Milhões de deslocações marcaram o Dia Nacional

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China celebrou no domingo o seu Dia Nacional, em que se comemorou o 68.º aniversário da fundação da República Popular, com milhões de deslocações que marcam o início da chamada ‘Semana Dourada’ de feriados. A Administração Nacional de Turismo da China estima que, ao longo destes oito dias de festividades, se registem cerca de 710 milhões de deslocações, mais 10% do que em 2016.

Segundo os cálculos do organismo, os cidadãos da segunda economia mundial vão gastar nestes dias 90.000 milhões de dólares, o que representa mais 12% do que no mesmo período do ano passado.

As vias de saída das principais cidades entraram em colapso no início do fim de semana e há vários dias que estão esgotados os bilhetes de comboio e autocarros para os trajetos mais populares dentro do território nacional: Pequim, Xangai e Hangzhou. Fora da China, os destinos favoritos são Tailândia, Singapura e Japão.

O Ministério dos Transportes calcula que durante esta semana se registem 560 milhões de deslocações por estrada, 70 milhões por dia, o que fará aumentar o trânsito em 10% em relação a 2016.

As deslocações por via fluvial ou marítima também devem aumentar 5%, chegando a 16 milhões. Já as deslocações por comboio devem superar as 150 milhões.

Um dos maiores atrativos das celebrações do Dia Nacional aconteceu na capital com a cerimónia do içar da bandeira, que todos os dias acontece na praça de Tiananmen, mas que domingo reuniu mais de 15 mil pessoas.

5 Out 2017

Tailândia | Amnistia Internacional pede mais atenção aos refugiados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional (AI) pediu ontem ao Governo da Tailândia uma maior atenção aos refugiados, num momento em que mais de 480.000 membros da maioria muçulmana rohingya fugiram para o Bangladesh para escapar à violência no Myanmar.

A directora de Assuntos Globais da AI, Audrey Gaughran, afirmou, em comunicado, que as autoridades tailandesas devem servir de exemplo na região com a adopção de políticas que protejam os refugiados, em vez de os expulsar ou impedir a sua entrada no país.

“O Governo tailandês deve garantir a segurança daqueles que procuram amparo internacional na Tailândia”, disse Gaughran.

“Ao mesmo tempo que se deve felicitar o Governo tailandês por acolher centenas de milhares de refugiados há décadas (…) é preciso substituir a retórica pela acção”, acrescentou.

A Tailândia tem 102.000 refugiados birmaneses em nove campos instalados junto à fronteira com o Myanmar, segundo dados do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A AI pediu ao Conselho de Segurança, na quarta-feira, que avance com um embargo de armas e outras medidas para o país parar aquilo que apelidou de “limpeza étnica” contra a população civil rohingya no Myanmar.

Cerca de 480.000 rohinyas fugiram para o Bangladesh desde o início da violência, em 25 de Agosto, no estado de Rakain (anteriormente Arakan) no oeste do país, segundo dados divulgados pela ONU.

O Programa Alimentar Mundial garantiu a distribuição de alimentos para estes refugiados até Novembro.

Outras vítimas

Além dos rohingyas, também a minoria hindu em Rakain foi vítima de violência desde que os rebeldes do Exército de Salvação do Estado Rohingya (ARSA) atacaram 30 postos de controlo das forças de segurança, a 25 de Agosto.

Segundo o exército birmanês, foram recolhidos 52 cadáveres e 192 pessoas foram dadas como desaparecidas, todos birmaneses da minoria hindu, em Rakian, onde os militares mantêm uma operação para anular os rebeldes.

O Myanmar estreou em 2016 o primeiro governo democrático – após quase meio século de ditadura militar -, liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que esteve mais de 15 anos em prisão domiciliária por exigir a democracia no país.

Embora Suu Kyi, muito criticada pela “crise rohingya”, lidere a nação, as Forças Armadas mantêm as áreas da Defesa, Interior e Assuntos Fronteiriços, mais um quarto dos assentos nos parlamentos nacionais e regionais, entre outros privilégios que foram reservados na Constituição de 2008.

29 Set 2017

Hong Kong | Morre multimilionário que ajudou a repatriar milhares de timorenses

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m multimilionário e filantropo de Hong Kong que em 1999 ofereceu a Timor-Leste um navio usado para repatriar da Indonésia milhares de refugiados leste-timorenses morreu na semana passada aos 91 anos, informou a família.

Eric Edward Ho Tung, que nasceu em 1926 e foi nomeado embaixador itinerante de Timor-Leste em 2002, era neto do empresário Robert Ho Tung e filho de Edward Ho Tung e da sua mulher a irlandesa Mordia O’Shea.

“Era um amigo de Timor-Leste que em 2000-2003 despendeu milhões de dólares para ajudar no repatriamento de mais de 100 mil refugiados timorenses de Kupang para Díli num navio que ele comprou para o efeito”, recordou à Lusa o ministro timorense José Ramos-Horta, que em 2002 o nomeou embaixador itinerante de Timor-Leste.

Neto de um conhecido filantropo, Robert Ho Tung, que no século passado ofereceu uma biblioteca a Macau, Eric Ho Tung ajudou a libertar bispos e padres que estavam detidos no Vietname e na China, tendo apoiado a Ordem de Malta e institutos de ensino em vários locais do mundo.

Através de uma fundação que criou, Eric Ho Tung começou a ter conhecimento do que se passava em Timor-Leste nos anos finais da ocupação indonésia – depois de contactos com o Duque de Bragança – tendo desde então apoiado vários projectos da resistência e da igreja timorenses.

Pai de cinco filhos e três filhas do seu casamento com a norte-americana Patricia Anne Shea, Eric Ho Tung ficou conhecido em Timor-Leste quando, em Dezembro de 1999, ofereceu um navio que permitiu repatriar mais de 15 mil refugiados que estavam na Indonésia.

A violência de Setembro de 1999, depois do anúncio do resultado do referendo em que os timorenses escolheram a independência, reavivou o interesse que Eric Ho Tung já tinha demonstrado para com a questão de Timor-Leste, tendo nessa altura voltado a contactar o Duque de Bragança para saber “qual era a melhor maneira de ajudar os timorenses”.

A ideia do navio surgiu para preencher as carências que se sentiam em questões de acesso à ilha, já que a maior parte dos transportes estavam nessa altura dependentes das forças militares australianas.

Comprado à marinha australiana e com plataforma para helicópteros, o navio, de 2.500 toneladas e cem metros de comprimento, tinha salas de assistência médica para poder circular a ilha e prestar apoio médico às populações costeiras.

À chegada a Díli a 11 de setembro de 1999 Hotung explicou à Lusa que a oferta do navio era “como um tributo à coragem dos timorenses” que apesar “de todas as ameaças e das consequências votaram pela independência”.

Os primeiros refugiados foram repatriados de Timor Ocidental a bordo do Patricia Anne Ho Tung, o nome do navio que um ano depois já tinha transportado mais de 10 mil pessoas.

Percurso de vida

Natural de Hong Kong, Eric Ho Tung foi viver para Xangai com o pai quando era criança, estudou no Colégio S. Francisco Xavier e regressou a Hong Kong na 2ª Guerra Mundial, altura em que trabalhou nas urgências do Hospital Tung Wah.

