Banca | Empresa de Hong Kong adquiriu parte do BANIF, que ganhou o nome de Bison Bank

[dropcap]O[/dropcap] Bison Bank é a nova designação do BANIF – Banco de Investimento que foi lançada ontem em Portugal, estando focado nos segmentos de ‘wealth management’, gestão de activos e banca de investimento, anunciou hoje o Bison Capital Financial Holdings.

Em comunicado, os chineses da Bison Capital Financial Holdings (Hong Kong) Limited, que adquiriram a parte do BANIF que estava na Oitante, destacam que “é com base na ligação privilegiada ao mercado asiático que o Bison Bank irá distinguir-se das restantes entidades financeiras no nosso país”, em “especial neste actual contexto em que Portugal se posiciona como o segundo país europeu que mais investimento chinês recebe, quando ponderado pela sua dimensão económica”.

“Os recursos que a Bison detém nos mercados asiáticos permitem que o banco potencie uma rede sólida e distinta de conhecimentos que, entre outros, dará possibilidade aos actuais clientes de beneficiarem de uma plataforma de oportunidades de investimento nos mais variados países”, refere.

Segundo adianta, o banco irá “servir ainda como ponte financeira entre a Ásia, Europa e vice-versa: “Os nossos objectivos passam por criar uma ligação intercontinental sólida entre os continentes asiático e europeu apoiando um fluxo constante de ligações que aproximam os mercados de investidores em todo o mundo”.

“Com esta aquisição e o lançamento do Bison Bank iremos apoiar clientes asiáticos interessados em investir e expandir a actividade internacionalmente, bem como investidores internacionais interessados na China”, refere a presidente não-executiva do Bison Bank, Lijun (Lily) Yang, citada no comunicado.

A proposta dos chineses, cujo valor não foi divulgado, foi apresentada como “aquela que apresentava as condições mais favoráveis à maximização da venda” da instituição.

No final de Junho deste ano, o Banco de Portugal anunciou que pediu o início da liquidação judicial do BANIF, na sequência da revogação pelo Banco Central Europeu da autorização para o exercício da actividade de instituição de crédito.

Em Dezembro de 2014, o BANIF foi alvo de uma medida de resolução, por decisão do Governo e do Banco de Portugal, o que levou a que muitos clientes se viessem a afirmar como lesados por aquela instituição bancária.

Entre os lesados estão cerca de 3.500 obrigacionistas, em grande parte oriundos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, mas também das comunidades portuguesas na África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, que perderam 263 milhões de euros.

Além destes, há ainda a considerar 4.000 obrigacionistas Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil accionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

Parte da actividade do Banif foi adquirida pelo Santander Totta por 150 milhões de euros, tendo sido ainda criada a Oitante, para onde foi transferida a actividade bancária que este comprador não adquiriu.

Desde a resolução do Banif, investidores do banco têm andado em ‘luta’ por uma solução que os compense pelas perdas.

27 Nov 2018

Cooperação em energia, infra-estruturas e tecnologia na agenda de Xi Jinping em Lisboa

[dropcap]P[/dropcap]ortugal e a China vão assinar, durante a visita a Lisboa do Presidente Chinês, Xi Jinping, em Dezembro, acordos de cooperação em vários domínios, incluindo os sectores da energia, infra-estruturas e ciência e tecnologia, segundo a Xinhua.

De acordo com a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, que cita o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Chao, os acordos a assinar durante a visita do chefe de Estado chinês a Portugal cobrem áreas que vão desde as infra-estruturas, à cultura, educação, ciência e tecnologia, conservação de água, controlo de qualidade, energia e finanças.

Segundo o vice-ministro, durante a visita, que decorre a 4 e 5 de Dezembro, Xi Jinping terá encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e com o primeiro-ministro, António Costa.

Portugal é um de quatro países que o líder chinês vai visitar entre 27 de Novembro e 5 de Dezembro, para reforçar os respectivos laços bilaterais. Xi Jinping vai ainda até Espanha, Panamá e Argentina, onde irá decorrer a cimeira do G20.

Bom momento

No âmbito da deslocação será ainda assinada uma declaração conjunta entre Portugal e a China, avança a Xinhua, sem especificar o teor.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, tinha adiantado, em Outubro, aquando de uma deslocação a Pequim, que Portugal e a China estavam a ultimar um memorando de entendimento no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, centrada no investimento de infra-estruturas.

Não adiantou, no entanto, se tal memorando seria assinado durante a visita oficial de Xi Jinping a Portugal.
A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, proposta em 2013 pelo Presidente chinês tem como objectivo reforçar as ligações e dinamizar o comércio entre várias economias da Ásia, do Médio Oriente, da Europa e de África, através do investimento em infra-estruturas.

Na ocasião, Santos Silva destacou o momento “particularmente auspicioso” das relações com a China, adiantando que durante a visita do chefe de Estado chinês a Portugal será assinalada ” a excelência das relações políticas e diplomáticas” bem como o desenvolvimento da relação económica entre Portugal e a China.

27 Nov 2018

Cientista chinês alega ter criado primeiros bebés geneticamente manipulados

[dropcap]U[/dropcap]m cientista chinês afirmou hoje que ajudou a criar os primeiros bebés geneticamente manipulados do mundo, gémeas cujo ADN He Jiankui disse ter alterado com tecnologia capaz de reescrever o ‘mapa da vida’.

A revelação foi feita pelo próprio em Hong Kong a um dos organizadores de uma conferência internacional sobre manipulação de genes que deve começar na terça-feira e, anteriormente, em entrevistas exclusivas à agência de notícias Associated Press (AP). “A sociedade decidirá o que fazer a seguir”, argumentou na entrevista.

O cientista He Jiankui, da cidade de Shenzhen, disse que alterou os embriões durante os tratamentos de fertilidade de sete casais, tendo resultado numa gravidez até agora. Jiankui afirmou que o objectivo não é curar ou prevenir uma doença hereditária, mas tentar criar uma capacidade de resistência a uma possível infecção futura de VIH-Sida.

O cientista adiantou que os pais envolvidos não quiseram ser identificados ou entrevistados e não disse onde estes moram ou onde o trabalho foi realizado.

Não há confirmação independente da reivindicação de He Jiankui, que tão pouco foi publicada ou examinada por outros especialistas. Alguns cientistas ficaram espantados ao terem conhecimento da alegação e condenaram-na com veemência.

É “inconcebível… uma experiência em seres humanos que não é moralmente ou eticamente defensável”, criticou um especialista em manipulação de genes da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos), Kiran Musunuru, e editor de uma revista de genética.

“Isso é prematuro demais”, declarou o diretor do Scripps Research Translational Institute (estado norte-americano da Califórnia), Eric Topol.

No entanto, um famoso geneticista, George Church, da Universidade de Harvard (estado norte-americano do Massachusetts), defendeu a manipulação de genes para combater o vírus do VIH-Sida, que apelidou de “uma grande e crescente ameaça à saúde pública”. “Acho que isso é justificável”, defendeu Church.

Nos últimos anos, os cientistas descobriram uma maneira relativamente fácil de manipular genes. A ferramenta, chamada de CRISPR-cas9, torna possível alterar o ADN para fornecer um gene necessário ou desativar um que esteja a causar problemas.

Só recentemente foi tentado em adultos para tratar doenças mortais, mas as mudanças estão confinadas a essa pessoa. A manipulação de espermatozóides, óvulos ou embriões é diferente, já que as alterações podem ser herdadas. A China proíbe a clonagem humana, mas não especificamente a manipulação de genes.

Jiankui estudou nas universidades de Rice e Stanford nos Estados Unidos antes de regressar à terra de origem para abrir um laboratório na Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzhen, onde também tem duas empresas de genética.

Um cientista norte-americano garantiu ter trabalhado com Jiankui nesse projecto. Trata-se de um professor de física e bioengenharia, Michael Deem, que foi seu conselheiro na Universidade de Rice, em Houston. Deem também detém “uma pequena participação” nas duas empresas de Jiankui, disse.

O investigador chinês referiu que praticava a manipulação genética de ratos, macacos e embriões humanos no laboratório há vários anos e solicitou patentes sobre a sua metodologia.

He Jiankui acrescentou que optou por testar a manipulação genética de embriões para o VIH, porque o vírus é um grande problema na China. O cientista tentou desactivar um gene chamado CCR5, que forma uma porta proteica que permite que o VIH, o vírus que causa a Sida, entre numa célula.

