China pede que à OMC investigue tarifas impostas pelos EUA

O governo chinês apresentou uma queixa na Organização Mundial de Comércio contra os EUA, na sequência da guerra comercial iniciada por Donald Trump

 

[dropcap]O[/dropcap] governo chinês solicitou formalmente nesta terça-feira à Organização Mundial do Comércio (OMC) a criação de um grupo especial para investigar as tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações oriundas do país asiático desde Julho deste ano, origem da actual guerra comercial entre as duas potências.

O pedido fecha a fase de consultas bilaterais que tinha começado em Agosto, e a disputa passará agora a ser tratada pelo Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, formado por representantes de países-membros da organização internacional.

As tarifas contra as quais a China protesta foram impostas pelo governo do presidente americano Donald Trump em resposta a supostas más práticas chinesas em matéria de transferência de tecnologia e propriedade intelectual.

Uma primeira imposição de tarifas sobre bens chineses avaliados em US$ 34 mil milhões (aos quais aplicou uma taxa de 25%) foi aprovada nos EUA em Julho e, em Setembro, foram impostas tarifas adicionais de 10% a produtos procedentes da China avaliados em US$ 200 mil milhões.

A China destacou que as consultas com os EUA em Agosto e Outubro terminaram sem avanços e que as tarifas “afectam significativamente os seus interesses comerciais”, o que, além disso, piora o clima do intercâmbio comercial e prejudica as linhas de produção de indústrias em todo o mundo. As acções unilaterais dos EUA “não só prejudicam os direitos e interesses da China, mas violam flagrantemente as regras da OMC”, argumentou a representação do país asiático na organização.

Resposta americana

Os Estados Unidos responderam que a China procura utilizar o sistema de resolução de disputas como um escudo para “uma grande gama de políticas que distorcem o comércio e práticas não admitidas pelas regulações da OMC”, por isso ameaçam a viabilidade dos mecanismos mediadores.

Washington também classificou de hipócrita a decisão da China de levar a disputa à OMC, quando já está a aplicar em resposta às tarifas americanas os seus próprios encargos sobre US$ 100 mil milhões em produtos dos EUA.

Trump ameaça empreender uma escalada na guerra comercial com a imposição de mais tarifas contra a economia chinesa, origem de quase metade do elevado défice comercial que os EUA mantêm com seus parceiros comerciais, e que superou os US$ 800 mil milhões em 2017.

20 Dez 2018

Café Delta estabelece parceria com o Alibaba

A Delta Cafés foi escolhida para dinamizar a categoria “café” no Alibaba, que domina o e-commerce na China. As exportações representam 32% dos negócios do Grupo Nabeiro

 

[dropcap]O[/dropcap] Alibaba, uma espécie de Amazon chinesa, identificou o café como uma das categorias estratégicas para os próximos anos e convidou a Delta Cafés para a dinamização desta nova categoria, num projecto de parceria desenhado a 5 anos. “Sendo o TMALL o principal veículo de criação de marca na China, a Delta Cafés assumiu o desafio de lançar a primeira Flagship Store oficial portuguesa gerida directamente pela marca, oportunidade única para a Delta Cafés, enquanto marca inovadora, de aprender e corresponder às novas expectativas dos consumidores”, considera Alberto Pinto, director para os mercados internacionais do Grupo Nabeiro – Delta Cafés.

As exportações representam cerca de 32% do negócio do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, cujo volume de negócios em 2018 será da ordem dos 400 milhões de euros. Está presente em 25 países mas os mercados em que estão com posição mais interessante são aqueles em que a marca tem operação própria, com destaque para Espanha, Brasil, França, Angola, Suíça e Luxemburgo. “Temos apostado continuamente nos diferentes mercados onde estamos presentes, pensando de forma global e agindo localmente, proporcionando novos momentos de consumo e chegando a novos consumidores”, refere Alberto Pinto.

Presença em Xangai

A Delta tem presença directa na China com a Delta Food Shangai, que tem como principal actividade a promoção e comercialização de café e produtos complementares no mercado asiático e em Angola, através da Angonabeiro, que faz a distribuição dos produtos da Delta e produz a marca de café Ginga.

Mas é Angola é um caso especial. Como diz Alberto Pinto, “reconhecemos a qualidade do café angolano e por isso o compromisso do Grupo Nabeiro com Angola é de longo prazo”. Considera ainda que a Angonabeiro, “tem contribuído activamente para restaurar o café angolano e os hábitos de consumo dos angolanos e esses esforços têm dado frutos ao longo dos anos”.

Um dos objectivos da Delta Cafés é entrar no ‘top ten’ das marcas de café mundiais, nos próximos cinco anos. Para este objectivo, além da internacionalização, o outro pilar é a inovação, por isso pretendem “continuar a criar tendências e a acrescentar valor aos vários momentos de consumo e de partilha proporcionados pelo café, diz Alberto Pinto.

Uma das lanças para a conquista de mercados, está a Delta Q, sistema de cápsulas para consumo no lar e nas empresas, que surgiu no mercado em Novembro de 2007 com uma produção diária de 395 cápsulas. Dez anos depois, a marca de café do grupo Nabeiro produz mais de dois milhões de cápsulas por dia, com destino a 25 países.

Algumas acções recentes que obedecem a estes dois pilares são o primeiro café expresso móvel, através do Delta Q WALQ), a aposta num novo segmento de mercado com barras de cereais Croffee, o Go Chill by Delta é uma bebida fria de café com leite, uma nova edição Chef’s Collection com assinaturas dos ‘chefs’ Ljubomir Stanisic e Ricardo Costa e novas campanhas internacionais, com a nomeação dos embaixadores Ricardo Pereira e Pauleta, respectivamente para os mercados do Brasil e de França.

20 Dez 2018

Fundação sul-coreana retira prémio atribuído em 2004 a Aung San Suu Kyi

[dropcap]U[/dropcap]ma das maiores organizações de defesa dos direitos humanos da Coreia do Sul anunciou ontem que ia retirar um prémio atribuído em 2004 à dirigente birmanesa Aung San Suu Kyi, devido à indiferença manifestada perante a crise dos muçulmanos rohingyas.

Na altura dissidente admirada, Aung San Suu Kyi não pôde receber na época o prémio Gwangju dos direitos humanos por se encontrar sob detenção domiciliária, decidida pela junta militar no poder.

