MICAF traz “Annie, O Musical” e teatro para bebés este fim-de-semana

O MICAF – Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau continua este fim-de-semana a disponibilizar espectáculos para os mais pequenos. É o caso de “O Bosque dos Sonhos”, peça de teatro para bebés que sobe ao palco do Estúdio I do Centro Cultural de Macau (CCM) até domingo, tendo a primeira sessão decorrido esta quarta-feira. Há três horários disponíveis: 11 horas, 14h45 e 17 horas.

A ideia é, segundo a sinopse do espectáculo, construir “pequeninos passos sensoriais”, levando os bebés “a viver uma nova aventura e a descobrir as boas sensações das quatro estações do ano”. Neste palco, “a luz do sol brilha nas cavernas para detectar animais em hibernação, e a neve e o lago congelado derretem gradualmente”, sendo também possível “acordar com a brisa e a luz da Primavera, antes de entrar nas alegrias de Verão com novos amiguinhos”.

“O Bosque dos Sonhos” é uma produção local, que conta com produção de Chan Si Kei e a coreografia de Wendy Choi e Anette Ng. Trata-se de um espectáculo que se realiza há quatro temporadas destinado a bebés dos quatro aos 15 meses.

Annie marca presença

O grande destaque do cartaz do MICAF para este fim-de-semana é a apresentação do espectáculo internacional “Annie, O Musical”, que sobe ao palco do Grande Auditório do CCM amanhã, domingo e segunda-feira.

Este é um espectáculo que funciona como uma máquina do tempo que nos leva à Broadway e à cidade de Nova Iorque dos anos 30. “Annie é um musical perfeito para toda a família que nos conta as exaltantes aventuras de uma pequena e corajosa menina. Encenada ao som de uma banda sonora memorável, incluindo canções clássicas como ‘Tomorrow’ e ‘It’s the Hard Knock Life’, esta é uma das mais amadas produções, vencedora de sete prémios Tony, incluindo, claro, o de Melhor Musical”, lê-se na sinopse.

“Annie, O Musical” já foi transformado em filme, nomeado para os Óscares, nos anos 80, tendo partido em digressão, primeiro nos EUA e depois pelo mundo, chegando agora a Macau.

A história centra-se em Anne, que decide ir procurar os pais e escapar às garras de Miss Haningan, a malvada directora do orfanato. É assim que Annie vai parar a Nova Iorque, sendo que “na mansão de Oliver Warbuck, um solitário e excêntrico bilionário, encontra uma nova família, mudando para sempre a sua vida”.

“Desfiando impecáveis dotes vocais e enérgicos movimentos coreográficos, este esfusiante espectáculo retrata de forma colorida a tensão entre a espontaneidade infantil e a malícia dos mais crescidos”, descreve a mesma sinopse.

8 Ago 2025

Hong Kong | STAYC e Xdinary Heroes em destaque este mês no Asia World Expo

Primeiro são a “girls band” pop STAYC a actuar já este sábado, seguindo-se, num registo musical diferente, a banda de rock Xdinary Heroes. A música sul-coreana está em destaque na agenda cultural de Hong Kong este mês, com a Asia World Expo a acolher os concertos das digressões dos dois grupos musicais

 

Para quem gosta de música pop cantada no feminino, ou de sons a roçar o rock, o Asia World Expo, em Hong Kong, proporciona ao público e amantes da música duas opções, e ambas vindas da Coreia do Sul. Este sábado, dia 9, é a vez da girls band STAYC actuar, a partir das 18h, com bilhetes que custam entre 899 e 1,899 dólares de Hong Kong.

As STAYC são formadas por seis raparigas, de nome Sumin, Sieun, ISA, Seeun, Yoon, J, que se estrearam no mundo dos palcos em Novembro de 2020 com a música “SO BAD”, retirada do álbum “Star To A Young Culture”.

As ideias por detrás da criação do grupo prendem-se com conceitos próximos da cultura adolescente, a fim de criar uma onda de confiança e novas sonoridades, criando-se uma nova forma de fazer música dentro do género K-Pop, “com o visual marcante e os tons únicos de todas os seis”, lê-se no website da High Up Entertainment, responsável pela carreira do grupo.

Este ano as STAYC lançaram um álbum com apenas três singles, “BEBE”, “DIAMOND” e “PIPE DOWN”, revelando uma “identidade musical mais madura” e “a nova direcção que as STAYC querem alcançar”, com apelos a sentimentos como a sensualidade, sofisticação e auto-estima, lê-se no mesmo website.

No que diz respeito a “BEBE”, a música é descrita como sendo “mais do que uma canção”, em que a letra “expressa o desejo de libertação de uma imagem esperada por outros e para que se possa revelar a verdadeira identidade”. Trata-se de uma música que “não se refere a alguém em particular, mas representa as noções pré-concebidas que o público tem tido sobre as STAYC”.

“Ao quebrar estes estereótipos, o grupo revela a sua marca e o lado sensual como nunca fez antes”, seguindo-se o single “DIAMOND”, uma música que “brilha intensamente como um diamante, mostrando uma mentalidade sofisticada e forte”.

Já a terceira faixa do álbum, “PIPE DOWN”, aborda a ideia de auto-estima, “silenciando uma contraparte mais barulhenta, como se existisse um botão para desligar, completando a transformação total das STAYC”.

Lugar ao Rock

Dentro de um género musical completamente diferente apresenta-se o grupo Xdinary Heroes, com a digressão “Beautiful Mind World Tour” a 24 de Agosto. O espectáculo começa às 18h e os bilhetes têm um custo que varia entre os 699 e os 1,699 dólares de Hong Kong.

No dia 7 de Julho deste ano foi a vez do grupo ligado ao rock lançar um novo single, “FiRE (My Sweet Misery)”, depois da música “Beautiful Minds”, lançada em Março deste ano.

Segundo o website da banda, cujas músicas são editadas com a chancela da JYP Entertainment, todos os membros do grupo participaram na composição do mais recente single, “FiRE (My Sweet Misery)”, que é uma “canção com duas facetas emocionais”. Juntamente com “Beautiful Mind” a banda “descobriu a forma mais bonita de encarar a vida e o mundo”.

“FiRE (My Sweet Misery)” é descrita como sendo “uma música que explode com uma energia enlouquecida, combinando um som metal intenso com sintetizadores”. Além disso, “os vocais que alternam entre sussurros e gritos e os instrumentos musicais criam uma sinergia rock poderosa que ultrapassa os limites”, descreve-se ainda no website da banda.

8 Ago 2025

Cinemateca | Ciclo Fantástico para ver nas próximas semanas

A Cinemateca Paixão apresenta este mês um novo ciclo de cinema, intitulado “Devaneios & Labirintos – Festival de Cinema Fantástico”. De entre os títulos seleccionados, destaque para “Dangerous Animals” e o assustador “Massacre no Texas”, sem esquecer o toque musical trazido com o documentário sobre os Blur

 

O cinema tem o dom de nos revelar outras formas de vida e histórias, mas quando essas histórias têm uma pitada de horror ou de fantástico, a atracção pelo filme que se vai ver pode diferenciar-se, para melhor ou pior. Para quem adora filmes de terror ou com histórias do género fantástico, este é um bom mês para ir à Cinemateca Paixão, que apresenta o ciclo “Devaneios & Labirintos – Festival do Cinema Fantástico”. Um total de 17 películas integra este cartaz, que se prolonga até Setembro.

E um dos destaques vai para “Dangerous Animals”, exibido a 16 de Agosto e depois no dia 6 de Setembro.

Eis uma história que remete para o azar de Zephyr, uma surfista astuta e de espírito livre, que é raptada por um assassino em série obcecado por tubarões e mantida prisioneira no seu barco.

A mulher terá de encontrar uma forma de escapar antes que este assassino a dê de comer aos tubarões que nadam por baixo do sítio onde Zephyr se encontra. Só Moses percebe que ela desapareceu, sendo uma pessoa por quem tem um interesse amoroso.

Destaque ainda para a exibição da cópia restaurada de “Massacre no Texas”, filme de 1974 que celebrou 50 anos de existência no ano passado, e que ainda se mantém actual e com uma onda de fãs.

Realizado por Tobe Hooper, “Massacre no Texas” continua a ser uma referência para o subgénero de filmes de terror, intitulado “Slasher”. Foi filmado num curto espaço de tempo, com um orçamento limitado e actores completamente desconhecidos do grande público.

“Não há nenhum canto do mundo onde se possa ir e dizer o título “Texas Chainsaw Massacre” e ninguém saber do que é que está a falar, quer tenha visto o filme ou não”, disse à France-Presse (AFP) Chase Andersen, da Exurbia Films, que detém os direitos da saga.

A história centra-se num grupo despreocupado de jovens que se depara com uma casa isolada ocupada por um lunático mascarado que começa a cortá-los com coisas afiadas, Leatherface. Na Cinemateca Paixão o filme será exibido no sábado, 30 de Agosto.

Rostos da felicidade

“A Different Man” [Um Homem Diferente] não é apenas sobre um homem que tem uma estranha doença que lhe deforma o rosto, fazendo dele um monstro em forma de gente. É também uma história sobre o sentido e concepção de felicidade, e de como esta depende da vida e escolhas de cada um.

O protagonista, Oswald, é interpretado por Adam Pearson, um actor que sempre lutou contra a neurofibromatose que lhe alterou as formas do rosto. Oswald tinha tudo para ser um homem infeliz e tímido, escondendo-se da humanidade, mas acontece o oposto: consegue ser popular e uma pessoa perfeitamente integrada na sociedade. O mesmo não acontece com um actor com quem se cruza. “A Different Man” será exibido nos dias 19 e 29 de Agosto.

No dia 16 de Agosto, será exibido “O Sonho de Alexandria” [The Fall], que remete para a Los Angeles de 1920, quando em Hollywood domina ainda o cinema mudo. Nesses tempos aparece uma menina imigrante internada num hospital após uma queda, e que faz amizade com um homem acamado, paralisado também devido a um acidente durante uma filmagem. Ele encanta-a com uma história fantástica que a transporta para além da monotonia do hospital, rumo a paisagens exóticas da própria imaginação. Esta versão exibida neste festival é também uma versão restaurada em 4K com cenas adicionais face à versão de 2006, tendo sido filmado em 24 países.

A história dos Blur

“Blur: To The End” [Blur: Até ao Fim] é um documentário de 2024 marcado para exibição nos dias 17 de Agosto e 7 de Setembro, e onde se conta a história da amizade e companheirismo dos membros dos Blur, banda britânica de britpop e rock alternativo formada no final dos anos 80, e que marcou toda uma geração na década de 90.

Este documentário foi filmado em 2023, quando a banda se reuniu para gravar novas canções e para se preparar para os primeiros espectáculos no Estádio de Wembley, em Londres, e que tiveram lotação esgotada. O filme conta com interpretações dos temas mais icónicos e acarinhados pelos fãs, incluindo também imagens da banda em estúdio e na estrada.

