EUA | Confiança das empresas em Pequim no nível mais baixo de sempre

As empresas norte-americanas na China enfrentam desafios sem precedentes, que estão a afectar a confiança e os resultados, apontou ontem um relatório da Câmara de Comércio Americana (AmCham) em Xangai.

O inquérito do grupo empresarial mostrou um declínio na confiança, com 47 por cento das 306 empresas participantes a declararem-se optimistas para os próximos anos, em comparação com 52 por cento no ano anterior, no que já tinha sido um nível historicamente baixo.

Os resultados financeiros das empresas norte-americanas também sofreram, com apenas 66 por cento a declarar que foram lucrativas no ano passado, um valor sem precedentes, de acordo com o mesmo relatório.

“A percepção do risco de fazer negócios na China aumentou nos últimos anos, mas, ao mesmo tempo, o mercado está a abrandar, com uma fraca procura e excesso de capacidade”, apontou o director-geral da Câmara de Comércio, Eric Zheng.

Um relatório da Câmara de Comércio da União Europeia publicado na quarta-feira alertou também as empresas europeias na China para “repensarem seriamente a sua estratégia”, à medida que as desvantagens “começam a ultrapassar os benefícios” de investir no país.

O presidente da AmCham em Xangai, Allan Gabor, considerou que as taxas alfandegárias vão continuar a ser um dos principais instrumentos da política comercial entre Pequim e Washington.

A escala e o âmbito de quaisquer tarifas adicionais vão depender “do resultado das eleições” presidenciais norte-americanas em Novembro, considerou.

As empresas e os produtos chineses são objecto de várias sanções ou restrições impostas por Washington, que alega concorrência desleal ou ameaças à segurança nacional.

Os Estados Unidos anunciaram recentemente controlos mais rigorosos sobre as exportações de alta tecnologia para a China e, em Maio, anunciaram que iam quadruplicar as taxas alfandegárias sobre os veículos eléctricos chineses.

13 Set 2024

Carros eléctricos | Ministro do Comércio na Europa para discutir taxas

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, vai deslocar-se na próxima semana à Europa para discutir as tarifas impostas por Bruxelas sobre veículos eléctricos provenientes da China, após uma investigação aos subsídios concedidos por Pequim aos fabricantes.

O porta-voz do ministério, He Yongqian, disse em conferência de imprensa que Wang vai encontrar-se com Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo e comissário de comércio da Comissão Europeia, no dia 19 de Setembro, para discutir a questão.

“As informações sobre a visita e o andamento das negociações serão divulgadas oportunamente”, disse o porta-voz.

A tensão comercial entre China e União Europeia (UE) tem vindo a aumentar. No mês passado, a China anunciou a abertura de uma investigação sobre os subsídios atribuídos pela UE aos produtores de laticínios.

A decisão surgiu um dia após a UE ter fixado a taxa de importação de veículos eléctricos chineses em 36,3 por cento. Bruxelas considera que os preços dos veículos chineses são artificialmente baixos devido a subsídios estatais que distorcem o mercado e prejudicam a competitividade dos fabricantes europeus.

Pequim já tinha anunciado, em Janeiro, que estava a investigar uma alegada infração à concorrência envolvendo bebidas espirituosas, como o conhaque, importadas da UE.

Em Junho, lançou igualmente um inquérito ‘antidumping’ sobre as importações de carne de porco e de produtos à base de carne de porco provenientes da União Europeia, principalmente produzidos em Espanha, França, Países Baixos e Dinamarca.

13 Set 2024

China / Arábia Saudita | Li Qiang promete expansão de comércio e investimento

Na primeira paragem do seu périplo pelo Médio-Oriente, que o levará também aos Emirados Árabes Unidos o primeiro-ministro chinês presidiu à reunião do Comité Misto de Alto Nível China – Arábia Saudita, com o Príncipe Herdeiro Mohammed bin Salman

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, comprometeu-se ontem a reforçar o comércio e o investimento com a Arábia Saudita, incluindo nas áreas das infraestruturas, novas energias ou alta tecnologia, e prometeu proteger as cadeias de abastecimento global.

Li, que está em Riade para presidir à reunião do Comité Misto de Alto Nível China – Arábia Saudita, com o Príncipe Herdeiro Mohammed bin Salman, vai ainda deslocar-se aos Emirados Árabes Unidos.

“A China e a Arábia Saudita devem expandir ainda mais a escala do comércio bilateral, aprofundar a cooperação em áreas tradicionais como petróleo e gás, petroquímica e construção de infraestruturas (…) [enquanto se expandem] para as novas energias, tecnologia de informação e comunicações, economia digital, economia verde (…) e trabalham em conjunto para manter a estabilidade das cadeias de fornecimento industrial global”, disse o primeiro-ministro, citado pelo Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Salman enfatizou também a cooperação económica com a China, acrescentando que Riade e Pequim partilham uma “posição semelhante e assumem a mesma responsabilidade” nos assuntos regionais e internacionais.

Segundo o Diário do Povo, Riade está disposta a cooperar com Pequim em matéria de segurança global.

O ministro do Comércio, Wang Wentao, e o ministro da Indústria e das Tecnologias de Informação, Jin Zhuanglong, também participaram na reunião.

Para além de Salman, pelo menos nove ministros sauditas participaram na reunião, segundo a Agência Saudita de Imprensa.

O primeiro-ministro chinês e os dois ministros chineses participaram também na quarta-feira numa conferência de investimento, durante a qual Li apelou à confiança na China, apesar dos ventos contrários ao investimento estrangeiro.

Lembrando que a China tem um “mercado gigante composto por 1,4 mil milhões de pessoas”, Li afirmou que Pequim está a voltar activamente a sua indústria para a ciência e tecnologia de ponta, o que proporcionará mais oportunidades para investidores estrangeiros.

O primeiro-ministro também prometeu aos investidores sauditas de alto nível que a China vai flexibilizar ainda mais o acesso ao mercado e proteger os direitos dos investidores estrangeiros.

Fazer as contas

Entre Janeiro e Julho, o investimento directo estrangeiro na China caiu quase 30 por cento, em termos homólogos, para 539,5 mil milhões de yuan, segundo dados oficiais.

A Arábia Saudita é o maior parceiro comercial da China na região e o seu principal fornecedor de petróleo. Durante a última década, a China foi também o principal parceiro comercial da Arábia Saudita.

O reino tem desfrutado de um raro excedente comercial com a segunda maior economia do mundo, devido às exportações de petróleo. Em 2023, o volume de comércio entre as duas nações ultrapassou os 107 mil milhões de dólares, com a China a importar bens no valor de 64 mil milhões de dólares.

