China | Livro Branco destaca combate à miséria

A constatação é oficial: a redução da pobreza é a grande prova dos progressos da China em matéria de direitos humanos. Em termos globais, 70 por cento das pessoas que saíram da miséria são chinesas, aponta um livro branco publicado ontem em Pequim

[dropcap style]D[/dropcap]esde a abertura da China ao mundo e o início das reformas do país, mais de 700 milhões de pessoas saíram da pobreza. O número faz parte de um livro branco publicado ontem pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado. “Depois de anos de tentativas e testes, a China acumulou muita experiência na promoção dos direitos humanos através do desenvolvimento orientado para a redução da pobreza”, lê-se no documento, que fala de “um novo modelo de alívio da pobreza de características chinesas”.

Para combater um dos principais problemas sociais do país, o Governo Central criou fundos especiais que, entre 2011 e 2015, chegaram aos 189,84 mil milhões de yuan, com um aumento anual médio de 14,5 por cento. “As autoridades vão continuar a destinar mais fundos para que seja possível o combate à pobreza nos próximos cinco anos”, assinala o livro branco, amplamente divulgado pela agência oficial Xinhua.

No final do ano passado, a China continuava a ter 55,75 milhões de pessoas que viviam na pobreza – o equivalente à população de um país de dimensão média. Pequim pretende acabar com o flagelo até 2020.

A educação primeiro

O relatório indica que, entre 2011 e 2015, o Governo Central deu prioridade à educação como forma de erradicar a pobreza. Para assegurar o acesso dos cidadãos ao sistema de ensino, as autoridades adoptaram medidas para promover a educação obrigatória, diminuir o fosso entre as zonas rurais e urbanas e melhorar as infra-estruturas ligadas à educação nas áreas mais carenciadas. Foram ainda criados mais subsídios e bolsas para estudantes.

Nos últimos três anos, Pequim gastou 83,1 mil milhões de yuan na renovação de escolas, para viabilizar o programa de ensino obrigatório, e destinou 14 mil milhões de yuan para a construção de dormitórios que albergam cerca de 300 mil professores em zonas rurais remotas.

Nas áreas rurais menos desenvolvidas – sobretudo no centro e no oeste do país –, o número de crianças a frequentar jardins-de-infância aumentou cerca de 30 por cento, de 21,53 milhões, em 2011, para 27,89 milhões, no ano passado.

Foram atribuídos subsídios para professores que leccionam nas províncias mais pobres, beneficiando um milhão de docentes em 600 condados.

Há mais números: um programa de educação específico para as áreas que lutam contra a pobreza envolveu 183 mil alunos em 832 condados, entre 2012 e 2015. Já nos últimos dois anos, o crescimento médio do número de estudantes das zonas rurais a entrar no sistema universitário foi superior a 10 por cento.

Menores protegidos

“Para garantir que o direito das crianças à segurança social, à educação e a outros serviços públicos é efectivamente salvaguardado nos esforços de combate à pobreza, a China introduziu um sistema e serviços inclusivos de segurança social, e levou a cabo trabalhos para o encorajamento da protecção de menores”, aponta ainda o livro branco.

“O país também promoveu o estabelecimento de um sistema de resgate e protecção de crianças ao nível dos condados, vilas e aldeias”, refere o documento. Os números oficiais reconhecem que cerca de 10 mil menores desaparecem todos os anos, mas há organizações internacionais de defesa dos direitos humanos que falam em 70 mil sequestros.

O relatório explica que, desde 2011, mais de metade dos condados chineses implementaram um programa de melhorias da alimentação para os estudantes das zonas rurais que frequentam o ensino obrigatório. O projecto implicou um investimento público de 67 mil milhões de yuan, beneficiando 33,6 milhões de alunos.

Em 2012, o Governo tinha já apresentado um programa de nutrição de crianças para as zonas mais carenciadas, disponibilizando gratuitamente bens alimentares para bebés entre os seis e os 24 meses. Só no ano passado, Pequim atribuiu 500 mil milhões de yuan para este programa, que beneficia 2,11 milhões de crianças em 341 condados.

Lá fora também

Não é só dentro de casa que a China tem estado a combater a pobreza, assinala o livro branco ontem publicado sobre a matéria da autoria do Gabinete de Informação do Conselho de Estado. Num texto publicado pela agência Xinhua, destaca-se que Pequim tem ajudado activamente outros países em desenvolvimento na resolução dos problemas relacionados com a miséria.

Durante as mais de seis décadas desde o estabelecimento da República Popular da China em 1949, Pequim disponibilizou quase 400 mil milhões de yuan a 166 países e organizações internacionais, enviou mais de 600 mil trabalhadores humanitários, prestou assistência médica a 69 países e ajudou mais de 120 países em desenvolvimento a atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, enumera o relatório. Além disso, em várias ocasiões a China perdoou os juros de empréstimos a nações fortemente endividadas e menos desenvolvidas.

O livro branco sublinha que a China pretende aumentar a cooperação com países em vias de desenvolvimento e organizações internacionais em matéria de combate à pobreza e direitos humanos: Pequim vai “partilhar conceitos avançados e a experiência acumulada nesses campos através da ajuda externa, projectos de cooperação, transferência tecnológica e intercâmbio entre gabinetes de estudo”.

O Gabinete de Informação do Conselho de Estado assegura que o compromisso da China em relação ao combate à pobreza “representa o sentido de responsabilidade no mundo”. Assim sendo, o Governo Central vai “continuar a honrar as obrigações internacionais atendendo ao estado do seu próprio desenvolvimento”.

O relatório de 2015 dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio indica que a proporção de pessoas que vivem na extrema pobreza na China caiu para metade, de 61 por cento, em 1990, para 30 por cento, em 2002 – em 2014, o número tinha baixado para 4,2 por cento, recorda o livro branco.


O que diz a Human Rights Watch

Os números do livro branco ontem publicado por Pequim mostram uma redução efectiva da pobreza, mas os problemas em termos de direitos humanos do país ensombram a conquista das últimas décadas, considera a analista Maya Wang, investigadora da Human Rights Watch.

Numa reacção ao documento da autoria do Gabinete de Informação do Conselho de Estado, Maya Wang começa por dizer que “é inegável que as pessoas na China ganharam muito em termos materiais ao longo dos últimos anos”, mas salienta que se trata do resultado de um trabalho conjunto. “Considero que é justo dizer-se que a melhoria das condições de vida se deve à acção do Governo Central, mas não só: é também o resultado do trabalho muito árduo das pessoas que viviam na miséria e que conseguiram sair da pobreza. Portanto, é uma combinação entre a acção do Governo e os esforços da própria população”, destaca a investigadora.

Wang ressalva que “continua a haver muita pobreza na China e o nível de desenvolvimento do país é muito desequilibrado”, e diz também que “o esforço contínuo de luta contra a pobreza acaba por ser manchado pelo facto de o Governo Central continuar a restringir direitos humanos essenciais, como a liberdade de informação e de expressão”. A analista dá o exemplo de cidadãos das zonas rurais a quem são, de forma indevida, expropriadas as terras e que, “se se queixarem, são detidos ou punidos de outra forma pelas autoridades”. “Existem poucos canais para que as vítimas deste tipo de injustiças possam apresentar queixa e obter justiça de forma pública”, nota.

ISABEL CASTRO

18 Out 2016

China | Lançada com êxito missão ao Espaço com dois astronautas

Com o lançamento da nave tripulada “Longa Marcha 2F”, esta segunda-feira, a China continua a tentar aproximar-se da Europa e dos Estados Unidos nas conquistas espaciais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou ontem com êxito a missão espacial tripulada Shenzhou-11, com dois astronautas a bordo, que deverão passar um mês no espaço, no laboratório Tiangong-2.

O foguetão “Longa Marcha 2F” foi lançado sem problemas às 07:30 locais, a partir do centro de Jiuquan, na província de Gansu, no deserto de Gobi, segundo os responsáveis pela missão.

Uma câmara colocada dentro da cápsula permitiu ver os dois astronautas, Jing Haipeng e Chen Dong, durante todo o lançamento e chegada à órbita terrestre.

Esta é a sexta missão que a China envia para o espaço com astronautas a bordo e será a mais longa, se tudo correr como planeado.

Os dois tripulantes da nave Shenzhou-11 permanecerão 33 dias em órbita. A missão anterior demorou 15 dias.

Jing Haipeng, de 50 anos, faz a sua terceira viagem espacial e comanda a nave, levando consigo o estreante Chen Dong, de 37 anos.

O principal objectivo da missão Shenzhou-11 é verificar o correcto funcionamento dos sistemas do laboratório Tiangong-2 e começar os preparativos para a futura estação espacial chinesa, que as autoridades de Pequim esperam ter a funcionar até 2022.

Os dois astronautas farão ainda experiências científicas, que incluem projectos em colaboração com instituições académicas e outros propostos por estudantes do ensino secundário de Hong Kong sobre medicina, física espacial ou botânica.

Pequim tem vindo a investir no seu programa espacial, na tentativa de acompanhar os progressos dos Estados Unidos da América e da Europa.

Anunciou em Abril que quer enviar uma nave espacial “perto de 2020” para orbitar Marte, aterrar e colocar um ‘rover’ para explorar a superfície do Planeta Vermelho.

Pequim vê o programa espacial como um símbolo do progresso da China e da sua emergência como potência mundial.

No entanto, até agora, tem reproduzido apenas actividades em que os Estados Unidos e a União Soviética foram pioneiros há várias décadas.

Parabéns presidenciais

O presidente chinês Xi Jinping enviou uma mensagem de felicitações pelo lançamento bem-sucedido da nave espacial tripulada.

Xi expressou enviou mensagens de parabéns a todos os investigadores e funcionários envolvidos na missão assim como aos astronautas.

Pediu que os funcionários da missão garantam a boa realização das metas planeadas, encorajando-os a “abrir novos caminhos de forma constante para o programa espacial tripulado, para que o povo chinês dê maiores passos e avance mais na pesquisa do espaço, e faça novas contribuições para construir a China numa potência espacial”, relata a Xinhua.

