Luanda destrona Hong Kong como cidade mais cara do mundo

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]uanda voltou ao primeiro lugar da lista das cidades mais caras do mundo para trabalhadores expatriados, destronando Hong Kong, segundo o estudo da Global Mercer sobre o custo de vida em 2017, divulgado ontem.

O estudo conclui que “algumas cidades africanas continuam a ocupar um lugar de destaque” no levantamento publicado em 2017, o que para a consultora Mercer “reflecte os altos custos de vida e preços dos bens para trabalhadores expatriados”.

Luanda ocupa o primeiro lugar “como a cidade mais cara para expatriados” em todo o mundo, “apesar de a sua moeda [kwanza] ter desvalorizado em relação ao dólar norte-americano”, mais de 40%, desde 2015.

A capital angolana, como todo o país, enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só entre Janeiro e Dezembro de 2016 viu a inflação ultrapassar os 40 por cento, segundo números do Instituto Nacional de Estatística.

O estudo da Mercer analisa dados de 209 cidades mundiais e leva em conta o preço de mais de 200 produtos e serviços, nomeadamente alojamento, comida, vestuário, transportes, lazer ou telecomunicações.

A título de exemplo, um café em Luanda custa mais de dois euros, o pão de forma quase 18 euros e o aluguer de um apartamento com três quartos pode ultrapassar os 12.200 euros mensais.

Segundo a Mercer, este estudo anual sobre o custo de vida nas maiores cidades e capitais mundiais fornece, entre outra informação, elementos-chave para as empresas estabelecerem “subsídios justos de custo de vida” a trabalhadores expatriados.

22 Jun 2017

Encontro com os EUA para debater Coreia do Norte e Mar do Sul

Na sequência do encontro entre Trump e Xi, China e EUA realizam o seu primeiro encontro bilateral sobre segurança. Kim Jong-nan vai ficar com as orelhas a arder.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] desenvolvimento armamentista da Coreia do Norte vai ser a prioridade do primeiro diálogo de segurança e diplomacia entre os EUA e a China, que se realiza em Washington hoje, quarta-feira, informou o Departamento de Estado norte-americano. A reunião é o primeiro resultado do acordo alcançado em Abril entre os presidentes norte-americano e chinês, para intensificar a cooperação de alto nível entre ambos países.

Em teleconferência, a encarregada em funções do Departamento de Estado para os Assuntos da Ásia-Pacífico, Susan Thornton, afirmou que “a Coreia do Norte vai ser uma prioridade nas conversações, com o objectivo de avançar na cooperação com a China para uma resolução pacífica da ameaça nuclear e de mísseis”.

Este primeiro encontro vai contar, do lado dos EUA, com os secretários de Estado, Rex Tillerson, e da Defesa, James Mattis, e, do lado chinês, com o conselheiro de Estado Yang Jiechi e o chefe do Chefe de Estado-Maior do Exército, general Fang Fenghui.

Os EUA esperam que, com ajuda da China, a Coreia do Norte pare com as violações flagrantes das resoluções da ONU que limitam seu programa de mísseis e o desenvolvimento de armas nucleares. A China deu sinais de colaborar para isolar em alguns aspectos o regime de Kim Jong-Un, que tem em Pequim seu maior aliado comercial e diplomático.

Thornton disse esperar que o diálogo sirva para somar a China ao “eco global” de pressão sobre a Coreia do Norte para que Pyongyang respeite as resoluções da ONU e desista da ideia de obter um míssil intercontinental nuclear. Além disso, os EUA esperam encontrar entendimento sobre as disputas no Mar do Sul da China. “A nossa postura é que todas as partes interrompam a construção ou a militarização nesta região para criar um espaço e as condições necessárias para a diplomacia”, indicou Thornton. “Não esperamos resolver todas as nossas diferenças com a China numa ronda de diálogo ou num dia, mas esperamos obter resultados concretos”, concluiu.

21 Jun 2017

China | Drones distribuem encomendas em zonas rurais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amazon foi a primeira companhia a mostrar a possibilidade de entregar pedidos através de drones, mas enquanto a companhia americana ainda investiga esse tipo de tecnologia, a JD.com, da China, já transformou a ideia em realidade. Desde o ano passado que, em algumas regiões do país, especialmente montanhosas e remotas, a imagem de um drone a transportar pacotes é algo habitual. E a companhia, a segunda maior do comércio electrónico chinês depois da Alibaba, planeia uma expansão.

“O nosso objectivo são as áreas rurais, onde a infra-estrutura não é boa e o sector de transportes não é tão desenvolvido. Por isso, é muito mais barato enviar drones para lá”, explicou o vice-presidente para Assuntos Internacionais da JD, Josh Gartner. “O grande desafio é o fornecimento de energia aos drones”, explicou o executivo na sede central da JD, um edifício nos arredores de Pequim no qual trabalham milhares de funcionários e onde muitos destes drones são exibidos.

Seis dos sete modelos de drone usados pela JD são eléctricos. Apenas o maior deles, um grande equipamento de quase dois metros de envergadura e capacidade para transportar até 30 quilos, é alimentado com gasolina. Os drones, por enquanto, não levam os pedidos ao comprador final. São recebidos por um encarregado da empresa na cidade mais próxima ou na qual vive o cliente, explicou Gartner. “Depositamos as entregas nas cidades, e ali temos o que chamamos de ‘promotor local’ que o recebe e o leva ao cliente nos últimos passos”, conta o vice-presidente.

O espaço aéreo é altamente controlado e o uso de drones é proibido nas cidades chinesas, o que limita o sistema de transporte a regiões rurais. A JD tem permissão para fazer entregas em quatro das 30 regiões administrativas do país. A empresa pode utilizar drones na província de Sichuan, uma das mais montanhosas do país, Jiangsu, Guizhou e as regiões não urbanas dos arredores de Pequim. Mas a JD quer mais. “Queremos expandir no futuro e actualmente temos 40 drones em operação”, explica Gartnet.

Não é acaso que o transporte por drones foi desenvolvido primeiro na China. O país lidera a produção desses equipamentos para uso civil e já possui 45 mil registados. O número real, porém, pode ser muito maior. Na próxima década, a estimativa é que o mercado de drones da China gere US$ 11 mil milhões por ano, segundo um estudo da iResearch.

Tanto a JD como sua principal rival, a Alibaba – que concentra 80% do comércio electrónico na China – estão a trabalhar para conseguir um maior avanço sobre as regiões rurais do país, nas quais vivem 650 milhões de pessoas. Enquanto a Alibaba focou na criação das chamadas “aldeias Taobao”, áreas que vivem quase integralmente do comércio electrónico, a JD trabalha na melhoria do serviço de entrega, que não só se limita ao uso de drones, mas também prevê a construção de mini-aeroportos para a utilização coordenada dos equipamentos. Os camponeses das regiões mais remotas do país é melhor prepararem-se a ver pacotes ser entregues pelo ar.

21 Jun 2017

Embaixador alemão apela à libertação de bispo católico

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador alemão na China apelou ontem às autoridades chinesas para que libertem um bispo católico, alegadamente sob detenção domiciliária, num caso de repressão da igreja no país oficialmente ateísta. Michael Clauss diz que o bispo Shao Zhumin estará detido em sua casa, depois de ter sido forçado a mudar-se por quatro vezes, para locais desconhecidos, no espaço de menos de um ano. Num comunicado difundido através da embaixada alemã, Clauss apelou a que a liberdade total de movimento de Shao seja restabelecida. O embaixador afirmou também que está preocupado com as emendas propostas aos regulamentos para os assuntos religiosos, que os activistas dizem que servirá para aumentar as restrições.

Shao é bispo na cidade de Wenzhou, no sudeste do país. Foi nomeado em Setembro passado pelo Vaticano, não sendo reconhecido pelas autoridades chinesas. Pequim e a Santa Sé não têm relações diplomáticas, divergindo sobretudo na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. O portal noticioso AsiaNews, que está vinculado ao Vaticano, noticiou que a polícia deteve Shao em 18 de maio passado.

Na semana passada, Shao foi visto a chegar ao aeroporto de Wenzhou, na província de Zhejiang, acompanhado por funcionários do Governo, que depois o conduziram para um local desconhecido, detalhou o portal. O seu desaparecimento fará parte de uma tentativa para o persuadir a juntar-se à Associação Patriótica Católica da China, a igreja aprovada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) e independente do Vaticano.

Nos últimos anos, as autoridades de Zhejiang removeram centenas de cruzes e outros símbolos exteriores de fé cristã, afirmando que estes violam as normas de construção. Associações cristãs denunciaram a campanha como inconstitucional e humilhante.

Clauss afirmou ainda que está preocupado com algumas regras novas, numa proposta de regulamento para os assuntos religiosos, sem especificar quais. “Se não forem alteradas, podem representar mais restrições no direito à liberdade religiosa e de crença”, afirmou o embaixador.

