Hoje Macau China / ÁsiaTecnologia | Utilizadores do WeChat nos EUA e TikTok processam Trump Utilizadores do WeChat nos Estados Unidos estão a processar Donald Trump, numa tentativa de bloquear a ordem executiva que, segundo defendem, impediria o acesso à aplicação chinesa de mensagens extremamente popular nos EUA. Entretanto, a TikTok vai também avançar com uma queixa contra o Governo norte-americano [dropcap]A[/dropcap] queixa, registada na sexta-feira em São Francisco, foi apresentada pela organização sem fins lucrativos “US WeChat Users Aliance” e várias outras pessoas que dizem confiar na aplicação para trabalhar ou manter contacto com familiares na China, garantindo que não são associados ao WeChat, nem à Tencent, multinacional chinesa que detém a aplicação. Os utilizadores recorreram a um tribunal federal e pretendem impedir a ordem executiva de Trump, alegando que a mesma viola a liberdade de expressão dos utilizadores dos Estados Unidos, o livre exercício da religião e outros direitos constitucionais. Em 6 de Agosto, Donald Trump assinou uma ordem executiva a proibir transações com os proprietários chineses do WeChat e de outro aplicativo de consumo popular, o TikTok, defendendo que ambos são uma ameaça à segurança nacional, política externa e economia norte-americanas. O chefe de Estado falou de uma “emergência nacional” e acusou a rede social TikTok de espionagem de utilizadores norte-americanos em nome de Pequim, num contexto de crescentes tensões comerciais e políticas com a China. As ordens executivas devem entrar em vigor em 20 de Setembro, ou 45 dias a partir da data de emissão. O tico e o teco A aplicação chinesa de partilha de vídeos TikTok, acusada de espionagem pelo presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai avançar na próxima semana com uma queixa contra o Governo dos Estados Unidos. “Para garantir que a lei é cumprida e que os nossos negócios e utilizadores são tratados de forma justa, não temos escolha a não ser contestar a ordem executiva (assinada pelo senhor Trump) através do sistema judicial”, afirmou o grupo, numa declaração enviada à agência de notícias francesa AFP. Na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos disse apoiar uma oferta da Oracle para a compra do TikTok, apesar de estarem já em curso negociações com a Microsoft, segundo a Bloomberg. Segundo a agência de notícias económicas, a empresa informática Oracle, cujo presidente, Larry Ellison, ofereceu milhões de dólares em fundos para a campanha presidencial de Trump, estará na corrida para a aquisição das actividades do TikTok nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. A administração Trump deu 90 dias ao grupo chinês proprietário do TikTok, ByteDance, para vender rapidamente as operações da rede nos Estados Unidos, sob pena de as bloquear no país.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Editores de livros escolares apagam conteúdos dos manuais É já no próximo ano lectivo que os alunos terão acesso a manuais escolares em Hong Kong alvos de alterações, que passam pela eliminação de conteúdos relacionados com matérias de desobediência civil ou sufrágio universal. Tudo devido à implementação da nova lei de segurança nacional no território [dropcap]A[/dropcap]s escolas secundárias de Hong Kong vão começar o próximo ano lectivo com manuais escolares revistos em que foram alterados ou eliminados temas como a desobediência civil ou o sufrágio universal, em aplicação da nova lei de segurança. Os seis editores responsáveis pela maioria dos manuais utilizados na disciplina “Estudos Liberais” aceitaram submeter-se a um programa de revisão voluntário, efectuado pelas autoridades educativas locais, que resultou na supressão de conceitos democráticos como separação de poderes, noticiou ontem o diário em língua inglesa South China Morning Post. A disciplina cobre seis tópicos, incluindo Hong Kong, China contemporânea e globalização, participação política, o sistema jurídico da cidade e a identidade dos seus residentes. O agora eliminado princípio democrático de que os poderes executivo, legislativo e judicial devem funcionar de forma independente tinha sido objecto de críticas por parte de sectores pró-Pequim, incluindo do antigo líder do território Tung Chee-hwa, que no ano passado acusou o sistema educativo de Hong Kong de encorajar os jovens a participar nos protestos anti-governamentais. Sobre a questão da desobediência civil, os novos textos enfatizam as consequências legais em que os participantes incorrem, enquanto o material gráfico que mostra manifestantes a segurar bandeiras ou a criticar Pequim desapareceu de alguns livros. O conceito de “identidade” também foi alterado: enquanto nos livros anteriores os textos eram acompanhados de fotografias de cartazes com as palavras “Sou um ‘Hong-Konger'” e “Libertem a comunidade”, nas versões actuais as imagens foram substituídas. As escolas podem escolher entre as ofertas dos editores ou utilizar o seu próprio material para ensinar a disciplina, que desde 2009 é obrigatória para os alunos do ensino secundário, visando “reforçar o seu pensamento crítico, alargar os seus conhecimentos gerais e aumentar a sua consciência dos problemas contemporâneos”. Aplausos oficiais O jornal estatal chinês Global Times aplaudiu ontem as mudanças, destacando que sublinham que “os manifestantes serão responsabilizados se abusarem da lei” e defendendo que “reforçam a identidade dos estudantes” como sendo “de Hong Kong e chineses”. O jornal aponta o caso da editora Aristo Educational Press, que acusa de anteriormente fornecer “informação venenosa” e “pró-secessionista”, e que concordou com a revisão. Em 6 de Julho, uma semana após a aprovação da polémica lei da segurança nacional imposta pela China ao território, o Governo de Hong Kong pediu às escolas que “examinassem o material didáctico, incluindo livros”, e “os retirassem” caso tivessem “conteúdos desactualizados ou provavelmente semelhantes aos quatro tipos de delitos” definidos pelo diploma. A directiva enviada às escolas foi anunciada dois dias depois de as bibliotecas terem também sido avisadas para retirar das prateleiras obras susceptíveis de violar a lei da segurança nacional, incluindo de figuras do movimento pró-democracia, como o activista Joshua Wong ou a política Tanya Chan.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA vão endurecer sanções contra gigante chinesa das telecomunicações Huawei [dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos vão endurecer as sanções contra a gigante chinesa das telecomunicações Huawei e 38 subsidiárias para impedir o seu acesso a tecnologias norte-americanas, anunciou ontem o Departamento de Comércio dos EUA, em comunicado. A administração dos Estados Unidos acusou a Huawei de usar as suas subsidiárias internacionais para contornar as sanções, referindo que o grupo representa um risco de segurança para o país devido aos seus laços com o Governo chinês, o que a Huawei nega. A Huawei e as suas subsidiárias “intensificaram esforços para obter semicondutores de ponta desenvolvidos ou produzidos a partir de ‘software’ e tecnologias norte-americanas com vista a atingir objetivos políticos do Partido Comunista da China”, afirma o secretário norte-americano do Comércio, Wilbur Ross, citado no comunicado. Numa outra nota divulgada ontem, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, acrescentou que a administração Trump vê a Huawei como “um braço armado da vigilância do Partido Comunista Chinês” e alega que as novas sanções visam “proteger a segurança nacional dos Estados Unidos, a privacidade dos cidadãos e a integridade das infraestruturas 5G face à influência nefasta de Pequim”. Washington tem tentado impedir que a Huawei e outros fornecedores chineses dominem o mercado de telecomunicações e a rede 5G, tendo proibido, há um ano e meio, a venda de tecnologia ‘made in USA’ ao gigante chinês. O conflito entre a China e os Estados Unidos tem aumentado desde que os dois países assinaram um acordo comercial histórico, em janeiro, para acalmar as relações. “A China fez-nos coisas terríveis. Eles [responsáveis chineses] poderiam ter parado. Travaram essa doença, que eu chamo vírus chinês. Impediram que se propagasse na China, mas não nos Estados Unidos e no resto do mundo”, afirmou hoje o Presidente norte-americano, Donald Trump, referindo-se, numa entrevista dada à Fox News, à Huawei como “espiões”. A administração Trump tem também pressionado os seus aliados para banirem os equipamentos da Huawei, acusando o grupo de partilhar dados com os serviços secretos do regime chinês e de colocar a sua tecnologia ao serviço da vigilância dos dissidentes e da repressão de um milhão de uigures. O Reino Unido já proibiu a compra de novos equipamentos Huawei a partir de 31 de dezembro. A Huawei foi a empresa que mais telemóveis vendeu, no segundo trimestre de 2020, em todo o mundo, segundo dados divulgados 3m 30 de julho pela analista de mercados Canalys, que considerou difícil o grupo chinês de telecomunicações manter aquela posição. A Huawei registou uma queda homóloga de 5% nas vendas, para 55,8 milhões de dispositivos, mas o desempenho da rival direta, a Samsung, foi ainda pior: o conglomerado sul-coreano vendeu 53,7 milhões de dispositivos, ou seja, 30% a menos do que no mesmo período de 2019, mostra um relatório divulgado pela empresa de análise do mercado. O grupo chinês de tecnologia tornou-se assim a primeira empresa a quebrar o duopólio entre Apple e Samsung no topo da lista de fornecedores globais de ‘smartphones’, segundo estimativas da Canalys. As sanções dos Estados Unidos contra a empresa e a campanha internacional lançada por Washington, tentando convencer os seus aliados a excluírem a Huawei das redes de quinta geração (5G), pesaram nas suas vendas no exterior, que caíram 27%, entre abril e junho. No entanto, durante o mesmo período, a Huawei vendeu 8% a mais na China, onde já controla mais de 70% do mercado de ‘smartphones’.