No ano passado, os bancos centrais de ambos os países assinaram um acordo para viabilizar trocas comerciais nas respetivas moedas locais num valor total de 50 mil milhões de yuan (cerca de 6,3 mil milhões de euros).

Enquanto os fabricantes chineses de veículos elétricos enfrentam tarifas punitivas de Bruxelas e de Washington, a Arábia Saudita tem acolhido favoravelmente as indústrias chinesas em expansão para apoiar a sua estratégia industrial nacional.

Riade também manifestou a sua intenção de estabelecer parcerias com empresas como o grupo de telecomunicações Huawei para desenvolver “soluções inteligentes inovadoras” e tirar partido das tecnologias da “Quarta Revolução Industrial”, caracterizada pela Inteligência Artificial e pela Internet das Coisas.

A aproximação de Riade a Pequim ocorre numa altura em que a administração norte-americana de Joe Biden se prepara para levantar as restrições à venda de armas à Arábia Saudita, em vigor desde 2021 devido a preocupações com os Direitos Humanos.

13 Set 2024

Canadá | Anunciadas mais taxas sobre importações chinesas

O governo canadiano anunciou na terça-feira que tenciona aplicar mais taxas sobre produtos minerais críticos, baterias, produtos de energia solar e semicondutores chineses, o que pode suscitar novas represálias da parte de Pequim.

No final de Agosto, o Canadá tinha anunciado uma sobretaxa de 100 por cento sobre as importações de veículos eléctricos chineses a partir de Outubro, alegando “concorrência desleal”, o que suscitou um “vivo descontentamento” da parte chinesa.

O Executivo de Otava lançou agora uma nova consulta pública para recolher a opinião da indústria quanto à aplicação de uma sobretaxa àqueles produtos, disse a vice-primeira-ministra, Chrystia Freeland, durante uma conferência de imprensa.

“A mão-de-obra, o sector automóvel e as cadeias de abastecimento da produção de produtos essenciais enfrentam uma concorrência desleal dos produtores chineses, que beneficiam da política voluntária de sobrecapacidade do Estado”, declarou o ministro da Economia.

Este confronto sino-canadiano ocorre em contexto de tensões comerciais crescentes, com alguns Estados ocidentais a acusarem a China de destruir a concorrência em alguns sectores, como eólicas, painéis solares e baterias.

Pequim já se queixou à Organização Mundial do Comércio por causa dos direitos alfandegários aplicados aos seus veículos eléctricos, considerando que se trata de uma “medida unilateral e proteccionista”.

Otava prevê também aplicar uma sobretaxa sobre as importações de produtos em aço e alumínio provenientes da China. Por seu lado, Pequim anunciou uma investigação antidumping sobre a canola canadiana.

Desde há alguns anos que o Canadá desenvolve esforços consideráveis para atrair os actores do sector do veículo eléctrico, realçando os seus incentivos fiscais, a sua energia limpa e os seus recursos importantes em terras raras.

12 Set 2024

Câmara de Comércio da UE insta Pequim a cumprir promessas de reformas

A Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China instou ontem Pequim a “cumprir as promessas de reforma” e apontou “um declínio” na atractividade do país para os negócios.

A associação empresarial apontou que, embora sentissem “algum desconforto” quando investiram num mercado novo e emergente como a China, as empresas da UE acreditam agora que muitos dos problemas “são características permanentes”, de acordo com um documento de posição para 2024-2025.

“Muitos investidores estão a enfrentar a realidade de que a sua abordagem ao mercado chinês exige um repensar estratégico”, disse o presidente da Câmara, Jens Eskelund, numa conferência de imprensa, aquando do lançamento do relatório.

De acordo com Eskelund, “para um número crescente de empresas, atingiu-se um ponto de viragem, porque os desafios de fazer negócios aqui estão a começar a superar os benefícios”.

No documento, o grupo referiu que a principal preocupação é o próprio abrandamento económico do país ou as dúvidas de que o Governo chinês tenha um plano credível para impulsionar a procura interna ou concretizar as reformas prometidas, “o que está a diminuir o apetite para investir no país”.

A Câmara de Comércio da UE queixou-se de que as empresas europeias têm de “enfrentar concorrentes chineses injustamente subsidiados, um ambiente empresarial altamente politizado, centrado na segurança nacional e na autossuficiência, e barreiras perpétuas ao acesso ao mercado”.

Em resposta a uma pergunta sobre as recentes tensões comerciais entre a China e a UE, Eskelund afirmou existir “uma percepção clara de que a globalização não está a beneficiar a Europa e a China da mesma forma que devia” e que é preciso “garantir que os mercados funcionam de forma justa”.

“Há situações em que, de acordo com os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), há razões para impor tarifas”, argumentou, referindo-se às taxas alfandegárias impostas por Bruxelas sobre a importação de veículos eléctricos chineses, para contrariar os subsídios atribuídos por Pequim aos fabricantes chineses.

Eskelund defendeu ser preciso ter em conta que, ao longo de todos estes anos, “a China também não tem sido alheia à introdução de tarifas”.

Passos em frente

Quanto ao investimento directo estrangeiro na China, o responsável afirmou que “existem sinais positivos de que a China pretende resolver alguns dos problemas enfrentados pelas empresas estrangeiras”. A situação exige “mais acção por parte do Governo chinês e não mais planos de acção”, disse.

“Até agora, os progressos foram limitados e alguns membros da Câmara já começaram a transferir investimentos anteriormente planeados para a China para outros mercados, a fim de aumentar a resiliência da cadeia de abastecimento, tirar partido de custos de mão-de-obra comparativamente mais baixos e proteger-se contra futuros choques geopolíticos”, referiu o relatório.

12 Set 2024

Demografia | “Aumento gradual” da idade da reforma

As mudanças vão permitir que mais pessoas com 50 e 60 anos continuem a trabalhar, aliviando a pressão sobre o sistema de pensões e aumentando a mão-de-obra disponível para a modernização do país

 

A China começou a elaborar um projecto de lei que propõe o “aumento gradual” da idade da reforma, procurando adaptar o país aos seus crescentes desafios demográficos, informou ontem a imprensa local.

O Comité Permanente da 14.ª Assembleia Nacional Popular (ANP) analisou a proposta na sequência de uma resolução adoptada na terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), em Julho passado.

O objectivo da reforma é “desbloquear o potencial de desenvolvimento de alta qualidade da população” e “apoiar a modernização do país”, através da implementação de medidas de forma “voluntária” e “flexível”, visando um “aumento gradual” da idade da reforma, segundo especialistas citados ontem pelo jornal oficial Global Times.