As alterações propostas, que foram tornadas públicas em Setembro, alarmaram os activistas, que afirmam que estas visam reprimir as manifestações católicas fora da igreja oficial. Estas incluem cláusulas que dizem que locais religiosos devem seguir os regulamentos de planeamento urbano, numa tentativa de remover símbolos religiosos, como cruzes, das igrejas.

21 Jun 2017

ONG’s | UE deve suspender diálogo com a China sobre direitos humanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] União Europeia “deve cancelar” o diálogo sobre direitos humanos que tem marcado com a China e “suspender” este intercâmbio, “até que traga genuínas melhorias” ao país asiático nesta área, apelaram ontem várias organizações não-governamentais.

Em comunicado, sete ONG, incluindo a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, lembram que a União Europeia (UE) se comprometeu a “colocar todo o seu peso na defesa da liberdade, democracia e direitos humanos em todo o mundo”.

No entanto, não tem demonstrado intenção de travar a corrente de abusos dos Direitos Humanos na China, referem.

As organizações lembram que Bruxelas não apelou à libertação de presos políticos, durante a cimeira UE-China, no início de Junho, ou celebrou o aniversário do Massacre da Praça de Tiananmen, em 4 de Junho.

“A UE não devia prejudicar a sua própria credibilidade, mas antes redireccionar os seus esforços no sentido de trazer mudanças credíveis na China”, acrescenta.

Da inutilidade

O próximo diálogo UE-China na área dos Direitos Humanos está marcado para os dias 22 e 23 de Junho, em Bruxelas.

Aquele encontro conta, porém, com uma “participação governamental de baixo nível” do lado da China e “está desde o início comprometido com a falta de objectivos claros de progresso, vulnerabilidade à pressão chinesa e exclusão de vozes chinesas independentes”, apontam as organizações.

“Como resultado, o diálogo deteriorou-se progressivamente até um exercício cujo propósito é sobretudo assegurar mais uma ronda de diálogos, e não trazer alterações significativas na China”, afirma.

A mesma nota lembra que as sete organizações de defesa dos Direitos Humanos têm feito ao longo da última década “várias recomendações” sobre como o diálogo pode ser melhorado, mas que “poucas foram aceites”.

“A UE devia suspender o diálogo, ao invés de proceder com um encontro de baixo nível e inútil”, referem.

E apelam ainda a que os países europeus estabeleçam metas claras para o progresso chinês nos Direitos Humanos, incluindo “a libertação de individuais, detidos, presos ou desaparecidos, pelo exercício pacífico dos seus direitos básicos, incluindo criticar o Governo chinês”.

“Em vez de um encontro que visa promover os Direitos Humanos, o diálogo China-UE tornou-se um álibi para os líderes europeus evitarem questões delicadas em outras discussões de alto nível”, aponta.

20 Jun 2017

BRICS | Maior cooperação com Brasil nos sectores fiscal e financeiro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s vice-ministros das Finanças do Brasil e China concordaram no domingo, em Xangai, aprofundar a cooperação nos sectores fiscal e financeiro, informou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

O encontro decorreu na véspera dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o bloco de países emergentes designado BRICS, se reunirem.

Marcello Estevão, vice-ministro da Fazenda brasileiro, e o seu homólogo chinês, Shi Yaobin, “celebraram acordos” em questões de “política macroeconómica, reformas estruturais e cooperação no âmbito do G20 e do BRICS”, escreve a agência.

Os dois responsáveis abordaram ainda a cooperação nos sectores financeiro, investimento e política fiscal, acrescenta.

“A China está disposta a aprofundar a coordenação nas políticas macroeconómicas com o Brasil para melhorar a governação global e procurar maior potencial nos investimentos bilaterais”, afirmou Shi Yaobin, citado pela Xinhua.

A China é o primeiro parceiro comercial do Brasil e o seu maior investidor externo. Os dois países fazem ainda parte do G20 e do BRICS.

Marcelo Estevão afirmou que os dois países têm “muito potencial” para cooperarem, acrescentando que como mercados emergentes e membros do BRICS, as duas nações contribuíram para a economia mundial.

Estratégia conjunta

Em Pequim, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul discutiram as alterações climáticas, o comércio e o terrorismo, visando alinhar posições em assuntos chave, numa altura em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou os Estados Unidos de acordos multilaterais como o acordo de Paris para o clima e o Acordo de Associação Transpacífico (TPP).

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, afirmou que, no próximo ano, a China planeia ter uma cooperação mais abrangente em áreas como o comércio e investimento, com os países do BRICS.

No conjunto, aqueles países compõem quase 40% da população mundial e 20% da economia global.

Todos os cinco países são membros do G20, apesar de as suas perspectivas económicas se terem deteriorado, sobretudo no Brasil, África do Sul e Rússia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane, apontou as alterações climáticas como uma questão principal.

“Existe um clima e para as futuras gerações devemos empregar todos os esforços ao nosso dispor para reverter os efeitos das alterações climáticas”, disse.

Nkoana-Mashabane apontou ainda a necessidade em unir esforços para combater o terrorismo.

Os líderes dos cinco países vão reunir-se, em Setembro, na cidade chinesa de Xiamen.

20 Jun 2017

Seul pede apoio da ONU para resolver crise na Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Kang Kyung-wha, pediu, no domingo, ao secretário-geral da ONU um forte apoio por parte do órgão para que se alcance a desnuclearização do regime norte-coreano.

Kang Kyung-wha falou ao telefone com António Guterres no domingo, logo depois de ser oficialmente designada para o cargo pelo Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, segundo informou ontem a diplomacia sul-coreana em comunicado.

A nova ministra dos Negócios Estrangeiros garantiu a Guterres que a Coreia do Sul vai continuar a trabalhar com as Nações Unidas para resolver a crise que o programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte gera, e para “melhorar a situação dos direitos humanos no hermético país”, tendo-lhe solicitado um forte apoio neste domínio, indica a mesma nota oficial.

Por seu lado, o secretário-geral da ONU comprometeu-se a apoiar as metas de Seul e expressou o desejo de que as relações entre o organismo internacional e a Coreia do Sul continuem a crescer “com base na extensa experiência que Kang teve nas Nações Unidas”.

Com currículo

Kang, a primeira mulher a chefiar a diplomacia na Coreia do Sul, começou a trabalhar na missão sul-coreana na ONU em 2001.

Em 2007 foi nomeada Alta-comissária adjunta dos Direitos Humanos da ONU e em 2013 subsecretária-geral para os Assuntos Humanitários antes de se tornar, no mesmo ano, assessora especial para assuntos políticos do próprio diplomata português.

Kang foi designada para o cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul no final de Maio, mas a sua nomeação oficial atrasou-se devido às fortes objecções por parte da oposição.

Apesar de o parlamento não ter poder para vetar a sua designação, os blocos da oposição teceram duras críticas a Kang nomeadamente por, no passado, ter alegadamente falsificado a sua morada para que a sua filha pudesse frequentar uma determinada escola, e supostamente ter fugido a impostos.

20 Jun 2017

China | Estudantes estrangeiros obrigados a ter disciplinas sobre a nação

Os alunos estrangeiros a estudar na China têm agora de frequentar obrigatoriamente aulas sobre política, leis, instituições e cultura do país. Tentativa de reforço da propaganda ou não, alunos e antigos alunos analisam a medida e contam a sua experiência

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]studar na China tornou-se, nos últimos anos, um objectivo para muitos estrangeiros. No reverso da medalha, o fenómeno é semelhante a milhares de estudantes chineses que todos os anos vão frequentar cursos superiores em países estrangeiros, sobretudo na Europa e Estados Unidos. Mas agora, segundo o South China Morning Post (SCMP), foram estabelecidas regras mais rígidas para os estrangeiros, criadas numa parceria constituída pelos ministérios da Educação, Negócios Estrangeiros e Segurança Pública.

Os cursos incluem o ensino de leis e das instituições, que fazem parte do Governo chinês, sem esquecer a filosofia ou teoria política. Ainda assim, “não foram dados detalhes sobre o tipo de sistemas que serão ensinados”, aponta o jornal de Hong Kong.

A medida é aplicada a todos os cursos, independentemente da sua área, à excepção dos alunos oriundos de Macau e de Hong Kong. A medida entra em vigor já no próximo mês, a tempo de um novo ano lectivo. Para além da obrigatoriedade dos cursos, os alunos serão acompanhados por tutores. Caso vivam foram dos dormitórios das universidades, devem registar a sua morada junto das autoridades policiais do bairro onde vivem.

Paulo, designer português a residir em Pequim, fez na capital chinesa o seu mestrado. As aulas não se limitaram à criatividade, ao desenho e à concepção, mas também à essência da China. “Quando vim para cá tive de ir a uma aula chamada ‘Outline of China’. Ensinaram-nos a geografia do país, um pouco de história e de política, mas nada de muito aprofundado, foi só um semestre”, contou Paulo, que se recorda de ouvir uns laivos de propaganda.

