China / ÁsiaPequim diz que quer manter laços de amizade com Pyongyang Hoje Macau - 5 Mai 2017 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China diz que continua comprometida em manter laços de amizade com a Coreia do Norte, face aos sinais de deterioramento nas relações entre os dois aliados devido à insistência de Pyongyang no seu programa nuclear. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Geng Shuang afirmou ontem que a posição de Pequim “em desenvolver uma boa vizinhança e cooperação amigável com a Coreia do Norte é consistente e clara”. Geng reagia a um comentário difundido pela agência noticiosa oficial norte-coreana contendo uma rara crítica directa de Pyongyang a Pequim. A Korean Central News Agency aponta que os “comentários irresponsáveis” da China sobre o programa nuclear do país estão a testar a paciência de Pyongyang e podem ter “consequências sérias”. O artigo cita comentários difundidos pela imprensa estatal chinesa, acusando esta de inventar “desculpas esfarrapadas para dançar ao ritmo dos Estados Unidos” e culpar Pyongyang pelo deterioramento das relações bilaterais. “A China não deve mais testar os limites da paciência da RPDC”, lê-se no comentário, que usa a sigla para o nome oficial do país, República Popular Democrática da Coreia. Pequim “deve antes pensar bem nas graves consequências de derrubar o pilar das relações” entre os dois países, acrescenta. O artigo não é atribuído a nenhuma agência ou funcionário do Governo e o escritor é apenas identificado como Kim Chol. Ainda assim, é raro ler uma crítica directa da Coreia do Norte dirigida à China. Anteriormente, a agência norte-coreana optou por fazer uma crítica velada, optando por se referir à China apenas como um “certo país vizinho”. Má imprensa Entretanto, a imprensa estatal chinesa tem feito críticas frequentes a Pyongyang. Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, avisa ontem que as acções da Coreia do Norte ameaçam o tratado de não-agressão assinado entre os dois países em 1961. A publicação apela ao regime para pôr fim aos seus testes nucleares. “A China não vai permitir que a sua região nordeste seja contaminada por actividades nucleares da Coreia do Norte”, afirma. O jornal avisou já em edições anteriores que a China poderia cortar o fornecimento de petróleo ao país vizinho, caso este persista com os testes atómicos. Esta semana, o Diário do Povo afirmou também que as ambições nucleares da Coreia do Norte “colocam o próprio país e toda a região em grande perigo”. Apelos presidenciais O Presidente chinês, Xi Jinping, abordou ontem a situação da Coreia do Norte numa conversa por telefone com o seu homólogo filipino, Rodrigo Duterte, que destacou o papel de Pequim em assegurar a paz na península coreana. Xi apelou a todas as partes envolvidas para que exerçam contenção e regressem ao diálogo e negociações, visando a desnuclearização da península coreana, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O porta-voz de Duterte, Ernesto Abella, afirmou que os dois líderes trocaram pontos de vista sobre questões regionais e o líder filipino apelou à paz e estabilidade. Abella disse que Duterte “referiu o importante papel desempenhado pela China na promoção da paz na península coreana”. A conversa por telefone entre Xi e Duterte surge depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter também falado com o líder filipino, no sábado, expressando o compromisso de Washington para com a aliança entre os dois países.