G20 | Washington e Pequim suspendem guerra comercial por 90 dias

Donald Trump e Xi Jinping encontraram-se durante a cimeira do G20 na Argentina e chegaram a acordo para suspender as hostilidades comerciais por três meses. Para já, Pequim compromete-se a comprar um grande volume de mercadorias para contrariar o desequilíbrio comercial entre as duas nações

 

[dropcap]O[/dropcap]s Presidentes dos Estados Unidos e da China estabeleceram uma trégua comercial, que vai adiar por 90 dias o aumento das taxas alfandegárias norte-americanas impostas sobre importações chinesas, anunciou, no sábado, a Casa Branca.

Washington tinha afirmado que a subida das taxas de 10% para 25% ia entrar em vigor a 1 de Janeiro próximo.

Donald Trump e Xi Jinping chegaram a acordo durante um jantar, no final da cimeira do G20, que decorreu entre sexta-feira e sábado, em Buenos Aires.

Em comunicado, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, indicou que o objectivo é permitir a continuação das negociações comerciais e os dois países vão iniciar “de imediato negociações sobre mudanças estruturais” em relação à protecção da propriedade intelectual, cibercrime e outras prioridades norte-americanas.

A Casa Branca acrescentou que se os dois lados não chegarem a acordo no prazo de 90 dias, então o aumento das taxas alfandegárias será aplicado.

Tudo em aberto

Donald Trump saudou uma “reunião produtiva que abriu possibilidades ilimitadas para a China e os Estados Unidos”, enquanto Wang Yi considerou que este acordo é uma vitória para os dois lados, no final de uma cimeira do G20 sob alta tensão na Argentina.

Washington referiu ainda que Pequim se comprometeu a comprar uma quantidade “ainda por definir, mas muito significativa” de produtos norte-americanos para reduzir o enorme desequilíbrio comercial entre os dois países.

Em particular, a China vai começar a comprar “de imediato” produtos agrícolas norte-americanos, garantiu.
A Casa Branca indicou ainda que Xi comprometeu-se a designar o fentanil como “substância controlada” na China e a impor pesadas penas a quem comercializar este forte analgésico, que está relacionado com o aumento das mortes por ‘overdose’ de opiáceos nos Estados Unidos.

Revisão global

A administração norte-americana tinha anunciado que as taxas alfandegárias sobre importações chineses no valor de 200 mil milhões de dólares iam aumentar de 10% para 25% no início do próximo ano e Trump estava a considerar alargar o número de bens chineses que iriam sofrer esse aumento.

Entre sexta-feira e sábado, os líderes das 20 principais economias do mundo e dos países emergentes debateram, em Buenos Aires, os temas mais relevantes da agenda global, num momento de fortes tensões comerciais entre os Estados Unidos e potências como a China e União Europeia, e por conflitos político-diplomáticos cruciais, em particular o que opõe a Rússia à Ucrânia.

3 Dez 2018

Fosun | Satisfação com actividade em Lisboa

[dropcap]O[/dropcap] grupo chinês Fosun, que em Portugal detém a Fidelidade e é o principal accionista do BCP, promete continuar a potenciar recursos para o seu portfólio de empresas portuguesas e está optimista em relação ao desenvolvimento do país.

Em declarações escritas à agência Lusa em vésperas da visita do Presidente chinês a Portugal, o ‘senior vice-president’ do grupo Fosun afirmou que a “Fosun é e será sempre optimista em relação ao desenvolvimento económico e social” de Portugal.

Li Haifeng disse que, quatro anos e meio depois do seu primeiro investimento em Portugal (a seguradora Fidelidade), a Fosun “está muito satisfeita com a sua actividade” no país.

“A Fidelidade está a ter um bom desempenho, especialmente no que diz respeito a indicadores-chave, como a quota de mercado, os activos líquidos, o retorno de investimento e os negócios internacionais. No caso do Millennium BCP [onde detém 27,06% do capital], a sua capitalização bolsista aumentou aproximadamente 85% em menos de dois anos e, graças ao apoio da Fosun, o banco assinou um acordo com a UnionPay International, tornando-se o primeiro distribuidor não-chinês de cartões UnionPay na Europa (com excepção da Rússia)”, detalhou.

3 Dez 2018

Xi Jinping quer reforçar cooperação pragmática com Portugal

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, declarou, num artigo ontem publicado no DN e no JN, que pretende reforçar a cooperação pragmática entre China e Portugal, que tem dado resultados frutíferos para os dois lados.

“A parte chinesa está disposta a fazer esforços conjuntos com a parte portuguesa para continuar a aprofundar o conhecimento e a confiança mútuos, e aumentar intrinsecamente a profundidade e a amplitude da cooperação pragmática, com fim de enriquecer ainda mais o conteúdo da Parceria Estratégica Global China-Portugal, criando em conjunto um futuro promissor para as relações dos dois países”, declarou Xi Jinping.

Xi Jinping lembrou também que após a crise financeira internacional de 2008 e a crise da dívida soberana europeia, a China e Portugal “envidaram esforços conjuntos” para resistir aos riscos e fazer face aos desafios derivados.

“Uma após a outra, as empresas chinesas vieram investir em Portugal. Ao expandir os seus negócios fora da China, contribuíram também para a criação de postos de trabalho e o desenvolvimento sócio-económico de Portugal.

Xi Jinping referiu ainda que China e Portugal estão numa fase crucial do seu desenvolvimento.

Para aprofundar a cooperação pragmática entre os dois países, Xi Jinping disse que, em primeiro lugar, será reforçado o intercâmbio ao mais alto nível, a amizade, o respeito e a confiança mútuos.

“Em segundo lugar, vamos construir em conjunto ‘uma faixa e uma rota’ e ser parceiros de desenvolvimento comum. Portugal é um ponto importante de ligação entre a Rota da Seda terrestre e a Rota da Seda marítima, por isso, a cooperação sino-portuguesa no âmbito de ‘uma faixa e uma rota’ é dotada de vantagens naturais”, explicou.

Xi Jinping quer o crescimento das trocas comerciais entre os dois países e a criação de novos pontos de crescimento para a cooperação nas áreas automóvel, novas energias, finanças, construção de portos e terceiros mercados.

Também é preciso, segundo o Presidente chinês, aprofundar o intercâmbio humano e cultural, assim como desenvolver a cooperação marítima, o reforço nas áreas de investigação científica relacionadas com o mar, exploração e proteção do mar, além da logística portuária.

Boas resoluções

O Presidente chinês também quer “intensificar as coordenações multilaterais e serem construtores e defensores do sistema internacional”, no âmbito das organizações internacionais como a ONU e a OMC.
“Nestes 40 anos, os dois lados persistem em tratar das relações bilaterais do ponto de vista estratégico e de longo prazo”, sublinhou ainda Xi Jinping.

“Resolveram em 1999, de forma apropriada, mediante negociações pacíficas, a questão de Macau, uma questão legada pelo passado, inaugurando uma nova era de desenvolvimento de Macau e das relações sino portuguesas”, acrescentou.

3 Dez 2018

China | Advogados reprimidos e falta de liberdade de expressão preocupam HRW

[dropcap]A[/dropcap] organização Human Rights Watch considera que a aplicação generalizada da pena de morte, as restrições à liberdade de expressão e de religião, e a repressão aos advogados e activistas dos direitos humanos são muito preocupantes na China.

“As nossas maiores preocupações relacionadas com os direitos humanos na China incluem a aplicação da pena de morte, as detenções arbitrárias, as restrições à liberdade de expressão e de religião, assim como a marcante hostilidade contra os defensores dos direitos humanos no país”, disse à Lusa a directora para a China da organização não-governamental Human Rights Watch (HRW), Sophie Richardson.

O futuro próximo para os direitos humanos na China parece sombrio, segundo a HWR, especialmente porque é esperado que o Presidente chinês, Xi Jinping, permaneça no poder pelo menos até 2022.

O relatório global anual 2018 da HRW mostrou uma grande ofensiva, de forma continuada, contra os direitos humanos na China desde o início do Governo do Presidente Xi Jinping, em 2013.

A morte do Prémio Nobel da Paz de 2010, o activista Liu Xiaobo, num hospital debaixo de forte vigilância em Julho de 2017 – após ter ficado preso desde 2008 em condições deploráveis -, reforçou a ideia de que o Governo chinês continua a ter um forte desrespeito pelos direitos humanos.

Sophie Richardson considerou que “a pena de morte generalizada e a repressão sobre os advogados e os activistas dos direitos humanos são uma realidade bem presente na China”.

Segundo o relatório global de 2018, as autoridades chinesas levaram mais defensores dos direitos humanos a julgamentos em 2017, promovendo confissões forçadas – com recurso a tortura – e transmissões de julgamentos pelos ‘media’ e pelas redes sociais, negando ainda os direitos de escolha de advogados aos detidos.

No ano passado, as autoridades chinesas continuaram a perseguição aos advogados – que defendem causas consideradas sensíveis pelo Governo -, que se iniciou em Julho de 2015.

