Defesa | Ministro chinês critica ingerências externas justificadas com ordem mundial

Li Shangfu num discurso durante a iniciativa Diálogo de Shangri-La, em Singapura, voltou a insurgir-se contra a postura do Estados Unidos de tentarem impor regras a outros em benefício próprio, e apelou ao respeito mútuo entre países

O ministro da Defesa chinês deixou ontem em Singapura críticas a “alguns países” que tentam impor regras a outros, argumentando que o fazem em defesa da ordem internacional, num momento de escalada de tensões entre Pequim e Washington.

“A sua chamada ordem internacional baseada em regras nunca diz quais são as regras e quem fez essas regras”, afirmou Li Shangfu, num discurso no Diálogo de Shangri-La, conferência organizada pelo International Institute for Strategic Studies (IISS).

“Pratica o excepcionalismo e dois pesos e duas medidas e só serve os interesses e segue as regras de um pequeno número de países”, afirmou na sessão inaugural do terceiro dia do encontro, considerada a maior conferência de defesa da Ásia.

Na sua intervenção, Li referiu-se à Iniciativa de Segurança Global, do Governo chinês, e ecoou os princípios e orientações da política externa da China, apresentadas em Abril do ano passado pelo Presidente do país, Xi Jinping.

Entre essas orientações, incluem-se a oposição a sanções unilaterais e o recurso ao desenvolvimento económico para conter a instabilidade e os conflitos.

Li mostrou-se particularmente crítico do que considera ser a postura unilateral dos Estados Unidos imporem sanções sem antes obter a aprovação das Nações Unidas, afirmando que Pequim considera que “a chave para os países viverem em harmonia é o respeito mútuo e o tratamento mútuo como iguais”.

“Opomo-nos veementemente a impor a própria vontade aos outros, a colocar os seus próprios interesses acima dos de outros e a procurar a própria segurança à custa dos outros”, considerou, acusando países que nunca identificou de “interferirem deliberadamente nos assuntos internos de outros países”.

Taiwan e Ucrânia

Em resposta a perguntas do público, formado por delegados de dezenas de países, Li mostrou-se mais moderado quando questionado sobre os laços bilaterais diretos entre os Estados Unidos e a China.

“É inegável que um grave conflito ou confronto entre a China e os EUA seria um desastre insuportável para o mundo. A China acredita que uma grande potência se deve comportar como uma só, em vez de provocar o confronto do bloco por interesse próprio”, afirmou.

E, ao mesmo tempo, considerou que os Estados Unidos precisam de mostrar sinceridade e “tomar medidas concretas” com a China para estabilizar e evitar um agravamento ainda maior dos laços.

Li foi ainda questionado sobre um incidente no sábado no Estreito de Taiwan, em que um navio da marinha chinesa manobrava perto de um contratorpedeiro dos EUA que navegava na zona.

“O que é fundamental agora é que devemos impedir tentativas de usar a liberdade de navegação (…) como pretexto para exercer a hegemonia da navegação”, afirmou.

O chefe militar chinês reafirmou a postura sobre Taiwan, dizendo que a ilha faz parte do “núcleo dos interesses centrais da China”, e continua a ser uma questão interna para a China, fora dos limites para governos estrangeiros.

“Taiwan é a Taiwan da China, e como resolver a questão de Taiwan é uma questão que cabe aos chineses decidir”, afirmou. Noutras respostas ao público, Li defendeu o impulso da China para negociações, para ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia, definindo a posição de Pequim como “objectiva e imparcial”.

Conversa breve

O secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, e o seu homólogo chinês, Li Shangfu, conversaram brevemente na abertura do fórum de segurança em Singapura, após a recusa de Pequim de uma reunião entre ambos.
Austin e Li sorriram um para o outro com um prolongado aperto de mão e trocaram breves comentários quando se encontraram no jantar de abertura do Shangri-La Dialogue. Os ministros das duas maiores potências mundiais cumprimentaram-se amigavelmente num fugaz encontro, que foi confirmado pelo Pentágono, mas que não cumpre o objectivo do encontro bilateral que Washington tinha pedido e que Pequim negou na passada segunda-feira.

Um dos principais obstáculos para que o encontro ocorra é que Li – que foi nomeado ministro da Defesa da China em Março passado – foi alvo de sanções em 2018 pelos Estados Unidos, acusado de comprar armas da empresa estatal russa Rosoboronexport. Em contraste com o diálogo conciso de sexta-feira, Austin e o antecessor de Li, Wei Fenghe, conversaram durante cerca de uma hora à margem da conferência em Singapura.

Diálogo com Japão

O ministro da Defesa da China, Li Shangfu, mostrou-se favorável ao diálogo entre a China e o Japão para evitar conflitos, mas instou Tóquio a não tocar na questão de Taiwan, por ser um assunto interno de Pequim.

A declaração de Li Shangfu ocorreu no sábado, durante um encontro com o seu homólogo japonês, Yasukazu Hamada, à margem do Diálogo de Shangri-La, o maior fórum de segurança da Ásia, que decorreu entre sexta-feira e ontem, em Singapura.

Segundo noticia ontem o site Asia Nikkei, Li e Hamada destacaram o diálogo “franco e construtivo” entre os países e apertaram as mãos numa sessão fotográfica antes de se reunirem durante 40 minutos. No discurso de abertura da reunião, Li disse que o Japão e a China devem manter contactos para evitar “fricções ou colisões”, mas sublinhou que Taiwan está fora do debate.

Canais abertos

Na abertura do fórum de Singapura, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que canais abertos de comunicação são essenciais para preservar a paz, ao mesmo tempo em que defendem a dissuasão eficaz, reconhecendo diferenças de valores com a China, mas apelando ao diálogo. “Reconhecemos que existem diferenças fundamentais nos sistemas de governo das nossas duas nações. Os nossos valores e as nossas visões de mundo são distintas. Mas partimos do princípio de que qualquer que seja a questão, quer concordemos ou discordemos, é sempre melhor e sempre mais eficaz falarmos directamente”, defendeu o chefe de Governo da Austrália.

4 Jun 2023

Pyongyang | Irmã de Kim Jong-un condena EUA por criticarem lançamento falhado de satélite

A irmã de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, acusou ontem os EUA de hipocrisia “à gangster” por terem criticado o lançamento fracassado de um satélite de reconhecimento militar.

De acordo com os ‘media’ estatais norte-coreanos, Kim Yo-jong afirmou que os esforços da Coreia do Norte para reforçar capacidades de reconhecimento espacial são um exercício legítimo do direito soberano do país.

Os comentários da irmã de Kim Jong-un foram feitos um dia depois de um foguetão norte-coreano, que transportava o primeiro satélite espião desenvolvido pelo país, ter-se despenhado ao largo da costa ocidental da península coreana devido a uma falha técnica.

Após uma rara assunção de fracasso, Pyongyang prometeu efectuar um segundo lançamento depois de determinar as causas da falha, numa altura em que o líder norte-coreano quer expandir as capacidades militares, num contexto de um prolongado congelamento da diplomacia com os Estados Unidos.

Washington condenou duramente Pyongyang pelo lançamento, com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adam Hodge, a dizer que este utilizou tecnologia de mísseis balísticos, em violação das resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, além de aumentar as tensões e arriscar-se a desestabilizar a segurança regional.

