Pelo menos quatro mortos na passagem do tufão Yutu pelas Filipinas

[dropcap]P[/dropcap]elo menos quatro pessoas morreram na sequência da passagem do tufão Yutu pelas Filipinas, onde as equipas de resgate continuam as operações para encontrar sobreviventes entre a lama e os destroços, informaram hoje as autoridades.

O prefeito de Natonin, na ilha de Luzón, confirmou à imprensa local que cerca de 30 pessoas estão presas num edifício oficial do Governo, soterrado após um deslizamento de terra, e que as equipas de salvamento continuam as operações de resgate.

O prédio é a sede do Departamento Provincial de Obras Públicas, onde dezenas de pessoas afetadas se refugiaram das chuvas intensas e dos ventos fortes do Yutu. O tufão Yutu atingiu na terça-feira as Filipinas e provocou danos materiais, como a queda de árvores e casas que perderam os telhados, além de forçar a retirada de milhares de pessoas.

A tempestade – que passou a sul da trajetória do tufão Mangkhut, que fez dezenas de mortos no mês passado – provocou trombas de água em Luzón, a ilha mais populosa do arquipélago. Yutu tocou a terra na madrugada de terça-feira, com ventos que sopravam a 150 quilómetros por hora, com rajadas de até 210 quilómetros por hora.

Quase dez mil pessoas que vivem em áreas baixas deixaram as suas casas antes da chegada do tufão devido ao risco de inundações. Os ventos destruíram casas, telhados ficaram desfeitos e postes de iluminação e árvores foram arrancados.

Os responsáveis pela gestão de catástrofes disseram que o Yutu é menos poderoso do que o Mangkhut, que provocou a morte de mais de 100 pessoas, a maioria num deslizamento de terra na região de Itogon.

As Filipinas são atingidas todos os anos por cerca de 20 tufões, que causam centenas de mortes e agravam ainda mais a pobreza que atinge milhões de pessoas. O Haiyan, um dos tufões mais violentos de sempre, devastou o centro do arquipélago em novembro de 2013, deixando mais de 7.350 mortos ou desaparecidos, tendo ainda deixado sem habitação mais de quatro milhões de pessoas.

Ainda não é certo se o tufão Yutu irá atingir Macau, uma vez que a possibilidade de ser içado sinal 8 é, para já, muito baixa.

31 Out 2018

China não precisa de Portugal para entrar em África, mas haver empresas portuguesas ajuda, aponta CCLC

[dropcap]O[/dropcap] presidente da câmara de comércio e indústria luso-chinesa, João Marques da Cruz, considerou que “a China não precisa de Portugal” para entrar em África, mas reconheceu que os negócios com empresas portuguesas são mais viáveis.

“Objectivamente a China não precisa de Portugal para entrar em nenhum país africano”, disse o responsável, acrescentando que “sem dúvida que as empresas portuguesas, com o ‘know-how” que têm em África e na América Latina, conseguem acrescentar valor porque conseguem que, se o negócio envolver uma empresa portuguesa, a cooperação empresarial, de negócios, seja melhor recebida e os negócios têm mais condições de serem viáveis se envolverem empresas portuguesas do que diretamente empresas chinesas”.

Em declarações à Lusa a propósito da gala que se realiza na quarta-feira em Lisboa, para assinalar os 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países, com a presença do primeiro-ministro e do embaixador chinês em Portugal, e que acontece antes da visita do Presidente chinês a Portugal, em dezembro, João Marques da Cruz vincou que “o importante é haver uma relação permanente e a um nível elevado de relações económicas entre empresas portuguesas e chinesas e não esteja dependentes dos momentos e altos e baixos”.

Já estamos “a entrar nessa fase de relação estável e de nível elevado entre os dois países”, considerou o também administrador da EDP com o pelouro internacional, vincando acreditar que “as empresas portuguesas possam ser parceiros úteis para negócios entre a China e os países do hemisfério sul, nomeadamente na América Latina e em África”.

Questionado sobre a importância que a iniciativa ‘Rota da Seda’ pode ter para as empresas portuguesas, João Marques da Cruz salientou que Portugal pode beneficiar dessa ideia chinesa.

“Podemos beneficiar dessa iniciativa de investimento, que é a maior iniciativa de investimento em curso no mundo, com investimento muito centrado em infraestruturas, é importante que Portugal se posicione, porque todos os países estão a posicionar-se, mesmo os de maior relevância económica”, disse o administrador da EDP, apontando o exemplo da Alemanha.

“Portugal, com pergaminhos na relação da Europa com a China através de Macau, deve posicionar-se para ser recetor de investimento, fundamentalmente pensado para infraestruturas”, disse, acrescentando: “Julgo saber de um interesse português num investimento no porto de Sines por parte de empresas chinesas e isso encaixa totalmente na lógica da Rota da Seda porque se trata de uma infraestruturas estratégica e há essa propensão chinesa para esse tipo de investimento”.

A nova Rota da Seda foi lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais elétricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, e então percorridas por caravanas.

Os projetos são sobretudo construídos por empresas chinesas e financiados pelos bancos estatais da China, estendendo-se à Europa, Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

Em 2017, as trocas comerciais entre os dois países fixaram-se nos 5,6 mil milhões de dólares, com as exportações chinesas a somarem 3,48 mil milhões de dólares e as vendas de Portugal à China a ascenderam aos 2,12 mil milhões de dólares, uma subida homóloga de 34,69%.

31 Out 2018

Antigo quadro da agência de espionagem líder da Universidade de Pequim

[dropcap]U[/dropcap]ma das mais prestigiadas universidades da China nomeou ontem para novo líder o antigo director da filial em Pequim da agência chinesa de espionagem, ilustrando a crescente pressão do regime chinês sobre o meio académico.

A escolha de Qiu Shuiping para secretário do Partido Comunista (PCC) na Universidade de Pequim surge numa altura em que a liderança chinesa, sob o comando do Presidente Xi Jinping, procura reforçar a conformidade académica e a influência do partido nas universidades do país. Qiu formou-se em Direito, em 1983, pela Universidade de Pequim, onde foi também secretário-geral da Liga da Juventude Comunista da China.

Entre 2013 e 2014, foi secretário do partido no gabinete em Pequim do ministério chinês da Segurança do Estado, o organismo encarregue da espionagem e contra espionagem. A nomeação de Qiu visa formar uma instituição “de classe mundial com características chinesas (…) aproveitando as oportunidades na nova era”, lê-se num comunicado de imprensa emitido pela universidade e que recorre à linguagem oficial do PCC.

Poder reforçado

Sob a liderança de Xi Jinping, que após uma emenda constitucional recente poderá exercer como Presidente vitalício, as autoridades chinesas têm reforçado o controlo sobre a sociedade civil, ensino ou religião.

“No Governo, exército, sociedade ou escolas, norte, sul, este ou oeste – o Partido [Comunista] comanda tudo”, afirmou Xi Jinping, no discurso que inaugurou o XIX Congresso do PCC, em Outubro passado.

O mais poderoso líder chinês desde Mao tem também advertido contra a infiltração de conceitos políticos liberais nas universidades do país, pressionando os académicos a aderirem às noções do regime comunista.
No entanto, centenas de milhares de jovens chineses estudam hoje em universidades fora do país.
A própria filha de Xi formou-se na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

31 Out 2018

China elimina interdição do comércio de partes de tigre e rinoceronte

Numa decisão que contraria a política posta em prática nos últimos anos de combate ao comércio ilegal de espécies em vias de extinção, o Governo chinês volta a abrir portas a caçadores furtivos e contrabandistas. Grupos de protecção dos animais falam de “consequências devastadoras a nível global”

 

[dropcap]A[/dropcap] China vai voltar a permitir o comércio de produtos feitos à base de partes de tigres e rinocerontes em perigo de extinção, sob “circunstâncias especiais”, numa decisão condenada por grupos de protecção dos animais.

Um comunicado divulgado na segunda-feira pelo Governo chinês evita referir qualquer alteração à lei que interdita o comércio, referindo apenas que vai “controlar” a venda e compra, e que os chifres do rinoceronte e ossos de tigre poderão ser comprados apenas a partir de animais criados em cativeiro, para “pesquisa médica e cura [de doenças]”.

