Hoje Macau China / Ásia MancheteMilhares no parque Vitória para novo protesto em Hong Kong Por João Carreira, enviado da agência Lusa [dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas estão a juntar-se no parque Vitória, no centro de Hong Kong, para mais uma manifestação convocada pelo movimento pró-democracia que tem liderado os protestos maciços que abalam o território há nove semanas. Depois das manifestações de Junho, que juntaram milhões nas ruas, depois de uma greve geral que paralisou a cidade, de contestações marcadas por violentos confrontos e de dias de caos vividos no aeroporto internacional do território, a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) volta a promover um protesto pacífico para aumentar a pressão sobre o Governo de Hong Kong. O objectivo da manifestação e da marcha de hoje passa por exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam. Num momento em que Pequim mobilizou milhares de tropas na cidade vizinha de Shenzen, fazendo crescer os receios de uma intervenção em Hong Kong, a porta voz e vice-coordenadora da FCDH, Bonnie Leung, disse à Lusa que é necessário voltar a focar a luta nas exigências iniciais e em promover protestos pacíficos maciços como aquele que, em 16 de Junho, juntou cerca de dois milhões de pessoas, um número que representa quase um terço da população da ex-colónia britânica, administrada desde 1997 pela China. Sufrágio universal é objectivo A porta-voz do movimento que lidera os protestos pró-democracia em Hong Kong disse hoje à Lusa que o derradeiro objectivo dos manifestantes é garantir o sufrágio universal em Hong Kong. Bonnie Leung, também vice-coordenadora da Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), explicou que os protestos que duram há nove semanas focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo governo local à lei da extradição, mas que as reivindicações dos manifestantes contemplam hoje a exigência do sufrágio universal, tanto para a eleição do chefe do Governo, como para o Conselho Legislativo. Com o som de fundo de palavras de ordem como “Hong Kong livre” e “democracia agora” entoadas por manifestantes concentrados no parque Vitória, a activista sublinhou que os problemas em Hong Kong não se resolverão enquanto não existir sufrágio universal na antiga colónia britânica que regressou à soberania chinesa em 1997 com o estatuto de Região Administrativa Especial, que formalmente garante um elevado grau de autonomia. Desde 9 de Junho que a lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes. Primeiro somaram-se exigências, mas o habitual pedido de demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, foi agora aparentemente substituído pela reivindicação do sufrágio universal. Os manifestantes exigem a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
Hoje Macau China / Ásia MancheteProfessores protestam em Hong Kong em solidariedade aos jovens manifestantes [dropcap]M[/dropcap]ilhares de professores vestidos de preto, a assinatura do movimento pró-democracia, estão a participar hoje em Hong Kong numa marcha pacífica em solidariedade aos jovens manifestantes. Organizada pelo Sindicato de Professores Profissionais de Hong Kong, os manifestantes deverão marchar até à residência da chefe do executivo, Carrie Lam. Segundo a agência noticiosa AP e o jornal South China Morning Post, muitos dos professores transportam cartazes com uma mensagem em comum: “Protejam a próxima geração”. De acordo com o sindicato, os professores que se manifestam hoje concordam com as cinco reivindicações dos manifestantes: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam. Para hoje está programada uma grande manifestação que a polícia autorizou, mas proibiu a marcha de protesto, disse na sexta-feira à agência Lusa a porta-voz de um dos movimentos que organiza a iniciativa. Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos maciços, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, alguns manifestantes invadiram mesmo o parlamento de Hong Kong. Mais recentemente, o aeroporto de Hong Kong foi palco de manifestações, com as autoridades a serem obrigadas a cancelar centenas de voos na segunda e na terça-feira naquela que é uma das infraestruturas aeroportuária mais movimentada do mundo.
Hoje Macau China / ÁsiaPolícia de Hong Kong autoriza manifestação este domingo, mas proíbe marcha de protesto [dropcap]A[/dropcap] Polícia de Hong Kong autorizou a grande manifestação marcada para domingo, mas proibiu a marcha de protesto, disse esta sexta-feira à agência Lusa a porta-voz de um dos movimentos que organiza a iniciativa. A vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos, Bonnie Leung, adiantou que a decisão vai ser alvo de um recurso ainda hoje por parte daquela organização que junta várias organizações não-governamentais e partidos políticos. A proibição levanta sérias dúvidas sobre a forma pacífica como pode decorrer a concentração, explicou a activista, já que, ainda que se perca o recurso, “muitos manifestantes vão quer fazer a marcha e não se sabe como pode reagir a polícia”, sublinhou. O objectivo da manifestação e da marcha passa por exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam. Na quinta-feira, a PSP de Macau proibiu a realização de um protesto no território contra a violência policial em Hong Kong. Numa resposta enviada à Lusa, a PSP alegou que não podia autorizar uma iniciativa de apoio ao que considerou serem “actos ilegais” como os ocorridos em Hong Kong. Autorizar a realização de uma manifestação desta natureza, sublinhou a PSP, “poderia enviar uma mensagem errada à sociedade de Macau”, com as pessoas a poderem vir a expressar as suas reivindicações em oposição à lei do território, com previsível impacto na segurança pública e no Estado de Direito. A PSP referiu-se aos confrontos ocorridos em Hong Kong, entre manifestantes anti-governamentais e as forças de segurança, como “actos de alguns manifestantes radicais” que afectaram a ordem social e o Estado de direito na região administrativa especial chinesa. A manifestação estava agendada para segunda-feira a partir das 20:00.
Hoje Macau China / ÁsiaProtestos em Hong Kong | Director-geral da Cathay Pacific demitiu-se [dropcap]O[/dropcap] director-geral da Cathay Pacific, companhia aérea de bandeira de Hong Kong, Rupert Hogg, demitiu-se, anunciou hoje a empresa através de um comunicado, dois dias depois de ter confirmado o despedimento de pilotos que participaram nas manifestações. “Foram semanas complicadas para a companhia e o mais correto é que Paul (Loo, chefe de vendas) e eu assumamos a responsabilidade como dirigentes da empresa”, diz Rupert Hogg no comunicado que foi divulgado através da página da Cathay Pacific, na internet. O presidente da empresa, John Slosar, elogiou o trabalho de Hogg mas sublinhou que “os recentes acontecimentos puseram em causa o compromisso da Cathay Pacific em relação a questões de segurança” tendo posto à prova, disse, a reputação da companhia. “Por isso, acreditamos que é tempo de colocar uma nova equipa de gestão que possa relançar a confiança e liderar a empresa no sentido de novas metas. A Cathay Pacific está totalmente comprometida com o princípio ‘um país, dois sistemas’”, acrescenta referindo-se à histórica frase do líder Deng Xiaoping sobre a postura da República Popular da China face ao capitalismo. Anteriormente a companhia confirmou que dois pilotos foram despedidos especificando que um deles está a ser processado judicialmente e o outro “abusou da informação da empresa” num voo efectuado no passado dia 12 de Agosto. Segundo a imprensa estatal da República Popular da China, uma mensagem anónima divulgada através das redes sociais urgia os manifestantes a continuar a ocupar o aeroporto de Hong Kong – onde centenas de voos foram cancelados. A mensagem tinha em anexo uma fotografia da cabine do avião pilotado por um dos dois profissionais despedidos. O outro piloto que foi afastado da empresa está em regime de liberdade sob fiança e tem de comparecer em tribunal até Setembro devido à acusação de “delito de revolta”, incorrendo a uma pena de 10 anos de prisão em Hong Kong, por ter participado nas manifestações. Os protestos na Região Administrativa Especial de Hong Kong duram há meses contra a decisão do governo local de promulgar uma lei da extradição, que segundo a oposição, poderia servir para levar a julgamento na China dissidentes políticos e críticos do regime comunista de Pequim. As manifestações mobilizaram centenas de milhares de pessoas desde Junho e têm sido reprimidas pela polícia. Os manifestantes têm-se concentrado em edifícios governamentais, esquadras de polícia, estações de metropolitano e no aeroporto. Apesar da polémica proposta de lei de extradição ter sido declarada “morta” pelas autoridades de Hong Kong no início de Julho, os manifestantes exigem novas medidas ao governo local no sentido de melhores mecanismos democráticos no território.
