonstrar essas emanações do espírito humano através da influência da literatura ancestral e clássica da China e do Ocidente.

O título da exposição foi baseado num poster de Alexander Rodchenko, chamado “Books!”, onde estão juntos um escritor russo e a socialite Lilya Brik, tentando expressar a ideia de união entre artes plásticas e palavras.

A exposição que será inaugurada no 17º andar do H Queeen’s apela ao poder universal da imagem destilada por um grupo coerente de artistas através caligrafia contemporânea. As duas formas de expressão artísticas unem-se pela via da arte chinesa contemporânea e da influência que a literatura tem na criação dos vários artistas que colaboram na exposição.

Fora das páginas

“Arte e literatura não são forças em oposição, mas almas divididas que gritam uma pela outra. “Screaming Books” é uma exposição cuidadosamente curada que reúne artistas de renome para quem o legado literário é uma inspiração”. As palavras são de Henrietta Tsui-Leung, fundadora e dona da Galerie Ora-Ora.

Acerca da abertura do novo espaço em Central, a galerista adianta que “a exposição marca um significativo marco histórico na vida da galeria e reflecte uma visão de longo-prazo da promoção da caligrafia contemporânea entre o público de Hong Kong e o público internacional que visita a cidade”.

Por exemplo, Xu Lei e os seus estudantes Hao Liang e Xiao Xu trazem para a exposição a influência de Franz Kafka, assim como o realismo mágico do escritor Gabriel Garcia Marquez. Por outro lado, Peng Jian, Peng Wei e Zhang Yanzi encontraram inspiração na linguagem literária e no imaginário nostálgico, principalmente na correspondência de autores. Peng Wei pega nesta criação literária íntima e acrescentam-lhes imagem e compreensão.

A paisagem arquitectónica de uma biblioteca foi a inspiração visual usada por Peng Jian para a concepção da torre de livros que criou.

Hung Keung tem uma abordagem mais experimental e inovadora que procura materializar o poder dos livros para espalhar ideias. O artista local baseou-se nesta ideia para criar um conjunto de vídeos que exploram a natureza solitária da leitura e a aparente dicotomia psicológica com que o leitor se depara.

Monarca de Kowloon

Um dos destaques da exposição é Tsang Tsou Choi, o famoso artista de rua de Hong Kong, que tinha a reputação de desafiar a ordem social. Conhecido no mundo do grafitti como o Rei de Kowloon, Tsang aliava a arte urbana às ancestrais técnicas de caligrafia chinesa. Antes de morrer, há mais de 10 anos atrás, o artista desejou ter mais uma exposição.

Tsang Tsou Choi foi detido pela polícia de Hong Kong muitas vezes, na maioria das vezes saindo em liberdade com apenas um pequeno aviso e uma multa simbólica. Devido à sua notoriedade, e à fama de agitador, a família viria a deserdá-lo não sem antes levantar suspeitas acerca da sua sanidade mental. Além disso, a esposa deixou-o por não aguentar mais conviver com a obsessão artística do marido.

Esta mostra marca a sexta participação da Galerie Ora-Ora na Art Basel Hong Kong, que entra com duas outras exposições. “Leap to Light” é uma mostra colectiva que pretende demonstrar a força e a incerteza contida num salto.

A outra surpresa da galeria guardada para a Art Basel é a exposição a solo de Xiao Xu, patente ao público entre 26 de Março e 12 de Maio no espaço H Queen’s. Um dos mais proeminentes artistas contemporâneos chineses, Xiao Xu manobra a criatividade em espaços negros entre argumentos em esgrima, ou forças hostis que se confrontam. Desde cidades invertidas suspensas entre a gravidade e a ausência de peso, a brilhantes icebergs esculpidos em granito, o artista gosta de explorar o jogo de forças opostas nos seus trabalhos.

6 Fev 2018

Frankenstein continua a inspirar arte e ciência 200 anos depois

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o ano em que se assinala o 200.º aniversário da publicação do romance “Frankenstein”, a Biblioteca Nacional dedica-lhe uma exposição, a editora Guerra e Paz lança uma versão juvenil e os cientistas recordam a sua importância na ciência.

O “monstro” Frankenstein nasceu numa noite chuvosa do “ano sem verão” de 1816. O romance que o apresentaria ao mundo – o clássico “Frankenstein”, da escritora britânica Mary Shelley (1797-1851) – foi publicado pela primeira vez em Janeiro de 1818, e com ele nasceu o género “ficção científica”.

Mary Shelley cresceu num dos ambientes intelectuais mais avançados de Inglaterra, filha de William Godwin, filósofo e político revolucionário, defensor das ideias libertárias dos iluministas e dos ideais da Revolução Francesa, e de Mary Wollstonecraft, pioneira do feminismo moderno e autora do livro “Reivindicação dos Direitos da Mulher”.

No verão de 1816, com apenas 18 anos, Mary acompanhou o futuro marido, o poeta Percy Shelley, o médico e escritor John Polidori e o poeta Lorde Byron numas férias à Suíça, tendo ficado hospedados na Villa Diodati, perto do lago Genebra. Mas o mau tempo e a “chuva incessante” daquele que ficou conhecido como “o ano sem verão”, decorrente de uma grande erupção vulcânica na Indonésia, obrigou-os “a ficar muitas vezes fechados em casa”, escreveu a autora no prefácio da edição de 1831.

Nessas noites, “alguns volumes de histórias de fantasmas, traduzidas do alemão e francês, caíram-nos nas mãos”, contou a escritora, acrescentando que, para passar o tempo, Lorde Byron lançou-lhes um desafio, que foi aceite: “Cada um de nós vai escrever uma história de fantasmas”.

John Polidori escreveu o conto “O Vampiro”, que deu origem à personagem vampiro como hoje é conhecida, mas Mary Shelley sentia-se incapaz de escrever uma história que correspondesse ao que se propusera, “uma que falasse aos medos misteriosos da nossa natureza e despertasse horror arrepiante… uma que fizesse com que o leitor receasse olhar à sua volta, lhe gelasse o sangue e lhe acelerasse as batidas do coração”.

Durante as “muitas e longas conversas” entre Lorde Byron e Shelley, das quais Mary foi “uma devota mas praticamente silenciosa ouvinte”, foram abordados temas como o princípio da vida e a possibilidade de o descobrir, as experiências de Darwin, e experiências ocorridas em Londres sobre a influência da electricidade sobre o sistema nervoso (galvanismo), e a hipótese de assim se reanimar um cadáver.

Quando a noite já ia alta – era a madrugada de 16 de Junho -, foram para a cama, mas Mary não conseguiu dormir, com a imaginação a fluir e a dominá-la, até surgirem na sua cabeça, “com uma nitidez muito superior aos limites usuais dos sonhos”, as imagens que iriam compor a sua história. “Vi o pálido estudante de artes profanas ajoelhado ao lado da coisa que acabara de juntar. Vi o hediondo fantasma de um homem distender-se e, depois, graças a uma poderosa máquina, mostrar sinais de vida”, descreve a autora, que conta como acordou “aterrorizada” e como, assim, descobriu como iria aterrorizar os outros.

