Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteClima | ONU junta países para encontrar soluções Arrancou ontem a 21ª Conferência das Organizações das Nações Unidas em Paris, dias depois dos atentados terroristas que abalaram o mundo. 150 líderes, de 195 países, já estão na cidade francesa onde tentam chegar a um acordo para manter o aquecimento global abaixo dos 2 graus [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]futuro do planeta e dos seus recursos está em discussão em Paris, França, e todos esperam que da 21ª Conferência das Organizações das Nações Unidas (ONU) saia finalmente um documento com regras bem definidas sobre os travões a colocar ao aquecimento global e à utilização de energias não renováveis. Até ao dia 12 de Dezembro, o mundo espera ter um novo acordo que saiba vencer no meio das diferenças económicas dos países, numa altura em que 2015 já é considerado como o ano mais quente de sempre, segundo a Organização Mundial de Meteorologia. O grande objectivo é encontrar soluções para que o aquecimento global não vá além dos 2º, número que colocaria o planeta numa situação dramática ao nível da subida das águas. Para manter esse número, os países terão de cortar as emissões de dióxido de carbono e adoptar a utilização de energias renováveis a 100% até 2050. Na agenda está também a criação de um fundo de 100 mil milhões de euros para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com as consequências das alterações climáticas. É agora ou nunca No primeiro dia de reuniões, os líderes dos países esperam que se possam encontrar soluções para a redução da dependência das economias mundiais em relação ao petróleo. Para François Hollande, presidente da França, o mundo já atingiu um “ponto de ruptura”. Entretanto, o Papa Francisco também fez declarações sobre a cimeira e as conclusões que dela poderão surgir, afirmando que o mundo “está à beira do suicídio”. “Não estou seguro, mas posso dizer que é agora ou nunca. A primeira cimeira creio que foi em Tóquio e fez-se pouco. A cada ano que passa os problemas agravam-se”, disse o Papa durante o voo que o levou de volta a Roma, depois de uma viagem até à República Centro-Africana. O líder da Igreja Católica disse ainda ter “confiança nestas pessoas para que façam algo”. A COP21 surge como uma forma de resolver e implementar aquilo que nunca foi concretizado, especialmente depois do fracasso do Acordo de Copenhaga há seis anos atrás. Pede-se sobretudo que se chegue a um acordo sem claras fissuras entre países ricos e pobres e que haja uma responsabilização dos maiores países emissores, a China e os Estados Unidos. Em Paris, aguarda-se a concretização numa cimeira que reúne algumas das maiores potências mundiais que estiveram ausentes no Acordo de Copenhaga. Os Estados Unidos e a China, que têm evitado assumir compromissos em relação à protecção ambiental, revelaram logo no primeiro dia vontade de cumprir metas. Para combater o aquecimento mundial, espera-se uma duplicação do investimento feito e à investigação na área das energias limpas para os próximos cinco anos. Mas nem só de países é feita esta cimeira. Líderes de instituições como Bill Gates (Fundação Bill e Melinda Gates), Mark Zuckerberg (Facebook), Jeff Bezos (Amazon), Jack Ma (Alibaba) e Richard Branson (Virgin) prometem dar uma ajuda ao nível do sector privado. Quatro países europeus – Alemanha, Noruega, Suécia e Suíça – irão disponibilizar 500 milhões de euros para ajudar países pobres a reduzirem emissões de CO2. E a Índia lançou uma aliança com 120 países, com a qual pretende juntar 400 milhões de dólares para acelerar o uso da energia solar. O medo dos mais fracos Entretanto, 43 países considerados mais vulneráveis já assinaram um acordo onde dizem não quererem ser “sacrificados” por aquilo que venha a ser decidido na COP21. No fundo, pedem um objectivo “mais ambicioso”. “Nós nos recusamos a sermos sacrificados pela comunidade internacional em Paris”, disse Anwar Hossain Manju, Ministro do Meio-Ambiente do Bangladesh. Para o dirigente, a COP21 “tem a obrigação de agir. Não fazer isso é um crime”, acrescentou. Esta declaração foi adoptada em Manila há semanas no Fórum do Clima Vulnerável e exige o limite de aquecimento global a 1,5 graus. O fórum pediu ainda uma “descarbonização completa até 2050″ com um pico de emissões globais de gases com efeito de estufa “no mais tardar até 2020”. Manter o aquecimento abaixo de 1,5 graus “não vai simplesmente garantir a segurança e a prosperidade, também vai garantir a justiça”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Manuel Gonzalez, ressaltando que o desequilíbrio climático “fere os direitos humanos”. “Individualmente, nós já somos sobreviventes. Colectivamente, somos uma força” permitindo ir rumo a um mundo “mais justo e activo sobre o clima”, declarou o presidente filipino Benigno Aquino. Xi Jinping diz que países desenvolvidos devem investir mais A COP21 promete fazer história sobretudo porque o principal emissor de gases poluentes do mundo, a China, prometeu agir, tal como os Estados Unidos. Ban Ki-moon fala de um grande momento político Poderá Paris trazer um novo rumo para a protecção do ambiente a nível mundial? A COP21 arrancou com os grandes poluidores a traçarem promessas. Xi Jinping, o presidente chinês, defendeu que os países mais ricos devem investir mais na protecção do meio ambiente. “Os países desenvolvidos devem honrar o seu compromisso de mobilizar 100 biliões de dólares todos os anos antes de 2020 e fornecer um apoio mais forte aos países em desenvolvimento depois disso”, disse o presidente chinês no primeiro dia de discursos. Xi Jinping sugeriu que cada país procure uma solução que se adapte às suas necessidades, mas assine um modelo de cooperação em que todas as partes saiam a ganhar. O líder chinês defendeu um acordo que se foque no fortalecimento das acções globais contra as mudanças climáticas, nas quais os países desenvolvidos respeitem seus compromissos de financiamento e os países em desenvolvimento acelerem sua transição energética. “Além dos governos, deveria haver a mobilização do sector empresarial, das ONGs e de todos os actores da sociedade”, declarou Xi, que disse ser importante a transfência das tecnologias necessárias aos países pobres, mas que sejam respeitadas as diferenças entre cada nação. Para combater a mudança climática, o líder chinês ressaltou que “não se deve privar os países em desenvolvimento da necessidade legítima de fazer diminuir a pobreza e melhorar as condições de vida de sua população”. A 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) não é a meta, segundo Xi, mas sim um ponto de partida que sirva para fomentar a recolha de recursos, controlar o aumento das emissões e iniciar o mecanismo que trace o caminho para um desenvolvimento verde. “É preciso que em Paris rejeitemos as visões estreitas e chamemos todos os países, principalmente os que estão em desenvolvimento, para que assumam sua responsabilidade para conseguir uma solução que nos beneficie a todos”. O líder chinês destacou que o seu país está “a trabalhar no duro” e que a ecologia terá um papel essencial no seu terceiro plano de cinco anos, no qual procura conseguir um desenvolvimento “sustentável e aberto”, partindo da base da inovação. “O nosso objectivo é atingir um pico de emissões daqui até 2030, e queremos completar isso o mais depressa possível”, indicou Xi, demonstrando a intenção de reduzir as emissões de CO2 por unidade de PIB entre 60% e 65% para essa mesma data em relação aos níveis de 2005. O presidente da China alegou que o país está actualmente “na liderança dos países em relação à conservação energética e ao uso de energias novas ou renováveis”, e comprometeu-se em manter seus esforços, especialmente em termos de cooperação com os países do sul. Recorde-se que os países desenvolvidos já se comprometeram antes a investir esse montante todos os anos, na forma de financiamento público e privado, até 2020, ano em que os acordos já feitos sobre o clima vencem. Contudo, os países menos poluidores, e mais pobres, querem que os mais ricos paguem mais. Os Estados Unidos, enquanto segundo maior país poluidor do mundo, assumiram as suas responsabilidades. “Aqui estou como Presidente da maior economia mundial, e o segundo maior emissor [de CO2], para dizer que não só os Estados Unidos reconhecem o seu papel na criação deste problema, como não enjeitamos a nossa responsabilidade em fazer algo a respeito”, afirmou o presidente Barack Obama. Obama falou ainda da necessidade de um acordo que fixe “uma estratégia de longo prazo” e que tenha um “forte sistema de transparência”, com mecanismos de verificação de tudo o que está agora a ser prometido. Numa frase, sintetizou a lógica adoptada, e que está a transformar a diplomacia climática: disse que as metas já não são definidas “para nós”, mas “por nós”. Índia | Escolhas difíceis A Índia, outro dos países onde a industrialização teve o seu boom, e com ela maiores emissões de gases poluentes, o compromisso também se fez notar. “Os mais prósperos ainda têm uma forte pegada de carbono e os milhares de milhões de pessoas que estão no fundo da ladeira do desenvolvimento precisam de espaço para crescer. Portanto as escolhas não são fáceis”, disse o primeiro-ministro Narendra Modi. Seis anos depois, pode ser que Paris faça história. “Um momento político como este pode não voltar a existir. Nunca tivemos uma oportunidade tão grande”, disse Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, no discurso da cerimónia de abertura. Mais de duas mil fábricas encerradas na China Enquanto Xi Jinping fala sobre um mundo mais amigo do ambiente em Paris, o seu país continua a registar níveis de poluição que constituem um perigo para a saúde pública. A China ordenou o encerramento de 2.100 fábricas devido ao agravamento da poluição, que ontem registou em Pequim valores 24 vezes acima do que é considerado seguro. Uma densa névoa cinzenta envolveu Pequim, com a concentração de PM 2,5, partículas microscópicas que penetram os pulmões, a disparar até aos 598 microgramas por metro cúbico. A