Num registo bem diferente apresenta-se “A Rapariga com a Agulha”, exibido nos dias 22 de Agosto e 7 de Setembro, em que se conta a história de Karoline, uma operária fabril que luta para sobreviver na cidade de Copenhaga, nos anos a seguir à I Guerra Mundial. Quando se vê desempregada, abandonada e grávida, cruza-se com Dagmar, uma mulher carismática que gere uma agência de adopção clandestina, ajudando mães a encontrar lares de acolhimento para os filhos indesejados. Sem alternativa, Karoline aceita o papel de ama de leite. Entre as duas mulheres nasce uma forte ligação, mas o mundo de Karoline desmorona-se ao descobrir a chocante verdade por detrás do seu trabalho, descreve a sinopse do filme.

7 Ago 2025

Dirks Theatre | Teatro não verbal com ligações a Saramago

Chama-se “Echoes in Dreams” (Exiling Thoughts Edition) e é a nova peça de teatro não verbal da companhia local Dirks Theatre. Agendado para Setembro, este espectáculo mistura as composições do argentino José Luís Merlin, com performances corporais inspiradas na psicologia e no conto “O Centauro”, de José Saramago

 

A companhia teatral de Macau Dirks Theatre apresenta, entre os dias 19 e 21 de Setembro, o espectáculo “Echoes in Dreams” (Exiling Thoughts Edition), que constitui uma performance em que corpos deambulam ao som da guitarra clássica, com sonoridades do argentino José Luís Merlin, e expressões de teatro não verbal.

A peça apresenta-se na zona norte da península, nomeadamente no espaço “Hiukok Laboratory, no número 408 da Rua dos Pescadores, mais concretamente no edifício industrial Nam Fong.

Segundo informações disponibilizadas pela companhia, mistura uma “guitarra clássica, seis cordas, e três almas e corpos”, sendo um espectáculo que “levará o público a observar o comportamento humano a partir de uma perspectiva na terceira pessoa, mergulhando em temas como o conflito físico-mental e o subconsciente, explorando a própria compreensão de ‘identidade'”.

Nesta peça não faltam também influências da literatura portuguesa, nomeadamente do Nobel da Literatura José Saramago, com o conto “O Centauro”.

Trata-se de um texto que começa desta forma: “O cavalo parou. Os cascos sem ferraduras firmaram-se nas pedras redondas e resvaladiças que cobriam o fundo quase seco do rio. O homem afastou com as mãos, cautelosamente, os ramos espinhosos que lhe tapavam a visão para o lado da planície. Amanhecia já.”

“O Centauro, uma criatura pré-histórica imortal, metade homem, metade cavalo, sente culpa pelo facto de a sua raça ter sido aniquilada pelos humanos enquanto ele nada pôde fazer para o impedir. Esta criatura híbrida tem vagueado pelo mundo desde então, transformando-se numa figura nocturna apenas para se manter afastado de toda a espécie humana. O ‘lar’ tornou-se algo tão distante que agora só existe dentro de si. Nem sequer se vê capaz de lá voltar, nem que seja uma última vez. À medida que vê outras espécies antigas desaparecerem gradualmente à sua volta, lida com um conflito interno profundo, dividido entre ser ‘homem’ e ‘cavalo'”, descreve a companhia sobre o espectáculo.

Jung marca presença

Além da referência a Saramago, “Echoes in Dreams” vai também buscar inspiração à psicologia, nomeadamente à obra “Memórias, Sonhos, Reflexões” do psicólogo suíço Carl Gustav Jung. Em palco, o guitarrista de Macau Bruce Chi Man Pun interpreta as composições de José Luís Merlin, ao mesmo tempo que o actor Ka Man Ip e a bailarina Chloe Wong “apresentam uma performance visual e emocionalmente evocativa”.

“Echoes in Dreams” é sobre conceitos como “nostalgia”, “contraste”, “exílio” e “felicidade”, narrando-se o mundo interior de “alguém que vive numa certa cidade”. Faz-se também, na peça, uma reflexão sobre os temas de “exílio” e “pertença” no contexto global contemporâneo.

Os bilhetes estão à venda na plataforma DART Ticketing e custam 240 patacas, com descontos para quem comprar o ingresso antecipadamente e também para estudantes e reformados. “Echoes in Dreams” já subiu aos palcos uma vez, com outro formato. Segundo a companhia, o que o público irá ver em Setembro trata-se de uma “pequena retrospectiva da primeira corrida de ‘Echoes in Dreams'”.

“Não será igual ao que fizemos em 2023. O mundo mudou e todos nós nos movemos. Vamos dançar uma vez mais”, é referido.

6 Ago 2025

FRC | Caligrafia em destaque na mostra “Vai em Frente, o Futuro Brilha”

É hoje inaugurada uma nova exposição na Fundação Rui Cunha, e que ficará patente por um curto período de tempo, até este sábado. Trata-se de “Vai em Frente, o Futuro Brilha”, uma mostra de caligrafia cujos protagonistas são os alunos dos cursos de arte e literatura do Centro Budista Fo Guang Shan. Trata-se de uma homenagem ao mestre Hsing Yun

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe, entre hoje e sábado, uma nova exposição de caligrafia. Trata-se da mostra “Keep Going, The Future is Bright” [Vai em Frente, o Futuro Brilha], com organização do professor e alunos dos cursos de arte e literatura do Centro Budista Fo Guang Shan, e é apresentada como uma homenagem ao “venerável mestre” Hsing Yun.

A mostra apresenta cerca de 50 obras de caligrafia e pintura chinesa “que procuram dar continuidade ao espírito do mestre Hsing Yun, fundador do Centro Budista, cujos problemas de visão se viriam a agravar nos últimos anos de vida”, descreve uma nota do FRC. O mesmo mestre desenvolveu e utilizou o “olho do coração” e o “olho do Dharma” para escrever a sua caligrafia única de “um traço”, na esperança de transmitir compaixão, sabedoria, paz e luz através das suas criações.

O Dharma é um conceito multifacetado que se refere, em grande parte, ao princípio da ordem cósmica, da rectidão, do dever e do caminho para uma existência com sentido, o que no budismo abrange as obrigações morais do indivíduo, a conduta ética e as leis naturais que governam o universo.

Obras com mensagens

O projecto inclui os trabalhos dos alunos de arte e literatura do professor Hok-lon Yim, um “jovem e influente calígrafo e pintor de Macau” que foi convidado pelo Centro Budista Fo Guang Shan para orientar o ensino da caligrafia e pintura a todos os entusiastas, com maior ou menor experiência, utilizando o pincel e a tinta para transmitir bênçãos e levar alegria às pessoas.

A fundação do Centro Budista de Macau remonta ao início de 1989, quando o mestre Hsing Yun pregou o Dharma em locais públicos de Hong Kong, congregando devotos do território vizinho e também formações espontâneas de grupos provenientes de Macau, para assistirem às palestras. O convite foi então lançado ao Mestre Hsing Yun para a enviar discípulos a Macau que pregassem o Dharma, e o próprio veio cá inúmeras vezes, entre 1991 e 2014, realizando palestras emotivas, sempre com auditórios lotados.

Em 1996, o Centro foi oficialmente registado como uma organização de caridade sem fins lucrativos pelo Governo, iniciando a sua missão de difundir o Dharma em Macau, seguindo o princípio de “promover o Budismo humanista e construir uma terra pura”. Esta é uma filial da Fo Guang Shan regional e o maior centro budista urbano de Macau.

5 Ago 2025

Joaquim Surumali ajuda a preservar património cultural timorense

É na sua oficina em Tasi Tolu, em Díli, que Joaquim Surumali preserva o património cultural de Timor-Leste ao replicar em joias, para utilização diária, peças utilizadas nas casas sagradas e em cerimónias e danças tradicionais.

Nas suas mãos, o ‘kaebauk’, ornamento com chifres de búfalo, que representa o sol, a força, segurança, protecção e poder, tradicionalmente usado na cabeça e em cima dos telhados das casas sagradas, ganha a forma de brincos e de pendentes para serem utilizados num colar.

Já o “belak”, um disco de bronze que simboliza a lua e é utilizado ao peito e no interior das casas sagradas, também pode ser comprado em brincos.

Na oficina de Joaquim Sumali também não faltam os colares, denominados de “morten”, por norma com a cor laranja, que trazem sorte e prosperidade e afastam os maus espíritos e as energias negativas.

“Eu quero fazer este trabalho. O meu pai também trabalhava com joias, moldava o belak e o kaebauk desde o tempo dos portugueses, e até agora os meus irmãos e irmãs às vezes ainda fazem joias como kaebauk e belak em Díli”, contou à Lusa Joaquim Surumali.

O joalheiro, de 34 anos, sublinhou que a sua arte é uma tradição da família, que continua até aos dias de hoje. “Aprendi a fazer joias com o meu pai e com os meus irmãos. Mas o nosso trabalho vem do nosso próprio sangue, do nosso pai e dos mais velhos que também faziam joias como as que se fazem hoje”, explicou Joaquim Surumali.

Outros materiais

Joaquim Surumali faz as joias em ouro, prata ou bronze, dependendo da preferência e do dinheiro dos clientes. O material, segundo o joalheiro, é comprado em Timor-Leste, mas a maioria vem da Indonésia ou de Singapura, porque os recursos no país são escassos.

“Como as pessoas compram em ouro para colocar nas casas sagradas, ele já não está disponível. Por isso, tentamos comprar do estrangeiro. Na maioria das vezes, os clientes são eles que trazem o ouro e nós apenas cobramos pela nossa mão-de-obra”, disse o joalheiro.

Questionado sobre os preços das joias, o artesão explicou que um “belak” de ouro puro pode custar 600 dólares e um “morten” 100 dólares. “Muitos timorenses compram estas joias, mas também muitos portugueses, sobretudo professores”, afirmou.

Joaquim explicou que os portugueses apreciam estas peças porque vêem nelas algo único e tradicional de Timor-Leste. Os timorenses compram-nas para as colocar nas casas sagradas das famílias e que podem ser vistas em todos os municípios do país. Os artigos mais comprados são, sobretudo, os “belak” de ouro.

Sobre o rendimento mensal da produção de joias, Joaquim Surumali disse que pode chegar até aos 500 dólares mensais, mas que depende da quantidade de clientes e das visitas.

4 Ago 2025

Fringe | Evento dedicado ao “Passeio Urbano” regressa em Setembro

“Passeio Urbano” é a temática central da próxima edição do Festival Fringe, a 23.ª, que chega ao território entre os dias 5 e 28 de Setembro. O público poderá desfrutar de um total de 18 espectáculos e 13 actividades, dentro e fora de portas, e com a habitual onda de energia e criatividade a que o Fringe já habituou Macau

 

O Instituto Cultural (IC) anunciou, na sexta-feira, a programação da 23.ª edição do Festival Fringe, agendado para os dias 5 a 28 de Setembro e com o tema “Passeio Urbano”. No total, serão realizadas no território, em diversos locais, 18 espectáculos e 13 actividades, prometendo-se “palcos cheios de criatividade”, em que “a arte se espalha conforme os percursos de cada um”, lê-se no comunicado de imprensa do IC.

