Hoje Macau China / ÁsiaChina acusa EUA de causar enormes perdas com limites no acesso a chips avançados A China fez ontem duras críticas à última actualização pelo departamento de Comércio dos Estados Unidos sobre controlos de exportação, que impedem a exportação para o país asiático de ‘chips’ semicondutores avançados e do equipamento necessário para os fabricar. A revisão das regras pelo Governo norte-americano foram anunciadas na terça-feira, cerca de um ano depois de os controlos de exportação terem sido lançados pela primeira vez, para evitar a utilização de ‘chips’ com utilização militar, incluindo o desenvolvimento de mísseis hipersónicos e inteligência artificial. O ministério do Comércio da China afirmou que os controlos são “impróprios” e instou Washington a levantá-los o mais rapidamente possível. A mesma fonte disse que, uma vez que a indústria de semicondutores é altamente globalizada, as restrições impostas aos ‘chips’ utilizados em sistemas de inteligência artificial e outras aplicações avançadas estão a impedir o comércio normal e as actividades económicas. As restrições violam as regras do comércio internacional e “ameaçam seriamente a estabilidade das cadeias de abastecimento industrial”, afirmou, em comunicado. “As empresas de semicondutores dos EUA sofreram enormes perdas e as empresas de semicondutores de outros países também foram afectadas”, lê-se na mesma nota. O ministério do Comércio chinês afirmou que Pequim vai tomar “todas as medidas necessárias” para salvaguardar os seus direitos e interesses, sem dar quaisquer pormenores. Numa conversa com os jornalistas, a secretária do Comércio dos EUA, Gina Raimondo, disse que as restrições se destinam a proteger as tecnologias com claras implicações para a segurança nacional ou os direitos humanos. “A grande maioria dos semicondutores permanece sem restrições. Mas quando identificarmos ameaças à segurança nacional ou aos direitos humanos, agiremos de forma decisiva e em conjunto com os nossos aliados”, apontou. As actualizações resultaram de consultas com a indústria e da realização de análises tecnológicas. Vai agora existir uma zona cinzenta que será monitorizada para detectar ‘chips’ que possam ser utilizados para fins militares, mesmo que não satisfaçam os limiares das limitações comerciais. As exportações de circuitos integrados para empresas sediadas em Macau ou em qualquer outro local sujeito a um embargo de armas pelos EUA podem também ser restringidas, visando evitar que os países e regiões em causa contornem os controlos e forneçam circuitos integrados à China. As actualizações também introduzem novos requisitos que tornam mais difícil para a China fabricar ‘chips’ avançados noutros países. A lista de equipamento de fabrico abrangido pelos controlos de exportação também foi alargada, entre outras alterações. Raimondo afirmou que os limites impostos a estes chips não se destinam a prejudicar o crescimento económico da China. Numa reunião realizada em agosto, Raimondo e os seus homólogos chineses concordaram em trocar informações sobre os controlos das exportações. Está prevista a participação de funcionários chineses numa cimeira do fórum da Cooperação Económica Ásia-Pacífico em São Francisco, em novembro. O Presidente Joe Biden sugeriu que poderia reunir-se à margem da cimeira com o Presidente chinês Xi Jinping, embora a reunião ainda não tenha sido confirmada. Os dois líderes reuniram-se no ano passado após a cimeira do G20 em Bali, na Indonésia, pouco depois de terem sido anunciados os controlos das exportações.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum Faixa e Rota termina com acordos de 97,2 mil milhões O 3º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota terminou ontem em Pequim com acordos comerciais no valor de 97,2 mil milhões de dólares, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Wang declarou numa conferência de imprensa que o fórum foi “um sucesso total”, uma vez que “todas as questões da agenda” foram abordadas, o que mostrou aos representantes dos 110 países presentes que “não vieram falar por falar”. O ministro afirmou ainda que a China está empenhada em construir uma “economia global aberta” e em desenvolver uma “economia digital com um ambiente não discriminatório”. Segundo o chefe da diplomacia chinesa, o Fórum terminou ainda com 458 acordos e mais de cem mil oportunidades de formação. Xi Jinping, Presidente da China, disse que o país vai abrir ainda mais o “comércio transfronteiriço e o investimento nos serviços e expandir o acesso ao mercado de produtos digitais” e reformar as empresas estatais e grupos que atuam na economia digital, os direitos de propriedade intelectual e os contratos públicos. De acordo com dados do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, a iniciativa lançou mais de 3.000 projetos na última década, com um investimento conjunto de cerca de um bilião de dólares, e criou 420.000 postos de trabalho. Designado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, em 2013, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. A construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas voltaria a ligar o leste da Ásia e a Europa, através da Ásia Central. Mas a iniciativa tornou-se, entretanto, no principal programa da política externa de Xi Jinping. Na última década, mais de 150 países em todo o mundo aderiram à Faixa e Rota. Segundo um estudo realizado pela AidData, unidade de pesquisa sobre financiamento internacional, com sede nos Estados Unidos, nos primeiros cinco anos desde o lançamento (2013-2017), a China financiou, em média, 83,5 mil milhões de dólares por ano em projetos de desenvolvimento no estrangeiro, cimentando a liderança como principal financiadora internacional. O aumento líquido, de 31,3 mil milhões de dólares por ano, em relação aos cinco anos anteriores (2008-2012), é equivalente ao financiamento anual médio dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição, no período 2013-2017.
Hoje Macau China / ÁsiaWang Yi | “Modernizar o mundo em conjunto” “O terceiro Fórum Faixa e Rota para Cooperação Internacional regista outro marco importante no processo de construção conjunta da Iniciativa Faixa e Rota, afirmou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, na quarta-feira, destacando o “sucesso total” do fórum. “O consenso mais importante alcançado neste fórum é abrir uma nova etapa de cooperação de alta qualidade”, disse Wang.” A nova etapa de cooperação criará ainda mais oportunidades para a economia global e tornar-se-á uma vantagem para a situação global. “A maior visão deste fórum é modernizar o mundo em conjunto”, disse Wang. “A Iniciativa Faixa e Rota (IFR) criou uma plataforma de cooperação para o desenvolvimento comum e ajudou muitos países em desenvolvimento a acelerar a sua marcha em direção à modernização”. Durante o fórum, foram alcançados um total de 458 resultados, muito mais do que o segundo, revelou Wang. “Nos últimos 10 anos a cooperação Faixa e Rota alcançou conquistas históricas, abrindo um caminho de cooperação, oportunidade e prosperidade que leva ao desenvolvimento comum”, apontou ele. Wang observou que “a IFR tornou-se o bem público internacional mais popular e a maior plataforma de cooperação internacional do mundo. A Faixa e Rota é uma plataforma aberta e todos os países são bem-vindos a participar dela a qualquer momento”. O ministro expressou a esperança de que as iniciativas de conectividade de outros países também permaneçam abertas e evitem a criação de cliques exclusivos. “A China está pronta para se alinhar com todas as outras iniciativas de conectividade”, afirmou. Wang também rejeitou a alegação de que a Parceria para Infraestruturas e Investimentos Globais, lançada pelos EUA, tem como alvo a Iniciativa Faixa e Rota, chamando a narrativa de mais um caso de politização de questões económicas.
