Padre e outros três homens acusados de violação e assassínio de criança na Índia

Um padre e outros três homens foram acusados de violação coletiva e assassínio de uma rapariga de nove anos de uma casta inferior, anunciou hoje a polícia indiana, num caso que está a gerar protestos em Nova Deli. Os quatro homens, detidos desde o início de agosto, podem enfrentar a pena de morte.

Em 01 de agosto, a criança de nove anos teria sido agredida por um padre de 53 anos e três trabalhadores de um crematório, localizado perto da casa da família, no sudoeste de Nova Deli, quando a rapariga estava a ir buscar água.

Os acusados ligaram para a mãe a dizer que a rapariga havia sido electrocutada e se denunciasse o incidente à polícia, os médicos que realizariam a autópsia removeriam os órgãos da criança e os venderiam.

O corpo da criança foi cremado, mas os residentes intervieram para remover os restos carbonizados da pira.

A acusação da polícia de Nova Deli, que tem 400 páginas, refere-se a “evidências científicas, técnicas e outras” e testemunhos, segundo um comunicado divulgado pelo Governo no sábado à noite.

A nota sublinhou que o Governo agiu para que os supostos autores fossem acusados dentro do prazo de 30 dias, o que atestaria a sua “tolerância zero” para os crimes contra mulheres e raparigas neste país de 1,3 mil milhões de habitantes.

Uma média de quase 90 violações de raparigas e mulheres foram registadas diariamente na Índia em 2019, de acordo com dados oficiais. Entretanto, um grande número de agressões sexuais não é relatado.

A comunidade ‘dalit’, que conta com 200 milhões de pessoas pertencentes ao nível mais baixo do sistema hierárquico de castas da Índia, há muito é vítima de discriminação e violência na Índia, com ataques crescentes desde o início da pandemia do novo coronavírus.

30 Ago 2021

Educação | Pensamento de Xi Jinping nos currículos escolares

O Ministério da Educação da China anunciou ontem que escolas e universidades devem incorporar nos seus currículos conteúdo sobre o pensamento político do Presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista da China (PCC), Xi Jinping.

A directriz visa “ajudar os adolescentes a acreditar no marxismo” e cultivá-los com uma “forte base moral, intelectual, física e estética” que lhes permita “formar os seus próprios julgamentos e opiniões políticas”.

“As escolas primárias vão ter como foco a promoção do amor ao país, ao PCC e ao socialismo. As escolas secundárias combinarão o estudo com a experiência perceptiva, enquanto as universidades enfatizarão o pensamento teórico”, destacou o texto.

O ministério acrescentou que “estudar o pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era é a tarefa mais importante que o PCC e o país têm” e que “é necessário armar as mentes dos estudantes” com essa doutrina.

“Deve ser sintetizado e esclarecido. Devemos também fornecer aos alunos ferramentas para desenvolver o seu espírito de sacrifício, bem como noções para que aprendam tudo relacionado ao conceito de segurança nacional”, sublinhou o texto.

Solicita-se também o reforço das “tradições revolucionárias” para “continuar a desenvolver o socialismo com características chinesas”, que Xi considerou, em 2021, um “caminho único para a civilização chinesa”, que “criou um novo modelo de progresso humano”.

Homem do leme

Desde que assumiu a liderança da China, em 2013, Xi Jinping tornou-se o centro da política chinesa e é hoje considerado um dos líderes mais fortes da história recente do país, comparável ao fundador da República Popular, Mao Zedong.

O pensamento político de Xi foi incluído nos estatutos do Partido e na Constituição do país, durante o Congresso do PCC, em Outubro de 2017.

26 Ago 2021

Covid-19 | Pandemia empurra até 80 milhões de pessoas para a pobreza extrema na Ásia

Entre 70 milhões a 80 milhões de pessoas na Ásia-Pacífico atingiram níveis de pobreza extrema em 2020 devido à pandemia de covid-19, situação que ameaça o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável da região, foi hoje divulgado.

O alerta é dado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, na sigla em inglês) que mostra este aumento da pobreza extrema – cenário em que cada pessoa vive com menos de 1,90 dólares (1,62 euros) por dia – num relatório sobre os indicadores económicos de 49 países da região, incluindo China, Índia, Japão, Indonésia e Bangladesh, entre outros.

Num comunicado, o banco multilateral destacou que, em 2017, a pobreza extrema afetava cerca de 203 milhões de pessoas na Ásia, ou seja, 5,2% da população dos países em desenvolvimento, e que sem a crise pandémica as projeções apontavam para uma redução na ordem dos 2,6% em 2020.

Os países da Ásia-Pacífico “fizeram progressos impressionantes, mas a covid-19 expôs fissuras sociais e económicas que podem minar o desenvolvimento sustentável e inclusivo na região”, assinalou o economista-chefe do ADB, o japonês Yasuyuki Sawada.

No mesmo relatório, o organismo advertiu que a pandemia ameaça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável acordados pelas Nações Unidas para 2030, a conhecida Agenda 2030, em especial nesta região.

Eliminação da pobreza e da fome e melhores sistemas de saúde e de educação são alguns dos 17 objetivos estabelecidos na Agenda 2030.

“Para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável para 2030, os decisores políticos precisam de estar munidos de dados atualizados e de qualidade para tomarem decisões sustentadas que assegurem que a recuperação não deixa ninguém para trás, especialmente os pobres e vulneráveis”, frisou Yasuyuki Sawada.

Durante uma parte da atual crise pandémica, a Ásia constou entre as regiões menos afetadas, quando comparada com a Europa ou com o continente americano, mas as restrições impostas devido à propagação do coronavírus SARS-CoV-2 causaram sérios danos às economias mais frágeis.

Também foi nesta região que foi detetada inicialmente, na Índia, a variante Delta do coronavírus SARS-CoV-2, identificada como mais transmissível e mais resistente, o que acabou por ter fortes repercussões na zona.

Outro dado importante é que o ritmo da vacinação contra a covid-19 na região continua muito lento, salvo algumas exceções como Singapura (com 74% da população já com o esquema vacinal completo) e o Japão (40%).

25 Ago 2021

Duas pessoas sofreram queimaduras em ataque no metro de Tóquio

Duas pessoas sofreram queimaduras, na terça-feira à noite, num ataque com ácido sulfúrico numa estação do metropolitano de Tóquio e o atacante continua a ser procurado, anunciou hoje a polícia.

Um homem de 22 anos ficou queimado no rosto por um líquido lançado por um indivíduo nas escadas rolantes da estação, disse um porta-voz da polícia. O atacante fugiu, acrescentou.