Um dos destaques é a secção “Crème de la Fringe”, onde se integram dois eventos: “TOMATO – Mostra de Teatro Digital Interactivo”, apresentado entre os dias 10 e 21 de Setembro; e “Palhaços para o Festival ‘Complicité'”.

Quanto ao “TOMATO”, trata-se de um evento com curadoria de Erik Kuong que apresenta quatro programas distintos: “O Monstro – Um Teatro de Aventura Imersiva e Pessoal”; “Diários à Deriva – Teatro de Passeio Urbano”; “Velado Brilho: Exposição de Instalação de Micro-sensações Urbanas” e “Livro de Aventuras – Uma Janela Oculta em Macau – Versão com Acompanhamento Musical”.

O objectivo é que, através de uma aplicação de telemóvel, a plataforma “Chito”, o público possa acompanhar as histórias por detrás destes programas, que se passam em zonas antigas de Macau como é o caso das freguesias de Santo António, da Sé ou de São Lourenço. Trata-se de uma iniciativa “onde os mundos digital e físico convergem”, destaca o curador, e que permite “ao público seguir a história e explorar recantos ocultos da cidade através de uma aplicação”, tratando-se de uma “experiência teatral pioneira que conecta comunidades através da narração de histórias digitais”.

Depois, dentro do “Crème de la Fringe” apresenta-se ainda o “Palhaços para o Festival ‘Complicité'”, que tem curadoria de Chan Lai Nei e inclui três eventos: “Kung Food: A Arte Marcial Vegetariana”, “O Menu de Hoje” e ainda “Tu ou Eu?”, todos eles realizados na Feira do Carmo e com participação gratuita.

Com criação da companhia Canu Theatre, esta série do Fringe traz “grupos artísticos da Europa e Ásia”, apresentando-se “três espectáculos culturalmente diversos e interactivos e duas actividades de extensão”, com a promessa de uma “conspiração de alegria” e uma “hilaridade acidental que desencadeia uma reacção em cadeia de gargalhadas”.

Chan Lai Nei diz que a sua visão sobre o mundo dos palhaços “mudou completamente” depois de um período de estudos em França. Assim, o “Palhaços para o Festival ‘Complicité’ quer oferecer uma experiência teatral inesperada, com momentos que ressoam no seu coração”, lê-se na sinopse do espectáculo.

Comédias e outras histórias

Além do “Crème de la Fringe” existem ainda outras iniciativas, nomeadamente a actuação do grupo japonês Co.SCOoPP que apresenta o espectáculo “Para Sobreviver nas Cidades!”, uma “comédia repleta de emoções que combina elementos de acrobacia aérea, interacção e malabarismo”.

Destaque ainda para programas como o “Convés Oscilante”, apresentado por Ao Ieong Pui San e Zhang Hui, onde se “ajusta a realidade aumentada ao mundo real, permitindo aos participantes experimentar o Porto Interior [de outra forma], onde memórias se fundem com visões oníricas”.

Suzuki Cheng apresenta “Obrigado por Estar Aqui”, abordando o tema da maternidade num “diálogo temporal e espacial através de um teatro imersivo”. Já o Estúdio de Arte PO apresenta “Máquina Sem Sonhos, Classe Inútil”, onde “os participantes se tornam juízes e experimentam vários tipos de máquinas de auto-atendimento no centro comercial”.

A companhia Own Theatre traz ao Fringe “Wendy e o País das Maravilhas”, para contar uma história “de busca pela inocência infantil” onde se integram “acrobacias corporais, andas e dança aérea”. De frisar também a inclusão do espectáculo “Congregação”, que nasce de uma colaboração entre o artista sonoro britânico Ray Lee e a “Tempest Projects”. Trata-se de “uma experiência dinâmica que combina ambiente, música e tecnologia”, onde, com a “emissão de sons, a esfera suspensa guia os participantes por caminhos e vielas que podem ser familiares ou uma descoberta”.

Ligação à história

O IC destaca que esta edição do Fringe tem a preocupação de levar o festival a zonas mais antigas, como o bairro da Ilha Verde ou os estaleiros de Lai Chi Vun, em Coloane, só para citar alguns exemplos. O que se pretende fazer é a mistura da “arte cenográfica com o charme histórico”, onde muitos grupos locais participam.

É o caso da Associação de Arte Teatral Dirks, que apresenta “Orquídeas à Velha Casa”, contando a história do “tráfico de leitões” com recurso à música.

Temos depois o espectáculo a solo de Chan Si Kei, “Uma Reunião na Solidão”, que tem por pano de fundo um antigo salão de chá, onde o artista “tece considerações sobre vinhetas evocativas dos jantares familiares”.

A Casa de Portugal em Macau também se integra no cartaz do Fringe com o espectáculo “Jazzés & The Blackbird”, onde “três músicos cantam os clássicos do jazz, num palco improvisado na varanda da sede da Casa de Portugal, ornado por uma instalação artística de aves gigantes da autoria de Elisa Vilaça”.

Se já há cartaz, ainda não há bilhetes disponíveis. A venda de ingressos para o Fringe começa no dia 10 de Agosto, próximo domingo.

4 Ago 2025

Curtas-metragens | Galaxy associa-se a festival de Veneza

O “2.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau do Galaxy Entertainment Group” acaba de firmar uma colaboração com o Festival Internacional de Cinema de Veneza, nomeadamente com a secção do evento “Giornate degli Autori”, a fim de mostrar o trabalho dos realizadores locais neste evento.

Assim, será realizada nos dias 29 e 30 de Agosto uma série de eventos associados ao “Dia de Macau” no festival de Veneza, nomeadamente a exibição de curtas-metragens locais e uma sessão de partilha na “Casa degli Autori”, um dos principais locais desta secção do festival.

Segue-se “uma recepção para apresentar aos profissionais da indústria cinematográfica e ao público internacional as produções cinematográficas e a singularidade cultural de Macau”, descreve uma nota do Instituto Cultural (IC), que apoia o festival de curtas-metragens organizado pela Galaxy.

Pretende-se, com a colaboração em Veneza, dar “maior visibilidade internacional às obras cinematográficas de Macau e criar oportunidades para que cineastas emergentes possam alcançar o palco global”.

“Giornate degli Autori” é uma importante secção paralela do Festival Internacional de Cinema de Veneza, dedicando-se à promoção de filmes independentes e de obras de cineastas emergentes. É um dos três programas oficiais do Festival, juntamente com o Festival Internacional de Cinema de Veneza e a Semana Internacional da Crítica de Cinema de Veneza.

Depois desta passagem por Itália, a segunda edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens em Macau realiza-se em Setembro nos Cinemas Galaxy, no Auditório Galaxy do Centro de Convenções Internacional Galaxy e no Andaz Hotel, e na Cinemateca Paixão.

1 Ago 2025

Música | Grupos corais de Macau participam no “Lisbon Music Festival”

O coro “Dolce Voce” está em Portugal para participar no “Lisbon Music Festival – Lisbon International Youth Music Festival”, protagonizando quatro concertos num evento dedicado ao canto coral e à música clássica. Destaque ainda para a participação de outro grupo de Macau do Colégio do Sagrado Coração de Jesus

 

O grupo de canto coral de Macau “Dolce Voce Choir” encontra-se em Portugal para a realização de uma série de espectáculos integrados no cartaz do “Lisbon Music Festival – Lisbon International Youth Music Festival”.

Amanhã, as vozes e a música do grupo vão fazer-se ouvir junto às Ruínas do Carmo, no Museu Arqueológico do Carmo, bem no centro de Lisboa, a partir das 21h30, repetindo-se a actuação no dia 6 de Agosto, no Mosteiro da Batalha. No dia seguinte, quinta-feira, o grupo desloca-se a Peniche, actuando na Igreja de São Pedro, seguindo-se um último concerto no dia 9 de Agosto na Sé Catedral do Porto.

Segundo uma nota do grupo, a digressão está em consonância com a classificação de Macau como “Cidade da Cultura da Ásia Oriental”, pretendendo o coro, com estes concertos, “mostrar ao público internacional o encanto único da cultura macaense através da arte coral”. Apresenta-se, nestas actuações, “um repertório diversificado que reflecte a riqueza cultural de Macau”, onde se incluem ” mais de 20 obras ‘a capela’ de estilos variados, com programas diferentes em cada concerto”.

Esperam-se actuações que “incluem música sacra, canções folclóricas, temas populares, excertos musicais, obras modernas chinesas, canções tradicionais macaenses em patuá e arranjos corais de fados portugueses, entre outros”, com interpretações em cerca de dez idiomas.

Assim, “o coro não só demonstra a diversidade cultural de Macau e o talento dos seus membros, como também promove o intercâmbio cultural entre a China e Portugal”, é referido.

Rumo à internacionalização

O coro “Dolce Voce” diz estar comprometido em “elevar o perfil cultural e artístico de Macau no palco internacional”, sendo “o primeiro grupo coral de Macau a actuar na prestigiada Sala Dourada de Viena (Musikverein)”, além de ter sido o primeiro grupo local a fazer uma digressão pelas salas de espectáculos do Reino Unido.

“Agora, com esta nova digressão em Portugal, o coro reafirma o seu papel activo no enriquecimento da cena artística macaense, contribuindo para o desenvolvimento da indústria cultural e criativa da cidade”, é ainda referido na mesma nota.

Destaque ainda para o facto de o cartaz do “Lisbon Music Festival – Lisbon International Youth Music Festival” incluir no rol de convidados o coro do Sacred Heart Canossian College [Colégio do Sagrado Coração de Jesus], que actua no Palácio da Ajuda, em Lisboa, no dia 8 de Agosto, e no dia 10 de Agosto na Basílica do Rosário de Fátima, ao lado da Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima. No cartaz deste festival está também incluído um grupo coral de Taiwan, o Taipei Philarmonic Youth Ensemble, que actua no dia 8 de Agosto no Convento de Cristo, em Tomar, e também junto às Ruínas do Carmo, em Lisboa, no dia 9.

1 Ago 2025

MICAF apresenta este fim-de-semana a peça “Um Dia de Astronauta”

O Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau (MICAF, na sigla inglesa) apresenta este fim-de-semana uma peça de teatro oriunda de uma companhia chinesa, a Grande Barco. Trata-se do espectáculo “Um Dia de Astronauta”, que sobe ao palco do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) amanhã, a partir das 19h30, sábado e domingo a partir das 15h.

Esta é uma “aventura em órbita”, descreve a sinopse do espectáculo pensado para os mais pequenos. “Enquanto enormes painéis solares se estendem como asas pelo cenário, meteoritos voam sobre o público. Por entre fantásticos ecrãs LED e efeitos multimédia, esta é mais do que uma simples viagem acima das nuvens, é também uma aventura imersiva”, descreve-se.

