Chineses gastaram mais de 30,8 mil milhões de dólares online no “Dia dos Solteiros”

[dropcap]O[/dropcap]s consumidores chineses estabeleceram um novo recorde de gastos ‘online’ durante o “Dia dos Solteiros” no país, com as principais plataformas chinesas a facturarem, no total, 30,8 mil milhões de dólares.  O valor dos gastos representa um acréscimo de 27%, face ao ano passado.

Lançado em 2009 pelo gigante do comércio electrónico chinês Alibaba, que opera os populares ‘sites’ de compras Taobao e Tmall, o “Dia dos Solteiros” consiste em promoções nas empresas de comércio electrónico e grandes armazéns.

Durante a gala que marcou o dia, em Xangai, um ecrã exibiu em tempo real os gastos. Antes das 16h00 horas de domingo, as vendas tinham alcançado os 24,2 mil milhões de dólares, superando o total registado no ano passado.

O CEO do Alibaba, Daniel Zhang, considerou que os resultados reflectem a “força e crescimento da economia de consumo” no país. O “Dia dos Solteiros” começou a ser celebrado na China nos anos 1990 por estudantes universitários. A data escolhida é 11 de novembro pelos quatro ‘um’ que combinam neste dia (11/11), que afigura assim a condição de solteiro.

O Alibaba acabou por associar o dia a descontos em compras ‘online’. No Weibo, o Twitter chinês, vários comentários assinalaram o dia: alguns utilizadores anunciaram orgulhosamente que tinham resistido ao ímpeto do consumo, enquanto outros exibiam uma lista com todo o tipo de produtos adquiridos.

Jack Ma, o fundador do grupo Alibaba e um dos homens mais ricos na China, afirmou durante a abertura da gala em Xangai que o Dia dos Solteiros “não é um dia de descontos, mas antes de gratidão”. “É quando os retalhistas usam os melhores produtos e melhores preços como forma de agradecimento aos consumidores”, disse.

A data acarreta também grandes impactos ambientais. Enquanto as plataformas de comércio electrónico se comprometeram a utilizar embalagens biodegradáveis como forma de reduzir o desperdício, uma pesquisa realizada este mês pela Greenpeace revela que muitos dos plásticos classificados como biodegradáveis e usados pelos retalhistas chineses podem ser destruídos apenas sob altas temperaturas, em instalações que são ainda raras no país.

A organização ambiental estima que, em 2020, este tipo de embalagens produzirá o equivalente a 721 cargas de camião de lixo, por dia, no país.

12 Nov 2018

Mulher morre em Hong Kong após excesso de tratamento estético de botox

[dropcap]U[/dropcap]ma mulher de 52 anos morreu hoje em Hong Kong devido ao excesso de tratamento de botox numa clínica de estética, o terceiro caso em menos de um mês na China, anunciaram os media locais.

Segundo a polícia local, a mulher terá recebido mais de dez injecções de botox, tendo sido transferida já em estado crítico para o Queen Elizabeth Hospital, onde foi confirmada a sua morte. O caso está agora a ser investigado pelas entidades especializadas.

A toxina botulínica, mais conhecida como Botox, que em doses elevadas pode causar paralisia muscular progressiva, dificuldades respiratórias e até a morte, é uma neurotoxina utilizada como tratamento para algumas doenças neurológicas e como produto cosmético para eliminar as rugas faciais.

Este é o terceiro caso em menos de um mês: em Novembro, uma mulher de 41 anos ficou doente na China depois de ter feito um tratamento com Botox.

No mesmo mês, uma jovem de 24 anos foi internada no Queen Elizabeth Hospital após receber uma injeção de neurotoxina, que causou náuseas, tonturas e falta de ar, de acordo com os media da China.

12 Nov 2018

Coreia do Sul entrega milhares de tangerinas a Pyongyang

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul entregou milhares de caixas de tangerinas à Coreia do Norte em troca de grandes remessas de cogumelos, efectuadas em Setembro, anunciaram hoje as autoridades de Seul.

O Ministério da Defesa sul-coreano informou que o país vai enviar mais 200 toneladas de tangerinas para a Coreia do Norte esta tarde. No domingo, os aviões militares sul-coreanos voaram duas vezes para Pyongyang para entregar as frutas e vão voltar a fazer o mesmo durante a tarde de hoje.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, assinaram em meados de Setembro uma declaração conjunta, que poderá ser importante para o futuro diálogo sobre a desnuclearização da península, entre Pyongyang e Washington.

Na sequência desta ocasião e como gesto de boa fé, a Coreia do Norte enviou duas toneladas de cogumelos aos vizinhos do Sul.

O transporte aéreo de tangerinas é um sinal que as duas Coreias estão a estreitar os laços, apesar das sanções internacionais e da pressão da comunidade internacional para que o Norte renuncie ao programa nuclear.

Na terça-feira passada, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, anunciou ter adiado um encontro com um alto dirigente norte-coreano.

Pompeo ia encontrar-se, em Nova Iorque, com Kim Yong-chol para discutir os progressos no desarmamento norte-coreano e preparar uma nova cimeira entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e Kim Jong-un.

Na sexta-feira, a Coreia do Norte advertiu que poderá reativar uma política de Estado dirigida a fortalecer o arsenal nuclear se os Estados Unidos não suspenderem as sanções económicas contra Pyongyang.

12 Nov 2018

Portugal representado pela primeira vez no centenário do armistício em Hong Kong

[dropcap]P[/dropcap]ortugal esteve ontem representado pela primeira vez nas comemorações em Hong Kong do Dia do Armistício da I Guerra Mundial, numa estreia que um representante da Liga dos Combatentes considerou positiva para a imagem internacional do país.

A presença reveste-se de especial importância pela “projecção da imagem do país junto da comunidade internacional”, afirmou Vitório Rosário Cardoso, após a cerimónia, durante um encontro do representante português, o adido da Defesa da embaixada em Pequim, com membros da comunidade lusófona de Hong Kong, vizinha de Macau.

“Normalmente, nestas ocasiões, quem não aparece, não existe (…) no mundo diplomático e no circuito diplomático, seja militar ou político”, o que tem um significado muito importante porque (…) projectou o nome de Portugal junto de uma comunidade multissetorial”, acrescentou.

Para o adido da Defesa em Pequim, Mário Mendes Saraiva, esta primeira representação “é uma grande honra”, sobretudo pela “distinção que fez o representante inglês ao mencionar o nome da embaixada de Portugal, em detrimento de outras comunidades”.