1 Jun 2023

Myanmar | Ex-secretário-geral pede a Ramos-Horta para pressionar regime

O sul-coreano Ban Ki-moon, antigo secretário-geral da ONU, apelou ao Presidente timorense para pressionar o regime militar do Myanmar a implementar a paz no território e mitigar o sofrimento do povo

 

O ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon apelou ontem ao Presidente timorense para que exerça pressão, directamente e através da ASEAN, junto do regime de Myanmar para que aceite a implementação de uma proposta regional de paz.

“Espero que a ASEAN possa fazer uma pressão muito mais forte. As pessoas continuam a sofrer bastante. E peço-lhe, senhor Presidente, que tente também fazer pressão através da ASEAN”, disse Ban Ki-moon a José Ramos-Horta.

O pedido foi feito num curto encontro de Ban Ki-moon com José Ramos-Horta à margem da abertura da 18.ª edição do Fórum de Jeju para a Paz e a Prosperidade, em cuja abertura os dois líderes participaram ontem.

“É uma missão muito difícil para a ASEAN, e sei que se sente frustração em vários países com este assunto”, notou Ramos-Horta que, depois da reunião, disse considerar difícil uma intervenção direta sua directamente com os militares de Myanmar.

Ban Ki-moon congratulou Timor-Leste por ter conseguido o estatuto de observador na Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e pela aprovação do roteiro para a sua adesão plena à organização regional, considerando que o país “deveria ter sido admitido há mais tempo”.

Recordando a posição “íntegra e respeitada” que a ASEAN tem tido no palco internacional, Ban Ki-moon lamentou que ontem não tenha conseguido lidar com o problema de Myanmar, apesar de um proposto acordo de paz.

Excepção vergonhosa

Na última cimeira da ASEAN, em Labuan Bajo, na Indonésia, a questão de Myanmar acabou por dominar a agenda, com o Presidente indonésio, Joko Widodo, a reconhecer não se terem registado progressos para acabar com o conflito no Myanmar.

Em particular, o chefe de Estado indonésio referia-se a um plano de paz de cinco pontos preparado em 2021 pelos 10 Estados-membros da ASEAN e a junta militar de Myanmar, que pedia o fim imediato da violência e o diálogo entre as partes em conflito, com mediação de um enviado da ASEAN.

A junta militar rejeitou tomar medidas para cumprir esse acordo, levando a ASEAN a excluir a liderança militar de participar em encontros da organização.

“A situação causa alguma vergonha e embaraço para a integridade da ASEAN. Os membros da ASEAN são defensores da paz e Myanmar é agora a única exceção com uma ditadura militar ainda pior que no passado”, disse Ban Ki-moon que visitou recentemente o país.

Nessa visita, o ex-secretário-geral da ONU reuniu-se com o principal líder militar, o general Min Aung Hlaing, a quem apelou para “observarem e implementarem o consenso sobre os cinco pontos”, que considera “a única forma de resolver o problema”.

Ainda que esse acordo de paz tenha sido feito com a presença do Myanmar, os generais rejeitaram a Ban Ki-moon terem sido consultados.

Ban Ki-Moon disse não acreditar nessa versão dos militares de Myanmar e explicou ter-lhes solicitado a libertação de Aung Sun Suu Kyi, condenada a 33 anos de prisão (já tem 77 anos) ou, pelo menos, à sua transferência para prisão domiciliar.

“Há mais de 2.000 pessoas detidas e a ASEAN deve reforçar a sua pressão. O país está totalmente isolado. Durante a visita não vi pessoas nas ruas e na viagem de 35 minutos de carro entre o aeroporto e o centro da capital contei apenas 22 carros”, disse Ban Ki-Moon.

“Mas temos que continuar engajados, a exercer pressão. Eu estou disponível para apoiar nisso”, considerou.

No encontro, José Ramos-Horta explicou que os líderes militares estão “a sentir cada vez mais pressão militar” por parte da resistência armada no Myanmar, conseguindo controlar apenas 30 por cento do território e evidenciando sinais de mal estar no exército.

“A resistência, no passado, era essencialmente formada por grupos étnicos, mas agora é em todo o país, com cada vez mais pessoas a juntar-se. E os militares estão a perder pessoas”, afirmou.

“O maior risco é agora o da fragmentação do país”, notou José Ramos-Horta que acompanha há longas décadas a situação naquele país.

1 Jun 2023

Cooperação | China e Singapura com linha directa de alto nível

China e Singapura estabeleceram ontem as bases para o estabelecimento de uma linha directa de comunicação, numa altura em que as tensões e ausência de diálogo entre Pequim e Washington preocupam o leste da Ásia.

O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, assinou um memorando de entendimento com o homólogo de Singapura, Ng Eng Hen, para trabalharem no estabelecimento de uma linha telefónica segura “para comunicações de alto nível entre os líderes da Defesa” dos respectivos países, de acordo com um comunicado divulgado por Singapura.

“Estas linhas abertas de comunicação de alto nível são importantes para fortalecer a compreensão mútua e a confiança”, lê-se na mesma nota.

Na sua primeira visita a Singapura como ministro da Defesa, Li está a discutir questões de segurança global e regional com uma série de autoridades do território.

Singapura afirmou que os exércitos dos dois países “interagem regularmente por meio de exercícios bilaterais e multilaterais” e que a sua visita destaca as relações “de longa data, calorosas e amigáveis”.

Singapura é um parceiro militar e económico próximo dos Estados Unidos. O acordo para estabelecer a linha telefónica directa ocorre numa altura de fortes tensões entre Pequim e Washington.

Li também estabeleceu uma linha directa de defesa com o Japão em Março para melhorar a comunicação e ajudar a evitar acidentes na região.

Durante a sua estadia em Singapura, Li deve discursar num fórum sobre segurança, o Diálogo de Shangri-La, que conta com a participação de autoridades de defesa, diplomatas e líderes dos países da Ásia – Pacífico

1 Jun 2023

Defesa | Pequim critica cooperação entre Japão e EUA

A China criticou ontem o acordo anunciado entre Estados Unidos e Japão para fortalecer a sua aliança de defesa e acusou Washington de coagir e “prejudicar os interesses de terceiros” através da cooperação militar.

“Em resposta a este acordo, que fala de ‘coerção da China’, a realidade é que quem coage não é a China, são os Estados Unidos”, reagiu a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mao acrescentou que a China sempre defendeu que a cooperação militar entre países deve “servir para manter a paz e a estabilidade regional”, em vez de “ter outros como alvo ou prejudicar os interesses de terceiros”.

As declarações foram feitas depois de o ministro da Defesa japonês, Katsuhiro Hamada, e o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, terem concordado em “aprofundar a cooperação bilateral” e explorar “maneiras de fortalecer as capacidades da aliança entre o Japão e os Estados Unidos para deter e responder”, face a possíveis conflitos.

O secretário de Defesa dos EUA destacou que as forças armadas de ambos os países “estão a operar e treinar juntas como nunca antes”, para responder a ameaças comuns, como o desenvolvimento de armas pela Coreia do Norte, a agressão russa contra a Ucrânia e “os desafios suscitados pela China”.

O acordo também ocorre depois de Austin ter considerado “infeliz” a recusa do seu homólogo chinês, Li Shangfu, ao convite feito pelo lado norte-americano para se encontrarem, em Singapura, à margem do Diálogo de Shangri-La.

1 Jun 2023

Julgamento de português em Hong Kong adiado para Agosto

Um tribunal de Hong Kong adiou ontem para 15 de Agosto o início do julgamento do cidadão português Joseph John, acusado de incitação à subversão, crime com uma pena máxima de 10 anos de prisão.