Desde que o partido da prémio Nobel da paz chegou ao poder, Aung San Suu Kyi é a dirigente “de facto” de Myanmar, sendo alvo de numerosas críticas da comunidade internacional pela recusa de condenar as violências contra os rohingyas.

Mais de 720 mil rohingyas fugiram, desde 2017, da violência exercida pelos militares birmaneses e por milícias budistas, numa crise que a ONU qualificou de genocídio.

A “indiferença perante as atrocidades cometidas contra os rohingyas é contrária aos valores defendidos por este prémio, a protecção e a promoção dos direitos humanos”, declarou o porta-voz da Fundação do Memorial de 18 de Maio, Cho Jin-tae. Como consequência, o conselho de administração da fundação decidiu retirar o prémio a Aung San Suu Kyi.

Criada em 1994, esta fundação assinala o levantamento democrático de Gwangju em 1980, brutalmente reprimido pelo exército sul-coreano, com mais de 200 mortos e feridos.

A revolta contra o ditador militar Chun Doo-hwa inspirou o movimento contestatário que culminou no restabelecimento da democracia, sete anos mais tarde, na Coreia do Sul.

Em meados de Novembro, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional retirou a Aung San Suu Kyi um prémio concedido em 2009, por considerar que a antiga dissidente tinha “traído os valores que outrora defendeu”.

19 Dez 2018

Taiwan fecha redes 3G no final do ano

[dropcap]T[/dropcap]aiwan está a preparar-se para fechar as redes de telecomunicação 3G no final deste ano, quando ainda existem 200 mil utilizadores deste serviço na ilha, informaram hoje empresas da área. No início do ano, os serviços 3G registavam 6,4 milhões de utilizadores.

A ilha terminou os serviços 2G em 2017 e, depois de lançar o 4G em 2013, planeia agora lançar o 5G em 2020, disse a presidente da Comissão de Comunicações de Taiwan, Chan Ting-I, em declarações no parlamento, em outubro passado.

O número de utilizadores 4G na ilha ultrapassou o número de habitantes, 23,7 milhões, em março último, de acordo com dados das empresas telecomunicações taiwanesas.

Taiwan é o segundo país do mundo, a seguir à Finlândia, na utilização de dados móveis por utilizador, com uma média mensal de 12,3 GB por mês em 2017, indicaram dados publicados em Junho pela empresa de estudos de mercado Tefficient da Suécia.

O adiamento para 2020 da introdução da rede 5G vai deixar Taiwan atrás de outros países asiáticos, como o Japão, a Coreia do Sul e a República Popular da China.

Na China, os operadores China Mobile, China Telecom e China Unicom já receberam licenças 5G e o fabricante Huawei anunciou já o lançamento de modelos 5G em 2019.

19 Dez 2018

Huawei nega ligações a serviços de informação chineses

[dropcap]A[/dropcap] empresa chinesa Huawei negou ontem qualquer ligação aos serviços de informação e inteligência de Pequim, quando enfrenta uma vaga de rejeições dos seus equipamentos de telecomunicação 5G no Ocidente.

“Não há evidências de que a Huawei esteja a ameaçar a segurança nacional de qualquer país”, disse Ken Hu, responsável da empresa, em conferência de Imprensa, realizada ontem na sede do grupo, em Shenzhen.

Perante as preocupações do Ocidente em relação a potenciais actos de espionagem, a fabricante chinesa de equipamentos decidiu abrir os seus laboratórios de pesquisa à curiosidade dos jornalistas e organizar uma conferência de Imprensa para esclarecer dúvidas. Hu assegurou que a sua empresa nunca recebeu nenhum pedido do governo chinês para acesso a dados.

Esta posição de defesa por parte da Huawei acontece numa fase difícil da empresa, com os EUA preocupados com o avanço tecnológico chinês e a tentar dissuadir os aliados de usar equipamento daquela firma.

Ao mesmo tempo, a Huawei assistiu à prisão da sua directora financeira, Meng Wanzhou, considerada suspeita, pela justiça norte-americana, de cumplicidade em fraude para contornar as sanções dos Estados Unidos ao Irão, o que levou à sua recente detenção num aeroporto do Canadá.

A tecnologia 5G consiste num futuro padrão de telefonia móvel que deverá oferecer uma taxa de transferência de dados muito mais alta do que a verificada nos modelos 4G, podendo permitir a transição digital de veículos autónomos, guiados por inteligência artificial.

“Proibir uma determinada empresa não vai resolver problemas de segurança cibernética”, disse Hu, garantindo que muitos clientes da Huawei continuam a depositar confiança nos protocolos da empresa.

O grupo tenta há mais de um ano convencer clientes e governos da falta de vínculos com Pequim e lembra que a empresa é 100% propriedade de seus funcionários, não do Estado ou do Exército chinês.

A desconfiança ocidental sobre a Huawei é alimentada, em parte, por o seu fundador, Ren Zhengfei, ser um ex-engenheiro do exército chinês.

Para tranquilizar os operadores estrangeiros, a Huawei deu acesso aos seus equipamentos em laboratórios dedicados, onde podem ser totalmente desmontados, para permitir acesso ao seu código-fonte.

A Huawei já investiu milhares de milhões de dólares na investigação de tecnologia 5G e assinou 25 contratos comerciais, disse Ken Hu. O grupo tem mais de 80.000 funcionários, quase metade dos quais trabalham em pesquisa e desenvolvimento.

Estes investimentos podem, no entanto, ter sido mal sucedidos, se a empresa continuar a ser excluída dos mercados ocidentais, de acordo com especialistas.

19 Dez 2018

Ministra canadiana cancela viagem a Pequim

[dropcap]A[/dropcap]s tensões diplomáticas entre o Canadá e a China levaram ao cancelamento da viagem da ministra do turismo canadiana, Mélanie Joly, que iria a Pequim na próxima semana. A ministra ia participar na cerimónia de encerramento do evento “O Ano do Turismo Canadá-China 2018”, que foi desenvolvido como uma parceria para promover viagens entre os dois países. A cerimónia acabou por ser adiada.

A tensão acontece depois de dois cidadãos canadianos continuarem detidos na China: o empresário Michael Spavor e o ex-diplomata canadiano Michael Kovrig. As detenções ocorreram depois das autoridades canadianas prenderem a executiva da Huawei a pedido dos Estados Unidos.

