População chinesa diminui pelo segundo ano consecutivo

Com o número de nascimentos a diminuir, e a subida da taxa de mortalidade, após o fim da pandemia de covid-19, a população chinesa entra pelo segundo ano consecutivo numa rota descendente

 

A população chinesa diminuiu em dois milhões de pessoas em 2023, a segunda queda anual consecutiva, face à descida dos nascimentos e aumento das mortes, após o fim da estratégia ‘zero casos’ de covid-19, foi ontem anunciado. O número marca, de acordo com o Gabinete Nacional de Estatística (GNE), o segundo ano consecutivo de contracção, depois de a população ter caído 850.000 em 2022, quando se deu o primeiro declínio desde 1961.

A China terminou 2023 com 1.409,67 milhões de habitantes, contra 1.411,75 milhões no final do ano anterior. A diminuição de 2,08 milhões de pessoas representa uma queda homóloga de 0,14 por cento e confirma a tendência demográfica negativa que começou em 2022 e para a qual as autoridades chinesas têm vindo a alertar há anos.

O país asiático registou 9,02 milhões de nascimentos no ano passado, em contraste com os 9,5 milhões registados em 2022 e apesar dos esforços das autoridades nacionais e locais para aumentar a taxa de natalidade.

Especialistas chineses previram em Novembro passado que o número de nascimentos na China continuaria a diminuir em 2023 pelo sétimo ano consecutivo, devido a uma queda no número de casamentos nos últimos anos e a um atraso na idade de casamento entre os jovens chineses.

Segundo dados oficiais, o número de homens ultrapassou o de mulheres, com um rácio de 104,49 homens por cada 100 mulheres: o número de homens situou-se em 720,3 milhões, enquanto o número de mulheres foi de 689,4 milhões. Os dados reflectem também um aumento do número de mortes, que passou de 10,41 milhões para 11,1 milhões.

Esforços em vão

Desde que abandonou a política do filho único, a China tem procurado encorajar as famílias a terem um segundo ou até terceiro filho, mas com pouco sucesso.

O maior custo de vida com a saúde e educação das crianças e uma mudança nas atitudes culturais que privilegia famílias menores estão entre os motivos citados para o declínio nos nascimentos. Durante o 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da educação dos filhos”.

Lin Caiyi, vice-presidente do Instituto de Investigação do Fórum de Economistas da China, alertou para o facto de uma população cada vez menor significar uma força de trabalho cada vez menor, o que “trará inevitavelmente um crescimento económico mais lento”.

O especialista, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, disse que a pressão sobre as despesas da segurança social “aumenta de ano para ano à medida que a população envelhece”.

Peng Xizhe, professor do Centro de Estudos sobre População e Política de Desenvolvimento da Universidade de Fudan, previu que a população da China “vai continuar a diminuir” nos próximos anos. Estima-se que, em 2035, haverá 400 milhões de pessoas com mais de 60 anos na China, o que representa mais de 30 por cento da população chinesa. Segundo projecções da ONU, a Índia ultrapassou a China no ano passado como o país mais populoso do mundo.

18 Jan 2024

China | Economia acelera e cresce 5,2 por cento em 2023

A economia chinesa acelerou no trimestre Outubro-Dezembro e fixou a taxa anual de crescimento em 5,2 por cento, correspondendo ao objectivo estabelecido pelo Governo chinês, segundo dados oficiais ontem divulgados. A aceleração reflecte também o efeito base de comparação face à paralisia da actividade económica no ano anterior, suscitada pela política de ‘zero casos’ de covid-19.

O PIB da China cresceu 3 por cento em 2022, uma das taxas mais baixas dos últimos 40 anos. No quarto trimestre do ano passado, a economia chinesa também cresceu 5,2 por cento, em comparação com o período homólogo. Numa base trimestral, a economia cresceu 1 por cento no quarto trimestre, abrandando em relação à expansão de 1,3 por cento registada entre Julho e Setembro.

Os funcionários do Gabinete Nacional de Estatística da China afirmaram que as medidas, incluindo “o reforço da regulação macroeconómica e os esforços redobrados para expandir a procura interna, optimizar a estrutura, aumentar a confiança e prevenir e neutralizar os riscos”, ajudaram a melhorar a dinâmica da recuperação, da oferta e da procura.

A produção industrial, que mede a actividade nos sectores indústria transformadora, minas e serviços públicos, aumentou 4,6 por cento, em 2023, em comparação com o ano anterior, enquanto as vendas a retalho de bens de consumo cresceram 7,2 por cento.

O investimento em activos fixos – despesas com equipamento industrial, construção e outros projectos de infra-estruturas para impulsionar o crescimento – subiu 3 por cento, em termos anuais, em 2023.

No entanto, os indicadores apontam para uma recuperação desigual na China. Os dados comerciais de Dezembro, divulgados no início deste mês, revelaram um ligeiro crescimento das exportações pelo segundo mês consecutivo, bem como um ligeiro aumento das importações. No entanto, os preços ao consumidor caíram pelo terceiro mês consecutivo, sinalizando a persistência de pressões deflacionistas.

Sem problemas

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou no Fórum Económico Mundial em Davos (Suíça), na terça-feira, que a China alcançou o seu objectivo económico sem recorrer a “estímulos maciços”. Li Qiang afirmou que o país tem “fundamentos bons e sólidos no seu desenvolvimento a longo prazo” e que, apesar de alguns contratempos, a tendência positiva da economia mantém-se.

O abrandamento reflecte também os esforços de Pequim para desalavancar a economia, visando reduzir riscos financeiros e construir um modelo assente na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos.

18 Jan 2024

Fundador do grupo Fosun diz que dias de crescimento desenfreado da China acabaram

O presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, que detém várias empresas em Portugal, disse ontem que os “dias de crescimento desenfreado [da China] já lá vão”, apontando para altos níveis de endividamento no sector privado.

“A recuperação económica, no ano passado, não foi tão rápida como se esperava. As empresas privadas ainda enfrentam enorme pressão”, descreveu Guo, fundador do Fosun Group, que detém em Portugal a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30 por cento no banco Millennium BCP e mais de 5 por cento da REN – Redes Energéticas Nacionais.

O Governo chinês deve publicar esta quarta-feira os dados relativos ao crescimento económico no ano passado. Os analistas esperam uma taxa de 5,2 por cento (ver página 10). Embora o valor exceda ligeiramente o objectivo oficial de 5 por cento, os economistas afirmam que 2024 será um ano mais difícil, prevendo que o crescimento abrandará para 4,6 por cento.

Guo Guangchang, de 56 anos, tem um património líquido calculado pela Forbes em 4 mil milhões de dólares, cerca de metade do valor que tinha há cinco anos, como resultado de uma queda no preço dos activos na China, incluindo acções e imobiliário.

“No entanto, o pior já passou. Só aqueles que conseguirem sobreviver vão poder colher mais oportunidades”, argumentou, durante uma reunião anual da Câmara de Comércio de Zhejiang, em Xangai.

O investimento privado caiu 0,5 por cento na China, em termos homólogos, nos primeiros 11 meses do ano passado. Uma crise de liquidez no sector imobiliário, que concentra cerca de 70 por cento da riqueza das famílias chinesas, segundo diferentes estimativas, afectou a confiança dos consumidores e pesou sobre a economia.

