China detém 576 pessoas por contrabando de lixo estrangeiro este ano

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas detiveram 576 pessoas por contrabando de lixo procedente do estrangeiro, entre Janeiro e Outubro, informou hoje a imprensa local, depois de a China ter deixado de importar vários tipos de resíduos sólidos.

No total, as autoridades do país confiscaram 1,46 milhão de toneladas de lixo, detalha a agência noticiosa oficial Xinhua. A China baniu, no início deste ano, a importação de 24 tipos de resíduos sólidos, incluindo plásticos, papel e tecido, visando combater os danos para o ambiente e a saúde pública.

“É da responsabilidade de todos os países e regiões lutar contra o contrabando transfronteiriço de resíduos sólidos”, afirmou o director da Administração Geral das Alfândegas da China, Ni Yuefeng.

O país asiático converteu-se no maior importador mundial de lixo desde que começou a importar resíduos para reciclar nos anos 1980, criando um fornecimento extra de metais e materiais que faltavam no mercado doméstico.

A China recebia, por exemplo, dois terços dos resíduos de plástico do Reino Unido. As autoridades de Pequim consideram agora que os problemas criados pela importação de lixo ultrapassam em muito os benefícios, apontando que, apesar do proveito industrial e criação de emprego, tem um impacto “muito negativo” para o ambiente.

O país já informou a Organização Mundial do Comércio que, a partir de 2019, a proibição irá alargar-se a outros artigos, como titânio, madeira, ferragens, barcos ou aço inoxidável.

21 Nov 2018

Gigantes tecnológicas da China reforçam luta interna contra a corrupção

[dropcap]A[/dropcap] firma chinesa de anúncios ‘online’ 58.com revelou hoje que dois dos seus altos executivos foram detidos por alegada corrupção, ilustrando os esforços do sector tecnológico chinês no combate ao crime económico, em linha com Pequim.

O jornal chinês Caixin revelou hoje que o vice-presidente e o director da divisão de negócios da empresa, Song Bo e Guo Dong, respectivamente, foram detidos por alegadamente terem aceitado subornos.

Com sede em Pequim, o 58.com é usado por internautas para publicar classificados ‘online’. A empresa explicou que a “má conduta” foi detectada após uma inspecção interna, no início deste ano, e que envolve valores “enormes” de dinheiro, sem detalhar quanto.

Outras empresas tecnológicas chinesas realizaram inspecções, nos últimos anos, à medida que Pequim aposta nos setores de alto valor agregando, visando transformar a economia do país de manufactura barata para potência tecnológica.

Desde 2016, o motor de busca Baidu despediu 30 funcionários por corrupção, enquanto, em Agosto passado, o gigante do comércio eletrónico JD.com denunciou 17 funcionários por corrupção e desvio de fundos, entre os quais quatro foram detidos pela polícia para investigação criminal.

O combate contra a corrupção é também uma das principais fontes de legitimidade do atual Presidente chinês, Xi Jinping, um dos líderes mais fortes na história da República Popular da China.

Após ascender ao poder, Xi lançou uma campanha anti-corrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista, e que puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista Chinês (PCC).

21 Nov 2018

Xi Jinping visita as Filipinas num momento de apaziguamento diplomático

Xi Jinping está em Manila, num período em que as relações entre a China e Filipinas atravessam o período mais positivo desde há muito tempo. Do encontro, o primeiro em 13 anos, devem resultar acordos milionários de investimento chinês e a discussão acerca das disputas territoriais no Mar do Sul da China. A visita de Xi é encarada como a definitiva aproximação de Pequim a Manila, deixando de parte um tradicional aliado das Filipinas: os Estados Unidos

Com agências 

 

[dropcap]O[/dropcap] teor fraterno das palavras entre os presidentes da Filipinas e da China nos dias de hoje faz esquecer um dos pontos mais baixos nas relações entre os dois países, que se verificou há cerca de dois anos, na sequência de disputas territoriais no Mar do Sul da China. Aliás, o litígio chegou mesmo à barra da justiça internacional.

É neste contexto que Xi Jinping chegou ontem a Manila, para uma visita oficial que termina hoje. À sua espera estava um líder com quem mantém, actualmente, uma relação muito próxima. Aliás, em Abril, Rodrigo Duterte fez uma autêntica declaração de amor ao líder chinês: “Eu simplesmente amo Xi Jinping. Ele compreende os meus problemas e está disposto a ajudar-me. Portanto, eu digo: Obrigado, China”.

Na segunda-feira, a véspera da viagem para Manila, Xi divulgou uma nota oficial a retribuir o afecto do Presidente filipino. “As nossas relações estão numa fase de arco-íris depois da chuva. Em pouco mais de dois anos, a China tornou-se no maior parceiro comercial das Filipinas e a segunda maior fonte de turistas”, lê-se num comunicado divulgado na Xinhua. No entanto, Xi não deixou de parte o passado recente de quezílias diplomáticas, apesar de apontar o caminho futuro de entendimento, nomeadamente quanto ao litígio marítimo, um dos pontos mais importantes na agenda da visita. “Precisamos resolver de forma adequada através do diálogo e cooperação nos assuntos marítimos, de forma a tornar o Mar do Sul da China num mar de paz, amizade e cooperação que verdadeiramente beneficie os povos de ambos os países”, referiu o Presidente chinês.

Apesar do tom afectuoso na linguagem, do encontro espera-se que se encontre definição para questões complexas, nomeadamente a reaproximação a Pequim e os apoios chineses para ultrapassar algumas das dificuldades socioeconómicas endémicas de que o país sofre. Uma coisa parece certa: Xi deve levar na bagagem promessas bilionárias de acordos e negócios para seduzir Duterte, na sequência da primeira visita que fez a Pequim quando assinou uma bateria de acordos para futuros investimentos chineses. Na altura, Duterte anunciou que “a América perdeu” na esfera militar e económica, numa rejeição óbvia à parceria histórica que Manila mantinha com Washington.

Em contrapartida, há analistas que entendem que o Presidente filipino está a tentar agradar a gregos e troianos, num jogo perigoso entre as duas maiores potências económicas do mundo.

Cantiga do bandido

No entanto, os investimentos chineses na Filipinas continuam por se concretizar na realidade. Desde o estabelecimento de acordos, apenas uma fracção dos 24 mil milhões de dólares prometidos foram aprovados e implementados.

Em declarações ao The New York Times, Jay Batongbacal, professor da Faculdade de Direito da Universidade das Filipinas, referiu que “as políticas de Duterte, desde 2016, não corresponderam às expectativas nem convenceram as pessoas da sua eficácia”.

Na sequência da moderação de Duterte nas disputas do Mar do Sul da China, Pequim continua a construir bases militares em ilhas também reclamadas por Manila. Em 2016, numa decisão surpreendente, um tribunal internacional deu razão às pretensões filipinas e negou as intenções de Pequim quanto às disputas territoriais arguidas pela administração do antecessor de Duterte, Benigno S. Aquino III.

A dois dias da decisão judicial, Duterte tomou posse. Desde então, o Presidente recusou pressionar Pequim no sentido de cumprir o que ficou definido na sentença, apesar do precedente legal estar do lado das pretensões da anterior administração. Leila de Lima, uma das caras principais da oposição ao regime actual, emitiu uma declaração onde refere que “na realidade, as Filipinas sob a liderança de Duterte podem ter desperdiçado a mais sólida base legal contra Pequim na conflito do Mar do Sul da China”. É de salientar que Leila de Lima se encontra detida, num caso em que activistas dos direitos humanos consideram que se cometeram inúmeros atropelos à lei.

