Tufão obriga retirada de populações nas áreas costeiras do leste da China

[dropcap]A[/dropcap]s áreas costeiras mais vulneráveis no leste da China estão a deslocar as populações, face à chegada de um tufão, numa altura em que parte do país ainda está a recuperar das inundações do mês passado. O centro do tufão Hagupit registava rajadas de até 90 quilómetros por hora esta manhã e seguia para noroeste a 25 quilómetros por hora.

O Centro Meteorológico Nacional da China indicou que o Hagupit deve chegar hoje às províncias de Zhejiang e Fujian, na costa leste da China. Xangai, a “capital” financeira do país asiático, deverá também ser afectada.

Em Fujian, a pesca costeira foi suspensa e os locais turísticos encerrados, assim como as obras de construção. Os barcos de pesca foram obrigados a evitar os mares afetados pelo tufão.

A temporada de tufões este ano tem sido relativamente branda na China, até agora, embora as inundações ocorridas no mês passado, ao longo dos principais sistemas fluviais do país, tenham causado mais de uma centena de mortos e forçado à retirada de cerca de dois milhões de pessoas.

Os mais altos níveis de precipitação no país em meio século causaram ainda prejuízos directos superiores a 49 mil milhões de yuan.

3 Ago 2020

Covid-19 | Filipinas anunciam novo confinamento rigoroso em Manila após recorde diário de casos

[dropcap]O[/dropcap] Governo Filipino anunciou hoje que Manila e as províncias que rodeiam a capital do país vão regressar ao confinamento rigoroso, tendo em conta o aumento dos contágios da covid-19, que agora ultrapassam os 100.000 no país.

As Filipinas acrescentaram no domingo mais de 5.000 novos casos, um recorde diário, e acumularam um total de 103.000 infeções, incluindo mais de 2.000 mortes, um dos saldos mais elevados do Sudeste Asiático.

Manila e as províncias de Bulacan, Cavite, Laguna e Rizal regressarão terça-feira ao confinamento até 18 de agosto, depois de 80 das associações médicas do país, representando milhares de médicos e enfermeiros, terem assinado no sábado uma declaração conjunta apelando a uma nova abordagem à covid-19, uma vez que após cinco meses os hospitais estão superlotados e o pessoal médico exausto.

“Compreendo perfeitamente porque é que os nossos trabalhadores da saúde estão a pedir uma pausa. Estão na linha da frente há meses e estão exaustos”, disse o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

Apesar de ter imposto um dos confinamentos mais longos e rigorosos do mundo – cinco meses na capital – as Filipinas são o único país da região que ainda não quebrou a curva de infeção, que tem vindo a aumentar constantemente desde março, devido a deficiências nos testes e no rastreio de contactos.

A fase de confinamento aprovada para a capital e arredores – onde se concentra 67% da atividade industrial do país – restringe completamente a circulação, os transportes públicos são suspensos e apenas um membro de cada família é autorizado a sair e comprar artigos essenciais, pelo que os estabelecimentos que tinham voltado a funcionar a 30% da sua capacidade em junho, tais como lojas, cabeleireiros e restaurantes, serão novamente encerrados.

3 Ago 2020

Covid-19 | China detecta 49 casos nas últimas 24 horas, 33 são contágios locais

[dropcap]A[/dropcap] China registou 49 novos casos confirmados de coronavírus no sábado, 33 deles contágios locais na região oeste de Xinjiang e na província nordeste de Liaoning, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. Os números das últimas 24 horas dados representam um aumento de quatro casos em relação a sexta-feira, mas bem abaixo daqueles registados nos três dias anteriores, sempre acima de 100 contágios diários.

Entre os 33 contágios locais, 30 foram detetados em Xinjiang e três em Liaoning. Dois dos casos importados foram identificados em Cantão, na província de Guangdong, vizinha de Macau.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 680 mil mortos e infetou mais de 17,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Casos aumentam na Índia

No que diz respeito à Índia, o número total de infectados no país já é superior a 1,75 milhões após outro pico de contágios de 54.735 registados nas últimas 24 horas, anunciados hoje pelas autoridades de saúde. O Ministério da Saúde também registou 853 mortes num só dia, totalizando 37.364 desde o início da pandemia. Somente o mês de julho foi responsável por mais de 1,1 milhão de casos na Índia.

2 Ago 2020

Covid-19 | China detecta mais de 100 casos pelo terceiro dia consecutivo

[dropcap]A[/dropcap] China identificou, nas últimas 24 horas, 127 casos de covid-19, o terceiro dia consecutivo com mais de 100 casos, a grande maioria em Xinjiang, no noroeste do país, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. A região autónoma de Xinjiang contou 112 novos casos. Na província de Liaoning, no nordeste da China, foram diagnosticados mais 11. Todos estes casos ocorreram por contágio local.

O país detectou ainda quatro casos entre viajantes oriundos do exterior, os chamados casos “importados”. O número representa uma tendência crescente nos últimos dias: 105 casos na quarta-feira, 101 na terça-feira e 68 na segunda-feira. A mesma fonte detalhou que, até à meia-noite, 17 pacientes receberam alta e oito deram entrada em estado grave.

O número total de casos activos na China continental fixou-se em 684, entre os quais 41 estão em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, entre um total de 84.292 pacientes diagnosticados oficialmente na China desde o início da pandemia. Mais de 78.974 superaram a doença e receberam alta.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 667 mil mortos e infectou mais de 17 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

31 Jul 2020

Morreu o antigo Presidente de Taiwan, o “senhor Democracia” Lee Teng-hui

[dropcap]O[/dropcap] antigo Presidente de Taiwan Lee Teng-hui, também conhecido como o “senhor Democracia” devido ao papel que desempenhou na transição política do país após uma ditadura nacionalista, morreu esta quinta-feira aos 97 anos, divulgou uma fonte hospitalar.

Reconhecido como um dos “arquitectos” da transformação de Taiwan num país livre e moderno após várias décadas de ditadura, Lee Teng-hui foi responsável pela realização das primeiras eleições directas nesta ilha, que a China continua a considerar uma província rebelde, tendo assumido a Presidência taiwanesa entre 1988 e 2000.

Segundo informou o hospital geral dos veteranos de Taipé, o antigo Presidente, que estava internado desde fevereiro, morreu na sequência de infeções, problemas cardíacos e da falência de órgãos vitais.

Lee Teng-hui morreu “por um choque septicémico e uma falência de vários órgãos, apesar dos esforços da equipa médica para o reanimar”, disse o vice-presidente da unidade hospitalar, em declarações aos jornalistas.

Lee Teng-hui tornou-se numa figura de destaque do movimento que defende o reconhecimento da ilha de Taiwan como um Estado soberano na cena internacional.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.

Taiwan, formalmente chamada República da China, tornou-se, entretanto, numa democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.

Como consequência da pressão chinesa, menos de duas dezenas de países mantêm relações diplomáticas com Taipé.

31 Jul 2020

Relações China-Reino Unido “envenenadas” por Hong Kong, diz embaixador chinês

[dropcap]O[/dropcap] embaixador da China em Londres classificou como “tendenciosa” uma reportagem da BBC sobre os direitos humanos dos muçulmanos uigures, na província de Xinjiang, e afirmou que o dossiê de Hong Kong está a “envenenar” as relações bilaterais.

Liu Xiaoming apresentou uma série de vídeos aos jornalistas com o objectivo de enfatizar que as acções da China nessa província são destinadas a combater o terrorismo e as imagens granuladas incluíam cenas sangrentas como consequência dos ataques.