O advogado Wang Quanzhang e o activista Wu Gan continuam sob custódia policial, sem julgamento e sem acusação formal. Em Novembro de 2017, o advogado Jiang Tianyong foi sentenciado a dois anos de prisão por “incitação a subversão do poder do Estado”.

Segundo o relatório global da HRW, o Governo chinês tem um dos regimes de censura ‘online’ mais rígidos no mundo, limitando a sua utilização através de ferramentas próprias para este fim, mantendo ainda o controlo ideológico na educação e nos meios de comunicação social.

“O Estado chinês também detém o controlo total sobre todas as publicações, tem um pesado sistema de vigilância e muitas formas de censurar a Internet. Muitas pessoas conseguem usar os sistemas de VPN para superar a ‘grande barreira à prova de fogo’ da vigilância do Governo chinês sobre a internet, entre outros métodos”, sublinhou a responsável da organização não-governamental.

Cerco regional

Um relatório da HRW, divulgado em Setembro deste ano, referiu que o Governo chinês está a administrar uma campanha sistemática de violações dos direitos humanos contra os muçulmanos na região autónoma de Xinjiang, no noroeste do país.

A investigação revelou que há detenções arbitrárias, tortura e maus-tratos, e um controlo crescente na vida diária das pessoas.

Ao longo da região, com uma população de 13 milhões de pessoas maioritariamente muçulmanas, muitos são sujeitos a doutrinamento político forçado (em campos de reeducação), castigos colectivos, restrições nas movimentações e comunicações, restrições na liberdade religiosa e uma vigilância maciça que viola a lei internacional dos direitos humanos.

“De acordo com a nossa investigação, estes estabelecimentos (campos de reeducação política), sem base para a sua existência na lei chinesa, são usados pela China para forçar a minoria uigure e outros muçulmanos de origem turca a manter a lealdade ao Governo chinês e ao Partido Comunista da China”, disse a directora da HRW.

Sobre o movimento dos ‘guarda-chuvas’, que teve início em 2014 em Hong Kong, disse que “este e outros protestos são uma resposta de Hong Kong contra o Governo central chinês por não cumprir a determinação do sufrágio universal, como ficou assumido nos acordos firmados com o Reino Unido” quando houve a transferência de poder na ilha dos britânicos para os chineses em 1997.

Na perspectiva da HRW, os governos estrangeiros também fizeram pouco em 2017 para combater as violações dos direitos humanos na China.

3 Dez 2018

UE chega a acordo para se blindar a investimento directo estrangeiro, incluindo chinês

[dropcap]A[/dropcap] União Europeia (UE) ‘despertou’ finalmente para a necessidade de escrutinar o investimento de países terceiros em “sectores estratégicos” dos Estados-membros e procura agora ‘blindar-se’ a potenciais riscos para a segurança interna e ordem pública dentro do bloco comunitário.

O primeiro passo para salvaguardar os interesses europeus das potenciais ‘ameaças’ ocultas nos investimentos de países terceiros, nos quais a China se inclui, foi dado em 20 de Novembro, com o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão Europeia a chegarem a um acordo político sobre um quadro de análise do investimento directo estrangeiro na União Europeia (UE).

“Actualmente, menos de metade dos Estados-membros têm legislação em vigor que lhes permita examinar esses investimentos. Com base nas regras hoje acordadas, os Estados-membros manterão o poder de analisar e potencialmente bloquear investimento directo de países terceiros por motivos de segurança e de ordem pública”, esclarecia então a nota remetida pela presidência austríaca do Conselho da UE.

Sem nunca mencionar os ‘alvos específicos’ deste novo mecanismo regulatório, as instituições europeias esclareciam que as medidas visavam “os investidores estrangeiros” que poderiam procurar adquirir “activos estratégicos que lhes permitam controlar ou influenciar as empresas europeias cujas actividades são essenciais para a segurança e a ordem pública na UE e nos seus Estados-membros”.

A nova regulação, que terá de respeitar o princípio da não-discriminação e a protecção de informação confidencial, permitirá à Comissão Europeia emitir pareces consultivos quando considerar que um investimento, “planeado ou finalizado”, possa afectar a segurança ou a ordem pública em “um ou mais Estados-membros”.

Comunicação entre Estados

O texto preconiza ainda a criação de um mecanismo de cooperação entre os países e o executivo comunitário, que estabelece que Estados-membros e Comissão deverão informar-se mutuamente de qualquer escrutínio em vigor por parte das autoridades nacionais, e que prevê a disponibilização de informação, designadamente sobre o financiamento do investimento ou a estrutura accionista do investidor, caso seja solicitado.

O acordo político que, todavia, esclarece que a decisão final quanto a estes investimentos será sempre do Estado-membro em questão, tem ainda que ser aprovado por maioria qualificada pelos Estados-membros.

A proposta de criação de um quadro europeu de escrutínio do investimento directo estrangeiro, em paralelo com a finalização de uma análise pormenorizada dos fluxos de investimento directo estrangeiro que entram na UE, faz parte dos esforços desenvolvidos pelo executivo comunitário para defender as suas empresas, os seus trabalhadores e os seus cidadãos de potenciais ‘ameaças’ ocultas em investimentos externos.

“Precisamos de escrutínio sobre as aquisições por parte das empresas estrangeiras que visam os activos estratégicos da Europa”, defendeu em 12 de Novembro o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que já se tinha mostrado ‘alerta’ para o potencial problema na resposta a uma carta da eurodeputada socialista Ana Gomes, que, juntamente com o alemão Elmar Brok, o questionou sobre os investimentos estrangeiros em sectores estratégicos da economia europeia, à luz da oferta pública de aquisição (OPA) lançada em Maio pela China Three Gorges sobre a EDP.

Na resposta, Jean-Claude Juncker comentou que, no quadro legal actual, pouco pode intervir, cabendo às autoridades reguladoras nacionais analisar os riscos da operação. É neste contexto que se insere o reforço do escrutínio daqueles investimentos, algo incentivado também pelo PE, que em Setembro manifestou preocupação com os investimentos chineses na UE.

Num relatório aprovado em 12 de Setembro sobre o estado das relações entre a UE e a China, os eurodeputados consideraram que os investimentos chineses fazem parte de uma estratégia global no sentido de empresas controladas ou financiadas por Pequim assumirem o controlo dos sectores bancário e energético e de outras cadeias de abastecimento.

Segundo o relatório aprovado em plenário, investigações recentes revelaram que, desde 2008, a China adquiriu activos na Europa no valor de 318 mil milhões de dólares, montante que não inclui várias fusões, investimentos e empresas comuns. Em 2017, 68 por cento dos investimentos chineses na Europa vieram de empresas públicas.

3 Dez 2018

Académico diz que investimento chinês serve para controlar sul da Europa

Philippe Le Corre, académico francês radicado nos EUA, disse à agência Lusa que os investimentos que a China tem feito na Europa servem para conferir ao país maior controlo, influência e dissuasão face a políticas que possam ir contra os seus interesses. Le Corre frisou que os investimentos europeus nunca terão a mesma dimensão

 

[dropcap]A[/dropcap] China está a construir uma “comunidade de amigos” no sul da Europa, através de grandes investimentos, que lhe conferem poder sobre estas economias e dissuadem posições contrárias aos seus interesses, defendeu o investigador Philippe Le Corre em entrevista à agência Lusa.

“A China está a tentar construir uma comunidade de amigos no sul da Europa, onde se incluem a Itália, Grécia e Portugal. Os investimentos nestes três países são bastante óbvios e dão à China um certo poder sobre as suas economias”, apontou.

O académico francês falou com a agência Lusa, por telefone, a partir dos Estados Unidos, para antecipar a visita da próxima semana a Portugal do Presidente chinês, Xi Jinping, que acontece nos dias 4 e 5 de Dezembro.

Philippe Le Corre é formado em Ciência Política e Direito pela Universidade de Sorbonne, especialista em estudos asiáticos e investigador associado do Carnegie Endowment for International Peace, um ‘think tank’ sobre política externa com centros em Washington, Moscovo, Beirute, Pequim, Bruxelas e Nova Deli.

Responsável pelos programas de estudos Europeus e Asiáticos, Philippe Le Corre tem uma série de artigos publicados sobre a emergência da China e o seu plano para dominar o sul da Europa.

“Se a China continuar a comprar portos e aeroportos isso dar-lhe-á um certo poder sobre a economia destes países e, em consequência, será muito difícil para os governos, a longo prazo, dizer não à China”, sustentou.

Porquê os Açores?

Para Philippe Le Corre, a compra, por parte da China, de infra-estruturas, nomeadamente portos, não é uma questão de investimento, mas de influência.

“Se a China controlar todos os portos do Mediterrâneo, como no caso do porto de Sines, isso dará à China grande poder e influência na soberania desses países”, sublinhou.

