Delegada da BBC na China em protesto contra desigualdade de género

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] responsável da BBC para a China anunciou ontem no blogue pessoal que se demitiu da actual posição, por considerar que existe desigualdade salarial entre homens e mulheres na cadeia de rádio e televisão britânica.

Carrie Gracie, que trabalha há 30 anos para a estação pública do Reino Unido, afirmou que vive uma “crise de confiança”, provocada pela desigualdade de género. A jornalista indicou que vai regressar ao posto anterior na redação da BCC, onde espera “receber de forma igualitária”.

“Não estou a pedir mais dinheiro. Penso que sou já muito bem paga, sobretudo para trabalhadora de uma organização financiada pelo Estado. Simplesmente, quero que a BBC respeite a lei e valorize os homens e as mulheres de forma igual”, escreveu. Gracie lamentou que a informação sobre salários, divulgada pela BBC há seis meses, tenha mostrado uma “diferença indefensável” entre o que é pago a homens e mulheres que ocupam as mesmas posições.

Em Julho passado, a cadeia britânica divulgou uma lista dos funcionários com salários anuais superiores a 150.000 libras, no qual não consta o nome de Gracie. O documento permitiu-lhe constatar que os responsáveis por delegações internacionais ganham, “pelo menos, 50% mais” do que mulheres que ocupam cargos semelhantes. Gracie reclamou então um salário equivalente e a BBC ofereceu-lhe um aumento, que elevou o seu salário para valores distantes dos auferidos pelos colegas.

A jornalista explicou no seu blogue que é fluente em chinês, especialista em assuntos da China e há 30 anos transmite notícias sobre o país asiático. Há quatro anos foi promovida a responsável pela delegação local da BCC, uma posição que aceitou, apesar de saber que “exigiria sacrifícios e resistência”. “Tive que trabalhar a 5.000 milhas (8.000 quilómetros) do meu filho adolescente, num país com alto nível de censura e governada por um partido único, que exerce vigilância, perseguição policial e intimidação oficial”, sublinhou.

Na rede de mensagens Twitter, muitos utilizadores demonstraram já o apoio à jornalista, com o ‘hashtag’ #IStandWithCarrie (eu apoio Carrie), e que já se tornou um dos tópicos mais comentados entre os comentários de britânicos.

9 Jan 2018

Presidente francês promete visitar China “pelo menos uma vez por ano”

Emmanuel Macron começou a sua visita por Xian, a cidade de onde partia a Rota da Seda. A França quer fazer parte do plano global chinês

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu ontem voltar “pelo menos uma vez por ano” à China, durante um discurso que proferiu em Xian, primeira etapa da visita de Estado de três dias que iniciou ao país. Isto “porque é a condição” para que a relação entre a França e a China “entre numa nova era”, afirmou Emmanuel Macron, num discurso de mais de uma hora.

Na sua intervenção, o chefe de Estado francês pediu uma aliança entre a França e a China para “o futuro do mundo”, em particular no domínio do ambiente, e para a Europa cooperar no colossal projecto chinês de criar novas rotas da seda. Neste sentido, reveste-se de particular importância o facto de Emmanuel Macron, que realiza a sua primeira viagem oficial à Ásia, ter escolhido visitar Xian, no norte da China, dado que aquela cidade milenar figurou como ponto de partida da antiga rota da seda.

A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, do Presidente chinês, Xi Jinping, pretende recriar “novas rotas da seda”, um conjunto de ligações terrestres e marítimas entre a Europa e a Ásia, com a construção de uma série de infra-estruturas, como estradas, portos ou caminhos-de-ferro, em 65 países, um projecto avaliado em mais de um bilião de dólares.

Depois de Xian, Emmanuel Macron, que se faz acompanhar pela mulher, Brigitte, e de seis dezenas de líderes de empresas e instituições, deslocar-se-á a Pequim, onde permanecerá até quarta-feira. Ainda ontem terá tido uma reunião com o seu homólogo chinês e a sua mulher, antes de um jantar a quatro.

Na terça-feira, ponto forte da agenda, Macron vai ser recebido de maneira mais formal, com o programa a incluir uma visita à Cidade Proibida, um encontro com o presidente da Assembleia Popular Nacional e com o primeiro-ministro, uma cerimónia de boas-vindas no Grande Palácio do Povo, bem como a assinatura de acordos e uma declaração conjunta, além de um jantar de Estado. Emmanuel Macron vai reunir-se igualmente com empresários e chefes de cozinha franceses radicados na China.

Já na quarta-feira vai realizar uma visita à Academia de Tecnologia Espacial chinesa, onde os dois países trabalham juntos no desenvolvimento de um satélite de observação da Terra. Esta primeira viagem à Ásia marca uma nova etapa na diplomacia do Presidente francês, concentrada até aqui na Europa e em África, com Emmanuel Macron a querer fazer de Xi Jinping um aliado em várias frentes: ambiente, luta contra o terrorismo, apoio à força do G5 no Sahel e ao desenvolvimento de energias renováveis em África.

 

Macron propõe “relançar a batalha climática”

O Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs ontem à China “relançar a batalha climática” e “preparar um aumento dos compromissos” contra o aquecimento global durante a próxima COP24, prevista para o final do ano, na Polónia. Invocando a necessidade de uma co-liderança franco-chinesa neste domínio, Emmanuel Macron anunciou para 2018-2019 a organização de um “ano franco-chinês da transição ecológica” durante um discurso em Xian, primeira etapa de uma visita de Estado de três dias à China.

 

HRW pede respeito pelos direitos humanos

A organização não-governamental Human Rights Watch apelou ao Presidente francês para que “cumpra a sua promessa” e peça a Pequim para melhorar a situação dos direitos humanos na China, durante a visita oficial ao país. A directora para França da Human Rights Watch (HRW), Bénédicte Jeannerod, afirmou que o líder francês “deve cumprir” o compromisso de exigir maior respeito pelos direitos humanos na China. Jeannerod lembrou que Macron tinha afirmado anteriormente que “os imperativos diplomáticos e económicos” franceses para a China “não podem justificar o encobrimento da questão dos direitos humanos”. “Se Macron levar a sério a promoção da liberdade e da democracia em todo o mundo, deverá levar uma longa lista para o Presidente Xi e outros líderes chineses”, afirmou a responsável da HRW, em comunicado. A HRW pediu a Macron, por exemplo, que reitere publicamente o apelo francês para que seja dada total liberdade de movimento a Liu Xia, viúva do falecido dissidente e prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo.

9 Jan 2018

Xinhua analisa último discurso do presidente Xi Jinping

Agência Xinhua

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping enfatizou “consistência” em apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas no seu discurso para os funcionários de alto nível, estabelecendo directrizes para o Partido Comunista da China (PCC) fazer novos progressos. Xi pediu aos funcionários que promovam “constantemente” o “grande novo projecto da construção do Partido” e aumentem o sentimento de precaução e prevenção face a riscos e desafios.

O discurso de Xi colocou o “socialismo com características chinesas numa nova era” na sua linhagem histórica de revoluções sociais liderada pelo PCC, ilustrando as ligações de continuidade. Também situou o socialismo com características chinesas no contexto da evolução de socialismo mundial. Assim, quando o socialismo surgiu era uma forma social totalmente nova e o socialismo com características chinesas é causa pioneira sem precedente que deve continuamente desenvolver-se.

A “consistência” na construção do Partido tem sido a chave para a vitória do PCC, do “grande projecto” da construção do Partido proposto em tempos revolucionários para o “grande novo projecto da construção do Partido” durante a reforma e abertura, e a rigorosa governanção própria do Partido desde seu 18º Congresso Nacional em 2012. Xi disse que o Partido deve ter coragem para realizar a auto-reforma e tornar-se mais forte a fim de apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas na nova era.

A governanção rigorosa do Partido começa pela “minoria em posição chave”, referindo-se aos funcionários de alto nível. Xi pediu que “a minoria em posição chave” seja firme nas suas convicções e posições políticas, promova o seu sentimento de responsabilidade, fortaleça as suas capacidades e competências, e melhore os seus modos de trabalho.

Domesticamente, a China ainda enfrenta tarefas de reforma difíceis, desenvolvimento desequilibrado, e a tendência de crescentes riscos económicos e sociais. Internacionalmente, as situações estão a mudar constantemente e o ambiente dos países vizinhos é cada vez mais complexo e sensível.

O modelo de desenvolvimento da China atraiu atenção mundial, mas julgamentos incorrectos e desfavoráveis de alguns países testaram a nossa sabedoria e habilidade. Como Xi disse, o PCC deve “dar as suas respostas ao teste dos nossos tempos”. O povo avaliará o quão bom é o desempenho do Partido.

9 Jan 2018

Portugueses formados em mandarim | Uma era dourada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira geração de tradutores e intérpretes portugueses de língua chinesa está a aproximar Portugal e China no futebol, literatura ou arte, à medida que as relações entre os dois países entram numa “era dourada”.

Tiago Nabais ingressou na licenciatura de Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) em 2007, depois de uma carreira musical “falhada” e “uns biscates aqui e ali”. Tinha 29 anos. Volvida uma década, concretizou um feito raro em Portugal: traduziu directamente a partir do chinês uma obra literária – “Crónica de um vendedor de sangue”, editado pela Relógio d’Água e escrito por um dos mais aclamados escritores chineses da actualidade, Yu Hua.

Também formado pelo IPL, Luís Lino agarrou aos 25 anos uma oportunidade “caída do céu” e rumou à China para servir de intérprete do técnico português André Villas-Boas, que na época passada orientou os chineses do Shanghai SIPG. “Nem queria acreditar”, contou Lino à agência Lusa sobre o convite para integrar o ‘staff’ de Villas-Boas. No final de um treino em que esteve sempre ao lado do antigo treinador do FC Porto, o jovem revela que ainda pensou em tirar o curso de jornalismo após terminar o secundário, mas acabou por optar pelo estudo de uma língua “muito rentável”.

O mandarim é a língua mais falada do mundo e o único idioma oficial da República Popular da China, país com 1.375 milhões de habitantes – cerca de 18% da população mundial – e a segunda maior economia do planeta. Em colaboração com o Instituto Politécnico de Macau, o IPL abriu em 2006 a licenciatura de Tradução e Interpretação. O Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino de chinês, garante ainda cursos livres de mandarim em quatro universidades portuguesas – Aveiro, Coimbra, Lisboa e Minho. E, desde 2016, o ensino do chinês foi também introduzido em algumas escolas portuguesas ao nível do secundário e do terceiro ciclo, como alternativa de língua estrangeira.