leitura, disponibilizada pela embaixada dos Estados Unidos, ultrapassa largamente o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 25 microgramas por metro cúbico. Em Jinan, a centenas de quilómetros da capital, os valores chegaram aos 400. As companhias áreas cancelaram mais de 30 voos de Pequim e Xangai, muitos para a província de Shaanxi, muito poluída e grande produtora de carvão. Joe Chan: Cortar emissões “não é uma coisa fácil” O presidente da Associação de Ecologia de Macau olha para a COP21 e lamenta que a sociedade local não esteja a prestar tanta atenção sobre o assunto. “Acho que este é um tema de máxima importância e acho, sinceramente, que este é uma problemática que deveria receber mais atenção por parte da sociedade de Macau. Considero que devíamos estar mais preocupados com o clima, o ambiente”, disse ao HM. Em relação às palavras de Xi Jinping, Joe Chan acredita que vai ser difícil cortar as emissões daquele que é o país mais poluente, a China. “A China é o maior emissor de gases poluentes, por isso, deveria ser também a primeira a cortar essa mesma emissão. Mas confesso que não é uma coisa fácil, ainda assim acho que é tempo da China pensar nisto. Sei que não é fácil que todas as nações, especialmente a China, definam um plano para atingir o fim, ou seja, diminuir os gases. Não é fácil, porque está altamente relacionado com questões económicas.” Para o ambientalista, “o dinheiro não é a solução”, diz, referindo-se à possível criação de um fundo financeiro que cubra a protecção do meio ambiente. “Criar um fundo em que os países mais ricos pagam mais não é a solução. Devíamos estar mais preocupados com o desenvolvimento ambiental de cada país. É uma decisão difícil de tomar. Se todas as pessoas não assumirem esta preocupação nada se pode fazer. Não é o fundo que resolverá”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping admite que diminuir pobreza é “uma tarefa árdua” O Presidente chinês recomendou aos governantes locais das zonas menos desenvolvidas que considerem a redução da pobreza durante os próximos cinco anos como uma questão prioritária nas políticas regionais [dropcap style=’circle’]X[/dropcap]i Jinping, reconheceu que tirar da pobreza os 70 milhões de cidadãos que se calcula viverem nessa situação é ainda “uma tarefa árdua”, comprometendo-se a construir “uma sociedade moderadamente próspera” até 2020. “Nenhuma região ou indivíduo que viva na pobreza será deixado para trás”, disse Xi durante uma reunião do Conselho de Estado, no sábado, indicou ontem a agência oficial Xinhua. Xi apelou aos governantes locais, sobretudo os das regiões menos desenvolvidas, para que elevem a redução da pobreza a prioridade para os próximos cincos anos, e defendeu que os rendimentos dos agricultores das áreas mais desfavorecidas cresçam a um ritmo superior ao da média nacional nos próximos cinco anos. Por seu lado, o primeiro-ministro, Li Keqiang, também presente no encontro, defendeu a melhoria das infra-estruturas nas zonas rurais, incluindo estradas, acesso a água, electricidade e internet. Li propôs, como medida para tirar 10 milhões de chineses da pobreza até 2020, a aposta na relocalização, e sublinhou que os governos locais devem assegurar que as pessoas realojadas têm empregos estáveis no local de acolhimento. Os líderes manifestaram-se também a favor de um aumento do orçamento nacional para a educação nas áreas pobres, de modo a prestar mais serviços aos chamados “left-behind children” (crianças deixadas para trás), casos em que um ou dos pais se mudaram para outra zona do país em busca de emprego. Da desigualdade Na China ainda existem quase 70 milhões de menores separados dos seus pais, cerca de 30% da população infantil, segundo números da Unicef, um fenómeno que ganhou força em 1980 com o incentivo à industrialização do país e o aparecimento de novas oportunidades de emprego nas cidades. Xi assegurou que a despesa do Governo vai aumentar, bem como o investimento privado, as políticas fiscais preferenciais, os empréstimos e subsídios, entre outros incentivos financeiros para combater a pobreza. Nas últimas décadas a China conseguiu tirar 400 milhões de pessoas da pobreza graças ao seu rápido crescimento económico, uma situação que, no entanto, agravou o fosso entre ricos e pobres no país, que hoje tem um dos maiores índices de desigualdade do mundo. Após décadas de crescimento a dois dígitos, a China vive um momento de desaceleração económica que está a tentar aproveitar para implementar com um modelo mais sustentável, centrado no aumento da procura interna e não nas exportações e investimentos.
Hoje Macau China / ÁsiaYuan entra no clube das moedas fortes O FMI aprovou ontem a entrada da divisa chinesa na cesta de moedas usadas pela instituição. Muito vai mudar: na China e no mundo [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egunda maior economia do planeta e detentora da maior fatia do comércio global, a China conseguiu ontem uma vitória crucial no seu esforço de internacionalizar o yuan e transformá-lo em numa moeda da reserva global que possa desafiar a supremacia do dólar. Reunido em Washington, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve aprovar a inclusão do yuan na cesta de moedas utilizadas pela instituição em empréstimos de emergência como complemento às reservas dos seus países membros. A entrada do yuan no clube integrado pelo dólar, euro, libra esterlina e yen reflecte o crescente peso da China no comércio global e a expansão do uso do yuan em pagamentos internacionais. No ano passado, a China superou a União Europeia e respondeu pela maior fatia das exportações e importações mundiais, com 15,5%. Em 2014, a China aparecia em terceiro lugar no ranking, com 8,9%. Há três anos, o yuan era a 12.ª moeda mais usada em pagamentos globais, segundo dados da Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Swift), responsável pela rede que permite o envio de dados sobre movimentações financeiras entre instituições bancárias. Desde então, o yuan subiu sete posições e entrou no grupo das cinco moedas mais usadas em transacções internacionais. Com uma fatia de 2,45%, o yuan aparecia no mês passado atrás do yen (2,88%), da libra esterlina (9,02%), do euro (28,53%) e do dólar (43,27%). A decisão de ontem responderá a uma antiga aspiração chinesa, que esperava a entrada do yuan na cesta de moedas em 2010, quando foi realizada a última revisão da composição dos Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês), uma espécie de moeda internacional que pode ser usada para complementar as reservas dos membros do FMI. Com isso, os empréstimos de emergência desse tipo feitos pela instituição passarão a ter participação do yuan, em percentagem a definir. Além de elevar o estatuto da moeda chinesa, a mudança é importante pelas repercussões de longo prazo na economia do país. Para que o yuan entre no clube do SDR, o governo chinês comprometeu-se com uma série de reformas no seu sistema de câmbio e de transacções internacionais, com gradual liberalização das contas correntes e de capitais, na direcção de uma economia mais aberta e mais exposta às forças de mercado. Um desses ajustes foi a mudança no cálculo da cotação do yuan adoptada em Agosto, que levou à maior desvalorização da moeda desde 1994. Interpretado pelo mercado como um sinal de nervosismo das autoridades de Pequim em relação à desaceleração da economia do país, o movimento estava relacionado com exigência do FMI de um sistema de câmbio menos controlado. “A decisão do FMI fortalecerá os reformadores na China”, disse o economista David Dollar, que foi director do Banco Mundial na China de 2004 a 2009 e hoje está no Brookings Institution, em Washington. “É um sinal importante.” Em artigo publicado na revista Caixin no dia 10 de Novembro, o presidente do Banco do Povo da China, Zhou Xiaochuan, disse que as autoridades de Pequim adoptarão uma série de reformas com o objectivo de tornar o yuan uma moeda internacional livremente conversível até 2020. Entre as mudanças, mencionou a redução das restrições sobre o mercado de capitais e maior transparência e previsibilidade na comunicação do Banco Central. Três dias depois da publicação do seu artigo, Christine Lagarde divulgou uma nota na qual defendeu a inclusão da moeda chinesa no SDR. Segundo a directora do FMI, técnicos do Fundo concluíram que o yuan atende aos critérios definidos e recomendaram a inclusão da moeda chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaPonte Hong Kong-Macau-Zhuhai com atraso de um ano [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ponte que vai ligar Hong Kong, Macau e Zhuhai vai falhar o prazo de conclusão de 2016 por um ano, diz o jornal South China Morning Post, citando o Governo da antiga colónia britânica. As instalações do posto fronteiriço e correspondente ligação viária não vão estar terminadas no final de 2016, de acordo com o actual progresso da construção, confirmou o departamento responsável pelas auto-estradas e ferrovias de Hong Kong na noite de quarta-feira. Referindo-se ao projecto como “enorme e complicado”, o departamento do Governo de Hong Kong apontou para a existência de vários desafios técnicos, tanto no desenho como nas diferentes fases da construção. Segundo este departamento, a conclusão da ponte foi adiada para o final de 2017 devido à instabilidade no fornecimento de materiais e falta de mão-de-obra, bem como dificuldades em relação aos limites de altura impostos pelas autoridades de aviação, critérios de protecção ambiental e atrasos na construção de aterros. A construção da ponte principal começou em Dezembro de 2009. Após atrasos devido ao impacto ambiental da ponte, a obra do lado de Hong Kong começou em Dezembro de 2011. A ligação de 50 quilómetros vai consistir em três pontes atirantadas, duas ilhas artificiais e um túnel de 6,7 quilómetros, situado na ilha de Lantau. O custo da ponte será dividido entre Hong Kong, Macau e as autoridades da China continental. Espera-se que esta ponte, uma das maiores do mundo, reduza o tempo de viagem entre Hong Kong e Zhuhai de mais de três horas para meia hora.