Quando Hong Kong foi ocupado pelos japoneses em Dezembro de 1941, Ho Tung foi enviado de novo para Xangai onde esteve em prisão domiciliária, acabando, em 1947, por viajar para os Estados Unidos para estudar.

Depois das mortes do avô em 1956 e do pai em 1957, Eric Ho Tung regressou a Hong Kong onde assumiu o controlo das empresas da família, especialmente nas áreas imobiliária, financeira e de importação e exportação.

Começou a trabalhar no mundo diplomático na década de 80 do século passado, aproveitando os contactos que tinha na China e nos Estados Unidos, ampliando vários programas de apoio que financiaram o estudo a muitos estudantes de Hong Kong no estrangeiro.

29 Set 2017

Pequim | Palestina integrada na Interpol como estado-membro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) aprovou ontem a entrada da Palestina no organismo com o apoio dos estados-membros, segundo fontes da delegação palestiniana.

A votação, que se realizou durante a 86.ª Assembleia-Geral da agência internacional que decorreu nos últimos dias em Pequim, contou com o apoio de 75 Estados-membros.

No entanto, durante a votação 34 países abstiveram-se e outros 24 votaram contra, entre eles Israel e os Estados Unidos, que se opuseram desde o primeiro momento à entrada da Palestina na Interpol.

A última tentativa para conter a entrada da Palestina no organismo aconteceu na terça-feira quando os EUA apresentaram uma moção para travar o processo de admissão, que não foi aprovado pelos outros Estados-membros.

A Palestina já tinha tentado integrar a Interpol durante a anterior Assembleia-Geral que decorreu em Bali, na Indonésia, quando a votação sobre a admissão foi suspensa.

Na altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a polícia israelita mostraram-se satisfeitos com a decisão, que consideraram um “triunfo para a diplomacia de Israel”.

A Palestina, que em 2012 foi admitida “como Estado observador” na ONU, esperava integrar a Interpol como parte da sua estratégia para conquistar o reconhecimento internacional face à estagnação do processo de paz com Israel e à falta de perspectiva de um acordo entre as partes.

Em 2011, a Palestina foi admitida como membro da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e em 2015 do Tribunal Penal Internacional.

A Assembleia-Geral da Interpol aprovou também a entrada das Ilhas Salomão. O Kosovo, que também tinha pedido a adesão, retirou a candidatura na terça-feira por falta de apoio.

Com a entrada da Palestina e das Ilhas Salomão, a organização fica composta por um total de 192 membros.

28 Set 2017

Saúde | Pequim investe em força no combate à Sida

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo central da China destinou 4,6 mil milhões de yuans  para o controlo e tratamento do HIV/Sida em 2016, informou na terça-feira Wang Guoqiang, sub-director da Comissão Nacional da Saúde e do Planeamento Familiar.

A China estabeleceu uma rede inicial de serviços preventivos, em que os departamentos do governo tomam a iniciativa e o público também participa, disse Wang.

A rede, que abrange tanto áreas urbanas como rurais, inclui testes de HIV, tratamento e observações de seguimento para evitar que os pacientes infectados transmitam o vírus, disse Wang na Conferência Nacional 2017 sobre o HIV/Sida, realizada em Guangzhou, na Província de Guangdong.

Wang, também director da comissão de prevenção e controlo do HIV/Sida do Conselho de Estado, disse que a China evitou quase de forma completa a transmissão do HIV mediante as transfusões sanguíneas ilegais, o uso compartilhado de seringas e contágios de mãe para filho.

Tristes números

De acordo com dados oficiais, até ao final de Junho a China tinha cerca de 420 mil pessoas contagiadas com o HIV e 300 mil pacientes de Sida. Mais de 221 mil pessoas morreram pelo vírus desde que há registos.

Han Mengjie, do Centro para Controlo e Prevenção de Doenças, calcula que entre 20% e 30% dos pacientes do HIV/Sida não sabem que estão infectados ou não reportaram, e advertiu que o controlo do síndrome continua a ser um desafio.

Han assinalou que as relações sexuais sem protecção tornaram-se no principal meio de transmissão, e que o vírus se propaga entre as populações idosas, jovens e de homossexuais.

“A prostituição e as actividades sexuais estimuladas pelo abuso de drogas e aplicativos de redes sociais representaram ameaças para o controle do HIV/Sida”, indicou Han.

Enquanto o governo põe ênfase na prevenção do HIV/Sida, os cientistas procuram avanços no tratamento.

Wang Fusheng, especialista em controlo de epidemias da Academia Chinesa de Ciências, dirige uma investigação sobre terapia de imunocitos. Diferente dos tratamentos antivirais convencionais, a equipa de Wang estuda as deficiências imunológicas depois de afectado o  CD4, uma glicoproteína descoberta na superfície das células imunes.

Os pacientes que participaram na terapia apresentaram menos sintomas ou sintomas sob controlo em menos de duas semanas. O número de células CD4 dos seus corpos restauraram-se e o peso aumentou de maneira significativa, disse Wang.

O número de células CD4 é um indício da saúde do sistema imunológico. O número normal de células CD4 varia entre 500 e 1.600 por milímetro cúbico num adulto saudável. O HIV debilita o sistema imune ao danificar as células CD4 em funcionamento.

“Já tratamos 25 pacientes e a investigação continua”, disse o especialista.

28 Set 2017

Ex-primeira-ministra tailandesa condenada a cinco anos de cadeia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ex-primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra foi ontem condenada à revelia a cinco anos de cadeia por negligência num programa de ajudas de arroz que causou perdas milionárias durante o seu mandato (2011-2014).

A sentença que condena Yingluck, que se encontra no exílio depois de ter fugido do país no final de Agosto, foi pronunciada unanimemente por nove juízes do Tribunal Supremo, que anunciaram a emissão de um mandado de captura contra a ex-governante.

Yingluck, que enfrentava uma pena máxima de dez anos de prisão, manteve a sua inocência desde o início do julgamento e disse que a acusação tinha motivos políticos e estava relacionada com a junta militar que governa a Tailândia desde 2014.

Antes que seja tarde

A ex-primeira-ministro fugiu do país uns dias antes da audiência programada para 23 de Agosto, na qual o Supremo previa emitir a sentença, que acabou adiada para ontem devido à não comparência da réu.

De acordo com fontes familiares, Yingluck fugiu para o Dubai, onde o irmão e ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra também está no exílio.

Os juízes decidiram que a ex-líder é culpada de não supervisionar o plano de apoio ao arroz, o que, de acordo com a comissão anti-corrupção, causou prejuízos de18,3 milhões de dólares e fomentou a corrupção.

A ex-chefe de governo foi deposta após uma controversa decisão do Tribunal Constitucional, em que foi acusada de abuso de poder por influenciar a libertação de um alto funcionário poucos dias antes de o exército assumir o poder, no golpe em 22 de Maio de 2014.

Yingluck chegou ao governo em 2011, depois de ganhar por maioria absoluta à frente do Pheu Thai, um dos partidos criados por Thaksin, que também foi deposto por golpe de estado em 2006 e condenado em 2008, à revelia, a dois anos de prisão por abuso de poder.