Por outro lado, questionou o que considera o súbito interesse chinês nos Açores. “Porque é que, de repente, a China está tão interessada no Atlântico? É um mistério para mim. Entendo a perspectiva do Governo dos Açores, que precisa de dinheiro […] mas este é o lugar onde foi organizada a cimeira da guerra do Iraque, é simbólico para a relação transatlântica”, lembrou.

O investigador assinalou que, em última análise, é o Estado chinês quem está a comprar as empresas portuguesas. “O problema é que é o Estado chinês que está a comprar, não é uma companhia privada, não é um negócio. São empresas estatais, entidades do Partido Comunista Chinês (PCC), cujos CEO são responsáveis do PCC”, apontou.

A falta de reciprocidade nos investimentos é outro problema apontado por Philippe Le Corre no relacionamento da China com a Europa.

“Muitos destes investimentos chineses têm sido úteis, mas e os investimentos europeus na China? Podem os europeus ou outros estrangeiros assumir o controlo de um porto, de um aeroporto ou de uma companhia de eletricidade na China? Podem investir numa companhia aérea, podemos ter um ‘Alibaba’ europeu na China? Claro que não”, afirmou.

“Permitimos que empresas estatais tomem conta das nossas empresas e ao mesmo tempo não há reciprocidade e se não há reciprocidade não é jogar limpo”, reforçou.

Uma questão de clarificação

Crítico da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”, que prevê o controlo da China em infra-estruturas portuárias em todos os continentes, Philippe Le Corre sustenta que a visita de Xi Jinping a Lisboa irá clarificar a posição de Portugal relativamente à adesão a este projecto.

Philippe Le Corre sustenta que, internamente, a China já não fala tanto da iniciativa e manifesta-se surpreendido com algumas declarações entusiastas de responsáveis portugueses sobre a integração do Porto de Sines neste projecto.

“Portugal é um bom aluno, sempre a levantar a mão e a dizer estou aqui, não se esqueçam de mim, quero fazer parte disso. Esta visita será importante porque irá mostrar de que campo Portugal quer fazer parte”, defendeu.

Reconhecendo que, do ponto de vista de Portugal ter investimento estrangeiro “é muito importante”, Le Corre apontou o exemplo de Espanha, que Xi Jinping visitou na semana passada, que não aceitou integrar a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. “A visita espanhola é um modelo interessante para seguir, mostrou um equilíbrio interessante entre os valores europeus e os interesses espanhóis”, disse.

“Claro que Portugal será diferente, porque Portugal quer ser sempre diferente”, vaticinou, sublinhando a importância de o país se manter fiel aos valores europeus e aos parceiros da União Europeia e Aliança Atlântica (NATO).

“A Europa está numa situação difícil, há muitas divisões, há o ‘Brexit’, cresce o populismo em vários países, mas a situação geopolítica exige que nos mantenhamos juntos. Portugal é um país europeu, tem um lugar no Conselho Europeu e é muito importante que se mantenha fiel aos valores, às regras e ao Estado de direito [europeus]”, reforçou.

3 Dez 2018

Lisboa é o quarto fornecedor europeu de vinhos para Pequim

[dropcap]P[/dropcap]ortugal é o quarto fornecedor europeu de vinhos para a China, com as exportações a crescerem 4% até Agosto, face ao período homólogo, para 12.861 euros, disse à Lusa o presidente da Viniportugal, Jorge Monteiro.

“Portugal é o quarto fornecedor europeu para a China, incluindo Hong Kong e Macau. Em 2018 [até Agosto] crescemos 4% em valor e 23,9% de aumento do preço médio, face ao período homólogo”, disse Jorge Monteiro, em declarações à Lusa.

De acordo com os dados do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), entre janeiro e agosto, as exportações para a China totalizaram 12.861 euros, valor que compara com os 12.370 euros registados em igual período do ano anterior.

Jorge Monteiro indicou que os principais destaques, dentro das exportações portuguesas para o mercado chinês, vão para os vinhos com Indicação Geográfica (5.090 euros) e com Denominação de Origem (3.435 euros), mas também para o vinho tinto, cuja cor, segundo a ideologia chinesa, “está associada à sorte”.

O mercado chinês é “prioritário” para a Viniportugal, porém, tem “características especificas” que dificultam a entrada dos produtos nacionais.

“As feiras fazem parte da estratégia de internacionalização, mas algumas empresas participam uma vez [em feiras como a ProWine Xangai] e depois desistem, por exemplo, pela distância do mercado”, referiu.

No entanto, o responsável notou que a presença portuguesa tem vindo a aumentar em eventos do setor, ressalvando que a Viniportugal não tem capacidade para levar um número “extraordinário” de empresas.

O presidente da associação garantiu ainda que os vinhos portugueses conseguem competir, em termos de qualidade, com os grandes produtores internacionais.

Apesar de não adiantar números, Jorge Monteiro frisou que o objectivo da associação até ao final de 2018 é “continuar a crescer devagar”.

Criada em 1996, a Viniportugal é uma associação inter profissional para a promoção internacional de vinhos portugueses, reconhecida pelo Ministério da Agricultura em outubro de 2015.

A missão da Viniportugal é promover a imagem do país enquanto produtor de vinhos de excelência, valorizando a marca vinhos de Portugal, conforme indicado na página da associação.

30 Nov 2018

Fabricantes de carros eléctricos enviam localização de viaturas para Governo chinês

[dropcap]A[/dropcap] China pediu a todos os fabricantes de veículos eléctricos o envio de informações constantes sobre a localização precisa dos carros, reforçando a capacidade de vigilância de Pequim, noticiou a agência de notícias Associated Press (AP).

Mais de 200 fabricantes, incluindo a Tesla, a Volkswagen, a BMW, a Daimler, a Ford, a General Motors, a Nissan, a Mitsubishi e a startup NIO transmitem informações sobre a localização e dezenas de outros dados para centros de monitorização do Governo chinês, segundo a AP.

Geralmente, tal acontece sem o conhecimento dos proprietários de carros. Os fabricantes alegam que estão apenas a cumprir as leis locais, que se aplicam apenas aos veículos de energia alternativa.

As autoridades chinesas explicam que os dados são usados de forma a melhorar a segurança pública, facilitar o desenvolvimento industrial e o planeamento de infra-estruturas, além de prevenir fraudes em programas de subsídios.

Contudo, outros países que são grandes mercados para os veículos eléctricos, como os Estados Unidos, o Japão, e por toda a Europa, não recolhem esse tipo de dados em tempo real.

A recolha de informações é vista com preocupação, uma vez que estas podem ser usadas não apenas para prejudicar a posição competitiva de fabricantes estrangeiros, mas também para a vigilância num país onde há poucas protecções à privacidade pessoal.

Sob a liderança do Presidente chinês, Xi Jinping, Pequim passou a gerir grandes volumes de dados e inteligência artificial para reforçar o policiamento, capaz de prever e eliminar as ameaças percebidas à estabilidade do Partido Comunista.

Há também a preocupação com o precedente que essas regras possam estabelecer na partilha de dados de carros da próxima geração, que em breve poderão transmitir ainda mais informações pessoais.

30 Nov 2018

Governo chinês ordena investigação a caso polémico de bebés que terão ADN alterado

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês ordenou ontem uma investigação ao caso envolvendo um cientista chinês que reclamou esta semana ter criado os primeiros bebés do mundo manipulados geneticamente, para os tornar resistentes ao vírus da Sida.

Em declarações à televisão chinesa CCTV, o vice-ministro chinês da Ciência e Tecnologia, Xu Nanping, disse que foi ordenada uma investigação porque a experiência feita é ilegal e viola a ética. Xu Nanping adiantou que todas as actividades relacionadas com a experiência científica foram suspensas.

À mesma televisão, o director-adjunto da Comissão Nacional de Saúde da China, Zeng Yixin, frisou que “os infractores” serão castigados.

A actuação das autoridades chinesas acontece um dia depois de o cientista, He Jiankui, ter anunciado “uma pausa” nas experiências, após críticas da comunidade científica chinesa e internacional e de a universidade onde trabalha ter anunciado a abertura de uma investigação ao caso.

Hoje, um grupo de 14 especialistas em manipulação genética defendeu que é demasiado cedo para se tentar fazer mudanças permanentes no material genético (ADN) que possam ser herdadas pelas gerações futuras.

Em comunicado, os peritos, que participaram esta semana numa conferência sobre genética em Hong Kong, China, consideram que é irresponsável realizar experiências em óvulos, espermatozóides ou embriões por ainda não se saber o suficiente sobre possíveis riscos.

He Jiankui disse esta semana que alterou o ADN de embriões que deram origem a duas gémeas que nasceram no início de novembro, para as tornar resistentes contra eventuais infeções pelo VIH.

O cientista chinês usou a técnica de edição genética CRISPR/Cas9 para modificar embriões durante os tratamentos de fertilidade de sete casais.

Todos os homens que participaram na experiência estavam infectados com o VIH, ao contrário das mulheres, e tiveram as suas infecções reprimidas por medicamentos padrão para o vírus da Sida.

Os resultados da experiência não foram avaliados por pares nem publicados em revistas científicas.

