Filipinas | Navio militar russo visita Manila

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chegada a Manila do navio de guerra russo parece confirmar a aproximação das Filipinas à Rússia e o afastamento, anunciado por Duterte, dos Estados Unidos

Um navio militar da Rússia atracou ontem em Manila numa invulgar visita para “promover a boa vontade”, num momento de aproximação de Manila a Moscovo e Pequim e de distanciamento em relação aos Estados Unidos.

O Admiral Tributs vai permanecer nas águas das Filipinas até sábado para participar em cerimónias e actividades conjuntas entre as forças navais de ambos os países, informou a marinha filipina em comunicado.

A visita do navio de guerra russo – a terceira na história e a primeira em quatro anos – “vai promover a boa vontade e contribuir para a amizade entre a marinha das Filipinas e da Rússia e vai melhorar a cooperação marítima através da diplomacia naval e camaradagem”, segundo o comunicado.

Aliança em causa

A chegada do navio russo é vista como uma confirmação da viragem na política externa e de defesa das Filipinas após a chegada ao poder, em Junho passado, do Presidente Rodrigo Duterte, que prometeu desfazer a tradicional aliança militar com os Estados Unidos.

O Presidente filipino, de 71 anos, ameaçou anular um pacto bilateral de defesa em vigor desde 1999 e que contempla, entre outros pontos, o uso de bases filipinas por parte do exército norte-americano e a realização de exercícios militares conjuntos de forma regular.

A tentativa de afastamento de Duterte em relação à Administração de Barack Obama – que poderá reverter-se com a chegada ao poder de Donald Trump – responde às críticas de Washington à sua “guerra contra as drogas”, que causou mais de 6.100 execuções extrajudiciais de alegados narcotraficantes e toxicodependentes nos últimos seis meses.

O Presidente filipino limou as diferenças com Pequim, com cujo Governo mantém um contencioso sobre a soberania de várias ilhas no mar do Sul da China, e apostou em estreitar os laços diplomáticos e de defesa com Moscovo.

Duterte, que criticou as políticas dos Estados Unidos e o Ocidente na sua primeira reunião bilateral com o Presidente russo, em Novembro no Peru, planeia visitar Moscovo em Abril ou Maio deste ano a convite de Vladimir Putin.

4 Jan 2017

Taiwan insta Pequim a diálogo “calmo e racional”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Presidente Tsai Ing-wen apela à racionalidade, mas assegura que não se deixará influenciar por manobras intimidatórias vindas de Pequim

A Presidente de Taiwan instou no fim-de-semana a China a um diálogo “calmo e racional” e disse que não cederá a movimentações que visam “ameaçar e intimidar” a ilha.

Tsai Ing-wen afirmou, numa conferência de imprensa, que Taipé e Pequim devem manter conversações com base em “atitudes flexíveis” para assegurarem a manutenção de relações pacíficas e estáveis.

Por outro lado, garantiu que não cederá às pressões da China, que recuperou “velhas formas” de intimidação, depois de protestos de Pequim por o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ter falado por telefone com Tsai Ing-wen no início deste mês.

Desde então, a China tem feito exercícios militares perto de Taiwan, numa aparente demonstração de força.

O Ministério da Defesa chinês admitiu na quinta-feira que manobras realizadas no Pacífico pelo porta-aviões Liaoning, que passou por águas próximas de Taiwan, visaram “dissuadir as forças independentistas taiwanesas”.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e ameaça com o “uso da força”, caso o território declare independência.

A ilha, onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. Taipé e Pequim dizem que existe uma só China.

A chamada telefónica de Trump para Taipé pôs fim ao protocolo diplomático seguido há décadas por Washington, que privilegia as suas relações com Pequim.

“As autoridades de Pequim estão a regressar às suas velhas formas de isolamento e supressão de Taiwan, e mesmo a ameaças e intimidação”, disse Tsai.

“Esperamos que isto não seja uma decisão política de Pequim”, disse ainda acrescentando: “Não cederemos à pressão, mas também não regressaremos à velha atitude de confrontação”.

A China suspendeu os contactos com Taiwan em julho, depois de Tsai ter tomado posse e ter recusado o “consenso 1992”. Trata-se de um entendimento tácito alcançado naquele ano entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (nacionalistas), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa.

Viagem à América

A Presidente de Twain vai passar pelos Estados Unidos em Janeiro, em trânsito para países da América central, mas não confirmou se terá algum encontro com a equipa ou representantes de Donald Trump.

Na mesma conferência de imprensa, Tsai disse que as relações diplomáticas de Taiwan com as Honduras, Guatemala e El Salvador são “consideradas estáveis”.

No dia 20 deste mês, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China.

Seis dias depois, na segunda-feira, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com São Tomé.

Neste momento, apenas 21 países no mundo, incluindo o Vaticano, reconhecem Taiwan e mantêm relações diplomáticas com a ilha.

3 Jan 2017

Pequim diz que Hong Kong não deve ser usada para subverter o país

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dirigente chinês advertiu Hong Kong de que a China não vai permitir que ninguém use a cidade para prejudicar a estabilidade do país, depois de nos últimos meses terem aumentado as tensões sobre o emergente movimento pró-independência.

As tensões intensificaram-se na antiga colónia britânica depois de dois jovens pró-independência, durante os seus discursos de tomada de posse como deputados, terem usado palavras consideradas difamatórias para a China, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

Numa entrevista à televisão estatal CCTV no domingo, o director do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central em Hong Kong, Zhang Xiaoming, disse que controlar o movimento pró-independência na cidade requer o reforço da “consciência de fundo” entre a população.

“Em relação a Hong Kong, ninguém é autorizado a envolver-se em qualquer tipo de actividade que prejudique a soberania e segurança nacional, ou que desafie a autoridade do governo central ou a Lei Básica de Hong Kong, ou usar Hong Kong para infiltrar e subverter a estabilidade social e política do interior da China”, disse Zhang.

“Estas são as três linhas de fundo”, acrescentou.

Sinal de alarme

As autoridades do Partido Comunista chinês têm visto com alarme a emergência dos políticos pró-independência, apesar de apenas uma minoria dos residentes de Hong Kong apoiar tal movimento.

Antiga colónia britânica, ocupada durante a Guerra do Ópio, em meados do século XIX, Hong Kong é desde Julho de 1997 uma Região Administrativa Especial da China.

Segundo a fórmula “um país, dois sistemas”, adoptada também em Macau, as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam no território e, excepto nas áreas da Defesa e Relações Externas, o território goza de “um alto grau de autonomia”.

O desaparecimento no ano passado de cinco livreiros conhecidos por publicarem livros sobre a vida privada dos líderes políticos chineses gerou a condenação da comunidade internacional e aumentou os receios de muitos residentes de Hong Kong quando, meses mais tarde, os cidadãos desaparecidos apareceram presos no interior da China.

Ao abrigo do actual sistema eleitoral, o líder do Governo de Hong Kong é seleccionado por um colégio eleitoral de 1.200 membros representativos dos vários sectores sociais.

O impopular líder da cidade, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, e considerado por muitos dos seus críticos como um “fantoche” de Pequim, disse no mês passado que não voltaria a concorrer ao cargo de chefe do Executivo.

Regina Ip, antiga secretária para a Segurança, e o juiz na reforma Woo Kwok-hing, são as duas candidaturas apresentadas ao cargo até à data.

3 Jan 2017

China vai acabar com comércio de marfim até final de 2017

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, o maior consumidor mundial de marfim, anunciou na sexta-feira que vai proibir todo o comércio e transformação deste material até ao final de 2017.

“Para proteger melhor os elefantes e combater melhor o tráfico, [a China] vai parar progressivamente a venda e a transformação com fins comerciais do marfim e de objectos de marfim” até ao final de 2017, lê-se num comunicado do Conselho de Estado (o Executivo chinês).

Até 31 de Março, deverão cessar as actividades de um primeiro grupo de ateliês e vendedores, segundo o mesmo texto.

O marfim é muito procurado na China, onde o preço pode chegar a mais de mil euros por quilo. É um símbolo de estatuto social elevado e a procura alimenta anualmente o massacre de milhares de elefantes em África, asseguram organizações internacionais.

Segundo associações ambientalistas, mais de 20 mil elefantes foram abatidos no ano passado por causa do marfim. O Fundo Mundial para a Natureza (World Wild Life) alerta que a população de elefantes no mundo está reduzida a 415 mil exemplares.

Pequim é um dos signatários da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção), que abrange matérias e objectos considerados uma ameaça para os elefantes.

No entanto, a China continua a ser o maior consumidor mundial de marfim de contrabando e nunca proibiu, por exemplo, a revenda de marfim comprado antes da proibição definida na CITES, em 1989.

O WWF já se congratulou com a decisão de Pequim anunciada na sexta-feira, saudando “o calendário estabelecido pela China para salvar os elefantes da extinção”.

E aqui ao lado ?

As organizações internacionais esperam agora que Hong Kong, uma região chinesa com administração especial, gozando por isso de autonomia em relação a Pequim, acabe com o comércio de marfim até 2021.

“Com o mercado chinês fechado, Hong Kong pode tornar-se no mercado preferido dos traficantes”, afirmou uma responsável da WWF, Cheryl Lo, citada pela agência de notícias AFP.

Entre 800 e 900 negócios de contrabando ilegal de marfim são descobertos todos os anos na China, segundo dados oficiais.

O segundo destino do marfim ilegal são os Estados Unidos, que em Junho anunciaram uma proibição quase total do comércio deste material oriundo de África. No entanto, mantém excepções, como as antiguidades.