Joana Freitas China / ÁsiaEleições Conselhos Distritais | Grupos pró-Pequim mantêm larga maioria. Geração Occupy consegue oito assentos Pouco mudou no panorama político de Hong Kong. As forças pró-Pequim conseguiram 70% dos lugares. Os representantes do Occupy Central ficaram-se por oito lugares [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram as primeiras eleições distritais pós-Umbrella Movement/Occupy no território vizinho e os resultados quase que não surpreendiam: os candidatos pró-Pequim, tradicionalmente os grandes vitoriosos das eleições da RAEHK, mantêm-se a maior força nos Conselhos Distritais com mais de metade do total dos lugares conseguidos. Mas uma reviravolta apelidada de “surpreendente” pela imprensa vizinha mostra pequenas mudanças – os “Umbrella Soldiers” conseguiram oito lugares e dois democratas veteranos saíram do posto que ocupavam há dezenas de anos. Teste ao Occupy As eleições para os Conselhos Distritais têm origem na governação britânica e têm como missão melhorar a vida dos residentes, incluindo transportes, infra-estruturas e ambiente. São eles o elo entre os moradores e o governo da RAEHK, funcionando sob a supervisão dos Assuntos Internos de Hong Kong. No domingo, a população saiu à rua para votar numas eleições que, tradicionalmente, têm influência nas eleições para o LegCo. Estas, em especial, eram vistas como um teste à opinião pública, depois de ter acontecido o movimento pró-democracia em Hong Kong e de ter sido chumbada a reforma política. Os resultados mostram uma variação inferior a 5% relativamente ao escrutínio de 2011, no qual os partidos da ala pró-Pequim conquistaram três quartos dos assentos em disputa. Desta vez, conseguiram quase 70% dos 431 lugares nos 18 distritos em jogo nas eleições – a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB, na sigla inglesa), o maior partido político da antiga colónia britânica, manteve o seu estatuto da força com maior peso, ao garantir 119 assentos após as eleições de domingo. Os grupos do campo pan-democrático – como se autoproclamam as forças opositores ao regime comunista chinês – obtiveram cerca de 30% dos assentos restantes, contra os 25% que ostentavam há quatro anos. O Partido Democrata continua como a maior representação entre as forças liberais, com 43 lugares frente aos 47 conquistados nas eleições de 2011. Dos cinco assentos perdidos, três foram parar às forças emergentes derivadas dos protestos democráticos, compostas maioritariamente por jovens que defendem posturas mais radicais a favor de uma maior independência política de Hong Kong relativamente a Pequim. Estas novas forças, que se apresentaram na corrida com um total de 50 candidatos, granjearam oito assentos, segundo dados preliminares. Candidatos da Liga Social Democrata e do Poder do Povo, dois dos grupos liberais estabelecidos mais radicais, reduziram a sua presença em nove lugares. Recorde de participação As eleições de domingo registaram um recorde em termos de participação, com perto de um milhão e meio de votos, mais de 47%, contra 44% nas eleições municipais de 2003 que, tal como este ano, foram precedidas de meses de protestos nas ruas a favor de uma maior autonomia para a RAEHK. Além disso, a lista de candidatos aos distritos superou o recorde de participação, já que no total 867 candidatos disputaram 363 dos 431 assentos em jogo, dado que os 68 restantes foram automaticamente eleitos, por terem sido os únicos a apresentar-se no seu círculo, acabando por não se sujeitar a qualquer votação. Pela primeira vez na história destas eleições deixou de haver conselheiros distritais nomeados e todos os candidatos passam a ser eleitos pelo voto de eleitores recenseados com mais de 18 anos. À luz dos resultados eleitorais divulgados esta madrugada, os candidatos dos grupos democratas já estabelecidos em Hong Kong foram os que mais foram penalizados, em favor das novas forças políticas liberais mais radicais surgidas da “Revolução dos Guarda-Chuvas”. O advogado Albert Ho foi um dos históricos democratas que perdeu o seu posto como conselheiro distrital, ao fim de 16 anos. Os resultado Pró-Pequim DAB: 170 candidatos, 118 lugares conseguidos New People’s Party: 42 candidatos, 26 lugares conseguidos Federation of Trade Unions: 49 candidatos, 28 lugares conseguidos Liberal Party: 20 candidatas, 9 lugares conseguidos The Business and Professionals Alliance for Hong Kong: 14 candidatos, 9 lugares conseguidos Pan-democratas Democratic Party: 95 candidatos, 43 lugares conseguidos Civic Party: 25 candidatos, 10 lugares conseguidos Association for Democracy and People’s Livelihood: 26 candidatos, 18 lugares conseguidos Neo Democrats: 16 candidates, 15 lugares conseguidos Labour Party: 12 candidatos, 3 lugares conseguidos People Power: 10 candidatos, 1 lugar conseguido The Neighbourhood and Worker’s Service Centre: 6 candidatos, 5 lugares conseguidos League of Social Democrats: 5 candidatos, sem lugares conseguidos Quem saiu? Albert Ho, pan-democrata, perde o lugar passados 16 anos Frederick Fung, pan-democrata, perde o lugar do distrito de Sham Shui Po, que representava Chung Shu-kun, do Democratic Alliance for the Betterment of Hong Kong e pró-Pequim, perde o lugar após 21 anos 47% de três milhões de eleitores registados votaram. Um recorde 50 foi o número de candidatos que participaram no Umbrella Movement. Oito deles conseguiram lugares e são conhecidos agora como “Umbrella Soldiers” 2429 queixas foram recebidas pelas autoridades responsáveis pelas eleições de domingo, sobretudo referentes ao transporte de idosos para incentivar ao voto
Joana Freitas China / ÁsiaConfirmado “assassinato cruel” de cidadão chinês pelo Estado Islâmico [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo chinês confirmou ontem o “assassinato cruel” de Fan Jinghui, um cidadão da China, por parte da organização extremista Estado Islámico (EI), e anunciou que quem cometeu o crime terá que assumir as responsabilidades. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hong Lei, disse hoje em comunicado que a China está “altamente chocada” com a notícia. Hong assegurou que as autoridades do país fizeram “todos os esforços” para resgatar Fan, ainda que não tenham conseguido evitar que este fosse “cruelmente assassinado”. “Sem consideração pela consciência humana ou uma base moral, a organização terrorista levou a cabo esta acção violenta a sangue frio. O governo chinês condena com veemência esta acção desumana e sem dúvida fará com que quem a cometeu assuma as responsabilidades”, disse Hong. O porta-voz referiu que Pequim está disposto a cooperar com a comunidade internacional na luta antiterrorista para salvaguardar “a paz e a tranquilidade mundiais”. “O terrorismo é um inimigo comum de toda a humanidade”, disse na quarta-feira Hong Lei. Também o presidente chinês, Xi Jinping, condenou ontem “com veemência” a organização extremista Estado Islâmico (EI) pela morte de um cidadão do país feito refém desde Setembro, avança a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. No início de Setembro, o EI disse ter sequestrado um cidadão chinês, que foi identificado pela revista ‘jihadista’ em língua inglesa Dabiq como Fan Jinghui, um consultor de 50 anos. Segundo o mais recente número da mesma publicação, o EI executou Fan “após este ter sido abandonado pela sua nação e organizações apóstatas”. Não foram dados pormenores sobre onde e quando este foi capturado ou onde se encontrava detido. As autoridades chinesas disseram na altura que a descrição avançada pelo EI coincidia com o perfil de um cidadão chinês dado como desaparecido no estrangeiro. Na quarta-feira, e ainda antes da notícia sobre a morte de Fan, a China manifestou o seu apoio à Rússia na intensificação da luta contra o EI. “O terrorismo é um inimigo comum de toda a humanidade”, disse então Hong Lei. O grupo EI anunciou na quarta-feira ter executado dois reféns, um chinês e um norueguês, dois meses depois de ter pedido resgate para a libertação de ambos. A revista Dabiq publicou fotos de dois cadáveres ensanguentados que pareciam ser do refém chinês Fan Jinghui e do norueguês Ole-Johan Grimsgaard-Oftsad. Numa legenda tipo carimbo, colocada em diagonal na página, sobre a foto, lê-se: “Executado depois de ser abandonado pelas nações e organizações kafir [infiéis]”. Jinghui e Grimsgaard-Oftsad tinham já aparecido na revista, na edição de setembro, na qual o grupo extremista pedia uma quantia não especificada pela sua libertação.