30 Nov 2018

Xi Jinping em Lisboa | Analistas prevêem investimentos em portos e ferrovias

Arnaldo Gonçalves, especialista em relações internacionais, e José Luís Sales Marques, economista, disseram à agência Lusa que os acordos assinados entre a China e Portugal podem originar novos investimentos nas áreas dos portos e ferrovias, sem esquecer as ligações a África e América Latina

 

[dropcap]E[/dropcap]specialistas em relações internacionais disseram à agência Lusa que a visita oficial do Presidente chinês a Portugal é uma oportunidade para garantir investimento em portos e na ferrovia, mas também em projectos tripartidos em África e América Latina.

Os portos de Leixões e de Sines, a modernização da linha ferroviária que pode até passar pela privatização parcial ou total da Comboios de Portugal (CP), cooperação tripartida entre a China, Portugal e países africanos ou da América Latina para assegurar investimentos de grande escala são alguns dos exemplos dados por docentes e investigadores numa antevisão da visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, a Lisboa.

“Esta é uma oportunidade para se passar das palavras aos actos, de dar uma expressão económica às boas relações entre Portugal e a China”, sublinha o presidente do Fórum Luso-Asiático, Arnaldo Gonçalves, lembrando que “Portugal, só entre 2010 e 2016, tornou-se no sétimo país europeu em que se registou mais investimento chinês”.

“Na área das infra-estruturas, está em cima da mesa a possibilidade de a China investir nos portos portugueses. O porto de Roterdão [Holanda] está sobrecarregado. Se a China quer prosseguir o esforço no âmbito da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ vai ter que ter um porto alternativo. Os portos de Leixões e Sines podem ser alternativas interessantes”, sustenta o professor de Ciência Política e Relações Internacionais do Instituto Politécnico de Macau.

Por outro lado, acrescenta, “Portugal precisa, mais tarde ou mais cedo, de modernizar a sua linha ferroviária”, defendendo que o país necessita de adoptar uma postura mais pró-activa.

“Para além dos portos, a privatização total ou parcial da CP poderia ser uma opção”, adianta o investigador, lembrando, contudo, que a aposta chinesa em vias de comunicação terrestres e marítima “coloca problemas políticos delicados à União Europeia [UE]”, sobretudo “num quadro de reemergência do poder russo e da aproximação entre Xi [Jinping] e [Vladimir] Putin”. Ou seja, explica, Portugal tem que ter algum cuidado” e “acertar bem as agulhas com a União Europeia para, no fundo, não ser uma ‘lebre’ posta a correr por Pequim contra a própria política externa da UE”.

A possibilidade de Portugal receber novos investimentos nestas áreas foi anunciada por Augusto Santos Silva, ministro português dos Negócios Estrangeiros, aquando da sua recente visita a Macau. Santos Silva disse que a assinatura de um memorando de entendimento no âmbito da política “Uma Faixa, Uma Rota” poderia ser assinado durante a presença de Xi Jinping na capital portuguesa, entre os dias 4 e 5 de Dezembro, ainda que este não será assinado “a qualquer preço”.

O ministro português deixou também claro que o Porto de Sines é “o melhor ponto” para que a “nova Rota da Seda ancore na Europa”.

“Um grande simbolismo”

Já o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), José Sales Marques, acredita que ainda há espaço “para reforçar de forma significativa a cooperação” e que, também por isso, a visita de Xi Jinping a Portugal “é de grande simbolismo” porque “acontece num momento em que as relações estão num ponto muito alto” e após uma década “de forte expressão económica”.

Sales Marques expressa a sua convicção de que, “a ser assinado um memorando de entendimento no âmbito da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’” durante a visita de Xi Jinping, é possível que se verifique um entendimento conjunto “sobre projectos como o porto de Sines e a ligação ferroviária [de alta velocidade] até Espanha”.

O docente e investigador alerta, também, que os compromissos entre Portugal e a China não podem colidir com os interesses europeus, devendo “estar sujeitos a regras definidas pelo Tratado de Lisboa relativas a acordos sobre investimento estrangeiro”.

O presidente do IEEM destaca a importância da “nova realidade ao nível das relações bilaterais entre os dois países”, mas admite que será interessante verificar “até que ponto podem surgir, em concreto, projectos de investimento trilateral entre Portugal, China e um país africano, lusófono ou não”.

Uma opinião partilhada por Arnaldo Gonçalves, que junta a possibilidade de Lisboa e Pequim poderem acordar “investimentos tripartidos (…) não só em África, como também na América Latina”.
Afinal, exemplifica, “houve investimentos brutais chineses que fizeram disparar a dívida interna brasileira e que aparentemente vão ser congelados pelo Presidente [Jair] Bolsonaro”, pelo que “Portugal pode limar, aí, algumas arestas”.

Por seu lado, José Sales Marques, que faz questão em enumerar as manifestações das relações sino-portuguesas, como os ‘vistos gold’, aquisição da EDP, crescente fluxo turístico e até as celebrações em Portugal do Dia da China e do Ano Novo chinês como provas de que Lisboa “tem de continuar a olhar sem preconceitos e com naturalidade para o investimento” de Pequim.

“A visita coloca Portugal no mapa”, conclui por sua vez Arnaldo Gonçalves, alertando para uma outra prioridade, a de que os responsáveis políticos portugueses têm de acautelar situações como a entrada de empresas lusas no mercado chinês.

 

Visita presidencial antecipa Ano da China em Portugal

O Presidente chinês, Xi Jinping, chega a Lisboa em visita oficial, na terça-feira, antecipando o arranque do ano da China em Portugal e preparando a comemoração de 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

Quando for proclamado o Ano do Porco, a 5 de Fevereiro do próximo ano, uma enorme festa popular animará as ruas de Lisboa, não apenas para celebrar a chegada do novo ano chinês, mas também para recordar os 40 anos de história das relações diplomáticas entre Portugal e a China.

A visita de Xi Jinping, que termina na próxima quarta-feira, vem antecipar e preparar essas celebrações, que terão o seu contraponto na China, com a declaração do ano de Portugal na China, em simultâneo, como foi anunciado em Julho passado pelo então ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.

A deslocação do Presidente chinês foi avançada pela primeira vez por Marcelo Rebelo de Sousa, em Junho, e então classificada pelo Presidente português como “muito importante” e espelho da “capacidade de diálogo e de entendimento”.

Xi vai reunir-se, em Lisboa, com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, António Costa. A delegação de Xi Jinping inclui Yang Jiechi, membro do Gabinete Político do Comité Central do Partido Comunista Chinês, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Conselheiro de Estado, Wang Yi, e o presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão máximo de planeamento económico do país, He Lifeng.

As celebrações do ano de Portugal na China e do ano da China em Portugal incluem apresentações de companhias de bailado, concertos e exposições, num programa que foi meticulosamente estudado entre os dois governos, durante uma visita do ministro da Cultura português à China, em Julho.

Primeira desde Hu

As relações diplomáticas entre Portugal e a China estabeleceram-se a 8 de Fevereiro de 1979, depois de as negociações formais entre representantes de Portugal e da China se terem iniciado, em Paris, em 1978, três anos depois de o novo regime democrático em Portugal ter reconhecido o governo da República Popular da China, em Janeiro de 1975.
As celebrações também recordam os 20 anos da transferência da soberania de Macau para a República Popular da China, que aconteceu a 20 de Dezembro de 1999. “Macau joga um papel de grande importância” na relação entre os dois países, afirmou em Julho o então ministro da Cultura, mencionando a forma positiva como os dois países se entenderam para a transição de soberania daquele território.
A visita de Estado de Xi Jinping é a primeira desde Novembro de 2010, quando o então Presidente da China, Hu Jintao, esteve em Lisboa. Em 2017, no momento de celebração do Novo Ano chinês, o Ano do Galo, um galo de Barcelos com 10 metros de altura, da autoria da artista Joana Vasconcelos, foi enviado para a China, simbolizando “a amizade entre os povos e os países”, como disse na altura o primeiro-ministro português, António Costa.

 

Números capitais

3.393 milhões – Valor em dólares do saldo da balança comercial entre Portugal e a China, entre Janeiro e Julho deste ano. Durante aquele período, Portugal comprou ao país asiático bens no valor conjunto de 2.099 milhões de dólares (+1,43 por cento, em termos homólogos), e vendeu mercadorias num total de 1.294 milhões de dólares (+16,87 por cento).

13.º – A China era, em Julho deste ano, o 13.º cliente de Portugal e o seu sexto fornecedor.

10.000 milhões de euros – Montante investido em Portugal pela China, desde que, em 2012, a China Three Gorges (CTG) comprou uma participação de 21,35 por cento no capital da EDP.

256.735 – Turistas chineses que visitaram Portugal, em 2017, um acréscimo de 40,7 por cento, face ao ano anterior.

130 milhões de euros – Montante gasto pelos turistas chineses durante a sua estada em Portugal, no ano passado.