João Luz China / ÁsiaHong Kong | Trump apela a Xi por uma solução humana para os protestos O Presidente norte-americano pediu ao seu homólogo chinês que resolva a situação escaldante de Hong Kong de forma humana, sugerindo inclusive uma reunião para discutir possíveis soluções. Como Donald Trump mantinha um silêncio incómodo em relação à RAEHK, e depois de ser criticado por isso, tocou no assunto do momento, dando-lhe prioridade em relação à disputa comercial. Da Europa vieram apelos à resolução pacífica e ao respeito pelo princípio “Um País, Dois Sistemas” [dropcap]D[/dropcap]epois de um silêncio incómodo para muitos pesos pesados da política norte-americana, Donald Trump apelou a uma solução humana para a situação de Hong Kong. Como não podia deixar de ser, o Presidente norte-americano voltou a usar o Twitter para mandar o recado a Xi Jinping, sobre quem tem “zero dúvidas” quanto à capacidade para solucionar o imbróglio política em que está a região vizinha. Depois de se alongar no braço-de-ferro da guerra comercial, Trump escreveu: “É claro que a China quer chegar a um acordo. Mas tratem primeiro de Hong Kong de uma forma humana.”, terminando o tweet sugerindo um encontro para discutir o assunto. Os comentários vieram acompanhados de elogios a Xi, que Trump considera “um bom homem”. Assumidamente fã de governações fortes, há quase um mês Trump elogiou a forma como Xi Jinping estava a lidar com a situação de Hong Kong. “A China podia pará-los se quisesse. Acho que o Presidente Xi tem actuado com muita responsabilidade. Os protestos já duram há demasiado tempo. Espero que Xi faça o que é correcto”. O líder norte-americano chegou mesmo a caracterizar os protestos como motins, colando-se à posição de Pequim, algo que foi aproveitado pela imprensa estatal chinesa, que difundiu incessantemente as palavras de Trump. De Washington até ao resto da comunidade internacional, criou-se a ideia de que a Casa Branca apenas é dura com Pequim em questões comerciais, mas sem qualquer interesse na defesa de princípios. As reacções no campo democrata não se fizeram esperar. Michael Fuchs, que pertenceu ao Departamento de Estado durante a Administração Obama, resumiu a situação de uma forma simples: “Trump está a dizer a Xi Jinping, de uma forma muito clara, que pode fazer o que entender com Hong Kong. Ele só tem interesse no acordo comercial”. Empurrado a agir Depois da defesa dos protestos contra a erosão de direitos e liberdades dos cidadãos de Hong Kong por grandes personalidades de ambos os espectros políticos norte-americanos, assim como da comunidade internacional, Trump viu-se forçado a falar depois de segunda-feira terem sido reveladas imagens de satélite de veículos paramilitares chineses em Shenzhen. Ontem as imagens mostraram milhares de soldados em treinos na cidade vizinha de Hong Kong. Outro exemplo de sério aviso de uso de força foi publicado na conta oficial de WeChat do Exército de Libertação do Povo Chinês, que mostrava os mesmos veículos militares e um mapa com a distância para o Aeroporto de Hong Kong. A imagem foi acompanhada por uma citação de Deng Xiaoping: “O Governo Central deve intervir caso Hong Kong entre em turbulência”. A publicação foi, entretanto, apagada. Antes de Trump apelar a uma solução pacífica, já o seu Departamento de Estado havia demonstrado “preocupações profundas” sobre as movimentações junto à fronteira com Hong Kong, apelando a Pequim para o cumprimento dos compromissos, assumidos aquando da transferência de soberania em 1997, que garantem a Hong Kong “um elevado grau de autonomia”. Como vem sendo hábito, os órgãos de propaganda chinesa vieram meter água na fervura e “esclarecer” que os exercícios militares em Shenzhen já estavam planeados anteriormente, assim como em outra dúzia de cidades da província de Guangdong. Situação lose-lose Entre analistas existe um consenso: a intervenção militar chinesa teria consequências desastrosas tanto para Pequim como para Hong Kong. Ainda assim, enquanto os protestos entram no terceiro mês, os avisos de Pequim tornam-se cada vez mais claros e a intervenção militar mais provável. Uma pista evidente que aponta nesta direcção é a descrição de figuras de topo da hierarquia da política chinesa que caracterizaram os protestos em Hong Kong como terrorismo com a intenção de derrubar o Governo de Carrie Lam. Aliás, ontem na capa do Diário do Povo, um porta-voz do Partido Comunista Chinês (PCC) assinou um editorial contra o tratamento violento a que um repórter do Global Times, uma publicação do PCC, foi submetido num protesto que ocupou o Aeroporto de Hong Kong. O editorial lança um aviso “às mãos pretas” por detrás dos protestos anunciando que “1,4 mil milhões de chineses estão unidos para evitar qualquer dano provocado à nação e ao seu povo”. Também o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEHK condenou os protestos no aeroporto. “Os manifestantes detiveram, assediaram e agrediram um visitante e um jornalista do continente chinês. Tais actos violentos quase poderiam ser descritos como ‘terrorismo,'” disse o Gabinete de Ligação em comunicado, acrescentando que apoiará a polícia de Hong Kong para levar as multidões à justiça. “Queremos expressar as nossas condolências profundas às duas vítimas e mostrar o nosso respeito mais profundo ao jornalista que manifestou apoio à polícia de Hong Kong”, lê-se no comunicado. Apesar dos avisos de Pequim, os protestos continuam a marcar o dia-a-dia de Hong Kong. Até domingo estão previstas manifestações de professores, trabalhadores dos transportes públicos, funcionários públicos e até donos de animais de estimação. Para domingo, está marcado mais um protesto de grande escala. Cartas da Europa A Chanceler alemã, Angela Merkel, também se juntou ao coro de vozes internacionais no apelo ao fim da violência e ao início do diálogo político. Merkel mencionou mesmo a Lei Básica de Hong Kong e referiu que o território goza de direitos como a liberdade de expressão, que deve ser preservada, assim como outras liberdades salvaguardadas pelo princípio “Um País, Dois Sistemas”. Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, apelou aos turistas germânicos que adiem viagens para Hong Kong, justificando o conselho com a possibilidade de uma intervenção militar chinesa no território. A juntar às declarações de Maas, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Adebahr, acrescentou que o Governo alemão está “em constante discussão” com Pequim sobre Hong Kong e questões de direitos humanos. O princípio “Um País, Dois Sistemas” foi também mencionado pelo ministro francês para os Assuntos Europeus e Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, que sublinhou também a necessidade de se respeitar as liberdades garantidas pela Lei Básica, tais como “o Estado de Direito, a autonomia do sistema judicial vital para o povo de Hong Kong e a prosperidade económica”. O ministro do Governo de Macron acrescentou que a França tem um compromisso profundo com o respeito destes princípios. “Os protestos em Hong Kong continuam num crescendo de tensão. A França e os seus parceiros, especialmente os europeus, estão a acompanhar a situação de perto”, enquadrou o governante francês. Le Drian apelou ainda a todas as partes “em especial às autoridades de Hong Kong, que restabeleçam o diálogo de forma a conseguir chegar à paz e colocar um ponto final à escalada de violência”. Mensagem de Lisboa O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, evocou a posição da diplomacia da União Europeia (UE), reiterando o apelo “a todas as partes” para que “não agravem a tensão e se abstenham de acções violentas”, “sejam eles as forças policiais ou os manifestantes”. “É muito importante que a violência não progrida e é muito importante que a questão política e legal que está em causa em Hong Kong, neste momento, seja resolvida por vias políticas e legais e não pela violência”, afirmou. O movimento de contestação em Hong Kong não causou até ao momento grandes perturbações a cidadãos portugueses, registando-se apenas “casos pontuais” de problemas com viagens, disse na quarta-feira à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. “Salvo casos muito pontuais não temos notícia de portugueses que estejam a ver as suas viagens ou a sua vida muito perturbada por estes acontecimentos”, disse o ministro. “Os poucos casos de que temos conhecimento, e estamos a acompanhar, são algumas pessoas e um grupo, uma tuna universitária, que esteve em Macau, ia agora de Hong Kong para Tóquio, e uma parte do grupo ainda não conseguiu partir”, precisou. “Mantemos as nossas recomendações […] que as pessoas tenham os cuidados de segurança habituais nestas circunstâncias, designadamente evitando os locais ou as áreas em que ocorrem confrontos, em que haja distúrbios ou em que haja repressão”, disse Santos Silva. Santos Silva disse ainda que apesar da proximidade com Hong Kong, “a situação em Macau é muito tranquila”.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Governo espera entrada em recessão técnica ainda este ano [dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong reviu hoje em baixa as suas estimativas de crescimento económico, prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça entre 0% e 1% este ano, o que provocará a sua entrada em recessão técnica. “Se a economia de Hong Kong crescer, no terceiro trimestre, a um ritmo semelhante ao do segundo trimestre, a cidade entrará em recessão técnica”, disse o secretário das Finanças de Hong Kong, Paul Chan Mo-po, em conferência de imprensa. Chan Mo-po não se referiu diretamente aos protestos que têm acontecido em Honk Kong nas últimas semanas como causa desta revisão em baixa. A recessão técnica significaria que o PIB local teria baixado em dois trimestres consecutivos: os dados conhecidos até agora mostram que, durante os primeiros três meses, a economia de Hong Kong cresceu 1,3%, enquanto no período de Abril a Junho contraiu 0,3%. O secretário das Finanças também anunciou hoje um pacote de medidas que não são oficialmente destinadas a resolver a crise política enfrentada pela administração de Hong Kong, mas visam “tomar precauções” face ao “mau momento económico que está a chegar”. As medidas incluem especificamente um “mini-orçamento” avaliado em 19.100 milhões de dólares de Hong Kong. O pacote de medidas inclui um aumento das garantias de empréstimos a pequenas e médias empresas, a redução dos custos de licenças de negócios de alojamento local, isenções de impostos para arrendamentos e custos de electricidade, de acordo com o jornal local South China Morning Post. Segundo avançou hoje a consultoria britânica Capital Economics, o impacto económico dos protestos poderá causar uma queda de 1% no terceiro trimestre, acabando o ano com um crescimento anual de 0,5%. Segundo a consultora, o sector mais afectado será o turismo, que contribui com cerca de 4% para o PIB total. Se os protestos continuarem, ou no caso extremo de intervenção do Exército chinês, a economia de Hong Kong poderá enfrentar uma “profunda contracção” que ameaçará a força do dólar de Hong Kong e poderá causar um efeito em cadeia em vários indicadores macroeconómicos, referiu a consultora. As manifestações e a ocupação do aeroporto também afectam o mercado imobiliário porque “os promotores estão a adiar o lançamento de novos projectos”. Os protestos em Hong Kong começaram em Março contra a iniciativa das autoridades locais de promulgar uma lei de extradição que, segundo os seus críticos, poderia levar dissidentes políticos a serem julgados sem garantias na China. Sob a fórmula “Um país, dois sistemas”, Pequim comprometeu-se a manter a autonomia de Hong Kong e respeitar uma série de liberdades – inimagináveis na China continental – até 2047, depois de reconquistar a soberania do território das mãos britânicas, em 1997. As manifestações têm mobilizado centenas de milhares de pessoas desde Junho, apesar da repressão policial.