A mulher foi libertada sob fiança de 10 milhões de dólares mas permanece em Vancouver. Outra consequência da crise entre os dois países foi o adiamento da abertura de uma loja da “Canada Goose”, em Pequim, agendada para este sábado. As acções da marca caíram esta semana e foram alvo de críticas e ameaças de boicote por parte de consumidores chineses incomodados pela prisão de Meng.

19 Dez 2018

Taiwan convida papa Francisco a visitar a ilha

[dropcap]A[/dropcap] líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, convidou o papa a visitar a ilha, numa mensagem de felicitações pelo aniversário de Francisco, na qual considerou o papa uma importante inspiração para a população taiwanesa. Na mesma mensagem, a responsável disse esperar que o papa possa visitar a ilha para transmitir inspiração, compaixão e um guia espiritual para a população, de acordo com a agência de notícias oficial de Taiwan CNA.

Tsai agradeceu ainda a dedicação de Francisco, que na segunda-feira assinalou o 82.º aniversário, na defesa dos fracos e necessitados, e também dos direitos humanos. Este é o terceiro convite que Taiwan envia a Francisco para que visite a ilha, com perto de 300 mil católicos e onde a Igreja católica desenvolve um importante trabalho educativo, médico e de solidariedade.

Embora o Vaticano seja aliado diplomático de Taiwan, não é provável que Francisco aceite o convite das autoridades da ilha, devido às divergências políticas entre Taipé e Pequim, e à aproximação entre o Estado católico à China, que resultou na assinatura de importantes acordos este ano.

19 Dez 2018

Xi Jinping diz que China “nunca vai procurar a hegemonia”

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, garantiu hoje que o país “nunca vai procurar a hegemonia”, mesmo quando se aproxima do centro do palco internacional, durante as comemorações do 40.º aniversário de abertura à iniciativa privada.

Num discurso de hora e meia, o chefe de Estado chinês repetiu o compromisso do país com o sistema multilateral de comércio e a abertura económica, sem mencionar as disputas comerciais em curso com os Estados Unidos. Xi assegurou que a China não se vai desenvolver “à custa dos interesses de outros países”.

Mas a crescente influência de Pequim além-fronteiras tem suscitado divergências com as potências ocidentais, que vêem uma nova ordem mundial ser moldada por um rival estratégico, com um sistema político e de valores profundamente diferentes.

Do Sudeste Asiático a África, o país tem alargado a presença através do gigantesco projecto de infra-estruturas ‘Uma Faixa, Uma Rota’, visto como uma versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, e que permitiu a Washington criar a fundação de alianças que perduram até hoje.

Ao destacar que a China está “gradualmente a aproximar-se do centro do palco internacional”, Xi Jinping notou que o país adopta uma política de defesa nacional defensiva. “O desenvolvimento da China não constitui uma ameaça para outros países”, afirmou. “Não interessa o quanto se desenvolve, a China não vai procurar a hegemonia”, garantiu.

Xi sublinhou ainda o papel do antigo líder Deng Xiaoping nas reformas económicas que salvaram o país do colapso, após uma década de violência e caos induzidos pela Revolução Cultural.  Outras comemorações foram criticadas por minimizarem o contributo de Deng, considerado o arquitecto-chefe das reformas económicas, de forma a elevar o estatuto de Xi, o mais forte líder chinês desde Mao.

Xi enfatizou ainda o papel do Partido Comunista na defesa da soberania do país. “Ninguém pode ditar ao povo chinês o que pode ou não fazer”, afirmou.

O discurso não terá aliviado as preocupações de empresários e companhias estrangeiras, que esperavam que Xi aproveitasse o momento para anunciar medidas concretas de abertura do mercado, visando reduzir o domínio dos conglomerados estatais sobre a economia.

Pequim é acusado de distorcer a concorrência ao subsidiar empresas chinesas e através de práticas comerciais “injustas”, como violações de propriedade industrial ou transferência forçada de tecnologia, em troca de acesso ao mercado. A taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, que ainda não é totalmente convertível, continua a ser ditada pelas autoridades.

Numa tentativa de forçar Pequim a realizar “mudanças estruturais”, o Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de bens chineses.

Porém, Xi Jinping considerou, no discurso, que os feitos económicos dos últimos 40 anos legitimam o “socialismo com características chinesas”, um modelo que permite a iniciativa privada, enquanto o papel dirigente do Partido Comunista (PCC) continua a ser o “princípio cardeal”.

Xi assegurou que Pequim vai continuar a promover a abertura e o desenvolvimento, mas ao seu próprio ritmo. “Mudaremos resolutamente o que pode ser reformado, e não mudaremos, resolutamente, o que não pode ser mudado”, declarou.

18 Dez 2018

Banco central volta a injectar liquidez no mercado

[dropcap]O[/dropcap] Banco do Povo Chinês (banco central) injectou hoje 160 mil milhões de yuan no sistema financeiro do país, na primeira injecção de liquidez em mais de trinta dias, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. O banco central da China efectuou aquela operação através de acordos de recompra (‘repos’), mecanismo que pressupõe a recompra posterior dos títulos vendidos dentro de um prazo estabelecido.

Os ‘repos’ têm um vencimento de sete dias e taxas de juros de 2,55%. A operação visa manter níveis suficientes de liquidez e compensar o impacto causado pela emissão de novos títulos governamentais, destaca a Xinhua, que cita o banco central chinês. Em declarações à agência, o economista Hua Changchun diz esperar que o banco central mantenha a liquidez nas próximas semanas, visando resistir a pressões económicas negativas e à escassez de liquidez de final do ano.

O banco central chinês tem optado cada vez mais por operações no mercado aberto na gestão da liquidez, ao invés de baixar as taxas de juros ou reduzir o coeficiente de reservas obrigatórias dos bancos.

18 Dez 2018

Apple actualiza software depois de disputa com a Qualcomm

[dropcap]A[/dropcap] Apple vai fazer uma actualização do software que os utilizadores de iPhones usam na China na próxima semana, com vista a modificar algumas funções. Esta actualização vai ter lugar depois de, na semana passada, um tribunal chinês ter acusado a empresa de ter violado algumas patentes da Qualcomm.