Hoje Macau China / ÁsiaClima: Pequim quer acordo vinculativo na cimeira de Paris [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China insistiu: espera que durante a próxima cimeira sobre alterações climáticas (COP21), em Paris, se alcance um acordo “juridicamente vinculativo”, que tenha em conta as “diferentes capacidades” dos países participantes. “Deveríamos alcançar um consenso na fase final” das negociações, disse em conferência de imprensa Xie Zhenhua, representante especial da China para as negociações em Paris. Xie, que esteve recentemente na capital francesa, onde se reuniu com outras delegações para definir as bases de um possível acordo, expressou a sua confiança num pacto global durante a cimeira, que arranca no dia 30 de Novembro. Ao todo, 200 países participarão da COP21, incluindo o Presidente chinês, Xi Jinping. “A minha impressão é que todas as partes são positivas quanto aos resultados, mas ainda assim existem muitas diferenças”, disse Xie, insistindo que as “responsabilidades devem ser comuns”, mas tendo em conta as discrepâncias entre os países. O acordo deverá ter em conta “as responsabilidades históricas” dos participantes, frisou, referindo-se em particular ao compromisso dos países desenvolvidos de oferecer financiamento e tecnologia aos países em desenvolvimento. No início deste mês, o Presidente da França, François Hollande, assinou uma declaração conjunta com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, que prevê o estabelecimento de uma meta para o aquecimento global de dois graus centígrados. A declaração, que defende um acordo juridicamente vinculativo, estabelece ainda que os compromissos nacionais sejam revistos a cada cinco anos. Xie defendeu que a China se mantém comprometida com os objectivos definidos, apesar dos dados oficiais publicados recentemente darem conta que, desde 2000, o país consumiu 17% mais carvão anualmente – quase mil milhões de toneladas de dióxido de carbono ao ano – do que tinha calculado anteriormente. “É justo dizer que se trata de um gesto importante para aumentar a transparência das nossas estatísticas económicas, que se tornaram assim mais fidedignas”, afirmou o representante chinês. A China comprometeu-se em Novembro de 2014, durante a visita do Presidente dos Estados Unidos ao país, que os seus níveis de emissões atingirão um pico em 2030, sem apontar valores específicos. Segundo Xie, as emissões de dióxido de carbono por unidade do Produto Interno Bruto (PIB) caíram 6,1%, em termos homólogos, em 2014, um valor 15,8% abaixo do registado há cinco anos. A electricidade gerada na China a partir de energias não-fosséis representou 11,2% do total em 2014, e o objectivo da segunda maior economia mundial é alcançar os 20% em 2030, revelou o responsável. A China, o maior emissor de gases poluentes do mundo, comprometeu-se ainda este ano a avançar com um sistema nacional de comércio de direitos de emissão de CO2 em 2017.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Magnata compra diamante para a filha por 45 ME [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m milionário de Hong Kong gastou o valor recorde de 48,4 milhões de dólares para oferecer à filha um diamante de 12,3 quilates, leiloado na noite de quarta-feira pela Sotheby’s, em Genebra. O misterioso comprador do “Blue Moon” foi o magnata do imobiliário de Hong Kong Joseph Lau – condenado em 2014 por corrupção em Macau – que o rebaptizou, de imediato, de “Blue Moon of Josephine”, em homenagem à sua filha de sete anos. Na véspera, o milionário da antiga colónia britânica havia desembolsado 28,5 milhões de dólares por um raro diamante cor-de-rosa, de 16,08 quilates – o maior do seu tipo a ir a leilão – da casa rival Christie’s, que nomeou de “Sweet Josephine”. Uma porta-voz de Joseph Lau, em Hong Kong, confirmou ambas as aquisições à agência AFP. A jóia, apresentada em anel, em formato rectangular, foi vendida por 48,6 milhões de francos suíços, incluindo taxas, depois de uma licitação inicial de 43,2 milhões de francos suíços, foi arrematada ao fim de uma “guerra” ao telefone de oito minutos. Recordista absoluto Segundo o director da divisão internacional de joalharia da Sotheby’s, David Bennett, a venda do “Blue Moon” bateu vários recordes, tornando a pedra preciosa no “mais caro diamante independentemente da cor, e a jóia mais cara alguma vez vendida em leilão”. De acordo com David Bennett, trata-se também do preço mais elevado por quilate. O anterior recorde mundial para uma jóia vendida em leilão pertencia ao diamante de 24,78 quilates denominado de “Graff Pink” que, em Novembro de 2010, foi arrematado por 46,2 milhões de dólares num leilão na Sotheby’s, também realizado em Genebra. Esta não é a primeira vez que Joseph Lau, de 64 anos, adquire pedras preciosas raras para a sua filha. Alegadamente, em 2009, terá gasto 9,5 milhões de dólares num outro diamante azul, ao qual chamou de “Star of Josephine”. Joseph Lau foi condenado, em Março de 2014, por corrupção e branqueamento de capitais a um cúmulo jurídico de cinco anos e três meses de prisão por um tribunal de Macau, num processo conexo ao do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long. Contudo, é improvável que cumpra a pena, dado que as duas Regiões Administrativas Especiais chinesas não têm um acordo de extradição.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Milhares inundam Facebook da líder da oposição [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezenas de milhares de internautas chineses inundaram ontem a página do Facebook da líder da oposição e candidata presidencial em Taiwan, Tsai Ing-wen, criticando-a por se opor a um encontro entre os líderes dos dois lados. Em Taiwan “existe democracia, a liberdade de expressão é uma garantia e todos se podem expressar”, reagiu Tsai, face aos mais de 50.000 comentários feitos por internautas da China continental, onde aquela rede social está censurada. “Prefiro ver este incidente pelo lado positivo e espero que os internautas chineses possam ver perfis de diferentes pessoas no Facebook. Convido todos a visitar a minha página”, disse ontem Tsai à imprensa local. Os presidentes da China e de Taiwan, Xi Jinping e Ma Ying-Jeou, respectivamente, reuniram-se no sábado passado, em Singapura, num encontro inédito e histórico. A líder do Partido Democrático Progressista, mais céptico em relação a Pequim, atacou Ma Ying-Jeou por não ter defendido a democracia e liberdade em Taiwan, durante o encontro, e por não se ter referido à ilha como República da China. Esta semana, um jornal estatal da China acusou Tsai de ser “tacanha e egoísta”. Cuidado com a raiva Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC), disse que a líder da oposição em Taiwan “cometeu um erro”, descrevendo-a como “raivosa”. Ela “expôs o seu apoio à independência”, criticou o jornal, aludindo a uma postura que Pequim ameaça retaliar “usando a força”, caso se concretize. Depois da guerra civil chinesa ter acabado, com a vitória do PCC, o antigo governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China. Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“Um país, dois sistemas”). Do ponto de vista da diplomacia internacional, existe a República Popular da China, governada pelo PCC, e a República da China, na ilha de Taiwan, mas ambos os lados rejeitam uma divisão definitiva. Taiwan tem previsto para Janeiro a realização de eleições legislativas, e Tsai é a favorita a ganhar o exercício, numa altura em que a opinião pública taiwanesa olha com desconfiança para as relações cada vez mais estreitas com a China comunista.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping quer acelerar reformas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, disse esta terça-feira numa reunião entre altas autoridades que o governo deve trabalhar para impulsionar o ímpeto do crescimento, no momento em que este dá mais sinais de fraqueza na segunda maior economia mundial. A China deve acelerar reformas em companhias estatais e nas áreas fiscal e financeira, para ajudar a melhorar o crescimento, disse Xi na reunião, segundo a agência estatal Xinhua. Apesar de uma série de medidas de estímulo do governo, o crescimento económico chinês desacelerou para 6,9% no terceiro trimestre deste ano, seu desempenho mais fraco desde a crise financeira global. Indicadores económicos em Outubro apontaram para uma maior desaceleração, face à fraqueza na procura doméstica e global. Xi também se comprometeu a estabelecer um mercado de acções que possa proteger os interesses dos investidores, após Pequim dizer na semana passada que retomará em breve as ofertas públicas iniciais de acções (IPOs, na sigla em inglês) depois de uma suspensão de quatro meses. O Presidente disse ainda na reunião que o registo de habitação no país, conhecido como o sistema hukou, deve ser reformado num esforço para acelerar a urbanização. O governo precisa trabalhar para elevar a quantidade de imóveis disponíveis e manter um crescimento sustentável no mercado imobiliário, afirmou o líder.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | “Sozinhos e falidos” no Dia dos Solteiros [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] chinesa Cai Man aguardou até aos primeiros segundos de ontem para consumar as compras que planeara fazer nas últimas semanas, cumprindo assim o ritual com que milhões de chineses assinalam o “Dia dos Solteiros”. “Além de sozinhos, vamos acabar falidos”, ironizou à Lusa sobre a efeméride, que está a gerar fortes vendas na China, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam neste dia. No conjunto, 50.000 marcas, entre as quais 5.000 não chinesas, aderiram à iniciativa, celebrada a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro. As vendas do gigante do comércio electrónico chinês Alibaba, por exemplo, superaram, em apenas 13 horas e meia, 35 mil milhões de yuan, estabelecendo um novo recorde mundial de vendas ‘online’. O grupo, que opera os populares ‘sites’ de compras Taobao e Tmall, foi o primeiro a lançar ofertas no “Dia dos Solteiros”, em 2009, visando o trepidante crescimento do consumo ‘online’ na China, país com 668 milhões de internautas. Com base na cidade de Hangzhou, na costa leste da China, estima-se que a empresa fundada por Jack Ma, o segundo homem mais rico do país, controle 90% do comércio electrónico no país. Nos primeiros 12 minutos e 28 segundos após a meia-noite, os ‘sites’ do Alibaba atingiram um volume total de vendas de 10 mil milhões de yuan. “No ano passado, levou 38 minutos e 28 segundos a alcançar aquela marca”, notou o jornal oficial chinês China Daily. Cai garante que a culpa não é sua: “Eu só gastei 2.500 yuan (365 euros)”. Durante aquele período, a Ant Financial Services Group, a afiliada do Alibaba que administra a plataforma de pagamentos ‘online’ Alipay, registou 85.900 transacções por segundo. Além fronteiras Mas a voracidade do maior mercado consumidor do mundo não se limita às fronteiras do país. Na Austrália, uma empresa de laticínios teve que pedir desculpa às mães locais através da rede social Facebook, depois da sua fórmula de leite orgânica para bebés ter esgotado no mercado doméstico. “Fomos apanhados de surpresa”, admitiu o presidente da empresa, citado pela France Presse, aludindo à enorme procura por parte da China, onde comercializa os seus produtos através do Alibaba. E, a julgar pelas declarações de Zhang Jianfeng, o responsável pelas vendas a retalho do grupo chinês, aquela empresa não deverá ser a única “afectada” pela febre consumista na China. “Algumas das marcas já venderam mais de 60% dos produtos em ‘stock’ e outras deverão mesmo esgotar”, revelou Zhang ao China Daily, durante a manhã de ontem na China. Para celebrar, Jack Ma está em Nova Iorque, onde juntamente com o novo presidente do Alibaba, Daniel Zhang, tocou o sino que marca o início da sessão da bolsa em Wall Street. País mais populoso do mundo, com 18% da população mundial, o “gigante” asiático representa hoje um importante destino de quase todos os produtos consumidos no mundo, desde automóveis a vestuário.
