Canadá pede “muita precaução” aos canadianos que viajam para a China

[dropcap]O[/dropcap] Governo canadiano pediu na segunda-feira “muita precaução” aos cidadãos que viajam para a China, perante o “risco de aplicação arbitrária da lei”, depois de um canadiano ter sido condenado à morte naquele país.

No mesmo dia em que a justiça chinesa anunciou ter condenado à pena capital um homem canadiano, pelo crime de tráfico de droga, Otava reviu a classificação de risco em viajar para o gigante asiático, elevando para o segundo nível, numa escala de quatro. Os cidadãos canadianos devem ter “alto nível de precaução na China, devido ao risco de aplicação arbitrária das leis locais”, lê-se no ‘site’ oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros canadiano.

A advertência de Otava surge após a China ter decidido aplicar a pena de morte a um cidadão canadiano, julgado e condenado naquele país por tráfico de droga, uma decisão descrita pelo primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau como “arbitrária e muito preocupante”.

“É extremamente preocupante para nós, como Governo, como deveria ser para todos os nossos amigos e aliados internacionais, que a China tenha escolhido começar a aplicar arbitrariamente a pena de morte”, disse Trudeau.

Inicialmente, Robert Lloyd Schellenberg, de 36 anos, foi condenado a uma pena de prisão de 15 anos, mas, no seguimento de um recurso, a justiça chinesa considerou que a sentença era muito branda.

A imprensa chinesa divulgou o caso de Robert Lloyd Schellenberg em Dezembro passado, depois do Canadá ter detido, no início desse mesmo mês, a directora financeira e filha do fundador da empresa chinesa de telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos.

Meng Wanzhou seria posteriormente libertada, sob fiança, por um tribunal canadiano. Desde o início de Dezembro, as autoridades chinesas detiveram pelo menos outros 13 cidadãos canadianos, numa aparente manobra de retaliação pela detenção da “número dois” da Huawei.

15 Jan 2019

Pelo menos um morto em ataque com faca no sudeste da China

[dropcap]U[/dropcap]m ataque com faca a um grupo de pedestres, em Fuzhou, no sudeste da China, fez pelo menos um morto e dezanove feridos, informou hoje a televisão estatal chinesa CGTN. O ataque ocorreu às 21h30 de segunda-feira na capital da província de Fujian. O suspeito, um homem de 48 anos, está em fuga, após se ter atirado a um rio, na sequência do ataque.

Um dos feridos está em estado grave e os restantes estão a receber tratamento médico e encontram-se fora de perigo. As primeiras investigações indicam que o suspeito discutiu com a ex-mulher antes de perpetuar o ataque, indicou a CGTN.

Estes incidentes na China são normalmente protagonizados por pessoas com problemas psicológicos ou ressentimentos com a sociedade.

Na semana passada, vinte crianças ficaram feridas num ataque perpetrado por um homem numa escola primária em Pequim.

Em Abril passado, um homem armado com uma faca matou sete estudantes e feriu 19, quando os jovens regressavam a casa, no norte do país.

A lei chinesa proíbe rigorosamente a venda e posse de armas de fogo, pelo que os ataques são geralmente feitos com facas, explosivos de fabrico artesanal ou por atropelamento.

15 Jan 2019

Tribunal chinês condena canadiano à morte num caso de contrabando de drogas

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal chinês anunciou ontem que condenou à morte um homem de nacionalidade canadiana num caso de contrabando de drogas. O tribunal de Dalian, na província de Liaoning, no nordeste do país, identificou o condenado como Robert Lloyd Schellenberg.

Robert Lloyd Schellenberg foi preso em 2014 e inicialmente condenado a 15 anos de prisão em 2016, sob a acusação de envolvimento no contrabando de drogas. No mês passado, um tribunal de apelação concordou com os procuradores que alegaram que a sentença havia sido muito branda.

Esta sentença foi anunciada depois de a China ter detido vários cidadãos canadianos em Dezembro, em aparente retaliação à prisão de uma executiva chinesa da área de tecnologia no Canadá.

O Canadá deteve Meng Wanzhou, directora-financeira da gigante de telecomunicações chinesa Huawei, a 1 de Dezembro, a pedido dos Estados Unidos, aumentando as tensões entre os canadianos e a China.

As autoridades dos EUA pediram ao Canadá que detivesse a executiva chinesa por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Meng Wanzhou foi, entretanto, libertada sob fiança por um tribunal canadiano.

As autoridades chinesas detiveram 13 cidadãos do Canadá desde o início de Dezembro. Três casos de canadianos presos na China foram, entretanto, tornados públicos: Michael Kovrig, antigo diplomata do Canadá, e Michael Spavor, empresário com ligações à Coreia do Norte, ambos acusados de “prejudicarem a segurança nacional da China”, e Sarah McIver, professora que, entretanto, foi libertada e regressou ao Canadá.

Kovrig e Spavor continuam presos e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o Presidente norte-americano, Donald Trump, já apelaram à China para os libertar.

Canadá “extremamente preocupado”

O primeiro-ministro do Canadá afirmou estar “extremamente preocupado” perante o facto de a China ter decidido aplicar “de forma arbitrária” a pena de morte a um cidadão canadiano, julgado e condenado naquele país por tráfico de droga.

“É extremamente preocupante para nós, como governo, como deveria ser para todos os nossos amigos e aliados internacionais, que a China tenha escolhido começar a aplicar arbitrariamente a pena de morte, como neste caso que envolve um canadiano”, disse Justin Trudeau.

“Continuaremos a estar presentes para defender os interesses de todos os canadianos (…) sujeitos à pena de morte”, indicou Trudeau, reforçando que “todos os países no mundo” deviam estar igualmente preocupados com a conduta de Pequim, cujo sistema judiciário opta por agir de forma arbitrária e sem respeitar práticas de longa data relacionadas com a imunidade diplomática.

Citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), um antigo embaixador do Canadá na China, Guy Saint-Jacques, admitiu a possibilidade de as autoridades chinesas terem interrogado o antigo diplomata Michael Kovrig sobre o período em que este viveu no território chinês, o que representaria uma violação da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.

O antigo embaixador frisou a existência da imunidade diplomática residual, que significa que um país não tem permissão para questionar alguém sobre o trabalho que desenvolveu enquanto diplomata.

Estes casos suscitaram uma crise diplomática entre Pequim e Otava. A declaração proferida hoje por Trudeau está a ser considerada como a crítica mais forte de Otava às autoridades chinesas desde o início desta crise, segundo as agências internacionais.

15 Jan 2019

Elevados níveis de poluição do ar fazem soar alarmes na Ásia

[dropcap]O[/dropcap]s elevados níveis de poluição atmosférica estão a aumentar o alarme na Ásia, levando Banguecoque a distribuir máscaras e preparar chuvas artificiais para limpar o ar poluído e Seul a reduzir a circulação automóvel e a produção industrial.

“Admito que estas são soluções temporárias, mas temos de fazer isto. Outras medidas de longo prazo também serão implementadas”, referiu ontem o general da polícia de Banguecoque, Aswin Kwanmuang, numa reunião do exército, polícia do departamento de controlo da poluição.

Uma nuvem de ‘smog’, uma combinação de poeira de construção, poluição automóvel e outros poluentes, permanece nos últimos dias sobre Banguecoque devido aos padrões climáticos predominantes, levando a qualidade do ar a níveis prejudiciais.

O departamento tailandês de controlo da poluição indicou que estão a ser distribuídas cerca de 10.000 máscaras, pulverizadas águas para ajudar a assentar poeira e ainda um reforço do controlo de quando os camiões podem usar as ruas da cidade.

Cerca de metade dos elevados níveis de PM 2,5, partículas minúsculas que podem obstruir os pulmões, foi devido às emissões de gasóleo, explicou aquele departamento.

O departamento de produção real de chuva e aviação agrícola afirmou estar a preparar dois aviões para criar chuvas artificiais entre terça e sexta-feira, se as condições forem adequadas.

O problema da poluição do ar na Tailândia tende a aumentar e a diminuir em parte dependendo da época do ano.

Pralong Dumrongthai, chefe do departamento tailandês de controlo da poluição, disse que as soluções de longo prazo incluiriam a mudança para o uso de veículos eléctricos e gasolina de melhor qualidade, acrescentando que os padrões climáticos indicam que Banguecoque pode permanecer com má qualidade do ar até três meses.

Mais do mesmo

Também em Seul, capital da Coreia do Sul, registou-se um nível recorde de poluição atmosférica, após o índice PM 2.5 atingir 188 microgramas por metro cúbico, segundo dados recolhidos por estações de medição na capital sul-coreana.

Este volume é o mais alto registado na cidade desde que as medições começaram em 2015, excedendo o recorde anterior (99 microgramas registados em 25 de março do ano passado) e mais do que sete vezes o nível de 25 microgramas recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a agência de notícias Yonhap, a poluição forçou o governo metropolitano a activar o protocolo por níveis prejudiciais, o que obrigou metade dos carros registados em Seul a não circularem, enquanto o Ministério do Meio Ambiente instruiu as fábricas termoeléctricas localizadas perto de Seul a reduzir sua produção para 80%.

O governo indiano anunciou no domingo um programa de cinco anos para reduzir a poluição do ar em até 30% em relação aos níveis de 2017 nas 102 cidades mais afectadas do país.

Os principais objectivos incluem a redução da queima de resíduos de campo, lenha e carvão, a limpeza da energia térmica e emissões de automóveis e a produção de tijolos, altamente poluente, e controlo da poeira da construção.

15 Jan 2019

China | Homem julgado por poligamia após manter casamentos com três mulheres vizinhas

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal no leste da China julgou ontem por poligamia um agente imobiliário que se casou com três mulheres, em três anos, e conseguiu que morassem a menos de um quilómetro umas das outras.

O homem, de 36 anos e natural da província de Henan, centro do país, vivia na cidade de Kunshan, em Jiangsu, e duas das três mulheres foram anteriormente suas clientes.

Identificado pelo tribunal como Zhang, o homem casou com a primeira mulher em Kunshan, em 2015. O segundo casamento foi na sua cidade natal, em Henan, e o terceiro na cidade natal da mulher, na província de Anhui.

O crime não foi imediatamente descoberto porque as autoridades dos Assuntos Civis destas províncias não partilham do mesmo banco de dados, segundo a imprensa de Jiangsu.

Zhang ganhava o equivalente a vários milhares de euros por mês e sustentava todas as suas três “famílias”, segundo relatos da imprensa.

Ele arranjou forma de as três esposas viverem num raio de cerca de um quilómetro e conseguia passar tempo com as três, enquanto fingia viajar em trabalho.

Durante três anos, Zhang conseguiu segurar os três relacionamentos, uma situação que o deixou “cansado”, admitiu em tribunal.

“Eu gostava dele porque ele era um homem de palavra: cuidava bem do seu negócio e era muito carinhoso e cuidava de mim onde quer que eu fosse”, afirmou a sua segunda esposa, identificada pelo tribunal como Chen.

A terceira esposa disse que o homem lhe ligava e enviava mensagens frequentemente.

Princípio do fim

Mas o esquema de Zhang começou a desmoronar-se em março de 2017, quando a sua segunda esposa encontrou mensagens íntimas entre ele e outra mulher.

Quando ele lhe disse que ia viajar em negócios, ela seguiu-o até um complexo residencial vizinho e apanhou-o com a primeira esposa.

Numa outra ocasião, Chen notou que Zhang estava constantemente a rejeitar uma chamada. Ela memorizou o número e entrou mais tarde em contacto, descobrindo que o destinatário era a terceira mulher, grávida de um filho de Zhang.