Hoje Macau China / ÁsiaPalestina | Solução de dois Estados é “muito urgente”, diz UE A presidência espanhola da União Europeia (UE) defendeu ontem que é “muito urgente” trabalhar na solução dos dois Estados, Israel e Palestina, para terminar o ciclo de violência no Médio Oriente. “Só conseguiremos pôr termo a uma tragédia que já foi repetida demasiadas vezes se conseguirmos materializar de uma vez por todas a solução dos dois Estados, vivendo um ao lado do outro em paz e segurança. Isto passa por um acordo definitivo”, disse o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Albares, intervindo na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em nome da presidência espanhola do Conselho da UE. A UE, sustentou Albares, deve agir com “clareza e firmeza”, mostrando “um compromisso firme contra o terrorismo e violência, com a paz, a justiça e a humanidade”. A UE deve demonstrar “solidariedade para com as vítimas, sem distinção de religião ou nacionalidade” e agir “de forma unida para impedir que esta tragédia se repita”, declarou.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | Pelo menos 471 mortos no ataque a hospital em Gaza Pelo menos 471 pessoas foram mortas no ataque que atingiu um hospital na Faixa de Gaza, indicou ontem um novo balanço emitido pelo Ministério da Saúde do Governo Hamas, que controla o enclave palestiniano. Na noite de terça-feira, e na sequência do ataque, o ministério tinha-se referido a pelo menos 200 mortos, com o Hamas a acusar Israel de responsabilidade por este mortífero ataque ao hospital Al Ahli da cidade de Gaza. Israel atribuiu a responsabilidade à Jihad islâmica, uma outra organização islamita armada de Gaza, que desmentiu categoricamente. O Ministério da Saúde do Governo do movimento islamita palestiniano também actualizou o número de vítimas, anunciando que pelo menos 3.478 palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, para além de 12.065 feridos. A mesma fonte não esclareceu se estavam já incluídas no balanço as centenas de pessoas mortas ao início da noite de terça-feira no hospital de Gaza. Marcelo em choque O presidente da República de Portugal declarou-se ontem chocado com o bombardeamento de um hospital em Gaza, tenha sido intencional ou não, mas escusou-se a apontar responsáveis, recomendando mais silêncio e diplomacia perante o conflito entre Israel e Hamas. “Não me vou pronunciar sobre essa matéria, primeiro, porque não tenho elementos, segundo, porque não devo pronunciar-me sobre essa matéria. Há instâncias diversas internacionais e depois há diligências nacionais múltiplas”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em reposta aos jornalistas, em Namur, durante a sua visita de Estado à Bélgica. Sobre a explosão de terça-feira no Hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza, o Presidente da República considerou que “chocou a todos, e provavelmente foi um choque universal”, lamentando as numerosas vítimas civis. “O nosso primeiro pensamento vai para as vítimas daquilo que ocorreu, como foi, por exemplo, quando também aconteceram bombardeamentos a estabelecimentos de saúde com vítimas civis na Ucrânia”, referiu. O chefe de Estado defendeu que “este é o momento de fazer tudo para que verdadeiramente haja futuro numa situação e numa região que tem sofrido muito ao longo do tempo” e que “isso ganha com o silêncio, com a diplomacia, se possível, mais do que com o falar publicamente na matéria”. Interrogado sobre o apelo do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para que haja um cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas, Marcelo Rebelo de Sousa disse apenas que compreende a posição de António Guterres, sem a subscrever. “Eu queria dizer só sobre isso é que compreendo perfeitamente a posição do secretário-geral das Nações Unidas, porque está, no exercício do seu mandato, preocupado com a situação”, respondeu, acrescentando: “É um apelo perfeitamente compreensível, porque corresponde ao que tem sido a linha orientadora da sua actuação em diversas situações no mundo”.
Hoje Macau China / ÁsiaXi pede a Putin esforços para salvaguardar justiça internacional O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem ao homólogo russo, Vladimir Putin, para que faça “esforços” no sentido de “salvaguardar a justiça internacional”, durante um encontro à margem do 3.º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota. Citado pela agência Xinhua, o líder chinês elogiou o estado das relações entre os dois países e sublinhou que a “confiança política está a aprofundar-se de forma constante”, com uma “coordenação estratégica estreita e eficaz e o comércio bilateral em máximos históricos”. Xi e Putin reuniram após a cerimónia de abertura do 3.º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota, que está a decorrer em Pequim. “Encontrámo-nos 42 vezes nos últimos dez anos. Desenvolvemos uma boa relação de trabalho e uma profunda amizade”, afirmou. Durante a reunião, Xi congratulou-se com o facto de os governos dos dois países “estarem a pôr em prática os importantes consensos” a que os dois líderes chegaram nas reuniões anteriores. “A confiança política mútua está a aprofundar-se de forma constante e a cooperação estratégica é eficaz e estreita. O comércio bilateral atingiu máximos históricos, caminhando firmemente para o objetivo que estabelecemos de 200 mil milhões de dólares por ano”, acrescentou o líder chinês. Recordando que no próximo ano se assinala o 75.º aniversário desde o estabelecimento das relações entre os dois países, Xi disse que a China quer trabalhar com a Rússia para “compreender a tendência histórica do desenvolvimento global com base nos interesses dos nossos dois povos”. “Temos de enriquecer ainda mais a cooperação bilateral, refletindo a nossa responsabilidade enquanto potências, e continuar a contribuir para a modernização dos nossos dois países”, afirmou o líder chinês. “Temos de fazer esforços para salvaguardar conjuntamente a justiça internacional” e “promover o desenvolvimento global”, acrescentou. Citado pela Xinhua, Putin afirmou durante a reunião que a Iniciativa Faixa e Rota “deve ser reconhecida como um bem público global” e que espera que mais países adiram ao projecto chinês no futuro. O líder russo viajou para a China com uma grande delegação de altos funcionários, incluindo dois vice-primeiros-ministros e responsáveis pelos negócios estrangeiros, desenvolvimento económico, transportes ou finanças.
Hoje Macau China / Ásia ManchetePIB chinês cresceu 5,2% no terceiro trimestre, o que promete realização da meta anual de 5% “A China está altamente confiante em cumprir sua meta de crescimento para 2023”, disse nesta quarta-feira Sheng Laiyun, vice-chefe do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE). “O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% nos primeiros três trimestres deste ano, pavimentando uma base sólida para o país atingir sua meta de crescimento anual do PIB de cerca de 5% em 2023”, revelou Sheng. “Para cumprir a meta de crescimento anual, o PIB da China precisa cumprir uma meta de crescimento de pelo menos 4,4% no quarto trimestre”, acrescentou. “O ímpeto crescente no processo da recuperação económica, uma série de políticas pró-crescimento e uma base relativamente baixa em relação ao mesmo período do ano passado contribuirão para o crescimento económico do país no quarto trimestre”, de acordo com Sheng. “Houve uma recuperação positiva e melhoria na oferta e procura durante os primeiros nove meses. Além disso, as expectativas e a situação operacional do sector da economia real também mostraram sinais positivos”, disse Sheng, acrescentando que a operação económica continuará seu bom ímpeto no quarto trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% em termos anuais nos primeiros três trimestres de 2023, atingindo mais de 91,3 biliões de yuans nos primeiros três trimestres. No terceiro trimestre de 2023, o PIB chinês registrou uma expansão anual de 4,9%. “Nos primeiros três trimestres deste ano, diante de um ambiente internacional severo e complexo e as árduas tarefas de reforma, desenvolvimento e estabilidade internas, todas as regiões e departamentos fizeram grandes esforços para impulsionar o desenvolvimento de alta qualidade e estabilizar o emprego e os preços”, disse o DNE. As vendas de bens de consumo da China aumentaram 6,8% nos primeiros três trimestres, para mais de 34,2 biliões de yuans, acrescentou o órgão. A produção industrial de valor agregado do país, um importante indicador económico, subiu 4,0% nos três primeiros trimestres, segundo DNE. O investimento em activos fixos subiu 3,1% nos primeiros três trimestres, para 37,5 biliões de yuans, enquanto a produção de serviços de valor agregado do país aumentou 6,0% ano a ano no mesmo período, indicaram os dados. A taxa de desemprego urbano pesquisada na China ficou em 5,3% nos três primeiros trimestres de 2023. O rendimento per capita da China foi de 29.398 yuans nos primeiros três trimestres, alta anual de 6,3%, de acordo com os dados. Descontando os factores de preço, o rendimento disponível per capita subiu 5,9% em relação ao ano passado. “Este crescimento económico nos primeiros três trimestres de 2023 estabeleceu uma base sólida para a China cumprir sua meta de crescimento para o ano inteiro”, segundo o DNE. A meta de crescimento para o ano inteiro de 2023 foi fixada em cerca de 5%.