Filipa Araújo China / Ásia MancheteEleições Myanmar | Associação local confiante no futuro do país A história repetiu-se, mas desta vez sem prisão ou rejeição. Aung San Suu Kyi não será presidente, porque não pode, mas nomeará quem a substitua. Uma vitória muito desejada que, segundo especialistas, trará mudanças e mostrará um sudoeste asiático diferente e mais aberto [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Vem aí uma grande mudança”. Quem o diz é o secretário-geral da Associação de Amizade Macau-Birmânia, Tom Wong, em reacção às eleições que dão a vitória à ex-presidiária política Aung San Suu Kyi. A vitória é quase certa para a Liga Nacional para a Democracia (LND) de Suu Kyi, que diz já ter conseguido a esmagadora percentagem de 70% dos assentos no parlamento. A informação surgiu da boca do próprio porta-voz do partido, Win Htein, à agência noticiosa AFP e levou a oposição a assumir a derrota. “Perdemos”, afirmou o presidente do Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento, Htay Oo, à Reuters. À segunda é de vez Ainda não são números oficiais, mas as sondagens indicam que 80% dos 30 milhões de eleitores dirigiram-se às urnas no passado domingo, fazendo-se ouvir como nunca se fez naquela que é a ex-Birmânia. “Apesar de ainda não sabermos por quanto, não temos dúvidas que Suu Kyi ganhou as eleições com uma percentagem gigante. É claro que todos os cidadãos vão apoiar este resultado, que é um resultado mais que justo”, explicou Tom Wong ao HM. Já nas eleições de 1990, o partido da líder política ganhara mais de 80% dos assentos no parlamento. Mas o momento eleitoral ficou marcado com a detenção da candidata, levando-a a cumprir uma pena de 15 anos. Foi apenas em 2010 que Suu Kyi – depois de muita pressão internacional – foi libertada e, pouco tempo depois, nomeada deputada da LND. Desafios pela frente Ainda assim, muita coisa poderá acontecer pois são várias as condicionantes à prática das funções de presidente, a começar pela elegibilidade. Suu Kyi não poderá ser presidente do país pois, segundo a Constituição vigente, de 2008, é proibido a quem tenha filhos ou cônjuges estrangeiros, que é o caso, ocupar o cargo. A mesma constituição impõe que 25% dos assentos do parlamento sejam ocupados por militares – que não precisam de ser eleitos. Logo, a activista precisa de dois terços dos votos para atingir a maioria nas duas câmaras. “Não me parece que seja uma dificuldade, Kyi sobe ao poder e mesmo não podendo ser presidente irá nomear alguém. O poder militar nada pode fazer perante tamanha vontade. Também acredito que os olhos internacionais estão bem atentos a todo este processo, há investigadores do exterior para fiscalizar esta eleição. Eles [poder militar] nada podem fazer”, argumentou o secretário-geral da Associação que junta os birmaneses em Macau. Economia em alta Seja como for, o futuro será sempre um grande desafio. “Há muito pontos a reter aqui, o poder militar ainda ali está e vai estar [representado nos 25% de assentos] e a verdade é que eles mantêm uma presença muito forte a nível económico e, claro, político”, defendeu Sten Verhoeven, docente de Direito Internacional na Universidade de Macau (UM) ao HM. Para o especialista, o “maior desafio de todos” será “o trabalho e as conversações” que terão de existir entre o partido de Kyi e a força militar. Um grande desafio que será, a seu ver, superado pela líder. “Ela tem-se mostrado uma pessoa muito pragmática, desde sempre, portanto não tenho qualquer dúvida que ela será capaz de lidar com a oposição”, reforçou. Ainda assim, a questão que se coloca é até onde poderá ir Kyi e as suas ideias. “Esse será o maior problema, não sabemos. O que sabemos é que a esmagadora maioria votou por ela e o poder militar nunca poderá ignorar esse facto. Kyi tem o povo consigo”, frisou Verhoeven. De forma gradual, defende, as mudanças vão acontecer, a partir de Fevereiro, altura em que a Liga tomará posse. “Não acredito que as mudanças aconteçam de forma radical, não me parece de todo, acredito sim numa mudança gradual da Birmânia”, remata. Tom Wong define esta como uma mudança histórica. Mostrando-se adepto de qualquer mudança, o representante dos birmaneses no território diz que “a Associação iria apoiar qualquer partido que defendesse a mudança”. Wong prevê que a grande pasta de actuação será a da Economia. “Acredito que quando a Liga assumir o poder, a economia do país vai mudar, para melhor, muito melhor. Todos querem Kyi no poder e ela ganhou isto de forma muito justa”, frisa. Uma abertura na Ásia Além da vitória da oposição pró-democrata há, diz o economista José Sales Marques, um ponto muito importante a ter em conta. “Vê-se claramente uma derrota clara dos militares e do Governo que está neste momento no poder, logo aí, há uma vitória das forças mais pró-democráticas, ou seja, é um claro sinal de abertura do Myanmar”, argumentou em declarações ao HM. A conclusão é, por si só, muito clara. “Isto é um aspecto muito positivo e, claro, é importante assinalar que existe efectivamente uma tendência para a abertura para a democracia no sudoeste asiático. Isto está a acentuar-se”, reforçou. Ainda assim, alerta o economista, as “vitórias não são sempre definitivas, há sempre processos de recuo, há situações muito complicados, como o caso da Tailândia”. Sales Marques diz que nada é definitivo, mas é importante reforçar a indicação das próprias sociedades e por isso este é um caso muito interessante”.
Hoje Macau China / ÁsiaActivista morre na prisão. Família questiona autoridades sobre causas da morte [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m activista chinês morreu quando estava a cumprir pena numa prisão, indicou quinta-feira a família do detido em declarações à agência espanhola EFE, denunciando que as autoridades chinesas não esclareceram as causas da morte. De acordo com organizações de defesa dos Direitos Humanos, como é o caso da Chinese Human Rights, esta situação não é inédita e revela a impunidade que abrange os funcionários que cometem “abusos” na China, onde a tortura nas prisões é uma prática regular. O activista Zhang Liumao foi detido em Agosto passado sob a acusação de “perturbação da ordem pública”, uma acusação muito utilizada pelas autoridades chinesas contra activistas e dissidentes. Na altura da detenção, o activista trabalhava numa revista não oficial de Cantão, no sul da China. A irmã de Zhang Liumao, Zhang Wuzhou referiu que o activista morreu no início desta semana num centro de detenção em Cantão em “circunstâncias suspeitas”. Segundo a irmã do ativista, Zhang Liumao não teve acesso a um advogado durante vários meses, período durante o qual a família não teve conhecimento da sua localização. As autoridades acabariam por contactar a família para informar da morte do activista. “Ninguém explicou como ele morreu”, frisou a irmã, que quer ter acesso ao corpo do irmão para esclarecer se o activista “sofreu algum tipo de tortura”. De acordo com a irmã, o corpo do activista está sob a tutela das autoridades, que perguntaram entretanto à família se queria que o corpo fosse cremado. “Antes queremos ver o corpo”, insistiu a familiar. A irmã acrescentou que Zhang Liumao tinha sido diagnosticado com um cancro nas fossas nasais e que tinha sido submetido a um tratamento de quimioterapia antes de ser detido em Agosto último.
