Soldados chineses e indianos atiram pedras uns contra os outros

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]oldados indianos e chineses atiraram pedras uns contra os outros na área da Caxemira controlada pela Índia, revelaram ontem funcionários indianos, numa altura de renovada tensão entre os dois países em torno de um território no sul do Tibete.

Os soldados chineses atiraram pedras quando tentavam entrar na região de Ladakh, perto do lago Pangong, nos Himalaias, mas foram confrontados por soldados indianos, revelou um responsável da polícia indiana.

A mesma fonte, citada pela agência Associated Press, diz que os soldados indianos retaliaram, mas nenhum dos dois lados recorreu a armas de fogo.

Até ao momento, a China não comentou o incidente.

Um funcionário dos serviços secretos indianos disse que os confrontos ocorreram depois de soldados indianos interceptarem uma patrulha chinesa que virou para território indiano, após se ter alegadamente perdido, devido ao mau tempo.

Os soldados começaram a berrar uns com os outros e acabaram por atirar pedras. Elementos dos dois lados sofreram ferimentos ligeiros. Após trinta minutos de confrontos, os soldados recuaram, disse a mesma fonte, que falou sob condição de anonimato.

Estrada da polémica

O incidente ocorre numa altura em que os exércitos dos dois países se encontram frente a frente no planalto de Doklam (Donglang, em chinês), uma área também reclamada pelo Butão, que mantém com a Índia uma cooperação próxima a nível de segurança, e onde a China está a construir uma estrada.

Nova Deli enviou tropas para o outro lado da fronteira depois de equipas de construção chinesas terem iniciado a expansão para sul da estrada de Yadong, no Tibete.

Pequim exige que os soldados indianos se retirem unilateralmente, como condição para o diálogo, enquanto Nova Deli quer que ambos os lados se retirem.

China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada.

Pequim é um importante aliado e fornecedor de armas do Paquistão, país rival da Índia.

Em 1962, um conflito motivado por disputas fronteiriças causou milhares de mortos.

Caxemira, nos Himalaias, é dividida entre a Índia, Paquistão e China.

17 Ago 2017

Corrupção | Antigo legislador chinês condenado a prisão perpétua

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m magnata chinês e antigo legislador na Assembleia Nacional Popular da China foi condenado a prisão perpétua, por aceitar subornos e gerir uma rede de prostituição no sul do país, noticiou ontem a imprensa oficial.

Liang Yaohu foi julgado por um tribunal de Dongguan, cidade chinesa conhecida como a “capital do sexo”, e onde uma reportagem sobre redes de prostituição difundida pela televisão estatal CCTV, em 2014, resultou numa operação policial de larga escala.

O advogado de Liang, Wang Silu, disse que “todas as propriedades obtidas ilegalmente por Liang foram confiscadas e que ele foi privado dos seus direitos políticos para a vida”, de acordo com o jornal oficial China Daily,.

Quarenta e quatro antigos funcionários de um hotel detido por Liang foram também condenados a penas de prisão de pelo menos 16 meses, por organizarem ou apoiarem atos de prostituição e destruírem provas, acrescentou o jornal.

Liang, de 50 anos, e antigo membro do órgão máximo legislativo da China, era o dono do hotel de cinco estrelas Crown Prince, em Dongguan.

O empresário foi investigado pela criação de 99 saunas privadas e organizar uma rede de prostituição no hotel, segundo o China Daily.

“A investigação descobriu que Liang tem vindo a gerir redes de prostituição desde 2004”, lê-se no veredicto, citado pela imprensa chinesa.

“Só em 2013, as instalações de sauna do hotel de Liang, construído em 1995, registaram lucros num valor superior a 48,9 milhões de yuan “, referiu.

O hotel foi encerrado, na sequência de uma operação policial, lançada após a CCTV difundir, em Fevereiro de 2014, uma reportagem sobre o vasto comércio de sexo em Dongguan.

Varridela geral

Mais de mil suspeitos, entre prostitutas, clientes e líderes de redes de prostituição, foram detidos. Algumas das mulheres eram menores de idade.

Vários oficiais da polícia foram também destituídos dos postos e colocados sob investigação, por pactuarem com as redes de prostituição e avisarem os grupos criminosos nas vésperas de rusgas policiais.

Liang foi detido em Abril de 2014. Em tribunal, rejeitou todas as acusações. O advogado recusou dizer se vai ou não recorrer da decisão.

O empresário é uma das pessoas mais ricas de Dongguan e um figura conhecida na cidade, um dos maiores centros industriais da China.

Segundo a imprensa chinesa, Liang detém propriedades no valor conjunto de dois mil milhões de yuan (.

Foi membro da Assembleia Nacional Popular de 2008 até ser detido.

17 Ago 2017

Protesto em Hong Kong pela libertação de ‘blogger’ Wu Gan

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Partido Cívico de Hong Kong organizou ontem um protesto no exterior do Gabinete de Ligação do Governo Central da China para pedir a libertação imediata do activista dos direitos humanos chinês Gary Wu, informou a imprensa local.

Gary Wu compareceu em tribunal na segunda-feira em Tianjin (nordeste), acusado de subversão.

Trata-se de uma acusação muito grave na China e cuja pena máxima é prisão perpétua.

O tribunal disse que iria lançar o veredicto mais tarde, mas não avançou uma data.

O activista, conhecido na Internet pelo nome “Super Carniceiro Vulgar”, foi um dos primeiros advogados apanhados na campanha de repressão pelas autoridades iniciada em 2015.

Cerca de 300 pessoas foram presas no âmbito dessa campanha, lançada a nível nacional.

Entre 9 e 10 de Julho de 2015, as autoridades chinesas prenderam 319 advogados, outros trabalhadores e activistas de várias zonas do país.

O deputado pelo Partido Cívico Kwok Ka-ki criticou Pequim, afirmando que, se a China quer estar entre os primeiros países a nível mundial, deve, tal como os outros países, garantir os direitos humanos a todos os cidadãos.

“Isto é um direito básico que está inscrito até na Constituição chinesa. Mas o governo chinês nunca segue a sua própria constituição”, disse, citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

Gary Wu foi detido em Maio de 2015, quando protestou em Nachang (sudeste) contra a detenção e tortura de quatro pessoas que as autoridades queriam que admitissem um crime.

Em Agosto de 2016 foi novamente detido e acusou as autoridades de o terem torturado.

Wu tornou-se conhecido em 2009, quando denunciou o caso de uma jovem, Deng Yujiao, que matou um político local que tentou abusar sexualmente dela.

O caso tornou-se muito mediático e gerou uma onda de simpatia para com a jovem, inspirando parte do filme “Um Toque de Violência”, do realizador chinês Jia Zhangke, cujo argumento foi premiado no Festival de Cannes de 2013.

Uma dezena de amigos do ‘blogger’ tentaram aproximar-se do edifício do tribunal n.º 2 de Tianjin, para lhe manifestar apoio, mas foram dispersados pela polícia, segundo o diário de Hong Kong South China Morning Post.

17 Ago 2017

Filipinas | Polícia mata 32 suspeitos de tráfico na mais sangrenta operação de sempre

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia da província filipina de Bulacan anunciou ontem ter matado 32 presumíveis traficantes de droga em 24 horas, na operação mais sangrenta da “guerra antidroga” iniciada há um ano pelo Presidente, que já felicitou as autoridades.

“Foi algo magnífico”, disse o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, numa referência à operação na província de Bulacan, a norte de Manila, que permitiu também deter 107 pessoas por delitos alegadamente relacionados com as drogas.

“Se pudéssemos matar 32 outras pessoas por dia, poderia reduzir-se o flagelo que afecta o país”, acrescentou.

Os agentes mataram os 32 suspeitos e detiveram outros 107 numa operação antidroga executada entre segunda e terça-feira nesta província de 3,3 milhões de habitantes a norte de Manila, informou a polícia regional de Bulacan em comunicado.

Na operação, as autoridades apreenderam 367 sacos de uma droga química chamada shabu (cloridrato de metanfetamina), com um valor estimado em 1,17 milhões de pesos (19.800 euros).

Nas casas dos suspeitos foram ainda encontrados 765 gramas de marjuana, duas granadas, 34 armas de fogo de diversos calibres e 114 balas.

O elevado número de mortos num tão curto intervalo de tempo não tem precedentes, mesmo tendo em conta que a “guerra contra as drogas” de Duterte já provocou 3.451 mortes em operações policiais deste género em todo o país, segundo dados oficiais.

“No passado realizámos operações de larga escala, mas este foi o maior número de pessoas mortas numa só operação”, confirmou em conferência de imprensa Romeo Caramat, diretor da Polícia Nacional.

Mata, mata

A Polícia de Bulacan justificou a operação argumentando que os suspeitos assassinados eram “notórios delinquentes dos que preferem lutar até à morte do que ser apanhados vivos”, pelo que os agentes “não tiveram outro remédio” senão disparar a matar.

Classificou ainda a operação como um êxito para as autoridades na sua “luta implacável contra as drogas e armas ilegais”.

Calcula-se que mais de 7.000 pessoas tenham morrido desde que começou a controversa campanha de Duterte, já que, aos abatidos pela polícia somam-se as vítimas de patrulhas de moradores e outros homicídios facilitados pelo clima de impunidade.

A “guerra contra as drogas” de Duterte tem sido criticada por organizações internacionais, que acusam o Presidente filipino de violar direitos humanos.

Duterte garante que continuará a campanha até erradicar o narcotráfico e o crime do país de 100 milhões de habitantes.

17 Ago 2017

Hong Kong | Membro do Partido Democrata detido por suspeita de mentir

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] membro do Partido Democrata de Hong Kong que na semana passada disse ter sido raptado e torturado na cidade por agentes da China foi ontem detido por suspeita de prestar falsas declarações à polícia.

“A polícia tem motivos para acreditar que a pessoa em questão forneceu informações falsas para enganar os agentes”, disseram ontem as autoridades em comunicado, citadas pela agência France Press.

Howard Lam foi detido durante a madrugada de ontem, por volta das 3:30, e levado algemado da sua casa, em Ma On Shan, para a esquadra de Hung Hom para investigação, informou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

Os agentes fizeram buscas ao apartamento de Lam durante mais de uma hora e levaram uma série de objectos, incluindo telemóveis, um computador portátil e uns óculos de sol.

Dúvidas em relação ao relato do alegado sequestro emergiram depois de a agência de notícias FactWire ter noticiado uma versão diferente dos acontecimentos na segunda-feira.

A FactWire informou que múltiplas câmaras de videovigilância em Yau Ma Tei desacreditaram a versão da alegada vítima de que tinha sido sequestrado na tarde de quinta-feira passada quando estava a caminho de uma estação de metro, em Pitt Street.