“Sob circunstâncias especiais, a regulação da venda e uso destes produtos vai ser reforçada, e qualquer acção relacionada vai ser autorizada. O volume do comércio vai ser rigorosamente controlado”, lê-se na mesma nota.

Ossos de tigre e chifres de rinoceronte são usados na medicina tradicional chinesa, apesar da falta de evidência sobre a sua eficácia no tratamento de doenças e do impacto na vida selvagem.
O Fundo Mundial para a Natureza considerou que a decisão de Pequim vai ter “consequências devastadoras a nível global”, ao permitir que caçadores furtivos e contrabandistas se ocultem por detrás do comércio legal.

“Com a população de tigres selvagens e rinocerontes num nível tão baixo e sob várias ameaças, a legalização do comércio de partes do corpo é simplesmente um risco demasiado grande”, reagiu em comunicado Margaret Kinnaird, directora do Fundo.

“A decisão parece contradizer a liderança que a China tem assumido, recentemente, no combate ao comércio ilegal de espécies selvagens”, afirmou.

Trocas de marfim

A China proibiu o uso e comércio do osso de tigre e chifre de rinoceronte em 1993, depois de aderir à Convenção sobre o comércio internacional de espécies em perigo de extinção, que inclui mais de 170 países.
Nesse ano, eliminou o osso de tigre e o corno de rinoceronte da farmacopeia da medicina tradicional chinesa.
Já no início deste ano, Pequim baniu o comércio e transformação de marfim de elefante.
Desde então, o marfim de elefante deu lugar ao de mamute nos mercados chineses, em Cantão, segundo a agência Lusa.

“Ninguém se atreve a vender marfim de elefante; a polícia mantém vigilância apertada”, explicaram vários vendedores em Hualin, um dos maiores mercados da capital da província de Guangdong.
No entanto, a efectividade da lei está ameaçada pelo comércio nos países vizinhos, com visitantes e intermediários chineses a comprarem marfim de elefante no Japão, Laos ou Vietname, segundo várias organizações de conservação da vida selvagem.

A China é o maior consumidor mundial de marfim, símbolo de estatuto e parte importante da cultura e arte tradicionais chinesas.

31 Out 2018

Seis meses depois, Boracay procura recuperar do fecho

Boracay abriu aos turistas na passada sexta-feira. As festas de praia estão proibidas e o número diário de turistas passa a fixar-se em 19 mil. Interrompida a principal actividade económica, a população passou a sofrer ainda mais privações. Joven Antolin não cruzou os braços e perante a adversidade serviu mais de 26 mil refeições a famílias carenciadas durante o período em que a ilha esteve encerrada

 

[dropcap]A[/dropcap]cabaram-se as festas. Boracay reabriu ao turismo, com novas e apertadas regras. Para já, foi anunciado que as festas na praia têm os dias contados, assim como a ingestão de bebidas alcoólicas e o consumo de tabaco. Outra das mudanças face ao que era habitual nos areais de Boracay é a proibição de vendedores, massagistas, espectáculos de fogo e, para já, desportos aquáticos. Também a quantidade imensa de barcos que habitualmente ficavam ancorados à beira-mar foram forçados a atracar noutras paragens.
Além destas alterações, foi fixado um número mínimo de turistas permitidos diariamente na ilha (19 mil), enquanto o número máximo de trabalhadores passou a ser 15 mil por dia.

É de referir que no ano passado, Boracay foi visitada por dois milhões de turistas, o que apurou mil milhões de dólares de lucro, em grande parte às custas de um desastre ambiental que estava à vista de todos.

Antes do encerramento da ilha, as autoridades filipinas descobriram que cerca de um terço dos 600 a 700 resorts operavam sem licença. Deste universo, apenas foi permitida a reabertura a 157 hotéis, oferecendo 7308 quartos aos primeiros turistas que regressaram a um dos mais procurados destinos turísticos da Ásia.
O Executivo de Duterte tem planos para alargar a “restauração” a outros pontos de grande procura no arquipélago, que tem mais de sete mil ilhas.

A nova visão do Governo filipino para Boracay irá também afectar a indústria do jogo, nomeadamente o grupo Galaxy que se preparava para abrir um casino na ilha, com um investimento previsto de cerca de 500 milhões de dólares norte-americanos. O casino seria aberto em parceira com um grupo filipino, que face à notícia de que não seria permitido jogo em Boracay emitiu um comunicado dirigido à Bolsa de Valores das Filipinas a dizer que não tem mais informações a acrescentar sobre o projecto, além do que foi noticiado nos meios de comunicação social.

Vida suspensa

Na passada sexta-feira terminou o calvário de um povo que ficou, de um dia para o outro, sem sustento. Durante seis meses, os empregos e salários ficaram em suspenso. Não houve turistas a quem dar massagens ou refeições para servir nos restaurantes. Em nome da protecção ambiental, a ilha de Boracay esteve fechada durante seis meses ao turismo e só abriu na passada sexta-feira.

De portas encerradas, os residentes da paradisíaca ilha na província de Aklan, depararam-se com desemprego e, por consequência, fome. Joven Antolin, filipino com nacionalidade canadiana e proprietário de um hotel na ilha, resolveu abrir as portas para dar de comer a parte da comunidade, em especial numa das áreas mais pobres na zona norte, Yapak. Todos os dias, adultos e crianças fizeram fila com um prato nas mãos à espera de comida.

Seis meses depois, Joven Antolin disse ao HM que serviu um total de 26,750 refeições a moradores da ilha e garante que há ainda pessoas à espera de licenças para poder regressar ao trabalho. “Muitos dos locais que vivem na nossa comunidade ainda estão à espera de trabalho, pois estavam ligados aos barcos de recreio e, neste momento, a sua circulação ainda não é permitida. Muitas mulheres que vendiam bugigangas e lembranças também continuam à espera do Governo”, confessou.

Face a esta circunstância, quem esperou seis meses para voltar ao activo, vai ter de aguardar mais, com “paciência e um grande espírito de perseverança”, sublinha Joven.

“Algumas pessoas que antes estavam empregadas em hotéis tiveram a oportunidade de regressar. Os locais que conduziam barcos, tinham bancas de rua, eram massagistas na praia ainda estão à espera dos planos que o Governo terá para eles. Muitos dos hotéis ainda não conseguiram abrir porque necessitam de licença. O processo para a obtenção dessa licença é muito caro.”

Ainda assim, o Governo liderado por Rodrigo Duterte tem providenciado “subsídios que servem de incentivo ao trabalho na comunidade”. “Essas pessoas [que continuam à espera] limpam as ruas e o Governo paga-lhes por esse trabalho, mas não tenho a certeza se esse programa vai continuar”, acrescentou.
O proprietário do hotel referiu também que antes do fecho de Boracay a turistas, “a maioria dos trabalhadores na área do turismo, ligados a hotéis e restaurantes, foram reencaminhados para as áreas metropolitanas”.

Restam sinais de emprego pouco qualificado e mal pago, assegura. “Apenas 15 por cento dos locais tem um emprego significativo na área do turismo. Espero que isso mude.”

Além das questões laborais, permanecem problemas relacionados com infra-estruturas. No interior da ilha há ainda muitas vias rodoviárias em péssimas condições e, por isso, fechadas à circulação do trânsito. “As estradas ainda estão em obras e pode levar algum tempo até que fiquem concluídas. Também é necessário mexer em alguns edifícios que precisam de ser demolidos. Acredito que tudo ficará a funcionar bem, tendo em conta algumas estruturas que já estão concluídas.”

No passado dia 11, Joven Antolin escreveu na sua página de Facebook que a ilha poderia não estar ainda pronta para receber turistas. “Será que iremos receber bem as pessoas quando a maior parte das estradas estão em construção e continuam a existir inundações quando chove e a electricidade se mantém inconsistente? Será que trazer pessoas beneficia o processo?”, questionou.