Cem anos depois do fim simbólico da Primeira Guerra Mundial, milhares de pessoas reuniram-se ao largo do Cenotáfio de Hong Kong, bem no centro da cidade, para homenagear as vítimas das duas guerras mundiais.

A comemoração do aniversário do centenário prosseguiu no Club de Recreio de Hong Kong, de grande significado para a comunidade lusa, porque “recorda os portugueses em combate na I e II Guerra Mundial, esta última já sob bandeira britânica”, sublinhou Vitório Cardoso, responsável pela reactivação da delegação da Liga dos Combatentes em Macau e Hong Kong, e ainda de uma outra extensão em Timor-Leste.

De resto, destacou, “os próprios militares portugueses em Hong Kong formaram uma companhia só de portugueses no regimento real de Hong Kong”.

Neto de um soldado que combateu na I Guerra Mundial, Francisco Roza disse à Lusa que esta primeira representação portuguesa nas cerimónias tem um valor simbólico pessoal. “O meu avô esteve envolvido na I Guerra Mundial, tenho comigo o certificado: era soldado voluntário”, lembrou, emocionado.

Igualmente comovido, Anthony Cruz disse ter evocado a memória do pai e dos tios que combateram nas duas guerras mundiais. “Pela primeira vez, prestei hoje homenagem a todas as almas valentes” envolvidas nos conflitos e que “lutaram para sobreviver”, disse.

Conhecido como Tony Cruz, seis vezes campeão nas corridas de cavalos em Hong Kong, proeminente personalidade da comunidade portuguesa na antiga colónia britânica, o descendente luso salientou ter pena de que só agora Portugal tenha marcado presença nas cerimónias do Dia do Armistício.

“Já devíamos [descendentes de portugueses] ter sido representados antes, porque somos aqueles que ficámos, depois de todos terem emigrado para os países falantes de língua inglesa”, declarou.

Hoje está prevista uma cerimónia, ainda para assinalar o Dia do Armistício, na capela de São Miguel Arcanjo, em Macau.

12 Nov 2018

Tailândia | Detido soldado infectado com HIV por violar mais de 70 adolescentes

[dropcap]A[/dropcap] polícia tailandesa deteve um soldado de 43 anos, infectado com o vírus do HIV/Sida, acusado de chantagear e violar mais de 70 adolescentes, informaram sexta-feira as autoridades.

De acordo com um comunicado, a polícia local recebeu uma denúncia sobre o suspeito, identificado como Jakkrit, que usava perfis falsos na rede social Facebook e na aplicação móvel de encontros ´gay´ Blued, na qual aliciava as vítimas entre os 13 e os 18 anos e lhe pedia para enviarem fotografias nuas. Depois, ameaçava-as com a divulgação das imagens se estas se recusassem a fazer sexo com ele.

O Tenente-Coronel da polícia, Nacharot Kaewpetch, informou que as autoridades descobriram medicação para o tratamento da doença na casa do suspeito, na província de Khon Kaen, nordeste do país. Os testes confirmaram que estava infetado com o vírus.

As autoridades suspeitam que possa haver mais vítimas que não tenham apresentado denúncias, disse a polícia tailandesa. Jakkrit está acusado de seis crimes: falsa identidade, sexo com menores com ou sem consentimento, agressão, separação de um menor dos pais sem motivo, chantagem e coacção para realização de actos impróprios, afirmaram as autoridades.

12 Nov 2018

ONU | HRW exige defesa de uígures por parte de países muçulmanos

[dropcap]A[/dropcap] Human Rights Watch (HRW) emitiu esta sexta-feira um comunicado onde questiona as razões pelas quais os países muçulmanos não apoiaram abertamente a questão de Xinjiang durante o terceiro Exame Periódico Universal do Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Nem um único Governo da Organização para a Cooperação Islâmica [organização inter-governamental] exigiu abertamente explicações à China sobre os abusos chocantes perpetados a muçulmanos, o que tornou o caminho mais fácil para a China considerar esse criticismo como outra ‘conspiração do ocidente’”, lê-se.

A HRW frisa que “apenas a Turquia reconheceu o problema, tendo falado da ‘detenção de individuos sem mandatos de captura’ mas sem uma referência específica a Xinjiang”. Uma das razões apontadas pela HRW para o silêncio dos países muçulmanos prende-se com o facto de “alguns desses governos serem cúmplices com a campanha de Pequim, que tem obrigado ao regresso forçado de muçulmanos turcos, sobretudo uigures, para a China”. De acordo com o mesmo comunicado, a China também tem vindo a negar “a ida segura destas pessoas para terceiros países, sendo providenciada informação sobre estes individuos às autoridades chinesas”.

“Não é claro porque é que a defesa dos muçulmanos na China é um tema quase exclusivo dos governos ocidentais. Mas um fim à crise dessa comunidade irá exigir uma intervenção por parte de um coro estrangeiro”, aponta a HRW.

A delegação da China respondeu a um total de 300 perguntas de 150 países estrangeiros, tendo o debate ficado marcado pela questão dos direitos humanos na região autónoma de Xinjiang.

“De acordo com o que os diplomatas séniores chineses disseram no terceiro Exame Periódico Universal do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, Xinjiang é um lugar ‘muito bonito, seguro e estável’. Só se isso fosse verdade!”, conclui a organização não governamental.

11 Nov 2018

Xi Jinping diz que China e EUA devem avaliar correctamente intenções estratégicas

[dropcap]O[/dropcap] presidente chinês afirmou que Pequim e Washington devem “avaliar correctamente” as intenções estratégicas de cada um, numa altura de renovadas tensões entre as duas potências, face às ambições tecnológicas e militares da China.

Xi Jinping, que vai reunir-se com o homólogo norte-americano, Donald Trump, no final deste mês, falava durante um encontro com o antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger. O líder chinês afirmou que Pequim quer resolver os problemas através do diálogo, mas que Washington deve respeitar o percurso do desenvolvimento e os interesses da China.

“A China está comprometida a trabalhar com o EUA para alcançar uma cooperação de mútuo benefício, não confrontacional, e com respeito mútuo”, afirmou Xi Jinping. As relações entre China e EUA atravessam um período de renovadas tensões, depois de Trump ter imposto taxas alfandegárias até 25% sobre quase metade das importações oriundas da China.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Washington tem ainda reafirmado o seu compromisso em defender Taiwan, que Pequim considera uma província chinesa e ameaça usar a força caso declare independência, e insistido na navegação no Mar do Sul da China, que a China reclama quase na totalidade, apesar do protesto dos países vizinhos.