De acordo com a cadeia de televisão pública japonesa, a NHK, o líquido era ácido sulfúrico. Uma mulher de 34 anos escorregou e ficou ligeiramente queimada nas pernas por causa do líquido.

Este ataque, muito raro no país, na estação de metro de Shirokane-Takanawa, no centro de Tóquio, ocorreu no mesmo dia da abertura dos Jogos Paralímpicos Tóquio2020, sob fortes medidas de segurança.

Os Paralímpicos vão decorrer até 05 de setembro, sem público devido à covid-19. No início de agosto, enquanto decorriam os Jogos Olímpicos, um ataque com faca num comboio suburbano de Tóquio causou dez feridos. O atacantes, um japonês com cerca de 30 anos, foi rapidamente detido.

25 Ago 2021

Afeganistão | China contra imposição de sanções aos talibãs

A China disse hoje que a comunidade internacional deve apoiar oportunidades para desenvolvimentos positivos no Afeganistão, em vez de impor sanções aos talibãs.

“A comunidade internacional deve encorajar e promover o desenvolvimento da situação no Afeganistão numa direção positiva, apoiar a reconstrução pacífica, melhorar o bem-estar das pessoas e aumentar a sua capacidade de desenvolvimento independente”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, aos jornalistas, em conferência de imprensa. “Impor sanções e pressão a cada passo não resolve o problema e é contraproducente”, disse Wang.

A China, que compartilha fronteira com o Afeganistão, aproveitou o caos no aeroporto de Cabul para redobrar as suas críticas à intervenção dos EUA no país, particularmente a tentativa de instalar uma democracia ao estilo ocidental. Pequim manteve aberta a sua embaixada em Cabul e procurou manter boas relações com os Talibã.

24 Ago 2021

Myanmar | Ex-líder detida Aung San Suu Kyi está sem contacto com advogados há seis semanas

A líder birmanesa deposta, Aung San Suu Kyi, não consegue reunir-se com os seus advogados há seis semanas, denunciaram hoje os representantes legais da Nobel da Paz que se encontra detida desde o golpe de Estado de fevereiro.

Um dos advogados da chefe do governo civil de Myanmar (antiga Birmânia) deposta, identificado como Khin Muang Zaw, confirmou à agência espanhola EFE que as audiências do processo contra Aung San Suu Kyi, cuja realização está prevista para um tribunal da capital do país (Naypyidaw), foram novamente adiadas e reagendadas para os próximos dias 06 e 07 de setembro.

“Não haverá audiências na próxima segunda e terça-feira, o que significa que não temos contacto com os nossos clientes há seis semanas”, afirmou o causídico, que também representa o Presidente birmanês deposto (Win Myint), acrescentando que apresentou junto da instância judicial um pedido para ver os seus clientes.

Desde julho passado, as audições do processo contra Aung San Suu Kyi têm sido adiadas de forma consecutiva.

A primeira justificação prendeu-se com o facto de as audiências coincidirem com feriados nacionais, tendo sido depois o agravamento da pandemia da doença covid-19 no país o motivo apontado para o adiamento.

A Nobel da Paz (1991) está sob custódia das autoridades birmanesas desde as primeiras horas do golpe de Estado militar de 01 de fevereiro deste ano, tendo sido acusada de vários crimes.

No processo que está a decorrer no tribunal da capital birmanesa, a política de 76 anos é acusada de incitação ao ódio, de uma alegada importação ilegal de aparelhos eletrónicos e de violação das normas contra a propagação da pandemia de covid-19.

Suu Kyi, que permanece detida num local desconhecido após ter passado várias semanas em prisão domiciliária, também enfrenta uma acusação por violação de informações secretas, processo que está a decorrer em outro tribunal em Rangum.

Neste caso concreto, Aung San Suu Kyi pode incorrer numa pena de prisão até 14 anos.

O exército de Myanmar justificou o golpe de Estado militar de 01 de fevereiro deste ano com supostas fraudes eleitorais durante as legislativas de novembro de 2020, cujo resultado deu a vitória à Liga Nacional para a Democracia, força política liderada por Aung San Suu Kyi.

As eleições legislativas foram consideradas legais pelos observadores internacionais.

Desde então, Myanmar encontra-se numa situação de caos, com a economia paralisada e palco e manifestações e distúrbios fortemente reprimidos pelas forças militares e pela polícia birmanesa, que chegaram a disparar balas reais, além do recurso a gás lacrimogéneo, balas de borracha e granadas de choque, contra os manifestantes.

A par das manifestações, a contestação também tem sido expressa em greves conduzidas por milhares de trabalhadores do setor público (e igualmente do setor privado) em todo o país, que geraram problemas em várias áreas de atividade, incluindo saúde, banca, educação e indústria.

Segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), a repressão da oposição birmanesa fez mais de 1.000 mortos e mais de 7.130 pessoas foram detidas arbitrariamente.

A junta militar no poder comprometeu-se recentemente a realizar novas eleições no país “até agosto de 2023”.

No passado dia 26 de julho, a junta militar anulou os resultados das eleições de novembro, alegando que mais de 11 milhões de casos de fraude tinham sido detetados, acusação que o partido de Aung San Suu Kyi negou.

24 Ago 2021

Várias plataformas digitais chinesas excluem actor Zhang Zhehan depois de visita polémica

Várias plataformas digitais chinesas excluíram os filmes e relatos pessoais do actor Zhang Zhehan, depois deste ter visitado o santuário japonês de Yasukuni, que abriga os restos mortais de vários soldados que participaram na invasão da China durante a primeira metade do século XX.

O jornal estatal “Global Times” afirmou que os episódios em que Zhang actua nas séries “Demon Girl” e “Word of Honor!”, bem como nos “reality shows” “Everybody Stand By” e “Keep Running” saíram das plataformas mais populares, como a Bilibili.

Outras plataformas de “streaming” de música na Internet, como QQ Music ou NetEase, excluíram as músicas e as contas pessoais de Zhang, que também cantor, enquanto Douyin (homologo chinês do TikTok) também fez o mesmo com seu perfil.

Também marcas como Wahaha, uma empresa de bebidas, a joalheira Pandora ou a têxtil Shanghai Mercury rescindiram os seus contratos com a estrela.

De acordo com o citado jornal, “o boicote contra Zhang acontece depois que a Associação de Artes Cénicas da China ter emitido uma circular, a 15 de agosto, na qual instava a indústria a vetar Zhang, já que sua conduta era altamente imprópria pois não só prejudica os sentimentos nacionais, mas é uma má influência sobre os adolescentes que o seguem”, segundo noticia a agência espanhola Efe.