Numa sessão no tribunal do distrito de Wanchai, o juiz Stanley Chan Kwong-chi aceitou o pedido da defesa do arguido por mais tempo para analisar a acusação, adiando pela terceira vez o arranque do julgamento.

O novo advogado do arguido, Randy Shek Shu Ming, sublinhou que o Departamento de Justiça de Hong Kong só no final de Maio aceitou um pedido de apoio judiciário para Joseph John.

O juiz Stanley Chan aceitou o pedido do advogado do português, mas defendeu tratar-se de “um caso muito simples, em que é somente necessário analisar o conteúdo das mensagens electrónicas”.

De acordo com a acusação, Joseph John era administrador do perfil na rede social Facebook do Partido para a Independência de Hong Kong. A organização foi fundada no Reino Unido em 2015, mas a comissão eleitoral britânica revogou o estatuto de partido político em 2018.

O suspeito, funcionário do Royal College of Music no Reino Unido, terá usado o perfil para, desde Setembro de 2019, “lançar uma campanha de angariação de fundos para despesas militares, enviar petições para páginas de governos estrangeiros e apelar ao apoio de tropas estrangeiras”.

O homem terá apelado a Londres para declarar que a China estaria a “ocupar ilegalmente” Hong Kong, assim como pediu ao Reino Unido e aos Estados Unidos para enviarem tropas para a antiga colónia britânica, cujo controlo passou para Pequim em 1997.

Stanley Chan, um dos juízes nomeados pelo governo de Hong Kong para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional, já tinha adiado o início do julgamento, primeiro a 9 de Março e depois a 28 de Março.

A somar

No dia 9 de Março, o Ministério Público adicionou o crime de incitação à subversão à acusação, com uma pena mínima de cinco anos de prisão e uma pena máxima de 10 anos. Este crime foi criado pela lei de segurança nacional promulgada em 2020 por Pequim.

O novo advogado de Joseph John é conhecido em Hong Kong por defender arguidos ligados aos protestos pró-democracia de 2019, um dos maiores desafios às autoridades de Pequim desde a transferência de poder.

O português, também conhecido como Wong Kin Chung, está detido desde o final de Outubro, inicialmente acusado do crime de sedição, ao abrigo de uma outra lei, da era colonial britânica, cuja pena máxima é de dois anos de prisão.

Joseph John, nascido em Hong Kong e com estatuto de residente permanente na região administrativa especial chinesa, terá pedido um salvo-conduto para deslocação ao interior da China.

A China, cujo regime jurídico chinês não reconhece a dupla nacionalidade, só atribui o salvo-conduto a pessoas de etnia chinesa e considera que o documento serve como reconhecimento da nacionalidade chinesa.

1 Jun 2023

Singapura | China e EUA recusam diálogo no principal fórum asiático sobre segurança

A reunião de líderes ligados à segurança no continente asiático, Diálogo de Shangri-La, decorre este fim-de-semana em Singapura. O encontro, ou desencontro, entre representantes chineses e norte-americanos centra as atenções do evento

O mais importante fórum sobre segurança na Ásia arranca hoje, marcado pela ausência de diálogo entre China e Estados Unidos, numa altura em que a tensão entre as duas potências suscita preocupações na região.

Iniciado em 2002 pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), que tem sede em Londres, o Diálogo de Shangri-La reúne todos os anos líderes políticos, militares e especialistas em segurança da região Ásia – Pacífico. O fórum decorre este ano entre os dias 2 e 4 de Junho, em Singapura, sede desde a sua fundação.

O ‘prato forte’ do evento é tradicionalmente o encontro entre altas patentes militares da China e dos EUA, visando procurar respostas para a principal preocupação na região: a possibilidade de um conflito em larga escala entre as duas maiores forças armadas do mundo, motivado pelas reivindicações territoriais de Pequim sobre Taiwan ou a quase totalidade do Mar do Sul da China.

Pequim descartou já essa possibilidade para este ano: segundo um comunicado difundido esta semana pelo Pentágono, a China rejeitou uma proposta dos Estados Unidos para organizar uma reunião entre o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, e o seu homólogo chinês, Li Shangfu.

O ministério da Defesa da China disse mais tarde que os obstáculos à comunicação entre os dois exércitos “são da total responsabilidade” dos EUA.

Num comunicado separado, a embaixada da China nos EUA questionou a sinceridade e o significado do convite, apontando para as sanções impostas pelos EUA a autoridades, instituições e empresas chinesas. Em causa, estão as sanções impostas por Washington a Li Shangfu, por ter supervisionado a transferência de armamento oriundo da Rússia.

Ilustrando as dificuldades em apaziguar as tensões, um caça chinês realizou na semana passada manobras de interceção de um avião de vigilância norte-americano, consideradas “desnecessárias e agressivas” pelo Pentágono.

Nos vídeos difundidos pelo Comando para o Indo-Pacífico dos Estados Unidos, o piloto chinês é visto a posicionar-se bem à frente do avião norte-americano, que foi forçado a voar através da turbulência provocada pelo caça chinês, um J-16.

Os Estados Unidos defendem as suas acções no Pacífico e no Mar do Sul da China como “operações de liberdade de navegação”, realizadas de acordo com o direito internacional.

A China afirma que as manobras norte-americanas violam a sua soberania e comprometem a paz e a estabilidade na região.

A velha questão

Os dois países também têm subido de tom na questão de Taiwan. Washington intensificou a venda de armamento e o intercâmbio com as autoridades da ilha. Em retaliação, o Exército de Libertação Popular passou a enviar navios e aviões de guerra com frequência quase diária para perto do território.

A presença de Li Shangfu é, ainda assim, vista por analistas como um sinal de boa vontade de Pequim, face aos comentários recentes do Presidente dos EUA, Joe Biden, que disse esperar uma melhoria nas relações com a China em breve.

Pequim nem sempre enviou ministros da Defesa para o Diálogo de Shangri-La e procurou, no passado, minimizar a importância do evento – visto como uma plataforma dominada por Washington e pelos seus aliados –, enviando sobretudo oficiais de baixo escalão do Exército de Libertação Popular.

Essa abordagem mudou em 2011, quando enviou uma delegação de alto nível liderada pelo então ministro da Defesa, o general Liang Guanglie.

Analistas prevêem ainda que a delegação chinesa vai usar o fórum este ano para explicar a posição da China sobre a guerra na Ucrânia, à medida que a proximidade entre Pequim e Moscovo é alvo de crescente escrutínio.

1 Jun 2023

Governo português deve retomar visitas com “máxima urgência”

O presidente de um grupo empresarial luso-chinês considerou ontem que o Governo português deve retomar com “máxima urgência” as visitas à China, visando impulsionar o comércio, investimento e turismo com a segunda maior economia mundial.

“Noto que está a faltar um maior envolvimento do Governo português, uma maior atenção por parte das autoridades portuguesas, para que possamos dar o salto para um novo estágio de desenvolvimento das relações bilaterais”, disse à agência Lusa o presidente da PorCham, João Pedro Pereira, no final de uma visita de duas semanas à China.

“Eu acho que isso é um tema urgentíssimo e eu próprio, depois de ter estado na China, entrei em contacto não só com o gabinete do primeiro-ministro, António Costa, como também com o gabinete do secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz”, realçou o responsável.

João Pedro Pereira destacou o potencial da China no sector da mobilidade eléctrica, à medida que o país asiático assume a dianteira no sector automóvel.