O Presidente chinês enviou a mensagem de Goa, onde participou na 8º Cimeira dos BRICS.

18 Out 2016

Japão | Comité especial debatee abdicação do imperador

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comité estabelecido pelo governo do Japão para estudar a abdicação do imperador Akihito começou ontem a deliberar opções para dar andamento à situação, que não consta na Constituição do país.

O comité especial foi formado em Setembro, depois do monarca, de 82 anos, ter expressado publicamente o desejo de delegar o trono ao seu filho Naruhito antes da sua morte, devido à idade saúde delicada.

O que sair do grupo de especialistas pode abrir caminho para reformar o papel da Casa Imperial, instituição submetida a uma estrita legislação que não é modificada desde 1947.

O governo quer que este comité envie o mais breve possível uma série de recomendações para poder activar uma legislação especial que não requeira uma emenda da Constituição, processo que actualmente é longo e complexo demais, para cumprir os desejos de Akihito.

Apesar de só a abdicação póstuma estar prevista na lei vigente de 1947, no passado metade dos 125 imperadores que ocuparam o trono puderam deixar o trono.

O objectivo do governo japonês é apresentar o projecto de lei específico ao parlamento no começo de 2017, para permitir a abdicação do imperador, algo que a maioria dos cidadãos parece aprovar nas pesquisas efectuadas.

A saúde do imperador Akihito ficou debilitada nos últimos anos, já que se submeteu a uma operação coronária de “by-pass” em 2012 e sofreu de cancro de próstata em 2003, e ainda teve osteoporose devido ao efeito do tratamento hormonal que lhe foi receitado.

18 Out 2016

Eleições de 2017 na Tailândia vão para a frente

Num momento de incerteza política, a imprensa do país garante que a junta militar vai cumprir com a palavra dada. As eleições gerais que podem devolver o poder aos civis estão marcadas para o próximo ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] morte do rei tailandês não vai afectar a realização das eleições do próximo ano planeadas pela junta militar no poder. A garantia é dada pela imprensa do país, numa altura em que os tailandeses lamentam a morte do rei Bhumibol, que esteve sete décadas no trono.

O desaparecimento do monarca, na passada semana, tem causado fortes dúvidas sobre o destino político do país. A junta militar prometeu eleições gerais para 2017, para que o poder executivo possa voltar a ser exercido por civis, mas a instabilidade gerada pela morte do rei levou a que tivesse sido colocada a possibilidade de um adiamento do sufrágio – uma hipótese que é afastada pelo Bangkok Post.

“O Governo reafirmou o compromisso em relação ao roteiro para as eleições gerais agendadas para o final do próximo ano”, escreve o diário da capital. À agência Reuters, um porta-voz da junta militar declinou fazer comentários. “Esta não é a altura apropriada para discutir política”, afirmou Weerachon Sukondhapatipak.

O rei Bhumibol ganhou a devoção dos tailandeses pelos esforços feitos para ajudar as zonas rurais empobrecidas, incluindo projectos de desenvolvimento do sector agrícola. Era ainda visto como uma figura consensual num país marcado por uma forte instabilidade política.

A junta militar veio assegurar, logo depois da morte do rei, que a economia e o Governo vão continuar a funcionar de forma normal. “Vai tudo continuar a ser feito de acordo com o planeado”, vincou o vice-primeiro-ministro Wissanu Krea-ngam numa entrevista transmitida, no final da passada semana, pela emissora estatal de televisão.

Entretanto, a Reuters conta que o Governo tem aumentado a censura aos órgãos de comunicação social estrangeiros desde a morte do rei, com destaque para a estação de televisão BBC, que sofreu várias interrupções durante o passado fim-de-semana. O chefe da diplomacia tailandesa criticou a cobertura ao desaparecimento do monarca feita pelos media estrangeiros, dizendo que as reportagens de alguns têm “natureza manipuladora e provocadora”.

As autoridades declararam um ano de luto oficial pela morte do rei. O príncipe herdeiro, Vajiralongkorn, pediu para a sua coroação ser adiada até estar cumprido o período de luto.

Na terça-feira da semana passada, dois dias antes da morte do rei, o Governo recebeu a proposta final para a nova Constituição do país, aprovada em Agosto num referendo e que para entrar em vigor terá de ser ratificada pelo rei do país. A junta militar, no poder desde o golpe de Estado de Maio de 2014, colocou como condição para convocar eleições e restabelecer a democracia a aprovação da nova Constituição.

No domingo, a junta militar expressou lealdade ao príncipe herdeiro, para acabar com a incerteza sobre a sucessão ao trono.

18 Out 2016

Tailândia | Morte do rei gera futuro incerto no país

No país das praias e do tempo quente prevê-se um período de instabilidade política que ninguém sabe quanto tempo vai durar. A morte do rei tailandês Bhumibol Adulyadej, que sempre foi um símbolo de unidade no país, traz um problema por resolver: o filho e herdeiro do trono é boémio, rebelde e distante da população

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão fossem os militares a fazer a vénia à sua frente ninguém acreditaria que aquele homem cheio de tatuagens nas costas e uma camisola branca, com a barriga a descoberto, fosse o herdeiro do trono tailandês. Este foi o episódio mais recente das muitas rebeldias cometidas por Maha Vajiralongkorn, aos quais se juntam os divórcios e casamentos e a nomeação de um caniche como tenente-geral da Força Aérea. Agora que o pai, Bhumibol Adulyadej, morreu ao fim de 70 anos de reinado, a sucessão do trono está em risco.
A morte daquele que era o rei com mais tempo de trono (agora o lugar foi dado à rainha Isabel II de Inglaterra) deixou os tailandeses inconsoláveis. Já foi decretado luto nacional por um período de um ano, durante o qual os funcionários públicos irão vestir-se de preto e não poderá haver a participação em festividades nacionais.
Para Francisco José Leandro, docente da Universidade de São José (USJ), os tempos são de incerteza. “O rei da Tailândia tem um papel fundamental em termos de unidade nacional, e nesse sentido vamos ver como vai ser a sucessão com o herdeiro, que parece que tem um carácter e um perfil bem diferente do pai. Mas a Tailândia passa agora por um momento difícil com a nova ordem constitucional, com a mudança do sistema político e com um papel diferente em termos do equilíbrio das várias forças. Vai ser um período difícil.”
O docente considera que a monarquia tailandesa não preparou bem o cenário de sucessão, já que o príncipe herdeiro está longe de ser adorado pelos tailandeses. Muitos analistas referem que não está sequer preparado para ocupar o cargo que lhe está destinado.
“O que estranho é que os monarcas preparam bem a sua sucessão, do ponto de vista do envolvimento na sociedade e participação nos actos sociais e na vida política. Quer-me parecer que não foi o caso da Tailândia. Isso cria uma certa incerteza. Em Espanha o rei abdicou mas houve uma transição normal, havia uma identificação com o príncipe Filipe. Não creio que isso aconteça na Tailândia. Acho que o papel do rei da Tailândia era muito pessoal e não constitucional, era mais uma figura por si só e não pelo cargo que ocupava”, acrescentou Francisco José Leandro.

Junta Militar à parte

A Tailândia tem atravessado um período conturbado em termos políticos, sendo que esta morte só vem adensar mais o cenário após a adopção de uma nova Constituição pela Junta Militar. Mas o académico Arnaldo Gonçalves acredita que esta não vai interferir no processo de sucessão.
“A curto prazo, enquanto não se decidir a sucessão, vai haver uma situação de instabilidade. Tudo depende de como for gerido, vão haver reuniões do conselho executivo e há quem fale de ser a princesa (Maha Chakri Sirindhorn, filha mais nova do rei) a assumir o cargo, de ser uma melhor alternativa (contudo, o país não permite a subida de mulheres ao trono). Vamos ter que deixar amadurecer a situação, para perceber qual a situação de poder na corte, para ver quem tem mais poder para assumir esse papel. Não me parece que a Junta Militar vá interferir no processo.”
Para Francisco José Leandro, o rei tailandês era adorado como uma pessoa calma e de comportamento exemplar, e não tanto por ser o monarca do país. “O rei da Tailândia tinha um património, uma influência junto da população conquistada ao longo de um grande período histórico, e é algo que o sucessor ao trono não tem. Acho que agora tem de haver um espaço de afirmação do herdeiro e vamos ver como isso vai ser encarado pela população tailandesa.”
Não é certo ainda se o cenário do fim da monarquia se coloca. “O papel das monarquias tem sido dependente da realidade dos estados. Na Ásia temos exemplos como o do Japão, que neste momento está a lidar com a sucessão do imperador. A monarquia pode sair ou não, tudo vai depender de como a sucessão se vai fazer.”

O medo do turismo

Sendo um país onde o turismo é a principal actividade económica, já começam a surgir sinais de que esta não é a altura mais indicada para viajar para o país, postura que Arnaldo Gonçalves condena.
“A decisão dos agentes de Hong Kong é um disparate. Estamos num período de precaução, mas a actividade económica continua a existir. Nos próximos dias acredito que haja alguma instabilidade, porque vão haver funerais de Estado, mas quem vai para as praias…não tem de haver limitação. Não houve alterações significativas à segurança do país.”
Mais uma vez é a prudência a fazer-se ouvir. “As agências fazem isso no sentido do alarmismo mas de uma certa prudência, porque ninguém sabe o que vai acontecer. Tivemos um referendo há pouco tempo, foi alterada praticamente a ordem constitucional. É difícil fazer prognósticos”, rematou Francisco José Leandro.