“Claro que nessa altura vindo de um professor e universidades que são muito ligados ao partido”, tentaram vender o comunismo como sendo uma coisa boa e que os sistemas capitalistas tinham muitos problemas, mas não achei nada de extraordinário comenta.

O designer considera que as novas medidas anunciadas constituem apenas “mais uma das muitas ferramentas de propaganda, para espalhar o ‘soft power’ chinês”. “Vemos isso tem todo o lado, a toda a hora, em nuances e entrelinhas”, acrescentou. “Esta medida é uma tentativa clara de conter influências ocidentais, especialmente depois das notícias recentes de testemunhos de estudantes chineses nos Estados Unidos”, apontou Paulo, que aponta, contudo, excelentes contrapartidas de estudar no continente.

“As bolsas oferecidas pelo Governo chinês são das que melhores condições têm a nível mundial. Levar com propaganda é o preço a pagar por isso.”

“Não tenho interesse”

Pedro Roleira também vive em Pequim, onde frequenta um mestrado integrado em Engenharia Mecânica, com especialização em energias. Ficou seis meses na Universidade Tsinghua, uma das mais prestigiadas do mundo, enquanto aluno do departamento de engenharia de veículos.

O mestrando nunca teve passou por aulas ligadas à política ou cultura chinesas. “Não sinto necessidade de ter essa formação porque não sinto interesse e não tenho muito tempo para aprender sobre a história e política chinesa”, frisou.

Para Pedro Roleira, estas aulas deveriam continuar a ser optativas e não obrigatórias. Ainda assim, Pedro entende que “os europeus têm uma imagem da China bastante distorcida, manipulada pelos Estados Unidos. A disponibilização deste tipo de ensino pode ajudar os ocidentais a mudarem a sua mentalidade”.

Por seu lado, Paulo recorda-se de um episódio que viveu numa das aulas que teve de frequentar. “No final do semestre tivemos de apresentar um pequeno trabalho sobre um tema à nossa escolha. Na altura escolhi o Great Green Wall of China, que eles estão a plantar desde os anos 70 no deserto no norte da China.”

“Quando falei das conquistas do projecto o professor achou tudo muito bem. Quando falei dos problemas e desafios ele não achou graça nenhuma. Fiz um bom trabalho, mas tive uma nota medíocre”, lembrou.

Para o designer, os estudantes estrangeiros na China são usados “como ferramentas de propaganda”. Estes “vão à televisão, cantam cantigas chinesas”. “Adoram que sejamos macacos de circo que enalteçam tudo o que é chinês. São muito proteccionistas da cultura”, considera Paulo.

João Pimenta, jornalista em Pequim, garante que o facto das novas medidas incluírem leis, regulamentos e instituições é algo novo para os alunos estrangeiros. “Isso não estudámos, por isso admito que haja alterações no conteúdo”, disse.

Marxismo para chineses

João Pimenta foi para Pequim estudar mandarim, tendo frequentado um mestrado na Universidade Renmin. Já nessa altura havia “cursos obrigatórios de cultura chinesa para todos os alunos estrangeiros, fossem eles de licenciatura, mestrado ou doutoramento, independentemente da disciplina que estudavam”.

O jornalista afirma não politizar as novas medidas anunciadas para estudantes estrangeiros, “mas também não se conhece os conteúdos que passarão a ser leccionados depois de esta medida entrar em vigor”.

“Da experiência que tive, o programa incluía o estudo de alguns poetas chinesas clássicos e questões da sociedade contemporânea chinesa. O único teor político eram menções à campanha anti-corrupção do Xi Jinping. As aulas eram bastante descomprometidas e interessantes. Era um curso em que nem se faziam exames ou trabalhos finais e toda a gente tinha boas notas.”

João recorda que estas aulas afastavam os estrangeiros do ensino do marxismo, obrigatório para alunos chineses. “Este curso existia, curiosamente, para isentar os alunos estrangeiros de frequentarem o curso de Estudos Marxistas, esse obrigatório para todos os chineses. Os dois decorriam no mesmo dia, às mesmas horas, com os alunos estrangeiros a irem para as aulas de cultura e os chineses para as de marxismo.”

Mais de 442 mil alunos internacionais estudavam na China o ano passado, o que representa um aumento de 11 por cento face a 2015. Os dados oficiais mostram que mais de 70 mil estudantes chegam à China oriundos de países como a Coreia do Sul, Estados Unidos, Tailândia, Paquistão e Índia.

Propaganda? Nem por isso
Todos os países fazem, mais ou menos, a mesma coisa

Arnaldo Gonçalves, especialista em Relações Internacionais, afirma que nestas novas medidas não está em causa o reforço da propaganda por parte do Governo Central e do próprio Partido Comunista Chinês, até porque isso acontece em todo o lado. “Em qualquer universidade de um país, os alunos estrangeiros têm sempre de ter um enquadramento histórico e sociológico. Há sempre disciplinas nos mestrados e doutoramentos ligadas a essas áreas. O facto da China ter um regime autoritário, de partido único, é evidente que isso pode ter outra leitura.” 

Para o académico, tratam-se de medidas que não são excessivas, comparando mesmo com o já existente bloqueio de alguns websites, como é o caso do Facebook. “Sob essa capa [são medidas que] exercem algum controlo, como é feito com o Facebook ou com algumas coisas que são escrutinadas, mas isso tem a ver com a natureza do regime. Se os alunos tivessem de cantar o hino chinês, por exemplo, aí falaria de uma tentativa de lavagem cerebral”, concluiu.

Arnaldo Gonçalves chega mesmo a estabelecer um paralelismo com o que já acontece com os funcionários públicos de Macau, que são enviados para a China para frequentar cursos com laivos de ideologia.

“Temos sido mandados para a China para um curso intensivo de enquadramento, onde falam da história do Partido Comunista Chinês, da economia chinesa, e levam-nos a uma visita ao museu da história da revolução, um museu muito ideológico, virado para a propaganda do regime. Todos nós juristas portugueses passamos por essa formação. Penso que isso tem a mesma natureza, e não vejo isso com muita preocupação.”

O especialista aponta ainda que nos Estados Unidos existem práticas semelhantes em algumas universidades. “Os alunos estudam um pouco sobre a história e cultura americanas, a tradição de trabalho em prol da comunidade. Se for uma universidade católica os alunos são incentivados a ir à missa, por exemplo. Cada país adapta isso à sua tradição e cultura.”

19 Jun 2017

EDP | China Three Gorges apela à colaboração na investigação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] maior accionista da EDP, a China Three Gorges (CTG), apelou sábado a “todas as partes envolvidas” que “colaborem inteiramente” com a investigação aos contratos da empresa e referiu a necessidade de Portugal manter os apoios à produção existentes.

“A CTG Europa apoia todas as partes envolvidas a colaborarem inteiramente com os procedimentos da investigação”, afirma a empresa, num comunicado enviado à agência Lusa em Pequim, duas semanas depois de os presidentes da EDP e da EDP Renováveis, António Mexia e João Manso Neto, terem sido constituídos arguidos, no âmbito de um inquérito a eventuais crimes de corrupção activa e passiva e participação económica em negócios na área da energia.

Na mesma nota, o grupo diz acreditar que as autoridades portuguesas “continuarão a manter um quadro regulamentar estável para o sector energético” e que “espera que todas as partes se comprometam com o conteúdo de todos os acordos válidos, incluindo o dos CMEC”, isto é, os apoios à produção, conhecidos como ‘rendas’.

O inquérito em curso tem como objectivo a investigação de factos subsequentes ao processo legislativo bem como aos procedimentos administrativos relativos à introdução no sector eléctrico nacional dos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que ocorreu em 2004, com a sua regulamentação a decorrer três anos mais tarde.

Boas práticas

“A CTG vai continuar a promover a colaboração estratégica e industrial com a empresa [EDP], o desenvolvimento da economia portuguesa e o rigoroso cumprimento das leis e regulamentos da República de Portugal”, refere.

A empresa afirma ainda confiar que a investigação não interferirá na “relação técnica” entre a EDP e as autoridades e regulador do sector energético, que “deve ter como base o cumprimento de obrigações contratuais e boas práticas empresariais”.

Sem mencionar o nome dos arguidos, a CTG apela a que estes disponibilizem ao DCIAP acesso “ilimitado à informação” de forma a que a investigação decorra sobre os “princípios da abertura, transparência e objectividade”.

“[A CTG] é contra qualquer forma de corrupção e práticas de negócio impróprias”, sublinha a empresa, que em 2011 pagou ao Estado português 2,7 mil milhões de euros por 21,35% do capital da EDP, tornando-se o maior accionista da eléctrica portuguesa liderada por António Mexia.

No passado dia 6, quatro dias depois das buscas à sede da EDP, em conferência de imprensa, o presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga, garantiu que os accionistas – nomeadamente a CTG – manifestaram “a sua solidariedade com a gestão da EDP”, na sequência do processo de investigação do Ministério Público.