27.854 – Vistos emitidos pelas secções consulares portuguesas na China continental (exclui Macau e Hong Kong), em 2017. A China é o segundo país onde Portugal mais emite vistos, a seguir a Angola.

15 – Centros de vistos que Portugal tem na China, a cargo do grupo privado VFS Global.

3.952 – Cidadãos chineses que obtiveram a Autorização de Residência para a actividade de Investimento (ARI), os chamados vistos ‘gold’, desde que o programa entrou em vigor, em Outubro de 2012.

1.110 – Portugueses que residiam na China, em 2016.

100 – Treinadores portugueses de futebol a trabalhar na China. O ‘desporto-rei’ será a área que mais portugueses emprega no país, reflectindo a ambição de Pequim de elevar a selecção chinesa ao estatuto de grande potência.

25 – Universidades da China continental com licenciatura em língua portuguesa.

4 – Número de universidades portuguesas – Aveiro, Coimbra, Lisboa e Minho – onde o Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino da língua e cultura chinesas, está já implantado.

30 Nov 2018

Taiwan vai lançar plano para atrair investimento de empresários da ilha no exterior

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Taiwan anunciou hoje que vai lançar, no início de 2019, um plano de ação para atrair o investimento de empresários da ilha no exterior, com incentivos fiscais e outras facilidades.

Em comunicado, as autoridades disseram que a ilha vai oferecer, a partir do próximo ano, “serviços personalizados” às empresas para “simplificar procedimentos administrativos” e ajudar a satisfazer necessidades de terrenos, mão de obra, financiamento, fornecimento estável de energia e benefícios.

O objectivo deste plano é atrair empresários da ilha com investimentos no exterior para “promover a modernização e transformação industrial e fazer de Taiwan um centro-chave na cadeia de abastecimento da indústria global”.

Taipé considerou que “os próximos três anos são essenciais para atrair empresários” locais com investimentos no exterior, sobretudo na China, para que regressem à ilha.

As empresas de Taiwan radicadas na China estão a ser afectadas pela guerra comercial entre Pequim e os Estados Unidos e as autoridades receiam que um agravamento do conflito resulte numa multiplicação de efeitos negativos, já que as empresas locais têm quase metade da capacidade produtiva instalada no exterior, principalmente na China.

Muitas companhias de Taiwan, a operar na ilha, como a TSMC, primeiro fabricante mundial de semicondutores, manifestaram também preocupação perante a guerra comercial entre Washington e Pequim, já que fornece empresas locais, chinesas e de outras nacionalidades, instaladas em solo chinês.

Grande parte das exportações de Taiwan para a China é de componentes destinados a empresas da ilha para produtos destinados à exportação, sobretudo para a Europa e os Estados Unidos.

Em 2017, 41% das exportações de Taiwan destinaram-se aos mercados da China e de Hong Kong, num montante total de 130,2 mil milhões de dólares, de acordo com dados do Ministério da Economia da ilha, o que demonstra a forte dependência do território face ao mercado chinês.

Na China encontram-se cerca de 50 mil companhias de Taiwan, muitas das quais orientadas para a exportação. O montante total do investimento acumulado de Taiwan na China é de cerca de 120 mil milhões de dólares, segundo dados de Pequim.

29 Nov 2018

Senadores dos EUA querem saber se chinesa ZTE violou sanções ao ajudar Venezuela

[dropcap]D[/dropcap]ois senadores norte-americanos pediram ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que investigue se a empresa de chinesa de equipamento para telecomunicações ZTE estaria a violar as sanções impostas pelos EUA ao ajudar a Venezuela.

O pedido foi feito na quarta-feira pelos senadores Marco Rúbio e Chris Van Hollen, através de uma carta e, segundo a imprensa norte-americana, em causa estaria a ajuda prestada pela ZTE “na monitorização e seguimento dos cidadãos venezuelanos, desde 2016”.

Esta ajuda teria permitido a criação de uma base de dados, com o “cartão da pátria”, promovida pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) para supervisionar o comportamento da população.

Os senadores querem ver determinado se a ZTE usou ilegalmente componentes norte-americanos ou ajudou o Governo do Presidente Nicolás Maduro a violar processos democráticos ou direitos humanos, bem como se terá trabalhado com indivíduos sancionados pelos Estados Unidos.

Até ao momento não houve qualquer reacção oficial de parte do Governo de Maduro nem da empresa chinesa que, segundo a imprensa venezuelana, desenvolve vários projectos na Venezuela, em aliança com a telefónica estatal CANTV.

29 Nov 2018

Timor | Ministra da Educação diz que método do ensino de português e tétum deixou “graves lacunas”

[dropcap]O[/dropcap] método de ensino de português e tétum no início da escolaridade em Timor-Leste até 2014 “não conduziu a bons resultados”, deixando os alunos com “graves lacunas de conhecimentos” noutras áreas, defendeu a ministra da Educação timorense.

“Apesar dos muitos esforços e da existência de um método coerente para o ensino das línguas, tal não conduziu a bons resultados, ou seja, não se mostrou eficaz para o nosso contexto, por várias razões”, afirmou Dulce Soares, em entrevista, por escrito, à Lusa.

Dulce Soares concedeu uma entrevista à Lusa para analisar alguns dos aspectos relacionados com o trabalho do seu Ministério, com destaque para questões curriculares, de língua e de recursos educativos.

A governante considera que os dados mostram que o método aplicado até 2014 – “que assentava no ensino da língua portuguesa e da língua tétum logo desde o 1.º ano de escolaridade e que assumia o português como língua de instrução” – sacrificou “aprendizagens noutras áreas, por (…) valorizar mais a língua portuguesa do que a língua tétum”.

“O recenseamento nacional de 2015 mostra que 80% da população afirma ter a língua tétum como primeira, segunda ou terceira língua, enquanto que apenas 5% afirmam o mesmo em relação à língua portuguesa. Quando analisamos os dados relativos às crianças em idade escolar, essa percentagem, em relação à língua portuguesa, cai para os 0,04%”, adiantou.

Um exemplo do impacto sente-se entre alguns das universidades que estão a receber alunos “fruto desse método anterior a 2014” que manifestam “graves lacunas em termos de conhecimentos (…) que são resultado desse método anterior”.

A análise dos falhanços desse método levou o Governo a avançar com a sua polémica reforma curricular de 2015, com a aposta na progressão linguística do tétum ao português: “era altura de mudar, de experimentar outra coisa”, defendeu a governante.

Além da revisão curricular, acrescentou, foram aprovados “instrumentos reguladores da progressão linguística, determinando, em cada ano de escolaridade, como deverá ser realizada essa progressão, e onde o tétum começa por servir como base e depois o português é introduzido gradualmente”.

Ainda é cedo, sustentou, dois anos depois, para avaliar se o novo método “afectou negativamente a aprendizagem da língua oficial”, sendo necessário continuar a “investir mais na formação dos professores e assegurar a distribuição dos materiais didácticos”.

“Quem sabe, daqui a 10 ou 15 anos, iremos analisar o contexto e, de acordo com a evolução da nossa sociedade, avaliaremos o método novamente e podemos determinar um outro método, podendo até voltar ao método inicial, caso as condições já forem as favoráveis para ser implementado”, explicou.

Dulce Soares insistiu que os desafios no sector educativo em Timor-Leste não são resolvidos apenas com alterações ou aprovações legislativas, sendo necessárias outras medidas mais amplas.

“A legislação base para a educação existe! Agora, há é uma tendência de alguns em, por vezes, ‘culpar’ a legislação e achar que a legislação irá trazer impactos directos no sucesso escolar, mas políticas educativas e o alcance de sucesso escolar num país democrático não se atingem com receitas tão simples”, afirmou.

 

Ministra rejeita que projeto piloto de ensino divida país

Dulce Soares rejeitou que o projecto piloto de recurso a línguas locais maternas como línguas de ensino e instrução cause divisões no país, sendo ainda cedo para determinar o seu nível de sucesso.

“Valorizar a cultura e identidade dos cidadãos não provoca divisão, mas antes a valorização de todos e a valorização de uns pelos outros. Portanto, não acredito que este projeto vá criar divisões na sociedade. O caminho a percorrer é diferente, mas o resultado esperado é o mesmo”, afirmou a ministra.

“Queremos preparar crianças capazes de, no futuro, serem cidadãos activos na sociedade, capazes de pensar e analisar e com o domínio das duas línguas oficiais do país. Todos começam no mesmo patamar, uns fazem um percurso e outros fazem outro, mas têm de atingir ao mesmo tempo o mesmo objetivo”, sustentou.

A ministra lembrou que a própria constituição defende a valorização das línguas nacionais e que “não há nenhum país que tenham valorizado as línguas locais e que isso tenha conduzido à divisão do país”.

Entre as medidas polémicas do Governo conta-se um projeto piloto introduzido em dez das mais de 1.700 escolas do país onde é usada, em cada uma, a língua nacional materna dos seus alunos como língua de ensino e instrução.