A primeira instituição de ensino superior em Portugal a oferecer uma licenciatura dedicada à língua chinesa, no entanto, foi a Universidade do Minho, com o curso em Estudos Orientais – Estudos Chineses e Japoneses, aberto em 2004. Na altura, a China não era ainda “moda” em Portugal e os “estereótipos” sobre o país entre os portugueses eram “bastante acentuados”, lembra Samuel Gomes, que ingressou naquela licenciatura em 2009. “Existia ainda uma espécie de complexo em aprender mandarim”, afirma o jovem portuense, que em 2016 foi distinguido com o prémio “Melhor Performance Artística” no Chinese Bridge, o maior concurso do mundo para alunos de língua chinesa.

O país asiático tornou-se, entretanto, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

Jorge Torres-Pereira, que terminou em Dezembro passado uma missão de mais de quatro anos à frente da Embaixada portuguesa em Pequim, considera mesmo que as relações entre os dois países atravessam uma “era dourada”. As visitas bilaterais de alto nível registaram, nos últimos anos, uma frequência inédita, enquanto o número de turistas chineses que visitaram Portugal quase duplicou, para 183 mil, entre 2013 e 2016. Samuel Gomes não tem dúvidas: “Hoje, todos os portugueses falam da China”.

8 Jan 2018

Li Keqiang no Camboja com o rei e Hun Sen

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ao Camboja será de grande importância para a cooperação Lancang-Mekong e os laços China-Camboja, afirmou um diplomata. Li participará da segunda reunião dos líderes da Cooperação do Rio Lancang-Mekong em Phnom Penh e realizará uma visita oficial ao Camboja entre 10 e 11 de Janeiro.

Iniciada em 2014, a cooperação Lancang-Mekong cresceu rapidamente com um mecanismo gradualmente melhorado e uma implementação constante dos frutos, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Kong Xuanyou, sobre a próxima visita de Li.

A reunião deste ano concentra-se na paz e no desenvolvimento sustentável da área. Os líderes faram um balanço dos progressos e estabelecerão um plano para o futuro da cooperação Lancang-Mekong, segundo Kong. O vice-ministro informou que Li anunciará as iniciativas e medidas da China para aprofundar a cooperação pragmática e injectar um novo ímpeto no mecanismo.

Uma série de documentos serão divulgados após a reunião, incluindo um plano de acção de cinco anos do mecanismo e uma lista do segundo lote de projectos de cooperação, acrescentou.

Este ano marca o 60º aniversário das relações sino-cambojanas. Kong indicou que a próxima visita do primeiro-ministro ajudará os dois países a consolidar a amizade tradicional e promover a cooperação estratégica abrangente bilateral.

“Os laços entre a China e o Camboja se tornaram um modelo para as relações entre países”, apontou.

Durante sua estadia no Camboja, Li se encontrará com o rei cambojano Norodom Sihamoni e terá conversações com seu homólogo Hun Sen. Ambos os líderes trocarão ideias sobre os laços bilaterais e as questões internacionais e regionais de preocupação comum, a fim de planejar o desenvolvimento futuro das relações sino-cambojanas.

De acordo com Kong, os dois lados deverão alcançar consenso e assinar documentos de cooperação em infra-estrutura, ciência, agricultura, turismo e outros campos. “Esperamos que essa visita seja um sucesso completo”, concluiu Kong.

8 Jan 2018

Xi Jinping destaca construção de forças de combate de elite

A mensagem de Xi Jinping não podia ser mais claro: os generais e as forças armadas devem obedecer aos comandos do Partido. E mais nada. Além de exigir a modernização e a eventual vitória

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, ordenou a criação de forças de combate de elite através do treino de combate real, digitalização, inovação e reforma. Xi, também presidente da Comissão Militar Central (CMC), fez as declarações durante uma inspecção realizada a uma divisão do Exército de Libertação Popular (ELP) no Comando do Teatro de Operações Central.

Xi, em nome do Comité Central do PCC e da CMC, expressou felicitações de Ano Novo a todo o pessoal do ELP, da polícia armada, da tropa civil e das forças de reserva. Durante a inspecção, Xi abordou o tanque de batalha 99A, o modelo mais novo de desenvolvimento da China e conhecido como “o rei das batalhas terrestres”, e o veículo de lançamento de mísseis antitanque Flecha Vermelha-10, para conhecer os armamentos utilizados no exército.

Também visitou uma companhia de reconhecimento para observar o treino realizado por franco-atiradores e perguntou sobre o sistema de combate individual dos soldados.

Xi conversou com os novos recrutas que recebem treino sobre reconhecimento e combate e incentivou-os a aperfeiçoar as suas capacidades e esforçar-se por se tornarem heróis de reconhecimento. Xi visitou ainda um centro de treino de simulação, e reuniu-se com os oficiais da divisão. Depois visitou o centro de exibição da história da divisão. Xi pediu ao exército impulsionar o treinamento militar orientado à preparação para combate e concentrar-se no combate dedicadamente enquanto fortalecer pesquisas sobre tropas digitalizadas, e perguntou sobre os conceitos de inovação e as tácticas de batalha, assim como a melhoria no treino de combate real e a capacidade para vencer guerras.

Xi sublinhou a importância da coordenação entre diversas forças e sistemas e pediu esforços crescentes na criação de um sistema de informação e dados sobre combate. Ao sublinhar a importância da inovação e reforma, Xi pediu por resultados científicos e tecnológicos dos oficiais e soldados com uma melhor aplicação de dispositivos de ciência e tecnologia.

“Devem-se fazer esforços para cumprir o espírito do 19º Congresso Nacional do PCC e garantir que as forças armadas sempre sigam as instruções do Comité Central do PCC e da CMC”, assinalou Xi. “É necessário prestar grande atenção a digitalização para fomentar mais talentos militares de alta qualidade”, mencionou.

Xi disse que os oficiais e soldados devem ser bem cuidados e que os estilos de trabalho indesejáveis e a corrupção devem ser contidos decididamente”. Os vice-presidentes da CMC, Xu Qiliang e Zhang Youxia, assim como outros altos oficiais militares participaram do evento.

 

Altos quadros são “cruciais” na governação

O presidente chinês, Xi Jinping, disse na sexta-feira que os membros do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e os funcionários dos níveis provincial e ministerial são “cruciais” para a governanção firme do Partido e do país. Xi, também secretário-geral do Comité Central do PCC e presidente da Comissão Militar Central, fez as observações na abertura de um workshop com participação de membros e membros suplentes recém-eleitos do Comité Central do PCC, bem como funcionários dos níveis provincial e ministerial.

Xi pediu que esses funcionários aumentem sua consciência política, adoptem uma perspectiva histórica, reforcem o pensamento teórico, considerem as conjunturas de grande contexto e melhorem o seu conhecimento e realizações intelectuais para pensar e entender os grandes assuntos teóricos e práticos com uma perspectiva mais ampla.

O workshop concentra-se no estudo e implementação do “Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Época” e do espírito do 19º Congresso Nacional do PCC.

8 Jan 2018

Jogos Olímpicos de Inverno | Coreia do Norte vai “provavelmente participar”

Como na Antiga Grécia, os Jogos Olímpicos suspendem a guerra: as duas Coreias vão conversar. É, finalmente, algum degelo. A China bate palmas mas não deixa de aplicar a Pyongyang as sanções prescritas pela ONU

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte vai “provavelmente” participar nos Jogos Olímpicos de inverno, que este ano decorrem na Coreia do Sul, disse o representante norte-coreano no Comité Olímpico Internacional, segundo a agência de notícias japonesa.

A Coreia do Norte “provavelmente participará”, disse Chang Ung aos jornalistas durante uma escala no aeroporto de Pequim, um dia depois de o país te aceite a proposta sul-coreana de conversações na próxima terça-feira, anunciou o Ministério para a Unificação da Coreia do Sul, responsável pelas relações entre os dois países.

“A Coreia do Norte enviou uma mensagem esta manhã [de sexta-feira] a indicar que aceitava a proposta de conversações a 9 de janeiro, feita pelo Sul”, declarou um responsável do Ministério. O encontro vai realizar-se em Panmunjom, aldeia na fronteira entre os dois vizinhos, onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53).

O porta-voz do Ministério para a Unificação, Baek Tae-hyun, disse aos jornalistas que estas conversações seriam sobre os Jogos Olímpicos de inverno em PyeongChang, que decorrem entre 09 e 25 de fevereiro, e sobre “a questão da melhoria das relações intercoreanas”.

Finalmente conversa

O diálogo surgiu após dois anos de deterioração das relações bilaterais. Neste período, a Coreia do Norte realizou três testes nucleares e multiplicou os ensaios de mísseis. Na segunda-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, aproveitou a mensagem de Ano Novo para comunicar que o país atingiu o seu objectivo militar de ter capacidade para ameaçar com as armas nucleares todo o território continental dos Estados Unidos.

No mesmo discurso, Kim estendeu a mão ao Sul, ao afirmar que Norte e Sul deviam reunir-se para debater e negociar a presença de uma delegação norte-coreana em PyeongChang. Em resposta, Seul propôs a realização de conversações de alto nível, a 9 de Janeiro, em Panmunjom, na primeira proposta do género desde 2015. Na quarta-feira, as duas Coreias reabriram a ligação telefónica, cortada desde 2016.

Já na quinta-feira à noite, Washington e Seul concordaram em adiar os exercícios militares conjuntos previstos durante os Jogos Olímpicos.

Delegações acertadas

Entretanto, as duas Coreias acertaram a composição das suas respectivas delegações que participarão da primeira reunião de alto nível entre os dois países em mais de dois anos. A delegação norte-coreana será composta por cinco membros e liderada por Ri San-gwon, que dirige no seu país o Comité para a Reunificação Pacífica da Coreia, informou o Ministério de Unificação sul-coreano.

Seul propôs no sábado enviar uma delegação liderada pelo ministro de Unificação, Cho Myoung-gyon, que constaria de outras quatro pessoas, dois vice-ministros de Unificação e dois vice-ministros do Desporto.

China atenta

Mal soube do sucedido a China apressou-se a apoiar o acordo entre Pyongyang e Seul para conversas bilaterais entre os governos antes das Olimpíadas de Inverno de 2018, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.

“Prestamos atenção aos avanços recentes. Gostaria de enfatizar mais uma vez que o lado chinês, que é um vizinho íntimo da Península da Coreia, apoia os recentes passos positivos das Coreias do Sul e do Norte destinados a uma melhoria bilateral relações”, disse Geng aos jornalistas.

O diplomata chinês também expressou a esperança de que a comunidade internacional apoie essas medidas e encontre um meio eficaz para aliviar as tensões em torno da questão coreana.