A empresa liderada por Tim Cook já fez saber, de acordo com a Bloomberg, que está a levar a cabo várias medidas para garantir o total cumprimentos das regras. E que as actualizações de software agendadas para a próxima semana vão focar-se nas características dos dispositivos que estão cobertas por patentes, o que inclui o ajuste de fotografias e aplicações de gestão através do ecrã.

À primeira vista, a decisão deste tribunal chinês representou uma vitória para a Qualcomm. Ambas as partes têm trocado argumentos. A fabricante de chips Qualcomm tem uma disputa mundial com a Apple em torno das taxas de licenciamento que são cobradas pelo uso de tecnologia presente em vários smartphones.

A Apple, por outro lado, acusa a Qualcomm de abusar da sua posição de maior fabricante de chips para smartphone. Sendo que, a Qualcomm acabou por responder dizendo que a fabricante dos iPhone está a utilizar propriedade intelectual pela qual não está a pagar.

“Tendo por base os modelos de iPhone que vendemos hoje na China, acreditamos que estamos a cumprir as regras”, disse a Apple em comunicado citado pela agência de notícias. “Para abordar qualquer possível preocupação sobre se estamos a cumprir com as regras, no início da próxima semana vamos fazer uma actualização do software dos utilizadores de iPhone na China, abordando pequenas funcionalidades de duas patentes em questão neste caso”.

Na semana passada, a Qualcomm anunciou que um tribunal chinês aceitou as suas reclamações contra a Apple por alegada violação de patentes e que ordenou a empresa não vendesse alguns modelos de iPhone naquele país. “Valorizamos profundamente a nossa relação com os clientes e é raro recorrer aos tribunais para nos ajudarem, mas também acreditamos na necessidade de proteger os nossos direitos de propriedade intelectual”, disse Don Rosenberg, vice-presidente executivo da Qualcomm, citado num comunicado.

Segundo o documento, um tribunal chinês de Fuzhou aceitou “dois pedidos preliminares” da Qualcomm contra quatro filiais chinesas da Apple e ordenou que “deixem imediatamente de violar duas patentes” para importar ou vender “sem autorização” vários dos seus produtos. Na sequência deste caso, e de acordo com a Blommberg que teve acesso à argumentação fornecida em tribunal, a Apple diz que uma proibição da China vai obrigá-la a resolver o diferendo que tem com a Qualcomm – um desfecho que pode prejudicar as empresas que vendem smartphones, uma vez que vai permitir uma subida das taxas de licenciamento. Entretanto, a companhia de Tim Cook já recorreu desta decisão do tribunal chinês.

18 Dez 2018

China é líder global em construção de arranha-céus

[dropcap]A[/dropcap] China destacou-se no mercado imobiliário em 2018 com a construção de 88 arranha-céus, segundo dados divulgados pelo relatório anual do Council of Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH). Esse número representa um marco na história da construção de arranha-céus num único país e superou em quase sete vezes os 13 prédios construídos nos EUA.

Na última década, o mundo assistiu a um crescimento acentuado de arranha-céus. De acordo com o relatório anual do CTBUH, o número de novos prédios com mais de 200 metros de altura diminuiu para 143 este ano, uma queda pequena em relação a 2017, que registou o número recorde de 147 novos arranha-céus.

A China foi responsável pela construção de 61,5% dos novos prédios citados no relatório. Catorze foram construídos em Shenzhen, no sul do país, que, pelo terceiro ano consecutivo, foi a cidade com mais construções novas, à frente de Dubai, Pequim, Nova York e Shenyang, no norte da China.

Em 2018, o Citic Tower, um prédio de 108 andares e 528 metros de altura foi inaugurado em Pequim. Popularmente chamado de China Zun por causa de sua semelhança com um tipo de jarro chinês, com o qual se servia vinho nas cerimônias, a torre é agora o oitavo edifício mais alto do mundo.

As cidades asiáticas dominaram o sector de construção de arranha-céus este ano, como na cidade de Ho Chi Minh, no Vietname, e em Changsha, na China, com prédios com mais de 400 metros de altura.

O mercado imobiliário nos EUA também investiu na construção de arranha-céus. A nova sede da empresa de tecnologia Salesforce, em São Francisco, tem 326 metros de altura e é o prédio mais alto da cidade. Em Miami, o novo edifício residencial Panorama Tower, com 252 metros, destaca-se na paisagem. E o Comcast Technology Center, em Filadélfia, com 342 metros, é o arranha-céu mais alto construído fora da Ásia este ano.

Segundo estimativas do CTBUH, em 2019, serão construídos entre 120 a 150 arranha-céus com 200 metros ou mais de altura. Mas o relatório apontou que o ritmo de construção de novos prédios na China pode diminuir por causa de problemas económicos internos. Essa desaceleração do sector de construção civil repercutiria não só na China, como também em projectos no exterior que dependem de financiamento privado ou estatal.

18 Dez 2018

Vendas de imobiliário caem cerca de 14% em Pequim e Xangai. 34% em Cantão

[dropcap]O[/dropcap] número de propriedades vendidas em Pequim e Xangai caiu 14,3% e 13,9%, respectivamente, em Novembro, face ao mês anterior, segundo dados hoje divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês.

Em Cantão, a capital da província de Guangdong, que faz fronteira com Macau, a queda foi de 34,9%. Entre as setenta maiores cidades chinesas, cinco – Tianjin, Xiamen, Shenzhen, Jinhua e Wenzhou – registaram uma queda nos preços de novas habitações.

No caso de imóveis em segunda mão, os preços caíram em 17 das 70 cidades, incluindo Pequim, Xangai, Cantão e Shenzhen.

“É a primeira vez que vemos esta tendência em quatro anos”, afirmou Zhang Dawei, analista na Centaline Property Agency, agência imobiliária de Hong Kong, citado pelo jornal oficial China Daily.

As autoridades chinesas implementaram, em 2017, um total de 270 restrições, em 110 cidades do país, incluindo dificultar a compra de uma segunda casa ou aumentar o pagamento inicial, visando travar a especulação imobiliária.

Segundo um relatório publicado, em Novembro passado, pelo banco estatal de investimento Corporação Internacional de Capital da China (CICC), o mercado imobiliário chinês vai enfrentar uma recessão em 2019, confirmando o receio de vários analistas.