Hoje Macau China / ÁsiaBaidu apresenta Ernie 4.0 que diz rivalizar com ChatGPT A tecnológica chinesa Baidu anunciou ontem uma nova versão do seu modelo de inteligência artificial (IA), o Ernie 4.0, que diz rivalizar com a norte-americana ChatGPT, nomeadamente o GPT-4. O presidente executivo (CEO) da Baidu, Robin Li, apresentou o Ernie 4.0 na conferência anual da tecnológica, em Pequim. O executivo referiu que o modelo alcançou compreensão, raciocínio, memória e produz, através de algoritmos, e cria novos conteúdos. “Não é inferior em nenhum aspecto ao GPT-4”, acrescentou o responsável, salientando que o modelo mais recente foi “significamente melhorado” em comparação com o ‘bot’ Ernie original. A Baidu é pioneira entre uma série de empresas chinesas que concorreram na criação de modelos de IA, depois do ChatGPT, da Open AI, ter impulsionado a corrida a modelos de inteligência artificial generativa, no final do ano passado. Pequim vê a inteligência artificial como uma indústria chave para concorrer com os EUA e pretende tornar-se um líder global até 2030. A Baidu, sediada em Pequim, começou como uma empresa de motores de busca e, ao longo da última década, investiu fortemente em tecnologia de inteligência artificial, como a condução autónoma e, mais recentemente, IA generativa para se manter competitiva. O Ernie Bot foi lançado em março pela Baidu e, em agosto, foi disponibilizado ao público. O Ernie 4.0 ainda não está disponível ao público em geral.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum “Uma Faixa, Uma Rota” | Presidente Xi condensou dez anos de experiências da iniciativa O presidente chinês, Xi Jinping, falou nesta quarta-feira no seu discurso de abertura do terceiro Fórum Faixa e Rota para Cooperação Internacional sobre as experiências extraídas da cooperação da iniciativa na última década. “Aprendemos que a humanidade é uma comunidade com um futuro partilhado”, explicou Xi. “A China só pode se sair bem quando o mundo está indo bem. Quando a China vai bem, o mundo vai ficar ainda melhor.” “A China tornou-se no parceiro comercial importante de mais de 140 países e regiões e uma fonte primária de investimento para mais nações. Tanto o investimento chinês no exterior quanto o investimento estrangeiro na China aumentaram a amizade, a cooperação, a confiança e a esperança”, disse o presidente. “A cooperação de benefício comum é o caminho certo para o sucesso no lançamento de grandes iniciativas que beneficiam todos. Quando os países adoptam a cooperação e agem em conjunto, um abismo profundo pode ser transformado numa via, os países sem litoral podem ser ligados por terra e um lugar de subdesenvolvimento pode ser transformado numa terra de prosperidade”, acrescentou. Segundo o presidente chinês, “os países que tomam a liderança no desenvolvimento económico devem dar a mão aos seus parceiros que ainda não o alcançaram. Devemos todos tratar-nos como amigos e parceiros, respeitar-nos, apoiar reciprocamente e ajudarmos uns aos outros a termos sucesso. Como diz o ditado, quando se dá rosas aos outros, a fragrância permanece na nossa mão. Em outras palavras, ajudar os outros também é ajudar a si mesmo. Ver o desenvolvimento dos outros como uma ameaça ou tratar a interdependência económica como um risco não tornarão a sua própria vida melhor nem acelerarão o seu próprio desenvolvimento”, concluiu o presidente chinês. Xi apontou ainda que o espírito da Rota da Seda de paz e cooperação, abertura e inclusividade, aprendizagem e benefício mútuo é “a fonte de força mais importante para a cooperação da Iniciativa Faixa e Rota”. “Certa vez, eu disse que os pioneiros das antigas rotas da seda conquistaram seu lugar na história não como conquistadores com navios de guerra, armas, cavalos ou espadas. Em vez disso, eles são lembrados como emissários amigáveis liderando caravanas de camelos e navios à vela carregados de mercadorias”, assinalou Xi. “A cooperação da Iniciativa Faixa e Rota baseia-se na crença de que a chama aumenta quando todos colocam lenha na fogueira e que o apoio mútuo permite que possamos ir longe”, acrescentou. “Essa cooperação busca proporcionar uma boa vida não apenas para as pessoas de apenas um país, mas também para as pessoas de outros países. Promove conectividade, benefício mútuo, desenvolvimento comum, cooperação e resultados vantajosos para todos”, disse ainda Xi que não deixou de apontar os obstáculos: “a confrontação ideológica, a rivalidade geopolítica e a política de blocos não são escolhas para nós. Somos contra as sanções unilaterais, a coerção económica, a dissociação e a interrupção da cadeia de suprimentos”, sublinhou. “O que foi alcançado nos últimos 10 anos demonstra que a cooperação Iniciativa Faixa e Rota está do lado certo da história. Representa o avanço de nossos tempos e é o caminho certo para frente”, concluiu Xi.
Hoje Macau China / ÁsiaUma Faixa, Uma Rota | Líderes mundiais encontram-se em Pequim e comentam iniciativa O Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se com os líderes mundiais que vieram para o terceiro Fórum Faixa e Rota para a Cooperação Internacional em Pequim, na terça-feira, à medida que mais chefes de Estado, líderes governamentais e funcionários, bem como líderes de organizações internacionais chegavam à capital da China. Na terça-feira, Xi reuniu-se com líderes como o Presidente da Indonésia, Joko Widodo, o Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, o Primeiro-Ministro da Hungria, Viktor Orban, o Presidente do Chile, Gabriel Boric, o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, o Presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, o Primeiro-Ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e o Primeiro-Ministro da Papua-Nova Guiné, James Marape. No mesmo dia, chegaram mais dirigentes de diferentes países e organizações internacionais, incluindo o Presidente russo Vladimir Putin, o Secretário-Geral da ONU António Guterres, o Presidente argentino Alberto Fernandez, o Presidente vietnamita Vo Van Thuong, o Presidente da Mongólia Ukhnaa Khurelsukh e o Primeiro-Ministro de Moçambique Adriano Maleiane. Chegaram também dirigentes de outros países, nomeadamente o Primeiro-Ministro do Paquistão, Anwar-ul-Haq Kakar, o Primeiro-Ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, o Presidente do Quénia, William Ruto, o Primeiro-Ministro do Camboja, Hun Manet, o Presidente do Laos, Thongloun Sisoulith, o Presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, e o Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, alguns dos quais se reuniram com dirigentes chineses. Para além dos líderes em exercício, muitos antigos líderes e figuras não governamentais também vieram ao Fórum este ano, incluindo uma delegação de peritos franceses que também veio a Pequim e se reuniu com altos funcionários chineses. Durante as conversações com o presidente chinês, todos os líderes estrangeiros mencionaram as realizações que tinham criado com a China no âmbito da IFR na última década e apreciaram a contribuição e a ajuda da China para o desenvolvimento dos seus países, segundo a Xinhua. Também se opuseram ao acto de “dissociação” e ao chamado “de-risking”, que visa conter a China e servir um objetivo hegemónico, e alguns deles, que estão profundamente preocupados com as questões actuais, como a crise da Ucrânia e o conflito israelo-palestiniano, também prometeram manter a comunicação e a coordenação com a China para promover a resolução política e a mediação. “Para compreender corretamente a natureza da IFR, temos de começar por reconhecer que os membros do Sul Global, ou os países em desenvolvimento, são os principais participantes, representando o futuro pólo de crescimento do mercado mundial. A IFR está em linha com a tendência de crescimento do Sul Global”, disse Huang Renwei, director-geral executivo do Instituto Fudan para a Iniciativa Faixa e Rota e Governação Global, ao Global Times. “A IFR fornece a base económica para o Sul Global, ligando países relacionados e formando novos e maiores mercados”, disse Huang. “Alguns países querem separar a China do Sul Global, mas o facto é que os países do Sul não se vão separar da China, mas sim cooperar mais estreitamente com a China”, observou. O Sul Global também fala Os países do Sul Global são os principais participantes, bem como os que mais beneficiaram da IFR, e os convidados do Sul Global que vieram a Pequim, expressaram a sua confiança e grandes expectativas na IFR. Muhammad Zamir Assadi, investigador em diplomacia e membro do Centro de Imprensa China-Sul da Ásia e Sudeste Asiático, disse que “o fórum é de grande importância, uma vez que dezenas de líderes internacionais vieram à China para