Cimeira bipartida

Durante a cimeira ASEAN, que decorreu em Singapura há dias, Duterte aparentemente minimizou as pretensões da administração que o antecedeu, ao referir que “a China já está na posse” das águas contestadas. O Presidente filipino aconselhou ainda Washington a evitar criar fricções depois dos norte-americanos terem enviado navios de guerra para o Mar do Sul da China. A acção foi explicada pelo Pentágono como uma forma de chamar a atenção para as pretensões de outros cinco países em relação às águas em disputa.

A posição de Rodrigo Duterte nesta matéria não está alinhada com a opinião pública, pelo menos de acordo com sondagens. Um inquérito realizado pela Social Weather Stations, revela que cerca de 85 por cento dos ouvidos estão contra a inacção do Governo face às movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, nomeadamente depois das forças chinesas terem aterrado caças em ilhas disputadas, e instalado baterias de mísseis ar-terra.

Clarita Carlos, ex-presidente do Colégio de Defesa Nacional das Filipinas, considera esta posição “um golpe duro na imagem de pragmatismo do Governo” e entende que a postura de Duterte é “uma capitulação que se aproxima da traição”.

Pescas e comunicações

Os pescadores são outro bloco de oposição à política de suavidade de Duterte face às intenções chinesas no litígio marítimo. Uma das razões argumentadas pelos representantes do sector das pescas é o ventilado plano de exploração de gás e petróleo nas águas contestadas.

Aliás, profissionais do sector das pescas protestaram a chegada de Xi Jinping a Manila devido “à total rendição do controlo do território marítimo rico em recursos naturais”. As palavras são de Fernando Hicap, líder de uma associação sindical de pescadores, que protestou em frente à embaixada chinesa em Manila ontem de manhã. De acordo com agências noticiosas, cerca de 150 pessoas protestaram a chegada do Presidente chinês empunhando cartazes que diziam, por exemplo, “As Filipinas são nossas, sai China”.
Um dos argumentos de Duterte assenta na ideia de que a exploração conjunta é a única forma de aproveitar os recursos que estão debaixo das águas disputadas.

Em contrapartida, o Governo de Manila confirmou no início desta semana um acordo com um consórcio liderado pela China Telecom que permitirá à gigante chinesa tornar-se na terceira operadora de telecomunicações nas Filipinas. A Comissão Nacional de Telecomunicações anunciou na segunda-feira que a Mislatel, que reúne várias operadores chinesas e a Udenna Corp, detida pelo milionário filipino Dennis Uy, será “o novo grande player no mercado das Filipinas”.

O consórcio ganhou os direitos de franchise a partir de 7 de Novembro, mas enfrentou a oposição de dois rivais, a empresa filipina PT&T que recorreu ao Supremo Tribunal para contestar a sua derrota no concurso.
Também este negócio tem sido alvo de críticas por parte dos adversários políticos, que questionam a transparência do negócio, principalmente pelo facto de Dennis Uy ter sido um dos maiores aliados empresariais de Duterte durante as eleições de 2016. Aliás, a fraca qualidade dos serviços de telecomunicações tem sido uma fonte constante de desagrado entre a população filipina.

É neste contexto que os dois líderes se encontram. Múltiplas declarações de entendimento e apreço pessoal, negócios duvidosos, territórios em disputa de que, de repente, se abre mão e um tsunami de yuans que muitos analistas consideram uma “armadilha de dívida”. Na reconfiguração do xadrez geoestratégico, Pequim parece estar a levar a melhor sobre Washington no que toca ao sudeste asiático.

 

Cartoon de protesto

Uma onda de protesto inundou as redes sociais com memes do Winnie the Pooh, o personagem de banda desenhada usado para satirizar Xi Jinping, como forma de manifestar desagrado perante a visita do Presidente chinês a Manila. Um dos post mais partilhados mostrava o ursinho Pooh, que se prostra perante um espelho enquanto “Hail Satan” pisca no ecrã. Noutro post, o ursinho flutua perto de uma ilha artificial, aparentemente construída por Pequim, numa alusão às zonas marítimas disputadas no Mar do Sul da China.

21 Nov 2018

Embaixadora da UE diz que China tem de abrir economia ao investimento estrangeiro

[dropcap]A[/dropcap] embaixadora da União Europeia para Hong Kong e Macau, Carmen Cano de Lasala, disse hoje que a China tem de “passar do discurso à acção” e “abrir as portas da sua economia ao investimento estrangeiro”.

“É preciso passar do discurso à acção” porque é possível ver “investimento chinês e de empresas chinesas na Europa, mas não o contrário”, afirmou durante a conferência “Relações UE-Ásia”, na Universidade de Macau, na qual se debateu o relacionamento entre a União Europeia e a China, bem como com as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong.

A embaixadora explicou que a UE não concorda com a abordagem dos Estados Unidos, que desencadeou a actual disputa comercial com a China, mas criticou a falta de acção do regime de Pequim em matérias que passam pela abertura da economia a investimento estrangeiro e pelo combate à violação dos direitos de propriedade intelectual.

A espanhola assinalou que a União Europeia e a China estão a negociar compromissos de investimentos, mas que “todos os acordos comerciais devem reflectir princípios que vão desde os direitos laborais aos direitos humanos”.

Parcerias que, destacou, surgem em sintonia com “uma estratégia de sustentabilidade”, de acordo com uma filosofia multilateral, contrária ao “cenário de proteccionismo emergente no cenário mundial e de incumprimento de regras internacionais”, e na “partilha de princípios e valores”.

A diplomata defendeu ainda que a UE pode ter um importante papel na diversificação da economia de Macau, a capital do jogo mundial. “Macau é um grande exemplo de conectividade”, com o legado de “uma história europeia e uma economia dinâmica na Ásia, muito ligada ao jogo”, mas a UE pode “ajudar na sua diversificação”.

Carmen de Lasala sublinhou que as parcerias podem ser reforçadas em áreas como a educação, investigação e inovação, bem como no turismo.

20 Nov 2018

Greenpeace pede à China medidas para combater o rápido degelo dos glaciares

[dropcap]A[/dropcap] associação ambientalista Greenpeace pediu hoje ao Governo chinês que avance com políticas de avaliação e prevenção do rápido degelo dos glaciares na região, alertando para as graves consequências deste fenómeno.

No relatório “Os glaciares da China e o impacto das alterações climáticas”, a organização não-governamental adverte que um quinto dos glaciares no país já desapareceu por completo.

Estas massas de gelo, que fornecem água a cerca de 1.800 milhões de pessoas, estão a “derreter rapidamente”, pelo que o executivo de Pequim deverá “melhorar as avaliações de risco a longo prazo e o planeamento das estratégias face ao aumento da temperatura global”.

A Greenpeace denunciou em Agosto do ano passado que, em algumas partes do oeste da China, as temperaturas médias anuais aumentaram em três ou mais graus desde o início dos anos 1950 e, por isso, 82% dos glaciares na China foram afectados.

“A menos que sejam tomadas medidas drásticas para reduzir a velocidade do aumento da temperatura, dois terços dos glaciares nas altas montanhas da Ásia deverão desaparecer até ao final deste século”, observou a ONG.

20 Nov 2018

Coreia do Norte destruiu parte dos seus postos fronteiriços

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou hoje que a Coreia do Norte destruiu alguns dos seus postos de controlo fronteiriços como parte dos acordos estabelecidos para atenuar as tensões entre os dois países.