O documento prevê um “decréscimo significativo” das vendas, investimento e novas construções, no próximo ano, o que já levou muitas promotoras a cancelar a compra de terrenos, face à contracção do mercado.
Pequim “deve alterar as políticas destinadas a arrefecer o mercado imobiliário”, recomendou a CICC, nomeadamente através da redução do valor mínimo de entrada na compra de um imóvel, facilitar o acesso ao crédito ou reduzir as taxas de juro.

O mercado imobiliário é um dos principais motores de crescimento da economia chinesa e os economistas temem que o sobre-endividamento dos construtores abale o sistema financeiro do país.

Também um relatório publicado pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P) indicou que o preço do imobiliário na China atingiu o seu valor máximo e pode cair até cinco por cento, em 2019.

A agência advertiu que as cidades pequenas são “muito mais vulneráveis” a uma possível desaceleração, o que poderá fazer com que o sector passe “rapidamente” de “motor de crescimento” a “travão ao crescimento”. Para os promotores imobiliários chineses, os grandes riscos são a “liquidez e refinanciamento”, lê-se no relatório, que apontou para o “panorama de financiamento mais desfavorável em anos”.

18 Dez 2018

Uma Faixa, Uma Rota | Conselho internacional com figuras europeias

[dropcap]A[/dropcap] China criou o Conselho Consultivo do Fórum Uma Faixa, Uma Rota para a Cooperação Internacional, uma organização de consulta política, que tem como objectivo proporcionar apoio intelectual ao fórum. Os seus membros incluem o ex-primeiro-ministro francês Jean-Pierre Raffarin e o ex-primeiro-ministro italiano Romano Prodi. Numa reunião, este domingo, o dirigente chinês Yang Jiechi sublinhou que a iniciativa tem conquistado amplo apoio da comunidade internacional.

A iniciativa Uma Faixa, Uma Rota é um grande plano concebido pela China há cinco anos, que visa impulsionar a cooperação internacional através do comércio. “Esta iniciativa tem conquistado amplo apoio da comunidade internacional”, disse Yang Jiechi, um dos líderes do Partido Comunista da China (PCC) e director do Gabinete da Comissão dos Assuntos Externos do Comité Central do PCC, ao pronunciar no domingo um discurso na cerimónia de abertura da primeira reunião do Conselho Consultivo do Fórum Uma Faixa, Uma Rota na capital chinesa.

“A construção conjunta de Uma Faixa, Uma Rota já é um amplo consenso internacional, e também uma oportunidade para impulsionar a economia mundial, promover a liberalização e a facilitação de comércio e investimento, cooperar para enfrentar os desafios comuns, e impulsionar e melhorar a globalização económica”, assinalou Yang.

“A China está disposta a trabalhar com todas as partes para promover um desenvolvimento aberto, conectado, cooperativo e verde, enviar sinais positivos para apoiar firmemente o multilateralismo, unir-se para construir uma economia mundial aberta, fomentar uma parceria global com interconectividade e promover o desenvolvimento global”, disse o dirigente.
Yang disse que o estabelecimento do conselho consultivo é um importante resultado da cooperação multilateral no marco da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota e expressou a sua esperança de que os membros do conselho partilhem opiniões e sugestões para promover conjuntamente a cooperação internacional.

18 Dez 2018

Concorrente das Filipinas eleita Miss Universo 2018

[dropcap]C[/dropcap]atriona Gray, das Filipinas, foi eleita vencedora da competição Miss Universo 2018, na capital tailandesa, em Banguecoque, superando concorrentes de outros 93 países.

Tamaryn Green, da África do Sul, e Sthefany Gutierrez, da Venezuela, ficaram em segundo e terceiro lugar, respetivamente. Gray sucede a Demi-Leigh Nel-Peters, da África do Sul, a vencedora de 2017.

O 67º concurso de Miss Universo teve sete mulheres como júris, incluindo ex-vencedoras do concurso, empresárias e uma ‘designer’ de moda.

17 Dez 2018

Embaixador do Canadá na China encontrou-se com segundo canadiano detido

[dropcap]O[/dropcap] embaixador do Canadá em Pequim encontrou-se ontem com o segundo cidadão canadiano detido esta semana na China por suspeitas de ameaça à “segurança nacional”, Michael Spavor, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros canadiano.

“Hoje, o Canadá conseguiu uma visita consular a Michael Spavor. O embaixador [John] McCallum encontrou-se com ele. As autoridades consulares canadianas continuam a oferecer serviços consulares ao senhor Spavor e à sua família, e prosseguirão os seus esforços para se reunir novamente com o senhor Spavor”, disse o ministério em comunicado.

Esta visita ocorreu dois dias depois de John McCallum se ter encontrado com o ex-diplomata Michael Kovrig, o primeiro canadiano detido. A China está a retaliar contra o Canadá desde a detenção, no início de Dezembro, em Vancouver, de uma dirigente da gigante tecnológica chinesa Huawei, a pedido da justiça norte-americana.

Pequim deteve a semana passada, um a seguir ao outro, os dois cidadãos canadianos – Kovrig, um ex-diplomata de passagem pela capital chinesa, e Spavor, um consultor residente em Liaoning, uma província do nordeste da China -, acusando-os “de actividades que ameaçam a sua segurança nacional”.

“Vamos, claramente, defender os nossos cidadãos que estão detidos, vamos tentar saber porquê, vamos trabalhar com a China para demonstrar que isto não é aceitável”, declarou o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, numa entrevista concedida esta semana à estação televisiva City-TV.

O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, que muitas vezes se mostra firme em relação a Pequim, expressou na sexta-feira o seu apoio ao aliado e vizinho canadiano, considerando também ele “inaceitável” a “detenção ilegal” dos dois cidadãos canadianos, prometendo “trabalhar” para assegurar o seu regresso.

A directora financeira da gigante das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, foi libertada sob caução na terça-feira em Vancouver, enquanto aguarda a sua audiência de extradição para os Estados Unidos, que a acusam de cumplicidade em fraude para contornar as sanções norte-americanas contra o Irão. Pequim ameaçou Otava de “consequências graves” se ela não fosse imediatamente libertada.

Otava, por seu lado, não parou de reafirmar que aquela detenção foi decidida com toda a independência pela justiça canadiana, sem pressão política, em conformidade com um tratado de extradição assinado com Washington.