Guo atribuiu as dificuldades sofridas por muitas empresas privadas a estratégias baseadas em altos níveis de endividamento e acumulação de grandes volumes de activos. Este modelo é particularmente vulnerável numa altura em que Pequim tenta desalavancar a economia, visando reduzir riscos financeiros e construir um modelo assente na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos.

Época de vendas

Nos últimos anos, o grupo Fosun acelerou a venda de activos para reforçar a liquidez e apostar em sectores estratégicos, incluindo a biociência, produtos farmacêuticos e o turismo, numa altura de pressão no mercado obrigacionista.

O conglomerado soma uma dívida de 40 mil milhões de dólares, mas a emissão de títulos tornou-se mais cara, após várias empresas chinesas terem entrado em incumprimento, incluindo a Evergrande, a segunda maior construtora da China.

Entre os activos vendidos nos últimos anos pela Fosun constam uma posição no valor de 500 milhões de euros na Tsingtao Brewery, a principal marca de cervejas da China, 5 por cento do grupo chinês Taihe Technology, no valor de 43 milhões de euros, ou 6 por cento do capital da empresa Zhongshan, por 100 milhões de euros.

No ano passado, o grupo vendeu também uma participação de 60 por cento na Nanjing Iron and Steel, depois de a ter detido durante 20 anos. “Os dias de crescimento desenfreado já lá vão. A rentabilidade no futuro só pode ser extraída a partir de indústrias com alto valor agregado, tecnologia e boa gestão”, afirmou Guo.

Guo também encorajou mais empresas chinesas a expandirem-se além-fronteiras. “Quando se consegue sobreviver no mercado doméstico, ferozmente competitivo, é provável que se consiga prosperar em quase todo o lado”, acrescentou.

17 Jan 2024

Seul vai retaliar “cem vezes mais” em caso de ataque de Pyongyang

O Presidente sul-coreano advertiu ontem Pyongyang que vai retaliar “cem vezes mais” em caso de ataque, num discurso em resposta ao líder norte-coreano que pediu que se qualifique o Sul como inimigo do país na Constituição. “Se a Coreia do Norte nos provocar, retaliaremos cem vezes mais”, disse Yoon Suk-yeol, durante uma reunião com o executivo em Seul, de acordo com o gabinete presidencial.

Algumas horas antes, os meios de comunicação norte-coreanos fizeram eco de um discurso do dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, numa sessão parlamentar de segunda-feira, em que defendeu uma revisão da Constituição para definir a Coreia do Sul como “país hostil número um”. Kim realçou ainda a necessidade de “ocupar, reprimir e reclamar” território sul-coreano em caso de guerra.

Entretanto, o dirigente da Coreia do Norte disse ontem de manhã que a mínima violação de território norte-coreano é uma “provocação de guerra”. “Se a República da Coreia [nome oficial da Coreia do Sul] violar 0,001 mm do nosso território, espaço aéreo ou mar, será considerado uma provocação de guerra”, disse Kim.

Tensão contínua

O discurso do líder norte-coreano não é apenas uma nova demonstração de hostilidade que o regime tem vindo a intensificar nas últimas semanas. É, na opinião de especialistas citados pela agência de notícias EFE, mais um marco na mudança estratégica e diplomática que Pyongyang parece ter adoptado desde o fracasso, em 2019, das negociações para a desnuclearização da península com os Estados Unidos.

Desde então, o regime tem modernizado o exército e rejeitado ofertas de diálogo, aproximando-se de Pequim e Moscovo. Por outro lado, Seul e Washington têm reforçado os mecanismos de dissuasão e cooperação militar, o que levou a península a novos níveis históricos de tensão.

17 Jan 2024

Timor-Leste | ONG adverte para aumento do tráfico humano no país

As dificuldades económicas levam os jovens timorenses a aceitar promessas de trabalho no sudeste asiático que não passam afinal de esquemas de grupos criminosos dedicados ao tráfico humano

 

A Fundação Mahein Pesquisa e Advocacia do Sector da Segurança advertiu ontem que o tráfico humano está a aumentar em Timor-Leste e recomendou uma acção concertada entre a sociedade civil e as autoridades para combater o fenómeno. “Timor-Leste enfrenta uma crise crescente: o aumento alarmante do tráfico de seres humanos afecta jovens vulneráveis que procuram segurança económica”, refere, num artigo, a organização não-governamental.

Segundo a Fundação Mahein, os jovens timorenses estão a ser atraídos com “promessas de trabalho no sudeste asiático, Europa e Médio Oriente, com um número crescente a cair nas mãos de grupos criminosos”. “Além disso, o tráfico interno também é uma realidade generalizada, mas em grande parte não é reconhecido pelo Estado e pelo público geral”, salienta a organização.

A Fundação Mahein refere que as condições socioeconómicas de Timor-Leste “incentivam” o tráfico de pessoas, nomeadamente porque a economia não cresceu “significativamente” e as oportunidades de emprego “continuam escassas”.

“Muitas pessoas carecem de educação básica e de conhecimento dos direitos e das leis, o que aumenta a sua vulnerabilidade ao tráfico e à exploração”, sublinha. O artigo alerta para a questão do “tráfico interno”, que atinge principalmente jovens mulheres dos meios rurais que vão realizar trabalho doméstico em famílias mais abastadas.

“Esta prática, embora não seja amplamente reconhecida como ‘tráfico’, reflecte uma triste realidade em que mulheres e raparigas de famílias rurais empobrecidas são enviadas para trabalhar em agregados familiares mais abastados por pouco ou nenhum salário, muitas vezes em condições altamente exploradoras e abusivas”, denuncia a organização não-governamental.

Segundo a Fundação Mahein, aquelas mulheres e raparigas são “aliciadas” com a promessa de um salário, assistência financeira e educação, mas acabam por trabalhar horas em excesso e enfrentam “abusos psicológicos, físicos e sexuais” e uma compensação financeira “inadequada”.

“Ameaçadas com graves consequências se tentarem sair, vivem em estado de semi-prisão, tal como as vítimas de outras formas de tráfico de seres humanos”, explica a organização.

Carências legais

Para a Fundação Mahein, uma das principais barreiras de combate ao tráfico humano é a falta de aplicação da lei. “A PNTL [Polícia Nacional de Timor-Leste] carece de recursos humanos, financeiros e técnicos necessários para detectar e prevenir eficazmente as actividades de tráfico. Além disso, o Governo ainda não reconheceu o tráfico de seres humanos como uma questão prioritária”, refere no artigo, divulgado para incentivar o debate interno sobre a questão.

Para minimizar o fenómeno, quer interno, quer externo, a organização defende igualmente uma “abordagem integrada e multifacetada”, incluindo o reforço das capacidades da Unidade das Pessoas Vulneráveis da polícia timorense.

Ao mesmo tempo, a Fundação Mahein defende que é preciso aumentar os esforços para educar e sensibilizar o público sobre o tráfico de seres humanos.