Howard Lam disse na sexta-feira que foi raptado, drogado e torturado um dia antes no bairro de Mong Kok, em Hong Kong, por ter a intenção de fazer chegar à viúva do dissidente chinês Liu Xiaobo uma foto autografada do jogador argentino Lionel Messi.

Howard Lam disse que quando recuperou os sentidos estava numa praia em Hong Kong. Também mostrou as pernas com vários agrafos metálicos dispostos em forma de cruz, algo que atribuiu ao facto de ser cristão.

O membro do Partido Democrata também atribuiu o alegado ataque de que foi alvo a agentes do interior da China, afirmando que os alegados sequestradores falavam mandarim. A língua comummente falada em Hong Kong é o cantonês.

As autoridades chinesas não podem interferir nos assuntos de Hong Kong, que até 2047 é governada ao abrigo do princípio “Um país, dois sistemas”.

O alegado sequestro em Hong Kong de um bilionário chinês no início deste ano e os desaparecimentos em condições misteriosas de cinco livreiros estabelecidos na antiga colónia britânica aumentaram os receios de que Pequim tenha ultrapassado os limites.

Campanha contra esquemas em pirâmide após morte de quatro jovens

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou uma campanha contra esquemas em pirâmide, uma prática fraudulenta em crescimento no país, que resultou na morte de quatro pessoas desde Julho passado, vítimas de grupos criminosos, foi ontem noticiado.

A Administração Estatal para a Indústria e Comércio da China anunciou, em comunicado, que vai cooperar com quatro Ministérios para combater aquele tipo de esquema fraudulento.

A redução consecutiva das taxas de juro no sistema bancário chinês e a volatilidade no mercado bolsista, aliados à incerteza no sector imobiliário, terão atraído cada vez mais investidores chineses para esquemas de angariação ilegal de fundos.

Só no ano passado, a polícia chinesa investigou 2.826 casos de esquemas fraudulentos, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.

Segundo o jornal oficial China Daily, as vítimas entram no esquema atraídas por falsas ofertas de trabalho, sendo mantidas em dormitórios e forçadas a recrutar amigos e familiares.

Desde o mês passado, as autoridades registaram quatro mortes relacionadas com aquela prática fraudulenta, enquanto 230 pessoas no sul do país foram presas, depois de uma rara manifestação nas ruas de Pequim.

O corpo de uma das vítimas foi encontrado no início deste mês, num rio da província de Hubei, no centro do país. Outras duas vítimas foram registadas pelas autoridades do município de Tianjin (nordeste) e uma outra em Shanxi, no norte da China.

Todos os mortos tinham cerca de 20 anos.

Em Dezembro de 2015, as autoridades chinesas desmontaram um esquema gigante, que ludibriou cerca de 900.000 pessoas em mais de 50 mil milhões de yuans.

Em muitos casos, os esquemas mantêm a aparência de empresa legítima, fornecendo informação falsificada sobre transações financeiras e com escritórios nos distritos financeiros das principais cidades chinesas.

16 Ago 2017

Pequim vai proteger interesses chineses face a investigação dos EUA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês criticou ontem a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ordenar uma investigação sobre as práticas da China na área da “propriedade intelectual” e garantiu que protegerá os interesses chineses.

Em comunicado, o Ministério do Comércio chinês afirmou que o memorando, assinado na segunda-feira por Trump, viola os acordos de comércio internacionais.

A mesma nota garantiu que Pequim vai agir, caso as empresas chinesas sejam prejudicadas, mas sem avançar como.

Trump pediu aos responsáveis pelas políticas comerciais norte-americanas para averiguar se Pequim exige indevidamente que as empresas estrangeiras transfiram tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês.

Organizações comerciais de empresas tecnológicas enalteceram a decisão, mas as autoridades chinesas criticaram o “forte unilateralismo”, que viola o espírito internacional dos acordos comerciais.

“Se o lado norte-americano ignora o facto de que não respeita regras comerciais multilaterais e age para prejudicar as relações económicas e comerciais entre os dois lados, o lado chinês nunca se irá acomodar”, indicou o comunicado.

Pequim “adotará todas as medidas apropriadas para proteger firmemente os interesses e direitos legítimos do lado chinês”, afirmou.

Fala Donald

Em Abril, Trump disse que iria pôr de lado disputas sobre o acesso ao mercado e política cambial, enquanto Washington e Pequim trabalharem juntos para persuadir a Coreia do Norte a desistir do programa nuclear.

Nas últimas semanas, a administração norte-americana voltou a adoptar uma posição mais dura em relação às questões comerciais.

“Acreditamos que o lado norte-americano deve respeitar rigorosamente os compromissos e não ser o destruidor de regras multilaterais”, afirmou o Ministério em comunicado.

Na véspera do anúncio de Trump, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês pediu ao líder norte-americano para evitar uma “guerra comercial”.

Em 2016, Pequim registou um excedente de 347 mil milhões de dólares  no comércio com Washington. Trump culpa frequentemente a China pelo défice comercial norte-americano, apontando práticas de concorrência desleal de Pequim.

Há várias décadas que as empresa estrangeiras acusam empresas chinesas de pirataria e roubo de tecnologia.

Pequim está a lançar um plano designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

16 Ago 2017

Seul | Detectados ovos contaminados com pesticida

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da Coreia do Sul anunciaram ontem que detectaram ovos contaminados com o pesticida ‘fipronil’ numa quinta e proibiram temporariamente a produção nas explorações agrícolas com mais de três mil aves.

O Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais sul-coreano informou que alguns ovos testaram positivo à presença de ‘fipronil’ numa quinta em Namyangju, a leste de Seul.

Desconhece-se que proporção do produto estava contaminado, sabendo-se apenas que a quinta, que conta com cerca de 80 mil galinhas poedeiras, produz cerca de 25 mil ovos por dia.

O Ministério decretou a proibição de produção para quintas com mais de três mil aves, até que seja finalizada uma inspeção de fundo, informou a agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

A Coreia do Sul teve de restringir a venda de ovos produzidos no seu território, devido ao surto de gripe aviária detectado desde 2016, que obrigou à importação de países como a Austrália, Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Tailândia e Espanha.

Até agora não há informação de que o ‘fipronil’ tenha sido detectado em ovos importados.

Após o anúncio de ontem, três dos principais retalhistas sul-coreanos ((Homeplus, E-Mart e Lotte Mart) anunciaram a suspensão da venda de ovos até que se conheçam os resultados da inspecção.

O pesticida ‘fipronil’, de uso proibido em galinhas, gerou alarme na Europa, após ter sido divulgado que foi usado na Bélgica e na Holanda, e depois de terem sido detectados produtos contaminados em 17 países.

Segundo especialistas, o ‘fipronil’ representa um risco de intoxicação “muito improvável” para humanos. Tendo em conta os níveis máximos detectados na Bélgica e Holanda, uma pessoa teria de consumir milhares de ovos contaminados ao longo da vida para sofrer efeitos adversos.

16 Ago 2017

China e Uruguai contra eventual intervenção dos EUA na Venezuela 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e o Uruguai pronunciaram-se esta segunda-feira contra uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela para solucionar a crise no país, reagindo a ameaças proferidas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês defendeu a necessidade de respeitar o princípio de não-ingerência em assuntos internos de outro país, e o mesmo fez o Presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, rejeitando “enfática e taxativamente” as declarações de Trump sobre a Venezuela.

“Todos os países devem conduzir as suas relações bilaterais com base na igualdade, no respeito mútuo e na não-ingerência nos assuntos internos do outro”, afirmou o porta-voz do MNE chinês, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

A China “segue sempre o princípio de não interferir nos assuntos de outro país”, acrescentou, três dias depois de o Presidente norte-americano ter equacionado adoptar a opção militar contra a Venezuela.

O Governo chinês tem evitado nas últimas semanas emitir opiniões sobre a situação no país latino-americano, embora tenha dito, a propósito das polémicas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que decorreram “de forma estável”.

Também manifestou, na altura, o desejo de que Governo e oposição na Venezuela iniciassem um diálogo pacífico para manter a estabilidade no país.

Bons negócios

A China é, desde a década passada, um dos mais importantes parceiros comerciais da Venezuela, país que chegou a ser o principal destino dos investimentos chineses na América Latina, dado o especial interesse do regime comunista no crude venezuelano.

O chefe de Estado do Uruguai, que falava à imprensa antes de presidir a uma reunião do Conselho de Ministros, sublinhou haver “uma rejeição absolutamente total da parte do Governo uruguaio” de uma possibilidade de intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela.

“Os problemas que a Venezuela tem devem ser resolvidos pelo povo venezuelano sem ingerência estrangeira e, portanto, rejeitamos enfática e taxativamente as apreciações do Presidente dos Estados Unidos”, sustentou Tabaré Vásquez.

Na passada sexta-feira, Trump declarou que o seu Governo não descarta “a opção militar” para resolver a “confusão muito perigosa” que a Venezuela atravessa e recordou que o seu país tem tropas em todo o mundo e que “a Venezuela não fica muito longe e as pessoas estão a sofrer e a morrer”.

Fundação chinesa anuncia primeira criogenização de corpo humano

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma fundação chinesa anunciou ter produzido com êxito a primeira criogenização de um corpo completo na China, com a esperança de o trazer de volta à vida, assim que o desenvolvimento da medicina o permita.

Segundo o jornal oficial China Daily, o primeiro procedimento de criogenia na China foi realizado na província de Shandong, leste do país, pela Fundação Yinfeng.

O procedimento começou em 8 de maio, menos de cinco minutos depois de o coração de uma mulher chamada Zhan Wenlian ter deixado de bater e os médicos declararem que estava morta.

Aaron Drake, especialista da norte-americana Alcor Life Extension Foundation, e médicos do Hospital Qilu, da Universidade de Shandong, colocaram de imediato Zhan num sistema de apoio vital.

O corpo da mulher foi transportado para um laboratório de um instituto afiliado à Fundação Yinfeng, onde lhe foram injectados produtos químicos, visando proteger as suas células de danos durante o processo de congelação.

O corpo foi então colocado num recipiente com 2.000 litros de nitrogénio líquido, a uma temperatura de 190 graus abaixo de zero.

Zhan, que tinha 49 anos e trabalhava num banco estatal em Jinan, sofria de cancro no pulmão, e o seu esposo pediu à Yinfeng para que realizasse a criogenização do seu corpo.

16 Ago 2017

Análise | Relações sino-japonesas em mudança?