O Ministério da Defesa informou que os seus militares confirmaram o desmantelamento hoje de 10 postos de guarda norte-coreanos e destacou que a Coreia do Norte informou o Sul dos seus planos com antecedência.

Na semana passada, a Coreia do Norte retirou 636 minas anti-pessoais na fronteira com a Coreia do Sul, no âmbito de uma operação acordada entre Seul e Pyongyang em Setembro. A Coreia do Sul dispunha de 60 postos na Zona Desmilitarizada (DMZ na sigla em inglês) e alguns postos militares remotos, enquanto a Coreia do Norte tinha mais de 160 desses postos, segundo dados divulgados pelo ministério da Defesa da Coreia do Sul.

As duas Coreias acordaram desmantelar até ao final de Novembro 11 postos de guarda ao longo da sua fronteira comum, com o objectivo potencial de retirar mais tarde todos os outros, anunciaram altos responsáveis militares.

O acordo concluído entre generais do Norte e do Sul insere-se na melhoria de relações entre os dois países que tem vindo a ocorrer desde Janeiro, após dois anos de subida de tensão devido aos programas nucleares e balísticos de Pyongyang.

Durante a sua terceira cimeira, em Setembro, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, comprometeram-se a tomar medidas para reduzir as tensões ao longo da sua fronteira.

As duas Coreias estão ainda tecnicamente em guerra, dado o conflito de 1950-53 ter terminado com um armistício e não com um acordo de paz.

20 Nov 2018

Angola pode perder controlo de activos estratégicos na renegociação da dívida com a China, prevê Moody’s

[dropcap]A[/dropcap] agência de notação financeira Moody’s alertou hoje que Angola está entre os países da África subsaariana que estão mais vulneráveis à perda de controlo dos activos estratégicos quando negoceiam uma reestruturação da dívida com a China.

“Os países ricos em recursos naturais, como Angola, Zâmbia e a República Democrática do Congo [RDC], ou com infra-estruturas estrategicamente importantes, como portos ou caminhos de ferra no Quénia, são os mais vulneráveis ao risco de perderem o controlo de importantes activos em negociações com os credores chineses”, lê-se numa análise desta agência de ‘rating’.

No documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Moody’s escrevem que “mesmo que a reestruturação alivie as pressões de liquidez, a perda de receitas dos recursos naturais é negativa do ponto de vista da análise do crédito”.

Angola, continuam, é o país que mais recebeu investimento externo da China entre 2002 e 2017, recebendo 30% de todos os investimentos do gigante asiático no continente africano, e mesmo relacionando o investimento com o tamanho das economias africanas, Angola continua a figurar no pódio dos principais receptores de investimento chinês.

“Mais de metade da dívida externa de Angola é devida à China, já que o país providenciou extensos empréstimos desde o final da guerra civil angolana, em 2002”, diz a Moody’s, apontando que “em Angola o rácio entre os juros [dos empréstimos] e as receitas vai exceder os 20% neste e no próximo ano”, o que significa que mais de 1 em cada 5 kwanzas de receitas fiscais vai directamente para o pagamentos de juros dos empréstimos.

De acordo com o Governo de Angola, a dívida total do país ronda os 70 mil milhões de dólares, dividida entre 60% externa e 40% interna, sendo cerca de 23 mil milhões de dólares devidos à China; o FMI, por seu turno, coloca o rácio da dívida pública face ao PIB nos 80%, este ano.

No relatório, com o título ‘Empréstimos da China sustentam crescimento, exacerbam as pressões orçamentais e externas na África subsaariana’, os analistas desta agência de ‘rating’, que coloca a qualidade da dívida soberana de Angola abaixo da recomendação de investimento (‘lixo’, como é normalmente referida), reconhecem que os empréstimos são importantes para alavancar a construção de infra-estruturas necessárias ao desenvolvimento da maioria dos países desta região.

No entanto, e mesmo vincando que Angola é um dos países que o Banco Mundial diz que mais precisa de investimentos estruturantes, alertam que as grandes quantias em termos de pagamento de dívida a partir de 2022 vão contribuir para níveis de dívida mais elevados que na primeira metade desta década, o que se agrava num contexto de depreciação das moedas, como é o caso de Angola, cujo kwanza caiu mais de 50% face ao dólar desde o início do ano.

“Angola, Zâmbia e RDC estão entre os países mais endividados junto dos credores chineses”, nota a Moody’s, alertando que “para países com bases de exportação muito limitadas, ou que dependem de uma só matéria-prima, como Angola, o aumento da dívida externa associado aos empréstimos chineses pode não ser sustentado pelas receitas em moeda externa no futuro”.

O relatório, que surge numa altura em que Angola está a renegociar os vários empréstimos em moeda externa, nomeadamente com a China, e negoceia um pacote de ajuda externa do FMI no valor de 4,5 mil milhões de dólares, reconhece a importância da relação entre os dois países.

“De uma forma geral, concentrar a exposição a um único credor, com pouca transparência sobre os termos das reestruturações financeiras, aumenta os riscos de contágio, enfraquecendo a posição orçamental, mas as relações da China com vários países da África subsaariana foram construídas ao longo de décadas”, tornando-os parceiros estratégicos da segunda maior economia do mundo.

“Angola, por exemplo, é fornecedora de cerca de 12% das importações de petróleo da China”, nota a Moody’s, concluindo que apesar de “estas relações de longo prazo e de interesse estratégico parecerem indicar uma vontade da China de reestruturar a dívida quando as pressões se tornam ingeríveis”, a falta de informação sobre os termos das propostas é negativa do ponto de vista da análise da qualidade do crédito.

20 Nov 2018

Bolsa de Tóquio abriu hoje com descida significativa

[dropcap]A[/dropcap] bolsa japonesa abriu hoje em queda, com o seu principal índice, o Nikkei, a recuar 1,11% (241,91 pontos), para as 21.579,25 unidades. Um segundo índice de referência, o Topix, apresentou a mesma tendência, ao desvalorizar 0,98% (16,02), para os 1.621,59 postos.

Uma das explicações para esta forte queda logo na abertura da sessão está no recuo da Nissan, que começou as transações em baixa superior a 6%, depois de conhecida a detenção do seu presidente, Carlos Ghosn.

Carlos Ghosn foi detido por alegada evasão fiscal, segundo a agência noticiosa Kyodo, tendo a empresa confirmado a investigação interna ao dirigente, de 64 anos.

O construtor japonês confirmou as informações, avançadas pela imprensa, sobre os resultados de uma investigação interna que indicam que o seu presidente do Conselho de Administração “durante vários anos declarou rendimentos inferiores aos montantes reais”.

“Muitas outras práticas ilícitas foram descobertas, como o uso de bens da empresa para fins pessoais”, refere, adiantando que a direcção irá propor a “demissão do cargo rapidamente”.

Fontes da investigação referiram à agência que o empresário franco-brasileiro de origem libanesa foi interrogado pelo Ministério Público, por alegadamente ter ocultado bónus.

A cadeia televisiva pública NHK indicou que o interrogatório ocorreu depois do fabricante automóvel ter levado a cabo uma investigação interna, no qual registou “faltas graves”.

Fontes da Nissan citadas pela Kyodo disseram que a proposta de destituição do dirigente deverá acontecer na próxima reunião e que a pessoa que denunciou as supostas irregularidades financeiras também alertou, há vários meses, as autoridades competentes.

Goshn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão. O empresário chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

Depois de ser tornar presidente das duas empresas, na década seguinte, Ghosn passou a homem forte da Mitsubishi Motors no âmbito do acordo de capital subscrito em 2016.