Na prática, explicou, trata-se de um projecto para perceber as vantagens e desvantagens de um processo de progressão linguística “da língua nacional para a língua tétum e depois para a língua portuguesa”.

“Apesar de o ensino de uma língua e das outras áreas disciplinares ser feito inicialmente na língua primária do aluno, no final do 6.º ano estas crianças terão de ter uma forte base de literacia nas duas línguas oficiais, tétum e português, tal como as restantes crianças que fazem um percurso escolar regular”, adiantou.

“Nas escolas do 1.º e 2.º ciclo que seguem o currículo nacional, as línguas nacionais podem ser usadas apenas como apoio ou facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem, quando necessário, para assegurar a igualdade de todos no direito a aprender e apenas nos primeiros anos de escolaridade”, acrescentou.

Dulce Soares – que foi vice-ministra da Educação no VI Governo e tutela a pasta no atual VIII Governo – explicou que, no caso deste projecto piloto, foram produzidos materiais didácticos nas línguas oficiais e dada formação aos professores para os poderem aplicar, com o seu desempenho “também avaliado por falantes da respectiva língua”.

Mais exclusão?

A governante rejeitou as conclusões de um relatório de maio desde ano, produzido pelo Ministério da Educação do VII Governo, que considera que o projecto “não está a obter o sucesso esperado junto das comunidades locais”.

No documento refere-se que os professores dizem que a sua implementação “agrava o sentimento de exclusão” face a outras escolas e ao resto do país e que o método é “confuso e sem repercussões positivas no futuro académico dos alunos”.

“Para podermos proceder a uma análise aprofundada e que permita concluir sobre os índices de sucesso e as repercussões positivas no futuro académico dos alunos que estudam nessas dez escolas que integram o programa-piloto, devemos realizar testes e usar outros instrumentos válidos para determinar o nível de aprendizagem escolar”, afirmou.

Em contrapartida, Dulce Soares citou um relatório de Outubro de 2016, sobre o mesmo projecto, que aponta dados positivos, incluindo “fortes ganhos de desempenho” que acelera o desenvolvimento académico das crianças.

“Concordo com o que é expresso no relatório de maio de 2018, de que alguns professores e dirigentes podem partilhar do ‘sentimento de exclusão’ face a outras escolas e ao resto do país”, fundamentou.

“Por isso, quando tomei posse determinei ser necessário aprovar formalmente o programa-piloto da língua materna, pois é importante regular este programa, assim como os outros programas, como o programa do CAFE, alimentação escolar, entre outros”, concluiu.

29 Nov 2018

China | Cientista que terá criado bebés geneticamente manipulados suspende experiências

O cientista chinês que anunciou ter modificado geneticamente o ADN de duas gémeas para que se tornassem imunes ao vírus da Sida, anunciou que iria interromper temporariamente os ensaios clínicos. A experiência já foi condenada por vários cientistas, um pouco por todo o mundo

 

[dropcap]O[/dropcap] cientista chinês que alega ter criado os primeiros bebés geneticamente manipulados no mundo anunciou ontem que vai fazer uma “pausa” nas suas experiências, após as reações da comunidade científica internacional.

“Vai realizar-se uma pausa nos ensaios clínicos, dada a situação actual”, disse ontem He Jiankui durante uma conferência de especialistas em Hong Kong, na qual reiterou a sua declaração de segunda-feira, em como era responsável pelo nascimento de gémeas cujo ADN foi manipulado para as tornar resistentes ao vírus da Sida.

Na mesma conferência internacional, um antigo prémio Nobel, David Baltimore, afirmou que o trabalho do cientista chinês mostrou uma falha de auto-regulação entre os cientistas.

Baltimore sublinhou que o trabalho de Jiankui “seria considerado irresponsável” porque não atendia a critérios com os quais muitos cientistas concordaram há vários anos, antes que a manipulação genética pudesse sequer ser considerada.

David Baltimore falava numa conferência internacional em Hong Kong, onde o cientista chinês He Jiankui, de Shenzhen, fez as suas primeiras declarações públicas desde que o seu trabalho foi revelado.
Jiankui disse que as gémeas nasceram este mês e que foram concebidas de forma a que pudessem resistir a possíveis futuras infecções pelo vírus da Sida.

Baltimore adiantou que os membros que formam a comissão da conferência vão reunir-se e divulgar uma declaração na quinta-feira sobre o futuro neste campo científico.

Outro proeminente cientista norte-americano que discursou na conferência, o reitor da Escola de Medicina de Harvard, George Daley, alertou contra uma reação adversa à alegação de He.

Daley argumentou que seria lamentável se um passo em falso com um primeiro caso levasse cientistas e órgãos reguladores a rejeitar o bem que poderia advir da alteração do ADN para tratar ou prevenir doenças.
Ainda não há confirmação independente da alegação do cientista chinês, mas cientistas e reguladores foram rápidos em condenar a experiência como antiética e não-científica.

A Comissão Nacional de Saúde ordenou que as autoridades locais na província chinesa de Guangdong investigassem as acções de He Jiankui, enquanto o seu empregador, a Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, anunciou também que abriu um inquérito.

Novo mapa

Na segunda-feira, o cientista chinês afirmou ter ajudado a criar os primeiros bebés geneticamente manipulados do mundo, gémeas cujo ADN He Jiankui disse ter alterado com tecnologia capaz de reescrever o ‘mapa da vida’.

O cientista, He Jiankui, da cidade de Shenzhen, disse que alterou os embriões durante os tratamentos de fertilidade de sete casais, tendo resultado numa gravidez até agora.

Jiankui afirmou que o objectivo não é curar ou prevenir uma doença hereditária, mas tentar criar uma capacidade de resistência a uma possível infecção futura de VIH-Sida.

Nos últimos anos, os cientistas descobriram uma maneira relativamente fácil de manipular genes. A ferramenta, chamada de CRISPR-cas9, torna possível alterar o ADN para fornecer um gene necessário ou desactivar um que esteja a causar problemas.

Jiankui estudou nas universidades de Rice e Stanford nos Estados Unidos antes de regressar à terra de origem para abrir um laboratório na Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzhen, onde também tem duas empresas de genética.

Um cientista norte-americano garantiu ter trabalhado com Jiankui nesse projecto. Trata-se de um professor de física e bioengenharia, Michael Deem, que foi seu conselheiro na Universidade de Rice, em Houston. Deem também detém “uma pequena participação” nas duas empresas de Jiankui, disse.

Todos os homens do projecto tinham VIH, enquanto que todas as mulheres não, mas a manipulação genética não visava evitar o pequeno risco de transmissão, explicou.

29 Nov 2018

G20 | Donald Trump e Xi jinping debatem disputas comerciais

[dropcap]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, vai ter esta semana oportunidade de se colocar à prova como negociador, quando reunir com o homólogo chinês, Xi Jinping, para debater uma guerra comercial que ameaça a economia mundial.

Trump, que diz ser um “grande negociador”, vai reunir com Xi, durante a cimeira do G20, que se realiza em Buenos Aires, sexta-feira e sábado.

Caso os dois líderes não estabeleçam tréguas, as disputas comerciais deverão intensificar-se: as taxas alfandegárias que Trump impôs sobre quase metade das importações oriundas da China estão configuradas para aumentarem de 10 por cento para 25 por cento, no início de 2019. Pequim deverá retaliar.

Os analistas duvidam de um acordo final, que termine de vez com a guerra comercial. No entanto, os mais optimistas esperam que os dois lados concordem com uma espécie de “cessar-fogo”, que permita manter o diálogo e adiar o agravar das disputas.

Mas numa entrevista publicada terça-feira pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal, Trump disse ser “altamente improvável” que a Casa Branca venha a aceitar o pedido de Pequim, de suspender o agravamento das taxas alfandegárias.

Trump voltou ainda a ameaçar com a possibilidade de alargar as taxas alfandegárias a todos os produtos importados da China.

O Presidente norte-americano mostrou-se confiante: “Estou muito bem preparado. Não é como se precisasse de me sentar e estudar. Eu sei o que estou a fazer. Sei melhor do que qualquer outra pessoa. E a minha intuição sempre esteve certa”.

Wendy Cutler, vice-presidente do Instituto de Estudos Asiáticos e antigo funcionário norte-americano para o Comércio, que negociou com a China, considerou que as “expectativas”, para o encontro no G20, “são muito baixas”.

“Vai ser uma negociação muito difícil. Os assuntos em questão não são de solução fácil”, disse.
Trump impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre bens norte-americanos.

Washington justificou a decisão com tácticas “predatórias” por parte de Pequim, na sua ambição em competir em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável ou robótica, visando quebrar com o domínio industrial norte-americano.

A Casa Branca alega que Pequim força a transferência de tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês, ou usurpa segredos comerciais às empresas norte-americanas.

Pequim nega as acusações e afirma que as sanções de Trump visam apenas conter a ascensão do país.
As disputas levaram já a quedas nas praças financeiras em todo o mundo, sobretudo na China, onde a bolsa de Xangai recuou mais de 20 por cento, desde que o início das disputas, este Verão.