Um passo tímido à frente, dois atrás. É assim que a China e o Japão lidam um com o outro há já várias décadas. Mas há observadores internacionais que olham para movimentos recentes com esperança de que o relacionamento melhore. Quem está mais perto não acredita numa súbita mudança. O passado continua por resolver e a sociedade civil não ajuda

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]uang Youliang tinha 90 anos e morreu no sábado passado. Levou com ela um pedaço amargo de história: aos 15 anos, foi violada por soldados japoneses. Viveu os dois anos seguintes num bordel, como escrava sexual da tropa nipónica. Muitos anos depois, processou o Governo de Tóquio pelo que lhe aconteceu.

Histórias como a de Huang Youliang fazem parte de um passado conjunto entre a China e o Japão que continua demasiado presente: a invasão japonesa continua a marcar as relações entre os dois países, tanto na perspectiva oficial, como em termos sociais.

A juntar a um azedo passado que teima em não ser ultrapassado, Pequim e Tóquio têm diferendos frequentes em relação à soberania de certas zonas marítimas, com as ilhas Diaoyu (ou Senkaku, dependendo da perspectiva) a serem motivo de acusações pouco simpáticas entre ambas as partes.

No final da semana passada, o chefe da força aérea chinesa veio a público defender manobras levadas a cabo no Mar do Japão, alegando que as águas não pertencem a Tóquio, depois de um relatório da Defesa japonesa ter destacado o aumento da actividade militar da China naquela zona. O Governo de Shinzo Abe teme que a acção da força aérea dos vizinhos seja um esforço para aumentar a influência militar numa zona controlada por Tóquio, a sul de Taiwan.

Não obstante a tensão que se sente sempre que as palavras China e Japão se escrevem na mesma frase, há quem note melhorias nas relações entre os números dois e três da economia mundial. Recentemente, a Foreign Affairs chamava a atenção para uma mudança no panorama do noroeste da Ásia, para constatar algumas alterações no modo como Pequim e Tóquio se têm estado a relacionar.

A China tem estado a avançar, rapidamente, com a modernização do seu poderio militar e a ser cada vez mais assertiva nas reivindicações que faz acerca da soberania nos mares do Este e do Sul da China. A relação dos Estados Unidos com os aliados na região passou a ser uma incógnita, apesar das promessas de Donald Trump em relação à defesa das nações amigas num eventual ataque norte-coreano. E a Coreia do Norte torna-se, de semana para semana, uma ameaça cada vez mais real, com o regime a testar armamento que muitos acharam que só existia na imaginação de Kim Jong-un.

Neste contexto, acredita a revista norte-americana, a China e o Japão terão de avaliar cautelosamente a relação que têm mantido. Não existe confiança entre os dois Estados – e é pouco provável que, nas próximas décadas, esta noção seja uma realidade –, mas nos últimos meses foram dados alguns passos para a estabilização de um diálogo que, grande parte das vezes, não existe. Os analistas da Foreign Affairs acreditam que Pequim e Tóquio chegaram à calculista conclusão de que o padrão de relacionamento que têm mantido nas últimas décadas lhes custa demasiado e acrescenta uma segurança desnecessária à região.

Sem ilusões

Martin Chung, académico que tem as relações sino-japonesas como uma das áreas de investigação, não se ilude com os recentes sinais que podem levar a uma aparente aproximação das duas potências asiáticas. “Existe a impressão de que há uma mudança, especialmente com o aperto de mãos entre Xi Jinping e Shinzo Abe, no G20, em Hamburgo”, nota, referindo-se à reunião do início do mês passado. “Parece que, para se preparar o caminho para um bom entendimento, é necessário demonstrar muito boas intenções”, ironiza.

Quem lê as notícias e vê as fotografias poderá tentar encontrar sinais de alguma vontade de entendimento, apesar do ar pouco feliz de ambos os líderes. Mas a realidade é diferente, avisa o professor da Universidade Baptista de Hong Kong.

“O Japão está a reforçar o seu arsenal de defesa”, exemplifica Chung. A região está cada vez mais dotada de poder militar. “Parece que é dado um passo em frente mas, no dia seguinte, há uma ou outra manobra que parece apontar para a degradação das relações.” O facto não é novo: “Temos visto isto há já alguns anos.”

O pouco efusivo aperto de mão de Hamburgo não será o sinal mais forte de uma eventual aproximação. Tóquio está a tentar retomar os encontros de alto nível com Pequim. As reuniões entre os líderes dos dois países têm sido raras nos últimos anos devido à tal história por sarar e à competição geopolítica. Só em 2014 é que o primeiro-ministro japonês e o Presidente chinês tiveram um encontro oficial. Tinham ambos tomado posse há já dois anos.

Em Maio último, à margem do Fórum “Uma Faixa, uma Rota” realizado em Pequim, um emissário de Shinzo Abe entregou uma carta em que foi demonstrado o interesse na realização de uma reunião bilateral, a acontecer ainda este ano. No mês seguinte, o primeiro-ministro japonês deu conta da intenção da realização de um encontro trilateral com a China e a Coreia do Sul. Finalmente, a 8 de Julho, Shinzo Abe e Xi Jinping estiveram a falar, à margem da cimeira do G20. A troca de ideias não resultou em nada que seja mensurável, mas tratou-se do primeiro encontro em quase um ano e poderá permitir que outras reuniões se realizem nos próximos tempos.

Num nível mais baixo da hierarquia, foram retomadas em Junho as conversações sobre assuntos marítimos, depois de meio ano de suspensão. A China e o Japão concordaram em adoptar mecanismos de gestão de crises que permitam evitar que acidentes no mar se transformem em conflitos armados. Este entendimento tem importância sobretudo em relação às Diaoyu.

“De um ponto de vista estratégico, ninguém quer começar um conflito”, afirma Martin Chung. “Estas reuniões são úteis porque permitem a afirmação da soberania, sem se chegar a um confronto militar real”, prossegue o analista, afastando, porém, “sinais de optimismo”. “Estes encontros servem apenas para que ambas as partes brinquem com o fogo de forma mais segura. Mas continuam a brincar com o fogo.”

As disputas territoriais são “uma ameaça útil para os dois regimes” e, sublinha o investigador, “mais uma razão para a alteração da Constituição do Japão”. Os defensores da revisão do Artigo 9.o do diploma fundamental nipónico – que prevê a não intervenção do país em cenários de guerra – vão buscar às aspirações chinesas motivos adicionais de argumentação pela causa que abraçam.

Da inevitabilidade

Ao nível económico, o Japão depara-se com uma realidade pouco auspiciosa para os seus planos: a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, através da qual a China pretende ganhar ainda maior afirmação, numa estratégia que vai além dos puros negócios. Tóquio teve, em tempos, planos semelhantes, que pecaram pela timidez.

Em Junho, Shinzo Abe deu uma cautelosa bênção ao projecto de Pequim, mas há preocupações que são difíceis de ultrapassar: as autoridades nipónicas estão apreensivas com o facto de não haver detalhes sobre o modo como a China pretende pôr em prática os investimentos e como serão estruturados os empréstimos chineses que financiarão muitas das infra-estruturas a construir no contexto desta política de expansão.

As implicações geopolíticas de “Uma Faixa, Uma Rota” têm um efeito directo na importância regional do Japão, que foi perdendo predominância na última década, com antigos aliados a aproximarem-se de Pequim, em troca de ajuda financeira.

Como contra factos, não há argumentos, o Governo de Shinzo Abe terá mais a ganhar com uma aproximação a Xi Jinping do que com uma política de distanciamento, acredita a Foreign Affairs. O Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (AIIB, na sigla inglesa) terá funcionado como uma lição: quase todas as nações na região se juntaram ao projecto liderado pela China, assim como muitos dos países desenvolvidos. Recentemente, o Banco Asiático de Desenvolvimento, uma instituição dominada por Tóquio, começou a trabalhar em alguns projectos com o AIIB.

Juntos na desgraça?

Numa perspectiva económica, parece haver alguma vontade de uma aposta no pragmatismo por parte do Japão. Mas “esta nova Guerra Fria” que se vive entre a China e o Japão também tem vantagens para os decisores políticos, explica Martin Chung.

“Os detentores do poder beneficiam desse antagonismo”, vinca o analista. Do lado nipónico, o facto de a relação ser tremida é favorável a uma eventual mudança da Constituição, uma das metas do primeiro-ministro Shinzo Abe. “Quanto maior for a percepção, junto da opinião pública japonesa, de que a ameaça chinesa é real, maiores são as possibilidades de alteração à Constituição”, diz.

Também para o lado de Pequim este “antagonismo pode ser um trunfo”, acrescenta o investigador. “Depende da altura.” E vem aí, pelo Outono, um momento decisivo para a reafirmação da liderança de Xi Jinping, com um encontro do Partido Comunista Chinês muito importante para a definição do que vai ser o futuro político do país.

O professor da Universidade Baptista de Hong Kong tem estudado o envolvimento da sociedade civil chinesa e japonesa no âmbito deste desentendimento de décadas. Martin Chung acredita que a chave para a resolução deste tipo de problemas está no modo como os cidadãos gerem as suas expectativas e anseios.

“As iniciativas da sociedade civil japonesa demonstram uma grande vontade de proteger o Artigo 9.o da Constituição japonesa, mas há cidadãos preocupados com o poder crescente do Exército Popular de Libertação, e não se pode fechar os olhos a isso”, alerta. “Do lado da sociedade civil chinesa, não existe uma oposição à militarização crescente da região”, continua Martin Chung. “Os democratas de Hong Kong criticam o regime comunista por não haver avanços em termos de democracia, mas não estão contra o aumento do orçamento do exército ou a crescente militarização.” Em Macau, diz o académico natural do território, a questão passa igualmente ao lado da opinião pública.

A grande preocupação regional do momento passou a ser, nos últimos tempos, a Coreia do Norte. À China não convém um quintal nuclear sem rédeas, como não agrada a ninguém na região – e no resto do planeta – um regime descontrolado e incontrolável. Mas Pequim e Tóquio têm modos muito diferentes de lidar com Pyongyang, como se tem visto nas últimas semanas.

No entanto, “quanto maior é a ameaça da Coreia do Norte, maior é a oportunidade de os países envolvidos trabalharem juntos” e “a China tem estado a distanciar-se” de Pyongyang, comenta Martin Chung. “Poderá estar, de alguma forma, a preparar o caminho para uma aliança com os inimigos tradicionais”, admite o académico. Sempre com a distância regulamentar.