“Há já algum tempo que existem vozes negativas nos Estados Unidos contra a China, às quais se deve ter atenção”, disse Kissinger, de 95 anos, a Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Citado pela agência noticiosa Xinhua, o antigo secretário de Estado disse que a China e os EUA deviam usar um “pensamento estratégico” e pôr as coisas em perspectiva, visando entender melhor o outro lado, expandir interesses mútuos e gerir as suas diferenças.

Kissinger, que em 1972 negociou um encontro histórico entre o então presidente norte-americano Richard Nixon, e o fundador da República Popular da China, Mao Zedong, continua a visitar o país asiático frequentemente.

11 Nov 2018

Tibetano auto-imolou-se pelo fogo em apelo ao regresso de Dalai Lama

[dropcap]U[/dropcap]m tibetano auto-imolou-se pelo fogo esta semana, num apelo ao regresso do líder espiritual dos tibetanos, Dalai Lama, que vive exilado na Índia na sequência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, em 1959.

Segundo a organização com sede em Washington International Campaign for Tibet, o homem, de 23 anos, chamado Dorbe, auto-imolou-se no domingo, no condado de Ngaba, uma região habitada por tibetanos, na província de Sichuan, sudoeste da China. O grupo revelou que Dorbe gritou longa vida a Dalai Lama antes de se auto-imolar.

Mais de 150 tibetanos imolaram-se pelo fogo desde Fevereiro de 2009, em protestos contra o que classificam de opressão do Governo Chinês, indicou a International Campaign for Tibete, num comunicado.

Com cerca de três milhões de habitantes, o Tibete é uma das regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo, com os locais a argumentarem que o território foi durante muito tempo independente até à sua ocupação pelas tropas chinesas em 1951.

Por outro lado, Pequim considera que a região é, desde há séculos, parte do território chinês. O líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, que Pequim acusa de ter “uma postura separatista”, vive exilado na vizinha Índia, na sequência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa em 1959.

Seguidores do Dalai Lama, que em 1989 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, acusam Pequim de tentar destruir a identidade religiosa e cultural do Tibete. As auto-imolações tornaram-se raras nos últimos anos e a sua verificação é quase impossível, já que a região está fechada à imprensa estrangeira.

11 Nov 2018

Jair Bolsonaro nega problemas com China e diz que quer negociar sem “viés ideológico”

[dropcap]O[/dropcap] presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, negou na sexta-feira, na sua conta de Facebook, ter problemas com a China e afirmou querer estabelecer comércio com vários países sem “viés ideológico”.

“Alguma imprensa fala que vamos ter problemas com a China. Não temos problemas nenhuns com a China. Recebi na semana passada o embaixador da China e conversámos bastante. Já recebi também o embaixador dos Estados Unidos da América. (…) Alguns países estão muito felizes com a nossa eleição porque deixarão de fazer comércio com o Brasil com o viés ideológico”, afirmou Jair Bolsonaro.

O recém-eleito presidente disse que deseja que os produtos brasileiros sejam exportados ao melhor preço possível, acrescentando que o país deve tentar “agregar valor” aos produtos. A questão do conflito de ideologias tem sido um ponto em que Bolsonaro tem insistido nas suas manifestações públicas.

Durante a tarde de sexta-feira, o antigo capitão do Exército escreveu uma mensagem na sua conta do Twitter em que afirmou que a ausência de viés ideológicos beneficiará o comércio entre o Brasil e outros países.

“Após as eleições, grandes empresas já anunciaram milhões em investimentos no Brasil nos próximos anos. É só o começo. Comércio com o mundo todo sem viés ideológico, a somar com a redução de impostos mais a desburocratização, resultará em mais confiança, mais investimentos e mais empregos”, disse o futuro chefe de Estado.

Foi através da publicação de um editorial no principal jornal estatal chinês, o China Daily, na edição inglesa, que a China avisou Jair Bolsonaro de que se seguir a linha do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira.

De acordo com o editorial, as exportações brasileiras “não ajudaram apenas a alimentar o rápido crescimento da China, mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil”.

Jair Bolsonaro criticou a China durante toda a sua campanha presidencial. Antes, em Fevereiro, o político da extrema-direita visitou ainda a região de Taiwan, o que não agradou a Pequim.

Para os chineses, as críticas a Pequim “podem servir para algum objectivo político específico”, mas “o custo económico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair da sua pior recessão da história”, pode ler-se no texto publicado no jornal que serve de porta-voz do governo chinês para o mundo e é utilizado para mandar mensagens a parceiros.

O editorial do jornal chinês deixou ainda uma chamada de atenção para a importância da China na economia brasileira: “Ainda assim, esperamos que quando ele assumir a liderança da oitava maior economia do mundo, Bolsonaro olhe de forma racional e objectiva para o estado das relações Brasil-China. (…) A China é o seu maior mercado exportador e a primeira fonte comercial”, lê-se.

11 Nov 2018

Exportações para EUA aceleram para evitar aumento das taxas

[dropcap]A[/dropcap]s exportações chinesas para os Estados Unidos aumentaram, em Outubro, à medida que as fábricas do país apressam a entrega de ordens para evitar o aumento das taxas alfandegárias impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

Dados das alfandegas chinesas ontem publicados revelam que as exportações para os EUA subiram 13,3 por cento, face ao mesmo mês do ano passado, para 42,7 mil milhões de dólares, acima da subida homóloga de 13 por cento, registada em Setembro.

No mesmo mês, as importações pela China de bens norte-americanos aumentaram 8,5 por cento, para 10,9 mil milhões de dólares, depois de terem crescido 9 por cento, em Setembro.
O superavit chinês nas trocas comerciais com os EUA fixou-se assim nos 31,8 mil milhões de dólares, depois do valor recorde atingido em Setembro, de 34,1 mil milhões.

Economistas do banco de investimento ING consideram que os exportadores chineses estão a tentar colmatar a subida de taxas alfandegárias nos EUA, que entram em vigor em Janeiro, prevendo que o encontro entre Trump e o homólogo chinês, Xi Jinping, marcado para este mês, na Argentina, não produzirá resultados positivos.
Os governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.