A situação na península coreana aumentou desde o início de 2017 devido aos testes nucleares e de mísseis realizados por Pyongyang, o que viola a resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Em Junho de 2017, a China propôs um chamado plano de duplo congelamento prevendo o cessar da actividade nuclear da Coreia do Norte em troca do fim dos exercícios militares conjuntos entre EUA e Coreia do Sul. A Rússia apoiou a medida.

 

Aplicadas mais restrições ao comércio com Pyongyang

A China anunciou na sexta-feira um aumento das restrições no comércio com a Coreia do Norte, incluindo um limite no fornecimento de petróleo e proibição de importações de ferro e outras matérias-primas. A medida surge depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado uma nova ronda de sanções contra Pyongyang, na sequência do mais recente teste de lançamento de um míssil balístico, em 29 de Novembro passado.

O Ministério do Comércio chinês afirmou que Pequim vai limitar as exportações de crude e petróleo refinado para a Coreia do Norte e proibir a venda de aço e maquinaria industrial. As importações de comida, maquinaria e outros produtos norte-coreanos foram também banidos.

A China é o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial da Coreia do Norte. Os dois países partilham uma fronteira com cerca de 1.400 quilómetros. A Coreia do Norte depende quase inteiramente de Pequim para obter petróleo. A China tem votado a favor das sanções impostas pela ONU, e que incluem a redução do fornecimento de crude.

Cuidado infractores

Ao memso tempo, a China prometeu “lidar seriamente” com infractores das sanções impostas pelas Nações Unidas à Coreia do Norte, depois de um jornal sul-coreano ter avançado que barcos chineses registados além-fronteiras estão a fornecer petróleo a Pyongyang.

O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang disse, no entanto, que o Governo de Pequim desconhece aquelas operações. O jornal Chosun Ilbo avançou esta semana que embarcações detidas por chineses, mas que exibem bandeiras do Panamá, Belize e outros países, são suspeitos de infringir as sanções impostas ao regime de Kim Jong-un.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou, em Setembro passado, novas sanções visando travar o programa nuclear e de mísseis balísticos norte-coreano. As autoridades sul-coreanas apreenderam, entretanto, dois dos barcos suspeitos. “Se a investigação confirmar a existência de infrações das resoluções do Conselho de Segurança, a China lidará seriamente com elas, segundo as leis e os regulamentos”, afirmou Geng, em conferência de imprensa.

De quem são estes barcos?

No domingo, as autoridades sul-coreanas anunciaram que um barco com a bandeira do Panamá, designado KOTI, foi apreendido no porto de Pyeongtaek por suspeitas de actividades relacionadas com a Coreia do Norte. O jornal Chosun Ilbo avançou, entretanto, que o barco pertence a uma empresa de Dalian, cidade portuária do nordeste da China.

Um outro barco suspeito de transportar 600 toneladas de produtos petrolíferos refinados, chamado Lighthouse Winmore, e que arvora a bandeira da região especial administrativa chinesa de Hong Kong, foi arrestado em Novembro, no porto sul-coreano de Yeosu.

O jornal avança que seis outros barcos que os Estados Unidos acusam de violar as sanções são detidos por entidades chinesas, mas estão registados em outros países.

 

Trump diz que poderia conversar com Kim pelo telefone

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no sábado que estaria disposto a conversar por telefone com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e que ele espera um resultado positivo de negociações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Respondendo perguntas de jornalistas no retiro presidencial em Camp David, Maryland, Trump expressou disposição em conversar com Kim, mas não sem condições prévias. “Absolutamente, eu faria isso”, disse Trump. “Não tenho nenhum problema com isso.” Trump e Kim têm trocado insultos desde que o republicano assumiu o cargo, com o norte-americano repetidamente chamando Kim de “homem-foguete” devido aos testes de armas nucleares e mísseis balísticos.

8 Jan 2018

China é um dos primeiros destinos da Sagres e Super Bock

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China é destino de aposta do Super Bock Group e da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (Sagres), ocupando o primeiro e segundo mercado de exportação, respectivamente, disseram à Lusa os responsáveis das duas empresas cervejeiras.

“A actividade comercial do Super Bock Group na China começou em Janeiro de 2009, quando enviámos o primeiro contentor para comercialização da marca Super Bock em hotéis e restaurantes através de parcerias que estabelecemos com distribuidores locais”, afirmou Rui Lopes Ferreira, presidente executivo da empresa.

Por sua vez, a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, que tem a Sagres, iniciou a comercialização na China, embora de forma “residual, em 2013”, adiantou Nuno Pinto Magalhães, director de comunicação e relações institucionais da empresa.

“Em 2016 foi quando começámos a acelerar o nosso crescimento” naquele mercado, acrescentou.

Para o Super Bock Group, “hoje a China é o maior destino internacional da empresa, registando resultados bastante promissores ao representar 40% das exportações, sobretudo da cerveja Super Bock, o que significa já mais de 10% da receita global (451 milhões de euros em 2016)”, referiu Rui Lopes Ferreira.

No caso da cervejeira que detém a marca Sagres, em 2016 foram exportados quatro milhões de litros para a China, prevendo-se para 2017 “um crescimento superior a 50%”, acrescentou Nuno Pinto Magalhães.

“A China, neste momento, é o segundo mercado de exportação da Sagres, a seguir à Suíça, não considerando Angola, que já não é exportação”, salientou o mesmo responsável, apontando que a região onde o grupo mais vende cerveja é na província de Fujian, embora também comercializem para Zhejiang e Guangdong.

Já a Super Bock “está a ser comercializada em cinco mil pontos de venda distribuídos por 50 cidades, localizadas em três províncias com 200 milhões de pessoas. Mantém-se a presença em hotéis e restaurantes seleccionados, tendo a empresa já alargado a comercialização desta marca também ao canal alimentar”, concluiu o presidente executivo do grupo.

Relativamente a Angola, a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas adiantou que a Sodiba – Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola, fábrica da empresária angolana Isabel dos Santos, “iniciou a produção em meados de Março [de 2017], em regime de ‘trademark license agreement”, sendo que só divulgarão dados “passado sensivelmente um ano”.

5 Jan 2018

Sublinhada a necessidade de estudar pensamento de Xi Jinping

[dropcap style≠‘circle’]W[/dropcap]ang Huning, membro do Comité Permanente do Bureau Político do Comité Central do PCC e do Secretariado do Comité Central do PCC, pediu na quarta-feira que os funcionários de comunicação do país desenvolvam uma ideologia socialista que tenha a capacidade de unir e o poder de inspirar.

Wang sublinhou a importância de fortalecer a liderança geral do PCC em comunicação, teoria e cultura, e disse que qualquer desenvolvimento ideológico deve seguir as regras do PCC sobre a construção do Partido. O burocrata também indicou que a formação de equipas mais fortes de oficiais com mais talento é importante para o trabalho de comunicação do Partido.

Além disso Wang quer uma melhor divulgação do pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era.

“Tomem o pensamento de Xi Jinping como orientação de seu trabalho e concentrem-se no estudo, promoção e implementação do espírito do 19º Congresso Nacional do PCC”, disse aos funcionários que o escutavam na quarta-feira. Wang atribuiu as “realizações históricas” feitas no sector de comunicação do Partido desde o 18º Congresso Nacional do PCC à “forte liderança” do Comité Central do PCC com Xi como o núcleo e o seu pensamento como guia. Assim, “o trabalho de comunicação deve orientar as pessoas para proteger o estatuto central de Xi e defender a autoridade e a liderança centralizada e unificada do Comité Central do PCC de forma mais comprometida”, acrescentou.

A conferência foi presidida por Huang Kunming, chefe do Departamento de Comunicação do Comité Central do PCC. Huang pediu que os funcionários intensifiquem sua confiança e consciência em seu trabalho na nova era e usem o pensamento de Xi Jinping para armar o Partido, educar o povo e aumentar a coesão na sociedade. “O trabalho de comunicação e publicidade deve promover a cultura socialista, impulsionar as conquistas das pessoas e criar uma sociedade civilizada”, concluiu.

5 Jan 2018

Taxas do mercado monetário devem crescer três vezes em 2018

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Banco Popular da China fará aumentos modestos nas taxas do mercado monetário em 2018, porque pretende manter a pressão sobre a desalavancagem e evitar uma divergência excessiva com a política dos EUA, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg. Projecta-se que o Banco Popular da China aumentará as taxas de juros em acordos de recompra reversa em cinco pontos-base três vezes neste ano, a partir do primeiro trimestre, mostra a pesquisa. Isso aumentaria a taxa – agora em 2,5 por cento – mais lentamente do que no ano passado, quando as autoridades a elevaram em cinco pontos-base em Dezembro, após dois aumentos de 10 pontos-base no primeiro trimestre.

Os economistas não prevêem nenhuma alteração na taxa de referência, que estabelece os custos de empréstimos em toda a economia, até o início de 2020, de acordo com outra pesquisa realizada pela Bloomberg. O banco central manteve a taxa de empréstimo de um ano inalterada desde Outubro de 2015.

Com essa trajectória, a China manteria um ritmo parecido com o do Federal Reserve dos EUA, que projecta três aumentos próprios neste ano, e Pequim conservaria a estabilidade financeira, mantendo a liquidez apertada e evitando saídas de capital. O BPC surpreendeu os investidores no mês passado quando, depois do aumento de 0,25 ponto do Fed, realizou o seu próprio movimento menor.

O BPC tem maior probabilidade de aumentar as taxas de juros do mercado aberto no primeiro semestre, porque provavelmente haverá mais forças contrárias para a economia nos últimos seis meses do ano, de acordo com Wang Yifeng, analista do instituto de pesquisa da China Minsheng Banking em Pequim. “Uma tendência de ajuste na prática será a principal orientação política, o que ajuda a equilibrar a redução da alavancagem e estabilizar o crescimento”, disse ele.

“Vai ser difícil ver a flexibilização da política monetária durante bastante tempo.” Uma reunião cimeira das autoridades encarregues das políticas económicas da China, conduzida pelo presidente Xi Jinping no mês passado, estabeleceu que a prevenção de risco será a principal “batalha crítica” para os próximos três anos.

A Conferência de Trabalho Económico Central, realizada todos os anos, adoptou um tom mais forte do que no ano anterior ao declarar que as comportas da oferta monetária deveriam ser “controladas”, em comparação com o anúncio do ano anterior, que pedia “ajuste”. Os analistas também projectam uma redução generalizada do coeficiente de reservas obrigatórias no quarto trimestre, de 17 por cento para 16,5 por cento, de acordo com diferentes pesquisas. Isso se somaria à redução projectada para ajudar as pequenas empresas, que havia sido anunciada no ano passado e entrou em vigor no dia 1 de Janeiro.