15 Ago 2017

Coreia do Norte  | Pequim suspende importações de minério e produtos do mar

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, principal parceiro e apoiante da economia norte-coreana, anunciou ontem a suspensão das importações de ferro, chumbo e dos minérios destes dois metais e de produtos do mar da Coreia do Norte, aplicando as sanções decididas pela ONU.

A partir de terça-feira “todas as importações de carvão, ferro, minérios de ferro e de chumbo, animais aquáticos e produtos do mar serão interditas”, anunciou o Ministério do Comércio chinês em comunicado.

A medida visa aplicar na prática a resolução 2371, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, precisa o comunicado.

A China, que foi em 2016 o destino de mais de 92% das exportações norte-coreanas, é o principal suporte económico e financeiro do regime de Pyongyang.

Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China juntou o seu voto, no passado dia 6 de agosto, à aprovação do sétimo pacote de sanções contra a Coreia do Norte, em resposta aos ensaios de mísseis balísticos levados a cabo por Pyongyang.

Teorias e práticas

Este pacote de sanções económicas representa um corte de mil milhões de dólares, privando o regime norte-coreano de uma fonte crucial de divisas.

A aprovação da resolução foi duramente criticada pela Coreia do Norte, que assegurou em comunicado que Pequim “pagaria caro por isso”.

O Presidente americano Donald Trump disse na ocasião que as sanções teriam um “efeito limitado” e, na quinta-feira passada, defendeu que a China deveria “fazer um pouco mais” para pressionar a Coreia do Norte.

Na sequência da recente escalada de retórica violenta entre Washington e Pyongang, Pequim exortou “à retenção”, e o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, assegurou que o seu país aplicaria “a 100%” o novo pacote de sanções.

As importações chinesas provenientes da Coreia do Norte recuaram mais de 7% nos cinco primeiros meses de 2017, de acordo com números das alfândegas chinesas.

15 Ago 2017

China adverte para possível guerra comercial com EUA 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China advertiu ontem para a possibilidade de uma “guerra comercial” com os Estados Unidos caso a administração do Presidente Donald Trump avance com investigações sobre alegadas infracções de Pequim ao nível do comércio bilateral.

“A China e os Estados Unidos têm interesses interligados e uma guerra comercial não tem futuro, o único resultado seria um prejuízo para todos”, declarou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

No sábado, fontes da administração norte-americana indicaram que Trump iria ordenar ao representante especial do comércio externo norte-americano, Robert Lighthizer, para iniciar uma investigação, e a eventual aplicação de sanções, sobre alegadas violações por parte da China, nomeadamente ao nível da usurpação de patentes ou da transferência forçada de propriedade intelectual.

Esta iniciativa de Trump surge num período de tensão entre Washington e Pequim por causa da crise com a Coreia do Norte, mas os mesmos responsáveis da administração americana, que falaram no sábado sob anonimato, afirmaram que estes dois dossiês não estão ligados.

Em Pequim, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou ontem aos Estados Unidos para continuarem a trabalhar com a China no sentido dos dois países alcançarem relações económicas estáveis, bem como exortou Washington a não usar a crise na Coreia do Norte como uma arma para pressionar as questões comerciais.

“São questões totalmente diferentes, e não é apropriado usar [a crise norte-coreana] como uma ferramenta para pressionar”, disse Hua Chunying.

Conversas de risco

Especialistas chineses, citados ontem pelo diário oficial Global Times, alertaram para os perigos deste eventual inquérito norte-americano.

“Pode piorar a fricção comercial entre os dois países e colocar em perigo os resultados do primeiro diálogo económico global”, apontou o vice-presidente da Sociedade chinesa para os Estudos da Organização Mundial do Comércio, Huo Jianguo.

“Não é nenhuma surpresa que Trump está a tomar medidas contra a China ao nível do comércio. O desequilíbrio comercial sino-americano significa que a China vai enfrentar uma grande fricção comercial com os Estados Unidos durante a Presidência de Donald Trump”, considerou, por sua vez, Jin Canrong, especialista em matérias de diplomacia.

Já o economista-chefe do grupo financeiro Citigroup para o mercado chinês, Liu Ligang, advertiu que esta medida de Washington pode afectar outros países que integram a rede de exportações da China, como é o caso do Japão e da Coreia do Sul.

No seguimento da recente resolução aprovada, por unanimidade, no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise norte-coreana e o seu controverso programa nuclear e balístico, a China, principal parceiro e apoiante da economia do regime de Pyongyang, anunciou ontem a suspensão das importações de ferro, chumbo e dos minérios destes dois metais e de produtos do mar da Coreia do Norte (ver página 9).

A China foi em 2016 o destino de mais de 92% das exportações norte-coreanas.

15 Ago 2017

Hong Kong | Aumenta controlo de saúde após descoberta de contaminação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong aumentaram os controlos de saúde dos ovos que importam da Europa, após a descoberta, no início deste mês, de níveis elevados do pesticida tóxico fipronil em dois lotes procedentes da Holanda, noticiou ontem a imprensa local.

O Departamento de Segurança Alimentar de Hong Kong reconheceu estar “muito preocupado” com a situação e, apesar de ter garantido que não foram encontrados novos casos de ovos contaminados desde dia 4, lançou medidas de controlo mais apertadas para estes produtos procedentes do velho continente.

A secretária para Alimentação e Saúde da antiga colónia britânica, Sophia Chan, citou concretamente os controlos aos ovos procedentes da Holanda e da Bélgica, embora tenha assegurado que as medidas se estendem a todo o território europeu.

A Europa é origem de aproximadamente 20% dos ovos que se vendem na Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong.

Em Macau, as autoridades informaram que não foram importados ovos provenientes da Holanda durante o corrente ano. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais garantiu, no entanto, que vai continuar a acompanhar de perto os desenvolvimentos do caso, a manter contacto com os departamentos e importadores relevantes e a reforçar os trabalhos de controlo e inspeção de ovos e produtos avícolas.

Alerta geral

A Comissão Europeia confirmou que foram detectados ovos contaminados com fipronil em 15 países da União Europeia, na Suíça e em Hong Kong.

Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Reino Unido, Roménia e Suécia são os países da União Europeia onde foram detectados ovos contaminados, detalhou, este sábado, um porta-voz da Comissão Europeia.

A Comissão Europeia vai reunir-se com representantes destes países em 26 de setembro.

A “crise” dos ovos contaminados iniciou-se em 20 de julho, quando a Bélgica alertou as autoridades comunitárias de que tinha detectado ovos contaminados.

Oito dias depois, a Holanda lançou um alerta alimentar por suspeita de contaminação, mas só em 3 de agosto é que as autoridades holandesas advertiram de que, em alguns lotes, a quantidade do pesticida era superior aos limites e poderia representar um perigo para a saúde dos consumidores.

14 Ago 2017

Hong Kong | Membro do Partido Democrata diz que foi raptado e torturado

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m membro do Partido Democrata de Hong Kong denunciou sexta-feira que foi raptado e torturado por agentes chineses, para aparentemente evitar um contacto com a viúva do ativista Liu Xiaobo.

Acompanhado por deputados do Partido Democrata – o maior partido da oposição em Hong Kong – e outras figuras do campo pró-democracia, Howard Lam descreveu, em conferência de imprensa, o ataque e mostrou as pernas ainda com agrafos, informou a imprensa local.

Lam afirmou que os raptores lhe perguntaram se conhecia Liu Xia, a viúva do prémio Nobel da Paz 2010 Liu Xiaobo, e avisaram-no para desistir do plano de lhe enviar um postal autografado do jogador do Barcelona Lionel Messi, o qual tinha recebido no mês passado.

O activista disse acreditar que o ataque foi uma retaliação contra a intenção de enviar o postal à viúva do dissidente chinês que morreu em Julho, vítima de cancro. Antes, o pró-democrata tinha tido a ideia de enviar o postal a Liu Xiaobo, por saber que ele era um grande fã da estrela argentina.

Liu Xia, de 56 anos, foi colocada em prisão domiciliária no apartamento de Pequim, logo após o marido ter sido galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2010. A distinção do Comité Nobel Norueguês aconteceu depois de Liu ter sido condenado a 11 anos de prisão por subversão por ter exigido reformas democráticas na China.

A viúva de Liu Xiaobo nunca foi alvo de qualquer condenação ou processo.

Apanhado em Mong Kok

Howard Lam afirmou que foi raptado em Portland Street, no bairro de Mong Kok, na quinta-feira por quatro ou cinco homens que falavam mandarim. A língua comummente falada em Hong Kong é o cantonês.

O activista contou que foi metido numa carrinha e que lhe deram um químico que o fez ficar inconsciente, segundo a Rádio e Televisão de Hong Kong (RTHK).

Lam disse ter recuperado os sentidos durante alguns minutos já numa sala onde alegadamente foi torturado e os atacantes o avisaram para não reportar o ataque à polícia porque “era um assunto nacional”.

Lam afirmou que depois de agredido voltou a ficar inconsciente e que acordou numa praia em Sai Kung. Demasiado assustado para ligar à polícia, afirmou ter caminhado até à estrada e apanhado um táxi.

O membro do Partido Democrata comentou que o ataque era um aviso para todas as pessoas de Hong Kong.

O deputado do Partido Democrata Lam Cheuk-ting classificou o incidente como “ultrajante”.

“É uma violação da Lei Básica, do princípio ‘Um país, dois sistemas’. Raptar, ameaçar e torturar pessoas de Hong Kong é um crime muito grave em Hong Kong, não importa as suas identidades, se são autoridades da China ou não”, disse o deputado.

“Insto o governo de Hong Kong a abrir uma investigação”, acrescentou.

Howard Lam disse que planeava ir ao hospital para tratamento e que iria reportar o caso à polícia.

Um porta-voz do gabinete da chefe do Executivo, Carrie Lam, disse que o Departamento de Segurança da cidade e a polícia iriam responder às questões da imprensa sobre o caso, informou o South China Morning Post.

Uma fonte da polícia, citada pelo mesmo jornal, afirmou que iam questionar a vítima e verificar imagens das câmaras de segurança para reunir provas sobre o caso.

14 Ago 2017

Xi Jinping pede a Trump que evite aumentar tensão com Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, pressionou sábado o homólogo norte-americano, Donald Trump, a evitar “palavras e ações” que possam “exacerbar” a situação já tensa na península coreana.

“Neste momento, as partes envolvidas devem exercer contenção e evitar palavras e actos que possam agravar a tensão na península coreana”, afirmou Xi Jinping, durante a conversa mantida ao telefone com Donald Trump.

Xi defendeu que as partes devem exercer “contenção” e “continuar na direção do diálogo, das negociações e de uma solução política”, informou a CCTV.