O analista Zhou Haiwang, do Instituto de População e Desenvolvimento da Academia de Ciências Sociais de Xangai, disse que “a reforma permitirá que mais pessoas na casa dos 50 e 60 anos, que estão dispostas a continuar a trabalhar, trabalhem durante mais tempo”.

Com uma esperança de vida de 78,6 anos em 2023 e uma taxa de crescimento natural negativa (-1,48 por 1.000 habitantes), segundo um relatório publicado pela Comissão Nacional de Saúde do país asiático, o aumento da idade da reforma é considerado crucial para atenuar a diminuição da oferta de mão-de-obra e aliviar a pressão sobre o sistema de pensões, segundo os especialistas, que acrescentam que esta medida reflecte as práticas globais dos países desenvolvidos.

“É uma medida necessária e em linha com a tendência global”, disse Yuan Xin, vice-presidente da Associação da População da China.

Medidas flexíveis

Esta mudança faz parte de uma estratégia mais alargada que inclui políticas de emprego prioritárias e melhorias no sistema de segurança social.

A actual idade de reforma na China situa-se entre os 50 e os 60 anos, dependendo do sexo, enquanto a média da OCDE é superior a 63 anos. Em Julho, a terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista adoptou uma resolução que sublinhava a necessidade de atenuar o desemprego estrutural.

Estima-se que mais de 30 por cento da população da China, ou seja, mais de 400 milhões de pessoas, têm 60 anos ou mais.

A inclusão, pela primeira vez, da “voluntariedade” e da “flexibilidade” como princípios-chave para o aumento da idade da reforma visa melhorar os programas e indústrias de cuidados aos idosos, a fim de responder activamente a estes desafios, de acordo com o Comité Central do PCC – o órgão de decisão política do partido e, por extensão, do país.

12 Set 2024

Associação Chinesa de Futebol bane 43 pessoas por corrupção

A Associação Chinesa de Futebol (CFA) baniu 43 pessoas de participarem em actividades relacionadas com o futebol, devido ao seu envolvimento em manipulação de resultados e outras formas de corrupção.

Zhang Xiaopeng, um alto funcionário da polícia chinesa, divulgou ontem em conferência de imprensa os pormenores de uma “investigação de dois anos que revelou uma série de casos de apostas online, viciação de resultados e subornos”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

Segundo a Xinhua, a investigação envolveu 120 jogos dos campeonatos chineses, 128 suspeitos de crimes e 41 clubes. Entre as pessoas banidas, 38 eram jogadores e cinco eram funcionários de vários clubes. Os antigos jogadores da selecção chinesa Jin Jingdao, Guo Tianyu e Gu Chao foram proibidos de participarem em actividades relacionadas com o futebol para sempre.

Outros jogadores e dirigentes receberam punições menos severas, incluindo jogadores estrangeiros atraídos para a China pela promessa de salários elevados. O sul-coreano Son Jun-ho, que jogava no Shandong Taishan, da China, e o camaronês Ewolo Donovan, que jogava no Heilongjiang Ice City, foram suspensos por cinco anos.

As acções de Son “violaram gravemente a ética e o espírito desportivo, causando um impacto negativo significativo na sociedade”, de acordo com o comunicado da federação.

O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu fazer da China uma superpotência do futebol, mas as equipas masculinas não têm tido grande sucesso. As promessas de construção de novos campos e de contratação de pessoal ficaram aquém das expectativas, numa altura em que os clubes chineses se tentam reerguer após o impacto da pandemia de covid-19.

10 Set 2024

Encontro | Sánchez e Xi abordam conflitos em Gaza e Ucrânia

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, abordou os conflitos na Ucrânia e em Gaza e a necessidade de “relações profundas e equilibradas” com a China, durante uma reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, informou ontem o governo espanhol.

A segunda viagem do primeiro-ministro espanhol à China em menos de dois anos “demonstra o desejo partilhado por ambos os países de manter um diálogo regular ao mais alto nível nas suas relações bilaterais”, referiu o comunicado do governo.

A conversa entre Sánchez e Xi, ocorrida na segunda-feira, na Casa de Hóspedes do Estado Diaoyutai, em Pequim, abordou os conflitos na Ucrânia e em Gaza. O líder espanhol insistiu na necessidade de trabalhar para a paz com o envolvimento das Nações Unidas.

A China é um dos cinco membros permanentes e com direito de veto do Conselho de Segurança da ONU. A Espanha é membro da NATO, que a China acusou de ter levado o Presidente russo, Vladimir Putin, a lançar a sua invasão em grande escala da Ucrânia há mais de dois anos.

“Queremos construir pontes para defender conjuntamente uma ordem comercial justa que permita o crescimento das nossas economias e beneficie as nossas indústrias e cidadãos”, afirmou Sánchez, que também se reuniu com o seu homólogo chinês, Li Qiang, de acordo com o comunicado do governo.

Sánchez e o lado chinês defenderam o comércio livre e a promoção de intercâmbios culturais e do turismo, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, mas não anunciaram quaisquer pormenores sobre uma disputa em curso sobre veículos eléctricos (ver caixa).

“Esperamos que a Espanha continue a proporcionar um ambiente de negócios justo, equitativo, seguro e não discriminatório para as empresas chinesas investirem e fazerem negócios”, disse Xi, segundo a televisão estatal.

“A Espanha apoia os princípios do comércio livre e dos mercados abertos e não apoia uma guerra comercial”, afirmou Sanchez, de acordo com a CCTV.

Questão fibrosa

O comércio é uma das questões mais espinhosas entre a China e Espanha. No início do ano, a Espanha foi um dos membros da UE que manifestou o seu apoio a uma taxa punitiva de até 36,7 por cento sobre veículos eléctricos chineses. O Governo chinês reagiu lançando uma investigação sobre as importações de carne de porco da UE.

As exportações de produtos de carne de porco da UE para a China atingiram um pico de 7,4 mil milhões de euros, em 2020, quando Pequim teve de recorrer ao estrangeiro para satisfazer a procura interna depois de as suas explorações de suínos terem sido dizimadas por uma doença suína.

As exportações de carne de porco da UE para a China diminuíram desde então, atingindo 2,5 mil milhões de euros no ano passado e quase metade desse total veio de Espanha.

A tensão sobre a carne de porco não impediu a Espanha de saudar os planos do fabricante chinês de automóveis Chery de abrir uma fábrica de veículos eléctricos em Barcelona.