Todos os homens do projecto tinham VIH, enquanto que todas as mulheres não, mas a manipulação genética não visava evitar o pequeno risco de transmissão, explicou.

Os pais tiveram as suas infecções profundamente reprimidas por medicamentos padrão para o VIH e existem maneiras simples de evitar que infectem descendentes que não envolvem a alteração de genes.

Em vez disso, a intenção era oferecer aos casais afectados pelo VIH a hipóteses de terem um filho que pudesse ser protegido de um destino semelhante.

He Jiankui recrutou casais através de um grupo de defesa de casos relacionados com o vírus da Sida, Baihualin, que tem a sua sede em Pequim.

O seu líder, conhecido pelo pseudónimo “Bai Hua”, afirmou à AP que não é incomum na China que pessoas com VIH percam empregos ou que tenham problemas para obter assistência médica se as infecções forem divulgadas.

26 Nov 2018

Funcionários presos na China por tentarem formar sindicato sem acesso a família e advogados

[dropcap]A[/dropcap] Amnistia Internacional (AI) denunciou sábado a situação em que vivem vários funcionários presos na China por tentarem formar um sindicato, que estão impedidos de verem as famílias e com um acesso restringido aos advogados.

“Há preocupação com o seu bem-estar e com o acesso a um julgamento justo”, refere esta organização defensora dos direitos humanos em comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE, acrescentando que os quatro homens enfrentam “dificuldades contínuas” para se encontrarem com os respectivos advogados desde que foram detidos.

Perante esta situação, a AI pediu ao governo chinês que os quatro homens “sejam libertados ou julgados de acordo com os padrões internacionais em julgamentos justos, e não pelo exercício pacífico dos seus direitos à liberdade de expressão e reunião”.

A organização exigiu também que os presos tenham “acesso regular e irrestrito aos seus parentes e advogados”.

Desde Maio, os funcionários da empresa tecnológica Jasic, que tem fábricas nas cidades de Shenzhen e Chengdu, empregando ao todo 1.200 funcionários, têm vindo a reivindicar os seus direitos, depois de a empresa demitir os trabalhadores mais críticos.

Os funcionários também protestam contra os baixos salários, as más condições de trabalho e outras práticas de gestão abusivas por parte da entidade patronal.

Em Julho deste ano, vários funcionários foram presos e acusados de “provocar discussões e problemas”, estando, pelo menos três destes trabalhadores detidos, além de uma representante de uma Organização Não Governamental que foi presa por gritar palavras de ordem em apoio aos trabalhadores em frente a uma esquadra da polícia.

Além disso, denúncia AI, alguns representantes dos trabalhadores foram demitidos e outros espancados por pessoas não identificadas depois de tentarem voltar a trabalhar na fábrica.

26 Nov 2018

Osaka, no Japão, volta a sediar Expo em 2025

[dropcap]A[/dropcap] cidade de Osaka, no Japão, vai acolher a Exposição Universal em 2025 (Expo 2025), pela segunda vez na história, depois de ultrapassar Ecaterimburgo, na Rússia, e Baku, capital do Azerbaijão, numa votação realizada sexta-feira em Paris.

“Estou muito feliz (…) que o Japão tenha sido escolhido como sede da Expo”, disse o primeiro-ministro Shinzo Abe, num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, no qual expressou gratidão “pela amizade e solidariedade dos países que apoiaram o Japão”.

Osaka foi palco da Exposição Universal em 1970, sob o tema “Progresso e Harmonia para a Humanidade”. Desta vez, apresenta-se ao mundo com o tema “Conceber a sociedade do futuro, imaginar a nossa vida amanhã”, entre Março e Novembro de 2025.

O líder nipónico descreveu a notícia como uma “grande oportunidade para transmitir o encanto do Japão ao mundo” e mostrou-se convicto de que o evento irá contribuir para o aumento do número de turistas no país e para a revitalização das economias regionais.

As Exposições Universais são realizadas a cada cinco anos, podem durar até seis meses e permitem que os países participantes construam seus próprios pavilhões. A última Expo teve lugar em Milão, em 2015, sob o tema “Alimentar o planeta, energia para a vida”.

A próxima será realizada em 2020, no Dubai, que venceu a ‘corrida’ com o tema “Unindo mentes, criando o futuro” e com a intenção de abordar três sub-temas: mobilidade, sustentabilidade e oportunidade. Será a primeira vez que a Expo se realizará no Médio Oriente.

A Expo é o terceiro maior evento internacional em termos de impacto económico e cultural, atrás do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos.

26 Nov 2018

Taiwaneses dizem não ao casamento ‘gay’ em referendo

[dropcap]O[/dropcap]s taiwaneses aprovaram este sábado um referendo contra o casamento ‘gay’, um passo atrás que pode dificultar a ordem do Supremo Tribunal para legalizar a união entre pessoas do mesmo sexo em 2019.

A votação vai contra a decisão histórica tomada pela Justiça taiwanesa em Maio do ano passado, que deu luz verde ao reconhecimento entre pessoas do mesmo sexo e estabeleceu o prazo de dois anos para que fosse aprovada uma legislação.

Os taiwaneses também rejeitaram alterar o nome da ilha em competições desportivas. Propunha-se adoptar “Taiwan” em vez da actual “Taipé chinesa”, um claro desafio a Pequim.

No mesmo dia, em que se realizaram dez referendos, o partido no poder, pró-independência, sofreu uma pesada derrota nas eleições locais, levando a presidente Tsai Ing-wen a deixar a direcção da formação. A China já saudou os resultados.

O Kuomintang, principal partido da oposição, mais aberto a compromissos com a China, disse ter conquistado a presidência de 15 dos 22 municípios, quando no anterior escrutínio tinha obtido apenas seis. O Partido Progressista Democrático (PPD), que tinha 13, indicou ter conseguido seis.

Tsai e o PPD são assim penalizados pela deterioração dos laços com a China, que continua a considerar Taiwan como parte integrante do seu território.

“Enquanto dirigente do partido no poder, assumirei a total responsabilidade pelo resultado das eleições locais de hoje. Demito-me do meu cargo de presidente do PPD”, anunciou Tsai à imprensa.

“Os nossos esforços não foram suficientes e desiludimos os nossos apoiantes”, adiantou a Presidente, apresentando as suas “sinceras desculpas”.

Tsai Ing-Wen, eleita em 2016, tinha apresentado as eleições como um referendo à vontade da sua administração em manter a independência da ilha face a Pequim.

26 Nov 2018

Tsai Ing-wen sofre derrota pesada em Taiwan e abandona liderança do partido

[dropcap]O[/dropcap] partido no poder em Taiwan sofreu no sábado uma pesada derrota nas eleições locais, levando a presidente Tsai Ing-wen a deixar a direção da formação, num contexto de crescente pressão económica e política da China.

O Kuomintang, principal partido da oposição, mais aberto a compromissos com a China, disse ter conquistado a presidência de 15 dos 22 municípios, quando no anterior escrutínio tinha obtido apenas seis. O Partido Progressista Democrático (PPD), que tinha 13, indicou ter conseguido seis.

Tsai e o PPD são assim penalizados pela deterioração dos laços com a China, que continua a considerar Taiwan como parte integrante do seu território.

“Enquanto dirigente do partido no poder, assumirei a total responsabilidade pelo resultado das eleições locais de hoje. Demito-me do meu cargo de presidente do PPD”, anunciou Tsai à imprensa.

“Os nossos esforços não foram suficientes e desiludimos os nossos apoiantes”, adiantou a presidente, apresentando as suas “sinceras desculpas”.

Tsai Ing-Wen, eleita em 2016, tinha apresentado as eleições como um referendo à vontade da sua administração em manter a independência da ilha face a Pequim.

Presidente da Comissão Eleitoral de Taiwan demitiu-se

O presidente da Comissão Eleitoral de Taiwan, Chin In-chin, demitiu-se após numerosas críticas, um dia depois de eleições locais, que representaram uma pesada derrota para o partido no poder. “A demissão foi aceite pelo primeiro-ministro, La Ching-te”, disse o porta-voz do Governo, Kolas Yotaka, numa conferência de imprensa.

A Comissão Eleitoral foi muito criticada por ter começado a dar informações sobre os resultados da eleição quando muitos eleitores ainda não tinham votado. O candidato do partido da oposição Kuomintang (KMT) à câmara de Taipé, Ting Shou-chung, pediu a anulação do resultado das eleições, que perdeu para o independente Ko Wen-je por menos de 0,3%, por considerar que o anúncio de resultados pode ter afetado a votação.