Para o proprietário do Oasis Resort and Spa, esta situação “não é justa para os convidados que não fazem a mínima ideia de como está o interior da ilha, sobretudo quando estão disponíveis poucos serviços”, escreveu.

Apoio não acabou

Domingo, dia 28, foi o último dia em que o resort de Joven Antolin distribuiu refeições a famílias necessitadas, mas o empresário garante que vai continuar a desenvolver um programa de cariz social.
“No último domingo foi o último dia em que demos alimentação à comunidade e começamos a preparar o hotel para os hóspedes. Ainda providenciamos refeições gratuitas para os alunos e damos essas refeições nas salas de aula.”

Nos próximos meses, todos os que se hospedarem no hotel de Joven Antolin poderão ajudar também a comunidade. “Começámos um programa que vai continuar neste ano académico. Nesta altura, vou levar vários doentes para Manila que precisam de cirurgias, na maioria ao coração e ancas, e também para que façam check-ups médicos. Esperamos que os futuros hóspedes da ilha possam considerar hospedar-se no nosso hotel para que possamos continuar a prestar cuidados à nossa comunidade. Aqui podem ter férias com uma finalidade.”

Neste sentido, os turistas poderão também fazer voluntariado e participar “no programa de doação de refeições ou até a ajudar alunos no programa que estamos a desenvolver”. “Podem desfrutar de um bom dia na praia e fazer a diferença ao mesmo tempo, é uma situação em que ambos ganhamos”, disse ao HM.

Ao longo dos últimos seis meses, Joven Antolin foi mantendo um diário do seu programa de apoio no Facebook. No passado dia 3, foi relatada a fome que muitos sentiram nestes meses em que o negócio e o trabalho pararam por completo. “Dia 156: ter fome e não ter nada, ao mesmo tempo que se observa os outros a comer, é a pior experiência que alguém pode ter. Nesta fase, já servimos 23,400 refeições e estamos gratos por esta oportunidade de servir a comunidade neste período duro e por podermos oferecer refeições gratuitas a todos os que precisam.”

Outro dos relatos feitos por Joven Antolin tem como foco o aumento dos preços dos alimentos nos mercados. “Dia 99: em apenas dois dias os preços dos vegetais voltaram a aumentar. As couves e cenouras que comprei há dois dias a 100 pesos por quilo (dois dólares americanos) estão agora a 140 pesos (2.75 dólares). Há o receio de que os preços continuem a aumentar”, apontou.

Ajuda na saúde

Além de providenciar comida, Joven Antolin tem ajudado várias pessoas que necessitam de tratamentos médicos. Com esse propósito, abriu uma campanha de recolha de fundos. O gerente de hotelaria divulgou um desses casos na sua conta de Facebook no passado dia 6 de Setembro. “Dia 129: Ontem, depois de servir refeições visitei um homem que necessita de uma cirurgia à anca. Ele e os quatro filhos vivem numa divisão pequena, que tinha o chão inundado devido à água da chuva. Estavam bastante envergonhados por me deixarem entrar, mas quis conhecer a realidade em que têm vivido. É um local pequeno com camas partidas e cheio de roupas molhadas. Mas, ainda assim, as crianças mantém um sorriso. Augusto tem feito um enorme esforço para cuidar dos filhos mesmo que isso o magoe fisicamente.” Mais tarde, este homem acabou por receber tratamento com a ajuda de Joven Antolin.

Descrita como “fossa séptica” pelo próprio presidente filipino, Rodrigo Duterte, a ilha de Boracay voltou a abrir portas ao turismo com a água mais limpa e com menos espaços hoteleiros e de restauração junto às praias.

Além disso, haverá uma cota de visitantes autorizados e novas regulamentações, como a proibição de tabaco e álcool nas praias, a fim de trazer ordem para ao litoral. O objectivo agora é tornar sustentável uma ilha que acolheu nos últimos anos até dois milhões de turistas por ano.

A ministra do Turismo das Filipinas, Bernadette Romulo-Puyat, espera que este “novo” Boracay marque uma “cultura sustentável do turismo” nas Filipinas. “Trata-se de ter em conta o impacto das nossas acções sobre o estado actual e futuro do meio ambiente”, disse.

31 Out 2018

Presidente cubano Miguel Díaz-Canel visita China na próxima semana

[dropcap]O[/dropcap] presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, vai visitar a China a partir da próxima semana e participará na feira International Import Expo, que decorre em Xangai, “capital” económica do país, informou ontem o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Trata-se da primeira visita de Díaz-Canel ao país asiático. “Acreditamos que, com esta visita, continuaremos a fortalecer os nossos laços bilaterais de amizade” afirmou, em conferência de imprensa, Lu Kang.

Também os presidentes da República Dominicana e El Salvador, Danilo Medina e Salvador Sánchez Cerén, respetivamente, vão visitar o país asiático entre 31 de Outubro e 8 de Novembro, a convite do Presidente chinês, Xi Jinping.

A feira internacional de Xangai, que decorre entre 5 e 10 de Novembro, contará ainda com a participação do presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, entre outros líderes internacionais.

El Salvador, República Dominicana e Panamá romperam recentemente relações com Taiwan, passando a reconhecer Pequim como a capital de toda a China. Na International Import Expo participam ainda o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, e o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev.

30 Out 2018

Moeda chinesa recua face ao dólar dos EUA para valor mais baixo em dez anos

[dropcap]A[/dropcap] moeda chinesa caiu ontem para o nível mais baixo em dez anos face ao dólar norte-americano, aproximando-se da barreira de um dólar para sete yuan, numa altura de fricções comerciais com Washington. Ao meio dia de ontem, na China, 6,9644 yuans valiam um dólar norte-americano, a cotação mais baixa desde Maio de 2008.

Washington acusa Pequim de práticas de concorrência desleal, nomeadamente a desvalorização da moeda chinesa, como forma de estimular as exportações. O yuan não é inteiramente convertivel, sendo que a sua cotação pode variar, no máximo, dois por cento por dia face a um pacote de moedas internacionais.

Este mês, no entanto, o Departamento do Tesouro norte-americano recusou classificar a China como manipulador de moeda, mas afirmou que mantém o país sob vigia. As autoridades chinesas prometeram evitar a “desvalorização competitiva”, num período de disputas comerciais com os Estados Unidos em torno das ambições chinesas para o setor tecnológico.

O presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias de 25% sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China.

A queda do yuan apoia os exportadores chineses face à subida das taxas alfandegárias nos EUA, ao reduzir o preço dos seus bens na moeda norte-americana, mas encoraja os investidores a tirar dinheiro da China, levando a um aumento nos custos de financiamento de outras indústrias domésticas.

O nível de um dólar para sete yuan pode reforçar a atenção dos EUA para com o valor da moeda chinesa. Um relatório publicado ontem pelo banco japonês Mizuho Bank prevê que as autoridades chinesas “permaneçam firmes” e previnam uma “capitulação para um nível inferior a sete dólares”.

Desde Abril, a moeda chinesa caiu quase 10%, face ao dólar norte-americano, à medida que os indicadores da economia chinesa abrandam e a Reserva Federal norte-americana aumenta as taxas de juro.

O Banco do Povo Chinês (banco central do país) pode comprar ou vender moeda – ou pedir aos bancos comerciais do país que o façam – controlando assim a oscilação do valor do yuan.

30 Out 2018

Filipinas | Duterte coloca Alfândega sob controlo das Forças Armadas

[dropcap]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, colocou os serviços da Alfândega daquele país sob o controlo “temporário” das Forças Armadas depois daquela entidade não ter conseguido interceptar mais de uma tonelada de drogas escondidas em contentores.

“Todos os altos comandantes serão substituídos pelos militares, (…) enquanto resolvemos como enfrentar a corrupção neste país”, disse Duterte no domingo em Davao.
Na semana passada, Duterte anunciou que substituiria todos os altos funcionários da Alfândega depois da Agência Antidrogas ter informado que tinha entrado no país metanfetamina no valor de 11 mil milhões de pesos.