9 Nov 2018

Livro | Poluição na Índia mata mais do que o terrorismo

[dropcap]O[/dropcap]especialista em políticas climáticas Siddharth Singh, que acaba de publicar o livro “The Great Smog of Índia”, adverte que a poluição do ar é um “assassino silencioso” que mata mais pessoas do que o terrorismo no seu país.

“Mais pessoas morrem da poluição do ar do que do terrorismo ou de todas as guerras entre a Índia e o Paquistão juntas”, explicou o escritor em entrevista à agência espanhola Efe em Nova Deli, cuja camada de poluição no ar que ali se regista é confundida com um denso nevoeiro.

Singh culpa o desdém com que a questão é encarada pelas autoridades, já que não são confrontadas com mortes “espetaculares”, agravando principalmente doenças preexistentes ou provocando outras mais tarde.
Além disso, os ‘media’, os centros de pesquisa e os políticos colocam o foco da poluição na capital, mas a verdade é que “a qualidade do ar nas aldeias do norte da Índia é similar ou às vezes muito pior do que a das cidades”, defendeu.

“Embora as emissões industriais ‘per capita’ sejam muito baixas em comparação com a Europa e a base industrial da Índia também seja baixa em comparação com muitos países, a crise da poluição do ar na Índia é pior”, afirmou Singh, atribuindo esse resultado ao uso de tecnologias ineficientes.

9 Nov 2018

China gasta quase 32 mil milhões de dólares para segurar valor do yuan

[dropcap]A[/dropcap] China gastou quase 32 mil milhões de dólares das suas reservas cambiais para evitar a queda da moeda chinesa, em Outubro, a maior intervenção em quase dois anos, após o yuan recuar quase 10% desde Abril.

Dados oficiais hoje revelados pela Administração Estatal de Divisas revelam que as reservas cambiais da China, as maiores do mundo, caíram em Outubro, de 3,087 biliões de dólares para 3,053 biliões. Excluindo efeitos de valorização, os dados indicam um intervenção das autoridades de 32 mil milhões de dólares, para segurar o valor do yuan, a maior desde Janeiro de 2017.

Os números atenuam preocupações de que Pequim poderia recorrer a uma desvalorização cambial deliberada, visando estimular as exportações, numa altura de tensões comerciais com Washington. O presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias de até 25% sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China.

A queda do yuan apoia os exportadores chineses face à subida das taxas alfandegárias nos EUA, ao reduzir o preço dos seus bens na moeda norte-americana, mas encoraja os investidores a tirar dinheiro da China, levando a um aumento nos custos de financiamento de outras indústrias domésticas.

Analistas consideram que as autoridades querem evitar que a cotação baixe para um dólar/sete yuan, considerada uma linha perigosa para a moeda chinesa. Na quarta-feira, 6,93 yuans valiam um dólar norte-americano, depois de, no final de Outubro, a cotação se ter fixado nos 6,9644, a mais baixa desde Maio de 2008.

Iris Pang, economista para a China no banco de investimento ING, em Singapura, considerou a queda das reservas cambais, em outubro, pequena, comparativamente à registada em 2015, quando caiu 70 mil milhões, por mês, em média, durante meio ano. “Não existe pânico de fuga de capital na China, apesar da cotação dólar/yuan estar perto de sete para um”, comentou, num relatório.

Contudo, a fuga de capital tem vindo a acelerar: dados da balança de pagamentos publicados na segunda-feira fixam a saída financeira líquida em 19 mil milhões de dólares, no terceiro trimestre do ano, o maior valor trimestral, desde o final de 2016.

As reservas cambiais da China atingiram o pico de 3,99 biliões de dólares, em Junho de 2014, mas nos dois anos e meio seguintes o banco central gastou quase um bilião de dólares para travar a queda da moeda chinesa, face a uma fuga de capitais privados recorde.

Desde o início de 2017 até meados deste ano, o banco central reduziu a sua intervenção, à medida que o aumento do controlo sobre o fluxo de capitais e indicadores económicos robustos reduziram a pressão sobre a moeda.

No entanto, nos últimos meses, a pressão voltou a aumentar devido a indicadores económicos menos fortes e um aumento das taxas de juro pela Reserva Federal norte-americana. No terceiro trimestre do ano, o crescimento da economia chinesa abrandou para 6,5%, em termos homólogos, o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2009.

O investimento em activos fixos, motor fundamental do crescimento, abrandou para 5,4%, nos primeiros nove meses do ano, face ao mesmo período do ano passado.

8 Nov 2018

Bill Gates apresenta na China sanita inovadora que não precisa de água ou saneamento

[dropcap]O[/dropcap] filantropo norte-americano Bill Gates apresentou ontem uma sanita que não necessita de água ou ligação a sistemas de saneamento, transformando os dejectos em fertilizante, o que poderá reduzir a mortalidade infantil nos países mais pobres.

O fundador da Microsoft mostrou o novo modelo ao público em Pequim, numa exposição dedicada a novas soluções sanitárias, visando “reinventar as sanitas” e acelerar a adopção e comercialização de sistemas inovadores.

“Esta exposição apresenta, pela primeira vez, tecnologia e produtos de saneamento descentralizados e totalmente novos, e prontos a serem comercializados”, afirmou Bill Gates, em comunicado. Este novo modelo, que não precisa de estar ligado a um sistema de saneamento ou de água e transforma os dejectos humanos em fertilizante, está a ser testado na cidade sul-africana de Durban, onde também estão a ser testados outros modelos, que se alimentam de energia solar, explicou Gates.

O multibilionário explicou que a rápida expansão destes novos produtos e sistemas de saneamento que não necessitam de estar conectados a nenhuma rede poderá reduzir drasticamente o número de mortos e o impacto da falta de higiene na saúde da população nos países mais pobres.

A fundação de Bill Gates e da sua mulher, Melinda Gates, gastou 200 milhões de dólares desde 2011 para promover a investigação e o desenvolvimento de tecnologia sanitária segura.
Segundo a Unicef, quase 900 milhões de pessoas não têm escolha senão fazer as suas necessidades ao ar livre. Só na Índia, estima-se que sejam 150 milhões.

O Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, destacou que o saneamento é uma das prioridades para a sua organização, que se vai aliar com a Fundação Bill e Melinda Gates para levar instalações sanitárias seguras a todas as partes do mundo.

