Pequim quer reforçar cooperação com a Califórnia na questão do clima

O ministro do Ambiente chinês, Huang Runqiu, afirmou ontem que a China pretende reforçar a cooperação com os Estados Unidos na luta contra as alterações climáticas, durante uma reunião com o governador da Califórnia, Gavin Newsom.

Newsom está a fazer uma visita de uma semana à China, visando promover a cooperação no âmbito da luta contra as alterações climáticas. A viagem de Newsom como governador, outrora considerada rotineira, ganhou maior relevo no âmbito das tensões crescentes entre EUA e China.

O clima é uma das poucas questões em que os dois países concordaram em trabalhar juntos. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.

Huang disse que o seu ministério vai continuar a cumprir os acordos ao abrigo de um memorando de entendimento assinado no ano passado entre China e Califórnia, que inclui “investimentos no mercado do carbono, adaptação climática, implementação da lei ambiental e intercâmbio entre pessoas para reforçar a cooperação e ter um efeito positivo na cooperação ambiental China – EUA”.

A Califórnia é líder na regulação da poluição atmosférica e outras questões relacionadas com o clima, disse Newsom, durante o encontro.

“Mas reconhecemos os limites da liderança subnacional. Precisamos de mais parceiros. E estou aqui com esse espírito de parceria e também de humildade, reconhecendo que não temos todas as respostas”, disse o governador. Ambas as partes falaram sobre o aumento de fenómenos de clima extremo nos seus países.

Objectivo comum

Califórnia e China emitiram uma declaração na quarta-feira na qual se comprometem a trabalhar em conjunto para combater as alterações climáticas, incluindo promover o uso de energia eólica, tecnologias avançadas de armazenamento de energia e veículos com emissões zero.

Newsom foi recebido em Pequim com uma cordialidade e simpatia raramente vistas entre autoridades norte-americanas e chinesas. Na quarta-feira, reuniu-se com o líder chinês, Xi Jinping, e outros líderes de topo, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e o vice-presidente, Han Zheng.

Newsom destacou o clima como um domínio em que ambas as partes precisam de cooperar, uma vez que está em causa a sobrevivência e o futuro da população humana. Reuniu-se ainda com o chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, órgão máximo de planeamento económico do Governo chinês.

26 Out 2023

Tiangong | Pequim envia tripulação mais jovem de sempre para estação espacial

A política chinesa de desenvolvimento espacial conheceu ontem um novo capítulo com a colocação em órbita dos astronautas mais jovens de sempre. O objectivo é ter um astronauta chinês na lua até 2030

 

A China lançou ontem a tripulação mais jovem de sempre para a sua estação espacial Tiangong, em órbita, no âmbito da estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030. A missão tripulada Shenzhou-17 partiu a bordo de um foguetão às 11:14 do centro de lançamento de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste do país, segundo a agência espacial chinesa responsável pelos voos espaciais tripulados (CMSA).

De acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, a idade média dos três membros da tripulação, 38 anos, é a mais baixa desde o lançamento da missão inicial de construção da estação espacial, que ficou concluída no final de 2022.

O trio de ‘taikonautas’ (o nome chinês para astronautas) Tang Hongbo (40 anos), Tang Shengjie (33 anos) e Jiang Xinlin (35 anos) deverá chegar à Tiangong dentro de seis ou sete horas, para substituir uma tripulação que está na estação há seis meses.

A agência anunciou também ontem planos para enviar um novo telescópio para sondar as profundezas do universo. A CCTV disse que o telescópio permitiria mapear o céu, mas nenhum prazo foi dado para a instalação.

A viagem de ontem insere-se na estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030, um dos principais objectivos de um programa espacial no qual o país já investiu milhares de milhões de euros.

Por todo o espaço

A China tem actualmente projectos de cooperação com a Agência Espacial Europeia e o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Espaciais Exteriores, que podem vir a aumentar, tendo em conta que a Tiangong pode em 2024 tornar-se a única estação espacial operacional.

A Estação Espacial Internacional, iniciativa liderada pelos Estados Unidos e à qual a China está proibida de aceder devido aos laços militares do seu programa espacial, deverá ser abandonada em 2024.

Em 2019, a China pousou uma nave espacial no lado mais distante da Lua, tornando-se a primeira nação do mundo a fazê-lo, e em 2020, trouxe de volta amostras lunares e finalizou o Beidou, sistema de navegação por satélite.

Em 2021, a China fez aterrar um pequeno robô em Marte, e o próximo passo é garantir o lançamento de duas missões espaciais tripuladas por ano, segundo a CMSA.

O país quer ainda lançar em 2030 a missão espacial Tianwen-3, para recolher e trazer de volta para a Terra amostras do solo de Marte, disse à Lusa no início do mês o cientista português André Antunes, responsável pela unidade de astrobiologia do Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

26 Out 2023

Supremo Tribunal do Japão considera inconstitucional requisitos para mudança de género

O Supremo Tribunal do Japão considerou ontem inconstitucional a lei que exige que as pessoas transexuais tenham de remover os seus órgãos reprodutivos para poderem mudar oficialmente de género.

A decisão dos 15 juízes foi a primeira sobre a constitucionalidade da lei japonesa de 2003 que exige a remoção dos genitais para a mudança de género, reconhecida pelo Estado, uma prática criticada por grupos médicos e de direitos humanos internacionais.

O caso foi movido por uma japonesa cujo pedido de mudança de género no registo familiar – de homem para mulher – foi rejeitado pelos tribunais inferiores.

A queixosa, identificada apenas como residente no oeste do Japão, apresentou originalmente o pedido em 2000, dizendo que a exigência de uma cirurgia impõe um enorme fardo económico e físico e que viola as protecções de direitos iguais da Constituição.

No início do mês, um tribunal de família local tinha aceitado o pedido de um homem transgénero para uma mudança de género sem a cirurgia obrigatória, dizendo que a regra é inconstitucional, numa decisão sem precedentes.

Uma decisão que tinha dado esperança aos grupos de direitos humanos e à comunidade LGBTQ+ no Japão numa eventual mudança na lei.

Regras e excepções

Mais de 10 mil japoneses mudaram oficialmente de género desde 2003, de acordo com documentos judiciais ligados à decisão do tribunal, datada de 11 de Outubro.

Em 2019, o Supremo Tribunal do Japão, num outro caso movido por um homem transgénero que pretendia uma mudança de registo de género sem a necessária remoção de órgãos sexuais e cirurgia de esterilização, tinha considerado a lei em vigor constitucional.

Nessa decisão, o tribunal superior disse que a lei se destinava a reduzir a confusão nas famílias e na sociedade, embora reconhecesse que restringe a liberdade e poderia ficar desactualizada face à mudança dos valores sociais.