Também a China continuará a permitir a venda de antiguidades em marfim devidamente identificadas e oriundas de “fontes legítimas”, garantiu o Governo chinês.

3 Jan 2017

Investimento de quase meio bilião de euros na expansão da rede ferroviária

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai investir 3,5 biliões de yuan (482.000 milhões de euros) até 2020 no desenvolvimento da sua rede ferroviária, sobretudo na expansão da malha de alta velocidade, anunciou ontem o ministério chinês dos Transportes.

O número foi avançado pelo vice-ministro Yang Yudong, durante a apresentação do Livro Branco dos Transportes, que serviu ainda para rever o desenvolvimento do sector nas últimas seis décadas e traçar os objectivos para os próximos anos.

A rede ferroviária chinesa de alta velocidade atingiu este ano os 19.000 quilómetros – mais do que todos os outros países combinados.

A primeira linha – 120 quilómetros entre Pequim e Tianjin – começou a funcionar em 2008, quando a capital chinesa organizou os Jogos Olímpicos.

Os novos planos incluem a expansão da rede de alta velocidade em cerca de 11.000 quilómetros até 2020, detalhou Yang Yudong.

Sempre a abrir

Na quarta-feira, o país inaugurou a mais extensa linha de alta velocidade, entre o leste e o oeste do país – 2.252 quilómetros-, que liga as cidades de Xangai e Kunming.

O responsável frisou ainda que a China vai continuar a impulsionar projectos do sector além-fronteiras, dentro da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda.

A iniciativa, anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, inclui a construção de ligações ferroviárias de alta velocidade entre a Ásia e a Europa.

Yang detalhou alguns planos já em marcha, como a construção de linhas, algumas de alta velocidade, no Laos, Indonésia, Sérvia, Paquistão e Etiópia.

O livro branco reafirma ainda a meta, já prevista no Plano Quinquenal para a economia chinesa entre 2016 e 2020, de investir na construção de mais 30.000 quilómetros de malha ferroviária nos próximos anos.

A rede ferroviária chinesa terá então 123.500 quilómetros de extensão.

O plano prevê ainda aumentar as ligações dos comboios inter-cidades e suburbanos, visando reduzir o tempo de viagem entre as grandes metrópoles chinesas e os subúrbios.

Destaque ainda para a construção de redes de transporte interurbano no delta do rio das Pérolas, num passo importante para a integração das regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong com a província de Guangdong.

30 Dez 2016

Justiça sul-coreana analisa “lista negra” de artistas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério Público da Coreia do Sul convocou ontem o embaixador do país em França devido a uma alegada “lista negra” com milhares de artistas, no âmbito da investigação do caso de corrupção que levou à destituição da Presidente.

A equipa especial do Ministério Público quer questionar Mo Chul-min, secretário para a Educação e Cultura em 2013 e 2014, sobre uma alegada “lista negra” criada durante a sua administração que incluía nove mil artistas considerados hostis ao Governo da Presidente, Park Guen-hye, sendo-lhes por isso negado apoio estatal.

Em 2014, os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Busan entraram em confronto com o autarca local, que tentou bloquear um documentário sobre o naufrágio do ‘ferry’ Sewol, que fez mais de 300 mortos, um desastre parcialmente atribuído à incompetência do Governo e à corrupção.

O autarca de Gwangju admitiu recentemente que foi pressionado pelo Governo para excluir uma pintura que satiriza Park da feira de arte bianual da cidade em 2014.

A alegada lista negra inclui algumas das figuras culturais mais famosas do país, como o realizador de “Oldboy”, Park Chan-wook, e o poeta Ko Un.

Ambos terão sido incluídos na suposta lista por comentários críticos ao Governo e por apoiarem candidatos da oposição em eleições presidenciais e autárquicas, segundo Do Jong-hwan, deputado da oposição que revelou a lista aos jornalistas.

Alta pressão

Grupos de artistas afirmam que os nomes na lista viram-lhes ser inexplicavelmente negado apoio de programas governamentais e interdito o acesso a instalações do Estado.

O antigo ministro da Cultura Yoo Jinryong, que deixou o cargo em Julho de 2014, afirmou numa entrevista recente que a lista negra foi actualizada várias vezes antes de sair e entregue ao seu ministério pelo hoje embaixador em França ou por outros secretários presidenciais.

Cho Yoonsun, a actual ministra da Cultura, que desempenhou o cargo de secretário para os assuntos políticos de Junho de 2014 a Maio de 2015, negou a acusação de Yoo de que esteve envolvida na elaboração da lista, garantindo que nunca a viu.

O Ministério Público acusou Park de conluio com uma amiga para extorquir dinheiro e favores de algumas das maiores empresas do país e de permitir que essa amiga, Choi Soon-sil, manipulasse assuntos de Estado.

O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 9 de Dezembro, decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

O tribunal tem até seis meses para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo.

A equipa especial do Ministério Público começou a investigar as alegações sobre a lista negra na sequência de uma queixa de um grupo de artistas.

Os investigadores também convocaram Kim Jae-youl, chefe da unidade de ‘marketing’ do desporto do grupo Samsung, dado que olham ainda para as alegações de que o gigante sul-coreano patrocinou a amiga da Presidente Choi Soon-sil para receber favores do Governo.

30 Dez 2016

Coreia do Norte | Diplomata desertor fala dos planos nucleares do regime

Alguns dizem que sim, os mais optimistas relativizam a ameaça. Um antigo embaixador norte-coreano, que desertou em Agosto passado, veio esta semana dar conta de que Kim Jong-un quer aproveitar 2017 para afirmar o país como potência nuclear. O poder vai mudar nos Estados Unidos, o que complica o quadro. O próximo ano é para ser seguido com atenção

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi a primeira vez que falou desde que desertou e as notícias deixadas na conferência de imprensa não dão ao mundo motivos de descanso. Thae Yong-ho, antigo diplomata da Coreia do Norte em Londres, anunciou que Pyongyang entende que 2017 é a melhor altura para avançar, de forma significativa, com o programa nuclear. A ideia será aproveitar as mudanças de poder nos Estados Unidos e na Coreia do Sul.

Thae Yong-ho é o funcionário norte-coreano mais importante a desertar em quase duas décadas. Fê-lo em Agosto, motivando alguma especulação acerca da consistência do regime de Kim Jong-un, mas manteve-se em silêncio até agora. Esta semana, decidiu falar à imprensa da Coreia do Sul.

Apesar de ressalvar que, enquanto diplomata, não estava por dentro dos detalhes do programa de armamento nuclear do seu país, Thae Yong-ho deixou algumas ideias sobre o modo como o regime pensa. Pyongyang acredita que a China não vai punir, de forma muito severa, os ensaios nucleares que venham a ser feitos, porque Pequim receia que, com um eventual colapso do Norte, nasça uma Coreia unificada próxima dos Estados Unidos, o que seria um vizinho pouco desejável.

“O regime conhece esta fraqueza da China”, afirmou, citado pelas agências internacionais de notícias. “Enquanto Kim Jong-un estiver no poder, a Coreia do Norte jamais desistirá do armamento nuclear, mesmo que lhe seja oferecido um bilião ou dez biliões de dólares como recompensa.”

A imprensa estrangeira não pôde entrar na conferência de imprensa de duas horas e meia em Seul, destinada apenas a repórteres locais. Mas foi disponibilizada uma transcrição das declarações do antigo diplomata.

Thae Yong-ho garantiu que Kim Jong-un não encara o programa nuclear como uma moeda de troca, mas sim como uma forma de lidar com os Estados Unidos, uma vez que pretende que o país seja reconhecido como uma potência nuclear – estatuto que Washington não quer, de modo algum, atribuir.

Este ano, a Coreia do Norte levou a cabo dois testes nucleares e lançou mais de 20 mísseis balísticos, tendo anunciado que está a desenvolver uma ogiva nuclear com capacidade para atingir os Estados Unidos.

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou já que está aberto à ideia de que o Japão e a Coreia do Sul construam armamento nuclear para deter a Coreia do Norte, uma afirmação fortemente contestada pela Administração Obama, que entende que se corre o risco de acabar com décadas de uma política de não-proliferação.

Quanto à Coreia do Sul, tem vivido momentos políticos conturbados. As eleições presidenciais estão marcadas para o próximo ano.

Sem dinheiro e sob controlo

Thae Yong-ho, diplomata de carreira, esteve na Dinamarca e na Suécia antes de ser enviado para a embaixada da Coreia do Norte em Londres, onde esteve quase uma década. Na capital do Reino Unido, foi visto a discursar em eventos da extrema-esquerda, incluindo o Partido Comunista Britânico. Eram discursos apaixonados de defesa do regime de Pyongyang.

Esta semana, falou da frustração que sente um diplomata do regime quando vive no estrangeiro. Contou que os embaixadores da Coreia do Norte ganham entre 900 a 1100 dólares por mês (o melhor salário não chega às nove mil patacas), o que faz com que o pessoal do corpo diplomático esteja em constante desespero e à procura de formas de aumentar o vencimento fora das embaixadas. Acabam por ter de morar dentro das representações diplomáticas, ao “estilo comunitário”, para poderem poupar nas despesas.

No entanto, acrescentou Thae Yong-ho, enquanto viveu fora do país pôde usufruir de um luxo vedado às elites que vivem no Norte: teve acesso à Internet, sem censura, e lia as notícias da Coreia do Sul, incluindo relatos sobre a vida de desertores norte-coreanos.