Hoje Macau China / ÁsiaPolícia de Hong Kong confirma cinco detenções após confrontos no aeroporto [dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong confirmou ontem a detenção de cinco pessoas na sequência dos confrontos registados entre as forças policiais e manifestantes pró-democracia no aeroporto internacional de Hong Kong. O porta-voz da polícia local, Mak Chin-ho, precisou que os cinco homens detidos, com idades compreendidas entre os 17 e os 28 anos, são acusados de promover uma manifestação ilegal. Dois dos detidos são igualmente acusados de agredir um elemento das forças policiais e de possuir armas ofensivas, segundo a mesma fonte. O porta-voz admitiu a possível detenção de mais suspeitos, incluindo activistas que agrediram um polícia da unidade anti-motim durante incidentes registados terça-feira à noite no aeroporto de Hong Kong. A lei do território prevê sentenças de prisão perpétua para as pessoas que cometam actos violentos ou actos que possam interferir na segurança do tráfego aeroportuário e do aeroporto. “A polícia promete a todos os cidadãos de Hong Kong que tomaremos as medidas para levar todos os culpados à justiça”, concluiu o porta-voz, em declarações à comunicação social. A grande maioria dos manifestantes pró-democracia são estudantes universitários, cerca de metade são homens e está na faixa etária dos 20 anos e quase todos admitem que odeiam a polícia, segundo um estudo hoje divulgado pelas agências internacionais que traça o perfil dos activistas que têm estado envolvidos nestas últimas 10 semanas de protestos em Hong Kong. O estudo, desenvolvido por investigadores de quatro universidades daquele território, envolveu entrevistas a mais de 6.680 pessoas ao longo de 12 acções de protesto de diferentes tipos, de grandes manifestações a iniciativas de menor dimensão. Quando questionados sobre as razões que motivaram o seu envolvimento no movimento pró-democracia, 87% falaram da anulação da lei de extradição, 95% apontaram o seu desagrado com a actuação da polícia nas manifestações e 92% pediram a criação de uma comissão independente de inquérito sobre a violência policial. Hong Kong, antiga colónia britânica, está a atravessar a sua pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997. Nos últimos dois meses, o território tem sido palco de manifestações quase diárias que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e activistas mais radicais. Iniciada em Junho contra um projecto-lei de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição (que visava permitir extradições para Pequim), a contestação nas ruas generalizou-se e ampliou as suas reivindicações, denunciando agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” e uma ingerência da China nos assuntos internos daquele território.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE com nota apenas de “casos pontuais” de portugueses afectados em Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] movimento de contestação em Hong Kong não causou até ao momento grandes perturbações a cidadãos portugueses, registando-se apenas “casos pontuais” de problemas com viagens, disse ontem à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. “Salvo casos muito pontuais não temos notícia de portugueses que estejam a ver as suas viagens ou a sua vida muito perturbada por estes acontecimentos”, disse o ministro. “Os poucos casos de que temos conhecimento, e estamos a acompanhar, são algumas pessoas e um grupo, uma tuna universitária, que esteve em Macau, ia agora de Hong Kong para Tóquio, e uma parte ainda não conseguiu partir”, precisou. No contexto das manifestações pró-democracia que desde Junho se realizam em Hong Kong, milhares de manifestantes invadiram na sexta-feira o aeroporto local, um dos mais movimentados do mundo, num protesto que aumentou e levou, na segunda e na terça-feira, à suspensão de serviços e ao cancelamento de centenas de voos com partida de Hong Kong. “Mantemos as nossas recomendações […] que as pessoas tenham os cuidados de segurança habituais nestas circunstâncias, designadamente evitando os locais ou as áreas em que ocorrem confrontos, em que haja distúrbios ou em que haja repressão”, disse Santos Silva, que falava à Lusa à margem de uma entrevista sobre outro tema a divulgar em data futura. Santos Silva disse ainda que apesar da proximidade com Hong Kong, “a situação em Macau é muito tranquila”. O ministro evocou por outro lado a posição da diplomacia da União Europeia (UE), reiterando o apelo “a todas as partes” para que “não agravem a tensão e se abstenham de acções violentas”, “sejam eles as forças policiais ou os manifestantes”. “É muito importante que a violência não progrida e é muito importante que a questão politica e legal que está em causa em Hong Kong neste momento seja resolvida por vias políticas e legais e não pela violência”, afirmou. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto pedem a demissão da chefe do executivo local, Carrie Lam, e a eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central.
Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong: Manifestantes pediram desculpa em dia sem manifestações ou incidentes [dropcap]M[/dropcap]anifestantes em Hong Kong pediram ontem desculpa pela perturbação causada no aeroporto da cidade na segunda e terça-feira, num dia sem registo de manifestações ou incidentes, noticiou a imprensa local. Até às 20:00 de quarta-feira não se registavam protestos ou actos de violência na região administrativa especial chinesa, como tem sido frequente nos últimos dias, apesar de alguns manifestantes terem permanecido no aeroporto, em zonas específicas, tal como determinado pela justiça local, que proibiu manifestações ilegais no interior das instalações. Na declaração, assinada e emitida por “um grupo de cidadãos de Hong Kong que quer liberdade e democracia”, sem qualquer outra identificação, os manifestantes lamentaram a reação que consideraram excessiva de alguns indivíduos, na terça-feira, sem referirem incidentes específicos, de acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP). “Pedimos a vossa compreensão e o vosso perdão enquanto jovens de Hong Kong que continuam a lutar em defesa da liberdade e da democracia”, podia ler-se num correio electrónico citado pela imprensa local. O mesmo “grupo de cidadãos” indicou que ia suspender, por agora, os protestos no aeroporto. Na terça-feira à noite, dois homens da China continental foram atacados e manietados por manifestantes, que suspeitaram tratarem-se de dois agentes policiais infiltrados. Mais tarde, foi confirmado que um deles era jornalista do Global Times, publicação do Partido Comunista Chinês, indicou o SCMP. Os incidentes aconteceram no quarto dia consecutivo de concentrações no aeroporto, para explicar aos visitantes a crise desencadeada, no início de Junho, pela apresentação pelo Governo de Hong Kong de uma proposta de alteração à lei de extradição. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica. A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respectivamente, decorreu sob o princípio de “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Cathay Pacific despede dois pilotos por ligação aos protestos [dropcap]O[/dropcap] website informativo Hong Kong Free Press noticiou hoje o despedimento de dois pilotos por parte da companhia área de bandeira de Hong Kong, a Cathay Pacific, por terem ligações aos recentes protestos que invadiram o aeroporto do território. “A Cathay Pacific deseja tornar claro que não expressa quaisquer posições no tema de qualquer processo em curso. A Cathay Pacific reitera que cumpre as regras e regulamentos de todas as jurisdições às quais estamos sujeitos”, lê-se. Um dos pilotos foi preso e multado por ter participado nos protestos na zona de Sheung Wan, no passado dia 28 de Julho, enquanto que outro foi saqueado pelo uso indevido da informação do voo CX216 na segunda-feira. Nesse mesmo dia, o aeroporto anunciou o cancelamento de todos os voos depois das 18h00.
Hoje Macau China / ÁsiaChina descreve manifestações no aeroporto de Hong Kong como “quase terroristas” [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês descreveu hoje as agressões a dois homens no aeroporto de Hong Kong por manifestantes anti-governamentais como actos “quase terroristas”, numa subida de tom de Pequim, que está a reunir soldados na fronteira. “Condenamos veementemente esses actos quase terroristas”, afirmou Xu Luying, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e de Macau do Governo chinês, em comunicado. Na terça-feira, o quinto dia de uma mobilização sem precedentes no aeroporto de Hong Kong, os manifestantes obstruíram a passagem que leva às áreas de embarque. À noite, um homem suspeito de ser um espião chinês infiltrado, foi amarrado a um carrinho de bagagem, por um grupo de manifestantes e, mais tarde, levado pela ambulância. O Global Times, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, disse ser um dos seus jornalistas. Num outro incidente, um homem denunciado por um grupo de manifestantes como um polícia infiltrado foi atacado. As forças de segurança tiveram que usar gás pimenta para dispersar os manifestantes. O aeroporto de Hong Kong reabriu hoje depois de ter cancelado centenas de voos, na segunda e terça-feira, enquanto Pequim reforçou as suas ameaças de intervenção. Imagens de satélite difundidas hoje mostram veículos do exército e da polícia chinesa reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong. Um comunicado da polícia chinesa, difundido pela imprensa, informou que mais de 12 mil policias estão reunidos em Shenzhen, para exercícios anti-motim. “O exercício será realizado para aumentar o moral das tropas, praticar e preparar a segurança das celebrações e manter a segurança política nacional e a estabilidade social”, disse a polícia. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
Hoje Macau China / Ásia MancheteImagens de satélite mostram polícia e militares chineses próximos de Hong Kong [dropcap]I[/dropcap]magens de satélite hoje difundidas mostram veículos do exército e da polícia chineses reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, palco há dois meses de protestos anti-governamentais. De acordo com as imagens, difundidas pela Maxar Technologies, veículos militares e de segurança estão estacionados no Centro de Desportos da Marinha de Shenzhen, na fronteira com Hong Kong. Um comunicado da polícia chinesa, difundido pela imprensa, informou que mais de 12 mil policias estão reunidos em Shenzhen, para exercícios anti-motim. Os exercícios são parte dos preparativos de segurança para o 70.º aniversário da República Popular da China, em 1 de Outubro. “O exercício será realizado para aumentar o moral das tropas, praticar e preparar a segurança das celebrações e manter a segurança política nacional e a estabilidade social”, disse a polícia. Também a imprensa oficial chinesa advertiu que os manifestantes em Hong Kong caminham para “a autodestruição”, ao mesmo tempo que são divulgados vídeos com veículos militares a aproximarem-se da fronteira da cidade. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu na rede social Twitter que foi informado pelos serviços secretos norte-americanos de que tropas chinesas estão a ser transferidas para a fronteira com Hong Kong. Na terça-feira, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, disse à imprensa que “actividades ilegais em nome da liberdade” estão a prejudicar o Estado de Direito na região administrativa especial chinesa, e que a recuperação do centro financeiro asiático pode demorar muito tempo. O Governo chinês afirmou esta semana que há “sinais de terrorismo” nos protestos anti-governamentais em Hong Kong, agravando assim o tom sobre as manifestações. Entre a opinião pública chinesa, exposta nos últimos dias a uma intensa campanha mediática sobre os manifestantes em Hong Kong, repetem-se os apelos, através das redes sociais, para uma intervenção das forças armadas chinesas no território. Inicialmente, as autoridades chinesas optaram por censurar qualquer informação sobre os protestos, que decorrem há dez semanas, mas, nos últimos dias, optaram por caracterizá-los como tumultos violentos, perpetuados por mercenários pagos por forças externas. Críticas aos manifestantes e demonstrações de apoio a uma intervenção do exército são hoje quase o único tópico partilhado por utilizadores do Wechat, a principal rede social da China. Facebook, Twitter ou Instagram estão banidos da rede chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores.