Em Junho, um tribunal distrital de Fukuoka, no sul do Japão, decidiu que a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo é constitucional, mas defendeu que a falta de protecção legal para pessoas LGBTQ+ parece ser inconstitucional.

A decisão, ainda longe das expectativas dos activistas, foi vista como um avanço no sentido de pressionar o país a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O Japão é o único membro do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) sem protecções legais LGTBQ+.

O apoio à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo cresceu entre a população do país, mas o governante do Partido Liberal Democrático, conhecido pelos seus valores conservadores e relutância em promover a igualdade de género e a diversidade sexual, é a principal oposição aos direitos do casamento e outros reconhecimentos da igualdade LGTBQ+.

A decisão envolveu o último dos cinco processos judiciais movidos por 14 casais do mesmo sexo em 2019 que acusavam o governo de violar a igualdade.

26 Out 2023

Pequim acusa EUA de ser o maior perturbador da paz no mundo

A China acusou ontem os Estados Unidos de serem o “maior elemento perturbador da paz e da estabilidade” no mundo, numa reação a um relatório do Pentágono sobre a crescente expansão militar do país asiático.

O relatório anual, exigido pelo Congresso norte-americano, é uma forma de o Pentágono avaliar as capacidades militares da China, que o governo dos Estados Unidos considera como a principal ameaça na região Ásia-Pacífico e o maior desafio de segurança a longo prazo.

Em comunicado, o ministério da Defesa chinês qualificou as conclusões do relatório do Pentágono como “falsas” e atacou as recentes acções dos EUA em apoio a Israel e à Ucrânia, assim como a construção de instalações militares em todo o mundo.

“Os EUA enviaram munições de urânio empobrecido e bombas de fragmentação para a Ucrânia, enviaram porta-aviões de combate para o Mediterrâneo e armas e munições para Israel. É este o ‘evangelho’ que o ‘defensor dos Direitos Humanos’ está a trazer para a região?”, questionou Wu Qian, porta-voz do ministério da Defesa chinês.

O relatório do Pentágono indicou que a China está a expandir rapidamente a sua força nuclear, em consonância com o crescimento geral das Forças Armadas. Num aviso emitido anteriormente, o Pentágono indicou que Pequim deve quadruplicar o número de ogivas que possui, para 1.500, até 2035.

O principal diplomata da China, Wang Yi, vai visitar os Estados Unidos esta semana, antes de um possível encontro entre os líderes dos dois países, Joe Biden e Xi Jinping, em Novembro.

26 Out 2023

Hong Kong vai elaborar a sua própria lei de segurança nacional em 2024

O chefe do governo de Hong Kong anunciou ontem que o território vai elaborar a sua própria lei de segurança nacional em 2024. “Alguns países estão a minar a China e a implementação do [princípio] ‘Um país, dois sistemas’ em Hong Kong para seu próprio benefício. As forças externas continuam a imiscuir-se nos assuntos de Hong Kong”, acusou John Lee, no seu discurso político anual.

“Devemos manter-nos vigilantes contra o possível ressurgimento da violência nas ruas, estar conscientes das rebeliões encobertas através de uma ‘resistência branda’ e estar atentos aos movimentos antigovernamentais no estrangeiro que regressam a Hong Kong. Devemos prestar especial atenção às actividades anti-China e desestabilizadoras, camufladas em nome dos direitos humanos, da liberdade, da democracia e dos meios de subsistência”, contextualizou o chefe do Executivo.

Razão pela qual “o governo está a avançar com a elaboração de opções legislativas eficazes e vai concluir o exercício legislativo em 2024” para cumprir o seu “dever constitucional”, como se encontra estipulado na miniconstituição do território, prevendo que o Governo da região administrativa especial chinesa “deve completar, o mais rapidamente possível, a legislação relativa à protecção da segurança nacional, tal como estipulado na lei fundamental, e aperfeiçoar a legislação pertinente”.

Por cumprir

Em 2019, Hong Kong foi palco de grandes protestos, espoletados por uma lei que previa a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, mas as reivindicações evoluíram para a exigência de mais liberdades e autonomia em relação a Pequim.

Em resposta, Pequim impôs uma Lei de Segurança Nacional que pune a secessão, a subversão, o terrorismo e a conivência com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua.

Nos termos da Lei Básica, que constitui a Constituição da Região Administrativa Especial chinesa, Hong Kong é obrigada a elaborar a sua própria legislação sobre sete crimes de segurança, incluindo a traição e a espionagem.

Esta tarefa, também designada pelo governo do território como uma “responsabilidade constitucional”, ainda não foi cumprida, mais de 25 anos depois de a antiga colónia britânica ter sido devolvida à China.

De acordo com o Gabinete de Segurança de Hong Kong, um total de 280 pessoas foram detidas até ao final de Setembro e 30 foram condenadas ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, em vigor desde que Pequim a promulgou em 2020.

26 Out 2023

Clima | Governador da Califórnia reúne com Wang Yi em Pequim

Gavin Newsom está na China, numa visita de uma semana, para promover a colaboração do Estado californiano com a s autoridades chinesas no combate às alterações climáticas

 

O governador do Estado norte-americano da Califórnia, Gavin Newsom, reuniu-se ontem com o chefe da diplomacia da China, Wang Yi, num breve momento de simpatia que contrasta com a tensão na relação bilateral.

Gavin Newsom está a fazer uma visita de uma semana à China, visando promover a cooperação no âmbito da luta contra as alterações climáticas. A viagem de Newsom como governador, outrora considerada rotineira, ganhou maior relevo no âmbito das tensões crescentes entre os EUA e a China.

“Estou aqui na expectativa de virar a página, de renovar a nossa amizade e de voltar a envolver-nos em questões fundamentais que determinarão a nossa fé colectiva no futuro”, disse Newsom num breve discurso de abertura antes do seu encontro com Wang.

Newsom está a visitar Hong Kong, Pequim, Xangai e as províncias de Guangdong e Jiangsu. Num discurso proferido na Universidade de Hong Kong, na segunda-feira, prometeu continuar a cooperar no domínio das alterações climáticas, independentemente do resultado das próximas eleições presidenciais nos EUA.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, também utilizou um tom optimista: “O Presidente [chinês], Xi [Jinping] afirmou que a base das relações entre a China e os EUA está no contacto entre as pessoas. Penso que a sua visita à China estabelece uma base sólida, dá esperanças e abre possibilidades para o futuro”.

Wang disse também saber que a viagem de Newsom atraiu muitas críticas, mas que a encara de forma positiva. “Penso que o tempo e os factos vão certamente provar que a sua visita à China está de acordo com os desejos do povo da Califórnia e com os interesses do povo norte-americano e as expectativas da sociedade global”, frisou.

Outros tempos, mesmas vontades

Newsom reuniu ainda com o chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, órgão máximo de planeamento económico do Governo chinês.