Os vídeos pretendiam contrariar uma recente entrevista da BBC, na qual o apresentador Andrew Marr desafiou o diplomata a explicar as imagens de ‘drones’ [aparelhos aéreos não tripulados] que aparentemente mostravam prisioneiros uigures sob custódia e transferidos por comboio pelas autoridades chinesas. Liu negou que os uigures estivessem maltratados e publicou capturas de ecrã que desafiavam, entre outras coisas, se os prisioneiros estavam ajoelhados ou sentados no chão.

Ele descreveu as “chamadas vítimas” de violações de direitos humanos como separatistas ou “actores treinados por forças anti China nos Estados Unidos (EUA) e noutros países ocidentais”.

Liu acrescentou que as disputas sobre direitos humanos, a imposição da nova lei de segurança nacional em Hong Kong e a decisão do Reino Unido de proibir a gigante chinesa de tecnologia Huawei de participar na construção da nova rede telefónica de alta velocidade “envenenaram seriamente a atmosfera” das relações entre a China e o Reino Unido.

As tensões crescentes acontecem ao mesmo tempo em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, e a sua administração empurram Washington e Pequim para uma nova era ascendente de confronto.

“A China e o Reino Unido deveriam ter capacidade e sabedoria suficiente para lidar e gerir estas diferenças, em vez de permitir que forças anti China e os guerreiros da Guerra Fria sequestrem o relacionamento Reino Unido-China”, continuou o diplomata.

Momento crítico

Nas últimas semanas, a Grã-Bretanha suspendeu um tratado de extradição com Hong Kong e ofereceu refúgio a milhões de cidadãos elegíveis desse território que se sentem ameaçados pelo crescente aperto de Pequim.

Liu reiterou que o Reino Unido devia parar de se intrometer em Hong Kong. “A China respeita a soberania do Reino Unido e nunca interferiu nos assuntos internos do Reino Unido. É importante que o Reino Unido faça o mesmo – ou seja, respeite a soberania da China e pare de interferir nos assuntos de Hong Kong, que são assuntos internos da China, para evitar mais danos no relacionamento entre o Reino Unido e a China”, sublinhou.

Liu vincou ainda que o Reino Unido e os seus cidadãos precisavam de pensar independentemente dos sinais agressivos vindos do Governo de Trump e disse que a Grã-Bretanha estava num “momento histórico crítico” sobre como quer tratar a China.

“É nossa esperança que o Reino Unido resista à pressão e à coerção de um certo país e forneça um ambiente aberto, transparente, justo e não discriminatório para o investimento chinês, de forma a recuperar a confiança das empresas chinesas no Reino Unido”, finalizou.

31 Jul 2020

Hong Kong | Doze candidatos pró-democracia impedidos de concorrer às eleições

[dropcap]D[/dropcap]oze candidatos pró-democracia de Hong Kong, entre os quais Joshua Wong, foram desqualificados para concorrer às eleições de setembro, indicou hoje o Executivo do território. “O Governo defende a decisão (…) de invalidar as 12 candidaturas às eleições do Conselho Legislativo”, anunciou o governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong através de um comunicado.

Os partidos pró-democracia em Hong Kong realizaram em Julho primárias para nomearem os seus candidatos para as eleições parlamentares previstas para Setembro, apesar dos avisos das autoridades de que corriam o risco de violar a nova lei de segurança. A votação, que contou com a participação de 600 mil pessoas, foi considerada ilegal pelas autoridades da República Popular da China.

Na lista dos candidatos impedidos de concorrer figuram alguns destacados líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong, como o secretário-geral da extinta organização política Demosisto, Joshua Wong e o deputado e líder do Partido Cívico, Alvin Yeung.

“Acabam de vetar o meu nome para as eleições do Conselho Legislativo apesar de ser o vencedor das primárias (…) Pequim está a levar a cabo a maior repressão contra as eleições na cidade ao desqualificar desta forma quase todos os candidatos pró-democratas”, afirmou Wong através de uma mensagem difundida pela rede social Twitter após ter sido conhecida a decisão.

De acordo com o Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, a medida sobre estes doze candidatos foi tomada porque “não apresentaram devidamente assinada a declaração em que se comprometem a proteger a Lei Básica e a jurar lealdade à República Popular da China”.

A autoridade eleitoral considera que aqueles que defendem a independência de Hong Kong, que pedem a outros países para intervir nos assuntos locais ou se neguem a aceitar que a região é território sob soberania de Pequim e se oponham à Lei de Segurança Nacional “não podem proteger a Lei Básica de forma honesta”.

Após os resultados alcançados nas eleições locais de novembro de 2019, a oposição democrata esperava conseguir a maioria nas próximas eleições legislativas de Setembro.

Para a Comissão Eleitoral ​​​​​​​outro dos motivos para a desqualificação foi a rejeição por alguns candidatos ao Conselho Legislativo de propostas de lei, nomeações, e orçamentos no sentido de “obrigarem o Executivo a aceitar certas exigências políticas”. Perante as críticas sobre a desqualificação, o Executivo local diz que “não se trata de nenhum tipo de censura política, restrição, liberdade de expressão ou direito de concorrer às eleições”.

As eleições estão agendadas para o dia 6 de Setembro mas nas últimas horas têm surgido notícias na imprensa local que indicam que o governo está a ponderar adiar a votação para 2012 por causa da “nova vaga” da pandemia de SARS CoV-2 que se regista na antiga colónia britânica.

30 Jul 2020

Universidade de Hong Kong expulsa Benny Tai, figura do movimento Occupy Central, e provoca indignação

[dropcap]A[/dropcap] demissão do professor universitário e figura proeminente do movimento pró-democracia de Hong Kong Benny Tai, conhecida ontem, está a provocar indignação contra as pressões de Pequim na antiga colónia britânica.

O professor de direito, de 56 anos, disse que foi afastado por uma comissão disciplinar da Universidade de Hong Kong (HKU), depois de já ter sido preso, no ano passado, por participar nos protestos pela defesa de direitos, liberdades e garantias.

O Gabinete de Ligação, que representa o governo central da República Popular da China em Hong Kong, saudou o afastamento do professor e disse hoje através de um comunicado que Benny Tai “é uma pessoa maléfica”.

A demissão do académico provocou consternação e indignação entre os ativistas da região administrativa especial, marcada por meses de contestação sem precedentes contra Pequim, que impôs recentemente a nova lei de segurança nacional que fere os direitos, liberdades de garantias em Hong Kong.

“Benny Tai é um mártir da desobediência civil”, afirmou Joseph Chan, professor de ciências políticas da Universidade de Hong Kong através de uma mensagem no Facebook. “A universidade de Hong Kong está a sacrificar a própria reputação e fica impedida de ‘levantar a cabeça’ perante a comunidade académica mundial” acrescentou Chan considerando a demissão de Benny Tai “uma grande mancha” na história da instituição.

Sophie Richardson, da secção China da organização não-governamental Human Rights Watch, disse que as universidades de todo o mundo devem rever as relações com a Universidade de Hong Kong. “Chegou a altura para que sejam levantadas vozes contra o escândalo”, disse Richardson numa mensagem dirigida aos universitários.

“Pequim começou agora a atacar as liberdades académicas de Hong Kong”, disse Joshua Wong, figura do movimento de contestação estudantil contra Pequim.