17 Dez 2018

Guerra comercial | Tréguas fazem cair taxas de carros americanos de 40 para 15%

[dropcap]A[/dropcap]s tréguas na guerra comercial entre EUA e China vão durar apenas três meses, a começar já a 1 de Janeiro de 2019, mas serão para continuar, isto se Donald Trump e Xi Jinping entretanto chegarem, como todos prevêem, a um acordo mais duradouro.

E já são visíveis os primeiros resultados desta paz comercial, sobretudo no sector automóvel, com os governantes chineses a anunciar que, no primeiro dia do próximo ano, as taxas sobre os carros produzidos nos EUA e exportados pela a China vão cair dos actuais 40% para apenas 15%. Além disto, também as peças utilizadas na fabricação de automóveis produzidos em fábricas chineses, provenientes dos EUA, verão a sua carga fiscal diminuída.

O anúncio permite respirar de alívio os construtores que exportam veículos para o mercado chinês, a começar pelos americanos da Ford. Mas a medida é ainda mais importante para as marcas europeias com fábricas nos EUA, como a Mercedes, mas especialmente a BMW, que instalou uma capacidade excedentária na América para exportar para os mercados asiáticos a partir daí.

Porém, a maior beneficiada com estas tréguas é a Tesla, pois se a “luta” continuasse ficaria arredada do mercado chinês até a Gigafactory 3 – aquela que está a construir na China para alimentar o mercado local e, quem sabe, o europeu – estar a funcionar.

Assim que a China anunciou para Janeiro a redução das tarifas, a Tesla apressou-se a reduzir os preços dos seus modelos para o mercado local. Assim, o Model S viu o seu preço reduzido em 105.000 yuan, enquanto o do Model X foi reduzido em 65.000 yuan. Com isto, a Tesla espera regressar ao notável incremento do volume de vendas de que vinha a usufruir, ainda mais importante agora que está em vias de começar a exportar o mais acessível Model 3.

Durante a cimeira do G20 na Argentina, no início de Dezembro, os presidentes dos EUA e da China declararam uma trégua de 90 dias numa guerra comercial que dura há meses, assusta as bolsas mundiais e tem fim imprevisível.

A trégua foi justificada como forma de encontrar solução para um impasse, mas as declarações desencontradas do governo chinês e do norte-americano deixam antever pouca esperança para um clima de entendimento a curto prazo.

17 Dez 2018

Corrupção | Xi sublinha reforma contínua no sistema de supervisão nacional

[dropcap]X[/dropcap]i Jinping, secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), enfatizou a importância de esforços consistentes para reformar o sistema de supervisão nacional e melhorar o trabalho anti-corrupção baseado na lei e em procedimentos. O presidente prestou esta declaração numa sessão do Gabinete Político do Comité Central do PCC, realizada na tarde de quinta-feira.

“A reforma no sistema de inspecção disciplinar do Partido deve ser executada a par com a reforma do sistema de supervisão nacional, de forma que as aplicações das disciplinas do Partido e das leis sejam ligadas e eficazmente coordenadas com o sistema judicial”, indicou Xi.

Observando que a reforma no sistema de supervisão nacional registou um importante progresso, Xi disse que devem ser tomadas medidas para fortalecer a dissuasão, a cadeia de instituições e a vigilância para que os funcionários não ousem, sejam incapazes e não tenham nenhum desejo de cometer actos de corrupção.

Xi destacou que a meta da reforma é fortalecer a supervisão sobre o poder público e todos no serviço público. O presidente exigiu o uso do poder público baseado na lei, o fim de brechas na supervisão, e a minimização do espaço onde o poder pode ser exercido sem controlo.

“Acções devem ser tomadas para controlar casos de abuso de poder e negligência de deveres”, apontou Xi, que pediu apoio para os funcionários que estão dispostos a assumir as suas responsabilidades e limpar os nomes dos que sofrem com acusações falsas ou são oportunisticamente enganados.

Xi falou da necessidade de manter uma postura rígida contra a corrupção, orientar os quadros para fortalecer os seus ideais e convicções, endurecer a supervisão política, melhorar as leis e as normas relacionadas, promover a coordenação e fortalecer a liderança dos comités do Partido em todos os níveis sobre as reformas dos sistemas de inspecção disciplinar e supervisão.

“As agências de inspecção disciplinar e de supervisão devem usar a vantagem de trabalhar juntas para melhor coordenar as suas respectivas funções de supervisão”, assinalou.

Xi observou que as agências de inspecção disciplinar e de supervisão devem seguir rigidamente o Comité Central do PCC no que diz respeito a seu pensamento, orientação política e acções, e pediu aos funcionários das agências que promovam as leis e normas, especialmente a consciência de seguir os devidos procedimentos e estabelecer um exemplo de rigor.

17 Dez 2018

Comércio entre a China e os países de língua portuguesa subiu 21,22% até Setembro

[dropcap]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 108,92 mil milhões de dólares nos primeiros nove meses do ano, traduzindo um aumento de 21,22 por cento face ao período homólogo do ano passado.

Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados ontem no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 77,38 mil milhões de dólares – mais 21,78 por cento – e vendeu produtos no valor de 31,54 mil milhões de dólares – mais 19,88 por cento em termos anuais homólogos.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 81,75 mil milhões de patacas, mais 22,60 por cento do que nos primeiros nove meses do ano passado. As exportações da China para o Brasil atingiram 25,45 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 21,80 por cento; enquanto as importações totalizaram 56,29 mil milhões de dólares, mais 23 por cento em termos anuais homólogos.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 17,50 por cento, atingindo 20,53 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 1,64 mil milhões de dólares – mais 1,20 por cento – e comprou mercadorias avaliadas em 18,88 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 19,10 por cento.

Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo dos países de língua portuguesa, o comércio bilateral entre Janeiro e Setembro cifrou-se em 4,53 mil milhões de dólares – mais 7,60 por cento – numa balança comercial favorável a Pequim. A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,80 mil milhões de dólares – mais 4,70 por cento – e comprou produtos avaliados em 1,72 mil milhões de dólares, mais 12,50 por cento face aos primeiros nove meses do ano passado.

No ano passado, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa alcançaram 117,58 mil milhões de dólares, traduzindo um aumento de 29,40 por cento face a 2016.