De acordo com antigo número dois da embaixada em Londres, o regime de Pyongyang é tão paranóico com a possibilidade de a informação que chega de fora poder influenciar a população que mantém os diplomatas que regressam a casa sob vigilância apertada, com receio de que possam contar como se vive no estrangeiro. Ironicamente, isto acontece ao mesmo tempo que aumenta o contrabando de DVD produzidos na China de novelas e filmes sul-coreanos, cada vez mais populares no Norte. Thae Yong-ho confessa ser fã deste tipo de conteúdos.

Aquando da deserção do diplomata, a Coreia do Sul considerou que se tratou de um sinal de que Kim Jong-un estava a perder força junto da elite norte-coreana. Já Pyongyang classificou Thae Yong-ho como “escumalha humana”, acusou-o de ter fugido depois de se ter apropriado de fundos públicos e de ter abusado sexualmente de uma menor.

Thae Yong-ho negou estas acusações e disse que a sua desilusão com Kim Jong-un aumentou depois de vários altos funcionários terem sido executados, entre eles o tio do líder, Jang Song-thaek, numa tentativa de assegurar o poder através da criação de um clima de terror.

A Coreia do Norte obriga os diplomatas a deixarem alguns membros da família no país, precisamente para evitar deserções. Thae Yong-ho assume que teve sorte: conseguiu fugir para o Sul com a mulher e os dois filhos.

Os membros do corpo diplomático são ainda incentivados a vigiarem-se uns aos outros para que não haja traição. Mas existem falhas neste sistema de vigilância, apontou o desertor, que recusou fornecer detalhes sobre a forma como conseguiu escapar ao regime de Pyongyang. “É um mundo feito de pessoas e é impossível controlar alguém constantemente”, disse apenas.

Teoria da provocação

A situação na Coreia do Norte e a liderança de Kim Jong-un – que dura há já cinco anos, desde a morte do pai – são motivo de preocupação, até pela dificuldade em se traçar um retrato concreto do jovem líder e pela relação pouco clara com a China, parceiro económico de longa data que, de certo modo, tem vindo a funcionar como um travão às eventuais aspirações belicistas do regime.

Alguns analistas consideram que a ameaça nuclear é, para já, exagerada. No entanto, admitem que o líder do regime mais isolado do mundo vai aproveitar a mudança de poder nos Estados Unidos para testar Washington. É bem provável que, nos próximos tempos, sejam feitos novos ensaios nucleares, a título de trabalho de casa: mostrar aos norte-coreanos que o regime é poderoso, capaz de enfrentar os inimigos da América.

O impacto de uma provocação deste género não deverá surtir grandes alterações. Até à data, não existem provas concretas de um plano para uma guerra entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos ou os seus aliados ocidentais. Há uma única razão para a ausência de planos bélicos: a Coreia do Norte sabe que iria ser arrasada pelos adversários.

Já Ken Kato, responsável pelo Human Rights in Asia, acredita que a ameaça que a Coreia do Norte representa é “muito real”. O activista – que ainda na semana passada denunciou o financiamento norte-coreano de uma universidade de Tóquio – não hesita em classificar Kim Jong-un como um “perigoso assassino com armas nucleares na mão”.

Em declarações ao HM, Ken Kato destaca que, de acordo com o relatório dos serviços secretos sul-coreanos ao Parlamento do país, entre Janeiro e Setembro deste ano, o líder de Pyongyang ordenou 64 execuções públicas. “É o tipo de pessoa que mata o próprio tio”, vinca. Para o também membro da International Coalition to Stop Crimes Against Humanity in North Korea, o armamento nuclear produzido pela Coreia do Norte “pode ainda ser vendido pelo regime a grupos terroristas do Médio Oriente com os quais Kim mantém relações”.

Uma incógnita chamada Trump

Nesta equação de relações internacionais, há ainda que ter em consideração o que vai fazer a Administração Trump em relação a Pyongyang. De acordo com o Wall Street Journal, Obama avisou a equipa do seu sucessor que a Coreia do Norte deve estar no topo das preocupações da segurança nacional norte-americana.

Ken Kato alinha no pensamento da Casa Branca ao dizer que não tem dúvidas de que “é uma das maiores ameaças que a comunidade internacional está a enfrentar”.

Há peritos que acreditam que, dentro de quatro anos, Kim Jong-un vai ter ao seu dispor a tal ogiva nuclear com capacidade para chegar aos Estados Unidos, bem como submarinos que podem atacar os aliados de Washington. Por isso, para os observadores mais pessimistas, é essencial que Donald Trump consiga controlar o líder norte-coreano.

Enquanto candidato, Trump disse que Kim é um “maníaco” e disse também que é “preciso dar crédito” ao que diz. Na altura, acrescentou estar desejoso de encontrar o líder para comerem “um hambúrguer”.

Atendendo a que ninguém acredita que Kim Jong-un está disposto a abandonar as suas pretensões nucleares – e tendo ainda em consideração que décadas de sanções, ameaças, conversações e negociações resultaram em coisa nenhuma – o próximo Presidente dos Estados Unidos tem um dossiê difícil nas mãos.

A Coreia do Norte é ainda uma questão que serve para medir forças na região Ásia-Pacífico. Um falhanço norte-americano será um sinal de fraqueza enviado à China, numa altura em que Pequim está a desafiar o papel de proeminência dos Estados Unidos na região.

O director da Human Rights in Asia considera que chegou a hora de pesar os interesses que estão envolvidos nesta questão e tomar decisões a bem da paz. “A comunidade internacional deve aperceber-se da ameaça que a Coreia do Norte representa, e pressionar a China e a Rússia para a implementação total das sanções das Nações Unidas”, defende. Ken Kato considera também que “Pequim deve pensar que é do seu interesse travar o programa nuclear, porque é também uma séria ameaça à China”. É a bomba-relógio no quintal.

29 Dez 2016

Religião | Abertura para diálogo com Vaticano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está disposta a manter um diálogo construtivo com o Vaticano, mas os católicos chineses devem “erguer alto a bandeira do patriotismo” e adaptar-se aos “valores chineses”, disse o responsável do Governo de Pequim pelos assuntos religiosos.

Wang Zuoan, director da Administração Estatal para os Assuntos Religiosos, falava durante a nona conferência dos católicos da China, que reúne em Pequim o clero da Associação Patriótica Chinesa, igreja católica aprovada pelo Estado e independente do Vaticano.

Pequim insiste que a igreja oficial tem autoridade para ordenar os bispos chineses, um direito que a Santa Sé diz pertencer apenas ao Papa.

O diferendo dura desde 1951, quando China e Vaticano romperam os laços diplomáticos, depois de Pio XII excomungar os bispos designados por Pequim.

As manifestações católicas no país são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica, mas muitos dos cerca de 12 milhões de católicos chineses continuam a celebrar a sua fé em igrejas “clandestinas”, que juram lealdade a Roma.

O Governo chinês espera que o Vaticano adopte uma postura “flexível” e “pragmática” e medidas concretas que favoreçam a melhoria das relações, afirmou Wang, citado pela agência oficial Xinhua.

O responsável não detalhou quais as medidas que Pequim espera do Vaticano.

O Partido Comunista Chinês, que governa o país desde 1949, é adverso a grupos religiosos ou cívicos, vistos como potenciais ameaças à sua autoridade.

Optimismo moderado

Em Maio de 2015, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou aos religiosos do país para se adaptarem à sociedade chinesa.

Na terça-feira, Wang reafirmou a importância da religião integrar o “patriotismo” e que se persista com a “assimilação de valores chineses pelo catolicismo”.

O Papa Francisco disse no início deste ano que Pequim e o Vaticano formaram grupos de trabalho, para abordar a questão da nomeação dos bispos, e que está “optimista” de que será encontrada uma solução.

Na semana passada, contudo, o Vaticano lamentou que a ordenação de dois bispos chineses tenha sido feita na presença de um bispo designado por Pequim e não reconhecido pelo Papa.

A Santa Sé disse ainda que aguarda os resultados do encontro desta semana e que os católicos do país podem estar confiantes no diálogo entre ambos os lados.

29 Dez 2016

China | Indignação em caso de alegada brutalidade policial

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhares de chineses pertencentes à emergente classe média do país participaram num abaixo assinado contra a decisão de uma procuradoria de Pequim de não acusar cinco polícias suspeitos da morte de um activista ambiental.

Lei Yang tinha 29 anos quando foi detido a 7 de Maio e algemado ao oferecer resistência para entrar no veículo da polícia. Pouco depois morreu afogado no próprio vómito num hospital na capital chinesa.

Segundo a decisão da procuradoria do distrito de Fengtai, emitida na sexta-feira, os cinco suspeitos, incluindo um subcomissário, “cometeram actos impróprios durante o seu trabalho que conduziram à morte de Lei e não pediram ajuda quando este se revelou doente”.

Tal comportamento requer sanções disciplinares “graves” mas não precisa de ser levado a tribunal, diz a decisão.

Num caso raro de demonstração pública de revolta da classe média chinesa contra as autoridades, dois baixos assinados foram iniciados ‘online’ por antigos estudantes universitários.

“Quando algo tão nefasto, tão difícil de aceitar, ocorre na sociedade, é como se deflagrasse um fogo interior, que sentimos nos ossos”, contou à Associated Press Yu Li, uma funcionária do ramo informático, que assinou o baixo assinado.

Os organizadores disseram não querer protestar nas ruas, por temer retaliações do Governo, mas o caso ilustra a crescente dificuldade do Partido Comunista Chinês em lidar com uma opinião pública cada vez mais exigente.

Questões como a injustiça no sistema judicial, poluição, corrupção ou escândalos de saúde pública ameaçam minar a legitimidade do partido junto de um segmento influente da sociedade.

O abaixo assinado reuniu mais de 2.400 assinaturas de antigos estudantes da Universidade Renmin, onde Liu se licenciou, e outras universidades chinesas de topo, como a Universidade Tsinghua e a Universidade de Pequim.