Benny Tai apelou ontem, através da plataforma digital Facebook, para que a chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong impedisse o processo de demissão. “Carrie Lam não pode alhear-se das responsabilidades que tem na erosão das liberdades académicas em Hong Kong”, escreveu Benny Tai acusando Pequim de pressão direta na decisão da universidade.

Tai é uma figura popular do campo pró-democrata em Hong Kong, defensor da não-violência e fortemente criticado pelas autoridades. A Universidade de Hong Kong, por seu turno, ainda não explicou os motivos que provocaram a expulsão de Benny Tia nem responde às perguntas dos jornalistas. Benny Tai foi um dos fundadores do movimento “Occupy Central”, em 2013.

Em 2019, Tai foi condenado a 16 meses de prisão por “responsabilidade e envolvimento” nos movimentos de contestação.

Recentemente o professor de Direito esteve envolvido na organização das primárias que escolheram os candidatos pró-democracia para as eleições de setembro em Hong Kong. Mais de 600 mil pessoas participaram na votação considerada ilegal pelo Executivo local tendo o Gabinete de Ligação acusado “o ‘gang’ de Benny Tai de tentar provocar uma revolução”.

30 Jul 2020

Vaticano e diocese de Hong Kong alvo de alegados ataques informáticos

[dropcap]O[/dropcap] Vaticano e a diocese de Hong Kong têm sido alvo de supostos ataques de piratas informáticos antes das negociações sobre as relações entre a Santa Sé e a China, revelou ontem a organização não-governamental Recorded Future. De acordo com aquela organização não-governamental norte-americana os alegados ataques informáticos estão a ser levados a cabo, alegadamente, pelo grupo “RedDelta” e começaram no passado mês de Maio.

Anteriormente, uma notícia publicada no jornal New York Times referia que a vigilância e os ataques informáticos contra o Vaticano têm como objetivo as negociações que estão marcadas para setembro. O Vaticano ainda não comentou mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim negou qualquer tipo de envolvimento considerando o relatório da Recorded Future “especulativo”.

Segundo a organização Recorded Future, a Missão Hong Kong/China (Hong Kong Study Mission to China), a entidade que faz a ligação entre o Vaticano e Pequim, assim como o Instituto para as Missões foram alvo de ataques cibernéticos.

“A intrusão suspeita sobre o Vaticano permite ao grupo ‘RedDelta’ penetrar nas informações sobre as posições da Santa Sé antes da nova ronda negocial de setembro”, refere o relatório da Recorded Future.

O mesmo documento acrescenta que os ataques informáticos também obtêm “informações importantes” sobre as entidades católicas na Região Administrativa Especial de Hong Kong assim como vigia os grupos pró-democratas da antiga colónia britânica.

Ainda segundo o relatório, os “ataques” prolongaram-se pelo menos até 21 de junho e houve mesmo uma tentativa de obtenção ilegal de documentos da Secretaria de Estado do Vaticano nos contactos estabelecidos com Hong Kong.

Os 12 milhões de católicos chineses dividem-se entre os que pertencem à Associação Patriótica dos Católicos Chineses, fora da autoridade do Vaticano, e os grupos clandestinos da igreja leal ao Papa. Os sacerdotes na clandestinidade assim como os fiéis são frequentemente alvo de perseguições e prisões na República Popular da China.

Em 2018, foi alcançado o princípio de um acordo, sem precedentes, entre a Santa Sé e Pequim sobre a designação de bispos, nomeadamente de sete bispos que não eram reconhecidos pelo Vaticano, um assunto de conflito entre os dois Estados.

Muitos católicos clandestinos mostraram reservas em relação ao acordo encarado como uma cedência ao regime comunista e traindo a lealdade dos fiéis em relação ao Papa.

Pequim nega a existência de programas financiados pelo Estado que visam a vigilância informática de segredos de outros países ou instituições.

No princípio do mês, os Estados Unidos disseram que foram detetadas intrusões informáticas chinesas e acusou dois cidadãos da República Popular da China por alegadamente estarem à frente de ataques contra empresas norte-americanas e de outros países.

As autoridades judiciais dos Estados Unidos disseram também que piratas informáticos que trabalham para Pequim atacaram empresas norte-americanas que estão a desenvolver projetos científicos relacionados com vacinas contra o SARS CoV-2. A República Popular da China já respondeu que os Estados Unidos não têm provas sobre estes alegados ataques informáticos.

30 Jul 2020

Banco Mundial | Economia chinesa cresce 1,6% este ano e 7,9% em 2021

Apesar dos riscos inerentes ao desenvolvimento da crise pandémica e das tensões entre a China e os Estados Unidos, as previsões do Banco Mundial apontam para um crescimento económico no país em 2021 só ultrapassado pelos números de 2012

 

[dropcap]A[/dropcap] economia da China vai crescer 1,6 por cento este ano, a taxa mais baixa desde 1976, devido ao impacto da pandemia da covid-19, mas expandirá 7,9 por cento em 2021, segundo as projecções actualizadas do Banco Mundial (BM) ontem divulgadas.

Embora a previsão para 2020 represente a menor taxa de crescimento desde 1976, a expansão de 7,9 por cento em 2021 seria a maior desde 2012, depois de em 2011 a economia da China ter crescido 9,6 por cento.
A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto é medida em termos homólogos.

A previsão do Banco Mundial não difere muito das mais recentes estimativas feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um avanço menor em 2020, de 1 por cento, mas maior para o ano seguinte, alcançando os 8,2 por cento.

O Banco Mundial considerou que as condições económicas “mudaram dramaticamente” desde o início da pandemia, visto que o impacto da covid-19 e as medidas adoptadas para conter o surto “provocaram um choque combinado na procura e na oferta”.

“Embora as restrições na oferta tenham diminuído, a fraca procura interna e externa continua a travar o ritmo da recuperação [económica], apesar das medidas adoptadas”, afirmou a agência.

O Banco Mundial advertiu que o crescimento dos rendimentos das famílias e a taxa de eliminação da pobreza vão desacelerar na China, prevendo-se entre 8 a 20 milhões a menos de pessoas que vão sair da pobreza extrema no país este ano.

“Embora os riscos sejam excepcionalmente altos, com boas políticas, eles podem ser parcialmente reduzidos”, explicou o director do Banco Mundial na China, Martin Raiser.

Pequim deve apostar em re-orientar a economia para um crescimento “mais inclusivo, sustentável e verde”, porque a pandemia “expôs profundamente as fraquezas económicas, sociais e ambientais” do país.

“A recuperação oferece uma oportunidade para acelerar o progresso em direção a essas metas”, disse o representante da instituição no país asiático.

Riscos e lacunas

O Banco Mundial considerou o desenvolvimento do surto da covid-19 e as tensões da China com os seus parceiros comerciais, especialmente os Estados Unidos, como os dois principais desafios para a economia chinesa.

A possibilidade de uma recessão prolongada em todo o mundo é outro risco.
A entidade pede a Pequim que mantenha as suas políticas monetárias e financeiras flexíveis para “garantir liquidez” na economia.

O economista-chefe do Banco Mundial para a China, Sebastian Eckardt, destacou a “necessidade de fechar a lacuna na segurança social do país para apoiar os trabalhadores e as famílias afectadas, além de minimizar a fraqueza persistente no consumo doméstico”.

30 Jul 2020

Hong Kong | Polícia anuncia quatro detenções ao abrigo da nova lei de segurança nacional

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong fez, esta quarta-feira, as primeiras grandes detenções sob a nova lei de segurança nacional, ao prender quatro jovens sob suspeita de incitação à secessão. Três homens e uma mulher, entre os 16 e 21 anos, foram presos em três locais, afirmou um dirigente da polícia durante uma conferência de imprensa.