Hoje Macau China / ÁsiaChina vai investir 24,8 mil milhões de dólares no Estado brasileiro de São Paulo [dropcap]S[/dropcap]ão Paulo vai receber investimentos de empresas e instituições financeiras chinesas no valor de 24,8 mil milhões de dólares em 10 anos, disse ontem o governador deste estado brasileiro. Os acordos foram formalizados numa missão comercial que o governador de São Paulo, João Dória, fez, juntamente com uma comitiva de empresários brasileiros, à China no início de Agosto, quando este estado também inaugurou um escritório para captação de recursos e novas parcerias na cidade chinesa de Xangai. “Fechámos 24,8 mil milhões de dólares em compromissos de investimentos [da China] nos próximos 10 anos (…). Deste total, 10 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros) vem de um compromisso com o China Development Bank e outros 10 mil milhões de dólares com o banco dos Brics [banco de desenvolvimento criado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]”, explicou Dória numa conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros. “Outros 4,8 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) são investimentos programados do sector privado que devem acontecer nos próximos cinco anos. Individualmente, o maior investimento será da Huawei, que investirá 800 mil milhões de dólares numa nova fábrica de tecnologia no interior do Estado de São Paulo”, acrescentou. Questionado sobre a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China, João Dória disse acreditar que o Brasil manterá uma posição de neutralidade, embora o Presidente do país, Jair Bolsonaro, demonstre publicamente que tem um alinhamento maior com o Governo norte-americano. “Não me preocupa a política [de alinhamento de] Bolsonaro com [Donald] Trump, porque Bolsonaro deve visitar a China em Outubro próximo e se ele tivesse alguma resistência à China, certamente, não faria esta visita”, avaliou. “A meu ver, o melhor para o Brasil é aproveitar a boa oportunidade que a China oferece dadas as medidas restritivas que o Governo Trump impôs aos chineses. É muito claro que a China hoje é um país que procura novos parceiros comerciais no mundo e que a América Latina é prioridade. Na América Latina, a grande prioridade é o Brasil, o maior mercado”, acrescentou. João Dória, que muitos analistas políticos colocam como possível candidato às eleições presidenciais de 2022, governa desde 1 de Janeiro o Estado de São Paulo, o mais industrializado e populoso do Brasil, que é responsável por um terço da riqueza total gerada no país.
Hoje Macau China / ÁsiaWall Street fecha em alta graças a desanuviamento comercial EUA-China [dropcap]A[/dropcap] bolsa nova-iorquina encerrou ontem em alta acentuada, com os investidores entusiasmados com o adiamento da aplicação de tarifas alfandegárias suplementares pelos EUA a importações oriundas da China. Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice selectivo Dow Jones Industrial Average avançou 1,48%, para os 26.279,91 pontos, depois de ter chegado a valorizar mais de 2% durante o período de transacções. O tecnológico Nasdaq ganhou 1,95%, para as 8.016,36 unidades, e o alargado S&P500 progrediu 1,50%, para as 2.926,32. A praça nova-iorquina tinha começado a sessão no vermelho, devido à preocupação com o agravamento da crise política em Hong Kong e a ameaça de uma intervenção da China. Mas os índices passaram bruscamente para terreno positivo, depois de um comunicado do representante norte-americano para o Comércio Externo, que indicava que as taxas suplementares de 10% anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, a aplicar às importações de bens chineses, como telemóveis, computadores portáteis e consolas de jogos, tinham sido adiadas de 1 de Setembro para meados de Dezembro. Outros produtos, como os ligados à saúde ou à segurança, serão totalmente isentos desta taxa. “O adiamento das tarifas é muito positivo. É interpretado como um degelo, uma vez que a situação (entre os EUA e a China) era glacial”, disse Alan Skrainka, da Cornerstone Wealth Management. “Isto mostra a que ponto os investidores estão sensíveis a cada notícia sobre o assunto, quando o comércio mundial está em vias de perder vigor”, continuou Skrainka. A praça nova-iorquina tem evoluído nas últimas semanas em função dos desenvolvimentos na frente comercial sino-norte-americana, alternando entre baixas repentinas e subidas brutais. “Um tuíte (mensagem na rede social Twitter) do Presidente Trump pode fazer os investidores cederem ao pânico ou então provocar um entusiasmo desmedido. Isto indica, na minha perspectiva, uma falta de confiança”, sublinhou Sam Stovall, da CFRA. No mercado obrigacionista, a taxa de juro sobre a dívida norte-americana a 10 anos evoluía em 1,69%, cerca das 21:20 de Lisboa. Manteve-se assim acima da taxa de juro paga pela dívida a dois anos, que estava em 1,67%. A chamada inversão da curva das taxas, quando a primeira fica abaixo da de prazo mais curto, é geralmente considerada como um sinal antecipador de uma recessão.