Entre os signatários constam académicos prestigiados e o presidente executivo de uma empresa de produtos alimentares.

Num país onde a brutalidade policial é “frequente”, o caso de Lei atraiu especial atenção devido ao seu perfil de jovem educado e activista ambiental que fazia parte de um centro de pesquisa do Estado.

Ser tansversal

Zhang Wen, um conhecido comentador chinês, disse à Associated Press que casos de injustiças contra camponeses ou trabalhadores migrantes são frequentes na China, “mas devido à sua classe social, os seus casos não geram oposição em massa ou consciencialização”.

“O caso de Lei Yang, porém, quebrou com as barreiras geográficas ou até de classe”, afirmou. “Se pode acontecer com ele, pode acontecer com qualquer um de nós. Qualquer um de nós podia ser o Lei Yang”, disse.

A Universidade Renmin, onde Lei se formou e cujo significado em português é Universidade do Povo, foi fundada pelo Partido Comunista, ainda antes da fundação da República Popular.

A maioria dos economistas, académicos e historiadores da instituição costumam apoiar as decisões do Partido.

Yu, que também assinou em protesto, disse que nunca se considerou activamente político, até que o caso de Lei o chocou.

“Nós esperávamos que este caso fosse resolvido com transparência e de acordo com a lei”, afirmou Yu, que estudou na Universidade Renmin, em 1996.

“Em vez disso, o que observamos é que o julgamento foi feito tendo em consta a estabilidade. Eles valorizaram mais a lealdade da polícia, do que as lamentações da população”, afirmou.

29 Dez 2016

Manifestantes de aldeia democrática condenados à prisão

A experiência democrática da pequena aldeia do sul da China resultou na condenação de nove aldeões acusados de perturbarem a ordem social e de efectuarem uma assembleia ilegal

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ove residentes da aldeia chinesa de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China, foram presos por “perturbar a ordem social”.

A vaga de detenções surge após em Setembro passado a aldeia ter sido palco de protestos violentos, motivados pela condenação do chefe local, Lin Zulian, por desvio de fundos públicos.

Com 13.000 habitantes, aquela localidade costeira do sul da China tornou-se um símbolo de resistência popular em 2011, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas do país.

Protestos contra a expropriação ilegal de terras culminaram com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, e a eleição de um novo comité de aldeia por sufrágio directo

Em Setembro passado, a detenção de 13 residentes de Wukan intensificou os protestos, motivando confrontos com a polícia, que acabou por bloquear o acesso à aldeia.

Nota de culpa

Nove aldeãos foram agora condenados a penas de prisão, entre dois e dez anos, por realizarem uma “assembleia ilegal”, um desfile e manifestações que “perturbaram gravemente a ordem social”.

Os réus foram também condenados por difundir informações falsas, perturbar a circulação de transportes públicos e interromper os serviços públicos, segundo um comunicado emitido na segunda-feira através do ‘site’ do Tribunal de Haifeng.

“A situação foi tão grave, que fábricas e empresas tiveram de interromper a sua produção, tendo sofrido grandes perdas”, lê-se naquela nota.

As manifestações foram suscitadas pela condenação de Lin Zulian, o chefe local da aldeia, que encabeçou os protestos, em 2011, antes de ser eleito por sufrágio directo.

Liu foi condenado em Junho passado a três anos de prisão por corrupção, depois de confessar ter aceitado subornos no valor de 590.000 yuan.

Os protestos de 2011, em Wukan, foram inicialmente vistos apenas como um levantamento popular, semelhante às dezenas de milhares que todos os anos ocorrem na China.

A morte de um dos líderes dos protestos, sob custódia da polícia, contudo, levou os residentes a bloquear as estradas que davam acesso à aldeia, conseguindo expulsar as forças de segurança durante mais de uma semana.

O Partido Comunista Chinês decidiu então recuar e fazer concepções raras, incluindo investigar as disputas de terra e permitir aos locais organizar eleições livres.

Lin Zulian, 70 anos, foi então nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores.

28 Dez 2016

China | Arrancam trabalhos para aterrar sonda no lado mais afastado da lua e em Marte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China reafirmou ontem o desejo de explorar o espaço, num livro branco em que confirma os planos para aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua e lançar a primeira sonda a Marte.

“Explorar o vasto cosmos, desenvolver a indústria espacial e converter a China num poder espacial é um sonho que perseguimos incessantemente”, lê-se no livro branco divulgado por Pequim.

O documento, que detalha os planos espaciais do país para os próximos cinco anos, refere que o programa espacial chinês tem fins pacíficos e visa garantir a segurança nacional e realizar pesquisas científicas.

Pequim põe grande ênfase no desenvolvimento da sua indústria espacial, que considera um símbolo de desenvolvimento e afirmação no cenário internacional.

O objectivo do país, ainda que não mencionado no documento, é enviar um astronauta à Lua.

Corrida contra o tempo

Enquanto a Rússia e os Estados Unidos têm mais experiência com viagens espaciais tripuladas, o programa chinês, suportado pelo exército do país, tem alcançado um rápido progresso.

A China realizou a sua primeira missão espacial tripulada em 2003. Uma década depois aterrou uma sonda na Lua.

No mês passado, dois astronautas chineses regressaram à Terra, após 30 dias no espaço, onde viveram e trabalharam no laboratório espacial Tiangong-2, na mais longa e sexta missão tripulada da China.

Pequim quer pôr uma tripulação permanente no espaço até 2022, que está prevista operar ao longo de pelo menos uma década.

O livro branco reitera os planos da China para colocar a sua primeira sonda em Marte, até 2020, visando explorar e trazer amostras do planeta Vermelho.

A missão visa também explorar o sistema de Júpiter e “conduzir pesquisas em questões científicas importantes, como a origem e evolução do sistema solar, e procurar vida extraterrestre”.

Em 2018, a China quer também tornar-se o primeiro país a aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua.

O livro branco diz que aquela sonda, a “Chang’e-4”, visa obter conhecimento sobre a formação e evolução da Lua.

28 Dez 2016

Japão | Mais medidas para prevenir mortes por excesso de trabalho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo do Japão adoptou uma série de medidas de emergência para prevenir as mortes por excesso de trabalho, após a morte de dois funcionários da agência de publicidade Dentsu.

As medidas, aprovadas na segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e noticiadas ontem pelo jornal económico Nikkei, têm como objectivo aumentar a vigilância sobre as empresas para garantir que cumprem o regulamento das horas extraordinárias.

As autoridades japonesas vão fazer inspecções surpresa às empresas e vão publicar os nomes daquelas onde se tenham registado mortes relacionadas com o excesso de trabalho, ou “karoshi”, bem como das empresas que obriguem os seus funcionários a trabalhar mais horas extraordinárias que as recomendadas por lei (80 por mês).

No passado mês de Outubro, o Governo publicou um relatório em resposta a dois casos de “karoshi” que revelou que quase um quarto dos funcionários no Japão pode exceder esse limite.

O pacote de medidas, que entrará em vigor em Janeiro, inclui algumas para aconselhar as empresas sobre as normas laborais e para promover a atenção médica e psicológica aos funcionários que precisem dela, por cansaço ou stress laboral.

Do “karoshi”

A preocupação com o excesso de trabalho no Japão reapareceu depois de, em Outubro, as autoridades terem classificado como “karoshi” o suicídio de uma funcionária de 24 anos da Dentsu, empresa líder do sector publicitário no país asiático.

A jovem chegou a trabalhar até 105 horas extra por mês, apesar dos registos da Dentsu mostrarem um cômputo dentro do limite legal.

A família denunciou que a empresa forçou a jovem a registar menos horas que as realmente cumpridas.

A funcionária, que morreu em Dezembro do ano passado e tinha entrado sete meses antes para a empresa, deixou testemunho sobre as duras condições de trabalho na sua conta de Twitter, onde detalhava dias de 20 horas diárias.

Dias depois da confirmação deste caso de “karoshi” foi estabelecido que a morte, em 2013, de outro trabalhador de 30 anos da mesma empresa aconteceu também devido ao excesso de trabalho.

O Governo japonês aprovou em 2015 uma lei para travar a epidemia de excesso laboral, ainda que a falta de rigor no registo das horas extraordinárias por parte das empresas e a disponibilidade dos funcionários para alargar as suas jornadas para receber bónus dificulte o controlo sobre esta prática.

28 Dez 2016

Veículos de Macau já podem circular na Ilha da Montanha

Os veículos de Macau já podem andar na Ilha da Montanha. A ligação foi oficialmente aberta ontem e contou com a presença de Wong Sio Chak. O secretário frisou que a cooperação com os vizinhos está ainda no início, mas é já um marco na promoção da competitividade regional

[dropcap]F[/dropcap]ontem oficialmente aberto o acesso de veículos de Macau à Ilha da Montanha. A cerimónia, que coincidiu com a comemoração do 17.º aniversário da transferência de administração, teve como representante oficial do Governo da RAEM o secretário para a Segurança. Para Wong Sio Chak, foi “uma medida muito bem ponderada”.

A abertura da ligação rodoviária entre as duas zonas está ainda na primeira fase. O secretário explicou que poderão existir mais etapas dependendo dos trabalhos que venham a ser feitos no aperfeiçoamento da ligação.

E a China aqui mais perto

O reforço da cooperação regional e o alcance de uma melhor ligação com os mercados do Interior da China e internacionais foram alguns dos aspectos sublinhados pelo governante na cerimónia da entrada em circulação de veículos de Macau na Ilha da Montanha. O objectivo, reiterou, “é a ampliação de espaço de Macau, o fortalecimento de sinergias para o seu desenvolvimento e a promoção de uma diversificação moderada da economia local”.