Divisões internas

Na semana passada, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa a previsão do crescimento da economia mundial de 3,7 por cento para 3,5 por cento, citando as disputas comerciais como um dos principais motivos.

Grupos empresariais norte-americanos têm apelado ao Governo para que chegue a um acordo com a China, mas o panorama actual é pouco encorajador.

Na semana passada, o representante do Comércio norte-americano, Robert Lighthizer, afirmou que os esforços da China para usurpar segredos comerciais de firmas norte-americanas “aumentaram em frequência e sofisticação”.

“A China, fundamentalmente, não alterou as suas acções, políticas e práticas, relativas à transferência de tecnologia, propriedade intelectual e inovação, e parece mesmo que adoptou outras medidas irracionais, nos últimos meses”, afirmou, num relatório.

Mas a Casa Branca parece também dividida entre defensores de uma política mais agressiva face à China, como o conselheiro para o comércio Peter Navarro, e defensores do comércio livre, como o conselheiro máximo para a política económica, Larry Kudlow.

No início deste mês, Navarro afirmou num discurso que Trump não se interessa sobre o que Wall Street pensa sobre a sua política de confronto com a China.

Mas quatro dias depois, Kudlow considerou os comentários de Navarro “infundados”. “Não foram autorizados por ninguém”, disse Kudlow. “Penso mesmo que ele fez um mau serviço ao Presidente”, afirmou.

29 Nov 2018

Xi Jinping chegou ontem a Madrid e reuniu com Felipe VI

[dropcap]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping chegou ontem à capital espanhola para uma visita oficial de três dias, seguindo depois para Lisboa e posteriormente para a América Latina. De acordo com a agência noticiosa Xinhua, Xi Jinping reuniu com o rei Filipe VI com o intuito de reforçar laços de amizade e de cooperação entre a China e Espanha.

No encontro, que decorreu no Palácio de Zarzuela, Xi Jinping lembrou que os dois países estabeleceram uma “parceria estratégica” em 2005 e que desde então têm vindo a reforçar os laços bilaterais, bem como “a confiança política mútua”.

“Os laços sino-espanhóis estão no melhor período da sua história. Estou plenamente confiante no futuro desta relação bilateral”, apontou Xi Jinping, citado pela Xinhua.

O presidente chinês disse também que “os dois lados devem intensificar a cooperação em áreas como a economia, comércio, turismo e mercados terceiros com ligação à iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, bem como trazer a parceria sino-espanhola para um novo nível que possa trazer melhores benefícios a ambas as populações”.

Do lado espanhol, o rei Felipe VI lembrou que este ano marca os 45 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, bem como os 40 anos da primeira visita realizada à China por parte do anterior rei e pai de Felipe VI, Juan Carlos I. “Espanha valoriza a amizade e cooperação com a China”, frisou.
O jornal espanhol ABC publicou uma carta assinada por Xi Jinping, intitulada “De mãos dadas para o esplendor de uma Nova Era”.

A viagem de Xi Jinping ao ocidente acontece também devido à presença do governante na cimeira do G20, que acontece em Buenos Aires, capital da Argentina. Uma passagem pelo Panamá também está na agenda.

28 Nov 2018

Trump vai reunir-se com líderes da Rússia e China na cimeira do G20

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos da América vai ter reuniões bilaterais com vários líderes na cimeira do G20, que decorre na sexta-feira e no sábado na Argentina, incluindo os seus homólogos da Rússia e da China, foi ontem anunciado.

“O Presidente e a delegação [dos EUA] vão interagir com vários dirigentes, incluindo reuniões bilaterais com o Presidente da Argentina, o Presidente da Rússia, o primeiro-ministro japonês e a chanceler da Alemanha, e um jantar de trabalho com o Presidente chinês”, disse Sarah Sanders, porta-voz do executivo norte-americano.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, também irá reunir-se com os líderes da Turquia, Índia e Coreia do Sul, segundo afirmou John Bolton, conselheiro da Segurança Nacional.

Questionado se estava previsto um encontro entre Donald Trump e o príncipe saudita Mohammed bin Salman na cimeira do G20, John Bolton respondeu negativamente, explicando que o programa de reuniões bilaterais “já está completo”.

Apesar das declarações de Bolton, Sarah Sanders não descartou a hipótese de uma reunião informal com os sauditas. A reunião do grupo das 20 principais economias do mundo realiza-se em Buenos Aires.

28 Nov 2018

Pelo menos 22 mortos em explosão junto a fábrica de produtos químicos na China

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 22 pessoas morreram e outras 22 ficaram feridas numa explosão perto de uma fábrica de produtos químicos na cidade chinesa de Zhangjiakou, no norte da província de Hebei, segundo as autoridades locais.

Fontes do governo local citadas pela agência de notícias estatal Xinhua informaram que a explosão ocorreu às 00h41 de hoje e que os feridos foram transportados para o hospital.

O fogo que resultou da explosão que ocorreu perto da Hebei Shenghua Chemical Industry de Zhangjiakou alastrou para 38 camiões e 12 outros veículos. A televisão pública CGTN noticiou na sua conta na rede social Twitter que o fogo foi controlado.

Fotografias publicadas no Twitter pelo jornal oficial Diário do Povo mostram veículos carbonizados e uma espessa nuvem de fumo preto num recinto vedado. As autoridades estão a investigar as causas que motivaram a explosão.

28 Nov 2018

Brasil e China assinam memorandos de entendimento sobre pescado e fruta

[dropcap]D[/dropcap]ois memorandos de entendimento foram ontem assinados entre os governos da China e do Brasil, na área do pescado e da fruta, informou o Governo brasileiro em comunicado. Um dos memorandos abrange a área de pescado, para avançar a partir do próximo ano, e o outro foi assinado com o objectivo de finalizar um protocolo relativo à comercialização de fruta.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro, Blairo Maggi, e o ministro da Administração Geral da Alfândega Chinesa, Ni Yuefeng, que é responsável pela autorização da entrada no país de animais e vegetais, assinaram os documentos numa audiência realizada em São Paulo, no Brasil.

O governante brasileiro informou ainda que está em curso uma missão chinesa no Brasil, no âmbito da carne de aves e bovina. “Caso haja aprovação, haverá um novo e grande impulso nas exportações de produtos de origem animal para aquele país. O Brasil já é o maior exportador de carne bovina para a China”, afirmou Blairo Maggi.

Os memorandos de entendimento surgem depois da polémica entre a República Popular da China e o recém-eleito Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, quando este último criticou o país asiático durante toda a sua campanha eleitoral.

Através da publicação de um editorial no principal jornal estatal chinês, o China Daily, a China avisou Jair Bolsonaro de que se seguir a linha do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira.

Antes, em Fevereiro, o político da extrema-direita visitou ainda a região de Taiwan, o que também não agradou a Pequim. No entanto, Jair Bolsonaro negou no passado dia 10 ter problemas com a China e afirmou querer estabelecer comércio com vários países sem “viés ideológico”.

“Alguma imprensa fala que vamos ter problemas com a China. Não temos problemas nenhuns com a China. Recebi na semana passada o embaixador da China e conversámos bastante. Já recebi também o embaixador dos Estados Unidos da América. (…) Alguns países estão muito felizes com a nossa eleição porque deixarão de fazer comércio com o Brasil com o viés ideológico”, afirmou Jair Bolsonaro, na sua conta da rede social Facebook.

28 Nov 2018

Presidente tanzaniano critica Ocidente que ameaça retirar apoios e elogia China

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da Tanzânia, John Magufuli, criticou ontem a posição de vários países e organizações ocidentais, que ameaçam retirar apoios financeiros, e elogiou a presença chinesa no país, que diz “oferecer ajuda sem condições”.

“As coisas grátis são na verdade caras, essencialmente quando são dadas por alguns países”, disse o chefe de Estado, aludindo à posição tomada por alguns países doadores, que ameaçaram retirar fundos de ajuda fundamentais para o país.

As declarações surgem depois de alguns dos países e organizações doadoras terem ameaçado retirar fundos necessários ao país, justificando as medidas com a deterioração das condições humanitárias na Tanzânia.

A Dinamarca está a reter as 65 milhões de coroas (cerca de 8,7 milhões de euros) em ajuda externa ao país, depois de o comissário regional de Dar Es Salam ter feito “comentários homofóbicos inaceitáveis” que também levaram a União Europeia a rever o seu apoio financeiro.

O Banco Mundial suspendeu um empréstimo de 300 milhões de dólares destinado à educação, depois da proibição criada pelo Estado em readmitir alunas que tenham estado grávidas.

“As únicas coisas realmente grátis são as fornecidas pela China”, afirmou Magufuli, durante a abertura da biblioteca da Universidade de Dar Es Salam, capital do país, uma infraestrutura de 90 mil milhões de xelins (cerca de 34.630 milhões de euros) construída com um fundo chinês.

“A China é uma verdadeira amiga que oferece ajuda sem condições”, acrescentou o chefe de Estado da Tunísia, citado pela Bloomberg. Vários grupos de defesa dos direitos humanos avisaram que a economia tanzaniana está a ser prejudicada.