Esta semana, a Federação Chinesa das Associações de Rádio e Televisão realizou um seminário no qual participaram alguns dos atores e “influenciadores” mais conhecidos do cenário nacional chinês e no qual os organizadores tentaram alertar os participantes para o que o Global Times chama de “violação de leis ou falta da ética”.

Várias fotos compartilhadas nas redes sociais nos últimos dias mostram Zhang nos santuários japoneses Yasukuni e Nogi. O actor e cantor publicou um pedido de desculpas online, que até o momento não tem servido para reverter a situação.

O Santuário Yasukuni é um templo xintoísta construído em 1869 em Tóquio, e nele repousam, entre muitos outros, os restos mortais de catorze militares e políticos de alto escalão considerados criminosos de guerra por suas ações durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente.

23 Ago 2021

Natalidade | Formalizada política de três filhos por casal em vez de dois

A China tenta evitar o envelhecimento acelerado da população que põe em risco o desenvolvimento económico do país. No entanto, os casais permanecem ainda renitentes em aumentar o agregado familiar face à subida do custo de vida e às frágeis condições das mulheres no mercado de trabalho

 

A China formalizou a alteração legislativa que autoriza os casais a terem até três filhos, em vez de dois, depois de o último censo demográfico ter revelado uma forte desaceleração no crescimento populacional.

A decisão tinha sido anunciada em Maio, e foi formalizada com a aprovação, na sexta-feira, de uma emenda à Lei da População e Planeamento Familiar pelo comité permanente do Congresso Nacional do Povo.

A emenda anula as medidas restritivas que estavam em vigor, incluindo as multas a casais que tivessem mais filhos do que os permitidos por lei, segundo a agência oficial Xinhua.

Com as alterações, as autoridades locais passam a oferecer licença parental para promover os direitos das mulheres no emprego e está prevista a criação de mais infantários em áreas públicas e locais de trabalho.

A China praticou a política “um casal, um filho” entre 1979 e 2015, para desacelerar o crescimento da sua população e preservar os recursos escassos para a sua economia em expansão.

Em 2016, passou a permitir dois filhos por casal, mas acabou por subir o limite para três, este ano, devido à baixa taxa de natalidade. No entanto, os casais permanecem reticentes em ter mais filhos, face aos elevados custos de vida e discriminação das empresas contra as mães.

A queda na taxa de natalidade é vista pelos dirigentes chineses como uma grande ameaça ao progresso económico e à estabilidade social no país asiático.

Sempre a descer

No início de Maio, os resultados do censo realizado em 2020 revelaram um envelhecimento mais rápido do que o esperado da população chinesa.

A população aumentou em 72 milhões de pessoas nos últimos 10 anos, para 1.411 milhões, segundo os dados oficiais.
O crescimento médio anual fixou-se em 0,53 por cento, em termos homólogos, uma queda de 0,04 por cento, em relação à década anterior.

No ano passado, marcado pela pandemia de covid-19, o número de nascimentos caiu para 12 milhões, face a 14,65 milhões, em 2019, quando a taxa de natalidade (10,48 por 1.000) foi já a menor desde a fundação da República Popular da China, em 1949. A queda de nascimentos em 2020 ocorreu pelo quarto ano consecutivo.

A taxa de fecundidade fixou-se em 1,3 filhos por mulher, em 2020, abaixo dos 2,1 estimados pelas Nações Unidas para manter uma população estável.

As autoridades chinesas admitiram que o número de nascimentos na China vai continuar a cair em 2021.
Mas o vice-director da Comissão Nacional de Saúde, Yu Xuejun, disse, em Julho, acreditar que a tendência de queda será invertida no “curto prazo”, libertando o “potencial da fertilidade” na China.

O sucesso dependerá de as políticas de apoio às famílias “serem implementadas de maneira adequada”, disse Yu na altura.

23 Ago 2021

China aguarda criação de governo afegão “aberto e representativo” para reconhecimento

A China disse que está a aguardar o estabelecimento de um governo “aberto, inclusivo e amplamente representativo” no Afeganistão, antes de decidir sobre o reconhecimento das novas autoridades em Cabul.

“Se vamos reconhecer um governo, temos que esperar até que o governo seja formado”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian. “Só depois chegaremos à questão do reconhecimento diplomático”, observou, em conferência de imprensa.

Zhao reiterou que Pequim espera uma “transição suave”, após o retorno dos talibãs ao poder, para evitar mais violência ou um desastre humanitário.

“A China vai continuar a apoiar a reconstrução pacífica do Afeganistão e a fornecer assistência ao desenvolvimento económico e social do Afeganistão, dentro da sua capacidade”, disse Zhao.

O porta-voz afirmou que os talibãs devem cumprir com o seu compromisso de não dar abrigo a terroristas ou permitir que elementos estrangeiros operem no seu território, destacando o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, que Pequim culpa pelos ataques na região noroeste de Xinjiang, que compartilha uma fronteira estreita e remota com o Afeganistão.

Pequim há muito pede que os EUA deixem o Afeganistão, mas condenou o que chama de retirada “apressada” das forças norte-americanas.

A China procurou ter boas relações tanto com o ex-Governo afegão como com os talibãs, hospedando o principal líder político do grupo, o ‘mullah’ Abdul Ghani Baradar, durante as conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, no final do mês passado.

19 Ago 2021

Líderes estudantis de Hong Kong detidos por “defenderem terrorismo”

A polícia de Hong Kong deteve esta quarta-feira três líderes estudantis universitários, acusados de “defenderem o terrorismo”, noticiou a imprensa local. Entre os detidos estão o presidente e mais dois responsáveis do sindicato dos estudantes da Universidade de Hong Kong.

Os três terão participado numa reunião, no mês passado, durante a qual foi aprovada uma moção que lamentava e “apreciava o sacrifício” de um homem que apunhalou um agente da polícia e depois se suicidou, em 01 de julho.

Perante as críticas à moção, aprovada em 07 de julho, com 30 dos 32 presentes a votar a favor, o sindicato decidiu retirá-la, mas a universidade proibiu este mês o acesso ao ‘campus’ dos participantes na reunião.

O presidente do sindicato estudantil, Charles Kwok Wing-ho, de 20 anos, repudiou mais tarde a moção, considerando-a como “extremamente inapropriada”, enquanto outros líderes do movimento estudantil apresentaram desculpas.