No romance – que inicialmente era para ser um conto, mas que foi ampliado por incentivo de Percy Shelley – Mary ficciona a história de um jovem cientista, Victor Frankenstein, que, determinado a entender o princípio da vida, desenvolve uma experiência com cadáveres para tentar criar uma bela criatura. O resultado, porém, é um monstro, renegado e abandonado pelo jovem cientista, que então se dedica a perseguir o seu criador até à morte.

A primeira edição do romance foi publicada anonimamente em Londres, em Janeiro de 1818, e tornou-se imediatamente um sucesso de vendas. O nome da autora surgiu cinco anos depois, numa segunda edição publicada em 1823, após o sucesso de uma peça de teatro baseada na história, e a edição popular da obra num só volume saiu em 1831.

Dois séculos depois da primeira publicação, “Frankenstein” continua a ser uma referência literária, que suscita dúvidas e reflexões, inspira artistas, e inquieta cientistas. Aquela que é tida como a primeira obra de ficção científica da história tem tido diversas adaptações ao cinema, ao teatro e à televisão, mas também literárias, como a versão juvenil publicada este mês pela Guerra e Paz, na colecção “os livros estão loucos”, adaptada por Raquel Palermo e João Lacerda Matos.

“Frankenstein” tem levantado também diversas questões científicas e filosóficas, relacionadas com a ética e os poderes e limites da ciência. O MIT publicou, no ano passado, uma edição de Frankenstein, que combina a versão original de 1818 do manuscrito com anotações e ensaios de especialistas que exploram os aspectos sociais e éticos da criatividade científica levantados por esta história.

A revista científica “The Lancet” assinalou, no dia 26 de Janeiro, a efeméride, recordando o artigo escrito, em 1828, pelo primeiro médico a realizar uma transfusão sanguínea, no qual refere a capacidade de imitar acções da natureza e alude à possibilidade de trazer “Frankenstein” para a realidade.

Já a revista “Science” lembrou as inspirações do romance de Shelley para a invenção do marcapasso electrónico, por Earl Bakken, e afirmou que, com o desenvolvimento dos transplantes, será cada vez mais fácil modificar seres humanos, alertando contudo para o risco de criar algo monstruoso.

A própria literatura científica está repleta de termos inspirados na história de Mary Shelley, tais como “alimentos Frankenstein”, “células Frankenstein” ou “leis de Frankenstein”, além de especialistas convictos da possibilidade de repetir a experiência enunciada no romance.

5 Fev 2018

Cinema | “La librería” vence melhor filme nos Prémios Goya

[dropcap dtyle≠’circle’]”L[/dropcap]a librería”, de Isabel Coixet, ganhou no sábado as estatuetas para melhor filme, melhor realização e melhor guião adaptado na 32.ª edição dos Prémios Goya, mas a película mais premiada foi “Handia” com dez distinções.

Javier Gutiérrez em “El autor” foi considerado o melhor ator principal e Nathalie Poza a melhor actriz principal pelo seu papel no filme “No sé decir adiós”.

O filme “La librería”, uma adaptação do romance de Penelope Fitzgerald, ganhou três dos 12 prémios para os quais estava nomeado.

À 32.ª edição dos Goya concorreram um total de 130 filmes: 79 de ficção, 48 documentários e três de animação.

Os Prémios Goya, ou prémios anuais da Academia espanhola, são os galardões entregues anualmente pela Academia de Artes e das Ciências Cinematográficas de Espanha para premiar os melhores profissionais de cada uma das especialidades deste sector.

O prémio consiste na entrega de um busto de Francisco de Goya, um importante pintor espanhol da fase do Romantismo, nascido em 1746 e falecido em 1828.

5 Fev 2018

Espectáculo | Bilhetes à venda para o bailado “Guerreiros de Ópera”

[dropcap]O[/dropcap] bailado dramático “Guerreiros da Ópera” sobe ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Macau no dia 3 de Março, às 20h. Os bilhetes para o espectáculo, inserido na série “Feliz Ano Novo Lunar”, já se encontram à venda e custam entre 100 e 200 patacas.

O espectáculo, da autoria da célebre escritora de Hong Kong Lillian Lee, conta com a produção do Grupo de Teatro e Dança de Shanxi Huajin. O enredo envolve a história de vida de três actores de um grupo de ópera e sentimentos que se geram entre mentores e aprendizes, entre pais, filhos e irmãos. Com uma pesada carga dramática, o espectáculo centra-se nos sentimentos amorosos, ressentimentos, na virtude da perseverança, da diligência e da inovação, que estão no cerne da cultura chinesa.

Ainda no capítulo da ópera chinesa, o projecto de cooperação cultural do Grande Delta do Rio das Pérolas de 2018, oferece ao público das três regiões uma série de espectáculos ao abrigo do programa “Apresentação de Novas Estrelas da Ópera Cantonense de Guangdong, Hong Kong e Macau”. O projecto envolve a colaboração entre jovens estrelas em ascensão da ópera cantonense das três regiões. O resultado é a interpretação do espectáculo “A Lenda da Cobra Branca” sucessivamente em Guangdong, Hong Kong e Macau. A actuação em Macau terá lugar no dia 11 de Fevereiro, pelas 19h30, no Cinema Alegria.

Os bilhetes para encontram-se à venda desde ontem nas bilheteiras do Cinema Alegria e custam 30 patacas.

2 Fev 2018

Exposição | Michaël Borremans em Hong Kong até 10 de Março

O pintor belga Michaël Borremans estreia-se a solo em Hong Kong, numa exposição que marca a inauguração da galeria de David Zwiner na região vizinha. A exposição intitulada “Fire from the Sun” segue a linha sombria do artista europeu e estará patente no edifício H Queen’s, em Central, até 10 de Março

[dropcap]A[/dropcap] última década artística asiática foi marcada por um êxodo de galerias internacionais para Hong Kong, iniciada com a abertura em 2009 da Ben Brown Fine Arts e que se foi intensificando com a aquisição da Art HK Fair pela Art Basel em 2011.

Esta semana abriu uma nova galeria internacional de renome, a Galeria de David Zwiner, que ficará no H Queen’s, o espaço em Central dedicado às belas artes. A inauguração contará com a exposição de estreia em Hong Kong do pintor Michaël Borremans. A mostra, intitulada “Fire from the Sun”, é composta por trabalhos de larga e reduzida escala onde figuram bebés em poses de brincadeira, mas com uma atmosfera visual que invoca mistério, perigo e insinuações de violência.

As crianças são apresentadas sozinhas, ou em grupo, num ambiente semelhante a um estúdio que elimina tempo e espaço, mas que apela a uma atmosfera teatral e artificial que têm condimentado o trabalho do artista belga.

As peças presentes nesta mostra são reminiscentes dos querubins presentes na pintura renascentista e podem ser vistos como alegorias da condição humana onde os pólos da inocência e da perfídia se cruzam.

“Fire from the Sun” não vive só da representação de bebés. Existem outros quadros na mostra que retratam elementos de maquinaria pintada de forma sinistra. Estas peças fazem um contraste que parece acrescentar um elemento científico à exposição.

