China adverte para possível guerra comercial com EUA 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China advertiu ontem para a possibilidade de uma “guerra comercial” com os Estados Unidos caso a administração do Presidente Donald Trump avance com investigações sobre alegadas infracções de Pequim ao nível do comércio bilateral.

“A China e os Estados Unidos têm interesses interligados e uma guerra comercial não tem futuro, o único resultado seria um prejuízo para todos”, declarou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

No sábado, fontes da administração norte-americana indicaram que Trump iria ordenar ao representante especial do comércio externo norte-americano, Robert Lighthizer, para iniciar uma investigação, e a eventual aplicação de sanções, sobre alegadas violações por parte da China, nomeadamente ao nível da usurpação de patentes ou da transferência forçada de propriedade intelectual.

Esta iniciativa de Trump surge num período de tensão entre Washington e Pequim por causa da crise com a Coreia do Norte, mas os mesmos responsáveis da administração americana, que falaram no sábado sob anonimato, afirmaram que estes dois dossiês não estão ligados.

Em Pequim, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou ontem aos Estados Unidos para continuarem a trabalhar com a China no sentido dos dois países alcançarem relações económicas estáveis, bem como exortou Washington a não usar a crise na Coreia do Norte como uma arma para pressionar as questões comerciais.

“São questões totalmente diferentes, e não é apropriado usar [a crise norte-coreana] como uma ferramenta para pressionar”, disse Hua Chunying.

Conversas de risco

Especialistas chineses, citados ontem pelo diário oficial Global Times, alertaram para os perigos deste eventual inquérito norte-americano.

“Pode piorar a fricção comercial entre os dois países e colocar em perigo os resultados do primeiro diálogo económico global”, apontou o vice-presidente da Sociedade chinesa para os Estudos da Organização Mundial do Comércio, Huo Jianguo.

“Não é nenhuma surpresa que Trump está a tomar medidas contra a China ao nível do comércio. O desequilíbrio comercial sino-americano significa que a China vai enfrentar uma grande fricção comercial com os Estados Unidos durante a Presidência de Donald Trump”, considerou, por sua vez, Jin Canrong, especialista em matérias de diplomacia.

Já o economista-chefe do grupo financeiro Citigroup para o mercado chinês, Liu Ligang, advertiu que esta medida de Washington pode afectar outros países que integram a rede de exportações da China, como é o caso do Japão e da Coreia do Sul.

No seguimento da recente resolução aprovada, por unanimidade, no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise norte-coreana e o seu controverso programa nuclear e balístico, a China, principal parceiro e apoiante da economia do regime de Pyongyang, anunciou ontem a suspensão das importações de ferro, chumbo e dos minérios destes dois metais e de produtos do mar da Coreia do Norte (ver página 9).

A China foi em 2016 o destino de mais de 92% das exportações norte-coreanas.

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