A polícia disse que o grupo fez comentários nas redes sociais desde que a lei entrou em vigor que exigiam a independência de Hong Kong, um território chinês semi-autónomo.

“Eles dizem que querem estabelecer a República de Hong Kong e que lutarão sem reservas por ela. Disseram também que querem unir todos os grupos pró-independência de Hong Kong para esse propósito”, afirmou Li Kwai-wah, superintendente sénior de uma unidade recém-formada para fazer cumprir a lei de segurança nacional.

A lei, que entrou em vigor a 30 de Junho, foi imposta a Hong Kong pelo governo central de Pequim e aumentou preocupações acerca da autonomia e liberdade nesta região administrativa especial chinesa.

As detenções ocorrem no mesmo dia em que ficou conhecida a demissão do professor universitário e figura proeminente do movimento pró-democracia de Hong Kong Benny Tai, que está a provocar indignação contra as pressões de Pequim na antiga colónia britânica.

O professor de direito, de 56 anos, disse que foi afastado por uma comissão disciplinar da Universidade de Hong Kong (HKU), depois de já ter sido preso, no ano passado, por participar nos protestos pela defesa de direitos, liberdades e garantias.

30 Jul 2020

Covid-19 | China detecta mais de 100 casos pelo segundo dia consecutivo

[dropcap]A[/dropcap] China identificou nas últimas 24 horas mais de 100 casos de covid-19 pelo segundo dia consecutivo, números que não se registavam no país asiático desde Abril, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde.

No total, o país somou 105 novos casos, na quarta-feira. A região de Xinjiang, no extremo noroeste do país, contou 96. Na província de Liaoning, no nordeste da China, foram diagnosticados mais cinco. Também em Pequim foi detetado um novo caso, pelo terceiro dia consecutivo.

Todos estes casos ocorreram por contágio local. O país detectou ainda três casos entre viajantes oriundos do exterior, os chamados casos “importados”. O número representa uma tendência crescente nos últimos dias: 101 casos terça-feira, 68 na segunda-feira e 61 no domingo.

A mesma fonte detalhou que, até à meia-noite, 13 pacientes receberam alta e oito deram entrada em estado grave. O número total de casos activos na China continental fixou-se em 574, entre os quais 33 estão em estado grave.

A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, entre um total de 84.165 pacientes diagnosticados oficialmente na China desde o início da pandemia. Mais de 78.950 superaram a doença e receberam alta.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 660 mil mortos e infectou mais de 16,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

30 Jul 2020

China detecta 101 casos de covid-19 nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou mais 101 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, incluindo 89 na região de Xinjiang, oito na província de Liaoning e um em Pequim, indicaram hoje as autoridades chinesas. Os casos registados nestas três regiões são todos de transmissão local. Até domingo, a capital chinesa completou 21 dias sem registar novos casos.

Foram ainda diagnosticados mais três casos em viajantes oriundos do exterior, os chamados casos “importados”. O número representa uma tendência crescente nos últimos dias: 68 novos casos na segunda-feira, 61 no domingo, 46 no sábado e 34 na sexta-feira.

As autoridades de saúde acrescentaram que, até à meia-noite, 10 pacientes tiveram alta, fixando o número total de casos activos no país asiático em 482, incluindo 25 em estado grave. Segundo dados oficiais, desde o início da epidemia, a China registou 84.060 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 654 mil mortos e infectou mais de 16,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

29 Jul 2020

Hong Kong | UE limita exportações à tecnologia para evitar “repressão” de Pequim

[dropcap]O[/dropcap] Conselho da União Europeia (UE) manifestou ontem “grande preocupação” sobre a nova lei da segurança nacional imposta em Hong Kong pela China e adoptou limitações à exportação de tecnologia, para evitar a “repressão e vigilância” chinesas.

“Após um debate inicial no Conselho dos Negócios Estrangeiros em 13 de julho de 2020, o Conselho adoptou ontem conclusões que exprimem uma grande preocupação sobre a legislação de segurança nacional para Hong Kong adoptadas pelo Comité Permanente do Congresso Nacional Popular da China em 30 de junho de 2020”, refere a estrutura em comunicado de imprensa.

Essas conclusões reafirmam “o apoio da UE ao elevado grau de autonomia de Hong Kong ao abrigo do princípio ‘Um país, dois sistemas’”, manifestando ainda “solidariedade com o povo de Hong Kong”, acrescenta a estrutura.

Deste “pacote coordenado em resposta à imposição da lei de segurança nacional, a ser levado a cabo a nível da UE e ou dos Estados-membros, conforme considerado apropriado”, fazem parte limitações da União às “exportações de equipamento e tecnologias sensíveis específicas para utilização final em Hong Kong, em particular quando existam motivos para suspeitar de utilização indesejável relacionada com a repressão interna, a interceção de comunicações internas ou a vigilância cibernética”, de acordo com as conclusões da reunião.

Ao mesmo tempo, o Conselho da UE decidiu “rever as implicações da lei de segurança nacional sobre o funcionamento da extradição dos Estados-membros e outros acordos relevantes com Hong Kong”, bem como “continuar a envolver e apoiar a sociedade civil” na antiga colónia britânica, nomeadamente através da “monitorização contínua dos julgamentos dos ativistas pró-democracia”.

A UE vai, ainda, “controlar o efeito extraterritorial da lei de segurança nacional” e evitar, “por enquanto, lançar quaisquer novas negociações com Hong Kong”.

Em meados de Julho, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, reunidos em Bruxelas, reiteraram a sua “preocupação” pela nova lei da segurança nacional imposta em Hong Kong pela China, admitindo recear os “riscos” na soberania da antiga colónia britânica.

Pequim impôs uma lei da segurança nacional a Hong Kong, argumentando que a legislação “não coloca em causa” a máxima “Um país, dois sistemas” por ser “apenas uma forma de aumentar a segurança” daquela região administrativa especial com uma lei que “já devia ter sido aprovada”.

O documento surgiu após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

Num relatório anual publicado na semana passada, a diplomacia da UE considerou que 2019 foi um ano “excepcionalmente desafiante” para Hong Kong, devido à “agitação social constante” e às situações de violência, criticando também a “deterioração” das liberdades fundamentais”.

29 Jul 2020

China suspende tratados de extradição entre Hong Kong e três países em retaliação

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje a suspensão de acordos de extradição entre Hong Kong e três países ocidentais – Canadá, Austrália e Reino Unido -, que criticaram a imposição por Pequim de uma lei de segurança nacional na região semi-autónoma.

A medida de retaliação adoptada por Pequim é sobretudo simbólica, visto que os três países já tinham suspendido unilateralmente os tratados, para protestar contra a nova legislação, em vigor desde 30 de junho passado.

“Estas decisões erróneas (…) minaram gravemente os fundamentos da cooperação judicial”, disse Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa. “A China decidiu suspender os tratados de extradição entre Hong Kong e o Canadá, Austrália e Reino Unido, além de acordos de cooperação em justiça criminal”, afirmou.

Vários países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, pediram à China que reverta a lei de segurança nacional em Hong Kong. Esta nova legislação faz com que a oposição pró-democracia na cidade tema um sério declínio das liberdades em vigor neste território de 7,5 milhões de habitantes, retornado à China em 1997 pelo Reino Unido.

Para Pequim, esta lei é oficialmente uma forma de garantir a estabilidade, de pôr fim ao vandalismo que marcou as manifestações pró-democracia de 2019 na região, bem como de suprimir vozes que defendem a independência do território.