Também na mesma altura, Eduardo Catroga lembrou que “aquilo que foi comprado não pode ser espoliado”, realçando que nenhum governo “quer um litígio jurídico com accionistas que compraram uma empresa com as receitas que integram este litígio”, referindo eventuais alterações aos apoios à produção de energia.

19 Jun 2017

Ataques de bilionário a líderes chineses atingem accionista da TAP

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s acusações de corrupção de um bilionário chinês, exilado nos EUA, a altos quadros de Pequim, atingiram o grupo HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul.

Guo Wengui, que vive num apartamento de 68 milhões de dólares em Manhattan, deixou de ser visto em público em 2014, mas voltou recentemente a surgir nas redes sociais, afirmando ter informações comprometedoras para a liderança chinesa.

Entre os seus alvos consta Wang Qishan, director do órgão máximo anti-corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC), que nos últimos anos puniu mais de um milhão de membros da organização, numa campanha lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping.

Segundo Guo, Wang detém secretamente parte do grupo HNA, um dos maiores conglomerados privados chineses, mas cuja “estrutura accionista é difícil de decifrar”, segundo escreve o jornal The New York Times (NYT).

Aos seus lugares

As afirmações do milionário surgem a poucos meses do XIX Congresso do PCC, durante o qual se definirá a liderança da segunda economia mundial durante os próximos cinco anos.

Durante a reunião irá decidir-se se Wang Qishan permanece no Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China. Observadores apontam-no mesmo como possível próximo primeiro-ministro do país, face à sua proximidade a Xi.

A alegada ligação da HNA a Wang Qishan explicará a rápida expansão do grupo, desde uma pequena companhia aérea até um conglomerado com importantes participações em empresas como a Hilton Hotels, Swissport ou o Deutsche Bank.

Este crescimento tem sido apoiado por bancos estatais, que segundo uma estimativa realizada pelo jornal NYT emprestaram já ao grupo 60.000 milhões de dólares, um valor geralmente reservado às firmas estatais que cumprem as directrizes de Pequim.

A empresa detém indirectamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de sete por cento na Atlantic Gateway.

Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, abrirá em Julho o primeiro voo direito entre a China e Portugal.

Sempre a crescer

A HNA foi fundada em 1993, quando a propriedade privada estava ainda a começar no país asiático.

O governo da província de Hainan, uma ilha no extremo sul da China, pediu então a Chen Feng, um antigo piloto da força aérea chinesa, para ajudar na formação de uma companhia aérea regional, cuja propriedade seria repartida entre o Estado e investidores privados.

A empresa criaria mais tarde uma ‘holding’ designada grupo HNA, permitindo a Chen transformar a sua pequena participação na companhia aérea numa participação de controlo na sociedade-mãe.

Seguindo o apelo de Pequim para as empresas do país procurarem negócios além-fronteiras, a HNA alargou os seus investimentos aos sectores transporte, logística e retalho, acumulando activos no valor de 145 mil milhões de dólares.

Num período em que outros grandes negócios de empresas chinesas no exterior têm sido adiados ou cancelados, devido às restrições impostas por Pequim à transferência de capital para fora do país, a HNA tem conseguido manter o fluxo de investimentos.

“No entanto, entender quem controla o grupo HNA é difícil”, escreve o NYT.

“Os seus accionistas estão ocultados por detrás de múltiplas camadas de empresas fictícias, subsidiárias e afiliados no exterior”, acrescenta.

19 Jun 2017

Análise | Campanha de Xi Jinping atinge com força o sector financeiro

Foi o caso da semana na China e vem demonstrar, uma vez mais, que a fortuna e o poder já não servem de escudo protector aos milionários do país. O multimilionário da Anbang, dono do nova-iorquino Waldorf Astoria, terá sido detido. É o homem que quis comprar o Novo Banco em Portugal

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omo é prática no sistema judicial chinês, o caso ainda está envolto em mistério. Esta semana, a revista Caijing, uma publicação conceituada da área das finanças e da economia, avançou a notícia de que Wu Xiaohui, o presidente da seguradora Anbang, tinha sido detido pelas autoridades do país.

Poucas horas depois, a empresa anunciou que o seu líder estava impedido de exercer funções por “razões pessoais”, sem entrar em detalhes. Mas garantia que a Anbang iria continuar a operar com normalidade, uma vez que Wu Xiaohui tinha dado carta-branca aos executivos para continuarem a dirigir os negócios.

A notícia avançada pela Caijing acabaria por ser eliminada do site da revista, mas o South China Morning Post escreveu que Wu estava a cooperar numa investigação e que tinha deixado de ser visto no final da semana passada.

Os artigos na imprensa internacional sobre a detenção do homem forte da seguradora multiplicaram-se: a Anbang não é uma empresa doméstica e o seu presidente não é um homem qualquer. Criada em 2004, com sede em Pequim, a seguradora tem mais de 30 mil trabalhadores e activos no valor de 1,971 biliões de yuan. Tornou-se mundialmente famosa em 2013 com a aquisição de um edifício icónico em Nova Iorque: o hotel Waldorf Astoria custou na altura 1,95 mil milhões de dólares.

Em Portugal, o nome também é conhecido: há dois anos, a Anbang quis comprar o Novo Banco, mas não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal. Na corrida estava também a compatriota Fosun.

A nova oligarquia

A Bloomberg descreve Wu Xiaohui como um homem de negócios agressivo na abordagem a empresas estrangeiras. E classifica a detenção do presidente da Anbang como o exemplo mais recente da nova realidade da China de Xi Jinping: quase toda a gente pode ser afastada a qualquer momento, independentemente do dinheiro ou das ligações que tenha.

Desde que o actual secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) assumiu os comandos do país, em 2012, foram vários os milionários e os altos quadros da estrutura partidária que foram detidos por causa de corrupção, crimes financeiros e outras prevaricações.

Apesar de ainda não se saber o que terá feito Wu Xiaohui, o seu desaparecimento confirma a força de Xi Jinping, afirma a Bloomberg, que não se esquece que Pequim está apenas a alguns meses do evento político que vai marcar a próxima década na China: a reunião magna do PCC em que vão ser designados os futuros membros da cúpula.

“Estes milionários apresentam semelhanças a oligarcas: tudo isto dá a Xi Jinping a oportunidade de reunir provas contra os seus rivais políticos, controlando-os antes da reunião do partido”, apontou à agência Zhang Lifan, um analista e historiador de Pequim, que não afasta a possibilidade de haver efeitos contraproducentes para Xi. “Pode dar origem a um grande ressentimento entre os rivais do secretário-geral que coloque em causa a legitimidade do PCC”, avisa.

Em parte, a campanha contra a corrupção tem fins económicos. Há uma década, as autoridades olhavam sobretudo para funcionários que recebiam subornos. Hoje, o foco está sobretudo nos riscos financeiros que condutas indevidas podem causar à segunda maior economia do mundo.

Mas depois há também o aspecto político. A luta contra os corruptos é o grande cavalo de batalha da governação de Xi Jinping, que procura assim manter a sua autoridade e proteger a legitimidade do PCC, mesmo com o crescimento económico a abrandar. No meio deste processo, consolidou o poder como há muito não se via na China.

“Para um líder forte como é Xi Jinping, qualquer base de poder alternativa, seja política ou financeira, é suspeita”, comenta Arthur Kroeber, autor do livro “China’s Economy: What Everyone Needs to Know.” No ano passado, prossegue, “a manipulação dos mercados domésticos conduzida pelas seguradoras descarrilou claramente”.

A dívida chinesa disparou no rescaldo da crise financeira global, sendo que equivale a 264 por cento do PIB, de acordo com as estimativas da Bloomberg Intelligence. Em Abril, as autoridades começaram a apertar o cerco: Xiang Junbo, o então presidente da Comissão Reguladora de Seguros da China, foi destituído e colocado sob investigação.

Uns dias mais tarde, depois das maiores perdas registadas este ano na bolsa de Xangai, Xi Jinping presidiu a uma reunião do Politburo em que esteve presente o responsável máximo pelo banco central e os chefes das entidades reguladoras do mercado financeiro do país. Deixou uma mensagem: a segurança financeira é a base de uma economia saudável e estável.

Cuidados com as finanças

Voltando à Anbang: em apenas 13 anos de existência, conseguiu subir ao terceiro lugar das seguradas chinesas. Mas tem sido escrutinada nos últimos tempos por causa dos investimentos no estrangeiro. Deu ainda que falar o negócio falhado para o desenvolvimento de uma propriedade em Nova Iorque, detida pela empresa da família do genro de Donald Trump, Jared Kushner.

Os analistas ouvidos pelo South China Morning Post também alinham na teoria de que a detenção de Wu Xiaohui – casado com uma neta de Deng Xiaoping – tem que ver com a necessidade de controlar, de forma efectiva, o sector financeiro. E pode ser sinal de que há uma reforma efectiva a caminho.