Hoje Macau China / ÁsiaDetidas sete pessoas que planeavam atentados em zonas públicas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] polícia deteve no sul da China sete pessoas suspeitas de planearem atentados à bomba na província de Cantão, informou sábado a agência oficial Xinhua. Segundo as autoridades, o grupo era liderado por um ex-condenado, Xiang Fengxuan, de 41 anos, dono de uma lavandaria, que através das redes sociais recrutou outras pessoas com o fim de levar a cabo actos de sabotagem. Xiang, seguido pela polícia desde Março, atraía os seus seguidores com o argumento de que pretendia derrubar o sistema político actual através de uma rebelião armada, e prometia aos que o seguissem cargos importantes quando se tornasse “presidente”. Um dos contactados por Xiang, Ma Ji, de 65 anos, disse à Xinhua que o suspeito dizia ser um descendente da dinastia Qing (deposta pela revolução de 1911) que “sentia nostalgia do passado imperial, em que os homens tinham várias esposas e amantes”. O grupo planeava vários atentados com engenhos explosivos e sequestro de magnatas para poder cobrar resgates e assim financiar as suas actividades. Um dos cúmplices do grupo, Zhang Liumao, encarregado dos explosivos, armazenou grandes quantidades de materiais químicos numa fábrica, os quais seriam usados na preparação dos engenhos para levar a cabo os atentados, de acordo com a polícia. Zhang morreu na quarta-feira passada de cancro, alegadamente devido à prolongada exposição aos químicos.
Hoje Macau China / ÁsiaManifestantes contestam encontro entre China e Taiwan [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]entenas de manifestantes enfurecidos concentraram-se sábado junto ao gabinete do presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, condenando o histórico aperto de mão ao líder da China, numa cimeira que aumentou os receios de que o rival gigante possa engolir a ilha democrática. Os presidentes chinês, Xi Jinping, e taiwanês, Ma Ying-Jeou, deram sábado um aperto de mão histórico em Singapura, no arranque da primeira cimeira desde a separação da China continental e de Taiwan, há 66 anos, após uma guerra civil. Os dois sorriram e acenaram perante uma sala repleta de jornalistas num hotel em Singapura, antes de se retirarem para darem início a conversações privadas. Esta é a primeira reunião entre os líderes dos dois territórios desde 1949. Os manifestantes revoltados tentaram invadir o parlamento durante a noite e 27 foram presos no aeroporto, acusando Taiwan de se estar a vender a Pequim, que está empenhado em expandir sua influência. Mais tarde, cerca de 500 manifestantes, representando vários grupos, incluindo agricultores, activistas de direitos humanos e ambientalistas, insurgiram-se contra o encontro informal que decorreu num hotel de Singapura e onde Ma disse ao líder chinês que os dois “já se sentiam como velhos amigos”. “Como é que ele pôde… sem qualquer negociação ir encontrar-se com o líder do nosso inimigo? Eu acredito que isto está ao nível da traição”, disse o vice-presidente da Associação de Professores Universitários de Taiwan, Lin Hsiu-Hsin. Palavras quentes Os protestantes ficaram enfurecidos com os comentários de Xi de que os dois lados são “uma família” que nunca poderá ser separada, numa alusão à posição imutável de que Taiwan é uma província separada aguardando a reunificação. “Xi Jinping disse que nós pertencemos a uma China. Conseguem aceitar isto?”, gritou entre a multidão Lee Ken-cheng, do partido ambientalista e céptico a Pequim. “Não”, gritaram os manifestantes. Também em Singapura, há relatos de que três membros da União (anti-China) de Solidariedade de Taiwan (TSU) foram escoltados de um alojamento pela polícia. Uma porta-voz da união anti-China em Taipé disse que o candidato Hsiao Ya-tan foi “levado pela polícia”, juntamente com dois dos seus assistentes. No aeroporto de Songshan em Taipé, onde Ma fez um breve discurso aos jornalistas antes de embarcar no seu voo de regresso, os manifestantes tentaram queimar imagens dos dois líderes com ‘slogans’, apelidando Xi de “ditador chinês” e Ma de “traidor”.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio com PLP caiu 25,45% até Setembro [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,45% até Setembro, fixando-se em 76,47 mil milhões de dólares, indicam dados oficiais. Dados dos Serviços de Alfândega da China – publicados no portal do Fórum Macau – indicam que, nos primeiros nove meses do ano, a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 47,81 mil milhões de dólares– menos 31,06% – e vendeu produtos no valor de 28,66 mil milhões de dólares, menos 13,76%. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 55,6 mil milhões de dólares até Setembro, menos 18,51% face a igual período do ano passado. As exportações da China para o Brasil atingiram 21,9 mil milhões de dólares, traduzindo uma quebra de 14,51%, enquanto as importações chinesas totalizaram 33,6 mil milhões de dólares, reflectindo uma descida de 20,9% em termos anuais homólogos. Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 44,9% para 15,5 mil milhões de dólares entre Janeiro e Setembro. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 2,93 mil milhões de dólares – menos 24,34% – e comprou mercadorias avaliadas em 12,6 mil milhões de dólares, ou seja, menos 48,21% comparativamente aos primeiros nove meses de 2014. Já com Portugal, terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 3,3 mil milhões de dólares – menos 6,39% –, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,19 mil milhões de dólares– menos 5,89% – e comprou produtos avaliados em 1,18 mil milhões de dólares (1,09 mil milhões de euros), menos 7,30%. Efeito global O comércio sino-lusófono encontra-se em rota descendente desde o início do ano, somando quebras anuais homólogas consecutivas até Setembro. “A conjuntura económica mundial encontra-se perante vários desafios (…). O abrandamento do comércio internacional e a redução dos preços das mercadorias reflectiu-se no valor das importações e das exportações da China”, afirmou o secretário-geral do Fórum Macau, notando, porém, que em termos da quantidade do volume não houve uma diminuição, mas antes um aumento. Chang Hexi comentou a tendência numa entrevista publicada no mais recente boletim trimestral do próprio Secretariado Permanente do Fórum Macau – datado do início de Setembro. Só nesse mês, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa cifraram-se em 8,63 mil milhões, um decréscimo de 5,62% face ao mês anterior. Desde o início do ano – e até Setembro – o valor mensal das trocas comerciais apenas superou a barreira dos 10 mil milhões de dólares uma única vez (Julho). Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa). A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne ao nível ministerial de três em três anos.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Vinhos de Portugal em destaque [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezenas de países produtores de vinho, da Argentina à Austrália, disputam na Hong Kong International Wine & Spirits Fair a atenção dos profissionais e consumidores chineses, mas, na edição deste ano, Portugal parte em vantagem. “Só o facto de termos sido designados como país convidado é já um marco bastante importante”, disse à agência Lusa em Pequim o director de ‘marketing’ da ViniPortugal, Nuno Vale. “Vai dar uma grande visibilidade aos vinhos portugueses, perante vários profissionais, não só de Hong Kong, mas também dos mercados vizinhos”, acrescentou o responsável da associação que promove a imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos. Segundo dados da ViniPortugal, participam na International Wine & Spirits Fair, que abriu oficialmente na quinta-feira, perto de meia centena de empresas portuguesas, a representar diversas regiões de norte a sul do país. O programa inclui ainda 12 seminários sobre vinhos portugueses. Nuno Vale mostrou-se optimista: “Ainda mais neste ano, em que a própria feira celebra o oitavo aniversário”, realçou, aludindo ao significado auspicioso do número oito na China. Com queda para subir No primeiro semestre de 2015, a China comprou mais 58,2% de vinho a Portugal, acompanhando a tendência que dura desde o início da década. Pelas contas da ViniPortugal, no espaço de seis anos (2008-2013) as exportações de vinhos portugueses para o país subiram de 1,8 milhões de euros para 14 milhões de euros. O número de empresas