20 Nov 2018

China | Construção de complexo turístico causa morte de 6.000 esturjões

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas estão a investigar a morte de 6.000 peixes da espécie esturjão-chinês, que está em perigo de extinção, alegadamente devido à construção de um complexo eco-turístico próximo de uma zona de criação.

Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, os cerca de 6.000 peixes morreram numa zona de exploração piscícola, em Jingzhou, na província de Hubei.

Citado pelo jornal, o gabinete provincial para as pescas afirmou que as mortes estão “directamente relacionadas com os sobressaltos, ruídos e variações nos recursos hídricos”, causados pela construção da zona de eco-turismo de Jinan.

As obras, que foram anunciadas em 2016, ficaram marcadas pelos desentendimentos entre o governo local e a promotora, que face à falta de um acordo compensatório recusou alterar a localização do complexo turístico.

Citado pela imprensa local, um dos responsáveis pela área de criação afirmou que as obras se transferiram para um terreno ainda mais próximo, o que provocou nos peixes uma “angústia crescente” e a contaminação do lago que utilizavam como fonte de água.

O ministério chinês da Agricultura apelou já às autoridades que façam tudo o que estiver ao seu alcance para garantir a segurança da espécie, segundo o SCMP.

Tesouro raro

Considerado um “tesouro nacional”, junto com o panda, o esturjão-chinês, cujo nome científico é ‘acipenser sinensis’, encontra-se em perigo critico de extinção, devido à poluição, pesca excessiva e construção de barragens no país.

A espécie, com origem no Yangtzé, o maior rio na Ásia, é um dos seres vivos mais antigos do planeta. Estima-se que exista há 140 milhões de anos, desde o período do cretáceo, quando havia ainda dinossauros na Terra.

A China lançou, nos anos 1980, um programa para criação em cativeiro, quando restavam apenas 200 exemplares em liberdade.

No entanto, a sobrevivência do esturjão-chinês no Yangtzé continua a ser um desafio.
Em 2005, as autoridades chinesas libertaram mais de 10.000 crias e 200 exemplares adultos, criados em cativeiro, mas passados dois anos, apenas 14 restavam no rio.

O esturjão-chinês, que pode ter até cinco metros de comprimento, e que é muito vulnerável ao ruído, condições do meio-ambiente e feridas causadas pelos barcos, poderá desaparecer, como sucedeu ao golfinho do Yangtzé em 2007.

O próprio Presidente chinês, Xi Jinping, alertou, em Abril passado, que o Yangtzé se converteu num “deserto” de peixes, devido à poluição das águas.

20 Nov 2018

Ferro Rodrigues destaca convergência com China na promoção do multilateralismo

[dropcap]O[/dropcap] presidente da Assembleia da República (AR), Ferro Rodrigues, afirmou hoje que Portugal quer aprofundar o relacionamento com a China, para que “tenha efeitos” em organizações multilaterais, perante a ascensão global de “doutrinas unilateralistas perigosas”.

“Há toda uma vontade de aprofundar o relacionamento bilateral, para que este tenha efeitos em organizações multilaterais, e que possa, defendendo o interesse dos dois países, ser cada vez mais uma realidade”, disse em entrevista à Lusa.

O presidente da AR iniciou uma visita de dois dias a Pequim, onde tem previstas reuniões com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), Li Zhanshu, a terceira figura do regime chinês. A visita ocorre a cerca de duas semanas de o Presidente chinês, Xi Jinping, visitar Portugal.

Ao lembrar que Portugal tem “uma postura de apoio ao multilateralismo”, Ferro Rodrigues sublinhou “a convergência” com Pequim, ao “considerar que os acordos internacionais são para se cumprir, e não para se rasgar”.

Desde a ascensão ao poder de Xi, a China passou a reclamar mais protagonismo na governação de questões globais, numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump rompem compromissos internacionais sobre o clima, comércio, migração ou o nuclear.

“Vive-se um momento em que é muito importante que haja capacidade de fazer frente a doutrinas unilateralistas, que estão a espalhar um pouco por vários países nacionalismos agressivos, que são perigosos”, disse Ferro Rodrigues.

O também líder parlamentar do Partido Socialista destacou ainda o “apoio e mobilização importante” de Pequim “na eleição de portugueses para funções importantes a nível internacional”, referindo os casos de António Guterres e António Vitorino, eleitos secretário-geral da ONU e director-geral da Organização Internacional para as Migrações, respectivamente.

Questionado sobre a crescente bipolarização entre Pequim e Washington, à medida que os EUA tentam contrariar as ambições chinesas no sector tecnológico e a assertividade da China no Pacífico, Ferro Rodrigues disse que Portugal vê o país asiático como uma nação que contribui para a paz.

“É evidente que a China é uma grande potência, não apenas uma grande potência económica, mas que tem também uma doutrina estratégica em termos de Defesa e em termos militares, que pode causar algumas dificuldades a alguns parceiros, sobretudo aqui na região, mas tradicionalmente temos visto a China como um país que tem dado contributos para a paz”, afirmou.

Ferro Rodrigues destacou ainda a “intensificação muito nítida do relacionamento bilateral, sobretudo no campo económico, com muitos investimentos chineses em Portugal, e com a perspectiva de que possa continuar a dar-se esse movimento”.

Desde a crise financeira global, em 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China manteve altas taxas de crescimento económico, aumentando a quota no Produto Interno Bruto global de 6% para quase 16%.

O país asiático tornou-se, no mesmo período, um dos principais investidores em Portugal, ao comprar participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

Ferro Rodrigues é acompanhado, em Pequim, por membros das direções dos grupos parlamentares do PS, PSD, CDS e PCP.

19 Nov 2018

Líderes pró-democracia de Hong Kong declaram-se inocentes no início do julgamento

[dropcap]T[/dropcap]rês líderes do movimento pró-democracia em Hong Kong declararam-se hoje inocentes na abertura do julgamento contra nove activistas acusados de perturbar a ordem pública durante a “revolta dos guarda-chuvas”, em 2014. Os réus foram recebidos à chegada ao tribunal por centenas de apoiantes, que gritavam: “Resistência pacífica!” e “Quero um verdadeiro sufrágio universal!”.

Chan Kin-man, de 59 anos, professor de sociologia, Benny Tai, de 54, professor de direito, e Chu Yiu-ming, de 74 anos, ministro da Igreja Baptista de Chai Wan em Hong Kong, fundaram o movimento “Occupy Central” em 2013.

Entre 28 de Setembro e 15 de Dezembro de 2014, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da antiga colónia britânica para exigir o sufrágio universal na escolha do chefe do Executivo de Hong Kong, nomeado por uma comissão pró-Pequim. Mas as autoridades chinesas não recuaram.

Em 2014, a acção dos manifestantes, que treparam pelas barreiras metálicas e entraram na Civic Square, uma praça situada num complexo governamental, desencadeou manifestações mais importantes e dias mais tarde teria início o movimento pró-democracia, quando a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que se protegeu com guarda-chuvas.

Desde então, vários activistas foram julgados pelo Ministério da Justiça, e alguns já se encontram a cumprir pena de prisão. Alguns foram proibidos de concorrer às eleições e outros foram desqualificados do Conselho Legislativo.

Na semana passada, o activista Chan Kin-man proferiu um discurso de despedida para mais de 600 pessoas na Universidade Chinesa de Hong Kong, onde lecciona há mais de 20 anos.