participar nele e também transmite uma mensagem à comunidade internacional de que os desenvolvimentos de alta qualidade alcançados no âmbito da IFR na última década são notáveis e satisfatórios. Mostra-nos também que a cooperação vantajosa para todos com a consulta mútua está a obter resultados benéficos para todos”. “O Corredor Económico China-Paquistão foi anunciado como um projecto emblemático da IFR, e tem mostrado resultados tangíveis. O investimento no projecto também ajudou a impulsionar vários sectores no Paquistão”, afirmou Assadi, que também espera que haja mais intercâmbios nos domínios da educação e da medicina entre a China e o Paquistão. “O Paquistão tem muita confiança no projeto IFR e essa confiança não será afetada por qualquer outra situação. A confiança estará sempre presente, uma vez que a IFR fez um excelente trabalho na transformação de vários sectores no Paquistão, e acreditamos que o BRI trará resultados duradouros e mais tangíveis para o mundo”, afirmou o especialista paquistanês. Yahya Nawanda, Comissário Regional de Simiyu, na Tanzânia, disse que “temos muitos projectos na Tanzânia que foram construídos por empresas chinesas e o mais influente, que todos os tanzanianos conhecem, é o projecto ferroviário Tanzânia-Zâmbia”. “Também queremos estabelecer ligações com outros países como o Ruanda e o Burundi”, disse Nawanda. “Temos de levar para casa tudo o que estamos a estudar e a testemunhar aqui na China, para podermos ajudar o nosso povo e as nossas nações.” Gan Tiam Loo, vice-presidente da Associação de Interação Malásia-China, disse que “uma ligação de corações entre pessoas de diferentes culturas sempre foi significativa para uma operação bem-sucedida da IFR. Com a proposta da iniciativa, a sociedade local na Malásia demonstrou uma atitude acolhedora e de apoio à iniciativa. Tal pode ser comprovado pela participação activa dos dirigentes estatais e do público em geral no estudo e no intercâmbio com a China”. Espero que, no futuro, a IFR possa continuar a partilhar a “solução chinesa” e a “sabedoria chinesa” com outros países e que, através desta nova forma de cooperação internacional, seja possível manter a paz regional e alcançar um desenvolvimento rápido. “Espero que os povos do mundo transformem a sua busca por uma vida melhor em realidade dentro da comunidade do futuro partilhado, e alcancem um mundo de grande harmonia com a ICR”, disse Gan. O brinde de Xi No banquete de boas-vindas, o presidente chinês, Xi Jinping fez um brinde, durante o qual, entre outras, proferiu as seguintes afirmações: “A primavera é das flores e o outono é da colheita. Desde a proposta da Iniciativa Faixa e Rota há uma década, a China e os parceiros têm trabalhado de mãos dadas e advogado o espírito da Rota da Seda, caracterizado por paz e cooperação, abertura e inclusão, aprendizagem mútua e benefícios mútuos. “Juntos, temos contribuído para a conectividade global e temos criado plataformas para a cooperação económica internacional. Juntos, somos uma força motriz para o crescimento global. Juntos, temos realizado milhares de projectos de cooperação com resultados sólidos. Juntos, temos escrito um capítulo magnífico da promoção de um mundo conectado e temos trilhado um caminho em busca da prosperidade individual e colectiva para todos. Nenhuma das conquistas caiu do céu ou foi concedida por outros. Elas só são possíveis com trabalho árduo, sabedoria e coragem dos governos, empresas e povos dos parceiros. Gostaria de propor que saudemos todos que têm participado e contribuído para a cooperação Faixa e Rota. “A cooperação Cinturão e Rota busca desenvolvimento, promove resultados de ganhos partilhados e inspira esperança. Da história humana sabemos que uma colheita abundante não seria possível sem espírito diligente e esforços incessantes, os quais garantem resultados sustentáveis que beneficiam gerações futuras. É a responsabilidade que cabe a nós, líderes políticos desta geração, cumprir para as pessoas de hoje e as futuras gerações. “O mundo de hoje está longe de ser tranquilo. A economia mundial enfrenta uma maior pressão descendente, enquanto o desenvolvimento global enfrenta múltiplos desafios. Entretanto, estamos convictos de que é irresistível a corrente histórica de paz, desenvolvimento, cooperação e benefícios mútuos, é irresistível a aspiração dos nossos povos por uma vida melhor, e é irresistível o desejo dos países de alcançar desenvolvimento e prosperidade comuns. Desde que nos mantenhamos firmes no nosso compromisso com cooperação e desenvolvimento comuns, alcançaremos os novos êxitos na cooperação Faixa e Rota, a qual reflecte o espírito dos nossos tempos. E dessa maneira, criaremos com esforços conjuntos um futuro melhor para a humanidade.”
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | Guterres condena ataque a hospital de Gaza e apela a cessar-fogo humanitário imediato O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou hoje o ataque a um hospital no norte da Faixa de Gaza, no qual se registaram centenas de mortos e feridos, num bombardeamento cuja responsabilidade nem o Hamas nem Israel reconhecem. “Estou chocado com as centenas de pessoas mortas no ataque ao hospital al-Ahli em Gaza, que condeno, e apelo a um cessar-fogo humanitário imediato para aliviar o sofrimento humano a que estamos a assistir. Muitas vidas e o destino da região estão em jogo”, disse Guterres, num fórum internacional em Pequim. O secretário-geral da ONU afirmou que, apesar de compreender o profundo sofrimento histórico dos palestinianos, “tal não pode justificar atos de terror”. Também “o castigo coletivo” contra o povo palestiniano “não pode ser justificado”. António Guterres tem sido uma das vozes mais proeminentes a pedir a Israel que abra a Faixa de Gaza para permitir a passagem de ajuda humanitária. “Fiz dois apelos, e cada um deles é válido por si só. Não devem tornar-se moeda de troca e devem ser implementados por si só, porque é a coisa certa a fazer. A minha mensagem é dirigida tanto ao Hamas como a Israel, para que o primeiro liberte os reféns que mantém em cativeiro e para que o segundo permita a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza”, afirmou. O enclave, que alberga mais de dois milhões de pessoas, está sob um bloqueio total desde 07 de outubro, sob bombardeamento constante das forças israelitas e no limite da possibilidade de uma invasão terrestre por parte de Israel, que se recusou a permitir a entrada de ajuda humanitária até que os reféns do Hamas sejam libertados. “As necessidades mais básicas da população de Gaza, incluindo a maioria das mulheres e crianças, têm de ser satisfeitas”, afirmou. Guterres descreveu a situação como “uma catástrofe”, afirmando que a região está “à beira de um precipício”.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | Países MENA devem liderar processo de desanuviamento do conflito, defende analista Uma analista da Chatham House defendeu que os países do Médio Oriente e Norte de África devem liderar o processo de desanuviamento da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada há 10 dias com o ataque do movimento islamita. Num artigo publicado ontem no portal da Chatham House, Sanam Vakil, diretora do Programa para o Médio Oriente e Norte de África (MENAP) da instituição, lembra que os atores regionais passaram os últimos cinco anos a tentar encontrar soluções pragmáticas para pôr fim aos conflitos e estabelecer ligações. “Agora, têm de abordar a questão que procuraram evitar”, salientou Vakil, defendendo que os abalos provocados pelo ataque do Hamas a Israel e a resposta militar israelita “estão a ser sentidos muito para além das suas fronteiras, onde os combates se concentram atualmente”. “O Médio Oriente receia claramente que a região se envolva numa guerra mais vasta, que poderá envolver os palestinianos da Cisjordânia e da Jordânia, o Egito [que faz fronteira com Gaza], o Hezbollah do Líbano e o seu patrono, o Irão. Os países do Golfo Árabe também receiam que a sua segurança interna seja afetada pela violência em cascata”, adverte a analista de política internacional. Vakil destacou que a guerra eclodiu após um período prolongado de esforços de desanuviamento e reconciliação liderados pela região e relembrou que, desde 2019, os países, incluindo Israel, têm estado cada vez mais dispostos a encontrar compromissos pragmáticos e viáveis com base em interesses partilhados, “fenómeno por vezes referido como a construção de um “novo Médio Oriente”. “Os progressos não foram completos ou perfeitos, mas o contexto regional da guerra entre Israel e o Hamas é muito diferente do de há dez anos. A nova guerra constituirá o teste mais severo possível a