Ainda assim, o BPC talvez não acompanhe completamente os aumentos da taxa de juros do Fed neste ano, disse Liu Ligang, economista-chefe para a China do Citigroup em Hong Kong, em entrevista à Bloomberg Television na quarta-feira. É provável que o banco central faça no máximo dois aumentos em sua Facilidade Permanente de Crédito overnight, que estabelece um tecto para as taxas do BPC, mas “se o ajuste financeiro for excessivo, não podemos desconsiderar um corte dos requisitos de reserva”, disse Liu.

 

5 Jan 2018

China surge na cena internacional como nova superpotência, colmatando a retirada do trumpismo

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China saiu em defesa do Paquistão, dizendo que o seu aliado faz “grandes esforços e sacrifícios” para combater o terrorismo. Os comentários chineses vieram em resposta aos do presidente dos Estados Unidos. Trump criticara o Paquistão por recusar-se “a combater jihadistas que estão a matar e mutilar tropas americanas e dos seus aliados no vizinho Afeganistão”.

Geng Shuang, porta-voz do regime chinês, acrescentou: “A China e o Paquistão mantêm uma completa parceria estratégica de cooperação. A China está pronta para aprofundar as relações com o Paquistão em vários campos para trazer maiores benefícios aos dois povos.

Dias atrás, Trump cortou milhões de dólares do financiamento militar norte-americano ao Paquistão, tendo sido levantada a questão de uma nova ordem internacional em que a China, gradualmente , substituiu os EUA.

 

China não substitui ninguém

Contudo, segundo o porta-voz do MNE chinês, “a China não pretende liderar ou substituir ninguém nos assuntos internacionais e sempre sustenta o conceito de consultas conjuntas na administração global”.

Geng Shuang fez a declaração ao responder a uma pergunta sobre o comentário do think tank norte-americano Euroasia Group segundo o qual a China “está a tentar preencher a vaga de liderança no planeta deixada pelos EUA perante a recessão geopolítica actual”.

Geng Shuang disse que o 19º Congresso Nacional definiu novos objectivos para a diplomacia chinesa na nova era, que são promover o estabelecimento de um novo tipo de relações internacionais e da comunidade de destino comum da humanidade.

 

Uma possível retaliação

Por outro lado, os chineses também criticaram os americanos por adoptarem “uma abordagem cada vez mais proteccionista e isolacionista.” A agência estatal Xinhua pediu aos Estados Unidos para adoptarem medidas de controlo das tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos e pediu mais cooperação bilateral.

Mas também advertiu num comentário que Pequim adoptará “medidas retaliatórias” em 2018, caso os EUA continuem a adoptar uma mentalidade de soma zero. A Xinhua também criticou os EUA por terem “uma abordagem cada vez mais proteccionista e isolacionista”. A agência argumenta que a China tem feito esforços para promover a cooperação com Washington.

 

 

 

Incentivo tributário para investir no estrangeiro

O Ministério das Finanças da China divulgou uma série de incentivos fiscais para encorajar as companhias do país a investir no exterior. Segundo um comunicado, várias divisões de uma empresa doméstica terão isenção de um aumento no imposto sobre lucro corporativo, nesse caso. A medida busca evitar a dupla tributação e também reduzir os encargos tributários para as empresas domésticas, informou o Ministério das Finanças.

As regras valem apenas para negócios no exterior que sejam pelo menos 20% propriedade de companhias chinesas. As empresas domésticas poderão também usar um método diferente para calcular seu imposto, caso tenham investimentos em vários países, segundo o governo. Com isso, elas poderão alocar os seus créditos tributários em diferentes países, o que ajudaria a reduzir a pressão sobre o fluxo de caixa, explica o comunicado.

O anúncio dos mais recentes incentivos são feitos uma semana após a China dizer que isentaria companhias estrangeiras de pagar imposto sobre o seu lucro caso ele seja reinvestido nos sectores especificados por Pequim, um esforço para atrair investidores estrangeiros.

5 Jan 2018

Governo dos EUA bloqueia aquisição do MoneyGram por firma chinesa

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma subsidiária do grupo chinês Alibaba retirou ontem uma oferta pela empresa de transferências monetárias MoneyGram, depois de um comité do governo norte-americano ter travado o negócio.

O presidente executivo do MoneyGram International Inc., Alex Holmes, a empresa não conseguiu a autorização do Comité para o Investimento Externo dos Estados Unidos para concretizar a venda à subsidiária da Alibaba, por 1,2 mil milhões de dólares. O comité é responsável por rever aquisições por entidades estrangeiras susceptíveis de ameaçar a segurança nacional dos Estados Unidos.

“A situação geopolítica alterou-se consideravelmente desde que anunciamos o acordo”, afirmou Holmes, em comunicado. “Apesar dos nossos esforços para trabalhar em conjunto com o Governo dos Estados Unidos, é agora evidente que o Comité para o Investimento Externo não aprovará” o negócio, acrescentou. Após o anúncio, as acções do MoneyGram, que está cotado no mercado para firmas tecnológicas Nasdaq, recuaram quase 7%.

A Ant Financial, subsidiária do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba, tinha concordado em Janeiro de 2017 adquirir o MoneyGram. Firmas chinesas têm realizado grandes aquisições de empresas tecnológicas e marcas estrangeiras, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. A maioria dos negócios decorre sem incidentes, mas outros suscitam críticas devido à possibilidade de representaram uma ameaça à segurança do respectivo país ou à perda de activos importantes.

China reage

Entretanto, ainda ontem, a China pediu aos Estados Unidos “igualdade de condições” para as suas empresas. “Queremos trabalhar com os EUA na base do respeito e benefício mútuos, para avançar na nossa cooperação económica”, afirmou em conferência de imprensa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang.

Geng afirmou ainda que o Governo chinês “encoraja sempre as suas empresas a seguir as práticas do mercado, as regras internacionais e as leis locais”.

Em Setembro passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, bloqueou a compra de um fabricante de semicondutores do estado de Oregon (noroeste dos EUA) por uma empresa financiada pelo Governo chinês, por motivos de segurança. O grupo Alibaba foi fundado por Jack Ma, um dos homens ricos da China, que visitou Trump na sua torre em Manhattan, depois da vitória nas presidenciais norte-americanas, em Novembro de 2016. Na altura, o grupo chinês afirmou que podia criar um milhão de postos de trabalho nos Estados Unidos, ao apoiar pequenos negócios a vender os seus produtos no mercado chinês. Após o encontro, Trump afirmou que Ma era um “empreendedor fantástico”.

4 Jan 2018

Xinhua destaca importância do 19º Congresso do PCC para a relação com os países lusófonos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), que encerrou em 24 de Outubro, traçou um plano ambicioso para construir uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos até 2021.

Mas também enviou fortes sinais de estabilidade e confiança, que são importantes para o mundo lusófono, dizem funcionários governamentais e especialistas. Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o congresso do PCC enviou uma mensagem muito importante, mostrando que a China está comprometida em manter a sua porta aberta e em defender a globalização.

“A China está disposta a desempenhar um papel para fornecer bens públicos, o que é importante para outros países,” disse. Segundo Stuenkel, muitos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, necessita de uma ordem internacional estável e aberta para obter progressos económicos. O congresso chinês transmite exactamente uma mensagem positiva. “A China nunca foi tão visível e nunca houve tantas pessoas a elaborar as suas próprias estratégias com base no seu relacionamento com a China,” referiu Stuenkel. “Para mim, é uma grande transformação, onde realmente ninguém pode fazer um plano nacional, político e económico sem pensar muito no que está a acontecer na China,” concluiu.

Congresso da estabilidade

“O congresso recebeu muita atenção, tanto da população chinesa, como do mundo,” disse Rafael Fontana, especialista do departamento de língua portuguesa da Rádio Internacional da China, acrescentando que o congresso é muito importante e que a partir daí são definidos os passos que a China vai dar nos próximos 15 ou 30 anos. Rafael participou do trabalho de tradução e revisão da versão em português do relatório apresentado por Xi Jinping no 19º Congresso do PCC.

“O congresso chama a atenção do mundo inteiro, porque é o evento mais importante que acontece a cada cinco anos na segunda maior economia do mundo,” explicou. “Então é claro que se o congresso e o relatório mostrarem que a China tem estabilidade e um caminho certo para percorrer, isso vai trazer segurança e estabilidade para o resto do mundo,” assinalou.

Fontana afirma que o relatório mostra que a China não vai fazer nenhuma mudança brusca nos próximos anos e está disposta a abrir mais. “Isso é muito importante”. Durante os últimos anos, a China manteve sua posição como a segunda maior economia do mundo e contribuiu com mais de 30% do crescimento económico mundial. Além disso, a China defende o desenvolvimento de “uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” e incentiva a melhora do sistema de governança mundial.

Portugal, porto ideal

“A China é a locomotiva do crescimento económico do mundo, por isso as decisões emitidas no 19º Congresso do PCC têm, certamente, influência global,” comentou Ronnie Lins, director do Centro China-Brasil para Pesquisa e Negócios. Para o mundo lusófono, “futuro compartilhado” pode ser interpretado como interesses compartilhados que trarão mais oportunidades de cooperação.

Ana Paula Vitorino, ministra do Mar de Portugal, avaliou o congresso do PCC como “fantástico”, destacando a parte da Rota de Seda Marítima do Século XXI, no qual o seu país gostaria de desempenhar um papel. “É muito bom quando o evento político mais importante da China confirma essa política internacional, disse.

“A Rota da Seda Marítima do Século XXI não é apenas uma política relacionada com a China, mas é uma rota com um ponto de cruzamento com a rota norte-sul do Atlântico, e neste ponto está Portugal,” assinalou Ana Vitorino, acrescentando que passando por Portugal, pode ter uma ligação não apenas ao norte da Europa, mas também à América do Norte, aos países da CPLP e aos países da América Latina.

“Por isso, julgo que Portugal é um país ideal para as empresas chinesas,” disse a ministra, acrescentando que os resultados do congresso facilitarão as cooperações entre a China e Portugal, e também com outros países lusófonos.

O papel do presidente

Para alguns observadores, o desempenho de Xi Jinping, que é considerado o núcleo da liderança do Comité Central do PCC, no congresso, é um sinal de confiança e estabilidade. “Xi Jinping ficou de pé no púlpito do Grande Salão do Povo durante 210 minutos, leu 32.440 caracteres chineses, sem descansar sequer um minuto, e bebeu água somente uma vez. Um feito impressionante para um homem de 64 anos que através de sua postura determinada – com uma voz serena e compenetrada – passou uma mensagem clara ao mundo… O compromisso da maior agremiação comunista do mundo é garantir o progresso da China através da realização da modernização socialista,” escreveu Gaio Doria, doutor carioca que estuda actualmente na Universidade Renmin em Pequim. É impossível ignorar estes elementos quando buscamos entender este gigante asiático, destacou Doria.