Com “Um Dia de Astronauta”, o público é convidado a entrar nesta aventura, podendo os miúdos “transformar-se em estrelas do universo”, pelo que cada apresentação deste espectáculo promete ser “uma experiência única”.

Em palco “a destemida Fei Fei, o físico Orbit e o engenheiro mecânico Da Shou estão sempre ocupados”, com tarefas como “as rotinas diárias e investigações importantes”. “Uns recolhem dados sobre combustões a baixas temperaturas, conhecidas como ‘fogo frio’, enquanto outros cultivam arroz ou estudam painéis de energia solar. É a fascinante vida em órbita a desenrolar-se diante dos nossos olhos”, é descrito.

O espectáculo, em mandarim e com legendas em chinês e inglês, promete dar respostas ao público sobre os grandes mistérios do espaço e do universo, podendo até “despertar novos sonhos cósmicos”.

Fim-de-semana preenchido

Outro dos eventos que decorre amanhã, até ao dia 29 de Agosto, é o “Acampamento Criativo para Crianças”, também no CCM, com bilhetes a 600 patacas. O acampamento destina-se a crianças dos 8 aos 12 anos e é monitorizado pela Macao Applied Theatre Association, organizando-se workshops e actividades onde as crianças podem brincar e aprender em conjunto.

Também esta sexta-feira decorre a última sessão da “Casa Mágica das Estrelas”, nome para outro workshop do MICAF que decorre na Sala de Ensaio do CCM, e que se destina a crianças com necessidades educativas especiais. Destaque ainda para a exposição permanente “A Magia das Linhas: O Mundo Maravilhoso dos Livros Ilustrados de Serge Bloch”.

31 Jul 2025

Museu de Macau | Exposição assinala centenário da morte Sun Yat-sen

O Museu de Macau acolhe, a partir de 8 de Agosto, uma exposição sobre a passagem pelo sul da China, incluindo Macau e Hong Kong, de Sun Yat-sen, médico, revolucionário e um dos protagonistas da revolução republicana chinesa de 1911. A mostra intitula-se “Da Cura de Doentes à Salvação de uma Nação – Dr. Sun Yat-sen em Guangdong, Hong Kong e Macau”

 

A RAEM acolhe uma exposição que conta a história de vida de Sun Yat-sen, mais revolucionário de corpo inteiro do que médico, que passou por Guangdong, Macau e Hong Kong e que foi um dos principais responsáveis pela revolução republicana de 1911 que levou à queda do regime imperial. Sun Yat-sen acabou mesmo por ficar conhecido como “O Pai da China”, no sentido de ter contribuído para a construção de uma nova nação.

Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), a mostra “Da Cura de Doentes à Salvação de uma Nação – Dr. Sun Yat-sen em Guangdong, Hong Kong e Macau” será inaugurada no dia 8 de Agosto no Museu de Macau e visa comemorar o centenário da morte de Sun Yat-sen. Trata-se de uma iniciativa organizada conjuntamente pelo IC, pelo Departamento de Serviços Culturais e de Lazer do Governo de Hong Kong e pelo Departamento de Cultura, Rádio, Televisão e Turismo de Zhongshan, sem esquecer o Museu Dr. Sun Yat-sen, em Hong Kong, que recebeu a mostra em Junho.

A exposição, que pode ser visitada até 12 de Outubro, presta “uma profunda homenagem às contribuições duradouras do Dr. Sun Yat-sen para a revitalização da nação e a felicidade do povo”, descreve o IC, tratando-se de uma exposição itinerante que nasce “de um projecto de cooperação entre as entidades culturais de Guangdong, Hong Kong e Macau”.

A mostra inclui uma centena de peças ou colecções de imagens históricas, documentos e “valiosas relíquias históricas” da passagem de Sun Yat-sen por Guangdong, Macau e Hong Kong.

A história por fases

Todo o espaço expositivo está dividido em quatro partes, intituladas “O berço do pensamento sobre a salvação da nação”, “O berço da revolução”, “As regiões natais da família”, “Memoriais para o grande espírito”. Em todos estes espaços o público pode “recordar o percurso e a carreira revolucionária do dr. Sun em Guangdong, Hong Kong e Macau”, aponta o IC, apresentando-se ainda “as profundas ligações do dr. Sun com Guangdong, Hong Kong e Macau, expressando-se o profundo respeito destas três regiões” por este revolucionário.

Além da exposição, será projectado um filme relacionado com a personalidade política, sendo também lançada uma exposição online, com recurso à realidade virtual, após a inauguração, a fim de facilitar a visualização dos conteúdos por parte do público.

Segundo informações disponibilizadas pela biblioteca digital da Fundação Jorge Álvares, Sun Yat-sen nasceu no seio de uma família modesta natural da vila de Cuiheng, província de Guangdong.

Já o pai de Sun tinha estado em Macau a trabalhar como sapateiro, tendo voltado depois para a China onde formou família. Sun Yat-sen nasceu a 11 de Novembro de 1866 e partiu para Honolulu, no Hawai, com 13 anos de idade, ao encontro do irmão mais velho.

Estudou Medicina em Honolulu e Hong Kong. Foi nesse período que despertou a sua veia revolucionária. Partiu para Macau aquando da conclusão da licenciatura, em 1892, tendo exercido medicina ocidental no hospital Kiang Wu e, posteriormente, numa clínica fundada por si na Rua das Estalagens.

“Em 1894, já profundamente envolvido na política, fundou a Sociedade para a Regeneração da China que tinha como objectivo derrubar o regime imperial e instalar um governo democrático. No ano seguinte, chegou mesmo a participar numa tentativa de golpe de estado em Guangzhou, mas o golpe falhou, e viu-se obrigado a fugir, exilando-se no Japão. Durante os anos de exílio, viajou bastante pelos Estados Unidos, Canadá e Europa”, lê-se na biblioteca digital.

Ainda no Japão fundou a Sociedade da Aliança Unida que veio dar origem ao partido Kuomitang. Apesar do seu papel ideológico na luta revolucionária, Sun Yat-sen encontrava-se no estrangeiro quando o sistema imperial caiu na China, a 10 de Outubro de 1911, tendo sido por um curto período presidente da nova República da China.

31 Jul 2025

Art Macao | Projecto dos artistas The Haas Brothers para ver no COD

Está aí mais uma exposição integrada no cartaz da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”. Desta vez o público terá a oportunidade de ver o projecto “The Haas Brothers: Clair de Lune”, patente no City of Dreams

 

Depois da apresentação no The A4 Art Museum, em Chengdu, no ano passado, eis que “Clair de Lune”, obra dos artistas The Haas Brothers chega a Macau, integrada no cartaz da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, na secção de exposições especiais.

Estando disponível para visitas no City of Dreams (COD), no Cotai, até ao dia 12 de Setembro, “Clair de Lune” apresenta uma série de peças e instalações dos dois irmãos nascidos em Austin, Texas, numa “viagem onde a memória e a emoção convergem num imersivo mundo de arte”, descreve o COD numa nota.

Em “Clair de Lune”, a luz transforma-se numa “metáfora, construindo uma narrativa emocionalmente rica que é acompanhada por uma personagem antropomórfica”, tratando-se de uma aposta do COD na “exploração da arte e compromisso para com a cultura multidisciplinar”.

Ainda segundo a mesma nota, esta exposição “reflecte a filosofia criativa consistente dos artistas”, que procuram “quebrar barreiras entre disciplinas, activar os sentidos e evocar uma ressonância emocional”, sendo que o nome da mostra remete para a composição do francês Claude Debussy, “Clair de Lune”.

Os The Haas Brothers também foram buscar inspiração às memórias de infância das chamadas “Moon Towers” [Torres de Lua], estruturas utilizadas para iluminar Austin à noite. Para os dois irmãos, estas torres “tornaram-se um último símbolo das suas memórias de infância, ultrapassando a linha entre a verdadeira lua e a lua artificial”.

Aqui, a lua torna-se numa metáfora “para a migração emocional, em que o fluxo de luz representa os dois caminhos de uma jornada entre ‘o chegar e o partir'”. Convida-se, assim, o público a desfrutar e interpretar à sua maneira estes jogos de luzes e sombras, construindo-se uma jornada de “percepção, reflexão e exploração emocional”.

Seis peças com significado

“Clair de Lune”, no COD, inclui seis instalações que “constroem um mundo poético e imaginativo” em conexão com a lua, apresentando-se cinco esculturas com lâmpadas inspiradas nas “Moon Towers”, com nomes como “A Street Light Named Desire”, “Let There be Street Light”, “A Light in the Streets and Freak in the Sheets”, “Lamp of Approval” e “Light to Remain Silent”.

Os trabalhos, com “títulos evocativos e formas expressivas”, constituem “um reflexo de temas como o desejo, o reconhecimento ou o silêncio”. A sexta peça apresentada, “Reach-able Moment” apresenta uma personagem semelhante a um macaco que “simboliza a busca, não apenas por amor, paciência e devoção, mas também por um significado mais profundo”, tal como uma “reflexão pacífica e filosófica do sentido da existência”.

Os The Haas Brothers são Simon e Nikolai Haas, vivendo actualmente em Los Angeles. Nos últimos anos “desenvolveram uma linguagem artística multidisciplinar e distinta, trabalhando com moda, cinema, música e design criativo”. A sua prática artística “continua a expandir as possibilidades da expressão artística ao desafiar ambientes convencionais”, apresentando “uma abordagem antropomórfica” na “experimentação de formas e materiais”. Nesse processo, ambos “questionam e respondem às funções sociais da arte e contextos da cultura onde estas habitam”.

Mais concretamente sobre “Clair de Lune” e o poder da luz da lua, os dois artistas referiram, citados pela mesma nota, que se trata de algo “fugaz, mas poderoso”, que “muda tudo aquilo em que toca, que transforma o comum em algo fantástico”. “Essa transformação é aquilo que somos depois. Se conseguirmos levar o observador a um mundo tranquilo, humorístico e de reflexão, então fizemos o nosso trabalho como artistas”, referiram.

30 Jul 2025

Portugal dos Pequenitos aborda países lusófonos atenuando ideia do império

O Portugal dos Pequenitos de Coimbra, que exaltava o império colonial quando foi criado em 1940, disponibiliza actualmente um passaporte lúdico aos visitantes que queiram viajar entre os novos países de língua portuguesa representados no parque.

Associadas à saga dos Descobrimentos encetados no século XV pelos portugueses, a esfera armilar e a cruz de Cristo permanecem 85 anos depois entre os adornos do espaço turístico instalado na margem esquerda do rio Mondego por Bissaya Barreto (1886-1974), um maçom que foi carbonário na juventude e mais tarde amigo de Salazar.