As autoridades da Tanzânia são acusadas de deter membros da oposição e defensores da liberdade de imprensa, assim como de recusar serviços médicos e tratamento para o VIH a membros da comunidade Lésbica, Gay, Bissexual, Transsexual e Intersexo (LGBTI).

28 Nov 2018

ONG pede à Índia que abandone buscas por norte-americano morto por indígenas

[dropcap]U[/dropcap]m grupo de defesa dos direitos humanos pediu às autoridades indianas que abandonem os esforços para recuperar o corpo de um norte-americano que terá sido morto por indígenas numa ilha onde apenas é permitida a presença a locais.

A organização não-governamental (ONG) Survival International, que trabalha para proteger os povos indígenas, alertou em comunicado na segunda-feira que os habitantes locais podem ser expostos a doenças mortais se os elementos das equipas de resgate pisarem na ilha Sentinela do Norte, onde John Allen Chau foi morto no início deste mês.

As notas que Chau deixou para trás revelaram que o missionário queria levar o cristianismo aos indígenas.
Equipas das autoridades indianas viajaram por várias vezes nos últimos dias perto daquela ilha remota, mas ainda não procederam a qualquer desembarque.

Os estudiosos acreditam que os indígenas são descendentes de africanos que migraram para aquela área há cerca de 50 mil anos.

Os indígenas terão matado o turista norte-americano que se arriscou a chegar a uma ilha indiana remota no arquipélago de Andamão e Nicobar, no Oceano Índico, cujo acesso é proibido para proteger o povo que a habita, disse fonte policial.

“O turista é cidadão norte-americano e foi visto pela última vez no passado dia 16 de Novembro pelos pescadores que o acompanharam até à ilha Sentinela do Norte”, explicou Jatin Narwal, porta-voz da Polícia de Andamã, na baía de Bengala.

As autoridades desconhecem até agora de que forma o turista morreu, ainda que segundo a imprensa local a vítima tenha morrido pelo impacto de flechas, pouco depois de ter posto os pés na ilha.

Ao longe

Frequentemente descrita como a tribo mais isolada do planeta, os habitantes da ilha Sentinela do Norte vivem num regime de autossuficiência. O Governo indiano proíbe a aproximação a menos de cinco quilómetros da ilha.

Segundo a Survival International, os indígenas que habitam a ilha há 55.000 anos mataram em 2006 dois pescadores que se aproximavam da costa.

A população indígena das ilhas Andamã conta com 28.077 indivíduos, segundo dados da Comissão Nacional Para as Tribos (NCST).

As ilhas Andamão e Nicobar, situadas a cerca de mil quilómetros do território da Índia, eram pouco visitadas até à época colonial, permitindo que as tribos mantivessem intacta a sua forma de vida.

28 Nov 2018

Quénia | Três funcionários chineses acusados de suborno

[dropcap]T[/dropcap]rês cidadãos de nacionalidade chinesa foram ontem acusados num tribunal em Mombaça, no sudeste do Quénia, de subornos e tentar influenciar uma investigação criminal sobre um escândalo de corrupção no maior projecto de infra-estruturas do país.

De acordo com a agência noticiosa Efe, os três acusados são funcionários da construtora China Road and Bridge Corporation (CRBC), subsidiária da empresa estatal Communications Construction Company (CCCC), e negaram no tribunal as acusações que enfrentam.

Os três homens são acusados de tentar subornar, com 5.000 dólares, uma equipa que investigava um caso de corrupção na construção do terminal de comboios da Standard Gauge Railway (SGR, na sigla em inglês) de Mombaça.

Segundo a acusação, foram registados outros subornos, em períodos posteriores, no valor de 2.000 dólares.
Para evitar que os arguidos tentassem influenciar o processo judicial, o juiz não permitiu que os três homens saíssem em liberdade mediante o pagamento de uma caução.

O Departamento de Investigação Criminal acompanha, ainda, um alegado caso de manipulação de bilhetes de comboio, que poderá ser parte de uma fraude multimilionária que levou à detenção de vários funcionários quenianos da CRBC, operadora da linha ferroviária do SGR Madaraka Express.

Com um custo estimado de 3.600 milhões de dólares, que a torna na infraestrutura mais cara no Quénia desde a sua independência, em 1963, a SGR foi construída principalmente pela CRBC.
Ainda que a primeira viagem oficial na linha se tenha realizado em 1 de Junho de 2017, dia de Madaraka, que comemora a independência do país e que baptizou a linha, esta só começou o seu serviço de forma regular em 1 de Janeiro deste ano.

28 Nov 2018

China | Agregador de notícias Jinri Toutiao paga a internautas que desmontem rumores

A plataforma de notícias chinesa tem em curso uma campanha de “limpeza” de conteúdos indesejáveis. Os melhores artigos que desmascarem boatos podem receber até três mil yuans

 

[dropcap]O[/dropcap] popular agregador de notícias chinês, Jinri Toutiao, está a oferecer recompensas em dinheiro até três mil yuans por artigos que desmontem rumores, noticiou ontem o South China Morning Post (SCMP).

Apelidado de “100”, o projecto foi lançado na segunda-feira e vai premiar os 100 melhores artigos que desmascarem rumores. A aplicação é gerida pela Bytedance, com sede em Pequim, uma das ‘startups’ mais valorizadas do mundo.

A campanha de “limpeza” visa qualquer conteúdo considerado como inapropriado, incluindo notícias políticas sensíveis, rumores que tenham as celebridades como alvo, denúncias de incidentes violentos e piadas entendidas como desagradáveis, segundo o SCMP.

No início do mês, o órgão regulador dos ‘media’ chineses informou que as pessoas podem ser recompensadas com valores até 600 mil yuans por reportarem conteúdo pornográfico e “ilegal”, online ou impresso, a partir de 1 de Dezembro.

O Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista da China, alertou em Outubro os criadores de conteúdo de que os “rumores não podem possuir a mente das pessoas”, e apelou a todos os internautas a não criarem rumores ou a acreditarem em especulações.

Jinri Toutiao, que significa “manchetes de hoje”, foi lançado em 2012 como o primeiro aplicativo de notícias da China baseado em algoritmos de inteligência artificial para recomendar diferentes notícias a diferentes leitores.

A popular aplicação, no entanto, não escapou à campanha de “limpeza” chinesa, já que em Abril foi removido de todas as plataformas de aplicações por duas semanas devido a “conteúdo obsceno”, recordou o SCMP na sua edição de ontem.

Nesse período, o fundador e executivo-chefe da Bytedance, Zhang Yiming, escreveu um pedido público de desculpas em que prometia “auto-reflexão”.

Rede cercada

A Toutiao recuperou o quarto lugar no ‘ranking’ de aplicações com maior número de downloads na loja chinesa de ‘apps’ para iOS no mês passado, segundo a empresa de pesquisa de aplicações para dispositivos móveis App Annie.

Segundo o SCMP, a campanha do Governo chinês para reprimir o conteúdo online colocou mais pressão sobre os operadores de plataformas para contratarem mais pessoas para monitorizar e remover conteúdo em tempo real.

De resto, Zhang terá prometido reforçar a sua equipa de censura de seis mil para dez mil pessoas em Abril.
Toutiao anunciou ter interceptado mais de 500 mil artigos contendo rumores e baniu 9.026 conteúdos que espalharam rumores desde Maio, através do uso de censores humanos e tecnologia de inteligência artificial.
A empresa também informou que se juntou à Universidade de Michigan para utilizar tecnologias de inteligência artificial.

28 Nov 2018

Japão | Carlos Ghosn suspeito de usar fundos da Nissan para cobrir perdas pessoais

[dropcap]O[/dropcap] ex-presidente da Nissan Motor Carlos Ghosn terá utilizado fundos da empresa japonesa para cobrir perdas de investimentos pessoais no valor de cerca de 13,2 milhões de euros, noticiou hoje a agência nipónica Kyodo.

De acordo com a agência, que cita fontes ligadas ao processo, Ghosn sofreu essas perdas durante a crise financeira de 2008. Esta revelação junta-se a uma série de actos de má conduta financeira que Ghosn supostamente cometeu nos últimos anos e que levaram à sua detenção em 19 de Novembro.

Ghosn, que está detido numa prisão de Tóquio, a aguardar detalhes da acusação, foi demitido como presidente da Nissan e também das mesmas funções na empresa japonesa Mitsubishi.

No domingo, a Renault lançou uma auditoria interna sobre as remunerações de Ghosn, que também é presidente executivo da empresa francesa, e ‘arquitecto’ da aliança Renault-Nissan.

Além de Ghosn foi também detido o seu principal colaborador, o norte-americano Greg Kelly.

Segundo as informações divulgadas esta manhã pelo canal público NHK, Carlos Ghosn negou as acusações que lhe são imputadas de ocultar rendimentos e de má gestão do dinheiro da empresa.

27 Nov 2018