O líder socialista espanhol também participou num fórum empresarial em Pequim para empresas espanholas e chinesas antes de viajar para Xangai, onde participou ontem em eventos empresariais e na inauguração de um Instituto Cervantes, um centro que promove a língua e a cultura espanholas.

10 Set 2024

Timor/Papa | Francisco alerta para “crocodilos” que querem mudar identidade e história

O Papa Francisco alertou ontem os timorenses, já na fase final da missa em Tasi Tolu, para terem cuidado com os “crocodilos” que querem mudar a identidade e a história de Timor-Leste.

“Estejam atentos, porque me disseram que em algumas praias vivem crocodilos. Os crocodilos que nadam e têm uma mordida forte. Estejam atentos a esses crocodilos, que querem mudar-vos a cultura e a história”, afirmou Francisco.

“Não se aproximem desses crocodilos porque mordem e mordem muito”, disse, perante os aplausos dos timorenses, depois de ter sido traduzido para tétum. Francisco voltou a salientar que o melhor que Timor-Leste tem é o seu povo e o melhor que o povo tem são as suas crianças.

“Um povo que ensina as suas crianças a sorrir, é um povo com futuro”, disse Francisco, pedindo aos timorenses para continuarem a ter muitos filhos. O Papa pediu também para que os timorenses cuidem dos mais velhos, porque “são a memória da terra”.

“Obrigada, muito obrigada pela vossa caridade, pela vossa fé. Sigam em frente com esperança”, disse, deixando momentos depois o palco em Tasi Tolu, onde permanecem milhares de pessoas.

As autoridades estimam que estejam em Tasi Tolu mais de meio milhão de pessoas, num país com 1,3 milhões de pessoas, 98 por cento das quais são católicas.

O Papa Francisco iniciou segunda-feira uma visita a Díli, capital de Timor-Leste, no âmbito de um périplo que está a fazer à região, tendo já passado pela Indonésia e Papua Nova Guiné e que termina em Singapura, na sexta-feira, naquela que é a mais longa viagem do seu pontificado.

10 Set 2024

ONG | Perto de 200 militantes ambientais mortos em 2023

Cerca de 200 ambientalistas foram assassinados em todo o mundo em 2023, com a Colômbia a surgir, mais uma vez, como o país mais perigoso para os activistas, anunciou ontem uma organização não-governamental (ONG).

Cerca de 85 por cento dos 196 homicídios de defensores do ambiente e dos direitos à terra no ano passado ocorreram na América do Sul, tendo a ONG Global Witness registado 79 só na Colômbia, o número mais elevado desde que a organização começou a produzir um relatório anual, em 2012.

A maioria dos crimes ocorreu no sudoeste do país e há suspeitas de que organizações criminosas tenham cometido pelo menos metade deles. A Colômbia vai acolher, em Outubro e Novembro, a Conferência da ONU sobre a Biodiversidade (COP16) em Cali, precisamente no sudoeste do país, o que suscita preocupações quanto à segurança dos participantes.

O relatório destacou também a situação nas Honduras, que registou 18 homicídios, o maior rácio de assassínios por habitante. Na Ásia, as Filipinas continuam a ser o país mais perigoso, com 17 homicídios de activistas ambientais.

A Global Witness destacou uma tendência crescente de raptos na região. “Desde a nossa libertação, as ameaças não pararam”, afirmaram no relatório Jonila Castro e Jhed Tamano, duas activistas que se opõem aos projectos de recuperação da baía de Manila, nas Filipinas.

As activistas acusaram o exército de as ter raptado, embora as autoridades tenham afirmado que as duas mulheres pertenciam a uma rebelião comunista, que mais tarde abandonaram.

Outros continentes

Em África, a Global Witness registou apenas quatro mortes, mas alertou que o número estará provavelmente “muito subestimado”, dada a dificuldade de recolha de informações.

A ONG condenou ainda novas leis aprovadas no Reino Unido e nos Estados Unidos, que prevêem penas mais duras para manifestantes e activistas, bem como os “níveis draconianos de vigilância” nos países da União Europeia.

No caso do Reino Unido, a Global Witness referiu o caso de três activistas ambientais que foram proibidos pelos tribunais de invocar a crise climática em sua defesa e foram detidos por desrespeito da lei.

10 Set 2024

Timor/Papa | Francisco exorta timorenses à construção do Estado e a apostarem na Educação

O Papa Francisco exortou ontem os timorenses a prosseguirem a construção e consolidação do Estado para servirem os timorenses e a apostarem na educação dos jovens, que representam a maioria da população do país.

“Exorto-vos a prosseguirem com renovada confiança na sábia construção e consolidação das instituições” da República, para que “estejam completamente aptas a servir o povo de Timor-Leste” e para que os “cidadãos se sintam efectivamente representados”, afirmou Francisco, na primeira declaração pública em Díli, na Presidência timorense.

“Que a fé que vos iluminou e susteve no passado continue a inspirar o vosso presente e o vosso futuro. ‘Que a vossa fé seja a vossa cultura’, isto é, que inspire critérios, projetos e escolhas segundo o Evangelho”, disse o Papa, referindo-se ao tema da sua visita ao país e a lembrar que agora Timor-Leste tem um “novo horizonte, com céu limpo, mas com novos desafios a enfrentar e novos problemas a resolver”.

Apesar dos problemas, Francisco pediu aos timorenses para serem confiantes e a manterem um “olhar cheio de esperança em relação ao futuro”.

O Papa destacou que 65 por cento dos 1,3 milhões de timorenses têm menos de 30 anos e que o “primeiro campo a investir é na educação, na família e na escola”.

“Uma educação que coloque as crianças e os jovens no centro e promova a sua dignidade”, disse, sublinhando que o entusiasmo dos mais novos, juntamente com a sabedoria dos mais velhos, forma uma “combinação providencial de conhecimento”.

10 Set 2024

Papa Francisco pede em tétum que “Deus abençoe” Timor-Leste

Cerca de 400 pessoas, autoridades políticas e religiosas, sociedade civil e cultural, ouviram ontem o primeiro discurso do Papa em Timor-Leste, que terminou pedindo em tétum que Deus abençoe o país. O discurso de 18 minutos, no palácio presidencial, foi o ponto alto do primeiro dia da visita do Papa a Timor-Leste, que termina esta quarta-feira.

Antes, o Papa já tinha participado numa cerimónia de boas-vindas oficiais na entrada do edifício. Francisco teve depois um encontro privado com o Presidente da República, José Ramos-Horta, de cerca de 15 minutos, ao mesmo tempo que o secretário de Estado do Vaticano se reuniu com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e respectivas delegações.