A primeira esposa divorciou-se de Zhang. As outras duas denunciaram-no à polícia, em Março do ano passado.

Em Novembro, Zhang foi acusado de poligamia, uma ofensa criminal na China punível com até dois anos de prisão.

Zhang alegou em tribunal não saber que manter vários casamentos constituía crime.
“Vou viver com quem me perdoar e me receber depois de cumprir a minha pena”, disse.

15 Jan 2019

Encontrada caixa negra que regista o áudio da cabine do avião que caiu na Indonésia

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades indonésias anunciaram ontem que localizaram a caixa negra que registra que regista o áudio da cabine do avião da Lion Air, que caiu na Indonésia em Outubro, matando 189 pessoas.

“Recebemos a confirmação esta manhã do presidente do Comité Nacional de Segurança nos Transportes”, disse o vice-ministro do Mar, Ridwan Djamaluddin, aos jornalistas.

Restos humanos também foram descobertos no mesmo local onde as equipas de investigação encontraram o equipamento que regista o áudio na cabine, acrescentou Djamaluddin. Se caixa negra que registra as conversações entre os pilotos não estiver danificada, poderá fornecer informações adicionais valiosas para os investigadores.

Uma das caixas negras, a que colige os dados do voo, foi encontrada pouco depois do acidente que mostrou que o indicador de velocidade do avião havia apresentado defeitos nos últimos quatro voos do avião da Lion Air antes de este cair no Mar de Java.

O director do Comité Nacional de Segurança nos Transportes, Soerjanto Tjahjono, indicara já que os sensores do Boeing 737 MAX 8 que calculam o ângulo de ataque registaram uma diferença de 20 graus entre os dois lados do avião durante o voo anterior ao do acidente, entre Denpasar e Jacarta.

O ângulo de ataque de um avião é o ângulo que se forma entre a asa e a direcção do ar que incide sobre esta e é um parâmetro que influencia a capacidade do avião em se manter no ar. O voo JT610 da companhia Lion Air caiu no mar 13 minutos depois de descolar de Jacarta com destino a uma ilha vizinha e logo após o piloto pedir para regressar ao aeroporto na capital indonésia, no dia 29 de Outubro.

14 Jan 2019

Desmoronamento em mina de carvão na China causa 21 mortos

[dropcap]O[/dropcap] número de vítimas mortais após a derrocada do tecto numa mina de carvão na província de Shaanxi, no noroeste da China, subiu de 19 para 21, informaram autoridades citadas pela agência de notícias Xinhua.

As equipas de resgate encontraram os corpos dos dois mineiros que permaneciam presos no subsolo. O acidente aconteceu na tarde de sábado na mina de carvão de Lijiagou, na cidade de Shenmu, explorada pela empresa Baiji Mining Co., Ltd.

Naquele momento, 87 pessoas estavam a trabalhar no subsolo. As autoridades indicaram que foi aberta uma investigação para apurar a causa do acidente.

14 Jan 2019

Crescimento do comércio externo chinês recua em período de disputas com EUA

[dropcap]O[/dropcap] ritmo de crescimento do comércio externo da China desacelerou, em 2018, coincidindo com outros indicadores negativos da economia chinesa, numa altura de crescentes disputas comerciais com Washington e de queda na procura global.

Segundo dados das alfândegas da China hoje divulgados, as exportações subiram 7,1%, depois de terem aumentado 7,9%, em 2017. As importações avançaram 12,9%, após um aumento de 15,9%, no ano anterior.

A desaceleração pressiona Pequim a resolver as disputas comerciais com os Estados Unidos, suscitadas pelas ambições do país asiático para o sector tecnológico.

O ritmo de crescimento das exportações da China para os EUA não recuaram até ao final de 2018, apesar de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter aumentado as taxas alfandegárias sobre cerca de metade das importações oriundas da China. Analistas consideram, no entanto, que as encomendas devem cair drasticamente a partir deste ano.

14 Jan 2019

Companhia aérea vendeu por erro bilhetes de Portugal para Hong Kong por cerca de mil dólares

[dropcap]A[/dropcap] companhia aérea de Hong Kong Cathay Pacific vendeu voos entre Portugal e a região administrativa especial, em primeira classe, por cerca de mil dólares, repetindo um erro de sistema que já tinha acontecido há duas semanas. A escala do voo era em Londres.

“Estamos à procura da causa deste incidente tanto interna como externamente com os nossos vendedores”, disse um porta-voz da empresa ao jornal da China. Os clientes que conseguiram esta tarifa – cerca de dez vezes abaixo do normal – são “um número muito pequeno de pessoas”, afirmou a mesma fonte.

Na noite de Ano Novo, dezenas de viajantes também compraram bilhetes a preços muito baixos entre o Vietname e a América do Norte.

A empresa teve um ano de 2018 difícil, com perdas de 33 milhões de dólares no primeiro semestre, já que enfrenta uma concorrência cada vez maior das empresas chinesas, com preços agressivos.

A Cathay também foi vítima de um gigantesco caso de violação de dados, admitindo no final de Outubro que 9,4 milhões de passageiros foram atingidos. Os piratas informáticos acederam a dados pessoais, como datas de nascimento, números de telefone e passaportes.

14 Jan 2019

Huawei | Despedido funcionário detido na Polónia por espionagem

[dropcap]O[/dropcap] gigante de telecomunicações Huawei despediu o seu funcionário chinês detido na Polónia por suspeita espionagem, num comunicado citado pelo Global Times.

O grupo explicou que “decidiu rescindir imediatamente o contrato com Wang Weijing” uma vez que “este incidente teve efeitos nefastos sobre a reputação mundial da Huawei” e disse que respeita as leis dos países em que opera.

“A Huawei sempre respeitou as leis e regulamentos em vigor no país onde está localizada (…) e exige que todos os funcionários cumpram as leis e regulamentos do país”, afirmou o grupo chinês, no comunicado, em que acrescentou que Wang Weijing foi preso por “motivos pessoais”, sem mais detalhes.