“Acreditamos que é possível aprender a brincar”, disse à agência Lusa o director do parque temático, Nuno Gonçalves, citando o fundador. Na reportagem, percorrendo as miniaturas do Portugal dos Pequenitos (casas tradicionais, monumentos e representações dos países de língua portuguesa, além de Macau, Índia, Açores e Madeira, entre outras), o responsável realçou “a inspiração ludo-pedagógica” de uma visita que já foi realizada por milhões de pessoas de todos os continentes.

“Encontramos aqui uma solução perfeita entre a possibilidade de divertimento e de aprendizagem, em que a língua portuguesa é uma forma viva para que as novas gerações possam aprender a brincar”, defendeu.

Tanto a esfera armilar, um antigo instrumento de navegação que os republicanos de 1910 incluíram na nova Bandeira Nacional, como a cruz ligada às naus de Vasco da Gama e demais navegadores, foram adoptadas pelo Estado Novo para propagandear um “Portugal do Minho a Timor”, imperial, pluricontinental, supostamente uno e indivisível.

A cruz de Cristo, ainda assim, continua a figurar na bandeira da Região Autónoma da Madeira, além de identificar as frotas da Força Aérea e da Marinha Portuguesa.

Mais pedagogia

Nas últimas décadas, acompanhando a consolidação do regime democrático nascido com o 25 de Abril de 1974, bem como a ascensão à independência das ex-colónias, a primitiva matriz ideológica do Portugal dos Pequenitos foi dando lugar a uma visão mais multicultural que privilegia as componentes lúdica e pedagógica.

“Expressão profunda da nossa língua, na medida em que ela é comum” à maioria dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), menos a Guiné Equatorial, o parque é também assumido pela entidade proprietária, a Fundação Bissaya Barreto, como “expressão de interculturalidade” e de tolerância entre povos ligados por laços históricos, disse Nuno Gonçalves, enquanto explicava o funcionamento do passaporte lúdico que pode ser carimbado à entrada de cada país, região ou território.

A viagem inclui, designadamente, Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Timor-Leste e ainda Açores, Madeira, Índia e Macau, cuja administração portuguesa passou para a China em 1999. “Esta visita inclui a viagem, a experiência, a dinâmica e a narrativa”, enfatizou Nuno Gonçalves.

Imaculada concepção

Concebido pelo arquitecto Cassiano Branco, o parque nasceu por iniciativa de Bissaya Barreto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, na qual estudou nos alvores do século XX, fazendo amizade com António Salazar, então ainda um jovem aluno da Faculdade de Direito.
Abriu ao público em 1940, escassos meses após ter sido inaugurada, em Lisboa, a Exposição do Mundo Português, que assinalou dois centenários: oito séculos da fundação da nacionalidade, por Afonso Henriques, e 300 anos da restauração da independência de Portugal pelos conjurados de 1640, pondo fim a 60 anos de dinastia dos Filipes e domínio espanhol.

Cinquenta anos depois da emancipação política das antigas colónias de África, em 1975, quando Goa, Damão e Diu, a chamada Índia Portuguesa, já tinham sido anexados pela então União Indiana, em 1961, o Portugal dos Pequenitos, entre outras valências, engrandece com “galerias inspiradas nos países de expressão portuguesa”, propondo “uma experiência de visitação que seja também aprendizagem”.

“É possível fazer uma visita a Portugal e outros países num curto espaço de tempo e por um valor muito reduzido, porque não temos de apanhar o avião”, gracejou o director.

29 Jul 2025

Creative Macau | Património da UNESCO em destaque em nova mostra

A nova exposição na Creative Macau revela uma perspectiva fresca sobre o património histórico de Macau e da China classificado pela UNESCO. Justin Ung pegou em sítios como o Templo Tin Hau, na Taipa, ou o Templo do Céu, em Pequim, e criou ilustrações que ensinam a história dos locais

 

“Walking Colors: Architectural Hue Archives” é o nome da nova exposição patente na Creative Macau e que fica disponível para visita do público, de forma gratuita, a partir do próximo dia 6 de Agosto. A mostra reúne trabalhos de ilustração de Justin Ung que foi buscar inspiração aos sítios de índole religiosa classificados e protegidos pela UNESCO, seja em conexão com o catolicismo ou com budismo, em Macau, na China, mas não só.

Desta forma, apostando numa perspectiva artística própria, com o uso abundante da cor, apresentam-se ilustrações de lugares como o Templo do Céu, em Pequim, o Templo Tin Hau, na Taipa, ou ainda a Sagrada Família, em Barcelona.

Segundo uma nota da Creative Macau, apresenta-se a cor como sendo “uma das linguagens mais directas da arquitectura e o código de memória mais vívido de uma cidade”. Desta forma, o nome “Walking Colors” dado a esta mostra [Cores Ambulantes] promove isso mesmo: um percurso próprio por estes lugares especiais cheios de história, incluindo um passeio pelos “corredores arquitectónicos de Macau e das cidades classificadas como Património Mundial da UNESCO”.

Assim, o público pode ver “os votos solenes do Templo do Céu, com um azul celeste esmaltado em Pequim” bem como “os sussurros românticos dos azulejos portugueses em tons pastel de Macau”. Há, depois, no caso da catedral da Sagrada Família, “o abraço acolhedor dos seus tons terrosos”, bem como, de regresso a Macau, “a vibração pulsante das luzes néon dos casinos, em que cada tonalidade conta a história de encontros culturais”.

Releituras várias

Em “Walking Colors: Architectural Hue Archives” é proposta “uma jornada visual pela arquitectura” e uma “decodificação cromática das culturas”, em que se pode seguir “os passos da cor” e fazer uma releitura “das histórias arquitectónicas do nosso património mundial”.

No caso de Macau, o seu centro histórico passou a ser classificado pela UNESCO em 2005. Desde então que locais como as Ruínas de São Paulo, o Largo do Senado e zonas adjacentes são alvo de protecção e preservação próprias tendo em conta a classificação pelo organismo internacional.

Também em 2005 foi classificado o Templo Expiatório da Sagrada Família, integrada num conjunto de obras do arquitecto espanhol António Gaudi, que viveu entre os anos de 1852 e 1926.

No ano seguinte seria classificado o Templo do Céu na capital chinesa, que está integrado num conjunto de templos taoístas e considerado o maior do país. O Templo do Céu foi construído em 1420, tendo sido usado pelas dinastias Ming e Qing para pedir às divindades boas colheitas e agradecer por todos os ganhos e frutos obtidos.

Relativamente ao protagonista desta mostra na Creative, Justin Ung, que tem como pseudónimo “Meow the Sardines”, conta no currículo com um mestrado em História e Estudos do Património. Actualmente é autor de ilustrações para diversas publicações, nomeadamente a revista “Fantasia”, tendo ilustrado vários livros infantis. A exposição fica patente na Creative Macau até ao dia 23 de Agosto.

29 Jul 2025

MICAF arranca com exposições, instalações e muita cor

Está aí a segunda edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau (MICAF, na sigla inglesa), que desde sexta-feira tem a decorrer um programa com 49 actividades e espectáculos em mais de 1.000 sessões, divididos em nove secções. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), incluem-se nas actividades destinadas aos mais pequenos “programas de artes performativas de nível internacional, um musical de grande escala, exposições de arte, um festival de cinema, grandes instalações ao ar livre, acampamentos artísticos, acampamentos de música, workshops e uma feira artística”.

Segundo o IC, o objectivo do MICAF é “iluminar a infância das crianças através da arte, incentivando as famílias e as crianças a contactarem de perto com as artes a partir de diversas perspectivas usando todos os seus sentidos”.

Um dos eventos é “O Paraíso do Pequeno MICAF”, que irá realizar-se todos os fins-de-semana na Praça do Centro Cultural de Macau (CCM), sendo que esta iniciativa tem vindo a decorrer desde o início do mês de Julho. O evento inclui sessões com jogos e insufláveis com “elementos desportivos, correspondendo assim ao espírito da 15ª edição dos Jogos Nacionais”, além de que está presente a mascote MICAF de 10 metros de altura.

Depois, nos fins-de-semana de 22 a 24 e de 29 a 31 de Agosto, terá lugar o “Dia de Diversão MICAF”, com programas sob o tema “diversão aquática e arte”, incluindo-se também a realização da “Festa da Espuma” e da “Festa de Diversão Aquática”. Haverá também “danças de rua interpretadas por crianças, palhaços, artistas com andas e outras actuações interactivas, bem como workshops de artesanato e exibições de filmes para famílias ao ar livre”.

Uma mostra mágica

Destaca-se também a realização da exposição “A Magia das Linhas: O Mundo Maravilhoso das Ilustrações de Serge Bloch”, patente no ART Espaço, situado no terraço do primeiro andar do Centro Cultural de Macau até ao dia 7 de Outubro. A mesma mostra apresenta-se também na Zona da Barra no entorno da Doca D. Carlos I – Oficinas Navais N.º 1 e N.º 2 até 14 de Setembro.

Esta mostra, organizada em parceria com o MGM, traz três secções que permitem a crianças e adultos “entrarem no espaço criativo construído pelo ilustrador francês Serge Bloch com linhas mágicas” e “embarcarem numa viagem artística cheia de imaginação, alegria e inspiração, na descoberta de um lugar para reconhecerem a beleza dos pequenos momentos da vida”.

Interligadas à exposição decorrem actividades como o seminário “Tela Artística – Pincel de Cor”, bem como o “Workshop Extra de Livros Ilustrados”, ambos a realizar-se nas Oficinas Navais nº2. Depois, oficinas como “Aventura de Rabiscos – Criar Histórias Inspiradas na Arte de Bloch”, “Linhas Travessas – Oficina Magia da Colagem para Famílias” e “Mágicos das Linhas – Oficina de Livros Ilustrados para Famílias” decorrem no ART Espaço”.

O MICAF traz também a Macau o musical “Disney – A Caixa Mágica”, bem como a peça de teatro de marionetas “Os Hamsters de Chong Chong”, seleccionado no âmbito do “Comissionamento de Produções de Artes Performativas 2024-2026”.

O cartaz do MICAF traz também o bailado “Cinderela”, protagonizado pelo Ballet do Teatro Nacional de Brno da República Checa; o teatro multimédia “Poli Pop”, do Teatro Pincelado da Coreia do Sul; sem esquecer “Espectáculo de Neve”, teatro com palhaços.

Ainda na vertente de palco vão decorrer os espectáculos “Um Dia de Astronauta” e o teatro musical coral, de estilo familiar, “Sussurrando o Zodíaco: O Concerto Coral do Zodíaco Chinês”. No cinema, a Cinemateca Paixão apresenta um ciclo de filmes para os apaixonados da animação.