O Papa reuniu-se depois com as autoridades juntas na sala China, decorada com fotos de heróis da resistência, pinturas e objectos tradicionais timorenses, além de uma pintura da grande muralha da China. O palácio foi construído pela China. Antes de entrar na sala, o Papa já tinha cumprimentado 10 membros da família do Presidente.

Toda a tradição

Depois dos discursos do chefe de Estado de Timor-Leste e de Francisco seguiu-se uma troca de presentes e houve ainda uma bênção final aos funcionários e uma foto de grupo, composto por mais de mil pessoas.

Na saída do Papa foi tocada uma melodia por corneteiros de “karau dikur”, um instrumento de sopro tradicional que é feito de chifre de búfalo e que é usado para chamar ou informar a comunidade de um acontecimento importante.

O Papa Francisco recebeu um tais, um pano tradicional de Timor-Leste, um terço e uma escultura feitos de sândalo, do artista Ricardo Nheu.

E assinou também um Livro de Honra que foi especialmente concebido para comemorar a visita a Timor-Leste, com capa de tecido e madeira, representando um peixe, um dos primeiros símbolos cristãos, e uma peça de madeira com a inscrição “Unitur in Pace” (Unidos na Paz, em Latim).

10 Set 2024

BRICS | Wang Yi visita a Rússia esta semana

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, vai à Rússia esta semana para participar numa reunião dos países-membros dos BRICS dedicada à segurança, anunciou ontem a diplomacia chinesa.

“A convite do secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, Sergei Shoigu (…), Wang Yi participará na 14.ª reunião dos altos responsáveis de segurança e conselheiros de segurança nacional dos BRICS em São Petersburgo, na Rússia, de 11 a 12 de Setembro”, declarou Mao Ning, porta-voz do ministério.

A viagem de Wang Yi acontece antes da cimeira dos BRICS marcada para o próximo mês em Kazan, na Rússia, na qual Presidente russo, Vladimir Putin, espera contar com a presença do seu homólogo chinês, Xi Jinping.

Os dois políticos são parceiros próximos e encontraram-se inúmeras vezes nos últimos anos para demonstrar a “amizade sem limites” entre os seus dois países.

Moscovo e Pequim já denunciaram em conjunto o que consideram ser a hegemonia norte-americana nos assuntos internacionais. A cimeira dos BRICS deverá também acolher outro parceiro próximo de Putin e rival regional de Pequim o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que já tinha visitado a Rússia em Julho.

Com quatro membros (Brasil, China, Índia e Rússia) quando foi criado em 2009, ao bloco dos BRICS juntou-se à África do Sul em 2010 e expandiu-se esse ano para vários outros países emergentes, incluindo o Egipto e o Irão.

A Turquia, um Estado-membro da NATO com relações por vezes tensas com os seus aliados ocidentais, anunciou no início de Setembro que tinha apresentado um pedido de adesão ao bloco.

10 Set 2024

China Renaissance | Acções de Bao Fan caem 72% após suspensão

As acções do banco de investimento China Renaissance, gerido pelo banqueiro chinês Bao Fan, desaparecido em Fevereiro de 2023, caíram ontem 71,66 por cento na abertura da sessão, após uma suspensão de um ano e cinco meses.

Às 11:00, as acções recuperaram ligeiramente na bolsa de valores de Hong Kong, com a queda a fixar-se em cerca de 61 por cento.

Na sexta-feira passada, o China Renaissance anunciou que cumpriu finalmente os requisitos para retomar as transacções, o que implicou sobretudo a publicação de várias contas de resultados desde 2022, bloqueadas pelo desaparecimento de Bao.

Quanto ao paradeiro do fundador, a empresa limitou-se a reiterar que está “indisponível para ser contactado” porque estar “a cooperar” com uma investigação conduzida por “certas autoridades da República Popular da China”.

Em 16 de Fevereiro de 2023, a empresa comunicou o desaparecimento de Bao e, 10 dias depois, indicou ter tomado conhecimento de que o responsável estava “a cooperar” numa investigação.

Bao, conhecido por ser o arquitecto de algumas das maiores fusões de empresas tecnológicas do país, terá tentado transferir parte da fortuna da China e de Hong Kong para Singapura, onde, no final de 2022, tentou criar um fundo para gerir a riqueza, noticiou o jornal Financial Times.

A última notícia sobre o banqueiro foi difundida em Fevereiro, quando o China Renaissance informou que Bao se tinha demitido de todos os cargos na empresa por “razões de saúde” e para “dedicar mais tempo aos assuntos da família”.

10 Set 2024

Investimento | Pequim vai fundir empresas com 213,357 mil ME em activos

A China pretende fundir duas das principais agências de investimento do país, a Guotai Junan e a Haitong, para criar a maior empresa nacional do sector, com cerca de 1,68 biliões de yuan sob gestão.

O plano, anunciado na semana passada, envolve uma troca de acções e está ainda pendente da aprovação dos conselhos de administração, dos accionistas e das autoridades reguladoras de ambas as empresas.

As duas empresas estão sediadas em Xangai, considerada a capital económica da China, cuja gestora pública de activos controla a Guotai Junan e detém a maior participação na Haitong, a mais pequena das duas.

Tanto a Guotai Junan como a Haitong suspenderam a cotação das suas acções em Hong Kong e Xangai, especificando que, neste último mercado, o congelamento não deverá durar mais de 25 dias úteis, de acordo com o portal de notícias de negócios Yicai.

Embora a China tenha cerca de 145 empresas de investimento, Pequim planeia consolidar o sector, com vista a ter dois ou três bancos de investimento que possam competir globalmente e enfrentar Wall Street até 2035, o que resultou recentemente em várias iniciativas de fusão.

Por exemplo, a Guosen está a tentar adquirir a quase totalidade da Vanho, e a Guolian também indicou que irá adquirir a Minsheng e a Western.

De acordo com um analista citado pelo Yicai, o acordo tem também como objectivo dotar Xangai de um banco de investimento de “classe mundial” que esteja à altura do estatuto da cidade como centro financeiro internacional.

Prós e contras

A fusão da Guotai Junan e da Haitong ultrapassaria a Citic Securities como a maior corretora de investimentos da China, embora o sector tenha sofrido muito nos últimos anos face a uma recuperação económica mais fraca do que o esperado e à queda dos mercados locais: o índice CSI 300 das 300 maiores empresas das bolsas de Xangai e Shenzhen está quase 45 por cento abaixo do seu pico de Fevereiro de 2021.