Governo de Macau expressa condolências

Sónia Chan, Chefe do Executivo interina (Chui Sai On está em viagem oficial na China) enviou uma mensagem de condolências pela morte do rei tailandês. Segundo um comunicado oficial, o Executivo defendeu tratar-se de um monarca que “durante o longo reinado de setenta anos, dedicado ao seu país e ao seu povo, liderou a Tailândia pelo caminho do desenvolvimento estável e usufruindo sempre do profundo amor e estima de seus súbditos”. Sónia Chan referiu ainda que “manifesta a sua consternação pelo facto e expressa os mais profundos pêsames a todos os membros da Casa Real e ao povo da Tailândia”.
Entretanto, na quinta-feira, milhares de tailandeses estiveram presentes à frente do palácio real para homenagear o rei Bhumibol, depois de 79 anos de um reinado que será seguido por um período de regência. O príncipe herdeiro Maha Vajiralongkorn, de 64 anos, surpreendeu ao pedir um “prazo” antes de subir trono, deixando por agora o país sem monarca.
Neste contexto, os militares precisaram que em virtude da Constituição, Prem Tinsulanonda, até agora chefe do conselho privado do rei, será o regente por um prazo não especificado. Tinsulanonda tem 96 anos mas continua muito activo e é descrito pelos analistas como a eminência parda do palácio que mexe as cordas na cena política, nomeadamente os golpes de Estado militares.
Esta regência “será temporária pois actualmente o trono está vago”, declarou à imprensa o vice-primeiro-ministro Wissanu Krea-Ngam. Prem Tinsulanonda, antigo general e ex-primeiro-ministro, era até agora o principal conselheiro do rei defunto.

Ano de luto

Na sexta-feira, o príncipe herdeiro conduziu, no seio do palácio, o ritual budista do banho do corpo do seu pai, primeira etapa de uma longa série de ritos que vão durar um ano.
Desde o anúncio da morte do monarca na quinta-feira à noite, a capital Banguecoque tem alternado entre o branco e o negro. O Governo, que anunciou um período de luto de um ano, afirmou temer uma ruptura de «stocks’ no país.
Bhumibol Adulyadej, hospitalizado quase continuamente nestes dois últimos anos, não apareceu em público há cerca de um ano. No entanto, o monarca foi a figura paterna do reino, reconfortante para muitos tailandeses que vivem na ideia de que ele era o “pai da nação” depois de décadas de propaganda, reforçada por uma lei de lesa majestade rigorosa.
O último golpe de Estado em Maio de 2014 foi realizado para salvar a monarquia por um exército ansioso para entrar na cena política com a aproximação da sucessão, enquanto a personalidade do príncipe herdeiro preocupa muitos tailandeses.
O príncipe passou grande parte do seu tempo na Alemanha e a sua personalidade, considerada instável, está a ser debatida, mesmo pelos assessores do palácio e generais no comando do governo, disseram analistas.

17 Out 2016

China | Da fábrica de aço a motorista da Uber

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]iao Yu tinha uma “tigela de ferro” (expressão em chinês para emprego vitalício), numa firma do Estado, que lhe valia 4.000 yuan (quase 550 euros) por mês. No início deste ano, a sua vida mudou.
“A empresa acumulava prejuízos e deixou de pagar aos trabalhadores. Demiti-me e vim para Pequim”, contou à agência Lusa o jovem chinês de 29 anos, natural da província de Hebei. “Agora, sou motorista da Uber”.
Antes de partir rumo à capital, Xiao trabalhou na indústria siderúrgica, um dos sectores mais afectados pelo excesso de capacidade de produção na China.
O país asiático produz mais aço do que os outros quatro gigantes do sector – Japão, Índia, EUA e Rússia – combinados.
Bruxelas e Washington culpam a produção chinesa, que dizem estar “completamente descoordenada” da procura do mercado, pela queda do preço do aço, o que coloca em risco milhares de emprego na Europa e EUA.
Em Fevereiro passado, Pequim anunciou que reduzirá a capacidade de produção do sector até 150 milhões de toneladas, nos próximos anos.
Na indústria do carvão, alumínio ou cimento, o panorama é idêntico, e o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social da China calcula que, até 2020, só nas indústrias do aço e carvão, o país extinguirá 1,8 milhão de postos de trabalho.
Mas o Governo chinês prefere falar em “transição do modelo económico” e apela a uma “visão compreensiva” da economia chinesa.
“Uma visita a uma unidade da indústria pesada talvez dê a impressão de que a economia está a enfraquecer, mas numa zona tecnológica sente-se pujança económica”, argumentou o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Março passado.

Na prática

Xiao Yu personifica esse cenário. “A trabalhar com a Uber ganho 13.000 yuan por mês. Deduzindo os gastos com gasolina, fico com 8.000 yuan “, contou.
É um valor duas vezes superior ao que Xiao ganhava na fábrica de aço, justificado também pelas longas jornadas ao volante: “em média, trabalho 15 horas por dia”.”Mas é a vantagem da Uber: cria emprego para quem de outra forma não teria sustento”, explicou.
A terra natal de Xiao, Handan, no interior de Hebei, foi durante décadas um importante marco da industrialização chinesa.
“A cidade antiga de Handan deve rejuvenescer como a capital do aço”, proclamou o antigo líder comunista, Mao Zedong, em 1958, no início do “Grande Salto em Frente”, uma campanha que visou “acelerar a transição para o comunismo”, através da colectivização da agricultura e a mobilização da população para a produção de aço.
Aquela campanha acabaria por se revelar um desastre, mas as estatais do sector siderúrgico fundadas na região ganhariam novo ímpeto décadas mais tarde, com a entrada da China na globalização.
O país asiático absorveu então as indústrias “sujas” do ocidente, atraídas pela mão-de-obra barata e falta de regulamentos ambientais.Um exemplo emblemático desse processo é o alto-forno utilizado pela Handan Iron and Steel, a principal produtora de aço de Handan. Nos anos 1990, a estrutura foi desmantelada e enviada, peça por peça, desde o Vale do Ruhr, na Alemanha, onde durante o século XX foi utilizada pela ThyssenKrupp, a maior fabricante de aço germânica. Hoje, Handan é uma das cidades mais poluídas da China, com o seu céu quase sempre coberto por um espesso manto de poluição.
As partículas tóxicas no ar, contudo, deixaram de ser o único problema em Handan: “Agora, é também muito difícil encontrar lá emprego”, disse Xiao.
“Para quem trabalha nas indústrias do aço e mineração é cada vez mais difícil garantir sustento”, explicou.
Da última vez que falou com a Lusa, Xiao tinha acabado de se mudar de Pequim para Qingdao, cidade balnear, na costa noroeste do país, que foi no passado uma concessão alemã e famosa pelo seu festival de cerveja anual.
Através do Wechat (o Whatsapp chinês) o jovem enviou uma foto do mar.
“Aqui, os salários não são altos, mas o céu está sempre azul. Em Pequim ou em Handan, o céu está quase sempre enegrecido”, observou.

17 Out 2016

Angola | Chineses arrancam com reabilitação de barragem

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] obra de reabilitação e reforço de potência no aproveitamento hidroeléctrico no rio Luachimo, construída ainda no período colonial português na província angolana da Lunda Norte, financiada por um banco chinês, vai permitir fornecer electricidade a 186.371 famílias.
O anúncio foi feito pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, de visita à província e que na quinta-feira consignou a empreitada, avaliada em 210 milhões de dólares, à empresa China Gezhouba Group Company (CGGC).
A barragem data de 1958, no tempo colonial português, construída então para servir sobretudo o sector mineiro, e a obra de reforço de potência da barragem que agora arranca permitirá fornecer electricidade, dentro de três anos, à cidade do Dundo e a outras localidades vizinhas.
O plano do Governo angolano para o sector eléctrico daquela província diamantífera no interior norte do país compreendia, numa primeira fase, a reabilitação e o reforço da produção de energia em Luachimo, de oito para 36 megawatts, bem como a recuperação de nove antigas subestações eléctricas do tempo colonial, paralisadas há 30 anos.

Grande empreitada

A Lusa noticiou em Agosto último que esta empreitada vai ser financiada em 160 milhões de euros pelo banco chinês Industrial and Commercial Bank of China (ICBC).
A informação consta de um documento do Ministério das Finanças a que a Lusa teve acesso, referente à execução orçamental nos primeiros três meses de 2016, referindo com isso que já este ano foi garantido o financiamento junto do ICBC para cobrir 85 por cento do investimento necessário.
A empresa portuguesa COBA foi contratada em Agosto de 2014, por 7,5 milhões de euros, para elaborar o projecto de execução, assistência técnica especial, aprovação de projectos dos equipamentos electromecânicos e eléctricos da barragem.
Envolve, além da reabilitação e reforço de potência, a construção de uma segunda central, sendo justificada pelo Governo angolano face às “projecções de crescimento da procura de energia eléctrica” no país, a médio e a longo prazo, e em função disso pela “necessidade de aumento acentuado da capacidade de produção”.
A obra tem uma duração prevista de 37 meses, e a também portuguesa Efacec foi contratada em 2014, por 83 milhões de dólares, pela NIARA POWER, enquanto subcontratada da companhia chinesa CGGC, responsável pela empreitada, para fornecer equipamentos geradores.
Envolverá globalmente a reabilitação dos equipamentos da barragem já existente e a construção de uma nova central hidroeléctrica, que será equipada com quatro novos grupos geradores de nove megawatts cada um.

17 Out 2016

Pequim pode usar Base das Lajes para pesquisa científica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, admitiu que a base aérea das Lajes pode ser usada pela China se os Estados Unidos não renovarem o acordo de exclusividade, mas apenas para fins científicos e não militares. “Temos um acordo com os Estados Unidos, e queremos continuar com esse acordo, mas respeitamos a decisão” dos norte-americanos, disse António Costa numa entrevista difundida hoje pela agência de informação financeira Bloomberg. “A base nos Açores é muito importante em termos militares, mas também em termos de logística e tecnologia e pesquisa nas águas profundas e de alterações climáticas”, disse António Costa.
Perante a insistência do jornalista da Bloomberg sobre a utilização da base aérea pela China, Costa admitiu: “Claro que é uma boa oportunidade para criar uma plataforma de pesquisa científica e estamos abertos a cooperação com todos os parceiros, incluindo a China”. O primeiro-ministro vincou, no entanto, que “o uso militar da base não está em cima da mesa, o que está em cima da mesa é reutilizar a infra-estrutura para fins de pesquisa”. “Seria uma enorme pena não usar a infra-estrutura, e se não para fins militares, porque não para pesquisa científica”, questionou o chefe do Executivo no final da entrevista.