“Com este tipo de jogo sujo com que alguns estão a brincar, sou forçado a pedir ao Exército que assuma o controlo”, disse Duterte, que tem travado uma guerra contra a droga que já custou milhares de vidas.

Em Agosto, as autoridades encontraram restos de drogas no porto de Cavite, dias depois de meia tonelada de metanfetaminas ter sido interceptada escondida nos elevadores do porto de contentores de Manila, o que leva a crer que os estupefacientes tenham ainda assim acabado por entrar no país.

No seu discurso de domingo, Duterte disse que o restante pessoal da alfândega está num “estado flutuante”, já que a maioria foi acusada de corrupção e reportam diretamente ao Gabinete do Presidente.

30 Out 2018

Austrália proíbe funcionários de viajarem na Lion Air

A queda de um avião da companhia aérea indonésia ‘low cost’, Lion Air, vem engrossar ainda mais a lista de acidentes aéreos que ocorrem nas ligações entre as ilhas do arquipélago asiático. A bordo do Boeing 737 seguiam 188 pessoas

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo australiano anunciou ontem ter proibido funcionários do Governo e contratados a voar com a companhia indonésia Lion Air, até que pelo menos esteja concluída a investigação sobre o acidente de ontem.

As autoridades indonésias informaram ontem que um avião da companhia aérea Lion Air caiu no Mar de Java, com 188 pessoas a bordo, 13 minutos após ter descolado do aeroporto de Jacarta.
“Depois da queda de um avião da Lion Air hoje (ontem), funcionários do Governo australiano e contratados foram instruídos a não voar com a Lion Air. A decisão será revista quando forem claros os resultados da investigação ao acidente”, explica o alerta.

A curta mensagem não formaliza qualquer recomendação a outros cidadãos australianos. O avião seguia da capital indonésia para Pangkal Pinang, na ilha de Samatra, num voo que tinha uma duração prevista de uma hora. O avião Boeing 737-800, da companhia aérea de ‘low cost’ Lion Air, partiu de Jacarta por volta das 06:20 de ontem.

A página de internet da Flightradar, que regista o percurso dos voos, mostra num mapa a trajectória da aeronave em direção a sudoeste, um desvio para sul e depois para nordeste antes de desaparecer repentinamente sobre o Mar de Java, não muito longe da costa.

Dependências fatais

A Indonésia, um arquipélago do sudeste asiático de 17.000 ilhas e ilhotas, é altamente dependente de ligações aéreas, sendo que os acidentes são comuns. Em Agosto, uma criança de 12 anos sobreviveu a um acidente aéreo que matou oito pessoas numa área montanhosa da remota província de Papua (leste).

Em Dezembro de 2016, 13 pessoas morreram quando um avião militar se despenhou perto de Timika, outra região montanhosa de Papua. Em Agosto de 2015, um ATR 42-300 da companhia aérea indonésia Trigana Air, que transportava 49 passageiros e cinco tripulantes, todos indonésios, caiu nas Montanhas Bintang. Nenhum sobrevivente foi encontrado.

30 Out 2018

Rota da Seda | Seguradora alerta para planeamento “inadequado”

Muitos dos projectos exteriores impulsionados pelo investimento chinês enfrentam derrapagens orçamentais de grande dimensão. O director da China Export and Credit Insurance Corporation,Wang Wen, denuncia as enormes perdas financeiras e deixa o aviso de que poderá acontecer “um grande desastre” se nada for feito

 

[dropcap]O[/dropcap] planeamento de alguns dos principais projectos de infraestruturas lançados pela China além-fronteiras tem sido “absolutamente inadequado”, resultando em grandes perdas financeiras, advertiu ontem o director da seguradora de crédito estatal da China.

Citado por um jornal de Hong Kong, Wang Wen, que dirige o China Export and Credit Insurance Corporation, disse que os empreiteiros e financiadores de projectos no âmbito da iniciativa chinesa ‘Nova Rota da Seda’ precisam de reforçar a sua gestão de risco para “evitar um desastre”.

Wang Wen exemplificou com os erros na execução da linha ferroviária entre Adis Abeba e o Djibuti, inaugurada no início deste ano, e com um custo de construção fixado em quatro mil milhões de dólares.
Segundo o responsável, a dívida contraída para a construção da linha teve já que ser reestruturada, devido à subutilização da infraestrutura, por falhas de energia.

“A capacidade de planeamento da Etiópia é fraca, mas mesmo a ajuda do Sinosure [China Export and Credit Insurance Corporation] e do banco chinês que concedeu o crédito foi insuficiente”, afirmou.
Wang Wen apontou outros projectos financiados pela China, incluindo refinarias de açúcar com escasso fornecimento de beterraba-sacarina, planta usada na produção de açúcar ou linhas ferroviárias subutilizadas na América Latina.

Bancos estatais e outras instituições ligadas ao Governo chinês estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito da ‘Nova Rota da Seda’, um gigantesco plano de infraestruturas que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático. Críticos da iniciativa apontam para um aumento problemático do endividamento dos países envolvidos e insustentabilidade dos projectos que, em alguns casos, coloca estes países numa situação financeira volátil.

Caminhos de milhões

Com 796 quilómetros de extensão, a linha ferroviária entre Adis Abeba e o Djibuti, que dá acesso marítimo à Etiópia, foi construída pelas estatais chinesas China Rail Engineering Corporation e China Civil Engineering Construction Corporation. Grande parte do financiamento, mais de 3.300 milhões de dólares, foi contraído junto do Export-Import Bank of China.

O Sinosure, que dá garantia de pagamento ao projecto, já desembolsou, até agora, quase mil milhões de dólares, segundo Wang. Em Setembro passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou no Fórum de Cooperação China-África, em Pequim, 60 mil milhões de dólares em assistência e empréstimos para países africanos, no âmbito da ‘Nova Rota da Seda’.

O financiamento inclui 15 mil milhões de dólares em doações, empréstimos sem juros e sob condições preferenciais; 20 mil milhões em linhas de crédito; a criação de um fundo especial de dez mil milhões para financiar o desenvolvimento; um fundo especial de cinco mil milhões para financiar importações do continente africano e dez mil milhões em investimento directo por empresas chinesas.

30 Out 2018

Bolsonaro quer aproximar-se de Taiwan, mas China deu-lhe os parabéns

[dropcap]A[/dropcap] China felicitou hoje Jair Bolsonaro pela eleição, lembrando que os dois países são parceiros estratégicos, apesar da aproximação do Presidente eleito do Brasil a Taiwan e críticas feitas ao investimento chinês durante a campanha.

“A China e o Brasil mantêm uma parceria estratégica abrangente; desenvolver os laços entre a China e o Brasil é um consenso geral dos dois países”, afirmou hoje à agência Lusa o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro acusou a China de manter uma atitude “predatória” nos investimentos realizados no Brasil. “A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês”, disse.

Bolsonaro tornou-se ainda o primeiro candidato presidencial brasileiro a visitar Taiwan desde que o Brasil reconheceu Pequim como o único Governo chinês, em 1974, aderindo ao princípio ‘uma só China’, visto pelo regime chinês como garantia de que Taiwan é parte do seu território.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Já a ilha onde se refugiou o antigo Governo nacionalista chinês depois de os comunistas tomarem o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

Lu Kang lembrou que o princípio ‘uma só China’ é um “consenso” da comunidade internacional, que está na base do desenvolvimento das relações externas de Pequim.

“A China está pronta a seguir o princípio do respeito pelos interesses fundamentais dos dois países para trabalhar com o Brasil e avançar com a nossa parceira estratégica”, disse.

O porta-voz chinês lembrou que a cooperação entre Pequim e Brasília, em instituições multilaterais como o BRICS [bloco de grandes economias emergentes, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul] “servem os interesses comuns dos países em desenvolvimento e mercados emergentes”.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o principal investidor externo no país sul-americano, tendo comprado, nos últimos anos, ativos estratégicos nos setores da energia ou mineração.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.

De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral brasileiro, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, e a abstenção foi de 21% de um total de mais de 147,3 milhões eleitores inscritos.