Os governadores da Califórnia, que têm uma economia maior do que a da maioria dos países, têm uma longa história de colaboração climática com a China. O democrata Jerry Brown e o republicano Arnold Schwarzenegger também viajaram para a China para trocar conhecimentos sobre a redução da poluição atmosférica e das emissões e, desde que deixou o cargo, Brown lançou o Instituto Climático Califórnia-China na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

26 Out 2023

Corrupção | Executivo de empresa estrangeira detido na China

A China deteve um executivo de uma agência de comunicação estrangeira por alegada corrupção, confirmou a empresa-mãe WPP, numa altura em que grupos estrangeiros estão preocupados com o ambiente empresarial na segunda maior economia mundial. Estes receios foram agravados após consecutivas rusgas e interrogatórios a empresas de consultoria norte-americanas, nos últimos meses.

As empresas estão também preocupadas com a nova versão da lei de contraespionagem, que entrou em vigor em Julho e que ampliou significativamente o leque de acções que podem ser consideradas ameaças à segurança nacional. Na segunda-feira, o gigante britânico da publicidade WPP disse que um executivo de uma das suas filiais, a agência de comunicação GroupM, estava detido na China por acusações de corrupção.

O WPP está a “cooperar com as autoridades e a conduzir a sua própria investigação com uma terceira parte independente”, disse o grupo, citado pela agência France Presse, acrescentando que “rescindiu” o contrato do funcionário. O jornal britânico Financial Times noticiou na sexta-feira passada que os escritórios do GroupM em Xangai, a “capital” económica da China, foram alvo de uma rusga e que um executivo foi detido.

No sábado, a polícia de Xangai disse ter “resolvido um caso de corrupção comercial” e detido três suspeitos, entre os quais “um publicitário”. O comunicado não especificava a empresa em causa. Sob os suspeitos recai a acusação de terem “tirado partido da sua posição, entre 2019 e Fevereiro de 2023, para aceitar somas avultadas em subornos”, lê-se na mesma nota.

24 Out 2023

Diplomacia | Wang Yi nos EUA para manter diálogo de alto nível

O conflito Israel – Hamas e a guerra na Ucrânia deverão ser alguns dos temas abordados pelos responsáveis da diplomacia chinesa e norte-americana no encontro que irá decorrer em Washington esta semana

 

O chefe da diplomacia da China vai-se deslocar aos Estados Unidos esta semana para uma visita de três dias, ilustrando os esforços dos dois países para retomar o diálogo de alto nível, apesar das tensas relações bilaterais. O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, deve reunir com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.

Segundo fontes da Administração norte-americana citadas pela agência Associated Press, os responsáveis vão abordar o conflito Israel – Hamas, a guerra na Ucrânia e os recentes embates entre um navio chinês e uma embarcação filipina no mar do Sul da China.

A viagem de Wang decorre cerca de três semanas antes da cimeira da Cooperação Económica Ásia – Pacífico em São Francisco, onde existe a possibilidade de o Presidente norte-americano, Joe Biden, reunir com o homólogo chinês, Xi Jinping.

Os funcionários não confirmaram a reunião entre os líderes. A viagem de Wang foi descrita como sendo recíproca à visita de Blinken a Pequim em Junho passado. Pequim também não confirmou se Xi se vai deslocar a São Francisco para a cimeira anual da APEC.

Wang vai frisar a “posição e os princípios da China sobre as relações com os EUA e as legítimas preocupações” de Pequim, afirmou ontem a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa. A China espera “impulsionar em conjunto as relações bilaterais de volta ao caminho do desenvolvimento sólido e estável”, acrescentou.

Impasse eterno

Durante a visita de Wang, as autoridades norte-americanas vão pressionar a China a ser mais construtiva no Médio Oriente, disseram os altos funcionários da Casa Branca citados pela AP. No início do mês, Blinken abordou por telefone com Wang a importância de manter a estabilidade na região e de desencorajar a entrada de outras partes no conflito.

Os embates ocorridos no fim de semana entre embarcações filipinas e chinesas em águas disputadas no Mar do Sul da China também vão ser abordados durante as reuniões com Wang, disseram os funcionários norte-americanos. Washington respondeu afirmando o seu apoio a Manila e criticando Pequim pelas suas “acções perigosas e ilegais”.

A China, no entanto, reivindicou as águas como parte do seu território e acusou as Filipinas de “violar gravemente a soberania territorial da China” ao abandonar um navio da marinha no local. Pequim prometeu tomar “as medidas necessárias” para defender a soberania e os interesses marítimos da China.

À medida que os Estados Unidos enfrentam a ascensão da China como potência global, Biden apelou à criação de “linhas de protecção” para gerir as relações bilaterais, mas a China rejeitou-as. Em vez disso, exigiu um “tipo diferente de relação entre grandes potências”, segundo o qual os EUA devem respeitar os interesses fundamentais do país asiático.

24 Out 2023

AIE prevê pico de combustíveis fósseis esta década e aquecimento de 2,4 graus

O pico de consumo de combustíveis fósseis será atingido esta década, mas já não irá a tempo de evitar um aquecimento global de 2,4 graus Celsius, alertou ontem a Agência Internacional de Energia (AIE).

Num relatório, a AIE lembrou que o aquecimento acumulado até agora já ronda os 1,2 graus e deverá duplicar até ao final do século com a dinâmica actual. Isto apesar da transição para a energia limpa estar em curso e a única questão ser quanto tempo levará a concretizar-se, sublinhou o director executivo da agência, Fatih Birol.

A AIE admitiu que ainda considera “possível, mas muito difícil”, conseguir limitar o aquecimento global a 1,5 graus, o objectivo que a comunidade internacional estabeleceu com o Acordo de Paris, em 2015. A agência sublinhou que cumprir essa meta exigiria uma redução muito mais acentuada no uso de combustíveis fósseis.

Embora o pico de consumo de carvão já deva ter sido atingido e o pico de consumo de petróleo e gás natural deva acontecer esta década, os combustíveis fósseis continuarão a corresponder a cerca de 73 por cento da procura global de energia em 2030.

A acelerar

Por outro lado, a AIE sublinhou que a transição para os automóveis eléctricos está a acontecer mais depressa do que o esperado e previu que 40 por cento dos carros vendidos em 2030 serão movidos a electricidade. A agência disse ainda acreditar que, até ao final da década, as energias renováveis representarão 80 por cento da nova capacidade de produção de electricidade, com a energia solar a representar mais de metade.

As políticas anuais permitem a instalação de painéis solares com capacidade para produzir 500 gigawatts por ano, mas a AIE garantiu que o mundo poderia fabricar e instalar painéis solares com uma capacidade para produzir 1.200 gigawatts por ano até 2030.