28 Set 2017

China | Antigo presidente da câmara de Tianjin a 12 anos de prisão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] antigo presidente da câmara de Tianjin, na costa norte da China, foi condenado na segunda-feira a 12 anos de prisão por aceitar subornos, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua.

Huang Xingguo, presidente do município entre 2007 e 2016, recebeu subornos num valor superior a 40 milhões de yuan, entre 1994 e o ano passado, de acordo com um tribunal de Shijiazhuang (norte).

O antigo presidente da câmara oferecia a promoção e requalificação de terrenos, a troco de dinheiro, que por vezes era entregue através de terceiros, indicou o tribunal.

A sentença, que inclui uma multa de três milhões de yuan, é inferior à pena inicialmente pedida pelo procurador.

Huang confessou os crimes, “mostrou arrependimento”, ajudou a recuperar os ganhos ilegais e deu informações que ajudaram na investigação de outros arguidos, justificou o tribunal.

A investigação a Huang começou em Setembro de 2016, quando foi afastado do cargo. Em Janeiro, foi expulso do Partido Comunista Chinês e o caso entregue às instâncias judiciais.

Huang era presidente da câmara de Tianjin quando explosões nas instalações químicas da zona portuária da cidade provocaram pelo menos 173 mortos e cerca de 800 feridos.

Após ascender ao poder em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou a maior campanha anticorrupção de que há memória na China.

Mais de um milhão de membros do Partido Comunista Chinês foram, entretanto, punidos, entre os quais mais de uma centena de quadros dirigentes, alguns dos quais ministros.

27 Set 2017

China | Governo diz que guerra com Estados Unidos não teria vencedores

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês afirmou ontem que um hipotético conflito armado entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte “não teria vencedores e seria uma tragédia também para os países vizinhos” no nordeste asiático.

“A guerra de palavras entre a Coreia do Norte e os EUA chamou a nossa atenção, mas também vimos que os EUA negaram claramente que haja uma declaração de guerra”, disse ontem Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

“Esperamos que os Estados Unidos e a Coreia do Norte percebam que recorrer a uma solução militar nunca será uma opção viável, e que a provocação mútua apenas reforça o risco de confrontação, reduzindo o espaço de manobra”, acrescentou.

Lu disse que a China “desaprova totalmente esta escalada de tensões”.

O ministro norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, Ri Yong Ho, assegurou na segunda-feira, em declarações aos jornalistas em Nova Iorque, que os EUA declararam guerra ao seu país, que tem assim “todo o direito” de adoptar “contra-medidas” para se defender.

Ri referia-se às declarações do Presidente dos EUA, Donald Trump, na semana passada, assegurando que se Washington for “obrigado a defender-se a si mesmo e aos seus aliados, terá que destruir totalmente a Coreia do Norte”.

27 Set 2017

Segurança | China recebe Assembleia Geral da Interpol

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China recebe desde ontem a Assembleia Geral da Interpol, numa altura de preocupação sobre a neutralidade da organização face à possibilidade de ser usada por Pequim contra dissidentes e activistas.

No discurso que abriu a 86ª Assembleia Geral da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que a China quer trabalhar com outros países e organizações para alcançar a “segurança mundial”.

A organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch advertiu, no entanto, que a China tem usado “alertas vermelhos” da organização visando a detenção e extradição de dissidentes chineses.

A escolha de Meng Hongwei, vice-chefe do aparelho de Segurança chinês, que inclui tribunais, polícia e polícia secreta, para presidente da Interpol, no ano passado, provocou críticas de várias organizações internacionais, que citam os abusos e opacidade do sistema legal chinês.

A organização recordou o caso de Dolkun Isa, activista uigur, a minoria étnica chinesa de origem muçulmana que habita a região do Xinjiang, noroeste do país. A organização aponta que Isa tem tido dificuldades em viajar desde que o alerta foi emitido, há mais de dez anos.

A China frequentemente acusa activistas uigures de apoiar o terrorismo no Xinjiang, região que é palco recorrente de conflitos étnicos.

A HRW também menciona o activista Wang Zaigang, afirmando que se tornou alvo de um “alerta vermelho”, devido ao seu activismo a favor da democracia na China.

Peso e dúvidas

As detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos ocorridos no passado “geram preocupações de que quem é alvo de alertas da Interpol pela China corre o risco de sofrer torturas e maus tratos”, diz a organização.

O especialista em política chinesa Willy Lam afirma que a China tem usado o seu peso económico para influenciar grupos como a Interpol.

Lam apontou casos em que não é claro se se trata de corrupção ou retaliação contra quem acusa membros da liderança chinesa, como o bilionário chinês exilado nos Estados Unidos Guo Wengui.

Em Abril, Pequim anunciou que a Interpol emitiu um alerta vermelho contra Guo, por corrupção. As autoridades chinesas condenaram vários funcionários por fraude, em Junho, e abriram uma investigação a Guo por acusação de violação feita por uma antiga assistente.

Guo Wengui, que vive num apartamento de 68 milhões de dólares em Manhattan, deixou de ser visto em público em 2014, mas voltou recentemente a surgir nas redes sociais, afirmando ter informações comprometedoras para a liderança chinesa.

“A China converteu a Interpol noutro espaço para projectar o seu poder”, afirmou Lam. “Investiram muito na perseguição a fugitivos além-fronteiras, incluindo aqueles que são procurados por razões políticas.

27 Set 2017

Japoneses mataram 177 baleias este Verão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s japoneses mataram 177 baleias no Oceano Pacífico, ao largo da costa nordeste do arquipélago, durante uma missão de Verão “para fins científicos”, revelou ontem a Agência das Pescas.

Os três navios especializados que partiram em Junho, como planeado, capturaram 43 baleias Minke e 134 baleias boreais, disse a mesma fonte.

A agência defende que a caça à baleia é “necessária” para estimar o número de capturas potenciais a longo prazo e pretende “começar novamente a pesca comercial”, revelou à agência de notícias France-Presse Kohei Ito, um dos funcionários.

O Japão assinou a moratória da Comissão Baleeira sobre a caça à baleia, mas afirma praticá-la para realizar pesquisas, não só perto das suas costas no Pacífico, mas também na Antártida.

Esta posição é denunciada pelas organizações de defesa de cetáceos e por vários países, que consideram que Tóquio usa desonestamente uma exceção na moratória datada de 1986.

Até 2014, o Tribunal Internacional de Justiça ordenou a Tóquio que parasse a caça nas águas antárticas, pois não atendia aos critérios científicos exigidos.

O Japão cancelou a campanha de Inverno 2014-15 para retomar a caça à baleia no ano seguinte como parte de um programa modificado.

Batalha perdida

A Antártica foi o cenário de confrontos entre baleeiros japoneses e defensores de animais até que a organização ambiental Sea Shepherd anunciou no mês passado que estava a abandonar o assédio dos baleeiros japoneses no Grande Sul, reconhecendo as suas próprias limitações face ao poder marítimo japonês.

A Noruega – que não se considera vinculada pela moratória internacional de 1986, a que se opôs – e a Islândia são os únicos países do mundo publicamente comprometidos com a caça comercial.