França e Rússia parabenizam

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, também felicitou Jair Bolsonaro e manifestou vontade de continuar a cooperação com o país “no respeito” pelos “princípios democráticos”. Em comunicado, a presidência francesa referiu que Macron felicitou Bolsonaro, da extrema-direita, acrescentando “a França e o Brasil têm uma parceria estratégica baseada nos valores comuns de respeito e de promoção dos princípios democráticos”. “É no respeito por este valores que a França deseja continuar a sua cooperação com o Brasil”, referiu-se no comunicado.

Já o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, manifestou o seu desejo de desenvolver ainda mais as “relações construtivas” entre os dois países, divulgou o Kremlin. Num telegrama enviado a Bolsonaro, Putin referiu que “aprecia muito a experiência tão significativa de cooperação mutuamente benéfica para em vários campos no âmbito da associação estratégica”.

O líder russo manifestou a sua “confiança no desenvolvimento de todo o tipo de relações russo-brasileiras, bem como na cooperação construtiva no marco das Nações Unidas, no G20, nos BRICS e outras organizações multilaterais na defesa do interesse dos povos da Rússia e do Brasil”, referiu-se na nota do Kremlin.

29 Out 2018

Brasil/Eleições: Bolsonaro vence na votação de brasileiros em Timor-Leste e na região

[dropcap]A[/dropcap] comunidade de eleitores brasileiros em Timor-Leste votou maioritariamente a favor de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil na segunda volta das eleições de ontem, tendência que se repetiu nos países da região. Dos 44 votantes que participaram na eleição de hoje em Díli, 27 votaram a favor de Bolsonaro e 11 de Fernando Haddad, tendo-se registado cinco votos nulos.

Na primeira volta e dos 41 eleitores que votaram, Bolsonaro tinha obtido 26 votos e Haddad apenas dois. Resultados de outras votações na região confirmam a vitória ampla de Bolsonaro, que obteve 63,35% dos votos em Sydney, na Austrália (1196 votos) contra os 734 de Haddad (34,64%), tendo-se registado 224 votos brancos ou nulos.

Em Melbourne Bolsonaro obteve 131 votos e Haddad 75. Fotos distribuídas nas redes sociais de documentos afixados em locais de votação confirmam igualmente a ampla vitória de Bolsonaro no Japão e na Nova Zelândia.

29 Out 2018

China ganhou 55 novos multimilionários em 2017

[dropcap]A[/dropcap] China registou o ano passado 55 novos multimilionários, o número mais elevado em qualquer país, e que juntamente com a Índia produziu três quartos dos novos multimilionários do mundo.

De acordo com um relatório do banco suíço UBS e da consultora PwC, citado pela agência de notícias estatal chinesa Xinhua, os Estados Unidos ficaram em segundo lugar, registando 53 novos multimilionários em 2017. O continente asiático tem agora 637 multimilionários, mais cerca de 25% que em relação ao período homólogo do ano anterior. De acordo com o mesmo estudo, os EUA têm 563 e a Europa 342.

O banco suíço UBS e consultora PwC considerarem que a riqueza da Ásia ainda é “relativamente volátil”, com um clima de rápido desenvolvimento económico que constrói fortunas rapidamente, mas que também tão desaparecem facilmente. Ao todo do mundo existem 2.158 multimilionários, cuja riqueza combinada é de 8,9 biliões de dólares, acrescentou o relatório.

29 Out 2018

Coreias | Menos 11 postos de guarda na fronteira comum

[dropcap]A[/dropcap]s duas Coreias acordaram sexta-feira desmantelar até ao final de Novembro 11 postos de guarda ao longo da sua fronteira comum, com o objectivo potencial de retirar mais tarde todos os outros, anunciaram altos responsáveis militares.

O acordo concluído entre generais do Norte e do Sul insere-se na melhoria de relações entre os dois países que tem vindo a ocorrer desde Janeiro, após dois anos de subida de tensão devido aos programas nucleares e balísticos de Pyongyang.

Durante a sua terceira cimeira, em Setembro, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, comprometeram-se a tomar medidas para reduzir as tensões ao longo da sua fronteira.

As duas Coreias estão ainda tecnicamente em guerra, dado o conflito de 1950-53 ter terminado com um armistício e não com um acordo de paz.
Nas discussões de sexta-feira, os dois campos decidiram retirar todos os militares e armas de 11 postos de guarda de cada lado da fronteira e destruí-los até ao final de Novembro, segundo um comunicado divulgado pelo exército sul-coreano.

A Zona de Segurança Conjunta (JSA na sigla em inglês) de Panmunjom é a única parte da fronteira intercoreana, com 250 quilómetros, onde as tropas dos dois países estão frente a frente.
No âmbito das medidas de apaziguamento, os dois lados terminaram na quinta-feira a retirada de todas as armas e postos de guarda da JSA, que passa a ser vigiada apenas por 35 funcionários não armados de cada um dos países.

A melhoria de relações entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte já se traduziu na realização de três cimeiras intercoreanas, assim como num encontro histórico entre Kim Jong-un e o Presidente norte-americano, Donald Trump.

29 Out 2018

Pequim | Assinados dez acordos de cooperação com Japão

A visita do primeiro ministro japonês Shinzo Abe a Pequim, acompanhado por uma extensa delegação de empresários, com o intuito de relançar as relações entre os dois gigantes asiáticos, resultou na assinatura de dez acordos nas áreas financeira e comercial

 

[dropcap]A[/dropcap] China e o Japão assinaram sexta-feira, em Pequim, dez acordos nas áreas financeira e comércio, e reafirmaram o compromisso de trabalharem pela estabilidade da região, após anos de tensão em torno de disputas territoriais.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, reuniu sexta-feira com o seu homólogo chinês, Li Keqiang, no Grande Palácio do Povo, na primeira visita bilateral de um líder japonês a Pequim em quase sete anos, no âmbito da qual os acordos foram assinados.

O Banco do Povo Chinês (banco central) e o Banco do Japão assinaram um acordo para fortalecer a cooperação e melhorar a estabilidade financeira em ambos os países.
O documento prevê que, até 2021, as duas instituições realizem trocas nas respectivas moedas locais, num valor máximo de 200.000 milhões de yuan.

Cerca de 500 líderes empresariais japoneses acompanham Abe na visita a Pequim, que inclui a organização de um fórum China-Japão para cooperação em terceiros países, “à luz da crescente influência internacional da China e da ida de empresas chinesas para o exterior”, segundo explicou fonte do governo japonês aos jornalistas, na passada semana, na embaixada japonesa em Pequim.
Desporto, inovação ou comércio são as outras áreas abrangidas pelos acordos agora assinados.

Coreia nuclear

Os dois líderes abordaram ainda a desnuclearização da Coreia do Norte, com Li Keqiang a manifestar a disposição de Pequim para manter relações de longo prazo com Tóquio, visando manter a estabilidade regional.

“Temos objectivos e responsabilidades comuns”, sublinhou Abe, por sua vez, numa conferência de imprensa conjunta com Li.
O primeiro-ministro japonês assegurou ainda que o seu governo deseja “normalizar” as relações diplomáticas com Pyongyang. Abe reuniu ainda com o Presidente chinês, Xi Jinping.

As visitas de alto nível entre os dois países estavam suspensas desde 2012, quando o Japão nacionalizou as ilhas Senkaku (Diaoyu para os chineses), no mar do Leste da China, levando a protestos violentos na China e a uma queda do investimento japonês no país vizinho.

As relações entre Pequim e Tóquio continuam marcadas pelo persistente ressentimento da China face à invasão e ocupação pelo Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, e uma rivalidade por influência política, militar e económica na Ásia.

No entanto, as trocas comerciais entre o Japão e a China atingiram cerca de 300.000 milhões de dólares, no ano passado. Desde fabricantes de automóveis a processadores de alimentos, os grupos japoneses são importantes actores no mercado chinês.