Ou seja, com o reforço das redes eléctricas e do armazenamento de electricidade, poderia ser integrada muito mais produção de fontes renováveis, o que reduziria mais rapidamente a utilização de combustíveis fósseis, sobretudo do carvão e especialmente na China.

A China, que na última década absorveu quase dois terços da procura adicional de petróleo e um terço da procura de gás, além de ser o principal consumidor de carvão, é agora uma potência nas energias limpas, sublinhou a agência. A procura por combustíveis fósseis e as emissões associadas começarão a diminuir a partir de 2025 e será a Índia a impulsionar o crescimento do consumo de energia, seguida do Sudeste Asiático e África.

A AIE defendeu que, para reduzir o uso de combustíveis fósseis, será decisivo encontrar financiamento para o desenvolvimento de tecnologias de baixas emissões nestas regiões.

24 Out 2023

OMC | Timor-Leste e Indonésia assinam acordo sobre bens e serviços

Timor-Leste e a Indonésia assinaram o acordo bilateral de acesso ao mercado de serviços e bens no âmbito do processo de adesão do país à Organização Mundial do Comércio (OMC), anunciou ontem o Governo timorense. Segundo informação divulgada ontem na página oficial do Governo, o acordo foi assinado na segunda-feira em Genebra, Suíça, pela representante permanente de Timor-Leste naquele país, e pelo embaixador indonésio, Febrian A. Ruddyard.

“A assinatura deste acordo marca a conclusão de nove de dez negociações bilaterais conduzidas por Timor-Leste, significando um importante passo para a integração de Timor-Leste no sistema multilateral de comércio e no seu processo de adesão à OMC”, refere o Governo timorense.

Para o Governo de Timor-Leste, o acordo bilateral “representa também um passo significativo para impulsionar o crescimento económico nacional, as relações comerciais e os esforços” do país para entrar na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e “reforça as relações diplomáticas” com a Indonésia. Segundo a OMC, o grupo de trabalho para a adesão de Timor-Leste à organização foi estabelecido em Dezembro de 2016.

24 Out 2023

Coreia do Sul intercepta barco com quatro desertores norte-coreanos

As autoridades da Coreia do Sul interceptaram ontem um barco de madeira nas águas do mar do Japão com quatro norte-coreanos a bordo, que pediram para desertar, avançou o Governo de Seul. O Estado-Maior Conjunto (JCS) sul-coreano confirmou em comunicado que “sinais incomuns foram detectados na manhã desta terça-feira em águas próximas à Linha Limite Norte no Mar do Leste”, nome dado ao mar do Japão pelas duas Coreias.

A Linha Limite Norte serve para dividir, no mar Amarelo e no mar do Japão, as águas territoriais dos dois vizinhos, que tecnicamente ainda estão em guerra. As Forças Navais sul-coreanas, com a cooperação da guarda costeira, conseguiram intercetpar um “pequeno navio de madeira” que tinha atravessado a linha, em águas a leste da cidade portuária de Sokcho, cerca de 150 quilómetros a nordeste da capital.

Fontes do Governo de Seul, citadas pela agência de notícias sul-coreana Yonhap, indicaram que havia quatro cidadãos norte-coreanos no barco que “expressaram a intenção de desertar”. Os quatro deverão ser interrogados pelos militares e pela agência de segurança sul-coreana nas próximas horas.

Salve-se quem puder

Embora os norte-coreanos raramente optem por fugir para o Sul através das fronteiras terrestres e marítimas, fortemente militarizadas em ambos os lados, alguns ocasionalmente conseguem fazê-lo de barco.

Os desertores normalmente tentam atravessar a pé ou a nado os rios que separam a Coreia do Norte da China e de lá tentam chegar a um terceiro país – habitualmente a Tailândia – para pedir asilo numa embaixada ou consulado sul-coreanos.

No entanto, o número de deserções tem caído em flecha, em parte devido ao reforço da segurança fronteiriça por parte do regime norte-coreano devido à pandemia. Por outro lado, as autoridades chinesas têm usado métodos cada vez mais sofisticados para detectar a presença na China de norte-coreanos, que são automaticamente deportados para a Coreia de Norte.

Em 2019, pouco mais de mil desertores norte-coreanos chegaram ao Sul, enquanto em 2022 apenas 59 o fizeram. Nos primeiros seis meses de 2023 entraram na Coreia do Sul 99 norte-coreanos, cinco vezes mais do que no mesmo período do ano anterior.

24 Out 2023

Jerusalém | Macron propõe coligação internacional para combater Hamas

O Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs ontem em Jerusalém que a coligação internacional actualmente destacada no Iraque e na Síria para combater o Estado Islâmico possa também actuar contra o Hamas.

“A França está pronta para que a coligação internacional contra o Estado Islâmico, na qual estamos envolvidos, possa também lutar contra o Hamas”, afirmou Macron após um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

“Proponho aos nossos parceiros internacionais que construamos uma coligação regional e internacional para lutar contra os grupos terroristas que nos ameaçam a todos”, insistiu, citado pela agência francesa AFP. Macron viajou ontem para Israel para expressar a solidariedade da França na sequência do ataque de 7 de Outubro do Hamas que provocou 1.400 mortos, segundo as autoridades de Telavive.

24 Out 2023

Israel | China diz que “todos os países” têm o direito à defesa

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China disse ao homólogo israelita que “todos os países” têm o direito de se defender, no primeiro contacto diplomático bilateral desde que o conflito em Gaza eclodiu.

O diplomata enfatizou que todos os países “devem respeitar o direito humanitário internacional e proteger a segurança dos civis, assim como prometeu que a China “faria o seu melhor” para apoiar os esforços “conducentes à paz”. “A tarefa mais urgente agora é evitar que a situação piore e conduza a uma catástrofe humanitária mais grave”, disse Wang Yi.

Desde 9 de Outubro, dois dias após o início da guerra com o Hamas, Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza, enclave com 2,3 milhões de habitantes, e cortou o abastecimento de água, electricidade e alimentos. Wang Yi reiterou a posição de Pequim, que considera que só uma solução de dois Estados pode pôr fim ao conflito.

A China “espera sinceramente que a questão palestiniana seja resolvida de uma forma abrangente e justa com base na ‘solução de dois Estados’ e que as preocupações legítimas de segurança de todas as partes sejam resolvidas de uma forma genuína e completa”, disse o ministro.

Pequim não condenou de forma explícita o ataque do Hamas e os Estados Unidos disseram esperar que a amizade entre a China e o Irão, que apoia o movimento islamita palestiniano, possa ajudar a pôr termo à crise.

Perigo de contágio

A China afirmou na segunda-feira que está a encarar a situação em Gaza com “grande preocupação” e considerou que existe risco crescente de ocorrer um conflito em grande escala, através da expansão para as fronteiras vizinhas.