O Japão, por sua vez, está a tentar provar que a população de baleias é grande o suficiente para sustentar a retomada da caça comercial.

O consumo de baleias tem uma longa história no Japão, um país de pesca onde os cetáceos são caçados há séculos. A indústria baleeira cresceu após a Segunda Guerra Mundial, levando proteínas animais para a população deste país.

No entanto, a procura dos consumidores japoneses pela carne de baleia diminuiu consideravelmente nos últimos anos, tornando duvidoso o sentido das missões baleeiras.

27 Set 2017

Pyongyang | EUA dizem apostar numa solução diplomática 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, afirmou ontem que o seu país quer uma solução diplomática para a situação de tensão com a Coreia do Norte, agravada nas últimas semanas.

“Nós mantemos a capacidade de dissuadir as mais perigosas ameaças da Coreia do Norte, mas também apoiamos os nossos diplomatas a fim de que esta questão se mantenha, tanto quanto seja possível, na arena diplomática”, declarou Mattis, durante uma conferência de imprensa em Nova Deli.

“Este é o nosso objectivo: resolver isto diplomaticamente e creio que o Presidente (Donald) Trump foi muito claro neste assunto”, acrescentou.

Mattis recordou os resultados dos “esforços diplomáticos” nas Nações Unidas e, particularmente, no Conselho de Segurança, cujas resoluções “aumentaram a pressão” económica e diplomática sobre a Coreia do Norte.

As declarações de Mattis foram proferidas depois do ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Ri Yong-ho, ter acusado na segunda-feira o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ter “declarado guerra” a Coreia do Norte durante o seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, na semana passada. Ri Yong-ho disse que o seu Governo reserva-se “ao direito de derrubar bombardeiros estratégicos norte-americanos, ainda que não estejam dentro do espaço aéreo” da Coreia do Norte.

Pyongyang foi objecto de sanções, tanto dos Estados Unidos, como da ONU por persistir no programa balístico e nuclear que desenvolve há mais de 10 anos, violando as disposições das Nações Unidas.

No domingo passado, a Casa Branca anunciou novas sanções, ao incluir a Coreia do Norte no grupo de oito países com restrições para poder viajar para os Estados Unidos.

27 Set 2017

Homem condenado por mensagem sobre Estado Islâmico

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal de Pequim condenou um homem a nove meses de prisão, por ter defendido a adesão ao grupo extremista Estado Islâmico (EI), numa aplicação de mensagens chinesa, noticiou ontem a imprensa local.
“Junta-te comigo ao EI”, foi a mensagem escrita, em tom de brincadeira, no Wechat, o Whatsapp chinês, indicou o jornal Diário do Trabalhador.
Segundo o jornal, o homem, identificado com o pseudónimo Zhang Qiang, respondia a um comentário de um outro membro do grupo sobre a sua foto de perfil: o rosto de Usama bin Laden, fundador e líder da organização terrorista Al-Qaida, morto em 2011.
Zhang, um trabalhador migrante radicado em Pequim, foi detido em Outubro de 2016, por alegadamente promover o terrorismo e o extremismo, segundo um relatório da polícia.
Em tribunal, o homem afirmou “estar muito arrependido do que disse”.
Depois de verificar o seu telemóvel e computador, a polícia não encontrou qualquer comentário semelhante.
As autoridades chinesas estão a reforçar o controlo sobre comentários nas redes e espaços de discussão ‘online’.
Este mês, a Administração do Ciberespaço da China publicou um regulamento, no qual estabelece que as empresas do sector devem verificar as identidades reais dos membros em grupos de conversação no espaço ‘online’.
O grupo no Wechat, no qual Zhang escreveu o comentário, tinha cerca de 300 membros.

26 Set 2017

Antigo presidente de regulador de seguros acusado de corrupção

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] órgão máximo anti-corrupção da China anunciou ontem que o antigo presidente da Comissão Reguladora de Seguros da China (CIRC) foi expulso do Partido Comunista (PCC) e o caso entregue às instâncias judiciais.

Segundo a Comissão Central de Disciplina e Inspeção do PCC, Xiang Junbo é acusado de aceitar subornos, entre outros crimes.

Xiang, que foi destituído e colocado sob investigação em Maio passado, torna-se assim no mais alto quadro da indústria financeira chinesa a ser atingido pela campanha anti-corrupção lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping.

O antigo presidente da CIRC e de um dos maiores bancos do país, o Agricultural Bank of China, era um dos 360 membros do Comité Central do PCC.

A campanha lançada por Xi, em 2013, resultou já na punição de mais de um milhão de membros do PCC, entre os quais vários dirigentes de empresas do Estado.

 

Debaixo de olho

 

A indústria seguradora chinesa tem estado sob vigilância, desde que, em 2015, a bolsa de Xangai caiu 30%, no espaço de três semanas.

Várias seguradoras são suspeitas de especulação com ações e imobiliário.

Uma empresa de seguros de vida foi proibida de negociar acções, enquanto o presidente de outra foi expulso da indústria e outros estão a ser investigados.

Os reguladores anunciaram que um dos objectivos este ano é reforçar a supervisão sob as praças financeira e os seguros para reduzir riscos financeiros.

O órgão anti-corrupção não avançou detalhes sobre o caso de Xiang, mas citou o “abuso na aprovação e supervisão”, uma possível referência a negligência em detectar má conduta por parte das seguradoras.

O presidente da seguradora Anbang, o multimilionário chinês Wu Xiaohui, que foi apontada como candidata à compra do Novo Banco, foi detido pelas autoridades em Junho passado.

O fundador e presidente do grupo Fosun, dono de várias empresas em Portugal, esteve também temporariamente detido pelas autoridades chinesas, no ano passado, “para participar de uma investigação”.

26 Set 2017

Filipinas | Rejeitadas recomendações da ONU contra “guerra antidroga”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s Filipinas rejeitaram as recomendações das Nações Unidas para investigar assassinatos extrajudiciais na polémica “guerra antidroga” e para desistir de restaurar a pena de morte, anunciou ontem o Governo chefiado pelo Presidente, Rodrigo Duterte.

Estas propostas figuram entre as 254 directivas recomendadas em Maio passado pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH) das Nações Unidas, das quais Manila só pretende acatar 103, disse, em conferência de imprensa, o porta-voz da presidência, Ernesto Abella.

O executivo filipino decidiu que recomendações aceitar e quais rejeitar “após uma consulta exaustiva com as partes interessadas” e “em linha com a política externa independente” das Filipinas, justificou.

Investigar os assassinatos extrajudiciais da “guerra antidroga” e permitir que a ONU inspeccione este caso, travar o processo de restauração da pena de morte e abandonar a redução da idade de responsabilidade criminal são as propostas mais importantes rejeitadas pelas Filipinas.

O Conselho de Direitos Humanos solicitou ao país estas medidas para combater a impunidade, após a multiplicação de denúncias da participação das forças de segurança em execuções extrajudiciais como parte da sangrenta cruzada contra a droga levada a cabo por Duterte.

No passado dia 11, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, afirmou-se “gravemente preocupado com o apoio do Presidente a uma política de matar os suspeitos” e com a “aparente ausência de investigações credíveis” das execuções.