“Ao abordar os desafios enfrentados pelas autoridades responsáveis pela aplicação da lei, prestando apoio às vítimas e iniciando debates públicos, podemos trabalhar no sentido de erradicar esta grave violação dos direitos humanos e garantir um futuro mais seguro para os seus cidadãos mais vulneráveis”, conclui a organização.

17 Jan 2024

Ano Novo Lunar | Previstas 9 mil milhões de viagens durante férias

A China espera cerca de nove mil milhões de viagens durante o período conhecido como “chunyun”, a maior migração anual do mundo, que ocorre todos os anos antes, durante e depois do feriado do Ano Novo Lunar. Em 2024, o feriado calha entre 10 e 17 de fevereiro.

Também conhecido como Festival da Primavera e um momento de reunião e celebração para as famílias chinesas, o “chunyun” deste ano decorrerá entre 26 de Janeiro e 5 de Março, um período para o qual se espera uma elevada procura de transportes. De acordo com o calendário lunar tradicional, a China acolherá o Ano do Dragão a 10 de Fevereiro, deixando para trás o Ano do Coelho.

Embora as férias decorram oficialmente entre 10 e 17 de Fevereiro, muitos trabalhadores migrantes tiram férias antes e depois do período festivo para visitarem os seus familiares. Durante os 40 dias do “chunyun” deste ano, são esperadas 1,8 mil milhões de viagens comerciais por via ferroviária, rodoviária, marítima e aérea, disse ontem o Vice-Ministro dos Transportes, Li Yang, em conferência de imprensa. Para além deste número, são esperadas mais 7,2 mil milhões de viagens por transporte privado, acrescentou.

17 Jan 2024

Vendas de automóveis chineses à Rússia quase triplicaram em 2023

As vendas de automóveis chineses para a Rússia aumentaram 2,8 vezes, em 2023, em termos homólogos, informou o portal de notícias chinês Yicai, que cita dados da câmara de comércio da Associação Europeia de Negócios.

Os números da agência mostram três marcas chinesas (Haval, Chery e Geely) entre os cinco principais vendedores de veículos na Rússia, todas registando aumentos de vendas superiores a 200 por cento em 2023, embora o líder da tabela seja o fabricante local Lada, que aumentou as vendas em 87 por cento em termos anuais.

No total, as empresas chinesas venderam mais de 458.000 veículos no país vizinho no ano que acaba de terminar, representando quase metade da quota de mercado (49 por cento). De acordo com o relatório recentemente publicado pela associação, sete modelos chineses (Haval Jolion, Chery Tiggo 7 Pro, Omoda C5, Geely Coolray, Chery Tiggo 4 Pro, Chery Tiggo 8 Pro e Geely Atlas Pro) encontram-se entre os dez mais vendidos.

Prevê-se que as vendas de veículos chineses na Rússia continuem a aumentar este ano, com a Changan, Haval e Chery a quererem atingir um total de quase 600.000 unidades, de acordo com analistas da divisão automóvel do banco russo Okritie Bank, citados pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Licença para entrar

Em Julho de 2023, a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM) já tinha assinalado que a Rússia se tornou o maior importador mundial de veículos fabricados no gigante asiático.

“A saída das marcas de automóveis ocidentais do mercado russo deixou um nicho que as empresas chinesas foram capazes de preencher. Este facto, combinado com a crescente competitividade dos veículos chineses, fez com que a Rússia registasse um aumento das importações de veículos chineses”, explicou o secretário-geral da CAAM.

No total, cerca de 30 marcas chinesas foram oficialmente exportadas para a Rússia, enquanto entre 15 e 17 entraram no mercado russo através das chamadas “importações paralelas”, uma prática reconhecida pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e permitida em alguns países que envolve a importação de produtos legalmente fabricados no estrangeiro, mas sem a autorização do detentor de uma marca registada ou patente.

A China terminou 2023 como o mais provável líder mundial de exportação de veículos, vendendo cerca de 5,26 milhões de unidades no valor de 102 mil milhões de dólares, ultrapassando o Japão.

17 Jan 2024

Taiwan | Xi defende necessidade de “conquistar os corações” dos taiwaneses

O Presidente chinês apelou a esforços para “conquistar os corações” de Hong Kong, Macau e Taiwan, depois de o Partido Democrático Progressista, representado por William Lai Ching-te, ter mantido o poder em Taiwan.

Num artigo publicado ontem, Xi Jinping apelou também ao “reforço das forças patrióticas e da reunificação” em Taiwan, informou a agência de notícias oficial Xinhua. Xi sublinhou a necessidade de direccionar o Departamento de Trabalho da Frente Unida do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), para “mobilizar apoios” e “desenvolver e melhorar o sistema político da China”.

A Frente Unida procura reunir as forças sociais que apoiam o PCC e a sua liderança, tanto na China como no estrangeiro. O líder chinês apelou à “oposição aos actos separatistas” que apoiam a “independência de Taiwan” e à “promoção da reunificação completa da pátria”. Xi sublinhou ainda a importância de “promover o sentido de comunidade da nação chinesa entre os diferentes grupos étnicos”.

17 Jan 2024

Governo apresenta medidas para desenvolver economia para idosos

O Governo chinês publicou ontem várias medidas para desenvolver a economia relacionada com a população idosa, face ao rápido envelhecimento da sociedade chinesa.

O Conselho de Estado (Executivo) publicou um documento que se centra em quatro aspectos: resolver os problemas urgentes dos idosos, expandir a oferta de produtos para esta faixa etária, cultivar sectores potenciais e reforçar o apoio financeiro a estas indústrias. De acordo com o ministério dos Assuntos Civis, existem cerca de 280 milhões de pessoas com mais de 60 anos no país, ou seja, 19,8 por cento da população total.

O documento sublinha a necessidade de apostar na inovação dos produtos destinados aos idosos, no desenvolvimento de novas formas de cuidados inteligentes, na indústria da reabilitação e dos dispositivos de assistência e na indústria antienvelhecimento.

O mesmo documento incentiva o desenvolvimento de alimentos saudáveis e soluções médicas especiais que se adaptem à forma como os idosos comem e mastigam ou o fabrico de veículos “que cumpram as normas técnicas e facilitem o transporte sem barreiras para os idosos”.

O Conselho de Estado também prioriza os “dispositivos inteligentes” para cuidados domiciliários e promove a utilização de robots para cuidar dos idosos, realizar tarefas domésticas e evitar que os idosos se percam.

As autoridades chinesas apelam também ao reforço da investigação e da aplicação da tecnologia genética, da medicina regenerativa e dos lasers no domínio do tratamento do envelhecimento. O documento salienta ainda que a oferta de produtos financeiros para os idosos deve ser aumentada e que os produtos de pensões e de seguros comerciais para os reformados devem ser diversificados.

Desafios e tecnologia

Hu Zuxiang, director do Gabinete de Desenvolvimento Populacional do Departamento de Previsão Económica do Centro Nacional de Informação, disse aos meios de comunicação locais que a tecnologia é a “primeira força motriz para o desenvolvimento da economia relacionada com as pessoas com mais de 60 anos”.