Na sua carta de demissão, Chin In-chin disse que os muitos referendos, 10, ao mesmo tempo da escolha dos representantes locais, representaram um peso acrescido para as assembleias de voto dados os recursos disponíveis, pedindo desculpa e responsabilizando-se pelas longas filas e atrasos.

26 Nov 2018

Maquete de expansão da Escola Portuguesa de Díli apresentada ao público

[dropcap]A[/dropcap] maquete do projecto de expansão da Escola Portuguesa de Díli (EPD), que prevê 25 novas salas e um pavilhão multi-usos, foi apresentada esta semana na unidade escolar, devendo as obras arrancar já em 2019.

O processo de expansão, que terá um custo total de cerca de 5 milhões de dólares, permitirá aumentar significativamente a capacidade de acolhimento de alunos, disse à Lusa o director da escola, Acácio Brito.

Está prevista a construção de mais um piso no edifício principal, a construção de uma sala multi-usos que servirá como auditório e ginásio e ainda a instalação de dois campos desportivos, entre outras melhorias e alterações.

Este ano a EPD tem 1.032 alunos, com 270 no ensino pré-escolar, 376 no 1.º ciclo, 131 no 2.º ciclo, 144 no 3.º ciclo e 121 no ensino secundário. Intervindo na apresentação da maquete, o embaixador de Portugal em Díli, José Pedro Machado Vieira, recordou as longas listas de espera que a EPD já tem atualmente.

As obras são, disse, “mais um passo deste processo de melhorar as condições que permitem a esta Escola proporcionar uma educação de qualidade e manter-se como referência, na oferta educativa em Timor-Leste”.

“O projecto de ampliação das instalações da escola torna-se essencial para o cumprimento dos objetivos base desta instituição, quer de garantia da qualidade do ensino, quer na melhoria dos resultados dos alunos, quer de alargamento do número de admissões, para incluir todos os que, anualmente, se candidatam e ficam de fora, por falta de capacidade física de os integrar na escola”, referiu.

“Este alargamento permitirá, igualmente, expandir a oferta formativa para os docentes, através do Centro de Formação, que, até ao momento, se tem ocupado exclusivamente da formação dos docentes da EPRC, e que pretende colocar-se ao serviço da formação de professores em funções no sistema educativo timorense”, notou ainda.

A EPD integra-se no programa de cooperação bilateral entre Portugal e Timor-Leste que em 2017, e que segundo valores da Ajuda Pública para o Desenvolvimento (APD) ultrapassou os 13 milhões de euros.

Da cooperação portuguesa fazem ainda parte, entre outros programas, o projecto dos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), que abrange a educação pré-escolar e do ensino básico em 13 municípios e que, no próximo ano letivo, se alargará ao ensino secundário.

Fazem ainda parte o projecto Formar Mais, para a formação contínua de professores e apoio à gestão escolar, o projeto de Capacitação da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL) em Língua Portuguesa e formação, entre outros, a jornalistas e Forças de Defesa.

No âmbito da cooperação portuguesa na área educativa são atribuídas anualmente bolsas de estudo no ensino público em Portugal para os graus de licenciatura, mestrado e doutoramento e bolsas de estudo internas para frequência do ensino superior em Timor-Leste.

23 Nov 2018

Pequim condena ataque contra consulado chinês no Paquistão

[dropcap]P[/dropcap]equim condenou hoje o ataque esta manhã contra o consulado chinês em Karachi, cidade portuária no sul do Paquistão, no qual morreram pelo menos sete pessoas, já reivindicado por um movimento separatista paquistanês.

“A China condena veementemente qualquer ataque violento contra as agências consulares diplomáticas e pede ao Paquistão que tome medidas concretas para garantir a segurança dos cidadãos e instituições chineses no Paquistão”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Geng Shang, durante uma conferência de imprensa. Dos sete mortos, pelo menos dois são civis e outros dois são policiais

“Três ou quatro homens armados entraram no consulado chinês e quando foram interceptados começaram a disparar sobre a polícia que protegia o complexo”, disse à agência Efe o porta-voz da polícia, Mohamed Ishfaq.

A televisão loca emitiu imagens de fumo a sair do complexo consular, que também é residência de diplomatas e outros funcionários chineses. O Exército de Libertação do Baluchistão (ALB), já reivindicou o ataque, de acordo com a agência France-Presse (AFP).

“Lideramos o ataque e a nossa acção continua”, disse ao telefone o porta-voz do movimento separatista, Geand Baloch. O ALB é um dos grupos que operam no Baluchistão, uma província que é palco de ataques de grupos armados islâmicos, mas também de ataques de rebeldes locais que defendem a autonomia ou até a independência da região.

O Baluchistão é a maior, mas também a mais pobre província do Paquistão, apesar dos vastos depósitos minerais e de gás. A China, um dos aliados mais próximos do Paquistão, investiu mais de mil milhões de dólares no Corredor Económico China-Paquistão (CPEC).

Muitas infra-estruturas, rodovias, centrais elétricas e hospitais devem ser construídos neste contexto, além de um porto em Gwadar, no Baluquistão, que dará acesso direto dos produtos chineses ao mar arábico.

Karachi, a maior cidade do Paquistão, com mais de 15 milhões de habitantes, viveu anos de violência política, sectária ou étnica perpetrada por grupos armados ou criminosos.

23 Nov 2018

Pelo menos 12 jornalistas foram mortos nas Filipinas na actual Presidência

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 12 jornalistas foram mortos nas Filipinas durante a Presidência de Rodrigo Duterte e centenas foram submetidos a assédio e ameaças, de acordo com um relatório divulgado hoje por vários grupos que defendem a liberdade de imprensa.

“Estes casos mostram o perigo do exercício do jornalismo independente nas Filipinas, cuja imprensa é considerada uma das mais livres e pluralistas da Ásia”, lamentaram hoje a Freedom for Media, o Sindicato Nacional de Jornalistas das Filipinas e o Centro Filipino de Jornalismo Investigativo.

Estas entidades relataram que os casos de assédio e intimidação contra jornalistas aumentaram durante o Governo do Presidente filipino, que começou a 30 de junho de 2016, e têm piorado nos últimos seis meses, especialmente na Internet. No mesmo período, ocorreram três assassínios e uma tentativa de assassínio, concluem as organizações.

O relatório sublinhou que 44% dos actos foram cometidos por “agentes do Estado ou funcionários públicos” e que as formas de intimidação variam desde o ‘cyberbullying’, insultos, ameaças verbais, a prisão temporária e a remoção de artigos da internet.

“As perspectivas de liberdade de imprensa e apoio dos cidadãos aos jornalistas estão em perigo num período de crescente autoritarismo”, lamentaram os grupos mencionados.

O sindicato de jornalistas nas Filipinas considerou que “os cidadãos têm sido enganados para apoiar o surgimento de líderes autocráticos que prometem soluções rápidas para os males incrustados”, usando o pretexto de que “a democracia fracassou para minar as liberdades inalienáveis”.

O relatório foi publicado hoje por ocasião do nono aniversário do massacre de Ampatuan, em que 58 civis foram mortos – entre os quais 32 jornalistas – por homens armados a mando de um poderoso clã num dia de eleição na província de maioria muçulmana de Maguindanao, na ilha sul de Mindanau.

Nove anos depois, ninguém ainda foi condenado pelo massacre, embora o secretário da Justiça, Menardo Guevarra, tenha dito hoje que o processo judicial terminará em breve e que espera uma sentença para o próximo ano.

23 Nov 2018

Vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês fala da agenda de Xi Jinping na visita a Lisboa

[dropcap]A[/dropcap] China enalteceu hoje a “cooperação activa” com Portugal em países terceiros, em África e na América Latina, nas vésperas da visita do Presidente Xi Jinping, visando “elevar a parceria estratégica para um novo nível”. Xi Jinping vai estar em Portugal a 4 e 5 de Dezembro, após participar na cimeira do G20 e visitar o Panamá.

Trata-se da primeira deslocação oficial de um chefe de Estado chinês a Lisboa, desde 2010, e ocorre a cerca de três meses do 40.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre Lisboa e Pequim.

Xi vai reunir-se, em Lisboa, com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa. Em conferência de imprensa, o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Wang Chao lembrou que as duas partes têm cooperado “activamente” na América Latina e África, através do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, estabelecido em Macau, em 2003.

Portugal é um “membro importante” da União Europeia (UE) e tem “tradicionalmente influência” na América Latina e África, notou Wang Chao.