A Bloomberg observou recentemente que o Haitong ganhou menos 75 por cento no primeiro trimestre, pelo que a fusão poderia resolver alguns dos seus problemas, em parte devido à “qualidade não muito saudável” dos seus activos subjacentes, segundo os especialistas.

Outra consequência possível da fusão seria a perda de postos de trabalho: a Guotai Junan tem cerca de 15.000 trabalhadores e a Haitong mais de 13.600.

Pequim, que permite a plena participação estrangeira em empresas deste sector desde 2020, já tinha considerado uma operação semelhante há alguns anos, embora nesse caso se tratasse da aquisição de uma participação na CSC Financial pela empresa-mãe da Citic Securities.

10 Set 2024

Vietname | Yagi perde força e passa a tempestade tropical

O super-tufão Yagi, o mais forte registado este ano na Ásia, passou ontem a tempestade tropical, depois de perder força ao atingir no sábado o norte do Vietname, onde fez pelo menos quatro mortos.

O Yagi, que ainda causou dois mortos na província chinesa de Hainão e 20 nas Filipinas, encontra-se já enfraquecido perto da fronteira entre Vietname, Laos e China, de acordo com a última actualização do departamento meteorológico do Vietname.

Apesar disso, esta agência apelou aos habitantes locais para que se mantenham vigilantes face ao risco de inundações, cheias repentinas e deslizamentos de terras.

As autoridades vietnamitas estão agora concentradas na análise dos danos causados pelo tufão, que atingiu no início da tarde de sábado a cidade de Haiphong, com mais de dois milhões de habitantes e um importante centro de empresas tecnológicas, e afectou a capital Hanói, com 8,5 milhões de habitantes.

De acordo com as primeiras informações, o Yagi, o terceiro tufão a atingir o Vietname este ano, provocou a queda de mais de 2.200 árvores em toda a capital, bem como de postes de iluminação e candeeiros de rua. Registaram-se algumas inundações em toda a metrópole.

Até à data, o número de mortos mantém-se em quatro, nas províncias de Quang Ninh e Hai Duong, e contabilizaram-se 78 feridos.

O Yagi causou no Vietname chuvas fortes e ventos sustentados de 118 quilómetros por hora, com rajadas máximas de até 149 quilómetros por hora.

Antes da chegada do super-tufão, as autoridades retiraram de casa cerca de 50 mil pessoas, e quase meio milhão de soldados foram mobilizados para ajudar nos trabalhos de emergência.

O aeroporto Noi Ba, em Hanói, o maior do país, retomou ontem as operações, depois de ter cancelado a actividade no sábado devido aos efeitos do tufão.

8 Set 2024

FOCAC | Wang Yi propõe princípios para relações internacionais com África

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, propôs três princípios para a comunidade internacional ao cooperar com a África.

Wang apresentou as propostas na quinta-feira, quando se reuniu com a imprensa juntamente com a ministra dos Negócios Estrangeiros do Senegal, Yacine Fall, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da República do Congo, Jean-Claude Gakosso, durante a Cimeira 2024 do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC).

O responsável, citado pelo Diário do Povo, afirmou que a China espera que todos os países envolvidos na cooperação com a África defendam a justiça.

Alcançar a modernização não é um privilégio exclusivo de alguns países, e as nações africanas também têm o direito ao desenvolvimento, afirmou Wang. É imperativo estar atento às vozes da África e respeitar a aspiração do povo africano de explorar os seus próprios caminhos de desenvolvimento, disse.

O responsável acrescentou que a cooperação internacional com a África deve ser pragmática, conclamando todos os países parceiros a cumprirem o que dizem e oferecerem benefícios tangíveis ao povo africano.

8 Set 2024

Diplomacia | China e Camboja aprofundam cooperação

O conselheiro de Estado e o ministro da Segurança Pública chinês, Wang Xiaohong, presidiu a uma reunião de encerramento das actividades do Ano de Cooperação na Aplicação da Lei entre a China e o Camboja, juntamente com o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior cambojano, Sar Sokha, em Pequim na sexta-feira.

Observando que a China e o Camboja são amigos “de ferro” e que os líderes dos dois países chegaram a um consenso importante sobre a construção de uma comunidade China-Camboja com um futuro compartilhado na nova era de alta qualidade, alto nível e alto padrão, Wang disse que a China está disposta a trabalhar com o Camboja para implementar o consenso importante, aprofundar a cooperação política e de segurança, realizar acções conjuntas para combater o crime, reforçar a cooperação em capacitação de aplicação da lei e salvaguardar conjuntamente a segurança e a estabilidade de ambos os países e da região, indica a Xinhua.

Sar Sokha expressou gratidão pelo apoio de longa data e pela assistência altruísta da China, dizendo que o Camboja está disposto a fortalecer ainda mais a cooperação na aplicação da lei entre os dois países. Os dois lados assinaram documentos para aprofundar a cooperação China-Camboja na aplicação da lei.

8 Set 2024

China / EUA | Comércio e negócios em discussão

O grupo de trabalho de comércio e negócios China-EUA realizou a sua segunda reunião vice-ministerial em Tianjin neste sábado para promover discussões profissionais, racionais e pragmáticas sobre questões políticas e assuntos comerciais, indicou a agência estatal Xinhua.

A reunião foi co-presidida pelo representante do comércio internacional e vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, e pela subsecretária de Comércio para Comércios Internacionais dos EUA, Marisa Lago, segundo o Ministério do Comércio.

A China está disposta a fazer esforços conjuntos com os EUA para fortalecer a comunicação, expandir a cooperação, abordar as diferenças e criar um ambiente favorável de política para a cooperação comercial entre os dois países, disse Wang.

O país aprofundará ainda mais as reformas, expandirá a abertura e procurará o desenvolvimento de alta qualidade, observou Wang, destacando que uma China modernizada com uma grande população representa uma oportunidade, não uma ameaça para os EUA.

Durante a reunião, o lado chinês expressou preocupação com as tarifas da Secção 301 dos EUA, a investigação da Secção 301 sobre a construção naval e outros sectores da China, o exagero do conceito de segurança nacional, as sanções a empresas chinesas, as restrições a investimentos bilaterais, os recursos comerciais dos EUA contra a China e o tratamento injusto das empresas chinesas nos EUA, entre outras questões, acrescenta a Xinhua.

O lado chinês enfatizou que esclarecer os limites da segurança nacional em questões económicas e comerciais ajudaria a estabilizar as expectativas de cooperação comercial. Também se opôs ao uso de alegações de “excesso de capacidade” como pretexto para impor restrições comerciais e de investimento, de acordo com o Ministério do Comércio.