Mónica Valente, secretária nacional de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT), disse considerar Xi um homem com uma capacidade política muito grande no mundo, à altura dos desafios da humanidade.

“Xi é uma liderança importante não apenas para a China avançar nesta nova era mencionada no seu relatório ao congresso, mas também uma liderança global que tem uma preocupação muito forte com a paz, com a humanidade, com o desenvolvimento económico compartilhado, com novos mecanismos de governança global”, assinalou Valente.

“Os países de língua portuguesa são países próximos, países amigos da China e têm excelente relação comercial,” disse Rafael. “Hoje a China é o maior parceiro comercial do Brasil e o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América do Sul. Então, tudo que acontece na China interessa obviamente a América do Sul e aos países de língua portuguesa. Se a China demonstrar com esse relatório e com esse congresso que vai manter seu caminho de estabilidade e de crescimento, isso traz segurança para o mundo todo e claramente para os países de língua portuguesa e América do Sul,” destacou.

Xun Wei e Wang Yiduan

Xinhua

4 Jan 2018

China celebra aproximação entre Pyongyang e Seul

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China enalteceu ontem as “mensagens positivas” entre Pyongyang e Seul, após o governo norte-coreano ter assumido o interesse em participar nos Jogos Olímpicos de Inverno, que se celebram no próximo mês na cidade sul coreana de PyeongChang.

“Acreditamos que é um bom sinal e damos as boas-vindas e apoiamos as duas partes a aproveitarem a oportunidade e fazerem esforços concretos visando a melhoria dos laços bilaterais”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Geng Shuang.

A aproximação poderá também servir para “aliviar a tensão na península coreana e alcançar a desnuclearização”, acrescentou.

O ministro da Coreia do Sul para a Unificação, Cho Myoung-gyon, propôs hoje que representantes das duas coreias se reúnam no próximo dia 9 de Janeiro na aldeia Panmunjom, dentro da Zona Desmilitarizada que divide a península.

A proposta surge depois do líder norte-coreano, Kim Jong-un, ter assegurado na sua mensagem de ano novo que está aberto ao diálogo com Seul para que o seu país envie uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizam em território sul coreano, entre 9 e 25 de Fevereiro.

O porta-voz chinês sublinhou que a China continua “comprometida com a desnuclearização” e a manutenção da paz e estabilidade na península coreana. Geng afirmou que as principais causas do conflito são “as contradições entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos” e apelou aos governos dos dois países para que “construam confiança mútua e façam esforços concretos visando o regresso às negociações através do diálogo e consultas”.

A península coreana está dividida desde a devastadora Guerra da Coreia (1950-53), que terminou sem a assinatura de um tratado de paz. Nos últimos meses, os sucessivos ensaios nucleares de Pyongyang e a retórica beligerante do Presidente norte-americano, Donald Trump, elevaram a tensão para níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia.

 

Seul propõe conversações oficiais

O Governo sul-coreano propôs hoje a Pyongyang realizar conversações oficiais a 9 de Janeiro sobre a cooperação nos Jogos Olímpicos de Inverno, que vão realizar-se em Fevereiro na Coreia do Sul.

O ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-gyon, anunciou que o Sul propõe que as duas Coreias se encontrem a 09 de Janeiro, na aldeia de Panmunjom, na fronteira entre os dois países, para debater a cooperação durante os Jogos Olímpicos e a forma de melhorar as relações bilaterais.

A proposta sul-coreana surge um dia depois de o líder da Coreia do Norte afirmou que Norte e Sul deviam reunir-se para negociar a presença de uma delegação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de inverno em PyeongChang (Coreia do Sul), que vão decorrer entre 9 e 25 de Fevereiro.

“Esperemos que Sul e Norte se possam sentar, frente a frente, para debater a participação da Coreia do Norte nos jogos de PyeongChang, tal como outras questões de interesse mútuo para melhorar as relações intercoreanas”, declarou o ministro Cho, em conferência de imprensa.

Na mensagem de Ano Novo, Kim Jong-un voltou a ameaçar os Estados Unidos e indicou que o país tinha completado o programa nuclear.

No ano passado, a Coreia do Norte realizou um sexto teste nuclear a lançou três mísseis balísticos intercontinentais, no âmbito do desenvolvimento dos programas nuclear e de armas, levando a ONU a agravar as sanções contra o país.

3 Jan 2018

Ambiente | Estudo revela que um quarto do planeta pode transformar-se num deserto

Um estudo publicado na revista científica Nature Climate Change concluiu que 25 por cento da superfície terrestre pode-se tornar desértica se o aquecimento global se situar nos 2º Celsius, ou seja, o limite estabelecido no Acordo de Paris. Entretanto, na China começou a ser cobrado um imposto ambiental, dirigido a empresas poluidoras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Acordo de Paris foi um marco histórico que uniu quase todos os países em torno de uma questão que ganha contornos existenciais: as alterações climáticas. No final de 2015, quando se realizou a cimeira na capital francesa, parte da comunidade científica criticou o acordo por ser pouco ambicioso em termos de metas propostas. Isto apesar dos aplausos originados pela vitória política que foi o consenso mundial numa matéria que implica mudanças profundas nas economias.

2018 arrancou com uma sombria previsão científica. Um estudo realizado por um conjunto de universidades, onde se inclui a Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, concluiu que pelo menos um quarto da superfície terrestre ficará “consideravelmente” mais seca, mesmo que seja atingido o objectivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celsius. Ou seja, o limite previsto no Acordo de Paris. No documento os estados outorgantes comprometeram-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2º Celsius em relação à era pré-industrial. Foi também estabelecido que a comunidade internacional que se uniu em torno da luta contra as alterações climáticas continuaria os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5º Celsius.

No entanto, o planeta ainda está em direcção a um aumento global da temperatura de 3° Celsius.

Meio grau

Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, um quarto do planeta, afectando mais de 25 por cento da população mundial, viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre aumentar 2º Celsius.

Porém, as conclusões da equipa que reuniu académicos também da Universidade de East Anglia, em Inglaterra, apontam um número que poderá fazer toda a diferença daqui a três ou quatro décadas. Se o aumento da temperatura global for de 1,5º C, isso iria reduzir significativamente o número de regiões do planeta afectados por este processo de seca progressiva. Para avaliar este fenómenos é feita uma medição combinada dos valores de precipitação com a evaporação.

Se o alvo de 1,5° C fosse atingido, “partes do sul da Europa, África do Sul, América Central, costa australiana e sudeste da Ásia (áreas que acolhem hoje mais de 20 por cento da população mundial) evitariam uma aridez significativa”, disse um dos autores do estudo, Su-Jong Jeong, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen.

Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projecções de vários modelos climáticos. Segundo os resultados apurados pelo estudo, com um aumento das temperaturas de 2° C, entre 24 a 32 por cento da superfície da Terra ficaria mais seca do que actualmente, situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070.

No entanto, se o objectivo de 1,5° C fosse atingido, apenas 8 a 10 por cento da terra ficarão mais secos, disse Su-Jong Jeong.

À medida que os territórios se tornam mais secos, a degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o dióxido de carbono, responsável pelas mudanças climáticas.

Este processo aumenta também os fenómenos de secas e incêndios.

Alerta Guterres

Olhando para o mapa do mundo, de acordo com as projecções avançadas pela equipa responsável pelo estudo as regiões mais afectadas pela desertificação são áreas já a braços com algumas dificuldades socioeconómicas. “A aridificação é uma ameaça séria, principalmente pelo impacto crítico ao nível da agricultura, qualidade de água e biodiversidade”, comentou um dos principais autores, Chang-Eui Park em comunicado.

O estudo publicado na Nature Climate Change baseou-se na análise de 27 modelos de clima global e na forma como a aridificação do planeta seria afectada à medida que as temperaturas vão subindo. Neste aspecto importa salientar que uma vasta maioria dos cientistas climáticos concordam que a evolução das temperaturas é o factor responsável pelas crescentes secas e desertificações em curso no Brasil, ao longo do Mediterrâneo e na Austrália.

Em Nova Iorque, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou uma série de alertas aos líderes mundiais durante a mensagem de Ano Novo. “No primeiro dia do ano de 2018, não vou lançar um novo apelo. Vou emitir um alerta ao mundo”, começou por dizer Guterres. Depois de se mostrar bastante preocupado, o secretário-geral das Nações Unidas referiu que “as alterações climáticas avançam mais rapidamente” do que os esforços para as enfrentar.

Já em Novembro passado, António Guterres adjectivou os desafios ambientais como a “ameaça definidora dos nossos tempos”.

Durante a reunião anual das Nações Unidas para endereçar as alterações climáticas, o secretário-geral apontou como exemplo a Índia e a China que apesar do rápido crescimento económico se posicionam para se tornarem líderes na produção de energia solar. Guterres acrescentou ainda que Índia e China têm feito um trabalho meritório no incentivo ao mercado de carbono, onde empresas podem trocar créditos de emissões por incentivos para tornar as suas operações mais amigas do ambiente.

Caso chinês

Este ano, o Natal na costa leste dos Estados Unidos foi particularmente fria. Algo que inspirou Donald Trump a escrever um tweet onde voltou a confundir meteorologia com climatologia. O Presidente norte-americano disse que “talvez se possa usar um pouco do velho aquecimento global” para combater as temperaturas baixas record que congelaram Nova Iorque. Curiosamente, um dos efeitos do aquecimento global é precisamente a ocorrência mais frequente de fenómenos atmosféricos extremos. Importa recordar que Donald Trump considera as alterações climáticas uma conspiração chinesa.

Entretanto, a China começou na segunda-feira a cobrar um imposto ambiental. Trata-se da primeira medida fiscal adoptada por Pequim para combater a poluição, uma das principais fontes de descontentamento popular no país.

A Lei Fiscal de Protecção Ambiental, que se destina a empresas e instituições públicas que descarreguem poluentes directamente para o ambiente, estipula que o imposto será pago pelas companhias que produzam poluição sonora, atmosférica e resíduos sólidos, abrangendo também a contaminação da água.

O Governo Central vai fixar o limite máximo a ser cobrado, permitindo às autoridades locais determinar o valor exacto a cobrar. Importa realçar que esta medida não afecta particulares.

Segundo estimativas citadas pela imprensa oficial, com o novo imposto o Governo chinês poderá arrecadar anualmente mais de 50 mil milhões de yuan.

A implementação deste imposto é mais uma das medidas promovidas por Pequim para endereçar as preocupações ambientais da população. Aliás, a poluição é responsável por milhões de mortes prematuras todos os anos na China, tendo-se tornado, nos últimos anos, uma das principais fontes de descontentamento popular, a par da corrupção e das crescentes desigualdades sociais.