O vice-ministro chinês para os Assuntos Europeus revelou que os líderes dos dois países vão “trocar opiniões” sobre as relações bilaterais, as relações entre a China e a UE e questões internacionais e regionais de “interesse comum”.

“O Presidente Xi vai com os líderes portugueses elevar para um novo nível o futuro desenvolvimento da Parceria Estratégica Global China e Portugal”, previu. Aquele documento foi assinado em 2005, para reforçar o diálogo político e a cooperação nas áreas economia, língua, cultura e educação, ciência e tecnologia, justiça e saúde.

Lembrando que as visitas de alto nível se intensificaram nos últimos anos, o vice-ministro chinês considerou que a cooperação nas áreas economia, comércio ou cultura produziram “resultados frutíferos”.

“As duas partes responderam juntas à crise financeira e aos desafios internacionais; a cooperação no campo do investimento alcançou grandes progressos, com benefícios tangíveis para ambos os países”, disse.

Wang Chao lembrou ainda que Portugal foi o primeiro país da UE com que a China estabeleceu uma “parceria azul”.

Os dois países assinaram, em 2017, um plano de acção, visando colaborarem na investigação e em projectos comerciais, no âmbito da economia do mar.

Wang Chao considerou ainda que Portugal tem “respondido positivamente” à iniciativa chinesa ‘uma faixa, uma rota’, projeto de infra-estruturas internacional que inclui a construção de uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos ou centrais eléctricas, visando reforçar a conectividade entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

Lisboa tem insistido na inclusão de uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria ao porto de Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao Oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

Wang Chao revelou que os dois países vão emitir um comunicado conjunto com os “resultados da visita e consensos importantes”, e que serão assinados acordos de cooperação no domínio da cultura, educação, infraestruturas, tecnologia, Recursos Hídricos, finanças e energia.

A delegação de Xi Jinping, que terá em Lisboa a sua última visita de Estado deste ano, inclui Yang Jiechi, membro do Gabinete Político do Comité Central do Partido Comunista Chinês, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Conselheiro de Estado, Wang Yi, e o presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão máximo de planeamento económico do país, He Lifeng, revelou à agência Lusa fonte do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Desde a crise financeira global, em 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China manteve altas taxas de crescimento económico, aumentando a quota no Produto Interno Bruto global de 6% para quase 16%.

O país asiático tornou-se, no mesmo período, um dos principais investidores em Portugal, ao comprar participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

23 Nov 2018

Grupo português investe 150 milhões num mega-shopping chinês

O maior investimento de uma empresa portuguesa em Paris, nos últimos anos, junta os interesses de Portugal, da China e de França num gigantesco centro comercial, com cerca de 1000 lojas de retalho e outros serviços como hotéis e restauração

[dropcap]C[/dropcap]om 400 lojas, uma área equivalente a 10 campos de futebol e um investimento de cerca de 150 milhões de euros, a construtora Alves Ribeiro inaugurou ontem o Silk Road Paris, o seu centro de venda a retalho nas imediações da capital francesa dedicado especialmente a produtos chineses.

O Silk Road Paris, que se situa junto ao aeroporto Charles de Gaulle, quer ser o centro de retalho de paragem obrigatória para os negócios da Europa com a China na área do vestuário, acessórios de moda e decoração, colocando retalhistas, maioritariamente de origem chinesa e radicados em França, em contacto directo com os compradores europeus.

Este é o primeiro investimento da Alves Ribeiro em França e a inauguração contou com a presença de altas figuras da política francesa, incluindo o antigo primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin.

Raffarin é o actual conselheiro especial do Governo francês para os assuntos chineses e é apelidado “Monsieur Chine” pela sua vasta experiência nas relações com este país.

“O comércio é a melhor maneira de as pessoas se entenderem. E é por isto que este centro faz sentido. Este é um investimento português significativo porque se trata de um povo de comerciantes. E, tal como os chineses, são também bons interlocutores e bons trabalhadores. Estas são capacidades que nem sempre temos aqui em França”, afirmou o antigo primeiro-ministro.

Na inauguração esteve também presente o embaixador de Portugal em Paris, Jorge Torres Pereira, relembrando que, antes de assumir o posto em Paris, foi diplomata em Pequim, tendo acompanhado de perto o interesse da China em construir uma nova Rota da Seda e uma nova Rota Marítima da Seda no século XXI – ideia lançada pelo Presidente chinês Xi Jinping.

“Este investimento faz todo o sentido no laço comercial entre a China e a Europa. Portugal foi o primeiro país a fazer a rota marítima da porcelana e, por isso, esta é a continuação da nossa tradição de ligar os dois continentes”, disse Jorge Torres Pereira, reforçando que se trata de “um dos investimentos mais importantes dos últimos anos” de uma empresa portuguesa em França.

Yuanyuan Gao, conselheira económica da Embaixada da China em França, acompanha este investimento desde o primeiro momento e não faltou à cerimónia.

“Segui sempre este investimento porque se encaixa na construção conjunta desta nova rota da Seda, acabando por ser um projecto trilateral entre a França, a China e Portugal”, sublinhou a diplomata chinesa em declarações à Lusa.

Centro ocupado

O centro conta já com cerca de 30% das lojas ocupadas, maioritariamente pela comunidade chinesa. Segurança e melhores condições são as principais razões da mudança para este novo centro logístico.

“Antes estávamos em Aubervilliers e viemos aqui para investir e também porque onde estávamos era cada vez mais caro. As condições aqui são melhores, é mais agradável, é mais seguro e há melhores acessos para os nossos clientes”, referiu Julian, retalhista de origem chinesa de lingerie que já tem a sua loja instalada no Silk Road Paris.

Mas também as empresas portuguesas estão interessadas neste novo espaço. O Crédito Agrícola já tem um espaço neste centro para ceder às empresas portuguesas que queiram expor os seus produtos na capital francesa e apostar na internacionalização.

“Adquirimos aqui um espaço e vamos disponibilizar este espaço para os nossos clientes virem aqui expor os seus produtos e dinamizarem a sua actividade internacional”, disse João Barata Lima, director de Negócio Internacional do Crédito Agrícola.

Esta é a primeira fase do empreendimento da Alvez Ribeiro, que conta com mais duas parcelas de terreno adquiridas à volta do aeroporto Charles de Gaulle.

Mediante o sucesso do complexo Silk Road, a empresa portuguesa quer acrescentar mais lojas – num total de 1000 lojas de retalho – e outros serviços como hotéis e mais restauração.

23 Nov 2018

China boicota produtos da Dolce & Gabbana após alegados insultos racistas

[dropcap]A[/dropcap]s principais plataformas de comércio electrónico da China deixaram hoje de vender produtos da Dolce & Gabbana, após três anúncios da empresa e insultos racistas, alegadamente proferidos pelo co-fundador da marca italiana, terem motivado críticas no país.

Uma pesquisa por produtos da Dolce & Gabbana nas principais plataformas de comércio electrónico do país, como Tmall e JD.com, não dão hoje qualquer resultado, enquanto nas redes sociais chinesas vários internautas lançaram hoje apelos de boicote à marca.

A reacção surge após uma série de anúncios da Dolce & Gabbana, que mostram uma mulher chinesa a tentar comer comida italiana – pizza, esparguete e cannoli – com pauzinhos, ter resultado em várias críticas e numa disputa com o co-fundador da marca Stefano Gabbana, que diz agora que a sua conta oficial no Instagram foi pirateada.

Imagens difundidas nas redes sociais chinesas mostram Gabbana numa discussão ‘online’, na qual se refere à China como um “país de porcaria”, “mafioso, sujo e ignorante”, e afirma que os chineses comem cão.

A marca emitiu já um comunicado a pedir desculpa e afirmou que as suas contas no Instagram foram pirateadas. “Pedimos muita desculpa por qualquer ofensa devido a estas mensagens não autorizadas. Nós respeitamos a China e o povo chinês”, lê-se.

Na quarta-feira, a controvérsia tornou-se rapidamente no tópico número um na rede social Weibo, com mais de 120 milhões de visualizações. Zhang Ziyi, estrela de cinema de “Memórias de uma Geisha” considerou já que a marca “se humilhou a si própria”.

Celebridades como a actriz Li Bingbing e a cantora Wang Junkai anunciaram que iam boicotar um desfile da marca italiana em Xangai, agendado para quarta-feira, e entretanto cancelado. Shaun Rein, analista do China Market Research Group, que conduz análises sobre o mercado chinês, disse esperar um período difícil para a empresa, ao longo dos próximos seis a doze meses.