Centro artístico

Não é novidade que as grandes casas de venda de arte se fixam, historicamente onde existe dinheiro, em redor dos grandes centros financeiros. Porém, Hong Kong tem um defeito estrutural que complica a aliança entre finança e arte: o imobiliário. Além de ser uma cidade com uma das mais altas densidades populacionais do mundo, os tectos baixos, as assolhadas minúsculas e as rendas altíssimas foram um dos entraves endémicos que impediram galeristas internacionais de se fixarem em Hong Kong. Uma realidade que se tem alterado significativamente nos últimos anos, transformando a região vizinha num dos grandes centros artísticos internacionais da Ásia.

É neste contexto que acontece a estreia de Michaël Borremans nas galerias da Queen’s Road. O artista belga tornou-se conhecido mundialmente devido à mestria técnica e à forma como apresenta temas que desafiam a interpretação com fortes cargas de complexidade psicológica que não foram feitas para ser descodificadas.

Situado algures entre o classicismo e a contemporaneidade, o pintor belga é um dos grandes valores das artes plásticas do início deste século.

“Fire from the Sun” está patente na H Queen’s, em Central até 10 de Março, afigurando-se como uma excelente aperitivo para a Art Basel 2018.

2 Fev 2018

“Elektra” estreia hoje no São Carlos

[dropcap style≠’circle’]”E[/dropcap]lektra”, de Richard Strauss, que estreia hoje, em Lisboa, “é uma magnífica, forte e fabulosamente intensa ópera, que exige muito dos cantores e da orquestra”, disse à agência Lusa a encenadora Nicola Raab.

A produção do Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), protagonizada pela soprano alemã Nadja Michael, estreia-se na quinta-feira, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, no âmbito do ciclo “De Zeus a Varoufakis: A Grécia nos Destinos da Europa”.

A encenadora Nicola Raab, que pela quarta vez trabalha com o TNSC, realçou, em declarações à Lusa, o grau de exigência desta ópera para cantores e orquestra, pela “amplitude da partitura” e pela sua “intensidade e violência vocal e orquestral”, mas com “todos os condimentos para uma noite marcante”.

Nicola Raab afirmou que a sua opção para apresentar esta ópera foi “uma extrema concentração na protagonista, Elektra, à volta da qual, e da sua questão psicológica, se desenvolve todo o drama musical”.

A origem da tragédia

O cenário é a Grécia Antiga, a cidade de Micenas, no Peloponeso, onde a narrativa se desenvolve em torno do tema da vingança: a mãe de Elektra, Klytämnestra, assassina o marido, Agamenon, com a ajuda do amante, Aegisth, levando a que a personagem que dá nome à peça procure justiça, alcançada quando o irmão, Orestes, mata os dois.

Conhecendo já a ópera, cujo libreto de Hugo von Hofmannsthal se inspirou na tragédia de Sófocles, esta é a primeira vez que Nicola Raab encena “Elketra”.

O convite do São Carlos, revelou a encenadora, tinha apenas uma condição, “encontrar uma maneira de concentrar a ópera e não fazer o habitual”.

“E eu respondi que era óbvio, pois a concentração está toda [na personagem] Elketra, ela é o centro de todo, tudo roda à volta, presos à sua vontade”, disse.

Para a encenadora, esta “concentração” em torno da personagem Elektra “não é uma restrição, mas antes um sentido de liberdade”.

Em palco, o cenário é um quadrado dourado, e toda a ação dramática se passa naquele espaço concreto.

A ópera, de Richard Strauss (1864-1949), foi estreada em 1909, em Dresden, na Alemanha, e segundo o TNSC, “embora [o compositor alemão] já tenha atrás de si obras que sujeitam a linguagem tonal a abusos pontuais, em ‘Elektra’ atinge níveis de audácia harmónica, orquestral, vocal e dramatúrgica que chocaram, e ainda hoje chocam, a audiência”.

Se a ópera, aquando da sua estreia, se revelou inovadora do ponto de vista estético-musical, Nicola Raab afirmou que “a inovação hoje pode estar na forma em como se concentrou todo o drama, para criar uma extrema intensidade”.

“Eu vejo esta ópera como um todo, para uma noite marcante, sem me preocupar com o histórico da própria ópera”, acrescentou.

A ópera, sob a direção do maestro britânico Leo Hussain, sobe à cena na hoje, às 21h00, e novamente nos dias 04, às 16h00, e 07 de fevereiro, às 21h00.

Elenco de ouro

Além de Nadja Michael, do elenco fazem parte Allison Oakes, Lioba Braun, James Rutherford, Marco Alves dos Santos, Mário Redondo, Sónia Alcobaça, Rui Baeta, João Terleira, Patrícia Quinta, e ainda, Maria Luísa de Freitas, Cátia Moreso, Paula Dória, Carla Simões e Filipa van Eck.

A encenadora alemã defendeu a actualidade do espectáculo operático, algo que não passa por uma actualização do guarda-roupa ou a transposição para o contexto actual, mas sim “pelos sentimentos que são experimentados em palco e como nos identificamos com eles”.

“Podemos dizer, ao assistir a uma ópera, o que acontece a esta personagem, a sua situação, a sua vivência, ou a sua psicologia, são sempre actuais, pois aquelas personagens podemos ser nós”, disse.

Elektra, prosseguiu, “está traumatizada por qualquer coisa e não se pode mover, está presa a uma situação, e recusa-se a sair dessa situação, o que acontece a qualquer um de nós que tenha passado pelo que ela passou”.

Nicola Raab encenou, anteriormente, também nesta sala lisboeta, “A Flowering Tree”, de John Adams, na temporada de 2015-16. Raab disse à Lusa que gosta de trabalhar em Lisboa e o facto de ter encenado outras produções do TNSC, lhe dá uma “familiaridade” e um “gosto em voltar”.

Raab já apresentou também encenações suas no Festival de Salzburgo, na Áustria, e no de Aix-en-Provence, em França.

1 Fev 2018

Bairro Alto | Marcha lisboeta celebra Ano do Cão em Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] marcha do Bairro Alto, segunda classificada nas Marchas Populares de Lisboa em 2017, vai participar nas paradas de celebração do Ano Novo Lunar, em Fevereiro, em Macau, anunciou ontem a directora dos Serviços de Turismo.

As paradas vão decorrer a 18 e a 24 de Fevereiro, terceiro e nono dias do Ano Novo Lunar, a primeira no sul de Macau e a segunda na zona norte da cidade, afirmou Helena de Senna Fernandes, em conferência de imprensa.

Este ano, o orçamento do evento é “de 27 milhões de patacas, o que representa um aumento de 5por cento” em relação a 2017, acrescentou.

O programa da parada em celebração do ano do cão conta com desfile e exibição de carros alegóricos, espectáculos, fogo de artifício e jogos para telemóveis, e a participação de 25 grupos artísticos de Macau, como o grupo de dança do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), Associação de Danças e Cantares Portugueses “Macau no Coração”, Casa de Portugal em Macau, Casa do Brasil em Macau, Associação da Cultura Indiana de Macau, entre outros.