29 Out 2018

China | Pelo menos 13 mortos em mina de carvão

[dropcap]O[/dropcap] número de mortos num acidente numa mina de carvão no norte da China subiu para 13 informou, ontem a agência oficial Xinhua em novo balanço. O anterior balanço, na sexta-feira, apontava para 11 mortos.
O acidente ocorreu no sábado passado e desde então a operação de resgate prossegue, apesar de, até ao momento, ter sido encontrado apenas um mineiro com vida.

As autoridades continuam a remover as pedras e a tentar resgatar os oito mineiros que ainda se encontram presos no subsolo.
As causas do acidente estão ainda a serem investigadas, mas as autoridades consideram que acidente deveu-se ao rompimento de uma rocha, que destroçou uma secção do túnel e bloqueou a saída a parte dos 334 trabalhadores nas minas. As equipas de resgate conseguiram evacuar 312.

As minas de carvão na China, consideradas na última década as mais perigosas do mundo, registaram o ano passado 219 acidentes, dos quais resultaram 375 mortos, uma descida de 28,7% face a 2016 e 20 vezes menos do que os registados há uma década.

O pior ano deste século foi 2003, quando se contabilizaram 6.990 mortes nas minas do país. O encerramento de minas ilegais, muitas delas de pequena dimensão, e o aumento das ações de fiscalização contribuíram para a queda no número de vítimas mortais. Cerca de dois terços da energia consumida na China continuam a assentar no carvão.

29 Out 2018

Avião indonésio caiu no mar, afirmam autoridades

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades da Indonésia acabam de confirmar que o voo da Lion Air que voava esta madrugada de Jakarta, capital do país, para a cidade de Pangkal Pinang, na ilha de Sumatra, caiu no mar. “Confirma-se que o avião caiu no mar”, disse Yusuf Latif, porta-voz da agência indonésia responsável pelas investigações e buscas neste tipo de incidentes, citado pelo jornal South China Morning Post. A bordo viajavam 188 pessoas, sendo que o avião Boeing 737-800 partiu de Jacarta por volta das 06h20 de hoje.

O avião da Lion Air, uma companhia de aviação ‘low cost’ indonésia desapareceu do radar poucos minutos depois de descolar do aeroporto de Jacarta, segundo a mesma fonte.

A página de internet da Flightradar, que regista o percurso dos voos, mostra num mapa a trajetória da aeronave em direção a sudoeste, um desvio para sul e depois para nordeste antes de desaparecer repentinamente sobre o mar de Java, não muito longe da costa.

A Indonésia, um arquipélago do sudeste asiático de 17.000 ilhas e ilhotas, é altamente dependente de ligações aéreas, sendo que os acidentes são comuns.

Em Agosto, uma criança de 12 anos foi a única sobrevivente de um acidente aéreo que matou oito pessoas numa área montanhosa da remota província da Papua.

Em Dezembro de 2016, 13 pessoas morreram quando um avião militar se despenhou perto de Timika, outra região montanhosa da Papua.

Em Agosto de 2015, um ATR 42-300 da companhia aérea indonésia Trigana Air, que transportava 49 passageiros e cinco tripulantes, todos indonésios, caiu nas montanhas Bintang. Nenhum sobrevivente foi encontrado.

29 Out 2018

Pequim e Moscovo desmentem ter telemóvel de Trump sob escuta

[dropcap]A[/dropcap] China e a Rússia desmentiram hoje um artigo do jornal The New York Times que avançou que os serviços de informações destes dois países tinham sob escuta o telemóvel pessoal do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O diário norte-americano, que citou antigos e actuais responsáveis norte-americanos que falaram sob anonimato, noticiou na quarta-feira que os serviços de informações chineses e russos escutam as ligações telefónicas que Trump faz a partir do seu telemóvel pessoal e que utilizam o conteúdo das conversas do Presidente para ajustar as suas políticas e ganhar vantagem em relação aos Estados Unidos.

Questionada hoje pela comunicação social sobre este assunto, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, decidiu responder à pergunta com ironia, afirmando que algumas pessoas não conseguem resistir à tentação “de ganharem o Óscar para o melhor argumento”.

Recorrendo às mesmas acusações que Donald Trump faz frequentemente contra este diário norte-americano, a porta-voz da diplomacia chinesa considerou que o artigo em questão “é uma nova falsa notícia” do The New York Times.

A representante de Pequim sugeriu ainda a Washington, e uma vez que a administração norte-americana receia que o telemóvel de Trump (de uma marca norte-americana) esteja sob escuta, que substitua o telemóvel do Presidente por um aparelho de fabrico chinês.

Em nome da segurança nacional, a utilização de telemóveis de fabrico chinês por militares e funcionários dos serviços públicos norte-americanos está proibida.

Se os Estados Unidos querem uma segurança total “deviam parar de usar meios de comunicação modernos e cortar todos os contactos com o mundo exterior”, concluiu a porta-voz chinesa.

Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin (sede da Presidência russa), Dmitri Peskov, também colocou em causa a credibilidade do diário The New York Times, afirmando que a publicação de tais informações representa “um declínio das normas jornalísticas”.

O jornal The New York Times não forneceu muitos pormenores sobre as alegadas ações de espionagem dos serviços de informações de Pequim e Moscovo, mas referiu que Trump tem sido alertado frequentemente, tanto pelos serviços de informações norte-americanos como por vários assessores, que não é seguro utilizar o seu telemóvel pessoal para conversas sobre determinados assuntos, nomeadamente questões políticas e económicas.

Hoje de manhã, o Presidente norte-americano reagiu na rede social Twitter, afirmando que “os chamados especialistas em Trump no The New York Times” tinham escrito “um artigo longo e aborrecido” e “muito errado” sobre o uso do seu telemóvel.

“Está tão incorrecto que não tenho tempo para o corrigir. (…)”, escreveu Trump, garantindo ainda que só usa telemóveis governamentais e que raramente usa tais aparelhos.

26 Out 2018

China pede aos Estados Unidos que não politizem cambio de divisas

[dropcap]A[/dropcap] China pediu aos Estados Unidos que não politizem o cambio das divisas, após o departamento de Tesouro norte-americano revelar que está aberto a alterar a forma como determina se um país manipula a sua moeda.

“É um consenso internacional o facto de que a China não manipula a taxa de cambio da sua moeda”, afirmou o porta-voz do ministério chinês do Comércio, Gao Feng, citado hoje pela agência oficial Xinhua.

Apesar de o Departamento do Tesouro norte-americano não ter incluído a China na lista de “manipuladores de moeda”, no seu último relatório, publicado na semana passada, confirmou que o país asiático vai continuar sob análise.

Para a China, isto aumenta as possibilidades de os EUA acusarem formalmente o país de manipulação da moeda, o que, apesar de não supor a imposição de sanções ou outras represálias, agravaria as tensões entre as duas maiores economias do planeta.

“O Fundo Monetário Internacional já tem um método autorizado para avaliar se um país manipula ou não a sua moeda e se a taxa de cambio é razoável, e recentemente concluiu que a taxa de cambio do rmb [a moeda chinesa] está de acordo com os princípios económicos básicos”, afirmou Gao.

O ministro chinês disse que os EUA não devem politizar este assunto, nem impor os seus padrões sobre as regras internacionais, e reafirmou que a China “não utilizará” a taxa de cambio como ferramenta para contornar as taxas alfandegárias impostas por Washington sobre cerca de metade das importações oriundas do país asiático.

“A China vai continuar a melhorar o sistema de flutuação da taxa de cambio, com base na oferta e na procura, em referência com um cesto de divisas, e trabalhará para assegurar que a taxa de cambio da sua moeda é estável, razoável e equilibrada”, acrescentou.

O yuan caiu quase 10%, face ao dólar norte-americano, ao longo deste ano, o que gerou receios de que Pequim está a desvalorizar a sua moeda para impulsionar as exportações.

26 Out 2018

Ataque com faca em jardim de infância na China deixa 14 crianças feridas

[dropcap]U[/dropcap]m ataque com faca por uma mulher de 39 anos, num jardim de infância no centro da China, resultou hoje em catorze crianças feridas, informaram as autoridades chinesas, enquanto os motivos do ataque continuam por esclarecer.

