Países do G7 pedem respeito pelo estatuto de autonomia de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s países do G7 pediram esta segunda-feira o respeito pelo estatuto de autonomia de Hong Kong, para evitar mais violência, após dois meses de manifestações por reformas diplomáticas na antiga colónia britânica.

Num comunicado emitido no final da cimeira do G7, na cidade francesa de Biarritz, os países do G7 reafirmam “a existência e importância da Declaração Sino-Britânica, de 1984, sobre Hong Kong e apelam a que se evite a violência”.

Na conferência de Imprensa no final da cimeira do G7, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anfitrião do encontro, disse que houve consenso entre os países para o apelo à estabilidade social em Hong Kong, no respeito dos acordos estabelecidos entre o Reino Unido e a China.

“A mensagem que se quis transmitir é que é fundamental travar a violência que se tem verificado nas ruas de Hong Kong, apelando ao Governo chinês para encontrar soluções”, explicou Emmanuel Macron.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Iniciada em Junho, a partir da recusa do polémico projecto de lei, a mobilização tem alargado as suas reivindicações, para exigir um sufrágio universal, com receio da crescente interferência de Pequim.

27 Ago 2019

Hong Kong | Polícia justifica disparo para o ar e canhões de água

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong justificou ontem o uso de canhões de água e um disparo para o ar, no domingo, em mais um dia de protestos violentos na região administrativa especial chinesa, que terminou com dezenas de detenções.

Os confrontos de domingo nos subúrbios de Tsuen Wan estão entre os mais violentos desde Junho, quando se iniciaram as manifestações pró-democracia contra o Governo da antiga colónia britânica.

“Cercados, sob ataque e enfrentando perigo de vida, seis polícias retiraram as suas pistolas (…) A fim de proteger a própria segurança e de outros polícias, um agente disparou um tiro de advertência para o céu”, lê-se num comunicado da polícia.

A polícia também confirmou o uso, pela primeira vez, de dois veículos equipados com canhões de água para dispersar os manifestantes.

De acordo com o mesmo comunicado, pelo menos quinze agentes da polícia ficaram feridos durante os confrontos de domingo e dezenas de manifestantes, incluindo um menor de 12 anos, foram detidos por reunião ilegal, posse de armas e agressão.

“A polícia apela ao público que se dissocie dos manifestantes violentos”, acrescentou a polícia, prometendo “medidas implacáveis” para levar estes manifestantes à justiça.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

27 Ago 2019

G7 | EUA retomarão “muito em breve” negociações com a China

[dropcap]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou ontem que os Estados Unidos retomarão “muito em breve” as negociações comerciais com a China, depois de uma nova escalada de tensão nos últimos dias entre os dois gigantes económicos.

Trump disse que o seu Governo recebeu uma comunicação das autoridades chinesas indicando o desejo de voltar à mesa das negociações para discutir um acordo comercial.

“A China ligou ontem à noite (…). Disse: ‘vamos voltar para a mesa de negociação’, logo, voltaremos (…). Vamos começar a negociar novamente muito em breve”, disse Trump à margem da cimeira do G7, em Biarritz, no sudoeste da França.

“Acho que vamos ter um acordo, porque agora estamos a lidar nos termos adequados. Eles entendem e nós entendemos”, disse Trump, acrescentando: “Esta é a primeira vez que eu os vejo a querer realmente fazer um acordo. E eu acho que é um passo muito positivo”.

Trump e o Presidente chinês concordaram em Junho retomar as negociações. Contudo, as negociações terminaram em Julho em Xangai sem indicação de progressos. Os negociadores conversaram por telefone este mês e devem encontrar-se novamente em Washington no próximo mês.

A cimeira do G7, que junta os dirigentes da França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália, Canadá e Japão, terminou ontem.

27 Ago 2019

Yuan | Moeda cai para nível mais baixo desde 2008 em relação ao dólar

[dropcap]A[/dropcap] moeda chinesa desvalorizou-se ontem para o nível mais baixo face ao dólar norte-americano desde 2008, numa altura em que a guerra comercial com os Estados Unidos se agrava, afectando também as praças financeiras chinesas.

A meio do dia de ontem na China, um dólar norte-americano valia 7,15 yuan no mercado interno – o valor mais baixo da moeda chinesa em 11 anos. Nos mercados internacionais, que inclui Hong Kong, o valor do yuan face ao dólar fixou-se nos 7.1355.

O yuan não é inteiramente convertível, sendo que o seu valor face a um pacote de moedas internacionais pode variar até 2 por cento por dia.

No início do mês, as praças financeiras em todo o mundo registaram fortes perdas depois de Pequim permitir que o yuan caísse para o valor mais baixo em onze anos, em relação ao dólar, no que foi interpretado como uma retaliação pelo anúncio de novas taxas alfandegárias sobre importações oriundas da China pelos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, o Banco do Povo Chinês (banco central) tem tentado estabilizar o valor do yuan, mas as disputas comerciais entre Pequim e Washington voltaram a agravar-se nos últimos dias.

Na sexta-feira, Pequim anunciou que vai impor novas taxas alfandegárias, de 5 por cento e 10 por cento, sobre 75 mil milhões de dólares de importações oriundas dos EUA, a partir de Setembro.

Trump anunciou que vai elevar as taxas de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China, e 15 por cento, sobre os restantes 350 mil milhões de dólares em produtos chineses.

As bolsas de Xangai e Shenzhen fecharam ontem a cair 1,17 por cento e 0,98 por cento, respectivamente. A bolsa de Hong Kong recuou 2,79 por cento.

Ao ataque

Os governos dos dois países disputam há mais de um ano uma guerra comercial, com ambos os lados a subirem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de bens importados um do outro.

No cerne das disputas está a política de Pequim para o sector tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

27 Ago 2019

Hong Kong | Polícia usa armas de fogo pela primeira vez em protesto

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong disparou este domingo pelo menos um tiro depois de manifestantes pró-democracia terem atacado agentes com paus e varas, e usou gás lacrimogéneo para dispersar um grupo em protesto numa rua central do território. Esta é a primeira vez, em três meses de protestos no território, que as autoridades usam armas de fogo contra os manifestantes.

“Pelo que entendi, um colega acabou de disparar a sua arma. O que me apercebi é que foi um agente fardado que disparou o tiro”, declarou um elemento da polícia de Hong Kong aos jornalistas, citado pela agência de notícias AFP, falando em violentos confrontos entre manifestantes e forças policiais.

Segundo um jornalista da estação de rádio e televisão pública RTHK, o único tiro foi disparado para o ar. De acordo com as agências noticiosas internacionais, a polícia também recorreu neste domingo, pela primeira vez, a canhões de água, apesar de não os terem utilizado directamente nos manifestantes.

O maior confronto teve lugar na zona de Tsuen Wan, a cerca de 10 quilómetros do centro da cidade. Enquanto uma multidão protestava num parque, um grupo invadiu uma rua principal, espalhou paus de bambu no chão e alinhou barreiras de tráfego e cones para tentar bloquear a passagem às autoridades.