Entre Janeiro e Novembro de 2017, Pequim investigou mais de 35.600 violações das leis e regulações de protecção ambiental, um esforço de fiscalização que representa um aumento superior a 100 por cento, em termos homólogos.

3 Jan 2018

Hong Kong | Pequim aprova controlo chinês em ligação de alta velocidade

A Assembleia Nacional da China aprovou o controlo de segurança chinês na ligação de alta velocidade em Hong Kong. Esta está a ser vista como mais uma prova da interferência chinesa em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Nacional Popular da China aprovou a presença de controlos de segurança chineses na primeira estação ferroviária de comboios de alta velocidade em Hong Kong, noticiou esta quinta-feira a agência oficial chinesa Xinhua.

Esta decisão esteve rodeada de polémica, já que na ex-colónia britânica é vista como mais uma demonstração da interferência de Pequim no território, que constitui uma das duas regiões administrativas especiais chinesas, a par de Macau.

A Xinhua informou que o órgão legislativo chinês ratificou o acordo firmado a 18 de Novembro entre o governo de Hong Kong e a vizinha província chinesa de Cantão, pelo que haverá controlo de passaportes e aduaneiros na estação de Kowloon Oeste, de onde vão partir comboios com destino à China.

Até agora, a rede ferroviária chinesa chega até à fronteira, de facto, entre a China e Hong Kong, na cidade de Shenzhen, mas a nova linha de comboios de alta velocidade entre Cantão e a antiga colónia britânica, com paragem na referida estação da península de Kowloon, vai mudar esta situação.

Também vão ser efetuadas inspecções de bagagens e aplicadas medidas de prevenção e quarentena, de acordo com o documento aprovado pela Assembleia Nacional para a nova estação, cuja inauguração deverá acontecer no terceiro trimestre de 2018.

Os críticos da alteração legal apontam que este é outro exemplo da redução de autonomia sofrida por Hong Kong em relação à China, e que se tornou especialmente palpável com a perseguição a organizações e activistas opositores do regime comunista.

O movimento ‘Occuppy’, também conhecido por ‘Revolução dos Guarda-Chuvas’ em 2014, em que milhares de pessoas pediram a eleição democrática do líder do governo de Hong Kong, firmou as bases para uma crescente desconfiança entre os dois territórios, assim como o nascimento de movimentos independentistas, ainda que minoritários, na ex-colónia.

A ligação da alta velocidade a Hong Kong vai permitir à cidade, que este ano completou 20 anos desde o retorno à soberania chinesa, ligar-se à rede de comboios rápidos da China, que com mais de 20 mil quilómetros em funcionamento e muitos outros em construção é a maior do mundo.

29 Dez 2017

Perfil no Wechat servirá bilhete de identidade oficial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo de Cantão, no sul da China, iniciou um projecto para que a aplicação de telemóvel Wechat sirva para identificar os utilizadores, como um passaporte ou bilhete de identidade. De acordo com o diário “South China Morning Post”, o projecto experimental iniciado esta semana vai estender-se em poucos dias à província de Guangdong, uma das mais prósperas do país, havendo também a intenção de a testar a nível nacional a partir de Janeiro.

Através da tecnologia de reconhecimento facial, em grande desenvolvimento na China, o passaporte ou bilhete de identidade virtuais poderão ser usados para fazer registos em hotéis ou aceder a determinados serviços de instituições oficiais sem necessidade de um documento de identificação convencional.

O projecto foi desenvolvido pelo Ministério de Saúde Pública e o gigante electrónico Tencent, dono do Wechat. A consolidar-se o uso do Wechat como documento de identidade, a aplicação, com perto de mil milhões de utilizadores, sobretudo no interior da China, ganhará ainda mais relevância.

Criado em 2011 como um serviço de mensagens instantâneas similar ao Whatsapp, o Wechat tornou-se na rede social mais popular do país, ao incluir, pouco tempo depois, um serviço de “microblogs” semelhante ao Twitter, uma vez que tanto este, como o Whatsapp estão bloqueados pelo regime chinês.

Além disso, nos últimos anos, o Wechat incluiu um sistema de pagamentos electrónicos que se popularizou tanto entre vendedores como compradores da China, ao ponto de muitos cidadãos da segunda economia mundial terem praticamente deixado de utilizar dinheiro em numerário.

28 Dez 2017

Criado mecanismo de cooperação com Paquistão e Afeganistão

Aliança com Paquistão e Afeganistão não visa isolar a Índia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s ministros dos Negócios Estrangeiros da China, Paquistão e Afeganistão realizaram na terça-feira a sua primeira reunião tripartida focados em alcançar um consenso em temas como economia, segurança regional e conectividade. O MNE anfitrião, Wang Yi, pretendia neste encontro “promover também a reconciliação e criar confiança entre seus outros dois interlocutores, cujos países mantêm tensões por um diferendo territorial” revelou a Xinhua.

A realização do encontro foi decidida em Junho passado, quando os MNE dos três países decidiram estabelecer um mecanismo de cooperação para analisar questões de interesse comum.

Como preâmbulo, Wang recebeu o seu homólogo afegão, Salahuddin Rabbani, e pediu que aproveitasse a reunião desta terça-feira para abrir o caminho ao entendimento e à normalização das relações com o Paquistão. Também conversaram sobre as possibilidades de ampliar a colaboração através do projecto económico Uma Faixa, Uma Rota.

Índia não deve temer

O novo mecanismo de cooperação e desenvolvimento lançado pela China com os vizinhos Paquistão e Afeganistão “não é dirigido contra países terceiros”, disse ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, perante receios de que a estratégia vise isolar a Índia.

“Não é dirigido contra terceiros, inclusivamente queremos que beneficie outros países”, disse em conferência de imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, indicando que “é bastante normal que a China, Paquistão e Afeganistão mantenham diálogo e cooperação”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países reuniram-se na terça-feira em Pequim para lançar um mecanismo de cooperação conjunta e estudar a inclusão do Afeganistão no Corredor Económico China-Paquistão, uma iniciativa que inclui planos de infra-estruturas e transporte avaliados em cerca de 57.000 milhões de dólares.

O Paquistão e o Afeganistão “são vizinhos da China e têm grandes desejos de melhorar as suas economias e a vida dos seus cidadãos”, disse a porta-voz.

Os planos de cooperação internacional com esses países estão integrados nas Novas Rotas da Seda, grande plano de infra-estruturas e telecomunicações da China com a Eurásia e outras regiões.

Pequim e Nova Deli mantêm há décadas uma relação complicada, pelas mútuas reclamações fronteiriças, mas também por questões como o conflito tibetano, dados que o Dalai Lama, líder espiritual daquele povo, vive no exílio de Dharamsala (norte da Índia) desde 1959.

28 Dez 2017

Xadrez : Campeã mundial recusa jogar na Arábia Saudita

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ucraniana Anna Muzychuk, de 27 anos, é dupla campeã mundial de xadrez. A sua irmã, Mariya Muzychuk, dois anos mais nova, seguiu-lhe os passos. E não apenas no desporto, mas também nas convicções. Entre 26 e 30 de Dezembro realiza-se o campeonato mundial de xadrez na Arábia Saudita e as irmãs não vão estar presentes: recusam-se a usar uma veste feminina saudita, a abaya [túnica larga].
Num post no Facebook, partilhado a 23 de Dezembro, a campeã explicou o motivo da decisão. “Em poucos dias vou perder dois títulos mundiais, um a um. Apenas porque decidi não ir à Arábia Saudita. Por não jogar com as regras de outros, por não usar abaya, por não ter de ir acompanhada à rua, e finalmente por não me sentir uma criatura secundária”, lê-se.
Na imagem partilhada, Anna surge com as duas medalhas recebidas o ano passado, sorridente. “Há exactamente um ano ganhei estes dois títulos e era a pessoa mais feliz no mundo do xadrez, mas agora sinto-me muito mal. Estou preparada para lutar pelos meus princípios e faltar a este evento, onde, em cinco dias, esperava ganhar mais do que numa dezena de competições”, refere a campeã.
Contudo, a publicação serve principalmente para marcar uma posição, demonstrando as diferenças existentes entre os vários países, no que toca às mulheres. “Tudo isto é irritante, mas o mais perturbador é quase ninguém se importar realmente. Este é um sentimento amargo, mas ainda não é o que vai mudar a minha opinião e os meus princípios. O mesmo vale para a minha irmã Mariya — e estou muito feliz por partilharmos este ponto de vista. E sim, para aqueles poucos que se importam — vamos voltar!”
Esta não é, contudo, a primeira vez que uma jogadora se nega a participar numa competição por motivos de vestuário feminino dos países em questão, conta o El País.
Em Fevereiro de 2017, Nazi Paikidze, campeã americana, não competiu no Irão por se recusar a cobrir a cabeça com o hijab [véu islâmico]. Neste campeonato, Anna Muzychuk esteve presente e competiu de véu na cabeça. Em Outubro, Dorsa Derakhshani, campeã de xadrez iraniana, foi proibida de jogar pelo seu país por também recusar o véu islâmico, passando depois a jogar pelos Estados Unidos.
No passado mês de Novembro, quando Anna soube do campeonato na Arábia, marcou a sua posição, defendida agora. “Primeiro Irão, depois Arábia Saudita… Pergunto-me onde serão organizados os próximos campeonatos mundiais femininos. Apesar do recorde de títulos, não vou jogar em Ryad, o que significa perder dois títulos de campeã mundial. Para arriscar a tua vida, para usar abaya o tempo todo? Tudo tem os seus limites e os véus no Irão já foram mais do que suficientes”.
A publicação desta semana já foi partilhada mais de 6 mil vezes e são muitos os comentários de apoio às irmãs. Até ao momento não há qualquer reacção por parte da organização do Campeonato do Mundo de Xadrez, que apenas refere no seu site que o campeão mundial masculino, o norueguês Magnus Carlsen, estará presente nos torneios. A FIDE, Federação Mundial de Xadrez, também não se manifestou quanto ao sucedido, publicando apenas no Twitter a indicação dos sorteios femininos.

28 Dez 2017

Relações China-Portugal | Tese conclui que Portugal não tem estratégia definida

A 9 de Dezembro de 2005 Portugal e a China assinavam a Parceria Estratégica Global, um documento que marcou uma nova fase das relações bilaterais após a transferência de Macau. Pedro Galinha, antigo jornalista em Macau e autor da tese de mestrado sobre o tema, concluiu que falta aos portugueses uma estratégia concreta e que o investimento chinês no país não gerou mais emprego. O Fórum Macau é burocrático e dependente da China, aponta o autor

 

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á muito que se fala das relações diplomáticas entre Portugal e a China, sobretudo desde que as empresas chinesas começaram a investir no país. Contudo, não existia, até à data, um trabalho de investigação sobre a Parceria Estratégica Global, acordo de cooperação assinado em 2005.