esta cooperação regional. Mas os países do Médio Oriente não devem encolher-se perante o desafio. Este é o momento para os atores regionais colaborarem num esforço para encontrar novas soluções para desanuviar a guerra”, argumentou. Vakil realçou que os países do Médio Oriente “embarcaram num período prolongado de diplomacia regional realista”, impulsionado pela diminuição do envolvimento dos EUA, pelas mudanças geopolíticas decorrentes da guerra na Ucrânia e por uma redefinição regional das prioridades das necessidades económicas internas. Nesse sentido, prosseguiu, assistiu-se à normalização das relações entre Israel, o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos nos Acordos de Abraão, de 2020, ao fim do bloqueio ao Qatar, em 2021, a uma redefinição das relações entre o Golfo e a Turquia em 2023 e ao restabelecimento dos laços entre o Irão e a Arábia Saudita, com a mediação da China. As negociações com o Iémen também estão em curso, tal como a reabilitação do regime sírio de Bashar al-Assad após uma década de guerra civil e de guerra patrocinada pelo exterior. Segundo Vakil, as recentes negociações entre Israel, a Arábia Saudita e os Estados Unidos tinham como objetivo uma nova ronda de normalização, “embora, com a eclosão do conflito armado, isso esteja agora quase certamente fora de questão”. “Mas, como a guerra do Hamas demonstrou, este recomeço regional continua a ser inerentemente frágil. A concorrência ainda não desapareceu: os Estados do Golfo, especialmente Riade e Abu Dhabi, têm visões distintas para o Iémen. O Iraque e o Kuwait estão a viver novas tensões sobre as suas fronteiras marítimas. A desconfiança persiste entre a Arábia Saudita e o Irão, apesar da recente normalização e do papel dos Estados Unidos estar a diminuir e a influência de potências externas estar a ser posta em causa”, sustentou a analista. “Há duas questões cruciais: a israelo-palestiniana e o apoio desestabilizador do Irão a atores como o Hamas e o Hezbollah, que ficaram em suspenso e por resolver, uma vez que os atores regionais procuraram acordos de normalização e novas oportunidades económicas”, acrescentou. Para Vakil, no rescaldo imediato do conflito, “surgiram claramente divisões nas perceções regionais”, com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein a criticarem o Hamas, a lamentarem a perda de vidas de ambos os lados e a encorajarem o apoio ao diálogo. “A Arábia Saudita sublinhou a ocupação israelita do território palestiniano, mas também encorajou o desanuviamento e a proteção da vida civil. O Qatar, o Kuwait e Omã criticaram Israel pelas violações do direito internacional e dos direitos dos palestinianos. O Egito, que já viveu situações de instabilidade na sua fronteira com Gaza, manifestou o seu apoio a uma paz justa e a um Estado palestiniano”, sustentou. Para Vakil, contudo, há também já “sinais encorajadores”. “O Qatar está a mediar a libertação dos reféns, o Egito está a trabalhar para evitar uma nova escalada e a Turquia ofereceu-se para arbitrar”, sublinhou a analista da Chatham House, salientando que os países da região têm hoje uma “oportunidade real” de tirar partido das suas recentes conquistas e de criar um esforço unido e credível para desanuviar o conflito. “Os últimos cinco anos demonstraram o seu verdadeiro desejo de normalizar as relações com Israel e de resolver os conflitos na prossecução de interesses mútuos. Os ataques do Hamas, por sua vez, ilustram que esses esforços não podem avançar sem que sejam abordadas as disputas ainda não resolvidas que os anteriores esforços de normalização procuraram contornar”, acrescentou. Vakil defende também que os Estados do Golfo, que têm a capacidade de apelar tanto a Israel como aos palestinianos, mas também de se envolverem com o Irão no seu papel de desestabilizador regional, serão “fundamentais” para quaisquer esforços de desanuviamento e para uma gestão mais ampla dos conflitos. “O papel desempenhado pelos Estados Unidos, pela China e por outros atores internacionais pode continuar a ser significativo. Mas os países do Médio Oriente e Norte de África devem liderar a criação de uma via realista e exequível para a paz, assente nos conhecimentos e capacidades locais”, terminou.
Hoje Macau China / ÁsiaONU preocupada com falta de apoio aos refugiados no Myanmar O chefe do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) apelou ontem à comunidade internacional para manter o apoio aos refugiados de etnia rohingya de Myanmar, apesar das crises no Médio Oriente e Ucrânia. Filippo Grandi disse em Banguecoque ser necessário mais apoio para ajudar os rohingya e aliviar o fardo dos países que acolhem os refugiados desta etnia minoritária da antiga Birmânia. Falando à margem de uma reunião regional sobre refugiados, Grandi defendeu que o “regresso voluntário e digno a Myanmar” dos rohingya é a solução mais desejável, mas reconheceu haver “muitos desafios que têm de ser ultrapassados”. Admitiu que a assistência humanitária está a tornar-se mais difícil devido à persistência do conflito armado em Myanmar e à redução do financiamento e da ajuda por causa de crises como as do Afeganistão, Ucrânia ou Médio Oriente. Pediu, por isso, “políticas abertas para os países de acolhimento, contribuições para os países doadores e para todos os outros em todo o mundo, e atenção por parte da comunidade internacional”. Mais de um milhão de rohingya fugiram de Myanmar para o Bangladesh ao longo de várias décadas. O número inclui cerca de 740 mil que atravessaram a fronteira a partir de Agosto de 2017, quando os militares birmaneses lançaram uma operação de grande envergadura na sequência de ataques de um grupo de guerrilha. Os Estados Unidos denunciaram em 2022 que a opressão dos rohingya em Myanmar equivalia a genocídio, depois de terem confirmado relatos de atrocidades cometidas contra civis pelos militares numa campanha sistemática contra a minoria étnica. Os rohingya, que são muçulmanos, enfrentam uma discriminação generalizada em Myanmar, de maioria budista, sendo-lhes negada a cidadania e muitos outros direitos. Cadeira do poder Participaram na reunião em Banguecoque delegados do Bangladesh, Reino Unido, Índia, Indonésia, Malásia, Tailândia e Estados Unidos, bem como representantes de organizações dos rohingya. A junta militar no poder em Myanmar não esteve representada na reunião, segundo a ONU. Myanmar e Bangladesh concordaram com um processo de repatriamento de dois anos em 2018. O processo foi prejudicado pelo agravamento da segurança em Myanmar após a tomada do poder pelo exército em 2021, que desencadeou uma resistência armada generalizada. Grandi disse que as contribuições financeiras para a ajuda aos rohingya diminuíram e que a missão da ONU para este ano “mal tem 40 por cento de financiamento”, uma queda acentuada em relação aos cerca de 60-70 por cento dos anos anteriores. “Algo tem de mudar. Caso contrário, estou realmente preocupado com o futuro dos refugiados rohingya e com a paciência do país de acolhimento para os receber”, acrescentou.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum Faixa e Rota | António Guterres chegou ontem a Pequim O secretário-geral da ONU, António Guterres, chegou ontem a Pequim para participar no 3.º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota, informou a televisão estatal CGTN. De acordo com o seu porta-voz, Guterres vai discursar na cerimónia de abertura do evento. Está também prevista uma intervenção numa sessão de alto nível dedicada às questões climáticas. Guterres vai reunir-se em Pequim com o presidente chinês, Xi Jinping, e outros altos funcionários, incluindo o vice-presidente Han Zheng, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e o enviado especial para as Alterações Climáticas, Xie Zhenhua. Guterres é uma das mais altas figuras presentes no fórum, que celebra 10 anos desde o lançamento do gigantesco programa de infra-estruturas internacional pela China. O evento vai ser inaugurado hoje por Xi Jinping e conta com a presença de representantes de 110 países, incluindo o Presidente russo, Vladimir Putin. De acordo com dados do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, a iniciativa lançou mais de 3.000 projectos na última década, com um investimento conjunto de cerca de um bilião de dólares, e criou 420.000 postos de trabalho.