Mo man Tai

Antes, já António Costa tinha garantido que Portugal não tem qualquer problema com os investimentos chineses, que classificou de muito positivos para a economia. “Portugal tem sido sempre uma economia aberta, e o investimento chinês tem sido muito positivo, particularmente no sector financeiro, mas também na energia e noutros, por exemplo, o investimento chinês permitiu recapitalizar os nossos bancos”, disse António Costa. Sobre a banca, disse aliás que “no final do ano esperamos ultrapassar os problemas com os bancos” e ter “uma solução com crédito malparado”.
Questionado sobre se está confortável com a diversidade de áreas em que o investimento da segunda maior economia do mundo tem estado a ser feito, António Costa disse sentir-se “bastante confortável” e exemplificou que também há investimento avultado de Espanha e Angola. “Queremos uma economia aberta, queremos diversificar as fontes de investimento, e vemos isso como uma vantagem e não como uma desvantagem”, vincou o chefe do Governo.
Questionado sobre as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia, Costa disse estar “confiante de que as relações centenárias entre os dois países vão permanecer fortes”.

14 Out 2016

Tailândia | Morreu o rei Bhumibol Adulyadej

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, morreu ontem aos 88 anos, anunciou o palácio real, num culminar de uma série de problemas de saúde que se arrastavam há quase um ano. “Às 15:52, morreu pacificamente no hospital Siriraj”, refere um comunicado. “A equipa médica foi inexcedível, mas a sua condição deteriorou-se”, acrescentou a nota do palácio real.
Todas as cadeias de televisão interromperam a emissão e transmitiram um anúncio especial, que começou com imagens a preto e branco do rei. Um homem, de fato e camisa pretos, leu a mesma declaração, divulgada minutos antes.
A 9 de Outubro, o palácio real tinha anunciado que o estado de saúde do monarca tailandês “não estava estabilizado” e tinha sido colocado sob respiração assistida, depois de a tensão arterial ter baixado quando estava a ser preparado para diálise e mudança de um dreno. Durante os últimos meses, o palácio real publicou regularmente comunicados sobre o estado de saúde do rei, que sofria de insuficiência renal.
Nos últimos dois anos, Bhumibol Adulyadej esteve quase sempre hospitalizado devido a infeções bacterianas, dificuldades respiratórias, problemas cardíacos e hidrocefalia – acumulação de líquido cefalorraquidiano no cérebro.

Adorado e venerado

Bhumibol Adulyadej chegou ao poder em 9 de Junho de 1946, depois da morte do irmão mais velho, o rei Ananda Mahidol, vítima de um acidente com arma de fogo, no palácio real de Banguecoque. O acidente ficou até hoje por explicar. No início do reinado, já depois da abolição da monarquia absoluta no país, em 1932, o papel do rei foi ensombrado por uma série de líderes militares fortes.
Mas com o apoio de outros membros da família real e alguns generais, Bhumibol Adulyadej fortaleceu o papel da monarquia, com uma série de visitas às províncias mais remotas e através de numerosos projectos de desenvolvimento agrícola. Apresentado como um semideus e benfeitor da nação, as suas imagens são omnipresentes no país e o culto da personalidade foi reforçado após o golpe de Estado de 22 de Maio de 2014, realizado pelos militares em nome da defesa da monarquia.
Sem qualquer prerrogativa constitucional, Bhumibol Adulyadej exerceu uma enorme autoridade moral e foi sempre visto como a única personalidade capaz de unir os tailandeses. Oficialmente, o rei está acima da política, mas Bhumibol interveio em alturas de grande tensão – 1973, 1981 e 1992 -, assistindo a numerosos golpes militares, 19 constituições e ainda mais primeiros-ministros, para encontrar soluções não-violentas em algumas crises. Alguns críticos contestaram esta versão e argumentaram que Bhumibol Adulyadej apoiou golpes militares e, por vezes, não denunciou violações dos direitos humanos.
Cada vez mais fraco e doente, o rei assistiu em Maio de 2014 a mais um golpe de Estado, que colocou no poder o general Prayuth Chan-o-cha. Três meses depois, em Agosto, o rei apoiou formalmente Prayuth no cargo de primeiro-ministro.
Nascido em Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos), Bhumibol Adulyadej viveu e estudou na Suíça até final da Segunda Guerra Mundial. Em 2006, recebeu do então secretário-geral da ONU Kofi Annan o primeiro prémio de mérito de Desenvolvimento Humano.
Bhumibol Adulyadej era o monarca há mais tempo no poder e venerado na Tailândia, onde é visto como uma figura unificadora no país marcado por rivalidades políticas. O herdeiro do trono da Tailândia é o príncipe Maha Vajiralongkorn, de 64 anos, que tem vivido grande do tempo no estrangeiro e não tem gozado do mesmo consenso que o seu pai. Há quem preveja tempos difíceis no reino do Sião.

14 Out 2016

Xi Jinping quer o Partido a gerir empresas estatais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da China, Xi Jinping, afirmou ontem que a liderança das empresas estatais do país cabe ao Partido Comunista Chinês (PCC), depois de o Conselho de Estado ter apelado a uma reforma no sector público.
Xi sublinhou que devem ser feitos esforços para reforçar e melhorar o controlo do partido nessas empresas, de forma a torná-las mais “fiáveis”, informou a agência oficial Xinhua.
Na segunda-feira, o executivo chinês apelou à fusão de empresas estatais, para reduzir o número de firmas que operam no mesmo sector e aumentar o seu tamanho, e à entrada de capital privado no sector público.
O gabinete apelou às firmas estatais para que incorporem a participação de privados através da transferência de ações, aumentos de capital ou novas emissões de títulos.
Numa outra directriz, o executivo ordena aos bancos do país que troquem as dívidas por títulos da empresa, nos “casos de firmas com dificuldades temporárias”, mas com “potencial a longo prazo”.
Ambos os documentos vão de encontro às recomendações de organismos como o Fundo Monetário Internacional, que visam tornar o sector estatal chinês mais rentável.
Das três empresas chinesas que surgem entre as 10 maiores companhias do mundo, na lista das “500 mais” elaborada pela revista Fortune, todas são estatais, ilustrando um sistema que a China designa como “economia de mercado socialista”. A maior de todas é a China State Grid, que em 2012 comprou 25% da REN (Redes Energéticas Nacionais).
Estes grupos são directamente tutelados pelo governo central chinês, através de um organismo conhecido como SASAC (State-owned Assets Supervision and Administration Commission).

13 Out 2016

Agências de viagens portuguesas ansiosas por voos directos para a China

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) considera que o início de voos directos entre a China e Portugal em Junho é “uma excelente notícia”, admitindo que há muito trabalho a fazer na adequação da oferta. “É com toda a certeza uma excelente notícia que nos deixa obviamente muito satisfeitos. E mais uma oportunidade para o turismo nacional que competirá às empresas explorar, como tenho a certeza o farão”, disse o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira.
O responsável admitiu também que “há, certamente, muito a fazer para adequar a oferta às especificidades do mercado chinês”, acrescentando que “este é um trabalho que se impõe”, sabendo-se que se está “a falar do primeiro mercado emissor mundial” de turistas.
Na terça-feira, o Turismo de Portugal anunciou que a ligação aérea directa da China a Portugal arranca em Junho de 2017, com três a quatro frequências por semana, de acordo com o protocolo assinado entre este organismo e o grupo HNA (Beijing Capital Airline). A HNA, accionista da companhia aérea Azul, controlada pelo empresário David Neeleman – um dos donos da TAP -, obteve autorização para lançar uma rota para Portugal no início de Junho deste ano.
O desenvolvimento da negociação da ligação directa China – Portugal é uma parceria entre três entidades portuguesas – o Turismo de Portugal, a ANA Aeroportos e a Associação Turismo de Lisboa (ATL), referiu o organismo.
O Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, considerou que “a assinatura do protocolo reforça o compromisso de ambos os países em avançar na cooperação para o crescimento dos fluxos turísticos da China para Portugal”. De acordo com o Turismo de Portugal, até Julho de 2016, e face ao mesmo período de 2015, o número de turistas chineses que visitaram Portugal cresceu 21,6%, tendo passado de 87.045 em 2015 para quase 106.000 em 2016.
A TAP deverá fazer um acordo de partilha de voos com o grupo HNA, que a partir de Junho terá a primeira ligação directa entre a China e Portugal, à semelhança do que faz com três dezenas de outras companhias.
A partilha de voos, designado ‘codeshare’, é um acordo de cooperação pelo qual uma companhia aérea transporta passageiros cujos bilhetes tenham sido emitidos por outra empresa, com o objectivo de disponibilizar aos passageiros mais destinos do que uma só companhia aérea poderia isoladamente.
Na prática, a TAP deverá vir a comercializar directamente voos para a China – nos aviões da HNA – e a companhia aérea chinesa também poderá vender voos da TAP, por exemplo, para o Brasil ou África.
No final de Setembro, David Neeleman anunciou que a TAP se preparava para lançar em cooperação com o grupo chinês HNA quatro voos directos semanais entre Lisboa e Pequim.
Nessa altura, o empresário brasileiro e norte-americano explicou que o grupo HNA só pretendia fazer dois voos semanais, mas que as conversações permitiram chegar aos quatro, revelando ter esperança que a frequência aumente no futuro. “Há 120 milhões de pessoas que viajam para fora da China todos os anos, nós só queremos 1% ou um pedaço de 1%, já seria muito bom para Portugal”, afirmou então David Neeleman.