Segundo informações prestadas na sexta-feira pelas autoridades polacas, um empresário chinês e um outro polaco, ambos funcionários de “uma grande empresa de electrónica”, foram detidos, na terça-feira, por acusação de espionagem a favor do governo chinês, podendo enfrentar uma pena até dez anos de prisão.

Os média polacos e chineses apontaram então os dois empresários como sendo funcionários da Huawei.
Uma fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou a “grande preocupação” com este caso e diz que já pediu ao governo polaco um “tratamento justo, de acordo com a lei, e a protecção efectiva” do empresário.

14 Jan 2019

China vai facilitar acesso de turistas estrangeiros ao Tibete

[dropcap]A[/dropcap] China vai facilitar o acesso dos turistas estrangeiros ao Tibete, visando aumentar em 50% as visitas à Região Autónoma, enquanto o acesso por diplomatas e correspondentes continuará a ser limitado, informou a televisão estatal CCTV.

As autoridades pretendem reduzir para metade o tempo que demora a emissão da autorização necessária para turistas estrangeiros entrarem na região, um processo que demora, actualmente, pelo menos 15 dias, revelou o presidente do governo regional, Qi Zhala, citado pela CCTV.

Além do visto chinês, os estrangeiros precisam da uma autorização especial para visitar o Tibete, uma exigência que as autoridades justificam com as “tradições únicas da etnia tibetana, o património cultural, a capacidade de receber turistas e as necessidades de protecção ambiental”.

No ano passado, o número de turistas que visitou a região registou um crescimento homólogo de 31,5%, para 33,68 milhões de pessoas, mas apenas 270.000 dos visitantes foram estrangeiros, segundo dados oficiais.

Com cerca de três milhões de habitantes, o Tibete tem uma área equivalente ao dobro da Península Ibérica, mas é há várias décadas palco de protestos e revoltas contra o domínio chinês, desde a sua ocupação por tropas da República Popular, em 1951.

A região é mantida sob rigoroso controlo pelo Governo central e as autoridades locais, enquanto Pequim proíbe diplomatas e jornalistas estrangeiros de entrarem na região, excepto em visitas organizadas pelas autoridades ou pelo departamento de propaganda do Partido Comunista. Os turistas estrangeiros que querem visitar o Tibete, incluindo a capital Lhasa, têm de fazê-lo em grupo e acompanhados de um guia.

O plano para facilitar o acesso à região surge depois de, em Dezembro passado, o senado dos Estados Unidos aprovar a Lei de Acesso Recíproco do Tibete (“Reciprocal Access to Tibet Act”).

A normativa, que deverá ser aprovada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, prevê a proibição de entrada nos EUA de funcionários chineses que impeçam funcionários, jornalistas e outros cidadãos norte-americanos de viajarem livremente no Tibete.

Segundo a organização com sede em Washington International Campaign for Tibet, mais de 150 tibetanos imolaram-se pelo fogo desde fevereiro de 2009, em protestos contra o que classificam de opressão do Governo Chinês. Pequim considera que a região é desde há séculos parte do território chinês.

O líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, que Pequim acusa de ter “uma postura separatista”, vive exilado na vizinha Índia, na sequência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa em 1959.

Seguidores do Dalai Lama, que em 1989 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, acusam Pequim de tentar destruir a identidade religiosa e cultural do Tibete.

14 Jan 2019

Repatriados mais de mil suspeitos de corrupção na China em 2018

[dropcap]A[/dropcap China conseguiu a repatriação de mais de mil suspeitos de corrupção fugidos além-fronteiras e recuperar 519 milhões de dólares em ganhos ilícitos, no ano passado, parte da mais ampla campanha anti-corrupção da história da República Popular.

O órgão máximo anti-corrupção do país informou que entre os 1.335 repatriados, 307 eram membros do Partido Comunista Chinês ou funcionários do Governo, e cinco faziam parte de uma lista entregue por Pequim à Interpol.

Entre estes constam Xu Chaofan, ex-gerente de uma sucursal do Banco da China na província de Guangdong, no sul do país, e suspeito de ter desviado 485 milhões de dólares, antes de ter fugido para os Estados Unidos, há 17 anos.

Yao Jinqi, um antigo vice-chefe de condado, foi extraditado a partir da Bulgária, sendo o único fugitivo repatriado desde um país da União Europeia.

Desde que há quatro anos lançou a operação “Skynet”, visando suspeitos de corrupção evadidos além-fronteiras, a China conseguiu capturar 5.000 fugitivos.

Só no ano passado, 621.000 pessoas foram punidas por corrupção no país, incluindo 51 quadros de nível ministerial ou superior, segundo a Comissão Central de Disciplina e Inspecção do PCC.

14 Jan 2019

Presidente de Taiwan nomeia novo primeiro-ministro após renúncia do Governo

[dropcap]A[/dropcap] Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, nomeou hoje Su Tseng-chang como o novo primeiro-ministro da ilha, após a renúncia esperada de todos os membros do Governo, motivada pela derrota eleitoral do partido em Novembro.

A governante oficializou a nomeação numa conferência de imprensa, na qual estiveram presentes o primeiro-ministro cessante, Lai Ching-te, e o primeiro-ministro eleito, que já havia ocupado o cargo entre 2006 e 2007.

Lai Ching-te anunciou a demissão na noite de quinta-feira, após um Conselho de Ministros extraordinário no qual todo o Governo também se demitiu. A decisão era esperada em Taiwan, onde os primeiros-ministros normalmente renunciam após uma derrota eleitoral do seu partido.

O Partido Progressista Democrático (PPD) sofreu uma derrota clara nas eleições locais de 24 de Novembro, o que desencadeou disputas internas e críticas de sectores radicais pró-independência face à possível candidatura presidencial de Tsai em 2020.