A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas. O domínio chinês alarga-se também à indústria de baterias: as chinesas CATL e BYD são as maiores fabricantes mundiais.

“Portugal tem de facto de fazer um trabalho muito intenso junto dos decisores dessas empresas”, explicou Pedro Pereira, acrescentando que a angariação de turistas chineses e as exportações portuguesas para a China continuam “aquém do seu potencial”.

Mensagem mal passada

Segundo dados facultados à Lusa por Tiago Brito, o representante permanente do Turismo de Portugal na China, mais de 385 mil chineses visitaram Portugal em 2019, o ano antes da pandemia. Os turistas oriundos da China gastaram, no total, 224 milhões de euros no país, um crescimento de 20 por cento face a 2018.

João Pedro Pereira, que reuniu na China com 175 empresários e investidores, em quatro cidades diferentes, apontou ainda para a necessidade de “desmistificar” a decisão do Governo português de pôr fim ao programa dos vistos ‘gold’, as autorizações de residência atribuídas para actividade de investimento. A China é o país de origem da maioria dos investidores.

“Houve muitas perguntas sobre se Portugal continua a acolher bem o investimento estrangeiro e o investimento chinês, porque o fim dos ‘golden visa’ passou a ideia de que Portugal deixou de estar tão acolhedor do investimento chinês como estava até então”, explicou. “É preciso cuidar da forma como a mensagem é passada”, acrescentou.

Os eventos de promoção na China foram organizados em parceria com a Cedrus Capital e a World Trust Investments, dois fundos de capital de risco, vocacionados para os setores imobiliário, empresarial e industrial.

“Sabemos que o mercado chinês tem muita liquidez e que há um grande desenvolvimento no mercado dos fundos de investimento”, apontou Pedro Pereira.

“Isso é fundamental para um país como Portugal, que tem um desígnio empresarial maioritariamente composto por pequenas e médias empresas, que têm muitas dificuldades no acesso ao crédito”, disse.

1 Jun 2023

Presidente diz que novo Governo timorense deve tomar posse a 18 de Junho

O Presidente timorense disse ontem que gostaria que o IX Governo constitucional tome posse a 18 de junho, considerando “natural” a aliança entre o CNRT e o PD, terceira força, para a formação de uma maioria parlamentar.

“A aliança entre o CNRT [Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT)] e o PD [Partido Democrático )PD)] era de esperar. É uma coligação natural, uma aliança natural”, disse José Ramos-Horta em declarações à Lusa em Jeju, na Coreia do Sul, onde está em visita.

“Não via alguma outra opção para o CNRT, dado o historial das relações entre o CNRT e os outros partidos no parlamento”, disse.

O chefe de Estado referia-se à aliança entre o CNRT, que conquistou 31 cadeiras nas eleições legislativas de 21 de Maio, e o PD, que conquistou seis, formando uma ampla maioria de 37 dos 65 lugares do parlamento nacional.

Na oposição, nesse cenário, ficam as outras três forças com assento parlamentar, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o Partido Libertação Popular (PLP) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que sustentam o actual executivo.

Ramos-Horta destacou o facto do PD ter já “grande experiência acumulada” ao longo dos últimos 20 anos, tanto em vários Governos, como no parlamento, referindo-se aos laços entre os quadros médios e superiores dos dois partidos.

“Os quadros superiores e médios do PD são praticamente da mesma geração que os do CNRT. Cresceram no tempo indonésio, estudaram na Indonésia, alguns fizeram parte da Renetil [ala juvenil da resistência] e da rede clandestina”, notou.

Antes que o processo de formação do Governo seja concluído, é ainda necessária a validação dos resultados eleitorais pelo Tribunal de Recurso, processo que pode estar concluído ainda esta semana e, posteriormente, a tomada de posse dos novos deputados.

Este último processo tem estado a causar alguma polémica com as bancadas do actual executivo Governo a defenderem que os novos deputados só deveriam tomar posse em Setembro, data que marcaria o final da actual legislatura.

Em causa estão diferentes interpretações da Constituição, de outros diplomas e do regimento do Parlamento Nacional, documento que não tem a força de lei.

Ramos-Horta rejeita a posição da actual maioria de que os deputados só poderão tomar posse em Setembro e remete para as eleições de 2018, notando que as eleições decorreram a 12 Maio e a legislatura começou a 12 de Junho.

“O presidente do Parlamento é uma pessoa com sentido de estado e responsabilidade. Sabe que é necessário a nova legislatura começar o mais rapidamente possível e haver uma transição, para que o parlamento possa começar o seu trabalho o mais rapidamente possível. Uma transição com dignidade, sobretudo face à mensagem muito clara do eleitorado. Não se pode esperar mais”, disse ontem Ramos-Horta à Lusa.

Tudo a postos

“A expectativa é que a tomada de posse do governo ocorra muito rapidamente. Logo a seguir à tomada de posse dos deputados, tenho que receber o líder do partido mais votado, ou da maioria parlamentar. E logo a seguir quero o governo formado”, afirmou. “Antes de 18 de junho temos o Governo formado”, disse.

O chefe de Estado manteve na semana passada uma reunião preliminar com o líder do CNRT e próximo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que disse estar já “preparado”, incluindo com “muito trabalho de várias semanas no programa do Governo, que começou antes mesmo das eleições”.

“Que eu saiba, não quer um Governo grande. Talvez com um máximo 30 pessoas entre ministros e vices e secretários de Estado. E está seriamente comprometido a fazer transformações positivas. Está animado para dialogar com todos”, afirmou.

1 Jun 2023

Indústria transformadora | Actividade voltou a contrair em Maio

A actividade da indústria transformadora da China voltou a contrair em Maio, de acordo com dados oficiais divulgados ontem, ilustrando a recuperação débil da segunda maior economia mundial, após o fim da estratégia ‘zero covid’.

O índice de gestores de compras, elaborado pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) da China, fixou-se nos 48,4 pontos, em Maio.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, este indicador sugere uma expansão do sector, enquanto abaixo dessa barreira pressupõe uma contração da actividade. O índice é tido como um importante indicador da evolução da segunda maior economia do mundo.

Trata-se da segunda vez este ano que aquele indicador regista uma contração da actividade, depois de se ter fixado nos 49,2 pontos em Abril.

A indústria chinesa foi prejudicada pela queda na procura global, depois de os bancos centrais dos Estados Unidos, Europa e países asiáticos terem subido as taxas de juro, visando travar a inflação galopante.

O GNE publicou ainda o índice de gestores de compras para o sector não transformador, incluindo construção e serviços.

Os gastos dos consumidores chineses recuperaram em Maio, impulsionados pelos três dias de feriado, por ocasião do Dia do Trabalhador. Os subsectores dos transportes ferroviário e aéreo, alojamento e restauração mantiveram-se em expansão, enquanto a actividade no mercado imobiliário caiu.

A recuperação do consumo foi impulsionada pelo fim da política de ‘zero casos’ de covid-19, que vigorou ao longo de quase três anos na China.

Mas a recuperação do consumo foi mais fraca do que o esperado e os analistas estão a rever em baixa as suas expectativas para a economia. Os bancos de investimento Nomura e Barclays cortaram já as previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China em 2023.

1 Jun 2023

MNE | Pequim vai manter “medidas necessárias” após manobras com caça

A China vai continuar a tomar as “medidas necessárias” para “salvaguardar a sua segurança”, após o Pentágono ter revelado que um caça chinês realizou manobras consideradas desnecessárias e agressivas para interceptar um avião de reconhecimento norte-americano.