O Governo chinês apelou a “projectos para melhorar a adaptabilidade digital dos idosos”, numa altura em que cada vez mais serviços na China são realizados através de pagamentos móveis ou através da rede social local Wechat. Estima-se que, em 2035, haverá mais de 400 milhões de pessoas com mais de 60 anos no país asiático, o que representa mais de 30 por cento da população da China.

As autoridades alertaram para o facto de o envelhecimento da população colocar vários desafios à prestação de serviços públicos e à sustentabilidade da segurança social. A China encerrou o ano passado com 1.411,75 milhões de habitantes, tendo registado 9,56 milhões de nascimentos e 10,41 milhões de mortes.

17 Jan 2024

Fórum Económico Mundial | Li Qiang estima crescimento do PIB chinês de 5,2 por cento em 2023

O primeiro-ministro chinês discursou em Davos, onde decorre o Fórum Económico Mundial. Segundo Li Qiang, a economia chinesa mantém-se sólida e saudável. O responsável apelou também ao reforço do multilateralismo

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, estimou ontem, durante o Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça), que a economia da China cresceu 5,2 por cento, em 2023, acima da meta das autoridades de 5,0%. Os números oficiais do PIB vão ser divulgados esta quarta-feira. As previsões dos analistas apontam para um aumento de 0,1% face ao trimestre anterior e de 5,3%, em termos homólogos, no último trimestre do ano.

Durante um discurso em Davos sobre o estado e perspectivas da economia chinesa, Li disse que, após décadas de desenvolvimento, a China estabeleceu uma base “sólida e saudável” e que, “tal como uma pessoa saudável, tem um sistema imunitário forte e sólido”.

Li Qiang apelou a um maior multilateralismo e ao “reforço da coordenação política e macroeconómica” para evitar um contexto de crise, em que haja “decisões” que fragilizem a economia mundial. O primeiro-ministro chinês afirmou que a “falta de confiança aumenta o risco para o crescimento global e para a paz mundial” e apelou à sua “reconstrução”. Li Qiang afirmou que “é essencial pôr de lado os preconceitos e ultrapassar as diferenças”.

“A China mostrou ao mundo inteiro que é um país que merece confiança”, afirmou, apelando a uma maior liberalização do comércio internacional e a mais intercâmbios tecnológicos, uma área em que apelou a que não se bloqueie o desenvolvimento de alguns países. Numa referência velada aos Estados Unidos, Li sublinhou ainda que “a China nunca se retira das organizações, nem pede aos outros países que escolham um lado”.

Outros apelos

O político chinês apelou ainda a uma maior “cooperação no desenvolvimento verde” como frente comum contra as alterações climáticas e a uma maior colaboração Norte-Sul e Sul-Sul para alcançar “uma economia global mais inclusiva”.

Questionado sobre a inteligência artificial (IA), Li reconheceu as “oportunidades” que esta tecnologia apresenta para “impulsionar a revolução industrial e científica”, mas também alertou para os “riscos para a segurança e a ética”. “A China acredita que a tecnologia deve servir o bem comum da humanidade”, afirmou, apelando a um “trabalho coordenado”. “Não deve haver divisões ou confrontos”, disse.

17 Jan 2024

Pyongyang confirma lançamento de míssil balístico

A Coreia do Norte anunciou ontem que lançou um míssil balístico de alcance intermédio com combustível sólido, confirmando as declarações avançadas no domingo por Seul e Tóquio. O lançamento ocorre alguns dias após Pyongyang ter realizado exercícios de artilharia com munições reais.

O disparo do míssil no domingo, que Pyongyang disse estar equipado com uma ogiva hipersónica, destinava-se a “verificar as capacidades de deslocação e de manobrabilidade”, bem como “a fiabilidade do novo motor de combustível sólido”, explicou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse no domingo, em comunicado, que o Norte “disparou um míssil balístico não identificado em direcção ao Mar do Leste”, referindo-se a uma área também conhecida como Mar do Japão.

O Ministério da Defesa do Japão disse ter detectado um possível lançamento de um míssil balístico de curto alcance, que terá caído fora da zona económica especial do país. Este é o primeiro lançamento de um míssil por parte de Pyongyang desde que testou o míssil balístico intercontinental de combustível sólido Hwasong-18, a arma mais avançada do Norte, em 18 de Dezembro.

O Hwasong-18 foi projectado para atacar o território continental dos Estados Unidos. Após Pyongyang realizar, na semana passada, exercícios de artilharia em torno da fronteira marítima ocidental com o Sul durante três dias, Seul realizou exercícios de tiro semelhantes na mesma área.

A subir de tom

Nos últimos dias, a Coreia do Norte tem intensificado a retórica bélica. Na semana passada, o líder Kim Jong-un descreveu o Sul como o “principal inimigo” e ameaçou aniquilar o país vizinho se fosse provocado.

Especialistas dizem que Kim provavelmente aumentará ainda mais a tensão ao testar novos mísseis para tentar influenciar os resultados das eleições parlamentares da Coreia do Sul, em Abril, e das eleições presidenciais dos EUA em Novembro.

Numa importante reunião do partido único norte-coreano, no final de dezembro, Kim prometeu expandir o arsenal nuclear de Pyongyang e lançar satélites espiões adicionais para fazer face ao que chamou de movimentos de confronto liderados pelos EUA.

16 Jan 2024

Coreia do Norte | Ministra faz visita de três dias à Rússia

Choe Son-hui vai estar três dias em Moscovo numa visita que, embora não tenham sido adiantados detalhes, pressupõe dar seguimento à cooperação militar acordada entre os dois países aquando do encontro entre Putin e Kim Jong-un em Setembro passado

 

A ministra dos Negócios Estrangeiros norte-coreana partiu no domingo para uma visita de três dias à Rússia, numa altura em que a comunidade internacional condena a transferência de armas de Pyongyang para Moscovo utilizar na Ucrânia.

“Uma delegação governamental da República Popular Democrática da Coreia [nome oficial do país], liderada pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu no domingo para uma visita oficial à Federação Russa a convite do ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov”, informou ontem a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.

Embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e a agência de notícias russaTASS tenham confirmado a visita de Choe entre 15 e 17 de Janeiro, não forneceram mais detalhes. Lavrov visitou a Coreia do Norte em Outubro, por ocasião do 75.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países.

A visita de Choe surge depois de terem sido reveladas novas provas de que a Coreia do Norte e a Rússia concordaram em cooperar militarmente durante uma cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, em Setembro, e que inclui a transferência de armas de Pyongyang para Moscovo, em violação das sanções impostas pela ONU ao país asiático.

Últimos disparos

Na semana passada, a Casa Branca disse que a Rússia disparou recentemente mísseis balísticos norte-coreanos contra a Ucrânia, somando-se aos já utilizados nos ataques de 30 de Dezembro e 02 de Janeiro. Mas Pyongyang e Moscovo negam esta transferência de armamento.

Em troca, acredita-se que o regime de Kim Jong-un recebeu assistência técnica russa no lançamento do primeiro satélite de reconhecimento militar em novembro passado. A Coreia do Sul estima que o número de contentores – carregados com mísseis balísticos, lançadores e centenas de milhares de munições de artilharia – transferidos desde o Verão pela Coreia do Norte para a Rússia ultrapassa agora os 5.000.