De acordo com o diário South China Morning Post, a polícia considerou o ataque um “acto terrorista” de um “lobo solitário”. Em meados do mês passado, agentes das forças de segurança invadiram as instalações do sindicato de estudantes, no âmbito de uma investigação sobre se o grupo tinha defendido ou incitado o terrorismo.

Ao abrigo do artigo 27.º da lei da segurança nacional de Hong Kong, que Pequim impôs ao território no ano passado, os acusados de incitar ou defender o terrorismo enfrentam uma pena de prisão entre cinco a dez anos, “se as circunstâncias da infração (…) forem de natureza grave”. A lei também prevê penas de prisão perpétua para actos de secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras.

19 Ago 2021

Presidente chinês pede redistribuição da riqueza e regulação dos altos vencimentos

O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou hoje a uma “regulação mais forte sobre os altos vencimentos”, no último sinal de que uma campanha inicialmente orientada para as gigantes tecnológicas expandiu-se para abranger objetivos sociais mais amplos.

Segundo a imprensa estatal, durante uma reunião da Comissão Central para Assuntos Financeiros e Económicos do Partido Comunista Chinês (PCC), realizada na terça-feira, e presidida por Xi, o líder chinês enfatizou a necessidade de “regular rendimentos excessivamente altos e encorajar grupos e empresas com altas margens de lucro a devolverem mais à sociedade”.

A comissão acrescentou que, embora o PCC tenha permitido que algumas pessoas e regiões “enriquecessem primeiro”, nas primeiras décadas após o país se abrir à economia de mercado, a prioridade agora é “prosperidade para todos”.

Alguns dos empresários mais ricos da China estão sob crescente pressão desde novembro, quando a oferta pública inicial da financeira tecnológica Ant Group, fundada pelo magnata Jack Ma, foi cancelada. Teria sido a maior entrada em bolsa de sempre, mas foi cancelada depois de Ma ter criticado os reguladores financeiros do país asiático.

Também a empresa de serviços de transporte partilhado Didi Chuxing foi punida pelos reguladores chineses, após ter ignorado avisos para adiar a entrada na Bolsa de Valores de Nova Iorque.

O ensino de acompanhamento e preparação para os exames de acesso ao ensino superior foi outro dos setores afetado.

A Comissão Central para os Assuntos Financeiros e Económicos, que geralmente se concentra em políticas macroeconómicas, fez alusão àquele último setor, afirmando que a China deve criar “condições mais inclusivas e justas para as pessoas melhorarem os seus níveis de educação”.

Trata-se da primeira reunião presidida publicamente por Xi, desde o final de julho.

Pequim está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância do setor dos serviços e do consumo, em detrimento das exportações e construção de obras públicas. Os dados do consumo doméstico têm, no entanto, ficado abaixo das expectativas, tornando mais urgente combater a desigualdade na distribuição de riqueza.

18 Ago 2021

ONG diz que mais de mil pessoas foram “assassinadas” no Myanmar pelos militares desde Fevereiro

Mais de mil pessoas morreram devido à repressão exercida pelas autoridades no poder em Myanmar depois do golpe de Estado de fevereiro, disse hoje a Associação de Apoio aos Presos Políticos.

“De acordo com as nossas informações, 1001 inocentes foram assassinados. O número real de vítimas pode ser muito mais elevado”, refere Tate Naing, secretário da Associação de Apoio aos Presos Políticos birmaneses através de uma mensagem divulgada na rede social Twitter.

A organização não-governamental acompanha a situação dos presos políticos birmaneses desde o golpe de Estado militar, assim como recolhe informações sobre atos de violência contra os civis.

As Forças Armadas justificaram a tomada do poder alegando a existência de fraude eleitoral nas eleições gerais que decorreram no país em novembro de 2020 e que deram a vitória à Liga Nacional para a Democracia.

O golpe de Estado militar do passado dia 01 de fevereiro fez aumentar a instabilidade política e social no país marcada pela violência contra a população.

18 Ago 2021

Afeganistão | China critica retirada dos EUA mas espera trabalho conjunto

A “retirada precipitada” das tropas norte-americanas do Afeganistão teve um “sério impacto negativo” sobre o país, apontou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, ressalvando estar “disposto” a dialogar com Washington para gerir a situação.

O comunicado emitido pelo ministério cita uma conversa por telefone entre o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken.

De acordo com o texto, Wang frisou que a China está “disposta a comunicar e dialogar com os Estados Unidos para promover uma abordagem suave na questão afegã, visando evitar nova guerra civil ou um desastre humanitário, e para que o país não se converta num viveiro e refúgio para o terrorismo”.

Wang indicou que Pequim vai tentar “encorajar os afegãos a estabelecer um país aberto, de acordo com as condições nacionais, e com uma estrutura política inclusiva”.

“Os factos revelam, mais uma vez, que é difícil afirmar, por meio da imposição, modelos estrangeiros em países com história, cultura e condições nacionais diferentes”, observou Wang Yi.

Aquele argumento é frequentemente utilizado pela diplomacia chinesa para refutar acusações sobre o caráter totalitário do regime chinês e violações dos direitos humanos no país.

“Um regime não pode durar sem o apoio do povo”, declarou o ministro chinês, acrescentando que “resolver os problemas pela força e por meios militares só aumenta os problemas”. “Devemos refletir seriamente sobre este ensinamento”, realçou.

No que diz respeito às relações entre os dois países – que se deterioraram desde a presidência de Donald Trump (2017-2021) – a China acredita que o caminho certo é “encontrar uma forma de as duas grandes potências coexistirem pacificamente”.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu uma declaração sucinta, na qual indicou que Blinken e Wang “falaram sobre os acontecimentos no Afeganistão, incluindo a questão da segurança” e os esforços de ambos os países para garantir a segurança dos respetivos cidadãos.

17 Ago 2021

Covid-19 | Hong Kong impõe quarentenas de 21 dias para residentes oriundos de países de alto risco

Hong Kong vai reforçar as restrições de entrada para viajantes oriundos dos Estados Unidos e de mais 15 países a partir de sexta-feira, prolongando as quarentenas para 21 dias.

Anteriormente, os 15 países, que também incluem Espanha, França, Malásia, Tailândia e Países Baixos, eram classificados como de risco médio e os residentes tinham de cumprir apenas sete dias de quarentena, se estivessem totalmente vacinados (duas doses da vacina contra a covid-19), tivessem testado positivo para anticorpos e comprovativo de reserva de quarto em hotel para a quarentena, antes de viajarem para a cidade.