“As operações de reconhecimento dos EUA acontecem há muito tempo e violam a segurança e a soberania da China. Estas acções são a fonte dos problemas de segurança marítima”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mao acrescentou que a China vai continuar a “tomar todas as medidas necessárias” para “salvaguardar resolutamente a sua soberania e segurança”.

Nos vídeos difundidos pelo Comando para o Indo-Pacífico dos Estados Unidos, o avião chinês, um J-16, é visto a voar nas proximidades do avião norte-americano, um RC-135, modelo normalmente utilizado para vigilância.

O evento ocorreu no dia 26 de Maio, quando o piloto chinês se posicionou bem à frente do RC-135, que foi forçado a voar através da turbulência provocada pelo caça chinês.

Segundo os EUA, o seu avião “estava a realizar operações seguras e de rotina no espaço aéreo internacional sobre o Mar do Sul da China, de acordo com o direito internacional”.

Na mesma nota, o Comando para o Indo-Pacífico dos Estados Unidos assegurou que os EUA “vão continuar a voar, navegar e operar com segurança e responsabilidade onde quer que os regulamentos internacionais o permitam”, incluindo na região do Indo-Pacífico.

1 Jun 2023

PCC alerta para riscos da inteligência artificial

O Partido Comunista Chinês (PCC) alertou ontem para os riscos inerentes aos avanços na inteligência artificial (IA) e pediu um reforço das medidas de segurança nacional.

Durante uma reunião com altos quadros do Partido, o secretário-geral, Xi Jinping, pediu “esforços dedicados para salvaguardar a segurança política e melhorar a governação da segurança dos dados da Internet e da inteligência artificial”, de acordo com um despacho difundido pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Xi, que é também o chefe de Estado da China, o comandante das Forças Armadas e o líder da Comissão de Segurança Nacional do PCC, pediu às autoridades chinesas que se “mantenham profundamente cientes das complexas circunstâncias e dos desafios que a segurança nacional enfrenta”.

A China precisa de um “novo padrão de desenvolvimento, com uma nova arquitectura de segurança”, afirmou Xi, citado pela Xinhua.

As declarações do líder chinês surgem um dia depois de um alerta feito por cientistas e líderes da indústria tecnológica nos EUA, incluindo executivos da Microsoft e Google, sobre os perigos que a inteligência artificial representa para a humanidade.

“Mitigar o risco de extinção pela IA deve ser uma prioridade global, em conjunto com outros riscos, como pandemias e guerra nuclear”, afirmou o comunicado.

Mantendo o controlo

O Governo chinês lançou também uma campanha regulatória, visando reafirmar o controlo político sobre o sector tecnológico, mas, como outros países, está a ter dificuldades em encontrar formas de regular novas tecnologias em rápido desenvolvimento.

A reunião do PCC enfatizou a necessidade de “avaliar riscos potenciais, tomar precauções, salvaguardar os interesses do povo e a segurança nacional e garantir a segurança, fiabilidade e capacidade de controlo da IA”, noticiou o jornal oficial Beijing Youth Daily.

As preocupações suscitadas pela perda de controlo sobre sistemas de inteligência artificial intensificaram-se com o surgir de uma nova geração de programas projectados para simular conversas humanas, como o ChatGPT.

Sam Altman, director executivo da OpenAI, que desenvolveu o ChatGPT, e Geoffrey Hinton, um cientista da computação conhecido como o padrinho da inteligência artificial, estão entre as centenas de figuras importantes que assinaram a declaração emitida na terça-feira.

A China alertou já em 2018 sobre a necessidade de regular a IA, mas mesmo assim financiou uma vasta expansão do sector como parte dos esforços para desenvolver as indústrias do futuro.

1 Jun 2023

Automóveis | Ministro da Indústria e Musk falam sobre futuro

Jin Zhuanglong e Elon Musk estiveram à conversa, ontem em Pequim, para abordar em conjunto o desenvolvimento do sector de veículos eléctricos com ligação a redes inteligentes

 

O ministro da indústria da China, Jin Zhuanglong, e o director executivo da Tesla, Elon Musk, “trocaram opiniões” sobre o desenvolvimento de veículos eléctricos e conectados a “redes inteligentes”, durante um encontro realizado ontem em Pequim.

A reunião decorreu numa altura em que o Partido Comunista Chinês está a tentar reavivar o interesse dos investidores estrangeiros no país, face à recuperação da economia chinesa, após o fim da estratégia ‘zero covid’.

As empresas estrangeiras dizem estar preocupadas com a falta de clareza, depois de a polícia ter realizado incursões aos escritórios de consultoras, e com a crescente tensão entre Pequim e Washington.

Um inquérito da Câmara de Comércio Britânica na China revelou que cerca de 70 por cento das empresas “estão à espera para ver” como a situação política no país se desenvolve antes de tomarem decisões sobre novos investimentos.

Jin Zhuanglong e Musk “trocaram opiniões sobre o desenvolvimento de novos veículos movidos a energia eléctrica e veículos inteligentes conectados em rede”, de acordo com um comunicado difundido pelo ministério da Indústria e Tecnologia de Informação da China. O comunicado não adiantou mais detalhes.

No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros eléctricos – mais do que em todos os outros países do mundo juntos. A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas. A China foi também o local da primeira fábrica da Tesla fora dos Estados Unidos.

Gémeos siameses

Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, disse a Musk que o mercado de veículos eléctricos da China “tem amplas perspectivas de desenvolvimento”, de acordo com um comunicado do ministério.

“A modernização da China traz potencial de crescimento e procura sem precedentes, e isso inclui a indústria de veículos movidos a nova energia. A China vai continuar a promover a abertura de alto nível e permanecerá comprometida em criar um ambiente de negócios internacional, com base na lei e orientado para o mercado, para empresas de todo o mundo, incluindo a Tesla”, acrescentou Qin Gang.

A Tesla abriu a primeira fábrica de automóveis de propriedade totalmente estrangeira na China em 2019, depois de Pequim ter levantado algumas restrições à propriedade, visando impulsionar a concorrência e acelerar o desenvolvimento da indústria.

Segundo o comunicado do ministério, Musk disse que a Tesla está disposta a expandir os seus negócios na China e que “se opõe à desassociação”, numa referência aos receios de que o mundo se divida em vários mercados, com produtos incompatíveis, como resultado das crescentes fricções entre Pequim e Washington.

“Os interesses dos EUA e da China estão entrelaçados como gémeos siameses”, disse Musk, durante o encontro com Qin Gang.

A fábrica da Tesla em Xangai produziu mais de 710 mil veículos, em 2022, representando pouco mais de metade das vendas globais da empresa.

Em Abril, a Tesla anunciou que ia abrir uma nova fábrica em Xangai para produzir os seus “Megapacks”, as baterias de armazenamento de energia usadas para estabilizar redes eléctricas e evitar apagões.

1 Jun 2023

Coreia do Norte | Lançamento de satélite espião em Junho confirmado

A Coreia do Norte vai lançar um satélite de reconhecimento militar em Junho, para “enfrentar as perigosas acções militares dos Estados Unidos”, divulgou na segunda-feira a agência de notícias estatal KCNA.

O “satélite de reconhecimento militar n.º 1” será “lançado em Junho” para “lidar com as perigosas acções militares dos Estados Unidos e dos seus vassalos”, referiu Ri Pyong Chol, vice-presidente da comissão militar central do partido, citado pela agência de notícias estatal.