Citado pela televisão estatal chinesa CCTV, o enviado especial de Pequim para o Médio Oriente, Zhai Jun, que se encontra em visita à região, alertou para a possível propagação do conflito a nível regional e internacional, especialmente ao longo das fronteiras do Líbano e da Síria, o que está a criar um quadro preocupante.

Durante a Cimeira da Paz do Cairo, no sábado, Zhai exortou a comunidade internacional a estar “altamente vigilante” sobre a situação e a tomar medidas imediatas para garantir o cumprimento rigoroso do Direito humanitário internacional.

O grupo islamita do Hamas lançou a 7 de Outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que é classificado como terrorista pela União Europeia (UE) e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza.

24 Out 2023

Moçambique | China e Portugal com mais de 20% da dívida pública externa

Mais de 20 por cento da dívida externa contraída por Moçambique até final de Junho era com a China e Portugal, totalizando quase 2.000 milhões de euros, segundo dados de um relatório governamental

 

Até ao final de Junho, mais de um quinto de toda a dívida pública externa moçambicana era com Portugal e China, numa quantia de quase 2 mil milhões de euros, de acordo com um relatório governamental a que a Lusa teve acesso.

De acordo com o relatório sobre a dívida pública, do Ministério da Economia e Finanças, Moçambique tinha no final do primeiro semestre um ‘stock’ de dívida pública contraída externamente num valor total superior a 10.215 milhões de dólares (9.663 milhões de euros), uma redução de 2,9 por cento face ao primeiro trimestre.

Desse total, 52,1% correspondia a dívida pública externa contraída junto de credores multilaterais, no valor global de 5.326 milhões de dólares (5.038 milhões de euros), um aumento de 6,5 por cento face ao primeiro trimestre. Contudo, só 3.045 milhões de dólares (2.890 milhões de euros) correspondem ao financiamento da Associação Internacional de Desenvolvimento, do grupo Banco Mundial.

Já o peso dos credores bilaterais é de 39 por cento do total da dívida pública externa, que ascendia no final de Junho a 3.988 milhões de dólares (3.784 milhões de euros), menos quase 1 por cento face ao final de Março.

Outras balanças

Só a China representava 15,8 por cento de toda a dívida pública externa de Moçambique, totalizando mais de 1.616 milhões de dólares (1.533 milhões de euros), inalterada face ao primeiro trimestre, enquanto Portugal representava 4,4 por cento do total, no valor de 452,3 milhões de dólares (429 milhões de euros), uma redução de 4,7 por cento no espaço de três meses.

Entre outros credores bilaterais da dívida pública externa moçambicana estão ainda a Líbia, com 253,3 milhões de dólares (429,1 milhões de euros), Angola, com 61,4 milhões de dólares (58,2 milhões de euros), o Brasil, com 47,4 milhões de dólares (44,9 milhões de euros), ou a Rússia, com praticamente 56 milhões de dólares (53,1 milhões de euros).

24 Out 2023

Bolsa | Venda de títulos chineses agrava fuga de capital

Investidores estrangeiros venderam o equivalente a 3,1 mil milhões de euros em acções de empresas cotadas na China, na semana passada, após o país ter registado em Setembro a maior fuga de capitais desde 2016, segundo um relatório. De acordo com o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs, a fuga de capitais da segunda maior economia do mundo ascendeu este mês ao equivalente a 4,8 mil milhões de euros.

Na semana passada, o índice CSI 300, que reúne as maiores empresas cotadas na China, caiu 4,2 por cento, aproximando-se do nível mais baixo dos últimos 12 meses. “Com as taxas de juro mais altas por mais tempo nos Estados Unidos e a necessidade de maior flexibilização da política monetária na China, a pressão para a saída de capitais e a depreciação [da moeda chinesa, o yuan] vai persistir”, afirmaram os economistas do Goldman Sachs, num outro relatório publicado ontem.

Cerca de 75 mil milhões de dólares (mais de 70 mil milhões de euros) saíram do país em Setembro, a maior saída líquida desde 2016, de acordo com o banco norte-americano, que utiliza a sua própria medida do fluxo monetário transfronteiriço. Esta saída ocorreu depois de uma fuga de 42 mil milhões de dólares em Agosto (quase 40 mil milhões de euros), quando tanto a balança de capitais como a balança corrente registaram défices.

Apesar do elevado excedente nas trocas comerciais entre a China e o resto do mundo, o país registou uma entrada líquida de 15 mil milhões de dólares em Setembro, contra 26 mil milhões de dólares em Agosto, o que sugere que as empresas mantiveram parte das suas receitas de exportação fora do país, face à depreciação da moeda chinesa.

24 Out 2023

Tsingtao | Investigado funcionário por urinar nas matérias-primas

A fábrica de cerveja chinesa Tsingtao anunciou que abriu uma investigação depois de um vídeo que mostra um trabalhador da fábrica a urinar nas matérias-primas se ter tornado viral na semana passada.

As imagens, publicadas ‘online’ na quinta-feira, mostram alegadamente um trabalhador do armazém da Tsingtao Brewery Co, um dos maiores fabricantes de cerveja da China, a subir para um grande contentor e a aliviar-se no seu conteúdo. O vídeo circulou nas redes sociais chinesas, registando dezenas de milhões de visualizações na popular plataforma Weibo.

A Tsingtao disse na sexta-feira que contactou a polícia sobre o incidente e que estava a decorrer uma investigação. “A nossa empresa atribui grande importância ao vídeo”, afirmou o fabricante de cerveja num comunicado. “Comunicámos o incidente à polícia o mais rapidamente possível e os órgãos de segurança pública estão envolvidos na investigação”, acrescentou. “Actualmente, o lote de malte em questão foi totalmente selado. A empresa continua a reforçar os seus procedimentos de gestão e a garantir a qualidade dos seus produtos, acrescentou”.

A Tsingtao, o segundo maior fabricante de cerveja da China, é uma das marcas de bebidas mais conhecidas do país e pode ser encontrada na maioria dos bares e restaurantes da Ásia.

Nos últimos anos, a empresa cotada em Hong Kong procurou capitalizar a mudança de gostos dos jovens bebedores chineses, diversificando para cervejas artesanais e outros produtos.

24 Out 2023

Filipinas convocam embaixador chinês devido a incidente com navios

O Governo de Manila convocou ontem o embaixador chinês no país, após duas colisões entre navios chineses e filipinos no disputado mar do Sul da China, informou uma representante da diplomacia das Filipinas. “Estamos a fazer pleno uso dos [mecanismos] diplomáticos (…) à nossa disposição. Isto inclui a convocação do embaixador chinês, o que fizemos esta manhã”, declarou ontem a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros das Filipinas.

Teresita Daza disse numa conferência de imprensa que, como o embaixador chinês Huang Xilian se encontrava ausente da capital, foi o número dois da missão diplomática da China nas Filipinas a participar na reunião. O atol Ayungin “faz parte da nossa zona económica exclusiva e plataforma continental, e temos direitos soberanos e jurisdição sobre ela”, acrescentou Daza, usando o nome filipino do atol.