Além da marcha do Bairro Alto, participam também nove grupos estrangeiros oriundos de França, Espanha, Alemanha, Japão, Rússia, China interior e da Região Administrativa Especial de Hong Kong.

O enredo da parada, organizada pelo sexto ano consecutivo, tem como pano de fundo a história de uma matilha de “wong chois”, nome típico que os chineses costumam dar aos cães, que trazem aos residentes e turistas de Macau prosperidade, saúde e fortuna.

Organizada pela direcção dos Serviços de Turismo de Macau, a parada tem como coorganizadores o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), o Instituto do Desporto (ID) e o Instituto Cultural (IC). A Administração Nacional do Turismo da China é a entidade patrocinadora.

Em 2017, 935 mil pessoas visitaram Macau durante a semana do Ano Novo chinês, que este ano se assinala a 16 de Fevereiro.

1 Fev 2018

Paixão | Cinemateca comemora ano novo com cinema em chinês

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês filmes vindos de Taiwan, Malásia e Hong Kong, e duas películas de Macau construem o cartaz do ciclo pontual “O Poder dos Filmes em Língua Chinesa” que vai marcar presença na Cinemateca Paixão durante o mês de Fevereiro. Rita Wong justifica a escolha com as comemorações do ano novo chinês.

Um ciclo de filmes em língua chinesa é a iniciativa promovida pela cinemateca Paixão para assinalar mais um ano novo chinês.

O espaço que prima pela exibição de filmes fora do mainstream, vai trazer a Macau, no mês de Fevereiro cinco películas, em mandarim e cantonês para assinalar a maior festa do oriente. “É uma forma de assinalar a maior festa chinesa, o ano novo”, refere a responsável pela cinemateca Paixão ao HM, Rita Wong.

A rubrica tem o nome “O Poder dos Filmes em Língua Chinesa” começa já amanhã, às 19h30 com a exibição do filme “The big buda”.

A película vem de Taiwan e foi galardoada com cinco prémios no Festival de Cinema de Taipé, incluindo o Grande Prémio e Melhor Filme Narrativo. A proeza foi ainda conseguida com mais cinco estatuetas Golden Horse: Melhor Adaptação para Cinema, Melhor Novo Realizador, Melhor Cinematografia, Melhor Canção Original e Melhor Banda Sonora Original.

Crime por acaso

O filme traz ao ecrã a história de Pickle, um segurança nocturno numa fábrica de estátuas que passa o tempo a ver televisão e a folhear revistas pornográficas com o amigo Belly Button. Quando a televisão avaria, voltam-se para uma fonte alternativa de entretenimento: as filmagens feitas pela câmara do carro do patrão. A vida privada de quem lhes paga é um divertimento até ao dia em que as imagens revelam mais do que situações do quotidiano. De repente, a dupla vê-se testemunha de um crime que envolve a estátua de um buda.

“The big buda” é realizado por Huang Hsin-yao. Nascido em 1973 em Tainan, Huang Hsin-yao é conhecido essencialmente pelos documentários de que é autor. “The big buda” é o reconhecimento na área da ficção do jovem realizador.

 

Dramas malaios

No mesmo dia, às 21h30, volta ao ecrã mais um filme em língua chinesa vastamente premiado.

Agora proveniente da Malásia, “Shuttle life” é do malaio Tan Seng-kiat e já recebeu o prémio Novo Talento Asiático do Festival Internacional de Cinema de Xangai e foi nomeado para os prémios Golden Horse de Melhor Realizador e Melhor Cinematografia

De acordo com a organização, trata-se de um drama neorrealista em que Tan Seng-kiat lança um duro olhar às vidas dos mais desfavorecidos no seu país. A história é de Qiang. Vive num bloco de habitação social com a família e aos 19 anos tem de cuidar da sua mãe que sofre de problemas mentais e da irmã de seis anos, Hui-shan, enquanto tenta assegurar a sobrevivência da família. Depois de uma volta com a irmão numa motorizada roubada terminar em acidente, Qiang enfrenta as autoridades e debate-se com a procura de Hui-shan que desaparece. “Este retrato impiedoso e devastador da corrupção e divisão entre classes na Malásia arrasou no concurso de Novos Talentos do Festival internacional de Cinema de Xangai 2017, tendo ganho três prémios, entre eles o de Melhor Filme”, salienta a organização.

Já “Love education” ainda não tem data nem horário revelado, mas Rita Wong avança que o filme da realizadora de Hong Kong, Sylvia Chang, já uma confirmação.

“Love education” é a narrativa de uma mulher que quer deslocar a campa do pai da aldeia onde foi enterrado para a cidade onde vive. Mas, a mulher do defunto faz de tudo para que isso não aconteça. Entretanto, Weiwei é a jovem neta, que transforma o conflito entre a mão e a “avó” numa história de televisão. É um filme que trata três gerações de mulheres que enfrentam diferentes realidades e modos de lidar com as relações familiares, com as emoções e contextos em que vivem.

 

Destaque local

O ciclo não passa sem a representação do cinema local. Na tela vai estar “Passing rain” do realizador local Lorence Chan. Depois de ter marcado presença na segunda edição do Festival Internacional de Cinema, “Passing Rain” está agora pela primeira vez em exibição.

O filme é apresentado em formato mosaico e traz à tela as histórias de diferentes personagens que apesar de independentes acabam por se cruzar num território pequeno como o de Macau. A prostituição, o jogo, a família e as esperanças e desilusões são alguns dos aspectos que Lorence Chan mostra nesta sua estreia nas longas metragens.

“Histórias de Macau 2: Amor na Cidade” é a segunda representação local nesta mostra promovida pela Cinemateca Paixão. Produzida por Chu Iao Ian, o filme apresenta uma série de curtas metragens feitas por realizadores locais e que abordam o tema do amor e da cidade. As histórias são: “Um Livro a Lembrar” (realizado por Jordan Cheng), “June” (realizado por Fernando Eloy), “Sofá” (realizado por Ao Ieong Weng-Fong), “O Bolo” (realizado por Tou Kin Hong), “Chocante” (realizado por Elisabela Larrea), e “Mundo Gelado” (realizado por Harriet Wong). O filme recebeu uma Menção Honrosa no Festival Internacional de Cinema AVANÇA, em Portugal.

1 Fev 2018

Exposições | Hong Kong em contagem decrescente para abertura da Art Basel 2018

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Art Basel de Hong Kong está no horizonte para gáudio dos amantes das artes. Entre 27 e 31 de Março não vai faltar oferta artística na região vizinha, onde o público se pode deleitar com a oferta de quase 250 galerias oriundas de 32 países. A edição de 2018 vai contar com 28 novas galerias, sendo que metade das casas que se estreiam na Art Basel são oriundas de países asiáticos. Ainda no campo das novidades, a região vizinha irá receber pela primeira vez algumas galerias nova iorquinas de renome, onde se incluem a 47 Canal, a Gavin Brown’s enterprise, Commonwealth and Council, JTT, Miguel Abreu Gallery e a Petzel Gallery. De Los Angeles virá a Hannah Hoffman Gallery.