A abertura à circulação de veículos de Macau para este território da China Continental é fruto do incremento do mecanismo de cooperação entre a província de Guangdong, a cidade de Zhuhai e a RAEM. A ideia é promover “uma nova zona económica de classe mundial e uma comunidade com uma qualidade de vida elevada”.

DEVAGAR SE VAI AO LONGE

Se para já a medida é tomada com cautela, o objectivo das próximas fases tem objectivos mais alargados. “Acreditamos que, no futuro, esta liberdade de circulação facilitará o intercâmbio das populações de ambos os territórios, aperfeiçoando a aquisição de recursos para o desenvolvimento regional, promovendo a cooperação de complementaridade de Guangdong- -Macau, principalmente na economia de Zhuhai-Macau”, referiu o secretário. Em causa está o desejo de consolidar a cooperação, capacidade e competitividade regionais.

A ideia é promover “uma nova zona económica de classe mundial e uma comunidade com uma qualidade de vida elevada”, diz Wong Sio Chak

Para já, nem todos os veículos com matrícula de Macau vão poder circular livremente na Ilha da Montanha – têm de ter permissão das autoridades. Wong Sio Chak promete novidades para breve, sabendo-se já que o processo se vai desenrolar em diferentes fases e que terão prioridade condutores com ligações a Hengqin.

21 Dez 2016

Mulher de advogado processa gabinete de segurança chinês

A cor da revolta

[dropcap]A[/dropcap] esposa de um advogado chinês dos Direitos Humanos disse na segunda-feira que vai processar o gabinete de Segurança Pública da China, por ter sido acusada num vídeo de propaganda de fomentar uma revolução colorida”.

Wang Quanzhang, o marido de Li Wenzu, foi detido no Verão passado, após assumir vários casos envolvendo direitos civis e considerados sensíveis pelo Partido Comunista chinês.

O escritório de advogados onde trabalhava, o Fengrui, esteve no centro da “campanha 709” – assim designada por ter ocorrido a 9 de Julho do ano passado – e que resultou na detenção de 200 pessoas.

Um vídeo difundido na semana passada pelo gabinete chinês de Segurança Pública acusa os activistas de colaborarem com organizações internacionais, com o objectivo de minar a segurança nacional e fomentar uma “revolução colorida” contra o Governo.

Por duas vezes, o vídeo utiliza imagens de Li, que apela à liberta- ção do seu marido e outros detidos.

O termo “colorida” é utilizado pelas autoridades chinesas para descrever as revoltas durante a primavera árabe no Médio Oriente.

Recorrendo a imagens de refugiados sírios, o vídeo afirma: “As revoluções coloridas conseguiram converter muitos países em zonas de guerra e conflito, e as garras afiadas do diabo estão a tentar atingir também a China”.

A mensagem refere-se às “forças estrangeiras” e os chineses que acusa de servirem como seus peões. As organizações não governamentais (ONG) estrangeiras são “representantes que visam estabelecer uma base social para a revolução colorida”, afirma. O activistas na China continental e o movimento pró-democracia de Hong Kong são parte de uma conspiração para derrubar o Governo chinês, aponta.

Entre as muitas “forças estrangeiras” incluídas no vídeo está o ex-embaixador dos Estados Unidos para a China Jon Huntsman, que prediz que os jovens cibernautas chineses vão derrubar a China”.’

SUSTO E INDIGNAÇÃO

O filme mostra ainda imagens do julgamento de Zhou Shifeng, o director do escritório de advogados Fengrui, que foi condenado em Agosto passado a sete anos de prisão por “subversão do poder do Estado”, e fotografias suas com diplomatas e jornalistas estrangeiros.

“O vídeo difama desnecessariamente advogados dos Direitos Humanos, distorcendo deliberadamente a verdade, e chama-me a mim também uma agente da revolução colorida – mas eu não sei sequer qual a cor de uma revolução”, afirmou Li à agência France Presse, contando que a sua família se sente assustada e revoltada.

“A única coisa que fiz foi ir à procura do meu marido, depois de ele ter desaparecido, e eles referem-se a esta normal reacção como ‘revolução colorida’, dizendo que é o equivalente a opor-me ao partido, ao governo e a toda a sociedade.”
LI WENZU, ESPOSA DE UM ADVOGADO CHINÊS DOS DIREITOS HUMANOS

“A única coisa que fiz foi ir à procura do meu marido, depois de ele ter desaparecido, e eles referem-se a esta normal reacção como ‘revolução colorida’, dizendo que é o equivalente a opor-me ao partido, ao governo e a toda a sociedade”, nota.

Li Wenzu apresentou queixa no domingo e saberá dentro de uma semana se um tribunal de Pequim aceita ou rejeita o caso.

Se Li fosse mesmo uma agente da revolução colorida, “porque não condená-la em tribunal, em vez de sujar a sua imagem deliberadamente” nas redes sociais, refere a queixa.

Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2012, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.


Pequim devolve drone aos Estados Unidos

A China devolveu ontem aos Estados Unidos o drone submarino capturado na semana passada por um navio militar chinês, nas águas do Mar do Sul da China, num episódio que causou tensão entre os dois países. Segundo um comunicado emitido pelo Ministério de Defesa chinês, o aparelho foi devolvido ao meio- dia de ontem, depois de “negociações amigáveis” com Washington. O ministério afirmou no domingo que a captura do drone se deveu a motivos de segurança e confirmou que este seria devolvido depois do pedido do Pentágono.

21 Dez 2016

Pequim | Toca a pôr a máscara

[dropcap]P[/dropcap] estava ontem coberto por um manto espesso e cinzento, com o nível de poluição dezoito vezes mais alto ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, resultando no encerramento de escolas e voos cancelados. As autoridades chinesas emitiram um alerta vermelho, que abrange mais de vinte cidades do norte do país e 460 milhões de pessoas, pelas estimativas da organização ambientalista Greenpeace.

Na capital chinesa, a concentração de partículas PM 2.5 – as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões atinge os 450 microgramas por metro cúbico.

Em várias cidades próximas a concentração das partículas superou os 500 microgramas e em Handan, na província de Hebei, chegou a atingir os 1000.

O nível máximo de concentração recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é 25 microgramas por metro cúbico.

A imprensa estatal informou ainda que 169 voos com destino ou partida no Aeroporto Internacional de Pequim – o segundo mais movimentado do mundo – foram cancelados. Partes do sexto anel, a mais longa estrada em torno de Pequim, foram também encerradas.

DE VAGA EM VAGA

À semelhança de outras alturas em que uma vaga de poluição atinge a cidade, os hospitais registaram um ‘boom’ no fluxo de crianças com problemas respiratórios e prepararam equipas para lidar com os casos de alergias.

Fotografias difundidas pela imprensa chinesa mostram salas de espera cheias de pais com os filhos, cujas faces estão cobertas com máscaras antipoluição.

A China sofre frequentemente das piores vagas de poluição no mundo, devido à alta dependência do país da queima de carvão para produção de energia e produção fabril.

Pequim e outras cidades têm aprovado medidas para melhorar a qualidade do ar, substituindo o uso do carvão por gás natural.

O país continua, porém, a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo e o principal produtor e consumidor de carvão.

Os governos locais, que se deparam com o aumento dos preços da energia, aumentaram este ano os limites de produção diária de carvão por várias vezes.

Desde que o alerta foi emitido, na sexta-feira passada, mais de 700 empresas pararam a produção em Pequim, enquanto os automóveis particulares circulam alternadamente, de acordo com o último número da respectiva matrícula: um dia pares; noutro ímpares.

Infantários e escolas de ensino básico e médio estão também aconselhadas pelo Governo a suspender as aulas e as empresas a adoptar um horário de trabalho flexível”.

O alerta vermelho, o mais alto de um sistema de quatro cores, dura até quarta-feira.

21 Dez 2016

China | Economia abrandará em 2017

As previsões da Academia Chinesa de Ciências Sociais apontam para o ritmo mais lento de crescimento da economia chinesa desde 1990 e para a contínua desvalorização do yuan, face ao dólar

[dropcap]O[/dropcap] ritmo de crescimento da economia chinesa vai abrandar para 6,5%, em 2017, e a moeda do país vai continuar a desvaloriza-se, face ao dólar norte-americano, previu na segunda-feira o principal instituto de pesquisa do país.

A previsão surge depois de anunciados, no início deste mês, vários indicadores positivos para a segunda maior economia mundial.

Contudo, a economia “continua a sofrer uma cada vez maior pressão negativa”, armou a Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS), citada pelo site oficial .

O instituto de pesquisa prevê ainda que o yuan, que atingiu este mês o valor mais baixo dos últimos oito anos – irá desvalorizar entre 3% e 5%, face ao dólar.

Em ritmo brando

A ACCS anunciou estas previsões durante uma conferência de imprensa, realizada anualmente, três dias após os líderes chineses se reunirem para debater assuntos chave da economia.

Durante o encontro, que contou com a participação do Presidente chinês, Xi Jinping, os líderes prometeram resolver problemas urgentes da economia, sobretudo nos grupos estatais vistos como improdutivos, e no sector imobiliário, afectado por uma enorme ‘bolha’ especulativa.

No último ano, o ACCS previu que a economia iria crescer 6,7%, em 2016. Por enquanto, a previsão tem se confirmado, com o ritmo de crescimento económico a fixar-se em 6,7%, o mais baixo desde o pico da crise financeira, ao longo de três trimestres consecutivos.