13 Out 2016

Localistas de Hong Kong desafiam a China na primeira sessão da legislatura

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns dos novos deputados de Hong Kong manifestaram-se ontem contra a “tirania” da China ao prestarem juramento na tomada de posse no Conselho Legislativo, levando à suspensão da sessão. A primeira reunião da nova legislatura acontece após a eleição, no mês passado, de vários novos deputados que apoiam uma maior autonomia e até a independência de Hong Kong.
Antes de assumirem as funções, os deputados devem fazer um curto juramento, em que declaram que Hong Kong é uma “região administrativa especial” da China. Pelo modo como o fizeram, viram os seus juramentos recusados.
O Governo tinha alertado os deputados que arriscavam perder os assentos se não prestassem o juramento de forma adequada. Nathan Law, de 23 anos, o mais jovem deputado do hemiciclo e antigo líder dos protestos pró-democracia de 2014, fez um discurso emocionado antes de prestar juramento. “Podem acorrentar-me, podem torturar-me, podem até destruir o meu corpo, mas nunca vão conseguir prender a minha mente”, disse.
De cada vez que se referiu à China durante o juramento, Law mudou o tom de modo a tornar a palavra numa pergunta. Law, que pede a autodeterminação de Hong Kong, foi um dos principais líderes do Movimento dos Guarda-Chuvas, em 2014, que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, pedindo reformas democráticas.
Dois novos deputados pró-independência, Baggio Leung e Yau Wai-ching, adicionaram as suas palavras antes do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Leung envergou uma bandeira com as palavras “Hong Kong não é China”. Ambos prestaram depois o juramento por inteiro, em inglês, mas recusaram-se a pronunciar “China” correctamente.
O novo deputado Eddie Chu, que apoia a realização de um referendo sobre o futuro da soberania de Hong Kong, gritou: “Autodeterminação democrática! A tirania vai morrer!” após o seu juramento.
Lau Siu-lai, também antiga ativista do Movimento dos Guarda-Chuvas, leu todas as palavras do juramento a passo de caracol, fazendo com que alguns deputados pró-Pequim saíssem da sala.
O secretário do Conselho Legislativo disse a Leung, Yau e a outro deputado pró-democracia que não podia “administrar” os seus juramentos já que os tinham modificado.
A sessão foi suspensa após Law se recusar a voltar ao seu lugar, questionando o porquê de o secretário ter recusado os juramentos dos três deputados.

13 Out 2016

Síria | Pequim e Moscovo cerram fileiras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lguns aspectos da cooperação russo-chinesa na Síria podem ser discutidos pelos líderes dos dois países nas margens da cimeira do BRICS em Goa (Índia), afirmam especialistas russos. A recente declaração do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Li Baodong, sobre o facto dos dois países terem o mesmo ponto de vista a propósito da situação no Afeganistão e na Síria, levantou a “lebre”.
A 10 de Outubro, em Pequim, o diplomata declarou que o presidente chinês Xi Jinping tem planos de realizar um encontro com o seu homólogo russo Vladimir Putin à margem da cimeira do BRICS, durante a qual os dois políticos devem discutir os temas mais importantes da agenda internacional e regional.
Li Baodong destacou também que, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a China e a Rússia já coordenam as suas posições em questões globais e regionais. Assim, na semana passada, a China votou no Conselho de Segurança duas resoluções sobre a Síria contra o projecto francês, e esse projecto não foi adoptado porque a Rússia usou o seu direito de veto.
Logo após considerar o projecto francês, o Conselho deveria votar no projecto proposto pelo lado russo. Em 9 de Outubro, o documento foi enviado para ser analisado pelo enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura. O documento estava relacionado com a retirada dos militantes da Frente al-Nusra de Alepo e com os acordos entre a Rússia e os EUA sobre a Síria. A China apoiou o projecto russo, juntamente com a Venezuela e Egipto, que representa no Conselho de Segurança o Médio Oriente e o Norte de África. Mas a proposta russa não recebeu o número necessário de votos e não foi adoptada, facto que levou o representante permanente da China na ONU, Liu Jieyi, a mostrar-se desapontado.

Posições unânimes e coordenadas

O director do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Pequim, Jia Lieying, disse que a Rússia e a China defendem uma posição coordenada na ONU relativamente à Síria. “O que vemos agora é apenas a continuação da tendência para a apresentação de posições unânimes. A China e Rússia opõem-se de forma unânime à queda do poder político no país, trabalham para garantir que os problemas internos sejam resolvidos, no que diz respeito à situação nesse país e que não haja interferência nos assuntos de qualquer país sob pretexto da defesa dos direitos humanos”, disse o especialista. Ele considera também que o trabalho conjunto russo-chinês ajudará a resolver a crise síria.
Os observadores da situação política na região também chamam a atenção para o facto da China reforçar o seu papel na regularização do problema sírio. O especialista em Médio Oriente Stanislav Tarasov referiu a esse respeito as informações divulgadas pelos media ocidental de que na Síria já estão presentes conselheiros militares chineses: “Claramente, está a ser realizada uma comparação, conciliação e coordenação de acções relativamente à Síria entre a Rússia e a China. Os representantes dos dois países agem em conjunto no Conselho de Segurança da ONU, sem mencionar os diferentes fóruns”, disse.
Tarasov sublinha que os projectos russo-chineses têm a ver com a manutenção da integridade territorial da Síria e, caso isso seja feito, a experiência poderá ser aproveitada noutros países da região como o Iraque, Iémen, Líbia e Afeganistão. Tarasov pensa que a coordenação de posições entre os dois países permite agir na arena internacional de forma mais decisiva.
O especialista russo em questões militares Vladimir Evseev afirma que o líder chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin discutirão entre 15 e 16 de Outubro em Goa os pormenores dos passos conjuntos na Síria. “A China tem interesses multifacetados na Síria. Em primeiro lugar, o reinício da exploração do petróleo, que antes da guerra foi controlada de forma significativa pelo lado chinês. Segundo, é a obtenção de experiência militar. A Síria, de facto, é o único lugar em que a China pode treinar e obter experiência de combate, tanto relativamente à força aérea como às tropas terrestres e sobretudo às forças especiais”, disse. Os interesses chineses na região também incluem o fato de o país se posicionar como centro global de poder, destacou também o especialista russo.

12 Out 2016

Alibaba anuncia parceria com empresa de Steven Spielberg

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]bilionário chinês Jack Ma, fundador do gigante de comércio electrónico Alibaba, anunciou ontem uma parceria com o realizador Steven Spielberg, para a produção e distribuição de filmes, na mais recente investida chinesa em Hollywood. A Alibaba Pictures, uma subsidiária do grupo Alibaba, comprou uma posição minoritária na Amblin Partners, empresa de criação de conteúdo para cinema, que inclui os estúdios DreamWorks e é detida por Spielberg. O negócio permitirá às empresas co-financiar e co-produzir filmes para as audiências chinesa e estrangeira, detalhou o Alibaba em comunicado. A subsidiária do Alibaba terá também um lugar no conselho de administração da Amblin. Os valores do negócio não foram revelados.
Numa conferência de imprensa em Pequim, este domingo, Spielberg disse que a parceria vai permitir “trazer mais da China para os Estados Unidos da América e levar mais dos EUA para a China”, refere o comunicado. Jack Ma observou que, apesar dos EUA e China “terem diferenças culturais”, a empresa vai “focar em histórias humanas e servir de ponte entre os dois países”.
A parceria permitirá à Amblin colocar os seus filmes nas plataformas ‘online’ de transmissão de vídeo do grupo Alibaba, como o Youku Toudu, o Youtube chinês.
Trata-se do mais recente negócio com capital chinês em Hollywood, num fluxo iniciado pelo grupo Wanda. Em 2012, o Wanda adquiriu a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA e da britânica Odeon & UCI Cinemas, presente no mercado português, onde é o segundo maior distribuidor.
No início do ano, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares.
A importação de filmes, na China, é monopólio do Estado e está sujeita a cotas. Normalmente, o país mais populoso do mundo importa apenas 34 filmes por ano, a maioria dos quais norte-americanos. Para contornar aquela restrição, os estúdios de Hollywood têm procurado parcerias com empresas locais. “Existe muito dinheiro chinês a entrar em Hollywood e muita gente propõe-nos parcerias”, disse a presidente do Alibaba Pictures, numa entrevista publicada no site da empresa.
As salas de cinema na China bateram, em 2015, um novo recorde ao superar 40.000 milhões de yuans, um aumento superior a 48%, em comparação com o ano anterior.