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum da Faixa e Rota | Vladimir Putin vai reunir hoje com Xi Jinping O Presidente russo, Vladimir Putin, aterrou ontem em Pequim, onde vai reunir com o homólogo chinês, Xi Jinping, e participar no 3º Fórum da Faixa e Rota. O Governo de Moscovo realça que as relações bilaterais entre os dois países “estão a crescer” Vladimir Putin aterrou ontem na capital chinesa às 09h e hoje irá reunir com o Presidente chinês Xi Jinping e participar no 3º Fórum da Faixa e Rota, indicou ontem a agência noticiosa oficial Xinhua. “No dia 18 de Outubro de 2023, em Pequim, à margem do terceiro Fórum Internacional ‘The Belt and Road’ [‘Faixa e Rota’], serão realizadas discussões entre o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, e o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping”, indicou o Kremlin (Presidência russa), em comunicado. Putin chegou à China com uma grande delegação de altos funcionários, incluindo dois vice-primeiros-ministros, e responsáveis pela diplomacia, economia, transportes ou finanças. A delegação inclui também o governador do Banco Central, o director dos caminhos-de-ferro russos e os directores do maior banco da Rússia, o Sber, do banco VTB, da empresa de gás Gazprom, da agência atómica Rosatom e outros executivos. Durante o encontro de hoje, Xi e Putin vão discutir questões bilaterais e internacionais num diálogo “amigável e franco”, de acordo com o Kremlin, sete meses depois de uma cimeira em Moscovo que selou a “amizade ilimitada” entre os dois países. A reunião servirá para debater as relações bilaterais, que “estão em plena expansão”, adiantou ontem de manhã o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, durante uma reunião com o homólogo chinês, Wang Yi, em Pequim. Wang Yi também confirmou a participação de Putin no 3.º Fórum dedicado à “Faixa e Rota”, o gigantesco projecto de infraestruturas internacional lançado pela China e encarado como o principal programa da política externa de Pequim, a convite de Xi. Boas expectativas Segundo afirmou Putin, numa entrevista à emissora China Media Group, a Rússia espera o melhor deste fórum. “Talvez seja demasiado cedo para insistir nisso, mas tenho a certeza de que vão ser assinados contratos, estabelecidos novos contactos entre os agentes económicos e chefes de Governo”, disse. Putin acrescentou que as propostas russas têm várias páginas e que “cada projecto pode representar algo em que se trabalhará durante mais de um ano, talvez uma década”. O líder russo sublinhou ainda que os dois países têm uma cooperação intensa no domínio da energia, especialmente no fornecimento de petróleo e gás. O conselheiro da Presidência russa, Yuri Ushakov, recordou na segunda-feira que Putin vai participar no 3.º Fórum da Faixa Rota como “convidado principal” e discursará no evento logo após o anfitrião, Xi Jinping. A China tem servido como ‘tábua de salvamento’ de Moscovo, após a invasão da Ucrânia. O país asiático é agora o principal parceiro comercial e aliado diplomático da Rússia. A China considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a sua relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão, marcada por disputas em torno do comércio e tecnologia ou diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong ou Taiwan e a soberania dos mares do Sul e do Leste da China. Poucas semanas antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, Putin e Xi declararam, em Pequim, uma amizade “sem limites”. A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções internacionais contra Moscovo.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Quatro detidas por suspeitas de enforcamento de gato A polícia de Hong Kong deteve na segunda-feira quatro mulheres suspeitas de crueldade contra animais, depois de ter sido encontrado no sábado um gato morto pendurado numa árvore num parque para animais de estimação em North Point. Uma das suspeitas, uma mulher de 69 anos, é alegadamente a proprietária do gato. Foram também detidos três trabalhadores domésticos estrangeiros com idades compreendidas entre 24 e 33 anos. As detenções aconteceram depois de as autoridades analisarem uma grande quantidade de imagens de circuito fechado de televisão captadas na zona. O corpo do gato foi encontrado com uma corda de nylon azul à volta do pescoço no North Point Promenade Pet Garden. A crueldade para com animais é punível com uma pena de prisão até três anos e uma multa de 200 mil dólares de Hong Kong.
Hoje Macau China / ÁsiaAnálise | Investimento no exterior vai entrar em período de “muita sobriedade” O economista Michael Pettis considera que a China teve um período inicial de “exuberância” no financiamento ao exterior que vai ser seguido por outro de “muita sobriedade”, à medida que vários países arriscam entrar em incumprimento “É o padrão comum: quando se sai pela primeira vez, sobrestima-se a capacidade de compreender os países em desenvolvimento, subestima-se o risco”, destaca à Lusa o professor de teoria financeira na Faculdade de Gestão Guanghua, da Universidade de Pequim. “No início, é muito difícil resistir à tentação de poder ganhar muito dinheiro, até se chegar a um ponto em que se tem de receber reembolsos significativos”, acrescenta. A China celebra esta semana dez anos desde o lançamento da Iniciativa Faixa e Rota com um fórum em Pequim que conta com a participação de líderes de mais de cem países. Designado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. Na última década, no entanto, a Faixa e Rota adquiriu dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa. Para Michael Pettis, o projecto nasceu da necessidade da China exportar o excesso de poupança adquirido através de um excedente comercial com o resto do mundo. “O Governo chinês colocou, inicialmente, as suas reservas sobretudo em obrigações do Estado norte-americano, mas à medida que as reservas aumentaram, tornou-se mais receptivo a diversificar e a investir noutros activos de maior rendimento: foi nessa altura que descobriu o mundo em desenvolvimento”, descreve. Nos últimos anos, as empresas chinesas construíram portos, estradas, linhas ferroviárias ou centrais eléctricas em todo o mundo, financiadas por bancos de desenvolvimento chineses. A China é agora o maior credor internacional do mundo, tendo-se tornado na principal fonte de financiamento para muitos países de rendimento baixo ou médio. Segundo diferentes estimativas, a China investiu cerca de um bilião de dólares nos países em desenvolvimento no âmbito da Faixa e Rota. Reverso da medalha O gigantesco programa internacional de infraestruturas enfrenta, no entanto, desafios suscitados pelo excesso de endividamento em alguns países e projectos comercialmente inviáveis, alguns dos quais ficaram por terminar, devido a falta de liquidez. Sri Lanka, Maldivas, Laos e Quénia são alguns dos países que enfrentam dificuldades em cumprir com as suas obrigações, numa altura em que Pequim lida com uma crise interna no sector imobiliário e uma economia em abrandamento. Michael Pettis apontou um formato pirâmide no gráfico do investimento chinês no exterior, com uma ascensão repentina que atinge o pico em 2016 e regista, logo de seguida, uma descida abrupta. O ponto de viragem foi a entrada em incumprimento da Venezuela, explicou. Segundo diferentes estimativas, Caracas deve actualmente 10 mil milhões de dólares a diferentes instituições chinesas. “A China emprestou desproporcionadamente à Venezuela, Argentina e Equador, mas, em 2015, a Venezuela teve de reestruturar praticamente toda a sua dívida à China e ao resto do mundo”, lembra. “Isto foi um choque muito grande para Pequim”, refere o economista, que vive no país asiático há mais de duas décadas. “Foi a primeira vez que [a China] percebeu que conceder empréstimos a países em desenvolvimento é bastante arriscado e que, quando há uma expansão demasiado rápida, é provável que surjam problemas”. Dimensão reduzida Pettis considera que Pequim vai ter que perdoar parte das dívidas. “Já se sabe como é que isto funciona: os empréstimos são feitos na expectativa de que serão totalmente reembolsados; depois descobre-se que o reembolso é muito difícil; passa-se um período muito longo e destrutivo em que a dívida é renegociada e reestruturada; por fim, chega-se a um ponto em que se reconhece que o perdão da dívida é a única saída”, explica. A China reconhece que o formato da iniciativa tem que mudar: o mantra agora são projectos “pequenos e belos”, ou seja, investimentos pequenos e comercialmente viáveis. Com esta nova estratégia, o financiamento chinês além-fronteiras caiu quase 50 por cento, face há cinco anos, segundo uma análise do Green Finance and Development Center, um grupo de reflexão (‘think tank’) que acompanha os investimentos da Faixa e Rota. “A dívida insustentável, por definição, é insustentável”, aponta Pettis. “Tanto o mutuário como o mutuante ficam em melhor situação quando chegam a acordo sobre o montante correcto de perdão da dívida. A China ainda vai demorar muitos anos a chegar lá”, acrescenta.