A Ásia, e a China em particular, são um mercado chave para as marcas de luxo europeias. Um estudo recente da consultora Bain revela que os chineses compõem um terço do consumo de gama alta no mundo, seja em compras no mercado doméstico ou em viagem.

Este número deve subir para 46%, em 2025, impulsionado pelos ‘millennials’ e a geração nascida em meados dos anos 1990.

A Dolce & Gabbana tem 44 lojas na China, incluindo quatro em Xangai. Entrou no mercado chinês em 2005, na cidade de Hangzhou, costa leste do país.

22 Nov 2018

China e Filipinas assinam memorando para exploração de gás no Mar do Sul

[dropcap]C[/dropcap]hina e Filipinas anunciaram ontem um memorando de entendimento para exploração conjunta de petróleo e gás no Mar do Sul da China, demonstrando uma aproximação entre Pequim e Manila após anos de disputa pela soberania daquele território.

Na primeira visita de Xi Jinping a Manila, tradicional aliado estratégico de Washington, o memorando, que tem vindo a ser negociado nos últimos meses, foi assinado, apesar dos protestos da oposição.
O Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, concedeu em 2016 às Filipinas a soberania das águas em questão, que incluem várias ilhotas e atóis ocupados pela China.

No entanto, sob a presidência do actual Presidente filipino, Rodrigo Duterte, as Filipinas têm sido mais permissivas, face às promessas de investimento chinês no país, de quase 24 mil milhões de dólares.
Nos últimos meses, vários membros do gabinete de Duterte admitiram a existência de negociações com uma empresa estatal chinesa para exploração daquelas águas.

“A China e as Filipinas são vizinhos próximos, com uma história de intercâmbios com milhares de anos. Boa vizinhança, amizade e cooperação é a única escolha correcta para nós”, afirmou Xi, após reunir-se com Duterte no palácio de Malacañang, a sede da presidência filipina.
Duterte descreveu a visita de Xi como um “momento marcante” na “história comum” dos dois países.
“Viramos uma nova página e estamos prontos a escrever um novo capítulo de abertura e cooperação”, afirmou.

Coro de protestos

Os detalhes do memorando para exploração conjunta não são ainda públicos. No entanto, a oposição nas Filipinas, incluindo a vice-presidente, Leni Robredo, exigiu que se publique integralmente o texto, alertando para a possibilidade de uma cedência na soberania nacional e violação da Constituição do país.

“É inaceitável e traiçoeiro”, afirmou a senadora de oposição Risa Hontiveros. “Reverte a nossa vitória histórica no [tribunal] de Haia e dá a soberania das Filipinas no mar do Oeste das Filipinas”, considerou.

Manila foi também palco de vários protestos durante a visita de Xi, face à disputa pela soberania do mar do Sul da China. Os manifestantes, que se reuniram em frente à embaixada chinesa em Manila, denunciaram ainda que os empréstimos concedidos por Pequim poderão criar uma situação insustentável para o país.

Os dois chefes de Estado assinaram, no total, 29 acordos e memorandos de entendimento, nos sectores das finanças, banca, investimento, comércio, agricultura, infraestrutura, educação e cultura.

A visita de Xi foi a última paragem de um périplo por três nações asiáticas, onde se tem comprometido a financiar a construção de infra-estruturas e defendido o livre comércio, parte de uma disputa por influência regional com Washington.

Antes de regressar a Pequim, Xi reuniu-se com o presidente do Senado, Vicente Soto, e a presidente da Câmara dos Representantes, Gloria Macapagal-Arroyo.

22 Nov 2018

Índia | Indígenas matam turista que acedeu ilegalmente à sua ilha

[dropcap]I[/dropcap]ndígenas mataram um turista norte-americano que se arriscou a chegar a uma ilha indiana remota no arquipélago de Andamão e Nicobar, no Oceano Índico, com acesso proibido para proteger o povo que a habita, disse fonte policial.

“O turista é cidadão norte-americano e foi visto pela última vez no passado dia 16 de Novembro pelos pescadores que o acompanharam até à ilha Sentinela do Norte”, explicou Jatin Narwal, porta-voz da Polícia de Andamã, na baía de Bengala.

Os pescadores que o levaram anunciaram o ocorrido a um “amigo local”, que por sua vez alertou as autoridades, acrescentou a fonte.

A polícia local procedeu então a uma investigação que determinou que John Chau, 27 anos, morreu assassinado pelos indígenas.

As autoridades desconhecem até agora de que forma o turista morreu, ainda que segundo a imprensa local a vítima tenha morrido pelo impacto de flechas, pouco depois de ter posto os pés na ilha.
Frequentemente descritos como a tribo mais isolada do planeta, os habitantes da ilha Sentinela do Norte vivem em autarcia nessa ilha.

O governo indiano proíbe a aproximação a menos de cinco quilómetros da ilha.

“A ilha de Sentinela do Norte é uma área proibida, a entrada nessa ilha está restringida pela regulação para a Protecção das Tribos Aborígenes, ninguém tem permissão de lá ir”, disse o porta-voz da polícia.
Segundo a organização não-governamental ‘Survival International’, em 2006, os indígenas que habitam a ilha há 55.000 anos mataram dois pescadores que se aproximavam da costa.

22 Nov 2018

TAP | Accionista chinês abdica da Urumqi Airlines para enfrentar dívida

[dropcap]O[/dropcap] conglomerado chinês HNA, accionista da TAP através da Atlantic Gateway, anunciou ontem que vai vender a sua posição maioritária na companhia aérea Urumqi Airlines, numa altura em que enfrenta problemas de liquidez.

A empresa vai reduzir a sua participação na Urumqi Airlines de 70 por cento para 30 por cento. O governo de Urumqi, cidade no extremo noroeste da China, vai comprar a posição.

O grupo HNA tem vindo a alienar investimentos e a cancelar negócios, incluindo na indústria da aviação, que é parte fundamental da empresa.

No início deste mês, o grupo cancelou a compra de uma participação de 60 por cento na companhia aérea chinesa Chongqing Western Airlines.

Segundo o jornal Financial Times, a empresa planeia ainda vender a Lucky Airlines, uma companhia aérea regional, a duas firmas estatais chinesas.

Este ano, a empresa falhou já o pagamento de uma dívida superior a 43 milhões de dólares contraída a um fundo de investimento chinês.

O HNA falhou já também em vários empréstimos constituídos junto de individuais, através de plataformas ‘online’ de financiamento directo (P2P, na sigla em inglês).

A entrada em incumprimento ocorre apesar do grupo ter vendido mais de 15 mil milhões de euros em activos, este ano, visando enfrentar uma grave crise de liquidez.

Em Portugal, o HNA detém uma participação na Atlantic Gateway, consórcio que detém 45 por cento da TAP. O Estado português é dono de 50 por cento da TAP, estando os restantes 5 por cento do capital nas mãos dos trabalhadores.

22 Nov 2018

Timor-Leste defende confidencialidade de negociações sobre Greater Sunrise

Por António Sampaio, enviado da agência Lusa

 

[dropcap]A[/dropcap] negociação para a compra por Timor-Leste da maioria do capital do consórcio do Greater Sunrise teve que decorrer confidencialmente, mas será explicada em detalhe, disse hoje o ex-Presidente Xanana Gusmão, que considerou o projecto “essencial” para o país.

“Nestas coisas, quando a gente inicia, há sempre uma cláusula, um factor que nos orienta, que é pedido pela outra parte: confidencialidade. Até um momento concreto”, disse Xanana Gusmão, em entrevista à Lusa em Bali.

“Não estamos a roubar dinheiro ao Estado. Se querem transparência do dinheiro que gastamos nas viagens e despesas digam. Mas tem que se perceber que nestas coisas de negócios, não é segredo, é exigida confidencialidade”, sustentou.

Xanana Gusmão referia-se ao acordo que assinou hoje, em nome do Governo de Timor-Leste com a presidente executiva da Shell Austrália, Zoe Yujnovich, para a compra participação de 26,56% que a empresa detém no consórcio do Greater Sunrise por 300 milhões de dólares.

A operação, que depende ainda da aprovação do Governo e do Parlamento timorenses e dos reguladores, soma-se à participação de 30% adquirida à ConocoPhillips em setembro, o que dá a Timor-Leste uma maioria de 56,56% no consórcio.

O consórcio dos campos petrolíferos Greater Sunrise, no Mar de Timor, é liderado pela australiana Woodside, a operadora (com 34,5% do capital), e inclui a ConocoPhillips (30%), a Shell (28,5%) e a Osaka Gas (10%).