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Finalizado negócio para aquisição de aviões caça F-16 aos EUA [dropcap]T[/dropcap]aiwan finalizou o contrato para uma grande encomenda de aviões caças F-16 à fabricante de aviões norte-americana Lockheed Martin, com um valor que pode atingir 52,4 mil milhões de euros em 10 anos, foi sábado anunciado. O Pentágono revelou sábado o contrato, sem especificar o comprador dos aviões, mas uma fonte próxima do negócio confirmou à agência AFP que se trata de Taiwan. Taiwan recebeu no ano passado luz verde de Washington para efectuar esta compra que lhe permitirá modernizar a sua defesa, anúncio que provocou descontentamento a Pequim. A ilha já possui uma frota de caças F-16, adquirida em 1992, e o novo contrato cobre aeronaves mais recentes, equipadas com tecnologia e armamento moderno. Taiwan pretende que o acordo atinja os 90 aparelhos, destacou o comunicado de imprensa do Pentágono. A China considera Taiwan como parte do seu território. A ilha é governada por um regime rival que se refugiu naquele local após os comunistas terem tomado conta do território continental em 1949, no fim da guerra civil chinesa. Já Washington, que em 1979 rompeu as relações diplomáticas com Taipé, reconhecendo Pequim como único representante da China, continua a ser agora o aliado mais poderoso da ilha e o seu principal fornecedor de armas. Matéria ‘quente’ O contrato foi finalizado numa altura em que a autoridade da China sobre Hong Kong causa preocupação em Taiwan, que tem 23 milhões de habitantes. O negócio acontece também dois dias após a visita inédita a Taiwan de um alto governante norte-americano, que provocou irritação em Pequim. O secretário de Saúde e Serviços Humanos norte-americano, Alex Azar, iniciou a visita de mais alto nível a Taiwan por um funcionário norte-americano, desde 1979, quando Washington e Pequim estabeleceram relações diplomáticas. Azar reuniu-se com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, a quem transmitiu uma “mensagem de firme apoio”, enviada pelo chefe de Estado norte-americano, Donald Trump. Este é mais um assunto ‘quente’ entre norte-americanos e chineses, tal como muitos outros temas, como a pandemia, Hong Kong, direitos humanos, rivalidades comerciais ou tecnológicas. A questão de Taiwan é vista por Pequim como a “mais sensível e importante” no seu relacionamento com os Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping ordena fim de banquetes tradicionais [dropcap]B[/dropcap]anquetes sumptuosos, com inúmeros pratos, vão deixar de se realizar na China por ordem do Presidente, Xi Jinping, que considerou esta semana o desperdício de comida no país “chocante e preocupante”. Conhecidos pela gastronomia e pelo bom apetite, os chineses terão de adoptar a austeridade, invertendo a tradição, que exige que sejam servidos à mesa tantos pratos quantos forem os convidados e mais um. A nova regra estipula que seja servido um prato por convidado, menos um. Várias associações profissionais do sector da restauração nas cidades de Pequim, Wuhan ou Xi’an estão a tentar impor este modelo. Os seus membros também são convidados a oferecer nos menus a possibilidade de encomendar pequenas porções, ou mesmo meias porções. A iniciativa segue uma “instrução” emitida na terça-feira por Xi Jinping, que considerou “chocante e preocupante” o desperdício de alimentos pelos seus compatriotas. “Apesar das boas colheitas que o nosso país consegue todos os anos, é necessário manter o sentido da crise em matéria de segurança alimentar”, alertou o chefe de Estado e secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Num relatório de 2018, a Academia Chinesa de Ciências estimou a quantidade média de comida desperdiçada por pessoa em cada refeição em quase 100 gramas. No final da refeição, a tradição chinesa exige que se deixe comida no prato, simbolizando assim que se comeu o suficiente. Devido ao trepidante ritmo de desenvolvimento económico, a China passou de períodos de fome para um de consumo excessivo em poucas décadas. Em 2015, a Academia de Ciências da Agricultura estimou em 35 milhões de toneladas a quantidade de alimentos desperdiçada todos os anos no país. A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 mil milhões de pessoas. As redes sociais assumiram a luta contra o desperdício. As plataformas populares Douyin (ou TikTok, no exterior) e Kuaishou anunciaram que vão encerrar as contas dos utilizadores que se filmam a empanturrarem-se até ao extremo, um hábito conhecido pelo termo coreano ‘mukbang’. Alguns internautas parecem duvidar dos resultados da nova política de austeridade. “Devemos começar por mudar o nosso hábito nacional de exibicionismo”, observou um utilizador na rede social Weibo, o Twitter chinês. “Pensamos sempre ser desprestigiante pedir um único prato para duas pessoas”, apontou.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Associação de jornalistas estrangeiros denuncia problemas com vistos Os jornalistas estrangeiros em Hong Kong estão a encontrar maiores dificuldades na renovação dos seus vistos. A denúncia de atrasos na concessão e renovação das autorizações é feita pelo Clube de Correspondentes Estrangeiros que questiona as autoridades locais sobre a hipótese de os processos estarem agora a ser supervisionados por uma unidade de segurança nacional [dropcap]O[/dropcap] Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC) denunciou atrasos na renovação ou concessão de vistos de imprensa estrangeira pelas autoridades locais após a aprovação da nova lei de segurança nacional, informaram os ‘media’ de Hong Kong. Numa carta aberta ao director da Imigração de Hong Kong, Au Ka-wang, o FCC (na sigla em inglês), observou que “um novo procedimento poderia ter sido estabelecido” para o processamento de vistos para os ‘media’ internacionais na região semiautónoma. A associação referiu que “houve numerosos relatos de atrasos na concessão ou renovação de vistos” e indicou que isso criou “sérias preocupações” entre os meios de comunicação e jornalistas “que têm o direito de operar livremente em Hong Kong”. O documento questionou o chefe da Imigração se houve alguma mudança no tratamento dos pedidos e se agora estão a ser processados por uma “unidade de segurança nacional” do seu departamento, como afirmaram alguns meios de comunicação locais. Além de pedir esclarecimentos sobre esta prática, o FCC exige garantias de que “o novo procedimento não restringirá a capacidade dos jornalistas de noticiarem livremente sobre Hong Kong e a China continental”. A carta é assinada por Jodi Schneider, presidente do FCC, que explicou ontem à agência de notícias EFE que ainda não recebeu qualquer resposta das autoridades de imigração e que estão a exigir esclarecimentos porque “parece que estão realmente a modificar o processo” de concessão de vistos da imprensa estrangeira. Troca de “mimos” O artigo 9.º da nova lei de segurança nacional de Hong Kong, aprovada pela Assembleia Popular Nacional (ANP, Legislativo chinês) em 30 de Junho, apela especificamente para o fortalecimento da “supervisão e regulamentação” dos ‘media’ em questões relacionadas à segurança. Au Ka-wang, além de chefe da Imigração, é membro do Comité para a Protecção da Segurança Nacional, criado em Julho sob a polémica nova lei. O Comité, que responde perante o Governo central e está sob a sua supervisão, está encarregado de formular políticas para a segurança nacional e promover o desenvolvimento do sistema jurídico da cidade. Em Fevereiro, Washington declarou que cinco veículos de comunicação estatais chineses nos Estados Unidos eram “agências controladas por Pequim”, tendo reduzido o número de jornalistas permitidos no país e a duração dos seus vistos. Em seguida, Pequim expulsou três repórteres do Wall Street Journal após o jornal publicar um artigo de opinião intitulado “A China é o verdadeiro doente da Ásia”. Passadas duas semanas, a China revogou ainda as credenciais de vários jornalistas norte-americanos do Times, Wall Street Journal e The Washington Post. Em Julho, o jornal norte-americano The New York Times anunciou que iria transferir um terço de seus funcionários sediados em Hong Kong para Seul, depois de Hong Kong ter recusado renovar o visto do seu antigo correspondente Chris Buckley.
Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong | Jimmy Lai insta jornalistas a continuarem a lutar O milionário, dono do jornal Apple Dail, foi esta terça-feira libertado, após ter sido detido na segunda-feira, numa acção levada a cabo pela polícia que resultou na detenção de dez pessoas ligadas a grupos de activistas pró-democracia [dropcap]O[/dropcap] magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai, proprietário do jornal Apple Daily, alvo de buscas na segunda-feira, instou ontem os jornalistas a continuarem a lutar, um dia depois de ser libertado sob caução. Lai, que tinha sido detido na segunda-feira por suspeita de conluio com forças estrangeiras, ao abrigo da lei de segurança nacional, foi recebido com aplausos e ovações na redação do jornal, após 40 horas sob custódia policial. “Continuemos a lutar!”, disse Lai aos jornalistas. “Temos o apoio dos habitantes de Hong Kong, não podemos abandoná-los”, instou Jimmy Lai, numa curta declaração transmitida em directo pelo jornal através das redes sociais. Alvo de buscas por 200 agentes da polícia, na segunda-feira, o Apple Daily recebeu um forte apoio da população de Hong Kong, com filas a formarem-se de madrugada para comprar a publicação. Jimmy Lai percorreu a redação do Apple Daily, debaixo dos aplausos dos funcionários. No vídeo, transmitido em directo, o magnata, muito crítico de Pequim, pediu aos jornalistas que mantenham o tom que despertou a ira da China, mas reconheceu que está a tornar-se “cada vez mais difícil” gerir um grupo de imprensa em Hong Kong. “Mas temos de continuar o nosso trabalho”, acrescentou. “Felizmente, não fui enviado para o continente [China continental]”, brincou, fazendo rir os jornalistas. Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine. Visto por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como “um traidor”, que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar com nações estrangeiras para prejudicar a China. As detenções e as buscas foram condenadas pela comunidade internacional, que receia o fim da liberdade de imprensa em Hong Kong, uma cidade que tem sido sede regional de órgãos de comunicação internacionais há décadas. Outras detenções Lai foi uma das dez pessoas detidas pela polícia na segunda-feira, numa grande acção de repressão contra o movimento pró-democracia, a maioria ligadas ao grupo mediático. No mesmo dia, foi também detida a militante pró-democracia Agnes Chow, de 23 anos, que ajudou a fundar o partido Demosisto, ao lado de Joshua Wong, Nathan Law e de outros jovens activistas. A jovem é uma das primeiras activistas do partido, entretanto extinto, a ser alvo da nova lei de segurança nacional. Chow foi libertada sob caução esta madrugada, tendo ficado com o passaporte apreendido. Ao sair da esquadra de polícia de Tai Po, Chow disse que a detenção faz parte de uma campanha de perseguição política. “É muito claro que o governo está a utilizar a nova lei de segurança para reprimir os dissidentes políticos. Ainda não compreendo porque é que fui presa”, disse Chow, citada pelo site de notícias local Hong Kong Free Press.
Hoje Macau China / ÁsiaPolícia deteve Agnes Chow, figura de proa do campo pró-democracia de Hong Kong [dropcap]U[/dropcap]ma das principais figuras do movimento pró-democracia em Hong Kong, Agnes Chow, foi ontem presa, juntamente com outras nove pessoas, no âmbito da nova lei da segurança, imposta em Junho por Pequim no território, anunciou fonte policial. “Agora está confirmado que Agnes Chow foi presa sob a acusação de ‘incitar a secessão’ sob a Lei de Segurança Nacional”, lê-se, por seu lado, na conta da activista na rede social Facebook. A detenção de Agnes Chow ocorreu no mesmo dia que a polícia deteve o magnata Jimmy Lai, empresário e proprietário do Next Media, grupo de comunicação social de Hong Kong. A detenção de Lai foi saudada por Pequim, que o acusa de ser um “agitador” a soldo das potências estrangeiras que procuram desestabilizar a segurança nacional. “Esses agitadores antichineses em conluio com as forças estrangeiras puseram gravemente em causa a segurança nacional e a prosperidade de Hong Kong”, disse, em comunicado, o gabinete chinês encarregado de seguir a situação em Hong Kong e Macau. “Jimmy Lai é um dos seus representantes”, lê-se na nota. Resposta e Bruxelas A União Europeia considerou que as buscas na redação do Apple Daily e a detenção do seu proprietário alimentam ainda mais os receios de uma crescente asfixia da liberdade de imprensa. “As recentes detenções de Jimmy Lai, membros da sua família e outros indivíduos, e as buscas aos escritórios do jornal Apple Daily, sob alegações de conluio com forças estrangeiras, alimentaram ainda mais os receios de que a Lei de Segurança Nacional esteja a ser usada para sufocar a liberdade de expressão e dos meios de comunicação social em Hong Kong”, declarou ontem o porta-voz do chefe da diplomacia da UE. “Além disso, a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação social são pilares da democracia, pois são componentes essenciais de uma sociedade aberta e livre”, prossegue o porta-voz, concluindo que “é essencial que os direitos e liberdades existentes dos residentes de Hong Kong sejam plenamente protegidos, incluindo a liberdade de expressão, de imprensa e de publicação, bem como a liberdade de associação e de reunião”.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Tsai Ing-wen recebe mais importante representante dos EUA desde 1979 A Presidente de Taiwan recebeu ontem o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, na mais importante deslocação de membros do Governo norte-americano desde a ruptura formal das relações diplomáticas entre Washington e Taipé, em 1979 [dropcap]”A[/dropcap]vossa visita representa um grande passo em frente na cooperação antipandémica entre os nossos países”, disse Tsai Ing-wen, no momento em que recebeu a delegação norte-americana liderada por Azar. Por seu lado, Azar afirmou que “é uma honra trazer uma mensagem de forte apoio a Taiwan” do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e elogiou “o êxito” na prevenção da covid-19 na ilha, que considerou “uma das mais bem sucedidas do mundo”. “Os nossos valores democráticos partilhados trouxeram sucesso à saúde”, disse. A delegação dos EUA foi submetida a um teste de coronavírus ao aterrar, no domingo, e viajará em veículos especiais durante a estada na ilha, para evitar o contágio. O secretário de Saúde norte-americano visitará também o Centro de Controlo de Doenças da ilha, onde vai assistir, com o ministro da Saúde e Bem-Estar de Taiwan, Chen Shih-chung, à assinatura de um memorando de entendimento entre o Instituto Americano de Taiwan e o Gabinete de Representação Económica e Cultural dos EUA em Taipé. O último evento na agenda de Azar é um discurso na Universidade de Taipé, previsto para amanhã, de acordo com a agência de notícias espanhola Efe. Ambiente pesado Azar é o primeiro membro do Governo dos Estados Unidos a visitar Taiwan em seis anos. Em 2014, a visita da então responsável da Agência de Protecção do Meio Ambiente norte-americana, Gina McCarthy, provocou o protesto da China, que acusou os EUA de trair o compromisso de manter apenas relações não oficiais com Taipé. A visita do secretário de Saúde dos EUA é considerada como uma provocação por Pequim, que considera Taiwan, formalmente República da China, como parte do território chinês e se opõe a qualquer relação entre as autoridades da ilha e governos estrangeiros. Na quinta-feira, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, tinha prometido uma “retaliação firme e vigorosa” à visita do secretário da Saúde dos EUA a Taiwan, numa altura de escalada de tensões entre Washington e Pequim. Neste momento, menos de duas dezenas de países mantêm relações diplomáticas com Taiwan.
Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong | Dono do Apple Daily detido por conluio com forças estrangeiras O empresário Jimmy Lai foi ontem detido ao abrigo da nova lei de segurança nacional. Pelo menos, sete outras pessoas foram detidas, incluindo dois filhos do magnata, e a redação do Apple Daily foi sujeita a buscas, enquanto os jornalistas transmitiam a operação nas redes sociais [dropcap]”F[/dropcap]oi detido em casa, cerca das 7h. Os nossos advogados estão a caminho da esquadra”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) Mark Simon, um dos colaboradores de Lai. Simon acrescentou que outros membros do grupo de comunicação social dirigido por Jimmy Lai também tinham sido detidos. Momentos antes, na rede social Twitter, Mark Simon tinha anunciado: “Jimmy Lai está agora a ser detido por conluio com potências estrangeiras”. Um responsável da polícia disse, a coberto do anonimato, à AFP que Lai foi detido por conluio com forças estrangeiras, um dos crimes previstos na nova lei de segurança nacional, e por fraude. Através do Twitter, Mark Simon indicou ainda que a polícia estava a fazer buscas na casa de Lai e na do filho. O South China Morning Post adianta que o próprio Mark Simon, que não se encontra em Hong Kong, é procurado pela polícia. Mais de duas centenas de polícias estiveram envolvidos na operação que tomou o edifício da Next Digital, a empresa que detém o Apple Daily, em Tseung Kwan O. Em declarações ao South China Morning Post, fontes policiais afirmaram que a operação não teve como alvos departamentos editoriais ou repórteres. No entanto, dezenas de agentes das forças de segurança entraram na sede do grupo ao final da manhã, com os jornalistas do jornal Apple Daily a difundir em directo as imagens das buscas policiais, na rede social Facebook. Nas imagens, vê-se o chefe de redação do diário, Law Wai-kwong, a pedir à Polícia que não toque em nada antes de os advogados do grupo verificaram o mandado judicial, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP). Os agentes ordenaram aos jornalistas que se levantassem e alinhassem para proceder à verificação da identidade, enquanto outros faziam buscas na redação. Escrito nas estrelas Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia e frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine. Visto por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como “um traidor”, que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar com nações estrangeiras para prejudicar a China. Em meados de Junho, duas semanas antes de ser aprovada a nova lei de segurança nacional, Jimmy Lai disse à AFP esperar a detenção. “Estou pronto para ir para a prisão. Se isso acontecer, terei oportunidade de ler livros que ainda não li. A única coisa que posso fazer é ser positivo”, afirmou. Para o empresário, a nova lei “vai substituir” o regime legal de Hong Kong e “destruir o estatuto financeiro internacional” da cidade. A lei da segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Fabricantes de máscaras chineses lutam pela sobrevivência [dropcap]R[/dropcap]egulamentos mais rígidos e preços em queda estão a causar uma luta pela sobrevivência entre os fabricantes de máscaras da China, à medida que a pandemia da covid-19 tornou o mercado mais competitivo. “Desde Abril, as encomendas caíram entre cinco e seis vezes”, lamentou Yang Hao, director comercial da CCST, empresa da cidade de Shenzhen especializada em purificadores do ar, mas que se converteu num fabricante de máscaras de protecção respiratória no auge da epidemia. Primeiro país afectado pelo novo coronavírus, a China rapidamente se consolidou como o principal fabricante de máscaras a nível mundial. Pequim não hesitou em utilizar essa capacidade no plano diplomático, com doações ao exterior divulgadas pelos órgãos oficiais de Pequim. Entre Março e Maio, o país asiático exportou mais de 50 mil milhões de máscaras, de acordo com os dados das alfândegas chinesas. Isto representa 10 vezes a produção total deste tipo de equipamento face ao mesmo período do ano anterior. Centenas de empresas embarcaram na corrida pelo fabrico de máscaras, à medida que a necessidade de equipamento de protecção contra o coronavírus aumentou em todo o mundo e os preços dispararam. A construtora de automóveis chinesa BYD, por exemplo, converteu-se em poucas semanas no maior fabricante do mundo de máscaras, com capacidade para 5 milhões de unidades por dia. Segundo a consultora Tianyancha Business Database, quase 74.000 empresas registaram-se como fabricantes de máscaras na primeira metade do ano, face a menos de 6.000, no ano anterior. O mês de Abril representou metade daquele número. No entanto, o mercado ficou saturado, apesar de o uso de máscara continuar a ser usual ou mesmo obrigatório em vários países, face ao ressurgimento da epidemia nas últimas semanas. “Há muitos pequenos produtores não qualificados e isso levou à queda dos preços”, explicou o analista Wilfred Yuen, do banco de investimento BOCI, de Hong Kong, citado pela agência France-Presse. Como resultado, várias fábricas encerraram e trabalhadores ficaram com salários por receber, levando a protestos, segundo o China Labour Bulletin, uma revista que reporta sobre a sociedade civil do país. O gestor de vendas de uma empresa de produtos médicos com sede em Hebei, perto de Pequim, disse vender agora as suas máscaras com prejuízo, com um preço de venda “de cerca de 0,4 yuans, contra 1,7 yuans, no auge da epidemia”. A matéria-prima comprada no auge da epidemia custou então “30 vezes mais” do que agora. Em risco A consultora Daxue Consulting observou que a corrida ao fabrico de máscaras “levou a uma queda geral da qualidade e a um aumento nas fraudes”. Depois de várias reclamações sobre a suposta qualidade da produção chinesa, Pequim apertou drasticamente os critérios de exportação, em Abril. Os fabricantes são agora obrigados a apresentar uma certificação do país de destino. A situação acabou por afectar vários importadores, incluindo empresas portuguesas, que após terem pago à cabeça encomendas de máscaras ficaram com o equipamento retido nas alfândegas chinesas e não conseguiram, até à data, reaver o dinheiro, segundo empresários contactados pela agência Lusa. Os países europeus, entretanto, começaram também a produzir as suas próprias máscaras, usando máquinas compradas na China, segundo Yang Hao. A América Latina, região do mundo com maior número de casos, é hoje o principal cliente da empresa, a par dos Estados Unidos. No entanto, as exportações para os EUA são feitas “por meio de um terceiro país”, devido às tensões comerciais com Washington, explicou Yang. O jornal em língua inglesa Global Times estimou recentemente que 95 por cento dos fabricantes chineses podem fechar até ao final do ano.
Hoje Macau China / Ásia25 activistas de Hong Kong acusados de participarem em vigília proibida em memória de Tiananmen [dropcap]V[/dropcap]inte e cinco activistas pró-democracia foram hoje indiciados por participarem, em Junho, na vigília anual em Hong Kong contra a repressão em Tiananmen em 1989, que tinha sido oficialmente proibida devido aos riscos associados com a pandemia de covid-19. Entre eles estão várias figuras do movimento, como Joshua Wong, o magnata da imprensa Jimmy Lai e líderes da Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos da China, que organiza a vigília desde 1990. A acusação é a de “participarem conscientemente num comício não autorizado”. Lee Cheuk-yan, presidente da Aliança, foi indiciado por ter organizado a vigília a 4 de Junho, em Victoria Park. Essa vigília atrai geralmente multidões e é a única celebração que visa denunciar a repressão em Tiananmen na China. Porém, as autoridades da ex-colónia britânica proibiram-na em junho, pela primeira vez em 30 anos, acreditando que esse encontro realizado durante uma pandemia constituía “uma grande ameaça à vida e à saúde do público”. “É óbvio que o regime está a planear uma nova vaga de repressão contra ativistas. Como as nossas vozes podem não ser ouvidas tão cedo, esperamos que o mundo possa continuar a defender a liberdade e os direitos humanos” em Hong Kong, apelou Joshua Wong, numa mensagem na rede social Facebook. Os 25 activistas foram convocados para comparecer perante a justiça a 15 de Setembro.