16 Jan 2024

Israel | Egipto e China apelam a cessar-fogo e à criação do Estado da Palestina

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Egipto e da China apelaram domingo conjuntamente a um cessar-fogo no centésimo dia da guerra em Gaza e à criação de um “Estado da Palestina” que seja membro de pleno direito da ONU.

Numa conferência de imprensa conjunta, no início de uma viagem a África, Wang Yi afirmou que, tal como o homólogo egípcio, Sameh Choukri, são a favor de “um Estado da Palestina independente e soberano dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital”.

Já num comunicado conjunto, os dois chefes da diplomacia apelaram também para o “fim da violência e dos combates” e ainda à realização de “uma cimeira internacional de paz para encontrar uma solução justa, global e duradoura para a questão palestiniana”.

Para tal, acrescentaram, deve pôr-se termo à “ocupação” israelita e criar-se um Estado da Palestina “independente e com continuidade territorial”, apesar de os palestinianos viverem atualmente sob dois governos rivais e paralelos.

A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), do Presidente Mahmoud Abbas, detém partes da Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, enquanto o Hamas – em guerra com Israel desde o seu ataque a solo israelita a 07 de Outubro de 2023 – controla a Faixa de Gaza. A China mantém boas relações com Israel, mas apoia a causa palestiniana há várias décadas e considera que a Palestina é um Estado. Pequim tem defendido tradicionalmente a solução de dois Estados.

16 Jan 2024

Taiwan | Pequim condena encontro de William Lai com antigos funcionários dos EUA

A China condenou ontem o encontro entre o líder eleito de Taiwan, William Lai, com uma delegação de antigos funcionários norte-americanos que visitaram a ilha após as eleições de sábado passado.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, afirmou em conferência de imprensa que as eleições em Taiwan “são um assunto interno da China” e que o Governo chinês “se opõe firmemente a qualquer contacto oficial entre os Estados Unidos e Taiwan”, bem como a “qualquer interferência dos EUA” nos assuntos da ilha. Mao exortou os EUA a reconhecerem “a complexidade e a sensibilidade” da questão de Taiwan e a “respeitarem fielmente o princípio ‘Uma só China’”.

A porta-voz pediu ainda a Washington que actue com “prudência e cautela” nas questões relacionadas com Taiwan, “para não prejudicar de forma alguma o princípio ‘Uma só China’” e “para não enviar quaisquer sinais errados às forças separatistas” de Taiwan.

Lai, também líder do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, reuniu-se com o antigo conselheiro de segurança nacional Stephen Hadley (2001-2009) e o antigo vice-secretário de Estado James Steinberg (2009-2017) na sede do partido, informou ontem a agência oficial da ilha, CNA.

16 Jan 2024

Acidente | Sobe para 13 número de mortos em explosão numa mina

O número de mortos na sequência da explosão de uma mina de carvão ocorrida na sexta-feira na província de Henan, no centro da China, subiu para 13, informou ontem a imprensa local. O número de mortos aumentou em três relativamente ao número anterior, que era de dez.

A explosão ocorreu numa mina na cidade de Pingdingshan devido à concentração de gás e carvão numa conduta de ventilação, de acordo com a investigação preliminar.

Na altura do incidente, 425 pessoas trabalhavam na mina. As equipas de busca continuam a trabalhar para resgatar os trabalhadores ainda presos no local, informou a agência de notícias oficial Xinhua. As autoridades abriram um inquérito e detiveram os responsáveis pela mina, propriedade da Pingdingshan Tianan Coal Mining.

Em Dezembro passado, um acidente numa mina de carvão na cidade de Jixi, na província de Heilongjiang, no nordeste da China, matou 12 pessoas. No final de Novembro do ano passado, um total de onze trabalhadores morreram num acidente numa mina de carvão também em Heilongjiang.

As minas de carvão – o material a partir do qual a China produz cerca de 60 por cento da sua energia – continuam a registar uma elevada taxa de acidentes no país asiático, embora o número de acidentes mortais tenha diminuído significativamente nos últimos anos.

16 Jan 2024

Pequim “aprecia” a decisão de Nauru de cortar laços com Taiwan

A China manifestou ontem o seu “apreço” pela decisão do governo de Nauru, uma pequena nação insular do Pacífico Sul, de cortar relações diplomáticas com Taiwan e reconhecer a República Popular da China.

“Como país soberano e independente, Nauru declarou o seu reconhecimento do princípio ‘Uma só China’, cortou as suas chamadas relações diplomáticas com as autoridades de Taiwan e manifestou a sua disponibilidade para retomar as relações diplomáticas com a China”, afirmou o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. “A China aprecia e saúda a decisão do governo de Nauru”, acrescentou o comunicado do ministério.

O Governo chinês disse estar pronto para “abrir um novo capítulo” nas relações entre os dois países, agora que Nauru se tornou a mais recente nação da Oceânia a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.

O Governo de Nauru sublinhou ontem, numa breve declaração, que o país reconhece o princípio de ‘Uma só China’ e pretende reatar relações diplomáticas plenas com Pequim. A nação insular argumentou que a mudança de política é um primeiro passo para “promover o desenvolvimento” da pequena república oceânica.

16 Jan 2024

Corrupção | Ex-director executivo do gigante bancário chinês Everbright detido

A campanha anti-corrupção, contra ‘tigres’ (altos quadros) e ‘moscas’ (funcionários públicos) lançada por Xi Jinping aquando da sua chegada ao poder, em 2012, continua a fazer vítimas

 

Um antigo chefe do gigante bancário estatal chinês Everbright foi formalmente colocado sob prisão por suspeitas de corrupção, informaram ontem as autoridades. Após a conclusão de uma investigação preliminar, a Procuradoria Popular Suprema anunciou, em comunicado, que ordenou a detenção de Tang Shuangning, antigo presidente do conselho de administração do grupo, “nos últimos dias”.

A agência anti-corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC) já tinha anunciado a sua expulsão do partido no início de Janeiro, acusando-o de uma longa lista de irregularidades, incluindo a importação de livros políticos não autorizados para a China. A agência acusou-o também de “abandonar as suas funções”, de se aproveitar do cargo para promover as suas obras de caligrafia, de utilizar fundos públicos para viajar e de aceitar vários presentes e subornos.

Acusado de “se entregar a uma vida de prazer e conforto”, Tang Shuangning também “falhou na prevenção e resolução de riscos financeiros, violando assim a linha organizacional do PCC”, afirmou a mesma fonte. O sucessor de Tang como director do Grupo Everbright, Li Xiaopeng, foi detido no mês passado por acusações de corrupção.

Sem tréguas

Desde que chegou ao poder em 2012, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma vasta campanha anti-corrupção contra funcionários públicos (“moscas”) e gestores de empresas estatais (“tigres”). O sector financeiro está cada vez mais na mira da agência nacional anti-corrupção e dos tribunais.

No mês passado, um antigo director do banco central chinês, Sun Guofeng, foi condenado a mais de 16 anos de prisão e acusado de divulgar informações em troca de subornos de 21 milhões de yuan.