“Enquanto não formos esmagados pela prisão e pelas provações e oprimidos pela frustração e raiva, seremos mais fortes e inspiraremos os outros”, disse, anunciando assim a reforma antecipada para o próximo ano.

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou na passada quinta-feira às autoridades de Hong Kong para que retirem as acusações contra nove líderes das manifestações pró-democracia de 2014.

“Essas nove pessoas não fizeram nada além de pressionar pacificamente o Governo de Hong Kong a cumprir a sua obrigação de entregar uma democracia genuína às pessoas no território”, disse a diretora da HRW para a China, Sophie Richardson.

Os nove enfrentam várias acusações criminais, incluindo “incitação para cometer distúrbios públicos”, sendo que os três co-fundadores enfrentam uma acusação adicional de “conspiração para cometer distúrbios públicos” e podem ser condenados até sete anos de prisão.

Recentemente, o cancelamento de eventos literários e artísticos e a recusa em permitir a entrada de um jornalista do Financial Times em Hong Kong reacenderam a preocupação com a liberdade de expressão no território.

19 Nov 2018

Antiga mansão de Bruce Lee vai ser palco de cursos de música e mandarim

[dropcap]A[/dropcap] antiga mansão de Bruce Lee, lenda das artes marciais, em Hong Kong, vai transformar-se num centro de estudos chineses no próximo ano e oferecer cursos de música e mandarim, noticiou hoje o South China Morning Post.

“Vamos converter a mansão num centro de estudos chineses no próximo ano, que vai oferecer cursos como mandarim e música chinesa para crianças”, afirmou Pang Chi-ping, administrador de um fundo de solidariedade que detém a mansão.

Pang é neto do filantropo bilionário Yu Pang-lin, que estabeleceu o fundo. A estrutura externa da propriedade, em Kodlong Road, vai manter-se intacta após a reforma, garantiu o responsável.

“Vamos manter o mosaico, que foi deixado por Bruce Lee, na parte de trás do muro em torno da mansão”, disse, citado pelo jornal. O trabalho de renovação na propriedade, que tem mais de 500 metros quadrados, vai começar logo após o Ano Novo Lunar. As aulas devem começar em Setembro do próximo ano.

Cerca de 400 crianças, do jardim de infância à escola secundária, terão aulas no centro todos os anos, segundo Pang Chi-ping. O centro também pode oferecer aulas de artes marciais no futuro. No entanto, a fundação não vai usar o nome de Lee como meio de publicidade, uma vez que não possui direitos de imagem do homem que levou as artes marciais ao cinema.

Bruce Lee (Li Xiaolong, em chinês), nasceu no bairro chinês (Chinatown) de São Francisco, Califórnia, e cresceu em Hong Kong, onde se tornou um ícone da cultura popular chinesa, e faleceu a 20 de Julho de 1973, com 32 anos, na sequência de um edema cerebral.

19 Nov 2018

Presidente de Taiwan defende cineasta pró-independência difamada na China

[dropcap]A[/dropcap] Presidente de Taiwan saiu, este Domingo, em defesa de uma cineasta pró-independência criticada na China devido aos comentários com conotação política que teceu, um dia antes, durante um festival de cinema em Taipé.

“Nunca aceitámos o termo ‘Taiwan da China’ (…) Taiwan é Taiwan”, escreveu Tsai Ing-wen na conta oficial da rede social Facebook, citada pela agência taiwanesa CNA.

Na mesma publicação, a Presidente avisou que Taiwan “acolhe todos os cineastas chineses para desfrutarem da liberdade de expressão” da ilha, mas “devem respeitar os pontos de vista de Taiwan”.

“Por mais que desejemos que os visitantes aproveitem a liberdade de Taiwan, eles também devem respeitar o povo de Taiwan e o seu modo de pensar”, acrescentou a chefe de Estado.

Tsai Ing-wen falava sobre a polémica desencadeada por várias intervenções com conotação política durante a recepção dos prémios na 55.ª edição do Festival do Cavalo de Ouro, o equivalente ao Óscar para filmes chineses, realizada no último sábado em Taipé.

Os discursos dos vencedores imediatamente criaram uma disputa entre internautas de Taiwan e chineses, especialmente sobre a intervenção da realizadora taiwanesa Fu Yue, que ganhou o prémio de melhor documentário com o filme “A nossa juventude em Taiwan” sobre a “revolta do Girassol”, em 2014, contra a influência chinesa em Taiwan.

Depois de receber o prémio, Fu afirmou que o “seu maior desejo como taiwanesa” é que o “país seja tratado como entidade independente”. A página do Facebook da cineasta foi inundada por comentários críticos, que, na opinião da Presidente da ilha, não passam de crimes de “cyberbullying”.

“Qualquer um que expresse as suas opiniões livremente não deve estar sujeito a assédio ou ameaças psicológicas”, sublinhou. Nesta edição do festival, o prémio de melhor filme foi para “Um elefante sentado no chão”, do jovem realizador chinês Hu Bo, que se suicidou aos 29 anos depois de terminar este trabalho, em 2017.

O prémio de melhor realizador foi entregue ao chinês Zhang Yimou. Os prémios Cavalo de Ouro, concedidos desde 1962, são os mais aclamados no mundo do cinema chinês, com a participação de produções da China, de Taiwan ou de Hong Kong.

19 Nov 2018

Escritora de romance erótico ‘gay’ condenada a mais de 10 anos de prisão na China

[dropcap]U[/dropcap]ma escritora chinesa foi condenada a dez anos e meio de cadeia pela publicação de um romance erótico com protagonistas homossexuais, uma pesada sentença que está a causar choque e indignação no país, foi hoje noticiado.

De acordo com o jornal South China Morning Post, a escritora de apelido Liu, mas mais conhecida como “Tianyi”, foi condenada no mês passado por “produzir e vender material pornográfico”. O caso só foi tornado público na passada sexta-feira, na televisão chinesa.

O romance de 2017, que vendeu mais de sete mil cópias na Internet, retrata um caso de amor proibido entre um professor e um estudante.

Para a estação de televisão chinesa Anhui, que divulgou a sentença, o livro, “tingido de violência”, não contém mais do que “representações gráficas de cenas de sexo homossexual masculino”.

A pornografia é ilegal na China, mas a pesada sentença dada à escritora originou indignação nas redes sociais. De acordo com a lei criminal do país, as sentenças aplicadas a quem produz e divulga material obsceno com fins lucrativos podem variar muito, dependendo da gravidade da ofensa.

No entanto, utilizadores das redes sociais não tardaram a apontar que para muitos crimes graves, incluindo violação e homicídio, são ditadas, muitas vezes, em sentenças menores.

A base legal da sentença da escritora é uma interpretação judicial emitida pelo Supremo Tribunal da China.

De acordo com o tribunal, vender mais de 5.000 cópias de livros pornográficos ou fazer mais de 10.000 yuan com a venda é considerado uma “circunstância especialmente grave”, que carrega uma sentença de “prisão por não menos que 10 anos”.

Liu não só vendeu mais de cinco mil cópias, como também obteve um lucro de 150.000 yuan ao fazê-lo.

No entanto, a interpretação judicial foi publicada em 1998, pelo que os críticos defendem que está desactualizada.

“Pode ter sido difícil vender cinco mil cópias em 1998, não havia internet na época. Mas agora não requer quase esforço”, disse um dos comentários mais apreciados no Weibo, rede social chinesa idêntica ao Twitter.