“Os altos quadros do sector financeiro da China têm, por norma, patrocinadores [políticos] poderosos. A campanha contra a corrupção neste sector não é só acerca da corrupção – tem também como objectivo reduzir a interferência desses patrocinadores”, entende o académico Zhuang Deshui, da Universidade de Pequim.

“Se esses patrocinadores continuarem em actividade, qualquer tentativa de reforma financeira será em vão. Precisam de ser cortados os laços com quem lhes dá força”, acrescenta.

O professor de Economia Hu Xingdou, docente do Instituto de Tecnologia de Pequim, considera que o caso Anbang representa um “marco” na luta contra a corrupção no sector financeiro. Depois, é uma prova de que ninguém escapa, nem sequer os novos príncipes da economia do país.

Chen Zhiwu, docente de Finanças da Universidade de Hong Kong, recorda que as entidades reguladoras da China andavam assustadas com a fúria aquisitiva da Anbang, que investiu em vários bancos, entre eles o Delta Lloyd na Bélgica. Com Wu Xiaohui ao leme, a seguradora cresceu mais de 100 vezes em dez anos.

“As autoridades estavam na dúvida se deveriam lidar com os investimentos no estrangeiro ao abrigo das actuais regras ou se deviam deixar a Anbang continuar a fazer o seu percurso, devido ao seu contexto especial”, diz Cheng, referindo-se aos laços de Wu Xiaohui com a família Deng.

Até prova em contrário, as ligações privilegiadas do milionário da Anbang tinham um prazo de validade que já chegou ao fim.

Wu Xiaohui, os casamentos e os negócios

É um investidor agressivo, um self-made man, mas é também um homem tão discreto que, num levantamento feito pelo Financial Times, não foi possível encontrar uma entrevista de Wu Xiaohui nem à imprensa chinesa, nem aos media internacionais.

Não se sabe muito sobre o que pensa este empresário que está na origem da Anbang e que soube transformar-se em milionário posicionando-se junto de famílias com poder. Nascido em 1966, Wu não nasceu no seio da elite política chinesa.

Apesar de ser considerado um pequeno príncipe e de ter sido colocado ao mesmo nível de outros nomes importantes do mundo das finanças do país, o presidente da terceira seguradora chinesa não contou com a sorte familiar de Levin Zhu, fundador da China International Capital Corp, e de Winston Wen, do fundo New Horizon, ambos filhos de antigos primeiros-ministros.

Wu cresceu no condado rural de Pingyang, nos subúrbios de Wenzhou, uma cidade da província de Zhejiang conhecida pelo empreendedorismo. Foi em Wenzhou que se fizeram grandes fortunas através da concessão de empréstimos a juros elevados, com donos de fábricas a aproveitarem-se das zonas cinzentas da legislação para enriquecerem rapidamente.

O sócio fundador e rosto da Anbang teve um trabalho como funcionário público no condado antes de se mudar para Wenzhou, onde chegou a deter, por pouco tempo, um restaurante. De acordo com o jornal Southern Weekend, é precisamente em Wenzhou que conhece a filha de um família com poder, de apelido Lu. O pai tinha sido vice-governador de Zhejiang, relata a revista Caijing. Lu passou a ser a segunda mulher de Wu Xiaohui – desconhece-se quem foi a primeira.

Sempre a China

A ascensão no mundo dos negócios começou na altura em que se iniciou o relacionamento com a família Lu. Em 1996, criou uma empresa ligada à indústria automóvel, que serviria, oito anos depois, para fundar a Anbang, juntamente com a Sinopec.

A Anbang começou com um capital social de 500 mil yuan e com sede em Ningbo, também em Zhejiang, onde Wu teria ligações familiares. À semelhança de Wenzhou, também Ningbo é famosa pela especulação financeira.

A relação com Lu terminou no ano em que nasceu a Anbang. Foi então que contraiu matrimónio com uma neta de Deng Xiaoping, que a revista Caijing diz chamar-se Zhuo Lian. O Southern Weekend cita uma fonte não identificada que relata que, antes do casamento, emissários de Pequim foram ao condado natal do empresário para investigarem o passado do noivo.

Em 2015, num discurso em Harvard, Wu Xiaohui falou da experiência dos chineses que vão para o estrangeiro mas continuam a sentir-se irremediavelmente chamados pelas suas raízes. “No dia em que nos tornamos famosos, não interessa de que aldeia, vila ou cidade se é, o desejo é voltar e fazer alguma coisa por esse sítio”, declarou. “Independentemente de se ir para longe, as raízes estão na China”, disse o homem que preferia manter-se na sombra e que viajava pelo mundo num avião particular, com partidas sem pré-aviso.

16 Jun 2017

China é o maior investidor em equipas de futebol desde 2014

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China foi o país que mais investiu em equipas de futebol, entre 2014 e 2016, num montante total de 2.150 milhões de euros (ME), sete vezes mais do que o segundo maior investidor, os Estados Unidos.

Os dados, citados ontem pela imprensa chinesa, constam num estudo da firma britânica Thinking-Linking, que comparou os investimentos de firmas de 41 países e concluiu que a China investiu mais do que todas as outras nações juntas.

Entre as maiores operações constam a aquisição de participações nos clubes italianos Inter de Milão e AC Milan, nos ingleses do Manchester City, nos checos do Slavia Praga, nos espanhóis do Atlético de Madrid ou nos franceses do Olympique Lyon.

Segundo o estudo, os investidores chineses procuram equipas de topo e tentam adquirir participações maioritárias.

O caso chinês é também inédito na medida em que o país não investia nada, até 2014, e passou de súbito a ser o maior investidor mundial.

Em 2014, as empresas chinesas investiram 555 ME. No ano seguinte, 1.600 ME e, em 2016, o montante subiu para 1.796 ME.

“É o resultado da ambição da China em converter-se numa grande potência global do futebol, para levar para casa o conhecimento”, explicou o porta-voz da Thinking-Linking, Mark Dixon.

Em segundo lugar, surgem os Estados Unidos, com 313 ME investidos na modalidade, enquanto Singapura figura na terceira posição, com 256 ME.

Em quarto e quinto lugares, encontram-se o Irão e Reino Unido, com 253 ME e 182 ME, respectivamente.

Ambições a prazo

Apesar do ‘boom’ do dinheiro chinês no futebol mundial, o país figura em 81.º no ranking da FIFA e apenas conta uma participação num mundial, na edição 2002, disputada na Coreia do Sul e Japão.

Na fase final da zona asiática de qualificação para o Mundial de 2018, a selecção chinesa encontra-se no sexto e último lugar do Grupo A.

Pequim espera, no entanto, colocar a selecção chinesa entre “as melhores equipas do mundo até 2050”.

No ano passado, Pequim anunciou um “plano de reforma do futebol”, que prevê, entre outros pontos, a abertura de 20.000 escolas de futebol, até 2020, e que “mais de 30 milhões de estudantes do ensino primário e secundário pratiquem com frequência a modalidade”.

16 Jun 2017

China | FMI quer aceleração de reformas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) urgiu ontem a China a acelerar o processo de reformas estruturais, especialmente no sector financeiro e nas empresas estatais, de forma a consolidar o seu crescimento económico.

No relatório anual sobre a conjuntura na segunda maior economia do mundo, o FMI insistiu também na importância de fomentar o consumo privado como motor económico, em detrimento do investimento público.

“Apesar da redução de alguns riscos a curto prazo, o progresso de reformas deve acelerar para assegurar a estabilidade a médio prazo e reduzir o risco de que a actual trajectória da economia possa levar a um ajuste duro”, assinala a instituição em comunicado.

A mesma nota refere que Pequim tomou medidas “cruciais” e destaca o abrandamento do endividamento das empresas, devido à reestruturação destas e redução do excesso de capacidade de produção.

O FMI constata ainda que o risco da ‘bolha’ no sector imobiliário “está a ser contido” e que foi reduzido o número de habitações por vender.

O documento refere, no entanto, que fazem falta mais medidas para assegurar a continuação do crescimento da economia chinesa, que se fixou em 6,9%, no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, após atingir os 6,7%, em 2016.

15 Jun 2017

Pequim endurece postura face a Taipé

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China reiterou ontem o endurecer da postura face a Taiwan, após o Panamá ter reconhecido Pequim como a única capital de toda a China, rompendo os laços diplomáticos com Taipé.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, Ma Xiaoguang, afirmou que não será permitido negar que Taiwan faz parte da China.

“Apenas reconhecendo que os dois lados fazem parte da China podem as relações entre ambos retornar à direcção correcta do desenvolvimento pacífico”, disse.