Em Novembro, Sun Deshun, antigo presidente de um dos principais bancos estatais chineses, o Citic Bank, foi condenado a prisão perpétua por ter recebido ilegalmente bens num valor estimado em 980 milhões de yuan, durante um período de 16 anos. Também em Novembro, o PCC anunciou a abertura de uma investigação por corrupção contra Zhang Hongli, um antigo alto funcionário de um dos maiores bancos do país, o ICBC (Banco Industrial e Comercial da China).

16 Jan 2024

Índia encontra destroços que podem ser de avião desaparecido em 2016

O Ministério da Defesa indiano anunciou sexta-feira que foram encontrados destroços de um avião no mar provavelmente de uma aeronave do Exército indiano que desapareceu em 2016 com 29 pessoas a bordo.

“Esta descoberta no provável local do acidente, sem qualquer outro registo de aeronave desaparecida na mesma área, indica que os destroços provavelmente pertencem ao An-32 da IAF (Força Aérea Indiana)” que caiu em Julho de 2016 na baía de Bengala, informou o Ministério, num comunicado.

O Antonov An-32, de fabrico russo, que descolou de uma base perto de Chennai, no sudeste da Índia, com destino às ilhas Andaman e Nicobar, desapareceu 15 minutos depois do último contacto com a torre de controlo, em Julho de 2016.

As principais operações de busca realizadas na época não conseguiram encontrar o seu rasto. Sexta-feira, o Ministério da Defesa da Índia disse que um ‘drone’ de alto mar que sondava o fundo do oceano na Baía de Bengala encontrou destroços do avião acidentado a uma profundidade de 3.400 metros, a cerca de 140 milhas náuticas (310 quilómetros) de distância.

As aeronaves An-32 podem voar quatro horas sem necessidade de reabastecimento e são os aviões de transporte mais utilizados pela Força Aérea Indiana, mas sofreram inúmeros acidentes e falhas técnicas. Antes do desastre de 2016, um dos piores acidentes envolvendo um An-32, ocorreu em 1999: uma aeronave caiu perto do aeroporto de Nova Deli com 20 pessoas a bordo.

Em queda

Em 2016, uma fonte da IAF disse que os dados do radar do avião desaparecido mostraram que este tinha feito uma curva acentuada à esquerda antes de perder altitude rapidamente. O chefe das Forças Armadas da Índia, general Bipin Rawat, foi morto em 2021 juntamente com outras 12 pessoas quando o seu helicóptero Mi-17 de fabrico russo caiu no estado de Tamil Nadu.

No ano seguinte, dois pilotos morreram quando o seu caça MiG-21 da era soviética caiu durante uma incursão de treino no Rajastão. Em 2023, um Sukhoi Su-30 russo e um Mirage 2000 francês colidiram no ar durante exercícios a sul de Nova Deli e um dos pilotos morreu. A Força Aérea tem vindo a renovar a sua frota, parte da qual ainda data da década de 1960.

15 Jan 2024

Pyongyang | Lançado míssil balístico em direcção ao mar

O anúncio daquele que poderá ser o primeiro lançamento deste mês chegou pelas vozes das autoridades sul-coreanas e japonesas

A Coreia do Norte disparou ontem um míssil balístico em direcção ao mar no domingo, naquele que poderá ser o primeiro lançamento do regime de Pyongyang em cerca de um mês, disseram Seul e Tóquio.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse num comunicado que o Norte “disparou um míssil balístico não identificado em direcção ao Mar do Leste”, referindo-se a uma área também conhecida como Mar do Japão. O Ministério da Defesa do Japão disse ter detectado um possível lançamento de um míssil balístico de curto alcance, que terá caído fora da zona económica especial do país.

A confirmar-se, será o primeiro lançamento de um míssil por parte de Pyongyang desde que testou o míssil balístico intercontinental de combustível sólido Hwasong-18, a arma mais avançada do Norte, em 18 de dezembro. O Hwasong-18 foi projectado para atacar o território continental dos Estados Unidos.

Em exercícios

Na semana passada, Pyongyang realizou exercícios de artilharia em torno da fronteira marítima ocidental com o Sul durante três dias, levando Seul a realizar exercícios de tiro semelhantes na mesma área.

Nos últimos dias, a Coreia do Norte tem intensificado a sua retórica bélica. No início da semana, o líder Kim Jong Un descreveu o Sul como o “principal inimigo” e ameaçou aniquilar o país vizinho se fosse provocado.

Especialistas dizem que Kim provavelmente aumentará ainda mais a tensão ao testar novos mísseis para tentar influenciar os resultados das eleições parlamentares da Coreia do Sul, em Abril, e das eleições presidenciais dos EUA em Novembro.

Numa importante reunião do partido único norte-coreano, no final de Dezembro, Kim prometeu expandir o arsenal nuclear de Pyongyang e lançar satélites espiões adicionais para fazer face ao que chamou de movimentos de confronto liderados pelos EUA.

15 Jan 2024

Taiwan | EUA não apoiam independência, mas mantém interferência

O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou ontem que os Estados Unidos não apoiam a independência de Taiwan. “Não apoiamos a independência”, sintetizou Biden aos jornalistas à saída da Casa Branca. Washington não reconhece Taiwan como um Estado e consideram a República Popular da China como o único governo legítimo, mas fornecem à ilha uma ajuda militar substancial.

Por seu lado, num comunicado, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, felicitou Lai e os taiwaneses pelo “sólido sistema democrático”. “Os Estados Unidos felicitam Lai pela vitória nas eleições de Taiwan. Felicitamos igualmente o povo de Taiwan por ter demonstrado uma vez mais a força do seu sistema democrático e do seu sólido processo eleitoral”, declarou o Secretário de Estado norte-americano, adiantando que Washington planeia enviar uma “delegação informal” à ilha após a votação.

“Os Estados Unidos estão empenhados em manter a paz e a estabilidade no Estreito [de Taiwan] e na resolução pacífica das divergências, sem pressões nem coações”, acrescentou. Blinken afirmou ainda que esperava trabalhar com William Lai no futuro para fazer “avançar os interesses e valores comuns” e para “continuar a relação não oficial de longa data de uma forma coerente” com a posição oficial dos EUA.

Estas declarações não caíram bem em Pequim, que respondeu através de um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “A declaração do Departamento de Estado dos EUA sobre as eleições na região chinesa de Taiwan viola gravemente o princípio de uma só China e os três comunicados conjuntos China-EUA. A decisão vai contra o compromisso político dos EUA de manter apenas relações culturais, comerciais e outras relações não oficiais com a região de Taiwan e envia um sinal gravemente errado às forças separatistas da ‘independência de Taiwan’. Deploramos e opomo-nos firmemente a esta atitude, tendo feito diligências sérias junto dos EUA”, afirmou o porta-voz.

“A questão de Taiwan está no centro dos interesses fundamentais da China e é a primeira linha vermelha que não deve ser ultrapassada nas relações entre a China e os EUA. O princípio de uma só China é uma norma básica nas relações internacionais, um consenso prevalecente entre a comunidade internacional e a base política das relações entre a China e os EUA”, continuou o porta-voz.

O porta-voz disse ainda que a China se opõe firmemente a que os EUA tenham qualquer forma de interação oficial com Taiwan e interfiram nos assuntos de Taiwan de qualquer forma ou sob qualquer pretexto, e de não procurarem utilizar a questão de Taiwan como um instrumento para conter a China.