19 Nov 2018

UE pede à China para se empenhar na reforma das leis de comércio mundial

[dropcap]A[/dropcap] comissária do Comércio da União Europeia, Cecilia Malmstrom, pediu sexta-feira que a China se envolva com a Europa na reforma da Organização Mundial do Comércio, perante o risco de os EUA imporem um sistema próprio de comércio.

“A China tem beneficiado muito com a Organização Mundial do Comércio (OMC), por isso pedimos que se empenhe em reformar e modernizar o sistema, para criar as condições para uma competição saudável”, disse sexta-feira Cecilia Malmstrom, durante um discurso em Paris, por ocasião de uma conferência sobre a reforma da OMC.

“Se assim não acontecer, serão os Estados Unidos a criar as suas próprias regras, fora do sistema”, disse Malmström, fazendo um apelo para que se reformem as regras do comércio internacional, perante o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, e o director-geral da OMC, Roberto Azevedo.
“As regras precisam de ser atualizadas. Quando as desenhámos, em 1995, tínhamos outro sistema económico em mente”, disse Malmstrom.

Sem citar diretamente a China, a comissária europeia insistiu na necessidade de mudar as práticas de que Pequim é frequentemente acusada, particularmente pelos Estados Unidos e pela UE.
“Precisamos de lidar com as distorções (…) causadas por certas práticas, como subsídios à indústria, pelo papel do Estado nas empresas públicas e pela transferência forçada de tecnologia”, disse Malmstrom.

Depressa e bem

De sua parte, Le Maire lembrou que o próprio Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu já a reforma da OMC, durante um discurso na OCDE, no final de maio.

Na sua intervenção, o ministro francês das Finanças defendeu uma reforma “rápida, concreta e ambiciosa” da OMC, alertando para o risco de uma “guerra fria comercial” entre a China e os Estados Unidos.

“Estamos hoje perante uma situação de guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que é perigosa para a nossa economia, para o crescimento e para os nossos empregos”, disse Le Maire, que criticou as sanções comerciais recentemente impostas pela administração Trump.

“Esta guerra económica só terá perdedores, é injustificada, injustificável e simplesmente estúpida”, concluiu Le Maire.

Recentemente, o Presidente francês pediu à OCDE um “diagnóstico” de “disfunções do sistema atual” e um roteiro que poderia ser estabelecido na cimeira do G20 realizada no final do mês em Buenos Aires.

A China respondeu então positivamente a este apelo de Macron e de outros dirigentes mundiais e disse estar “pronta para trabalhar” com todos os membros da OMC para tornar as regras “mais abertas, mais inclusivas, mais transparentes e não discriminatórias”.

19 Nov 2018

China | Hotéis de luxo inspeccionados após vídeo expor falta de higiene

[dropcap]O[/dropcap] ministério chinês do Turismo pediu sexta-feira às autoridades em vários pontos do país para investigarem a limpeza dos quartos em 14 hotéis, após uma câmara oculta ter apanhado empregados a usar toalhas usadas para limpar chávenas e copos.

Vários dos hotéis, que incluem as redes Shangri-La, Sheraton e Waldorf Astoria, em Pequim, Xangai e três províncias, pediram já desculpa, após um ‘blogger’ ter difundido o vídeo no Weibo, o Twitter chinês, no início desta semana.

As filmagens mostram empregados da limpeza a limpar lavatórios, taças de café e copos com a mesma toalha usada, ou a retirar copos de plástico usados do lixo, e a repô-los como novos.
As cenas são acompanhadas pelo nome do respectivo hotel e preço da dormida, todos a marcar cerca de 200 dólares.

O ‘blogger’, que usa o pseudónimo ‘Huazong’, afirma que o problema é antigo e está generalizado.
Ele diz ter passado 2.000 noites em 147 hotéis diferentes nos últimos seis anos.

O vídeo, difundido na quarta-feira, obteve mais de 30 milhões de visualizações até à data. O Hotel Peninsula, em Pequim, disse sexta-feira que testes realizados por funcionários da Agência de Medicamentos e Alimentação revelaram que os copos usados no hotel estão mais limpos do que a norma.
O Park Hyatt, também na capital chinesa, afirmou que as cenas filmadas são uma ocorrência isolada.

19 Nov 2018

China apoia segunda reunião entre Trump e Kim Jong-un

O encontro entre os dois líderes agendado para o ano que vem ainda não tem data nem local marcados

 

[dropcap]A[/dropcap] China mostrou esta sexta-feira o seu apoio a uma segunda cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un, depois de o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, ter anunciado na quinta-feira que os dois chefes de estado voltariam a reunir-se em 2019.

A porta-voz do ministério de Assuntos Exteriores, Hua Chunying, afirmou que a China “apoia sempre os compromissos e contactos” levados a cabo por ambos os países.

“Esperamos que este compromisso de alto nível ajude a melhorar e a encorajar o processo de acordos políticos sobre a questão da península coreana”, acrescentou a ministra, citada pela agência espanhola EFE.
A representante da diplomacia chinesa também mostrou o apoio do seu país para que “as duas partes tomem medidas para implementar o consenso alcançado entre os seus líderes”.

Acerca da visita de Kim Jong-un, na quinta-feira, a uma base de testes militares onde está a ser desenvolvido um sistema defensivo “de última geração”, Hua Chunying assegurou não conhecer os detalhes da questão e realçou as “mudanças positivas” registadas na situação da península coreana, antes de desejar que “se mantenha esta acalmia positiva”.

Em aberto

A primeira reunião entre Donald Trump e Kim Jong-un realizou-se no passado dia 12 de Junho em Singapura e resultou no acordo de desarmamento nuclear.

Desde o encontro, a Coreia do Norte renunciou aos testes balísticos e nucleares, desmantelou uma zona de teste de mísseis e prometeu proceder ao desmantelamento do principal complexo nuclear do país, em troca de algumas concessões e garantias de segurança por parte dos Estados Unidos.

No entanto, os dois países queixam-se de incumprimentos e acusam-se mutuamente de não ter mantido as promessas. “Pensamos que a cimeira decorrerá depois do dia 1 de Janeiro, mas ainda temos de decidir quando e onde”, afirmou Mike Pence, na quinta-feira, em declarações a jornalistas durante a cimeira anual da Associação dos países da Ásia do Sudeste (Asean).

Estas declarações foram feitas apesar das últimas informações revelarem que Pyongyang mantém bases de mísseis secretas.

O papel da China neste assunto tem sido objecto de críticas por parte de Washington, mas o vice-presidente norte-americano reconheceu que a China “está a fazer mais esforços do que nunca”, acrescentando que Trump irá abordar o assunto com Xi Jinping quando se reunirem em Buenos Aires, no fim deste mês, na reunião dos países do G20.

19 Nov 2018

Hong Kong | Jennifer Jett substitui Victor Mallet no Clube de Correspondentes

[dropcap]J[/dropcap]ennifer Jett, correspondente em Hong Kong do jornal New York Times, foi escolhida para substituir o repórter Victor Mallet como vice-presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, informou o clube em comunicado.

As autoridades de Hong Kong recusaram renovar o visto de trabalho a Victor Mallet, que era correspondente do jornal Financial Times, depois do clube ter organizado uma palestra com Andy Chan, fundador do Partido Nacional de Hong Kong, ligado ao movimento pró-independência do território. Semanas mais tarde, Victor Mallet tentou entrar em Hong Kong como turista, mas a sua entrada também foi recusada.

O clube assume que “vai continuar a exigir ao Governo de Hong Kong uma explicação razoável pela recusa da entrada de Victor Mallet em Hong Kong e a recusa pela renovação do seu visto de trabalho”.