Depois de fazer avisos, a polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, mas os manifestantes responderam atirando tijolos e artefactos explosivos artesanais contra os agentes de segurança.

Após este episódio, os manifestantes acabaram por recuar. Dois canhões de água e veículos da polícia juntaram-se aos elementos da polícia de choque que avançaram pela rua, tendo encontrado pouca resistência.

Imagens televisivas mostram que um dos canhões de água foi usado uma vez, mas não pareceu ter alcançado os manifestantes que se retiravam. Alguns manifestantes afirmaram ter recorrido à violência porque o Governo não respondeu às iniciativas pacíficas.

“A escalada a que se assiste agora é apenas resultado da indiferença do nosso Governo perante as pessoas de Hong Kong”, disse Rory Wong, que se encontrava no confronto.

Centenas de manifestantes pró-democracia reuniram-se ontem num estádio, debaixo de chuva, e começaram a desfilar pelas ruas de Hong Kong, onde outros ajuntamentos se preparam, após os violentos confrontos na cidade no sábado, depois de 10 dias de calmaria.

26 Ago 2019

Pyongyang | Novos testes de mísseis em dia de reunião do G7

Os mísseis norte-coreanos continuam a cruzar o céu asiático. O último lançamento aconteceu este sábado, enquanto o G7 se reunia em Biarritz, e foi comandado por Kim Jong-Un que considerou estar perante uma grande arma

 

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte realizou sábado o sétimo ensaio, em menos de um mês, com mísseis de curto alcance no mar do Japão, quando se espera o reinício das negociações com Washington para a desnuclearização do país asiático.

O novo lançamento, que sucede ao de 16 de Agosto, acontece no dia em que a cimeira do G7 começou na cidade de Biarritz (França) e quatro dias após a conclusão de manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, contra as quais Pyongyang protestou insistentemente.

Num comunicado, o gabinete presidencial sul-coreano expressou “forte preocupação” com a continuidade dos lançamentos após os exercícios militares e pediu a intensificação dos esforços diplomáticos para reconduzir o país vizinho a negociações.

Seul acredita que a Coreia do Norte usou todos esses testes para ajustar uma nova variedade de projécteis balísticos de curto alcance, enquanto Pyongyang observou, em testes anteriores, que havia testado “um múltiplo lançador de foguetes de controlo remoto” definido como “um novo tipo de arma táctica”.

O regime liderado por Kim Jong-un acompanhou a sua sucessão de testes de armas com uma série de ameaças contra Seul e Washington, numa aparente tentativa de mostrar o poder militar e fortalecer a sua posição diante do esperado recomeço das negociações com os EUA sobre o desarmamento nuclear.

Diálogo azedo

Na sexta-feira, Pyongyang criticou a política de sanções dos EUA e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, numa declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, emitida pela agência estatal KCNA.

“Estamos prontos, tanto para o diálogo quanto para o confronto”, disse Ri, que também afirmou que a Coreia do Norte continuará a ser “a maior ameaça aos EUA” se as sanções forem mantidas, acusando Pompeo de colocar à frente do diálogo a sua “ambição política”, em consonância com ataques anteriores do regime contra o chefe da diplomacia norte-americana.

A divulgação destes comentários coincide com o fim da viagem a Seul do enviado especial de Washington para o diálogo com Pyongyang, Stephen Biegun, que pretendia discutir a retomada das negociações com o regime.

As negociações, em tom neutro desde a fracassada cimeira de Hanói, em Fevereiro, deveriam ser retomadas depois que os líderes de ambos os países se terem comprometido a reactivá-las, numa reunião improvisada no final de Junho.

Os recentes gestos beligerantes do regime da Coreia do Norte contrastam com a confiança mostrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em que ambas as partes retomarão os contactos em breve.

Trump minimizou os testes de mísseis norte-coreanos e, no início deste mês, afirmou ter recebido uma carta de Kim Jong-un, na qual o líder norte-coreano lhe apresentou “um pequeno pedido de desculpas” pelos ensaios e transmitiu vontade de dialogar.

Os líderes do G7 poderão abordar, entre outros assuntos, a situação na península coreana na reunião em Biarritz. Pyongyang tem o hábito de realizar testes de armas em datas próximas a eventos internacionais relevantes, neste caso uma cimeira com a presença de Trump e do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que expressou o seu desejo de discutir durante o encontro o estado do diálogo com o regime norte-coreano.

“Grande arma”

O dirigente norte-coreano, Kim Jong-Un, liderou sábado o ensaio de mísseis de curto alcance e considerou estar em causa “uma grande arma”, noticiou ontem a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA. De acordo com agência, Kim Jong-Un liderou o ensaio de “lançamento de múltiplos mísseis de larga escala”.

Após este teste, o mais recente ensaio de mísseis de curto alcance realizado em Agosto pela Coreia do Norte, Kim Jong-Un afirmou que o sistema “recém-desenvolvido” era “uma grande arma”, segundo a KCNA. O país deve continuar a fortalecer o desenvolvimento de armas para combater “as ameaças militares e a crescente pressão das forças hostis”, salientou o responsável.

26 Ago 2019

Cimeira G7 | Contradições sobre mensagem para Irão e guerra comercial a marcar manhã de hoje

[dropcap]A[/dropcap] França disse hoje que os líderes do G7 concordaram em encarregar o Presidente francês, Emmanuel Macron, de conversar com o Irão, para evitar uma escalada de violência na região, mas Donald Trump negou a informação.

A presidência francesa disse hoje que os líderes dos países mais industrializados do mundo (G7) concordaram em instruir o Presidente francês para enviar uma mensagem em nome das democracias avançadas ao Irão e manter conversações com as autoridades iranianas.

Não foram fornecidos detalhes sobre a mensagem, mas a presidência francesa disse que o objetivo é prevenir que o Irão obtenha armas nucleares e evitar novas tensões no Médio Oriente.
Questionado sobre se assinou a mensagem, o Presidente dos Estados Unidos afirmou aos jornalistas: “Eu não discuti isso”.

No âmbito de uma reunião bilateral com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, Donald Trump disse que não impede nenhum líder de falar com o Irão, e acrescentou: “Se eles querem conversar podem conversar”. A França está a liderar os esforços europeus para tentar salvar o acordo nuclear iraniano, enfraquecido pela retirada dos Estados Unidos.

Os líderes dos sete países mais industrializados do mundo estão reunidos em Biarritz, França, onde hoje começaram as reuniões com uma sessão dedicada às tensões comerciais e a situação global de segurança, duas questões essenciais da cimeira, que começou na noite passada.

Numas breves declarações à imprensa esta manhã, depois de tomar o pequeno almoço com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump disse que os demais membros do grupo do G7 não lhe pediram para que pare a guerra comercial com a China, reconhecendo depois que tem “dúvidas sobre tudo” o que faz.