Hoje Macau China / ÁsiaBeirute/Explosões | China envia equipa de médicos para o Líbano [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês vai enviar uma equipa de médicos e equipamento para o Líbano, após a explosão do porto que fez mais de 5.000 feridos e pelo menos 137 mortos, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros. O porta-voz do ministério, Wang Wenbin, disse que o Presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma mensagem de condolências ao presidente do Líbano, Michel Aoun, após a explosão.”Como um país amigo do Líbano, a China está disposta a continuar a prestar assistência, dentro das suas capacidades, para o Líbano superar as dificuldades”, disse Wang, em conferência de imprensa. A China é um grande cliente do petróleo e gás do Médio Oriente e, nos últimos anos, tentou aumentar a sua influência na região, como alternativa aos EUA e à Europa. O país asiático contribui também com soldados para operações de manutenção da paz das Nações Unidas no sul do Líbano. Duas fortes explosões sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira, causando, pelo menos 137 mortos e mais de 5.000 feridos, segundo o último balanço feito pelas autoridades libanesas. Até 300.000 pessoas terão ficado sem casa devido às explosões, segundo o governador da capital do Líbano, Marwan Abboud. As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa. O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, revelou que cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no depósito do porto de Beirute que explodiu.
Hoje Macau China / ÁsiaHiroshima assinala 75.º aniversário do bombardeamento com apelos à assinatura de tratado nuclear [dropcap]H[/dropcap]iroshima assinalou hoje o 75.º aniversário do bombardeamento atómico da cidade japonesa, com o autarca da cidade a criticar o Governo Japonês por se recusar a assinar o tratado de proibição de armas nucleares. O apelo foi feito pelo presidente da Câmara de Hiroshima, Kazumi Matsui, a cerca de 800 pessoas reunidas no Parque da Paz da cidade, entre as quais primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e sobreviventes do ataque nuclear contra a cidade a 06 de Agosto de 1945. Há precisamente 75 anos, em Hiroshima, às 08:15, hora local, era lançada a primeira bomba atómica em cenário de Guerra, pelo bombardeiro norte-americano Enola Gay. A bomba tinha o nome de código “Little Boy”, três metros de comprimento, 71 cm de largura e uma potência equivalente a 13 quilotoneladas de TNT, provocando a morte a 140.000 pessoas. Três dias depois, os Estados Unidos lançaram, a 9 de Agosto de 1945, uma segunda bomba atómica sobre Nagasaki, à capitulação do Japão e ao fim da Segunda Guerra Mundial. “Apelo ao Governo japonês para que atenda ao apelo do Hibakusha [pessoas afectadas pela explosão] para assinar, ratificar e tornar-se parte do Tratado de Proibição de Armas Nucleares”, disse o presidente da câmara. O tratado foi aprovado na ONU a 7 de Julho de 2017 por 122 estados membros, mas para que entre em vigor precisa de ser ratificado por pelo menos 50 nações, e até agora apenas 40 o fizeram. O Japão, tal como as potências nucleares, ficou de fora desta iniciativa, que adere ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que restringe a posse de armas atómicas e que entrou em vigor há meio século após ter sido assinado pela grande maioria das nações do mundo, incluindo o Japão. Estes dois tratados, sublinhou o autarca, são “instrumentos críticos para eliminar as armas nucleares”. “Agora, mais do que nunca, os líderes mundiais devem reforçar a sua determinação para que este quadro legal funcione eficazmente”, insistiu, perante as cerca de 800 pessoas, um décimo dos participantes que assistiram no ano passado à cerimonia, que desta vez teve de ser reduzida devido ao risco de propagação da covid-19. O presidente da câmara de Hiroshima falou após a apresentação de oferendas de flores num memorial relativa à tragédia a que se seguiu um momento de silêncio enquanto um sino tocava, na mesma hora em que a bomba caiu sobre Hiroshima. Numa mensagem posterior, o primeiro-ministro japonês evitou qualquer conversa sobre o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, mas disse que o seu país lutará “com tenacidade” para alcançar um mundo livre de armas nucleares. Do domingo será a vez de se assinalar o 75.º aniversário Nagasaki.
Hoje Macau China / ÁsiaIdentificados 37 novos casos de covid-19 na China nas últimas 24 horas [dropcap]A[/dropcap] China registou 37 novos casos confirmados de coronavírus na quarta-feira, 27 dos quais contágios locais na região oeste de Xinjiang, onde um surto surgiu há quase um mês, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. Todos os casos em Xinjiang ocorreram por contágio local. Em Liaoning, a província no nordeste da China onde há outro surto activo, foram registados três novos casos. O país identificou ainda sete casos entre viajantes oriundos do exterior. É o sexto dia consecutivo em que a China regista menos de cinquenta infecções, depois de na semana passada ter tido três dias seguidos acima de cem. As autoridades de saúde detalharam que, até à meia-noite local, 10 pacientes receberam alta, pelo que o número total de casos activos na China continental se fixou em 837, entre os quais 34 permanecem em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total desde o início da pandemia em 4.634, entre as 84.528 pessoas infetadas oficialmente diagnosticadas na China. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 701 mil mortos e infectou mais de 18,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Hoje Macau China / ÁsiaExplosão em Beirute | China lamenta incidente “infeliz” e junta-se à comunidade internacional na ajuda humanitária A comunidade internacional está a responder em força ao apelo de ajuda feito terça-feira pelo primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, após as duas explosões registadas em Beirute que provocaram pelo menos 100 mortes e mais de 4.000 feridos. A China é um desses países, tendo lamentado o “incidente infeliz” e expressado solidariedade, além de se prontificar a ajudar o Líbano, “dentro das possibilidades” de Pequim. Segundo a Xinhua, o Presidente chinês, Xi Jinping, enviou hoje condolências às vítimas numa mensagem destinada a Michel Aoun, seu homólogo libanês. Na mesma mensagem, Xi Jinping revelou estar “chocado” com as enormes explosões, esperando uma “rápida recuperação” para os milhares de feridos. As garantias de ajuda, que se juntaram às mensagens de solidariedade, já vieram de grande parte dos países da União Europeia, Rússia, Estados Unidos e do mundo árabe, estando em curso as operações de transporte desde hospitais de campanha a equipamentos médicos, pessoal sanitário e medicamentos, a alimentos de primeira necessidade. A Alemanha, cuja embaixada em Beirute ficou danificada pelas explosões, indicou ter pronta para enviar para a capital libanesa já hoje uma equipa de resgate de 47 membros, tudo dependendo de uma autorização do Governo libanês. Por seu lado, o Presidente francês, Emmanuel Macron, desloca-se na quinta-feira ao Líbano para “se encontrar com todos os atores políticos”, enquanto o primeiro-ministro gaulês, Jean Castex, garantiu que, ainda hoje, partem para Beirute três aviões com equipas médicas para intervenção imediata e 25 toneladas de material e equipas de segurança do Ministério do Interior. A Rússia também vai enviar cinco aviões de carga com ajuda de emergência para a capital do Líbano, que integram pessoal médico, hospitais de campanha e um laboratório para testes de SARS CoV-2. A UE está a preparar o destacamento urgente de meios para ajudar as autoridades libanesas, estando, para já a coordenar o destacamento urgente de mais de 100 bombeiros altamente treinados, com veículos, cães e equipamento, especializados em busca e salvamento em contextos urbanos. Os meios disponibilizados por Bruxelas, depois da ativação do Mecanismo de Proteção Civil da UE a pedido de Beirute, irão trabalhar com as autoridades libanesas. O executivo comunitário destaca ainda que a Holanda, a Grécia e a República Checa confirmaram já a sua participação nesta operação e que a França, Polónia e Alemanha ofereceram ajuda através do mecanismo. Portugal também se disponibilizou para apoiar, dentro dos mecanismos dos 27. Chipre, localizado 180 quilómetros a oeste de Beirute, também anunciou hoje o envio de dois helicópteros, com 10 especialistas em emergência médica e oito cães especializados em encontrar sobreviventes entre os destroços dos muitos edifícios destruídos, bem como alimentos não perecíveis. O mundo árabe começou terça-feira a garantir o envio de hospitais de campanha, pessoal médico, com o Qatar a anunciar hoje o envio de um avião com 40 toneladas de equipamentos sanitários, a partir de um centro logístico das agências das Nações Unidas e de organizações humanitárias internacionais que instalou no emirado. Segundo a agência de notícias oficial, o Qatar estabeleceu uma “ponte aérea” até Beirute para enviar nos próximos dias “todas as ajudas e equipamentos médicos necessários”, enquanto o Koweit também indicou que vai transportar para o Líbano “ajuda médica urgente para os irmãos libaneses”. A Jordânia já se disponibilizou para enviar um hospital de campanha militar e declarou três dias de luto oficial em memória das vítimas da devastadora explosão que destruiu bairros inteiros em Beirute. O hospital de campanha chegará quinta-feira à capital libanesa e está totalmente equipado para realizar operações a cargo de 160 profissionais de saúde de todas as especialidades médicas – inclui 48 camas, dez de cuidados intensivos, blocos operatórios e laboratórios de raio-X. Também o Irão, o país do Médio Oriente mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, se mostrou disponível para enviar assistência médica e qualquer outro tipo de ajuda. Na Oceânia, a Austrália indicou que vai doar dois milhões de dólares australianos em ajuda humanitária para ajudar Beirute a recuperar dos danos das violentas explosões de terça-feira. Em África, vários líderes africanos enviam mensagens de condolências e solidariedade, com a Tunísia a propor que está disponível para receber cerca de uma centena de feridos nos hospitais do país e a garantir o envio de dois aviões militares com ajuda médica e alimentar Duas fortes explosões sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira, causando mais de uma centena de mortos e mais de 4.000 feridos, segundo o último balanço feito pela Cruz Vermelha. As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesas. O primeiro-ministro libanês revelou que cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no depósito do porto de Beirute que explodiu.