O Japão anunciou na segunda-feira que foi informado pela Coreia do Norte sobre o próximo lançamento de um satélite, um projecto que o governo japonês considera que irá ocultar o lançamento de um míssil balístico.

De acordo com Tóquio, Pyongyang disse à Guarda Costeira japonesa que lançaria um foguete entre 31 de Maio e 11 de Junho e que este deveria pousar numa área próxima ao Mar Amarelo, Mar da China Oriental e leste da China, Ilha de Luzon, nas Filipinas.

A Coreia do Norte já testou mísseis balísticos em 2012 e depois em 2016, que qualificou como lançamentos de satélites e que sobrevoaram o departamento insular de Okinawa, no sul do Japão.

Em meados de Maio o líder norte-coreano inspeccionou o satélite de reconhecimento militar que o regime já tinha anunciado que iria lançar este ano, referindo que estava “pronto a ser instalado”.

Kim Jong-un visitou com a filha o comité criado na capital do país, Pyongyang, para o lançamento do aparelho, de acordo com imagens divulgadas a 17 de Maio pela agência de notícias estatal KCNA.

As imagens divulgadas mostravam o satélite deliberadamente desfocado, colocado numa plataforma e ligado a cabos, enquanto Kim e a filha, de toucas, batas brancas e com umas capas a cobrir os sapatos para evitar a entrada de sujidade no recinto, recebem explicações de cientistas.

Têm surgido dúvidas quanto à capacidade deste satélite, com alguns analistas sul-coreanos a afirmarem que nas fotografias que vieram a público este parece demasiado pequeno e mal concebido para suportar imagens de alta resolução.

As fotografias que meios de comunicação norte-coreanos divulgaram de lançamentos de mísseis anteriores eram de baixa resolução.

Autodefesa e soberania

Kim aprovou na altura “o futuro plano de acção do comité preparatório”, referindo que “o lançamento bem-sucedido do satélite de reconhecimento militar é uma exigência urgente, dado o actual ambiente de segurança no país” e acrescentou que seria também “um claro passo em frente” no “campo da investigação espacial” para a Coreia do Norte, notou a agência.

O líder norte-coreano afirmou ainda na altura que, “à medida que os imperialistas norte-americanos e os bandidos fantoches sul-coreanos intensificam desesperadamente a campanha de confrontação com a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte], esta exercerá de forma mais digna e ofensiva a sua soberania e direito de autodefesa para os impedir resolutamente e defender o Estado”.

No final do ano passado, o regime norte-coreano lançou, a bordo de um projéctil desconhecido, um dispositivo de teste que terá supostamente tirado fotos da capital sul-coreana, Seul, e da cidade portuária vizinha de Incheon, e afirmou que o objectivo era ter o satélite concluído até Abril.

Recentemente, foram retomados os trabalhos de modernização da base de lançamento espacial de Sohae, no noroeste do país, embora os peritos considerem que ainda há muito trabalho a fazer antes de poder ser lançado um satélite a partir do local.

Alguns peritos, citados pela agência de notícias Efe, não excluem a possibilidade de o regime optar por lançar este satélite de reconhecimento a partir de uma plataforma móvel.

31 Mai 2023

Saúde | Equipas de apoio médico chinesas premiadas no estrangeiro

A China continuará a prestar assistência aos países em desenvolvimento e a melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas em todo o mundo, com equipas de assistência médica em 115 locais de 56 países em todo o mundo, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, esta segunda-feira, indica a Xinhua.

Mao fez as observações numa conferência de imprensa quando solicitada a comentar as equipas de assistência médica chinesas no exterior.

Recentemente, muitos países elogiaram o trabalho das equipas médicas chinesas. Uma delas foi agraciada com a Medalha da Ordem Nacional de Mérito, Cooperação e Desenvolvimento pelo presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo. Já uma equipa de medicina tradicional chinesa (MTC) anti-COVID recebeu a Medalha de Cavaleiro do Reino do Camboja do Ministério da Saúde do Camboja.

“A China enviou a sua primeira equipa de assistência médica ao exterior há 60 anos”, disse Mao, acrescentando que, desde então, um total de 30.000 profissionais da área médica tratou mais de 290 milhões de pacientes locais em 76 países e regiões, incluindo África e Ásia, com conquistas amplamente reconhecidas.

Mao disse que, como um país em desenvolvimento, a China sempre compartilhou momentos bons e maus com outros países em desenvolvimento. “Os 60 anos de assistência médica internacional demonstram que o povo chinês ama a paz, valoriza a vida e tem a aspiração original de ajuda mútua e busca comum da felicidade com outros países em desenvolvimento”, disse ela.

31 Mai 2023

Espaço | Pequim enviou primeiro astronauta civil para estação Tiangong

A missão chefiada por um veterano de 56 anos que efectua a sua quarta viagem espacial, acolhe o professor de 36 anos, Gui Haichao, especialista em ciências e engenharia espacial que se torna no primeiro civil chinês no espaço

 

A China enviou ontem três novos astronautas para a sua estação espacial Tiangong, incluindo, pela primeira vez, um astronauta civil, procurando reforçar a sua posição face aos Estados Unidos e à Rússia.

O trio de astronautas partiu a bordo de um foguetão pouco depois das 09:30 locais do centro de lançamento de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste do país, segundo a agência espacial chinesa responsável pelos voos espaciais tripulados (CMSA).

A viagem insere-se na estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030, um dos principais objectivos de um programa espacial no qual o país já investiu milhares de milhões de euros.

O comandante da missão, o veterano Jing Haipeng, realiza o seu quarto voo espacial e é acompanhado pelo engenheiro Zhu Yangzhu, e por Gui Haichao, professor e primeiro civil chinês no espaço, ambos com 36 anos.

Especialista em ciências e engenharia espaciais, Haichao será o responsável pelas experiências na estação e não vem das Forças Armadas, como sempre aconteceu até agora.

Representantes do programa espacial chinês garantiram na segunda-feira que a mudança de requisitos se deve “à nova fase em que entrou a estação espacial de Tiangong, durante a qual vai albergar um grande número de experiências científicas”.

A estação irá acolher investigação sobre o cultivo de plantas, criação de peixes, testes de comportamento de fluidos em gravidade zero e estudos de células animais e vegetais, bem como a instalação do relógio atómico mais preciso de sempre.

Os três astronautas são os primeiros a chegar à Tiangong, onde irão passar os próximos cinco meses, depois da conclusão da construção da estação espacial chinesa, no final de 2022.

O vice-director da CMSA, Lin Xiqiang, disse na segunda-feira que o país “espera e dá as boas-vindas” à participação de astronautas estrangeiros em missões chinesas.

Feitos e afazeres

A China já tem actualmente projectos de cooperação com a Agência Espacial Europeia e o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Espaciais Exteriores, que podem vir a aumentar, tendo em conta que a Tiangong pode em breve tornar-se a única estação espacial operacional.

Em 2019, o país pousou uma nave espacial no lado mais distante da Lua, tornando-se a primeira nação do mundo a fazê-lo, e em 2020, trouxe de volta amostras lunares e finalizou o Beidou, o seu sistema de navegação por satélite.

Em 2021, a China fez aterrar um pequeno robô em Marte, e o próximo passo é garantir o lançamento de duas missões espaciais tripuladas por ano, segundo a CMSA. A próxima será a Shenzhou-17, cujo lançamento está previsto para Outubro.