A política dura de Duterte também prevê a redução da idade penal de 15 para nove anos e a restauração da pena de morte (abolida em 2006), decisões que estão a aguardar uma resolução final do congresso das Filipinas.

26 Set 2017

China | Pagar com dinheiro vivo é “coisa de antigamente”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma sociedade em que moedas e notas são obsoletas e tudo é pago via ‘carteiras digitais’ está a materializar-se rapidamente na China, impulsionando novos modelos de negócios e uma geração de consumidores mais autónomos.

Zhao Gang, um jovem chinês radicado em Pequim, não tem dúvidas: “No que toca a pagamentos móveis, a China está à frente do resto do mundo”.

À semelhança de milhões de compatriotas, Zhao há muito deixou de levar carteira quando sai de casa. O telemóvel basta-lhe.

Segundo a consultora iResearch, os pagamentos feitos via carteiras digitais na China atingiram, no ano passado, 5,5 biliões de dólares.

O fenómeno está a inspirar novos modelos de negócio, com impacto na rotina dos consumidores.

Para se deslocar para o trabalho, Zhao aluga uma das centenas de milhares de bicicletas hoje distribuídas pelas ruas de Pequim, fazendo a leitura do código QR com o seu telemóvel.

À hora do almoço, volta a alugar uma bicicleta e desloca-se até ao restaurante Renrenxiang, onde os pedidos e pagamentos são feitos via aplicativo Wechat e a refeição sai da cozinha num tapete rolante.

Lançado em Janeiro de 2011, pelo gigante chinês da Internet Tencent, o Wechat tem hoje quase mil milhões de utilizadores, segundo dados da empresa.

Liu Zheng, fundador do Renrenxiang, diz à agência Lusa que o seu modelo de negócio é a “tendência do futuro”.

“Noto que o perfil da mão-de-obra chinesa está a mudar muito”, diz Liu, que trabalhou vários anos no departamento de Recursos Humanos de uma das maiores empresas de telecomunicações da China.

“Nas grandes cidades, há cada vez menos pessoas dispostas a fazer trabalho manual e por salários baixos”, afirma.

Em 2015, a população em idade activa na China registou a maior contração de sempre – 4,87 milhões de pessoas -, enquanto o país relega gradualmente o papel de “fábrica do mundo” para outras nações asiáticas.

Quan Bin, cofundador de uma rede de lojas de conveniência sem atendimento, diz que uma das maiores vantagens dos pagamentos móveis é o ‘Big Data’, a análise dos dados dos consumidores, que permite moldar a oferta à procura.

“Logo a partir do momento em que o cliente faz o registo, temos acesso aos seus dados pessoais. Sempre que ele faz compras, o nosso sistema armazena e analisa o seu historial de consumo”, explica.

Nas lojas da Xiaomai, o cliente faz a leitura do código de barras e o pagamento com o telemóvel. A porta abre-se automaticamente, através de um sistema de reconhecimento facial.

Das contradições

Pequim apoia o fenómeno, que considera vital na transição para um modelo económico mais baseado no consumo e nos serviços, mas esforça-se para sufocar a liberdade criada pela internet através do “Grande Firewall da China”.

Aquele mecanismo censura sites como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer.

As versões electrónicas de vários órgãos de comunicação estrangeiros também estão bloqueadas no país, enquanto comentários nas redes e espaços de discussão ‘online’ são sujeitos a controlo das autoridades.

Em 65 países analisados pelo grupo de pesquisa Freedom House, a China tem a Internet mais fechada, abaixo do Irão e da Síria.

Para Liu Zheng, no entanto, a internet chinesa oferece um potencial único.

“Em mais nenhum outro país o meu negócio seria tão bem-sucedido”, atira. “Os serviços ‘online’ atingiram um nível de difusão ímpar na China”.

25 Set 2017

Pyongyang reúne milhares de pessoas em manifestação anti-americana

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhares de norte-coreanos participaram no sábado numa manifestação anti-americana convocada pelo regime de Pyongyang, em apoio ao líder Kim Jong Un, num momento marcado pela ‘guerra’ de palavras com Donald Trump, informou ontem a agência KCNA.

Segundo o texto divulgado pela agência estatal norte-coreana, mais de 100.000 pessoas participaram na concentração na praça Kim Il Sung, no centro de Pyongyang.

Durante o evento, foi lido na íntegra o comunicado de Kim Jong Un publicado na sexta-feira.

Nesse texto, o líder norte-coreano criticou o discurso de Trump na terça-feira na ONU, no qual o Presidente dos EUA ameaçava “destruir totalmente a Coreia do Norte”, e classificou Trump como um “louco”, lançando novas ameaças contra Washington.

Manifestantes marcharam com cartazes com ‘slogans’ como “vingança decisiva” e “morte para os imperialistas americanos” e entoaram palavras de ordem como “destruição total”, segundo a KCNA, citada pela Associated Press.

A multidão incluía trabalhadores, funcionários do regime e estudantes, segundo a KCNA.

Os contínuos testes de mísseis pela Coreia do Norte e a dura retórica usada por Washington após a chegada em Janeiro de Donald Trump à Casa Branca fizeram disparar este ano a tensão regional até níveis inéditos.

O mais recente episódio desta crise ocorreu no sábado, quando bombardeiros e caças norte-americanos voaram perto da costa da Coreia do Norte para enviar uma “mensagem clara” de que Washington dispõe de “opções militares” perante qualquer ameaça, informou o Pentágono.

Os Estados Unidos já enviaram este ano em várias ocasiões os seus aviões militares até perto da Coreia do Norte como demonstração de força.

25 Set 2017

Timor-Leste | Retidos navios chineses que pescaram tubarão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo timorense suspendeu ontem as licenças de uma frota de navios chineses apanhada a pescar tubarão em águas timorenses, enquanto conduz investigações para determinar se a empresa cumpriu todos os critérios legais.

O ministro da Agricultura e Pescas timorense, Estanislau da Silva, disse à Lusa que enquanto decorrem as investigações, conduzidas com base em informações fornecidas pelo Governo indonésio, “os navios estão proibidos de sair do porto de Carabela” na costa norte do país.

A decisão de suspensão deve-se, explicou, apenas a aspectos relacionados com a própria empresa e não ainda com a actividade de pesca em Timor-Leste, nomeadamente a captura de toneladas de tubarão confirmada numa rusga efetuada este mês.

“Recebemos informações detalhadas da Indonésia sobre a empresa e daí tomei a liberdade como ministro competente de suspender as actividades da companhia, no sentido de se fazer uma investigação detalhada sobre o registo dos barcos de pesca e a ligação da empresa com outros existentes que tenham estado envolvidos em actividades de pesca ilegal”, explicou o governante.

No essencial, disse, trata-se de determinar “se as embarcações estiveram envolvidas no passado em pesca ilegal”, algo que em Timor-Leste não é permitido, ou se “estão registadas em mais do que um país, algo que também não é permitido”.

Se os navios respeitaram, ou não, a licença que lhes foi concedida é outra questão que só será determinada depois de concluída uma investigação detalhada, que está actualmente a ser conduzida por técnicos do Ministério.

“Actualmente está no porto de Carabela a polícia de investigação juntamente com os responsáveis das pescas para averiguar com mais profundidade a veracidade das informações que recebemos. Se se tratar de crime serão tomadas outras medidas”, referiu.