28 Jul 2025

Exposição | Os Camões de Vítor Hugo Marreiros em Lisboa

Foi inaugurada no sábado a primeira exposição individual de Vítor Hugo Marreiros em Lisboa, na galeria Passevite. A mostra reúne retratos de Luís de Camões retirados dos cartazes que o designer e artista macaense faz há décadas para celebrar o 10 de Junho. A inspiração, sobre esta e outras figuras de Portugal e da sua literatura, está longe de se esgotar

 

“Camões, Cinco Zero Zero” é a exposição que pode ser vista até ao fim de Agosto na Galeria Passevite, em Lisboa, e a primeira em nome individual do artista e designer macaense Vítor Hugo Marreiros. Esta não é a primeira estreia total de Marreiros em solo português, tendo em conta a sua participação anterior em exposições colectivas, mas é a primeira vez que expõe em nome próprio e logo para mostrar um trabalho que tanta visibilidade lhe tem dado nos últimos tempos: os cartazes do 10 de Junho com o rosto de Camões, e não só.

A mostra “Camões, Cinco Zero Zero” é, como o nome indica, uma exposição dedicada inteiramente às imagens do poeta nestes cartazes, mas com uma nova roupagem e linguagem artística.

“Tudo partiu do desafio proposto por um colega meu, Henrique Silva, mais conhecido por Bibito”, contou ao HM. “Os quadros que estão aqui não são apenas retirados dos cartazes do 10 de Junho, mas também de outros trabalhos, porque ao longo da minha vida profissional tive inúmeras oportunidades de retratar temas lusos e ícones como Fernando Pessoa, Amália, até a sardinha”, contou.

Vítor Hugo Marreiros faz os cartazes do 10 de Junho – Dia de Camões, Portugal e das comunidades portuguesas há 34 anos e sempre procurou mesclar a figura do poeta com alguns temas da actualidade do país, bem como os símbolos da portugalidade.

“Nos últimos anos procurei retratar as preocupações da comunidade portuguesa [de Macau], bem como os acontecimentos em Portugal, a crise, a covid-19 ou a guerra na Ucrânia. O Camões fala por si, em anos diferentes e acompanhado sempre dos acontecimentos do ano. Às vezes ponho o Camões a falar por mim. A minha companheira diz-me sempre isso, que eu ponho o Camões a dizer aquilo que eu quero.”

Houve tempos, e cartazes, em que o artista retratou alguns episódios da actualidade de Macau, como o aumento da instalação de câmaras de videovigilância ou mesmo a proibição de fumar em certos sítios. “Sentia que, dentro da comunidade portuguesa e de toda a Macau, este episódio [a proibição de fumar] tinha sido como que uma agressão. Às vezes vou ouvindo as preocupações da comunidade e também as minhas, não só em relação a Portugal, como também a Macau. Esses temas podem surgir isolados, mas também ligados ao Camões e a outros nomes que coloco [nos cartazes], por brincadeira”, acrescentou.

O artista e o poeta

Ironicamente, a relação de Vítor Hugo Marreiros com a escrita de Camões, seja a poesia, as cartas ou os próprios Lusíadas nem é de grande proximidade – o artista assume mesmo que prefere a Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto. “Acho mais engraçado. ‘Os Lusíadas’ é uma obra mais pesada, forte, heroica. Prefiro a ‘Peregrinação’, e até para desenhar tem mais piada. Sempre que preciso de fazer algum trabalho, com uma parte histórica, noticiosa ou literária, começo sempre por ler a ‘Peregrinação’.”

Aliás, Vítor Hugo Marreiros diz procurar sempre explicações sempre que os seus desenhos bloqueiam com a necessidade de alguma informação factual ou histórica. “Sou um drácula. Quando preciso de qualquer coisa ligada à medicina, vou ao meu amigo. Não tenho vergonha de pedir coisas a um amigo advogado. Aproveito a cultura dos outros também, porque é muito importante pesquisar”, disse.

Na mostra da Galeria Passevite, “há arranjos diferentes em termos técnicos e há espaço para novas interpretações”. Vítor Hugo Marreiros diz não se ter cansado ainda de fazer o cartaz e até já tem dois preparados para os próximos dois anos.

“Há espaço para novas imagens. O Camões tem de aparecer sempre, mas é acompanhado por figuras dos acontecimentos actuais, figuras de época, pelas preocupações nacionais. Há quem diga que sou um gráfico político, mas eu não sou muito ligado à política, preocupo-me mais com a sociedade. Por exemplo, no último cartaz do 10 de Junho surge o Trump, e também coloquei uma conversa entre D. Afonso Henriques e o presidente do FC Porto [ex-presidente, Pinto da Costa], porque D. Afonso Henriques foi rei e ele era o presidente. Há pequenos pormenores, vou brincando com coisas sérias, mas não ensino nada. Leio, interpreto e sugiro. Para mim a política, se é de direita ou de esquerda, diz-me pouco”, rematou.

28 Jul 2025

CURB | Eduardo Leal e António Leong distinguidos em concurso

Já são conhecidos os vencedores da edição deste ano do concurso de fotografia arquitectónica promovido pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo. O primeiro lugar foi arrecadado por Wong Chi Hin, seguindo-se Lei Heong Ieong no segundo lugar e, em terceiro, Eduardo Leal, fotojornalista português radicado em Macau. Estes foram os vencedores na categoria “Grupo Aberto”.

Eduardo Leal ganhou ainda uma menção honrosa por outra imagem sem título, juntamente com Wong Cheng Chon, e António Leong, distinguido aqui duas vezes com as imagens “Inside Out of Penha” e “The Staircase”, entre outros fotógrafos. Na categoria “Grupo de Estudantes” destaca-se a vitória de Chong Man Hin.

Segundo um comunicado do CURB, as fotografias distinguidas celebram “o ambiente interior construído da cidade”, apuradas de um total de 338 fotografias enviadas por 149 participantes. “Os trabalhos enviados foram avaliados por um painel de jurados experientes que selecionaram as melhores fotografias para o tema deste ano, considerando a sua qualidade artística e técnica e a originalidade da visão”, é referido.

Esta edição do concurso, a quarta, teve como tema “Inside Out”, convidando os participantes “a olhar para além e a entrar no ambiente construído de Macau, para descobrir e capturar as qualidades e a beleza raramente vista da arquitectura de dentro para fora”. A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar na Ponte 9 – Plataforma Criativa, na Rua das Lorchas Ponte n.º 9, 3.º andar, no dia 9 de Agosto, às 17h00, onde serão expostas as obras distinguidas.

A exposição estará aberta ao público até 29 de Agosto, de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h30 às 18h30. O CURB revelou ainda que o concurso de fotografia decorre “com sucesso” há quatro anos, atraindo um total de 688 participantes e 1.611 inscrições.

25 Jul 2025

GalaxyArt | Obras de design de Bruno Moinard expostas até Dezembro

Conhecido pelo design criativo e mobiliário único, Bruno Moinard é o destaque da nova exposição patente no espaço GalaxyArt, incluída na programação do “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau”. A mostra é apresentada como “uma viagem imersiva ao mundo visionário” de Moinard

 

Mais de 300 obras originais de design e mobiliário estão patentes na nova exposição no GalaxyArt, intitulada “Na Mente de Bruno Moinard”, que está disponível para visitas do público até 31 de Dezembro. Integrada na edição deste ano da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau”, a mostra nasce de uma parceria entre o Galaxy Entertainment Group e o Instituto Cultural (IC).

Segundo um comunicado do Galaxy sobre a iniciativa, a exposição constitui uma “viagem imersiva ao mundo visionário” de Bruno Moinard, descrito como “pioneiro criativo internacionalmente aclamado”.

Entre as 300 obras destacam-se “esboços a pinturas e manuscritos de design” e “conceitos de design personalizados do seu estúdio de design de interiores Moinard Bétaille para o empreendimento ‘Capella’, no Galaxy Macau, que será inaugurado em breve”. Trata-se de uma “residência dourada com suites que irá redefinir novos padrões de luxo personalizado”.

Citado pela mesma nota, Bruno Moinard referiu na inauguração da sua exposição, que a mostra constitui “uma tentativa modesta, mas sincera, de convidar o público a entrar neste espaço invisível, que é uma alegoria do meu mundo criativo, onde várias disciplinas conversam, como a pintura, design, arquitectura de interiores ou cenografia”. “Juntas contam uma história, e uma forma única de ver o mundo”, acrescentou o artista.

30 anos de carreira

Bruno Moinard é “conhecido por combinar as melhores tradições do artesanato francês com o design moderno”, tendo recebido a distinção de Cavaleiro da Legião de Honra em 2010. Expor o trabalho em Macau representa também uma forma de celebração dos seus 30 anos de carreira e 12 de constituição da marca com o seu nome, a “Bruno Moinard Éditions”.

“Na mente de Bruno Moinard ― Uma exposição especial na Art Macao 2025” revela, assim, “os feitos multifacetados de Moinard, como artista por direito próprio e como designer de primeira linha, oferecendo aos visitantes uma visão única de sua filosofia de design exclusiva”.

Ao mesmo tempo, destaca a organização, revela-se “a arte instintiva por trás de algumas das propriedades e espaços de luxo mais icónicos do mundo”, apresentando-se “uma diversidade de pinturas contemporâneas, fotografias e obras multimédia”. O foco é feito “na forma como o trabalho de Bruno Moinard, seja para as mais proeminentes ‘maisons’ [casas, ou empreendimentos] de luxo do mundo, seja no contexto do luxo quotidiano, irradia espontaneidade e talento instintivo”. O espaço GalaxyArt fica no primeiro andar do Galaxy Promenade, Galaxy Macau.

25 Jul 2025

Cotai | Rapper chinês Yitai Wang apresenta último álbum no Galaxy

“Love Me Later” é o nome do último disco de Yitai Wang, rapper chinês, e também o nome do espectáculo que tem subido aos palcos nos últimos tempos integrado na digressão do músico. Macau também está na agenda e acolhe, este domingo, o concerto de Yitai Wang na G Box do Galaxy Macau

 

Este domingo é dia de estreia para o rapper chinês Yitai Wang, que pela primeira vez sobe a um palco de Macau para apresentar a sua música. O concerto “Love Me Later” acontece no espaço G Box do Galaxy Macau a partir das 20h e traz ao público local a oportunidade de ouvir os mais recentes êxitos do artista que começou a sua carreira no grupo de Chengdu CDC.

Depois, a partir de 2018, Yitai Wang embarcou numa carreira a solo, acabando no top seis dos músicos mais importantes do “The Rap of China”. Seguiu-se a participacão em programas musicais na China como “I’m CZR” e “Me to Us”.

“Love Me Later”, que dá nome a este espectáculo no Cotai, é o terceiro álbum de estúdio do artista e inclui faixas como “Time To Be A Man”, “Wake Up”, “Rich Forever”, “Do It Like This” ou “Where to Go”. De frisar que, antes da estreia do músico em Macau, o rapper passou por Hong Kong com a mesma digressão em Abril, tendo actuado no Macpherson Stadium.

Viagem sentimental

Segundo a apresentação do álbum “Love Me Later” na plataforma de streaming Apple Music, este é um trabalho discográfico que “apresenta um conceito abrangente e uma lista de colaboradores internacionais”, revelando a forma como o músico embarcou “numa jornada pelo tempo e emoções”.