Hoje Macau China / ÁsiaSeul critica Pyongyang por alegada transferência de armamento para Moscovo O Governo sul-coreano criticou ontem a Coreia do Norte pela alegada transferência de armamento para a Rússia, depois de os líderes de Pyongyang e Moscovo se terem reunido, em Setembro, para reforçar as relações bilaterais. “A Coreia do Norte negou a troca de armas com a Rússia em várias ocasiões, mas as circunstâncias estão a vir à tona”, disse, em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul Koo Byoung-sam, afirmando que o regime de Pyongyang está a “revelar a sua verdadeira natureza”. Koo sublinhou que qualquer troca de armas com a Coreia do Norte deve ser evitada, uma vez que viola as sanções impostas pelas Nações Unidas a Pyongyang. Recordou, além disso, que “a Rússia, em especial, deve cumprir as obrigações enquanto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”. As declarações de Koo surgem depois de a Casa Branca ter afirmado, na sexta-feira, que a Coreia do Norte enviou mais de mil contentores com equipamento militar e munições para a Rússia, por via férrea e marítima, para serem utilizados na guerra na Ucrânia. A Casa Branca revelou imagens que mostram o envio, entre 7 de Setembro e 1 de Outubro, de uma série de contentores do porto de Rason (nordeste da Coreia do Norte) para Dunay, perto de Vladivostok (extremo oriente da Rússia), que foram depois transportados de comboio para um depósito de munições perto de Tikhoretsk, a cerca de 290 quilómetros da fronteira russa com a Ucrânia. As imagens de satélite revelam ainda um aumento sem precedentes do tráfego ferroviário de mercadorias na fronteira entre a Rússia e a Coreia do Norte, ultrapassando os volumes de comércio registados antes da pandemia de covid-19. Acredita-se que estas trocas comerciais foram cimentadas na cimeira de 13 de Setembro entre o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, na região russa de Amur. Tanto a Casa Branca como os ‘media’ norte-americanos afirmam que, em troca de artilharia e outros materiais militares que a Rússia pode utilizar na Ucrânia, Pyongyang quer tecnologia militar avançada.
Hoje Macau China / ÁsiaGuerra | Diplomacia chinesa e russa discutem Gaza e Ucrânia Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia e da China discutiram ontem em Pequim o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas e a guerra na Ucrânia De acordo com um comunicado difundido pela diplomacia russa, os dois ministros dos Negócios Estrangeiros de Pequim e Moscovo mantiveram “uma troca de pontos de vista aprofundada” sobre uma “vasta gama de problemas internacionais e regionais, incluindo a deterioração acentuada da situação no Médio Oriente”. Os governante da China e Rússia reiteraram nos últimos dias que a resolução do conflito israelo-palestiniano exige uma solução de dois Estados que vivam lado a lado em paz e segurança e apelaram à protecção dos civis. Lavrov e Wang debateram também em pormenor as questões de segurança na região Ásia – Pacífico, especialmente a manutenção da estabilidade na Península da Coreia e a necessidade de “impedir que a arquitectura de segurança da ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático] seja minada” pelo Ocidente. Lavrov e Wang debateram igualmente questões relativas à “crise ucraniana”, incluindo os esforços para a resolver através de esforços políticos e diplomáticos. A China ofereceu-se para mediar a guerra na Ucrânia, que dura há 600 dias, com um plano de 12 pontos que é visto por Moscovo como uma “base” para eventuais negociações, mas rejeitado por Kiev, uma vez que não exige a retirada das tropas russas de todos os territórios ocupados. Os ministros também sublinharam a importância de reforçar a estreita coordenação entre a Rússia e a China no cenário internacional, incluindo na ONU e no Conselho de Segurança, na Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no G20, na APEC e noutros mecanismos e fóruns, de acordo com a versão russa. Sem vestígios do passado Os dois ministros confirmaram igualmente o compromisso mútuo de reforçar os contactos no Fórum BRICS – bloco de economias emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, tendo em conta que, no próximo ano, a presidência rotativa deste grupo será exercida pela Rússia. A China considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a sua relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão, marcada por disputas em torno do comércio e tecnologia ou diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong ou Taiwan e a soberania dos mares do Sul e do Leste da China. Pequim condenou as sanções internacionais impostas à Rússia, mas não abordou directamente o mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra Putin, acusado de envolvimento no rapto de milhares de crianças na Ucrânia.
Hoje Macau China / ÁsiaLíderes dos países emergentes participam no fórum Faixa e Rota Líderes de dezenas de países em desenvolvimento, incluindo Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, vão participar esta semana, em Pequim, num fórum que assinala o 10º aniversário da Iniciativa Faixa e Rota. O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e ministros de Angola e São Tomé e Príncipe devem participar no fórum, segundo fontes diplomáticas. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e o Presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, aterraram ontem em Pequim, depois do Presidente do Chile, Gabriel Boric, e do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, terem achegado à capital chinesa, no domingo. Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, é esperado em Pequim. Os líderes do Egipto e Emirados Árabes Unidos cancelaram a participação, devido ao conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas. Orbán reuniu-se já com o líder chinês, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro, Li Qiang, informou a agência noticiosa estatal húngara MTI. Salto em frente Designado por Xi como o “projecto do século”, a Iniciativa Faixa e Rota foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. Na última década, no entanto, adquiriu dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa. As empresas chinesas construíram portos, estradas, linhas ferroviárias, centrais eléctricas e outras infra-estruturas em todo o mundo, numa tentativa de impulsionar o comércio e o crescimento económico. O programa cimentou o estatuto da China como líder e credora entre os países em desenvolvimento. Segundo um estudo realizado pela AidData, unidade de pesquisa sobre financiamento internacional, com sede nos Estados Unidos, nos primeiros cinco anos desde o lançamento (2013-2017), a China financiou, em média, 83,5 mil milhões de dólares por ano em projectos de desenvolvimento no estrangeiro, cimentando a liderança como principal financiadora internacional. O aumento líquido, de 31,3 mil milhões de dólares por ano, em relação aos cinco anos anteriores (2008-2012), é equivalente ao financiamento anual médio dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição, no período 2013-2017. A dimensão da iniciativa causou, no entanto, excesso de endividamento em alguns países e resultou na construção de projectos comercialmente inviáveis, entre os quais alguns foram suspensos ou ficaram por terminar, devido a falta de liquidez. Outros líderes de África, Sudeste Asiático, Ásia Central e Médio Oriente vão participar no fórum, cujos principais eventos se realizam na amanhã. O Presidente russo, Vladimir Putin, e representantes do governo talibã do Afeganistão são também esperados em Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza | Médicos alertam que milhares podem morrer sem bens essenciais Médicos em Gaza alertaram ontem que milhares de pessoas podem morrer se os hospitais, lotados com feridos, ficarem sem combustível e sem produtos essenciais. Nas ruas os civis tentam encontrar comida, água e procuram segurança, antes de uma aguardada ofensiva terrestre israelita, em resposta ao ataque mortal do Hamas na semana passada. As forças israelitas, apoiadas por um crescente destacamento de navios de guerra norte-americanos na região, posicionaram-se ao longo da fronteira de Gaza e prepararam-se para o que Israel disse ser uma vasta operação para desmantelar o grupo. Uma semana de ataques aéreos violentos demoliu bairros inteiros, mas não conseguiu travar os disparos de foguetes do Hamas contra Israel. O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que 2.329 palestinianos foram mortos desde o início dos combates, mais do que na guerra de 2014 em Gaza, que durou mais de seis semanas. O número avançado faz desta a mais mortífera das cinco guerras de Gaza. Mais de 1.300 israelitas foram mortos, a grande maioria civis, no ataque do Hamas em 7 de Outubro.