Um ressurgimento de casos de covid-19 nestes países devido à variante delta levou a uma nova classificação daqueles países, que passam agora a ser de alto risco, e à adoção de medidas mais rigorosas, uma vez que se procurou “manter a barreira local contra a importação de covid-19”, de acordo com um comunicado das autoridades locais.

As novas medidas surgiram depois de um residente ter regressado à região administrativa especial chinesa, proveniente dos EUA, no início deste mês, ter recebido um teste positivo para a covid-19, apesar de ter já tomado duas doses da vacina e de ter dado positivo para anticorpos.

Também na sexta-feira, o período de quarentena obrigatória vai ser alargado de sete para 14 dias para viajantes oriundos da Austrália, totalmente vacinados e com um teste de anticorpos positivo.

A Austrália foi agora classificado como país do grupo B, ou de risco médio, onde Portugal também se integra. Já os residentes do território oriundos da Nova Zelândia, o único país do grupo C ou de baixo risco, continuam a ter de fazer uma quarentena de sete dias, se totalmente vacinados.

As autoridades de Hong Kong impuseram restrições fronteiriças rigorosas e proibiram voos de países de risco extremamente elevado, na esperança de que a ausência de casos na comunidade local permita reabrir as fronteiras com a China.

Hong Kong não registava casos locais há cerca de dois meses, quando, no início deste mês, as autoridades identificaram anticorpos no sangue de um trabalhador da construção civil local, de 43 anos, sem história de viagens.

O trabalhador não estava vacinado, o que indica uma infeção local antiga, de acordo com as autoridades sanitárias locais. Desde o início da pandemia, Hong Kong registou 12.037 casos de covid-19 e 212 mortos.

17 Ago 2021

Afeganistão | MNE russo mantém consultas com EUA e China sobre situação do país

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, consultou esta segunda-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o seu homólogo chinês, Wang Yi, sobre a ascensão dos talibãs ao poder no Afeganistão.

De acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Lavrov e Blinken discutiram, numa conversa telefónica, “a situação no Afeganistão após a fuga do Presidente Ashraf Ghani do país” e “a mudança de regime de facto em curso”.

Lavrov informou Blinken sobre as consultas entre a embaixada russa em Cabul e representantes de todas as forças políticas afegãs para assegurar a estabilidade, a lei e a ordem no país. Por seu lado, Blinken deu uma explicação sobre as medidas tomadas pelos EUA para a evacuação do seu pessoal da delegação diplomática e falou sobre outras questões humanitárias.

Os dois diplomatas concordaram em continuar as consultas, envolvendo a China, Paquistão e outros países interessados bem como a ONU, para que se criem as condições “para um diálogo inclusivo entre afegãos”.

Por sua vez, Lavrov e Wang defenderam a coordenação das posições de política externa sobre o que aconteceu no Afeganistão e “o seu impacto na região”.

O enviado especial do Presidente russo Vladimir Putin para o Afeganistão, Zamir Kabulov, disse que o Presidente afegão “merece ser julgado” por ter fugido do país.

“Ele não partiu (do Afeganistão), fugiu. E ele fugiu da forma mais vergonhosa. Mas o que realmente aconteceu: foi eleito de uma forma duvidosa, governou mal e terminou de uma forma vergonhosa. Ele merece ser julgado pelo povo afegão”, afirmou na televisão.

Ao mesmo tempo, apelou a que não houvesse pressa em reconhecer os talibãs, uma decisão que dependerá do seu comportamento, agora que tomaram o poder.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo informou que a situação no país está a estabilizar face à “total ausência, na prática, de resistência por parte do exército nacional, treinado pelos EUA e seus aliados”. Contudo, apelou a todas as partes para que se abstivessem de recorrer à violência e ajudassem a resolver a situação pacificamente.

Depois de várias ofensivas iniciadas em Maio deste ano, na sequência do anúncio dos Estados Unidos da retirada final dos seus militares do Afeganistão, os talibãs conquistaram no domingo a última das grandes cidades que ainda não estavam sob seu poder – a capital, Cabul -, tendo hoje declarado o fim da guerra no Afeganistão e a sua vitória.

O Presidente afegão, Ashraf Ghani, abandonou o país no domingo, quando os talibãs estavam às portas da capital, enquanto os líderes do movimento radical islâmico se apoderavam do palácio presidencial.

A entrada das forças talibãs em Cabul pôs fim a uma campanha militar de duas décadas liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelos seus aliados, incluindo Portugal. As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram antes da entrada dos talibãs na cidade de Cabul.

Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica.

A maioria dos países no Conselho de Segurança expressou na segunda-feira a sua profunda preocupação com a violação dos direitos humanos no Afeganistão e o medo de uma eventual ascensão do terrorismo no país com a subida dos talibãs ao poder.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, que foi o primeiro a falar na reunião de emergência do órgão máximo da ONU, expressou as preocupações partilhadas por grande parte da comunidade internacional.

“Temos de falar a uma só voz para defender os direitos humanos no Afeganistão”, disse Guterres, acrescentando que estava preocupado, “em particular, com relatos de crescentes violações dos direitos humanos contra mulheres e raparigas no Afeganistão que temem um regresso aos dias mais negros”.

O diplomata português também apelou à comunidade internacional para que evite que o terrorismo se enraíze novamente em território afegão e informou que “em grande medida” o pessoal das Nações Unidas presente no país bem como as suas instalações “têm sido respeitados”.

17 Ago 2021

“Pai” do Sudoku morre no Japão aos 69 anos

Maki Kaji, o homem que popularizou o jogo Sudoku, dando-lhe o nome japonês por que ficou conhecido, nos anos 1980, morreu aos 69 anos, anunciou a sua editora, em comunicado.

“Kaji-san, conhecido como o homem que deu o nome ao Sudoku, era amado pelos amantes de ‘puzzles’ do mundo inteiro”, pode ler-se no ‘site’ da Nikoli Publishing House, que fundou.

De acordo com a nota, Maki Kaji morreu no dia 10 de agosto, de cancro biliar. O conceito original do jogo, o “quadrado latino”, foi inventado na Europa do século XVIII por um matemático suíço, Leonhard Euler.

A versão moderna, com uma subdivisão em nove quadrados com nove quadrículas, foi descoberta numa revista norte-americana, no início da década de 1980, por Maki Kaji, que depois a importou para o Japão.

Encontrar um novo puzzle é “como encontrar um tesouro”, disse Maki à BBC, em 2007. O nome japonês Sudoku é uma contração da frase “os números devem ficar sozinhos”.