Na mesma descrição, o artista confessa que quando se começa a ouvir o álbum “pode começar a sentir-se um pouco deprimido”, mas que depois surge uma mistura de experiências e emoções transmitidas através da música.

“De repente começo a fazer uma perspectiva de experiências passadas, com laivos que levaram à construção de algo com confiança. Na música ‘Where To Go’ já não estou preocupado com o que possa vir a acontecer, e na segunda parte do álbum já olho essencialmente para o futuro”, descreveu.

Este trabalho foi escrito e produzido ao longo de dois anos em Los Angeles, contando com colaborações de artistas como Masiwei, rapper de Chengdu e ainda dois rappers americanos, o que demonstra os passos de Yitai Wang na internacionalização da sua carreira. Este trabalhou também, neste último álbum, com o produtor premiado Myles William, que deambula pelas sonoridades do trap beat.

O portal RADII descreve o artista de Chengdu, Sichuan, como um dos principais nomes do rap chinês actual, que descobriu “o talento para o hip hop por acaso”, depois de ter estudado piano. “Estava a tentar fazer rap com as músicas do Eminem e os meus amigos disseram: ‘Uau, você fez muito bem’. Então pensei: ‘Eu consigo fazer rap’, e comecei a tentar escrever as minhas próprias letras”, descreveu, segundo o mesmo portal.

24 Jul 2025

“Art Macao” | Galeria HWA apresenta trabalho de Zhang Zhanzhan

A “Art Macao – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” chegou à cidade e com ela várias iniciativas culturais. Uma delas é a nova exposição patente na Galeria HWA, no Lisboeta Macau, que revela o trabalho do artista Zhang Zhanzhan. “Hi, Luck!” fica patente até Setembro

 

É em torno da temática da sorte que gira a nova exposição da Galeria HWA, patente no Lisboeta Macau. “Hi, Luck!”, com trabalhos de Zhang Zhanzhan, integra a edição deste ano da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” e fica disponível para visitas do público até Setembro.

Segundo uma nota oficial sobre o evento, esta exposição realiza-se em parceria com a ArtDeport e apresenta o trabalho do conhecido artista contemporâneo chinês. Esta é uma das “exposições colaterais” da bienal, que tem como tema “Ei, o que o traz aqui?”, explorando as ideias de “ver, aproveitar e abraçar a sorte da arte que transforma o caos da vida de uma forma significativa”.

Segundo a mesma nota, o artista “é conhecido pela sua profundidade filosófica e visão inovadora”, sendo que as colecções e exposições que tem realizado em toda a Ásia “são observações da vida quotidiana com contemplação existencial, mostrando a fusão característica de Zhang entre brilhantismo visual e ressonância intelectual para apresentar a sorte como uma experiência humana significativa”.

Para aí virado

Segundo a página oficial da “Art Macao”, Zhang Zhanzhan acredita que “a sorte não é um presente fortuito, mas uma disposição de espírito marcada por uma consciência aguçada, uma busca activa e um acolhimento sincero na vida quotidiana.”

Desta forma, as obras presentes na Galeria HWA “capturam fragmentos do tempo, guiando-o a ‘ver a sorte’ — o brilho subtil na neblina matinal”, ou ainda a “agarrar a sorte”, explorando a ideia de um “voo em encontros fugazes”, ou ainda a “abraçar a sorte”, em que o público pode, ao visualizar os trabalhos artísticos, “entrelançar o calor da vida numa ressonância harmoniosa com o mundo”.

Assim, nesta exposição, “a arte serve como uma lanterna, iluminando o significado no caos e explorando, em conjunto, a verdadeira essência da sorte”.

Zhang Zhanzhan nasceu em Hebei, em 1982, tendo-se formado na Escola de Belas Artes da Universidade de Artes de Nanjing em 2008. Uma das exposições mais recentes que realizou foi em 2023, com o nome “Out Of This World”, patente no Museu de Arte Contemporânea de Yinchuan. No ano anterior, o artista estreou “Post-me Generation: How to Write About Young Artists”, em Pequim. No ano passado, e também em Pequim, Zhang Zhanzhan realizou “You’re Always on My Mind” no conhecido Distrito de Arte 798 de Pequim.

23 Jul 2025

FRC | Imagens de Timor-Leste expostas até Agosto

Chama-se “Uma Viagem à Terra do Crocodilo no Ano da Serpente” e é a nova exposição de fotografia patente na Fundação Rui Cunha, da autoria de Cristiana Figueiredo. Às imagens juntam-se os textos de Bibi Ain. São 25 fotografias de “pessoas, lugares e coisas”, numa viagem repleta de emoções

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura hoje, a partir das 18h30, uma exposição fotográfica sobre Timor-Leste intitulada “Uma Viagem à Terra do Crocodilo no Ano da Serpente”, com imagens da autoria de Cristiana Figueiredo e textos de Bibi Ain. Esta iniciativa “resulta de uma viagem de descoberta, para uma, e de reencontro, para o outro, no princípio deste ano”.

Com o subtítulo “Pessoas. Lugares. Coisas”, a mostra inclui 25 fotografias que revelam visualmente o que os textos descrevem sobre as emoções impregnadas nos pequenos detalhes da jornada. Segundo os autores, citados por uma nota da FRC, “no início de 2025 embarcámos numa viagem para Timor-Leste”, tendo sido “a descoberta das raízes de casa, o abraço dos entes queridos, o reaparecimento de memórias doces e frágeis”, ou ainda “entrar num livro de História e sentir o acolhimento do desconhecido”.

“A viagem foi uma espreitadela íntima e inspiradora em Timor-Leste, onde perspectivas aparentemente díspares se uniram para criar novas perspectivas, sobre as pessoas e os lugares deste pequeno país maravilhoso», revela o par de viajantes no seu manifesto. Cristiana Figueiredo adianta ainda que “por detrás da lente, testemunhei a transformação de comportamentos tímidos em sorrisos tropicais generosos que revelavam vislumbres íntimos e fugazes”.

Histórias e imagens

A autora diz ter encontrado, nesta viagem, “uma paisagem que se entregava à captura da janela de um carro em movimento numa estrada esburacada, ou de um momento tranquilo com os pés enterrados na areia quente, acariciados pelo som das ondas a bater”. Assim, “partilhar esta experiência inesquecível através das fotografias desta exposição é a minha carta de amor a Timor-Leste”, frisou.

A vida de Cristiana Figueiredo é uma tapeçaria tecida em três continentes, segundo a sua biografia. “Nascida em Angola, passou os seus anos de formação em Portugal. Nas tardes tranquilas depois da escola, folhear as enciclopédias de arte dos pais despertou a sua paixão pelas artes, um fascínio precoce que a inspirou a fazer vários cursos de curta duração em história da arte, desenho e pintura, e a dedicar-se à fotografia, lançando as bases para o seu percurso criativo”, lê-se. Após a conclusão da licenciatura em Sociologia na Universidade do Porto, a vida de Cristiana levou-a até Macau, onde, nos últimos 23 anos, foi empreendedora local no sector alimentar e das bebidas, tendo virado a sua criatividade para o design gráfico, branding e design de interiores. Recentemente, Cristiana tornou-se criadora visual a tempo inteiro, explorando diversos meios, capturando continuamente o mundo que a rodeia e reimaginando-o através das suas lentes, pincéis e computador.

Por todo o lado

Por sua vez, a vida de Bibi Ain é uma tapeçaria tecida entre três países: Timor-Leste, Austrália e China. Nascido em Timor-Leste, passou os seus anos de formação na Austrália. Estudou Arte, História da Arte, Cinema e Televisão, Literatura Inglesa e Italiana, Arquitectura, Gestão de Empresas e, por fim, Gestão Turística. Serviu o seu país como Diplomata nos últimos trinta anos. Bibi Ain, nome artístico, deriva da palavra tétum “bibi” (cabra) e “ain” (pé). “Como um cabrito que salta por todo o lado com entusiasmo em busca de uma nova aventura, a minha família apelidou-me assim para reflectir a minha sede de viajar”, explica na mesma nota. As imagens e textos vão estar expostos até ao dia 2 de Agosto de 2025.

22 Jul 2025

Lisboa | Vítor Marreiros protagoniza mostra “Camões Cinco Zero Zero”

Vítor Hugo Marreiros apresenta a partir do próximo sábado uma exposição em Lisboa na Galeria Passevite. Trata-se de “Camões Cinco Zero Zero”, que celebra os 500 anos do nascimento daquele que é considerado o poeta maior da língua portuguesa

 

Chama-se “Camões Cinco Zero Zero” e, mais do que ser o nome da nova exposição de Vítor Hugo Marreiros, é uma iniciativa que mostra o trabalho do artista e designer macaense em Portugal. A inauguração acontece no centro de Lisboa, na Galeria Passevite, no próximo sábado a partir das 18h30. A exposição que ficará patente neste espaço até ao dia 30 de Agosto.

Segundo uma nota de imprensa, a mostra “assinala os 500 anos do nascimento de Luís de Camões”, partindo de uma ideia original do designer gráfico Henrique Silva, mais conhecido por Bibito, que reside em Macau há muitos anos. Desta forma, aquilo que se faz em “Camões Cinco Zero Zero” é uma “leitura contemporânea e simbólica da figura do poeta através dos cartazes que Victor Marreiros tem criado ao longo de mais de três décadas para assinalar o 10 de Junho em Macau”.

Nesta exposição, retira-se Camões “do contexto habitual”, surgindo a imagem do poeta com novas interpretações espelhadas na “liberdade gráfica, humor e espírito crítico, numa série que é, simultaneamente, memória e criação”.

Uma mostra inédita

A exposição chega a Lisboa graças ao apoio do IPOR – Instituto Português do Oriente e da Herdade do Perdigão. Esta é a primeira vez que Vítor Hugo Marreiros expõe o seu trabalho em Portugal.

De destacar que Camões é uma presença constante num dos trabalhos pelos quais Marreiros tem sido mais conhecido nos últimos tempos: os cartazes do 10 de Junho promovidos pela Casa de Portugal em Macau e que são desenhados por si, numa mistura constante de elementos que remetem para a portugalidade.

Vítor Hugo Marreiros tem uma carreira de mais de 45 anos dedicada às artes visuais, cenografia e design gráfico, e que foi reconhecida internacionalmente com mais de 200 prémios e distinções.

O artista e designer nasceu em Macau em 1960, e é membro fundador do CAC – Círculo dos Amigos da Cultura de Macau e também da Associação de Design de Macau. Estudou, nos anos 80, na Escola Superior de Belas Artes do Porto, subsidiado pelo Instituto Cultural, entidade onde, mais tarde, trabalhou durante vários anos. Ganhou, das mãos do Governo de Macau, ainda nos anos da administração portuguesa, a Medalha de Mérito Profissional a 5 de Outubro de 1999. Durante a exposição estará disponível uma edição especial de serigrafia, numerada e assinada pelo artista, bem como o catálogo da mostra.