As operações têm suscitado críticas em Timor-Leste com pedidos de mais transparência, informação e debate público sobre o projecto.

Hoje, em declarações à Lusa, o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, líder da maior força da oposição, defendeu um debate nacional alargado sobre a operação de compra pela petrolífera Timor Gap das acções da ConocoPhillips no consórcio do Greater Sunrise.

“Precisamos de um debate nacional sobre esta questão porque o processo não só não tem sido claro, como tem sido muito obscuro”, disse o líder da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin).

Xanana Gusmão disse que “é claríssima” a necessidade de explicar e refere que a 8 de Dezembro decorrerá em Díli uma conferência, para que serão “todos convidados”, onde serão detalhados todos os aspectos do projecto, incluindo o seu custo.

“A sociedade tem que começar a pensar que temos que ter confiança uns nos outros. Eu lidaria a luta durante 20 e nunca coloquei o custo da libertação da pátria com o peso da mortandade que tinha acontecido. Nunca”, afirmou.

Como exemplo cita uma conversa em 1999, nos meses antes do referendo de auto-determinação, em que o então chefe da missão da ONU, Ian Martin, se reuniu consigo na casa prisão onde estava em Salemba (Jakarta). Martin sugeriu que estava a haver muita violência e muitas mortes e que se deveria adiar a consulta popular.

“Eu disse que nem um só dia. Para isto morreram quase 200 mil. Morrerem mais mil ou dois mil. O que está em causa é a nossa independência. Morremos para isto, vamos continuar a morrer para isto. E por isso em questão de preço, ou confiamos uns nos outros ou não confiamos”, afirmou.

“Quando foi do projecto das instalações das centrais eléctricas, disseram que era um elefante branco e mais não sei quê. Depois de todos terem um bocado de luz à noite nem um obrigado recebi. Fiz o meu trabalho, não estou à espera de obrigados”, afirmou.

Uma compra “histórica”

A compra de uma participação maioritária no consórcio dos poços do Greater Sunrise no Mar de Timor é histórica para Timor-Leste que tem condições para mudar a exploração do principal recurso do país, disse hoje Xanana Gusmão.

“Quando queremos alguma coisa isso leva tempo, exige esforços. Mas estou satisfeito na medida em que, como resultado natural da delimitação das fronteiras, vamos poder mudar as condições de exploração do Greater Sunrise”, afirmou em entrevista à Lusa em Bali, na Indonésia, o representante especial de Timor-Leste para os temas do Mar de Timor.

“A Shell mostrou-se muito cooperante, compreendeu. O Greater Sunrise já dura desde 1974, demasiado tempo para eles e compreendem o desejo do Estado de desenvolver e incentivar a economia. É realmente um dia histórico”, afirmou.

A compra da participação implica, necessariamente, um maior investimento timorense no componente de ‘upstream’ do projecto e Xanana Gusmão garante que, apesar de não poder “dizer tudo” para já “há bons sinais” e “várias formas do financiamento”.

“Estamos a receber bons sinais em questão de financiamento. Tenho contactado com várias pessoas e instituições sobre os mecanismos e estão abertas várias opções”, disse.

A Woodside, que tem até aqui o estatuto de operador do projecto, já se mostrou aberta a negociações com Timor-Leste, mas Xanana Gusmão insiste que prefere que esse diálogo comece quando as compras estiverem efectivamente pagas.

“Vamos pagar primeiro para que nos sentemos com dignidade, com serenidade, para definir as coisas”, explicou.

Para isso, Xanana Gusmão está convicto que o Presidente da República não bloqueará um conjunto de alterações legislativas, já aprovadas pelas bancadas da maioria no parlamento, para que a operação seja financiada, como investimento, diretamente pelo Fundo Petrolífero, não através do Orçamento Geral do Estado (OGE).

“Penso que não. No encontro que tive com o Presidente depois do contrato com a Conoco, abordamos a questão do pagamento. Aí estávamos muito dependentes do OGE, porque tínhamos que dar uma garantia à Conoco para vender já”, explicou.

“Metemos isso no OGE, sei que o Governo está desfalcado de verbas para os seus programas, quanto mais não seja no primeiro ano do seu mandato. E por isso vimos essa opção da lei de actividades petrolíferas e da lei do fundo petrolífero”, explicou.

Uma opção, disse que, não representará uma despesa do OGE, mas um “investimento num sector que depois vai produzir dinheiro para o Fundo Petrolífero” garantindo receitas de investimentos nos mercados durante a vida do projecto.

“Não foi uma ideia mágica, mas foi a decisão mais correcta para comprar estas acções”, disse.

A fase a seguir, disse, é, no seu regresso a Timor-Leste, um encontro com o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, a quem vai apelar “para promulgar a lei”, se possível, para permitir que se paguem, até Dezembro, as operações do Greater Sunrise.

“Se pagarmos já em Dezembro, a Timor Gap pode estar já sentada na ‘joint-venture’”, disse.

21 Nov 2018

China detém 576 pessoas por contrabando de lixo estrangeiro este ano

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas detiveram 576 pessoas por contrabando de lixo procedente do estrangeiro, entre Janeiro e Outubro, informou hoje a imprensa local, depois de a China ter deixado de importar vários tipos de resíduos sólidos.

No total, as autoridades do país confiscaram 1,46 milhão de toneladas de lixo, detalha a agência noticiosa oficial Xinhua. A China baniu, no início deste ano, a importação de 24 tipos de resíduos sólidos, incluindo plásticos, papel e tecido, visando combater os danos para o ambiente e a saúde pública.

“É da responsabilidade de todos os países e regiões lutar contra o contrabando transfronteiriço de resíduos sólidos”, afirmou o director da Administração Geral das Alfândegas da China, Ni Yuefeng.

O país asiático converteu-se no maior importador mundial de lixo desde que começou a importar resíduos para reciclar nos anos 1980, criando um fornecimento extra de metais e materiais que faltavam no mercado doméstico.

A China recebia, por exemplo, dois terços dos resíduos de plástico do Reino Unido. As autoridades de Pequim consideram agora que os problemas criados pela importação de lixo ultrapassam em muito os benefícios, apontando que, apesar do proveito industrial e criação de emprego, tem um impacto “muito negativo” para o ambiente.

O país já informou a Organização Mundial do Comércio que, a partir de 2019, a proibição irá alargar-se a outros artigos, como titânio, madeira, ferragens, barcos ou aço inoxidável.

21 Nov 2018

Gigantes tecnológicas da China reforçam luta interna contra a corrupção

[dropcap]A[/dropcap] firma chinesa de anúncios ‘online’ 58.com revelou hoje que dois dos seus altos executivos foram detidos por alegada corrupção, ilustrando os esforços do sector tecnológico chinês no combate ao crime económico, em linha com Pequim.

O jornal chinês Caixin revelou hoje que o vice-presidente e o director da divisão de negócios da empresa, Song Bo e Guo Dong, respectivamente, foram detidos por alegadamente terem aceitado subornos.

Com sede em Pequim, o 58.com é usado por internautas para publicar classificados ‘online’. A empresa explicou que a “má conduta” foi detectada após uma inspecção interna, no início deste ano, e que envolve valores “enormes” de dinheiro, sem detalhar quanto.

Outras empresas tecnológicas chinesas realizaram inspecções, nos últimos anos, à medida que Pequim aposta nos setores de alto valor agregando, visando transformar a economia do país de manufactura barata para potência tecnológica.

Desde 2016, o motor de busca Baidu despediu 30 funcionários por corrupção, enquanto, em Agosto passado, o gigante do comércio eletrónico JD.com denunciou 17 funcionários por corrupção e desvio de fundos, entre os quais quatro foram detidos pela polícia para investigação criminal.

O combate contra a corrupção é também uma das principais fontes de legitimidade do atual Presidente chinês, Xi Jinping, um dos líderes mais fortes na história da República Popular da China.

Após ascender ao poder, Xi lançou uma campanha anti-corrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista, e que puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista Chinês (PCC).

21 Nov 2018

Xi Jinping visita as Filipinas num momento de apaziguamento diplomático

Xi Jinping está em Manila, num período em que as relações entre a China e Filipinas atravessam o período mais positivo desde há muito tempo. Do encontro, o primeiro em 13 anos, devem resultar acordos milionários de investimento chinês e a discussão acerca das disputas territoriais no Mar do Sul da China. A visita de Xi é encarada como a definitiva aproximação de Pequim a Manila, deixando de parte um tradicional aliado das Filipinas: os Estados Unidos

Com agências 

 

[dropcap]O[/dropcap] teor fraterno das palavras entre os presidentes da Filipinas e da China nos dias de hoje faz esquecer um dos pontos mais baixos nas relações entre os dois países, que se verificou há cerca de dois anos, na sequência de disputas territoriais no Mar do Sul da China. Aliás, o litígio chegou mesmo à barra da justiça internacional.