Hoje Macau China / ÁsiaEstados Unidos enviam mais importante representante a Taiwan desde 1979 [dropcap]O[/dropcap] secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, deverá visitar Taiwan nos próximos dias, na mais importante deslocação de membros do Governo norte-americano desde a ruptura formal das relações diplomáticas entre Washington e Taipé, em 1979. Em comunicado de quarta-feira, o Instituto Americano em Taiwan, que opera como embaixada de facto de Washington na ilha, disse que a “visita histórica de Azar reforçará a parceria com Taiwan e aumentará a cooperação para combater a pandemia global de covid-19”, segundo a agência Associated Press (AP). Azar deverá ser o primeiro membro do Governo dos Estados Unidos (EUA) a visitar Taiwan em seis anos. Em 2014, a visita da então responsável da Agência de Proteção do Meio Ambiente norte-americana, Gina McCarthy, provocou o protesto da China, que acusou os EUA de trair o compromisso de manter apenas relações não oficiais com Taipé. “Taipé tem sido um modelo de transparência e cooperação na saúde global durante a pandemia da covid-19”, disse Azar, citado no comunicado do Instituto Americano em Taiwan. “Esta viagem representa uma oportunidade para reforçar a nossa cooperação económica e de saúde pública com Taiwan, especialmente quando os Estados Unidos e outros países trabalham para reforçar e diversificar as fontes de produtos médicos cruciais”. O anúncio da visita surge numa altura de escalada de tensões entre os Estados Unidos e a China, que defende que Taiwan faz parte do seu território. China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Taiwan, formalmente chamada República da China, tornou-se, entretanto, numa democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força. Como consequência da pressão chinesa, que critica qualquer relação oficial entre países estrangeiros e Taipé, menos de duas dezenas de países mantêm relações diplomáticas com Taiwan. Os Estados Unidos são o maior apoiante militar da ilha contra as ameaças chinesas, defendendo a participação de Taiwan em reuniões de organizações internacionais. Por insistência da China, Taiwan foi barrada da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) e perdeu o estatuto de observadora na Assembleia Mundial da Saúde, que se realiza anualmente.
Hoje Macau China / ÁsiaImprensa oficial chinesa acusa Estados Unidos de quererem roubar TikTok [dropcap]U[/dropcap]m jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) acusou hoje os Estados Unidos de “abusarem do seu poder” para “roubarem” o TikTok, ao forçarem a venda da aplicação de vídeos detida pela empresa chinesa ByteDance. “As regras de Washington são o vale tudo”, acusou o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão oficial do PCC. “Os EUA, como um país poderoso, não apenas fazem as regras, mas também intencionalmente adotam medidas arbitrárias que violam as regras”, acrescentou. “Os outros países podem apenas manter as regras em mente e aceitar essas infrações”. O debate sobre o futuro do TikTok, propriedade da empresa de tecnologia ByteDance, que tem sede em Pequim, surgiu no fim de semana quando o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou proibir a aplicação de operar nos Estados Unidos. Membros do Congresso norte-americano têm expressado preocupação de que o TikTok possa representar uma ameaça à segurança nacional, caso o Governo chinês aceda aos dados de utilizadores norte-americanos. O TikTok, no entanto, lembrou que armazena os dados recolhidos fora da China e que resistiria a qualquer tentativa de Pequim de aceder a informações. Na segunda-feira, Trump disse que estaria aberto a permitir que uma empresa norte-americana comprasse o TikTok, embora com a ressalva de que qualquer acordo teria que incluir uma “quantidade substancial de dinheiro” destinada ao Tesouro norte-americano. A Microsoft, que tem sede no Estado norte-americano de Washington, emergiu como potencial compradora. Vários órgãos de comunicação ou redes sociais norte-americanas, incluindo o Facebook, Twitter ou Instagram, ou o motor de busca Google, estão banidos da rede chinesa, a maior do mundo, com mais de 710 milhões de utilizadores. O Global Times garante, no entanto, que a política dos EUA face ao TikTok “não é recíproca”, alegando que a “China oferece condições sob as quais as empresas de tecnologia dos EUA podem operar no mercado chinês”, na condição de respeitarem as leis e regulamentos da China. “A proibição do TikTok pelos EUA é uma ordem executiva arbitrária. [Washington] recusou-se a oferecer condições para o TikTok continuar a operar nos EUA”, lembrou o Global Times. O jornal estatal China Daily considerou uma possível venda da aplicação como uma tática de “destruir e agarrar”, orquestrada pelo Governo dos EUA. “O assédio moral do Governo norte-americano às empresas de tecnologia chinesas decorre de os dados serem a nova fonte de riqueza e o de querer tudo, na sua visão da ‘América Primeiro'”, escreveu o China Daily, em editorial. Num memorando interno enviado aos funcionários na segunda-feira, o CEO e fundador da ByteDance, Zhang Yiming, reconheceu que “os últimos meses constituíram um período de desafios para todos”. “Iniciamos discussões preliminares com uma empresa de tecnologia para ajudar a abrir caminho à continuação do TikTok nos EUA”, escreveu Zhang. O jornal Guangming Daily lembrou que o debate sobre o TikTok é “emblemático do tipo de experiência” que pode aguardar outras empresas chinesas que planeiam expandir-se para além da China continental. “Para quem é que o TikTok está a dançar”, questionou o jornal, em editorial.
Hoje Macau China / ÁsiaFrança suspende acordo de extradição com Hong Kong seguindo decisão de outros países [dropcap]O[/dropcap] Governo francês anunciou hoje que não vai ratificar o acordo de extradição com Hong Kong, devido à imposição, pela China, da controversa lei de segurança na antiga colónia britânica, seguindo uma decisão tomada já por outros países. “À luz dos últimos desenvolvimentos, a França não procederá à ratificação do acordo de extradição assinado a 04 de maio de 2017 entre a França e a Região Administrativa Especial de Hong Kong”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês. Na passada sexta-feira, pelas mesmas razões, a Alemanha tomou idêntica posição, ao suspender o tratado de extradição com Hong Kong, depois de, em julho, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido também terem feito o mesmo. “Tendo em conta os atuais acontecimentos, decidimos suspender o acordo de extradição com Hong Kong”, referiu então o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Keiko Maas, num comunicado. Maas acrescentou como motivo para a decisão o adiamento das eleições legislativas em Hong Kong, justificado pelas autoridades devido à pandemia de covid-19, no final de um mês marcado pela desqualificação de candidatos do movimento pró-democracia, no que o ministro alemão disse constituir “um novo atentado aos direitos dos cidadãos” do território semi-autónomo. No final de junho, após uma vaga de manifestações pelas liberdades fundamentais em Hong Kong, a China aprovou a lei de segurança nacional, contrariando o estipulado no estatuto de região autónoma definido no acordo de retrocessão da antiga colónia britânica, em 1997. A nova lei prevê, entre outras medidas, punições a activistas pelo separatismo, terroristas, a actos de subversão e a ingerências estrangeiras. No mesmo dia, a chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, nomeada por Pequim, anunciou o adiamento das eleições que deveriam permitir, em setembro, renovar o Conselho Legislativo. A decisão avivou os protestos do movimento pró-democracia, que acusou Carrie Lam de instrumentalizar a pandemia para se proteger de uma derrota nas urnas.