29 Jul 2020

Pequim critica “provocação perigosa” dos EUA após encerramento de consulados

[dropcap]A[/dropcap] China criticou hoje os Estados Unidos pelo que definiu de “provocação perigosa” que pode implicar uma “confrontação” no caso do encerramento dos consulados, mas desejou que os dois países “comuniquem de forma racional”.

No decurso de uma conversa com o seu homólogo francês Jean-Yves Le Drian, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, advertiu que as relações sino-norte-americanas se arriscam a “cair nos abismos da confrontação” e apelou à comunidade internacional para evitar “qualquer ato unilateral de hegemónico”, segundo uma transcrição fornecida pelo ministério chinês.

A China assumiu na segunda-feira o controlo do consulado dos Estados Unidos em Chengdu (sudoeste), abandonado pelos diplomatas norte-americanos, em reação ao encerramento por Washington na semana passada do consulado chinês em Houston (Texas), no rescaldo de um episódio diplomático que fez recordar o período da Guerra fria.

“Este perigoso incitamento à confrontação e à divisão por parte dos Estados Unidos é totalmente desligado da realidade, na qual os interesses da China e dos Estados Unidos estão intimamente ligados”, considerou o ministro chinês.

Os dois países devem “procurar comunicar de forma racional” e “nunca permitir que elementos anti-chineses ponham em causa as décadas de trocas e de frutuosa cooperação”, acrescentou.

Os EUA alegaram que o consulado de Houston era um ninho de espiões chineses, que tentaram roubar dados de instalações no Texas, incluindo o sistema médico do Texas A&M e o MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, em Houston. A China definiu as alegações de “calúnia maliciosa”.

29 Jul 2020

Nova Zelândia suspende tratado de extradição com Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] Nova Zelândia suspendeu hoje o tratado de extradição com Hong Kong devido à “profunda preocupação” sobre a nova lei de segurança que a China aplicou ao território. “A adopção pela China da nova lei de segurança nacional destruiu os princípios do Estado de Direito” e “violou os compromissos da China junto da comunidade internacional”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros neozelandês, Winston Peters.

Esta suspensão, que pode desencadear uma resposta de Pequim, o parceiro comercial mais importante de Wellington, foi justificada por “a Nova Zelândia ter deixado de confiar na independência do sistema judiciário de Hong Kong relativamente à China”, acrescentou.

Peters indicou que a Nova Zelândia ia reforçar as restrições sobre as exportações de material militar para Hong Kong e advertiu os neozelandeses em relação a viagens para a antiga colónia britânica.

Três parceiros da Nova Zelândia na aliança dos serviços de informações “Five Eyes”, o Canadá, o Reino Unido e a Austrália, também suspenderam o tratado de extradição, enquanto os Estados Unidos indicaram já que vão fazer o mesmo.

Até ao momento, Pequim não reagiu, mas a diplomacia chinesa tinha já advertido que qualquer pressão contra a China relativamente a esta lei são consideradas uma “ingerência grosseira nos assuntos internos” do país.

Para opositores e críticos, a lei de segurança é vista como uma erosão dos direitos cívicos e humanos na região administrativa especial chinesa. A lei da segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.

O documento entrou em vigor a 30 de Junho, após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

28 Jul 2020

Austrália | Estudantes chineses burlados por “falsos” contactos consulares

Desde o início do ano, as autoridades australianas deram conta de, pelo menos, 25 falsos raptos. Uma estranha realidade que esconde uma burla dirigida a estudantes chineses, depois de receberem chamadas intimidatórias de criminosos que se fazem passar por autoridades chinesas

 

[dropcap]R[/dropcap]eceber uma chamada, ou fotografia, a retratar o rapto de um filho é, possivelmente, um dos maiores receios para qualquer pai ou mãe. A situação torna-se muito mais bizarra se for uma encenação protagonizada pelo próprio filho. Pelo menos 25 famílias tiveram de enfrentar esse terror nos primeiros cinco meses deste ano, depois de os filhos que estudam na Austrália terem preenchido as estatísticas dos 25 raptos falsos reportados às autoridades locais. Só no estado de New South Wales foram registados oito casos.

Segundo as autoridades, os números de burlas podem ser muito superiores aos registados, uma vez que é muito comum as vítimas sentirem intensa vergonha e embaraço por terem sido enganadas.

Entre Janeiro e Maio, os esquemas e pedidos de resgate renderam perto de 2,27 milhões de dólares norte-americanos, com a maior perda de uma só família a chegar a 1,4 milhões de dólares, segundo avançou a Agence France-Presse (AFP). O caso desta família é paradigmático do alcance do esquema, com o pagamento a ser efectuado depois de o pai da estudante ter recebido um vídeo em que se via a filha amarrada e amordaçada em local desconhecido. Após contactada a polícia de Sidney, a jovem foi encontrada uma hora depois, em segurança, num quarto de hotel da cidade.

Segundo a Polícia Federal Australiana, os alvos principais deste tipo de esquemas “estão distribuídos pelas maiores cidades, particularmente onde há maior concentração de estudantes chineses”.

O esquema ilegal começa, por norma, com os burlões a contactar telefonicamente os jovens chineses, em mandarim, fazendo-se passar por oficiais do Governo chinês. Durante a chamada, os estudantes são ameaçados com a possibilidade de serem alvo de investigação, ou mesmo detenção em território chinês. O passo seguinte é a persuasão das vítimas para transferirem largas somas de dinheiro, ou montarem um cenário fictício de rapto para extorquirem a família.

Parte do esquema passa por convencer as vítimas a cortarem comunicação telefónica, ou através de redes sociais, com família e amigos, a deixarem o local onde vivem e a enviar vídeos e fotografias a simular que estão amarrados. As imagens são acompanhadas de pedidos desesperados a implorar às famílias, que estão na China, o envio de dinheiro do resgate para serem libertadas em segurança.

O fenómeno não é novo, em particular na Austrália, com as autoridades a darem conta de um aumento significativo de falsos raptos na última década. O detective chefe da polícia de New South Wales, Darren Bennett, revelou à emissora australiana SBS que “os telefonemas parecem ter natureza aleatória, mas os burlões aparentam escolher os alvos entre membros vulneráveis da comunidade sino-australiana”. O representante da polícia afirmou ainda que as autoridades de New South Wales tiveram a confirmação do Consulado-Geral da China de que nenhuma autoridade chinesa contactou estudantes pelo telemóvel a pedir pagamentos em dinheiro.

Intervenção atempada

Em declarações citadas pela BBC News, a polícia de New South Wales declarou que “as vítimas de falsos raptos com quem tiveram contacto ficam traumatizadas com a ocorrência”, assumem a culpa pelo que lhes aconteceu e sentem-se responsáveis por se terem colocado a si e aos seus entes queridos em perigo.

A Austrália não é o único país onde acontece este tipo de fraudes, principalmente com o crescimento de associações de crime organizado que exploram vítimas vulneráveis, com registos semelhantes na Nova Zelândia, nos Estados Unidos, Canadá e Singapura.

“Os estudantes podem fazer duas coisas para se protegerem contra este tipo de crimes. Em primeiro lugar, estarem sensibilizados para a ocorrência destas fraudes. Em segundo lugar, pedirem ajuda logo ao primeiro contacto se suspeitarem que o mesmo lhes vai acontecer a si, ou a alguém que conheçam”, alerta a polícia australiana.