Hoje Macau China / ÁsiaCaxemira | MNE da Índia reúne com líderes chineses em Pequim [dropcap]O[/dropcap]s representantes máximos diplomáticos da Índia e da China reuniram ontem, em Pequim, depois de Nova Deli ter revogado o estatuto especial da região da Caxemira, parte da qual a China reivindica como sua. A agência noticiosa oficial Xinhua informou ontem que o ministro indiano dos Negócios Estrangeiros, Subrahmanyam Jaishankar, disse que Pequim espera que a Índia “desempenhe um papel construtivo na paz e estabilidade regional”. A Xinhua citou Jaishankar a afirmar que a Índia “respeitará o consenso alcançado com a China sobre a manutenção da paz na fronteira e continuará a trabalhar com a China para resolver adequadamente a questão das fronteiras por meio de consultas”. China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos. Em 2017, as forças armadas de ambos entraram num impasse de 10 semanas, no estado vizinho do Butão. A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, enquanto Nova Deli acusa a China de ocupar 38.000 quilómetros quadrados do seu território no planalto de Aksai Chin, no oeste dos Himalaias, incluindo a região de Ladakh, que Nova Deli tornou, este mês, num território separado do resto da Caxemira. A visita à China do ministro indiano ocorre pouco depois do homólogo do Paquistão -principal rival da Índia e um aliado próximo da China -, ter também visitado Pequim. O Paquistão procura apoio chinês na abertura de um inquérito das Nações Unidas sobre a revogação pela Índia da autonomia da Caxemira e a sua divisão em dois territórios federais: Jammu e Caxemira e Ladakh. As autoridades indianas argumentam que o estatuto especial da Caxemira cultivou um sentimento separatista, susceptível de ser explorado pelo Paquistão, e que estava a atrasar o desenvolvimento económico da região. A agência noticiosa indiana Press Trust of India informou que Jaishankar disse ao homólogo chinês, Wang Yi, que as medidas legais em relação à Caxemira são questões “internas” da Índia, que não dizem respeito à China. O ministro também reuniu com o vice-presidente chinês, Wang Qishan, um dos principais assessores do Presidente da China, Xi Jinping, para questões económicas e de política externa. Dividir por dois A Caxemira indiana está sob um bloqueio de segurança sem precedentes, para evitar a agitação social, após o anúncio das decisões. A região dos Himalaias é reivindicada na íntegra pelo Paquistão e pela Índia e dividida entre ambas as nações. O Paquistão revelou que está a considerar uma proposta para abrir processo no Tribunal Internacional de Justiça contra a decisão da Índia. Islamabad, que já travou três guerras contra a Índia, duas das quais por causa de Caxemira, considerou ilegal a decisão e, na quarta-feira, expulsou o embaixador indiano e pôs fim ao comércio bilateral. Na quinta-feira, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, esteve em contacto, via telefone, com os seus homólogos da Índia e do Paquistão, defendendo “uma solução política bilateral”. Caxemira é dividida entre a Índia e o Paquistão, duas potências nucleares que já travaram duas guerras pelo domínio daquele estado. Os dois países disputam a região montanhosa na totalidade, desde a partição subcontinente, em 1947, no final da época colonial britânica. Diferentes grupos separatistas combatem, há várias décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região, para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão. Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, morreram no conflito.
Hoje Macau China / Ásia ManchetePolícia abandona aeroporto de Hong Kong, voos restabelecidos e manifestantes dispersam João Carreira, enviado da agência Lusa [dropcap]A[/dropcap] polícia anti-motim abandonou as suas posições no exterior do aeroporto de Hong Kong num momento em que os manifestantes começam a dispersar e os primeiros voos a serem restabelecidos. Este é o retrato actual num dos mais movimentados aeroportos do mundo após um protesto que obrigou pelo segundo dia consecutivo a cancelar todos os voos, deixando milhares de passageiros em terra. A calma que se vivia às 01:00 de hoje no aeroporto internacional de Hong Kong contrasta com os momentos de tensão vividos quando um contingente da polícia entrou pelas 22:45 locais no terminal 1. A polícia anti-motim posicionou-se no exterior, onde foi efectuada pelo menos uma detenção e um ferido entre as forças de segurança, que chegaram a usar gás pimenta sobre os manifestantes, constatou a agência Lusa no local. Centenas de jovens rodearam os primeiros agentes no Terminal 1 e tentaram bloquear o acesso à zona onde se efectua o ‘check-in’, recorrendo aos carros de transporte de bagagem do aeroporto e a algumas grades, que limitam habitualmente os balcões das companhias aéreas. À chegada das carrinhas que transportavam os polícias, os manifestantes dirigiram-se aos balcões de ‘check-in’ onde se encontram muitos passageiros retidos, aconselhando-os a deslocarem-se para alguns locais que consideravam serem mais seguros. Cerca de 20 minutos depois da primeira entrada do contingente policial, as forças de segurança, aparentemente bloqueadas por centenas de manifestantes, abandonaram o terminal, para logo depois se posicionar no exterior a polícia anti-motim, onde estacionaram também viaturas de emergência médica. Ontem à tarde, e pelo segundo dia consecutivo, as autoridades aeroportuárias de Hong Kong cancelaram a saída de todos os voos devido a mais um dia de protesto, o quarto consecutivo, que ocupou os terminais do aeroporto internacional e aconselharam o público em geral a não se deslocar para o local.
Hoje Macau China / Ásia MancheteONU diz que há evidências de actuação da polícia de Hong Kong fora das normas [dropcap]O[/dropcap] Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU assegurou ontem que há evidências de que as autoridades de Hong Kong aplicaram medidas anti-distúrbios que vão contra as normas internacionais e pediu uma investigação imparcial às ocorrências. “Por exemplo, foram vistos polícias a lançar gases lacrimogéneos directamente a manifestantes, sobre zonas fechadas, com graves riscos de provocar feridos ou mortos”, disse o porta-voz da ONU, Rupert Colville, numa conferência de imprensa, em Genebra, Suíça. As autoridades de Hong Kong “devem investigar estes incidentes imediatamente e mudar as suas práticas anti-distúrbios quando vão contra as normas internacionais”, sublinhou o porta-voz da alta comissária, Michelle Bachelet. Colville acrescentou que a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos “está preocupada com a escalada de violência” nos últimos dias, naquele território, cujo aeroporto, um dos mais concorridos do mundo, suspendeu as operações durante dois dias, devido aos protestos no recinto. As declarações do porta-voz da ONU geraram, por seu turno, protestos na diplomacia chinesa, que, num comunicado, classificou de “interferência nos assuntos internos da China, enviando uma mensagem errada dos violentos delinquentes”. “Os protestos em Hong Kong recentemente tomaram uma forma tal que alguns criminosos estão deliberadamente a perpetuar a violência”, indica a nota oficial enviada a partir da missão da China em Genebra. Estas pessoas “usaram bombas de fumo, coquetéis molotov e pistolas de grande calibre”, e “não só perpetraram graves delitos violentos, como mostraram uma tendência para recorrer a acções terroristas”, acrescenta. Para a China, o que se passou em Hong Kong “não é de forma nenhuma uma questão de direitos humanos”. A ex-colónia britânica enfrenta a sua pior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China em 1997. A contestação social começou no início de Junho contra um projecto de lei que pretendia autorizar as extradições para Pequim. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora medidas para a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da actual chefe do Governo, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump diz que exercito chinês está a posicionar-se na fronteira de Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que o exército chinês está a posicionar-se na “fronteira com Hong Kong”, segundo fontes dos serviços de informações norte-americanos, e apelou à calma entre as partes. Donald Trump divulgou este apelo em mensagens na rede social Twitter, acrescentando que muitas pessoas o acusam, e aos Estados Unidos, de responsabilidades “pelos problemas actuais” na antiga colónia britânica. O Presidente norte-americano avaliou ainda que a situação dos protestos em Hong Kong estava “muito difícil”, mas espera que a crise possa resolver-se de forma “pacífica”, sem mortos. “Espero que se resolva para todas as partes, incluindo para a China. Espero que possa haver uma solução pacífica, e que ninguém fique ferido”, disse também hoje o Presidente norte-americano aos jornalistas. Washington já tinha exortado na segunda-feira a que todas as partes se abstivessem de qualquer violência. Os protestos em Hong Kong duram há mais de dois meses, e, nos últimos dois dias atingiram o aeroporto de Hong Kong, tendo obrigado ao cancelamento de todos os voos, deixando milhares de passageiros em terra. Entretanto, a polícia anti-motim abandonou as suas posições no exterior do aeroporto e os manifestantes começam a dispersar, com os primeiros voos a serem restabelecidos. Este é o retrato actual num dos mais movimentados aeroportos do mundo após um protesto que obrigou pelo segundo dia consecutivo a cancelar todos os voos, deixando milhares de passageiros em terra.