O país quer ainda lançar em 2030 a missão espacial Tianwen-3, para recolher e trazer de volta para a Terra amostras do solo de Marte, disse à Lusa no início do mês o cientista português André Antunes, responsável pela unidade de astrobiologia do Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

31 Mai 2023

Hong Kong | Arranca julgamento de 13 alegados envolvidos em ataque a parlamento

O julgamento de 13 pessoas alegadamente envolvidas no ataque ao parlamento de Hong Kong, em 2019, começou ontem, na região administrativa chinesa.

O episódio foi o mais violento dos primeiros dias dos protestos que abalaram Hong Kong nesse ano, com milhões de manifestantes a organizarem marchas e concentrações durante várias semanas.

Na noite de 1 de Julho de 2019, quando se assinalava o 22.º aniversário da transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China, manifestantes atacaram o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento de Hong Kong, depois de forçarem a entrada e exibirem a bandeira da era colonial britânica. Os manifestantes partiram janelas e pintaram as paredes com graffiti.

As 13 pessoas que estão a ser julgadas enfrentam acusações de participarem num motim, um crime punível com uma pena de prisão de até dez anos. Sete dos suspeitos declararam-se culpados no início da audiência, em troca da retirada de outras acusações.

“Nunca me arrependi da minha luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia”, disse Althea Suen, que se declarou culpada, numa mensagem publicada na rede social Facebook, no início do julgamento. “Os meus pensamentos continuarão a ser livres quando estiver na prisão”.

Os seis arguidos que não se declararam culpados de participarem num motim enfrentam outras acusações, como entrada ilegal no parlamento e “danos criminais”, crimes que podem implicar uma pena de prisão perpétua. O julgamento deverá ter uma duração de 44 dias.

Mais de dez mil pessoas foram detidas na sequência dos protestos de 2019, um dos maiores desafios às autoridades de Pequim desde a transferência de poder em 1997, que levou a China a impor na região, em 2020, uma lei de segurança nacional. Cerca de 2.900 pessoas foram acusadas por crimes relacionados com os protestos.

30 Mai 2023

Tóquio | Pyongyang alerta para lançamento de satélite

A Coreia do Norte informou o Japão que planeia lançar um satélite nos próximos dias, disseram ontem as autoridades nipónicas, informando que o projecto deverá implicar o lançamento de um míssil balístico.

A guarda costeira do Japão disse que o aviso das autoridades marítimas norte-coreanas aponta para o período entre 31 de Maio e 11 de Junho e que o lançamento pode afectar as águas do Mar Amarelo, Mar da China Oriental e leste da ilha Luzon, nas Filipinas.

Por isso, as autoridades nipónicas já emitiram um alerta de segurança para os navios que passem pela área marítima afetada.

O gabinete do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, afirmou na rede social Twitter que deu instruções relativamente à “notificação da Coreia do Norte sobre o lançamento de um míssil balístico descrito como um satélite”.

Kishida instruiu as autoridades para fazerem o possível para recolherem e analisarem informações relacionadas com o lançamento, apelando à vigilância e à cooperação com os aliados do Japão, nomeadamente os Estados Unidos e a Coreia do Sul.

Pyongyang disse no início do mês que o primeiro satélite espião militar estava pronto para ser lançado. Este lançamento implicaria o uso de tecnologia proibida por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

30 Mai 2023

Aviação | Primeiro avião de construção chinesa fez voo inaugural entre Xangai e Pequim

A primeira viagem de uma aeronave completamente fabricada no país foi coroada de êxito. O voo entre Xangai e Pequim, com 128 passageiros a bordo, durou duas horas

O avião C919, de fabrico chinês, completou no domingo com sucesso o seu primeiro voo comercial entre as cidades de Xangai e a capital, Pequim, numa rota operada pela companhia China Eastern.

O voo, designado MU9191, descolou do Aeroporto Shanghai Hongqiao às 10:32, horário local, e pousou no Terminal 2 do Aeroporto Internacional da Capital de Pequim após uma viagem de duas horas às 12:31, quase 40 minutos antes do horário anunciado anteriormente.

De acordo com as autoridades aeronáuticas chinesas, a aeronave, desenvolvida pela Commercial Aviation Corporation of China (COMAC), foi certificada pela Civil Aviation Administration of China (CAAC) após mais de 14 anos de desenvolvimento. No seu primeiro voo comercial, o C919, transportou 128 passageiros.

“Este voo marca uma cerimónia de maioridade para a nova aeronave e o C919 vai melhorar se passar no teste de mercado”, disse Zhang Xiaoguang, director do departamento de marketing e vendas da COMAC, em declarações à agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

Com capacidade para 164 passageiros, o C919 pretende concorrer com os modelos Airbus A320 Neo e Boeing 737 MAX.

Conquista aérea

A China Eastern, que assinou um acordo de compra para cinco C919, pretende operar os voos com estes aviões principalmente na metrópole de Xangai.

Segundo Zhang Xiaoguang, a companhia aérea tem programado introduzir gradualmente os C919 na sua frota nos próximos dois anos, com possibilidade de expansão com base no desempenho e na procura das suas rotas.

O lançamento do C919 reflecte a ambição da China de fortalecer sua posição no mercado de aviação comercial, com o Governo chinês a ter como objectivo atingir 10 por cento de participação no mercado doméstico com este modelo até 2025.

A companhia aérea realizou programas de treino para o seu pessoal e voos experimentais para garantir a segurança e a operação do C919.

A companhia aérea recebeu sua primeira aeronave C919 no final de 2022 e, posteriormente, iniciou uma série de voos de teste, num total de 100 horas. A COMAC recebeu mais de 1.200 pedidos para o C919 e pretende atingir uma capacidade de produção anual de 150 aeronaves nos próximos cinco anos, adiantam as fontes.

O C919 representa o esforço da China para reduzir a sua dependência dos fabricantes ocidentais em termos de tecnologia de aeronaves. Embora use alguns componentes ocidentais, o objectivo de longo prazo é desenvolver uma cadeia de componentes totalmente chinesa.

30 Mai 2023

UnionPay ultrapassa Visa em percentagem de transações globais com cartão de débito

A UnionPay, a maior empresa de cartões de pagamento da China, ultrapassou o Visa pela primeira vez, em 2022, assegurando 40,03% das transações globais com cartões de débito.

Os cartões de débito da UnionPay somaram uma participação de mercado de 40,03%, ultrapassando o sistema de pagamentos Visa, que se fixou em 38,78%, de acordo com um relatório do Nilson Report, citado pelo jornal oficial chinês Global Times.

As transações com cartões de débito representaram 63,88% de todas as transações de compra realizadas em 2022, refletindo a crescente preferência dos consumidores por essa forma de pagamento.

A UnionPay, cujos cartões em Portugal são emitidos pelo banco Millennium BCP, manteve a sua posição como líder em gastos com bens e serviços por meio de cartões de débito por dez anos consecutivos.

A participação de mercado do Visa em transações com cartões de débito tem diminuído constantemente, caindo de 80%, em 2011, para 39,53%, em 2021, de acordo com os dados do relatório, em contraste com o aumento de quase zero para 38,68% da UnionPay, no mesmo período de tempo.

A subsidiária da UnionPay, a UnionPay International, estabeleceu parcerias estratégicas com mais de 2.500 instituições financeiras em todo o mundo, permitindo que a empresa expandisse a utilização dos seus cartões em 181 países e regiões.