No início do ano, uma estudante chinesa contou à ABC News o esquema em que quase caiu. Segundo o relato da jovem, tudo começou quando recebeu uma chamada de alguém que se identificou como trabalhador da embaixada chinesa, que lhe disse que ela estaria envolvida num caso que estava a ser investigado na China. Apreensiva, a estudante forneceu os seus dados pessoais ao alegado burlão. Porém, os pais, que estavam na China, foram alertados pelas autoridades do esquema em causa antes de ter sido feito qualquer pagamento.

Segundo uma organização não governamental, no ano passado os esquemas das “autoridades chinesas” fizeram mais de mil vítimas.

Este tipo de burla acontece ao mesmo tempo em que são noticiadas perseguições a grupos étnicos e dissidentes exilados, com apresentação de queixas de assédio de autoridades chinesas, nomeadamente através de telefonemas ameaçadores.

Os avisos que apelam à sensibilização de estudantes para esquemas fraudulentos acontecem ao mesmo tempo que instituições de ensino superior tentam seduzir na internet os muito lucrativos alunos, em antecipação do possível relaxamento das restrições de viagens.

Os estudantes internacionais têm um importante peso económico na Austrália, país que tem a educação como o quarto maior sector, atrás da mineração do ferro, carvão e gás natural, com mais de meio milhão de estudantes internacionais inscritos no ano lectivo anterior. O sector tem sofrido com as restrições fronteiriças e de viagens, além das tensões diplomáticas com Pequim que afectaram ainda mais o fluxo de jovens chineses para as universidades australianas.

Quem te avisa

No mês passado, o ministro da Educação da China alertou os estudantes da ocorrência de “múltiplos incidentes de discriminação contra asiáticos na Austrália” durante a pandemia e desencorajou o regresso ao país quando as fronteiras reabrirem.

Na semana passada, foi revelado um caso em que seis estudantes chineses da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, foram burlados de forma semelhante, porém, com contornos menos violentos. Cada jovem foi burlado em, pelo menos, 10 mil dólares depois de uma pessoa que se fez passar por um oficial do Governo chinês lhes terem telefonado a avisar que teriam de pagar fiança devido a casos pendentes na China.

A polícia de Riverside, que tem jurisdição sobre a universidade, referiu à imprensa local que as chamadas neste tipo de casos são sempre em mandarim, com os burlões por vezes a fazerem-se passar por funcionários de bancos para pedir transferências de dinheiro aos estudantes. A polícia aponta para burlas entre 10 mil e 150 mil dólares, através de transferência bancária ou Bitcoin e para ameaças de prisão imediata se a vítima não pagar. As quantias são enviadas sempre para instituições financeiras chinesas e a partir daí torna-se impossível às autoridades de outros países seguir o rasto do dinheiro.

No ano passado, foi noticiado pelos média de Singapura o caso de uma jovem chinesa que se isolou num quarto de hotel, longe da família e amigos, a mando de burlões que também se identificaram como oficiais chineses. Com um modus operandi semelhante, a jovem acreditou estar a ser investigada por suspeitas de pertencer a uma associação criminosa de lavagem de dinheiro. Em menos de uma semana, a estudante de 22 anos enviou aos burlões quase meio milhão de dólares.

Só depois de o namorado ter alertado as autoridades para o desaparecimento, a polícia de Singapura conseguiu encontra a estudante, passado um dia da apresentação de queixa.

Duas semanas depois, a jovem deu a cara e contou o episódio por que havia passado de forma a alertar outros estudantes para as fraudes.

O infortúnio da jovem começou com uma chamada do burlão, que se identificou como funcionário da DHL, que a notificou de que uma encomenda em seu nome tinha sido interceptada pelas autoridades por conter um passaporte e cartão de crédito falso. A chamada foi depois encaminhada para alguém que se fez passar por um agente das autoridades de Xangai, prosseguindo a mesma lengalenga até à extorsão da vítima.

28 Jul 2020

Covid-19 | Enquanto se debate a acessibilidade da vacina, especulação bolsista gera biliões

Entre farmacêuticas que negam a intenção de lucrar com a vacina contra a covid-19 e dúvidas quanto à base de custos, pequenas empresas e laboratórios que procuram a tão aguardada inoculação tornam-se estrelas do mercado bolsista. O mundo aguarda a vacina e o número de infecções sobe em flecha, quase à mesma velocidade dos lucros dos executivos de topo das empresas do sector

 

[dropcap]A[/dropcap]s leis não escritas dos mercados estão de novo a trocar as prioridades de governos e povos. Os números de novas infecções de covid-19 continuam a subir vertiginosamente, à medida que, um pouco por todo o mundo, se intensificam esforços para encontrar a tão desejada vacina, que restitua a normalidade ao mundo de pernas para o ar.

Pelo meio, muito dinheiro é feito na bolsa, com os Estados Unidos a encabeçar a capitalização da ciência nos mercados bolsitas, mas empresas chinesas não ficam atrás no lucro das subidas vertiginosas de acções.
Antes da análise ao valor das empresas, o futuro custo da própria vacina ainda está envolto em mistério, sem certezas de vir ser acessível às populações.

Na semana passada, representantes das farmacêuticas Moderna Inc e Merck & Co foram ouvidos no Congresso norte-americano para apresentar uma estimativa quanto ao lucro que esperam obter assim que for aprovada uma vacina contra a covid-19.

A representante da Merck, Julie Gerberding, expressou incerteza quanto à possibilidade de a vacina ser acessível a todos. “Não iremos vender a nossa vacina a um preço elevado, mas ainda é prematuro dizê-lo, porque estamos longe de compreender as bases do custo produtivo”, referiu em audiência, citada pela agência Reuters. A Merck ainda não começou a fazer testes em humanos, o que a coloca uns passos atrás de outros candidatos na corrida científica.

Directores executivos da Johnson & Johnson e da AstraZeneca declararam que vão colocar o preço a um nível que coloca de parte o lucro, enquanto a pandemia estiver em expansão.

Na mesma audiência perante congressistas, enquanto os representantes da Merck e da Moderna não admitiram os preços que têm em mente, a Pfizer mostrou intenção de lucrar se a sua vacina for aprovada. Convém referir que, ao contrário da Moderna e da AstraZeneca, a Pfizer não recebeu fundos públicos para desenvolver uma vacina.

Apenas dois dias depois da audiência, segundo o The Washington Post, a Pfizer e uma empresa de biotecnologia alemã de nome BioNTech assinaram um acordo com o Governo norte-americano para a entrega de 100 milhões de doses a troco de 1,95 mil milhões de dólares, o maior investimento da Casa Branca num produto ainda não aprovado.

O Governo norte-americano tem ainda opção para comprar mais 500 milhões de doses. Estes acordos podem conduzir à compra da larga maioria das vacinas que a Pfizer planeia fazer até ao fim de 2021, às quais se acrescenta a compra de 300 milhões de doses da AstraZeneca e 100 milhões da Novavax.

Em declarações ao The Washington Post, o presidente do Centro para a Ciência e Interesse Público, Peter Lurie, alertou para a possibilidade destes negócios aumentarem o risco de exclusão de populações de países em desenvolvimento. “Basicamente, alguns países mais ricos estão a arrebatar as empresas candidatas a conseguir uma vacina. Isto pode colocar de parte populações, que enfrentam maiores riscos face à pandemia, que assim ficam desprotegidas.”

A grande farra

Em Wuhan, onde começou a pandemia, os testes para a vacina Ad5 vão na segunda fase de testes aleatórios num estudo com placebo-controlado. Para já, os resultados são animadores, com a maioria dos participantes a adquirir imunização.