Pedro Galinha, antigo jornalista em Macau, defendeu há semanas na Universidade Nova de Lisboa a tese de mestrado “China e Portugal: Dez Anos de Parceria Estratégica Global”, que veio colmatar essa lacuna. A tese analisa o período de relações entre o momento em que foi assinado esse documento, a 9 de Dezembro de 2005, e o ano de 2015. “A Parceria Estratégia Global actualizou a relação bilateral sino-portuguesa, que tinha perdido dinamismo após a transferência de administração de Macau”, adiantou ao HM Pedro Galinha.

Uma das conclusões deste trabalho prendem-se com a ausência de uma estratégia concreta da parte do Governo português entre 2005 e 2015, por contraste com os investimentos em áreas estratégicas que os chineses têm vindo a fazer. “A nível político e diplomático, cerca de 30 responsáveis de topo dos dois países fizeram visitas oficiais. Representantes de províncias e municípios chineses, como Guizhou, Zhejiang, Hubei, Guangdong, Pequim e Xangai também estiveram em Portugal. Este aspecto pode levar a que Portugal se direccione para áreas específicas da China. Mas para isso é preciso uma estratégia, que continua a ser quase inexistente”, conclui o autor.

Nesse sentido, Pedro Galinha considera que “seria bom explorar, cada vez mais, as redes de empresários chineses radicados em Portugal, que têm ligações às regiões de origem e até desempenham cargos em conselhos consultivos”.

O autor da tese de mestrado conta que decidiu partir para a investigação dada a inexistência de estudos sobre esta matéria. “É necessário criar um debate e massa crítica para as questões da China. Seria essencial promover as relações sino-portuguesas e, em concreto, a Parceria Estratégica Global a diferentes níveis: empresarial, cultural e académico”, contou.

Na conclusão da dissertação lê-se que, para Portugal, “a entrada de capital chinês cumpre uma necessidade imediata de liquidez”, dada a crise económica que levou à venda de capital de empresas públicas como a REN ou a EDP. Além disso, “é apontada a falta de reciprocidade, isto é, a dificuldade das empresas portuguesas em aceder ao mercado da República Popular da China (RPC)”.

Do lado chinês a postura é totalmente diferente. Luís Amado, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal por um longo período de tempo entre 2005 e 2015, disse ao autor da tese que constatou “uma consistente e progressiva ambição” da China face a Portugal.

“Isso é fruto de uma estratégia, assente em políticas centrais, como a internacionalização das empresas privadas ou estatais. Os interesses chineses em Portugal estão alinhados com as directrizes do Ministério do Comércio da China: energia, ambiente, seguros e saúde. Aqui, vemos a diversificação do investimento no estrangeiro, em áreas que correspondem ao interesse interno chinês”, explicou Pedro Galinha.

O trabalho de investigação concluiu também que “as aquisições e fusões de empresas europeias por grupos chineses configuram uma estratégia de médio-longo prazo, diferente do peso do turismo ou da compra de imóveis”.

O autor não deixa, no entanto, de notar o surgimento de algumas estruturas associativas que tentam promover as relações entre Portugal e a China. “O número de associados da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa tem crescido. Há ainda espaço para o surgimento de estruturas como a Associação de Jovens Empresários Portugal-China.”

Há, no entanto, uma lacuna na área cultural, sobretudo na área da sinologia, observa o autor. “O Observatório da China vai desenvolvendo algum trabalho, mas, por outro lado, deixou de ser organizado o Fórum Internacional de Sinologia, após a morte da investigadora e principal impulsionadora da iniciativa, Ana Maria Amaro.”

Investimento sem mais emprego

Os anos de uma crise económica mais acentuada que se viveram em Portugal tiveram algumas consequências nos resultados práticos da implementação da Parceria Estratégica Global.

“É muito difícil estabelecer uma relação causa-efeito entre a assinatura da Parceria Estratégica Global e o aumento do investimento chinês em Portugal. A crise financeira foi o factor-chave nesse fenómeno”, concluiu Pedro Galinha.

Isto apesar das “empresas chinesas terem apresentado as propostas mais vantajosas, o que, de certa forma, legitimou a entrada no mercado português”.

Apesar dos inúmeros e estratégicos investimentos efectuados, estes não se traduziram em mais postos de trabalho em Portugal, que continua a sofrer com uma elevada taxa de desemprego.

“É visível que os investimentos não corresponderam a mais emprego em Portugal. Essa é uma área que deve ser aprofundada a um alto nível”, frisou Pedro Galinha.

O autor, que alerta para o facto do Porto de Sines “se perspectivar como o grande dossiê no futuro”, defende que “os responsáveis políticos portugueses devem procurar captar investimento em indústrias transformadoras ou na agricultura”.

Uma relação “sem atritos”

Para analisar a posição da China no contexto da relação com Portugal, Pedro Galinha consultou uma publicação anual do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China “que detalha o estado das relações com os vários Estados”.

“Pequim tem reafirmado a importância e o interesse em aprofundar a Parceria Estratégica Global sino-portuguesa, reconhece o sucesso do processo de transferência de poderes de Macau, refere-se a Portugal como potência histórica e ponte para a lusofonia.”

Contudo, para que esta relação bilateral funcione, é “absolutamente essencial a inexistência de atritos”. “Ao longo do tempo Portugal tem reafirmado a defesa do princípio de ‘Uma só China’”, acrescentou Pedro Galinha.

“Não constituem polémica os temas mais sensíveis na relação com a União Europeia, como os direitos humanos, a situação no Tibete ou a autonomia de Taiwan. Isto deveu-se à não interferência dos sucessivos Governos portugueses nas questões internas da RPC”, lê-se na conclusão.

O embargo das armas

Pedro Galinha fez ainda referência a questões como o embargo de armas da União Europeia à China, e que não tem sofrido qualquer desenvolvimento. “Persistem questões como o embargo de armas à RPC, que vigora desde 1989, e o estatuto de economia de mercado da China. No texto da Parceria Estratégica Global Lisboa declarou apoio para discutir os temas, mas ainda não foi atingido qualquer resultado”, aponta.

O autor adianta também que “é possível afirmar, através deste tipo de acordo, que Pequim tenta enfraquecer a existência de uma frente unida europeia”. “Procura evitar posições coordenadas em assuntos sensíveis, que também se estendem à implementação dos pactos internacionais em matéria de direitos humanos”, lê-se ainda na conclusão da tese.

Ao assinar com a China a Parceria Estratégica Global, Portugal adquiriu “uma posição de realce, visto que é o nível mais elevado, atribuído por Pequim, numa relação bilateral ou multilateral”, lê-se na conclusão da tese de mestrado.

O documento levou a “uma actualização do relacionamento notória, com o alargamento da cooperação nas áreas político-diplomática, comercial e de investimento”. Houve ainda uma intensificação dos contactos bilaterais “visível no aumento do número e estatuto das visitas de alto nível”.

Contudo, antes de 2005 as relações dos dois países sofreram altos e baixos. Primeiro, Portugal não reconheceu a República Popular da China quando esta foi estabelecida, em 1949, tendo reatado a relação com o país em 1979. Entre essa data e 1999 “o futuro da administração de Macau e a negociação dos termos da transferência de poderes dominaram os contactos”. Depois de 1999, e antes da assinatura da Parceria Estratégica Global, só a criação do Fórum Macau, em 2003, foi um marco importante.

 

 

“Fórum Macau está à mercê da iniciativa chinesa”

Apesar da tese de mestrado não se focar no funcionamento do Fórum Macau, como o próprio autor faz questão de frisar, a verdade é que no contexto da Parceria Estratégica Global a entidade sediada na RAEM assume importância. 

“Apesar de Portugal ter know-how nas áreas referidas [educação, formação, agricultura], o Fórum Macau está à mercê da iniciativa chinesa. Os resultados do Fórum Macau são de difícil mediação, já que as relações de cada Estado-membro com a RPC antecedem o surgimento desta plataforma multilateral”, aponta o autor na conclusão da dissertação.

Ainda assim, Pedro Galinha assume que “o principal papel que tem [o Fórum Macau] passa pela formação de quadros e pelo intercâmbio de profissionais”. Em relação ao Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa, que terá a sua sede transferida de Pequim para Macau, “continua a ser demasiado burocrático e dependente do lado chinês”. Características que também estão associadas “a toda a dinâmica do Fórum Macau”.

Pedro Galinha adiantou ainda que Pequim “tem defendido o estabelecimento de cooperações trilaterais, enquadradas no Fórum Macau, com China, Portugal ou Brasil e um país terceiro”. Apesar disso, trata-se de “uma ideia repetida, sem desenvolvimentos”, sendo que, “a confirmar-se, está sempre dependente de Pequim”.

“Do lado dos países africanos e de Timor-Leste poderá existir alguma resistência. Já Portugal ou o Brasil não estão muito interessados em passar know-how porque já sentem muita competição chinesa no terreno. Será difícil criar uma convergência de interesses”, concluiu o autor da tese.

Transição: “Portugal não protegeu os seus interesses em Macau”

Pedro Galinha recorda, na conclusão do seu trabalho académico, que o dossiê Macau acabou por revelar “falta de experiência [da parte de Portugal] para lidar com a China”. Isto após 1987, data em que foi assinada a Declaração Conjunta e em que se iniciou um longo processo de negociações sobre a transição de poderes do território.

D.R.

“Durante as negociações Portugal não incluiu qualquer representante ou residente de Macau e revelou, mais uma vez, falta de experiência para lidar com a China”, assumiu Pedro Galinha, que lembrou também que, “numa fase inicial dos contactos [a partir de 1979], a parte portuguesa revelou falta de experiência em lidar com as questões da China”. Isto porque “os contactos passaram sempre por Macau.

No que diz respeito ao processo de transferência de soberania, Pedro Galinha defendeu que “a postura de Lisboa evitou conflitos, permitindo a Pequim definir a agenda”.

“Entre os principais temas que conduziram a um impasse estiveram a data da transferência e a questão da nacionalidade de entre 80 a 100 mil chineses de Macau que possuíam passaporte português. No final, Portugal não protegeu os seus interesses em Macau.”

Isto porque “a maior parte dos quadros qualificados nacionais não ficou na máquina da administração e os macaenses não foram apoiados para ocupar cargos de topo antes da transferência de poderes”. Além disso, “o êxodo de outros profissionais também foi uma realidade”, concluiu o autor do trabalho de investigação.