Segundo a televisão estatal, o líder chinês sublinhou ainda que Pequim e Washington partilham o “interesse comum da desnuclearização da península coreana e da manutenção da paz e da estabilidade”.

Xi Jinping transmitiu ainda que a China “está disposta a trabalhar com a Administração norte-americana para resolver a questão de forma adequada”, refere a agência noticiosa oficial Xinhua.

A Casa Branca destacou, por seu turno, em comunicado, que os dois líderes concordaram que a Coreia do Norte tem de parar com o seu comportamento “provocador” que leva a uma crescente escalada da tensão, e “reiteraram o compromisso mútuo com vista à desnuclearização da península coreana”.

Segundo refere a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP), Trump instou Pequim a exercer mais pressão sobre a Coreia do Norte para que suspenda o seu programa de armas nucleares.

Os dois líderes congratularam-se ainda com a resolução, adoptada recentemente pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que impõe novas sanções a Pyongyang, descrevendo-as como “um passo importante e necessário” para a estabilidade na península coreana.

Trump e Xi têm “uma relação muito próxima” que poderá contribuir para “uma resolução pacífica do problema da Coreia do Norte”, enfatizou a Casa Branca.

Outras conversas

Num outro diálogo ao telefone, desta feita, com o governador de Guam, Eddie Calvo, Donald Trump declarou que as forças norte-americanas estão “prontas” para proteger a ilha, depois de a Coreia do Norte ter ameaçado lançar um ataque com mísseis para as proximidades daquele território no Pacífico, que acolhe importantes bases norte-americanas.

A Coreia do Norte ameaçou, na quinta-feira, bombardear as águas territoriais de Guam, ilha com uma população estimada em 160 mil habitantes, em cujas bases norte-americanas se encontram estacionados bombardeiros estratégicos que o Pentágono envia com regularidade para as proximidades da península coreana.

O plano, que Pyongyang prometeu finalizar dentro de dias, detalhava o lançamento de quatro mísseis Hwasong-12 de médio-longo alcance que sobrevoariam “as prefeituras japonesas de Shimane, Hiroshima e Kochi (oeste) e percorreriam 3.356,7 quilómetros durante 1.065 segundos [quase 18 minutos] antes de caírem na água, a cerca de 30 ou 40 quilómetros de Guam”.

Detida mãe que tentou enviar bebé pelo correio

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia chinesa deteve na cidade de Fuzhou uma mãe de 24 anos que tentou enviar pelo correio a sua filha recém-nascida para um orfanato, dentro de um pacote com sacos de plástico, noticiou sexta-feira a imprensa local. A mãe contactou um serviço de mensageiros para entregar a invulgar encomenda no orfanato. O estafeta, estranhando que a mulher o tivesse impedido de revistar o conteúdo do pacote, observou mais tarde que este se movia e que do interior se ouviam ruídos, pelo que decidiu abri-lo e descobriu, com espanto, que ali estava um bebé recém-nascido. A criança encontra-se bem, segundo fontes do hospital para onde foi transportado, e a mulher está sob custódia policial. A mãe prometeu tomar conta da menina e não voltar a abandoná-la, o que desencadeou um grande debate nas redes sociais do país.

Sobe para 24 número de mortos no sismo em Sichuan

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de mortos na sequência do forte sismo que sacudiu, na noite de terça-feira, a província de Sichuan, no sudoeste da China, subiu sábado para 24, com a descoberta de quatro corpos, informou a agência oficial Xinhua. O sismo fez ainda 493 feridos, dos quais 45 continuam em estado grave, segundo as autoridades locais que informaram ainda de pelo menos cinco desaparecidos. O terramoto de magnitude 6,5 – segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos – ocorreu na terça-feira às 21:30, numa zona de elevada altitude e difícil acesso do planalto tibetano, onde se encontra a reserva de Jiuzhaigou, um dos parques naturais mais reputados do país e classificado pela Unesco. Mais de 85 mil pessoas, incluindo 126 turistas estrangeiros, foram retiradas daquela localidade, onde existem inúmeros hotéis junto ao parque. O abalo de terça-feira foi sentido numa vasta região, desde a capital da província de Chengdu a 284 quilómetros do epicentro, até à cidade de Xian, a mais de 400.

14 Ago 2017

Angola | Venda de petróleo à China subiu 22% até Junho

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] venda de petróleo de Angola à China aumentou 22% no primeiro semestre deste ano, para 27,1 mil toneladas métricas, sendo o segundo maior fornecedor chinês, a seguir à Rússia, com 29,2 mil.

De acordo com os dados compilados pela agência de informação financeira Bloomberg, com base nos números da alfândega chinesa, Angola foi o segundo maior vendedor de petróleo à China no primeiro semestre, tendo mesmo começado o ano a vender mais petróleo que a Rússia, tradicionalmente o maior fornecedor chinês.

Em Janeiro deste ano, Angola vendeu ao gigante asiático 4,9 mil toneladas métricas, sendo aliás o único mês em que suplantou as vendas oriundas da Rússia para a China – juntamente com a Arábia Saudita, estes países valem cerca de metade das importações chinesas de petróleo.

No mês passado, a produção petrolífera angolana registou um aumento equivalente a 66.000 barris diários, mas continua atrás da Nigéria, que está na liderança entre os produtores africanos, segundo a OPEP.

De acordo com o último relatório mensal da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Angola atingiu em Junho uma produção diária média de 1,668 milhões de barris de crude, face aos 1,602 milhões de barris do mês anterior, com dados baseados em fontes secundárias.

Com este registo, em volume produzido, Angola continua, pelo segundo mês consecutivo, atrás da Nigéria.

14 Ago 2017

Primeiro satélite de telecomunicação quântica envia dados para a Terra

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro satélite de telecomunicação quântica do mundo, lançado pela China há um ano, enviou com êxito dados para a Terra, cimentando as bases para uma rede global de comunicação quântica, informou ontem a imprensa estatal.

A agência noticiosa oficial Xinhua avançou que o QUESS (sigla em inglês para Experiência Quântica à Escala Espacial) operou com êxito e os resultados foram publicados pela revista académica Nature.

Os cientistas chineses converteram-se nos primeiros a realizar a transmissão de comunicação quântica a partir de um satélite para a Terra, depois de, em Agosto de 2016, terem lançado o satélite do centro de Jiuquan, no deserto de Gobi (noroeste do país).

A comunicação quântica baseia-se nas alterações do estado das partículas subatómicas, como os fotões, e pode ter dois grandes usos: um sistema de transmissão de dados mais rápido do que os actuais e impossível de interceptar e, mais complicado, o teletransporte.

Estados Unidos, Europa ou Japão já experimentaram a comunicação quântica à superfície, mas a China, que também iniciou o desenvolvimento de uma rede de transmissão deste tipo, entre Pequim e Xangai, é o primeiro país a fazê-lo a partir do espaço.

O satélite enviou comunicação quântica para as estações terrestres em Xinglong e Nanshan, no norte e noroeste da China, respectivamente, explicou o físico chinês Pan Jianwei, que dirige o projecto, citado pela Xinhua.

Múltiplas aplicações

A distância da comunicação entre o satélite e a estação terrestre varia entre 645 e 1.200 quilómetros e a velocidade da transmissão é até vinte vezes superior à velocidade máxima atingida com fibra óptica.

A comunicação quântica “pode, por exemplo, permitir uma chamada telefónica absolutamente segura ou transmitir uma grande quantidade de dados bancários”, afirmou Pan.

“A distribuição de chaves quânticas, baseada nos satélites, pode vincular-se a redes quânticas metropolitanas” e servir para “conectar numerosos utilizadores dentro de uma cidade com mais de 100 quilómetros”, acrescentou o cientista.

Os cientistas esperam aplicar este novo tipo de comunicação em áreas como a Defesa ou Finanças.

13 Ago 2017

Grande Mekong | ONU pede criação de órgão para combater tráfico humano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) pediu ontem aos países da região do Grande Mekong – Tailândia, Birmânia, Laos e Camboja – para criarem um organismo conjunto para lutar contra o tráfico de seres humanos.

“A Tailândia e os seus vizinhos têm de trabalhar de modo mais próximo. Recomendamos a criação de um grupo de trabalho que combata e partilhe informação contra o tráfico de seres humanos”, declarou à imprensa Jeremy Douglas, representante do UNODC para o Sudeste Asiático e o Pacífico.

O departamento da ONU, juntamente com o governamental Instituto para a Justiça na Tailândia (TIJ), apresentou ontem um relatório sobre a situação da imigração clandestina para o país proveniente da Birmânia, Camboja e Laos.

O relatório indica que existem cerca de quatro milhões de imigrantes em território tailandês, 90% dos quais dos referidos países vizinhos, incluindo centenas de milhares que entraram no país clandestinamente.

O relatório, que aponta a falta de dados como um dos grandes problemas, inclui perfis de vítimas e de traficantes, as rotas mais utilizadas, métodos e comportamentos das máfias e preços das viagens pagos pelos migrantes.

“Agora compreendemos melhor a situação e temos identificados alguns desafios e oportunidades para as autoridades dos países. O estudo proporciona uma plataforma para alargar a cooperação e a assistência”, disse Douglas.

Presas fáceis

Os imigrantes ilegais encontram-se numa situação vulnerável e muitos são apanhados por organizações criminosas que os obrigam a realizar trabalhos de risco e os exploram em sectores como a construção, pesca e agricultura, entre outros, quando não são forçados à prostituição ou revendidos.

O grande número de potenciais vítimas contrasta com o de traficantes processados, que o TIJ quantifica em 242 em 2015.

“É difícil identificar e perseguir os delinquentes. As vítimas também têm medo de os denunciar ou desconhecem tratar-se de crimes”, assinalou Kittipong Kittayarak, diretor do TIJ, na apresentação do relatório na sede da ONU em Banguecoque.

13 Ago 2017

Crise | Pyongyang e Estados Unidos trocam novas ameaças. Trump muda de retórica

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte está a pensar num ataque às bases norte-americanas em Guam. Kim Jong-un irritou-se com Donald Trump que, em declarações feitas a partir do seu campo de golfe, disse que Pyongyang terá de enfrentar uma “fúria e fogo jamais vistos no mundo” se não deixar de ameaçar os Estados Unidos. O mundo já teve mais razões para estar sossegado

O Departamento de Segurança Nacional de Guam descartou ontem um hipotético ataque com mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte, depois de Pyongyang ter ameaçado bombardear as bases militares dos Estados Unidos naquela ilha do Pacífico.

“Quero tranquilizar o povo de Guam de que actualmente não há ameaças à nossa ilha ou à das Marianas”, afirmou Eddie Calvo, governador de Guam, ao diário Pacific Daily News.