De acordo com o Diário do Povo, as injecções começaram a ser ministradas a meio de Abril. As “cobaias” foram adultos com mais de 18 anos que nunca testaram positivo à covid-19. Os 603 voluntários foram aleatoriamente escolhidos para tomar diferentes doses da vacina ou um placebo, sem nunca lhes ser comunicado o que haviam tomado.

Citado pelo Diário do Povo, Fengcai Zhu, do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da província de Jiangsu, mostrou-se optimista com o avanço. “A segunda fase dos testes acrescenta provas da segurança e imunogenicidade numa amostra populacional maior do que a da primeira fase”, revela o investigador que trabalha já na terceira fase.

Os avanços e a potencialidade da vacina produzida pela Cansino Biologics levaram à febre bolsista, com as acções da empresa chinesa a subirem 1.74 por cento na semana passada, quando foram divulgados os resultados dos testes. Numa análise comparada ao ano, as acções da Cansino Biologics subiram 183 por cento, impulsionadas pelas investigações à covid-19.

O caso da Cansino Biologics está longe de ser único, ou de exemplificar o cúmulo da ganância. Através do espectro das indústrias médica e farmacêutica, executivos de topo e membros da administração estão a capitalizar em força com a corrida à vacina.

Sempre que são feitos anúncios de progressos conquistados, incluindo financiamento público, são feitos milhões nas bolsas.

O The New York Times noticiou este fim-de-semana que, depois dos anúncios de progressos científicos, executivos de, pelo menos, 11 empresas, algumas de pequenas dimensões, venderam acções num valor que ultrapassou os mil milhões de dólares desde Março.

Alguns “insiders” estão a lucrar com compensações que já estavam calendarizadas ou com trocas automáticas de acções, mas, em muitas situações, executivos de topo aproveitam a subida vertiginosa do valor das acções das suas empresas para arrecadar lucros milionários. Aliás, existem casos em que foram atribuídas opções de compra de acções momentos antes de anúncios sobre progressos científicos que levariam a grandes valorizações.

Velocidade Warp

Algumas destas empresas são de pequena dimensão e muitas vezes a sua sobrevivência depende do desenvolvimento bem-sucedido de apenas um fármaco.

A Vaxart, sediada no Sul de São Francisco, na Califórnia, é um bom exemplo do esquema milionário que surge, à semelhança de outros casos, com um anúncio aparentemente inesperado. A empresa anunciou que a vacina contra a covid-19 em que está a trabalhar foi seleccionada para o programa do Governo norte-americano “Operation Warp Speed”, que financia projectos para chegar o mais rapidamente possível à inoculação.

O anúncio levou à subida galopante das acções da Vaxart, cujos executivos, semanas antes, tinham recebido opções de compra de acções cujo valor cresceu para seis vezes mais. O The New York Times avança que um fundo de investimento que controla parcialmente a Vaxart ganhou automaticamente mais de 200 milhões de dólares.

Várias empresas estão a atrair o escrutínio do Governo e das autoridades reguladoras por usarem a Operação Warp Speed como esquema de marketing. O diário nova-iorquino exemplifica com o título do comunicado de imprensa de São Francisco: “A vacina contra a covid-19 da Vaxart foi seleccionada pelo Governo norte-americano para a Operação Warp Speed”.

Porém, a realidade é mais complexa do que aparenta o comunicado da empresa. A vacina da Vaxart foi aceite como candidata para testes em primatas organizados por uma agência federal, em conjunto com a Operação Warp Speed. Mas a empresa não está entre as seleccionadas para receber o financiamento prestado pelo programa para a produção em massa de vacinas.

Também ainda não é conhecida qualquer investigação das autoridades que fiscalizam os mercados bolsitas, nomeadamente por conhecimento interno que desvirtua a concorrência.

Alto grau de contágio

Ouvido pelo The New York Times, Ben Wakana, director da ONG a favor de medicação a preços acessíveis, sublinhou ser “inapropriado os executivos de empresas farmacêuticas lucrarem com uma crise”. “Todos os dias, acordamos e fazemos sacrifícios durante esta pandemia. As empresas farmacêuticas encaram isto como uma oportunidade para lucrar”, rematou ao diário.

É longa a lista de executivos que acumularam lucros na ordem dos sete e oito dígitos graças à busca pela vacina e formas de tratamento para a covid-19.

As acções da Regeneron, uma empresa de biotecnologia de Nova Iorque, subiram quase 80 por cento desde Fevereiro, quando anunciaram a colaboração com o Governo federal na busca por tratamento. Desde então, os executivos no topo da hierarquia empresarial, e membros do conselho de administração, venderam quase 700 milhões de dólares em acções. O CEO, Leonard Schleifer, ganhou num dia apenas 178 milhões de dólares no passado mês de Maio.

Em todo o mundo, estão a ser investigadas e desenvolvidas mais de 150 vacinas contra o novo tipo de coronavírus, com duas dúzias já a ser testadas em humanos. O objectivo de encontrar uma forma que garanta a segurança e saúde de milhares de milhões de pessoas afectadas pela pandemia é todos os dias minado pela ganância de poucos, em detrimento de muitos.

27 Jul 2020

Covid-19 | Coreia do Norte regista primeiro caso suspeito de coronavírus

[dropcap]U[/dropcap]m primeiro caso “suspeito” de coronavírus foi hoje identificado na Coreia do Norte, que entrou em um estado de “emergência máxima”, avançou hoje a agência oficial do regime de Pyongyang, KCNA. Em causa está uma pessoa que “retornou em 19 de Julho depois de cruzar ilegalmente a linha de demarcação”, que serve de fronteira com a Coreia do Sul, segundo a KCNA.

Pyongyang garantiu que não há nenhum caso de coronavírus e que as fronteiras do país permaneciam fechadas. No início do mês, os jornais da Coreia do Norte referiam que o líder Kim Jong Un tinha apelado à cúpula do partido para se manter alerta contra o coronavírus, avisando que a complacência poderia conduzir a “riscos inimagináveis e a uma crise irrecuperável”.

Apesar do apelo, Kim reafirmou que a Coreia do Norte não registava um único caso de covid-19 acrescentando que o país “impediu completamente a invasão do vírus maligno” apesar da crise sanitária que se regista em todo o mundo.

A nível global, muitos especialistas já demonstraram sérias dúvidas sobre a situação da pandemia na Coreia do Norte devido à proximidade da República Popular da China, onde a doença teve origem, e por causa das infra-estruturas sanitárias precárias do país.

A Coreia do Norte encerrou as fronteiras no princípio do ano, proibiu a entrada de turistas e mobilizou os profissionais de saúde a imporem quarentena (14 dias) a todos os cidadãos que apresentassem sintomas da doença.

Para muitos observadores, o recente confinamento do país atingiu fortemente a economia da Coreia do Norte seriamente afectada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos por causa do programa nuclear.

A pandemia de covid-19 já provocou cerca de 640 mil mortos e infectou mais de 15,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

26 Jul 2020

Covid-19 | China com 46 novos casos, valor diário mais alto em mais de um mês

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou 46 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, valor diário mais alto em mais de um mês, 22 dos quais na região de Xinjiang e 13 na de Liaoning, indicaram hoje as autoridades chinesas. O país asiático registou 11 casos em viajantes oriundos do exterior, os chamados casos importados, cinco na região da Mongólia Interior, três na província de Cantão, e um também em Fujian, Shandong e Tianjin.