No sábado, as Filipinas criticaram a guarda costeira chinesa após uma embarcação colidir com um navio de abastecimento filipino perto de uma pequena guarnição no disputado mar do Sul da China.

“As manobras perigosas de bloqueio do navio 5203 da guarda costeira chinesa provocaram a colisão com o navio de abastecimento […] contratado pelas Forças Armadas das Filipinas” nas Spratlys, a cerca de 25 quilómetros do atol Second Thomas Shoal, onde está estacionada a Marinha filipina, referiu um grupo de trabalho governamental.

Quem te avisa

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês acusou Manila de ter provocado deliberadamente a colisão, afirmando que a embarcação filipina “ignorou vários avisos” da guarda costeira chinesa e “causou deliberadamente problemas” antes da colisão.

Numa nota do Departamento de Estado divulgada na noite de domingo, os Estados Unidos afirmaram a solidariedade para com as Filipinas face “às acções perigosas e ilegais” da guarda costeira chinesa. Os Estados Unidos acusaram os navios chineses de “violarem o direito internacional ao interferirem intencionalmente com o exercício da liberdade de navegação em alto mar por parte dos navios filipinos”.

Washington lembrou que o artigo IV do Tratado de Defesa Mútua EUA-Filipinas, de 1951, se estende a ataques armados contra as forças armadas, embarcações públicas e aeronaves filipinas – incluindo as da sua Guarda Costeira – em qualquer parte do mar do Sul da China.

A conduta da guarda costeira chinesa, considera o Departamento de Estado, pôs em risco a segurança dos membros da tripulação filipina e impediu que os abastecimentos essenciais chegassem ao destino.
O Departamento de Estado criticou o que chamou de provocações da guarda costeira chinesa no mar do Sul da China para “fazer valer as suas reivindicações marítimas expansivas e ilegais”, reflectindo o desrespeito por outros Estados que operam legalmente na região.

24 Out 2023

Japão | Governo quer cortar impostos às famílias e incentivar empresas

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, disse ontem estar a preparar uma redução no imposto sobre o rendimento das famílias, afectado pela inflação, assim como incentivos fiscais para encorajar as empresas nipónicas a investir

 

No discurso de abertura do novo ano parlamentar, Kishida defendeu que é altura de mudar de uma economia de baixos salários e redução de custos para uma economia apoiada pelo crescimento criado por aumentos salariais sustentáveis e investimento. “Estou determinado a tomar medidas ousadas sem precedentes (…). Colocarei mais ênfase na economia do que em qualquer outra coisa”, disse o chefe de Governo.
Kishida prometeu um esforço intensivo para alcançar uma capacidade de produção mais forte no espaço de cerca de três anos.

O primeiro-ministro garantiu ainda estar determinado a ajudar as famílias a superar o impacto do aumento dos preços dos alimentos e serviços públicos, através da implementação de cortes no imposto sobre o rendimento. Kishida também se comprometeu a introduzir incentivos fiscais às empresas para encorajar aumentos salariais e investimento.

Os líderes da oposição acusaram o primeiro-ministro de tentar, com estas promessas, comprar votos, depois do partido que o apoia, o Partido Liberal Democrata, ter perdido um assento no parlamento em eleições parciais realizadas no domingo.

“Os resultados mostram claramente que muitos eleitores estão insatisfeitos com o atraso nas medidas económicas do Governo para combater o aumento dos preços”, disse Jun Azumi, um deputado do Partido Democrático Constitucional, da oposição.

Andar à pesca

Fumio Kishida negou que a proposta de redução de impostos tenha propósitos eleitorais e diz que faz parte de um novo pacote de estímulo económico que pretende anunciar até ao final do mês. “Agora é a altura de me concentrar nisso e não estou a pensar em mais nada”, disse o primeiro-ministro aos jornalistas, após o fim da sessão parlamentar.

Ainda durante o discurso, Kishida reiterou a necessidade de fortalecer as forças armadas do Japão, apontados para conflitos como a invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra entre Israel e o movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza.

O chefe do Governo também instou a China a suspender imediatamente a proibição de importações japonesas de marisco, imposta em Agosto, quando a central nuclear de Fukushima começou a libertar no mar águas residuais radioactivas tratadas. As autoridades do Japão estão a trabalhar para encontrar novos mercados para a indústria pesqueira japonesa e reduzir a dependência da China, disse Kishida.

24 Out 2023

Diplomacia | Primeiro-ministro australiano visita China em Novembro

O primeiro-ministro australiano anunciou que vai visitar a China no início de Novembro, uma informação avançada horas antes de voar para os Estados Unidos para se encontrar com o Presidente norte-americano. Anthony Albanese tem na agenda deslocações a Pequim e Xangai

 

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, anunciou no fim-de-semana que irá visitar a China no início do próximo mês. O gabinete do governante australiano também disse que a China concordou em rever as tarifas que colocou sobre o vinho australiano e que bloquearam desde 2020 o comércio com o maior mercado de exportação dos produtores de vinho.

Albanese será o primeiro primeiro-ministro australiano a visitar a China em sete anos quando viajar para Pequim e Xangai de 4 a 7 de Novembro. Na agenda consta uma reunião com o Presidente, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Qiang, em Pequim, para depois participar na China International Import Expo em Xangai.

A visita à China é um potencial avanço na disputa sobre o vinho e na normalização das relações bilaterais desde que o Partido Trabalhista de centro-esquerda de Albanese ganhou as eleições no ano passado, após nove anos de governo conservador na Austrália. “Estou ansioso por visitar a China, um passo importante para assegurar uma relação estável e produtiva”, afirmou Albanese num comunicado.

“Congratulo-me com os progressos alcançados no sentido de devolver os produtos australianos, incluindo o vinho australiano, ao mercado chinês. Um comércio forte beneficia ambos os países”, acrescentou Albanese.

Usa flores no cabelo

Albanese aceitou um convite há semanas para visitar a China este ano, mas encontrar datas adequadas tem sido um desafio.
O governante está de visita a Washington, D.C., para se encontrar com Biden esta semana e vai regressar aos Estados Unidos após a viagem à China para participar no fórum de líderes da Cooperação Económica Ásia-Pacífico em São Francisco, de 15 a 17 de Novembro.

Esta será a nona vez que Biden se encontra com Albanese enquanto primeiro-ministro. A primeira reunião teve lugar em Tóquio, horas depois de Albanese ter tomado posse como líder do Governo em Maio do ano passado.

As discussões desta semana deverão abranger o acordo AUKUS, no âmbito do qual os Estados Unidos e o Reino Unido vão cooperar para fornecer à Austrália uma frota de submarinos equipados com tecnologia nuclear norte-americana para fazer face a uma China mais assertiva.