Hoje Macau China / ÁsiaUE pede que decisão de adiar eleições em Hong Kong seja reconsiderada [dropcap]O[/dropcap] chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, lamentou hoje o adiamento das eleições legislativas em Hong Kong e a desqualificação dos candidatos da oposição, e “convidou” as autoridades do território a “reconsiderarem” estas decisões. “O adiamento em um ano proposto para as eleições para o Conselho Legislativo através do uso de poderes de emergência atrasaria a renovação do seu mandato democrático e poria em causa o exercício dos direitos e liberdades democráticas garantidos pela Lei fundamental de Hong Kong”, disse Borrell, em comunicado. Josep Borrell acrescentou que “a desqualificação dos candidatos pró-democracia, incluindo legisladores em funções anteriormente eleitos democraticamente pelo povo de Hong Kong, também mina a reputação internacional de Hong Kong como uma sociedade livre e aberta”. O chefe da diplomacia europeia considera “essencial” que as eleições para o Conselho Legislativo se realizem “num ambiente propício ao exercício dos direitos e liberdades democráticas, tal como consagrado na Lei de Hong Kong”, disse. “A UE apela às autoridades de Hong Kong para que reconsiderem estas decisões”, salientou Borrell. Em 31 de Julho, a chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou o adiamento das eleições legislativas previstas para setembro devido ao aumento de casos de novo coronavírus. A decisão foi precedida pela invalidação da candidatura de 12 ativistas pró-democracia nestas eleições. No final de Junho, após uma vaga de manifestações pelas liberdades fundamentais em Hong Kong, a China aprovou a lei de segurança nacional, contrariando o estipulado no estatuto de região autónoma definido no acordo de retrocessão da antiga colónia britânica, em 1997. A nova lei prevê, entre outras medidas, punições a activistas pelo separatismo, terroristas, a actos de subversão e a ingerências estrangeiras. No mesmo dia, a chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, nomeada por Pequim, anunciou o adiamento das eleições que deveriam permitir, em setembro, renovar o Conselho Legislativo. A decisão avivou os protestos do movimento pró-democracia, que acusou Carrie Lam de instrumentalizar a pandemia para se proteger de uma derrota nas urnas.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaJustiça | Agricultores do Camboja despejados processam grupo Mitr Phol Um tribunal civil tailandês aceitou na última sexta-feira julgar um caso que opõe 700 famílias de agricultores do Camboja ao maior produtor de açúcar da Ásia, o grupo tailandês Mitr Phol. Em causa estão concessões de terrenos do Governo cambojano à empresa que retiraram casas e terras a muitas famílias [dropcap]O[/dropcap] grupo tailandês Mitr Phol Co. Ltd, o maior produtor de açúcar na Ásia e terceiro a nível mundial, está a ser processado por um grupo de 700 agricultores do Camboja por ter forçado despejos e destruído plantações para ocupar a terra concedida pelo Governo cambojano. Os terrenos foram concessionados a uma subsidiária do grupo, sediada no Camboja, para ali nascerem novas plantações de açúcar em prol do desenvolvimento económico. Porém, a chegada da indústria, paradoxalmente, deixou sem rendimentos centenas de famílias. A Amnistia Internacional (AI) tornou-se assistente no processo civil colectivo, que corre no Tribunal Civil de Banguecoque, que opõe os agricultores ao grupo empresarial. Os autores do processo são dois cidadãos do Camboja, residentes no distrito de Samrong na província de Meanchey, que representam um grupo de mais de 700 famílias que viviam e cultivavam as terras na área concessionada à Angkor Co. Ltd, subsidiária do grupo Mitr Phol Co. Ltd. Os agricultores acusam a companhia de ser responsável “por abusos de direitos humanos e pelas perdas económicas que sofreram”, explica a AI numa nota divulgada na última sexta-feira. “ Segundo o Código do Processo Civil em vigor na Tailândia, processos civis colectivos são permitidos, mas o tribunal de primeira instância rejeitou este estatuto pedido pelos requerentes com base numa série de “considerações técnicas”, incluindo o não domínio do tailandês por parte dos agricultores, a falta de capacidade para compreender as regras do tribunal, entre outras. No entanto, a AI, enquanto parte assistente no processo, recorreu da decisão, alegando que as questões relacionadas com a nacionalidade, a língua ou as origens sociais “são formas de discriminação proibidas segundo a lei internacional dos direitos humanos, e não podem ser usadas para negar o acesso à justiça”. A AI diz estar perante “um caso significativo do ponto de vista empresarial, em termos regionais, e também ao nível dos direitos humanos, porque pode abrir um importante precedente ao reconhecer a responsabilidade transfronteiriça em relação a abusos de direitos humanos levados a cabo por grupos empresariais do sudeste asiático”. Neste sentido, “a submissão [do caso] por parte da AI visa dar assistência ao tribunal em termos dos princípios legais internacionais e padrões, incluindo as obrigações da Tailândia relativamente ao direito à mediação, acesso à justiça e à não discriminação no contexto dos abusos de direitos humanos cometidos por empresas transnacionais”. Um comunicado da organização não governamental (ONG) do Fórum Ásia para os Direitos Humanos e Desenvolvimento adianta que a aceitação do recurso para julgar o caso de forma colectiva “permite às famílias agirem como grupo, garantindo o acesso à justiça e prevenindo o trabalho e custos de centenas de processos individuais”. Várias ONG também reagiram a este processo, tal como a Inclusive Development International. Natalie Bugalski, directora do departamento jurídico da ONG, disse que “a importância deste precedente legal não pode ser subestimada. Este é um caso de David e Golias que vai redefinir o acesso à justiça por parte de vítimas de abusos corporativos em todo o sudeste asiático e não só”. Hoy Mai, representante do grupo de agricultores de Oddar Meanchey, disse estar “muito feliz com o resultado”. “Espero que tenhamos justiça no futuro. Vamos continuar a lutar até ao fim”. Smin Tit, outro representante das famílias afectadas aplaudiu “a decisão do tribunal da Tailândia de apoiar a população de Oddar Meanchey no Camboja ao decidir julgar o processo como um caso colectivo. Espero que as vítimas tenham justiça. Tendo em conta os resultados, é uma nova esperança para que a nossa batalha siga em frente”, frisou. Sem casa em 2008 Os despejos ocorreram em Setembro de 2008 e desde então que os agricultores clamam por justiça, sem quaisquer resultados. “Os despejos ocorreram depois do Governo cambojano ter garantido três ‘concessões económicas de terrenos’ – acordos de empréstimo de terreno a longo prazo para o desenvolvimento económico – a empresas ligadas ao produtor de açúcar tailandês Mitr Phol Co. Ltd. para uma plantação de açúcar na província de Oddar Meanchey, no Camboja, em Janeiro de 2008”, lê-se no comunicado da AI. Com operações em países como a Tailândia, China, Austrália, Laos e Camboja, o grupo Mitr Phol teve ajuda de forças policiais e militares para expulsar os agricultores das suas terras. “Depois destas concessões de terrenos, os agricultores alegam que a polícia do Camboja, os militares e outros destruíram as suas plantações e centenas de casas foram deitadas abaixo a fim de limpar a terra para fazer as plantações de açúcar. As organizações que dão apoio aos agricultores alegam que os trabalhadores da Angkor Sugar Co. Ltd. também participou nestes despejos forçados”, escreve a AI. A organização internacional adianta também que o antigo relator especial das Nações Unidas no Camboja “reportou que a Angkor Sugar, juntamente com outras empresas, contratou forças militares para ‘ajudar a fazer queimadas e terraplanagens na aldeia’”. Tal fez com que “muitas famílias tenham ficado em circunstâncias terríveis, muitas delas em situação de sem-abrigo devido aos despejos”. Além disso, a AI alerta para o facto de, na última década, “as autoridades do cambojanas terem prendido muitos membros da comunidade que protestaram contra os despejos, tendo continuado a usar os terrenos confiscados”. Violações em causa O processo de concessão dos terrenos foi investigado, em 2015, pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Tailândia. Segundo a nota da AI, a comissão concluiu que “a gestão dos terrenos no âmbito da concessão atribuída à Mitr