Para o próximo ano, o ACCS prevê um ritmo mais lento da meta de crescimento definida por Pequim para o período entre 2015 e 2020 – entre 6,5 e 7%. Seria também o ritmo mais lento desde 1990, quando a economia do país cresceu 3,9%.

Vários factores permitiram à China atingir a meta proposta pelo Governo, incluindo um aumento do consumo interno, a recuperação no investimento em imobiliário e fortes gastos em infra-estruturas.

As importações e exportações devem cair 9,5 e 7,2 por cento, respectivamente, durante este ano, face a 2015. As importações em Novembro superaram as expectativas, pondo fim a taxas homólogas negativas.

EM MUDANÇA

Pequim está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas insustentável”, crescimento económico. O processo tem sido, no entanto, difícil.

O aumento do consumo in- terno deve abrandar de 10 para 9,5%, em 2017, refere o ACCS.

O país enfrenta ainda vários desafios, como e cesso de capacidade de produção em empresas estatais obsoletas e fuga de capital.

A eleição do norte-americano Donald Trump, que acusa a China de manipular a sua moeda e prometeu aumentar os impostos sobre os produtos chineses, acarreta também instabilidade, tendo em conta que os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do país asiático.

21 Dez 2016

Barcos e aviões dos EUA espiam em águas chinesas

[dropcap]A[/dropcap] China usou ontem o caso do drone norte-americano capturado no Mar do Sul da China para denunciar que barcos e aviões dos Estados Unidos entram regularmente nas suas águas em operações de vigilância.

“Navios e aviões dos EUA realizam operações de reconhecimento e vigilância” em “águas costeiras da China”, a informou ontem uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.

Pequim pediu a Washington para que “pare com essas operações”, a formando que a China “continuará atenta”, disse Hua, em conferência de imprensa.

Segundo a China, aquelas operações realizam-se desde há “muito tempo” e “co- locam em perigo” a segurança da navegação na zona.

Aporta-voz rejeitou confirmar, contudo, se o drone aquático norte-americano capturado pela marinha chinesa, no Mar do Sul da China, estava a realizar operações de espionagem.

O Pentágono afirmou que o drone servia para pesquisas científicas e foi capturado pela Marinha chinesa em águas internacionais.

A porta-voz do MNE rejeitou confirmar a versão norte-americana, dizendo que os detalhes concretos pertencem ao Ministério da Defesa chinês.

Na rede social Twitter, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, acusou a China de ter roubado o drone e afirmou que Pequim podia car com ele.

“Não gostamos da palavra ‘roubar’ porque não foi isso que se passou”, reagiu Hua Chunying.

O jornal Global Times considerou ontem que estes comentários revelam que falta a Trump “bom senso para liderar uma superpotência”.

Segundo Washington, o incidente ocorreu a cerca de 50 milhas náuticas a noroeste da base naval norte-americana na Baía de Subic, nas Filipinas, numa zona reclamada por Pequim e vários países vizinhos.

20 Dez 2016

China no meio das nuvens

Escolas e fábricas fechadas, voos cancelados. Mais de duas dezenas de cidades chinesas estão cobertas de fumo com os índices de poluição a registarem valores muito acima dos recomendados pela Organização Mundial de Saúde

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 23 cidades do Norte da China estão sob alerta vermelho, devido à poluição, que obrigou ao encerramento de escolas e fábricas e cancelamento de voos, enquanto um manto de fumo cobre a região.

Em Pequim, a qualidade do ar na tarde de ontem era melhor do que o previsto, com a concentração de partículas PM2.5 – as mais nas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões – a atingir os 250 microgramas por metro cúbico.
Trata-se de um nível nove vezes mais alto ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, mas ainda assim é menos de metade do máximo registado na cidade em 2015, quando superou os 600.

O alerta vermelho, o nível máximo de um sistema de quatro cores, foi emitido na sexta-feira e dura até quarta- -feira, esperando-se que a poluição se agrave ao longo dos próximos dias.

A maioria das emissões poluentes vem da queima do carvão, que sobe no Inverno, com o aumento da procura por aquecimento, gerando nuvens de poluição.

Em Shijiazhuang, capital de Hebei, a província que con na com Pequim, a concentração de partículas PM2.5 atingiu ontem à tarde 701 microgramas por metro cúbico.

Na cidade portuária de Tianjin, a 150 quilómetros da capital, mais de 180 voos foram cancelados, desde que o alerta foi emitido, segundo a televisão estatal CCTV.

As auto-estradas na cidade foram também encerradas.

DESCONTENTAMENTO GERAL

Vários hospitais em Tianjin registaram um aumento do nú- mero de pacientes com doenças respiratórias como a asma, de acordo o jornal oficial Diário do Povo.

É a primeira vez este ano que Pequim emite o alerta vermelho. A maioria das emissões poluentes vem da queima do carvão, que sobe no Inverno, com o aumento da procura por aquecimento, gerando nuvens de poluição.

Nos últimos anos, a poluição tornou-se uma das principais fontes de descontentamento popular na China, a par da corrupção e das crescentes desigualdades sociais.

20 Dez 2016

Filme chinês mais caro de sempre arrecada milhões na estreia

[dropcap]O[/dropcap] filme mais caro da história do cinema chinês, “The Great Wall”, protagonizado pelo norte-americano Matt Damon, arrecadou 465 milhões de yuan (cerca de 64 milhões de euros), no primeiro fim de semana em que foi projectado.

Segundo os cálculos elaborados em tempo real pelo portal China Box Office, o filme registou o quarto melhor início deste ano no mercado chinês de cinema, o segundo maior do mundo.

A obra, dirigida pelo chinês Zhang Yimou, custou mais de 140 milhões de euros, e relata as aventuras de um mercenário inglês, interpretado por Damon.

A história remete para uma China imaginária, onde a Grande Muralha, o monumento mais conhecido do país, foi edificada para deter a invasão por monstros que comem carne humana.

“The Great Wall” é a primeira co-produção entre a China e os Estados Unidos da produtora de Hollywood Legendary, adquirida no início deste ano por Wang Jianlin, o homem mais rico da China e presidente do grupo Wanda Group, que tem a maior rede de distribuição cinematográfica do mundo.

Um outro filme da mesma produtora, estreado este ano, o “Warcraft”, arrecadou quase 92 milhões de euros no seu primeiro fim de semana nos cinemas chineses, e alcançou receitas finais de 201 milhões de euros.

A obra com melhores resultados na estreia, este ano, na China, o “The Mermaid”, alcançou uma receita de bilheteira final de 466 milhões de euros, o melhor resultado de sempre no país.

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20 Dez 2016

China | Natalidade aumentou 5,7 por cento depois do fim da política de filho único

Depois de mais de três décadas com uma política de planeamento familiar muito restritiva, a China acabou com a política de filho único há um ano. A natalidade subiu e muitas pessoas que não se puderam registar constam agora dos assentos de nascimento. Mas existe um enorme problema para resolver: há 13 milhões de vidas que não sabem como recuperar o tempo perdido

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China termina este ano – o primeiro em que todas as famílias estiveram autorizadas a terem dois filhos depois de mais de três décadas de política de filho único –, com 17,5 milhões de nascimentos, o que representa um crescimento anual de 5,7 por cento. O número de nascimentos é o maior registado pelo país este século.

O número, revelado pelo diário oficial Global Times, compara com os 16,55 milhões de nascimentos registados no ano passado, e demonstra um “crescimento estável” da natalidade após a flexibilização das políticas demográficas. Além disso, está de acordo com as expectativas, segundo responsáveis da Comissão de Planeamento Familiar e Saúde que, na semana passada, se reuniram para analisar os primeiros efeitos destas reformas.

Os segundos filhos que nasceram em 2016 têm, à partida, um destino bem diferente daqueles que, de 1978 para cá, foram tidos por casais que já tinham uma criança. O fim da política de filho único veio acabar com um problema para muitas famílias e permitir o registo de pessoas que, até agora, não existiam para as autoridades, mas há um problema que atravessa já duas gerações que parece ser difícil de resolver: as pessoas que, por terem vivido na sombra, perderam a possibilidade de estudar, de arranjar um emprego, de terem um vida normal.

A residir em Pequim há 23 anos, Li Xue nunca frequentou uma escola, nem sequer durante um dia. A China tem um sistema de educação que prevê nove anos de ensino gratuito, mas Li ficou de fora do esquema. Também nunca teve, em 23 anos, qualquer apoio da segurança social. Não tinha autorização para casar, encontrar um emprego ou abrir uma conta bancária. Li Xue é a segunda filha dos seus pais. Por causa da política de filho único, em vigor entre 1978 e 2015, a jovem não fazia parte dos números oficiais da população chinesa.

Li contou à Reuters que os pais tentaram registá-la quando nasceu na esquadra da polícia, mas os funcionários recusaram o pedido e pediram uma carta de autorização da comissão de planeamento familiar local, um requisito essencial para se ter um segundo filho.

Sem carta para mostrarem às autoridades, os progenitores da jovem tinham de pagar uma avultada multa para poderem registar a filha. Sem possibilidades para tal, Li Xue não entrou nos registos de nascimento chineses.

Ao longo dos anos, a família fez vários esforços para legalizar a situação da jovem. Com o anúncio do fim da política de filho único e a autorização para um segundo descendente, Li conseguiu finalmente obter um documento que prova a sua existência.

A mudança de política do controlo da natalidade fez com que pessoas na situação desta jovem tentem agora recuperar os anos perdidos, ainda que com a sensação de que o reconhecimento oficial do direito à existência chegou demasiado tarde e sem a certeza de que as autoridades as vão ajudar a recuperar o que ainda for possível reaver.