Hoje Macau China / ÁsiaChris Patten diz que intervenção musculada de Pequim em Hong Kong seria “uma catástrofe” [dropcap]U[/dropcap]ma intervenção musculada por parte da China para acabar com as manifestações pró-democracia em Hong Kong seria “uma catástrofe”, afirmou hoje Chris Patten, o último governador britânico daquele território. “É muito, muito contraproducente para o Governo chinês dar a impressão de que terá de considerar outros métodos caso esta situação não se resolva rapidamente”, disse Patten, que foi o 28.º governador britânico de Hong Kong, em declarações à rádio pública britânica BBC. “Nós sabemos quais têm sido esses outros métodos na história da China”, referiu o político, numa referência à repressão exercida pelas forças chinesas na praça de Tiananmen em Pequim em Junho de 1989. Para Chris Patten, uma intervenção desse tipo seria “uma catástrofe para a China, e é claro também para Hong Kong”. Nesse sentido, o político, que foi governador de Hong Kong entre Julho de 1992 até ao fim da administração britânica a 30 Junho de 1997, lançou um apelo para um “processo de reconciliação”. A antiga colónia britânica está a atravessar a sua pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997. Nos últimos dois meses, o território tem sido palco de manifestações quase diárias que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e activistas mais radicais. Em várias ocasiões, a polícia tem recorrido a gás lacrimogéneo e a balas de borracha para dispersar os manifestantes. Iniciada em Junho contra um projecto-lei de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição (que visava permitir extradições para Pequim), a contestação nas ruas generalizou-se e ampliou as suas reivindicações, denunciando agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” e uma ingerência da China nos assuntos internos daquele território. A demissão da chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que conta com o apoio da China, é uma das exigências dos manifestantes pró-democracia. Perante os confrontos registados ao longo das últimas semanas, Pequim tem vindo a agravar o seu discurso contra os manifestantes, denunciando “sinais de terrorismo”. Dois órgãos de comunicação social chineses públicos, dirigidos directamente pelo Partido Comunista (no poder), têm divulgado vídeos que alegadamente mostram veículos militares blindados a dirigirem-se para Shenzhen, cidade localizada nos arredores de Hong Kong. “Hong Kong está à beira do abismo, mas isso está a acontecer em parte porque o Governo (…) se recusa a abandonar explicitamente o projecto-lei e a estabelecer uma comissão de inquérito” sobre a violência policial exercida contra os activistas e denunciada por estes, referiu Chris Patten. O último governador britânico de Hong Kong ainda pediu ao primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, para assumir uma posição mais firme em relação a Pequim. Desde a passada sexta-feira, os manifestantes pró-democracia têm estado concentrados junto do aeroporto internacional de Hong Kong. As autoridades aeroportuárias locais anunciaram hoje, e pelo segundo dia, a suspensão e o cancelamento de centenas de ligações aéreas. Na semana passada, a chefe do Governo de Hong Kong alertou para os riscos económicos associados aos protestos. Segundo Carrie Lam, o impacto económico dos protestos anti-governamentais poderá ser pior ao do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), ocorrido em 2003.
Hoje Macau China / Ásia ManchetePassageiros retidos em Hong Kong defendem manifestantes e criticam cancelamento de voos Reportagem de João Carreira, enviado da agência Lusa [dropcap]A[/dropcap]s férias podem estar comprometidas, os dois dias de espera fazem ‘mossa’, mas vários passageiros retidos no aeroporto de Hong Kong defenderam hoje os manifestantes e afirmaram que o protesto “pacífico e ordeiro” não justifica o cancelamento de voos. No meio de algum caos pouco habitual num dos mais movimentados aeroportos do mundo, debruçados nos balcões das companhias aéreas, os passageiros tentam perceber quando poderão viajar. Henry Chan, que tentou partir na segunda-feira para Melbourne, onde vive, voltou a ficar em terra devido aos protestos pró-democracia que, depois de dois meses a paralisarem o centro da cidade, ‘acamparam’ no aeroporto internacional. Há horas no aeroporto, há demasiado tempo no balcão da companhia, Chan desiste e, com o dedo em riste apontado às funcionárias, desabafa, num discurso acalorado captado pelos telemóveis dos manifestantes, com direito a palmas no final: “Isto é um protesto pacífico e ordeiro, não há razão nenhuma para os voos serem cancelados, isto é uma vergonha e a culpa é das autoridades”. Natural de Hong Kong e a viver em Melbourne, Austrália, o seu apoio vai para os protagonistas dos protestos que se queixam da erosão da democracia no território administrado pela China, que se queixam da violência policial, e querem a retirada integral da lei da extradição e a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam. “Ontem [segunda-feira] estavam mais do que hoje. Isto não faz sentido nenhum. O que está por detrás desta de cancelar os aviões?”, questionou o jovem, em declarações à agência Lusa. A uma vintena de metros, uma passageira com cerca de 50 anos, rodeada de bagagens, agarrada a meia garrafa de vinho já consumida, dá um inusitado ‘sermão’ a um grupo de jovens manifestantes que se sentaram a descansar momentaneamente num dos cantos do aeroporto. “Vocês são jovens. Não podem estar cansadas. Vão lá para o meio gritar. Não têm 50 e 60 anos. Não fiquem aí sentadas no chão”, disse a mulher que devia viajar hoje à noite para Xangai, oriunda do Reino Unido, para se encontrar com o noivo, a poucos dias do casamento. “Lembrem-se do dia de hoje. Lutem hoje e as vossas vidas podem melhorar um pouco mais dentro de alguns anos”, foi repetindo a passageira às jovens, de preto, de máscaras e munidas de cartazes, até estas se retirarem, aparentemente para o coração do protesto. Outra passageira, Wendy Liang, deveria ter partido na segunda-feira de férias para a Austrália, mas sem sucesso. A sua revolta combina a frustração de ficar em terra nos primeiros dois dias de férias com a certeza de que o número de manifestantes, mas sobretudo a natureza pacífica do protesto de hoje não justifica o cancelamento do seu voo pelo segundo dia consecutivo. “São jovens e completamente pacíficos. Por que estão a decidir cancelar [os voos]? Não entendo”, disse, corada do calor e da indignação. As autoridades aeroportuárias de Hong Kong cancelaram a saída de todos os voos devido a mais um dia de protesto, o quarto consecutivo, que ocupou os terminais do aeroporto internacional e aconselharam ao público em geral a não se deslocar para o local. A contestação social foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora medidas para a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da actual chefe do Governo, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.