O ataque ocorreu hoje de manhã no jardim de infância Xinshiji, nos subúrbios do município de Chongqing, quando as crianças regressavam às salas de aula. A mulher, identificada pelas autoridades como Liu, já foi detida pela polícia e as crianças estão a receber tratamento hospitalar, detalharam as autoridades.

Imagens difundidas nas redes sociais chinesas mostram as crianças feridas a entrarem para ambulâncias junto à entrada da escola, algumas transportadas em macas.

A China tem registado vários incidentes do género, normalmente ligados a pessoas com problemas psicológicos ou ressentimentos com vizinhos ou a sociedade em geral.

Em junho passado, um homem atacou três rapazes e a mãe destes, com uma faca de cozinha, perto de uma escola em Xangai. Dois dos rapazes morreram. A polícia revelou que o homem estava desempregado e executou o ataque “como vingança contra a sociedade”.

No mesmo mês, uma pessoa morreu e dez ficaram feridas quando um homem conduziu uma empilhadora contra peões numa cidade do leste da China, e acabou por ser abatido pela polícia.

Em abril, um homem armado com uma faca matou sete estudantes e feriu 19, quando os jovens regressavam a casa, no norte do país.

A lei chinesa proíbe rigorosamente a venda e posse de armas de fogo, pelo que os ataques são geralmente feitos com facas, explosivos de fabrico artesanal ou por atropelamento.

26 Out 2018

Forbes | Crise bolsista e fricções comerciais atingem os mais ricos na China

A guerra comercial declarada por Donald Trump atinge também os bolsos dos bilionários chineses. Segundo a revista Forbes, um terço dos 400 mais ricos da China sofreram perdas de 20 por cento ou mais

 

[dropcap]A[/dropcap]s fortunas dos mais ricos da China caíram este ano, face às disputas comerciais entre Pequim e Washington, desvalorização do yuan e abrandamento do ritmo de crescimento da economia chinesa, informou ontem a revista Forbes.

A lista dos bilionários chineses, elaborada pela Forbes, revela que o património líquido total dos maiores empresários chineses caiu de 1,19 biliões de dólares, em 2017, para 1,06 biliões de dólares, este ano.
Em média, o património dos 400 chineses mais ricos caiu de 1.700 milhões de dólares, no ano passado, para 1.400 milhões de dólares, em 2018.

“O mundo habituou-se a associar a China à criação de riqueza e está alarmado por ver a dimensão da destruição de riqueza este ano”, escreveu Russell Flannery, delegado da Forbes em Xangai, a “capital” económica da China.

As fortunas de 229 dos 400 mais ricos que constam na lista recuaram este ano, face a 2017. Um terço sofreu perdas de 20 por cento ou mais.

O sector manufactureiro foi o mais afectado este ano, sugerindo o efeito da guerra comercial com Washington, que levou o Presidente norte-americano, Donald Trump, a impor taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de bens chineses.
No ano passado, 79 bilionários chineses do sector manufactureiro constavam na lista. Este ano, o número recuou para 72.

Conta gotas

Segundo a publicação, Jack Ma, o fundador do gigante de comércio electrónico Alibaba, voltou a ser o mais rico da China, com um património líquido avaliado em 34.600 milhões de dólares, quatro milhões a menos do que em 2017.

Em segundo na lista está o fundador do gigante da Internet Tencent, que detém a aplicação Wechat.
A fortuna de Pony Ma caiu 6.200 milhões de dólares, para 32.800 milhões de dólares.
As acções da Tencent registaram perdas acentuadas este ano.

Hui Ka Yan, que figurava como o mais rico da China no ano passado, caiu para terceiro, após um recuo de 28% na sua fortuna, para 30.800 milhões de dólares. Hui é o presidente do grupo imobiliário Evergrande, que enfrenta uma crise de dívida que levou as acções do grupo a cair.

No terceiro trimestre do ano, o crescimento económico da China abrandou para 6,5%, em termos homólogos, o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2009, segundo dados publicados na semana passada.
O investimento em activos fixos, motor fundamental do crescimento chinês, abrandou para 5,4%, nos primeiros nove meses do ano, face ao mesmo período do ano passado.

A bolsa de Xangai, principal praça financeira do país, caiu mais de 20%, desde o início do ano, enquanto a moeda chinesa, o yuan, caiu quase 10%, face ao dólar norte-americano.

26 Out 2018

EUA | China escutou chamadas entre Steve Wynn e Donald Trump

Steve Wynn é uma das personalidades a quem o Presidente norte-americano liga com frequência. Os serviços secretos chineses sabem disso e escutam as conversas entre Trump e o antigo CEO da Wynn Resorts. De acordo com o The New York Times, as secretas norte-americanas conhecem o esquema de espionagem de Pequim. O Governo chinês reagiu ao artigo e categorizou-o como notícia falsa e aconselhou Trump a comprar um Huawei

 

[dropcap]Q[/dropcap]uando o telefone de Steve Wynn toca e do outro lado está Donald Trump, as probabilidades de agentes das secretas chinesas estarem à escuta são consideráveis. O esquema montado por Pequim para interceptar chamadas que o Presidente norte-americano faz para os amigos mais próximos, onde está incluído o antigo CEO e fundador da Wynn Resorts, que detém a Wynn Resorts Macau, foi descoberto pelos serviços secretos norte-americanos.

A notícia dada pelo The New York Times (NYT) adianta que quando Donald Trump utiliza um dos seus iPhones, as secretas chinesas ouve as conversas. Muitas vezes, o teor do que se fala é insignificante, mas com frequência o Presidente norte-americano discute com amigos próximos, onde se inclui Steve Wynn, decisões políticas. Este tipo de informação possibilita a Pequim, e a quem mais estiver à escuta, ter acesso ao processo decisório da Admnistração Trump e é uma ferramenta para apurar quais as melhores formas de influenciar as políticas de Washington. A informação, obtida pelo NYT, assenta em depoimentos de antigos e actuais oficiais dos serviços de informação norte-americanos.

“Se Trump está preocupado com a segurança do iPhone, devia comprar um telefone Huawei”. Foi assim que a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês respondeu à notícia do esquema de escutas. De qualquer das formas, Pequim reagiu à notícia do NYT ao modo de Trump: “fake news”.

Altas patentes da Casa Branca, próximas do Presidente repetidas vezes o alertaram para o facto dos seus telemóveis não serem seguros o suficiente para usado para conversas sensíveis. Trump foi avisado explicitamente para a elevada probabilidade de operacionais do Kremlin também estarem à escuta. Outra recomendação que caiu em saco roto foi a necessidade do Presidente norte-americano usar a linha fixa da Casa Branca com mais frequência. No entanto, e para a frustração de quem o aconselha, Donald Trump não abdica dos seus iPhones. Fontes da Casa Branca referiram ao NYT que só podem acalentar a esperança que o Presidente não discuta informação classificada em telefones não seguros. Aliás, a matéria foi discutida várias vezes em briefings de forma a contornar aquilo que pode ser descrito como a “abordagem casual à segurança electrónica” de Trump.

Alunos atentos

Os agentes norte-americanos que falaram com o NYT, em condição de anonimato, referiram que as entidades chinesas têm como objectivo aprender com as chamadas interceptadas. A forma como Trump pensa, que tipo de argumentos o costumam convencer e a quem o Presidente dá crédito são informações valiosas para, por exemplo, prevenir a escalada da guerra comercial entre Pequim e Washington que tem abalado os mercados do mundo inteiro.

No fundo, a campanha dos serviços chineses é uma simbiose entre lobbying e espionagem, com base num pequeno grupo de pessoas com quem Trump fala com alguma regularidade e na esperança desses contactos serem usados para tentar influenciar as políticas de Administração norte-americana.
Além de Steve Wynn, Stephen Schwarzman, director executivo do Blackstone Group, é uma das pessoas incluídas na lista. É de salientar que o dirigente da companhia de investimentos financiou um programa de mestrado na prestigiada Universidade de Tsinghua, em Pequim.