17 Dez 2018

CPLP | Académico pessimista quanto à entrada da China como membro observador

Francisco José Leandro, académico da Universidade Cidade de Macau com vários estudos publicados sobre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, acredita que será difícil a China tornar-se membro observador desta organização, como sugeriu a sua secretária-executiva

 

[dropcap]M[/dropcap]aria do Carmo Silveira foi, até sábado, secretária-executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Antes de deixar o cargo, a responsável deu uma entrevista à agência Lusa, onde garantido que existe uma forte possibilidade da China vir a ser membro observador da organização.
“Quem sabe… é bem possível. Acho que a CPLP veria com muitos bons olhos essa possibilidade. A China seria muito bem-vinda como observador associado”, apontou.

Apesar deste optimismo, a China não mostrou ainda qualquer interesse em ser membro associado. “Nunca se sabe quando é que as coisas podem aparecer”, disse Maria do Carmo Silveira. Esta informação foi também confirmada por Francisco Ribeiro Telles, que será o novo secretário-executivo.

“Temos o Fórum Macau, que funciona com os países africanos de língua portuguesa e a China tem algum interesse nisso, mas não tenho nenhuma indicação que queira vir a ser país associado”, acrescentou.
Contactado pelo HM, Francisco José Leandro, professor na área das relações internacionais na Universidade Cidade de Macau, e autor de inúmeros estudos sobre a CPLP, duvida que a entrada da China seja realidade nos próximos tempos.

“Tudo é possível, mas não acredito que isso venha a acontecer nos tempos mais próximos, por várias razões. A CPLP tem três grandes objectivos, que passam pela concertação diplomática, que se faz entre Estados soberanos, a cooperação em vários domínios e a promoção da língua portuguesa.”

Neste sentido, “a China tem feito cooperação através do Fórum Macau e outras parcerias”, e isso é algo que o país “já faz com todos os países”. Além disso, “relativamente à promoção da língua portuguesa, fazia mais sentido ser Macau”.

Francisco José Leandro diz mesmo que a China não tem interesse em aderir à CPLP, porque a sua agenda e peso político “não são atractivos”.

“Diria até que, se por hipótese a China se tornasse observador associado, as vantagens seriam quase todas para a CPLP, e quase nada para a China. A política chinesa tem sido marcada por fóruns e parcerias bilaterais”, explicou o docente.

Mudança precisa-se

Sobre a questão de Macau, Francisco José Leandro defende que a CPLP deveria alterar os seus estatutos para que a RAEM pudesse ter outro estatuto na organização que foi estabelecida em 1996.

“Faz mais sentido aumentar o número de observadores consultivos e alterar os estatutos de forma a que os observadores associados possam ser Estados e entidades não soberanas, criando uma figura que permita a Macau fazer parte.”

O professor universitário questiona mesmo como é que Maria do Carmo Silveira “abordou essa questão”, tendo em conta “as dificuldades estatutárias e de agenda e a transformação do Brasil”.

Isto porque, para Francisco José Leandro, só este país da América Latina pode reavivar o desempenho da CPLP, mas tudo dependerá as acções do Executivo de Jair Bolsonaro.

“O valor da CPLP como instituição internacional continua a ser incipiente. Tem havido imensos desafios e tem-se avançado muito pouco. Se olharmos para os parceiros da CPLP, o maior é o Brasil, que pode dar à CPLP um valor político internacional mais consistente com o seu estatuto. Com a eleição de Bolsonaro ninguém sabe como vai ser o futuro”, concluiu.

17 Dez 2018

Pelo menos sete mortos em acidente em mina na China

[dropcap]P[/dropcap]elo menos sete mineiros morreram e três ficaram feridos na sequência de um acidente, no sábado, numa mina localizada no sudoeste da China, informou hoje a agência oficial de notícias Xinhua.

O acidente ocorreu por volta das 18h00, em Chongqing, o maior e mais populoso dos quatro municípios chineses, de acordo com as autoridades chinesas. As minas chinesas, especialmente as de carvão – a principal fonte de energia país -, estão entre as mais perigosas do mundo, embora nos últimos anos se tenha verificado um significativo decréscimo no número de mortes.

No início de Agosto, 13 mineiros morreram em resultado de uma explosão numa mina no sul da China. Em 2017, apenas nas minas de carvão chinesas foram registados 219 acidentes que causaram 375 mortos, um decréscimo de 28,7% cento em relação a 2016 e quase 20 vezes menos do que no início da década passada, quando se verificavam sete mil mortes todos os anos.

16 Dez 2018

Delegação do Vaticano está na China para discutir acordo

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação do Vaticano encontra-se na China para discutir a implementação de um acordo histórico sobre a nomeação de bispos, uma viagem que especialistas dizem ser um passo para o restabelecimento das relações bilaterais.

De acordo com o jornal chinês Global Times, a delegação está na China para conversar com “funcionários da igreja e do Governo” e trabalhar em “medidas práticas” para implementar o acordo provisório celebrado em Setembro, disse ao jornal o director da assessoria de imprensa da Santa Sé, Greg Burke.

Em Setembro, o Governo chinês e o Vaticano assinaram um acordo provisório sobre a nomeação de bispos, principal causa de conflito entre as duas partes. Nesse sentido, o papa Francisco anulou a excomunhão de sete bispos nomeados pelo Governo chinês, reconhecendo-os e abrindo caminho para a normalização das relações diplomáticas.

A Santa Sé e Pequim não mantêm relações diplomáticas desde 1951 e cerca de 12 milhões de católicos chineses estão divididos entre uma igreja cujo o clero é aprovado pelas autoridades chinesas, e uma Igreja clandestina que apenas reconhece a autoridade do papa.

Macau e Hong Kong são os únicos locais em toda a China onde a autoridade papal na Igreja Católica Romana é aceite.

16 Dez 2018

Mike Pompeo condena detenção de dois canadianos pela China

[dropcap]O[/dropcap] chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, considerou ontem “inaceitável” a detenção na China de dois canadianos, que ocorreu após a prisão no Canadá de uma responsável de uma empresa chinesa a pedido de Washington.

Num contexto em que a administração norte-americana é suspeita por diversos observadores de pretender utilizar o caso de Meng Wanzhou, directora-executiva do gigante chinês de telecomunicações Huawei, nas negociações comerciais com Pequim, Mike Pompeo assegurou que os Estados Unidos respeitam “o Estado de direito” e apelou à libertação dos dois canadianos.