“Ninguém me disse isso”, disse Trump, quando questionado sobre se os aliados do G7 o pressionaram para que ponha fim à tensão com a China, que está a diminuir o crescimento económico mundial.

Trump insistiu na ideia de que o que a China fez aos Estados Unidos “é indigno”, por ganhar “centenas de milhar de milhões de dólares por ano” através do que considera serem práticas comerciais ilícitas e roubo de propriedade intelectual.

Ainda assim reconheceu que tem algumas “dúvidas” sobre as suas decisões em relação à China, já que tem “dúvidas sobre tudo”, e apostou na continuação do diálogo com Pequim.

O Presidente francês, Emmanuel Mácron, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediram no sábado em Biarritz que haja uma trégua no conflito comercial entre os dos países, perante as consequências negativas para a economia global.

O próprio Johnson disse hoje, em frente de Trump, que “em geral” é a favor da paz comercial e referiu opor-se, em princípio, à imposição de novas tarifas.

Nas declarações aos jornalistas o Presidente dos Estados Unidos disse ser “possível” que a Rússia regresse ao G7 no próximo ano, depois de ter sido expulsa devido à invasão e anexação da Crimeia, em 2014.

O hipotético retorno da Rússia é um dos assuntos que dividem os membros da cimeira de Biarritz, com Trump a defende-lo e alguns líderes europeus a oporem-se.

Donald Trump também disse não ter ficado satisfeito com o facto de a Coreia do Norte ter feito mais um teste com mísseis, mas desvalorizou a importância do ocorrido.

“Não estou contente, mas mais uma vez ele (o líder norte-coreano) não viola o acordo” sobre esses testes, disse aos jornalistas.

25 Ago 2019

Polícia de Hong Kong anuncia detenção de 29 pessoas no violento protesto de sábado

[dropcap]U[/dropcap]m total de 29 pessoas foram detidas em Hong Kong depois de terem participado sábado numa manifestação pró-democracia marcada pela violência entre manifestantes e as forças de segurança, informou hoje a polícia em comunicado.

O protesto resultou na detenção de 19 homens e 10 mulheres, com idades entre 17 e 52 anos, por crimes como reunião ilegal e agressão a elementos da polícia. “Alguns manifestantes radicais desviaram-se do percurso original e obstruíram as estradas, danificaram as lâmpadas de rua e atacaram polícias. A polícia condena veementemente o comportamento dos manifestantes”, pode ler-se na mesma nota.

Um dos detidos é Ventus Lau, um dos organizadores da marcha que foi autorizada pela polícia, por reunião ilegal, disse seu advogado à agência de notícias Efe. Pelo menos dez pessoas receberam tratamento em hospitais públicos e duas estão “em estado grave”, segundo a autoridade de saúde da cidade.

Depois de 10 dias de relativa paz na ex-colónia britânica, a tensão voltou às ruas no sábado, quando milhares de pessoas se manifestaram em Kwun Tong, no leste de Kowloon.

De acordo com relatos da polícia, um grande grupo de manifestantes montou barreiras para paralisar o tráfego e “usou serras eléctricas para danificar uma série de postes de luz (…), o que representa uma séria ameaça à segurança das pessoas no local utilizadores das vias”.

Os manifestantes, acrescenta-se na mesma nota, também arremessaram objectos e bombas de gasolina aos polícias, causando danos a veículos das forças de segurança e lesões nas pernas de um jornalista.

A polícia realizou uma operação com “a força apropriada para anular os actos violentos dos manifestantes”, acrescenta-se. Os protestos maciços de rua, que traduzem a maior crise política em décadas na cidade, acontecem desde o início de Junho, e alguns deles terminaram em confrontos violentos entre a polícia e manifestantes.

Quando os protestos começaram, os cidadãos expressaram a sua rejeição a uma lei de extradição apresentada pelas autoridades locais que permitiria a entrega de suspeitos a jurisdições sem acordos prévios como a China continental, algo que os opositores ao texto consideram como o fim das garantias judiciais oferecidas pelo sistema de Hong Kong.

No entanto, as manifestações evoluíram nas últimas semanas para reivindicações mais amplas sobre os mecanismos democráticos da cidade e para a rejeição da crescente influência de Pequim nos assuntos locais. Novas marchas são esperadas hoje, especialmente na área de Tsuen Wan.

25 Ago 2019

Consulado do Canadá suspende viagens de funcionário para fora de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] consulado do Canadá em Hong Kong anunciou hoje a suspensão de viagens de funcionários para fora da cidade, incluindo para a China continental.

A decisão acontece depois do Governo chinês ter confirmado a detenção de um funcionário do consulado britânico em Shenzhen, zona económica especial chinesa adjacente a Hong Kong.
Em comunicado, o consulado do Canadá indicou que, “neste momento, a equipa contratada localmente não realizará viagens (…) oficiais fora de Hong Kong”.

O funcionário do consulado britânico em Hong Kong, que desapareceu na China continental no início de Agosto, foi detido por “solicitar prostitutas”, avançou a imprensa estatal chinesa, uma acusação rejeitada pela família do jovem, que considerou “serem fabricadas”.

A família disse que Cheng foi a Shenzhen, em 8 de Agosto, para uma reunião de negócios, mas e passou a estar incontactável quando atravessava a fronteira para Hong Kong. O Reino Unido e a China têm trocado algumas acusações, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo de telecomunicações chinês Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver.

A detenção, efetuada no Canadá, foi feita a pedido dos Estados Unidos por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, numa violação da lei. Os dois cidadãos canadianos permanecem detidos por “prejudicarem a segurança nacional”.

23 Ago 2019

Novos protestos em Hong Kong com cordão humano e manifestação de contabilistas

[dropcap]O[/dropcap]s protestos anti-governamentais e pró-democracia voltaram hoje às ruas de Hong Kong com um cordão humano marcado para junto das estações das três principais linhas de metropolitano e uma manifestação promovida por contabilistas. A manifestação dos contabilistas começou às 12:30, com a previsão de ocorrência de um cordão humano para as 20:00.

As duas iniciativas antecedem um protesto convocado para 31 de Agosto para assinalar os cinco anos do veto de Pequim à possibilidade de sufrágio universal na ex-colónia britânica.

Por outro lado, acontecem após a manifestação pacífica de domingo – que juntou mais de 1,7 milhões de pessoas, segundo a organização, e 128 mil, de acordo com a polícia – e um tenso protesto esta semana numa das estações de metro que quase resultou em confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

Os contabilistas vão marchar no centro da cidade, num desfile autorizado pela polícia, para exigir ao Governo de Hong Kong uma resposta às cinco reivindicações da Frente Cívica dos Direitos Humanos, o movimento que tem liderado os maiores protestos.

Em causa está a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo.