Delegação em Taipé

Entretanto, uma delegação informal dos Estados Unidos chegou ontem a Taipé, disse a representação norte-americana na ilha. Num comunicado, o Instituto Norte-americano em Taiwan (AIT, na sigla em inglês) revelou que a delegação será constituída pelo antigo conselheiro de Segurança Nacional Stephen J. Hadley e pelo antigo secretário de Estado adjunto James B. Steinberg.

O AIT sublinhou que “o Governo dos EUA pediu a antigos altos funcionários que viajassem a título privado para Taiwan”, algo que aconteceu “anteriormente após as eleições presidenciais” da ilha. A delegação será acompanhada pela presidente do instituto, Laura Rosenberger.

Na segunda-feira, os dirigentes irão reunir-se com “uma série de figuras políticas importantes e transmitirão as felicitações do povo norte-americano a Taiwan pelas eleições bem-sucedidas”, referiu o comunicado.

A delegação irá também sublinhar “o apoio à prosperidade e ao crescimento contínuos de Taiwan e o interesse de longa data na paz e estabilidade nos dois lados do Estreito”, acrescentou o AIT.

Alemanha e França defendem status quo

Alemanha e França apelaram ontem para o “respeito pelo status quo” após a vitória do candidato do Partido Democrático Progressista (DPP), William Lai, nas eleições realizadas no sábado em Taiwan. A França congratulou-se hoje com a realização das eleições em Taiwan e apresentou as “felicitações” aos eleitores e candidatos que participaram no “exercício democrático”, apelando simultaneamente, num comunicado de imprensa, ao “respeito pelo ‘status quo’ [o actual estado das situações]”.

“Estendemos as nossas felicitações a todos os eleitores e candidatos que participaram neste exercício democrático, bem como aos que foram eleitos”, sublinhou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, sem mencionar o nome de William Lai. A declaração refere também que França reafirma “a importância crucial da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan”, além de apelar para “o respeito do ‘status quo’ por todas as partes”, esperando que seja “retomado o diálogo entre as duas margens do Estreito”.

“Taiwan é um parceiro importante para a Europa e para França, nomeadamente nos domínios económico, cultural, científico e tecnológico, e esperamos que, após estas eleições, os laços com a ilha continuem a reforçar-se, em conformidade com a nossa política de uma só China” (que reconhece oficialmente apenas a China continental), concluiu. Também a Alemanha insistiu ontem na preservação do ‘status quo’ em Taiwan, após as eleições, e apelou para que quaisquer mudanças só sejam efectuadas de “forma pacífica e concertada” com Pequim.

“Felicitamos todos os eleitores e candidatos que participaram nestas eleições, bem como os que foram eleitos”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, sem felicitar pelo nome William Lai. “A Alemanha está a trabalhar para preservar o ‘status quo’ e criar confiança. O ‘status quo’ só pode ser alterado de forma pacífica e concertada”, acrescentou.

15 Jan 2024

Taiwan | William Lai é o novo líder, mas o seu partido perdeu maioria

O Partido Democrático Progressista conseguiu eleger o seu líder, mas sofreu uma considerável derrota ao perder a maioria de deputados no parlamento de Taiwan. Face aos resultados, Pequim afirma que o líder eleito não representa a maioria do povo de Taiwan.

William Lai Ching-te venceu as eleições para a liderança de Taiwan, com 40% (5.5 milhões de votos), no sábado, mas o seu Partido Democrático Progressista (PDP) não conseguiu manter a maioria legislativa, o que introduz uma nota de incerteza na sua presidência. Hou Yu-ih, do Kuomintang (KMT), ficou em segundo lugar, com 33,5% (4,7 milhões de votos), e Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan (PPT), com 26,5% (3,7 milhões de votos), de acordo com a contagem da Comissão Eleitoral Central. A taxa de participação eleitoral foi de 71,9% – cerca de 14 milhões de pessoas – ligeiramente inferior aos 74,9% registados há quatro anos.

Há quatro anos, a Presidente Tsai Ing-wen, com Lai como seu vice, foi reeleita com um recorde de 8,2 milhões de votos – 57,1% dos votos – cerca de 19 pontos percentuais à frente do candidato do KMT, o que representa uma perda significativa de votos da parte do PDP, cujo revés nas eleições legislativas, o fez perder a sua maioria na legislatura de 113 lugares, ficando atrás do KMT. Segundo o sistema eleitoral de Taiwan, não existe segunda volta caso nenhum dos candidatos atinja os 50%. Ganha o que ficar em primeiro lugar, embora isso possa significar que não goza sequer do apoio de metade dos eleitores, como aconteceu no sábado.

O Kuomitang, principal partido da oposição, obteve 52 lugares, tendo o TPP obtido oito lugares e dois lugares para outros candidatos, uma situação que poderá dificultar ao PDP a aprovação de projectos de lei e a implementação de reformas importantes quando Lai assumir funções.

No sábado, Lai disse que o seu partido iria “rever humildemente” os resultados, sublinhando a necessidade de “construir um ambiente de comunicação, consulta, participação e cooperação” no parlamento.

Chang Chun-hao, cientista político da Universidade de Tunghai, em Taipé, afirmou ao South China Morning Post que o resultado das eleições legislativas poderá abrir caminho a políticas de promoção do intercâmbio com o continente, tais como a redução das restrições impostas aos estudantes e turistas do continente. “Dado que o PPT tem agora o poder de influenciar a legislatura, será difícil para o PDP apresentar políticas”, disse Chang.

“Com o KMT e o TPP a formarem uma maioria, isso também poderá significar um aumento das políticas que promovam a comunicação e os intercâmbios”, disse Chang, acrescentando que as políticas para a entrada de turistas e estudantes chineses do continente poderão ser flexibilizadas no futuro.

Hou, do KMT, apelou a um maior intercâmbio entre as duas margens do Estreito, nomeadamente em domínios como a educação e a cultura. No seu discurso de vitória, Lai pareceu adoptar um tom conciliatório em relação ao continente. “Temos de substituir o cerco pelo intercâmbio e o confronto pelo diálogo, a fim de alcançar a paz e a co-prosperidade, e a única saída é a paz, a igualdade e o diálogo democrático”, afirmou. “É a única forma de alcançar uma situação vantajosa para ambas as partes do Estreito de Taiwan”.

Nada muda para Pequim

Ainda no sábado, um porta-voz da China continental comentou no sábado os resultados das eleições para a liderança e para a legislatura de Taiwan. Chen Binhua, do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, afirmou que os resultados revelam que “o Partido Democrático Progressista não pode representar a opinião pública dominante na ilha”. Salientando que “Taiwan é Taiwan da China”, Chen afirmou que “as eleições não alterarão a paisagem básica e a tendência de desenvolvimento das relações entre o Estreito de Taiwan, não alterarão a aspiração comum dos compatriotas do outro lado do Estreito de Taiwan de estabelecer laços mais estreitos e não impedirão a tendência inevitável da reunificação da China”.