8 Nov 2018

Zhuhai | Ex-presidente da Câmara expulso do partido

[dropcap]O[/dropcap] Governo Central aprovou a decisão de expulsar do partido Li Zezhong, que foi presidente da câmara de Zhuhai, de forma interina, até Setembro de 2017, altura em que começou a ser investigado.

De acordo com um comunicado do órgão máximo contra a corrupção da China, Li Zezhong, de 48 anos, violou a disciplina do partido, cobrou despesas públicas indevidas, recebeu presentes de empresários e abusou do poder.

Além de ser expulso do Governo e do partido, Li tem de devolver os dinheiros recebidos de forma ilegal.

8 Nov 2018

Haitong | Investimento chinês será debatido mas mantém-se com Bolsonaro

[dropcap]O[/dropcap] administrador-executivo do Haitong Banco de Investimento do Brasil, Alan Fernandes, considerou ontem que a relação comercial entre Pequim e Brasília se vai manter, mas admitiu que o Presidente eleito brasileiro, Jair Bolsonaro, vai discutir o tipo de investimento.

“Sem dúvida que vão acontecer discussões sobre a característica do investimento, nomeadamente na propriedade de terras”, afirmou, em Pequim, Alan Fernandes, que é também administrador executivo do Haitong Portugal, o antigo Banco Espírito Santo Investimento (BESI).

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro classificou o investimento chinês no Brasil de predatório, face à aquisição de empresas e activos estratégicos por firmas do país asiático.
“A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês”, disse.

Em declarações à agência Lusa, Fernandes admitiu que, pela “característica nacionalista” de Bolsonaro, existe uma “preocupação” com o investimento chinês, mas ressalvou que há “muita coisa que é parte da campanha” e que “não dá para ignorar” os dados da relação comercial.

“A China é o maior parceiro comercial do Brasil: 25% de todo o comércio exterior brasileiro está ligado à China. Você não pode simplesmente maltratar quem compra ou vende um quarto de tudo o que você consome ou produz”, observou.

Em 2017, o comércio entre o Brasil e a China atingiu 87,53 mil milhões de dólares, uma subida homóloga de 29,55%. A China vendeu bens no valor de 29,23 mil milhões de dólares e importou mercadorias no montante de 58,30 mil milhões de dólares, segundo dados das alfândegas chinesas.

No terreno

Alan Fernandes lembrou ainda que um potencial proteccionismo de Bolsonaro face ao investimento chinês é apenas viável numa empresa estatal, já que as privadas podem fazer uma negociação bilateral.
“Não existe nenhum instrumento que permita ao Governo travar a aquisição por uma empresa estrangeira, de qualquer origem, de um activo [privado] no Brasil”, afirmou.

O administrador considerou que o “tempo vai trazer a manutenção do relacionamento comercial” com a China, mas previu uma mudança nos laços de Brasília com o mundo emergente.

“A política do antigo Presidente Lula [da Silva], de ligação com países em desenvolvimento, principalmente em África e na América Latina, como Venezuela ou Cuba, deve mudar, mas em relação à China não”, disse.
Alan Fernandes desloca-se à China “quatro ou cinco vezes por ano” para acompanhar o trabalho de uma equipa de chineses, montada em 2017, dentro do Haitong Securities, que se dedica às operações do Haitong Bank.

8 Nov 2018

Presidente do Banco Central chinês promete maior apoio ao sector privado

[dropcap]Y[/dropcap]i Gang, presidente do Banco Popular da China (BPC), prometeu na terça-feira uma série de políticas para ampliar os canais de financiamento para o sector privado. “Há muita água na ‘piscina monetária’, mas precisamos de injectar fundos para as empresas privadas com falta de dinheiro”, disse ele à Xinhua em uma entrevista, citando as políticas na emissão de títulos, empréstimos bancários e financiamento de capital.

O BPC acrescentou um novo índice na avaliação macroprudencial para os bancos comerciais e forneceu-lhes fundos de créditos baratos de longo prazo, a fim de incentivar mais empréstimos para as empresas privadas, disse Yi.

Este ano, o banco central aumentou as cotas de refinanciamento num recorde de 300 mil milhões de yuans, e diminuiu as taxas de juros de refinanciamento em 0,5 ponto percentual para os pequenos credores.
Além disso, a China decidiu apoiar a emissão de bónus pelas empresas privadas, com apoio de liquidez do banco central.

Yi disse que está a iniciar um plano piloto, sob o qual o primeiro lote de três empresas arrecadaram um total de 1,9 mil milhões de yuans com o seu bónus subscritos em grande excesso. “Outras 30 empresas privadas estão a preparar-se para a emissão de bónus.”

O BPC apoia também o financiamento de capitais pelas empresas privadas, disse o presidente do banco.
“O banco central fornece fundos iniciais e incentiva a participação das instituições financeiras e outros investidores,” apontou ele.

Yi enfatizou que, as dificuldades de financiamento para as empresas privadas, especialmente as pequenas e médias entidades, se tornaram um problema fortificado no mundo, e que a China desenvolverá mais esforços para resolver o “fracasso de mercado.”

Contas caseiras

A China manteve um ambiente de política monetária prudente e neutra e garantiu liquidez razoável e suficiente. A medida do BPC para rebaixar os depósitos compulsórios dos bancos libertou um valor líquido de 2,3 biliões de yuans para o mercado monetário este ano.

Até ao final de Setembro, os micro-empréstimos não liquidados fixaram-se em 7,73 biliões de yuans, um aumento de 18,1por cento em termos anuais. Os novos micro-empréstimos chegaram às 959,5 mil milhões de yuans nos primeiros três trimestres.

8 Nov 2018

China | Preço das casas pode cair até 5 por cento em 2019

[dropcap]O[/dropcap] preço do imobiliário na China atingiu o seu valor máximo e pode cair até cinco por cento, em 2019, segundo um relatório publicado ontem pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P).

As políticas adoptadas pelo Governo chinês para travar o aumento do preço das casas, que incluem tornar o crédito mais difícil ou aumentar o valor mínimo de entrada, estão a fazer efeito, apontou o analista da S&P Christopher Yip, em comunicado.

Estas medidas estão a “reverter gradualmente o aumento dos preços”, sublinhou. “Após uma actividade robusta, durante mais de dois anos, os meses de Setembro e Outubro, tradicionalmente fortes para o imobiliário chinês, foram de inércia”, considerou o analista.