O cordão humano não tem uma liderança conhecida e tem sido promovida nas redes sociais, uma iniciativa para “continuar a dar eco aos apelos das pessoas de maneira pacífica, racional e não-violenta” e, “ao mesmo tempo, elevar a consciência internacional” para as reivindicações da população de Hong Kong.

Na quinta-feira, a empresa gestora do metro em Hong Hong anunciou que, daqui em diante, ao mínimo sinal de violência, vai suspender os serviços e fechar as estações sem qualquer aviso. “A polícia pode ter que entrar na estações para tomar as acções necessárias para garantir o cumprimento da lei”, indicou a MTR, num comunicado citado pelo jornal South China Morning Post.

Os protestos na região administrativa especial chinesa duram desde 9 de Junho e têm sido marcados por violentos confrontos entre manifestantes e polícia.

23 Ago 2019

Funcionário consular britânico detido na China por “solicitar prostitutas”, escreve imprensa oficial

[dropcap]O[/dropcap] funcionário do consulado britânico em Hong Kong, que desapareceu na China continental no início de Agosto, foi detido por “solicitar prostitutas”, avançou hoje a imprensa estatal chinesa, uma acusação rejeitada pela família do jovem.

Segundo o jornal do Partido Comunista Chinês Global Times, que cita a polícia de Shenzhen, Simon Cheng, de 28 anos, esteve com prostitutas na cidade fronteiriça, antes de ser detido, em 08 de Agosto. A família de Cheng considerou, entretanto, que aquelas notícias, difundidas pela versão em inglês do Global Times, são “fabricadas”. “Toda a gente deve perceber que se trata de uma piada”, apontou, em comunicado.

O jornal escreveu que a polícia não contactou a família de Simon Cheng a pedido do próprio. “Devido ao ministério dos Negócios Estrangeiro britânico e à imprensa, que montou este caso, agora é do conhecimento de todos”, aponta.

A diplomacia chinesa confirmou esta semana que o homem está detido em Shenzhen por ter violado uma lei chinesa de segurança pública. Caso não seja formalizada uma acusação criminal, Cheng deve ser libertado hoje, já que se completam 15 dias desde que foi detido – o período máximo de detenção administrativa, segundo a lei chinesa.

Segundo o Global Times, Simon Cheng tem ainda de pagar uma multa de 5.000 yuan (640 euros).
A família disse que Cheng foi a Shenzhen em 08 de agosto para uma reunião de negócios, mas que passou a estar incontactável quando atravessava a fronteira para Hong Kong.
O Reino Unido e a China têm trocado algumas acusações, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A China criticou já o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, no início do mês, após este ter falado com a líder de Hong Kong, Carrie Lam, sobre os protestos, e pedido uma “investigação totalmente independente” à actuação da polícia, para “reconstruir a confiança”.

“É simplesmente errado que o Governo britânico fale directamente com a chefe do Executivo de Hong Kong para exercer pressão”, afirmou então um porta-voz da diplomacia chinesa.
Londres disse, na quinta-feira, que procurava com “urgência” informações sobre o funcionário consular.

No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Ambos os cidadãos canadianos permanecem detidos por “prejudicarem a segurança nacional”.

23 Ago 2019

YouTube fecha canais associados a campanha de desinformação sobre Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Google informou hoje que desactivou mais de 200 canais na plataforma de vídeos YouTube que alegadamente conduziam “operações de influência coordenadas” sobre os protestos em Hong Kong, dias depois de Facebook e Twitter tomarem a mesma decisão.

O Google suspendeu 210 canais do plataforma de vídeo YouTube após detectar um “comportamento coordenado, ao difundir vídeos relacionados com os protestos em curso em Hong Kong”. A empresa não vinculou directamente a campanha com o regime chinês, mas associou a sua decisão “recentes observações e acções anunciadas pelo Facebook e Twitter”.

Esta semana, o Facebook e o Twitter suspenderam também várias contas originárias do continente chinês, que “deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes”.

Ambas as empresas disseram que suspenderam as contas com base em “evidências confiáveis” de que se tratava de uma “operação coordenada pelo Estado” chinês. A decisão levou a acusações de censura pelas autoridades chinesas.

O Twitter anunciou ainda que não aceitará mais “propaganda de órgãos de imprensa controlados pelo Estado”, condenando comportamentos “manipuladores”. Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, investiu nos últimos anos milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural.

Twitter ou Facebook têm sido parte central dessa estratégia, apesar de estarem bloqueados na China, onde a narrativa é controlada pelo Partido Comunista, cujo Departamento de Propaganda emite directrizes para os órgãos de comunicação ou censura informação difundida nas redes sociais domésticas, como o Wechat ou Weibo.

Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão também bloqueados na Internet chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores. A antiga colónia britânica vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

23 Ago 2019

Manifestantes barricam-se em estação de metro de Hong Kong contra polícia anti-motim

[dropcap]C[/dropcap]entenas de manifestantes barricaram-se ao princípio da noite contra a polícia anti-motim numa estação de metro de Hong Kong, para assinalar um mês sobre o violento ataque contra dezenas de manifestantes por alegados membros do crime organizado.

O protesto realizado hoje na estação de Yuen Long, estava a ser pacífico até à chegada de carrinhas policiais. Alguns manifestantes muniram-se de chapéus de protecção da construção civil e máscaras de gás, enquanto outros usavam extintores, e espalharam detergente, cerveja e óleo na entrada da estação para tentar a entrada da polícia.

Há um mês, gangues de homens armados com cassetetes, hastes metálicas e tacos de beisebol, vestidos com ‘t-shirts’ brancas, espancaram manifestantes pró-democracia que estavam a regressar a casa depois de um protesto. O ataque de 21 de Julho deixou quase 50 pessoas feridas, incluindo transeuntes, alguns dos quais foram gravemente afectados. Nessa altura, muitas vozes se levantaram para criticar a polícia, acusada de ter demorado mais de uma hora para chegar ao local, sem ter detido qualquer atacante.

O chefe da polícia, Stephen Lo, qualificou como “difamação” a ideia de um possível conluio entre as forças de segurança e as tríades, e garantiu que os agressores seriam processados. Este ataque atingiu a confiança do povo de Hong Kong nas autoridades públicas.

Os protestos, que duram há nove semanas, focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos para a China.
A lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes.

Os manifestantes exigem a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão de Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

22 Ago 2019

China confirma detenção de funcionário do consulado britânico em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] China confirmou hoje a detenção de um funcionário do consulado britânico em Hong Kong, desaparecido desde 8 de Agosto, numa altura de tensão diplomática entre Pequim e Londres, devido aos protestos na antiga colónia britânica.

Geng Shuang, o porta-voz da diplomacia chinesa, confirmou que o homem está detido na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong, por ter violado uma lei chinesa de segurança pública.

Geng não avançou detalhes ou se ele será libertado após uma detenção administrativa de quinze dias, como está previsto na lei chinesa, caso não seja formalizada uma acusação criminal.