portuguesas com escritórios ou representantes na China também têm aumentado: “Decerto, já ultrapassam uma dezena”, comenta Nuno. Ainda assim, “há um longo caminho a percorrer”, explicou à Lusa Jin Gang, vendedor na sociedade comercial Nam Kwong, um grupo estatal chinês que representa várias quintas vinícolas de Portugal. “Os vinhos portugueses só agora começam a aparecer na China. Vai demorar até que sejam tão conhecidos como, por exemplo, os franceses”, disse. Na China, o vinho é também designado de “Faguojiu” (literalmente álcool da França, em chinês), ilustrando o domínio que aquele país tem no mercado chinês. Para Nuno Vale, as campanhas lançadas pelas autoridades chinesas para combater a ostentação e a corrupção, que causaram uma quebra acentuada no consumo de produtos de luxo, poderão levar a uma mudança de paradigma. “No momento em que houve esses cortes por entidades governamentais, que tipicamente consumiam vinho francês, o mercado voltou-se para vinhos que ofereciam a mesma qualidade, mas a um preço significativamente mais baixo”, explicou. “Isso está a despertar o interesse pelos vinhos portugueses”, acrescentou. À beira do pódio Portugal já é o quinto fornecedor europeu de vinhos importados pela China, que, entretanto, também está a apostar na produção e, de acordo com algumas projecções, dentro de cinco anos poderá mesmo tornar-se o maior produtor mundial. Porém, “no mercado interno, a China terá sempre de lutar com um problema típico de países em desenvolvimento, que é: tudo o que vem de fora é sempre mais apreciado do que aquilo que é produzido dentro”, referiu Nuno Vale. “O consumidor chinês não estará disposto a dar um valor superior pelos vinhos domésticos. Isso vai acontecer durante muitos anos”, previu. Per capita, o consumo na China não chega a um litro e meio por ano; em Portugal ronda os 40 litros. Contudo, só em 2014, o país importou cerca de 383 milhões de litros de vinho, posicionando-se como o maior consumidor do mundo, segundo dados das alfândegas chinesas. “É um mercado muito volátil”, considerou Nuno Vale. “Tanto cresce muito, como decresce, como volta a crescer. Não é um mercado maduro”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul da China | Impasse em encontro de chefes da Defesa da Ásia-Pacífico [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Mar do Sul da China está a criar um impasse no encontro dos chefes da Defesa da Ásia-Pacífico, com Pequim a pressionar para o tema ser excluído do comunicado conjunto, revelou ontem um dirigente norte-americano. Os ministros da Defesa dos dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e os seus parceiros regionais estão em Kuala Lumpur para o encontro anual da organização, mas fonte norte-americana disse que há dúvidas quanto à realização da cerimónia de assinatura de acordos. Washington e Pequim entraram em conflito devido à construção, por parte da China, de ilhas artificiais no Mar do Sul da China e à presença de navios de guerra norte-americanos na zona, na semana passada. A China reivindica quase todo o mar e rejeita “interferência” exterior nas suas actividades na zona e disse não querer qualquer referência ao assunto na declaração final do encontro dos ministros da Defesa da ASEAN. “Compreensivelmente, vários países da ASEAN acharam que isso era inapropriado”, disse o dirigente norte-americano, sob condição de anonimato, citado pela AFP. “[Esta situação] reflecte a divisão que a reivindicação e militarização da China sobre o Mar do Sul da China causam na região”, acrescentou. Washington tem dito repetidamente que não reconhece as reivindicações da China sobre as águas em torno das ilhas artificiais. Na semana passada, o contratorpedeiro lança-mísseis USS Lassen, da Marinha dos Estados Unidos, navegou a menos de 12 milhas das ilhas artificiais. O gesto irritou Pequim, que convocou o embaixador norte-americano e avisou que o Governo chinês “defenderá resolutamente a sua soberania territorial e os seus interesses marítimos”.
Hoje Macau China / ÁsiaCrescimento anual na China não ficará abaixo dos 6,5% até 2020 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China pode manter um crescimento económico anual de cerca de 7% ao longo dos próximos cinco anos mas há incertezas que permanecem, incluindo o fraco comércio global e o alto nível de endividamento doméstico, disse o Presidente, Xi Jinping, segundo a agência de notícias estatal Xinhua esta terça-feira. O crescimento anual não ficará abaixo de 6,5% nos próximos cinco anos para o país alcançar a meta de dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) e o rendimento per capita de 2010 até 2020, disse Xi, segundo a Xinhua. “É possível para a economia da China manter o crescimento de cerca de 7% no futuro, mas também enfrentamos mais incertezas”, disse Xi, afirmando que as principais instituições de investigação nacionais e estrangeiras acreditam que o potencial de crescimento do país pode ficar entre 6% e 7% no período de 2016 a 2020. O comércio global deve permanecer fraco e o crescimento do consumo e investimento da China pode desacelerar, e ainda podem haver riscos de altos níveis de endividamento, disse Xi. O desenvolvimento ao longo dos próximos cinco anos não deve focar-se apenas no ritmo do crescimento, mas também na qualidade e no volume, disse Xi, explicando uma proposta para o 13º plano quinquenal do país, um projecto de desenvolvimento económico e social para o período de 2016 até 2020. Meta esperada O primeiro-ministro, Li Keqiang, disse que a China precisa de crescimento anual de ao menos 6,53% nos próximos cinco anos. Os investidores estão à espera do anúncio de uma meta de crescimento económico para os próximos cinco anos. Um documento divulgado após reunião do Partido Comunista que discutiu o plano quinquenal afirmou que a China procura manter a economia num crescimento a “uma taxa de média a alta”. As autoridades podem enfrentar mais desafios para decidir a meta de crescimento de longo prazo dadas as incertezas na economia global e sinais de fraqueza na procura doméstica, disseram fontes envolvidas nas discussões. A meta de crescimento precisa da aprovação do Parlamento quando este se reunir em Março. O crescimento chinês caiu para 6,9% no terceiro trimestre, o mais fraco desde a crise financeira global, afectado em parte pelo enfraquecimento dos investimentos e levando o banco central a cortar as taxas de juros novamente.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Grupo islâmico pede 57 ME para libertar reféns [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m grupo islâmico das Filipinas exige mil milhões de pesos (19 milhões de euros) por cada um dos reféns estrangeiros, dois canadianos e um norueguês, sequestrados há seis semanas, num total de 57 milhões de euros, segundo um vídeo. Neste vídeo divulgado pelo grupo SITE, de monitorização de ‘jihadistas’, baseado nos Estados Unidos, os sequestradores com máscaras identificam-se como membros do grupo Abu Sayyaf, listado nos Estados Unidos da América como terrorista e conhecido por vários raptos e atentados à bomba. Os turistas canadianos John Ridsdel e Robert Hall, o gestor norueguês de um ‘resort’, Kjartan Sekkingstad, e a filipina Marites Flor foram levados de iates numa marina no sul das Filipinas a 21 de Setembro. As autoridades filipinas dizem não saber onde estão os reféns, mas analistas de segurança indicam ser provável que se encontrem na ilha de Jolo, um bastião do Abu Sayyaf, a cerca de mil quilómetros de Manila. Escondidos na selva No vídeo, os três estrangeiros, rodeados por homens armados num cenário de selva, disseram que o preço para serem libertados era de mil milhões de pesos por cada um. Flor, que é namorada de Hall, não falou. Acredita-se que o grupo tenha também cativos outros três estrangeiros, dois malaios e um holandês, de acordo com o exército. Um italiano foi raptado do seu restaurante na cidade de Dipolog, no mês passado, mas as autoridades não confirmaram que tenha sido levado pelo Abu Sayyaf. Um sul-coreano de 74 anos, sequestrado em Janeiro, foi encontrado morto em Jolo no fim de semana. O exército acredita que os ‘jihadistas’ o abandonaram depois de morrer com uma “doença grave”. O Governo filipino mantém a sua política de não pagar resgates, mas é frequente que os familiares dos reféns o façam. Em Outubro do ano passado, o Abu Sayyaf disse ter recebido 4,8 milhões de euros em troca de dois reféns alemães que mantive cativos durante seis meses.