Li Xue não pôde ter uma educação formal e lutou para aprender sozinha, recorrendo aos livros da biblioteca que eram requisitados em nome da irmã mais velha, uma vez que a família não tinha condições financeiras para contratar um professor particular.

“A minha mãe foi despedida do trabalho porque eu nasci”, conta a jovem, numa entrevista na casa onde a família vive em Pequim, uma habitação sem casa de banho e com um duche improvisado. “Tínhamos de viver, os quatro, com o salário muito baixo do meu pai.”

A mãe de Li, Bai Xiuling, recorda que a filha costumava chorar quando via as outras crianças a caminho da escola. “Ela queria estudar, mas não podia. A minha filha perdeu nove anos de ensino gratuito. Não há dinheiro que possa comprar o tempo que perdeu e que já não volta”, afirma a antiga operária fabril.

São 13 milhões no escuro

De acordo com os censos mais recentes, conduzidos em 2010, a China tem 13 milhões de cidadãos na situação de Li Xue, sem estarem registados – é quase um por cento da população do país.

A política do filho único foi uma implantada pelo governo da República Popular da China nos finais da década de 1970 com o objectivo de reduzir o crescimento populacional e facilitar o acesso da população do país a um sistema de saúde e educação de qualidade.

“A maior parte destas pessoas são crianças que nasceram enquanto a política de filho único esteve em vigor”, explica Jiantang Ma, o homem que liderava o Gabinete Nacional de Estatísticas da China aquando da realização dos censos.

Um estudo feito no ano passado pela Academia de Pesquisa Macroeconómica, sob a alçada da Comissão para a Reforma e o Desenvolvimento Nacional, permitiu concluir que quase metade dos cidadãos chineses que não estão registados são analfabetos ou não têm qualquer tipo de educação formal.

Durante os anos de vigência da política de filho único, os segundos filhos não podiam ser registados no sistema de residência do país, a não ser que fosse paga uma pesada multa, uma regra que foi seguida com raras excepções.

Também os filhos nascidos fora do casamento são considerados uma violação das regras apertadas de planeamento familiar, pelo que os casais que não contraíram matrimónio são obrigados a pagar uma multa para registar os filhos, dinheiro que nem sempre têm.

A China é dos poucos países do mundo com um sistema de registo de residência – o “hukou” – que contém informação como nascimentos e casamentos. Uma pessoa sem um “hukou” não tem acesso a serviços públicos (como educação e sistema de saúde) e está impedida de casar, de encontrar um emprego e até de abrir uma conta bancária.

A ligação entre a “política de filho único” e o “hukou” é controversa, com as autoridades governamentais chinesas a dizerem que o sistema de registo de residência é aberto a todos os cidadãos, sem quaisquer pré-requisitos. Mas as famílias afectadas argumentam que há uma ligação clara.

“Apesar de o ‘haikou’ e a política de filho único não deverem estar juntos, as autoridades locais têm relacionado estes dois aspectos durante anos porque descobriam que é uma forma de obrigar as famílias a obedecerem à lei de planeamento familiar”, comentou à Reuters Youshui Wu, responsável por um escritório de advogados em Zhejiang.

Youshui Wu, que ajudou muitos casais chineses a registarem os segundos filhos, acrescenta que existe ainda em torno desta questão um lado económico: as multas pesadas a que estavam obrigados os casais prevaricadores eram uma fonte lucrativa de receitas para as autoridades locais.

Casa de portas fechadas

Dados recolhidos pelo advogado em 24 governos ao nível provincial, disponibilizados pelas autoridades, mostram que, só em 2012, a China arrecadou mais de 20 mil milhões de yuan em multas pagas por casais que tiveram um segundo filho sem autorização prévia. “Nenhum destes governos foi capaz de fornecer informações sobre o modo como estas verbas foram aplicadas”, explicou Wu.

Wenzhuang Yang, um alto responsável da Comissão Nacional de Planeamento Familiar e Saúde, nega que a “política de filho único” e as punições que lhe estão associadas tenham contribuído para impedir o registo a milhões de cidadãos.

Numa conferência de imprensa este ano, o responsável disse que a comissão fez o que podia para remover os obstáculos criados pelas autoridades locais no registo de residência e que muitos cidadãos sem assento de nascimento foram agora incluídos no sistema ‘hukou’.

Chunyan Liu, uma professora de Inglês solteira, conta que não teve capacidade financeira para suportar a multa que teria de pagar pelo nascimento da filha, que esteve sete anos sem ser registada. Em Abril deste ano, a criança passou a constar dos registos nacionais. “A multa em Pequim era muito elevada. Pensei muitas vezes nisso, mas era impossível deixar as autoridades saberem que tive uma filha sem permissão”, diz.

Por não ter um ‘hukou’, a filha da professora não teve acesso a cuidados de saúde pagos pelo Governo. Também não podia comprar um bilhete de comboio ou sair do país. “Quando outros pais levavam as crianças à Disneylândia de Hong Kong, nós não nos atrevíamos sequer a pensar nisso.”

“A minha filha tem agora sete anos e nunca pôs os pés fora de Pequim”, relata ainda, confessando que continua preocupada com a possibilidade de as autoridades lhe exigirem o pagamento da multa.

Apesar de toda a história pessoal que carrega, Liu considera ter “sorte”. No ano passado, tentou encontrar uma escola para a filha estudar, mas não conseguiu, por causa da falta de um registo de residência. “Agora, ela tem tudo aquilo que precisa para poder frequentar uma escola pública”, diz.

A filha de Liu ainda vai a tempo de não ficar excluída de educação. Mas o destino de muitos foi bem diferente: os investigadores da Academia de Pesquisa Macroeconómica dizem que mais de metade dos chineses sem registo já fizeram 18 anos.

Muitos destes adultos não só viram vedados o acesso à escola, como tiveram dificuldades adicionais na procura de emprego, uma vez que não dispõem de documentação legal para serem contratados. O trabalho de investigação dá o exemplo de Liu Wei, da província de Henan, que não teve escolha: foi trabalhar para uma mina de carvão. Depois de a exploração ter fechado portas, ficou desempregado, uma vez que não conseguia arranjar um novo posto. Acabou a dormir na rua durante cinco anos.

Em 2012, a China arrecadou mais de 20 mil milhões de yuan em multas pagas por casais que tiveram um segundo filho sem autorização prévia.

Os filhos de quem não existe

O isolamento social é um problema que não pertence a uma só geração, com os investigadores a mostrarem dúvidas sobre os efeitos do fim da política de filho único para esta fatia da população. “Muitas pessoas sem registo cresceram e começaram as suas próprias famílias, dando assim início à segunda geração de crianças sem documentação”, escrevem os autores do relatório da Academia de Pesquisa Macroeconómica.

Wenzheng Huang, especialista em demografia e antigo professor assistente em Harvard, explica que Pequim tentou encontrar formas de resolver o problema depois de os censos de 2010 terem colocado em destaque o facto de existirem 13 milhões de cidadãos chineses sem registo.

“Tanto quanto sei, muitos desses segundos filhos ou filhos fora do casamento têm agora um ‘haikou’. O Governo Central começou a tratar do registo de residência de forma séria”, afirma o académico. “As autoridades reconheceram que a existência de tantas pessoas sem registo é um problema muito sério. Não só representa um preço muito elevado no desenvolvimento social, como tem causado uma enorme dor a muitas famílias.”

19 Dez 2016

Pequim diz que capturou ‘drone’ dos EUA por segurança 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério da Defesa chinês disse que a captura de um ‘drone’ submarino norte-americano por parte da marinha foi devido a motivos de segurança e que vai devolver o aparelho conforme pedido do Pentágono.

Em comunicado divulgado na noite de sábado, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Yang Yujun acusou também o Pentágono de “exagerar” o incidente ocorrido na quinta-feira nas águas do Mar da Sul da China, algo que considerou “inapropriado”.

O Departamento da Defesa norte-americano garantiu este sábado que tinha chegado a um “entendimento” com Pequim para a devolução daquele veículo não tripulado que, segundo Washington, se dedicava a trabalhos de investigação científica.

Yang explicou que um barco chinês que navegava no Mar do Sul da China localizou na tarde de quinta-feira um aparelho não identificado e que, para evitar causar algum dano ao navio ou aos seus tripulantes, decidiu examiná-lo “de maneira profissional e responsável”.

Uma vez realizados esses testes, acrescentou o porta-voz chinês, verificou-se que se tratava de um ‘drone’ submarino dos Estados Unidos, pelo que, após comunicarem com os norte-americanos, as autoridades asiáticas aceitaram devolvê-lo.

O porta-voz da Defesa chinês lamentou que o Pentágono tenha tornado público o assunto “de forma unilateral” e “exagerada”, o que, afirmou, não ajudou a resolver a disputa.

Yang criticou, por outro lado, a prática de os Estados Unidos enviarem navios e aviões de combate para realizar missões de reconhecimento nas águas chinesas.

“A China opõe-se veementemente a estas actividades e pede à parte norte-americana que as detenha. A China continuará a vigilância contra estas relevantes actividades dos Estados Unidos e tomará as medidas de resposta necessária”, advertiu o porta-voz.

Mar concorrido

O incidente do ‘drone’ no Mar do Sul da China coincidiu com a publicação esta semana, por parte do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS) de Washington, de imagens de satélite que alegadamente mostram a instalação de armamento militar em ilhas artificiais construídas por Pequim nessas águas.

A Malásia e o Vietname, que disputam com a China a soberania de vários arquipélagos no Mar do Sul da China, manifestaram a sua preocupação por essas defesas militares, enquanto as Filipinas disseram na sexta-feira que não vão protestar por isso.