Os líderes também vão discutir uma maior cooperação em matéria de energia limpa, minério considerado essencial e combate às alterações climáticas.

24 Out 2023

De pintura rupestre ao “metaverso”, empresário brasileiro busca oportunidades na China

Usando um dispositivo RV (realidade virtual), como se estivesse numa caverna antiga no Brasil, pinturas rupestres começam a aparecer. A única barreira é a impossibilidade de interagir com humanos antigos, mas a criação de uma pintura rupestre é uma experiência ao alcance do Homem quotidiano. Este foi o mundo que o brasileiro Alexandre Silva mostrou aos participantes da Conferência Mundial sobre Indústria de RV 2023. A conferência realizou-se nos dias 19 a 20 de Outubro na província de Jiangxi, no leste da China, atraindo mais de 3 mil “insiders” e especialistas industriais de todo o mundo.

Alexandre Silva é CEO da VRXP – Consultancy & Production, uma empresa brasileira que se concentra em grandes produções de eventos RX (abrangendo Relidade Virtual e Realidade Aumentada) e na criação de design de experiências RX.

Em declarações à agência Xinhua, o empresário levantou um pouco o véu sobre a apresentação que fez em Jiangxi, que resultou de uma coprodução que ganhou prémios internacionais em França este ano. A experiência interactiva chama-se Ink & Fire. “Nos tempos antigos, as pessoas pintavam nas paredes com as mãos e ferramentas. Temos no Brasil a maior colecção de pinturas rupestres do hemisfério sul. Para fazer os possíveis para restaurar essas pinturas especiais, a minha equipa tirou 300 mil fotos que permitem ao público ‘presenciar’ esse património. Espero que mais chineses possam aprender sobre a cultura e a história brasileiras”, afirmou.

De regresso

Durante a conferência, Alexandre Silva tomou conhecimento de uma série de projectos de cooperação da indústria de RV lançados pelos governos locais chineses. “Esses projectos envolvem educação, pesquisa científica, turismo, jogos e outros aspectos, mostrando que o mercado de aplicações de RV da China tem uma perspectiva ampla”, acrescentou.

O empresário considera que os profissionais brasileiros enfrentam um desafio comum – a maioria do conteúdo de RV de qualidade do mundo está em inglês, e muitas pessoas no Brasil não falam inglês. Como tal, a sua empresa planeia traduzir mais conteúdo de RV de alta qualidade em português como próximo passo.

24 Out 2023

Israel | China preocupada com escalada da situação em Gaza

A China afirmou ontem que está a encarar a situação em Gaza com “grande preocupação” devido ao risco crescente de ocorrer um conflito em grande escala, através da expansão para as fronteiras vizinhas

 

Pequim está a acompanhar o desenrolar da situação em Gaza com “grande preocupação”, nomeadamente face à ameaça crescente do conflito se alargar aos países vizinhos. Citado pela televisão estatal chinesa CCTV, o enviado especial de Pequim para o Médio Oriente, Zhai Jun, que se encontra em visita à região, alertou para a possível propagação do conflito a nível regional e internacional, especialmente ao longo das fronteiras do Líbano e da Síria, o que está a criar um quadro preocupante.

Durante a Cimeira da Paz do Cairo, no sábado, Zhai exortou a comunidade internacional a estar “altamente vigilante” sobre a situação e a tomar medidas imediatas para garantir o cumprimento rigoroso do Direito humanitário internacional. O enviado especial chinês exortou a comunidade internacional a evitar uma grave catástrofe humanitária e a “trabalhar em conjunto para controlar a situação”.

Zhai manifestou o empenho da China em fazer “tudo o que for necessário” para promover o diálogo, alcançar um cessar-fogo e restabelecer a paz na região, sublinhando a importância de se avançar para uma solução que inclua dois Estados e uma resolução justa e duradoura para o conflito.

É a falar

O responsável realçou a vontade chinesa de manter uma comunicação estreita com a comunidade internacional, incluindo os países árabes, e a sua intenção de visitar os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, a Jordânia e outros países da região, a fim de reforçar a coordenação regional para pôr termo à crise.

Num encontro anterior, que ocorreu no dia 19 de Outubro no Qatar, com o seu homólogo russo, Mikhail Bogdanov, o diplomata chinês afirmou que a “raiz do actual conflito entre Israel e a Palestina se deve à falta de garantias dos direitos do povo palestiniano”. Ele assegurou que o país asiático vai procurar promover, em conjunto com a Rússia, o “arrefecimento” da situação em Gaza o mais rapidamente possível.

24 Out 2023

China | Construtora Country Garden falha pagamento de obrigação

A construtora chinesa Country Garden falhou ontem o prazo final para o pagamento do cupão de uma obrigação em dólares, segundo o jornal Financial Times, tornando-se na mais recente vítima da crise no sector imobiliário do país asiático.

Detentores de obrigações da empresa citados pelo jornal britânico afirmaram que não receberam o pagamento dos juros devidos até à meia-noite de terça-feira, correspondentes a uma obrigação no valor de 500 milhões de dólares, com vencimento em Setembro de 2025. A Contry Garden deveria ter efectuado um pagamento de 15,4 milhões de dólares esta semana.
Um porta-voz reiterou na quarta-feira que a empresa “não vai ser capaz de cumprir todas as suas obrigações de reembolso de dívida no exterior”.

A Country Garden, a maior construtora de imobiliário da China em termos de vendas entre 2017 e 2021, tem estado a lutar para evitar o incumprimento há semanas.

O abrandamento do sector imobiliário na China, que se acelerou na sequência do incumprimento do grupo Evergrande em 2021, tem prejudicado as construtoras chinesas e pesado sobre o crescimento da economia chinesa.

Vários projectos permanecem inacabados e houve uma queda acentuada nas transações de imóveis e uma perda generalizada de confiança no sector, que gera mais de um quarto da actividade económica da China e é o mais importante veículo de investimento das famílias.

O investimento em imobiliário nos primeiros nove meses do ano registou uma contração de 9,1 por cento, em termos homólogos. A dívida da Country Garden emitida nos mercados internacionais ascende a 11 mil milhões de dólares, enquanto o passivo total da empresa era de cerca de 200 mil milhões de dólares no final de Junho.

A empresa consta na lista das 500 maiores empresas do mundo da Forbes e a sua chefe, Yang Huiyan, era até recentemente a mulher mais rica da Ásia.

20 Out 2023

Fernanda Ilhéu | Economista quer ver mais produtos portugueses legais na China

Economista, docente universitária e presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda, sediada em Portugal, Fernanda Ilhéu participou no III Fórum Faixa e Rota para Cooperação Internacional e falou com os media chineses sobre o evento, o trabalho da sua Associação e as relações China-Portugal, sublinhando que no campo das relações comerciais a balança tende demasiado para um dos lados.