Tsai Ing-Wen, eleita em 2016, tinha apresentado as eleições como um referendo à vontade da sua administração em manter a independência da ilha face a Pequim.

O vice-primeiro-ministro deverá ser Chen Chi-mai, candidato derrotado à autarquia da cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, de acordo com o jornal da ilha Ziyou Shibao.

11 Jan 2019

Vendas de automóveis na China recuam em 2018 pela primeira vez desde 1990

[dropcap]A[/dropcap]s vendas de automóveis na China caíram 5,8%, em 2018, para 22,35 milhões de veículos, no primeiro declínio anual desde 1990, segundo dados difundidos ontem pela imprensa estatal, coincidindo com outros indicadores negativos da economia chinesa.

Em Dezembro passado, as vendas registaram uma queda homóloga de 19,3%, para 2,22 milhões de unidades, no sétimo mês consecutivo de queda homóloga, segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily. “A situação é mais grave do que imaginávamos”, afirmou o presidente da Associação da China para Automóveis de Passageiros, Cui Dongshu, citado pelo jornal.

Cui considerou que a desaceleração do ritmo de crescimento da economia chinesa, o aumento dos preços da habitação e as perdas nas praças financeiras do país “minaram a confiança dos clientes”.

Entre as marcas mais afectadas constam a General Motors (queda homóloga de 9,9%) ou do maior fabricante de automóveis da China, o SAIC Motor (um aumento homólogo de 1,75%, depois de ter crescido 6,8%, em 2017). A construtora chinesa Geely aumentou as suas vendas em 20%, face a 2017, ficando 5% aquém da sua meta oficial.

Mas Cui Dongshu acredita que o mercado, depois de “bater no fundo”, vai voltar a crescer, este ano, graças à redução das taxas alfandegárias sobre veículos importados dos Estados Unidos e os esforços dos fabricantes chineses para reduzir inventário, a partir do segundo semestre do ano passado.

“Haverá um crescimento positivo, de pelo menos 1%, em 2019”, considerou o responsável, afirmando que “o Governo está a estudar oferecer novos incentivos à compra de veículos”. No terceiro trimestre de 2018, a economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,5%, o ritmo mais baixo dos últimos dez anos.

E, no mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses, enquanto em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde dezembro de 2015, e as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuaram para 8,1%, o ritmo mais lento desde maio de 2003.

11 Jan 2019

Seul | Co-fundadora de ‘site’ pornográfico condenada a quatro anos de prisão

[dropcap]A[/dropcap] co-fundadora do maior ‘site’ pornográfico da Coreia do Sul foi condenada ontem a quatro anos de prisão, num contexto de indignação sul-coreana contra a “pornografia com câmara espia”.

Dezenas de milhares de sul-coreanos participaram nos últimos meses de protestos contra esse fenómeno, chamado de “molka”, cujos vídeos sem autorização mostravam imagens de mulheres na casa de banho, escola, nos transportes e vestiários.

O ‘site’ Soranet, fundado em 1999, oferecia dezenas de milhares de vídeos pornográficos, incluindo filmes de “vingança pornográfica” ou mesmo as tais imagens de mulheres em locais públicos. A produção ou distribuição de pornografia é ilegal na Coreia do Sul.

O Soranet foi encerrado em 2016 após reclamações de grupos de defesa dos direitos das mulheres.
A sua proprietária, de 45 anos, identificada pelo seu nome de família, Song, foi sentenciada a quatro anos de prisão e ao pagamento de uma multa de 1,4 mil milhões de won (um milhão de euros) por ajuda e cumplicidade na distribuição de material obsceno.

Song foi condenada por “violar gravemente a dignidade universal dos outros”, de acordo com um comunicado do tribunal, no qual se sublinha que esta obteve um lucro “enorme”.

A mulher agora condenada viveu durante anos, em fuga, na Nova Zelândia antes de ser detida em Junho passado, depois de ter sido forçada a regressar quando as autoridades sul-coreanas cancelaram o seu passaporte.

O seu marido e outro casal, também co-proprietários do ‘site’, todos cidadãos australianos ou com autorização de residência permanente, encontram-se fora da Coreia do Sul.

11 Jan 2019

China considera abrir novas bases militares no exterior

[dropcap]A[/dropcap] China não descarta abrir mais bases militares no exterior, caso exista “necessidade”, afirmou um tenente-general das Forças Armadas chinesas, depois de, em 2017, Pequim ter inaugurado a sua primeira instalação militar além-fronteiras, no Djibuti.

Citado pelo jornal oficial China Daily, He Lei, antigo vice-presidente da Academia de Ciências Militares do Exército de Libertação Popular (ELP), afirmou que a abertura de novas bases vai depender de “dois factores”. “Esta questão será determinada pela necessidade em prestar melhor apoio às missões da ONU”, afirmou.

“Em segundo lugar, a abertura depende da aprovação do país onde a base está localizada”, acrescentou He Lei, garantindo que, na ocorrência destas condições, “a China pode construir novas bases de apoio no exterior”.

O responsável salientou que a principal função destas instalações é fornecer “apoio logístico” às unidades chinesas além-fronteiras, e não criar uma base para as forças militares do país.

Inaugurada em 2017, a única base militar da China no exterior fica no corno de África e visa “fornecer apoio logístico” às tropas chinesas envolvidas em missões anti-pirataria, operações de paz da ONU e resgates no Golfo de Áden e na costa da Somália.

10 Jan 2019

Austrália vai analisar pedido de asilo de jovem saudita sob protecção do ACNUR

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas confirmaram que receberam o pedido de asilo da jovem saudita que está sob a protecção do ACNUR em Banguecoque, na Tailândia, e que irão analisar o caso.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) enviou, de facto, “o caso para a Austrália para consideração de concessão de asilo como refugiada”, referiu num comunicado o Ministério do Interior australiano.