Déjà vu

A acção do Governo surgiu depois da segunda polémica, este ano, com navios das empresas chinesas Hong Long Fisheries e Pingtan Marine Entreprises e que têm, desde meados de Novembro de 2016, uma licença de um ano para operar em águas timorenses.

No passado dia 8 de Setembro, os navios voltaram a ser apanhados a pescar tubarão durante uma operação conduzida em conjunto pela polícia timorense e pela organização ambiental Sea Shepherd.

A operação envolveu o navio Ocean Warrior da Sea Sheperd que com lanchas rápidas ajudou a transportar efectivos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) que efectuaram a rusga no interior das embarcações.

Já em Fevereiro, a Lusa tinha noticiado que os navios estavam a pescar ilegalmente tubarão, o que levou o Governo timorense a anunciar uma investigação interministerial que, em Abril, deliberou aplicar aos 15 navios uma multa de 500 dólares  cada.

Estanislau da Silva reconheceu que o “licenciamento de pescas à companhia chinesa Hong Long tem sido polémico, objecto de comentários e de suspeitas”, mas quando a licença foi concedida tudo estava dentro da lei.

“Na altura concedemos as licenças mediante a informação que nos foi submetida e com base nessa documentação e declarações da própria companhia decidimos atribuir a licença, mas acautelando sempre que devia cumprir as leis”, disse.

“Agora recebemos informação detalhada da Indonésia e por isso mandei suspender as actividades da companhia para se aprofundar as investigações nesta área. Comuniquei o caso ao primeiro-ministro esta manhã e alertei o ministro da Defesa e Segurança para não deixar nenhum barco sair do porto de Carabela”, sublinhou.

O ministro disse que, no caso da pesca do tubarão, o Governo fará respeitar a lista de espécies protegida, que é “muito abrangente” e inclui espécies cobertas pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora (CITES) e ainda as listadas na Indonésia e na Austrália.

Sem dó

O governante reconheceu ainda não se saber ao certo o que está a bordo e que só agora está a ser feita uma “inspeção detalhada”. A lei prevê medidas que vão desde coimas à apreensão de navios ou suspensão da licença, estando igualmente em curso uma investigação adicional conduzida pelo Ministério Público, acrescentou.

“Estamos muito empenhados em proteger os nossos recursos marítimos e não tomaremos meias medidas se verificarmos que houve violação ou não foi cumprida a lei”, garantiu.

O ministro admitiu que este caso mostrou a necessidade de reforçar os meios de Timor-Leste para “inviabilizar a pesca ilegal” nas águas timorenses que, garantiu, se reduziu com a presença dos navios chineses licenciados.

“Precisamos de ter meios reforçados de patrulha. Espero poder acionar mecanismos com os nossos vizinhos na Austrália e na Indonésia sobre esta questão”, disse.

“Temos que diversificar a nossa economia, mas não o podemos fazer em detrimento dos recursos naturais de que o país dispõe. Isso é uma preocupação muito grande do Governo. Vamos a todo o custo encontrar soluções que acomodem esses dois aspectos”, referiu ainda.

25 Set 2017

S&P reduz nota da dívida chinesa devido a ‘boom’ do crédito

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] agência de ‘rating’ Standard & Poor’s reduziu ontem a nota atribuída à dívida da China, de AA- para A+, e a alguns bancos cujas operações se concentram no país, devido a um ‘boom’ do crédito.

A S&P, que mantém uma perspectiva “estável” para a China, justifica o corte com o “prolongado período de forte crescimento do crédito, que aumentou os riscos económicos e financeiros” para o país.

A nota A+ é a sexta mais alta dentro do ‘rating’ [avaliação] atribuído pela S&P e situa-se no nível médio alto.

Várias instituições económicas internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), têm advertido Pequim para o rápido aumento da sua dívida corporativa.

Em Maio, outra agência de ‘rating’, a Moody’s, reduziu a nota atribuída à China.

A S&P tinha já avisado que poderia rever a nota, quando em Março de 2016 mudou a perspectiva de “estável” para “negativa”.

“Um prolongado período de forte aumento do crédito aumentou os riscos económicos e financeiros para a China”, afirmou a agência, em comunicado.

“Apesar deste aumento do crédito ter contribuído para um forte crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e preços mais altos dos activos, acreditamos que também enfraqueceu a estabilidade financeira, até certo ponto”, acrescentou.

O corte no ‘rating’, anunciado depois do fecho das praças financeiras chinesas, poderá aumentar ligeiramente os custos do crédito para Pequim, mas o impacto maior é no sentimento dos investidores.

Em Maio, quando a Moody’s reduziu a nota atribuída à China, o ministério chinês das Finanças disse que a agência recorreu a métodos incorrectos e não entendeu as dificuldades económicas e a força financeira da China.

A liderança comunista tem apontado a redução dos riscos financeiros como uma prioridade para este ano e anunciou, entretanto, medidas para combater o problema, incluindo a conversão das dívidas em títulos,

Analistas apontam, no entanto, que o ritmo das reformas é muito lento.

A dívida da China tem aumentado à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico, após a crise financeira global de 2008.

O principal indicador da dívida da China atingiu um nível equivalente a 257% do Produto Interno Bruto (PIB), no final de 2016, segundo a agência suíça Bank for International Settlements (BIS).

Em 2008, a dívida chinesa equivalia a 143% do PIB.

A economia chinesa cresceu no ano passado 6,7%, menos de metade do ritmo atingido em 2007, de 14,2%.

Reformas em curso

O Governo está a tentar tornar a economia mais produtiva, ao atribuir maior protagonismo ao mercado e a reduzir o excesso de capacidade de produção nas indústrias do aço e cimento, que tem resultado numa queda dos preços e em prejuízo para as empresas do Estado.

Pequim está também a encetar uma reconfiguração no modelo económico chinês, visando um maior ênfase do consumo interno, em detrimento das exportações e do investimento em grandes obras públicas.

O ritmo de crescimento da economia abrandou, no entanto, a um ritmo superior ao esperando, pondo em risco postos de trabalho, que podem ter consequências políticas.

A S&P apontou que prevê que o país “mantenha uma performance económica robusta ao longo dos próximos três a quatro anos”.

“Talvez elevemos a nota da China se o aumento do crédito se reduzir significativamente e se se mantiver bem abaixo do nível actual, acompanhado de um ritmo saudável de crescimento do PIB”, lê-se no relatório da agência.

“Uma redução da nota poderá acontecer se houver grande probabilidade de a China reduzir os seus esforços para combater o crescente risco financeiro e permitir que o aumento do crédito acelere, como forma de apoiar o crescimento da economia”, conclui.

Chineses e australianos em exercícios militares conjuntos

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]oldados chineses e australianos concluíram esta semana uma série de exercícios militares conjuntos em terrenos montanhosos do extremo sudoeste da China, anunciou ontem o ministério chinês da Defesa. Em comunicado, o ministério informou que as manobras – “Exercícios Panda-Canguru 2017” – foram os primeiros treinos conjuntos que os dois países realizaram em território chinês. Dez soldados dos exércitos de cada país participaram nos exercícios, que duraram 10 dias e terminaram na quarta-feira, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Os treinos na província de Yunnan, extremo sudoeste da China, incluíram marchas em zonas montanhosas, ultrapassar obstáculos naturais e sobrevivência no terreno. O comércio anual entre Austrália e China ascende a 100.000 milhões de dólares, mas a Austrália é também um importante aliado militar dos Estados Unidos, numa altura em que Pequim expande a sua influência global.