“A nossa posição relativamente à resolução da questão de Taiwan e à realização da reunificação nacional continua a ser coerente e a nossa determinação é tão firme como uma rocha. Aderiremos ao Consenso de 1992, que incorpora o princípio de uma só China, e opor-nos-emos firmemente às actividades separatistas que visam a ‘independência de Taiwan’, bem como à interferência estrangeira”, afirmou Chen.

Chen afirmou que o continente “trabalhará com os partidos políticos, grupos e pessoas relevantes de vários sectores em Taiwan para impulsionar os intercâmbios e a cooperação entre as duas margens do Estreito, reforçar o desenvolvimento integrado entre as duas margens do Estreito, promover conjuntamente a cultura chinesa e fazer avançar o desenvolvimento pacífico das relações entre as duas margens, bem como a causa da reunificação nacional.

Por seu lado, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China também se pronunciou no sábado sobre o resultado das eleições na região de Taiwan. Reiterando as palavras de Chen Binhua, o porta-voz afirmou que “a questão de Taiwan é um assunto interno da China. Quaisquer que sejam as mudanças que ocorram em Taiwan, o facto básico de que existe apenas uma China no mundo e Taiwan faz parte da China não mudará; a posição do governo chinês de defender o princípio de uma só China”. Além disso, acrescentou “o consenso prevalecente da comunidade internacional sobre a defesa do princípio de uma só China e a adesão duradoura e esmagadora a este princípio não mudará”, também enquanto “âncora sólida para a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”.

15 Jan 2024

Myanmar | Líder da junta militar no poder recebe enviado da ASEAN

A violência que assola o país desde a tomada do poder pela junta militar parece não ter fim à vista. Dirigentes asiáticos continuam a procurar, até agora sem sucesso, soluções que viabilizem a paz na região

 

O líder da junta militar no poder em Myanmar recebeu o enviado da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), anunciou ontem a imprensa estatal, numa altura em que o país vive uma espiral de violência.

O chefe do Exército, general Min Aung Hlaing, reuniu-se com Alounkeo Kittikhoun, enviado especial da ASEAN, na quarta-feira em Naypyidaw, a capital construída pela junta militar no interior da selva birmanesa. Os dois dirigentes discutiram os “esforços do Governo para garantir a paz e a estabilidade”, informou o jornal estatal The New Global Light of Myanmar.

O golpe militar de 1 de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência com novas milícias civis que exacerbaram a guerra de guerrilha, que o país já vivia há décadas.

Uma coligação de grupos armados étnicos lançou uma ofensiva no norte do país em Outubro, tendo conseguido tomar várias posições militares e controlar áreas do estado de Kachin, junto à fronteira com a China.

O encontro de quarta-feira antecedeu a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN, que se realiza no final do mês no Laos, país que este ano detém a presidência da organização. Até agora, a ASEAN não conseguiu fazer progressos substanciais na resolução do conflito em Myanmar.

Um plano de paz de cinco pontos acordado há três anos não passou do papel, embora a Indonésia, que detinha a presidência, tenha saudado conversações “positivas” com as principais partes do conflito em Novembro. A junta de Myanmar foi representada por “interlocutores”, de acordo com um comunicado divulgado na altura, uma vez que os líderes do regime militar estão excluídos das reuniões de alto nível da ASEAN.

Opiniões variadas

Os atritos entre os membros da ASEAN pioraram no ano passado, após a decisão do então Governo tailandês de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros da junta, Than Shwe. O Camboja enviou um jovem funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros para o encontro, enquanto a China, que há muito apoia a junta militar, enviou Deng Xijun, o enviado especial chinês para os assuntos asiáticos.

A Indonésia e a Malásia, entre os mais duros críticos da junta militar no seio da ASEAN, protestaram veementemente, e Singapura disse que era prematuro envolver-se com o regime de Myanmar a um nível tão elevado. A activista e prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi foi conselheira de estado de Myanmar de 2016 até 2021, quando foi deposta pelo golpe militar. Suu Kyi está presa desde que os militares assumiram o poder e cumpre atualmente uma pena de 27 anos.

Myanmar tornou-se independente do Reino Unido a 4 de Janeiro de 1948, mas desde então tem sofrido conflitos étnicos e esteve sob regime militar durante a maior parte de história recente, entre 1962 e 2011 e desde 2021.

12 Jan 2024

Kuomintang | Candidato apela a “via intermédia” para retomar diálogo com Pequim

O candidato à liderança de Taiwan pelo Kuomintang (Partido Nacionalista) sublinhou ontem o seu empenho em retomar o diálogo com Pequim, optando por uma “via intermédia”. “O futuro de Taiwan deve ser decidido pelos seus 23 milhões de habitantes. A via intermédia é a melhor e recorrerei ao diálogo para minimizar riscos”, declarou Hou Yu-ih, em conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros.

Durante a sua intervenção, o candidato do Kuomintang, partido que é mais favorável ao diálogo com Pequim, recordou a sua estratégia “3D” para preservar a paz no Estreito da Formosa: dissuasão, diálogo e desanuviamento. Mais de 19 milhões de taiwaneses estão aptos a votar nas eleições de amanhã, nas quais o candidato do Kuomintang vai competir com William Lai Ching-te do Partido Democrático Progressista e com o candidato do Partido do Povo de Taiwan, Ko Wen-je.

Hou e Ko negociaram durante meses a possibilidade de se apresentarem juntos às urnas, o que foi anulado no próprio dia das nomeações, uma vez que não conseguiram chegar a acordo sobre a candidatura à liderança.

12 Jan 2024

China apela aos EUA para não “se intrometerem” nas eleições de Taiwan

A China apelou ontem aos Estados Unidos para não “se intrometerem” nas eleições de Taiwan e disse opor-se “firmemente” aos laços entre Taipé e Washington, que anunciou o envio de uma delegação à ilha após a votação.

Os EUA “não devem interferir nas eleições na região de Taiwan, sob qualquer forma, de forma a evitar danos graves nas relações sino-norte-americanas”, disse Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A China opõe-se firmemente a qualquer forma de intercâmbio oficial entre os Estados Unidos e Taiwan”, sublinhou. “Existe apenas uma China no mundo e Taiwan é parte inalienável da China”, frisou.

Os Estados Unidos, cujas relações com a China continuam muito tensas, vão enviar “uma delegação informal” a Taiwan depois das eleições marcadas para amanhã, anunciou na quarta-feira um alto funcionário norte-americano. Pedindo para não ser identificado, a mesma fonte alertou Pequim contra qualquer acto “provocador” após estas eleições cruciais.

Centro de interesses

Os comentários foram condenados na quinta-feira por Pequim. “A China expressa a sua profunda insatisfação e firme oposição aos comentários imprudentes dos Estados Unidos sobre as eleições na região de Taiwan”, disse Mao Ning.

“A questão de Taiwan está no centro dos interesses da China e constitui a primeira linha vermelha intransponível nas relações sino-americanas”, frisou. A China considera Taiwan uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949.

Pequim diz ser a favor de uma reunificação “pacífica” com a ilha e é contra o aumento dos contactos entre líderes políticos norte-americanos e taiwaneses, que considera ser uma violação do compromisso dos Estados Unidos de não manter relações oficiais com a ilha.

12 Jan 2024