A decisão do Panamá, um dos aliados de Taiwan com maior peso económico, anunciada na segunda-feira, foi um sinal claro de que Pequim quer reforçar a pressão sobre a ilha, face à postura pró-independência da Presidente Tsai Ing-wen. O número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes. Esse período culminou numa cimeira entre Ma e o Presidente chinês, Xi Jinping, realizada em Singapura.

Em Janeiro de 2016, Tsai venceu as eleições pelo Partido Democrático Progressista (PDP), que tradicionalmente defende a independência da ilha e o afastamento da China comunista.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

Em perda

Após a decisão do Panamá, Taipé fica com vinte aliados diplomáticos, entre os quais 11 estão na América Latina e Caribe. Em Dezembro passado, São Tomé e Príncipe cortou também relações com a ilha e passou a reconhecer Pequim. Analistas chineses consideram que a China comunista vai continuar a exercer pressão económica e diplomática, até que Tsai adira ao “consenso de 1992”. Trata-se de um entendimento tácito alcançado em 1992 entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (partido nacionalista), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa.

Tsai Ing-wen atribuiu a ruptura dos laços diplomáticos com o Panamá à “pressão da China” e advertiu Pequim de que “não cederá perante pressões e intimidações”.

“Pequim nunca poderá negar a existência da República da China (nome oficial de Taiwan), nem o seu valor para a sociedade internacional ou a sua soberania”, disse.”Em nome dos 23 milhões de taiwaneses, digo a Pequim que não cederei perante pressões e intimidações”, acrescentou.

15 Jun 2017

Detido multimilionário chinês presidente da Anbang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] multimilionário chinês Wu Xiaohui, presidente da seguradora Anbang, que foi apontada como candidata à compra do Novo Banco, foi detido pelas autoridades, avança a imprensa chinesa.

Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1.950 milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China.

A sua mulher é neta de Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas” que abriram o país asiático à economia de mercado.

Segundo a revista Caijing, a Comissão Reguladora de Seguros da China (CIRC, sigla em inglês) informou já os executivos da Anbang sobre a detenção de Wu, sem avançar mais detalhes.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post escreve que Wu estava a cooperar numa investigação e que deixou de ser visto desde o final da semana passada.

Xiang Junbo, o anterior presidente da CIRC, foi destituído e colocado sob investigação há dois meses.

Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e activos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o seu ‘site’ oficial.

Em Agosto de 2015, não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.

No ano passado, esteve perto de realizar o maior investimento de sempre de uma empresa chinesa nos Estados Unidos da América, ao oferecer 14 mil milhões de dólares pela rede hoteleira Starwood.

Segundo informações avançadas pela imprensa chinesa na altura, a oferta da Anbang foi desaprovava pela CIRC, por infringir o regulamento que impede as seguradoras do país de investir mais de 15% dos seus activos além-fronteiras.

Poucas palavras

A seguradora anunciou ontem que o seu presidente não pode exercer funções “devido a razões pessoais”.

Em comunicado, a empresa informa que Wu Xiaohui “autorizou os executivos para que continuem a dirigir os negócios, que continuam a operar com normalidade”.

A nota, difundida através do ‘site’ oficial da Anbang, surgiu poucas horas após vários meios de comunicação chineses avançarem que Wu, está detido pelas autoridades.

O comunicado não detalha os motivos para a indisponibilidade de Wu.

Entretanto, a informação inicialmente avançada pela revista Caijing, sobre a sua detenção, foi apagada da página oficial daquele órgão na Internet.

15 Jun 2017

China | Cooperação com Luxemburgo reforçada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China quer reforçar a confiança política mútua, a comunicação e a coordenação em assuntos regionais e internacionais com o Luxemburgo, segundo palavras do primeiro-ministro chinês na última segunda-feira.

Li Keqiang pronunciou-se a esse respeito ao reunir-se com o primeiro-ministro do Grão-Ducado de Luxemburgo, Xavier Bettel, que está a realizar uma visita de Estado à China desde o passado domingo.

“As relações sino-luxemburguesas desenvolveram-se a um ritmo estável. A China quer aprofundar a cooperação nas áreas do comércio, investimento, entre outras, e construir mais plataformas de intercâmbio cultural”, disse Li.

Bettel afirmou que o Luxemburgo apoia o livre comércio e o multilateralismo, e que trabalhará juntamente com a China para lidar com os desafios globais.

Após o encontro, os dois líderes também testemunharam a assinatura de acordos para a futura cooperação no âmbito do bem-estar social, finanças, aviação e produção de filmes.

Este ano assinala-se o 45º aniversário da fundação das relações diplomáticas China-Luxemburgo. Os laços económicos entre os dois países desenvolveram-se estavelmente, com ambas as partes a alargar a sua cooperação no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

O Luxemburgo foi o primeiro membro europeu fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) proposto pela China.

14 Jun 2017

Hong Kong é o novo membro do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Hong Kong, anunciou ontem que o território se tornou membro do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura (BAII).

O Comité Financeiro do Conselho Legislativo aprovou no dia 12 de Maio as bases para a subscrição de 7651 acções do capital do BAII.

O secretário para as Finanças de Hong Kong, Paul Chan, disse que “as bases do processo da nossa adesão demonstram a preparação de Hong Kong para apoiar as operações do BAII”.

“Enquanto centro financeiro internacional, Hong Kong tem um mercado financeiro sofisticado, robusto e com liquidez, possuindo em abundância profissionais de qualidade com experiência global, granjeando as vantagens únicas da política “Um País, Dois Sistemas”, disse Chan, acrescentando que Hong Kong está prestes a ajudar o BAII a aumentar os fundos para financiar vários projectos de infra-estruturas.

Além disso, a experiência de Hong Kong no design, construção, operação e gestão de grandes infra-estruturas “tem provas dadas internacionalmente”, afirmou, apontando que os serviços profissionais e os sectores financeiros de Hong Kong podem contribuir para o sucesso do BAII.

O BAII realizará o segundo encontro anual do Conselho de Governadores em Jeju, na Coreia do Sul, entre os dias 16 e 18 deste mês.

O secretário para as Finanças de Hong Kong irá liderar uma delegação para comparecer à reunião, tratando-se da primeira vez que Hong Kong participa no evento na qualidade do membro.

14 Jun 2017

EUA e Japão insistem com China para pressionar Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ltos representantes dos governos de Japão e dos Estados Unidos reafirmaram na terça-feira em Tóquio, a sua posição comum contra o programa nuclear da Coreia do Norte e destacaram a importância da China pressionar o regime de Pyongyang a abandonar as suas  iniciativas de armamento.

O subsecretário de Estado dos EUA para Assuntos Políticos, Thomas Shannon, disse após uma reunião com o responsável do Conselho de Segurança Nacional japonês, Shotaro Yachi, que as provas nucleares e balísticas tornaram a Coreia do Norte “uma ameaça global”.

Ambos concordaram em pedir para que a China e o resto da comunidade internacional tentem convencer Pyongyang de que o programa nuclear “não abre nenhum caminho de esperança para o futuro”, segundo a agência de notícias Kyoda.

Shannon disse o papel que a China pode exercer no processo ainda “não foi enfatizado o suficiente”, assim como o do Conselho de Segurança da ONU e o de outros organismos internacionais, que podem ajudar a “mandar uma mensagem forte e clara à Coreia do Norte

Após a visita de dois dias a Tóquio, em que também se reuniu com outras autoridades do país, Shannon chegou ontem a Seul, onde irá discutir uma aliança entre os norte-americanos e a Coreia do Sul.

A visita ocorre num momento de especial tensão militar na região depois dos repetidos testes militares de Pyongyang – o último na semana passada – o que levou a mais conflitos verbais com a nova Administração Trump, que chegou a insinuar que estuda possíveis ataques preventivos.

14 Jun 2017

Diplomacia | Panamá aproxima-se da China e corta relações com Taiwan

Era dos aliados mais antigos. O Panamá decidiu cortar relações com Taiwan e estabelecer laços diplomáticos com a China. É mais um golpe para a líder formosina, Tsai Ing-wen, depois de São Tomé e Príncipe ter saído da lista de parceiros. Pequim fica a ganhar

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]ate-se com uma porta e, ao mesmo tempo, abre-se outra. Foi assim com São Tomé e Príncipe, em Dezembro passado, e a história repete-se agora com o Panamá. A lista de países que mantêm relações diplomáticas com Taiwan está a ficar cada vez mais curta. Do outro lado do Estreito, Pequim engrossa o rol de embaixadas, embaixadores e, claro está, de acordos e negócios.

Para Taipé, a notícia de que o Panamá decidiu aproximar-se da China foi um rude golpe. Para o Governo Central, a nova não podia ser melhor: Pequim consegue reforçar a sua presença no quintal norte-americano.

Num discurso transmitido pela televisão, o Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, anunciou que o país estava a reforçar os laços comerciais com a China e a estabelecer laços diplomáticos com o segundo cliente mais importante do seu canal de transportes marítimos. “Acredito que este é o caminho correcto para o nosso país”, declarou Varela.