Em Setembro, as vendas registaram uma queda homóloga de 0,8 por cento, enquanto outros indicadores, como a compra de terrenos e investimentos imobiliários também entraram em terreno negativo, pela primeira vez em dois anos.

A S&P prevê ainda que o volume de transacções de casas cairá entre 3 por cento e 7 por cento, levando a uma contracção de 8 por cento a 12 por cento no sector.

A agência advertiu que as cidades pequenas são “muito mais vulneráveis” a uma possível desaceleração, que poderá fazer com que passem “rapidamente” de “motores de crescimento” a “travões ao crescimento”.
Para os promotores imobiliários chineses, os grandes riscos são a “liquidez e refinanciamento”, recordou Yip, sublinhando o “panorama de financiamento mais desfavorável em anos”.

As empresas, que precisam de refinanciar dívidas próximas de vencer, procurarão vender o produto o mais rápido possível, reduzindo os preços se necessário, visando obter liquidez.

8 Nov 2018

Julgamento de acusadas da morte do meio-irmão do líder norte-coreano adiado para 2019

[dropcap]O[/dropcap] reinício do julgamento das duas mulheres acusadas de matar o meio-irmão do líder da Coreia do Norte, em Fevereiro do ano passado no aeroporto da capital da Malásia, foi adiado para janeiro de 2019, foi hoje divulgado.

A indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Don Thi Houng começaram a ser julgadas em Outubro de 2017 no Tribunal Superior de Shah Alam, um distrito perto do aeroporto nos arredores de Kuala Lumpur (capital da Malásia), onde Kim Jong-nam (meio-irmão de Kim Jong-un) foi atacado em Fevereiro do ano passado com VX, um agente neurotóxico, uma versão altamente letal do gás sarin considerado uma arma de destruição em massa.

As duas mulheres, que se declararam inocentes no início do julgamento, podem enfrentar a pena de morte caso sejam consideradas culpadas. O tribunal em questão devia começar este mês a ouvir a exposição da defesa das duas mulheres, depois do juiz ter aceitado, em Agosto último, os argumentos da acusação e de ter dado luz verde à continuação do julgamento.

Com esta nova deliberação, os advogados das duas acusadas vão começar a apresentar os argumentos da defesa a partir de 7 de Janeiro, fase que está prevista terminar a 9 de Abril.

A morte de Kim Jong-nam ocorreu a 13 de fevereiro de 2017 num terminal de partidas do aeroporto da capital da Malásia. Kim Jong-nam, que viajava com um passaporte com o nome de Kim Chol, ia viajar para Macau, onde vivia exilado.

Alegadamente, quando uma das mulheres distraía a vítima enquanto esta imprimia o cartão de embarque, a outra mulher aproximou-se pelas costas e tapou o rosto de Kim Jong-nam com um pano ensopado com o potente produto tóxico.

Depois disto, as mulheres puseram-se em fuga, mas foram captadas pelas câmaras do circuito fechado do aeroporto. No local, Kim Jong-nam pediu assistência médica junto das autoridades antes de desmaiar e cair com uma paragem cardíaca enquanto era transportado para o hospital.

Após terem sido detidas, dias após o incidente, as duas mulheres garantiram ser vítimas de um engano e disseram que pensavam estar a participar num programa de apanhados para a televisão.

Posteriormente, as acusadas disseram às autoridades que toda a situação tinha sido orquestrada por um grupo de quatro homens, todos cidadãos norte-coreanos. Desde o primeiro momento que os serviços de informação da Coreia do Sul e dos Estados Unidos atribuem o assassínio a agentes norte-coreanos, mas o regime de Pyongyang argumenta que a morte foi provocada por um ataque cardíaco e acusou as autoridades da Malásia de conspirarem com os seus inimigos.

8 Nov 2018

Dima Khatib: “Falta de liberdade de expressão é “muito grave no mundo árabe”

[dropcap]A[/dropcap] directora-geral da AJ+, Dima Khatib, amiga de Jamal Kashoggi, jornalista morto nas instalações do consulado saudita na Turquia, disse à Lusa que a falta de liberdade de expressão é uma situação “muito grave no mundo árabe”.

“Jamal era meu amigo, todos os jornalistas do mundo árabe conheciam Jamal porque era uma figura excepcional, era um dos seres humanos mais nobres que conheci na minha vida”, disse a jornalista, que lidera o projecto digital AJ+ da Al Jazeera Media Network, em entrevista à Lusa à margem da Web Summit, em Lisboa, onde a directora-geral marca presença.

Dima Khatib descreveu Jamal Khashoggi como um “ser humano muito sensível, muito simpático” e “muito amável”, apontando que o que aconteceu ao jornalista é “horrível”, mas “quantos mais” jornalistas há que estão a ser alvo de pressões e de perseguições, questionou.

“Milhares, que neste momento estão encarcerados no Egipto, em muitos países do mundo árabe que não têm nome no Washington Post”, apontou, aludindo ao facto do caso de Jamal Khashoggi ter tido uma maior exposição nas notícias pelo facto de este ter sido colaborador naquele jornal norte-americano.

“Obviamente que me entristece ter perdido o Jamal, mas parece-me uma oportunidade incrível que a sua morte tenha alcançado” aquilo que não atingiu na sua vida, ou seja, fazendo o seu trabalho de jornalista.

A morte do jornalista pôs ainda mais em evidência as dificuldades que os profissionais do sector atravessam no mundo árabe, nomeadamente aqueles que criticam os regimes instituídos.

“A sua morte abriu portas para nós, os jornalistas, nos darmos conta, no mundo inteiro, que temos de cuidar porque se tudo isto foi feito por causa” de um jornalista, “uma só pessoa, para que deixasse de escrever, imagina o poder que temos com a caneta”, acrescentou Dima Khatib.

“Ele não era uma estrela de televisão, escrevia artigos, era o que fazia. Tudo isto porque um homem escrevia artigos críticos, nem sequer era da oposição, nem sequer queria mudar as pessoas que estão no poder na Arábia Saudita, somente criticava algumas coisas, entre elas a liberdade de expressão”, prosseguiu.

“A situação está muito grave no mundo árabe, em geral”, no que respeita a liberdade de expressão, “em alguns países muito mais que outros”, salientou. A liberdade de imprensa “quase não existe no mundo árabe”, apontou.