Phol Sugar Company Limited causou efeitos adversos e violações de direitos humanos à população do Camboja, [incluindo] despejos forçados das aldeias onde [os agricultores] viveram durante um longo período de tempo”. A investigação considerou ainda que “a Mitr Phol Sugar Company Limited tem responsabilidade directa porque tem negócios [que] beneficiam da concessão do terreno”. A Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Tailândia deixou ainda uma série de recomendações, como a atribuição de medicamentos e compensações pelos estragos causados às populações de várias aldeias da província de Oddar Meanchey. Este processo pode também constituir um teste à responsabilidade corporativa do grupo Mitr Phol, que tem no portfólio de clientes as maiores empresas do ramo alimentar do mundo, como a Nestlé, Coca-Cola, Pepsi, entre outras. A Coca-Cola chegou a investigar alegações contra a empresa tailandesa, mas nada foi feito relativamente às responsabilidades perante as vítimas. Em 2018, a Coca-Cola informou a ONG Inclusive Development International que já não mantinha relação comercial com o grupo Mitr Phol, mas nunca reportou publicamente o fim da ligação. Citada por um comunicado da Human Rights Watch, Rattanamanee Polkla, advogada tailandesa da área dos direitos humanos, disse que “este caso constitui um verdadeiro teste para o sistema judicial da Tailândia, independentemente de ser um caso doméstico ou para aqueles que necessitam de compensações em casos transfronteiriços. É uma oportunidade para a Tailândia mostrar à população e à comunidade internacional que vai defender os direitos humanos, a dignidade e a procura por melhores práticas corporativas”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomatas chineses e australianos discutem no Twitter sobre Mar do Sul da China [dropcap]D[/dropcap]iplomatas chineses e australianos envolveram-se numa discussão no Twitter sobre as movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, após Camberra ter apoiado a posição dos Estados Unidos sobre as reivindicações territoriais chinesas. A Austrália requisitou recentemente um memorando nas Nações Unidas que aponte que as reivindicações “não têm base legal”, envolvendo-se assim numa controvérsia que atraiu reações fortes de Pequim. O alto comissário australiano nas Nações Unidas Barry O’Farrell escreveu, na quinta-feira, na rede social Twitter, que disse ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia que as medidas da China são “desestabilizadoras e suscetíveis de provocar uma escalada”. Em resposta, o embaixador chinês Sun Weidong acusou O’Farrell de “desconsiderar os factos”. “É evidente quem salvaguarda a paz e a estabilidade e quem desestabiliza e provoca escaladas na região”, acusou. O’Farrell reagiu ao apontar que a China devia seguir uma decisão do tribunal internacional de Haia, que remonta a 2016, e que rejeitou a maioria das reivindicações de Pequim. A China denunciou a decisão como “ilegal” e não vinculativa. Os comentários de O’Farrell atraíram elogios dos internautas da Índia, onde o público e os políticos têm apelado a uma linha mais dura nas relações com a China, após um confronto sangrento ao longo da fronteira disputada entre os dois países. A China disse hoje que bombardeiros de longo alcance estiveram entre as aeronaves que participaram de exercícios aéreos recentes sobre o Mar do Sul da China, face às crescentes tensões entre Washington e Pequim em torno daquela rota marítima estratégica. Os exercícios incluíram partidas e aterragens noturnas e simularam ataques de longo alcance, disse o porta-voz do ministério da Defesa chinês, Ren Guoqiang. Entre os aviões constaram os bombardeiros H-6G e H-6K, versões atualizadas de aeronaves há muito usadas nas forças armadas da China, disse Ren. Os exercícios foram agendados anteriormente e visam aumentar as habilidades dos pilotos para operar sob todas as condições, independentemente do clima ou da hora do dia. Ren não detalhou se foram usadas bombas reais. A China construiu pistas de aterragem em muitas das ilhas no Mar do Sul da China, incluindo ilhas artificiais sobre recifes de coral. Os navios chineses, incluindo dois porta-aviões do país, realizam operações frequentes na área, às vezes para monitorar e, ocasionalmente, assediar navios de outros países. Pequim reivindica como sua a maioria do Mar do Sul da China, apesar dos protestos do Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei. Este mar estratégico, por onde transitam anualmente cerca de 5.000 mil milhões de dólares de mercadorias, tem vastas reservas de gás e petróleo. As tensões recorrentes entre países com fronteiras com o mar do sul da China são consideradas como uma fonte potencial de conflito na Ásia.
Hoje Macau China / ÁsiaActividade industrial da China cresce em Julho ao ritmo mais rápido em quase 10 anos [dropcap]A[/dropcap] actividade industrial da China cresceu em Julho ao ritmo mais rápido em quase uma década, segundo o índice de gestores de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor manufatureiro, publicado hoje pela revista económica Caixin. O PMI de Julho atingiu os 52,8 pontos, o máximo desde Janeiro de 2011, e já depois de ter subido aos 51,2 pontos, no mês passado. Uma leitura acima dos 50 pontos indica crescimento da atividade do setor, enquanto uma leitura abaixo indica contração. Na sexta-feira, o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) informou que o PMI oficial do sector manufactureiro fixou-se nos 51,1 pontos, em Julho, no quinto mês consecutivo de crescimento. “No geral, os surtos em algumas regiões não prejudicaram a tendência positiva no setor manufatureiro, que continuou a recuperar, apesar das medidas adoptadas para controlar a epidemia”, disse Wang Zhe, economista da Caixin. “Os níveis de oferta e procura melhoraram, com os indicadores a manter a dinâmica. No entanto, precisamos de continuar a prestar atenção à vulnerabilidade no mercado de trabalho e à procura externa”, disse. Segundo a consultora britânica Capital Economics, o PMI oficial, divulgado na sexta-feira, “apontou já para uma forte recuperação, no início do terceiro trimestre, mas o índice da Caixin, publicado hoje, é ainda mais optimista e indica que a taxa de expansão da indústria, no mês passado, foi a mais forte em quase uma década”. “Os dados da pesquisa são consistentes com a nossa opinião de que as políticas de estímulo abriram caminho a um período de crescimento acima da tendência na indústria e na construção”, diz o economista Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, num relatório. O analista acrescentou que “no curto prazo, isto deve ajudar a compensar a contínua fraqueza no consumo e nos serviços, permitindo que a economia como um todo retorne à normalidade de ‘antes da guerra’ [contra a epidemia]”. O país onde a pandemia do novo coronavírus começou, em Dezembro, foi também o primeiro a repor a normalidade, a partir de março, depois de o Partido Comunista Chinês ter declarado vitória sobre a doença. A indústria e outras actividades estão a regressar aos níveis anteriores à pandemia, mas a procura externa, no entanto, permanece moderada, à medida que a pandemia do novo coronavírus atingiu os mercados de exportação da China. Os consumidores chineses, que perderam rendimentos, estão também relutantes em realizar grandes compras. Nos primeiros seis meses do ano a economia chinesa contraiu 1,6%.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China detecta 43 casos nas últimas 24 horas [dropcap]A[/dropcap] China registou 43 novos casos confirmados de coronavírus no domingo, 28 dos quais contágios locais na região oeste de Xinjiang, onde um surto surgiu há três semanas, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. Todos os casos em Xinjiang ocorreram por contágio local, tal como outros oito, em Liaoning, na província nordeste da China, o outro surto ativo no país. O país identificou ainda sete casos entre viajantes oriundos do exterior. As autoridades de saúde detalharam que, até à meia-noite local, 10 pacientes receberam alta, pelo que o número total de casos ativos na China continental se fixou em 781, entre os quais 35 permanecem em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total desde o início da pandemia em 4.634, entre as 84.428 pessoas infectadas oficialmente diagnosticadas na China. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 685 mil mortos e infectou mais de 18 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).