Em comunicado, o Governo do Panamá salientou que, a partir de agora, reconhece que há apenas uma China – ou seja, que Taiwan faz parte do país – e que corta relações com Taipé. “O Governo do Panamá põe hoje [ontem] fim aos laços diplomáticos com Taiwan e vai acabar com todas as relações e contactos oficiais com Taiwan.”

Um comunicado conjunto foi assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e pela homóloga Isabel Saint Malo (ver texto nestas páginas).

O poder do dinheiro

A reacção de Taipé ao virar de costas do Panamá não tardou. O Governo de Taiwan disse lamentar a decisão do antigo aliado e admitiu estar “zangado” com a troca feita pelo Panamá. Mas disse também que não vai competir com a China naquilo que descreve como sendo “o jogo diplomático do dinheiro”.

“O nosso Governo expressa objecções sérias e condena veementemente o facto de a China ter incitado o Panamá a cortar relações connosco, confinando o nosso espaço internacional e ofendendo o povo de Taiwan”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da ilha, David Lee, num encontro com a imprensa.

Os media formosinos salientavam ontem que os líderes Pequim têm fortes (e infundadas) suspeitas da líder de Taiwan, por acharem que Tsai Ing-wen quer avançar para a independência da ilha, não obstante ter já afirmado que pretende manter a paz com o Continente.

A luta pelos aliados diplomáticos entre os dois lados do Estreito acontece há anos e envolve frequentes vezes contrapartidas financeiras e económicas oferecidas pela China com que Taiwan não consegue competir.

O Panamá é o segundo país a trocar de aliado desde que Tsai Ing-wen assumiu o poder no ano passado, depois de São Tomé e Príncipe ter feito o mesmo em Dezembro. Recorde-se que era a única nação do espaço lusófono que estava afastada de Pequim. Agora, juntou-se aos restantes países e está presente também no Fórum Macau.

Lista magra

Com esta porta que agora se fecha, Taiwan passa a ser reconhecido formalmente apenas por 20 nações. O mais importante de todos eles é o Vaticano. Em meados dos anos 90, chegaram a ser 30. Os que hoje restam são sobretudo países pequenos e empobrecidos da América Latina e do Pacífico.

Pequim opõe-se fortemente ao reconhecimento de Taiwan, considerando que se trata de uma afronta à soberania chinesa.

Como é óbvio, a notícia de que o Panamá cortou relações diplomáticas não apanhou as autoridades formosinas desprevenidas: era uma hipótese veiculada há já alguns anos. A presença e influência chinesas no país têm vindo a crescer, pelo que se trata de um desfecho mais ou menos esperado. Mas, ainda assim, Taipé tentou evitar este volte-face.

No ano passado, em Junho, Tsai Ing-wen esteve na cerimónia que marcou a inauguração da expansão do Canal do Panamá, sendo que já na altura a presença foi tida como sendo uma tentativa de reforço dos laços com o aliado da América Latina. Tratou-se da primeira visita de Tsai ao estrangeiro desde que assumiu o cargo, a 20 de Maio, e foi recebida pelo Presidente Varela.

Já em Dezembro último, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Panamá tinha afirmado que não esperava qualquer mudança nas relações diplomáticas com Taipé. O comentário tinha sido feito na sequência dos acontecimentos que envolveram São Tomé e Príncipe, com alguns diplomatas em Pequim a garantirem que o país da América Latina seria o próximo a bater com a porta, apesar de ser dos aliados mais antigos.

Este ano, Tsai Ing-wen visitou alguns aliados da América Central, mas o périplo não incluiu uma paragem no Panamá.

A faixa e a rota

Em Pequim, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Panamá, Isabel de Saint Malo, contou que o interesse em criar laços com a China tinha sido manifestado pelo Presidente Juan Carlos Varela há já dez anos.

Quanto a Pequim, as relações diplomáticas vão permitir reforçar a presença na América Central, uma zona estratégica para o modo como lida com os Estados Unidos. O Governo Central tem tentado seduzir a região com acordos na área da energia e das infra-estruturas, sobretudo a partir do momento em que Donald Trump decidiu que os Estados Unidos não iam estar na Parceria Transpacífico. As intenções do Presidente norte-americano em relação aos emigrantes da América Latina contrastam com a amizade que a China pretende fomentar.

Os interesses chineses no Panamá têm já uma forte expressão. Está neste momento em curso um projecto para construir um porto de águas profundas e um terminal de contentores junto ao Canal do Panamá. É um investimento de mil milhões de dólares que está a ser desenvolvido por chineses.

A China Landbridge comprou o maior porto do país, na ilha Margarita, tendo na altura anunciado que queria expandir e modernizar as infra-estruturas, o que deverá acontecer com o futuro porto de águas profundas.

Trata-se de um projecto que se insere na estratégia “Uma Faixa, Uma Rota” e que vai permitir aumentar a capacidade do canal. A China tem apelado às empresas do país para que invistam em infra-estruturas no estrangeiro que possam melhorar os “laços comerciais globais”.

Ainda em relação ao Canal do Panamá, há empresas estatais chinesas que já mostraram interesse em desenvolver terrenos naquela zona. As autoridades anunciaram que vão abrir um concurso para concessionar 1200 hectares destinados à construção de um parque logístico. A China Communications Construction, a China Harbour Engineering e o China Railway Group já deram sinais de querem apostar na região, uma aposta que será agora facilitada com relações políticas mais favoráveis aos grandes negócios.

“A tendência irresistível”

O reconhecimento mútuo da soberania e o estabelecimento de relações diplomáticas corresponde aos interesses e desejos dos dois povos. A ideia foi deixada ontem num comunicado conjunto da China e do Panamá, assinado em Pequim pelos chefes da diplomacia dos dois países.

A Xinhua cita o documento para explicar que, a partir da data da assinatura do comunicado, as duas nações passam a ter relações diplomáticas efectivas, traduzidas pela presença de embaixadas.

A China e o Panamá chegaram a acordo em relação ao desenvolvimento de relações amigáveis com base no mútuo respeito pela soberania e integridade territorial, a não-agressão mútua, a não-interferência nos assuntos internos, a igualdade, os benefícios de ambos e a coexistência pacífica, indica ainda a agência oficial de notícias.

No comunicado lê-se também que o Governo do Panamá reconhece que só há uma China no mundo e que Taiwan é parte inalienável do território chinês, determinando o fim das relações diplomáticas com Taipé. O documento deixa claro que Pequim aprecia a posição tomada pelo Panamá.

Ontem, a Xinhua dava conta de declarações do porta-voz da China para os assuntos de Taiwan. Ma Xiaoguang considerou que a decisão do Panamá representa “uma tendência irresistível”.

O representante do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado fez referência ao Consenso de 1992, em que ficou acordado o princípio ‘uma só China’, para vincar que se trata do pilar para o desenvolvimento de relações pacíficas entre os dois lados do Estreito.

Ma deixou ainda um apelo à Administração de Taiwan, ao dizer que espera que os líderes da ilha tenham “uma leitura correcta da situação”, para que possam “fazer a escolha certa”.

14 Jun 2017

Geologia | Pequim quer liderar investigação marítima

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pretende construir o terceiro navio de perfuração marítima de investigação do mundo tornar-se líder nos esforços internacionais de perfuração em águas profundas no mundo até 2028, disse na segunda-feira um alto consultor do governo.

Wang Pinxian, geólogo marítimo da Universidade de Tongji e também da Academia Chinesa de Ciências, fez as declarações numa conferência de imprensa para anunciar a conclusão bem sucedida de uma missão internacional de perfuração para descobrir como foi formado o Mar do Sul da China há milhões de anos atrás, informa o diário do Povo.

A missão de quatro meses foi conduzida a bordo do navio norte-americano JOIDES Resolution, como parte das expedições 367 e 368 do Programa Integrado de Perfuração Marítima (IODP, na sigla em inglês), uma colaboração internacional em investigação científica geológica em águas profundas que começou em 1968.

A China integrou o IODP em 1998 e participou em três missões de perfuração focadas no Mar do Sul da China em 1999, 2014 e 2017. A última missão foi proposta, projectada e liderada por cientistas chineses. Mais de 60 investigadores de mais de dez países estiveram envolvidos.

Primeira fase

Wang, que serve como consultor para o envolvimento do IODP da China, disse que a missão marcou o primeiro passo de uma estratégia de três fases para que a China faça parte das actividades internacionais de perfuração marítima.

O geólogo marítimo da Universidade de Tongji, Jian Zhimin, co-director da missão do IODP, disse conferência de imprensa de segunda-feira que durante a expedição perfuraram 17 poços em sete locais no Mar do Sul da China. A profundidade combinada da perfuração ultrapassa 7.669 metros, e foram recolhidas várias amostras, incluindo rochas sedimentárias e vulcânicas.