“Perturbar a ordem pública” ou “ameaçar a segurança nacional” são acusações frequentemente usadas contra dissidentes e activistas políticos no país asiático, e que podem resultar em duras penas de prisão.

O porta-voz lembrou que o funcionário não é britânico, mas antes natural de Hong Kong. “Isto é, chinês e, portanto, trata-se inteiramente de um assunto interno”, argumentou.

Na terça-feira, o ministério britânico dos Negócios Estrangeiros disse estar “extremamente preocupado” com o desaparecimento do funcionário, durante uma viagem à China continental.

A polícia de Hong Kong confirmou também a abertura de uma investigação sobre um caso de desaparecimento, em 9 de Agosto.

Através da rede social Facebook, a sua família revelou que o funcionário, chamado Simon Cheng, foi a Shenzhen, em 8 de Agosto, para uma reunião de negócios. A família disse que ele passou a estar incontactável à noite, quando atravessava a fronteira para Hong Kong.

Segundo a sua conta oficial no LinkedIn, Cheng trabalhava como director de investimentos e comércio na Scottish Development International, uma agência de investimento da Escócia, no Consulado Geral Britânico de Hong Kong.

O Reino Unido e a China têm trocado algumas acusações, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A China criticou já o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, no início do mês, após este ter falado com a líder de Hong Kong, Carrie Lam, sobre os protestos, e pedido uma “investigação totalmente independente” à actuação da polícia, para “reconstruir a confiança”.

“É simplesmente errado que o governo britânico fale directamente com a presidente do Executivo de Hong Kong para exercer pressão”, afirmou então um porta-voz da diplomacia chinesa.

No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Ambos os cidadãos canadianos permanecem detidos por “prejudicarem a segurança nacional”.

21 Ago 2019

MNE britânico “extremamente preocupado” com desaparecimento de funcionário

[dropcap]O[/dropcap] ministério britânico dos Negócios Estrangeiros disse ontem que está “extremamente preocupado” com o desaparecimento de um funcionário do seu consulado em Hong Kong durante uma viagem à China continental.

Em comunicado, o ministério revelou que já pediu informações às autoridades de Hong Kong e da província de Guangdong, no sul da China, sobre o paradeiro do funcionário, que foi detido quando regressava a Hong Kong, a partir da cidade fronteiriça de Shenzhen. A imprensa britânica identificou o funcionário como Simon Cheng Man-kit.

Segundo a sua conta oficial no LinkedIn, Cheng trabalhava como director de investimentos e comércio na Scottish Development International, uma agência de investimento da Escócia, no Consulado Geral Britânico de Hong Kong.

O funcionário deslocou-se a Shenzhen para participar num evento de negócios, em Shenzhen, em 8 de Agosto, mas nunca mais regressou a Hong Kong, apesar do seu regresso estar previsto para o mesmo dia.

As autoridades chinesas não comentaram ainda estas informações. Segundo o jornal Financial Times, Cheng escreveu uma mensagem à namorada a pedir que rezasse por ele antes de ficar incontactável.

Da extradição

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis.

Ambos os cidadãos canadianos foram detidos por “prejudicarem a segurança nacional”. O Reino Unido e a China têm trocado algumas críticas, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica.

A China criticou já o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, no início do mês, após este ter falado com a líder de Hong Kong, Carrie Lam, sobre os protestos, e pedido uma “investigação totalmente independente” à actuação da polícia, para reconstruir a confiança.

“É simplesmente errado que o governo britânico fale directamente com a presidente do Executivo de Hong Kong para exercer pressão”, afirmou então um porta-voz da diplomacia chinesa.

21 Ago 2019

Activistas desconfiam de plataforma de diálogo anunciada pelo Governo de Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] “plataforma de diálogo” anunciada hoje pela chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, foi recebida com desconfiança por activistas pró-democracia contactados pela agência Lusa.

“Já vimos isto anteriormente (…) e ficamos com a sensação de que se tratará de uma falsa consulta, (…) mas não uma verdadeira resposta” às reivindicações dos manifestantes, defendeu a porta-voz Frente Cívica de Direitos Humanos, que tem liderado os grandes protestos em Hong Kong desde o início de Junho.

Bonnie Leung, que é também vice-coordenadora do movimento, afirmou que pela experiência de controvérsias anteriores, o modelo de diálogo será “muito limitado em termos de tempo” e “com muitos sectores pró-Pequim”.

Ao mesmo tempo que reiterou a vontade de se avançar para “negociações sérias”, Leung criticou que na conferência de imprensa, esta manhã, de Carrie Lam não tenha sido dada qualquer resposta às reivindicações do movimento.

A activista sublinhou que a plataforma será “inútil se não se apostar na comunicação com os diversos representantes pró-democratas”.

Já o fundador do partido pró-democrata Demosisto, Joshua Wong, elogiou a decisão, mas colocou sérias dúvidas sobre a capacidade de Carrie Lam para liderar esta plataforma.

“É uma boa decisão e boa oportunidade para as pessoas de Hong Kong encetarem um diálogo com os decisores de poder”, começou por comentar o activista, que chegou a ser indicado para o prémio Nobel da Paz em 2018 e que lidera o partido, defensor da autodeterminação do território.

“Mas perguntamo-nos se Carrie Lam é realmente a pessoa certa”, sustentou Wong, que foi libertado em Junho da prisão, na sequência das manifestações de 2014 em Hong Kong, conhecidas como a “Revolução dos guarda-chuvas”, uma campanha de desobediência civil que durou mais de dois meses e na qual se exigia o sufrágio universal na ex-colónia britânica administrada pela China.

O Governo de Hong Kong anunciou a criação imediata de uma “plataforma de diálogo” com “pessoas de todas as áreas sociais”, dois dias após um protesto pacífico que juntou, segundo a organização, 1,7 milhões de pessoas.

Em conferência de imprensa, Lam recusou avançar com um inquérito independente para investigar a alegada violência policial, uma das reivindicações dos manifestantes.

A Frente Cívica de Direitos Humanos, movimento que tem liderado os protestos pró-democracia em Hong Kong, já veio dizer que o derradeiro objectivo dos protestos passa por garantir o sufrágio universal no território.

Os protestos, que duram há nove semanas, focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos para a China.
A lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes.

Os manifestantes exigem a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão de Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

O protesto visou aumentar a pressão sobre o Governo de Hong Kong, num momento em que Pequim mobilizou milhares de tropas na cidade vizinha de Shenzen, fazendo crescer os receios de uma intervenção chinesa.

20 Ago 2019

Twitter bane propaganda dos ‘media’ controlados pelo Estado após suspender contas associadas à China

[dropcap]A[/dropcap] rede social Twitter informou hoje que não aceitará mais “propaganda de órgãos de imprensa controlados pelo Estado”, condenando comportamentos “manipuladores”, depois de anunciar que suspendeu quase mil contas associadas ao regime chinês.