22 Set 2017

Economia | Cabo Verde seduz investimento chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Economia e Emprego cabo-verdiano, José da Silva Gonçalves, apontou ontem, em Pequim, a “localização estratégica” e “estabilidade política e económica” de Cabo Verde como valências para atrair investimento chinês.
Cabo Verde “está numa encruzilhada entre quatro continentes” e, “certamente, a China, pelos seus interesses e posicionamento no mundo, vê isso como uma complementaridade”, disse à agência Lusa o ministro cabo-verdiano.
José da Silva Gonçalves, que participou na China da 22.ª Assembleia-Geral da Organização Mundial do Turismo, lembrou ainda que Cabo Verde “é o único país de rendimento médio na [sua] região” e que goza de “estabilidade política, social e macroeconómica”.
As relações entre as duas nações, que remontam ao início da luta pela independência em Cabo Verde, foram formalizadas a 25 de abril de 1976, com o estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
Alguns dos principais edifícios em Cabo Verde, como a Assembleia Nacional, Palácio do Governo ou Estádio Nacional, foram financiados e construídos por Pequim.

Mão de Macau

A primeira iniciativa de uma empresa privada chinesa no país, contudo, só agora está a nascer.
Com um investimento estimado em 250 milhões de euros, o empreendimento turístico da praia da Gamboa e ilhéu de Santa Maria, do empresário de Macau David Chow, vai ocupar uma área de aproximadamente 153 mil metros quadrados e inclui, além de um empreendimento turístico de luxo, um casino.
A expectativa é que venha a gerar 2.100 postos de trabalho directos e a receber diariamente 12 mil pessoas nos sectores do comércio, lazer, desporto e cultura.
José da Silva Gonçalves lembra a importância do projecto para diversificar a oferta turística do país africano, muito ligada ao sol e mar, acrescentando jogos de azar, golfe e salas de conferência, que permitirão atrair turismo de negócios.
“Será uma extensão daquilo que é Macau, numa escala muito diminuta”, apontou o ministro, numa referência à Região Especial Administrativa chinesa, que é o maior centro de jogo do mundo.
Com uma população de cerca de 530.000 habitantes, Cabo Verde recebeu, em 2016, 644.000 turistas, um acréscimo de 13,2% face ao ano anterior.
“É uma área muito importante para a nossa economia, que corresponde a mais de 20% do PIB”, lembrou o ministro.
Na China, José da Silva Gonçalves vai ainda participar esta semana num fórum dedicado à Economia Azul, na ilha de Pingtan, província de Fujian.

Seul | Oito milhões de dólares em ajuda humanitária para Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eul aprovou ontem o envio de oito milhões de dólares  em ajuda humanitária para Pyongyang, apesar da tensão na península e a recente aprovação de novas sanções contra o regime pelos seus testes de armas.

O Executivo de Moon Jae-un deu ontem luz verde ao envio destas ajudas, que vão ser canalizadas através de organismos da ONU e que são especialmente destinadas a mulheres grávidas e crianças, explicou o Ministério de Unificação norte-coreano em comunicado.

Seul considera estes dois grupos especialmente vulneráveis a nível alimentar, atendendo às más colheitas que se esperam este ano na Coreia do Norte.

Um recente relatório da ONU alerta para os problemas de má nutrição que afectam 72% dos norte-coreanos, enquanto a UNICEF recordou em comunicado que os menores de cinco anos são especialmente vulneráveis a esta situação, assim como as deficiências dos sistemas de saúde locais.

O Governo sul-coreano anterior, no poder até Maio último, tinha decidido suspender toda a ajuda humanitária ao país vizinho na sequência do quarto teste nuclear realizado em Janeiro de 2016.

Esta é a primeira ajuda que Seul vai enviar para Pyongyang desde Dezembro de 2015.

22 Set 2017

Coreia do Norte | Pequim e Moscovo juntos no apoio ao diálogo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e a Rússia reiteraram que as tensões na Península Coreana devem ser resolvidas de forma pacífica e que o “ciclo vicioso” tem de terminar, após ambos os seus líderes diplomáticos se terem encontrado esta segunda-feira, em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Wang Yi, chanceler da China, afirmou que “o ciclo vicioso, que está a piorar, tem de ser interrompido”, e acrescentou que o reatamento do diálogo e das conversações para a paz é um passo necessário para a implementação das resoluções do Conselho de Segurança, no que diz respeito às armas nucleares e testes de mísseis da RPDC.

O caminho proposto pela China e pela Rússia para resolver a crise nuclear da RPDC é “realista e verosímil”, sendo que ambos os países devem trabalhar rumo à garantia de uma maior compreensão e apoio por parte da comunidade internacional, disse Wang.

Assino por baixo

O chanceler russo, Sergey Lavrov, por seu turno, disse que a Rússia partilha de uma posição “completamente idêntica” à China face à questão, referindo que os dois países devem trabalhar em conjunto para promover uma solução pacífica.

Na terça-feira também se assinalou o 12º aniversário da assinatura de um memorando de 19 de setembro de 2005, na quarta ronda das conversações a seis.

No comunicado de “9.19”, todas as partes reafirmaram o seu objectivo de desnuclearização da península por meios pacíficos. A RPDC prometeu abandonar as armas e programas nucleares e os EUA confirmaram não terem a intenção de atacar ou invadir o país.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Lu Kang, disse na terça-feira que os conteúdos essenciais do comunicado são ainda os objetivos que as partes envolvidas na questão da Península Coreana “procuram atingir”.

O porta-voz disse acreditar que as partes serão capazes de encontrar uma forma de resolver a questão se decidirem unanimemente voltar aos princípios basilares contidos no documento conjunto.

21 Set 2017

União Europeia avisa Pequim que arrisca revolta senão abrir acesso ao mercado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Câmara de Comércio da União Europeia na China apelou ontem a Pequim para que acelere o processo de abertura da sua economia, dominada pelo Estado, advertindo que a inércia pode incitar uma revolta contra o livre comércio.

A China é alvo de frequentes criticas de Bruxelas e Washington, devido às barreiras que impõe ao investimento estrangeiro em vários sectores, enquanto as empresas chinesas têm acesso sem restrições aos mercados externos.

Pequim tem dificultado ainda mais o acesso a algumas áreas, incluindo uma redução no acesso ao mercado de serviços jurídicos, segundo um relatório publicado pela Câmara do Comércio da UE.

“A actual falta de reciprocidade no acesso ao mercado não é politicamente sustentável”, disse, aos jornalistas em Pequim, o presidente da Câmara, Mats Harborn.

“Preocupamo-nos que, se a China não passar das palavras à acção, isto possa gerar uma revolta contra a desejada globalização económica”, acrescentou.