“Por exemplo, não mandamos os nossos jornalistas” fazer reportagem dos países árabes, disse, explicando que além do medo, também são impedidos de trabalhar. No entanto, o mundo ocidental começar a dar-se conta do que está a acontecer “é um bom passo”, salientou Dima Khatib.

“Agora, o que vamos fazer com isso, não sei, parece-me que o que deveríamos fazer é, nós, os jornalistas trabalharmos mais para nos protegermos e para proteger os outros jornalistas e darmo-nos conta do poder que temos”, sublinhou.

Questionada sobre se o caso Khashoggi é uma janela para que o mundo veja o que se passa no mundo árabe, Dima Khatib acredita que sim.

“A minha vida diária é cheia de ameaças, podes ver pelo meu Twitter”, disse, acrescentando que recentemente encerrou contas naquela rede social e reportou as ameaças de que estava a ser alvo. “Reportei ao Twitter porque me estavam a dizer ‘que música queres que ponhamos quando te cortarmos em pedaços’”, confidenciou.

Para estas pessoas, “nós, jornalistas, somos coisas das quais podem abusar, terminar, acabar, é forte, creio que a nossa realidade é tão crua, estamos tão acostumados que não damos conta”, rematou dima Khatib.

O Ministério Público turco declarou recentemente que Jamal Khashoggi, de 59 anos, foi estrangulado e posteriormente desmembrado no consulado saudita em Istambul, no dia 2 de Outubro, onde tinha entrado para obter um documento para se casar com uma cidadã turca.

O jornalista era esperado no consulado por um comando de quinze agentes sauditas que viajaram para a cidade turca algumas horas antes e retornaram a Arábia Saudita naquela mesma noite.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assegurou recentemente numa coluna publicada no jornal americano The Washington Post que está certo de que a ordem para matar o jornalista dissidente “veio do mais alto nível” do poder da Arábia Saudita.

O jornalista saudita, que colaborava com o jornal The Washington Post, estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade. A Arábia Saudita admitiu que Jamal Khashoggi foi morto nas instalações do consulado saudita em Istambul, depois de, durante vários dias, as autoridades de Riade terem afirmado que saíra vivo do consulado.

7 Nov 2018

Ex-secretário do Tesouro norte-americano alerta para cortina de ferro económica

[dropcap]O[/dropcap] antigo secretário do Tesouro norte-americano Henry Paulson advertiu hoje para a perspectiva de uma “cortina de ferro económica” entre a China e os Estados Unidos, apelando a ambos que trabalhem para resolver as disputas comerciais.

O responsável máximo pelo Tesouro dos EUA durante a Administração de George W. Bush avisou que a guerra comercial entre Pequim e Washington está a “chegar a um ponto de não retorno”, durante um discurso na conferência Bloomberg New Economy Forum, em Singapura.

“A região [asiática] deve hoje estar preocupada com a transformação de uma competição estratégica saudável numa guerra fria em grande escala”, disse Paulson, que era secretário do Tesouro quando implodiu a crise financeira global, em 2008.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias de até 25% sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre bens importados dos EUA.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Bruxelas ou Tóquio partilham das mesmas queixas. O governo norte-americano acusa ainda Pequim de expansionismo militar, violação de liberdades civis e religiosas e até de interferência nas eleições norte-americanas, visando penalizar a Administração de Donald Trump.

Henry Paulson disse que pôr em causa décadas de progresso nas relações comerciais entre a China e os Estados Unidos acarreta grandes impactos económicos.

“Temo que partes importantes da economia global estão a fechar-se ao comércio e investimento”, disse. “E agora vejo a perspectiva de uma cortina de ferro económica, que irá erguer novas barreiras em cada lado e romper com a economia mundial como a conhecemos”, acrescentou.

Washington deu alguns sinais positivos nas últimas semanas. Trump disse no início do mês que teve uma “conversa muito boa” por telefone com o homólogo chinês, Xi Jinping, sobre questões comerciais e a Coreia do Norte.

O Departamento de Estado anunciou ainda conversações de alto nível com Pequim, sobre segurança, em Washington, para esta sexta-feira. Henry Paulson prevê, ainda assim, “um longo inverno nas relações sino-norte-americanas”.

7 Nov 2018

China revela novo ‘drone’ de combate furtivo

[dropcap]U[/dropcap]ma empresa estatal chinesa revelou hoje um novo modelo de ‘drone’ (veículo aéreo não tripulado) de combate furtivo, na Feira Aeronáutica e Aeroespacial de Zhuhai, ilustrando a crescente capacidade de combate aéreo da China.

O ‘drone’ CH-7 ilustra também a crescente competitividade da China no mercado global para aquele tipo de engenho. O país tem realizado vendas no Médio Oriente e em outras regiões, impulsionadas por preços baixos e ausência de condições políticas.

Shi Wen, responsável pela criação deste aparelho, garante que este pode “voar durante longas horas, observar e atingir o alvo quando necessário”. “Muito em breve, acredito que nos próximos dois anos, vamos ver o CH-7 a voar”, afirmou Shi, citado pela agência The Associated Press.

Shi afirmou que o fabricante Chinese Aerospace Science and Technology Corporation planeia testar voos com o ‘drone’, no próximo ano, e arrancar com a produção em massa em 2022.

Um modelo do CH-7 está esta semana exposto na Feira Aeronáutica e Aeroespacial de Zhuhai, um avento que se realiza a cada dois anos, e mostra os últimos avanços da China nos sectores militares e aviação civil.

Com uma largura de asas de 22 metros e um comprimento de 10 metros, o aparelho tem a dimensão de um avião de combate e o seu monomotor pode atingir a velocidade de um avião comercial. Os Estados Unidos, Rússia e França estão também a desenvolver ‘drones’ de combate furtivo, um sector que é há muito liderado por Israel.

7 Nov 2018

Governo conclui processo para venda de carne de porco na China

[dropcap]O[/dropcap] ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural garantiu ontem à Lusa que o processo para a venda de carne de porco na China foi concluído e adiantou que outros dossiers estão em desenvolvimento.

“O processo tem vindo a ser negociado e está finalizado. Está apenas dependente de pequenos detalhes de natureza estritamente burocrática, mas foi assumido, com toda a clareza, pelo senhor ministro das Alfândegas [da China] que esse é um processo [dado] como concluído e que nos próximos dias estará totalmente regularizado”, disse Capoulas Santos, em declarações à Lusa.