19 Dez 2016

Jogo | Investidores de Macau interessados no mercado nipónico

Está decidido: Tóquio aprovou ontem legislação que permite o estabelecimento de casinos em “resorts integrados”. É um mercado muito apetecível para os magnatas estrangeiros com interesses em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s grandes operadores internacionais de casinos estão interessados em marcar presença no Japão, um mercado potencialmente lucrativo que acaba de ser liberalizado, apesar dos fortes receios no país em torno do jogo compulsivo e do aumento da criminalidade organizada.

Ontem de manhã, o parlamento nipónico aprovou a legislação que viabiliza a criação de “resorts integrados”: hotéis com equipamentos de entretenimento e casinos.

O magnata da Crown Resorts, James Packer, apesar de ter perdido o interesse em Macau e de estar a concentrar os seus negócios na Austrália (ver texto nesta página), é alegadamente um dos vários operadores do sector que vê com interesse uma presença no Japão, explica o Guardian. O jornal recorda que, depois do caso da detenção de funcionários da Crown na China, a empresa australiana considera mais interessante entrar na terceira maior economia do mundo.

No entanto, a Crown e outros possíveis candidatos vão ter de convencer as autoridades japonesas de que são capazes de promover o jogo responsável e de que sabem como integrar casinos no negócio da hospitalidade.

“As autoridades japonesas vão dizer aos operadores estrangeiros o que é que precisam de fazer”, comentou uma fonte do sector ao Guardian. “Isto significa que, para se ter uma presença no Japão, vai ser necessário jogar pelas regras nipónicas.”

Sands, Wynn, Crown

Há muito que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, lutava pela legalização do jogo no Japão, argumentando que teria um impacto positivo na revitalização da economia, na sequência da chegada de turistas chineses com muito dinheiro para deixar nos casinos.

A legislação foi aprovada, apesar dos avisos dos políticos da oposição e dos especialistas em saúde mental, que alertaram para a possibilidade de um aumento do jogo compulsivo – um problema social no país – e de uma maior actividade da criminalidade organizada, nas mãos da yakuza.

Tóquio, Yokohama e Osaka estão entre as cidades que vão poder acolher casinos, depois de os operadores estrangeiros terem passado anos a fazer lobby junto das autoridades nipónicas para poderem ter acesso a um mercado muito apetecível.

O Instituto de Pesquisa Daiwa explica que há apenas três empresas do sector capazes de gerar receitas líquidas no valor de 10 mil milhões de dólares americanos – o equivalente a 0,2 por cento do Produto Interno Bruto japonês. Numas estimativas recentes, o banco de investimento CLSA dizia que o mercado japonês poderá render receitas brutas na ordem dos 30 mil milhões de dólares por ano.

Dois dos operadores com casinos em Macau – Sheldon Adelson, da Las Vegas Sands, e Steve Wynn, da Wynn Resorts – visitaram ou enviaram representantes para ajudarem no lobby pró-legalização. Também a Crown terá estado em contacto com as autoridades do país para mostrar interesse em explorar um casino logo nas primeiras concessões a serem atribuídas.

Macau alerta

Os primeiros casinos não estarão prontos a tempo dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020, uma vez que ainda vai ser necessário produzir uma série de legislação para decidir o número e a localização dos casinos, as regras de acesso ao mercado e questões fiscais. A perspectiva mais optimista aponta para que as primeiras salas de jogo abram portas em 2022.

Também a MGM Resorts International vê vantagens de negócio no Japão. “A razão pela qual toda a gente tem estado a gastar o seu tempo com esta questão é que o potencial é enorme”, diz James Murren, presidente da empresa com sede em Las Vegas. O Japão, acrescenta, “vai tornar minúsculo o mercado de Singapura e poderá ser extraordinariamente lucrativo para todos os investidores, bem como para o mercado imobiliário”.

Há analistas que acreditam que o Japão pode bater Las Vegas e tornar-se o segundo maior centro de jogo do mundo, logo a seguir a Macau. Para o analista da Union Gaming Grant Govertsen, a trabalhar na RAEM, a liberalização do sector no Japão representa “a próxima e, talvez, única grande oportunidade de desenvolver ‘resorts integrados’ de grande escala na Ásia”.

Por cá, a perspectiva de legalização do jogo em solo nipónico estava a ser acolhida sem grandes dramatismos, com os especialistas na matéria a recordarem que o mercado sector em Macau vive dos visitantes da China Continental. No entanto, tem havido alguns alertas para o impacto, a médio prazo, de uma concorrência regional que Singapura não foi capaz de fazer.

Ontem, num comentário à imprensa, o secretário para a Economia e Finanças disse estar atento ao que se passa no Japão. Lionel Leong acrescentou que “vai acompanhar de perto” o processo de legalização, nomeadamente no que diz respeito ao regime fiscal, para avaliar o impacto do desenvolvimento do jogo em Macau.


Melco Crown menos australiana

O magnata James Packer vai vender quase metade da fatia de 27 por cento que detém na Melco Crown Entertainment. A operação vai fazer com que Lawrence Ho passe a ter uma posição maioritária na empresa, ao adquirir 14 por cento das acções do empresário australiano, num negócio avaliado em 1,6 mil milhões de dólares americanos.

16 Dez 2016

Autoridades anti-monopólio investigam General Motors 

A investigação, que deverá resultar em multa, surge na sequência das declarações de Donald Trump sobre a China. O Presidente eleito dos EUA já por diversas vezes ameaçou taxar os produtos chineses em 45%.

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades anti-monopólio da China estão a investigar o fabricante de automóveis norte-americano General Motors, numa altura de crescente tensão entre Pequim e o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, avança a imprensa chinesa.

Na edição de quarta-feira, o jornal oficial em língua inglesa China Daily noticiou que a China vai multar um construtor de automóveis dos EUA, devido a conduta monopolista.

Uma punição será “em breve” anunciada contra uma empresa norte-americana por pedir aos distribuidores para concertarem os preços, escreveu o jornal, em notícia de primeira página.

O China Daily cita o director da agência chinesa encarregue de controlar os preços, parte da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão máximo do planeamento económico.

Questionado sobre a multa, na quarta-feira, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang disse desconhecer os detalhes, acrescentando que a China acolhe as empresas norte-americanas, mas que estas têm de respeitar as regulações locais.

Um representante da General Motors, o maior fabricante de automóveis dos EUA, afirmou que a empresa “cumpre integralmente com as leis e regulações locais onde quer que opere” e rejeitou “comentar especulações da imprensa”.

Ameaças presidenciais

A notícia surge depois de no domingo passado Trump ter afirmado que não entende por que motivo é preciso estar “amarrado à política ‘Uma só China'”, a menos que seja feito “um acordo com a China sobre outras coisas, incluindo no comércio”.

O futuro inquilino da Casa Branca aceitou na semana passada a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, quebrando com 40 anos de protocolo da diplomacia norte-americana.

A China considera um insulto grave qualquer referência ao líder de Taiwan como “chefe de Estado”, visto que considera a ilha parte do seu território.

Trump, que assumirá o cargo em 20 de Janeiro, já ameaçou por várias vezes taxar os produtos chineses em 45%.

Não seria a primeira vez que os reguladores chineses penalizam fabricantes de automóveis estrangeiros, depois de em 2014 terem multado em milhões de dólares empresas alemãs e japonesas, originando acusações de proteccionismo.

Em editorial, o China Daily escreve na mesma edição que Trump “não tem margem” para utilizar Taiwan como moeda de troca.

“Mas visto que as suas sonantes declarações, feitas antes de assumir o posto, revelam que o seu real interesse é no comércio, vamos então falar de comércio”, lê-se.

O jornal cita o exemplo da General Motors, realçando que o fabricante vendeu na China mais de um terço do total de 10 milhões de veículos que vendeu no ano passado em todo o mundo.

“Para a economia norte-americana se tornar grande de novo”, acrescenta, “os EUA devem reforçar as suas relações com a China, em vez de as destruir”.

16 Dez 2016

Taiwan | Pequim diz que declaração de independência é “via sem saída”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China avisou ontem Taiwan que uma declaração de independência seria uma “via sem saída”, depois de a líder da ilha ter telefonado ao Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

A posição de Pequim em opor-se e bloquear a “independência separatista de Taiwan” é “firme e inabalável”, afirmou ontem An Fengshan, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, citado pela imprensa oficial.

“Temos uma irresolúvel vontade, grande confiança e capacidade suficiente”, disse. “Os factos mostrarão a essas pessoas que a independência de Taiwan é uma via sem saída”, apontou.

Os comentários surgem depois de o próximo Presidente dos EUA ter aceitado na semana passada a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, quebrando com 40 anos de protocolo da diplomacia norte-americana.

A China considera um insulto grave qualquer referência ao líder de Taiwan como “chefe de Estado”, visto que considera a ilha parte do seu território.

Outros capítulos

No domingo, Trump foi mais longe e afirmou que não entende por que motivo é preciso estar “amarrado à política ‘Uma só China'”, a menos que seja feito “um acordo com a China sobre outras coisas, incluindo no comércio”.

Na segunda-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, avisou Trump de que quem desafiar a posição de Pequim na questão de Taiwan “levantará uma pedra para apenas esmagar os seus próprios dedos”.

Depois de a guerra civil chinesa ter acabado, em 1949, com a vitória do Partido Comunista da China (PCC), o antigo Governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.

Pequim defende a “reunificação pacífica” com Taiwan, mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar independência.

As relações entre Taipé e Pequim atravessam um período de renovada tensão, desde de Tsai, a primeira presidente mulher da ilha e céptica face à aproximação com a China, ter assumido o cargo, em Maio passado.

15 Dez 2016