28 Dez 2017

Activista condenado a oito anos de prisão por subversão

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou ontem o activista Wu Gan, conhecido por denunciar injustiças, a oito anos de prisão por subversão contra o Estado. O Tribunal Popular Intermediário n.º 2 de Tianjin, cidade a cerca de 200 quilómetros a sudeste de Pequim, declarou Wu culpado de subversão contra o Estado e anunciou a sentença de oito anos de prisão.

Conhecido na Internet pelo nome “Super Carniceiro Vulgar”, Wu vai recorrer da sentença, anunciou o advogado Ge Yongxi. Depois da leitura da sentença, o activista disse “estar grato ao partido por lhe conceder tão sublime honra”, acrescentou Ge. “Vou manter-me fiel à nossa aspiração original, arregaçar as mangas e fazer um esforço extra”, afirmou Wu, usando as frases mais conhecidas do Presidente chinês, Xi Jinping, quando pede aos membros do Partido Comunista Chinês para melhorarem o seu trabalho.

O julgamento de Wu Gan começou a 14 de Agosto último. A última detenção de Wu ocorreu em Agosto de 2016, altura em que o activista acusou as autoridades de o terem torturado. Wu Gan foi detido pela primeira vez em Maio de 2015, na sequência de um protesto em Nachang (sudeste) contra a detenção e tortura de quatro homens que as autoridades queriam que admitissem um crime. Os quatro foram absolvidos no ano passado.

O activista também trabalhou como assistente administrativo da firma de advogados Fengrui em Pequim, conhecida por trabalhar em casos sensíveis, como por exemplo, na defesa das vítimas do leite em pó contaminado com melamina, em 2008.

A firma acabou por se tornar central na campanha das autoridades contra advogados e activistas dos direitos humanos, em Julho de 2015, durante a qual foram detidas e interrogadas cerca de 300 pessoas. Muitas foram libertadas posteriormente.

Wu tornou-se conhecido em 2009 quando denunciou o caso de uma jovem, Deng Yujiao, que matou um político local que tentou abusar sexualmente dela. O caso tornou-se muito mediático e inspirou parte do filme “Um Toque de Violência” do realizador chinês Jia Zhangke, cujo argumento foi premiado no Festival de Cannes de 2013.

27 Dez 2017

Paulo Duarte defende inclusão de Sines na iniciativa Uma Faixa, Uma Rota

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] académico português Paulo Duarte defendeu que Portugal deve persuadir a China a incluir o porto de Sines na “Nova Rota da Seda”, um gigantesco projecto de infra-estruturas inspirado nas antigas vias comerciais entre Ásia e Europa. “Devemos mostrar à China que na faixa e rota os comboios não terminam em Madrid, mas em Lisboa ou Sines”, disse o autor do primeiro livro em português sobre a iniciativa “Nova Rota da Seda”.

Doutorado em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade Católica de Louvaina, Paulo Duarte desenvolveu em Taiwan, Ásia Central e República Popular da China a investigação que deu origem à obra “Faixa e Rota Chinesa – A Convergência entre Terra e Mar”. Lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a “Nova Rota da Seda” inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, e então percorridas por caravanas. Um dos principais objectivos é criar uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Pequim e Londres, que demoraria 48 horas a percorrer.

Gao Zhikai, antigo intérprete do líder chinês Deng Xiaoping e mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Yale, considerou a “Nova Rota da Seda” uma “nova forma de pensar o desenvolvimento” e “combater a pobreza”, ao “complementar a falta de conectividade entre países”. “Mesmo na Europa, os problemas de pobreza estão ligados à falta de desenvolvimento ou a um desenvolvimento que não foi estruturado de forma racional”, comentou à Lusa.

No conjunto, o Banco de Desenvolvimento da China estima um investimento total de 900 mil milhões de dólares, distribuído por 900 projectos.

A ligação ferroviária mais longa e já em funcionamento vai desde Yiwu, um ‘hub’ comercial na costa leste da China, até Madrid, e atravessa o Cazaquistão, Rússia, Bielorrússia e Polónia, entrando na Europa central através da Alemanha. Lisboa tem insistido na inclusão de uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria a Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao Oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

“Em Sines, os comboios podem descarregar os contentores, que daí seguiriam para as Américas. Temos aqui uma grande potencialidade para desenvolver Sines”, apontou Paulo Duarte. Para o académico português, a iniciativa chinesa visa projectar o país asiático como um actor internacional inclusivo e responsável, “credibilizar o regime chinês” e “dar trabalho às empresas e trabalhadores chineses”. Surge também numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump rasgam compromissos internacionais sobre o clima, comércio ou migração, impelindo a China a assumir a vontade de liderar em questões internacionais.

“É uma mudança histórica na posição da China no mundo”, disse He Yafei, antigo vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros. “A Nova Rota da Seda combaterá a onda antiglobalização”, acrescentou, durante um fórum dedicado à iniciativa, realizado no mês passado em Zhuhai, no extremo sudeste da China.

Críticos do projecto chinês apontam, no entanto, os perigos para os Direitos Humanos e para o ambiente associados à exportação do modelo de desenvolvimento da China, e a contradição entre a retórica globalista de Pequim e a sua política interna.

Sob a direção de Xi, a China reforçou o combate à influência estrangeira na sociedade civil, meios académicos ou Internet, apontam organizações de defesa dos Direitos Humanos, enquanto Bruxelas e Washington criticam o país asiático pelas barreiras que impõe ao investimento estrangeiro em vários sectores.

No ‘ranking’ da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que avalia a abertura ao investimento directo estrangeiro, a segunda maior economia mundial ocupa o 59.º lugar, entre 62 países.

27 Dez 2017

Fundo chinês ajuda no desenvolvimento da África

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante os últimos dez anos, um fundo de desenvolvimento chinês investiu biliões de dólares em África. Chi Jianxin, presidente do Fundo de Desenvolvimento China-África, disse à Xinhua que o fundo tem US$ 4,5 mil milhões para investir em 91 projectos em 36 países, com mais de US$ 3,2 mil milhões já destinados. “Após a conclusão de todos os projectos, o fundo colocará mais de US$ 20 mil milhões das empresas chinesas na África”, assinalou Chi.

Para apoiar as empresas na África, o fundo foi estabelecido em 2007 depois da Cimeira de Pequim 2006 do Fórum de Cooperação China-África. A escala inicial do fundo era US$ 5 mil milhões, mas o volume expandiu para US$ 10 mil milhões em 2015. Investiu-se nas áreas de infra-estrutura, cooperação da capacidade de produção e agricultura.

Quando forem concluídos, os projectos produzirão 11 mil camiões, 300 mil aparelhos de ar condicionado, 540 mil frigoríficos, 390 mil televisões e 1,6 milhão de toneladas de cimento todos os anos, aumentando as exportações da África em US$ 2 mil milhões e a receita tributária em US$ 1 mil milhões anualmente, segundo Chi.

“Diferente à assistência ou empréstimos, o fundo leva mais capital à África com o seu próprio investimento”, acrescentou. “A medida é bem recebida, pois permite que os países impulsionem os projectos sem crescimento da carga de dívida e aumentem sua própria capacidade de desenvolvimento”, disse Chi.

Nos últimos anos, a África goza de uma situação política geralmente estável com um rápido crescimento económico, mais residentes urbanos e consumidores de classe média, e uma maior procura pelas mercadorias de consumo. Muitos países africanos têm vantagens geográficas, baixo custo de mão-de-obra e um bom ambiente de comércio. “A infra-estrutura, manufactura e campos agrícolas da África continuam com um desenvolvimento saudável e têm um enorme potencial, portanto, estamos confiantes nas possibilidades”, disse Chi.

O fundo planeia fazer mais investimento e destinar mais capital a África sob a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota e as políticas chinesas sobre a cooperação internacional em capacidade de produção e manufactura de equipamento.

No processo, o fundo permanece uma atitude aberta para a cooperação com os países não africanos e as organizações internacionais, pois considera o desenvolvimento africano como a responsabilidade conjunta da comunidade internacional, assinalou Chi.

27 Dez 2017

Coreia do Norte prepara novo lançamento de satélite

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte está a preparar um novo lançamento de satélite, apesar das novas sanções das Nações Unidas, noticiou ontem um jornal sul-coreano. Um nono pacote de sanções foi aprovado na passada semana pelo Conselho de Segurança da ONU para obrigar Pyongyang a renunciar aos programas nuclear e de armamento e também aos lançamentos de satélites que, de acordo com alguns peritos, constituem um disfarce para o desenvolvimento de mísseis.

“Soubemos recentemente, através de diferentes canais, que o Norte concluiu um novo satélite denominado ‘Kwangmyongsong-5′”, disse uma fonte governamental ao diário Joongang Ilbo. “O projecto é colocar em órbita um satélite equipado com câmaras e instrumentos de telecomunicações”, acrescentou.

De acordo com o jornal sul-coreano, os serviços secretos da Coreia do Sul acreditam que este satélite possa ser lançado a partir de uma plataforma móvel e não do local habitual de Sohae. Este artigo foi publicado um dia depois de um texto no Rodong Sinmun, órgão oficial do partido no poder na Coreia do Norte, reafirmar o direito de Pyongyang a lançar satélites.

O diário do Norte sublinhou que os lançamentos norte-coreanos de satélites “respeitam totalmente” a Carta da ONU e o direito internacional relativo aos programas espaciais, e indicou, a título de exemplo, o recente lançamento de um satélite argelino.

A 3 de dezembro, o Rodong Sinmun tinha defendido a “natureza pacífica” do programa espacial norte-coreano e, a 10 de dezembro, garantiu que todos os países tinham o direito de desenvolver um programa espacial. Em Outubro passado, o embaixador adjunto da Coreia do Norte na ONU, Kim In-ryong, tinha afirmado que o seu país seguia um plano de quatro anos (2016-2020) de desenvolvimento de “satélites para contribuir para o progresso económico e melhoria das condições de vida da população”.

O responsável acrescentou que a Coreia do Norte “tinha entrado na fase de desenvolvimento prático dos seus satélites” com a colocação em órbita, em Fevereiro de 2016, do ‘Kwangmyongsong-4’. Após anos de sucessivos fracassos, a Coreia do Norte conseguiu, em dezembro de 2012, colocar um satélite em órbita.

O jornal russo Rossiyskaia Gazeta citou há algumas semanas um perito militar russo que afirmou esperar o lançamento de dois satélites norte-coreanos, um de comunicações e outro de observação da Terra. Vladimir Khrustalev fez estas declarações no regresso de uma visita de uma semana à Coreia do Norte, em meados de Novembro, durante a qual esteve reunido com responsáveis da agência espacial norte-coreana.

27 Dez 2017