Ambos os lados concordaram em fornecer o apoio necessário para actividades de promoção de comércio e investimento organizadas por ambos os países, manter comunicações em áreas como fluxos de dados transfronteiriços, inspecção e quarentena, cuidados de saúde e saúde da mulher, dispositivos médicos e energia limpa, e em continuar a facilitar a cooperação entre empresas chinesas e americanas estabelecendo mais escritórios de projectos.

Os dois lados também visam fortalecer a colaboração dentro de estruturas como o G20 e a Cooperação Económica Ásia-Pacífico, disse a pasta, acrescentando que os departamentos de comércio de ambos os países estão dispostos a manter o diálogo com as empresas e ouvir seus comentários.

8 Set 2024

EUA | Pedida investigação à Temu e Shein sobre segurança

Membros da comissão de segurança de produtos de consumo dos EUA propuseram uma investigação às populares plataformas de comércio electrónico chinesas Temu e Shein, para determinar se cumprem as normas de segurança estabelecidas, particularmente em relação a produtos infantis.

Numa carta enviada à agência, divulgada na quarta-feira, os comissários Peter Feldman e Douglas Dziak instaram a comissão a investigar como é que estas “empresas estrangeiras que dependem de fornecedores estrangeiros cumprem as suas obrigações ao abrigo da Lei de Segurança dos Produtos de Consumo”.

“Shein e Temu levantam preocupações específicas”, referem na carta, enviada na terça-feira à comissão, sublinhando também que “reportagens recentes dos meios de comunicação social” indicam que os produtos perigosos para crianças são fáceis de encontrar em ‘sites’.

Salientam ainda que há relatos de que “milhares de fábricas e fornecedores chineses” se juntaram à cadeia de abastecimento da Shein e da Temu, cuja popularidade disparou nos EUA com as suas ofertas de produtos baratos fabricados naquele país, que vão desde t-shirts e bolsas para artigos electrónicos e artigos de cozinha.

Feldman e Dziak dizem que querem “compreender melhor estas empresas”, em particular os envios de baixo valor directamente ao consumidor, uma regra que isenta de tarifas as remessas avaliadas em 800 dólares ou menos.

“À medida que a comissão define as suas prioridades para o próximo ano, esperamos que investigue as verificações de segurança e conformidade das empresas, relações com fornecedores e consumidores externos e qualquer declaração que façam quando os produtos são importados”, pode ler-se na carta.

Os membros da comissão alertaram também que os vendedores externos, nacionais e estrangeiros, estão a proliferar nas plataformas ‘online’.

6 Set 2024

Europa e China com melhor ar em 2023. América do Norte e Índia com piores níveis

Os níveis das partículas mais poluentes da atmosfera desceram em 2023 na Europa e na China, comparativamente com a média dos últimos 20 anos, mas aumentaram na América do Norte e no subcontinente indiano, anunciou ontem a ONU.

Os incêndios florestais no Canadá provocaram níveis “excepcionalmente elevados” de partículas PM2,5 – as mais pequenas e mais nocivas na atmosfera – na América do Norte, indicou um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

No caso da Índia e dos países vizinhos, o aumento foi atribuído ao crescimento da indústria e de outras actividades humanas.

Já na Europa e na China, as reduções das emissões com origem na actividade humana contribuíram para uma redução das concentrações de partículas PM2,5 durante o período 2003-2022, dando continuidade a uma tendência observada nestas áreas desde que a OMM começou a publicar, em 2021, estes boletins sobre as alterações da qualidade do ar.

“Qualquer esforço para reduzir as emissões, especialmente em áreas com altos níveis de poluição do ar, é certamente motivo de optimismo, especialmente se fizer parte de um esforço planeado e constante, como parece ser nestes casos”, disse o especialista do departamento de observação atmosférica da OMM Lorenzo Labrador.

Labrador salientou que o estudo se centra nas partículas PM2,5 e não noutras emissões, como as de gases com efeito de estufa, dióxido de carbono ou óxido nitroso, pelo que esta monitorização não fornece uma imagem completa das emissões em cada região.

Apesar das melhorias, a OMM advertiu que “o círculo vicioso das alterações climáticas, associado aos incêndios florestais e à poluição, tem um impacto cada vez mais negativo na saúde humana, nos ecossistemas e na agricultura”.

Calcula-se que a poluição atmosférica provoque mais de 4,5 milhões de mortes prematuras anualmente, enquanto no sector agrícola veja reduzida a produtividade em muitas regiões, afirmou a OMM, que apontou zonas particularmente afectadas como África Central, China, Índia, Paquistão e Sudeste Asiático.

Análises efectuadas na China e na Índia mostram que as partículas poluentes do ar podem diminuir a produtividade até 15 por cento em zonas muito contaminadas, reduzindo a quantidade de luz solar que chega às culturas e bloqueando a acção reguladora do vapor e do dióxido de carbono das folhas de muitas plantas.

Verão infernal

No ano passado, o Canadá registou níveis recorde de incêndios florestais entre Maio e Setembro, com sete vezes mais hectares ardidos do que a média anual para o período 1990-2013. Esta situação provocou o agravamento da qualidade do ar não só no país, mas também nos vizinhos Estados Unidos, particularmente visível em zonas como Nova Iorque.

O fumo e as partículas provenientes destes incêndios foram também transportados através do oceano Atlântico para regiões tão distantes como a Europa Ocidental e a Gronelândia, indicou a OMM. A agência meteorológica da ONU lembrou também os mais de 400 incêndios, muitos deles intencionais, que devastaram o centro e o sul do Chile em Janeiro e Fevereiro do ano passado.

Os incêndios causaram 23 mortes e levaram a um aumento dos níveis diários de exposição ao ozono, obrigando as autoridades a declarar uma emergência ambiental em várias regiões do país.

6 Set 2024

ONU | China e África podem “liderar a revolução” das energias renováveis

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou ontem, em Pequim, que China e África podem “liderar a revolução das energias renováveis”.

“O notável historial de desenvolvimento da China, em particular na erradicação da pobreza, é uma grande fonte de experiência e conhecimento”, afirmou Guterres, na abertura da cimeira do Fórum de Cooperação China-África, que se realiza na capital chinesa.

“A parceria entre a China e África pode liderar a revolução das energias renováveis”, além de poder também “servir de catalisador para transições essenciais nos sistemas alimentares e na conectividade digital”, acrescentou o português.

Além disso, continuou Guterres, “enquanto sede de algumas das economias mais dinâmicas do mundo, África pode maximizar o potencial do apoio da China em áreas que vão desde o comércio e a gestão de dados até às finanças e à tecnologia”.