As declarações de Pompeo foram emitidas após ter mantido, juntamente com o secretário da Defesa Jim Mattis, uma reunião com os respetivos homólogos canadianos.

Na sequência deste encontro, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland, assinalou que Pompeu concordou que a política deve estar excluída no caso da executiva chinesa detida no Canadá a pedido dos Estados Unidos.

O Governo de Pequim confirmou na quinta-feira que os cidadãos canadianos Michael Kovrig e Michael Spavor, detidos na China na sequência da prisão de Meng Wanzhou, estão a ser investigados por alegado envolvimento em “actividades que põem em perigo” a segurança nacional.

“Estas duas pessoas são suspeitas de levar a cabo actividades que prejudicam a segurança nacional da China”, afirmou ontem o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang, em conferência de imprensa. Lu afirmou que as autoridades tomaram medidas de acordo com as leis e regulamentos chineses.

Segundo o porta-voz, Kovrig foi detido na segunda-feira, pelo Gabinete de Segurança Nacional de Pequim, enquanto Spavor está sob custódia do Gabinete de Segurança Nacional da cidade de Dandong, na província de Liaoning, noroeste do país.

“Os dois casos estão sob investigação”, afirmou Lu, revelando que as autoridades notificaram a embaixada do Canadá sobre os detidos, cujos “direitos legítimos e interesses estão a ser salvaguardados”. O porta-voz recusou oferecer mais detalhes sobre o paradeiro dos canadianos, justificando-se com o acordo consular assinado entre os dois países.

O Governo do Canadá tinha já manifestado a sua preocupação com o desaparecimento de Spavor, o director do Paektu Cultural Exchange, e um dos poucos ocidentais que já se encontrou com o líder norte-coreano Kim Jong-un. O empresário organiza viagens turísticas e eventos desportivos na Coreia do Norte.

A confirmação sobre a sua detenção surge depois de, na quarta-feira, Lu Kang ter confirmado a detenção de Michael Kovrig, antigo diplomata do Canadá. Lu assegurou que a organização para a qual trabalha, a unidade de investigação International Crisis Group (ICG), “não está registada na China”.

As detenções ocorrem depois de as autoridades chinesas terem ameaçado Otava com “graves consequências” caso a responsável da Huawei, Meng Wanzhou, não fosse libertada imediatamente.

A imprensa oficial chinesa pediu na quinta-feira a Otava que rejeite a “hegemonia” de Washington e tome “decisões independentes”, apelando à libertação da directora financeira da Huawei.

16 Dez 2018

Conselho Islâmico da Tailândia proíbe o casamento com menores de 17 anos

[dropcap]O[/dropcap] Conselho Islâmico da Tailândia emitiu uma ordem que proíbe o casamento com menores de 17 anos, na sequência da controvérsia criada este ano pelo casamento de uma menina de 11 anos com um malaio de 41 anos. A decisão entrou em vigor após ter sido anunciada em todas as mesquitas do país durante a oração de sexta-feira, disse um membro do Conselho Islâmico da Tailândia.

A nova regra, que eleva em dois anos a idade mínima para o casamento, estabelece que as mesquitas não podem autorizar casamentos com menores de 17 anos, a menos que seja autorizado por um tribunal islâmico, permissão dos pais por escrito perante o comité provincial islâmico ou pela polícia.

A lei da Tailândia, um país de maioria budista, considera o casamento legal a partir dos 17 anos de idade com o consentimento dos pais ou a partir dos 15 anos de idade com autorização judicial.

Essa legislação não se aplica em quatro províncias de maioria malaio-muçulmana no sul do país, onde os tribunais islâmicos prevalecem sobre o código civil em questões de família e herança. A Malásia anunciou no mês passado reformas para endurecer os critérios para permitir casamentos com crianças.

O anúncio do governo da Malásia surgiu devido à controvérsia gerada em Julho, quando o muçulmano Che Abdul Karim Che Abdul Hamid, de 41 anos, vendedor de borracha, tomou a rapariga de 11 anos, que actualmente vive com os seus pais na Malásia, como sua terceira mulher na Tailândia, numa união que se tornou pública depois de uma das suas outras mulheres ter feito queixa junto da polícia.

Os homens muçulmanos na Malásia podem ter quatro esposas e as raparigas com menos de 16 anos, a idade legal para casar, podem faze-lo só com o consentimento do tribunal islâmico e dos pais.

A Sociedade Nacional dos Direitos Humanos da Malásia indicou que, segundo valores do Governo, existiam em 2010 cerca de 15.000 crianças casadas e apelou à criminalização do casamento infantil.

16 Dez 2018

Incidente em voo entre Díli e Bali obriga passageiros a usar coletes salva-vidas

[dropcap]O[/dropcap]s passageiros do avião da companhia indonésia Sriwijaya que fez ontem a ligação entre Díli e Bali tiveram de fazer parte da viagem com os coletes salva-vidas postos, depois de problemas ainda não explicados pela empresa.

Passageiros que fizeram a viagem explicaram à Lusa que os incidentes começaram praticamente no momento da descolagem, quando se começaram a ouvir pancadas fortes na fuselagem.

“Tínhamos acabado de levantar e eu pensei que era o barulho das rodas a recolher, mas o barulho continuou”, disse Mafalda Magalhães, uma das muitas portuguesas que seguia a bordo.

“Até pensei que íamos voltar logo para Díli, mas continuámos viagem. Um passageiro viu fumo num dos motores e gritou fogo e uma das hospedeiras repetiu o alerta e mandou-nos vestir os coletes”, explicou.

Os passageiros permaneceram com os coletes “durante grande parte da viagem”, tendo já na segunda metade da viagem recebido instruções para os retirar. “O avião aterrou sem problemas”, disse.

A mesma passageira disse que, oficialmente, a empresa não deu explicações ainda que hospedeiras tenham informado os passageiros que se tratou de excesso de peso ou de problemas na armazenagem da bagagem.

Testemunhas relataram ontem um “caos” no processo de ‘check in’ dos dois voos para Bali, o da Sriwijay e o da Citilink, com longas filas e demoras, especialmente porque muitos dos passageiros tinham peso a mais.

No voo seguiam vários portugueses incluindo professores que terminaram a sua presença em Timor-Leste. Fotos dos passageiros com coletes dentro do avião e relatos dos incidentes estão a ser partilhados em grupos nas redes sociais em Timor-Leste.

16 Dez 2018