A edição deste ano do certame, a sexta desde a estreia em Hong Kong, vai espalhar as propostas de galeristas em vários sector como Galleries, Insights, Discoveries, Kabinett e Encounters.

Entre os diversos sectores em que se categorizam as exposições, a Insights terá um especial foco sobre projectos de cariz histórico. A categoria Discoveries, como o nome indica, servirá para apresentar o público de Hong Kong artistas emergentes como Timur Si-Qin, Morgan Wong e o colombiano radicado em Nova Iorque Carlos Motta.

Entre os galeristas que participam na sexta edição da Art Basel Hong Kong contam-se 24 galerias locais.

Um dos polos de acção do Art Basel será o Hong Kong Convention and Exhibition Centre, em Wan Chai, que, entre muitos outros eventos, será palco de um mini festival de curtas metragens e “projecções especiais”, nas palavras da organização. A secção de filmes tem a curadoria de Li Zhenhua, que dirige e fundou a Beijing Art Lab, e tem lugar no dia 28 de Março a partir das 16h.

 

Constelação de meios

A categoria Kabinett terá este ano um alargado leque de formas de expressão artística, onde se inclui a pintura, caligrafia, fotografia, performance, escultura e arte em realidade virtual, com particular destaque para a participação de artistas asiáticos.

Este ano, a Art Basel tem como objectivo abrir novas perspectivas através de apresentações bem pensadas de trabalhos que vão de marcos incontornáveis do modernismo a peças inteiramente novas que se estreiam no certame.

Entre os destaques deste ano da categoria Kabinett é impossível não mencionar o trabalho de Hon Chi Fun, representado pela Ben Brown Fine Arts. A mostra irá incidir sobre os trabalhos de pintura do artista de Hong Kong, em especial a produção da década de 1970 e 1980. A apresentação tem como foco a altura em que o pintor mudou drasticamente o estilo ao sintetizar em simultâneo a linguagem visual das filosofias orientais e ocidentais.

Outro local de Hong Kong que terá destaque na Art Basel 2018 é o excêntrico artista Frog King, que irá voltar a apresentar a icónica performance de 1992 “Frog King Calligraphy Shop”. A performance será apresentada ao público com a chancela da 10 Chancery Lane Gallery.

Pelas mãos da Galerie Lelong & Co.’s chega-nos o trabalho “Mirror Image for Hong Kong”, um trabalho da famosa artistas japonesa Yoko Ono, viúva de John Lennon, que apresentou esta peça pela primeira vez durante a 57ª Bienal de Veneza. A peça é a representação de um pequeno quarto mobilado com um espelho oval, uma mesa e cadeiras no centro para o qual o público é convidado a interagir.

Como todos os anos, a Art Basel deste ano terá muitas actividades satélite a dar volume ao cartaz. A acompanhar esta 6ª edição surgirá no panorama artístico de Hong Kong uma nova galeria, a Hauser & Wirth’s Hong Kong dedicada a arte moderna e contemporânea. Este é o primeiro espaço de exposições da casa internacional em solo asiático e abrirá portas no dia 26 de Março com uma exposição a solo de Mark Bradfort, o representante norte-americano na Bienal de Veneza der 2017.

31 Jan 2018

Orquestra de Macau apresenta “Grandes Poemas Sinfónicos”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Orquestra de Macau (OM), sob a égide do Instituto Cultural, apresenta o concerto “Grandes Poemas Sinfónicos” esta sexta-feira, dia 2, pelas 20h00, a ter lugar na Igreja de São Domingos.

Lu Jia é o director musical e maestro principal da orquestra que vai apresentar a obra “Minha Pátria”, que “faz parte de um ciclo de seis poemas sinfónicos do compositor do século XIX, Bedrich Smetana”.

Fundador da música nacionalista checa, o compositor do século XIX, Bedrich Smetana, definiu um paradigma com a sua longa prática na música. O seu ciclo de poemas sinfónicos Minha Pátria, que retrata a história gloriosa, as belas paisagens e os personagens heróicos da terra natal do compositor, é o pináculo das composições checas de Smetana e uma genuína expressão de fervor patriótico e orgulho nacional. Devido à sua longa duração e elevada exigência técnica de execução, raramente se assiste à sua interpretação completa em concerto.

A entrada para o concerto “Grandes Poemas Sinfónicos” é livre, sendo os bilhetes distribuídos por ordem de chegada na Igreja de S. Domingos uma hora antes da actuação, limitados a um máximo de dois bilhetes por pessoa, explica o IC.

30 Jan 2018

Lai Sio Kit apresenta instalação no Museu do Oriente em Setembro

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e Macau para Lisboa. Lai Sio Kit inaugura em Setembro deste ano uma exposição com o seu nome no Museu do Oriente. A garantia foi dada ao HM pelo próprio artista.

“Será muito bom para mim. O meu trabalho implica fazer uma instalação na parede passo a passo. Em 2016, quando fiz aqui a minha exposição, passei muito tempo a reunir todas as peças e desta vez vai ser um processo semelhante. Vou ter de passar primeiro uma temporada em Portugal.”

O trabalho a que se refere Lai Sio Kit foi revelado ao público em 2016 e teve como nome “O Tempo Corre”. Ao todo, a Casa Garden acolheu um total de nove mil pequenas telas pintadas a acrílico e que tentavam contar a evolução do território nos últimos anos.

Desta vez o artista, formado na Academia Central de Belas-Artes de Pequim, decidiu levar a Lisboa um projecto sobre o qual se tem vindo a debruçar nos últimos anos, desde que regressou a Macau. Esta não é a primeira vez que Lai Sio Kit expõe em Portugal, tendo já mostrado o seu trabalho no Centro Cultural de Belém.

Desde que foi o vencedor da primeira edição do Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas que Lai Sio Kit tem vindo a ter mais visibilidade na sua carreira como artista plástico. Actualmente é também um dos dirigentes da associação Art for All Society (AFA).

30 Jan 2018

Joana Vasconcelos com arte pública em Paris e Nice

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] artista plástica Joana Vasconcelos foi convidada pelos municípios de Paris e Nice, em França, para criar uma obra de arte pública permanente para cada uma das cidades, a instalar em 2018, anunciou o ateliê da criadora.

A obra de arte pública para a cidade de Paris vai ser instalada na Porte de Clignancourt, no contexto de um programa artístico que acompanha as obras decorrentes da extensão da linha de metropolitano de superfície. Trata-se de uma iniciativa do Município de Paris, em conjunto com a Fondation de France, que pretende envolver os cidadãos no planeamento do território.

Joana Vasconcelos foi a artista escolhida por um grupo de residentes do 18.º bairro de Paris para criar o projeto local.

Em Nice, o município convidou um grupo de artistas para criar uma obra para a nova linha de metropolitano Oeste-Este da cidade, seleccionados por um comité de especialistas dirigido por Jean-Jacques Aillagon, ex-ministro da Cultura de França.

Joana Vasconcelos foi selecionada entre um grupo de 12 artistas franceses – alguns dos quais naturais da cidade de Nice – e estrangeiros, que terão as suas obras instaladas ao longo de nove estações. A obra da artista portuguesa será instalada na estação de Ferber, no passeio marítimo da cidade.