11 Out 2016

Carros ‘Made in China’ invadem mercado americano

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de uma vida a comprar carros produzidos nos Estados Unidos, em Agosto, Greg Shafer saiu de uma loja de Columbus, no Estado de Ohio, ao volante de um Buick Envision. O seu novo veículo, de US$ 40 mil, é um dos primeiros modelos produzidos na China a ser vendido nos EUA. Shafer, de 53 anos, achou que a origem do carro desportivo não era um problema porque “quando o diriges e experimentas todos os recursos, está longe de parecer um automóvel chinês”.
A crescente dependência da indústria automobilística dos EUA de fábricas mexicanas tornou-se num tópico importante na campanha presidencial deste ano. Enquanto isso, clientes como Shafer dão um impulso à estratégia da General Motors Co. de produzir carros na China. A maior montadora dos EUA em vendas começou a oferecer o Buick Envision chinês nas suas revendedoras da América do Norte no fim do primeiro semestre, importando um número relativamente pequeno de veículos para impulsionar a marca Buick. Agora, os revendedores estão a pedir mais carros porque dizem que a maioria dos seus clientes não se importa com o local em que eles são fabricados.
“Tem tido muito pouca rejeição”, diz Chris Haydocy, sócio da concessionária Haydocy Buick GMC, onde Shafer comprou seu novo automóvel. “A maioria das pessoas reconhece que o mundo agora é plano.”
Escolher modelos importados da Ásia, como Coreia do Sul e Japão, já é uma rotina para compradores de automóveis nos EUA, e muito do desdém inicial a esses produtos desapareceu à medida que os veículos importados se tornaram a norma. Os planos da Ford Motor Co. de investir US$ 1,6 mil milhões numa nova fábrica de carros no México tornou-se um símbolo da exportação de empregos da indústria americana nos debates eleitorais. A participação do México na produção da América do Norte dobrou nos últimos 10 anos, para 20%, com a maior parte da produção destinada aos EUA.
O rótulo “made in China” é novo para as montadoras americanas e traz receios em relação à qualidade. Carros com mau acabamento e componentes ultrapassados foram exibidos pelas montadoras chinesas em salões de automóveis nos EUA durante anos, mas nunca foram disponibilizados para venda.
A crescente reputação da China de fabricar produtos de consumo de alta qualidade como o iPhone, da Apple Inc., tornou mais aceitável para os consumidores americanos a ideia de carros feitos no país, diz Michael Dunne, consultor de estratégia e investimentos da Dunne Automotive Ltd., de Hong Kong.
A decisão da GM de importar o Envision, revelada no ano passado, irritou os trabalhadores das montadoras nos EUA. O sindicato do sector considerou-a “uma bofetada na cara dos contribuintes americanos”, que apoiaram financeiramente a GM no resgate do governo ao sector automóvel.
A GM afirmou que a estratégia faz sentido porque a linha de produção americana do Buick, que é uma das principais marcas em vendas na China, não conseguiu responder à procura nos EUA quando os preços baixos da gasolina tornaram os carros desportivos atraentes de novo para os americanos. Com ampla capacidade para produzir o Envision na fábrica da província chinesa de Shandong, os executivos decidiram fabricar dezenas de milhares de unidades lá e enviá-las para os EUA.
“Esta é a vantagem de ter uma forte presença nos dois maiores mercados do mundo”, diz o director da GM na América do Norte, Alan Batey. “Não teríamos como fazer isto [nos EUA] se a China não tivesse produzido o veículo.”
A Volvo Car Corp., de propriedade da chinesa Zhejiang Geely Holding Group, começou a enviar, no ano passado, um pequeno número do sedã S60 fabricados na China para os EUA.
No mercado americano, a Buick mal se posiciona entre as 20 principais marcas de carro em volume de vendas. A marca é robusta na China, contudo, onde suas vendas anuais são quatro vezes maiores que nos EUA e mais que o dobro do volume vendido pela Chevrolet no país.
O Envision é produzido pela Shanghai GM, joint-venture com a SAIC Motor Corp., mas foi projectado e desenvolvido pela GM numa fábrica perto de Detroit. O Envision tornou-se rapidamente num dos principais modelos da Buick na China, à medida que os compradores passram dos sedãs e das carrinhas para os carros desportivos. A GM vendeu cerca de 150 mil Envisions no ano passado — o primeiro ano completo da marca no mercado — e deve ultrapassar 200 mil este ano. A GM está a vender mais de 1500 Envisions por mês nos EUA hoje.

11 Out 2016

Novas medidas para facilitar investimento privado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo chinês anunciou no domingo novas medidas para facilitar o investimento privado, que será incentivado em sectores como a saúde, educação, cultura e desporto.
As medidas foram adoptadas na reunião do Conselho de Estado (Governo) de sábado, presidida pelo primeiro-ministro Li Keqiang, e de cujas conclusões informa o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista chinês.
Segundo o jornal, Li disse que a China tem de simplificar os procedimentos para pôr em marcha novos projectos de investimento. Por outro lado, afirmou que serão incentivados os investimentos privados, que caíram este ano, e que serão adoptadas medidas para criar um ambiente de negócios mais igualitário para empresas nacionais e estrangeiras, dando continuidade a uma reforma legislativa aprovada no mês passado e que eliminou parcialmente a obrigatoriedade da análise e aprovação administrativa prévia para o estabelecimento de empresas não chinesas no país.
O Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China aprovou também alterações a quatro leis que regulam a entrada de investimento estrangeiro no país e que facilitam o processo em determinadas áreas de negócio.
Segundo os cálculos das autoridades chinesas, estas mudanças eliminam cerca de 95% dos procedimentos administrativos que eram necessários até agora, embora organizações empresariais como a Câmara de Comércio da União Europeia tenham considerado que foram pouco ambiciosas.
O Conselho de Estado anunciou, por outro lado, que serão proibidos os projectos novos para sectores afectados pelo problema da sobrecapacidade de produção, como o do carvão, aço e alumínio.
Nos oito primeiros meses do ano, o investimento directo estrangeiro na China aumentou 4,5% comparando com o mesmo período de 2015, segundo números oficiais, que são muito inferiores aos de anos passados. Nos mesmos meses, o investimento de empresas chinesas noutros países cresceu 53,3%.

11 Out 2016

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]sai Ing-wen, a Presidente taiwanesa, procura alcançar a paz com a China continental, mas age com cautela. A dirigente não quer perder o apoio nacional mostrando-se demasiado pró-Pequim. Segundo a República Popular da China (RPC), para as conversações prosseguirem é necessário que Taiwan se afirme como sendo parte do país.
“Os dois lados do estreito [estreito de Taiwan, que separa os dois países], deveriam sentar-se e falar, o mais cedo possível”, afirmou Tsai durante o seu discurso nas celebrações do Dia Nacional taiwanês, celebrado a 10 de Outubro. “Tudo pode ser incluído na discussão, desde que conduza ao desenvolvimento da paz entre os Estados e ao bem-estar dos cidadãos de ambos os lados.” Os presidentes taiwaneses costumam utilizar o discurso do Dia Nacional para afirmar a sua posição e visão relativas às relações com a China.
Pequim, que luta pela união das duas Chinas (RPC e Taiwan) não confia no Partido Progressista Democrático de Taiwan (partido pelo qual Tsai foi eleita em Maio deste ano), pois essa força política é conhecida por defender a independência da ilha. Mas a Presidente recém-eleita afirma defender relações estáveis, consistentes e previsíveis entre os países.
Tsai Ing-wen seleccionou, na semana passada, um político pró-China para representar Taiwan numa reunião da APEC (sigla em inglês da Cooperação Económica da Ásia-Pacífico), que se realizará no próximo mês no Peru.

11 Out 2016

Câmara de Comércio Luso-Chinesa defende actualização da parceria estratégica de 2005

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) disse à Lusa que as relações comerciais entre os dois países “estão francamente boas” e defendeu que a parceria estratégica global assinada em 2005 poderia ser actualizada. “As relações comerciais [entre Portugal e China] estão francamente boas, conseguimos aproveitar, finalmente, ao longo dos últimos 10 anos o crescimento económico da China de importação”, afirmou o secretário-geral da CCILC. Sérgio Martins Alves adiantou que para tal foi “determinante haver um investimento político para a eliminação de regras de acesso ao mercado”.
Além disso, hoje em dia, há maior facilidade em viajar até à China, o que não acontecia há uma década, e os chineses também aproveitaram o crescimento do consumo interno para apostar no Ocidente.
“Mas podíamos fazer mais, podíamos fazer acções e ‘roadshows’ mais concertados, os agentes económicos podiam articular-se melhor quando fazem promoções naquele mercado, podiam articular-se melhor quando pretendem trazer a Portugal delegações relevantes de investidores e grandes importadores”, sublinhou Sérgio Martins Alves.
Ou seja, o secretário-geral da CCILC defendeu um maior grau planificação e coordenação. Esta planificação e organização também deveria ser aplicada na área do investimento chinês, o qual tem um peso “já significativo” no mercado português, onde se manifesta nas áreas financeira, energética e na saúde, por exemplo. “E ainda bem, vemos com muito bons olhos a chegada destes investidores, que se tornaram membros da Câmara do Comércio”, adiantou.
“Suspendemos grandes projectos de investimento estratégico nacional, como o comboio de alta velocidade”, recordou, apontando que actualmente “não se conhece grandes objectivos estratégicos nacionais para os quais o país vá procurar envolver os seus parceiros e grandes investidores chineses”. “Acho que isso era de facto muito importante”, defendeu, afirmando que “teria sido interessante ter sensibilizado a China para outros investimentos do tipo produtivo”, considerou.
No âmbito da visita do primeiro-ministro à China, o secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa espera que estes temas sejam abordados. “E que talvez a parceria estratégica global assinada em 2005 pudesse ser actualizada, inscrevendo novas metas a atingir na área da exportação e investimento, criando novos mecanismos de dinamização das relações económicas bilaterais e até sectoriais”, concluiu.

O que vendemos e o que compramos

Entre o grupo de produtos mais vendidos por Lisboa a Pequim constam os veículos e outro material de transporte (com um peso de 41,9% das exportações totais em 2015), os minerais e minérios (18,1%), máquinas e aparelhos (8,9%), pastas celulósicas e papel (7%) e alimentares (4,1%).
No ano passado, as exportações de veículos e outro material de transporte para Pequim diminuíram 20,1% para 351,8 milhões de euros, enquanto as vendas de minerais e minérios aumentaram 14,3% para 152,1 milhões de euros.
Por sua vez, as vendas de máquinas e aparelhos totalizaram 74,6 milhões de euros em 2015, mais 58,5% face ao ano anterior, as de pastas celulósicas e papel progrediram 17,4% para 59 milhões de euros e as alimentares mais do que duplicaram (161,1%) para 34,3 milhões de euros.
Entre Janeiro e Julho deste ano, as exportações de pastas celulósicas e papel e as alimentares subiram 34% e 75,5%, respectivamente, mas as de veículos e outro material de transporte (-72%), minerais e minérios (-32,1%) e máquinas e aparelhos (-2,9%) recuaram.
Em termos de compras a Pequim, as máquinas e aparelhos lideram a lista, com um peso de 34,1% nas importações totais, seguidas dos metais comuns (11,9%), químicos (7,1%), matérias têxteis (6,4%) e vestuário (5,7%).
No ano passado as importações de máquinas e aparelhos totalizaram 607 milhões de euros, uma subida de 8,7% face a 2014, com as compras de metais comuns a subirem 16% para 211,3 milhões de euros, bem como as de químicos, que cresceram 26,7% para 126 milhões de euros.
Já as importações de matérias têxteis recuaram 5,1% no ano passado, para 113,2 milhões de euros, tal como as de vestuário, que diminuíram 3,2% para 101,8 milhões de euros.
Nos primeiros sete meses deste ano, as compras a Pequim de máquinas e aparelhos, metais comuns e químicos subiram 8,7%, 16% e 26,7%, respectivamente.
Já as de matérias têxteis e de vestuário baixaram 5,1% e 3,2%, respectivamente.
No que respeita à exportação de serviços de Lisboa para Pequim, esta diminuiu 33,2% no ano passado, face a 2014, para 108,5 milhões de euros. No mesmo período, as importações de serviços cresceram 9,4% para 262,4 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial negativo para Portugal em 153,9 milhões de euros.