Não obstante, Eddie Calvo assinalou ter falado sobre o desafio bélico com responsáveis da Casa Branca e militares. “Um ataque ou ameaça contra Guam é um ataque ou uma ameaça contra os Estados Unidos”, frisou o governador. Guam, um dos territórios “não incorporados” dos Estados Unidos, localiza-se a 3430 quilómetros a sudeste da Coreia do Norte.

Um porta-voz do Exército Popular da Coreia do Norte afirmou ontem que Pyongyang “analisa meticulosamente um plano operacional” para um ataque em torno de Guam com mísseis de médio/longo alcance Hwasong-12 para “conter as principais bases estratégicas dos Estados Unidos na ilha, incluindo a de Andersen”, segundo um despacho da agência oficial norte-coreana KCNA.

A base aérea de Andersen, situada no nordeste da ilha, acolhe bombardeiros B-1B com capacidade nuclear que, na terça-feira, chegaram a ser enviados pelos Estados Unidos para a península coreana, de acordo com fontes militares sul-coreanas citadas pela agência de notícias da Coreia do Sul, a Yonhap.

O conselheiro de Segurança Nacional de Guam, George Charfauros, afirmou que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos está a “monitorizar de perto a situação”, garantindo que confia no sistema de defesa destacado para este tipo de ameaças, em declarações proferidas ao jornal Pacific Daily News.

A ameaça da Coreia do Norte teve lugar horas depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter advertido o regime de Kim Jong-un que “é melhor não fazer mais ameaças aos Estados Unidos”, dado que terão como resposta “fogo e fúria jamais vistos no mundo”.

Retórica de fim do mundo

O apocalíptico aviso deixado por Donald Trump – feito a partir do seu campo de golfe em Nova Jérsia – também foi uma reacção, horas depois de a imprensa norte-americana ter noticiado que Pyongyang conseguiu fazer, com sucesso, uma ogiva nuclear em miniatura.

O Washington Post citou um analista dos serviços de inteligência que diz que as autoridades acreditam que a Coreia do Norte tem armas nucleares para serem usadas através de mísseis – incluindo os intercontinentais –, o que representa que a ameaça aos vizinhos e aos Estados Unidos se encontra agora num novo patamar.

O Pentágono não teceu qualquer comentário sobre esta matéria, mas o Washington Post garantiu que duas fontes oficiais conhecedoras da análise feita ao armamento norte-coreano confirmam as conclusões. Também a CNN confirmou a existência de um relatório nesse sentido.

Até ao mês passado, os peritos na matéria pensavam que o regime de Kim Jong-un ainda precisaria de mais dois ou três anos para desenvolver um míssil intercontinental. Estas contas tiveram de ser revistas depois de, em Julho, Pyongyang ter testado dois mísseis do género, numa demonstração das novas capacidades bélicas do regime. O primeiro teste – que Kim Jong-un descreveu como sendo um presente para os Estados Unidos – permitiu perceber que o míssil poderá chegar ao Alasca. O segundo tem ainda um maior alcance, com alguns peritos a não afastarem a hipótese de Nova Iorque estar também vulnerável.

Nas declarações feitas a partir do campo de golfe, Donald Trump defendeu que Kim Jong-un “tem estado muito mais ameaçador do que é no seu estado normal”, vincando que não estará com meias medidas perante novas ameaças.

Apesar do estilo que tem vindo a ser adoptado pelo Presidente norte-americano em relação à Coreia do Norte, estas declarações marcam uma mudança de discurso, uma vez que Washington tem, nas últimas semanas, optado por defender uma solução que não passe pelo recurso ao armamento.

Um para o outro

A ameaçada deixada pelo Presidente dos Estados Unidos não foi bem recebida interinamente. Ontem, em editorial, o Washington Post classificou o aviso como sendo “desnecessário e imprudente”, comparando a linguagem usada por Donald Trump ao tipo de discurso que Kim Jong-un costuma ter. “Porque é que o Presidente do país mais poderoso do mundo quer descer a esse nível?”, lança o jornal.

Num texto em que recorda as consequências da utilização das bombas atómicas e em que defende que a força militar norte-americana deverá ter um efeito dissuasor, o jornal sublinha que a questão norte-coreana só poderá ser resolvida com diplomacia e com elevadas capacidades diplomáticas, “talvez durante anos”. “Em vez disso, Trump pavoneou-se na arena com uma surpreendente granada retórica”, remata o Washington Post.

Já congressista democrata Eliot Engel afirmou que o comentário do líder norte-americano “soa a loucura”, condenando-o por estar a traçar uma “absurda” linha vermelha que Kim Jong-un inevitavelmente pisará.

“Não há ilusões: a Coreia do Norte é uma ameaça real, mas a reacção louca do Presidente sugere que está a ponderar a utilização do armamento nuclear americano em resposta a um comentário abominável de um déspota norte-coreano”, escreveu Engel num comunicado.

Já o porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Chris Logan, tentou pôr água na fervura, ao vincar que os Estados Unidos procuram uma solução pacífica para a desnuclearização da Península Coreana. Acrescentou, porém, que a possibilidade de uma acção militar não pode ser deixada de lado.

“Continuamos preparados para nos defendermos e protegermos os nossos aliados, e para usar todas as capacidades que temos ao nosso dispor face a crescente ameaça que representa a Coreia do Norte”, disse Logan.

Já o vice-secretário de Estado John Sullivan garantiu que Washington está a trabalhar para garantir que a China e outros países aplicam as novas sanções determinadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A Coreia do Norte considera que os Estados Unidos têm uma grande responsabilidade no novo pacote de sanções da ONU, que procuram reduzir as receitas das exportações do regime em mil milhões de dólares por ano e figuram como as mais duras até à data. Foram aplicadas em resposta ao lançamento, em Julho, de dois mísseis balísticos intercontinentais por Pyongyang, com capacidade para alcançar solo norte-americano.

Coreia do Sul quer reformar forças armadas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, instou ontem a uma “reforma completa” das forças armadas do país, considerando o reforço da defesa sul-coreana uma “tarefa urgente” perante os avanços da Coreia do Norte. “Creio que poderemos necessitar de uma reforma completa, em vez de realizar apenas melhorias ou alterações”, afirmou o chefe de Estado sul-coreano durante uma reunião com novos comandantes da Marinha, Força Aérea e Exército, disse um porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano. “Um acto pendente para nós é a tarefa urgente de reforçar as nossas capacidades defensivas para travar as provocações realizadas pela Coreia do Norte com mísseis e armas nucleares”, sublinhou Moon.

As palavras do Presidente da Coreia do Sul foram deixadas já depois de a Coreia do Norte ter ameaçado atacar com mísseis as bases norte-americanas de Guam, no Pacífico, como resposta ao envio de dois bombardeiros estratégicos para a península coreana e às advertências lançadas por Donald Trump.

10 Ago 2017

HRW | Apelo para evitar deportação de desertores norte-coreanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou ontem  à China para que não deporte um grupo de 15 desertores norte-coreanos, entre os quais três crianças, face ao perigo de serem presos, torturados e até executados.

A organização de defesa dos Direitos Humanos, que soube da situação do grupo através do pai de um dos desertores, pede a Pequim que os acolha como refugiados.

O filho deste homem e outros quatro norte-coreanos foram detidos no início de Julho, próximo da fronteira da China com o Laos.

Os cinco permaneceram detidos em Xishuangbanna, na província de Yunnan, extremo sudoeste da China, junto a outros dez norte-coreanos que já estavam detidos, entre os quais três crianças.

No início de Agosto, o grupo foi transferido para o centro de detenção para imigrantes, em Tumen, próximo da fronteira com a Coreia do Norte, e considerada a última paragem antes da repatriação.

Campos de terror

Em comunicado, a HRW refere que os “repatriados pela China enfrentam prisão em campos de trabalhos forçados (designados “kyohwaso”), campos de prisioneiros políticos (“kwanliso”) ou até a execução.

A organização sublinha que nos “kwanliso” as condições de vida são sub-humanas, com “maus tratos contínuos, inclusive abusos sexuais, torturas por guardas e execuções sumárias”.

“A taxa de mortalidade nestes campos é extremamente alta, segundo relataram ex-prisioneiros e guardas”, detalha.

A maioria dos desertores norte-coreanos atravessa os rios Amnok ou Tumen para chegar à China, de onde tentam alcançar um terceiro país, principalmente a Tailândia e a Mongólia, para pedir asilo através das embaixadas e consulados sul-coreanos.

A China, que quer evitar migrações em massa de norte-coreanos, não os considera refugiados, mas “migrantes económicos”, forçando assim a sua repatriação se forem apanhados pelas autoridades.

Um relatório de 2014 da Comissão de Investigação da ONU sobre os Direitos Humanos na Coreia do Norte indicou que “quase todos os repatriados são objecto de actos inumanos”, por serem considerados “uma ameaça para o sistema político e a cúpula” do regime, que quer evitar que o país “tenha contacto com o mundo exterior”.

Inflação subiu 1,4 por cento em Julho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China, a segunda economia mundial, registou um aumento de 1,4 por cento em Julho, face ao mesmo mês do ano passado, revelam dados oficiais do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês. Os preços dos alimentos caíram 1,1 por cento, no mês passado, enquanto os produtos não alimentares subiram dois por cento, afastando o receio de uma entrada em deflação. Destaca-se a queda do preço da carne de porco, de 15,5 por cento, em Julho, face ao período homólogo de 2016, e dos vegetais, de 9,1 por cento, enquanto na categoria não alimentar destaca-se a subida de 5,5 por cento nos gastos com a saúde. Segundo a consultora Capital Economics, os números reflectem as políticas económicas mais restritivas adoptadas por Pequim, que estão a abrandar a actividade económica. O índice de preços na produção, que indica a inflação no sector grossista, registou uma subida homóloga de 5,5 por cento no mês passado, a mesma percentagem que nos dois meses anteriores. À semelhança de anos anteriores, o Governo chinês fixou como meta que a inflação não supere os três por cento.

Pelo menos 25 mortos em deslizamento de terras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas de resgate encontraram ontem sem vida o último dos desaparecidos num deslizamento de terras, ocorrido na terça-feira no sudoeste da China, elevando para 25 o número de mortos, informou a imprensa local. Os escombros cobriram a aldeia de Gengdi, na província de Sichuan, uma zona habitada principalmente pela minoria étnica Yi, segundo as autoridades locais. Outras cinco pessoas ficaram feridas na sequência do deslizamento. Um terramoto ocorrido no mesmo dia em Sichuan fez pelo menos 19 mortos e 247 feridos. O deslizamento ocorreu devido às fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias.