De acordo com o NYT, as secretas chinesas identificaram amigos de ambos os homens, assim como de amizades de outros contactos regulares de Donald Trump. Num segundo plano, a China conta com a ajuda de empresários chineses, assim como outras personalidades ligadas ao regime de Xi Jinping, para fornecer argumentos pró-chineses aos amigos dos amigos próximos de Trump. O objectivo é que a agenda da Casa Branca seja influenciada, indirectamente, por algumas das pessoas em que Donald Trump mais confia. Fontes citadas por jornal sediado em Nova Iorque acrescentam que é muito provável que os amigos do Presidente não estejam cientes das intenções do Governo liderado por Xi Jinping.

Reforma silenciosa

Quando o NYT contactou o advogado de Steve Wynn para saber se o magnata queria esclarecer a sua posição nesta matéria, o representante referiu que o seu cliente estava aposentado e que não faria qualquer comentário. Uma porta-voz da Blackstone recusou comentar os esforços chineses para influenciar Schwarzman, mas referiu que este “se sente feliz com a possibilidade de servir de intermediário em matérias críticas entre os dois países, sempre que requisitado pelos seus líderes”.

Fontes ouvidas pelo jornal sediado em Nova Iorque revelaram descrédito perante a hipótese de Moscovo estar a montar uma operação com o mesmo grau de sofisticação da de Pequim, principalmente tendo em conta a afinidade aparente entre Trump e Putin.

Ainda assim, este tipo de manobras de contra-informação não são anormais por parte de Pequim que, durante décadas, tentou influenciar líderes norte-americanos através de redes informais constituídas por importantes homens de negócios e académicos capazes de “vender” ideias e políticas que cheguem à Casa Branca. A diferença é que desta vez, com o esquema de escutas montado, as secretas chinesas têm acesso a conversas que lhes permitem ter uma ideia bem mais clara dos argumentos que resultam com Donald Trump.

Aliás, é de referir que o próprio Stephen Schwarzman, uma das presenças proeminentes na primeira reunião entre Trump e Xi, que ocorreu no resort da Florida Mar-a-Lago, não esconde as visões alinhadas com a China e que tendem a ser a favor do comércio livre. Uma linha que tem perdido fôlego para as forças isolacionistas na Casa Branca.

Um dos agentes ouvidos pelo NYT afirmou que uma das tácticas das autoridades de Pequim era tentar convencer Trump a marcar reuniões com Xi com a maior frequência possível. O motivo é a convicção de que o Presidente norte-americano dá grande valor às relações pessoais, e que, como tal, as reuniões a dois poderiam levar a significativos avanços na relação entre as duas maiores economias mundiais.

Amigo do seu amigo

A questão que se levanta com a revelação do esquema de escutas é se as amizades mais próximas de Donald Trump, nomeadamente Steve Wynn, conseguem atenuar a guerra comercial empurrada pela ala isolacionista que continua a ter um forte capital de persuasão, mesmo depois da saída de Steve Bannon da Casa Branca.

Fontes ouvidas pelo NYT revelam que Trump tem dois iPhones que foram alterados pela NSA, de forma a limitar as suas capacidades e vulnerabilidades, e um terceiro telefone igual ao qualquer outro iPhone. Apesar das insistências de oficiais de segurança, o Presidente continua a usar o seu telemóvel pessoal porque, ao contrário dos aparelhos seguros, pode guardar contactos.
A intercepção de chamadas não é algo que necessite de um enorme aparato tecnológico. À medida que as chamadas “viajam” entre torres de telecomunicações e redes de cabos, a intercepção torna-se relativamente fácil para chamadas feitas tanto por iPhone, Androido e velhos telefones anterior ao smart-phone, que são vulneráveis.

É de salientar que o tópico da segurança de comunicações foi algo amplamente discutido por Trump durante a sua campanha na corrida à Casa Branca. Aliás, até hoje, em comícios políticos que continua a fazer, Donald Trump menciona o servidor de correio electrónico pouco seguro de Hillary Clinton enquanto esta era secretária de Estado. Um discurso que costuma ser acompanhado pela audiência a entoar “Prendam-na!”.
Barack Obama estava bem ciente dos riscos de usar um telefone não seguro, uma prática que nos dias que correm é natural em líderes mundiais, como Vladimir Putin e Xi Jinping.

26 Out 2018

Jornalista japonês libertado relata “inferno” do seu cativeiro na Síria

[dropcap]U[/dropcap]m jornalista japonês detido na Síria por mais de três anos, libertado esta semana, descreveu os seus anos de cativeiro como um “inferno” antes de partir para o Japão, onde é esperado na noite de hoje.

“Foi um inferno”, disse Jumpei Yasuda numa entrevista transmitida pela televisão pública japonesa NHK.

O jornalista disse que este “inferno” não foi só físico, mas também mental. “Todos os dias, eu dizia a mim mesmo ‘não é hoje que serei libertado’ e perdia o controlo de mim mesmo, pouco a pouco”, afirmou.

O jornalista freelancer, de 44 anos, pareceu empolgado, aliviado e tenso ao mesmo tempo, descreve a agência France-Presse. “Por cerca de 40 meses, eu não falei japonês, então as palavras não me vêm facilmente”, disse.

“Estou feliz por voltar ao Japão, mas ao mesmo tempo, não tenho ideia do que vai acontecer agora e de que maneira eu devo comportar-me. Não sei o que pensar”, disse Yasuda, que pediu desculpas pelo “problema causado”.

Ex-reféns japoneses já foram vítimas de insultos por parte dos seus compatriotas, que consideram que a situação em que se envolveram ocorreu devido a sua imprudência.

Jumpei Yasuda detalhou em outro canal as suas condições de detenção, explicando que não se pôde lavar por oito meses e foi forçado a permanecer imóvel por longas horas.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), baseado no Reino Unido, o jornalista japonês foi libertado no quadro de um acordo entre a Turquia e o Qatar.

Yasuda foi levado para a Turquia após ser entregue pelos seus raptores a um grupo armado “não-sírio”, segundo a OSDH.

Jumpei Yasuda foi sequestrado em junho de 2015 e apareceu em agosto passado num vídeo divulgado por um grupo jihadista.

Neste vídeo, vestindo um macacão laranja, Yasuda estava sob a ameaça de homens armados e mascarado. Outro refém, o italiano Alessandro Sandrini, também apareceu nas imagens.

No início de 2015, militantes do grupo Estado Islâmico (EI) haviam decapitado dois japoneses, o correspondente de guerra Kenji Goto e o seu amigo Haruna Yukawa.

O Governo japonês foi então criticado por, alegadamente, perder a oportunidade de salvar os dois homens.

25 Out 2018

Muçulmanos rohingya continuam a ser vítimas de genocídio na budista Myanmar, diz ONU

[dropcap]O[/dropcap]s muçulmanos rohingya continuam a ser vítimas de genocídio em Myanmar, cujo Governo demonstra de forma crescente a falta de interesse no estabelecimento de uma verdadeira democracia, afirmaram na quarta-feira investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU).

Marzuki Darusman, presidente da missão de investigação da ONU em Myanmar, afirmou que milhares de rohingya continuam a fugir para o Bangladesh e que, entre 250 mil e 400 mil que permaneceram, depois da brutal campanha militar no país de maioria budista, “continuam a sofrer as mais severas” restrições e repressão.

“Neste momento está a decorrer um genocídio”, sintetizou, durante uma conferência de imprensa, na quarta-feira.

Yanghee Lee, a investigadora especial da ONU sobre direitos humanos em Myanmar, afirmou que ele e muitos outros na comunidade internacional esperavam que a situação sob a liderança de Aung San Suu Kyi “seria muito diferente da do passado, mas, na realidade, não é muito diferente da do passado”.

Acrescentou que Suu Kyi, laureada com o Prémio Nobel da Paz e antiga presa política que agora lidera o Governo civil do Estado de Myanmar, “está em negação total” sobre as acusações feitas aos militares deste país de maioria budista de violarem, assassinarem e torturarem os rohingya e incendiarem as suas vilas, levando cerca de 700 mil a fugirem para o Bangladesh desde agosto do ano passado.

25 Out 2018