“Se for verificado que é uma refugiada, então nós estudaremos verdadeiramente, realmente a sério, a oportunidade de (concessão de) um visto humanitário”, havia dito anteriormente o ministro da Saúde australiano, Greg Hunt, no canal de televisão ABC. Hunt acrescentou que discutiu o caso com o ministro da Imigração, David Coleman, na terça-feira à noite. A Austrália é conhecida pela sua severa política de imigração.

“Vou continuar o meu caminho para chegar a um país onde estarei segura”, disse Rahaf Mohammed Al-Qunun, numa das suas mensagens publicadas em árabe na rede social Twitter. O ACNUR considerou que a jovem saudita Rahaf Mohammed Al-Qunun, que fugiu para a Tailândia, é uma refugiada e pediu à Austrália que lhe concedesse asilo.

Rahaf Mohammed Al-Qunun tinha previsto viajar para a Austrália, onde pretendia pedir asilo depois de receber ameaças de morte da sua família por ter rejeitado um casamento arranjado e também a religião islâmica, mas foi detida pelas autoridades tailandesas numa escala em Banguecoque no fim de semana passado.

De férias no Kuwait com sua família, Rahaf Mohammed al-Qunun, de 18 anos, fugiu e aterrou no aeroporto de Banguecoque.

As autoridades tailandesas queriam deportá-la para a Arábia Saudita na manhã de segunda-feira, mas Rahaf Mohammed al-Qunun barricou-se no seu quarto de hotel do aeroporto, de onde publicou mensagens desesperadas e vídeos na rede social Twitter, afirmando-se ameaçada de morte pela sua família caso regressasse a casa.

A adolescente ficou sob a protecção do ACNUR depois de deixar o aeroporto da capital tailandesa.

A jovem chegou no sábado ao aeroporto tailandês num voo a partir do Kuwait, onde aproveitou o facto de as mulheres não necessitarem de autorização dos seus “guardiões masculinos” para viajar, como ocorre na Arábia Saudita.

As autoridades tailandesas informaram que o pai e um irmão de Rahaf Mohammed Al-Qunun estão em Banguecoque, mas a jovem recusou encontrar-se com ambos.

10 Jan 2019

Embaixador chinês no Canadá acusa egoísmo ocidental e supremacismo branco

[dropcap]O[/dropcap] embaixador da China no Canadá acusou na quarta-feira os dirigentes de Otava e os seus aliados de “egoísmo ocidental e supremacismo branco”, ao exigirem a libertação imediata de dois canadianos detidas por Pequim, acusadas de ameaça à segurança nacional.

Em artigo publicado no The Hill Times, o embaixador da China, Lu Shaye, também acusou o Canadá pela detenção em 1 de Dezembro da directora financeira do grupo chinês de telecomunicações Huawei, que considerou “não ter fundamento”.

Dois canadianos, o ex-diplomata Michael Kovrig e o consultor Michael Spavor, estão detidos desde há um mês na China, que os acusa de actividades “que ameaçam a segurança nacional”, uma fórmula utilizada frequentemente por Pequim para se referir a alegada espionagem.

Pequim garante que estas detenções não estão relacionadas com a da directora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, mas numerosos observadores veem aí uma medida de retorsão da China, irritada com a interpelação pelo Canadá da filha do fundador do grupo chinês, a pedido dos EUA.

“Compreende-se que os canadianos se preocupem com os seus próprios cidadãos. Mas manifestaram inquietação ou simpatia com Meng [Wanzhou] depois da sua detenção ilegal e a sua privação de liberdade?”, escreveu o embaixador no jornal de Otava.

“Parece que para algumas pessoas, apenas os cidadãos canadianos devem ser tratados de maneira humanitária e a sua liberdade considerada preciosa, enquanto os chineses não o merecem”, acrescentou.

Para Lu Shaye, “a razão pela qual certas pessoas estão habituadas a dois pesos e duas medidas é devido ao egoísmo ocidental e ao supremacismo branco”.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e o presidente norte-americano, Donald Trump, denunciaram, durante uma chamada telefónica, feita na segunda-feira, “a detenção arbitrária” de Kovrig e Spavor.

A Alemanha, a Austrália, a França, o Japão, o Reino Unido e a União Europeia também deram o seu apoio ao Canadá nesta crise diplomática.

Meng foi colocada em liberdade condicionada em Vancouver, Canadá, enquanto aguarda por uma decisão sobre a sua extradição para os Estados Unidos da América, que suspeitam do seu envolvimento numa fraude para contornar sanções ao Irão.

10 Jan 2019

Coreia do Sul quer ajudar a levantar sanções, mas avisa sobre desnuclearização norte-coreana

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da Coreia do Sul disse hoje que vai cooperar com a comunidade internacional para serem levantadas as sanções contra a Coreia do Norte, mas defendeu que esta deve dar “passos mais ousados e práticos para a desnuclearização”.

“Medidas correspondentes deveriam ser concretizadas para facilitar a continuação dos esforços de desnuclearização da Coreia do Norte”, acrescentou Moon Jae-in, citando, por exemplo, a aceitação dos Estados Unidos de um “regime de paz” e uma declaração formal que coloque um ponto final na Guerra da Coreia (1950-1953).

Moon Jae-in referiu-se ainda a dois projectos de cooperação entre os dois países no Monte Kumgang, na Coreia do Norte, e no complexo industrial de Kaesong, no norte da fronteira, foram suspensos na última década, juntamente com outros projectos semelhantes devido à pretensão norte-coreana de investir no seu programa nuclear.

“Congratulamo-nos com a intenção da Coreia do Norte de retomar a sua operação sem condições ou compensação”, disse Moon.

“A minha administração vai cooperar com a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, para resolver as questões restantes, como sanções internacionais, o mais rápido possível”, explicou.

As declarações de Moon foram feitas após o regresso do líder norte-coreano de uma viagem de quatro dias a Pequim, que incluiu um encontro com o Presidente chinês Xi Jinping.