“Comportamentos ocultos e manipuladores não têm lugar no nosso serviço – eles violam os princípios fundamentais sobre os quais a nossa empresa foi construída”, defendeu o Twitter, em comunicado.

Na mesma nota, o grupo detalha que aquela medida não abrange órgãos independentes financiados pelos contribuintes ou que apenas se dedicam a conteúdo de entretenimento, desporto e viagens.

Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, investiu nos últimos anos milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural.

Twitter ou Facebook têm sido parte central dessa estratégia, apesar de estarem bloqueados na China, onde a narrativa é controlada pelo Partido Comunista, cujo Departamento de Propaganda emite directrizes para os órgãos de comunicação ou censura informação difundida nas redes sociais domésticas, como o Wechat ou Weibo.

Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão também bloqueados na Internet chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores. No mesmo dia, o Twitter anunciou a suspensão de 936 contas originárias do continente chinês, que “deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes”.

A empresa disse que suspendeu as contas com base em “evidências confiáveis” de que se tratava de uma “operação coordenada pelo Estado”.

Também o Facebook disse que iniciou uma investigação, após receber informações do Twitter, e removeu cerca de 15 páginas, grupos e contas que estavam “associados ao Governo chinês” e também “focados em Hong Kong”.

Os órgãos de Pequim, incluindo a agência noticiosa Xinhua ou os jornais China Daily e Diário do Povo, têm coordenado uma campanha nas redes sociais visando caracterizar as manifestações em Hong Kong como tumultos violentos perpetuados por separatistas pagos por forças externas.
A cobertura diária na imprensa chinesa mostra imagens de manifestantes a atirar tijolos, provocar a polícia e a cercar esquadras.

Imagens de demonstrações pacificas, que têm reunido centenas de milhares de pessoas, de alegados abusos pelas autoridades, ou até as reivindicações dos protestos, são omitidas.

20 Ago 2019

Pequim utilizou redes sociais contra manifestantes em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas utilizaram cerca de um milhar de contas do Twitter e várias páginas do Facebook para desacreditar e dividir os manifestantes pró-democracia em Hong Kong, anunciaram ontem as duas redes sociais.

A rede social Twitter anunciou que suspendeu 986 contas que “são coordenadas como parte de uma operação chinesa” para “minar a legitimidade e as posições políticas” dos manifestantes, disse numa mensagem.

Já a rede social Facebook salientou que removeu, pelas mesmas razões, sete páginas e três grupos, também relacionados com “pessoas associadas ao Governo de Pequim”.

Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo.

Em 1 de Julho, alguns manifestantes invadiram mesmo o parlamento de Hong Kong. Mais recentemente, o aeroporto de Hong Kong foi palco de manifestações, com as autoridades a serem obrigadas a cancelar centenas de voos numa das infraestruturas aeroportuárias mais movimentadas do mundo.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.

Para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

20 Ago 2019

Plataformas de comércio chinesas suspendem vendas de capacetes ou lasers para Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]s principais plataformas de comércio electrónico da China suspenderam as vendas para Hong Kong de utensílios usados nos protestos, incluindo máscaras antigás ou capacetes, à medida que Pequim multiplica esforços para abafar as manifestações.

Segundo a agência noticiosa Bloomberg, uma pesquisa por aqueles produtos a partir de Hong Kong no Taobao dá “Item não encontrado”. No JD.com o resultado é: “interdito para Hong Kong e Macau”. No continente chinês os mesmos bens continuam disponíveis.

As empresas de logística de Hong Kong revelaram que vários “itens sensíveis”, incluindo ‘t-shirts’ pretas, lasers e máscaras faciais estão a ser apreendidos na alfândega.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto apelam à demissão de Carrie Lam, a chefe do governo local, pró-Pequim e à eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central.

Os manifestantes têm usado máscaras antigás e capacetes em confrontos com a polícia. Lasers têm também sido utilizados para dificultar a vigilância policial.

19 Ago 2019

China eleva estatuto de Shenzhen na Grande Baía face a protestos em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês anunciou no domingo que quer elevar o papel de Shenzhen no plano de integração regional da Grande Baía, face à contestação social em Hong Kong, prometendo maior abertura económica na cidade fronteiriça.

A directriz pede a Shenzhen que agarre as oportunidades e aprimore as suas funções como “motor central” da Grande Baía, projecto que visa construir uma metrópole mundial a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades da província de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas.

“Shenzhen será um exemplo para os moradores de Hong Kong e outras cidades da região, sobre como melhor integrar a política local e os mecanismos de apoio ao desenvolvimento nacional”, apontou o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

“A futura governação de Shenzhen também poderá absorver práticas de Hong Kong, incluindo no sector jurídico e comercio internacional, visando atrair profissionais da cidade vizinha e de outras partes do mundo, para construir um centro internacional de inovação e tecnologia”, acrescentou.

Situado na fronteira com Hong Kong, a cidade de Shenzhen converteu-se numa das mais prósperas cidades da Ásia, símbolo do milagre económico que transformou a China, após a adopção da política de Reforma e Abertura, no final dos anos 1970.

Shenzhen, então uma vila pacata, deliberadamente por desenvolver – os comunistas, que receavam “contaminação” política e económica via Hong Kong, designaram-na de “fronteira de defesa política” – serviu de laboratório à abertura da China à economia de mercado. Em 2017, o Produto Interno Bruto de Shenzhen ultrapassou os 338 mil milhões de dólares, à frente de Hong Kong ou Singapura.

Hong Kong vive actualmente um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

19 Ago 2019

Trump avisa China que “outra Tiananmen” em Hong Kong prejudicaria acordo comercial

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou ontem um aviso à China ao afirmar que uma repressão dos protestos em Hong Kong semelhante ao massacre de Tiananmen prejudicaria as negociações sobre um acordo comercial.

“Acho que seria muito difícil chegar a um acordo se houver violência, (…) se for outra Praça Tiananmen”, disse Trump aos jornalistas, em Nova Jersey.

“Acho que seria muito difícil se houvesse violência”, reforçou o presidente norte-americano.
As manifestações em Hong Kong duram há mais de dois meses e a China elevou o tom recentemente, gerando receios de uma repressão sangrenta como a de 1989, na Praça de Tiananmen, em Pequim.

Donald Trump fez esta declaração no mesmo dia em que o seu principal conselheiro económico, Larry Kudlow, disse que Washington e Pequim estão a tentar activamente retomar as negociações para acabar com a guerra comercial entre os dois países.

Manifestantes protestaram este domingo à frente da sede do parlamento de Hong Kong, após uma marcha que estava proibida pelas autoridades, gritando palavras de ordem e apontando ‘lasers’ à polícia anti-motim posicionada no terraço do edifício.

De acordo com o movimento pró democracia que tem liderado os grandes protestos contra a lei da extradição, desde o início de Junho, mais de 1,7 milhões de pessoas participaram no protesto.