O jogo espalhou-se pelo mundo quando Wayne Gould, um juiz reformado de Hong Kong, apreciador de quebra-cabeças, decidiu em 1997, depois de descobrir o Sudoku no Japão, escrever um programa de computador que gera grelhas do popular jogo.

O jogador de Sudoku tem de completar uma grelha de 9 por 9 (81 quadrados) com números de 1 a 9, de tal forma que nenhum apareça duas vezes na mesma linha, coluna ou sub-quadrado.

17 Ago 2021

Chuvas torrenciais no Japão causam seis mortos e danos em 4.000 habitações

As chuvas torrenciais que caem no Japão há vários dias estão a manter em alerta o sudoeste do país e fizeram seis mortos, quatro desaparecidos e causaram estragos em mais de 4.000 habitações e edifícios.

A Agência Meteorológica do Japão (JMA) emitiu esta segunda-feira novos alertas para a ilha de Kyushu, no sudoeste do país, perante a possibilidade de inundações e aluimentos de terra, concretamente nos municípios de Kumamoto, Kagoshima, Saga e Nagasaki.

Fortes chuvas têm caído em diversos pontos do arquipélago desde a passada sexta-feira, e as autoridades não descartam elevar o nível máximo de alerta e evacuação novamente de locais, instando os cidadãos a aumentar as precauções devido à grande probabilidade de inundações, aluimentos de terra e transbordamento de rios.

A frente nebulosa provocou precipitação intensa no sudoeste, centro e leste do Japão, levando a transbordar vários rios em Quioto (oeste) e Gifu (centro) e desencadeando diversos aluimentos de terra em Kyushu (sudoeste) e Nagano (centro).

Até ao momento, foram confirmados seis mortos, quatro desaparecidos e seis feridos, bem como danos em mais de 4.000 habitações e edifícios que foram atingidos pelos aluimentos de terra e as inundações, principalmente na ilha de Kyushu.

Espera-se que a frente nebulosa se desloque na terça-feira para leste e norte do Japão, e a Agência Meteorológica alerta para forte precipitação que poderá continuar até sexta-feira, enquanto prosseguem as operações de resgate em busca de desaparecidos e feridos.

No município central de Nagano, um deslizamento de terra na localidade de Okaya soterrou no domingo cinco pessoas, três das quais morreram, noticiou a radiotelevisão pública NHK. Na passada sexta-feira, uma avalancha de lama deixou submersas duas casas na aldeia de Unzen, em Nagasaki, causando a morte de uma mulher, cuja filha e marido continuam desaparecidos.

17 Ago 2021

Previstos atrasos na recuperação da economia chinesa devido a vírus e inundações

Depois da acelerada recuperação económica sentida nos últimos meses, as previsões para a segunda metade do ano são menos favoráveis. Inundações de Verão e novos surtos provocados pela variante delta do novo coronavírus são as principais razões para a provável desaceleração do crescimento da economia

 

O crescimento da economia chinesa deve abrandar, no segundo semestre do ano, devido às enchentes de Verão e às medidas de prevenção contra o novo coronavírus, apontou ontem fonte do Governo chinês.

A economia chinesa segue uma “tendência de recuperação” em relação à desaceleração induzida pela pandemia, no ano passado, mas deve enfraquecer, após um primeiro semestre relativamente forte, admitiu Fu Linghui, porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país. “A principal tendência de crescimento económico deste ano será de abrandamento após aceleração”, observou Fu, em conferência de imprensa.

Fu não avançou com uma previsão de crescimento. Analistas do sector privado dizem que a segunda maior economia do mundo deve atingir um crescimento homólogo de 8 por cento, já que 2020 ficou marcado por uma desaceleração no crescimento, devido à pandemia da covid-19.

As vendas a retalho em Julho subiram 8,5 por cento, face aos 12,1 por cento no mês anterior, embora o consenso dos analistas fosse de que chegaria a 11,5 por cento.

“O impulso de crescimento enfraqueceu drasticamente”, observou num relatório Louis Kuijs, analista da Oxford Economics.

Cheias e surtos

A economia chinesa foi afectada por inundações de Verão excepcionalmente severas, que paralisaram cidades inteiras no centro do país, em Julho, resultando em centenas de mortos e pesados prejuízos.

As últimas semanas ficaram também marcadas por surtos da variante delta do novo coronavírus em várias províncias do país, o que levou as autoridades a voltarem a impor medidas de confinamento e controlo sobre as viagens domésticas e negócios.

“Devido à abordagem de ‘tolerância zero’ da China em relação à covid-19, futuros surtos continuarão a representar um risco significativo para as perspectivas” económicas, disse Kuijs.

O Governo chinês informou anteriormente que o crescimento económico abrandou para 7,9 por cento, no segundo trimestre do ano. Entre Janeiro e Março, a economia registou um crescimento de 18,3 por cento – o número beneficia do efeito de base na comparação com o período homólogo, quando a actividade económica da China foi suspensa, devido à pandemia.

Fu Linghui expressou confiança de que as perspectivas de longo prazo são positivas. “A economia vai manter uma recuperação estável”, disse o responsável, acrescentando que “a qualidade do desenvolvimento vai continuar a melhorar”.

17 Ago 2021

Afeganistão | Pequim quer “relações amigáveis” com os talibãs no poder

A República Popular da China que partilha 76 quilómetros com o Afeganistão anunciou hoje que quer manter “relações amigáveis” com os talibãs, na sequência da tomada de Cabul.

Pequim “respeita o direito do povo afegão a decidir o próprio destino” disse hoje a porta voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

As forças talibãs tomaram no domingo a cidade de Cabul. A negociação sobre a retirada dos Estados Unidos foi estabelecida nos acordos de fevereiro de 2020 tendo a saída dos militares norte-americanos começado em maio, altura em que os talibãs lançaram uma operação militar de grande escala em todo o país.

No domingo, as forças talibãs entraram em Cabul após a partida para o exílio do chefe de Estado afegão.

16 Ago 2021

Afeganistão | Avanço dos talibãs era previsível, diz ex-porta-voz da ISAF

O major-general Carlos Branco, ex-porta-voz da ISAF no Afeganistão, disse à Lusa que o avanço das forças talibãs em vários pontos do país já era previsível em virtude da retirada negociada dos militares norte-americanos.

“O que está a acontecer agora é um avanço militar dos talibãs que era previsível. Aliás, altas entidades militares dos Estados Unidos já tinham manifestado em diversas ocasiões que as forças de segurança afegãs não estavam em condições para confrontar de forma vitoriosa os talibãs”, disse à Lusa o major-general Carlos Branco, sublinhando que a retirada devia ter ocorrido após a primeira década do conflito.