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Arábia Saudita pede à China que seja votado um cessar-fogo A Arábia Saudita pediu no sábado à China que pressione o Conselho de Segurança das Nações Unidas a votar uma resolução de cessar-fogo e se levante “o cerco” à Faixa de Gaza, intensamente bombardeada por Israel e à beira de uma catástrofe humanitária. O ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Faisal bin Farhan, transmitiu este pedido ao seu homólogo chinês, Wang Yi, através de um telefonema, informou a agência oficial de notícias saudita SPA. Recorde-se que a China é membro permanente do Conselho de Segurança. O chefe da diplomacia saudita apelou à China para “trabalhar para garantir que o Conselho de Segurança assuma a sua responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais e pressione pela cessação imediata das operações militares e pelo levantamento do cerco a Gaza”, segundo a mesma nota de informação. Bin Farhan destacou “a importância do Conselho para implementar decisões sobre a causa palestina”, particularmente aquelas que estabelecem uma solução “justa, abrangente e sustentável”. Durante a chamada, segundo a agência saudita, ambos enfatizaram a “importância de parar todas as formas de ataques contra civis e o compromisso de todas as partes no conflito com o estipulado no direito internacional”. Esta iniciativa surge depois de o representante da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, ter afirmado na sexta-feira que o seu país propôs uma resolução ao Conselho de Segurança para apelar a um cessar-fogo em Gaza e permitir a entrada de ajuda humanitária. O embaixador garantiu que pediu que a resolução fosse votada o mais rapidamente possível, embora não tenha sugerido uma data. Por seu lado, Wang Yi afirmou também na sexta-feira que Pequim prestará assistência humanitária à Faixa de Gaza através dos canais das Nações Unidas e defendeu que a solução de “dois Estados” é a única viável a longo prazo para o Médio Oriente.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | Acção israelita ultrapassa “domínio da autodefesa” – Pequim A acção de Israel em Gaza, em resposta ao ataque do Hamas, ultrapassou “o domínio da autodefesa” e o Governo israelita deve parar de “punir colectivamente” o povo de Gaza, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês. Um enviado da China para o Médio Oriente vai visitar a região para negociar o cessar-fogo “As acções de Israel ultrapassaram o domínio da autodefesa” e os dirigentes devem parar de “punir colectivamente o povo de Gaza”, disse Wang Yi ao chefe da diplomacia da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, no sábado, de acordo com uma declaração divulgada ontem pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “As partes não devem tomar qualquer medida que possa agravar a situação”, sublinhou Wang Yi, apelando à abertura “de negociações”. No sábado, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apelou à China, parceira do Irão, para que usasse a sua influência para acalmar a situação no Médio Oriente. A 7 de Outubro, o grupo islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, desencadeou um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de rebeldes armados por terra, mar e ar. Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas naquele território palestiniano, numa operação que baptizou como “Espadas de Ferro”. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao Hamas, classificado como movimento terrorista por Israel, Estados Unidos, UE, entre outros. Os dados oficiais de vítimas mortais, na maioria civis, apontam para mais de 1.400 mortes em Israel e mais de 2.200 na Faixa de Gaza, de acordo com fontes oficiais israelitas e palestinianas. Homem e a missão A televisão pública chinesa CCTV anunciou que o enviado da China para o Médio Oriente, Zhai Jun, vai visitar a região na próxima semana para promover um cessar-fogo e conversações de paz. O objectivo da visita de Zhai Jun é “coordenar um cessar-fogo com as várias partes, proteger os civis, acalmar a situação e promover as conversações de paz”, afirmou a CCTV. O anúncio surge no momento em que Israel se prepara para lançar uma ofensiva no norte da Faixa de Gaza, depois de ter concedido aos residentes um prazo suplementar para saírem da zona no sábado, uma semana depois de o movimento islamita Hamas ter lançado um ataque sem precedentes no território israelita. Zhai disse que “a perspectiva de (o conflito) se alargar e transbordar é profundamente preocupante”, de acordo com a CCTV, que publicou um vídeo de uma entrevista com o enviado. No sábado, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, afirmou que Washington devia “desempenhar um papel construtivo” no conflito entre Israel e Gaza, durante uma conversa telefónica com o homólogo norte-americano, Antony Blinken. Wang Yi pediu a realização de uma “reunião internacional de paz o mais rapidamente possível para promover um amplo consenso”, acrescentando que “a solução fundamental para a questão palestiniana reside na implementação de uma ‘solução de dois Estados'”. Na quarta-feira, Zhai Jun tinha apelado para um “cessar-fogo imediato” numa conversa telefónica com um responsável da Autoridade Palestiniana, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Zhai Jun disse ao vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Amal Jadu, que a China estava “profundamente triste com a intensificação do actual conflito” e “muito preocupada com a grave deterioração da segurança e da situação humanitária na Palestina”, de acordo com o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “As principais prioridades são um cessar-fogo imediato e a protecção dos civis”, acrescentou.
Hoje Macau China / ÁsiaUma década de ‘Faixa e Rota’ afirmou China como credora e líder entre países emergentes Dez anos após o lançamento da ‘Faixa e Rota’, a China cimentou a sua posição como credora e líder no mundo emergente, segundo analistas, mas a iniciativa enfrenta desafios, face ao abrandamento económico e tensões geopolíticas. A iniciativa tornou-se, entretanto, no principal programa da política externa de Xi Jinping. Na última década, mais de 150 países em todo o mundo aderiram à Faixa e Rota. Segundo um estudo realizado pela AidData, unidade de pesquisa sobre financiamento internacional, com sede nos Estados Unidos, nos primeiros cinco anos desde o lançamento (2013-2017), a China financiou, em média, 83,5 mil milhões de dólares por ano em projectos de desenvolvimento no estrangeiro, cimentando a liderança como principal financiadora internacional. O aumento líquido, de 31,3 mil milhões de dólares por ano, em relação aos cinco anos anteriores (2008-2012), é equivalente ao financiamento anual médio dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição, no período 2013-2017. A aproximação entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento das consultas políticas e cooperação no âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos de circulação monetária, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas trocas comerciais. A Faixa e Rota envolveu também a fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. A crescente influência da China entre o mundo em desenvolvimento resultou no isolamento de Taiwan – desde que a iniciativa foi lançada, nove países romperam laços diplomáticos com Taipé -, um objectivo central de Pequim. “Isto tipifica outro padrão no crescimento [da Faixa e Rota]: desde o seu anúncio, em 2013, os países que cortaram laços com Taiwan tendem a aderir à iniciativa como parte da sua aproximação diplomática a Pequim”, notou Shannon Tiezzi, editora chefe da revista The Diplomat. O estudo realizado pela AidData revelou também uma “correlação consistente” entre o aumento dos empréstimos pela China e a “fidelidade eleitoral” dos países a Pequim nas votações na ONU. Entre 2013 e 2020, os 20 países dos quais a China é o maior credor votaram alinhados com Pequim em pelo menos 75 por cento das ocasiões, na Assembleia Geral da ONU, que emite recomendações sobre crises globais, gere nomeações internas e supervisiona o orçamento das agências. Em Outubro do ano passado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU votou contra uma moção liderada pelos países ocidentais para realizar um debate sobre violações dos Direitos Humanos na China, depois de um grupo de países em desenvolvimento ter apoiado Pequim. Foi a segunda vez nos 16 anos desde que o conselho foi estabelecido que uma moção foi rejeitada. Isto sucedeu poucas semanas depois de o Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos ter concluído que “graves violações dos direitos humanos” foram cometidas por Pequim contra minorias étnicas chinesas de origem muçulmana em Xinjiang, no noroeste do país. Capacidade de adaptação Preocupações crescentes com riscos suscitados pelo endividamento dos países recipientes e o acirrar da competição entre Pequim e Washington podem, no entanto, fazer com que Pequim repense a iniciativa, observou Ana Horigoshi, investigadora na AidData. Outros países concluíram também que um documento de cooperação assinado no âmbito da iniciativa nem sempre tem resultados práticos. Itália e vários países do centro e leste da Europa estão agora a reconsiderar a sua adesão, apontou Tiezzi. Observadores questionam ainda se o abrandamento da economia chinesa e uma crise demográfica no país vai resultar numa desaceleração no financiamento disponibilizado pela China nos próximos anos. “Isto poderá ou não afectar alguns dos maiores beneficiários, como a Rússia e Brasil, que provavelmente vão conseguir encontrar fontes de financiamento alternativas noutros locais”, observou Ana Horigoshi. “Contudo, é seguro dizer que um declínio nos empréstimos chineses vai deixar uma lacuna no financiamento que afectará profundamente os países africanos”, notou.