A cimeira, a maior reunião diplomática organizada em Pequim desde a pandemia de covid-19, junta mais de 50 líderes africanos até hoje na capital chinesa, segundo a imprensa estatal do país asiático.

Em Pequim, encontram-se vários líderes de países africanos de língua portuguesa, nomeadamente o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.

“É tempo de corrigir certas injustiças históricas” em relação a África, referiu Guterres ainda durante o discurso. “É escandaloso, por exemplo, que o continente africano não tenha um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU”, afirmou.

6 Set 2024

África | Pequim promete ajudar a criar um milhão de empregos até 2027

O Fórum de Cooperação China-África, que decorre em Pequim até esta-sexta feira, e que acolhe, além do secretário-geral da ONU, António Guterres, cerca de 50 governantes africanos, foi o palco para Xi Jinping anunciar o compromisso do país para com o continente africano, prometendo intensificar a cooperação e ajudar a criar um milhão de empregos nos próximos três anos

 

O líder da China, Xi Jinping, prometeu ontem apoiar África com 360 mil milhões de yuan até 2027 e ajudar a criar um milhão de empregos no continente africano.

Na abertura da cimeira do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), em Pequim, Xi prometeu ainda que o país irá investir pelo menos 70 mil milhões de yuan no bloco africano. Xi disse que o país está “pronto para aprofundar a cooperação” com o continente no domínio económico. As relações entre a China e África vivem o “melhor período da história”, assegurou.

“A China e a África devem permanecer unidas e defender os seus direitos legítimos num momento em que o mundo está a passar por mudanças sem precedentes”, acrescentou o líder chinês. Xi anunciou 30 projectos de infraestruturas e renovou a promessa de aumentar as importações agrícolas de África, intenção que já tinha manifestado na edição anterior do FOCAC, em Dacar, em 2021.

O dirigente enfatizou ainda que a China ajudará África a “promover a modernização ecológica, o desenvolvimento verde e a transição para a tecnologia de baixo carbono”. Xi disse também que a China vai doar mil milhões de yuan em ajuda militar a África, bem como dar formação a seis mil militares.

A China é o maior parceiro comercial do continente africano, com o comércio bilateral a atingir 167,8 mil milhões de dólares na primeira metade do ano, de acordo com a imprensa oficial chinesa.

No total, 50 líderes de países africanos e o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, estão presentes na cimeira, de acordo com a imprensa chinesa.

Uma lista que inclui o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.

Outras doações

Na quarta-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, anunciou durante uma reunião com Correia e Silva que a China vai doar 28,5 milhões de dólares a Cabo Verde.

No âmbito da visita de Estado de seis dias que Nyusi está a efectuar ao país asiático, Moçambique assinou na quarta-feira um acordo que irá permitir exportar para a China feijão boer, macadâmia e castanha de caju.

Fora da lista de presenças ficou o Presidente angolano, João Lourenço, apesar da China ser o maior credor do país africano e de Angola ser o maior parceiro económico chinês na África subsaariana.

De acordo com a Universidade de Boston, Angola contabiliza mais de 45 mil milhões de dólares entre 2000 e 2022, em empréstimos e financiamentos da China para 258 projectos, principalmente na energia e transportes.

Luanda está representada em Pequim pelo ministro dos negócios estrangeiros, Téte António. A cimeira, a maior reunião diplomática organizada na China desde a pandemia, termina hoje.

6 Set 2024

Mais de 50 líderes africanos participam no Fórum de Cooperação China-África

O Fórum para a Cooperação China-África arrancou ontem, em Pequim, com a presença de vários líderes do continente africano, num encontro em que a China vai procurar diversificar o comércio bilateral.

Os encontros, realizados na segunda-feira entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e homólogos africanos, foram marcados pelas promessas chinesas de investimento no continente, antecipando uma nova edição do Fórum para a Cooperação, um mecanismo de diálogo entre China e África, iniciado em Pequim, em 2000.

Pelo menos 50 chefes de Estado e de governos africanos vão estar na capital chinesa, até sexta-feira, para participar no Fórum, indicou a diplomacia chinesa, sobre o encontro em que o lema é “dar as mãos para promover a modernização”.

O fórum vai incluir uma cimeira empresarial, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV, terminando o evento com dois documentos, uma “declaração” e um “plano de acção” para orientar a cooperação China-África nos próximos três anos.

Desde 2000, este fórum tem crescido em importância, tornando-se um evento prioritário que acolhe delegações de alto nível de todos os países africanos, com excepção de Esuatini, que mantém relações diplomáticas com Taiwan e não com a China.

A segunda maior economia do mundo tem sido o maior parceiro comercial de África nos últimos 15 anos, com o volume de comércio a atingir um recorde de 282,1 mil milhões de dólares em 2023. No primeiro semestre deste ano, o comércio bilateral atingiu 167,8 mil milhões de dólares, de acordo com os meios de comunicação oficiais chineses.

No continente africano, os empréstimos substanciais de Pequim permitiram a construção de numerosos projectos de infra-estruturas, como caminhos-de-ferro, portos e estradas.

Procura e oferta

Ao longo das duas últimas décadas, a China enviou centenas de milhares de trabalhadores e engenheiros para África para construir estes grandes projectos e obteve acesso privilegiado aos vastos recursos naturais africanos, nomeadamente cobre, ouro e lítio.

No entanto, algumas vozes têm também criticado a estratégia do gigante asiático no continente pelas chamadas “armadilhas da dívida”, face à alegada utilização estratégica da dívida para tornar os países africanos cativos dos desejos e exigências de Pequim.

O défice comercial de África com a China aumentou no ano passado para 64 mil milhões de dólares, embora a diferença tenha diminuído no primeiro semestre de 2024 graças ao rápido crescimento das importações chinesas de África.

Os empréstimos concedidos pela China a países africanos no ano passado atingiram o nível mais elevado dos últimos cinco anos, de acordo com uma base de dados da Universidade de Boston. Os principais países mutuários foram Angola, Etiópia, Egipto, Nigéria e Quénia.

Mas o montante dos empréstimos – 4,61 mil milhões de dólares – está muito abaixo dos máximos atingidos em 2016, quando totalizaram quase 30 mil milhões de dólares.

De acordo com analistas, o actual abrandamento económico na China está a levar Pequim a reduzir o investimento em África. A cimeira desta semana tem também como pano de fundo a crescente competição entre os Estados Unidos e a China em África pela influência política e pelo acesso aos recursos naturais.

4 Set 2024