14 Jun 2017

BRICS | Futuro e cooperação discutem-se em Fujian

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]uzhou, a capital da província de Fujian, no sudeste da China, recebeu mais de 400 participantes do bloco dos BRICS, (acrónimo que designa as economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros países em desenvolvimento.

Estas nações reuniram-se para participar num fórum de três dias para cimentar a cooperação entre elas.

Representantes de partidos políticos, think tanks e organizações da sociedade civil, procuram neste fórum construir consensos e solidificar a cooperação no âmbito do BRICS, informa o Diário do Povo.

Durante a cerimónia de abertura, Liu Yunshan, oficial sénior do Partido Comunista Chinês, elogiou o papel desempenhado pelo grupo.

Liu disse que os países do BRICS tornaram-se numa importante plataforma para a cooperação entre economias emergentes e países em desenvolvimento, bem como uma força responsável pelo ímpeto de crescimento económico global – maximizando as estruturas de governação, e promovendo a democratização das relações internacionais.

Os países do BRICS testemunharam uma grande mudança ao longo da última década, e estão agora prontos para ainda mais, disse.

Wu Xiaoqiu, vice-presidente da Universidade Renmin da China, disse que o objectivo dos BRICS agora é o de procurar novos trilhos de desenvolvimento, permitindo às economias emergentes terem uma palavra mais forte na evolução da economia.

Mudanças à vista

Os representantes das nações do bloco acreditam que o cenário irá mudar em breve.

Renata Boulos, directora do Instituto de Cooperação Internacional e Desenvolvimento, disse acreditar que o BRICS pode demonstrar um tipo diferente de diplomacia e de cooperação, em comparação com o passado.

O bloco do BRICS contribui actualmente em mais de 50% para o crescimento do PIB mundial.

O ex-primeiro-ministro do Egipto, Essam Sharaf, enfatizou numa entrevista que a razão pela qual tantos outros países estão interessados em se juntar aos BRICS é o objectivo do grupo de consumar o desenvolvimento comum do ser humano, a diversificação da cultura mundial e um humanitarismo unificado, uma visão ecoada por outros participantes.

Wu Xiaoqiu disse que, independentemente daquilo que seja o BRICS — uma plataforma ou um arquétipo — a abertura é uma garantia importante para a sua vitalidade. Apenas estas características o farão perdurar na comunidade internacional.

Os especialistas defendem que o BRICS deve expandir-se e considerar novos canais de diálogo, passando a incluir mais vozes exteriores.

13 Jun 2017

China | Campanha de uma semana para promover conservação de energia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou no domingo uma campanha de uma semana para elevar a consciência sobre a eficiência de energia e promover o estilo de vida sustentável.

A campanha, conhecida como Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, tem como objectivo impulsionar a civilização ecológica, a conservação e a reciclagem de recursos e o desenvolvimento ecológico e de baixa emissão de carbono, de acordo com um comunicado do governo.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono será comemorado hoje com o tema “Desenvolvimento Industrial com Baixa Emissão de Carbono”, segundo o comunicado emitido por 14 departamentos governamentais, citado pelo Diário do Povo.

A campanha consistirá em eventos por todo o país para promover tecnologias e produtos para poupar energia, transporte ecológico e desenvolvimento industrial com baixa emissão de carbono.

Em acção

O país introduziu o Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono em 2013 para impulsionar a consciência sobre a mudança climática e as políticas de desenvolvimento com baixa emissão de carbono, encorajar a participação do público e facilitar o compromisso do país para reduzir as emissões de gases produtores do efeito estufa.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono comemora-se no terceiro dia da Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, em Junho de cada ano.

O governo chinês considera o desenvolvimento ecológico como uma de suas principais prioridades políticas, pode ler-se.

O país procura limitar o consumo total de energia em 5 mil milhões de toneladas de carvão equivalente até o ano de 2020, de acordo com um plano do governo para executar entre 2016 e 2020, o que representará uma redução de 15% no uso de energia por unidade do Produto Interno Bruto para o ano de 2020.

13 Jun 2017

Pequim reduz exportações de carvão de Pyongyang a zero

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de carvão da Coreia do Norte ficaram reduzidas a zero em Abril, depois de a China ter suspendido as suas importações para aumentar a pressão sobre o país vizinho, segundo revelam dados das Nações Unidas.

A China, principal aliado diplomático e parceiro comercial de Pyongyang, anunciou, em Fevereiro, que ia deixar de importar carvão da Coreia do Norte, dias depois de um teste de um míssil balístico levado a cabo pelo regime liderado por Kim Jong-un.

Pequim privou assim o hermético vizinho de uma fonte crucial de divisas estrangeiras, numa altura em que Pyongyang acelera os seus controversos programas nucleares e de mísseis.

Segundo dados publicados no ‘site’ do Conselho de Segurança da ONU, as exportações de carvão da Coreia do Norte caíram para zero em Abril, depois de vendas de 1,4 milhões de toneladas de carvão, avaliadas em 126 milhões de dólares, para um país não identificado, em Janeiro.

Estes dados, com base em relatórios fornecidos voluntariamente pelos Estados-membros, não refere explicitamente a China, país que surge, no entanto, como praticamente o único interessado no carvão procedente da Coreia do Norte.

Todos juntos

A decisão de Pequim de suspender as importações de carvão proveniente da Coreia do Norte até ao final do ano surgiu depois de a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter apelado à China para aproveitar a vantagem da sua influência junto de Pyongyang para refrear as ambições militares.

A China hesitou durante muito tempo em fazer pressão sobre Pyongyang, não pretendendo assistir ao colapso do regime ou ao caos que adviria na fronteira.

Contudo, os mais recentes textos da ONU condenando Pyongyang receberam o apoio por parte de Pequim.

Em paralelo, Pequim tem vindo a renovar o seu apelo para o diálogo de modo a apaziguar as tensões.

12 Jun 2017

Japão aprova lei que abre caminho à abdicação do imperador 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Parlamento japonês aprovou sexta-feira a proposta de lei que permite ao imperador Akihito ceder o trono ao filho mais velho, abrindo caminho para a primeira abdicação no Japão em mais de 200 anos.

Tal sucede dez meses depois de Akihito, de 83 anos, ter manifestado o seu desejo de abdicar, devido à idade avançada e a um estado de saúde enfraquecido, numa mensagem ao país transmitida pela televisão.

Este diploma aplica-se exclusivamente ao actual imperador que deve ceder o trono ao filho mais velho, o príncipe Naruhito, dentro de três anos após a sua entrada em vigor, em data a fixar por decreto.

Se tudo correr como previsto, Akihito poderá renunciar às funções até ao final do próximo ano, deixando o príncipe herdeiro aceder ao trono no início de 2019, segundo a imprensa nipónica.

Akihito chegou ao trono aos 55 anos, a 7 de Janeiro de 1989, após a morte do pai, o imperador Hirohito, tendo sido o primeiro imperador desde a entrada em vigor da nova Constituição japonesa, aprovada em 1947, após o fim da ocupação norte-americana na sequência do final da II Guerra Mundial.

A abdicação de Akihito será a primeira a ter lugar na linha de sucessão imperial nipónica desde a renúncia do imperador Kokaku, em 1817, ou seja em mais de 200 anos.

De acordo com a Constituição pacifista japonesa, o imperador desempenha “funções de representação do Estado” e é “o símbolo da nação e da unidade do povo”.

A lei que rege a Casa Imperial japonesa desde 1947 não contempla a sucessão em vida, contudo, na história imperial japonesa chegou a ser um fenómeno relativamente comum, dado que cerca de metade dos 125 imperadores que ocuparam o Trono do Crisântemo abandonaram-no antes da sua morte.

Poucas opções

Além de não permitir a abdicação, esta lei de 1947 eliminou as chamadas ramificações colaterais, pelo que todas as mulheres que nascem no seio da família imperial perdem o estatuto de realeza ao contrair matrimónio com um plebeu, algo que desde então tem vindo a reduzir substancialmente o número de membros do Trono do Crisântemo que, no passado, também chegou a ser ocupado por mulheres (a última no século XVIII).

Neste sentido, o parlamento japonês também aprovou sexta-feira uma resolução não vinculativa que insta o Governo a abrir o debate sobre este assunto que se reveste de particular importância atendendo aos problemas com que a família imperial se tem vindo a deparar no plano das sucessões.

Estes problemas voltaram a ser colocados em relevo recentemente depois de, em Maio, a princesa Mako, de 25 anos e neta de Akihito, ter anunciado que pretende casar-se com um colega de universidade, o que vai fazer então com que perca a sua condição de membro da realeza.

O casamento de Mako irá deixar em 18 o número de membros da dinastia hereditária reinante mais antiga do mundo.

Dos 18, apenas três, excluindo Akihito, são homens com acesso ao trono: o príncipe herdeiro Naruhito (57 anos), o seu irmão Akishino (51 anos) e o filho deste, Hisahito, de 10 anos e irmão mais novo da princesa Mako.

12 Jun 2017