21 Jul 2025

Arte Macau | Obras de nove artistas internacionais juntas em exposição

A Sands China apresenta duas exposições no âmbito da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau, que vão reunir obras de nove artistas internacionais: “Dopamina: Fonte da Felicidade” e “Para Além da Moldura: Obras-primas Internacionais Contemporâneas”. As mostras são inauguradas no fim do mês

 

A Sands China irá exibir duas exposições, parte da programação da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau. “Dopamina: Fonte da Felicidade” e a “mostras colateral” “Para Além da Moldura: Obras-primas Internacionais Contemporâneas” são inauguradas no 29 de Julho e vão estar em exibição até 15 de Outubro.

“Dopamina: Fonte da Felicidade”, que estará patente no Venetian Macao, irá reunir obras de nove artistas contemporâneos internacionais da Ásia, Europa e Estados Unidos: Craig & Karl, os artistas locais Bibi Lei e Hei Lok, GRAFFLEX, Ilya Milstein, Jun Oson, Jonni Cheatwood e Song Zhou.

Prosseguindo a tendência crescente de infantilização estética da arte contemporânea actual da região, as obras reinterpretam personagens conhecidas mundialmente do universo da “Rua Sésamo”, como Elmo, Big Bird e Ernie.

A Sand China salienta que “os artistas exploram as vastas possibilidades da arte contemporânea, criando estilos distinto através da fusão da mitologia romana com a arte da dopamina”.

Até à Rua Sésamo

Produzida pela organização sem fins lucrativos Sesame Workshop, a “Rua Sésamo” tem sido pioneira na televisão infantil há mais de 50 anos, misturando educação e entretenimento para nutrir gerações de mentes jovens. A Sands China convidou nove artistas a reimaginarem o espírito e a ética intemporais da “Rua Sésamo” através de uma lente carregada de dopamina.

“Através de cores vivas, imaginação sem limites e um novo modo de interacção entre a arte e o espaço público, a exposição transmite alegria em tons vibrantes, convidando os visitantes a passear e a experimentar naturalmente a felicidade e a ressonância emocional que a arte pode oferecer”, indica a Sands China.

Por outro lado

A mostra colateral, como a organização designa, “Para Além da Moldura: Obras-primas Internacionais Contemporâneas”, que estará patente na Sand Gallery localizada nas Grand Suites do hotel Four Seasons, é composta por criações de seis artistas da exposição principal: Hei Lok, GRAFFLEX, Ilya Milstein, Jun Oson, Jonni Cheatwood e Song Zhou.

A organização salienta que as obras que vão estar expostas na galeria “quebram as estruturas convencionais através de linguagens visuais distintas, empregando diversas vias de expressão, como pintura, escultura, instalação artística e meios mistos”. A Sand Gallery irá apresentar mais de 60 obras-primas clássicas e novas, que “navegam livremente entre a materialidade, o espaço e as narrativas culturais, forjando novas fronteiras artísticas”.

Prata da casa

Entre os artistas convidados para “Dopamina: Fonte da Felicidade”, destaque para dois criadores locais.

Nascida em Macau de ascendência luso-chinesa, Bibi Lei é uma artista contemporânea sediada em Tóquio que tem atraído a atenção internacional pelo seu estilo de pintura caprichoso e de cores vivas. Uma criadora autodidacta, Bibi Lei pinta intuitivamente com os dedos, retratando frequentemente uma personagem recorrente – a “Brave Girl” – que simboliza a inocência e a coragem, viajando por um mundo onírico cheio de esperança e maravilha infantil.

Lei tornou-se a primeira e mais jovem artista de Macau a atingir um recorde de vendas na Sotheby’s de Londres, com a sua obra a ser vendida a 193 por cento acima do preço estimado, assinalando um marco significativo para a cena artística de Macau. É também a primeira artista feminina de Macau a expor durante a Semana de Arte de Basileia na Art Miami. Desde 2022, a sua carreira tem crescido rapidamente, atraindo a atenção de coleccionadores do Japão, Europa e Ásia. Em apenas dois anos, expôs em Nova Iorque, Paris, Londres, Los Angeles, Dubai, Tóquio, Seul e Hong Kong, estabelecendo-se como uma das artistas emergentes mais promissoras da Ásia.

Hei Lok, nascido no seio de uma família artística conhecida em Macau, é um artista proeminente, curador e defensor da cultura. As suas obras de arte centram-se na cultura local e na vida quotidiana de Macau, caracterizando-se por uma técnica delicada e uma expressão emocional rica. Expôs em Macau, Hong Kong e Portugal, demonstrando um forte sentido de identidade cultural.

Como Presidente da Sociedade de Artistas de Macau e membro do Conselho da Associação de Artistas da China por dois mandatos, há muito que se dedica a promover o intercâmbio artístico e cultural entre Macau e o Tibete, dando continuidade ao legado do seu pai na cooperação inter-regional.

Para além da criação artística, Lok dedica-se também à educação artística, dando início à campanha de arte juvenil “Rainbow Road” que o fim de levar inspiração criativa a comunidades de minorias étnicas em zonas rurais.

20 Jul 2025

Encontro | Jantar reuniu mais de 100 ex-militares recrutados em Macau

Mais de 100 militares recrutados em Macau por Portugal estiveram reunidos num jantar da Doca dos Pescadores para recordar os tempos “alegres” na tropa

Cerca de 100 antigos militares recrutados em Macau entre 1936 e 1975 estiveram reunidos na terça-feira à noite num jantar de confraternização que decorreu na Doca dos Pescadores. O segundo evento no espaço de cinco anos teve como objectivo reunir colegas, matar saudades de outros tempos, contou com discursos por videoconferência e até um momento para se cantar o hino de Portugal.

Um dos presentes no evento foi Mário Lemos, de 86 anos, e por ser o recruta mais antigo na cerimónia, do ano de 1959, teve direito a sentar-se na mesa de honra da comissão organizadora, liderada por Francisco Manhão.

Da tropa, Lemos recorda outros tempos, mais agitados: “A tropa foi uma aventura de juventude, onde passei um ano e meio. A recruta foram seis meses e depois passei para assumir funções na secretaria do quartel general”, recordou. “Eu fazia praticamente tudo, porque tinha concluído o segundo ciclo, fiz muitas coisas diferentes. Também fazia tradução porque vinham pessoas de Portugal e não dominavam a língua chinesa. Servi muitas vezes de ligação com a rapaziada de Portugal. Na altura havia muita gente de etnia chinesa e muitos deles não falavam português”, contou.

O domínio do cantonês levou também a que muitas vezes Mário Lemos tivesse de lidar com as queixas da população face ao comportamento de alguns tropas, embora realce que não eram coisas muito frequentes. “Às vezes até havia problemas lá fora, as pessoas vinham fazer queixa e eu servia de tradutor para resolver os assuntos. Para mim foi um tempo muito animado”, indicou. “Mas não havia muitas queixas. Eram coisas de juventude”, considerou. E entre as queixas, não era incomum que a população se queixasse do assédio dos militares a algumas raparigas mais jovens.

O ex-militar admitiu ter saudades dos tempos da tropa e mostra a cédula militar com orgulho, onde consta um louvor recebido no final do tempo servido no exército: “No final da tropa eu recebi um louvor do Chefe de Estado Maior no Comando Militar em Macau. Não era fácil”, relatou. “Eu fiquei muito orgulhoso”, confessou.

Os tempos mais agitados como militar contrastam com aposentação. Após mais de 30 anos na Função Pública, Lemos viveu no Canadá, durante 12 anos, antes de regressar a Macau. Agora a vida é mais calma. “Eu sou uma pessoa que fica sempre muito em casa, não tenho muita vida social”, reconheceu. Ainda assim admitiu gostar do ambiente deste tipo de jantares.

 

Vestido a rigor

José Madeira, aos 73 anos, foi recrutado em 1974 em Macau, onde nasceu e vive. Actualmente, encontra-se reformado, depois de uma carreira da Função Pública, e aproveitou o convívio para rever alguns amigos e meter a conversa em dia.

“Foi uma boa ocasião para estar com os amigos. Conheço as pessoas quase todas, porque a maioria são macaenses, Macau é uma terra pequena e conhecemo-nos quase todos. É fácil”, contou Madeira, vestido com a camisola alternativa da selecção nacional de futebol. “Para mim não é uma questão de não ver as pessoas, eu vejo regularmente estes amigos, porque temos grupos e encontramo-nos regularmos”, explicou.

No entanto, o jantar dos ex-recrutas não deixa de ser diferente, reconhece o macaense, até porque acaba por fazer com que as conversas girem mais à volta dos tempos passados na tropa. “Neste jantar acabamos por recordar mais os nossos tempos de juventude e na tropa”, considerou.

Durante o período no exército, José Madeira desempenhou as funções de enfermeiro. “Não tinha muito muito trabalho, normalmente lidava com consultas diárias de rotina”, recordou. Os casos mais comuns implicavam alergias, principalmente entre os militares que vinham de Portugal. “Os militares metropolitanos geralmente não se adaptavam à humidade e a maioria deles sofria de alergias da pele”, lembrou.

Sobre a experiência na tropa, o macaense recorda “um período de convívio”, de “amizade”, “solidariedade” e “de trabalho em equipa”. A recruta foi o período mais complicado, porque numa Macau em que o Inverno era mais rigoroso, era necessário entrar dentro do mar nas praias, sem a possibilidade dos militares tomarem banho se lavarem ou secarem, de forma a aprenderem a lidar com as adversidades do combate.

 

Caminhos obrigatórios

Recrutado em 1970, Mário Sin, com 75 anos, recorda dos tempos da recruta o impacto causado pelo frio de Inverno. “O clima era um pouco diferente, quando chegava a Janeiro era muito frio. Agora não, o tempo está sempre mais quente”, lembrou. “Por isso, a malta sofria quando entrava na recruta, porque estávamos no Inverno”, atirou.

No entanto, mesmo que não houvesse vontade, Sin apontou que a recruta era obrigatória, e sem o cumprimento do serviço militar as oportunidades profissionais ficavam muito limitadas: “Na altura não tínhamos alternativa, tínhamos de cumprir o serviço militar. Sem o cumprimento do serviço militar não era possível trabalhar, não se podia concorrer para a Função Pública, e também não éramos aceites em outros trabalhos”, justificou.

Contudo, Sin admite que os tempos como militares foram muitos felizes: “A malta gozava um pouco com aquilo, todos os dias eram muito alegres. Mas havia exercícios muito puxados, aliás os exercícios eram sempre puxados. Só que como a malta vinha da escola tinha boa energia para lidar com aquilo. Havia boa genica”, explicou. “Se fosse agora é que não havia força”, acrescentou a rir-se.

Para Mário Sin o jantar foi mais uma oportunidade de conviver com vários colegas, com quem admitiu encontrar-se regularmente.

17 Jul 2025