“Tudo o que está a acontecer agora, do meu ponto de vista, não é novidade. Mas, se tudo isto poderia ter sido evitado? Claro que podia se os norte-americanos, na devida altura se tivessem empenhado em promover um diálogo intra-afegão e isso não aconteceu nem foi estimulado porque os norte-americanos estavam convencidos que iriam conseguir sempre uma vitória militar”, afirmou.

Na análise do ex-porta-voz da International Security Assistance Force (ISAF) a retirada dos Estados Unidos não é desorganizada e foi planeada com antecedência apesar de se terem verificado momentos de descoordenação, nomeadamente a saída de Baghran, que foi coordenada pelas forças afegãs.

Por outro lado, frisa, os acordos para a retirada dos Estados Unidos foram assinados em fevereiro de 2020 e que, por isso, houve muito tempo para fazer o planeamento sendo que toda a operação decorreu segundo um plano previamente estabelecido.

Tratou-se, desta forma de uma retirada das forças norte-americanas e de outros contingentes, nomeadamente, a retirada do contingente inglês que fez a passagem de testemunho com bastante antecedência.

Mesmo assim, o major-general Carlos Branco refere que os Estados Unidos “jogaram sempre de forma errada” porque pretendiam uma solução militar e não uma solução política e sobre esta questão levanta dois aspetos.

“Uma é a solução política entre os Estados Unidos e os talibãs que foi o que aconteceu e o que no fundo o que Washington fez foi negociar os termos de uma saída, com uma série de condições, sobretudo no que diz respeito ao comportamento dos talibãs como o de não aceitar a entrada de elementos da Al-Qaida ou de qualquer outra organização terrorista. Outra coisa foi a solução política entre os afegãos e isto foi difícil”, explica.

Do ponto de vista mundial, indica que “há coisas muito mais perigosas atualmente em termos de segurança global” do que o Afeganistão mas sublinha que do ponto de vista geoestratégico é uma derrota para os Estados Unidos porque os norte-americanos pretendiam levar a cabo um plano de hegemonia global.

O Afeganistão é uma porta de entrada na Ásia Central e é uma fonte inesgotável de recursos minerais: petróleo e gás natural cujos oleodutos e gasodutos são controlados na maioria dos casos pela Federação Russa.

O Afeganistão – se existissem condições securitárias – seria uma possibilidade capaz de canalizar o gás e o petróleo através do Paquistão para portos no Índico e deste ponto de vista, nota, sublinhando que “é uma derrota para os Estados Unidos” porque Washington acaba por perder influência política, económica, militar e cultural na Ásia Central.

“Isto não se concretizou, sobretudo do ponto de vista militar em que as bases que tinham no Tajiquistão, Uzbequistão, Quirguistão, nesta altura não as têm. A Federação Russa e a República Popular da China que viram sempre com muita apreensão a presença norte-americana naquela zona conseguiram exercer uma diplomacia de persuasão para que as ex-repúblicas soviéticas na Ásia Central não alinhassem com os Estados Unidos”, recorda.

16 Ago 2021

Justiça | Pequim recusa protestos sobre condenações de cidadãos canadianos

A China recusou ontem os protestos do Canadá contra as sentenças proferidas por tribunais chineses a cidadãos canadianos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros e a embaixada da China no Canadá acusaram Otava de fazer acusações “injustificadas e infundadas” que constituem uma “interferência grosseira na soberania judicial da China”.

“Estas acusações são extremamente irracionais, extremamente absurdas e extremamente arrogantes, pelas quais expressamos a nossa grande indignação e forte condenação”, lê-se no comunicado.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, classificou a sentença do empresário Michael Spavor como “absolutamente inaceitável e injusta”.

Trudeau apontou a “falta de transparência no processo legal e um julgamento que não satisfez nem mesmo os padrões mínimos exigidos pelo Direito internacional”.

“Para Spavor e [o ex diplomata canadiano] Michael Kovrig, que também foi detido arbitrariamente, a nossa principal prioridade continua a ser garantir libertação imediata”, afirmou o primeiro-ministro do Canadá.
Spavor e Kovrig foram detidos logo após a prisão de Meng Wanzhou, directora financeira da Huawei, no início de Dezembro de 2018, a pedido dos Estados Unidos, onde era acusada de violar as sanções norte-americanas contra o Irão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China negou que Spavor e Kovrig tenham sido detidos arbitrariamente e disse que os seus direitos foram “totalmente protegidos”.

A porta-voz do ministério Hua Chunying acusou o Canadá de usar a “diplomacia do megafone” para reunir os seus aliados e pressionar a China.

“O lado chinês exorta o lado canadiano a compreender claramente a situação actual, respeitar sinceramente a soberania judicial da China, parar de aplicar padrões duplos em questões jurídicas e parar de caluniar e atacar a China, a fim de evitar danos adicionais na relação bilateral”, lê-se na declaração emitida pela embaixada chinesa.
Spavor foi condenado na quarta-feira a 11 anos de prisão por pôr em perigo a segurança nacional da China. A sentença foi dada por um tribunal em Dandong, perto da fronteira com a Coreia do Norte.

O veredicto divulgou poucos detalhes sobre o caso, para além de revelar que Spavor passou informações confidenciais a Kovrig. Ambos foram mantidos em isolamento e tiveram pouco contacto com diplomatas canadianos.

O Canadá e outros países enfrentam sanções comerciais e outras pressões por parte da China devido a disputas sobre os Direitos Humanos, a origem da covid-19, o estatuto de Hong Kong ou a soberania do Mar do Sul da China.

Guerra tecnológica

Meng, directora financeira da Huawei e filha do fundador da empresa, foi detida sob a acusação de mentir à filial em Hong Kong do banco britânico HSBC sobre possíveis negociações com o Irão, numa violação das sanções comerciais.

Os advogados de Meng argumentaram que o caso tem motivação política. O juiz encarregue do seu caso provavelmente decidirá ainda este ano sobre a sua extradição. A decisão pode ser apelada posteriormente.

O Governo da China acredita que a detenção de Meng faz parte dos esforços dos EUA para impedir o desenvolvimento tecnológico da China. A Huawei, fabricante de equipamentos de rede e telemóveis, está no centro da tensão EUA – China sobre a tecnologia e segurança dos sistemas de informação.