Em 2012, Joana Vasconcelos, tornou-se na primeira mulher e criadora mais jovem a expor algumas das suas obras no Palácio de Versailles, em Paris. A artista representou oficialmente Portugal na Bienal de Arte de Veneza 2013, num projeto comissariado por Miguel Amado, que levou um cacilheiro transformado em obra de arte ao recinto principal da mostra internacional contemporânea. O cacilheiro “Trafaria Praia”, que chegou a circular no Tejo para visitas turísticas, e é propriedade da Douro Azul, encontra-se à venda desde o final do ano passado.

30 Jan 2018

Fundo das Indústrias Culturais | Apoios com novas regras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s apoios concedidos pelo Fundo das Indústrias Culturais vão ter novas regras a partir do próximo dia 1 de Março. Se até agora existiam duas fases de candidatura para financiamento de projectos, a partir de Março as candidaturas podem ser feitas em qualquer altura.

De acordo com o despacho publicado ontem em Boletim Oficial, vão ainda ter direito a apoio os “programas específicos”. A ideia é ajudar a desenvolver as indústrias culturais dentro das suas especificidades. Os apoios sob a forma de empréstimo sem juro, podem ter auma duração de dez anos enquanto que as ajudas a fundo perdido têm uma duração máxima de cinco anos, sendo que o valor máximo a conceder a cada projecto não pode ultrapassar 9 milhões de patacas.

Até Outubro do ano passado foram aprovados pelo Fundo das Indústrias Culturais um total de 53 projectos no valor de de 124 milhões de patacas, em subsídios a fundo perdido e empréstimos sem juros.

30 Jan 2018

Brasileiros celebram primeiro filme do Brasil nos cinemas chineses

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] exibição inédita de um filme brasileiro em circuito nacional na China – Nise, O Coração da Loucura – é um “feito extraordinário” e uma “conquista muito grande” para o Brasil, concordam brasileiros radicados no país asiático. José Medeiros da Silva, professor universitário na costa leste da China, emocionou-se ao ouvir falar português numa sala de cinema tão longe de casa. Rafael Lima, jornalista da agência noticiosa oficial Xinhua, conta que no final do filme aconteceu algo inesperado: “Os chineses bateram palmas”.

Nise – O Coração da Loucura conta a história de uma psiquiatra que adopta a terapia pela arte no tratamento dos seus doentes, ao invés das práticas de lobotomia e de choques eléctricos introduzidas no Brasil no início dos anos 1940. A longa-metragem dirigida por Roberto Berliner estreou este mês na China, depois de em 2017 ter vencido o Festival de Cinema BRICS – o bloco de grandes economias emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O filme, que conta com Glória Pires como actriz principal, está em exibição em 600 salas de cinema distribuídas pela China, segundo confirmou à agência Lusa fonte da embaixada brasileira em Pequim.

“Está a ser exibido em mais salas na China do que no próprio Brasil”, nota um diplomata brasileiro. José Medeiros da Silva concorda: “A entrada do filme no mercado cinematográfico chinês é um feito extraordinário”. “O Brasil poderia agora pensar não apenas em soja e minério de ferro nas trocas com a China, mas também na sua cultura e no seu cinema”, opina.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Nos primeiros seis meses de 2017, Pequim comprou 25% do conjunto das exportações brasileiras, numa balança comercial composta sobretudo por petróleo, soja e minério de ferro. A importação de filmes continua a ser monopólio do Estado chinês, que permite apenas a exibição de 34 obras estrangeiras por ano nas salas de cinema do país. Rafael lembra, por isso, que a longa-metragem brasileira “terá tirado lugar a um filme norte-americano que facturaria muito mais e deixou assim de facturar”. “Mostra que a China está aberta e não disposta a passar apenas filmes dos Estados Unidos”, diz.

Numa sessão de sábado à tarde, num cinema no centro de Pequim, a audiência de Nise – O Coração da Loucura não preenchia nem metade da sala. Segundo o ‘site’ Box Office Mojo, que difunde as receitas de bilheteira em diferentes países do mundo, a longa-metragem brasileira arrecadou, na primeira metade do mês, 137.765 dólares na China. O resultado coloca a obra de Berliner quase no fundo de uma tabela dominada pelas produções norte-americanas Jumanji – Bem-Vindos À Selva e Star Wars: Os Últimos Jedi ou o chinês Ex-File 3, filmes que faturaram dezenas de milhões de dólares nos cinemas chineses.

No Douban, a versão chinesa da base dados de cinema IMDB, um internauta designou Nise – O Coração da Loucura de “obra-prima sublime”, destacando a construção e a mensagem do filme.

Outro internauta classificou o filme de aborrecido e admite até que adormeceu. José Medeiros da Silva lembra: “Não é um filme para diversão, a história é muito dura. É cinema reflexivo”. Rafael Lima fala da importância de mostrar ao público chinês “uma realidade muito diferente da China”. “O filme retrata um Brasil dos anos 1940” diz. “A diversidade de raças, cores e a própria língua são já uma experiência sensitiva diferente”.

30 Jan 2018

Casa Garden | Exposição “A Rebours” reúne trabalhos de oito estudantes de arte

A Casa Garden acolhe até 28 de Fevereiro a exposição “A Rebours”, que reúne trabalhos de oito alunos locais que fizeram os seus cursos na Academia Central de Belas-Artes de Pequim. A curadoria está a cabo de Lai Sio Kit

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m “A Rebours” a obra do curador é, ao mesmo tempo, um elo de ligação com todas as outras. Lai Sio Kit criou “Truck on the Rooftop”, peça central que se interliga a várias pequenas telas pintadas a acrílico e que remetem o visitante para os restantes trabalhos.

Na mais recente exposição patente na Casa Garden, Lai Sio Kit escolheu as melhores peças de oito estudantes de Macau na Academia Central de Belas-Artes de Pequim, depois de uma passagem destes trabalhos pela capital chinesa.

Lai Sio Kit contou que não consegue dizer qual a sua peça favorita, mas começou por mostrar a peça “Lying Woman”, da autoria de Lou Cheong Chan. São desenhos cuja forma pode ser alterada pelo visitante. Lai Sio Kit destacou também os trabalhos de Tam Chon Kit, intitulados “Wilderness the Wilds Bush” e “The Quiet Water Flows into the Depths” , onde o artista revela um novo estilo de pintura chinesa.

“A primeira vez que esta exposição aconteceu foi em Pequim”, começou por explicar Lai Sio Kit em entrevista ao HM. “Não há muitos estudantes de Macau a estudar na Academia Central de Belas-Artes de Pequim, e achamos que era uma boa altura para começar a exposição e promover o nosso trabalho.”

Lai Sio Kit, que terminou o seu curso na academia em 2006, destacou o trabalho de um artista de Taiwan actualmente radicado em Macau, de nome Cai Guo Jie.

“Temos muitos materiais diferentes porque os alunos estão focados em diferentes áreas. Temos pintura chinesa, por exemplo. O meu trabalho é uma pintura e instalação. Não é um novo trabalho mas a instalação nunca foi exposta em Macau”, adiantou o curador.