Em 16 de Agosto, um jornal oficial do Partido Comunista Chinês afirmou que se o exército intervier em Hong Kong não se irá repetir o massacre de Tiananmen, há 30 anos.

Em editorial, o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista, advertiu que “Pequim não decidiu ainda intervir pela força para reprimir os protestos em Hong Kong, mas esta opção está claramente em cima da mesa”.

19 Ago 2019

Protesto de ontem juntou mais de 1,7 milhões de manifestantes em Hong Kong

João Carreira, enviado da agência Lusa

 

[dropcap]M[/dropcap]ais de 1,7 milhões de pessoas manifestaram-se ontem, em Hong Kong, informou o movimento pró-democracia que tem liderado os grandes protestos contra a lei da extradição, desde o início de Junho.

Em conferência de imprensa, a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) sublinhou, contudo, que devido às restrições impostas da polícia, muitos acabaram por não conseguir chegar ao local da manifestação, que foi autorizada, apesar da marcha agendada ter sido proibida.

Este foi o segundo maior protesto desde que as manifestações começaram em Junho. A 9 de Junho, a organização contabilizou um milhão de pessoas, em 12 de Junho meio milhão e em 16 de Junho dois milhões, praticamente um terço da população de Hong Kong.

A grande adesão lançou o caos no centro de Hong Kong, com estradas cortadas e os transportes na cidade seriamente afectados, em especial o metro e os autocarros.

Com o cair da noite alguns milhares de manifestantes ‘acamparam’ à porta do parlamento, muito perto do quartel general da polícia que tinha autorizado a manifestação, mas não a marcha.

Os jovens, a esmagadora maioria dos manifestantes, protestam à frente da sede do parlamento de Hong Kong, gritando palavras de ordem e apontando ‘lasers’ às forças de segurança.

Vários elementos das forças de segurança posicionarem-se em zonas-chave no centro da cidade, como foi o caso do Gabinete de Ligação de Pequim em Hong Kong e do parlamento: o primeiro foi um dos alvos dos manifestantes, o segundo chegou mesmo a ser invadido e parcialmente vandalizado.

A porta-voz do movimento que tem liderado os protestos pró-democracia em Hong Kong disse hoje à Lusa que o derradeiro objetivo dos manifestantes é garantir o sufrágio universal no território.

A também vice-coordenadora da FFCDH, Bonnie Leung, explicou que os protestos que duram há nove semanas focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos para a China.

Contudo, ontem as reivindicações dos manifestantes contemplaram a exigência do sufrágio universal, tanto para a eleição do chefe do Governo, como para o Conselho Legislativo. A lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes. Primeiro somaram-se exigências, mas hoje o habitual pedido de demissão da chefe do Governo foi aparentemente substituído pela reivindicação pelo sufrágio universal.

Os manifestantes exigem a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

Depois das manifestações de Junho que juntaram milhões nas ruas, após uma greve geral que paralisou a cidade, de contestações marcadas por violentos confrontos e de dias de caos vividos no aeroporto, a FCDH volta a promover um protesto pacífico para aumentar a pressão sobre o Governo de Hong Kong, num momento em que Pequim mobilizou milhares de tropas na cidade vizinha de Shenzen, fazendo crescer os receios de uma intervenção chinesa.

Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo.

19 Ago 2019

Pelo menos 4 mil pessoas detidas em Caxemira em duas semanas

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 4.000 pessoas foram detidas em Caxemira sob controle indiano desde a revogação da autonomia do território por Nova Deli, há duas semanas, para evitar manifestações, disseram fontes do governo citadas pela AFP.

Estas pessoas foram detidas de acordo com a lei de segurança pública, explicou um magistrado citado pela agência de notícias francesa AFP, acrescentando que esta lei permite que as autoridades prendam uma pessoa até dois anos sem acusação ou julgamento.

A imprensa indiana contabilizava na quarta-feira 500 pessoas detidas na semana passada em Jammu-Caxemira, o lado indiano do território.

Na sexta-feira, as autoridades paquistanesas afirmaram que pelo menos seis paquistaneses foram mortos em menos de 24 horas por disparos de tropas indianas feitos a partir da Linha de Controlo na região da Caxemira.

Neste território, reivindicado pela Índia e pelo Paquistão, as tensões têm estado a crescer desde 5 de Agosto, quando o Governo indiano anunciou a revogação da autonomia constitucional do estado de Jammu-Caxemira, medida explosiva que visa colocar a região sob uma tutela mais direta de Nova Deli e que o Paquistão considerou “ilegal”.

As duas potências nucleares do sul da Ásia já travaram duas guerras pelo controlo de Caxemira.
Desde 1948, uma resolução da ONU prevê a organização de um referendo de autodeterminação em Caxemira, que se mantêm letra morta face à oposição de Nova Deli.

Diferentes grupos separatistas combatem, há décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região de Jammu-Caxemira, para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão. Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, já morreram no conflito.

À mesa das nações
Desde que a revogação do estatuto foi anunciada, a Caxemira indiana vive num “colete de forças”, com a proibição de concentrações, o corte de comunicações e o reforço das forças de segurança indianas.
Na quarta-feira, o Governo do Paquistão pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre a decisão da Índia de revogar o estatuto de autonomia de Caxemira.
O tema, que há décadas não era debatido no Conselho de Segurança das Nações Unidas, foi debatido na sexta-feira pelo órgão, à porta fechada.
Em declarações à imprensa no final dos trabalhos, a embaixadora do Paquistão na ONU, Maleeha Lodhi, disse que a sessão permitiu demonstrar que naquela região, alvo de disputa entre Islamabad e Nova Deli, as pessoas “podem estar enclausuradas, mas as suas vozes foram ouvidas nas Nações Unidas”.
Maleeha Lodhi acrescentou que as consultas no Conselho de Segurança da ONU, centradas na recente decisão indiana de condicionar a autonomia administrativa de Caxemira, “são o primeiro e não o último passo”, e terminará somente “quando for feita justiça ao povo de Jammu e Caxemira”.
O Conselho de Segurança não aprovou qualquer declaração no final da sessão à porta fechada, que foi pedida pela China e pelo Paquistão.

19 Ago 2019

Desemprego urbano dispara na China, enquanto se avolumam sinais de colapso global

O pessimismo resultante dos números negativos da economia chinesa alastrou-se ao mercado de trabalho nas grandes cidades. O desemprego urbano voltou a subir em Julho, acrescentando mais uma preocupação ao rol de problemas económicos que Pequim tem para resolver. Alargando o espectro, os mercados financeiros mundiais dão sinais de colapso à escala global

 

[dropcap]O[/dropcap]s mercados bolsistas um pouco por todo o mundo têm dado sinais assustadores, causando apreensão a investidores e governantes. As principais economias mundiais tremem, mostrando sintomas de debilidade a fazer lembrar a última grande derrocada financeira global.