Começando por fazer um balanço positivo da sua participação no evento, Fernanda Ilhéu afirmou que a iniciativa chinesa permite obter uma “imagem mais global” dos acontecimentos actuais e expressou o desejo de que a iniciativa mantenha “uma estratégia de desenvolvimento sustentável” e que crie “confiança nos diversos países para continuarem a trabalhar em conjunto”.

A Associação Amigos da Rota da Seda, instituição a que preside, é um think tank que, explica, analisa a cooperação Portugal-China e estuda possibilidade de desenvolver essa cooperação no contexto do memorando de entendimento assinado entre os dois países aquando da visita de Xi Jinping a Portugal em 2018. “Fazemos permanentemente conferências, estudos, almoços de networking, várias iniciativas que divulgam o que está a acontecer e analisam o que pode ser feito”, expande.

“Existe uma vontade de cooperar, tem existido nos últimos anos bastante investimento da China em Portugal, nós esperamos que continue”, afirma. Essa disponibilidade, elabora, existe no sector empresarial e governamental. “Por exemplo, durante a Covid houve uma boa cooperação entre o governo português e chinês, primeiro na ajuda à China e depois na ajuda da China a Portugal”.

No sector do “ensino da língua portuguesa, existem cerca de 60 universidades na China com estudos de português, existe uma boa colaboração a nível das trocas culturais. Também ao nível do turismo começamos agora a ver outra vez o turismo chinês a chegar a Portugal. Os investimentos da China em Portugal têm sucesso, portanto, estou a falar da participação de empresas chinesas no capital de empresas portuguesas”.

“As empresas portuguesas, que têm parcerias com a China, estão satisfeitas com esses parceiros e têm fortalecido as suas empresas, têm criado dimensão e têm expandido a sua actividade internacional. Nesses sectores do investimento destacamos a energia, a saúde, a parte financeira, a parte da construção, portanto, tem variado”, prossegue.

No entanto, a entrevistada deixa a ressalva de que “existe um aspecto que não tem tido muito sucesso, que é o aspecto comercial”. “A nossa balança de pagamentos está muito deficitária e existem muitos produtos que nós poderíamos vender à China se tivéssemos licenças de importação do lado chinês. Os produtos, muitas vezes, têm clientes, mas não podem entrar na China porque não têm certificado, não têm licença. Mas era importante que fosse desbloqueado, são problemas burocráticos, que por vezes levam muitos anos e nós não compreendemos porque é que estão tanto tempo parados”, adverte.

Fernanda Ilhéu conclui as suas declarações destacando o potencial da cooperação trilateral entre Portugal, a China e os países de língua portuguesa. “Penso que poderia haver uma maior colaboração trilateral, e penso que deveria haver maior trabalho do governo português, do governo chinês, das empresas portuguesas e das empresas chinesas, no sentido de, em conjunto, encontrarem modelos de negócio e de desenvolvimento em colaboração com esses países de língua portuguesa, nomeadamente com os países africanos de língua portuguesa”, conclui.

in Diário do Povo (editado)

20 Out 2023

Avião de vigilância canadiano “expulso” dos céus chineses

Um avião canadiano CP-140 entrou ilegalmente no espaço aéreo chinês sobre o ilhéu Chiwei e aproximou-se várias vezes da zona marítima próxima da China Oriental e do Estreito de Taiwan. “A Força Aérea chinesa tratou do assunto em plena conformidade com a lei”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa Nacional chinês, Wu Qian, na quarta-feira, depois de o Ministro da Defesa canadiano, Bill Blair, ter alegadamente classificado a intercepção como “inaceitável, perigosa e imprudente”.

“O lado canadiano está a exagerar a questão e a ignorar os factos, com o objectivo de confundir a opinião pública internacional. As ilhas Diaoyu e as suas ilhas afiliadas são território inerente à China. As acções do Canadá infringem gravemente a soberania da China e ameaçam a sua segurança nacional. Podem facilmente dar origem a mal-entendidos e erros de avaliação, são de natureza flagrante e extremamente perigosas”, afirmou Wu.

“A China condena veementemente esta situação e apresentou uma representação severa junto do Canadá, referiu, advertindo a parte canadiana para pôr termo a qualquer comportamento provocatório a fim de evitar uma escalada da situação.

Alegando estar a realizar uma missão para controlar o embargo económico imposto pela ONU à Coreia do Norte, o avião de vigilância canadiano, um CP-140 Aurora, terá sido interceptado várias vezes durante a sua patrulha de oito horas ao largo e em torno da costa chinesa na segunda-feira.

Enquanto o Canadá está a dar destaque ao incidente com o avião CP-140, o Departamento de Defesa dos EUA realizou na terça-feira uma conferência de imprensa e divulgou algumas imagens e vídeos recentemente desclassificados de comportamentos operacionais coercivos e arriscados do PLA ao longo do último ano contra aviões americanos que operavam legalmente no espaço aéreo internacional nas regiões do Mar da China Oriental e do Sul.

Ely Ratner, secretário adjunto da Defesa para os Assuntos de Segurança do Indo-Pacífico, afirmou na conferência de imprensa que “desde o outono de 2021, assistimos a mais de 180 incidentes deste tipo, mais nos últimos dois anos do que na década anterior… E quando leva em consideração os casos de intercepções coercitivas e arriscadas do PLA contra outros estados, o número aumenta para quase 300 casos contra aeronaves dos EUA, aliados e parceiros nos últimos dois anos”.

Quando questionado sobre se o Pentágono encoraja os aliados e parceiros a divulgar ao público os comportamentos inseguros dos chineses, para que o público possa compreender melhor o que os chineses estão a fazer, Ratner disse aos meios de comunicação social: “A nossa posição é que essa é a história que eles têm para contar, são as decisões soberanas que eles têm de tomar sobre a divulgação dessa informação. Penso que, na nossa perspectiva, acreditamos que a transparência em torno desta questão é importante para uma melhor compreensão deste comportamento”.

O almirante John C. Aquilino, comandante do Comando Indo-Pacífico dos EUA, também mencionou na conferência de imprensa outra questão semelhante, em que a Guarda Costeira da China impediu os navios filipinos de invadir as águas perto do Ren’ai Jiao da China (também conhecido como Ren’ai Reef) no Mar do Sul da China.

“Os EUA, o Canadá e as Filipinas cooperaram e coordenaram-se obviamente para criar uma opinião pública negativa sobre a China. Pode-se ver que os EUA estão a reunir aliados para lançar uma ofensiva de opinião pública sobre a ‘ameaça da China’, disse Zhuo Hua, um especialista em assuntos internacionais da Escola de Relações Internacionais e Diplomacia da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim.

20 Out 2023