Hoje Macau China / ÁsiaONU promete reformas após escândalo de corrupção [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ONU comprometeu-se ontem a aplicar reformas no funcionamento do gabinete do presidente da Assembleia-geral, numa reacção ao escândalo de corrupção que está a envolver um ex-presidente daquele órgão plenário das Nações Unidas. John Ashe, diplomata oriundo de Antígua e Barbuda e ex-presidente da Assembleia-geral das Nações Unidas entre Setembro de 2013 e Setembro de 2014, foi recentemente acusado pelas autoridades norte-americanas da prática de crimes de corrupção. O ex-presidente da Assembleia-geral da ONU enfrenta duas acusações por delitos fiscais, após ter alegadamente recebido mais de um milhão de dólares de subornos de empresários chineses. “A Assembleia deve tirar conclusões deste incidente e agir de forma decisiva”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, num discurso diante daquele órgão. Ban Ki-moon, que insistiu que as Nações Unidas não podem tolerar a corrupção, defendeu que os Estados-membros da organização devem “melhorar” o funcionamento do gabinete do presidente da Assembleia-geral para tornar aquela estrutura mais organizada, transparente e responsável. “Isso é o essencial”, afirmou o secretário-geral, nomeando as várias medidas que a organização internacional está a colocar em prática para responder ao caso de John Ashe. Entre essas medidas, Ban Ki-moon destacou a auditoria interna que está a ser realizada para estudar as relações entre a ONU e as organizações envolvidas no escândalo, mas também a criação de um grupo de trabalho para analisar o financiamento e os contratos realizados pelo gabinete do presidente da Assembleia-geral e, posteriormente, para propor melhorias. O secretário-geral recordou, porém, que as possíveis reformas e decisões também passam pelos 193 países que têm assento naquele órgão plenário das Nações Unidas. No mesmo tom O actual presidente da Assembleia-geral, o dinamarquês Mogens Lykketoft, também se manifestou favorável a uma melhoria do funcionamento daquele órgão e defendeu uma avaliação de diversos aspectos, como é o caso da independência financeira e da transparência da instituição. Mogens Lykketoft nomeou, por exemplo, a importância de clarificar os aspectos que envolvem as viagens dos presidentes da Assembleia-geral e quem paga essas deslocações. Neste sentido, e com o objectivo de reforçar a transparência, Mogens Lykketoft anunciou ontem a criação de uma página na Internet na qual serão publicadas informações sobre o funcionamento do gabinete do presidente da Assembleia-geral. Tanto Ban Ki-moon como Mogens Lykketoft garantiram que a ONU vai cooperar plenamente com as autoridades norte-americanas para tentar esclarecer o alegado caso de corrupção, cuja investigação está a ser conduzida pelo Ministério Público federal de Manhattan, Nova Iorque. Até ao momento, segundo Lykketoft, a Assembleia-geral da ONU não foi contactada para colaborar na investigação. John Ashe foi detido em 6 de Outubro, mas no passado dia 26 de Outubro um tribunal de Nova Iorque aceitou que o ex-presidente da Assembleia-geral das Nações Unidas ficasse em prisão domiciliária. O diplomata conseguiu reunir o montante necessário para o pagamento de uma caução de um milhão de dólares e vai permanecer em prisão domiciliária, vigiado por pulseira electrónica. No âmbito do mesmo caso também foram detidas outras cinco pessoas, incluindo um multimilionário chinês empresário da construção civil, Ng Lap Seng, suspeito de estar no centro do escândalo e de pagar subornos a Ashe para impulsionar a construção de um centro de conferências da ONU em Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Mais um alto quadro do PCC condenado [dropcap style=’circle]L[/dropcap]i Chongxi, um antigo aliado de Zhou Yongkang, o mais alto líder da China condenado desde a fundação da República Popular, em 1949, foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção. O ex-presidente da Conferência Consultiva Política da província de Sichuan, no sudoeste da China, começou a ser investigado no ano passado, juntamente com outros altos quadros do Partido Comunista Chinês (PCC) vistos como próximos de Zhou. Segundo a sentença do tribunal, Li recebeu subornos no valor de 11,1 milhões de yuan e todos os seus activos pessoais foram confiscados, noticiou a imprensa estatal. Li foi conselheiro de Zhou, ex-membro do Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder na China, onde tutelava o aparelho de segurança do país, incluindo polícias, tribunais e serviços de informação. Nos últimos meses, vários aliados de Zhou foram detidos ou condenados, entre os quais Wang Tianpu, ex-presidente da petrolífera chinesa Sinopec, e Jiang Jiemin, ex-responsável pela supervisão das empresas estatais chinesas. Outros ramos Ontem, a comissão de disciplina do PCC expulsou do partido e do exército dois altos cargos militares, Zhang Genheng e Li Wenli, confirmando o alargamento da campanha anti-corrupção às forças armadas, até há pouco vistas como intocáveis. Zhang era o chefe do regimento fronteiriço do exército chinês em Xinjiang, uma das províncias chinesas mais susceptíveis ao separatismo e frequente palco de incidentes violentos entre a minoria étnica muçulmana uiguir e o principal grupo étnico chinês han. Li era o director do departamento militar do Gabinete de Segurança Pública na Mongólia Interior, noroeste do país. Desde que subiu ao poder, em 2012, o actual líder chinês Xi Jinping prometeu “combater tanto as moscas como os tigres”, numa alusão aos altos quadros do PCC que durante muito tempo pareciam agir com total impunidade.
Hoje Macau China / ÁsiaHollande | Apoio da China “é essencial” para um acordo na conferência de Paris [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente francês, Francois Hollande, disse ontem que o apoio chinês “é essencial” para um acordo efectivo nas conversas climáticas das Nações Unidas (COP21), a serem realizadas no final deste mês, em Paris. No arranque de uma visita de Estado de dois dias à China, Hollande afirmou que deseja “um acordo global e ambicioso, que limite o aquecimento global a um máximo de dois graus centígrados”. “O apoio chinês é essencial”, disse Holland, no município de Chongqing, no centro do país, acrescentando que “a luta contra o aquecimento global é uma questão humanitária – como poderá o planeta ser preservado – e um assunto de considerável importância económica, o chamado crescimento ‘verde'”. A China, o maior emissor de gases poluentes do mundo, será um elemento chave nas negociações que arrancam a 30 de Novembro, numa altura em que países desenvolvidos e em desenvolvimento discutem qual das partes deverá assumir maior responsabilidade na redução das emissões. As conversas terão paralisado em torno do mecanismo que acompanhará os compromissos dos 195 países envolvidos: a França defende um vínculo jurídico, revisto a cada cinco anos, (ver caixa) enquanto a China excluiu qualquer tipo de sistema punitivo. Pequim, que terá alegadamente dificultado as negociações durante a conferência de Copenhaga em 2009, já prometeu que as suas emissões de carbono vão atingir o pico máximo “por volta de 2030”. Mais uma viagem Esta é a segunda visita de um chefe de Estado europeu à China no espaço de uma semana, depois de a chanceler alemã, Angela Markel, ter concluído na sexta-feira passada uma deslocação de quatro dias ao país. No mês passado, China e Reino Unido firmaram acordos no valor de 40 mil milhões de libras, durante a primeira visita de Estado do Presidente chinês, Xi Jinping, a Londres. O segundo e último dia da visita será dedicado à cooperação entre as empresas dos dois países, com um fórum inaugurado pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. A China é o segundo maior parceiro comercial da França. Em média, as transacções comerciais diárias entre as duas nações somam 160 milhões de euros. A França é o terceiro destino do investimento chinês na Europa, a seguir ao Reino Unido e Alemanha. Portugal disputa o quarto lugar com a Itália. “Comparando com a recepção dos líderes da Alemanha e França ao Dalai Lama, apesar dos protestos chineses, em 2007 e 2008, as coisas mudaram dramaticamente, já que a China agora tem a iniciativa nas relações sino-europeias”, escreveu um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) na semana passada. Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC, defende que “a China devia procurar uma interacção mais benéfica com a Europa”, argumentando que os laços com o continente europeu podem “contrabalançar as restrições impostas pela aliança EUA-Japão”. Acordo vinculativo A China e a França concordaram “estabelecer um acordo ambicioso e juridicamente vinculativo” na conferência de Paris sobre o clima, acompanhado de mecanismos de verificação dos compromissos esperados, indica uma declaração conjunta dos presidentes chinês e francês. Estes compromissos deverão ser alvo de uma “revisão completa todos os cinco anos”, refere a declaração conjunta divulgada à imprensa, em Pequim, por Xi Jinping e François Hollande, que sublinharam a sua “determinação em trabalhar em conjunto” para o êxito da conferência. Pequim e Paris declaram-se “favoráveis à realização de uma revisão completa todos os cinco anos sobre os progressos alcançados” e sublinham a necessidade de um “sistema de transparência melhorado para reforçar a confiança mútua”. O Presidente chinês considerou que esta declaração comum, composta por 21 pontos, demonstra “o compromisso comum de tornar a conferência de Paris um êxito”. François Hollande afirmou tratar-se de “um passo maior” para um acordo na COP21. “Com esta declaração, estabelecemos as condições que nos permitem antever um êxito”, disse Hollande, sublinhando que “a partir de agora é possível um acordo” em Paris.
Hoje Macau China / ÁsiaSíria | Pequim insiste em procura de uma solução política [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China insistiu domingo na sua posição de que “uma solução política” é a única saída para o conflito na Síria que dura há quatro anos e que já causou mais de 250 mil mortos. “A China sempre esteve comprometida com uma solução política para a questão síria”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hua Chunying, em comunicado. O Governo de Pequim “continua disposto para continuar a trabalhar com a comunidade internacional em busca de consenso”, e mais ainda depois da reunião que decorreu na capital austríaca a qual na perspectiva da China teve resultados positivos, refere a nota. No encontro em Viena estiveram presentes os actores internacionais envolvidos no conflito, como os principais aliados do Presidente sírio, Bashar al-Assad, Rússia e Irão, e os seus principais adversários, Estados Unidos, Arábia Saudita e Turquia. Cerca de vinte países fizeram representar-se na reunião, assim como a União Europeia e a ONU, com o desafio de formular um plano aceitável tanto para o Governo sírio como para as milícias opositoras apoiadas pelos Estados Unidos e seus aliados árabes. Os grandes ausentes na reunião são as próprias partes que se enfrentam na guerra Síria, tanto Al-Assad como as diferentes facções opositoras. Nova fase Ao fim de oito horas de intensos debates, em que a China também participou, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, declarou aos jornalistas o “começo de um novo processo diplomático”. O chefe da diplomacia norte-americana disse que Washington continua a acreditar que a saída do poder de Assad irá facilitar o caminho para um acordo que determine o fim da guerra civil na Síria, bem como irá ajudar na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI). As 19 delegações estrangeiras presentes em Viena acordaram voltar a reunir-se daqui a duas semanas para uma nova ronda de conversações. O conflito na Síria teve início em Março de 2011 e já deixou mais de 250 mil mortos e 13 milhões de refugiados, numa onda de deslocados sem precedentes desde a II Guerra Mundial, segundo dados da ONU.