O governante referiu que durante a visita à feira das importações da China, em Xangai, que se iniciou na segunda-feira, teve oportunidade de reunir com representantes da fileira suinícola portuguesa que esperam, em poucas semanas, “passar a enviar numa primeira fase, apenas do matadouro, cerca de 10 mil suínos por semana” para aquele país.

Capoulas Santos indicou que os processos de abertura de novos mercados, como o da carne de suíno, estão sempre dependentes de um “conjunto de exigências” que arrastam as negociações, que são também afetadas pela capacidade de resposta do mercado aos pedidos externos.

“Por isso, quando se trata de abrir um mercado, no caso o da carne de porco, vieram a Portugal, por várias vezes, missões de inspetores sanitários [para] verificar onde os produtos são produzidos, como é que são produzidos, quais são as regras de boas práticas, como funciona o serviço de fiscalização e como está assegurada a segurança e higiene nas salas de transformação e abate de animais”, disse.

O ministro da Agricultura adiantou ainda que estão a decorrer outros processos, particularmente, no que diz respeito à entrada de frutas, como uvas de mesa, maçãs e peras, no mercado chinês.

Por sua vez, o vinho, o azeite e os produtos lácteos são “mercados já abertos” na China.

“Tive a oportunidade de ver em lojas chinesas excelentes vinhos portugueses a serem procurados pelos consumidores”, exemplificou.

De acordo com o Ministério da Agricultura, em três anos, Portugal abriu mercados em mais de 50 países para cerca de 190 produtos.

“O nosso problema não é a falta de mercados, mas a capacidade de dar resposta, face à nossa dimensão”, concluiu Capoulas Santos.

A comitiva portuguesa, chefiada pelo ministro da Agricultura, contou ainda com o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, e de uma delegação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

7 Nov 2018

Xi Jinping encontra-se com primeiro-ministro da Hungria

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se na segunda-feira em Xangai com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que veio participar na primeira Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, em inglês).

A China e a Hungria devem aprofundar mutuamente o apoio político e a confiança, continuar com o entendimento mútuo e apoiarem-se nos assuntos relacionados com seus respectivos interesses essenciais e principais preocupações, além de aumentar a coordenação e a cooperação nos assuntos internacionais, disse o Presidente chinês, segundo o Diário do Povo.

Xi pediu que os dois países promovam o alinhamento político da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” com a política húngara de Abertura ao Oriente, realizem um planeamento saudável de alto nível para a cooperação em diversas áreas e impulsionem a construção de uma nova linha ferroviária entre a Hungria e a Sérvia, um importante projecto de cooperação.

Os dois países devem também intensificar a cooperação em negócios, investimento, finanças, agricultura, turismo e inovação, entre outros, acrescentou Xi.

Ao mencionar que o ano 2019 se comemorará o 70º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países, o primeiro-ministro húngaro disse que esta será uma oportunidade importante para promover o desenvolvimento das relações Hungria-China sob as novas circunstâncias.

A parte húngara está disposta a trabalhar com a China para aumentar os intercâmbios de alto nível, participar activamente do desenvolvimento da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e expandir a cooperação nas diversas áreas, indicou Orban.

7 Nov 2018

Investimento | Xi Jinping enaltece papel comercial de Xangai

Empresas estrangeiras, sediadas na capital financeira chinesa, saúdam a intenção do Presidente chinês de expandir a outras regiões do país as práticas bem sucedidas em Xangai de liberalização de investimento e comércio

 

[dropcap]A[/dropcap] China irá capitalizar o papel de Xangai e das regiões circundantes para a abertura do país, segundo afirmou o Presidente Xi Jinping durante a cerimónia de abertura da Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, na sigla inglesa), na capital económica chinesa, na passada segunda-feira.

A Zona Piloto de Livre Comércio da China (Xangai) será expandida, disse Xi, acrescentando que o país irá encorajar e apoiar “passos sólidos e criativos” por parte do município para avançar com a liberalização do investimento e comércio, de modo a que mais das suas práticas bem-sucedidas possam ser replicadas noutras partes da China, informa o Diário do Povo.

A zona de livre comércio é a primeira do género no país, abrangendo uma área de 120km2.
Xangai irá também receber apoio para cimentar sua posição como um centro financeiro internacional e polo de inovação científica. O governo deverá auxiliar as instituições fundamentais e o seu mercado de capital, de acordo com Xi.

Uma nova plataforma de comércio para empresas de inovação científica e tecnológica será lançada em Xangai, bem como um sistema experimental de registo para concursos públicos, afirmou.

“Iremos apoiar o desenvolvimento integrado da foz do rio Yangtzé”, prosseguiu o Presidente. “Faremos dele uma estratégia nacional e implementaremos a nossa nova filosofia de desenvolvimento na sua plenitude”.
O Presidente afirmou que o aprofundamento da integração é parte do plano nacional de melhorar a reforma e abertura do país, juntamente com a iniciativa “Uma Faixa, uma Rota”, o desenvolvimento coordenado da região Beijing-Tianjin-Hebei e o desenvolvimento da faixa económica do rio Yangtzé e da baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Benefícios múltiplos

Denis Depoux, CEO da filial chinesa da consultora global Roland Berger, afirma que a integração da foz do rio Yangtzé enquanto estratégia nacional será determinante para Xangai. “Terá um efeito positivo na economia da cidade”, vincou.

“Isto, combinado com o aprofundamento da expansão da zona de livre comércio e com o apoio a um mercado de acções com base na inovação, irá criar novas oportunidades no sector de infraestruturas, bem como estabelecer Xangai como um centro tecnológico”, disse.

Pan Jianjun, porta-voz do grupo Bright Food, disse que a empresa se sente encorajada pela decisão do governo de estabelecer novas áreas na Zona de Livre Comércio de Xangai.
“Este passo irá ajudar a Bright Food a chegar ao vasto mercado além-fronteiras e facilitar o financiamento e investimento externos, deste modo respondendo à procura de produtos estrangeiros dos consumidores chineses”, disse Pan.

Algumas empresas estrangeiras, incluindo a Volvo, disseram que tomaram a decisão correcta ao estabelecer a sua sede para a Ásia-Pacífico em Xangai.

“Esta iniciativa proposta pelo Presidente Xi irá facilitar o desenvolvimento da Volvo na China e na região da Ásia-Pacifico e o desenvolvimento global da marca”, afirmou Michel Zhao, vice-presidente do departamento de comunicação da Volvo Car Asia Pacific.

7 Nov 2018