10 Jan 2019

Kim Jong-un quer que cimeira com Trump dê resultados que permitam desnuclearização

[dropcap]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jong-un, terá dito ao homólogo chinês, Xi Jinping, que quer “obter resultados” que resolvam o impasse nuclear na península coreana, durante a segunda cimeira com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

O comentário foi citado na imprensa estatal chinesa, um dia depois de Kim regressar a Pyongyang no seu comboio blindado e composto por mais de vinte carruagens, após uma visita oficial a Pequim.

Tratou-se da quarta visita de Kim à China, no espaço de dez meses, num esforço para acertar estratégias com o único grande aliado do regime norte-coreano, antes de uma segunda cimeira com Trump.

A visita ocorreu depois de representantes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte se reunirem no Vietname para acertarem o local para uma segunda cimeira com Trump.

A Coreia do Norte “vai-se esforçar para que a segunda cimeira, entre os líderes (norte-coreanos) e norte-americanos alcance resultados que sejam bem recebidos pela comunidade internacional”, afirmou Kim, citado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Todos os lados devem “trabalhar, em conjunto, para chegar a uma resolução abrangente na questão da península coreana” e a Coreia do Norte “continuará disposta à desnuclearização e a resolver a questão da península coreana através do diálogo e da consulta”, acrescentou.

Kim disse ainda que Pyongyang quer que as suas “preocupações legítimas” sejam devidamente respeitadas, numa referência ao desejo do regime por garantias de segurança e um possível tratado de paz, que ponha formalmente fim à Guerra da Coreia (1950-1953). Tecnicamente, aquele conflito ainda não acabou, pois não foi assinado nenhum tratado de paz, apenas um armistício.

Kim enalteceu ainda o papel de Xi Jinping na redução das tensões regionais, notando que a “tensão na península coreana diminuiu, desde o ano passado, e que o importante papel da China neste processo é óbvio para todos”.

A China é o maior aliado diplomático e o principal parceiro comercial da Coreia do Norte. Xi Jinping afirmou que a China apoia a cimeira entre os EUA e a Coreia do Norte e que espera que os dois países “encontrem um meio termo”.

A agência noticiosa oficial norte-coreana afirmou que Xi aceitou um convite para visitar a Coreia do Norte, mas sem avançar mais detalhes. Desde que ascendeu ao poder, em 2012, Xi nunca visitou a Coreia do Norte, tornando-se o primeiro Presidente chinês a visitar Seul antes de ir ao país vizinho.

Donald Trump e Kim Jong-un reuniram-se, em Singapura, no ano passado, num encontro histórico que ocorreu depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), na sequência dos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington. No entanto, desde então houve pouco progresso real no desarmamento nuclear.

Analistas consideram que a visita de Kim faz também parte de um esforço para obter o apoio da China, que permita reduzir as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, na sequência de vários testes atómicos e com misseis balísticos, e que isolaram ainda mais a débil economia do país.

No seu discurso de Ano Novo, Kim expressou frustração pela falta de progresso nas negociações com Washington, afirmando que sem uma redução das sanções e garantias de segurança, Pyongyang poderá ter que encontrar “um novo caminho”.

A agência de notícias sul-coreana Yonhap escreveu que Kim visitou uma zona de desenvolvimento tecnológico, nos arredores de Pequim, na quarta-feira, e que passou cerca de 30 minutos numa fábrica do famoso fabricante de medicamentos chineses Tong Ren Tang.

A Yonhap revelou que Kim reuniu com Xi durante uma hora, na terça-feira, e participou depois num banquete no Grande Palácio do Povo, junto à praça Tiananmen, oferecido por Xi e a sua esposa, Peng Liyuan.

Terça-feira, o primeiro dia da visita de Kim, coincidiu também com o seu aniversário, mas não houve notícias de comemorações oficiais.

10 Jan 2019

Canadá interpela Japão sobre a “importância da conservação das baleias”

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro canadiano interpelou ontem o seu homólogo japonês, Shinzo Abe, sobre “a importante questão da conservação das baleias”, após Tóquio formalizar a retirada da Comissão Baleeira Internacional para retomar a pesca comercial em Julho.

O arquipélago asiático junta-se assim à Islândia e à Noruega, únicos países que praticam a caça de baleia para fins comerciais, e abriu caminho a duras críticas da comunidade internacional e das organizações defensoras dos direitos dos animais.

Segundo um comunicado ontem divulgado, durante uma conversa telefónica na segunda-feira à noite entre os dois dirigentes, Justin Trudeau “prometeu trabalhar com parceiros internacionais para proteger as espécies de baleias”.

O Japão anunciou a 26 de Dezembro passado a sua saída da Comissão Baleeira Internacional (IWC, na sigla em inglês), desafiando abertamente os defensores dos cetáceos, 30 anos após o fim oficial de caça às baleias, cuja população continua a diminuir.

Outra das questões discutidas entre ambos foi o comércio internacional, saudando a entrada em vigor, a 30 de Dezembro, do Acordo de Livre Comércio Transfronteiriço (IPPP, na sigla em inglês).

Trudeau e Abe também debateram a próxima cimeira do G20, que será realizada em Junho em Osaka, no Japão, com o primeiro-ministro canadiano a prometer que o Canadá “apoiará activamente o Japão para ajudá-lo a ter sucesso”.

Por fim, falaram sobre a “detenção de dois cidadãos canadianos na China, reiterando ambos a importância [da luta] pela Justiça e pelo Estado de Direito”, adianta o comunicado.

As autoridades chinesas mantêm há um mês detidos o ex-diplomata canadiano Michael Kovrig, contratado pelo ‘think tank’ Internacional Crisis Group e o construtor canadiano Michael Spavor, que mantém frequentes contratos com a Coreia do Norte, indiciados por ameaças à segurança do Estado.