É neste contexto que Xi Jinping chegou ontem a Manila, para uma visita oficial que termina hoje. À sua espera estava um líder com quem mantém, actualmente, uma relação muito próxima. Aliás, em Abril, Rodrigo Duterte fez uma autêntica declaração de amor ao líder chinês: “Eu simplesmente amo Xi Jinping. Ele compreende os meus problemas e está disposto a ajudar-me. Portanto, eu digo: Obrigado, China”.

Na segunda-feira, a véspera da viagem para Manila, Xi divulgou uma nota oficial a retribuir o afecto do Presidente filipino. “As nossas relações estão numa fase de arco-íris depois da chuva. Em pouco mais de dois anos, a China tornou-se no maior parceiro comercial das Filipinas e a segunda maior fonte de turistas”, lê-se num comunicado divulgado na Xinhua. No entanto, Xi não deixou de parte o passado recente de quezílias diplomáticas, apesar de apontar o caminho futuro de entendimento, nomeadamente quanto ao litígio marítimo, um dos pontos mais importantes na agenda da visita. “Precisamos resolver de forma adequada através do diálogo e cooperação nos assuntos marítimos, de forma a tornar o Mar do Sul da China num mar de paz, amizade e cooperação que verdadeiramente beneficie os povos de ambos os países”, referiu o Presidente chinês.

Apesar do tom afectuoso na linguagem, do encontro espera-se que se encontre definição para questões complexas, nomeadamente a reaproximação a Pequim e os apoios chineses para ultrapassar algumas das dificuldades socioeconómicas endémicas de que o país sofre. Uma coisa parece certa: Xi deve levar na bagagem promessas bilionárias de acordos e negócios para seduzir Duterte, na sequência da primeira visita que fez a Pequim quando assinou uma bateria de acordos para futuros investimentos chineses. Na altura, Duterte anunciou que “a América perdeu” na esfera militar e económica, numa rejeição óbvia à parceria histórica que Manila mantinha com Washington.

Em contrapartida, há analistas que entendem que o Presidente filipino está a tentar agradar a gregos e troianos, num jogo perigoso entre as duas maiores potências económicas do mundo.

Cantiga do bandido

No entanto, os investimentos chineses na Filipinas continuam por se concretizar na realidade. Desde o estabelecimento de acordos, apenas uma fracção dos 24 mil milhões de dólares prometidos foram aprovados e implementados.

Em declarações ao The New York Times, Jay Batongbacal, professor da Faculdade de Direito da Universidade das Filipinas, referiu que “as políticas de Duterte, desde 2016, não corresponderam às expectativas nem convenceram as pessoas da sua eficácia”.

Na sequência da moderação de Duterte nas disputas do Mar do Sul da China, Pequim continua a construir bases militares em ilhas também reclamadas por Manila. Em 2016, numa decisão surpreendente, um tribunal internacional deu razão às pretensões filipinas e negou as intenções de Pequim quanto às disputas territoriais arguidas pela administração do antecessor de Duterte, Benigno S. Aquino III.

A dois dias da decisão judicial, Duterte tomou posse. Desde então, o Presidente recusou pressionar Pequim no sentido de cumprir o que ficou definido na sentença, apesar do precedente legal estar do lado das pretensões da anterior administração. Leila de Lima, uma das caras principais da oposição ao regime actual, emitiu uma declaração onde refere que “na realidade, as Filipinas sob a liderança de Duterte podem ter desperdiçado a mais sólida base legal contra Pequim na conflito do Mar do Sul da China”. É de salientar que Leila de Lima se encontra detida, num caso em que activistas dos direitos humanos consideram que se cometeram inúmeros atropelos à lei.

Cimeira bipartida

Durante a cimeira ASEAN, que decorreu em Singapura há dias, Duterte aparentemente minimizou as pretensões da administração que o antecedeu, ao referir que “a China já está na posse” das águas contestadas. O Presidente filipino aconselhou ainda Washington a evitar criar fricções depois dos norte-americanos terem enviado navios de guerra para o Mar do Sul da China. A acção foi explicada pelo Pentágono como uma forma de chamar a atenção para as pretensões de outros cinco países em relação às águas em disputa.

A posição de Rodrigo Duterte nesta matéria não está alinhada com a opinião pública, pelo menos de acordo com sondagens. Um inquérito realizado pela Social Weather Stations, revela que cerca de 85 por cento dos ouvidos estão contra a inacção do Governo face às movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, nomeadamente depois das forças chinesas terem aterrado caças em ilhas disputadas, e instalado baterias de mísseis ar-terra.

Clarita Carlos, ex-presidente do Colégio de Defesa Nacional das Filipinas, considera esta posição “um golpe duro na imagem de pragmatismo do Governo” e entende que a postura de Duterte é “uma capitulação que se aproxima da traição”.

Pescas e comunicações

Os pescadores são outro bloco de oposição à política de suavidade de Duterte face às intenções chinesas no litígio marítimo. Uma das razões argumentadas pelos representantes do sector das pescas é o ventilado plano de exploração de gás e petróleo nas águas contestadas.

Aliás, profissionais do sector das pescas protestaram a chegada de Xi Jinping a Manila devido “à total rendição do controlo do território marítimo rico em recursos naturais”. As palavras são de Fernando Hicap, líder de uma associação sindical de pescadores, que protestou em frente à embaixada chinesa em Manila ontem de manhã. De acordo com agências noticiosas, cerca de 150 pessoas protestaram a chegada do Presidente chinês empunhando cartazes que diziam, por exemplo, “As Filipinas são nossas, sai China”.
Um dos argumentos de Duterte assenta na ideia de que a exploração conjunta é a única forma de aproveitar os recursos que estão debaixo das águas disputadas.

Em contrapartida, o Governo de Manila confirmou no início desta semana um acordo com um consórcio liderado pela China Telecom que permitirá à gigante chinesa tornar-se na terceira operadora de telecomunicações nas Filipinas. A Comissão Nacional de Telecomunicações anunciou na segunda-feira que a Mislatel, que reúne várias operadores chinesas e a Udenna Corp, detida pelo milionário filipino Dennis Uy, será “o novo grande player no mercado das Filipinas”.

O consórcio ganhou os direitos de franchise a partir de 7 de Novembro, mas enfrentou a oposição de dois rivais, a empresa filipina PT&T que recorreu ao Supremo Tribunal para contestar a sua derrota no concurso.
Também este negócio tem sido alvo de críticas por parte dos adversários políticos, que questionam a transparência do negócio, principalmente pelo facto de Dennis Uy ter sido um dos maiores aliados empresariais de Duterte durante as eleições de 2016. Aliás, a fraca qualidade dos serviços de telecomunicações tem sido uma fonte constante de desagrado entre a população filipina.

É neste contexto que os dois líderes se encontram. Múltiplas declarações de entendimento e apreço pessoal, negócios duvidosos, territórios em disputa de que, de repente, se abre mão e um tsunami de yuans que muitos analistas consideram uma “armadilha de dívida”. Na reconfiguração do xadrez geoestratégico, Pequim parece estar a levar a melhor sobre Washington no que toca ao sudeste asiático.

 

Cartoon de protesto

Uma onda de protesto inundou as redes sociais com memes do Winnie the Pooh, o personagem de banda desenhada usado para satirizar Xi Jinping, como forma de manifestar desagrado perante a visita do Presidente chinês a Manila. Um dos post mais partilhados mostrava o ursinho Pooh, que se prostra perante um espelho enquanto “Hail Satan” pisca no ecrã. Noutro post, o ursinho flutua perto de uma ilha artificial, aparentemente construída por Pequim, numa alusão às zonas marítimas disputadas no Mar do Sul da China.

21 Nov 2018

Embaixadora da UE diz que China tem de abrir economia ao investimento estrangeiro

[dropcap]A[/dropcap] embaixadora da União Europeia para Hong Kong e Macau, Carmen Cano de Lasala, disse hoje que a China tem de “passar do discurso à acção” e “abrir as portas da sua economia ao investimento estrangeiro”.