Adiantando que a reacção do público tem sido “muito boa”, Lai Sio Kit confessa que se sente melhor na pele de artista do que de curador.

“Sou acima de tudo um artista, porque depois de participar na curadoria de algumas exposições percebo que não tenho tempo para fazer os meus próprios trabalhos. Espero ter mais tempo para fazer os meus próprios projectos, para pensar neles.”

“Nunca fazemos trabalhos para uma só exposição, cada artista trabalha de forma independente. Então arranjámos uma forma de ligar todos os trabalhos numa só exposição. Tentei que a minha instalação fosse uma forma de ligação de todos os trabalhos”, frisou.

À procura de um novo lugar

Depois de Pequim e Macau, Lai Sio Kit confessou que deseja levar esta exposição para um outro lugar, apesar de ainda não existir uma decisão.

“Depois da exposição ter tido lugar em Pequim e Macau, estamos a pensar levá-la a outro local, mas ainda não encontrámos o lugar ideal.”

Isto porque existem sempre desafios, acrescentou. “A academia de artes de Pequim é muito famosa e conseguimos um bom lugar para mostrar estes trabalhos ao público. Estamos a tentar fazer essa ligação na área cultural entre Macau e a China, embora tenhamos sempre um orçamento limitado para fazer este tipo de iniciativas.”

30 Jan 2018

“Nação valente”, novo álbum de Sérgio Godinho, saiu ontem

[dropcap style≠‘circle’]”N[/dropcap]ação Valente”, o novo álbum de Sérgio Godinho, para o qual foram convocados músicos como David Fonseca, Márcia e José Mário Branco, foi editado ontem.

Produzido por Nuno Rafael, “Nação Valente” surge sete anos depois de “Mútuo Consentimento”, e nele Sérgio Godinho volta a convidar alguns músicos para escrever canções para letras dele.

Entre eles estão José Mário Branco, parceiro em “Mariana Pais, 21 anos”, Filipe Raposo que compôs “Noite e dia” ou David Fonseca, que escreveu a música de “Grão da mesma mó”.

Os concertos de apresentação de “Nação Valente” estão marcados para 23 e 24 de Fevereiro no Capitólio, em Lisboa, e 03 e 04 de março na Casa da Música, no Porto.

Hélder Gonçalves, Pedro da Silva Martins, Márcia e Filipe Melo são outros músicos convidados de “Nação Valente”.

Apesar de ser conhecido sobretudo pelos discos que edita desde a década de 1970, Sérgio Godinho, de 72 anos, tem canalizado a escrita criativa por outros géneros, como teatro, argumento para cinema, ficção para crianças, poesia e contos.

Em Fevereiro do ano passado, editou “Coração mais que perfeito”, o primeiro romance, e para este ano está agendado um segundo. Este livro trouxe o autor a Macau, onde esteve na qualidade de convidado do festival literário Rota das Letras.

29 Jan 2018

Rappers Jay-Z e Kendrick Lamar lideram corrida aos Grammy

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s ‘rappers’ norte-americanos Jay-Z e Kendrick Lamar lideram a corrida aos prémios Grammy, atribuídos pela indústria musical dos Estados Unidos e que foram ontem entregues em Nova Iorque.

Jay-Z está nomeado em oito categorias da 60.ª edição dos Grammy e Kendrick Lamar em sete, incluindo Álbum do Ano e Gravação do Ano.

“4:44”, de Jay-Z, e “Damn.”, de Kendrick Lamar, competem pelo prémio de Álbum do Ano com “Awaken, my love”, de Childish Gambino (alter ego do actor Donald Glover), “Melodrama”, de Lorde, e “24K Magic”, de Bruno Mars.

O álbum “4:44”, de Jay-Z, inclui partes (‘samples’) do tema “Todo o mundo e ninguém” do grupo português Quarteto 1111, editado em 1970, no tema “Marcy Me”.

O prémio de Gravação do Ano é disputado, além de “The story of O.J.”, de Jay-Z, e “Humble.”, de Kendrick Lamar, por “Redbone”, de Childish Gambino, “Despacito”, de Luis Fonsi e Daddy Yankee com Justin Bieber, e “24K Magic”, de Bruno Mars.

Jay-Z e Kendrick Lamar estão ainda nomeados, entre outras, nas categorias de Melhor Performance Rap – com os temas “4:44” e “Humble.”, respetivamente, que inclui ainda Cardi B (“Bodak Yellow”) e Migos com Lil Uzi Vert (“Bad and Boujee”) – e Melhor Álbum de Rap – com “4:44” e “Damn.”, competindo com Migos (“Culture”), Laila’s Wisdom (“Rapsody”) e Tyler, The Creator (Flower Boy).

Da longa lista de 84 categorias, que abrangem diferentes géneros musicais, do jazz à música clássica, do gospel aos audiolivros, sobressaem as nomeações de dois músicos que já morreram – Chris Cornell e Leonard Cohen -, ambos indicados para o Grammy de Melhor Atuação Rock.

A cerimónia foi conduzida pelo apresentador James Corden, e teve actuações de diversos artistas e bandas, entre os quais Elton John, em dueto com Miley Cyrus, U2, Sting, Kendrick Lamar, Jon Batiste e Gary Clark Jr., que homenagearam as ‘lendas do rock’ Chuck Berry e Fats Domino, que morreram no ano passado, Childish Gambino, Sam Smith, Bruno Mars e Cardi B.

#metoo na música

Apesar de a indústria da música ainda não ter sido atingida pelas denúncias de abusos sexuais que têm vindo a público ao longo dos últimos meses nos Estados Unidos, a cerimónia dos Grammy não ficará de fora dos últimos acontecimentos.

Os patrões da indústria fonográfica apelaram a artistas e outros trabalhadores para que usem uma rosa branca hoje à noite, em solidariedade com o movimento “Time’s Up” (“Acabou o Tempo” em tradução livre para português), criado para apoiar a luta contra o assédio sexual, por mais de 300 actrizes, argumentistas, directoras e outras personalidades ligadas ao cinema.

29 Jan 2018

2ª edição de “Famílias Macaenses” apresentada em Lisboa

A segunda edição do livro que espelha as origens de muitas famílias macaenses vai ser apresentada amanhã na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O autor, Jorge Forjaz, faz-se acompanhar do arquitecto Carlos Marreiros, em representação do Albergue SCM, e do embaixador João de Deus Ramos

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Albergue SCM leva a Lisboa uma obra icónica para a comunidade macaense e que teve a sua primeira edição em 1996. Depois de um profundo trabalho de revisão e actualização dos apelidos das famílias macaenses da parte de Jorge Forjaz, a segunda edição do livro “Famílias Macaenses” é apresentada amanhã na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Esta segunda edição, que já teve a sua apresentação oficial em Macau, constitui “uma revisão geral da obra, actualizada em quase todos os capítulos e sub-capítulos, acrescentada com 80 novos capítulos e ilustrada com mais de três mil fotografias”.