Estado das trocas Portugal-China

Exportações portuguesas descem em 2016
As exportações de bens portugueses para a China recuaram 35,1% nos primeiros sete meses do ano, face a igual período de 2015, para 366,5 milhões de euros, segundo dados do INE. Entre 2011 e 2015, as exportações de bens para Pequim subiram 27,1% e as importações 4,4%.

Importações da China sobem
De Janeiro a Julho de 2016, as importações subiram 2,6% para 1.039,4 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial negativo para Lisboa em 672,9 milhões de euros.

China foi 10.º cliente de Portugal em 2015
A China era, em 2015, o décimo cliente de Portugal e o seu sétimo fornecedor. Portugal ocupava a 71.ª posição como cliente de Pequim e a 66.ª em termos de fornecedores daquele país.

Exportações para Macau subiram
As exportações de bens portugueses para Macau subiram 67,5% nos primeiros sete meses do ano, face a igual período de 2015, para 25,6 milhões de euros, segundo dados Instituto Nacional de Estatística (INE). Os produtos alimentares são o grupo de bens mais exportados por Portugal para Macau, representando um terço do total das vendas para aquela região.

Importações de Macau aumentaram
As importações de Macau cresceram 85,3% para 600 mil euros, com o saldo da balança comercial positivo para Portugal em 24,9 milhões de euros, ainda segundo o INE.

Investimentos da China em Portugal
Dezembro de 2011 – Venda de 21,35% da eléctrica portuguesa EDP à China Three Gorges, por 2,69 mil milhões de euros.
Fevereiro de 2012 – Venda da REN, com os chineses da State Grid a ficarem com 25% do capital, pagando 387 milhões de euros pela posição na empresa. Inaugurado o centro tecnológico da Huawei (empresa de telecomunicações) em Lisboa, que representou um investimento de 10 milhões de euros, que se juntou aos 40 milhões de euros já investidos no mercado português.
Maio de 2014 A chinesa Fosun comprou a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde.

Chineses lideram nos vistos dourados

O sector imobiliário é uma aposta da China e os chineses lideram, por nacionalidades, os vistos dourados em Portugal. Desde 8 de Outubro de 2012 até final de Agosto, 2.835 investidores chineses tinham obtido Autorização de Residência para actividade de Investimento (ARI), segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

7 Out 2016

Oferta de Putin dispara importação de gelados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de alimentos são equivalentes a 30% de todas as exportações russas para a China. Os lacticínios estão-se a tornar cada vez mais populares porque os chineses estão a adoptar cada vez mais um estilo de vida saudável, afirmou a analista Sofia Pale na publicação New Eastern Outlook. O leite russo, ao contrário do leite de soja, “é considerado na China como um dos produtos mais saudáveis”, disse a especialista do Centro para o Sudeste Asiático, Austrália e Oceania do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia, acrescentando que, quem tem hábitos de comida saudável, não se sente desencorajado pelos preços altos.
O leite importado aumenta de popularidade na China porque as pessoas desconfiam dos produtores locais, que estiveram envolvidos num escândalo em 2008 quando se revelou que mais de 20 empresas acrescentaram melamina aos seus produtos, o que levou à morte de 6 crianças e cerca de 300 mil pessoas ficaram doentes. “Entre 2010 e 2013 o volume de vendas de leite importado cresceu de 15 mil para 195 mil toneladas, conforme informou a associação de produtores de lacticínios chinesa”.
O sorvete russo também se deve tornar num sucesso de vendas na China, depois do presidente russo ter trazido este ano uma embalagem de gelado como presente para o presidente chinês Xi Jinping. Esta sobremesa já começou a ganhar popularidade na China, mas a acção de Putin do líder russo provocou uma loucura. Segundo o relatório mais recente do jornal China Daily, mais de 271 toneladas de sorvete russo no valor de US$ 863 mil foram importadas pela China nos primeiros oito meses de 2016.
“O gelado russo é caracterizado pelos seus ingredientes e um sabor incrível”, disse ao jornal Wang Xianzhe, funcionário da Manzhouli Ange Import & Export Company, o maior importador de sorvete russo para a China. Pale notou também que entre outros produtos alimentícios exportados para a China estão a carne e o peixe, bem como chocolate, óleo de girassol, cerveja e mel. “A grande procura por estes produtos pode ser explicada pelo facto de que contêm ingredientes mais naturais que os mesmos produtos feitos na China”, disse a analista.

7 Out 2016

China | Julgamentos em directo pela internet

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai transmitir pela Internet vários julgamentos, desde divórcios a casos de assassinato, uma medida que pretende aumentar a transparência judicial. Segundo a BBC, o site permite que os utilizadores acedam ao mapa da China e seleccionem a província onde o julgamento que pretendem assistir está a ocorrer. O público pode assistir a algumas sessões ao vivo, enquanto que outras são gravadas. Após escolher um julgamento, o utilizador terá uma visão geral de cada uma das sessões – a perspectiva da defesa, juízes e advogados.
“Os julgamentos ao vivo serão utilizados para cobrir vários casos e salvaguardar melhor os direitos do povo de saber e supervisionar”, disse Zhou Qiang, chefe do Supremo Tribunal Popular da China, citado pela agência de notícias Xinhua. De acordo com Zhou Qiang, esta iniciativa irá melhorar o processo de julgamento, garantindo imparcialidade e justiça. No entanto, alguns julgamentos de casos políticos e polémicos continuarão a ser realizados em privado.
A advogada Lu Miaoqin é uma das apoiantes da transmissão ao vivo de julgamentos porque “faz com que os advogados sejam mais profissionais”. Outros advogados são mais cautelosos, como é o caso de Liang Xiaojun, que não considera que a iniciativa seja “apropriada”, visto que “muitas das pessoas envolvidas nesses casos provavelmente não querem partilhar as suas informações pessoais com o público”.
O advogado Zhang Yangfeng diz que a transmissão ao vivo de julgamentos é “uma forma de garantir que a Justiça não seja corrupta e de prevenir qualquer manipulação” mas, por outro lado, “pode usurpar a privacidade das pessoas”.
A província de Jiangsu e a província de Cantão são pioneiras desta iniciativa – já o Tibete, Xinjiang e outras áreas mais remotas ainda não transmitem sessões ao vivo.

6 Out 2016

Hong Kong | Tailândia deporta activista Joshua Wong

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista de Hong Kong, que liderou os protestos de 2014, Joshua Wong foi deportado ontem da Tailândia, horas depois de ter sido detido à sua chegada a Banguecoque, anunciou o seu partido político, Demosisto. Wong, de 19 anos, um dos rostos do ‘movimento dos guarda-chuvas’, foi detido no aeroporto de Suvarnabhumi, em Banguecoque, na terça-feira à noite, informou o Demosisto em comunicado, citando o activista tailandês Netiwit Chotipatpaisal, que se ia encontrar com o jovem de Hong Kong no aeroporto.
O líder pró-democracia, que devia dar na quinta-feira uma conferência numa universidade de Banguecoque, partiu num voo com destino a Hong Kong, referiu o partido. Netiwit Chotipatpaisal acusou as autoridades tailandesas de terem actuado a pedido do Governo chinês.
Antes da libertação do activista, o Demosisto condenou “veementemente o Governo tailandês por limitar de forma irrazoável a liberdade e o direito de Wong de entrar” na Tailândia. Fontes da polícia de imigração afirmaram para a emissora “Voice TV” que Wong foi indiciado sob acusações de ameaça à segurança do Estado
De acordo com a sua página de Facebook, Netiwit deslocou-se ao aeroporto na terça-feira à noite para se encontrar com Wong, mas após esperar várias horas um funcionário da companhia aérea disse-lhe que o jovem activista tinha sido detido. “Perguntámos depois à polícia turística, que nos disse que ele estava detido na imigração e que não podíamos contactar com o Joshua”, escreveu.

Já em Hong Kong

Joshua Wong disse ontem, à chegada à ex-colónia britânica ,que esteve detido 12 horas no aeroporto em Banguecoque sem nenhuma explicação oficial. Wong, aterrou ontem em Hong Kong às 15:30 locais, disse que à sua chegada esperavam-no cerca de duas dezenas de polícias e agentes de imigração. “Mandaram-me para uma das esquadras de polícia do aeroporto e obrigaram-me a estar dentro da prisão durante 12 horas”, disse Wong. “Quando perguntei o motivo da minha detenção disseram-me que não tinham de me dar explicações”, acrescentou. “Pedi para contactar um advogado na Tailândia ou a minha família para lhes dizer que tinha chegado, mas continuaram a negar os meus pedidos”, adiantou.
Activistas pró-democracia de Hong Kong concentraram-se ontem em frente do consulado da Tailândia na cidade em protesto pela detenção em Banguecoque de Joshua Wong. Os manifestantes pediram às autoridades tailandesas para libertarem Wong – que entretanto já foi deportado -, assim como explicações pela actuação das autoridades de Banguecoque.