No mesmo documento lê-se os agradecimentos dos dirigentes do clube de correspondentes pelo trabalho que Victor Mallet realizou nos últimos anos.

18 Nov 2018

Presidente chinês e ‘vice’ dos EUA confrontam argumentos sobre guerra comercial

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês e o vice-presidente norte-americano trocaram ontem argumentos sobre a guerra comercial protagonizada pelos dois países nos discursos que proferiram numa reunião que junta 21 líderes de países e territórios na Papua-Nova Guiné.

O norte-americano Mike Pence disse que não haverá um recuo na política do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de combater a política comercial mercantilista da China e o roubo de propriedade intelectual que desencadeou este ano uma guerra tarifária entre as duas maiores potências económicas mundiais.

“Os Estados Unidos não mudarão de curso até que a China mude de rumo”, afirmou, acusando Pequim de roubo de propriedade intelectual, subsídios sem precedentes para empresas estatais e “tremendas” barreiras para travarem a entrada de empresas estrangeiras no seu gigantesco mercado.

Pence anunciou que os EUA vão envolver-se no plano da Austrália para desenvolver uma base naval na Papua Nova Guiné, onde está a ter lugar o encontro de líderes de 21 países e territórios da Costa do Pacífico que representam 60% da economia mundial.

A China tem-se mostrado disponível para financiar empréstimos e construir infra-estruturas na Papua Nova Guiné e em outras nações insulares do Pacífico.

Críticas a “Uma Faixa, Uma Rota”

O vice-presidente norte-americano aproveitou para criticar a iniciativa global ao nível das infra-estruturas promovida pela China, conhecida como “Uma Faixa, Uma Rota”, classificando muitos dos projectos de baixa qualidade que também sobrecarregam os países em desenvolvimento com empréstimos que depois não podem pagar.

Os EUA, uma democracia, é um parceiro melhor do que a China autoritária, argumentou. “Saibam que os Estados Unidos oferecem uma opção melhor. Não afundamos os nossos parceiros num mar de dívidas, não coagimos, não comprometemos a sua independência”, disse Pence.

Xi Jinping, que discursou antes de Pence, antecipou muitas das críticas dos EUA. O líder chinês declarou que os países estão a enfrentar uma opção de cooperação ou de confronto. Xi expressou apoio ao sistema global de comércio livre que sustentou a ascensão de seu país nos últimos 25 anos, transformando-a na segunda maior economia do mundo depois dos EUA.

“As regras feitas não devem ser seguidas ou distorcidas como se julgar conveniente e não devem ser aplicadas com padrões duplos para agendas egoístas”, disse Xi.

“A humanidade chegou novamente a uma encruzilhada”, sublinhou. “Que direcção devemos escolher? Cooperação ou confronto? Abertura ou fechamento de portas? Progresso vantajoso para as duas partes ou um jogo de soma zero?”, questionou.

Em resposta às críticas à iniciativa internacional da China, “Uma Faixa, Uma Rota”, Xi assegurou que esta não representa uma armadilha.

“Não é projectada para servir qualquer agenda geopolítica oculta, não é dirigida contra ninguém e não exclui ninguém. Não é um clube exclusivo que é fechado para não-membros nem é uma armadilha como algumas pessoas a rotularam”, defendeu.

Os líderes de 21 países e territórios da Costa do Pacífico que compõem 60% da economia mundial estão reunidos em Port Moresby, capital da Papua Nova Guiné, para uma reunião anual de Cooperação Económica Ásia-Pacífico.

Em cima da mesa está a obtenção de um acordo sobre uma declaração conjunta, nomeadamente sobre a possibilidade de exercerem pressões para mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC), que estabelece as regras e que pode penalizar as nações que as violam.

Debate sobre o Mar do Sul da China

As reivindicações territoriais da China para a maior parte do Mar do Sul da China também foram alvo do discurso de Pence.

A China exigiu que os EUA parem de enviar navios e aviões militares perto de suas ilhas artificiais naquelas águas disputadas por várias nações, depois de navios americanos e chineses quase terem colidido perto de um recife em setembro. Mas Pence ressaltou no sábado que os EUA não recuarão.

“Continuaremos a voar e a velejar sempre que a lei internacional o permitir e as exigências de interesse nacional o justifiquem. O assédio só fortalecerá a nossa determinação. Não vamos mudar de rumo”, garantiu.

Washington continuará a apoiar os esforços dos países e territórios do Sudeste Asiático para negociarem um “código de conduta” que vincule juridicamente a China e “que respeite os direitos de todas as nações, incluindo a liberdade de navegação no Mar do Sul da China”, concluiu o vice-presidente norte-americano.

18 Nov 2018

CIA concluiu que príncipe saudita ordenou morte de Khashogg, escreve Washington Post

[dropcap]O[/dropcap] jornal Washington Post noticiou na sexta-feira que a Agência Central de Informações (CIA, na sigla em inglês) concluiu que o príncipe herdeiro saudita ordenou o homicídio do jornalista Jamal Khashoggi em Istambul, citando fontes anónimas.

A informação veiculada pelo Washington Post, jornal com o qual Khashoggi colaborou, contradiz as recentes posições do reino saudita, que negou qualquer responsabilidade de Mohammed bin Salman na morte do jornalista em Outubro. Contactada pela agência de notícias France Press, a CIA recusou-se a comentar.

Para chegar a esta conclusão, lê-se no jornal norte-americano, a CIA cruzou várias fontes, incluindo um contacto entre o irmão do príncipe herdeiro, também embaixador da Arábia Saudita nos Estados Unidos, e Jamal Khashoggi.

De acordo com o jornal de Washington, Khalid bin Salmane aconselhou Khashoggi a visitar o consulado saudita em Istambul, assegurando-lhe que nada lhe aconteceria. O jornal acrescenta que fez o telefonema a pedido de seu irmão, mas não ficou claro que Khalid bin Salman soubesse que Khashoggi seria então assassinado.

Khalid ben Salman reagiu de imediato na sua conta pessoal na rede social Twitter a estas acusações, negando veementemente o teor da notícia do Washington Post.

“Esta é uma acusação séria que não deve ser suportada por fontes anónimas”, defendeu numa publicação na qual consta também uma declaração que disse ter enviado ao jornal. “Em nenhum momento o príncipe Khalid discutiu algo com Jamal sobre uma viagem à Turquia”, escreveu.

O jornal New York Times, por seu lado, noticiou também na sexta-feira que as autoridades dos EUA advertiram que os serviços de informação norte-americanos e turcos não possuem provas claras que liguem o príncipe herdeiro ao assassínio de Khashoggi.

Contudo, avança aquele jornal, a CIA acredita que a influência do príncipe é tal que o homicídio não poderia ter ocorrido sem a sua aprovação.

Khashoggi entrou a 2 de Outubro no consulado saudita de Istambul e acabou por ser assassinado. A Arábia Saudita, em várias ocasiões, mudou sua versão oficial do que aconteceu com Jamal Khashoggi, mas na quinta-feira o promotor saudita admitiu que o jornalista foi drogado e desmembrado no local.

De um total de 21 suspeitos, a Justiça saudita indiciou 11 pessoas pelo crime, cinco das quais enfrentam agora a pena de morte. Numa conferência de imprensa, o porta-voz do procurador-geral, Shaalan al-Shaalan afirmou que o príncipe Mohammed bin Salmane não tinha conhecimento do caso.