A história deste novo livro começou em 2011 e partiu da iniciativa do presidente do Albergue SCM, Carlos Marreiros. “Em 2011, consciente da importância de tal obra para a preservação da memória macaense, o Albergue SCM convidou o dr. Jorge Forjaz, na passagem do 15º aniversário da publicação das ‘Famílias Macaenses’, a vir a Macau partilhar uma reflexão sobre o seu trabalho e o impacto que teve na comunidade. Após a conferência, o arquitecto Carlos Marreiros desafiou o dr. Jorge Forjaz para uma nova etapa, ou seja, a revisão e actualização da 1ª edição. Após cinco árduos anos de trabalho, o resultado monumental está à vista, e ultrapassou largamente o que esperávamos do autor”, lê-se em comunicado.

O Albergue SCM considera ainda que a apresentação da obra produzida pelo genealogista e historiador “pretende revisitar as circunstâncias da investigação que conduziu à publicação de ‘Famílias Macaenses’, o seu eco junto das comunidades estudadas, a interligação entre os diversos países ou territórios de língua portuguesa e a importância da preservação destas memórias familiares”.

Aquando da sua primeira publicação, em 1996, as “Famílias Macaenses” acabou por dar início “sem que o autor tivesse consciência, a uma mais vasta investigação sobre as famílias que ao longo de séculos povoaram o então império ultramarino português”.

A apresentação aconteceu durante o II Encontro das Comunidades Macaenses e, “pela primeira vez, era reunida toda a família macaense dispersa inicialmente pelo imenso território da China (Hong Kong, Cantão, Xangai, Harbin etc), Japão (Kobe, Nagasaki, Tóquio), Tailândia, Singapura e mais tarde Brasil, Canadá, Estados Unidos e Portugal”.

O evento em Lisboa conta com o apoio da Delegação Económica e Comercial de Macau, a Fundação Macau e Bambu – Sociedade de Artes Limitada.

29 Jan 2018

Concerto | Livraria Pinto acolhe concerto do músico japonês Aki

Aki, ou Akitsugu Fukushima, é um músico japonês a residir em Macau há quatro anos. No próximo dia 10 de Fevereiro apresenta o seu novo e primeiro EP, intitulado “Monologue”, na Livraria Pinto, no concerto “Tiny Solo Concert”

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira aparição publica do disco “Monologue” aconteceu numa pequena sala do primeiro andar do café Che Che, carregado de sons ambiente que despertaram a atenção do pequeno público. Aki fazia a primeira parte do concerto de uma outra banda local, os “Warmwall”.

Desta vez, o músico japonês Aki vai ter a oportunidade de tocar a solo na Livraria Pinto, onde será o principal protagonista do “Tiny Solo Concert”, a acontecer no próximo dia 10 de Fevereiro. Ao HM, o músico natural da cidade de Fukuoaka, a residir há quatro anos em Macau, conta aquilo que o público pode esperar deste concerto.

“Vou tocar as músicas de uma maneira mais improvisada, colocar um pouco mais de barulho, música ambiente ou mesmo gravar alguns sons durante o concerto e tocá-los. Gostaria também de tocar em conjunto com o público, para que possamos tocar alguns instrumentos em conjunto, no sentido de trazer novos elementos para as minhas canções.”

Aki explicou que “o grande objectivo deste concerto é ter novas ideias para o meu novo álbum, então quero criar ideias inesperadas para comunicar com o público”.

Gravado numa editora de Macau, “Monologue” não é mais do que “uma colecção das composições diárias” de Aki, que, além de ser músico em nome próprio, também realiza composições para outros trabalhos.

“Já tinha demos e algumas coisas feitas na área da dança e do teatro dramático. Isto porque às vezes trabalho como compositor nestas áreas.”

Daí até perceber que poderia reunir o trabalho num EP, foi um passo. “Em 2016 percebi que já tinha muitas demos e que poderia reuni-las num EP. Depois disso tentei trabalhar as canções de uma maneira mais dinâmica e emocional. Finalmente, em Março de 2017, lancei o EP.”

Aki assume que não levou muito tempo a trabalhar neste disco, dada a sua bagagem musical. “Na verdade a parte criativa deste álbum não levou muito tempo, porque as demos já tinham esse lado mais imaginativo e ligado à imagem, simplesmente trabalhei-as um pouco mais.”

As sensações da música

Os sons de Aki variam entre a música electrónica e o recurso a outros instrumentos, como o piano ou a guitarra, e a ideia é transmitir não apenas diferentes sonoridades como diferentes emoções.

“Misturo as sonoridades electrónica com o piano porque adoro ambas e a sua textura. Penso que o som da música electrónica é mais frio e sólido, mas às vezes é demasiado sólido e menos envolvente. Instrumentos normais como o piano e a guitarra, e até as vozes das pessoas, são mais quentes e transmitem uma certa humanidade.”

O objectivo de Aki, enquanto músico, é garantir o equilíbrio em cada canção.

“Muitas vezes quando tocamos apenas um tipo de sonoridade torna-se aborrecido e com menos poder. Desta forma tentei misturar os sons para que haja essa humanidade e algum poder, mas tocados por uma só pessoa. Penso que dessa forma o álbum torna-se mais especial e dinâmico. Transmito uma sensação de calma com o piano e mais energia com o sintetizador.”

Se o concerto no café Che Che teve como foco a música ambiente, deixando o público a desfrutar desse som, desta vez o espectáculo vai ter não só uma maior ligação com a audiência como um novo elemento.

“Vou tocar com o artista visual ‘Sinking Summer’, então espero que o concerto seja mais interessante”, rematou.

26 Jan 2018

Concerto | Música de câmara amanhã no Teatro Dom Pedro V

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Orquestra de Macau apresenta amanhã uma noite de música de câmara de sopros para madeiras e metais no Teatro Dom Pedro V, às 20h. O concerto, intitulado “Escutem os Sopros”, terá uma larga amplitude de estilos no repertório, indo do jazz à música clássica.

Saindo um pouco do habitual contexto de quarteto de cordas em música de câmara, a noite tem com um dos pontos altos a interpretação de “Quinteto de Clarinete de Brahms”, uma das últimas obras escritas pelo compositor alemão.

A noite no Dom Pedro V será ainda marcada por duas obras de Francis Poulenc, compositor francês do século XX, mais precisamente “Sonata para Trompa, Trompete e Trombone”, bem como o “Sexteto para Piano e Sopros”. Nestas duas composições estão o estilo neoclássico, refinado e moderado, com ricos elementos do jazz. Poulenc era um grande admirador de instrumentos de sopro pois considerava que a tonalidade e poder de expressão despertavam a sua imaginação musical.

O concerto será antecipado por uma sessão de intercâmbio com músicos, na qual o Chefe de Naipe de Oboés, Kai Sai, e a Chefe de Naipe de Flautas da OM, Weng Sibei, irão partilhar pessoalmente com o público a estrutura e as características das peças musicais que a Orquestra de Macau vai apresentar. Esta sessão está marcada para as 19h15 na Galeria dos Espelhos do Teatro Dom Pedro V e tem entrada livre. Porém, quem quiser ver o concerto terá de desembolsar pelos bilhetes entre 120 e 100 patacas.

25 Jan 2018