A segunda vez

Wong foi um dos três líderes estudantis condenados em Agosto por tentarem entrar no complexo governamental de Hong Kong em 2014, um evento que precedeu os protestos pró-democracia que paralisaram a cidade por mais de dois meses. Em 2016, co-fundou o Demosisto, um partido que apela a um referendo sobre o futuro de Hong Kong, incluindo a opção de independência. Nathan Law, colega de Wong no Demosisto, tornou-se no mês passado o mais jovem deputado de Hong Kong, aos 23 anos.
Wong planeava discursar num evento na quinta-feira em Banguecoque, assinalando o 40.º aniversário de um massacre de estudantes pró-democracia por forças de seguranças e milícias leais à família real tailandesa.
No dia 6 de Outubro de 1976, mais de uma centena de estudantes foram mortos por grupos paramilitares ultra-monárquicos e de extrema-direita dias após um protesto contra o retorno ao país de dois ditadores derrubados três anos antes. Os estudantes ficaram presos no campus da universidade antes dele ser invadido pelos ultras, que mataram dezenas e feriram centenas, o que levou muitos outros a juntar-se aos guerrilheiros comunistas ou fugir para o exílio.
A detenção de Wong foi criticada por organizações como Human Rights Watch, que através de seu subdiretor para a Ásia, Phil Robertson, recriminou a Tailândia pela sua vontade de ceder perante China. “Wong deve ser libertado imediatamente e deve ser autorizado a viajar e exercer o seu direito à liberdade de expressão”, disse Robertson em comunicado.
Wong foi deportado em Maio de 2015 da Malásia, depois das autoridades locais terem impedido a sua entrada no país para participar de vários fóruns sobre o movimento pró-democrático de Hong Kong e o massacre de Praça Tiananmen.

“Foi a pedido da China”

O vice-comandante da polícia tailandesa no aeroporto Suvarnabhumi disse ao jornal local The Nation que Joshua Wong foi detido e impedido de entrar no país “a pedido da China”. O coronel Pruthipong Prayoonsiri, disse que a China enviou um pedido ao governo tailandês solicitando cooperação, no sentido de ser negada a Wong a entrada no reino. “Na sequência deste pedido, o Depoartamento de Imigração colocou o seu nome numa lista negra e prendeu-o para o deportar. Quando foi informado do facto, Joshua Wong não demonstrou qualquer oposição”, concluiu.

6 Out 2016

Yuan entra no cabaz de moedas do Fundo Monetário Internacional

O Yuan faz finalmente parte do cabaz de moedas de reserva do Fundo Monetário Internacional, juntando-se ao dólar americano, yen japonês, euro e libra. A medida, que internacionaliza a moeda chinesa, terá poucos efeitos em Macau e Hong Kong, dizem economistas

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]astou um ano apenas para a moeda chinesa dar um passo gigante na sua internacionalização e passar a fazer parte do cabaz de moedas de reserva do Fundo Monetário Internacional (FMI). O yuan está agora ao lado do dólar americano, do yen japonês, do euro ou da libra inglesa, o que faz com que a China deva, aos olhos dos analistas, assumir as rédeas em prol de maiores reformas económicas.
Em Novembro do ano passado, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, confirmava que o yuan já respeitava dois dos critérios para entrar no cabaz das moedas mais importantes do mundo. A moeda chinesa já era “largamento utilizada” e “livremente utilizada”. No dia em que se celebraram os 67 anos da República Popular da China, o país teve mais uma confirmação do sucesso das suas políticas económicas.
Citado pelo diário de Hong Kong South China Morning Post, Peter Wong Tung-shun, CEO do banco HSBC para a zona da Ásia-Pacífico, defendeu que a entrada do yuan para o cabaz de moedas do FMI “catapulta formalmente (a moeda chinesa) para o ranking das moedas de reserva mais importantes, o que dá grande confiança a empresas e instituições de todo o mundo para constituir negócios em yuan e investir em activos nesta moeda”.

Poucas consequências

O HM questionou dois economistas sobre eventuais consequências desta decisão para Macau e Hong Kong, mas Albano Martins e José Pãosinho não conseguem prever efeitos positivos ou negativos.
“A curto e médio prazo não vejo quaisquer consequências porque o movimento de internacionalização do yuan começou há alguns anos em Macau e Hong Kong. O impacto será maior noutros países do que nestas regiões. A entrada do yuan no cabaz de moedas do FMI vai tornar os empréstimos mais caros porque as taxas de juro da moeda chinesa são superiores às das outras moedas”, explicou José Pãosinho.
Quanto à entrada da moeda no cabaz do FMI, constitui “um acontecimento normal em termos da evolução da economia chinesa, que tem um maior peso na economia mundial”. Resulta ainda de um “processo normal na política de internacionalização”, referiu ainda o economista.
Também Albano Martins não denota grandes consequências pelo facto dos dois territórios terem a sua própria moeda, a pataca e o dólar de Hong Kong. “Não vejo qualquer tipo de efeito ou consequência benéfica ou não benéfica para Macau e Hong Kong. Primeiro porque o dólar americano está ligado à nossa moeda, e não me parece que haja outro tipo de consequência. A China passa a ter a terceira posição, a seguir ao Euro, e não me parece que tenha qualquer relevância em relação a Hong Kong ou Macau. Isso terá consequências positivas para a China porque internacionaliza mais a moeda chinesa, mas para Hong Kong e Macau não. Até termos moeda própria não haverá grandes consequências”, defendeu ao HM.
Apesar de se vislumbrar uma maior internacionalização para uma moeda que, até há poucas décadas atrás, estava confinada às fronteiras internas do país, a verdade é que a utilização do yuan sofreu uma quebra, tendo existido reservas quanto a uma depreciação. Analistas disseram ao South China Morning Post disseram que esta medida não vai provocar mudanças de imediato, graças às políticas de capital mais restritivas e a uma falta de transparência nas políticas monetárias.
“É um sinal positivo e um bom começo, mas não vai fazer grande diferença em termos de procura do yuan e a sua liquidez”, concluiu Heng Koon How, estratega monetário do banco Credit Suisse de Singapura.
Em 2003 o yuan transpôs fronteiras pela primeira vez quando Pequim autorizou o estabelecimento de negócios em yuan através dos bancos de Hong Kong. Em 2009 seria permitida a sua utilização por empresas e instituições internacionais. Em 2010 passou a ser permitido fazer investimentos em yuan.

5 Out 2016

Taiwan vai enviar delegação para cimeira climática apesar da oposição da China

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aiwan vai enviar uma delegação para a 22.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Novembro, em Marrocos, informou ontem o Ministério de Negócios Estrangeiros, citado pela agência de notícias Efe. Depois de ter sido excluída da reunião trienal da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) celebrada em Montreal (Canadá), Taiwan vai enviar uma delegação sob a bandeira do Instituto de Investigação em Tecnologia Industrial (IITI), como organização não-governamental, informaram as autoridades diplomáticas da ilha Formosa.
A COP22 terá lugar em Marraquexe, entre 7 e 18 de Novembro, e a representação não oficial de Taiwan já tinha sido excluída de participar em actividades complementares da conferência, devido à pressão da China, disseram funcionários sob anonimato.
Taiwan pretende participar como observador no encontro, mas devido à oposição da China e à deterioração das relações com Pequim desde a tomada de posse da actual presidente, Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progresista (PDP), não avança no pedido de adesão, apesar do apoio dos Estados Unidos e de outros países.
A ilha Formosa foi excluída da reunião da OACI, celebrada entre 27 de Setembro e 7 de Outubro, devido à frontal oposição da China. Taiwan foi convidada para anterior reunião trienal da OACI, em 2013, quando as suas relações com Pequim eram melhores e o então presidente, Ma Ying-jeou, aceitava o “Consenso 1992”, ao abrigo do qual as duas partes reconhecem que existe apenas uma China, mas cada uma delas faz a sua interpretação desse princípio.
Num evento académico realizado no sábado, a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen disse que a ilha não vai abandonar o objectivo de ampliar a sua presença internacional, apesar das dificuldades por parte da China.

5 Out 2016

Chefe do Executivo de Hong Kong apela à união com a China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe do Executivo de Hong Kong apelou à união sob o sistema político da cidade, durante um discurso para assinalar o Dia Nacional da China interrompido por protestos. CY Leung descreveu o sistema como o “mais benéfico e prático” para Hong Kong. Também encorajou os jovens de Hong Kong a visitarem a China, afirmando que há “profundos laços de sangue” entre os dois lados da fronteira.
Deputados pró-democracia interromperam o discurso de CY Leung, gritando palavras de ordem a pedir a sua demissão, antes de serem retirados pelos seguranças. Entre os deputados que protestaram estava James To, do Partido Democrático, que disse que CY Leung “causou divisões na cidade e fez com que os residentes sintam que não podem continuar (com Leung no poder)”.
Vários novos deputados que ganharam assento no Conselho Legislativo (LegCo) nas eleições de Setembro e que apelam à autodeterminação e mesmo independência de Hong Kong boicotaram o evento.
Nathan Law, que aos 23 anos se tornou o mais jovem membro do LegCo, foi um dos ausentes. “Enquanto eles não reconhecerem que o estão a fazer é errado, não devemos ir e celebrar este tipo de data”, disse Law, apontando a Revolução Cultural e o caso dos desaparecimentos de cinco livreiros em Hong Kong no ano passado como algumas das violações de direitos humanos cometidas pela China.
Desde as manifestações pró-democracia e ocupação das ruas em 2014 uma nova vaga de grupos designados ‘localists’ aumentou os pedidos de ruptura em relação à China. A jovem deputada Yau Wai-ching, do grupo Youngspiration, também não participou no evento. “Não é um dia nacional para os residentes de Hong Kong”, disse à AFP.
Longas faixas vermelhas com mensagens a apelar à independência de Hong Kong foram penduradas em edifícios de várias universidades na cidade.
Um grupo de manifestantes, liderado pelo deputado radical Leung Kwok-hung, conhecido como “Long Hair” (“Cabelo Comprido”), reuniu-se fora do centro de convenções onde decorriam as celebrações e pediu a libertação de presos políticos na China.

5 Out 2016