O relatório pediu uma maior abertura da China, desde o sector aeroespacial ao dos cosméticos e vários segmentos da indústria, através de uma diminuição dos limites na participação estrangeira em empresas e da simplificação dos regulamentos.

A Câmara de Comércio dos Estados Unidos e outros grupos empresariais divulgaram anteriormente pedidos semelhantes.

A China é o maior mercado do mundo para vários bens de consumo e serviços. No entanto, Pequim interdita o acesso de empresas estrangeiras a vários sectores, incluindo finanças e telecomunicações.

Por cumprir

O Governo chinês prometeu, nos últimos anos, fazer várias reformas, visando atribuir ao mercado maior protagonismo e reduzir o domínio exercido pelas empresas do Estado.

As empresas estrangeiras queixam-se, no entanto, que pouco foi feito na prática. O ‘boom’ de aquisições chinesas além-fronteiras suscitou queixas de falta de reciprocidade.

Na semana passada, o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciou planos para criar um mecanismo que avalia os investimentos estrangeiros, uma medida vista como sendo destinada à China.

O país asiático ocupa o 59.º lugar, entre 62 países, do ‘ranking’ da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que avalia a abertura ao investimento directo estrangeiro.

A China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca.

20 Set 2017

Hong Kong | Carrie Lam critica comentários violentos sobre independentistas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] líder do Governo de Hong Kong classificou ontem como “inaceitáveis” os recentes “comentários cruéis, insultuosos e intimidatórios”, depois de um deputado pró-Pequim ter pedido a morte dos independentistas do território vizinho.

Segundo a emissora pública RTHK, Carrie Lam não nomeou diretamente Junius Ho, mas disse, antes de uma reunião do Conselho Executivo (LegCo, parlamento), que cabe ao secretário para a Justiça e às autoridades julgarem se os comentários são ilegais.

Apesar de criticar os comentários, classificando-os de “cruéis, insultuosos e intimidatórios”, Lam disse que foram fruto dos recentes debates sobre a independência de Hong Kong. Estes debates não devem continuar, reiterou.

A chefe do executivo apelou aos dois lados da discussão para que parem de empurrar Hong Kong para “a beira da desordem pública”, bem como ameaçar a soberania nacional chinesa e a segurança e autoridade da Lei Básica.

Lam disse que concordava com a posição de dez líderes de universidades que afirmaram não apoiar a independência de Hong Kong e condenaram “abusos” de liberdade de expressão.

A matar

Numa manifestação anti-independência no domingo, o conselheiro distrital Tsang Shu-wo disse que os activistas pela independência deviam ser “mortos”, com Ho a gritar “sem misericórdia” em resposta, descreveu o portal Hong Kong Free Press.

Mais tarde, Ho afirmou não ser “nada de especial matar porcos ou cães”.

Estes comentários foram proferidos depois de cartazes pró-independência terem surgido, nas últimas semanas, em universidades em Hong Kong.

Na segunda-feira, Ho voltou a abordar o assunto num programa de rádio: “Se aqueles que são a favor da independência levarem à subversão do destino do país, com Hong Kong e as 1,3 mil milhões de pessoas da mãe-pátria a terem de pagar um enorme preço, porque não deveriam estas pessoas ser mortas?”.

Ontem, o deputado veio defender-se, dizendo que foi mal interpretado.

“A palavra ‘matar’ era dirigida aos promotores do movimento de independência de Hong Kong e à necessidade de travar as suas expressões ilegais. Condenar-me por incitar um discurso de ódio e [ameaçar] denunciar-me à polícia é simplesmente absurdo”, escreveu na rede social Facebook, criticando o “nível de chinês e de compreensão” dos que o criticaram.

20 Set 2017

Amnistia Internacional acusa Aung San Suu Kyi de praticar “política de avestruz”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional acusou ontem a líder birmanesa Aung San Suu Kyi de “praticar a política de avestruz” em relação “aos horrores” que se verificam na província de Rakhine, no oeste do Myanmar.

“Existem provas ‘esmagadoras’ de que as forças de segurança estão envolvidas numa campanha de limpeza étnica”, acrescenta a organização não governamental, reagindo às declarações de Aung San Suu Kyi numa conferência de imprensa realizada ontem, na capital da antiga Birmânia, e que considera insuficientes.

A Amnistia Internacional lamenta que a líder de facto do Myanmar e Prémio Nobel da Paz não tenha denunciado directamente o “envolvimento” dos militares que provocaram a fuga de 410 mil pessoas da minoria muçulmana rohingya para o Bangladesh, desde o final do mês de Agosto, preferindo fingir que não existe o problema.

A líder de facto do Myanmar prometeu ontem levar ajuda humanitária à região habitada pela minoria muçulmana no estado de Rakhine.

Aung San Suu Kyi também se comprometeu a resolver nos tribunais qualquer violação dos direitos humanos que possa ter ocorrido em Rakhine durante a ofensiva militar em resposta a um ataque de militantes rohingya no passado dia 25 de Agosto.

A líder da antiga Birmânia fez o anúncio numa conferência de imprensa realizada em Naipidaw na presença de diplomatas, autoridades e jornalistas.

20 Set 2017

China | Detido homem por vender mecanismo de acesso a ‘sites’ censurados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas detiveram um programador informático por vender um mecanismo que permite aceder à internet através de um servidor localizado fora da China, possibilitando aos internautas abrir milhares de ‘sites’ censurados pelo regime chinês.

O jornal oficial Global Times informou que o programador foi detido em finais de Agosto, durante três dias, por montar um pequeno negócio de venda de VPNs (Virtual Proxy Network).

Aquele mecanismo cria ligações criptografas entre computadores e permite aos internautas chineses aceder a ‘sites’ bloqueados pelo Governo.

Os assinantes do serviço pagavam 10 yuan por mês. As autoridades confiscaram os ganhos do programador – um total de 1.080 yuan.

Casos semelhantes noticiados pela imprensa resultaram em punições mais severas: no início do ano, um programador de 26 anos foi condenado a nove meses de prisão, também por vender VPN, na cidade de Dongguan, no sul da China.

Vias bloqueadas

Pequim lançou, no início do ano, uma campanha para erradicar o uso de VPN, parte de um reforço da censura, nas vésperas de se realizar o congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o mais importante acontecimento da agenda política do país, que se realiza a cada cinco anos.

Segundo uma pesquisa da unidade de análise GlobalWebIndex, 14% dos internautas chineses usam VPN diariamente. Em 2016, o número de chineses ligados à Internet ultrapassou os 730 milhões.

O mesmo inquérito indica que 8,8% dos internautas usam as VPN para aceder a páginas bloqueadas.

As novas restrições no uso da Internet exigem que qualquer negócio com um ‘site’ obtenha uma licença de Fornecedor de Conteúdos para a Rede.

Citado pelo Global Times, o vice-director da faculdade de Literatura e Direito da Universidade de Comunicação da China, Wang Sixin, afirmou que as novas regulações visam criar um primado da lei no ciberespaço.

Os internautas “estarão expostos a informação nociva – inclusive sobre terrorismo – se a Internet não for apropriadamente regulada”, afirmou.

Sites como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer estão bloqueados na China. As versões electrónicas de vários órgãos de comunicação estrangeiros também estão censuradas no país.

19 Set 2017