Aliado histórico de Riade, Washington anunciou no mesmo dia sanções contra 17 autoridades sauditas pela sua “responsabilidade ou cumplicidade” na morte de Khashoggi.

18 Nov 2018

Coreia do Norte agenda visitas oficiais ao México, Cuba e Venezuela

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação da Coreia do Norte encabeçada pelo presidente da Assembleia Popular Suprema, Kim Yong-nam, vai deslocar-se numa visita oficial ao México, Cuba e Venezuela, segundo a agência de notícias oficial norte-coreana KNCA.

Kim representará Pyongyang no México durante a tomada de posse do Presidente Andrés Manuel López Obrador, agendada para 1 de Dezembro. A agência oficial não forneceu detalhes sobre as deslocações e as datas em que a delegação norte-coreana chegará aos três países.

Kim Yong-nam, para além de presidente da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte, é também o presidente honorário do regime de Pyongyang, representando o país em viagens institucionais.

O anúncio destas deslocações surge depois de Kim ter visitado o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.

18 Nov 2018

Xi Jinping anuncia 2º Fórum da Rota da Seda em Pequim em Abril de 2019

[dropcap]O[/dropcap] presidente de China, Xi Jinping, confirmou que o segundo Fórum da Nova Rota da Seda para a Cooperação Internacional se vai realizar em Pequim em Abril de 2019, informou a agência estatal Xinhua.

Durante uma intervenção por ocasião do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico (APEC), que se realiza na Papua Nova Guiné, Xi indicou que esta convocatória é uma “resposta à comunidade internacional”.

O presidente chinês não deu mais pormenores sobre o assunto, apesar de imediatamente depois se ter defendido das críticas do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, que acusou Pequim de ter uma “diplomacia opaca de livro de cheques”.

Segundo Pence, os projectos que a China promove nos países em desenvolvimento são de “baixa qualidade” e “geralmente mantêm fortes laços e conduzem a uma dívida avassaladora”.

“Não aceitem dívida externa que comprometa a vossa soberania. Protejam os vossos interesses e preservem a vossa independência. Como os Estados Unidos, ponham o vosso país em primeiro lugar”, instou Pence.

Sobre estas acusações, Xi defendeu que a iniciativa Nova Rota da Seda – lançada em 2013 e também conhecida como “Uma Faixa, uma Rota” – “não oculta uma agenda geopolítica” nem é uma “armadilha” para dominar nações mais desfavorecidas.

Perante a agenda chinesa de expansão da cooperação com países como os do Pacífico através de investimento em infra-estruturas e créditos suaves, os Estados Unidos, o Japão e a Austrália anunciaram o lançamento de uma iniciativa similar.

Os três países emitiram um comunicado no qual apontam que este novo plano de investimentos em infra-estruturas no Pacífico cumprirá com os padrões internacionais de “transparência e sustentabilidade orçamental”.

O primeiro Fórum da Nova Rota da Seda realizou-se em maio do ano passado, também em Pequim, com a participação de representantes de cerca de uma centena de países.

18 Nov 2018

Moody’s | Dívida pública chinesa atinge 149 por cento do PIB em 2020

[dropcap]A[/dropcap]agência de ‘rating’ Moody’s alertou ontem para o crescente endividamento do sector público na China, que deve atingir 149 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em 2020, devido a um modelo de crescimento económico assente no investimento.

O relatório da Moody’s assegura que a China está a abrandar as medidas que visam travar o ‘boom’ do endividamento, face ao abrandamento da actividade doméstica e os riscos gerados pelas disputas comerciais com os Estados Unidos.

“Apesar de os objectivos a longo prazo de redução do endividamento e dos riscos se manterem, é possível que, face às actuais circunstâncias, as autoridades recorram mais aos gastos do sector público para apoiar o crescimento”, aponta o analista George Xu, no relatório.

O vice-presidente e director de crédito da Moody’s, Martin Petch, afirma esperar que a “alavancagem financeira em todos os sectores da economia aumente ainda mais, face às crescentes pressões negativas sobre o crescimento”.

“Acreditamos que a dívida no sector público, que inclui o Governo e as empresas estatais, aumentará para 149 por cento do PIB, no final desta década, mais 15 por cento do que em 2017”, disse.

O documento afirma que, apesar de “as autoridades terem redobrado esforços para melhorar a supervisão das empresas estatais fortemente endividadas” e “controlar as suas fontes de financiamento”, o “sector público continua a acarretar riscos”.

Dependências estatais

No mês passado, o Banco do Povo Chinês (banco central) cortou o coeficiente de reservas obrigatórias dos bancos em 1 por cento, libertando quase 110.000 milhões de dólares norte-americanos em crédito, para impulsionar o desenvolvimento económico.

O aumento dos gastos públicos ocorrerá sobretudo através das autoridades locais, considera a Moody’s, que num outro relatório aponta os desafios da China no controlo das fontes de financiamento opacos a que recorrem os governos locais e regionais.

“A grande e contínua diferença entre as necessidades reais dos governos locais e regionais na China e as suas limitadas fontes de rendimento implicam que continuem dependentes de empresas estatais locais para financiarem as suas necessidades de infraestrutura”, aponta o relatório.

O documento lembra que as “empresas públicas locais detêm a maior proporção de dívida oculta” do país.
Num relatório recente sobre a dívida oculta local, o banco central chinês calcula que, só numa província do país, os cálculos apontam para um nível real de endividamento 80 por cento superior aos dados oficiais.

Motor global

Nos últimos dez anos, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

“Desde a crise financeira global [2008], a China criou 63 por cento do novo dinheiro no mundo” ou “mais do que os Estados Unidos, Europa e Japão combinados”, descreve Dinny McMahon, autor do livro “China Great Wall of Debt” (“A Grande Muralha de Dívida da China”).

Manter altas taxas de crescimento económico e a criação de postos de trabalho são considerados pelas autoridades chinesas como essenciais para assegurar a estabilidade social, uma preocupação constante do Partido Comunista Chinês. Há várias décadas que o crescimento económico é uma das principais fontes de legitimidade do partido único no país.

16 Nov 2018

China reconhece que surto de peste suína nacional é “muito grave”

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês reconheceu hoje que o país vive uma situação “muito grave”, com surtos de peste suína em várias províncias, que resultaram já no abatimento de centenas de milhares de porcos infectados.

“A situação da prevenção e controlo da peste suína africana é muito grave. O surto alastrou-se a 17 províncias e atingiu vastas áreas de criação de porcos, no interior do Sul da China”, afirma o ministério chinês da Agricultura e Assuntos Rurais, em comunicado hoje difundido.

O documento, que é também assinado pelos ministérios dos Transportes e da Segurança Pública, aponta o transporte de animais entre províncias como a causa do alastrar da doença, e apela às autoridades locais que reforcem a supervisão.

Serão estabelecidos postos de controlo para “inspeccionar de forma rigorosa” todos os veículos que transportam animais vivos, visando acabar com a “distribuição ilegal”.

“Os departamentos de pecuária e veterinária devem reforçar a investigação e punições sobre actos ilegais, como transporte de porcos sem certificado de quarentena (…) e romper com a cadeia de tráfico ilegal”, afirma.

A doença afecta porcos e javalis, mas não é transmissível aos seres humanos. No entanto, coloca em risco o mercado chinês, que produz anualmente 700 milhões de porcos.

A carne daquele animal é parte essencial da cozinha chinesa, compondo 60% do total do consumo de proteína animal no país. Os surtos levaram já ao abatimento de “centenas de milhares” de porcos, segundo a imprensa chinesa.

15 Nov 2018