Urumqi, a capital da região autónoma de Xinjiang, no extremo noroeste da China, detetou um surto há mais de uma semana, interrompendo um período de quase duas semanas sem novos casos por contágio local na China.

Xinjiang implementou medidas de prevenção, incluindo a suspensão do metropolitano local e o cancelamento de centenas de voos, e iniciou uma campanha maciça de testes para tentar conter o surto o mais rapidamente possível, noticiou a imprensa local.

Em Dalian, cidade portuária no nordeste do país, as autoridades declararam “estado de guerra”, para evitarem novo surto do coronavírus. As autoridades ordenaram o encerramento de mercados de frutos do mar, após terem detectado os primeiros casos numa fábrica de processamento, segundo o jornal estatal Global Times.

Para impedir que o aglomerado de casos dê origem a um novo surto, o governo local tomou várias medidas, incluindo exigir testes de ácido nucleico a quem usar a linha 3 do metropolitano local, que passa pela planta de processamento afectada.

O governo local ordenou ainda o encerramento de jardins de infância e exigiu a “desinfecção generalizada” de centros comerciais e mercados. As autoridades de saúde acrescentaram que, até à meia-noite, tiveram alta 19 pacientes, fixando o número total de casos activos no país asiático em 288.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da epidemia a China registou 83.784 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A pandemia de covid-19 já provocou cerca de 640 mil mortos e infectou mais de 15,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

26 Jul 2020

Japão alivia restrições e permite entrada de alguns residentes estrangeiros

[dropcap]O[/dropcap] Japão decidiu ontem permitir a entrada de mais residentes estrangeiros, aliviando as restrições de imigração devido a covid-19, começando com trabalhadores e estudantes, no dia em que círculos empresariais europeus e norte-americanos demonstraram preocupação pela situação.

A entrada no território vai ter alguns requisitos, como um teste negativo à covid-19 antes da chegada ao país, e vai ser escalonada, segundo disse o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em reunião com o grupo de trabalho de gestão da pandemia.

Abe, que não especificou a partir de quando vão ser aplicadas essas excepções, assinalou também que está a considerar deixar entrar de forma limitada e durante um curto período de tempo empresários da Europa e dos Estados Unidos, e que vão começar negociações com mais 12 países e regiões para retomar as viagens de negócios bilaterais.

Entre os territórios com os quais Tóquio vai negociar estão a China, Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Macau, Brunei ou Birmânia.

O Japão conseguiu chegar a acordo ontem com o Vietname e a Tailândia para aliviar as restrições e permitir a retoma de viagens “até final de Julho”, mas manteve a exigência de uma quarentena de 14 dias, conforme anunciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.

As negociações também estão em curso com a Austrália e Nova Zelândia, países que os nipónicos consideram ter o vírus sob controlo.

Ainda ontem, antes de Abe anunciar o alivio das medidas, os círculos empresariais europeus e norte-americanos no país lamentaram a persistência da proibição de entrada de estrangeiros, mesmo os que residem no país, acreditando que essa medida prejudica a sua atividade.

Enquanto os japoneses são convidados a observar uma quarentena de 15 dias no regresso ao país, os residentes estrangeiros no Japão não podiam regressar se tivessem saído, excepto em certos casos “humanitários” (urgência familiar, por exemplo) devidamente justificados.

Essa política de padrões duplos, única entre os países do G7, constitui um “sério obstáculo para muitos membros e as suas famílias”, sublinhou Christopher LaFleur, presidente da Câmara norte-americana de comércio no Japão, durante uma conferência de imprensa em Tóquio.

“Isso terá certamente um impacto” na imagem e na atractividade económica do Japão, porque gera “imprevisibilidade” para muitas empresas estrangeiras, afirmou também Michael Mrozczek, presidente do Conselho Empresarial Europeu no Japão.

Outras medidas

Abe indicou ainda que o Governo vai considerar as condições para permitir a entrada de atletas e outras pessoas envolvidas nos adiados Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020, que esta quinta-feira começam a contagem de um ano para a cerimónia de abertura, a ser realizada no dia 23 de Julho de 2021.

Esse compromisso acontece no mesmo dia em que o governo japonês anunciou a inclusão e 17 outros países na lista de proibição migratória, elevando o número de territórios afectados para 146.

O Japão contabilizou até ao momento mais de 27.000 casos de covid-19 e 1.002 mortes, incluindo as relacionadas com o cruzeiro Diamond Princess, que esteve em quarentena em Fevereiro.

23 Jul 2020

Covid-19 | China detecta mais nove casos de contágio local no noroeste do país

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou mais nove casos de contágio local de covid-19 na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país, e cinco oriundos do exterior, indicaram hoje as autoridades chinesas. Urumqi, a capital de Xinjiang, com 3,5 milhões de habitantes, detectou um surto na semana passada, interrompendo um período de quase duas semanas sem novos casos na China.

A cidade implementou medidas de prevenção, incluindo a suspensão do metropolitano local e o cancelamento de centenas de voos, e iniciou uma campanha maciça de testes para tentar conter o surto o mais rapidamente possível, noticiou a imprensa local.

Pequim, onde um novo surto detetado no mês passado levou a medidas parciais de confinamento, está há mais de duas semanas sem novas infecções.

As autoridades de saúde acrescentaram que, até à meia-noite, 23 pacientes tiveram alta, fixando o número total de casos activos no país asiático em 233.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da epidemia a China registou 83.707 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). A pandemia de covid-19 já provocou mais de 610 mil mortos e infectou mais de 14,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

22 Jul 2020

Operação policial em Hong Kong trava acção de activistas

[dropcap]A[/dropcap] polícia de intervenção de Hong Kong realizou na terça-feira uma grande operação para impedir que activistas assinalassem a data do protesto pró-democracia atacado na estação de metro de Yuen Long por grupos pró-governo há um ano. As forças de segurança utilizaram gás pimenta para dispersar pequenos grupos de manifestantes e jornalistas presentes num espaço comercial em Yuen Long, perto da fronteira com a China, noticia a agência AFP.

Centenas de pessoas foram detidas e revistadas durante a noite e a polícia anunciou que tinha feito, pelo menos, cinco detenções. As autoridades emitiram também avisos através dos altifalantes, alertando para “encontros ilegais”.

Na resposta a um manifestante que envergava uma faixa com a frase ‘Free Hong Kong’ [libertem Hong Kong, em português], a polícia utilizou a sua própria faixa avisando os manifestantes que estavam a violar a nova lei de segurança em vigor naquela ex-colónia britânica.

Em 30 de Junho, Pequim impôs no território uma lei de segurança nacional destinada a pôr fim ao movimento de protesto do poder central. O objectivo é suprimir a subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, e prevê sentenças de prisão perpétua.

A polícia emitiu ainda 79 multas por violação de medidas de prevenção à covid-19, como a proibição de aglomerações de mais de quatro pessoas. O ataque à estação de metro Yuen Long, há um ano, marcou uma viragem no movimento de protestos que abalou o território no ano passado.

Grupos de homens armados com paus e varas de metal, a maioria vestidos com camisolas brancas, atacaram os manifestantes que regressavam a casa após um protesto que juntou muitas pessoas.

O ataque de 21 de Julho de 2019 causou quase 50 feridos, incluindo passageiros que foram apanhados no incidente, ficando alguns gravemente feridos. Muitas vozes criticaram a actuação da polícia, que foi acusada de ter atrasado a reacção ao ataque.

22 Jul 2020