A moeda chinesa, o yuan, passou também por um processo gradual de internacionalização, tornando-se a quinta moeda de pagamento mais utilizada, a terceira mais usada em liquidações comerciais e a quinta maior moeda de reserva.

No mês passado, o yuan superou o dólar norte-americano nas transações transfronteiriças da China pela primeira vez, atingindo a sua maior participação histórica, de 48%, enquanto o uso do dólar caiu para 47%.

Em 2010, a China dependia quase exclusivamente do dólar para esse tipo de operação, com um uso de 83%.

A China quer aumentar o uso do yuan em transações transfronteiriças e estabeleceu acordos com Brasil, Chile, Argentina, Arábia Saudita e Rússia para promover a participação da sua moeda no comércio mundial, que atualmente está em 2,3%, de acordo com o sistema Swift.

29 Mai 2023

Primeiro carregamento de lítio brasileiro chega à China

O primeiro carregamento de lítio vindo do Brasil, um metal raro vital para o fabrico de baterias para automóveis elétricos, chegou à China, anunciou hoje a imprensa chinesa.

A primeira remessa, com 55 mil toneladas de carbonato de lítio, chegou ao porto de Quanzhou, na província de Fujian, no sudeste da China, avançou o Quanzhou Business News.

O jornal financeiro sublinhou que dada a escassez de lítio, a alfândega de Quanzhou “permitiu de imediato” o desalfandegamento do minério, “para garantir que pode ser colocada em produção o mais depressa possível”.

“A abertura deste canal internacional de comércio criou uma sólida base para a chegada futura de mais matérias-primas, incluindo carbonato de lítio, em Quanzhou”, disse um porta-voz do armador chinês que transportou o minério do Brasil.

Este que foi também o primeiro carregamento de lítio importado pela China este ano chegou a Quanzhou a 15 de maio após mais um mês de viagem, disse o chefe da alfândega do porto chinês, He Jiaqing.

Em fevereiro, o jornal brasileiro Globo avançou que a primeira remessa de carbonato de lítio brasileiro, estimada em 15 mil toneladas, deveria partir de Ilhéus, no estado da Bahia, no nordeste do Brasil, com destino à China em abril.

O lítio foi extraído pela empresa Sigma Lithium nas áreas de Araçuaí e Itinga, na região do Vale do rio Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Brasil, situado no estado de Minas Gerais, no sudeste do país.

A Sigma pretende extrair 766 mil toneladas de lítio por ano na região, onde se encontram as maiores reservas minerais de lítio do Brasil.

Minerais como o lítio são considerados essenciais para a concretização da designada “transição energética” das economias mundiais dependentes de combustíveis fósseis para sistemas de produção e de consumo menos poluentes e baseados em fontes renováveis.

No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros elétricos, mais do que em todos os outros países do mundo juntos.

A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.

Em 2014, o líder chinês, Xi Jinping, afirmou que o desenvolvimento de carros elétricos era a única forma de a China se converter numa “potência do setor automóvel”.

O país estabeleceu então como meta que os carros elétricos deviam representar 20% do total das vendas até 2025. Esse valor foi ultrapassado no ano passado, quando um em cada quatro veículos vendidos na China era elétrico.

29 Mai 2023

Milhares de pessoas retiradas de localidades nas Filipinas devido à aproximação do tufão Mawar

As autoridades filipinas começaram hoje a evacuar localidades, com a retirada de milhares de pessoas, a encerrar escolas e escritórios e a proibir a navegação devido à aproximação do tufão Mawar às províncias do norte do país.

De acordo com as autoridades, o tufão está com ventos de 155 quilómetros por hora e rajadas até 190 quilómetros por hora, mas os dados apontam para que a região montanhosa seja poupada de um “impacto direto”.

As projeções atuais mostram que o tufão está a dirigir-se para nordeste, em direção a Taiwan ou ao sul do Japão.

Embora se espere uma desaceleração considerável, as autoridades filipinas alertaram para as perigosas marés, inundações repentinas e deslizamentos de terra à passagem do tufão pela província de Batanes, no extremo norte, de terça a quarta-feira, refere a agência noticiosa Associated Press.

Exército, polícias, bombeiros e grupos de voluntários estão de prontidão para operações de busca e resgate nas províncias do norte e mais de um milhão de pacotes de alimentos foram preparados para qualquer contingência, segundo as autoridades.

Mais de 4.800 pessoas foram retiradas para abrigos de emergência em Cagayan, Batanes e outras províncias.

O Mawar, localmente denominado de Betty, aproximou-se no sábado da costa filipina, com o Governo a prever chuvas fortes, inundações e deslizamentos de terra no norte do arquipélago.

Perante estas previsões meteorológicas, a Unicef preposicionou material e equipamentos de emergência para quase 10.000 famílias, destinados a responder às necessidades das pessoas afetadas por estragos com impacto em água potável, saneamento, higiene, nutrição, educação e proteção infantil.

Este é o segundo ciclone tropical na zona das Filipinas em 2023 e o primeiro supertufão, com o arquipélago a esperar até dez fenómenos do género este ano, devido ao El Niño, que aquece as águas do Pacífico e provoca a formação de mais ciclones.

A tempestade atingiu, na noite de quarta-feira, a ilha de Guam, território norte-americano não incorporado na Micronésia, onde deixou um rasto de destruição, embora não tenham sido registadas vítimas mortais ou feridos graves.

29 Mai 2023

Turquia/Eleições: Pequim felicita Erdogan pela sua reeleição

A China felicitou hoje Recep Tayyip Erdogan pela vitória na eleição presidencial da Turquia, no domingo, e o seu novo mandato de cinco anos como chefe de Estado do país.

“A China felicita o presidente Erdogan pela sua reeleição”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning.

“Encorajamos a Turquia a seguir o caminho de desenvolvimento que se adapte às suas circunstâncias nacionais e esperamos que a Turquia continue a avançar no seu desenvolvimento sob a liderança do presidente Erdogan”, acrescentou a porta-voz.

Mao Ning acrescentou que Pequim “atribui grande importância às suas relações com a Turquia”. “Nos últimos anos, sob a liderança dos dois chefes de Estado, os dois países desenvolveram uma cooperação que tem dado frutos em várias áreas, em benefício dos nossos dois povos”, continuou.

“A China está disposta a trabalhar com a Turquia para elevar o relacionamento estratégico para novos patamares”, acrescentou o porta-voz.

29 Mai 2023

Xangai registou dia de Maio mais quente em 100 anos

Xangai registou hoje a temperatura mais alta atingida durante o mês de Maio, no espaço de cem anos, anunciou hoje o departamento meteorológico da cidade, situada no leste da China.

“Às 13:09, a temperatura na estação Xujiahui atingiu os 36,1 graus, quebrando um recorde de 100 anos para a temperatura mais alta registada em maio”, informou o serviço meteorológico oficial.

Algumas horas depois, a estação meteorológica no centro de Xangai atingiu 36,7°C, segundo a mesma fonte. A temperatura bateu assim em um grau o recorde anterior que tinha sido registado quatro vezes, em 1876, 1903, 1915 e 2018.

Em meados de Maio, a ONU alertou que o período 2023-2027 será quase certamente o mais quente de sempre registado na Terra, sob o efeito combinado dos gases de efeito estufa e do fenómeno climático El Niño.

Espera-se que as temperaturas globais ultrapassem em breve a meta mais ambiciosa dos acordos climáticos de Paris, alertou a Organização Meteorológica Mundial.

29 Mai 2023