Em 24 de Junho passado, também na província de Sichuan, um deslizamento de terra e rochas causou quase 100 mortos.

10 Ago 2017

Importações sobem 14,7% e exportações 11,2% em Julho

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s importações chinesas registaram um crescimento homólogo de 14,7%, em Julho, enquanto as exportações aumentaram 11,2%, no mesmo período, segundo dados ontem difundidos pela Administração-geral das Alfândegas da China.

O país alcançou um excedente comercial de 321.200 milhões de yuan em Julho, uma subida de 1,4%, relativamente ao mesmo mês de 2016.

Os dados ficaram aquém das previsões dos analistas, que apontavam para um aumento de 15% das importações, e de entre 18% e 22% das exportações.

Julian Evans-Pritchard, analista da unidade de pesquisa Capital Economics, afirmou num relatório que “o crescimento do comércio [chinês] parece agora estar numa tendência descendente”.

O Fundo Monetário Internacional previu que o ritmo de crescimento da economia chinesa, a segunda maior do mundo, abrande para 6,6%, este ano, e se fixe em 6,2%, no próximo ano.

Em 2016, a economia chinesa cresceu 6,7%.

O aumento das exportações superou as expectativas no primeiro semestre do ano, num sinal positivo para a liderança chinesa, que quer evitar a perda de empregos em indústrias exportadoras.

A China tem sido o motor da recuperação global, desde a crise financeira de 2008, e um abrandamento nas importações chinesas pode ter repercussões para vários de países.

Nos primeiros seis meses de 2017, por exemplo, a China comprou 25% do conjunto das exportações brasileiras. O país é também o principal cliente do petróleo angolano.

O excedente da China com a UE, o principal parceiro comercial do país, aumentou 3,4%, para 12,2 mil milhões de dólares.

Deslizamento de terras faz oito mortos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ito pessoas morreram e 17 encontram-se desaparecidas, na sequência de um deslizamento de terras, ocorrido ontem na província de Sichuan, sudoeste da China, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Os escombros cobriram a aldeia de Gengdi, uma zona habitada principalmente pela minoria étnica Yi, segundo as autoridades locais. Cinco pessoas ficaram feridas. O deslizamento ocorreu devido ás fortes chuvas que atingiram a região durante os últimos dias. Em 24 de Junho passado, também na província de Sichuan, um deslizamento de terra e rochas causou quase 100 mortos.

9 Ago 2017

Hong Kong | Praias interditas após derrame de óleo de palma

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong interditaram ontem mais duas praias, na sequência de um derrame de óleo de palma, elevando a proibição a mais de uma dúzia, após a colisão entre dois navios na semana passada.

A Deep Water Bay Beach e a Turtle Cove Beach, no sul Hong Kong, foram as praias agora encerradas, noticiou o jornal South China Morning Post (SCMP).

Actualmente são 13 as praias interditadas desde domingo, na sequência da colisão, entre dois navios, um dos quais transportava nove mil toneladas de óleo de palma, no estuário do Rio das Pérolas na quinta-feira passada.

Depois de inspeccionar a situação e o progresso dos trabalhos de limpeza na ilha de Lama, ontem de manhã, o subsecretário para o Ambiente, Tse Chin-wan, disse que a colisão ocorreu a “algumas dezenas de quilómetros” a sudoeste de Hong Kong e que um recipiente do navio de carga foi perfurado, levando à fuga de cerca de 1.000 toneladas de óleo de palma.

Cerca de 90 toneladas de óleo foram retiradas pelas autoridades do interior da China e de Hong Kong, segundo a imprensa.

Embora os departamentos do governo de Hong Kong tenham recolhido mais de 50 toneladas de pedaços brancos e gelatinosos do óleo cristalizado, muito mais está a dar às costas do sudoeste da cidade e agora a espalhar-se para leste. As autoridades de Guangdong limparam 38 toneladas de óleo de palma até segunda-feira.

Tse Chin-wan estimou que cerca de 200 toneladas do produto ainda estavam nas praias e costa da cidade e que levariam mais tempo para limpar.

Alerta tardio

O derrame ocorreu em águas territoriais chinesas na quinta-feira, mas o governo de Hong Kong só foi alertado dois dias depois.

O vice-director do departamento da proteção ambiental, Elvis Au Wai-kwong, disse num programa de rádio que os maiores pedaços de óleo derramado já tinham sido limpos e que “a situação, comparando com há dois dias, está maioritariamente sob controlo”, escreveu o SCMP.

À semelhança de Tse, o vice-director da protecção ambiental desvalorizou as 48 horas que passaram entre o derrame e o alerta dado pelas autoridades do interior da China.

“Isto é um não-problema. A meu ver, eles activaram a sua resposta de emergência… e notificaram Hong Kong no sábado, dando informações muito importante para nós, que o navio envolvido estava a transportar óleo de palma”, afirmou, indicando que isso permitiu aos respectivos departamentos governamentais de Hong Kong “procurar as respostas adequadas”.

“Podemos ver que o mecanismo (de notificação) está a funcionar”, acrescentou.

Também garantiu que o óleo de palma – que apenas derrete a 59 graus celsius – era não tóxico e que os residentes “não precisavam de se preocupar”, afirmando que à semelhança de outro lixo no mar era preciso limpá-lo.

9 Ago 2017

Tillerson deixa Tailândia com apelo ao reforço das relações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe da diplomacia norte-americana, Rex Tillerson, procurou ontem estabilizar as relações com a Tailândia, tensas desde a tomada do poder pelos militares, em 2014.

A Tailândia tem sido um dos aliados dos Estados Unidos na região, mas o golpe, a repressão de opositores e o fracasso em restaurar a democracia azedaram as relações com a administração de Barack Obama (2008-2016).

Mas, segundo a imprensa norte-americana, o novo Presidente norte-americano, Donald Trump, não incluiu a questão dos direitos humanos nas principais prioridades diplomáticas e o assunto, segundo a diplomacia tailandesa, não foi abordado nesta visita de Tillerson.

“Não falámos de nada em matéria de direitos humanos”, disse à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês, Don Pramudwinai, sobre o encontro com o secretário de Estado norte-americano.

“Foi uma visita abrangente para construir entendimentos sobre uma série de questões importantes”, acrescentou, precisando que Tillerson suscitou a questão da cibersegurança, que discutiram brevemente.

A questão norte-coreana

Don Pramudwinai disse ainda que discutiu com Tillerson os esforços dos Estados Unidos para garantir a pressão sobre a Coreia do Norte para que abandone o programa de armas nucleares.

O ministro disse que a Tailândia, como membro da ONU, cumpriu as sanções decididas contra Pyongyang, o que teve como resultado uma quebra de 94% nas trocas comerciais com a Coreia do Norte no primeiro semestre desde ano, quando comparado com o primeiro semestre de 2016.

Os Estados Unidos estão preocupados com a existência de um crescente número de empresas norte-coreanas de exportação e importação que utilizam Banguecoque como centro regional, mudando frequentemente as suas designações, explicou aos jornalistas um diplomata que viaja com Tillerson, citado pela agência noticiosa France-Presse.

Aliado tradicional de Washington, a Tailândia é um dos raros países do sudeste asiático que acolhe uma embaixada da Coreia do Norte e mantêm relações comerciais importantes com Pyongyang.

Os Estados Unidos querem persuadir os militares tailandeses a encerrar essas empresas para fechar esse canal comercial utilizado até ao momento sem restrições pela Coreia do Norte, acrescentou o diplomata.

A visita de Tillerson a Banguecoque, a primeira de um secretário de Estado norte-americano desde o golpe de Estado de 2014, incluiu também uma reunião com o chefe da junta militar, o general Prayut Chan-O-Cha, e uma audiência com o novo rei, Maha Vajiralongkorn.

Tillerson viajou de Banguecoque para a Malásia, última etapa da viagem ao sudeste asiático.

China | Condenado gangue de “avós” que coagia devedores a saldar dívidas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]Um tribunal chinês condenou 14 membros de um gangue “de avós”, que coagiam as vítimas a saldar dívidas através de insultos e perseguições públicas, com penas de dois até 11 anos de prisão.

As mulheres foram condenadas por “organizarem, liderarem e participarem em grupos de tipo mafioso” e “comportamento provocatório e perturbador”, noticiou o jornal Beijing News.

O grupo era composto por cerca de 30 mulheres, com uma idade média de 50 anos, da cidade de Shangqiu, província de Henan, que ficaram desempregadas e estavam envolvidas em várias disputas relacionadas com dívidas, escreveu o jornal.

As mulheres berravam insultos aos devedores, através de altifalantes, até que estes se fartavam e pagavam a dívida, de acordo com a edição de segunda-feira do Beijing News. O jornal acrescentou que, por vezes, também cuspiam nas vítimas.

Uma das vítimas, perseguida pelas “avós”, disse que uma vez estas despiram-se e tentaram agredi-lo.

Gao Yun, uma das mulheres que integrou o gangue e é cega, contou ao Beijing News que cobrar dívidas era “muito divertido”, acrescentando não terem existido agressões, mas apenas “guerras de palavras”.

Cada “avó” ganhava cerca de 200 yuan (25 euros) por dia, mais refeições, para coagir os devedores.

Xangai vai criar cidade da ciência à imagem de Silicon Valley

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]angai, a “capital” económica da China, vai criar uma “cidade da ciência”, com cerca de 700.000 residentes, entre cientistas, empresários e profissionais, que trabalharão em centros de investigação, informou ontem o jornal Shanghai Daily.

Com 94 quilómetros quadrados, o projecto, designado Zhangjiang Science City, incluirá o já existente Zhangjiang Hi-Tech de Pudong, e vai-se situar na região sudeste da cidade.

Segundo o plano aprovado ontem pelo governo local, vai gerar 880.000 empregos.

A cidade da ciência pretende estar a par da norte-americana Silicon Valley, o Parque Científico One North, de Singapura, ou a cidade japonesa da ciência Tsukuba, e deverá estar concluída em 2020.

“Para atingir esse objectivo, serão reunidos os melhores profissionais inovadores do mundo, centros científicos nacionais, universidades líderes, institutos de investigação e centros I+D de empresas multinacionais”, aponta o jornal.

A cidade de Zhangjiang vai incluir dezenas de laboratórios para projectos científicos e centros de investigação de universidades de renome.

Segundo um estudo recente publicado pela consultora KPMG, Xangai vai converter-se nos próximos anos no líder mundial do desenvolvimento tecnológico e superar a Silicon Valley.

A zona metropolitana de Xangai tem mais de 30 milhões de habitantes.