“É preciso passar do discurso à acção” porque é possível ver “investimento chinês e de empresas chinesas na Europa, mas não o contrário”, afirmou durante a conferência “Relações UE-Ásia”, na Universidade de Macau, na qual se debateu o relacionamento entre a União Europeia e a China, bem como com as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong.

A embaixadora explicou que a UE não concorda com a abordagem dos Estados Unidos, que desencadeou a actual disputa comercial com a China, mas criticou a falta de acção do regime de Pequim em matérias que passam pela abertura da economia a investimento estrangeiro e pelo combate à violação dos direitos de propriedade intelectual.

A espanhola assinalou que a União Europeia e a China estão a negociar compromissos de investimentos, mas que “todos os acordos comerciais devem reflectir princípios que vão desde os direitos laborais aos direitos humanos”.

Parcerias que, destacou, surgem em sintonia com “uma estratégia de sustentabilidade”, de acordo com uma filosofia multilateral, contrária ao “cenário de proteccionismo emergente no cenário mundial e de incumprimento de regras internacionais”, e na “partilha de princípios e valores”.

A diplomata defendeu ainda que a UE pode ter um importante papel na diversificação da economia de Macau, a capital do jogo mundial. “Macau é um grande exemplo de conectividade”, com o legado de “uma história europeia e uma economia dinâmica na Ásia, muito ligada ao jogo”, mas a UE pode “ajudar na sua diversificação”.

Carmen de Lasala sublinhou que as parcerias podem ser reforçadas em áreas como a educação, investigação e inovação, bem como no turismo.

20 Nov 2018

Greenpeace pede à China medidas para combater o rápido degelo dos glaciares

[dropcap]A[/dropcap] associação ambientalista Greenpeace pediu hoje ao Governo chinês que avance com políticas de avaliação e prevenção do rápido degelo dos glaciares na região, alertando para as graves consequências deste fenómeno.

No relatório “Os glaciares da China e o impacto das alterações climáticas”, a organização não-governamental adverte que um quinto dos glaciares no país já desapareceu por completo.

Estas massas de gelo, que fornecem água a cerca de 1.800 milhões de pessoas, estão a “derreter rapidamente”, pelo que o executivo de Pequim deverá “melhorar as avaliações de risco a longo prazo e o planeamento das estratégias face ao aumento da temperatura global”.

A Greenpeace denunciou em Agosto do ano passado que, em algumas partes do oeste da China, as temperaturas médias anuais aumentaram em três ou mais graus desde o início dos anos 1950 e, por isso, 82% dos glaciares na China foram afectados.

“A menos que sejam tomadas medidas drásticas para reduzir a velocidade do aumento da temperatura, dois terços dos glaciares nas altas montanhas da Ásia deverão desaparecer até ao final deste século”, observou a ONG.

20 Nov 2018

Coreia do Norte destruiu parte dos seus postos fronteiriços

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou hoje que a Coreia do Norte destruiu alguns dos seus postos de controlo fronteiriços como parte dos acordos estabelecidos para atenuar as tensões entre os dois países.

O Ministério da Defesa informou que os seus militares confirmaram o desmantelamento hoje de 10 postos de guarda norte-coreanos e destacou que a Coreia do Norte informou o Sul dos seus planos com antecedência.

Na semana passada, a Coreia do Norte retirou 636 minas anti-pessoais na fronteira com a Coreia do Sul, no âmbito de uma operação acordada entre Seul e Pyongyang em Setembro. A Coreia do Sul dispunha de 60 postos na Zona Desmilitarizada (DMZ na sigla em inglês) e alguns postos militares remotos, enquanto a Coreia do Norte tinha mais de 160 desses postos, segundo dados divulgados pelo ministério da Defesa da Coreia do Sul.

As duas Coreias acordaram desmantelar até ao final de Novembro 11 postos de guarda ao longo da sua fronteira comum, com o objectivo potencial de retirar mais tarde todos os outros, anunciaram altos responsáveis militares.

O acordo concluído entre generais do Norte e do Sul insere-se na melhoria de relações entre os dois países que tem vindo a ocorrer desde Janeiro, após dois anos de subida de tensão devido aos programas nucleares e balísticos de Pyongyang.

Durante a sua terceira cimeira, em Setembro, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, comprometeram-se a tomar medidas para reduzir as tensões ao longo da sua fronteira.

As duas Coreias estão ainda tecnicamente em guerra, dado o conflito de 1950-53 ter terminado com um armistício e não com um acordo de paz.

20 Nov 2018

Angola pode perder controlo de activos estratégicos na renegociação da dívida com a China, prevê Moody’s

[dropcap]A[/dropcap] agência de notação financeira Moody’s alertou hoje que Angola está entre os países da África subsaariana que estão mais vulneráveis à perda de controlo dos activos estratégicos quando negoceiam uma reestruturação da dívida com a China.

“Os países ricos em recursos naturais, como Angola, Zâmbia e a República Democrática do Congo [RDC], ou com infra-estruturas estrategicamente importantes, como portos ou caminhos de ferra no Quénia, são os mais vulneráveis ao risco de perderem o controlo de importantes activos em negociações com os credores chineses”, lê-se numa análise desta agência de ‘rating’.

No documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Moody’s escrevem que “mesmo que a reestruturação alivie as pressões de liquidez, a perda de receitas dos recursos naturais é negativa do ponto de vista da análise do crédito”.

Angola, continuam, é o país que mais recebeu investimento externo da China entre 2002 e 2017, recebendo 30% de todos os investimentos do gigante asiático no continente africano, e mesmo relacionando o investimento com o tamanho das economias africanas, Angola continua a figurar no pódio dos principais receptores de investimento chinês.

“Mais de metade da dívida externa de Angola é devida à China, já que o país providenciou extensos empréstimos desde o final da guerra civil angolana, em 2002”, diz a Moody’s, apontando que “em Angola o rácio entre os juros [dos empréstimos] e as receitas vai exceder os 20% neste e no próximo ano”, o que significa que mais de 1 em cada 5 kwanzas de receitas fiscais vai directamente para o pagamentos de juros dos empréstimos.

De acordo com o Governo de Angola, a dívida total do país ronda os 70 mil milhões de dólares, dividida entre 60% externa e 40% interna, sendo cerca de 23 mil milhões de dólares devidos à China; o FMI, por seu turno, coloca o rácio da dívida pública face ao PIB nos 80%, este ano.

No relatório, com o título ‘Empréstimos da China sustentam crescimento, exacerbam as pressões orçamentais e externas na África subsaariana’, os analistas desta agência de ‘rating’, que coloca a qualidade da dívida soberana de Angola abaixo da recomendação de investimento (‘lixo’, como é normalmente referida), reconhecem que os empréstimos são importantes para alavancar a construção de infra-estruturas necessárias ao desenvolvimento da maioria dos países desta região.

No entanto, e mesmo vincando que Angola é um dos países que o Banco Mundial diz que mais precisa de investimentos estruturantes, alertam que as grandes quantias em termos de pagamento de dívida a partir de 2022 vão contribuir para níveis de dívida mais elevados que na primeira metade desta década, o que se agrava num contexto de depreciação das moedas, como é o caso de Angola, cujo kwanza caiu mais de 50% face ao dólar desde o início do ano.

“Angola, Zâmbia e RDC estão entre os países mais endividados junto dos credores chineses”, nota a Moody’s, alertando que “para países com bases de exportação muito limitadas, ou que dependem de uma só matéria-prima, como Angola, o aumento da dívida externa associado aos empréstimos chineses pode não ser sustentado pelas receitas em moeda externa no futuro”.

O relatório, que surge numa altura em que Angola está a renegociar os vários empréstimos em moeda externa, nomeadamente com a China, e negoceia um pacote de ajuda externa do FMI no valor de 4,5 mil milhões de dólares, reconhece a importância da relação entre os dois países.

“De uma forma geral, concentrar a exposição a um único credor, com pouca transparência sobre os termos das reestruturações financeiras, aumenta os riscos de contágio, enfraquecendo a posição orçamental, mas as relações da China com vários países da África subsaariana foram construídas ao longo de décadas”, tornando-os parceiros estratégicos da segunda maior economia do mundo.

“Angola, por exemplo, é fornecedora de cerca de 12% das importações de petróleo da China”, nota a Moody’s, concluindo que apesar de “estas relações de longo prazo e de interesse estratégico parecerem indicar uma vontade da China de reestruturar a dívida quando as pressões se tornam ingeríveis”, a falta de informação sobre os termos das propostas é negativa do ponto de vista da análise da qualidade do crédito.

20 Nov 2018