Muitos observadores acreditam que as detenções são uma retaliação pela prisão, em Vancouver, do diretor financeiro da empresa Huawei, gigante de telecomunicações da China.

9 Jan 2019

População chinesa entra em declínio “imparável” dentro de dez anos, diz estudo

[dropcap]A[/dropcap] população chinesa vai entrar num declínio “imparável” nas próximas décadas e terá uma população activa cada vez menor, mas que terá de sustentar uma sociedade mais envelhecida, conclui um relatório ontem divulgado.

O relatório, publicado por uma unidade de investigação do Governo chinês três anos depois de a China ter abolido a política de filho único, refere que a “era do crescimento populacional negativo está quase a chegar”, prevendo que a população do país atingirá um pico de 1.440 milhões, em 2029.

A seguir, o declínio nas taxas de fecundidade levará a uma diminuição da população para 1.172 milhões de habitantes, em 2065, prevê o relatório da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

A China, nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, aboliu a 1 de Janeiro de 2016 a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Pelas contas do Governo, sem aquela política, a China teria hoje quase 1.700 milhões.

Mas a população em idade activa estagnou, considera o relatório, enquanto o rácio de dependência – o número de trabalhadores em relação à população que não trabalha (sobretudo crianças e reformados) – continua a aumentar.

“Em teoria, o declínio demográfico a longo prazo, especialmente acompanhado pela escalada do envelhecimento da população, está fadado a ter consequências sociais e económicas muito negativas”, lê-se no relatório, que não detalha quais serão as consequências.

Especialistas alertam que, à medida que a população em idade activa da China encolhe, o consumo poderá também diminuir, o que poderá ter consequências para a economia global, que depende da China como principal motor de crescimento.

O relatório recomenda ao Governo que elabore políticas para enfrentar os desafios do declínio iminente. Segundo a actual política de natalidade, que substituiu a de “um casal, um filho”, a maioria dos casais chineses pode ter apenas duas crianças.

Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões.

Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e embora tenha aberto novas creches, passando a oferecer incentivos à natalidade.

Em 2017, o número total de nascimentos fixou-se em 17,23 milhões, menos 630.000 do que no ano anterior. Demógrafos estimam que, no ano passado, nasceram 15 milhões de crianças na China, o número mais baixo desde 2000.

Segundo especialistas, a queda deve-se sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano, e aos altos custos e falta de tempo para criar uma criança.

A actual restrição de dois filhos pode assim vir a ser também abolida, permitindo que as famílias tenham vários filhos, pela primeira vez em décadas.

Apesar das projecções de declínio no país mais populoso do mundo, as Nações Unidas estimam que a população global continue a crescer. Um relatório de 2017 estima que, em 2030, chegue aos 8,6 mil milhões, e que, até ao final do século, alcance os 11,2 mil milhões. A Índia deve superar a China como o país mais populoso até 2024, segundo a ONU.

9 Jan 2019

Câmara baixa da Índia vota projecto de lei que exclui refugiados muçulmanos

[dropcap]A[/dropcap] câmara baixa do parlamento da Índia aprovou ontem um projecto de lei que permite atribuir a cidadania a refugiados de diversas comunidades religiosas à excepção dos muçulmanos, provocando novas manifestações de protesto no nordeste do país.

A legislação, que ainda deve ser aprovada pela câmara alta do parlamento, envolve milhões de pessoas que nas últimas décadas fugiram do Bangladesh, do Paquistão e do Afeganistão, onde o islão é predominante, para se instalarem nas regiões do norte da Índia.

Se for aprovada a lei, tornar-se-ão indianos os membros de várias comunidades religiosas, como os hindus, os cristãos e os sikhs, originários daqueles três países que tenham vivido pelo menos seis anos na Índia, sendo explicitamente excluídos os muçulmanos.

A votação do projecto de lei desencadeou um segundo dia de protestos no estado de Assam, no nordeste do país, que nas últimas décadas acolheu milhões de refugiados dos países vizinhos.

Os manifestantes opõem-se não à exclusão dos muçulmanos da legislação, mas ao facto de texto permitir a atribuição da cidadania a migrantes, que acusam de ficarem com o trabalho das populações locais.

Assam, território montanhoso conhecido pelas suas plantações de chá e com 33 milhões de habitantes, é palco há décadas de tensões entre grupos étnicos e tribais locais e os migrantes.

Durante as manifestações de ontem, militantes da Organização dos Estudantes do Nordeste (NESO) saquearam instalações do Partido Bharatiya Janata (do primeiro-ministro Narendra Modi) no estado de Assam.

9 Jan 2019

Presidente da Apple manifesta-se “muito optimista” num acordo EUA e China

[dropcap]O[/dropcap] presidente executivo da Apple, Tim Cook, manifestou-se hoje “muito optimista” face às negociações para um acordo comercial entre Estados Unidos da América e China, afirmando ser a favor “dos melhores interesses” para os dois países.

Numa entrevista à cadeia norte-americana CNBC, o líder da tecnológica definiu como “muito complexo” o pacto e considerou “temporária” a debilidade económica da China, relacionada com as turbulências comerciais.

“O tratado será bom não só para nós, como também o será para o mundo em geral. O mundo precisa de uma economia forte nos Estados Unidos e China para que a mundial também o seja”, afirmou o presidente da tecnológica norte-americana que fabrica os seus produtos na China.

Na semana passada, a Apple reviu em baixa as expectativas dos resultados no primeiro trimestre do seu ano fiscal, apontando a debilidade do mercado chinês como uma das razões, além de vendas menores que o esperado dos seus modelos iPhone.

Tim Cook criticou ainda aqueles que têm “desvalorizado” a filosofia de novos produtos e serviços da Apple. “Na minha honesta opinião existe uma cultura de inovação na Apple que, combinada com alguns clientes incríveis e leais, consumidores felizes, este virtuoso sistema está provavelmente desvalorizado”, salientou.

9 Jan 2019