13 Ago 2021

Empresários chineses em apresentação sobre privatizações em Angola

Cerca 50 empresas e instituições financeiras chinesas participaram ontem de uma apresentação ‘online’ sobre o plano de privatizações de Angola, organizada em conjunto pela embaixada de Angola em Pequim e o Ministério das Finanças angolano.

Segundo nota divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, o embaixador chinês em Luanda, Gong Tao, disse durante o encontro “esperar que Angola possa melhorar ainda mais o ambiente de investimento e proporcionar mais facilidades e apoio para as empresas chinesas investirem e cooperarem em Angola”. “Angola tem uma sociedade estável, condições naturais superiores, vantagens de localização óbvias e grande potencial de desenvolvimento”, frisou.

O diplomata chinês garantiu que a China “está confiante” nas “perspectivas da cooperação económica e comercial” entre os dois países e que “incentiva” as suas empresas chinesas a investirem em Angola e “participarem activamente no processo de industrialização e diversificação económica” do país africano.

A mesma nota cita a Ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, que disse que Angola “está aberta ao investimento estrangeiro e convida as empresas chinesas a participarem activamente no plano de privatização de activos angolanos”.

A Ministra angolana frisou que Luanda adoptou reformas nos domínios “político, económico e judicial, incluindo a simplificação do processo de registo de empresas e a disponibilização de facilidades de câmbio”, visando “melhorar o ambiente de negócios e atrair mais investimento estrangeiro”.

“Espero que mais investidores chineses tragam fundos e tecnologia, para ajudar no desenvolvimento económico e social de Angola”, apontou.

O Programa de Privatizações (ProPriv) do Governo angolano prevê a privatização de mais de 190 empresas e/ou activos do Estado angolano até 2022 nos sectores da banca, hotelaria e turismo, finanças, seguros, agricultura, telecomunicações, indústrias, petróleos, entre outros.

A Comissão Nacional Interministerial do ProPriv mantém a meta de privatizar 100 activos e/ou empresas públicas este ano, observando, no entanto, que as privatizações em bolsa poderão alargar-se até 2022, conforme anunciou recentemente o coordenador adjunto do grupo técnico do ProPriv, Patrício Vilar.

11 Ago 2021

Hong Kong | Carrie Lam apoia lei para retaliar sanções estrangeiras

A Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, mostrou ontem apoio à legislação que permite sanções retaliatórias, após os Estados Unidos e outros governos ocidentais terem punido responsáveis de altos cargos da região vizinha.

Carrie Lam defendeu que a lei contra as sanções estrangeiras deveria ser adoptada na Região Administrativa Especial de Hong Kong através de legislação local, em vez de ser imposta por Pequim, opinião que disse ter transmitido ao Governo chinês.

A ampla lei antissanções foi adoptada pelo Governo de Pequim em Junho e a pessoa visada pode ser sujeita a restrições de vistos, ter os seus bens apreendidos ou congelados e ser proibida de fazer negócios com qualquer empresa ou indivíduo chinês na China.

A lei entrou em vigor depois de os EUA terem imposto sanções a dezenas de funcionários chineses e de Hong Kong, incluindo Carrie Lam, na sequência dos incidentes que mergulharam a região no caos.

“Há forças externas ou governos estrangeiros ou meios de comunicação social ocidentais que fariam uso da oportunidade para enfraquecer o nosso estatuto de centro financeiro internacional, bem como uma confiança enfraquecida em Hong Kong”, disse Lam.

11 Ago 2021

Mar do Sul da China | Troca de acusações no Conselho de Segurança da ONU

Os Estados Unidos e a China trocaram acusações no Conselho de Segurança da ONU, durante uma reunião sobre segurança marítima, devido às reivindicações de Pequim no mar do Sul da China. O representante chinês acusou Washington de se ter tornado na “maior ameaça à paz e à estabilidade” na região

 

Na reunião promovida na segunda-feira pela Índia, país que preside ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em Agosto, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi salientou que os oceanos e mares são património comum de todas as nações e povos e que estão a enfrentar várias ameaças.

Presente na reunião virtual, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, abordou as reivindicações cada vez mais assertivas da China em algumas zonas do mar do Sul da China, apesar da decisão de um tribunal internacional as ter rejeitado há cerca de cinco anos.

O governante norte-americano alertou que um conflito naquela região ou em qualquer oceano “teria graves consequências globais para a segurança e o comércio”. “No mar do Sul da China, assistimos a encontros perigosos entre navios em alto mar e a acções provocatórias para fazer avançar reivindicações marítimas ilegais”, apontou.

“Os Estados Unidos deixaram claro as suas preocupações em relação às acções para intimidar outros Estados que acedam legalmente aos seus recursos marítimos”, acrescentou.

No último incidente, que decorreu no mês passado, militares chineses relataram que perseguiram um navio de guerra dos EUA de uma área que reivindicam no mar do Sul da China, declaração que a Marinha norte-americana considerou falsa.

As más intenções

Já o vice embaixador da China, Dai Bing, respondeu a estas afirmações acusando os Estados Unidos de se tornarem “na maior ameaça à paz e à estabilidade no mar do Sul da China”, considerando que as declarações dos norte-americanos no Conselho de Segurança têm “motivação inteiramente política”.

Dai Bing considerou ainda que a decisão do tribunal internacional, contra as suas pretensões e a favor das Filipinas, é “inválida e sem qualquer força vinculativa”, referindo que “existiram erros óbvios na determinação dos factos”.

Segundo o embaixador chinês, a situação no mar do Sul da China é normalmente estável e Pequim está a esforçar-se para concretizar um código de conduta regional, com a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), composta por dez membros.

Os países que formam o Conselho de Segurança da ONU lançaram na segunda-feira um apelo para o reforço da cooperação perante o aumento da criminalidade e insegurança nos oceanos devido à intensificação da pirataria, terrorismo ou tensões entre nações. “O Conselho de Segurança reconhece a importância de fortalecer a cooperação internacional e regional para responder às ameaças para a segurança marítima”, destacaram, em comunicado conjunto.

Segundo a ONU, a situação dos oceanos tem vindo a deteriorar-se até “níveis alarmantes” como resultado de disputas por delimitações e rotas entre países, mas também devido a ataques armados por piratas ou terroristas e ainda o aumento da pesca ilegal.

“Apesar da diminuição do tráfego marítimo, como resultado da pandemia de covid-19, no primeiro semestre de 2020 foi registado um aumento de quase 20 por cento de alegados actos de pirataria e assaltos armados”, salientou Maria Luiza Ribeiro Viotti, chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres.

11 Ago 2021