Hoje Macau China / Ásia MancheteAutoridades aeroportuárias cancelam partidas do aeroporto internacional de Hong Kong [dropcap]A[/dropcap]s autoridades aeroportuárias de Hong Kong cancelaram todos os voos de partida ainda programados para hoje, devido a mais um dia de manifestações que ocuparam os terminais do aeroporto internacional. As autoridades anunciaram no final da tarde (hora local) de hoje que os serviços de ‘check-in’ para voos que partem do aeroporto internacional de Hong Kong foram suspensos às 16:30. Os outros voos que já tinham concluído o seu processo continuaram a operar. As autoridades informaram que os voos que estão a chegar ao aeroporto de Hong Kong não devem ser afectados, mas dezenas destes já foram cancelados. Também aconselharam ao público em geral a não se deslocar para o aeroporto. Alguns voos puderam descolar e aterrar hoje daquele aeroporto internacional, um dia depois de mais de 200 voos terem sido cancelados. O encerramento segunda-feira do oitavo aeroporto internacional mais frequentado do mundo (74 milhões de passageiros em 2018), numa medida raramente aplicada, foi decidido na segunda-feira e no momento em que o Governo central chinês afirmava ver “sinais de terrorismo” na contestação que agita a região administrativa especial chinesa, desde o início de Junho. As salas de embarque e desembarque do aeroporto foram tomadas hoje de novo por milhares de manifestantes que ali se juntaram pelo quinto dia consecutivo. A contestação social foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora medidas para a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da actual chefe do Governo, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.
Hoje Macau China / Ásia MancheteAeroporto de Hong Kong retoma hoje ligações aéreas [dropcap]O[/dropcap] aeroporto de Hong Kong anunciou que retoma hoje às 06h00 as ligações aéreas, suspensas ontem depois de milhares de manifestantes terem ocupado o principal terminal desta infraestrutura. Ontem à tarde todos os voos que não tinham concluído os procedimentos de ‘check-in’ foram cancelados, assim como voos com destino a Hong Kong que ainda não tivessem descolado, o que provocou o caos naquele que é um dos aeroportos mais movimentados do mundo. Funcionários aeroportuários aconselharam os passageiros afectados a abandonar o local para sua própria segurança, mas estes depararam-se com o trânsito praticamente estancado e transportes públicos sobreocupados, tendo muitas pessoas optado por abandonar o local a pé. A suspensão de voos foi decidida depois de milhares de manifestantes pró-democracia terem invadido o principal terminal do aeroporto do território administrado pela China. A manifestação marcou o quarto dia consecutivo de protestos no centro da ilha de Lantau, após mais um fim de semana de confrontos entre a polícia e manifestantes em vários pontos da cidade, que resultaram em feridos e em pelo menos 16 detenções, que ultrapassam as 600 desde o início de Junho. Este foi também o nono fim-de-semana de protestos consecutivo, marcado pela posição assumida pelo Governo chinês ao declarar que vê “sinais de terrorismo” na oposição protagonizada pelos manifestantes, jovens na sua esmagadora maioria. A contestação social começou em Junho, desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, reivindicando também medidas para a implementação do sufrágio universal. Desde meados de Junho que os manifestantes exigem a demissão da actual chefe do Governo, um inquérito independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.
Hoje Macau China / ÁsiaGoverno chinês aponta “indícios de terrorismo” em Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês afirmou hoje que há “sinais de terrorismo” nos protestos anti-governamentais em Hong Kong, agravando assim o tom sobre as manifestações que há mais de dois meses abalam aquela região. “Os manifestantes radicais em Hong Kong usaram repetidamente objectos extremamente perigosos para atacar a polícia, o que é já um crime grave e revela os primeiros indícios de terrorismo”, disse o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês, Yang Guang. Yang, que na semana passada avisou que “aqueles que brincam com fogo queimam-se”, denunciou “uma pequena minoria”, que constitui “um sério desafio à prosperidade e estabilidade de Hong Kong”. O porta-voz afirmou que foram lançadas bombas incendiárias de fabrico artesanal contra a polícia. As declarações de Yang surgem quando se cumpre o décimo fim de semana consecutivo de manifestações na antiga colónia britânica, com milhares de manifestantes a desafiarem a polícia, que tem respondido com gás lacrimogéneo e deteve já centenas de pessoas. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica e a demissão de Carrie Lam, a chefe do governo local, pró-Pequim, enquanto apelam à eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central.
Hoje Macau China / ÁsiaCoach e Versace criticadas na China por identificarem Macau e Hong Kong como países [dropcap]A[/dropcap]s marcas Coach e Versace tornaram-se os mais recentes alvos de críticas na China, após identificarem como sendo países Macau, Taiwan e Hong Kong, numa altura de protestos contra o Governo central na antiga colónia britânica. Os internautas chineses denunciaram hoje nas redes sociais uma imagem do portal oficial em inglês da marca de luxo norte-americana Coach, na qual Hong Kong e Taiwan podem ser seleccionados entre uma lista de “países”. Isto surge depois de a marca de moda italiana Versace ter pedido desculpa aos seus clientes chineses, este fim de semana, devido a uma peça de roupa em que Macau e Hong Kong surgem identificados como países. A embaixadora da marca na China, a actriz Yang Mi, terminou a sua colaboração com a Versace, após o incidente. Yang disse sentir-se “extremamente ultrajada como cidadã da República Popular da China”. Num comunicado difundido no Weibo, o Twitter chinês, a marca italiana admitiu tratar-se de um erro de ‘design’ e disse que iria destruir as respectivas peças de roupa. O Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, afirmou num artigo de opinião que “o assunto não deveria acabar [com o pedido de desculpas]” porque o erro da Versace foi grave e ocorreu num momento crítico em que Pequim luta contra a independência de Hong Kong”. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. Também a Coach pediu desculpa e disse que já corrigiu o seu portal, acrescentando que “respeita os sentimentos do povo chinês”. “Coach” foi o tópico mais pesquisado no Weibo, esta segunda-feira. A modelo chinesa Liu Wen, que foi embaixadora da Coach, também suspendeu a cooperação com a marca. “A integridade e a soberania do território chinês são invioláveis!”, proclamou. A Coach e a Versace são as marcas mais recentes a serem visadas pelos internautas e pelas autoridades chinesas, ilustrando as dificuldades que as multinacionais enfrentam para se adaptarem às sensibilidades políticas na China. No ano passado, os reguladores chineses ameaçaram penalizar várias marcas estrangeiras, incluindo a marca de têxtil espanhola Zara, ou a companhia aérea norte-americana Delta Air Lines, por identificarem Taiwan ou Hong Kong como países.