Na semana passada, a diferença entre a yield dos títulos de dívida dos Estados Unidos, a 2 e a 10 anos, entrou em terreno negativo pela primeira vez desde a crise financeira de 2007. O mesmo aconteceu na dívida do Reino Unido. Na Alemanha, o Produto Interno Bruto contraiu no segundo trimestre do ano, uma tendência partilhada pela inteira União Europeia visível nos dados divulgados pelo Eurostat que apontam para a desaceleração económica no segundo trimestre.

Enquanto os mercados financeiros mostram preocupantes sinais de debilidade, as duas maiores economias mundiais prosseguem na escalada de tensões comerciais. Um dos efeitos recentes do conflito económico espelha-se no em indicadores como o da produção industrial chinesa do mês de Julho que cresceu ao nível mais fraco desde Fevereiro de 2002.

Porém, Pequim tem outro indicador económico com que se preocupar. A taxa de desemprego nas cidades chinesas atingiu no mês passado o valor mais elevado desde que se recolhe este tipo de dados, à medida que os empregadores se mostram desconfiados quanto ao que o futuro lhes reserva. Além do desemprego e da produção industrial, também o consumo e investimento imobiliário registaram resultados abaixo do esperado.

Apesar das exportações terem conseguido bons resultados em Julho, analistas económicos dizem que a fadiga provocada por mais de um ano de guerra comercial começa a corroer a confiança, levando à revisão em baixa da produção e investimento por parte da indústria manufactureira e ao apertar da bolsa dos consumidores.

Arrefecimento global

Em entrevista ao The Wall Street Journal, o economista Zhaopeng Xing referiu que “o arrefecimento da actividade económica do último mês foi ainda pior do que o verificado em 2008, quando a produção industrial sofreu com os efeitos da crise financeira global”. O especialista entende que para cumprir a meta fixada pelo Governo de Xi Jinping de crescimento económico de 2019 entre 6 e 6,5 por cento, são necessárias políticas de estímulo.

A produção industrial cresceu ao ritmo mais lento desde o início de 2009, fixando-se em 4,8 por cento em Julho face aos 6,3 por cento registados em Junho. As vendas a retalho subiram 7,6 por cento no mesmo período, face ao crescimento de 9,8 por cento de Junho, enquanto os vendedores de automóveis terminam inventários antes de entrarem em vigor os novos limites de emissões de poluentes.

“Os dados actuais demonstram que a economia chinesa enfrenta pressões negativas que não foram aliviadas pelas medidas anteriores de estímulo económico”, comentou Shuang Ding, economista da Standard Chartered ao The Wall Street Journal. Como tal, o analista da Standard Chartered espera que as medidas que pretendem estimular a economia incluam a intervenção do banco central chinês no sentido de providenciar fundos aos bancos, baixando as taxas de juro para empréstimo de médio prazo.

Para já, a prioridade de Pequim é responder com eficácia ao problema do desemprego urbano, enquanto muitas vozes questionam a veracidade dos números oficiais apresentados.

No último ano, o sector industrial perdeu perto de cinco milhões de empregos, de acordo com um relatório da China International Capital Corp., deste universo quase dois milhões foram provocados pela guerra comercial.

Neste sentido, importa referir que na passada terça-feira a Casa Branca anunciou o adiamento para 15 de Dezembro dos planos para impor novas tarifas sobre bens chineses no valor de 156 mil milhões de dólares. Esta decisão dá algum tempo para os exportadores chineses respirarem, de forma a anteciparem a exportação de bens durante os meses que antecipam o Natal. Como tal, se a guerra comercial não escalar nos próximos meses, as exportações chinesas devem manter-se em terreno positivo.

Urbano-depressivo

A nova realidade económica trouxe um fenómeno que não se conhecia ultimamente.
Quando há dez anos concluiu os estudos, a chinesa Grace Zhang encontrou logo emprego, mas agora está desempregada há meio ano, ilustrando a crescente debilidade da economia da China e um novo dilema para Pequim. “Antes, era fácil encontrar emprego: enviava o CV [‘curriculum vitae’] e recebia logo uma chamada. No espaço de uma semana trocava de empresa”, descreve à agência Lusa a chinesa, natural de Shandong, província do nordeste da China.

Aos 32 anos e confiante de que podia encontrar trabalho quando lhe apetecesse, Grace demitiu-se e tirou umas “férias prolongadas” para viajar pela Europa, mas no regresso à China logo compreendeu que “agora já não é bem assim”. “Ando há meses a enviar CV e não obtenho resposta. Estou a começar a sentir pânico”, descreve.

Vários chineses na casa dos 30 anos ouvidos pela Lusa contam histórias semelhantes: após anos de ‘boom’ económico e mobilidade social ascendente, que geraram expectativas renovadas, a economia chinesa passou a crescer ao ritmo mais lento em quase três décadas.

Após a crise financeira mundial de 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas. Entretanto, Pequim envolveu-se numa inédita guerra comercial com o Presidente norte-americano, Donald Trump, enquanto tem que gerir o excesso de endividamento gerado por um modelo económico assente no investimento público.

Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, a taxa de desemprego urbano aumentou este mês duas décimas, face a Julho, para 5,3 por cento. Neste contexto, Grace terá ainda de contar com nova concorrência: as universidades chinesas produziram, este ano, um recorde de 8,3 milhões de licenciados, quase o equivalente à população de Portugal, e mais 5,7 milhões do que há dez anos, quando ela entrou para o mercado de trabalho.

Para o Partido Comunista Chinês o novo paradigma ameaça uma das suas principais fontes de legitimidade. O contrato social selado com o povo chinês é claro: o partido mantém uma autoridade indisputada e os privilégios da elite dominante e, em troca, assegura uma melhoria dos padrões de vida e estabilidade social.

Em Julho passado, cinco agências do Conselho de Estado chinês alertaram os governos locais de que a criação de emprego “se tornou mais urgente”, associando o “emprego para recém-licenciados” com a manutenção da “estabilidade social”. O aviso não é novo, mas, este ano, o Ministério da Segurança Pública anexou pela primeira vez o seu nome.
Grace diz que há “muita gente na mesma situação” e revela estupefação com o paradigma inédito, após décadas de constante progresso económico.

No seu caso, as poupanças que fez na última década estão a evaporar-se, consumidas pelas rendas exorbitantes e crescente custo de vida na capital chinesa, mas conta que há casos piores: “Muita gente endividou-se em excesso e está a ter dificuldades em cumprir”.

No total, a dívida corporativa, das famílias e do Governo excede já 300 por cento do Produto Interno Bruto chinês, representando cerca de 15 por cento da dívida mundial, segundo um relatório publicado pelo Institute of International Finance, num número corroborado por vários analistas.

Grace ressalva, no entanto, que, independentemente dos ciclos económicos, os chineses conseguem encontrar soluções. “Há quem abra lojas no Taobao, ou se torne motorista para o Didi (o Uber chinês)”, conta, “mas ninguém fica de braços cruzados”.

19 Ago 2019