9 Ago 2017

Myanmar | Autocarros geram polémica na governação de Aung San Suu Kyi

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram mais baratos, chegaram mais depressa e são um sinal das boas relações que se pretende ter com Pequim. O Governo de Yangon comprou a três empresas chinesas os autocarros que circulam na cidade. O processo de aquisição, por sugestão da embaixada da China, está a causar desconforto dentro e fora do Myanmar. Mas Aung San Suu Kyi prepara-se já para outros negócios

Dificilmente poderia ser mais visível o primeiro grande projecto da liderança de Aung San Suu Kyi ligado às infra-estruturas: centenas de autocarros amarelos circulam pelas ruas de Yangon. O partido da Nobel da Paz, no poder, tem nas novas viaturas a expectativa de que sirvam como símbolo do quanto pretende transformar a vida de quem vive no Myanmar.

Mas os dois negócios feitos para a importação de dois mil autocarros de fabrico chinês, com um orçamento estimado em mais de 100 milhões de dólares norte-americanos, estão a causar uma invulgar perturbação dentro do partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND). Há deputados regionais que questionam o custo do projecto e acusam o ministro-chefe de Yangon, Phyo Min Thein, de falta de responsabilização. Phyo Min Thein é tido como sendo um protegido de Aung San Suu Kyi, explica a agência Reuters.

“O Governo de Phyo Min Thein sofre de falta de transparência”, afirma um deputado de Yangon da LND, Kyaw Zay Ya. “A imagem do Governo sairá manchada se ele não mudar de atitude.”

O negócio, feito com fabricantes chineses e com um empresário com ligações à junta militar que governou o Myanmar ao longo de várias décadas, contribuiu também para azedar as relações com o Ocidente, de acordo com diplomatas.

Não há qualquer indício de que tenham sido violadas leis na celebração dos contratos, mas o embaixador da União Europeia no país, Roland Kobia, queixou-se numa carta enviada ao ministro do Comércio, Than Myint, de falta de transparência nos processos públicos de adjudicação de serviços e obras.

“Neste momento, a economia interna continua a ser dominada por um pequeno número de agentes domésticos e regionais, com velhas práticas que inviabilizam a competição justa”, escreveu Kobi numa carta datada de Junho, citada pela Reuters. O diplomata não fez referência específica ao negócio dos autocarros.

Os veículos chineses custaram cerca de metade do preço praticado pela concorrência internacional. Engenheiros que os inspeccionaram no Myanmar acreditam que terão uma vida mais curta do que aqueles que seguem padrões internacionais.

Phyo Min Thein não fala do assunto às agências internacionais. Mas tanto ele, como outros ministros têm vindo a público defender o negócio, argumentando que o entendimento entre o Myanmar e a China fez com que tivesse sido possível adquirir os autocarros a um preço de desconto, tendo sido rapidamente entregues.

Em resposta à Reuters, o embaixador da União Europeia sublinhou que “muitos actores europeus estão prontos para trabalhar no Myanmar, mas é preciso fazer mais para que possam ter uma hipótese justa de competirem por contratos”.

Roland Kobia referia-se, em termos gerais, a maior transparência nos concursos públicos. O Ministério do Comércio não comenta as observações do diplomata europeu.

Quando Aung San Suu Kyi subiu ao poder, em 2015, os analistas acreditaram que as empresas de países europeus teriam oportunidades na antiga Birmânia. Afinal, tinham sido os governos ocidentais os grandes entusiastas das mudanças de regime no país do Sudeste Asiático, aqueles que mais aplaudiram a transição para a democracia, iniciada em 2011. A aquisição dos autocarros vem apenas realçar por que razão os apoiantes de Aung San Suu Kyi no Ocidente estão cada vez mais desiludidos com a Administração do Myanmar, que tem um interesse crescente pelos negócios com a China.

Fazer depressa

Phyo Min Thein, um político carismático de 48 anos que passou quase 15 deles atrás das grades por se opor à junta militar, costuma dizer que não tem tempo a perder. Propôs-se remodelar o antiquado sistema de trânsito de Yangon, oferecendo ao partido de Aung San Suu Kyi uma das primeiras oportunidades de melhorar, de forma tangível, as vidas de mais de dois milhões de passageiros, numa cidade que votou na LND de forma esmagadora.

No ano passado, as autoridades de Yangon rejeitaram uma proposta da Corporação Financeira Internacional, ligada ao Banco Mundial, para melhorar a rede de tráfego. A recusa teve que ver com detalhes no plano, que exigia uma monitorização detalhada do trânsito e a realização de um concurso público.

De acordo com fontes da Reuters, para o negócio dos autocarros chegou a haver conversações com fornecedores franceses e holandeses, que não deram em nada, uma vez que não eram capazes de responder à rapidez exigida por Phyo Min Thein.

Assim, a Yangon Bus Public Company (YBPC), uma parceria público-privada que tem o Governo da cidade como accionista principal, decidiu comprar mil autocarros de dois fornecedores chineses escolhidos pelo embaixador de Pequim no Myanmar, Hong Liang.

Mais mil viaturas foram adquiridas a uma terceira empresa, num negócio privado celebrado com o empresário Kyaw Ne Win, neto de Ne Win, um antigo líder da junta militar.

Nas duas aquisições, não houve concurso público. A assembleia regional também não debateu o assunto.

“Sim, as pessoas podem dizer que não existe transparência”, assume o presidente da YBPC, Maung Aung. “Mas abrir um concurso não é necessariamente melhor. O negócio foi feito para manter as boas relações entre os dois países.”

Amigos como nunca

Desde que Aung San Suu Kyi subiu ao poder, o Myanmar tem tentado aproximar-se da China. Em 2011, o Governo birmanês bloqueou um negócio financiado por Pequim. A Nobel da Paz quer acabar com o azedume que ficou dessa altura. A aproximação à China e, sobretudo, a postura em relação à minoria muçulmana Rohingya têm provocado alterações no estatuto de Aung San Suu Kyi a Ocidente.

Numa viagem feita há quase um ano, em Setembro de 2016, Aung San Suu Kyie e o Presidente Xi Jinping discutiram como é que o Myanmar pode tirar partido da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. A líder birmanesa admitiu, na altura, reticências da população do país em relação à qualidade dos produtos chineses, tendo proposto a Xi Jinping que a embaixada chinesa ajudasse a encontrar os melhores fornecedores, indicou à Reuters fonte envolvida no negócio dos autocarros.

O primeiro acordo para a aquisição dos veículos foi assinado em meados de Abril. Dois meses depois, as empresas escolhidas – a estatal Anhui Ankai Automobil e a privada Zhengzhou Yutong Bus – entregaram, cada uma, 500 autocarros amarelos. A Zhengzhou Yutong é liderada por Yuxiang Tang, membro da Assembleia Popular Nacional.

Desconhece-se qual foi o critério para a escolha dos dois fornecedores. O presidente da Yangon Bus Public Company limitou-se a dizer que os governos das províncias onde estão localizadas as empresas deram “garantias de qualidade”.

Fonte não identificada de uma das construtoras chinesas disse à Reuters que acordos feitos nestes moldes “são muito raros” porque, “noutros países, existem por norma concursos e é necessário seguir as regras estabelecidas”.

A embaixada chinesa em Yangon não respondeu aos pedidos de entrevista feitos pela agência de notícias.

8 Ago 2017

China e ASEAN concordam em aumentar parcerias

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e as nações integrantes da ASEAN demonstraram no domingo a sua satisfação com os objetivos alcançados na sua parceria estratégica ao longo dos últimos 15 anos, tendo concordado em dar seguimento à expansão da cooperação multilateral.

O chanceler chinês, Wang Yi, juntamente com os seus homólogos da ASEAN firmaram o compromisso durante um encontro em Manila.

Wang congratulou a ASEAN pelo seu 50º aniversário, dizendo que a China está satisfeita com os desenvolvimentos e feitos alcançados pela instituição, tendo expressado o seu desejo para que estes ocorram de forma melhor e mais rápida nos próximos 50 anos.

Enquanto importante organização regional, a ASEAN tornou-se um catalisador incontornável na promoção da integração e manutenção da paz e estabilidade regionais, frisou Wang.

A China sempre elegeu a ASEAN como uma prioridade na sua diplomacia externa, tendo, desde o ponto de partida, apoiado o grupo para que este adopte um papel central na cooperação regional, assim como detenha uma maior autoridade em questões internacionais e regionais, sublinhou o chanceler chinês.

Olhar em frente

No advento do 15º aniversário da parceria estratégica China-ASEAN, celebrado no próximo ano, ambas as partes enfrentam um ponto crítico de aproximação mútua, destacou Wang, deixando o apelo a que acções futuras possam construir uma parceria estratégica bilateral mais profunda, bem como uma comunidade de destino comum para a China e para a ASEAN.

Wang Yi anunciou uma proposta chinesa de sete alíneas para delinear o futuro da cooperação China-ASEAN.

No que diz respeito às disputas no Mar do Sul da China, os ministros dos Negócios Estrangeiros destacaram os avanços positivos obtidos no ano passado. Foi aprovado o enquadramento do Código de Conduta, e expressada a vontade de incrementar as consultas, através da completa implementação da Declaração de Conduta das Partes no Mar do Sul da China.

Antes do encontro, os ministros assinaram a versão revista do Memorando de Entendimento para o Estabelecimento do Centro China-ASEAN.

Corrupção | Funcionário afastado por não combater terrorismo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) numa cidade de Xinjiang, região habitada pela minoria muçulmana chinesa uigure, foi afastado por acusações que incluem ter falhado em fazer o suficiente para combater o extremismo.

Zhang Jinbiao, chefe do PCC na cidade de Hotan, é acusado de “infrações graves”, que incluem falhar no combate ao terrorismo e aceitar prendas, afirmou o órgão máximo anticorrupção do partido, em comunicado.

Sem avançar detalhes, a mesma nota apontou que as falhas de Zhang em combater o extremismo tiveram “consequências graves”.

Milhares de funcionários chineses acusados de crimes económicos foram afastados pela campanha anticorrupção do Presidente chinês, Xi Jinping. Acusações de falhar deveres políticos, como o combate ao terrorismo, são raras.

As autoridades chinesas têm aumentado a vigilância em Xinjiang, onde afirmam que o pensamento extremista se tem infiltrado, oriundo da Ásia Central.

Líderes comunistas, incluindo Xi, têm apelado aos funcionários locais para que trabalhem no sentido de integrar os uigures na cultura da maioria chinesa han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.

Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal, a região de Xinjiang faz fronteira com o Afeganistão, Paquistão e Índia.

8 Ago 2017